1 SIMULADO VIII DE LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS E DE REDAÇÃO Prof. Everson Ribas ----------------------------------------------------------------------------------------NOME: __________________________________________ CIDADE: ( ) Porto Alegre MATRICULADO EM: ( ( ) Caxias do Sul ) Português ( ) Redação Grade de respostas 01 (A) (B) (C) (D) (E) 02 03 04 05 06 07 08 09 10 2 Texto 1 O livro de língua portuguesa ‘Por uma Vida Melhor’, adotado pelo Ministério da Educação (MEC), contém alguns erros gramaticais. “Nós pega o peixe” ou “os menino pega o peixe” são dois exemplos de erros. Na avaliação dos autores do livro, o uso da língua popular, ainda que contendo erros, é válido. Os escritores também ressaltam que, caso deixem a norma culta, os alunos podem sofrer “preconceito linguístico”. A autora Heloisa Ramos justifica o conteúdo da obra. “O importante é chamar a atenção para o fato de que a ideia de correto e incorreto no uso da língua deve ser substituída pela ideia de uso da língua adequado e inadequado, dependendo da situação comunicativa.” (www.opiniaoenoticia.com.br. Adaptado.) Texto 2 Ninguém de bom-senso discorda de que a expressão popular tem validade como forma de comunicação. Só que é preciso que se reconheça que a língua culta reúne infinitamente mais qualidades e valores. Ela é a única que consegue produzir e traduzir os pensamentos que circulam no mundo da filosofia, da literatura, das artes e das ciências. A linguagem popular a que alguns colegas meus se referem, por sua vez, não apresenta vocabulário nem tampouco estatura gramatical que permitam desenvolver ideias de maior complexidade – tão caras a uma sociedade que almeja evoluir. Por isso, é óbvio que não cabe às escolas ensiná-la. (BECHARA, Evanildo. Veja, 01.06.2011. Adaptado.) Questão 1 Assinale a alternativa correta acerca da relação entre linguagem popular e norma culta. (A) Os dois textos apresentam preocupação com a prática do preconceito linguístico sobre pessoas que se expressam fora dos padrões cultos da língua portuguesa. (B) Os dois textos defendem ser possível expressar ideias filosóficas tanto em linguagem popular quanto seguindo os padrões da norma culta. (C) Para Evanildo Bechara, não existem critérios que possam definir graus de superioridade ou inferioridade entre linguagem popular e norma culta. (D) O texto 2 sugere que a norma culta é instrumento de dominação das elites burguesas sobre as classes populares. (E) Para Evanildo Bechara, a norma culta é superior no que se refere à capacidade de expressão de ideias complexas no campo cultural. Questão 2 3 O que contribui de modo especial para produzir o humor crítico presente na tirinha é (A) a pergunta do segundo quadrinho, revelando a ignorância de Kava. (B) a invenção de palavras indígenas para designar lua e cobra. (C) o sentido irônico que se deve atribuir ao conteúdo da última fala. (D) o fato de Papa-Capim chamar o homem branco de caraíba. (E) a presença de animais em textos contemporâneos. Questão 3 Leia o trecho de Macunaíma, obra de Mário de Andrade (1893-1945). Deixaram a linda Iriqui se enfeitando sentada nas raízes duma samaúma e avançaram cautelosos. Já Vei estava farta de tanto guascar o lombo dos três manos quando légua e meia adiante Macunaíma escoteiro topou com uma cunhã dormindo. Era Ci, Mãe do Mato. Logo viu pelo peito destro seco dela, que a moça fazia parte dessa tribo de mulheres sozinhas parando lá nas praias da lagoa Espelho da Lua, coada pelo Nhamundá. A cunhã era linda com o corpo chupado pelos vícios, colorido com jenipapo. O herói se atirou por cima dela pra brincar. Ci não queria. Fez lança de flecha tridente enquanto Macunaíma puxava da pajeú. Foi um pega tremendo e por debaixo da copada reboavam os berros dos briguentos diminuindo de medo os corpos dos passarinhos. O herói apanhava. Construído à base de uma mescla de níveis, ora mais formal e tenso, ora mais informal e coloquial, o texto se vale também de algumas figuras de linguagem, conforme se pode verificar em: (A) Deixaram a linda Iriqui se enfeitando sentada nas raízes duma samaúma... (B) A cunhã era linda com o corpo chupado pelos vícios... (C) O herói se atirou por cima dela… (D) Ci não queria. Fez lança de flecha tridente... (E) … por debaixo da copada reboavam os berros dos briguentos... Leia o trecho do romance Maíra, de Darcy Ribeiro (1922-1997), para responder às questões de números 04 e 05. Nossa última alegria foi a das primeiras chuvaradas. Nas águas novas subiram ligeiro os cardumes, pacus, tucunarés, estufando igarapés, resplandecendo em escamas azuis, douradas. Mas logo caem as chuvas mais pesadas, chovendo por dias, semanas e meses. O mundo parecia dissolver-se, debaixo do manto de águas despencadas. Nuvens negras toldam o horizonte e chovem que chovem, escorrendo cortinas brancas no sapé das casas e amarelas enxurradas de tauá, no chão do pátio. A gente roída de triste, encolhida nos foguinhos, come beiju seco, chibé só de farinha, batata assada ou cozida, quase sempre sem carne nem peixe. Os mosquitos surgiram e aumentaram: piuns, muriçocas, maruins açulam, azucrinam. São os donos deste mundo. As praias desaparecem inundadas pelas águas barrentas do Iparanã do frio. Questão 4 Os sentimentos das personagens, em face das chuvas, passam da alegria para a tristeza. Essa mudança pode ser acompanhada, respectivamente, pelas referências (A) ao aparecimento, nas águas novas, de diferentes espécies de peixes, seguido da crueldade do frio e da falta de material para fazer fogo. (B) ao aparecimento, nas águas novas, de diferentes espécies de peixes, diante da escassez na alimentação e do ataque impiedoso dos mosquitos. (C) à necessidade de comer beiju seco e batata assada, contraposta à antecipação das primeiras chuvaradas e ao aparecimento de muitos peixes. (D) ao ataque impiedoso dos mosquitos, em face da antecipação das primeiras chuvaradas e do desaparecimento das praias. (E) ao desaparecimento das praias, engolidas pelas águas, substituído pelo ataque impiedoso dos mosquitos e enchente dos igarapés. 4 Questão 5 Iniciando a frase – Os mosquitos surgiram e aumentaram: piuns, muriçocas, maruins açulam, azucrinam. – pela conjunção se, os verbos devem ser assim flexionados: (A) surgirão, aumentarão, açulassem, azucrinassem. (B) surgirem, aumentarem, açulariam, azucrinariam. (C) surgirem, aumentarem, açularão, azucrinarão. (D) surjam, aumentem, açulariam, azucrinariam. (E) surgiriam, aumentariam, açularão, azucrinarão. Questão 6 Entre seus muitos nomes, a floresta amazônica é conhecida em inglês como rain forest (floresta pluvial): a bacia amazônica recebe por ano 15 trilhões de m3 de chuva, responsável pelo grande volume de água de seus inúmeros rios. Um segundo de fluxo do rio Amazonas poderia abastecer por um dia uma cidade de 2 mil habitantes. Essa riqueza hídrica exerce papel fundamental para a floresta. “As águas são a base do ecossistema amazônico”, afirma Sérgio Bringeo, químico do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Há na Bacia Amazônica três tipos de águas, cujas características variam de acordo com o ambiente que elas percorrem. A idade geológica da foz de cada rio é fundamental para que suas águas se encaixem em uma das colorações encontradas na floresta: as originárias de formações mais recentes são “brancas”; as que vêm de formações mais antigas podem ser “pretas” ou claras (verde-azuladas). (www.cienciahoje.uol.com.br) Levando em conta as informações do texto, pode-se afirmar que (A) a coloração das águas dos rios da Amazônia independe de sua origem e de sua idade geológica. (B) a designação em inglês da floresta amazônica despreza sua característica de receber anualmente 15 trilhões de m3 de chuva. (C) as cidades de 2 mil habitantes, se pudessem concentrar-se na Amazônia, teriam suas necessidades hídricas resolvidas. (D) a alteração do volume de água dos rios amazônicos contribui para a mudança constante de sua coloração original. (E) as intensas chuvas que caem na região são a principal explicação para a existência, na Amazônia, de rios caudalosos. Instrução: Leia o texto para responder às questões de números 07 e 08. Movida por uma vontade expressa – chegar a cantões da Amazônia onde nenhum homem houvesse pisado – a sua maior aventura, antes mesmo da construção de um barco, começa e termina dentro de um livro. O primeiro que vem à cabeça é Genesis, com Noé projetando sua arca, sob o sarcasmo da vizinhança, e se empenhando, já com fama notória de amalucado, em reunir os casais de bichos, quando ainda era imperceptível na linha do horizonte todo e qualquer sinal do dilúvio. (…) De todos os livros, todavia, o que mais diretamente parece ter inspirado a decisão de partir e fazer de uma embarcação a sua nova casa é o relato, escrito no século XVI, pouco depois do descobrimento do Brasil, por frei Gaspar de Carvajal, o capelão que viveu e testemunhou a primeira travessia de que se tem notícia do rio Amazonas, da nascente, no Peru, à foz, pelos europeus, liderada por Francisco de Orellana, entre 1540 e 1542. Pois foi com o nome do frei – e o nome na grafia original, Fray Gaspar de Carvajal – que [o escritor Mário Palmério] batizou sua casa itinerante. (MENDONÇA, Bernardo de. Frei Gaspar de Carvajal volta aos rios, 2011.) 5 Questão 7 Pelos dados disponíveis no texto, é possível afirmar que (A) o desejo de Mário Palmério era chegar a lugares amazônicos onde ninguém havia ainda estado, com fins comerciais. (B) o barco “Fray Gaspar de Carvajal” foi usado por Francisco Orellana, entre os anos de 1540 e 1542. (C) o escritor repetiu, na Amazônia, a preocupação de Noé em preservar as espécies animais. (D) a maior aventura de Mário Palmério, antes de se lançar à construção de um barco na Amazônia, inspirou-se em um livro. (E) frei Gaspar de Carvajal escreveu, no século XVI, um relato sobre o descobrimento do Brasil. Questão 8 No trecho – Pois foi com o nome do frei (...) que [o escritor Mário Palmério] batizou sua casa itinerante–, a palavra pois assume um sentido nitidamente conclusivo. Assinale a alternativa em que o nexo destacado também expressa esse sentido. (A) Os homens se acotovelavam nervosos na praça; logo, era preciso falar à multidão. (B) Saímos de casa bem cedo, porque a jornada reservada para aquele dia era longa e perigosa. (C) Ia a meninazinha curvada sob o feixe de varas, já que a avó tiritava de frio e já era noite. (D) Não restava dúvida de que o homem estava perdido, visto que sua fala era confusa. (E) Como estavam há três dias longe da aldeia, os índios abandonaram a perseguição. Questão 9 TEM ÁGUA NA FERVURA O cinema produzido em Santa Catarina vive atualmente uma fase de efervescência. (...) A Antropóloga, de Zeca Pires, concorreu à vaga para representar o Brasil entre os filmes que desejavam disputar o Oscar. Sandra Alves filmou Rendas no Ar. O diretor Penna Filho foi contemplado no edital referente a 2010, com o projeto Das Profundezas. Os vencedores do prêmio estadual foram anunciados pelo Secretário Estadual de Turismo, que desenhou um quadro animador para o cinema. Em seu discurso de anúncio dos vencedores, o Secretário foi enfático. Ofereceu garantias de que o edital não será mais interrompido e seguirá com realização anual, “acompanhando o ritmo de crescimento do Estado”. (...) E não só de longas vive o cinema catarinense. O curta-metragem Qual Queijo Você Quer?, de Cíntia Domit Bittar, produzido com o prêmio de R$ 30 mil, do edital do Fundo Municipal de Cinema da Prefeitura Municipal de Florianópolis, foi selecionado para cinco importantes festivais brasileiros. Fonte: LIMA, Fifo. (Colaboração de Felipe Alves). Tem água na fervura. Diário Catarinense - Caderno Variedades. 14/08/2011. p. 4 (adaptado). Em relação à linguagem usada no texto, é CORRETO afirmar que (A) tratando-se de um texto publicado no jornal, a linguagem utilizada é a popular, ou coloquial, com o objetivo de atingir o maior número possível de leitores. (B) o vocabulário apresenta termos específicos da área cinematográfica, caracterizando-o como um texto técnico. (C) o texto contém uma variedade de substantivos apropriadamente coletivos, como os títulos dos filmes, por exemplo. (D) a linguagem predominante no texto é denotativa, mas o título do texto, assim como a expressão “desenhou um quadro animador” apresentam linguagem conotativa (ou figurada). (E) por apresentar expressões diferenciadas e poéticas, como os títulos dos filmes, a linguagem do texto se caracteriza como linguagem literária. 6 Questão 10 (www.acharge.com.br) De acordo com as informações contidas na charge, é correto afirmar que a distribuição de renda é (A) ironizada pelo homem por meio de uma indagação. (B) contestada pela mulher com base em uma pesquisa. (C) apontada pela mulher como tema de um estudo. (D) associada com sua própria situação pelo homem. (E) aprovada dissimuladamente pelas personagens. Prova de Redação Com base na leitura dos seguintes textos motivadores e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma culta escrita da língua portuguesa sobre o tema Uma escola que nos prepare para a vida, apresentando proposta de ação social, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEXTO I Pior do que se pensa Quase 60% dos alunos brasileiros têm baixa proficiência - ou nem sequer fizeram a prova Quando se fala do mau desempenho brasileiro do Pisa, costuma-se mencionar a quantidade de alunos nos níveis mais baixos de proficiência. Na prova de leitura, quase metade tirou no máximo nota 2. É muita gente, mas a situação verdadeira é ainda pior: falta considerar quem está fora da escola ou em situação de atraso escolar (pelos critérios da OCDE, alunos de 15 anos que nem mesmo chegaram à 7ª série). No caso brasileiro, esse grupo corresponde a 19,4% da população na faixa etária avaliada - índice alto em relação aos países líderes do ranking (veja o gráfico abaixo). A soma do contingente fora da escola com o de baixa proficiência dá 59,4%. Ou seja: seis em cada dez jovens de 15 anos ou não reúne condições para fazer a prova ou não é capaz de compreender textos relativamente simples. 7 * População de 15 anos não matriculada ou cursando pelo menos a 7ª série. Fonte: PISA 2009 Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br. Acesso em: 27 set. 2012 (fragmento). TEXTO II O sentido - ou significado - da escola envolve a relação entre investimentos e resultados. Uma pedagogia mais eficaz desencorajará menos os alunos, desesperados em ver que seus progressos têm pouca relação com o tamanho dos esforços empenhados. Mas esse sentido também tem relação com o saber, com o projeto de vida. Por que eu aprenderia a jogar golfe ou a cozinhar se não tenho necessidade ou vontade disso? Hoje em dia, a escola mal consegue fazer com que todos compreendam o interesse em saber ler ou contar. O que dizer, então, de saberes cuja utilidade não é fácil de imaginar, como a álgebra, a biologia, a história, a filosofia? A escola continua muito despreparada diante dos alunos que não têm interesse em "encher a cabeça de coisas inúteis" e que não percebem o poder e o prazer que esses saberes poderiam lhes trazer. (Philippe Perrenoud, em "Sinapse", 29.07.2003) TEXTO III O diagnóstico sobre a situação atual da escola é sombrio. O problema da escola pode ser sintetizado em três facetas: a escola, na configuração histórica que conhecemos (baseada num saber cumulativo e revelado), é obsoleta, padece de um déficit de sentido para os que nela trabalham (professores e alunos) e é marcada, ainda, por um déficit de legitimidade social, na medida em que faz o contrário do que diz (reproduz e acentua desigualdades, fabrica exclusão relativa). A construção da escola do futuro deverá orientar-se por três finalidades fundamentais: - a de construir uma escola onde se aprenda pelo trabalho e não para o trabalho, contrariando a subordinação funcional da educação escolar à racionalidade econômica vigente. É na medida em que o aluno passa à condição de produtor que nos afastamos de uma concepção molecular e transmissiva da aprendizagem, evoluindo da repetição de informação para a produção de saber; - a de fazer da escola um lugar onde se desenvolva e estimule o gosto pelo ato intelectual de aprender, cuja importância decorrerá do seu valor de uso para "ler" e intervir no mundo e não dos benefícios materiais ou simbólicos que promete no futuro; - a de transformar a escola num lugar em que se ganhe gosto pela política, isto é, onde se viva a democracia, onde se aprenda a ser intolerante com as injustiças e a exercer o direito à palavra, usando-a para pensar o mundo e nele intervir. Finalmente, é imperioso pensar a escola a partir de um projeto de sociedade, com base numa ideia do que queremos que sejam a vida e o devir coletivos. Não será possível uma escola que promova a realização da pessoa humana, livre de tiranias e de exploração, numa sociedade baseada em valores e pressupostos que sejam o seu oposto. (Rui Canário, em "Sinapse", 29.07.2003) 8 Instruções: ● Seu texto tem de ser escrito à tinta, na folha própria. ● Desenvolva seu texto em prosa: não redija narração, nem poema. ● O texto com até 7 (sete) linhas escritas será considerado texto em branco. ● O texto deve ter, no máximo, 30 linhas. ● O Rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado. FOLHA DE RASCUNHO 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 9