AU TO RA L TO EI DI R UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PR OT EG ID O PE LA LE I AVM FACULDADE INTEGRADA A INFLUÊNCIA DO ESTILO CARIOCA ZONA SUL NO EN TO POSICIONAMENTO DE LOJAS-CONCEITO: UM ESTUDO DE DO CU M CASO DAS LOJAS FARM E RESERVA NO RIO DE JANEIRO Por: Márcia Pinto Macedo Orientador Prof. Mário Luis Rio de Janeiro 2013 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A INFLUÊNCIA DO ESTILO CARIOCA ZONA SUL NO POSICIONAMENTO DE LOJAS-CONCEITO: UM ESTUDO DE CASO DAS LOJAS FARM E RESERVA NO RIO DE JANEIRO Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Marketing. Por: Márcia Pinto Macedo Rio de Janeiro 2013 3 AGRADECIMENTOS Agradeço a todos os profissionais com os quais aprendi em graduação e pósgraduação nestes últimos dez anos da minha vida. 4 DEDICATÓRIA Dedicado à minha mãe Carmen Virgínia Sarmento Pinto. 5 RESUMO O objetivo deste trabalho é elencar os fatores e características que devem ser analisados para a elaboração de uma loja-conceito que promova uma associação eficaz entre a marca e o público que se pretende atingir ou fidelizar. Para isso, tomou-se como estudo de caso as lojas-conceito das marcas Farm e Reserva, do Rio de Janeiro. A partir de informações a respeito do estereótipo do “Carioca Zona Sul”, assim como dessa região da cidade, fezse um estudo a respeito da aderência do posicionamento das duas marcas e lojas-conceito aos valores implícitos nesse público, tudo isso à luz da teoria do marketing. Como resultado, identificou-se fortes vínculos entre os discursos textuais e estéticos das lojas com o público estudado, permitindo-nos verificar que elementos constitutivos da identidade de um público devem ser analisados para favorecer um posicionamento adequado. 6 METODOLOGIA Para o estudo em questão, foram realizadas revisão bibliográfica e consultas em estudos de caráter antropológico com o objetivo de traçar o perfil do que convencionamos chamar neste trabalho de "carioca zona sul". Para isso, selecionamos os aspectos ligados à personalidade desse público que mais se destacaram entre os estudiosos e autores. Entre os autores que mais contribuíram para essa análise, podemos destacar Márcia Distzer (2012), Maria Rita Moutinho e Máslova Teixeira Valença (2005). Em seguida, foram revistas algumas teorias do marketing, entre elas as que envolvem o ponto de venda e o segmento de moda, foco do presente trabalho. Os fundamentos do marketing foram encontrados em autores como Philip Kotler (2006), a história do marketing na indústria e no varejo, em John C. Mowen (2003) e, por fim, aspectos do marketing ligados ao segmento de moda, em Marcos Cobra (2007). Para análise das lojas que serviram de estudo de caso, usamos o método de observação e análise de discurso de imagens em sites, reportagens de Internet e revista, além de conteúdo multimídia em redes sociais. Com base nesse conteúdo, pinçamos características de ambos os empreendimentos e cruzamos com aspectos do perfil encontrado no primeiro capítulo com a intenção de verificar se o posicionamento das lojas está de acordo com as características do público e estabelecer diretrizes para a criação de uma loja-conceito que vá ao encontro dos anseios dos consumidores. . 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I A IDENTIDADE “CARIOCA ZONA SUL” 10 CAPÍTULO II MARKETING E PONTO DE VENDA 21 CAPÍTULO III LOJAS-CONCEITO E O CASO DA FARM E DA RESERVA 29 CONCLUSÃO 43 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45 WEBGRAFIA 47 ANEXOS 50 ÍNDICE 53 8 INTRODUÇÃO Competitividade é a palavra do momento no mundo dos negócios. Desde a abertura econômica brasileira nos anos 90, nunca se falou ou se perseguiu tanto essa característica que hoje é quase sinônimo de sobrevivência. Com a proliferação de novos negócios e a entrada no mercado brasileiro de players internacionais, o consumidor ganhou mais opções de compra e maior poder de barganha. A reboque dessa concorrência que caracteriza os mercados atualmente, veio a necessidade de diferenciação, de descomoditização dos produtos, não apenas para atrair, mas para fidelizar os clientes por meio do valor agregado. A área de moda, que envolve o objeto de estudo deste trabalho, também se insere nesse contexto, porém de maneira muito mais complexa. Muito além de qualidade e beleza, os produtos de moda precisam estar carregados de significados e simbologias, pois como diz Cobra (2007), “as marcas habitam o mundo dos sonhos, do desejo, da fantasia e do jogo. Portanto, as marcas, sobretudo as dos produtos de moda, gravitam mais no imaginário do que na realidade”. Para atingir o cliente em um nível quase onírico, o marketing aponta uma série de técnicas, sendo as aplicada no ponto de venda as mais “sedutoras”. Conforme destaca Mowen (2003), no ambiente físico dos comportamentos, atitudes e crenças dos consumidores podem ser influenciadas de maneira desejada. A elaboração de um espaço que estimule a compra e identificação do cliente com a marca, porém, não é uma tarefa isolada. Ela deve estar amparada em informações do público-alvo, desde as socioeconômicas até as comportamentais. E as lojas-conceito escolhidas como estudo de caso do presente trabalho, a Casa de Verão Farm e a Reserva+, parecem estar em um nível de excelência nessa questão. 9 Ainda que não se possa afirmar que os dois projetos foram baseados em estudos criteriosos, a análise a seguir aponta para a aderência das lojas aos valores de um público que convencionamos chamar aqui de “Carioca Zona Sul”, o cidadão da cidade do Rio de Janeiro que se insere nos padrões socioeconômico e psicográfico encontrado nessa região da cidade onde nasceram as duas marcas e onde as lojas estiveram localizadas. Sendo assim, o presente trabalho busca, nas próximas páginas, extrair de referências bibliográficas informações sobre a região e seus habitantes com o objetivo de traçar esse perfil e confrontá-lo com o discurso e a simbologia intrínsecas à marca, ao espaço físico das lojas e as ações promovidas dentro delas – tudo isso à luz das teorias do marketing do varejo. Dessa forma, pretendemos ajudar a enriquecer a teoria a respeito do assunto e estimular a reflexão acerca dos fatores e características que devem ser analisados para a elaboração de uma loja-conceito que efetivamente atinja seus objetivos. . 10 CAPÍTULO I A IDENTIDADE “CARIOCA ZONA SUL” A moda passa, o estilo fica (Cocco Chanel) Ainda que aos olhos de visitantes a Zona Sul do Rio de Janeiro pareça grande em razão da abundância de serviços e atrativos turísticos, trata-se de um território pequeno em relação a toda a cidade. Segundo o Armazém de Dados da Prefeitura, dos 1.260 km² de área do município, a Zona Sul ocupa apenas 44 km². Isso representa cerca de 4% de todo o território carioca. Dos 160 bairros da cidade, apenas 17 estão na Zona Sul: Botafogo, Catete, Copacabana, Cosme Velho, Flamengo, Gávea, Humaitá, Ipanema, Jardim Botânico, Lagoa, Laranjeiras, Leblon, Leme, Rocinha, São Conrado, Urca e Vidigal. Dos 6,323 milhões de habitantes da cidade, pouco mais de 10% vivem na região, que a leste se limita com a Baía de Guanabara, a sul com o Oceano Atlântico, a oeste com o bairro da Barra da Tijuca e a norte com o Maciço da Tijuca e o Centro. 1.1 – Dados socioeconômicos Apesar da desvantagem territorial e populacional, a Zona Sul do Rio de Janeiro desponta na liderança no ranking da maioria dos indicadores socioeconômicos. Ainda segundo o Armazém de Dados da Prefeitura, dos 20 primeiros colocados no ranking do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, 16 estão na zona sul da cidade. Conforme cálculo feito pelo portal R7 com base no Censo 2010 do IBGE, a renda média por habitante dos dez bairros com menor rendimento é de R$ 416, o que representa aproximadamente 10% da renda média per capita dos dez bairros mais ricos (R$ 4.576) – todos da zona sul, com exceção da Barra da Tijuca. 11 Essa concentração de renda gera reflexos em indicadores mais qualitativos. No Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que leva em consideração renda, educação e saúde, por exemplo, as 15 primeiras posições do ranking são ocupadas por bairros do sul. Esses e outros dados permitem afirmar que a zona sul carioca, de maneira geral, é habitada pelas classes mais abastadas, ainda que na região também haja uma robusta classe média e favelas. 1.2 - O mar Mas além dos dados socioeconômicos, há um outro aspecto geográfico que diferencia os cariocas do sul e do norte: a proximidade com a praia. “Este ‘microcosmo’ natural é parte da história dessa cidade desde sua origem. Sua importância se conserva e se transforma ao longo do tempo, ao sabor das mudanças de costumes e modas. Espaço múltiplo e dinâmico, de intenso uso social, a praia segue sendo ocupada, em alguma medida, durante os 365 dias do ano.” (ANDREATTA, CHIAVARI, REGO, 2009, p. 1) E assim vem sendo há dois séculos, ainda que no início com fins inusitados e diferentes dos de hoje. Até o final do século XIX, afirma Braga (2007), o banho de mar tinha caráter terapêutico. Depois, o hábito ganhou contornos de entretenimento, conforme acrescenta Disitzer (2012): “A partir da segunda década do século XX, a praia deixou definitivamente de ser endereço terapêutico para tornarse a melhor e mais saudável alternativa de diversão. O sol passou a ser aliado de homens e mulheres, com 12 sinais do início do culto ao corpo atlético. A aventura nas praias do Rio rendia, então, seus primeiros grandes lances.” (DISITZER, 2012, p.43). Embora involuntariamente, esses cariocas do início do século passado – que passaram a frequentar as praias da cidade com interesses diversos, não incluindo os medicinais – representam o embrião de uma cultura que tem na orla sua principal fonte de inspiração e influência. Foi nesse ambiente, por exemplo, que surgiram os primeiros trajes de banho, inicialmente como uma resposta utilitária da indústria têxtil aos novos hábitos. De acordo com Laver (1989), na década de 20, as peças eram surpreendentemente recatadas, como mostram fotografias da época onde são vistos manequins com saiotes bem amplos e decotes muito pequenos. 1.3 - O corpo I Posteriormente, afirma o autor, com o banho de sol cada vez mais em voga, tudo isso mudou, refletindo o entendimento de que a exposição ao sol era saudável para todos. Assim, sob o argumento de que quanto mais pele exposta, melhor, nasciam as peças com cortes cada vez mais ousados, que permitiam o bronzeamento da pele e davam vazão a um hábito cultural que se arraigou nas sociedades modernas, principalmente naquelas que se organizam em torno dos balneários brasileiros, como a zona sul carioca. Conforme Moutinho e Valença (2005), naquela época, por volta de 1925, começava o culto ao corpo: “A pele devia estar bronzeada e a silhueta bem marcada, com os músculos modelados. Havia grande variedade de roupas criadas especialmente para as cidades de praia, e os maiôs aderem à moda do decote acentuado, as cavas são aumentadas e os saiotes dos anos 20 reduzidos a 13 quase nada. Surgem os trajes de banho sem costas: é preciso expor o corpo, o máximo possível, aos raios de sol. Curioso é saber que, naquela época, a pintora e estilista Sonia Delaunay lança a moda do pareô como saída de praia. O short começa a se impor, e as mulheres usam cada vez mais calças compridas com chapelões de pano ou de palha.” (MOUTINHO e VALENÇA, 2005, p.110). 1.4 - Boemia Além do banho de mar e do culto ao corpo outro hábito que se iniciava na zona sul, na década de 1940, era o da boemia, inicialmente em Copacabana. E isso ajudou a sedimentar essa característica que salta aos olhos de muitos visitantes, que é a mistura em um mesmo espaço geográfico, não apenas de indivíduos de classes sociais distintas, mas de hábitos notadamente urbanos com o despojamento inerente ao lazer litorâneo. Enquanto de dia frequentava-se a praia como um centro de lazer natural, à noite florescia uma vocação boêmia marcada pela sofisticação. Em vez dos tradicionais botequins e cafés do Centro, os notívagos do novo bairro começaram a frequentar seus dois cassinos – o Copacabana e o Atlântico -, boates, cinemas e nightclubs (BAIRROS DO RIO, 2000). “A Nova Flórida” – como a Revista Sombra definiu Copacabana em título de reportagem sobre o bairro – passou a ser considerada, já em 1943, a região da elite carioca, privilegiada por uma ampla rede de serviços e de infraestrutura, além do belo balneário, segundo Moutinho e Valença. E foi justamente essa profusão de serviços que tornou o bairro exageradamente povoado, com uma das maiores concentrações urbanas do país e os problemas decorrentes dessa ocupação. 14 1.5 – Expansão Ipanema e Leblon Ainda que mantenha até hoje uma “singularidade e vocação cosmopolita, sendo uma das principais referências do Rio de Janeiro” (BAIRROS DO RIO), Copacabana teve uma queda de prestigio e entrou em decadência, abrindo espaço para o surgimento de novos ícones da orla carioca, como os bairros de Ipanema e Leblon. “A febre imobiliária de Copacabana começou a chegar aos bairros vizinhos, onde se encontrava boa parte da elite carioca. E, a partir dos anos 1970, estes bairros, aparentemente mais tranquilos, começaram a “roubar” o status de Copacabana, como locais elegantes, sem o caos urbanos em que se transformara o gigante da zona sul, devido ao crescimento desordenado. A procura pelo bairro deixou de ser frenética, como nas décadas anteriores, e Copacabana perdeu o status de bairro “sofisticado” (...).(BAIRROS DO RIO, 2000, p.24-25). Enquanto no período pós-Segunda Guerra Copacabana tornava-se um “caldeirão urbano”, com uma mistura de classes sociais, etnias e culturas, havia um grande contingente de pessoas que procurava os arredores para fugir um pouco da verticalização e do crescimento descontrolado do bairro. Nesse momento, fugindo do caos que já caracterizava Copacabana, os bairros vizinhos ganharam atenção. E é nessa nova geografia, somado aos hábitos que vinham se formando, que reside os pilares da formação das características do cidadão que habita essa pequena, mas cheia de significado parte do Rio de Janeiro. 15 “Isso contribuiu para moldar o espírito do ipanemense. Um tipo de carioca que privilegia a conversa, a boemia, e que sempre teve como quintal as ruas e as praias. O caráter do habitante do Leblon foi moldado pela limitação geográfica. O bairro era o extremo sul, cercado pelo Atlântico, a Lagoa e dois grandes canais. Uma aldeia, onde se reuniram pessoas que privilegiavam o tranquilo balançar das ondas” (BAIRROS DO RIO, 2000, p.13-14). Sobre esse ambiente marcado genuinamente pelo lazer, tranqüilidade e entretenimento, mas em volto à efervescência cultural da vizinha Copacabana, os bairros de Ipanema e Leblon foram se urbanizando e adquirindo importância própria. “A ‘ilha’ Leblon tardou a urbanizar-se. Mas isso não significou atraso, Enquanto Tom, ou desvantagem. Vinícius e Pelo companhia contrario. mitificavam Ipanema para a cultura mundial, nas décadas de 1950 e 1960, com a vocação de liberdade e contracultura em seus píeres, dunas e praças, a coisa continuava latente entre o Jardim de Alah e a Visconde de Albuquerque. A irmã Ipanema ofuscava o Leblon aos olhos dos cariocas. Mas, com o passar dos anos, a pacata aldeia entre os canais acabou recebendo a maioria dos concorridos redutos boêmios da Zona Sul, num espaço que não dorme mais.” (BAIRROS DO RIO, 2000, p.13). Para Disitzer, “na praia a turma mais sintonizada como esse espírito livre estava representada por aqueles que já trocavam Copacabana pelo Arpoador – tudo pelo simples prazer de ser diferente, de ser desencanado.” Ipanema e Leblon começavam a se fazer presentes na vida dos que queriam 16 um descanso, dos que queriam aproveitar a natureza, dos que se denominavam “diferentes”, daqueles que queriam a boemia sem a correria. Com base na bibliografia pesquisada, podemos identificar na década de 1970 um retorno do culto à natureza, resultado, segundo Laver, da incerteza criada no pós-guerra. Além disso, o interesse pela alimentação saudável e pela prática de exercício crescia ainda mais. Por outro lado, o bairro do Leblon crescia e se modernizava, sendo descrito assim por estudiosos: “Cada vez mais um pólo de entretenimento e de serviços de qualidade, com teatros, cinemas, bancos, restaurantes, butiques e boas escolas, o Leblon continua no coração do Rio como um de seus bairros preferidos.” (BAIRROS DO RIO, 2000, p.21). Disitzer resume o processo de evolução social dos bairros como um “cenário de mudanças e descobertas” e afirma que o Rio de Janeiro foi ao encontro do mar, referindo-se à ordenação que se deu em torno do mesmo no início, pelos efeitos terapêuticos dos banhos e também pelas práticas esportivas, e depois pela intensa movimentação social que se seguiu. 1.6 – Cultura e contracultura na zona sul Estes pontos mostrados até agora são a base para a construção do que apontamos neste trabalho como a personalidade do “carioca zona sul”, um sujeito que, mais que habitar o entorno das praias, corporifica uma série de valores e hábitos inerente a essa região que engloba Ipanema e Leblon. Valores esses enaltecidos na música, na poesia e em outras manifestações simbólicas que formam o imaginário carioca, como destaca Disitzer: 17 “Ipanema jamais seria a mesma depois da gravação feita em 1963, por Tom Jobim, João Gilberto e Stan Getz, com Astrud Gilberto no vocal. Nem o bairro, ou o Rio, muito menos Heloisa Eneida Menezes Paes Pinto, mais tarde Helô Pinheiro, musa inspiradora da canção que foi levada a todo o planeta e comparada, em número de execuções, a alguns dos maiores hits dos Beatles. A década que começou romântica, embalada pelo som da bossa nova e eternizada apelo lirismo de “Garota de Ipanema”, terminou dividida entre alucinação e a revolução. Em ambos os casos os trajetos incluíram passagem pela praia.” (DISITZER, 2012, p.137). A efervescência cultural que girava em torno desses badalados balneários da Zona Sul transformou a região, nos anos 60 e 70, numa caixa de ressonância de tendências para todo o Brasil e exterior, a ponto de torná-la a síntese do modo de vida do brasileiro, a despeito de todas as diferenças regionais típicas de um país de proporções continentais. O que era feito nesse território era tido como vanguardista, tanto que a moda – caracterizada pela busca constante da renovação estética com base em comportamento – vai, pela primeira vez na história, segundo Disitzer, procurar inspiração na rua. A formalidade não era mais apreciada, e as mudanças deviam estar refletidas no corpo pelas roupas. A antimoda, o hippie, era o preferido. As marcas como Biba, Aniki Bobó, Frágil e Blu-Blu fizeram surgir novos estilistas no país com uma proposta completamente diferente. A autora afirma ainda que as butiques também ficaram famosas por reunirem pessoas que compartilhavam novas ideias e comportamento. Nesse contexto, surgiu a Feira Hippie, segundo Castro (1991), como uma tentativa de Hugo Bidet, de “desencalhar os cartões de Natal que escrevia e desenhava” juntamente com seu amigos pintores e artesãos na praça 18 General Osório. No início, o evento chamava-se Arte na Praça e era definido por Bidet da seguinte forma: “Não somos hippies nem camelôs. Somos artistas de Ipanema.” Porém, o autor relata que os hippies do bairro, ou mesmo de fora, gostaram tanto da ideia que também se instalaram no local para venderem seus artesanatos. O local acabou uma miscelânea de coisas como “todo o tipo de bagulho industrializado sob o rótulo de ‘artesanato’”. Somente ao longo do tempo, a feira foi se equilibrando e livrando-se dos excessos e hoje em dia é parte da programação turística do Rio de Janeiro. 1.7 – Corpo II Sob um viés antropológico, em BAIRROS DO RIO Ipanema é definida atualmente como hedonista, e esse é mais um reflexo do costume de se usar pouca roupa, herdado dos precursores da balneabilização da orla carioca somado aos novos padrões de beleza ditados pela mídia. Como resultado, tem-se o corpo como “fato social”, como apregoam estudiosos da área em “Nu & Vestido: dez antropólogos revelam a cultura do corpo carioca” (GOLDENBERG, 2004). Conforme Goldenberg, o corpo é um fato social porque, construído culturalmente, “se afasta da natureza e ganha o espaço urbano como ‘roupa, máscara, veículo de comunicação carregado de signos que posicionam os indivíduos na sociedade’” (GOLDEBBERG, apud PEREIRA, 2005, p. 10). Em outras palavras, o corpo também fala. A música “Menino do Rio” (1980), da cantora Baby Consuelo, é um exemplo de alguns desses signos latentes na simbologia da exposição do corpo do carioca. Em seus versos, como se pode ver abaixo, há referências a um hedonismo que simboliza o carioca da zona sul da cidade, assim como 19 exalta o modo descompromissado de se viver em uma região ocupada prioritariamente pelas classes mais abastada e que tem o mar com paisagem principal. (...) Menino do rio Calor que provoca arrepio Dragão tatuado no braço Calção, corpo aberto no espaço Coração de eterno flerte, adoro ver-te Menino vadio Tensão flutuante do rio Eu canto para Deus proteger-te (...) Elizete Santos procurou identificar o que seria, em sua essência, um “carioca típico”, acrescentando outros traços da personalidade que são genuinamente do cidadão que vive ou frequenta a zona sul do Rio de Janeiro. São eles: - alegre - jovial - informal - despojado - de bem com a vida - simpático - sociável Diante do exposto - uma revisão bibliográfica acerca dos aspectos constitutivos da identidade do que chamamos aqui de “carioca zona sul” -, fazse necessário, para atingirmos os objetivos propostos neste trabalho, recorrer a estudos e autores para entender como o comportamento sofre impacto ou influencia as ações de marketing. A revisão bibliográfica a seguir, confrontada com as características do público-alvo destacadas neste primeiro capítulo, e as 20 informações dos estabelecimentos alicerçará as análises do quarto e último capítulo, onde se pretende identificar se há aderência das técnicas de marketing das empresas tomadas como estudo de caso aos seus respectivos públicos. 21 CAPÍTULO II MARKETING E PONTO DE VENDA Muito antes de a globalização acrescentar o elemento competitividade às relações de concorrência comercial, as indústrias não faziam esforços para vender seus produtos, fabricando, segundo Roberto Lira Miranda (1997), “por inspiração e encomenda dos atacadistas”. Elas apenas fabricavam e entregavam os bens no atacado aos distribuidores, que por sua vez os distribuíam ao varejo para que fossem vendidos. Mas com a expansão das atividades dos mercadores e a proliferação da concorrência entre os fabricantes, os estabelecimentos comerciais passaram a ter cada vez mais produtos do mesmo tipo e diferentes marcas. Essa dificuldade de estoque, segundo Miranda (1997), provocou o nascimento da propaganda: Eles já não podiam mais estocar tudo, e o consequente aumento das dificuldades encontradas pelos fabricantes para forçar os estoques dos varejistas foi um grande impulsionador do desenvolvimento da Propaganda (segunda função da área comercial da indústria a desenvolver-se como atividade organizada e dirigida) (MIRANDA, 1997, p.05). Através da propaganda, a indústria passou a estimular as vendas dos revendedores, ajudando-os a escoar seus estoques e garantindo a preferência dos mesmos aos seus produtos. Com o aumento de concorrência provocado pelo pós-guerra – quando a indústria teve que desviar para o mercado civil a capacidade montada para suprir os esforços de guerra –, os produtores industriais tiveram que dinamizar o escoamento dos seus produtos junto às 22 lojas, desta vez com a melhor organização das atividades de promoção de venda. Apesar disso tudo, a preocupação da indústria, afirma Miranda, permanecia na venda aos varejistas. Os poucos que investiam em propaganda, ainda o faziam visando à preferência de compra por parte do revendedor, e não do consumidor final. O cenário permaneceu assim até a globalização e a abertura econômica dos mercados provocar uma concorrência ainda mais intensa, dando ao cliente um poder maior de barganha, conforme aponta Miranda (1997): “A globalização dos mercados, dando origem a um processo competitivo extremamente acirrado, com a correspondente ascensão do consumidor à posição privilegiada (e legítima) de juiz supremo de qualidade e adequação dos produtos e serviços que adquire, deu origem à Era da Qualidade Total.” (MIRANDA, 1997, p.06). Diante de tal cenário, afirma o autor, a indústria passou a buscar inspiração no cliente final, deixando de produzir apenas com base em suas próprias preferências e passando a analisar as necessidades, desejos, interesses e preferências do público. Isso lhe permitiu criar produtos que assegurasse um negócio lucrativo, garantindo também, por conseqüência, o sucesso dos seus revendedores. Começa na indústria, então, um movimento de ampliação dos investimentos em propaganda de modo a disputar a preferência do público com outras marcas. Circunscrevendo o referencial teórico apresentado até aqui ao recorte do presente estudo, vale lembrar de três definições de importantes teóricos para “marca”, um dos ativos mais importantes das empresas, em especial no segmento de moda. 23 A primeira definição para “marca”: “Um design visual e/ou um nome dado a um produto ou serviço por uma organização a fim de diferenciá-lo dos produtos concorrentes, assegurando aos consumidores que o produto será de alta qualidade e que esta será mantida” (Richard Koch). A segunda: “Um nome, um termo, sinal, símbolo ou design, ou uma combinação deles, que deve identificar os bens ou serviços de uma empresa e diferenciá-los daqueles de seus concorrentes” (Philip Kotler). E a terceira: A soma intangível dos atributos do produto, de seu nome, seu preço, sua embalagem, sua história, sua fama e a forma como é feita sua publicidade. Uma marca é também definida pelas impressões dos consumidores sobre as pessoas que a usam, tanto quanto pela sua própria experiência. (David Ogilvy). Para criar e manter uma marca que agrade um determinado público é importante que, antes de tudo, se saiba que público é esse, através da segmentação de mercado, como explica Mowen (2003). “A segmentação de mercado é definida como a divisão de um mercado em subconjuntos distintos de clientes com necessidades e vontades semelhantes, cada qual 24 podendo ser alcançada com um mix de marketing diferente. Para que os segmentos sejam úteis, eles devem ter características de mensurabilidade, acessibilidade e substancialidade”. (MOWEN, 2003, p.32). Segundo o autor, quanto à mensurabilidade, é dever do gerente aferir as vontades, necessidades e características por via de medidas demográficas, análise psicográfica, personalidade e atitude. Desejando-se que seja atendido um nível de acessibilidade, os clientes devem ter acesso ao mix de marketing. Assim, se um determinado segmento não for atingido, não receber as mensagens enviadas, o segmento se tornará inviável. Por último, o segmento precisa ser substancial o suficiente, em tamanho e renda, para que dê retorno e seja viável. Com base na teoria exposta, podemos afirmar que muito mais que dados quantitativos e facilmente mensuráveis, é fundamental a busca de dados qualitativos em relação ao público, e é aí que reside o caráter mais subjetivo de disciplinas como o marketing, mas que ganha contornos científicos ao ser abordado por outras áreas do conhecimento, como a psicologia. “O estudo do comportamento do consumidor é uma disciplina recente. Os primeiros manuais foram escritos na década de 60. Sua origem intelectual, contudo, é muito mais antiga. Thorstein Veblen, por exemplo, falou sobre exageros de consumo em 1899. Nos primeiros anos do século XX, os escritores começaram a debater de que maneira os anúncios poderiam utilizar princípios psicológicos. Na década de 50, idéias oriundas da psicologia freudiana foram popularizadas por pesquisadores da motivação e usadas por anunciantes. Entretanto, apenas com o surgimento do conceito de 25 marketing na necessidade mesma de década, estudar o foi reconhecida comportamento a do consumidor.” (MOWEN, 2003, p.3). De posse do referido conhecimento, torna-se menos onerosa a tarefa de orientar os produtos de maneira a atender, como já visto, os gostos, necessidades e desejos do consumidor. A esse direcionamento dá-se o nome de orientação de marketing, conceituada da seguinte forma por Mowen (2003). “A orientação de marketing compreende o ponto de vista de que uma indústria é um processo de satisfação do cliente, e não de produção de mercadorias. Uma indústria surge com o cliente e suas necessidades, e não com uma patente, matéria-prima ou habilidade de venda”. O reconhecimento de uma empresa só pode existir na medida em que satisfazer as necessidades e vontades do consumidor, mediante a compreensão total de seus parceiros de troca (isto é, seus clientes), torna o estudo do consumidor essencial. (MOWEN, 2003, p.3). Nesse contexto, nascem ferramentas de marketing, como o visual merchandising e outras ações realizadas no ponto de venda, que transmitem estímulos sensoriais que alimentam as referidas necessidades e desejos dos clientes. Além de uma preocupação utilitária – ainda que esse aspecto não possa deixar de ser considerado, já que 82% das vendas são atribuídas à vitrine -, a ação de marketing no ponto de venda tem outros objetivos mais importantes. Entre eles, fidelizar o cliente, já que para Mowen (2003) a satisfação do consumidor está relacionada ao grau em que ele mantém uma atitude positiva em relação à marca, estabelece um compromisso com ela e pretende continuar comprando-a no futuro. E isso acaba refletindo na redução de custos, pois como afirma o mesmo autor, é de quatro a seis vezes mais barato manter os clientes do que atrair novos. Na loja, é onde ocorre a relação 26 entre o consumidor e a marca, e onde se pode vislumbrá-la em três dimensões. Sendo assim, portanto, a loja se torna um ponto-chave no marketing de moda. É na loja que se tem a experiência direta e material da marca e do produto. O relato do autor enseja o entendimento que a troca vai além do bem ou serviço por valores monetários. O consumidor pode receber, junto ao produto, sensações, informações, status, sentimentos e outros recursos que agregam valor ao mesmo. Estímulos como barulho, cor, clima e posição de objetos ou pessoas, segundo o autor, são capazes de afetar o comportamento do consumidor influencia as percepções do mesmo por mecanismos sensoriais de visão, audição, olfato e até mesmo tato. “O ambiente tem importância especial para os varejistas; talvez sua tarefa principal seja administrar o ambiente físico a fim de influenciar comportamentos, atitudes e crenças dos consumidores da maneira desejada. Por exemplo, o ambiente físico tem implicações importantes para a construção da imagem da loja. Se o varejista deseja apresentar uma imagem sofisticada, é essencial que o ambiente da loja corresponda a essa imagem “ (MOWEN, 2003, p.248). Assim, é importante a análise do consumidor, para definir a segmentação e posicionar o produto de maneira efetiva e, uma vez posicionada a marca, pode desenvolver o merchandising com um direcionamento. O autor reforça também a importância da mobilidade dentro da loja, da apresentação dos produtos e da atmosfera criada dentro da mesma. Isso tudo tem que condizer com o posicionamento da marca. O layout, segundo Mowen (2003), é capaz de afetar reações e o próprio comportamento de compra do consumidor. A disposição dos produtos e o fluxo de tráfego podem ao final afetar os lucros da loja: 27 “As lojas são projetadas para facilitar a movimentação do cliente, auxiliar na apresentação dos produtos e na criação de uma atmosfera específica. O objetivo geral é maximizar os lucros com base no aumento de vendas proporcionado por um projeto que apresente bom custobenefício. O layout da loja pode influenciar as reações e o comportamento de compra do consumidor. Por exemplo, a posição dos corredores influencia o fluxo do tráfego. A localização dos itens e departamentos em relação ao fluxo do tráfego pode influenciar o nível de vendas de maneira notável” (MOWEN, 2003, p.251-252). Dentro do ambiente físico, destaca-se a vitrine, cuja elaboração manutenção insere-se no conceito de visual merchandising, como define Silvia Demetresco (2007). “Visual merchandising é a apresentação de um produto, seja ele um vestido, uma bolsa, um calçado, um telefone, um artista ou uma comemoração de cem anos. De um produto a um evento, hoje tudo passa pelas mãos de um especialista. Assim, para fazer visual merchandising necessitamos de produtos – esses produtos devem ser vistos, tocados, sentidos – e, por esse motivo, devemos criar encenações carregadas de sedução. É a partir de um produto que temos em mãos a possibilidade de criar uma vitrina – criar um clima – para expor tal produto”. (DEMETRESCO, 2007, p.202). Miranda (1997) atribui 8 importantes exigências para um desempenho efetivo no varejo: 28 1. A localização das lojas, incluindo os conceitos de “ponto”, tráfego e área de influência. 2. O layout das lojas, incluindo as considerações relativas à distribuição das seções, arranjos físicos e decoração, iluminação e outros aspectos arquitetônicos e funcionais. 3. A seleção de mercadorias e suprimento de estoque. 4. A divulgação interna e externa (Propaganda e Promoções). 5. A exposição de mercadorias, inclusive vitrinismo. 6. As demonstrações e ofertas diretas ao consumidor. 7. A operação de crediários. 8. Os serviços à clientela (atendimento pessoal e telefônico, entregas, assistência pós-venda etc.) (MIRANDA, 1997, p.17). Como se viu na bibliografia que amparou o presente capítulo, o conhecimento do público-alvo é fundamental não apenas para orientar a comunicação, mas é condição imprescindível para as empresas desempenharem sua atividade fim de maneira alinhada às expectativas dos clientes. Em qualquer segmento, aspectos sensoriais são importantes para a atração do cliente, mas na moda, segundo autores pesquisados, essa relação é mais forte. 29 CAPÍTULO III LOJAS-CONCEITO E O CASO DA FARM E DA RESERVA Como ponto fundamental em meio à teoria apresentada no capítulo anterior, podemos destacar que a marca, como um bem intangível, está repleta de significados e valores, em especial, a de moda. E para comunicá-los ao público-alvo de forma efetiva, assim como concorrer nesse competitivo mercado, é preciso libertar-se das amarras impostas pelas tradicionais ferramentas de marketing e diferenciar-se por meio de ações que agreguem valor à marca. 3. 1 – Lojas-conceito Nesse contexto inserem-se as lojas-conceito, uma maneira que as marcas encontraram de comercializar os seus produtos de maneira diferenciada, inovando no relacionamento com seu público e agregando atributos à marca através de estímulos sensoriais. O presidente da Associação Global do Marketing no Varejo, Romano Pansera, explica que “as lojasconceito, em geral, são lojas que quebram a cadeia do varejo e abrem um canal direto entre a indústria e o consumidor, sem depender do intermediário”. Ele acrescenta ainda que... (...) a loja-conceito cria um espaço experimental que transmite a força da marca, onde o consumidor e o público em geral podem conhecer e dar feedback direto sobre todas as linhas e produtos experimentais, projetados e produzidos por determinada empresa para venda. 30 Nas flagships, como também são conhecidas, as marcas proporcionam aos seus clientes diferentes experiências, estimulando, a todo momento, o consumidor a entrar em contato com uma ampla gama de sensações e produtos que não teria acesso em outros canais de venda. Além de identificar variáveis não-objetivas na tomada de decisão da compra, a indústria concluiu, a partir da década de 90, “que o perfil do consumidor havia mudado e que esperava um ambiente mais interativo, conectado, experimental e receptivo”, afirma Pansera, apontando como exemplo as lojas dos chocolates M&M’s, em Las Vegas, Nova Iorque e Orlando, nos Estados Unidos, que foram elaboradas sob a ideia de customização, experimentação, inovação, tudo isso numa atmosfera lúdica oferecido no espaço físico. No local era possível manter uma forte relação com a marca, durante todo o tempo de permanência na loja, seja experimentando os chocolates, interagindo com os acessórios ou conhecendo produtos e as novidades que a marca oferece. Na área da moda, há um exemplo típico em que o estabelecimento de loja-conceito veio na esteira de mudanças de posicionamento, na tentativa de reforçar os novos valores que integram a marca. É o caso da sandália Melissa, da gaúcha Grendene, conforme reportagem do site da revista ISTOÉ. Segundo a revista, “para consolidar a imagem da sandália no mundo fashion, sem encarecer seus produtos, o gerente de operações da Grendene, Paulo Pedó, apostou em uma estratégia sensorial e ligada no comportamento”, afirmação esta que corrobora a teoria apresentada no segundo capítulo. À revista, Paulo Pedó afirmou que a grife estabelece uma relação afetiva, e não utilitária, com a consumidora. Com a finalidade de analisar as relações existentes entre as lojasconceito e os consumidores, tendo como recorte antropológico o cidadão que convencionamos chamar aqui de “Carioca Zona Sul”, elegemos duas lojas 31 conceitos instaladas nessas regiões. Trata-se da Casa de Verão Farm e a Reserva +, descritas a seguir. 3.1.1 - Farm Presente em 15 estados (Bahia, Goiás, Pará, Rio Grande do Sul, Ceará, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Norte e Sergipe), além do Rio de Janeiro, a Farm totaliza 33 lojas, contando com 1 outlet em São Paulo. Só no Estado do Rio de Janeiro são nove, sete delas na capital. Eu seu site, afirma que Marcello Bastos e Katia Barros, criadores da marca, “conseguiram interpretar, como ninguém, quem é a garota-carioca-zona sul, ponto de partida que inspirou o fenômeno da moda balneário”. Em vídeo institucional também em seu website, a marca exalta o feminino, a natureza, as cores, a estética do belo, a felicidade em vestir, o desejo, o bem estar, a emoção e o esporte. O vídeo também traz referências ufanistas brasileira e carioca, orgulhando-se de representar, ela própria, um lifestyle: o estilo de vida FARM. Nas palavras da estilista da marca Milena Galli, em reportagem da Globo News, a marca é carioca, e sendo assim, ela é praiana, alegre e colorida, “faça chuva ou faça sol”. Para Kátia Barros, na mesma reportagem, a Farm é “um estilo de vida muito particular, admirável, desejável, despojado, andar de havaiana, ir pro botequim, isso é a cara do Rio, então é a partir desse modo de viver a vida que eu faço roupa”. 3.1.2 - Reserva 32 Nascido em 2006, o negócio tem cinco marcas, a Reserva, Reserva Mini, Eva, Hulk e a Reserva +, esta última a loja-conceito situada no Arpoador que é alvo de estudo deste trabalho. A Reserva, de maneira global, tem 26 lojas próprias, distribuídas em cinco estados (Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Bahia), mais uma franquia em Pernambuco. Seu discurso institucional – ao menos pelo que se pode depreender de vídeos com depoimentos de colaboradores em seu website – não menciona aspectos geográficos, apenas uma referência à “praia”. Como dispositivo retórico para definir a marca, os depoentes usam a valorização dos recursos humanos, a transparência e a harmonia no ambiente de trabalho, o comprometimento e o prazer pessoal em trabalhar com a marca, entre outros valores que juntos compõem o que eles chamam de “cultura reserva”. A respeito da Reserva +, a loja-conceito, os mesmos depoentes falam da qualidade do atendimento, que traz, conforme se depreende dos depoimentos, uma certa dose de informalidade (“eu falo para as pessoas: ‘se você está com depressão, não compre um cachorro, vá na loja da Reserva e fique lá conversando’, porque você chega lá, você sai mais alegre, sai mais feliz” / “Passa depois da praia aqui, fica aqui com a gente, vamos trocar idéia, a reserva nasceu disso...”). Conforme a jornalista Rossana Maurell, que assina 1 reportagem na revista Época Rio sobre a marca e o seu criador, Rony Meisler, a Reserva é “uma das marcas que mais sintetizam o Rio”. Na entrevista, indagado sobre a marca é “a cara do Rio”, Meisler respondeu: A Reserva é a nossa cara. E nós somos cariocas. Ordem dos fatores que altera totalmente o produto. Esse lance de ser a cara do Rio é muito estereótipo, a Reserva não é uma marca estereotipada. Somos a cara do Rio como conseqüência do que somos como pessoas.(Época Rio, maio 2013) 1 Ver anexo I 33 3.1.3 – Loja-conceito Casa de Verão FARM Desde 2005, a Farm aposta em lojas-conceito como estratégia de relacionamento com seu público. Depois de passar por Trancoso (BA), Maresias (SP) e Jurerê Internacional (SC), a grife aportou na sua cidade de origem, o Rio de Janeiro, estabelecendo, entre janeiro e fevereiro de 2013, a loja-conceito em um casarão de dois andares na rua Nascimento Silva, em Ipanema. O site do caderno Ela, do jornal O Globo, mostra alguns itens disponíveis na casa, e entre eles figuram pranchas de surf com estampas e as tradicionais bicicletas elétricas, também customizada com motivos que fazem referência à coleção de verão da marca. Muito mais que uma loja, a chamada “Casa de Verão Farm” trouxe, além da linha de moda praia da marca, uma série de outras atrações, como shows de musica, workshops, intervenções de artistas plásticos e até um “nail bar”, com esmaltes da Granado, que à época estava lançando uma linha com doze produtos. O site Rio com Ela listou o que o público poderia fazer no local, aberto de terça-feira a domingo, das 10h às 23h: -Se divertir na oficina de Havaianas; -Relaxar na sala de beleza com produtos Granado - Participar de cursos de moda da Perestroika, Instituto Rio Moda, WGSN, Rio Etc. - Curtir as comidas e drinks da Prima Bruschetteria, oferecendo também café da manhã, além de menus para almoço e jantar. 34 - Sets com a Rádio Ibiza aos domingos, karaokê às quintas, passeios com a bike Lev, aulas de stand up paddle, rolés de skate... Segundo resumiu Laila Sena, que assina a matéria, a casa abrigou “várias representações do lifestyle carioca”. 3.1.4 – Loja-conceito Reserva + A loja-conceito da Reserva foi inaugurada em 2011 e permaneceu aberta até fevereiro de 2013. O local escolhido foi a Galeria River, na rua Francisco Otaviano, no Arpoador, tradicional reduto dos simpatizantes e praticantes do surf. Segundo aponta o website da galeria, foi naquele bairro que o esporte surgiu verdadeiramente no Brasil. Por essa razão, a região foi o berço das primeiras lojas de surf do Brasil, na esteira da evolução do esporte e da chamada cultura “surfística”, como aponta o site da galeria. Ao longo dos anos, foram abrindo lojas de outros esportes radicais, como skate, patins, escalada e trekking, além de estabelecimentos gastronômicos. Essa são as características do local onde a marca estabeleceu sua loja-conceito, onde foram realizados “shows, performances, esquetes de humor, rodas de samba, leituras de poesia e o que mais couber no conceito criatividade que a marca tanto explora”, nas palavras do site Timeout. Com decoração, design e ambiente compostos por livros de arte, skate, música, fotografia e pranchas de surfe, o local contou também com um bar, um mezanino outside e um espaço para café. 3.2 – Análise de características do público 35 Como se pode perceber já no título, o presente trabalho tem como objeto de estudo uma questão complexa, assim sendo, não poderia ser analisado com métodos quantitativos, pois haveria o risco de chegarmos a conclusões reducionistas do ponto de vista teórico. Por essa razão, optou-se por uma abordagem qualitativa, na qual traçamos, com base na bibliografia consultada no primeiro capítulo, os hábitos de comportamento mais marcantes do que convencionamos chamar de “Carioca Zona Sul”. Esses hábitos de comportamento estão resumidos em palavras-chaves, onde discorremos sobre as relações entre o público e as marcas sob diferentes aspectos – mas sempre à luz das teorias do marketing. 3.2.1- Esportes A prática do esporte é algo intrínseco à zona sul e está presente na vida dos freqüentadores dessa região desde os primórdios da balneabilização da orla. Como destacado no primeiro capítulo, assim que as praias passaram a ser frequentadas com objetivos diferentes dos iniciais (terapêuticos), não tardou para que atividades físicas passassem a ser realizadas à beira-mar. Um espaço amplo e natural contíguo à área urbana é, em qualquer cidade, um atrativo à atividade esportiva. Na zona sul do Rio de Janeiro não foi diferente, com o adendo muito particular – em contraposição a outras cidades localizadas distantes do litoral – que aqui há uma vasta área de oceano a ser explorada por esportes aquáticos. Por ter sido o Rio de Janeiro a capital do país por um longo período da história – inclusive à época em que as praias da zona sul passaram a ser frequentadas – é natura que as vanguardas, também na área esportiva, nascessem na região, permeando o comportamento do “Carioca Zona Sul” de tal maneira que a Casa de Verão Farm e a Reserva+ exploram a temática de forma incisiva. Em ambas as lojas-conceito, há fortes 36 referências esportivas, ainda que as marcas não se dediquem a vender indumentária e acessórios para qualquer modalidade. A Reserva+ utiliza em sua decoração pranchas de surf. No ambiente físico da loja é possível encontrar uma porção delas, em diferentes tipos e cores. Ainda que não esteja dito nas referências pesquisadas, é evidente que tal posicionamento encontra justificativa no fato de que ali, na Galeria River, no Arpoador, há um ponto de encontro de praticantes de surf e um importante polo comercial de artigos da modalidade. A Casa de Verão Farm também uso desse expediente em sua decoração, tendo o cuidado de adaptar a temática ao universo feminino. Pranchas de stand-up, skates e bicicletas podiam ser encontradas no espaço da casa, todos com estampas de flores e motivos femininos. Os frequentadores tinham a oportunidade de fazer aulas das referidas modalidades e pegar emprestado os artigos esportivos. Oferecendo experiências sensoriais e táteis relacionadas ao esporte aos seus clientes, a duas marcas mostraram na prática o que a teoria chama de fidelização do cliente, fazendo o consumidor manter uma atitude positiva em relação à marca, estabelecer um compromisso com ela e pretender continuar comprando-a no futuro. 3.2.2 - Boemia Historicamente o centro do Rio de Janeiro é reconhecido como área de intensa boemia, com seus tradicionais café e botequins. A partir dos anos quarenta, no entanto, a cidade ganhou um outro importante polo para os notívagos: o bairro de Copacabana. À época, o bairro passava pelo auge de sofisticação, oferecendo aos interessados nobres opções para beber, comer e se divertir, como cassinos, boates, cinemas e nightclubs. 37 A partir dos anos 70, no entanto, Copacabana começa e perder o status, e os bairros vizinhos - Ipanema e Leblon - começam a registrar um forte crescimento populacional, atraindo, a reboque, uma ampla gama de serviços e o setor gastronômico. Hoje, a região é uma - se não a - das mais bem servidas no que tange a bares e restaurantes, com uma grande concentração desses estabelecimentos. Há de se relativizar a questão dizendo que o ato de beber é habito que vai da zona sul carioca à norte de qualquer outra cidade brasileira. O diferencial da região alvo deste trabalho é a soma desse hábito a todos os outros aspectos comportamentais, geográficos, demográficos e socioeconômicos, que resulta em uma inclinação maior das pessoas pelos encontros regados à bebida e influenciam substancialmente no ambiente social a que o público das marcas analisadas estão expostos. Diante desse cenário, pode-se afirmar que a zona sul é uma região boemia, e esse aspecto também está presente na estratégia das duas lojasconceito, ainda que não se possa afirmar que é de maneira deliberada. Além de ser um polo comercial de artigos de surf, como já dito, e região da Galeria River é servida por bares, se configurando também num reduto boêmio. Mas muito mais que a proximidade com um botequim, a própria loja tem um bar interno. Em entrevista ao site Modaspot, o diretor criativo da Reserva+, Rony Meisler, explica o conceito da marca e, entre outras coisas, declara que “a Reserva+ nasceu justamente para não ter conceito definido. Será um espaço para fazermos o que nos dá na telha. De arte e cultura a um bar de cachaça”. A Casa de Verão Farm preferiu uma associação mais acentuada com a gastronomia, fazendo uma parceria com o Prima Bruschetta. O restaurante ofereceu opções para café da manhã e menus para almoço e jantar, mas sem esquecer do bar com drinks refrescantes. 38 Nesse caso, as duas lojas também despertaram em seu público emoções através de estímulo sensoriais, desta vez através do olfato, como teoriza Mowen (2003). Dessa forma, além da associação a experiências gustativas positivas, as marcas reforçam o senso de pertencimento ao grupo do “Carioca Zona Sul” - seja do sexo masculino, seja do feminino -, que de um modo geral é afeito ao hábito da boemia. 3.2.3 – Meio ambiente Somente o carioca tem o privilégio de dizer que nasceu no município que recebeu a alcunha de “Cidade Maravilhosa”, reconhecida inclusive internacionalmente (Marvelous City). Mas é o “Carioca Zona Sul” quem desfruta mais dessa prerrogativa, pois está em constante e próximo contato – por razões geográficas e socioeconômicas – com os atrativos que motivaram Coelho Neto a dar esse apelido à capital fluminense. Sendo assim, torna-se quase que impossível as duas marcas – e por consequencia suas duas lojas-conceito – não carregarem seus discursos textuais e estéticos de referências ao meio ambiente, à natureza, à praia, ao sol, assim como ao esporte, assunto sobre o qual já discorremos. Na Casa de Verão Farm 2013, uma ação de marketing digital batizada de “Meu role lev” consistiu em editar vídeos com imagens registradas pelos participantes durante o passeio de bicicleta e postá-los em canal do Youtube. Sobre as imagens registrados pelos ciclistas eram incluídas trilha sonora, imagens da Casa e pontos da cidade, com destaque para o Morro Dois Irmãos, o Corcovado, o Arpoador, a praia de Ipanema e a Lagoa Rodrigo de Freitas. Na Reserva+ as representações do meio ambiente não eram tão claras, mas as bicicletas e pranchas, assim como fotografias de paisagens por vezes 39 afixadas nas paredes, denotavam uma retórica, ainda que sutil, de estímulo a um estilo de vida mais natural e menos artificial. Assim sendo, a Casa de Verão Farm e a Reserva+ estimulam, seja de forma visual, seja por meio de ações práticas, a associação de ambas as marcas com os princípios partilhados com seus clientes. Ou seja, elas tentam satisfazer às necessidades e vontades de seu mercado-alvo, como postula a teoria do marketing de Cobra (2007), com uma retórica discursiva que atinja o campo das sensações, já que as marcas, como já visto neste trabalho, habitam o mundo dos sonhos, gravitando mais no imaginário do que na realidade (COBRA, 2007, p.38). 3.2.4 – Diversão O aspecto diversão permeia todos os anteriores, já que beber em bares, praticar esportes e estar em contato com o meio ambiente implica, em menor ou maior grau, divertir-se. Por isso, vale dedicarmos algumas linhas da nossa análise a esse ponto, já que a diversão está no âmago de bairros como Ipanema e Leblon, a julgar pelo fluxo turístico. Após a queda de prestígio de Copacabana, nos anos 70, a região virou um enorme polo de serviços e estabelecimentos comerciais, e desde então concentra, em um território ínfimo se comparado a toda a extensão do município, grande parte das opções de lazer da cidade. Esse ambiente, que está próximo à praia, se tornou propício à diversão, uma espécie de escoadouro que dá vazão às características atribuídas ao típico carioca, como lista Elizete Santos: alegre, jovial, informal, despojado, de bem com a vida, simpático e sociável. As lojas Reserva+ e Casa de Verão Farm, tendo como público cariocas – homens e mulheres, respectivamente – que sofrem influência desse ambiente de convite à celebração, adotam postura semelhante, seja deliberadamente, seja por elas próprias estarem inseridas nesse contexto. 40 Assim pode perceber quem esteve nos espaços da Francisco Otaviano e da Nascimento Silva no tempo em que ficaram abertos. Na Casa da Farm, a música era um dos destaques, com frequente presença de DJs, inclusive com oficinas aos interessados em aprender o ofício. Conforme aponta Barros e Pereira (2002, p.10), “o imaginário da cultura carioca como ‘lugar de encontro’ e de aproximação de diferenças se evidencia aqui como um dos aspectos do universo FARM.” (BARROS e PEREIRA, 2012, p.10). Já a Reserva+, além de pequenos shows – a loja tinha até um palco montado – promovia o Sexta+Cedo, um projeto em que as empresas eram estimuladas a liberar seus funcionários para trocarem os escritório pela loja, nas sextas-feiras, a partir das 14h. O objetivo era fazer com que os trabalhadores realizassem suas tarefas cotidianas ou reuniões em um ambiente mais descontraído, ao som de DJs e regadas, em vez do café, a drinks. No fim, diz a página do projeto no Facebook, “um mergulho noturno para terminar o dia com chave-de-ouro, afinal de contas trabalhamos na cidade mais linda do mundo!” Com ações desse tipo, a marcas estreitam laços com os consumidores, sacramentando vínculos importantes para a competitividade do empreendimento, uma vez que é “de quatro a seis vezes mais barato manter clientes antigos do que gerar novos clientes” (MOWEN, 2003, p.234). 3.2.5 - Corpo Por fim, mas não menos importante para os objetivos deste estudo, optamos em discorrer sobre o culto ao corpo, apontado por pesquisadores como hábito que, no Rio de Janeiro, está muito ligado à balneabilização das praias e, portanto, aos aspectos constitutivos da característica do “Carioca Zona Sul”. 41 Segundo revelou a pesquisa bibliográfica que consta no primeiro capítulo deste trabalho, o culto ao corpo teve início após o entendimento de que bronzear a pele fazia bem para a saúde e a consequente redução do tamanho das peças de roupa. Assim sendo, os padrões de beleza corporal foram mudando ao longo das décadas a ponto do exercício físico passar a ser adotado, por muitos, não como uma prática preventiva em saúde, mas sim como um caminho para um corpo perfeito. Arraigado na sociedade atual brasileira, o culto ao corpo fica mais evidente e recrudescido em regiões litorâneas como a zona sul carioca, de modo que não pode deixar de ser considerado por marcas de roupa. Esse aspecto, no entanto, não aparece, ao menos de forma evidente, nas estratégias das duas lojas-conceito, o que mostra que sob esse título de “Carioca Zona Sul” há segmentos distintos, passíveis de subsegmentação. O que mais se assemelha a isso, é a preocupação com a beleza implícita na estratégia da Farm. No local foi montada a Sala de Beleza da Granado, onde as meninas podiam pintar as unhas com os novos esmaltes da marca e também encontrar produtos como creme para os pés, cutículas e sachets escalda-pés. A mesma preocupação com a estética não foi identificada na Reserva+, voltada ao público masculino. Um ponto que chama atenção é o caráter cultural da programação e do layout. Na Reserva+, obras de arte fixadas nas paredes e livros sobre estantes davam um certo tom “cult” ao local, o que tem um certo grau de equivalência ao que ocorria na Farm, com cursos promovidos pelas seguintes instituições: Perestroika, Instituto Rio Moda, WGSN, Rio Etc. A análise desses aspectos permitem afirmar que ambas as marcas, voluntária ou involuntariamente, adotam em suas lojas-conceito práticas que vão ao encontro dos gostos, necessidades e desejos do seu público, como 42 orientam os teóricos da área de marketing revistados em pesquisa bibliográfica. No que se refere ao aspecto de culto ao corpo, as duas marcas mostram-se não aderentes, o que revela que elas estão direcionadas a um subsegmento dentro do público do “Carioca Zona Sul”. Para fins de análise, optamos em resumir as características do “Carioca Zona Sul” em cinco aspectos, de modo a evitar a fuga de escopo. Mas sugerese aos interessados em realizar uma análise profissional e mais criteriosa de público, que mais elementos característicos sejam avaliados para identificar aderência de uma ação de marketing ou não aos anseios dos consumidores. 43 CONCLUSÃO A competitividade crescente no mercado de moda vem exigindo métodos de diferenciação das marcas com o objetivo de conquistar e fidelizar clientes, e uma das técnicas adotadas pelo varejo é o estabelecimento de lojas-conceito. Nesses estabelecimentos é possível manter relacionamento mais próximo com o público-alvo de modo a transmitir os valores de marca em um nível menos objetivo e mais sensorial. Para analisar o fenômeno, que é global, o presente trabalho elegeu um exemplo local como caso de estudo, buscando identificar a influência do estilo “Carioca Zona Sul” no posicionamento de lojas-conceito das marcas Farm e Reserva, do Rio de Janeiro. Depois de extensa pesquisa sobre o referido público foi possível confrontar seus hábito, à luz das teorias de marketing, ao posicionamento das marcas e verificar a aderência das suas ações às características dos consumidores. Conforme aponta a análise do último capítulo, identificou-se uma forte ligação das lojas Casa de Verão Farm e Reserva+ com seu público, exceto em um tópico, o que permitiu concluir que as duas marcas se posicionam em um subsegmento desse público maior chamado aqui de “Carioca Zona Sul” Há de se deixar claro que elegemos apenas 5 elementos constitutivos da característica do público, de modo a não fugir do escopo do trabalho. Mas sugere-se, para uma análise mais criteriosa, um estudo mais aprofundado no que se refere às características do público. Quanto mais elementos constitutivos da identidade de um público, mais fácil será adotar um posicionamento estratégico de mercado. Com o presente trabalho, buscamos contribuir com teoria e metodologia para que, não apenas o segmento de moda, mas outros setores 44 possam adotar práticas que facilitem o conhecimento amplo dos seus respectivos públicos, e assim atinjam suas metas. 45 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA BAIRROS DO RIO. Ipanema e Leblon. Rio de Janeiro: Editora Fraiha, 1999. BAIRROS DO RIO. Leme e Copacabana. Rio de Janeiro: Editora Fraiha, 1999. BARROS, Carla; PEREIRA, Cláudia. Cariocas não gostam de dias nublados: comunicação, consumo e lifestyle no discurso da Farm. Fortaleza: Intercom, 2012. BRAGA, João. História da moda. São Paulo: Editora Anhembi Morumbi, 2007. CASTRO, Ruy. Chega de saudade: a história e as histórias da Bossa Nova. 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Rio de Janeiro: Globo, nº 9, p 19-21, mai. 2003. 51 52 53 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO AGRADECIMENTO DEDICATÓRIA RESUMO METODOLOGIA SUMÁRIO INTRODUÇÃO 2 3 4 5 6 7 8 CAPÍTULO I A IDENTIDADE “CARIOCA ZONA-SUL” 10 1.1 – Dados socioeconômicos 1.2 – O mar 1.3 – Corpo I 1.4 – Boemia 1.5 – Expansão Ipanema e Leblon 1.6 – Cultura e contracultura na zona sul 1.7 – Corpo II 10 11 12 13 14 16 18 CAPÍTULO II MARKETING E PONTO DE VENDA 21 CAPÍTULO III LOJAS-CONCEITO E O CASO DA FARM E DA RESERVA 29 3.1 – Lojas-conceito 3.1.1 – Farm 3.1.2 – Reserva 3.1.3 – Lojas-conceito Casa de Verão Farm 3.1.4 – Loja conceito Reserva + 29 31 31 33 34 3.2 – Análise de características do público 3.2.1 – Esporte 3.2.2 – Boemia 3.2.3 - Meio ambiente 3.2.4 – Diversão 3.2.5 – Corpo 34 35 36 38 39 35 CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA CONSULTADA WEBGRAFIA ANEXOS 43 45 47 49