Inventário de Proteção do Patrimônio Cultural – Santana dos Montes/MG Estruturas Arquitetônicas e Urbanísticas Município: Distrito: Designação: SANTANA DOS MONTES SEDE Igreja Matriz de Santana Histórico: As principais referências sobre a antiga Capela de Santana são os apontamentos de Cônego Raimundo Trindade (1) e as citações de Pe. Armando Lima, dos apontamentos do Pe. José Duarte (2). Os moradores locais Antônio Duarte Correia e Manoel André Pinto teriam enviado, em 1729, uma petição pedindo uma Provisão de Licença para erigir uma capela dedicada a Santana, nas paragens do Morro do Chapéu. A capela provisória deve ter sido construída com materiais pouco duráveis. Anos depois, em 1739, obtém o privilégio de Pia Batismal. O primeiro batismo registrado é de 1740. Em 1749, com o sucesso da empreitada e da povoação, Antônio e André enviam nova petição para erigir uma Capela definitiva, doando em contrapartida o patrimônio de 70 alqueires de terra. Iniciada a construção definitiva, a Capela ficaria pronta em 1773, como assinala a pintura na tarja do arco-cruzeiro. A construção feita entre 1751 e 1773 refere-se, portanto à Capelamor da atual Igreja Matriz de Santana. Na segunda década do séc. XIX, foi iniciada a reforma e ampliação da primitiva Capela, com preservação de parte da capela-mor e a construção da nave-mor. A ampliação parece ter sido comandada pelo Capelão Francisco de Sousa Lima. No arco-cruzeiro existe uma tarja onde está inscrita a suposta data de conclusão das obras de ampliação: em 1812. Pelo relato de D. Frei José da Santíssima Trindade, em suas Visitas Pastorais em 1824, percebe-se que a Capela estava, em 1824, quase toda concluída como se apresenta hoje. Nessa época teriam sido encomendados o altarmor e os altares laterais. A pia batismal - que existe até hoje - já estava assentada no batistério da capela. Por essa época teriam sido encomendadas as principais pinturas dos forros da Capela-mor, da nave-mor e do nártex. Os painéis e os forros da Capela-mor são atribuídos por Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira ao artista Francisco Xavier Carneiro, contemporâneo de Manoel da Costa Ataíde. (3) O adro da Matriz, todo feito em pedra, ficaria pronto nos anos seguintes (1824). A torre sineira externa foi construída por volta de 1820 (4). Nos anos seguintes, outras pequenas reformas foram feitas na Igreja. A maior intervenção já realizada ocorreu entre 1960 e 1966, quando era pároco local o Pe. Walter Coimbra de Rezende (5). Referências Documentais: (1) TRINDADE, Raimundo, cônego. Instituições de Igreja no Bispado de Mariana. Rio de Janeiro: MES/SPHAN, 1945. p. 208. (2) ARQUIVOS DO IEPHA/MG. Centenário da Paróquia de Santana. [datilografado]. Santana dos Montes: s/e, 1974. s/n. (3) OLIVEIRA, Myriam Andrade Ribeiro de. “A Pintura de Perspectiva em Minas Colonial - Ciclo Rococó” In Revista Barroco. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 1978/79, n. 12, p. 174. (4) Livro de receitas e despezas da Fabrica da Matris. [manuscrito] Arquivos da Paróquia de Santana. Santana dos Montes: 1888-1919. (5) Livro do Tombo de Santa Anna do Morro do Chapéu 1de março de 1936.. ARQUIVOS DA PARÓQUIA DE SANTANA. Santana dos Montes: 1936-2002. fl. 93-93v. Descrição: A principal característica da Capela é a simplicidade de sua composição, sem torres sineiras acopladas ao corpo principal. A fachada tem linhas modestas, representando solução típica das primeiras capelas mineiras. Essas capelas primitivas eram geralmente edificadas como obra de conjunto de toda população, apresentando, assim, escala não monumental e características ao gosto popular. É o que podemos ver, através de sua fachada simples e homogênea, sem torre, com porta única e frontão triangular. Sua volumetria, de alturas diferenciadas, representa claramente seus usos internos: capela-mor, nave, corredores laterais e sacristia. A fachada, cuja modulação aproxima-se da proporção áurea, é dominada pela porta única central sob duas janelas-sacadas em vergas de arco abatido. Os cunhais são arrematados por pilastras levemente salientes, trabalhadas em pedra de cantaria, de base alargada com detalhes frisados, fuste reto e simples. Do ponto de vista construtivo, a Igreja apresenta alvenaria autoportante em pedra, com revestimento em reboco de barro e caiação. As vedações podem chegar a até 120cm de largura. Os enquadramentos da portada, portas laterais, janelas e óculos são trabalhados em pedra. As fachadas laterais apresentam alvenaria lisa e branca, com embasamento revestido em pedra tipo ouro preto, material agregado posteriormente à edificação. Os cunhais da nave e da capela-mor são em pedra de cantaria. O telhado, com beirais em beira-seveira e telhas capa e bica, desenvolve-se em duas águas sobre os volumes correspondentes à nave e à capela-mor. Os arremates são em pináculos laterais e cruzes centrais nos dois volumes maiores. Os pisos internos são em cerâmica (na nave), pedra (no presbitério) e tabuado original (no coro). Os forros são em madeira policromada. Os vãos nas fachadas são enquadrados em pedra com vergas em arco abatido, sendo encontradas soluções diversas de vedação. Documentação Fotográfica: Elaboração: Adriana Paiva de Assis, 2003. / Fotografia: Adriana Paiva de Assis, 2003.