ALTERAÇÕES DA BANDA GAMA NA VARIÁVEL COERÊNCIA EM PACIENTES
HEMIPARÉTICOS
Gláucia Vanessa Santos Alves (Bolsista ICV), Victor Hugo do Vale Bastos (Orientador,
Bacharelado em Fisioterapia - UFPI)
Introdução: Acidente vascular encefálico (AVE) tem como sequela a hemiparesia, caracterizada pela
fraqueza do hemicorpo contralateral ao da lesão, acompanhado de alterações na linguagem,
cognitiva e sensitiva (Braun, 2012). Exames como Doppler e ressonância magnética são utilizados
para diagnosticar AVE e a eletroencefalografia analisa as alterações recorrentes (Chaves, 2000). A
eletroencefalografia (EEG) vem sendo utilizada para analisar a atividade cerebral e padrões
relacionados a tarefas mentais nas regiões do córtex (Benevides, 2011), analisando alterações nas
diferentes bandas de frequência como alfa, beta, teta e gama (Rocha, 2009), nas variáveis coerência,
assimetria, potência relativa e absoluta (Machado, 2014). A banda gama corresponde uma frequência
de 30Hz a 100Hz, onde envolve processo cognitivo, memória, fatores espaço-temporal e
proprioceptivos (Teixeira, 2010). A variável coerência reflete a variação de atividade elétrica entre
pares de eletrodos homólogos, representam o grau de associação, ou conectividade funcional, entre
eletrodos distintos (Ecard, 2007). O presente estudo teve como objetivo avaliar alterações na banda
gama de regiões corticais distintas, na variável coerência decorrente da execução do gestual motor
de alimentação, por meio do acionamento do sistema de neurônios espelhos e imagética motora em
hemiparético.
Metodologia: Sujeito do sexo masculino, 60 anos de idade, destro pelo inventário de Edimburg, com
hemiparesia à esquerda decorrente de único AVE, livre de comprometimento cognitivo, apresentando
marcha hemiparética, tônus funcional. O voluntário assinou o termo de consentimento livre e
esclarecido (TCLE). O estudo foi realizado no Laboratório de Mapeamento Cerebral e Funcionalidade
da Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Reis Veloso. Em única visita ao laboratório, o
sujeito foi investigado quanto à alteração cognitiva, através do Mini-Exame do Estado Mental
(MEEM). Em seguida, respondeu ao inventário de Edimburg (OLDFIELD, 1971) para identificar
dominância de lateralidade manual. O índice de Barthel modificado foi utilizado para verificar o
potencial funcional e grau de assistência exigido para as suas atividades diárias. Após foi aplicado um
questionário para avaliar a capacidade de sentir o movimento imaginado ou de simplesmente
imaginá-lo (The Kinesthetic and Visual Imagery Questionnaire – KVIQ MALOUIN, 2007).
Resultados e Discussão: O presente estudo analisou a banda Gama na variável coerência e a
interação dos eletrodos frontais (Fp1/Fp2, F3/FZ, F3/F4, F4/FZ, F7/F8), devido à sua associação com
mecanismos de atenção, motivação e planejamento, nas cinco condições propostas: repouso inicial
(RI), prática, SNE, IM, repouso final (RF).
F3 E FZ
1
Repous…
Imagéti…
Neurôn…
0
Prática
F3 E FZ
Repous…
Repous…
Imagéti…
Neurôn…
Prática
0,5
Repous…
0,6
0,4
0,2
0
F4 E FZ
F4 E FZ
Figura 1 - Medida de coerência de Gama nos eletrodos frontais F3 e FZ; F4 e FZ
As condições de RI, prática e RF mostram valores semelhantes nos eletrodos F3/FZ e F4/FZ (Figura
1) e uma diferença nos resultados na condição de IM, apresentando pouca ativação nos pares de
eletrodos estudados, indicando possivelmente que o sujeito não imaginou o movimento para a mão
esquerda, mas sim para o membro contralateral (Machado, 2013). Ainda nestes eletrodos, observamse valores elevados na condição SNE.
F3 E F4
0,04
Repous…
Imagét…
Neurô…
0
Prática
F3 E F4
Repous…
Repous…
Imagéti…
Neurôn…
Prática
0,02
Repous…
0,3
0,2
0,1
0
F7 E F8
F7 E F8
Figura 2 - Medida de coerência de Gama nos eletrodos frontais F3 e F4; F7 e F8
Nos eletrodos F3 e F4 (Figura 2), observa-se elevado valor para SNE e IM, porém na condição de
prática e RF apresenta uma semelhança. Durante a condição IM, obteve maior ativação nos eletrodos
F4/FZ (Figura 1), enquanto que nos eletrodos F7/F8 (Figura 2) o menor valor nesta condição. Durante
a visualização da tarefa no vídeo, verificou-se que a ativação dos neurônios espelho, deu-se em
maior proporção em todos os pares de eletrodos quando comparada à prática motora, sugerindo que
o indivíduo evocou memória relativa ao vídeo assistido previamente, indicando assim aprendizagem
(Bastin, 2012). Observaram-se valores de coerência baixos nas áreas frontais em todos os pares de
eletrodos estudados. Com isso, observou-se uma tendência de diminuição de coerência ao longo do
escalpo. Por outro lado, análises de coerência também têm contribuído significativamente para os
conceitos modernos sobre como diferentes áreas que interagem, por exemplo, durante tarefas de
integração visuo-motora, durante o desempenho de sequências de movimentos dos dedos e também
para caracterizar mudanças regionais em acoplamento neuronal relacionado à antecipação de
eventos somatossensoriais. Por esse motivo, acredita-se que oscilações na coerência refletem
diretamente a retenção de informação pelo sistema motor. (Shaw, 1981; Ecard, 2007).
Conclusões: Apesar da comprovada relevância clínica nas análises de coerência na banda gama,
estudos relacionando a alterações corticais expressas por variáveis do EEG são praticamente
inexistentes na literatura com acurácia limitada no sentido de aplicação prática clínica, necessitando
de novos estudos para comprovarem sua eficácia na reabilitação de indivíduos com AVE.
Referências:
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Journal
of
Medical
Engineering
&
Technology
Volume
5
No.
6
November
1981.
Apoio: Universidade Federal do Piauí - UFPI e Laboratório de Mapeamento Cerebral e
Funcionalidade
–
Palavras-chave: Eletroencefalografia. Coerência. Acidente vascular encefálico.
LAMCEF.
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