ISSN 1519-9568 INFORMATIVO MENSAL Ano 1 Número 20 Março de 2002 APRESENTAÇÃO O Boletim 20 apresenta uma síntese do documento Panorama Social de América Latina 2000-2001, uma publicação da Comissão Especial para a América Latina – CEPAL, lançada no início deste ano. Esta relata o quadro social latino-americano na década de 90. Portanto, a primeira seção é inteiramente dedicada a uma radiografia do quadro social de nosso continente e priorizamos o comportamento das variáveis pobreza, indigência, desemprego, setores formal e informal e uma breve análise dos gastos sociais, notadamente em saúde, educação, seguridade social e moradia e bem estar social. Os dados apresentados sugerem um avanço, e em alguns casos retrocesso, muito tímido do quadro social latino-americano e pode ser assim sintetizado: o gasto social aumentou em proporção ao PIB, de 10,4% a 13,1% na década de 90; a situação do trabalho piorou, pois o desemprego cresceu de 6% para 9% e 70% dos novos postos de trabalho foram criados no setor informal; o número de pobres se manteve em torno de 200 milhões em toda a década; a distribuição da renda piorou para a grande maioria dos países da região. Neste cenário, o fundamental é não apenas crescer, mas crescer melhorando significativamente o quadro social. Na segunda seção apresentamos o comportamento do desemprego na Região Metropolitana de Belo Horizonte e no Brasil e destacamos um forte crescimento do desemprego na RMBH em janeiro deste ano. Excepcionalmente não apresentamos a seção Opinião. Panorama social da América Latina nos anos 90 Para uma melhor compreensão dos quadros a seguir faz-se necessário apresentar o método utilizado pela Comissão Especial para a América Latina (CEPAL) 1 para medir a pobreza e a indigência. As estimativas da magnitude da pobreza foram realizadas através do “método do custo das necessidades básicas”, que por sua vez é baseado no cálculo da “linha de pobreza”. Esta é construída considerando a renda mínima necessária para que membros de uma unidade habitacional possam satisfazer as necessidades essenciais, sendo estas nutricionais e não nutricionais. A linha de pobreza de cada país é estimada a partir de uma “cesta básica” de alimentos que cobre as necessidades nutricionais da população, considerando os hábitos de consumo, a disponibilidade efetiva de alimentos e seus preços relativos. Neste contexto, consideramos “linha de indigência” como aquela que satisfaz apenas as necessidades nutricionais. Assim, indigente é aquela pessoa residente em unidades habitacionais que apesar de destinarem 1 CEPAL (2001) Panorama Social de América Latina – 2000-2001, Santiago, Chile. toda a renda para comprar comida, as necessidades nutricionais ainda não estão satisfeitas. No quadro a seguir apresentamos o percentual de pobres para quase todos os países latino-americanos. Na coluna país destacamos três níveis percentuais de pobreza, a saber, o azul (nível de pobreza até 20% da população total), o amarelo (nível de pobreza variando na faixa de mais de 20 até 40%) e o bege (pobreza acima de 40%). O primeiro destaque é o número de países que apresentaram redução do percentual de pobres durante a década de 90: ao todo foram dez países. Quatro países apresentaram crescimento do percentual de pobres e dois mantiveram inalterados tal percentual. Três países apresentaram grandes reduções no percentual de pobres, sendo eles o Uruguai, o Chile e o Panamá. Estes reduziram a pobreza quase pela metade nos anos 90. Segundo dados da CEPAL, o Brasil apresentou uma redução de dez pontos percentuais (de 40 a 30%) entre 1990 e 96 e, de 1996 a 99, a pobreza voltou a crescer, subindo, aproximadamente, três pontos percentuais. Os piores desempenhos couberam à Venezuela e ao Equador. A Venezuela apresentou um crescimento de quase de z pontos percentuais de pobres (40 para 49%). Ademais, dois importantes países – Argentina e México, apresentaram resultados inalterados do percentual de pobres. Percentual de pobres urbanos em países selecionados da América Latina e tendência na década de 90 País Argentina Chile Costa Rica Uruguai Brasil El Salvador México Panamá R. Dominicana Bolívia Colômbia Equador Guatemala Honduras Nicarágua Paraguai Venezuela Taxa/Ano 20 (99) 20 (00) 18 (99) 9 (99) 33 (99) 38 (99) 39 (98) 26 (99) 35 (97) 48 (99) 51 (99) 64 (99) 46 (98) 72 (99) 64 (98) 48 (99) 49 (99) Tendência Década de 90 Estabilidade Redução Redução Redução Redução Redução Estabilidade Redução Redução Redução Elevação Redução Elevação Redução Elevação Elevação Fonte: Panorama Social de América Latina, CEPAL, 2001. Uma importante avaliação sobre a melhoria da qualidade de vida na América Latina se refere à distribuição da renda, aferido a partir do coeficiente de Gini. Este vai de uma escala de 0 (perfeita distribuição da renda) até 1 (total desigualdade na distribuição da renda). No transcorrer dos anos 90, a América Latina presenciou, em geral, uma piora no perfil da distribuição da renda. Ao todo oito países, entre eles o Brasil, apresentaram uma piora na distribuição da renda na década de 90. Quatro países reduziram e outros quatro mantiveram inalterados o perfil da concentração da renda em nosso continente. No quadro a seguir os destaques em bege sinalizam os países que ampliaram a concentração da renda , em amarelo aqueles que reduziram e em branco os que apresentaram uma pequena variação da renda. O Brasil é o país latino americano com a pior distribuição de renda e os países estão apresentados em ordem decrescente do coeficiente de Gini para o ano de 1999. América Latina: Coeficiente de Gini da distribuição da renda 1990/99 País Brasil Bolívia Nicarágua Guatemala Colômbia Paraguai Honduras Chile Panamá Argentina México Equador El Salvador Venezuela Costa Rica Uruguai 1990 0,627 0,538 0,582 0582 0,601 0,447 0,615 0,554 0,560 0,501 0,536 0,461 0,507 0,471 0,438 0,492 1999 0,640 0,586 0,584 0,582 0,572 0,565 0,564 0,559 0,557 0,542 0,539 0,521 0,518 0,498 0,473 0,440 Fonte: Panorama Social de América Latina, CEPAL, 2001. Obs: Bolívia – dados das 8 principais cidades; Colômbia – ano inicial é o de 1994; Paraguai – dados da área metropolitana de Assunção; Argentina – dados da grande Buenos Aires. Outra importante informação sobre a distribuição da renda se refere ao percentual de pessoas com renda inferior à metade da média. Dos países considerados no quadro a seguir, a maioria (nove ao todo) apresentou uma expansão do percentual de pessoas com renda inferior à metade da média na comparação entre os anos 1990 e 1999. No caso brasileiro, considerando a renda média nominal aproximadamente de R$ 1029,00 em 1999, metade da média seriam aqueles que recebessem menos que R$ 514,50 mensais (www.ibge.gov.br, 2002). O Brasil é o país que apresenta o maior percentual de pessoas com renda inferior à metade da média, sendo seguido pela Guatemala e Colômbia. No outro extremo, Costa Rica, Paraguai e Uruguai são os que apresentam o menor percentual de pessoas com renda inferior à metade da média. O Uruguai, juntamente com Colômbia e Honduras, foram os únicos que apresentaram redução desse percentual entre os anos 1990 e 99. Dos dezesseis países apresentados, nove ampliaram, três reduziram e quatro apresentaram estabilidade do número de pessoas com renda abaixo da metade da média. 2 América Latina: percentual de pessoas com renda inferior à metade da média 1990/99 1990 53,9 47,9 48,9 46,4 46,5 52,3 45,9 44,1 39,1 43,5 33,8 38,4 35,5 31,6 33,4 36,8 1999 54,8 49,5 46,6 46,4 46,4 46,4 45,9 45,5 44,2 43,1 42,0 40,6 38,6 36,1 34,2 32,2 Fonte: Panorama Social de América Latina, CEPAL, 2001. Obs: Bolívia – dados das 8 principais cidades; Colômbia – ano inicial é o de 1994; Paraguai – dados da área metropolitana de Assunção; Argentina – dados da grande Buenos Aires. Quando consideramos o percentual de lares em situação de pobreza e de indigência na América Latina, constatamos uma situação dramática, pois o quadro praticamente não mudou nestes últimos vinte anos. O gráfico a seguir demonstra que houve uma ligeira redução percentual dos lares em situação de pobreza e indigência numa comparação entre os anos de 1990 e 99. Porém, quando comparamos 1999 e 1980 presenciamos uma ligeira redução da situação de indigência (13,9 ante 15%) e um crescimento da situação de pobreza (35,5 ante 34,7%). No contexto latino-americano a década de 80 demonstrou uma piora substancial tanto do crescimento da situação de indigência quanto da de pobreza. A crise econômica, em parte decorrente da crise do setor externo (crise da dívida e do balanço de pagamentos) para a maioria dos países, a aceleração inflacionária, entre outras crises, significaram um crescimento da pobreza e indigência. Em síntese, a redução da pobreza na década de 90 não foi suficiente para que alcançássemos o nível que prevalecia em 1980. 45 41 40 37,5 35,5 34,7 35,3 35 30 25 % País Brasil Guatemala Colômbia Panamá Chile Honduras Nicarágua Bolívia Argentina México Equador El Salvador Venezuela Costa Rica Paraguai Uruguai América Latina: porcentagem de lares em situação de pobreza e indigência 1980/99 20 17,7 15,9 15 14,4 15 13,9 10 5 0 80 90 Situação Pobreza 94 97 99 Indigência Fonte: Panorama Social de América Latina, CEPAL, 2001. Quando consideramos o percentual da população pobre e indigente na América Latina, deparamos com uma situação muito semelhante à nossa análise anterior sobre os lares latinoamericanos. A diferença principal é que o número percentual sobe comparativamente ao gráfico anterior. No gráfico a seguir apresentamos o percentual de indigentes e pobres, em termos proporcionais, desde 1980 até 1999. Estes crescem nos anos 80 e caem nos anos 90. Um destaque é o crescimento do percentual de pobres na comparação entre os anos 1997 e 99, decorrência da crise econômica que assolou uma parte importante da América do Sul, notadamente. É importante também destacar o forte crescimento da pobreza e da indigência nos anos 80 em nosso continente. Os anos 90 apresentam uma melhora no tocante à redução da pobreza e indigência, porém tal redução foi muito aquém do necessário para que apresentássemos parâmetros melhores comparativamente aqueles de 1980. Em 1999 o percentual de pobres era de 43,8% ante 40,5% em 1980 e o de indigência se manteve praticamente constante (18,5% em 1999 ante 18,6% em 1980). 3 América Latina: porcentagem da população em situação de pobreza e indigência 1980/99 48,3 50 45,7 43,8 43,5 40,5 40 totais e desagregados em educação, saúde, seguridade social e, por último, moradia e bem estar social. A comparação do período 99/98 e 90/91 nos permite afirmar que os gastos em educação apresentaram a maior taxa de crescimento, sendo seguidos, em ordem decrescente, dos gastos em seguridade social, moradia e bem estar social e, por fim, saúde. % 30 22,5 18,6 20 20,8 19 18,5 América Latina: gasto social como percentual do PIB 1990/99 14 10 13,1 12 10,4 10 0 80 90 94 97 99 8 Indigência % Pobreza Fonte: Panorama Social de América Latina, CEPAL, 2001. 6 4,8 3,9 O gráfico a seguir apresenta o total (em milhões) de pobres e indigentes na América Latina desde 1980. Em 1999 os pobres somavam 211,4 milhões (ante 135,9 em 1980) e os indigentes 89,4 milhões (ante 62,4 em 1980). América Latina: total de pobres e indigentes 1980/99 (em milhões) 200,2 210 201,5 203,8 Em Milhões 135,9 120 93,4 91,6 88,8 89,4 90 62,4 60 30 0 80 90 Pobre 94 97 2,9 2,6 2,9 1,2 1,4 2 0 Gasto Social Total Educação 90/91 Saúde Seguridade Social Moradia e Bem Estar Social 98/99 Fonte: Panorama Social de América Latina, CEPAL, 2001. 211,4 180 150 4 3,6 99 Indigente Fonte: Panorama Social de América Latina, CEPAL, 2001. Uma explicação parcial para a redução do percentual de pobres e indigentes na América Latina no período 1990/99 pode ser buscada no comportamento do crescimento econômico (adiante apresentamos um gráfico que explicita as maiores taxas médias de crescimento nos anos 90 comparativamente aos 80) e dos gastos sociais. No gráfico a seguir apresentamos os gastos sociais A seguir apresentamos o comportamento do crescimento, em médias anuais, da PEA, dos ocupados e do PIB na América Latina em três momentos distintos, a saber, 1990/94, 1994/97 e 1997/99. O primeiro destaque é a contínua e proporcional redução do crescimento da PEA durante a década de 90. O segundo se refere ao comportamento semelhante, nos três períodos considerados da década de 90, entre Ocupados e o comportamento do PIB. O melhor desempenho, nos anos 90, do PIB latino-americano ocorreu no período 1990/94, caindo um pouco no período 1994/97 e, por fim, em 1997/99 apresentou forte queda. Este último período coincide com a crise que se abateu sobre os “países emergentes” (os latino-americanos incluídos) a partir de 1997 (início da crise asiática). Por fim, mas não menos importante, a comparação entre o crescimento, em taxas médias anuais, da PEA e dos Ocupados nos anos 90, nos permite identificar o crescimento do desemprego em nosso continente, pois em todos os períodos considerados dos anos 90, a PEA cresceu acima do crescimento dos Ocupados, principalmente no período 1997/99. 4 América Latina: taxas médias anuais de crescimento da PEA, dos Ocupados e do PIB 1990/99 4,5 no gráfico a seguir, nos possibilita inferir que o mercado de trabalho latino-americano efetivamente se precarizou no período 1990/99, pois não garantiu as mínimas condições sociais (acesso à saúde, proteção e seguridade) nem para os novos ocupados. 4 América Latina: distribuição dos novos empregos gerados segundo os setores formal e informal 1990/99 3,5 3 % 2,5 2 1,5 19,9 9,1 1 0,5 0 PEA 1990/94 Ocupados PIB 1994/97 1997/99 Fonte: Panorama Social de América Latina, CEPAL, 2001. Formal Informal Fonte: Panorama Social de América Latina, CEPAL, 2001. O que acabamos de comentar anteriormente pode ser percebido no gráfico a seguir. Neste apresentamos o incremento total à força de trabalho na América Latina no período 1990/99. Nesse período a força de trabalho latinoamericana se expandiu em 39,8 milhões de pessoas e deste total, apenas 29,0 milhões conseguiram ocupação, significando, assim, num incremento absoluto do desemprego em 10,8 milhões de pessoas no continente. América Latina: distribuição da força de trabalho entre ocupados e desocupados 1990/99 29 Desocupados 10,8 Ocupados Fonte: Panorama Social de América Latina, CEPAL, 2001. Uma informação relevante sobre a “qualidade” do mercado de trabalho latinoamericano é avaliar o desempenho do setor informal. Quando consideramos os 29 milhões de novos ocupados dos anos 90, percebemos que a maioria (19,9 milhões) encontrou ocupação no setor informal e apenas 9,1 milhões se ocuparam no setor formal. Esta informação, que se encontra Em geral sempre consideramos a existência de uma relação direta entre crescimento do PIB e do emprego em qualquer economia. Quando consideramos a América Latina, percebemos que tal relação é verdadeira somente para os anos 80, como podemos perceber no gráfico a seguir, que apresenta o desempenho do desemprego e do PIB no período 1981 a 2000. No período 1981 a 83 (crise da dívida externa e recessão mundial) presenciamos taxas negativas de crescimento do PIB e, conseqüentemente, de elevação do desemprego em nosso continente. De 1984 até 1989 a América Latina voltou a apresentar crescimento positivo do PIB e redução da taxa de desemprego. O ano de 1990 apresentou uma ligeira redução do PIB em nosso continente e, como contrapartida, um também ligeiro crescimento do desemprego. A partir de então começamos a presenciar taxas de crescimento do PIB sempre positivas e em média superiores aos da década de 80, porém a taxa de desemprego se elevou em quase todo o período, passando de 5,7% em 1991 para 8,5% no ano de 2000. Indiscutivelmente, a América Latina presenciou grandes mudanças nos anos 90, notadamente na estrutura econômica. Depois de passar por crônicos processos inflacionários (alguns hiperinflacionários) no final dos anos 70 e durante quase toda a década de 80, os anos 90 presenciaram bem sucedidos planos de estabilização. Tais planos continham, em geral, abertura comercial e valorização cambial, fatores considerados fundamentais para viabilizar a 5 estabilização. Indiscutivelmente, o resultado foi a elevação das importações e a intensificação concorrencial nos mercados latino-americamos. Tal processo redundou em acelerada “mortalidade” de empresas (notadamente de empresas industriais) e na necessidade de introdução de novos processos produtivos que, em geral, eram poupadores de mão-de-obra. Este processo explica, parcialmente, a relação aparentemente contraditória entre crescimento do PIB e do desemprego na América Latina dos anos 90. América Latina: crescimento do PIB e do desemprego 1981/2000 9 7 % 5 3 1 -1 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 0 -3 Cresc. PIB Desemprego Fonte: Panorama Social de América Latina, CEPAL, 2001. Desemprego na América Latina segundo os subgrupos populacionais mulheres e jovens 1994/99 24,8 25 20 15,5 14 15 % Outro fator relevante a considerar sobre o crescimento do desemprego em nosso continente é determinar quais são os subgrupos populacionais mais atingidos por tal crescimento. Quando consideramos o subgrupo feminino, constatamos que o desemprego deste é muito superior ao masculino e na América Latina a diferença chega a ser o dobro, como podemos ver no gráfico a seguir. Outro subgrupo fortemente atingido é o da população jovem (15 a 24 anos). Este apresentou a maior taxa de desemprego e numa comparação entre os anos de 1994 e 1999, foi o que apresentou a maior expansão da mesma. 11,3 10 7,8 5,8 5 0 Homens Mulheres 94 Jovens (15 a 24) 99 Fonte: Panorama Social de América Latina, CEPAL, 2001. Os países selecionados foram: Argentina, Brasil, Chile, Uruguai, Paraguai, Equador, Venezuela e Colômbia. 6 Desemprego na América Latina segundo os extratos de renda 1994/99 27,8 25 20 15,8 15,8 % O gráfico a seguir apresenta o comportamento do desemprego na América Latina, em dois períodos distintos, segundo os extratos de renda. O destaque, negativo, é que o extrato de menor renda (quintil 1) apresenta a maior taxa de desemprego nos dois anos considerados. Por exemplo, em 1999, o quintil 1 apresentava uma taxa de desemprego de 27,8%, superior, portanto, à taxa dos jovens de 15 a 24 anos (24,8%) vista no gráfico anterior. Esta situação mostra a dramaticidade do desemprego na América Latina, pois este atinge o segmento populacional mais excluído. Por fim, outro destaque é que a taxa de desemprego cai à medida que se avança para os extratos de mais elevada renda, e tal queda é muito significativa. 15 11,2 10 8,3 8 5,5 4,6 3,7 5 2 0 Quintil 1 Quintil 2 94 Quintil 3 Quintil 4 Quintil 5 99 Fonte: Panorama Social de América Latina, CEPAL, 2001. Os países selecionados foram: Argentina, Brasil, Chile, Uruguai, Paraguai, Equador, Venezuela e Colômbia. Por fim, apresentamos, no gráfico a seguir, a evolução dos gastos públicos sociais por habitante na América Latina nos anos 90. América Latina: gasto público social por habitante 1990/99 (em Dólares de 1997) 7 América Latina Honduras Nicarágua El Salvador Guatemala Paraguai R. Dominicana Bolívia Peru Venezuela Colômbia México Costa Rica Panamá Chile Brasil Uruguai Argentina 0 200 400 600 90/91 800 1000 1200 1400 1600 98/99 Fonte: Panorama Social de América Latina, CEPAL, 2001. comparativamente à diferença dos gastos sociais por habitante. O primeiro destaque, negativo neste caso, se refere aos dois únicos países que apresentaram redução dos gastos públicos sociais por habitante na década de 90, a saber, Venezuela e Honduras. Os outros destaques são positivos, pois sinalizam um importante avanço no tocante ao esforço de elevar os gastos sociais em nosso continente, não obstante não entrarmos na discussão sobre a eficácia e o destino de tais gastos. Quando comparamos os períodos 1990/91 e 1998/99 constatamos que Guatemala, Paraguai, República Dominicana, Peru, Colômbia, Chile e Uruguai foram os países que apresentaram as maiores taxas de crescimento do gasto social por habitante. Em ordem decrescente de gastos, temos: Argentina, Uruguai, Brasil, Chile, Panamá, Costa Rica, México, Colômbia, Venezuela, Peru, Bolívia, República, Paraguai, Guatemala, El Salvador, Nicarágua e, por fim, Honduras. Apenas três países gastaram acima de 1.000,00 Dólares por habitante, a saber, Argentina, Uruguai e Brasil no período 1998/99. Por fim, existe uma enorme discrepância entre os gastos sociais dos países latino-americanos: a Argentina gastou quase 1.700,00 Dólares por habitante em 1998/99 e Honduras gastou um pouco mais que 50 Dólares, sendo relevante afirmar que a diferença do PIB per capita entre as duas economias é muito menor Desemprego no início do ano de 2002 na Região Metropolitana de Belo Horizonte O desemprego na Região Metropolitana de Belo Horizonte apresentou um forte crescimento neste início de ano, passando de 6,8% em dezembro de 2001 para 9,02% em janeiro deste ano. Quando comparamos com a média de desemprego para o país, estabelecido pela média das seis maiores regiões metropolitanas (Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Recife), o crescimento do desemprego cresceu de 6,4% em dezembro de 2001 para 7,5% em janeiro deste ano. De 1991 até início de 1998 o desemprego na RMBH foi, em média sempre inferior ao desemprego do País e desde 1998 este se elevou e é em média superior ao desemprego do País. O gráfico a seguir apresenta o desemprego para a RMBH e Brasil desde janeiro de 1991, segundo dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desemprego na RMBH e Brasil 1991/2002 8 11 10 9 % 8 7 6 5 4 3 jan /91 jan /92 jan /93 jan /94 jan /95 jan /96 jan /97 jan /98 jan /99 jan /00 jan /01 jan /02 2 RMBH Brasil Fonte: PME/IBGE, janeiro de 2002. ************************************************** IRT - Instituto de Relações do Trabalho PUC Minas - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Av. Brasil 2023/8º andar Belo Horizonte – MG CEP: 30140-002 Tel: (0xx31) 3269 3233 - Fax: (0xx31) 3269 3239 E-mail: [email protected] Home page: www.pucminas.br/irt Diretor Antonio Carvalho Neto Responsáveis André Mourthé de Oliveira e Duval Magalhães Fernandes Editoração Eletrônica e Diagramação André Mourthé de Oliveira Logomarca Karin Hackner e Gleise Marino Secretaria Maria Auxiliadora Ramos 9