SOCIEDADE DE EDUCAÇÃO DO VALE DO IPOJUCA FACULDADE DO VALE DO IPOJUCA - FAVIP DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA DE UMA AREIA SILTOSA ORIGINÁRIA DOS GRANITÓIDES DA PROVÍNCIA DA BORBOREMA, LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE CARUARU/PE. CRISTIANO ROMERO DA SILVA CARUARU, 2011. Diretor Superintendente Luiz de França Leite Diretor Superintendente Vicente Jorge Espíndola Rodrigues Diretora Executiva Mauricélia Bezerra Vidal Diretora Acadêmica Aline Brandão de Siqueira Coordenador do Curso de Engenharia Civil João Manoel de Freitas Mota CRISTIANO ROMERO DA SILVA CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA DE UMA AREIA SILTOSA, ORIGINÁRIA DOS GRANITÓIDES DA PROVÍNCIA DA BORBOREMA, LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE CARUARU/PE. Trabalho submetido ao corpo docente do curso de graduação em engenharia civil da Faculdade do Vale do Ipojuca, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de bacharel em engenharia civil. Orientadora: D.SC. Marilia Mary da Silva. CARUARU, 2011. - Catalogação na fonte Biblioteca da Faculdade do Vale do Ipojuca, Caruaru/PE S586c Silva, Cristiano Romero da. Caracterização geotécnica de uma areia siltosa originária dos granitóides da província da Borborema, localizada no Município de Caruaru-PE / Cristiano Romero da Silva. – Caruaru: FAVIP, 2011. 129 f. : il. Orientador(a) : Marília Mary da Silva. Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia Civil) -Faculdade do Vale do Ipojuca. 1. Mecânica dos solos. 2. Compressibilidade. Resistência. 4. Densidade. 5 Permeabilidade. I. Título. CDU 624[11.2] Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário: Jadinilson Afonso CRB-4/1367 3. CRISTIANO ROMERO DA SILVA CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA DE UMA AREIA SILTOSA, ORIGINÁRIA DOS GRANITÓIDES DA PROVÍNCIA DA BORBOREMA, LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE CARUARU/PE. TRABALHO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL DA FACULDADE DO VALE DO IPOJUCA, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL EM ENGENHARIA CIVIL. . Aprovado em: / / _________________________________ D.Sc. Marilia Mary da Silva (Presidente e orientadora) _________________________________ M.Sc. Aluízio Caldas e Silva (Professor da disciplina de TCC II) _________________________________ M.Sc. Sandro Inácio (Examinador) _________________________________ M.Sc. Shirley Minell (Examinadora) CARUARU, 2011. Se a vida é um dilema, quem melhor que Cristo para resolvê-lo? Se a vida é um quebra-cabeça, somente Cristo pode montá-lo da forma correta. Se a vida é uma oportunidade, quem melhor que Cristo para nos ajudar a vivê-la sabiamente? Se a vida é um caminho para o Céu, somente com Cristo é possível transitála sem nos perder. (Enrique Chaij) Aos meus pais, Maria das Dores R. Silva e José Romero da Silva. Nenhum filho jamais poderia imaginar a imensa alegria e o profundo orgulho que sinto em tê-los por perto. AGRADECIMENTOS A Ti, Senhor, meu Pai celestial – Pode um dedal conter um oceano? Pode uma pessoa sem talento musical tocar Mozart? Pode um rato compreender a majestade das montanhas rochosas? Claro que não. E será que meras palavras seriam capazes de expressar o seu amor? De maneira nenhuma. Mas encontro alegria na simples tentativa de fazê-lo (LUCADO, M.). Muitas pessoas queridas se ligaram a esse projeto, deixando sempre uma contribuição da experiência técnica e pessoal de suas vidas: Engenheira D.Sc. Marilia Mary da Silva, minha orientadora e amiga – Somente o seu talento supera a sua paciência! Muito obrigado por ter estado ao meu lado, me ajudando e orientando, não só nos assuntos relativos a este trabalho, mas em todos os conselhos que me ajudaram a tornar-se um profissional, e assim, superar os impasses encontrados durante todo período do curso. Sem você, jamais conseguiria chegar até aqui. Faltam palavras para descrever o grau de importância que você adquiriu em minha vida. O mais difícil de sair da faculdade, é saber que raramente encontrarei em minha trajetória pessoas com todos os seus atributos. Ao ITEP (Instituto de Tecnologia de Pernambuco), por ter permitido a realização das pesquisas e a utilização dos equipamentos para realização dos ensaios em sua sede no Recife. Aos companheiros e laboratoristas da UEC – (Unidade de Engenharia Civil) - LTA - (Laboratório de Tecnologia Ambiental) do ITEP, Leandro Roberto e Paulo Vinícius, que me ajudaram muito a realizar todos os ensaios que precisei para o desenvolvimento dessa pesquisa. Ao funcionário Verinaldo Francisco, do LTC (Laboratório de Técnicas da Construção) da FAVIP, pela coleta das amostras. Sem sua ajuda, não teria conseguido realizar os ensaios, pois, sem as amostras, seria impossível. E ao amigo Kelvin, também do LTC, por ter me ajudado todas as vezes que precisei. Ao Professor Eng.º Sandro Inácio (FAVIP/CHESF). Pela paciência, coragem, e pela fé que por muitas vezes nos fazia ser fortalecidos nessa trajetória. Ao amigo Engº José Marcelino Bezerra Neto, por ter me ensinado os passos iniciais da engenharia. Aos Professores Eng.º M.Sc. Sidclei T. Magalhães (UNICAP); Eng.º M.Sc. Carlos André (FAVIP); Eng.º M.Sc. Aluízio Caldas, (ITFPE/ FAVIP/CHESF); M.Sc. Bruno Câmelo; Eng.ª M.Sc. Shirley Minnel; Eng.ª M.Sc. Tuane do Egito, Eng.º Mecânico Luiz Gonzaga Cabral. Ao Engenheiro M.Sc. João Manoel de Freitas Mota, atual coordenador do curso de Graduação em Engenharia Civil da FAVIP. Pela ajuda em todos os momentos, pela compreensão, colaboração, pela forma que lutava pelos interesses dos alunos do curso e pela grande disponibilidade em atender a todos. Ao amigo Rafael Torres, pelas digitações e ajuda na realização dos ensaios de compactação no LTC/FAVIP. Ao amigo Edilson Santos, laboratorista do consórcio OAS/MENDES JUNIOR, e ex-laboratorista da FAVIP, pela ajuda na realização dos ensaios da caracterização física. A todos os funcionários da biblioteca FAVIP, em especial a amiga Magda Araújo, Pelas dicas metodológicas para este trabalho, e por tornar, com sua simpatia, as visitas à biblioteca tão agradáveis. A Janne Dayse S. Soares, secretária acadêmica da Faculdade do Vale do Ipojuca, pela colaboração e disponibilidade sempre que precisei. Aos meus pais, pelo apoio, dedicação e compreensão, mesmo nos momentos que as minhas decisões pareciam ser as mais loucas e impensadas. Hoje é possível ver parte do resultado dessas decisões! LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 Figura 2.1. Exemplo de curva de distribuição granulométrica do solo (PINTO, 2002). Figura 2.2. Esquema representativo da sedimentação (PINTO, 2002). Figura 2.3. Curvas granulométricas de alguns solos brasileiros (PINTO, 2002). Figura 2.4. Limites de Atterberg dos solos (VARGAS, 1997). Figura 2.5. Esquema do aparelho de Casagrande para determinação do Limite de Liquidez. Figura 2.6. Curva de proctor (VARGAS, 1997). Figura 2.7. Estrutura dos solos compactados. (a) estrutura floculada e (b) estrutura dispersa (PINTO, 2002). Figura 2.8. Curvas de compactação de diversos solos brasileiros (PINTO, 2002). Figura 2.9. Curva de compactação (umidade x densidade) (ORTIGÃO, 1993). Figura 2.10. Curvas de compactação de um solo com diferentes energias (LAMBE, 1976). Figura 2.11. Estrutura de solos compactados, segundo proposição de Lambe (LAMBE, 1976). Figura 2.12. Exemplo de estrutura de solo residual, mostrando micro e macroporos (PINTO, 2002). Figura 2.13. Curva de resistência, compactação e índice de vazios (PINTO,2002). Figura 2.14. Características de resistência das argilas (SKEMPTON, 1970). Figura 2.15. Resultados típicos de ensaios de compressão triaxial em areias: (a), (b) e (c) areias fofas; (d), (e) e (f) areias compactas (PINTO, 2002). Figura 2.16. Posição relativa das partículas nas areias fofas e compactas (PINTO, 2002). Figura 2.17. Variação do ângulo de atrito interno de uma areia com a tensão confinante (PINTO, 2002). Figura 2.18. Entrosamento de areias: a) predominantemente fina; b) predominantemente grossa (SHEMPTON, 1964). Figura 2.19. Entrosamento de areias: (a) de grãos arredondados; (b) de grãos angulares (PINTO, 2002). Figura 2.20. Ilustração dos deslocamentos submetidos aos solos. Figura 2.21. Torre de Pizza na Itália (VELLOSO, D.A. & LOPES,F.R. 1997). Figura 2.22. Efeitos das variações de volume de um solo expansivo sobre uma estrutura (VELLOSO, D.A. & LOPES,F.R. 1997). Figura 2.23. Condição de carregamento condizente com a deformação unidimensional (ORTIGÃO, 1993). Figura 2.24. Representação esquemática de um edômetro (ORTIGÃO, 1993). Figura 2.25. Curva de estabilização de um estágio de carga de um ensaio edométrico (PINTO, 2002). Figura 2.26. Exemplo de resultado de ensaio edométrico (PINTO, 2002). Figura 2.27. Determinação da tensão de pré-adensamento pelo método de Casagrande (PINTO, 2002). Figura 2.28. Analogia mecânica para o processo de adensamento, segundo Terzagui (TAYLOR, 1948). Figura 2.29. Recalque com o tempo para alguns solos típicos (PINTO, 2002). Figura 2.30. Variação linear do índice de vazios com a pressão efetiva (PINTO, 2002). Figura 2.31. Fluxo através de um elemento de solo submetido a um processo de adensamento (PINTO, 2000). Figura 2.32. Esquema associando vazios e sólidos para solo saturado. Figura 2.33. Determinação de Cv pelo método de Taylor (PINTO, 2000). CAPÍTULO 3 Figura 3.1. Esquema do cilindro de compactação e soquete grande. Figura 3.2. Prensas de adensamento (LGA – ITEP). Figura 3.3. Amostra para adensamento ainda a ser preparada. Figura 3.4. Amostra pronta para ser posicionada na prensa. Figura 3.5. Área onde foram realizadas as coletas das amostras indeformadas. Figura 3.6. Amostra sendo coletada nos receptáculos. Figura 3.7. Amostras sendo colocadas na caixa para transporte. Figura 3.8. Amostras coletadas e prontas para o transporte. Figura 3.9. Peças utilizadas no ensaio de cisalhamento direto, já no laboratório. Figura 3.10. Gráfico utilizado para o cálculo do T100 (amostra adensada na tensão normal de 200 KPa). CAPÍTULO 4 Figura 4.1. Curva granulométrica (amostra do sub-solo da FAVIP). Figura 4.2. Curva granulométrica do solo utilizado para modificação da granulometria do material original. Figura 4.3. Curva de compactação do material natural (energia normal e intermediária). Figura 4.4. Curvas de compactação (Energia normal): Avaliação da influência da granulometria na curva de compactação. Figura 4.5. Curvas de compactação (Energia normal): Avaliação da influência da reutilização do material na curva de compactação. Figura 4.6. Curvas de compactação (Energia Intermediária): Avaliação da influência da reutilização do material na curva de compactação. Figura 4.7. Curvas de compactação (Energia normal): Avaliação da influência da secagem prévia do material na curva de compactação. CAPÍTULO 5 Figura 5.1. Variação do índice de vazios com a tensão vertical de consolidação (corpos de prova na condição inundada e na umidade natural). Figura 5.2. Variação da deformação volumétrica específica com a tensão vertical de consolidação (corpos de prova na condição inundada e na umidade natural). Figura 5.3. Variação do coeficiente de adensamento vertical (Cv) com a tensão vertical de consolidação (amostra na condição inundada). Figura 5.4. Variação da permeabilidade com a tensão vertical de consolidação (amostra na condição inundada). Figura 5.5. Variação da permeabilidade com o índice de vazios. (amostras na condição inundada). Figura 5.6. Variação do coeficiente de compressibilidade com a tensão vertical de consolidação (amostra na condição inundada). Figura 5.7. Variação do índice de vazios com a tensão vertical de consolidação (amostra na condição inundada). Figura 5.8. Variação do índice de vazios com pequenas tensões verticais de consolidação (amostra na condição inundada). Figura 5.9. Curvas t Versus dh (tensão cisalhante vs. deslocamento horizontal) e dv versus. dh (deslocamento vertical vs. Deslocamento horizontal). Figura 5.10. Envoltória de resistência de pico do solo estudado. Figura 5.11. Variação do ângulo de atrito de pico (considerando interceptos de coesão nulos) do solo estudado com a tensão vertical normal. LISTA DE TABELAS CAPÍTULO 2 Tabela 2.1. Índices de Atterberg de alguns solos Brasileiros. CAPÍTULO 4 Tabela 4.1. Resumo dos resultados dos ensaios de caracterização do solo presente no subsolo da FAVIP com as frações dos solos enquadrados segundo a escala da ABNT e do SI. Tabela 4.2. Resumo dos resultados dos ensaios de caracterização do solo utilizado para modificação da granulometria do material original, com as frações dos solos enquadrados segundo a escala da ABNT e do SI. CAPÍTULO 5 Tabela 5.1. Condições iniciais dos corpos-de-prova ensaiados (ensaios edométricos na condição de umidade natural e inundada). Tabela 5.2. Tensão de escoamento e parâmetros de compressibilidade obtidos dos ensaios edométricos duplos. Tabela 5.3. Parâmetros dos índices obtidos a partir dos resultados dos ensaios edométricos duplos (ensaio inundado). Tabela 5.4. Tensões de pré-consolidação e classificação de Reginatto & Ferrero (1973) obtidos do ensaio edométrico duplo. Tabela 5.5. Condições iniciais dos corpos de prova referentes aos ensaios de cisalhamento direto convencional (ensaios na condição inundada). Tabela 5.6. Condições dos corpos de prova na ruptura referentes aos ensaios de cisalhamento direto convencional (ensaios na condição inundada). LISTA DE EQUAÇÕES 1. Peso específico aparente máximo (smáx). 2. Energia de compactação. 3. Determinação da curva de compactação. 4. Determinação da curva de compactação para solo saturado. 5. Resistência de pico. 6. Ensaio de compressão edométrica (obtenção das deformações). 7. Índices Cr, Cr e Cs. 8. Determinação do grau de adensamento. 9. Deformação final devida ao acréscimo de tensão. 10. Variação linear do índice de vazios com a pressão efetiva. 11. Acréscimo de tensão efetiva no final do adensamento. 12. Grau de adensamento. 13. Relação entre a variação do índice de vazios e a variação da tensão efetiva. 14. Variação da tensão efetiva. 15. Dedução da teoria parte da equação do fluxo num solo saturado (equação de Laplace) que indica a variação de volume pelo tempo. 16. Redução da equação 15. 17. Equação da associação de vazios e sólidos para solo saturado. 18. Variação do volume com o tempo. 19. Igualando a equação da variação do volume com o tempo. 20. Dedução da equação 17. 21. Velocidade de adensamento do solo. 22. Equação diferencial do adensamento. 23. Cálculo do cv. 24. Equação empírica proposta por GIBSON & HENKEL (1954) (a partir de HEAD, 1994), 25. Resultados da pesquisa (substituição na equação 24) 26. Equação do critério de Reginatto & Ferrero (1973) para avaliação da colapsibilidade dos solos. RESUMO Todas as obras de Engenharia Civil se assentam sobre o terreno e inevitavelmente requerem que o comportamento do solo seja devidamente considerado. A mecânica dos solos, que estuda o comportamento dos solos quando tensões são aplicadas, como nas fundações, ou aliviadas, no caso de escavações, ou perante o escoamento de água nos seus vazios, constitui-se numa ciência de Engenharia, no qual o engenheiro civil se baseia para desenvolver seus projetos. Este ramo da Engenharia, chamado de Engenharia Geotécnica ou Engenharia de Solos, costuma empolgar os seus praticantes pela diversidade de suas atividades, pelas peculiaridades que o material apresenta em cada local e pela engenhosidade freqüentemente requerida para a solução de problemas reais (PINTO, 2002). O presente Trabalho traz como principal objetivo, o estudo das características geotécnicas (físicas e mecânicas), de uma areia argilosa, originária dos granitóides da Província da Borborema, localizada na cidade de Caruaru-PE, mais precisamente no subsolo da FAVIP. No que se refere à caracterização física serão avaliados a granulometria do material, os limites de Atterberg, densidade real das partículas e o peso específico máximo e a umidade ótima de compactação. Em especial para este último item, o solo será submetido a processos de compactação mecânica, para avaliação da variação do peso específico e da umidade ótima, através de diferentes energias de compactação, diferentes umidades, diferentes granulometrias, processos de secamento prévio e reuso de material. No que se refere à caracterização mecânica serão avaliados os parâmetros de resistência de pico (ângulo de atrito e coesão); bem como os parâmetros de compressibilidade do material (tensão de pré-adensamento utilizando os métodos de Casagrande e Pacheco Silva (vm); razão de sobre adensamento do solo (OCR); índice de compressão (Cc); índice de recompressão (Cr); índice de expansão (Cs); coeficiente de adensamento vertical (Cv) para cada estágio de carregamento em cm 2/s utilizando o método de Taylor; coeficiente de compressibilidade (av) para cada estágio de carregamento). PALAVRAS-CHAVE: Mecânica dos solos, compressibilidade, resistência. ABSTRACT: All Civil Engineering works are based on the land and inevitably require that the soil behavior is properly considered. The soil mechanics, which studies the behavior of soils when voltages are applied, as in foundations, or alleviated, in the case of excavations, or where the flow of water in their empty, it constitutes a science of engineering, in which the engineer civil relies to develop their projects. This branch of Engineering, called the Geotechnical Engineering or Engineering Lands, tends to excite its practitioners by the diversity of its activities, the peculiarities that the material present at each site and often required ingenuity to solve real problems (Pinto, 2002). This work Completion of course has as main objective the study of the geotechnical characteristics (physical and mechanical) of a loamy sand, originating in the Province of Borborema granitoid, located in the Caruaru of city, in Pernambuco, Brazil, more precisely in the basement of Ipojuca Valley College. With regard to the physical characterization will be evaluated particle size material, Atterberg limits, the actual density of particles and the maximum dry unit weight and optimum moisture for compaction. Especially for this last item, the soil will be subjected to mechanical compaction processes, to evaluate the variation of specific gravity and optimum moisture content, using different compaction, different humidity, different grain sizes, the drying process prior and reuse of material. With regard to the mechanical characterization by evaluating the resistance peak (friction angle and cohesion) and the parameters of compressibility of the material (pre-consolidation stress using the methods of Casagrande and Pacheco Silva (vm); ratio on soil compaction (OCR), compression index (Cc), the recompression index (Cr), expansion index (Cs); vertical coefficient of consolidation (Cv) for each loading stage in cm2/s using the method of Taylor, the coefficient of compressibility (av) for each loading stage. KEYWORDS: Soil mechanics, compressibility, strength, density. ÍNDICE CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 1.1. Considerações iniciais 25 1.2. Objetivos do trabalho 28 1.3. Objetivos específicos do trabalho 28 1.4. Metodologia aplicada 29 1.5. Análise e discussão dos resultados 29 1.6. Conteúdo dos capítulos 30 CAPÍTULO 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Introdução 31 2.1.1. Análise granulométrica 31 2.1.2. Índices de consistência (limites de Atterberg) 35 2.1.3. Compactação dos Solos 37 2.1.3.1. Diferença entre compactação e adensamento 40 2.1.3.2. Valores típicos 41 2.1.3.3. Métodos alternativos de compactação 43 2.1.3.3.1. Ensaio sem reuso do material 43 2.2.3.3.2. Ensaio sem secagem previa do material 43 2.1.3.4. Energia de compactação 44 2.1.3.5. Influência da energia de compactação 45 2.1.3.6. Estrutura dos solos compactados 47 2.1.3.7. Curva de resistência 49 2.2. Resistência ao cisalhamento na condição drenada 50 2.3. Resistência das areias 52 2.3.1. Comportamento típico das areias 52 2.3.2. Areias fofas 52 2.3.3. Areias compactas 54 2.3.4.O Entrosamento dos Grãos nas Areias Compactas 54 2.3.5. Variação do ângulo de atrito com a pressão confinante 55 2.3.6. Ângulos de atrito típicos de areias 2.4. Fatores de influência 56 57 2.4.1. Distribuição granulométrica 57 2.4.2. Formato dos grãos 58 2.4.3. Tamanho dos grãos 58 2.4.4. Resistência dos grãos 59 2.5. Compressibilidade e adensamento 59 2.6. Tipos de deslocamentos verticais 60 2.6.1. Recalques 60 2.6.2. Levantamentos 61 2.7. Ensaios para avaliação da deformabilidade dos solos 2.7.1. Ensaio de compressão edométrica 2.8. Teoria do adensamento 62 63 67 2.8.1. O processo do adensamento primário 67 2.8.2. A teoria de adensamento unidimensional de Terzaghi 70 2.8.2.1. Hipóteses da teoria do adensamento 70 2.8.2.2. Grau de adensamento 71 2.8.2.3. Coeficiente de compressibilidade 73 2.8.2.4. Dedução da teoria 73 2.8.2.5. Determinação do fator tempo 76 2.8.2.5.1. Método de Taylor 77 CAPÍTULO 3. DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS DE COLETA DE AMOSTRAS, DOS EQUIPAMENTOS E METODOLOGIAS UTILIZADAS NOS ENSAIOS DE LABORATÓRIO 3.1. Disposições gerais 78 3.2. Procedimentos de coleta de amostras deformadas e indeformadas 78 3.3. Ensaios de caracterização 79 3.3.1. Ensaio de Granulometria (Peneiramento e sedimentação) 79 3.3.2. Limites de Atterberg e Densidade Real dos Grãos 79 3.3.3. Ensaio de compactação 80 3.3.4. Ensaios edométricos convencionais 82 3.3.4.1. Equipamento utilizado 82 3.3.4.2. Descrição das amostras ensaiadas 83 3.3.4.3. Moldagem dos corpos de prova 83 3.3.4.4. Tensões e tempo de duração para cada estágio de tensões 85 3.3.5. Ensaio de cisalhamento direto 85 3.3.5.1. Características do equipamento 86 3.3.5.2. Amostras utilizadas 86 3.3.5.3. Descrição das etapas do ensaio 86 3.3.5.3.1. Moldagem dos corpos de prova utilizados nos ensaios 86 convencionais 3.3.5.3.2. Montagem dos ensaios 89 3.3.5.3.3. Adensamento dos corpos de prova 89 3.3.5.4. Velocidade de cisalhamento e deslocamento permitido 89 CAPÍTULO 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DA CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA (CARACTERIZAÇÃO FÍSICA) 4.1. Considerações gerais 92 4.2. Ensaios de caracterização 92 4.2.1. Introdução 92 4.2.2. Ensaios de granulometria, limites de Atterberg e densidade real 93 dos grãos 4.2.3. Classificação do solo 96 4.2.4. Ensaios de compactação 96 4.2.4.1 Variação do peso específico seco máximo e da umidade 97 ótima, através de diferentes energias de compactação. 4.2.4.2. Variação do peso específico seco máximo e da umidade 98 ótima, em função da modificação na granulometria do material. 4.2.4.3. Avaliação da influência da reutilização do material na curva 100 de compactação (energia normal e intermediária) 4.2.4.4. Influência da secagem do material 102 4.2.4.4.1. Avaliação da influência da secagem prévia do material na 102 curva de compactação (energia normal) CAPÍTULO 5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DA CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA (CARACTERIZAÇÃO FÍSICA) 5.1. Introdução 104 5.2. Ensaio edométrico duplo 104 5.3. Resistência ao cisalhamento 115 5.3.1. Relação tensão-deformação 115 5.3.2. Envoltória de resistência 119 5.3.3. Variação do ângulo de atrito com a tensão vertical 121 CAPÍTULO 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 122 6.1. Comentários finais REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 127 25 CAPÍTULO 1 1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Todas as obras de Engenharia Civil se assentam sobre o terreno e inevitavelmente requerem que o comportamento do solo seja devidamente considerado. A mecânica dos solos, que estuda o comportamento dos solos quando tensões são aplicadas, como nas fundações, aliviadas, no caso de escavações, ou perante o escoamento de água nos seus vazios, constitui-se numa ciência de Engenharia, no qual o engenheiro civil se baseia para desenvolver seus projetos (PINTO, 2002). O solo, sob o ponto de vista da engenharia geotécnica, poderá ser utilizado tanto em suas condições naturais quanto como material de construção. Em sua condição natural, será usado como elemento de suporte de uma estrutura ou como a própria estrutura. Como material de construção poderá ser usado, principalmente, na construção de aterros para as finalidades mais diversas, como sub-bases e bases de pavimentos, bem como para construção de barragens de terra. Não é surpreendente, entretanto, que uma porção considerável dos esforços dos engenheiros geotécnicos sejam dedicados à identificação dos solos e a avaliação de propriedades apropriadas para o uso em uma análise particular. Entender e apreciar as características de qualquer depósito de solo requer uma compreensão de que material é, e como este pode estar, além do estado em que o mesmo se encontra. Trabalhos marcantes sobre o comportamento dos solos já foram desenvolvidos em séculos passados, como os clássicos de Coulomb, 1773, Rankine, 1856 e Darcy, 1856. Entretanto, um acúmulo de insucessos em obras de Engenharia Civil no início do século XX, nos quais se destacam as rupturas do canal do Panamá e rompimentos de grandes taludes em estradas e canais em construção na Europa e nos Estados Unidos, mostrou a necessidade de 26 revisão dos procedimentos de cálculo. Como apontou Terzaghi em 1936, ficou evidente que não se podiam aplicar aos solos leis teóricas de uso corrente em projetos que envolviam materiais mais bem definidos, como o concreto e o aço. Não era suficiente determinar em laboratório parâmetros de resistência e deformação em amostras de solo e aplicá-los a modelos teóricos adequados àqueles materiais. O conhecimento do comportamento deste material, disposto pela natureza em depósitos heterogêneos e apresentando comportamento demasiadamente complicado para tratamentos teóricos rigorosos, deveu-se em grande parte aos trabalhos de Karl Terzaghi, engenheiro civil de larga experiência, sólido preparo científico e acurado espírito de investigação, internacionalmente reconhecido como o fundador da Mecânica dos Solos. Seus trabalhos, identificando o papel das poropressões água no estado das tensões nos solos e a apresentação da solução matemática para a evolução dos recalques das argilas ao longo dos carregamentos aplicados, são reconhecidos como o marco inicial desta nova ciência de engenharia (PINTO, C. S. 2002). Apesar de seu nome, hoje empregado internacionalmente, a Mecânica dos Solos não se restringe ao conhecimento das propriedades dos Solos que a Mecânica pode esclarecer. A Química e a Física coloidal, importantes para justificar aspectos do comportamento dos solos, são parte integrante da Mecânica dos Solos, enquanto que o conhecimento da Geologia é fundamental para o tratamento correto dos problemas de fundações. Os Solos são constituídos por um conjunto de partículas com água e ar nos espaços intermediários. As partículas, de maneira geral, encontram-se livres para deslocar entre si. Em alguns casos, uma pequena cimentação pode ocorrer entre elas, mas em menor grau do que nos cristais de uma rocha ou de um metal, ou nos agregados de um concreto. Qualquer dos materiais tradicionalmente considerados nas estruturas, o solo diverge, no seu comportamento, do modelo de um sólido deformável. A Mecânica dos Solos poderia ser adequadamente incluída na Mecânica dos sistemas particulados (LAMBE & WHIIMAN, 1969). 27 As soluções da Mecânica dos Sólidos deformáveis são freqüentemente empregadas para a representação do comportamento de maciços de solo, graças a sua simplicidade e por obterem comprovação aproximada de seus resultados com o comportamento real dos solos, quando verificada experimentalmente em obras de engenharia. Em diversas situações, entretanto, o comportamento do solo só pode ser entendido pela consideração das forças transmitidas diretamente nos contatos entre as partículas, embora estas forças não sejam utilizadas em cálculos e modelos. Não é raro, por exemplo, que partículas do solo se quebrem quando este é solicitado, alterando-o, com conseqüente influencia no seu desempenho. Sendo assim, e, levando em consideração o exposto nas alíneas anteriores, neste trabalho, será possível vislumbrar a caracterização geotécnica de uma areia siltosa pertencente geologicamente aos granitóides da Província da Borborema, localizada no Município de Caruaru/PE. No trabalho, será estudado o comportamento físico e mecânico do solo através de uma campanha de ensaios de laboratório. Vale ressaltar que o solo em estudo localiza-se no subsolo da FAVIP (Faculdade do Vale do Ipojuca). Uma caracterização Geotécnica consiste em analisar as propriedades físicas e mecânicas de um determinado tipo de solo, utilizando diversos tipos de ensaios de campo e de laboratório. Entre todos os dados necessários para esta caracterização, podemos afirmar que o parâmetro de resistência é de suma importância para determinação da potencialidade do material para utilização em obras de engenharia. Trabalhos marcantes sobre o comportamento dos solos foram desenvolvidos em séculos passados, como os clássicos de Coulomb, 1773, Rankine, 1856 e Darcy, 1856. Entretanto, um acúmulo de insucessos em obras de Engenharia Civil no início do século XX, nos quais se destacam as rupturas do canal do Panamá e rompimentos de grandes taludes em estradas e canais em construção na Europa e nos Estados Unidos, mostrou a necessidade de revisão dos procedimentos de cálculo (PINTO, 2002). 28 Como apontou Terzaghi em 1936, ficou evidente que não se podiam aplicar aos Solos, leis teóricas de uso corrente em projetos que envolviam materiais mais bem definidos, como o concreto e o aço. Sendo assim, sentiu-se a necessidade da determinação dos parâmetros de resistência e deformação em amostras de solo em laboratório para aplicação direta em modelos teóricos adequados àqueles materiais específicos. Hoje, com o avanço da tecnologia, existem diversas formas de avaliar um material em sua condição natural e inundada, como exemplo podemos citar os ensaios de cisalhamento e adensamento, onde moldam-se corpos de prova de solo de determinada dimensão, tomando o cuidado de levá-lo em seu estado natural, sem deformações até um laboratório, o que garantirá um maior grau de confiabilidade nos resultados. 1.2. OBJETIVOS GERAIS DO TRABALHO O objetivo do presente trabalho é caracterizar física e mecanicamente uma areia siltosa, presente no subsolo da FAVIP, onde a mesma executou suas obras de edificação do CAMPUS UNIVERSITÁRIO I, localizado na cidade de Caruaru-PE. Para isto, realizou-se campanha de ensaios de laboratório. 1.3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS DO TRABALHO No que se refere à caracterização física serão avaliados a granulometria do material, os limites de Atterberg, densidade real das partículas e o peso específico máximo e a umidade ótima de compactação. Em especial para este último item, o solo será submetido a processos de compactação mecânica, para avaliação da variação do peso específico seco máximo e da umidade ótima, através de diferentes energias de compactação, diferentes umidades, diferentes granulometrias, processos de secamento prévio e reuso de material. No que se refere à caracterização mecânica serão avaliados os parâmetros de resistência de pico e pós-pico (ângulo de atrito e coesão); bem como os parâmetros de compressibilidade do material (tensão de pré-adensamento 29 utilizando os métodos de Casagrande e Pacheco Silva (vm); razão de sobre adensamento do solo (OCR); índice de compressão (Cc); índice de recompressão (Cr); índice de expansão (Cs); coeficiente de adensamento vertical (Cv) para cada estágio de carregamento em cm 2/s utilizando o método de Taylor; coeficiente de compressibilidade (av) para cada estágio de carregamento). 1.4. METODOLOGIA APLICADA Para se atingir os objetivos prescritos no item 1.3, será necessária uma campanha de ensaios de laboratório incluindo ensaios de caracterização física (ensaios granulométricos, limites de liquidez e plasticidade) e ensaios de compactação com energias normal, intermediária e modificada nos materiais a serem estudados. Para a caracterização mecânica serão realizados ensaios de cisalhamento direto convencionais inundados e ensaios edométricos (umidade natural e inundado). Vale salientar que todos os ensaios referentes a caracterização mecânica serão realizados no ITEP (Instituto de Tecnologia do Estado de Pernambuco), localizado na cidade de Recife/PE. Em paralelo a realização dos ensaios de laboratório será realizada, a revisão bibliográfica do tema, mediante consulta de livros, trabalhos publicados em anais de congresso, artigos publicados em periódicos, etc. 1.5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Análise da variação do peso específico e da umidade ótima, através de diferentes energias de compactação; Análise da variação do peso específico e da umidade ótima com diferentes umidades iniciais de ensaio (com e sem secamento prévio do material); Análise da variação do peso específico e da umidade ótima com adições de materiais (variação da granulometria); 30 Análise da variação do peso específico e da umidade ótima com e sem reutilização de material; Análise dos parâmetros de resistência (ângulo de atrito e coesão); Análise dos parâmetros de compressibilidade; Análise da variação da permeabilidade; Análise da colapsibilidade. 1.6. CONTEÚDO DOS CAPÍTULOS Este trabalho encontra-se subdividido em seis capítulos distribuídos da seguinte forma: No capítulo 1 será possível ter uma visão ampla do trabalho desenvolvido em sua totalidade. O capítulo 2 apresentará a revisão bibliográfica. O capítulo 3 apresentará os procedimentos para coleta de amostras, bem como descrição dos equipamentos e metodologias utilizadas nos ensaios de laboratório. O capítulo 4 colocar-nos-á perante uma discussão sobre os resultados obtidos nos ensaios de caracterização física. O capítulo 5 apresentará os resultados obtidos nos ensaios de caracterização mecânica, onde serão discutidos os parâmetros de resistência ao cisalhamento obtidos, bem como os parâmetros de compressibilidade. O capítulo 6 apresentará um resumo das principais conclusões do estudo realizado. 31 CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. INTRODUÇÃO 2.1.1. Análise granulométrica Como sabemos, em um solo, geralmente existem partículas de diversos tamanhos. Nem sempre é fácil identificar as partículas porque grãos de areia, por exemplo, podem estar envoltos por uma grande quantidade de partículas argilosas, finíssimas, apresentando o mesmo aspecto de uma aglomeração formada exclusivamente por estas partículas argilosas. Quando secas, as duas formações são dificilmente diferenciáveis. Quando úmidas, entretanto, a aglomeração de partículas argilosas se transforma em uma pasta fina, enquanto que a partícula arenosa revestida é facilmente reconhecida pelo tato. Portanto, numa tentativa de identificação tátil-visual dos grãos de um solo, é fundamental que ele se encontre úmido. Figura 2.1 - Exemplo de curva de distribuição granulométrica do solo (PINTO, 2002). 32 Para o reconhecimento do tamanho dos grãos de um solo, realiza-se a análise granulométrica, que consiste, em geral, de dois ensaios: peneiramento e sedimentação. O peso do material que passa em cada peneira, referido ao peso seco da amostra, é considerado como a “porcentagem que passa”, e representado graficamente em função da abertura da peneira, esta em escala logarítmica, como mostrado na Figura 2.1. A abertura nominal da peneira é considerada como o “diâmetro” das partículas. Trata-se, evidentemente, de um “diâmetro equivalente”, pois as partículas não são esféricas. A análise por peneiramento tem como limitação a abertura da malha das peneiras, que não pode ser tão pequena quanto o diâmetro de interesse. A menor peneira costumeiramente empregada é a de nº 200, cuja abertura é de 0,075 mm. Existem peneiras mais finas para estudos especiais, mais são pouco resistentes e por isso não são usadas rotineiramente. Mesmo estas, por sinal, têm aberturas muito maiores do que as dimensões das partículas mais finas do solo. Quando há interesse no conhecimento da distribuição granulométrica da porção mais fina dos solos, emprega-se a técnica da sedimentação, que se baseia na Lei de Stokes: a velocidade de queda de partículas esféricas num fluído atinge um valor limite que depende do peso específico do material da esfera, do peso específico do fluído, da viscosidade do fluído, e do diâmetro da esfera (PINTO, 2002). Colocando-se uma certa quantidade de solo (cerca 60g) em suspensão em água (cerca de um litro), as partículas cairão com velocidades proporcionais ao quadrado de seus diâmetros. A Figura 2.2, na qual, à esquerda do frasco, estão indicados grãos com quatro diâmetros diferentes igualmente representados ao longo da altura, o que corresponde ao início do ensaio. À direita do frasco, está representada a situação depois de decorrido um certo tempo. No instante em que a suspensão é colocada em repouso, a sua densidade é igual ao longo de toda a profundidade. Quando as partículas 33 maiores caem, a densidade na parte superior do frasco diminui. Numa profundidade qualquer, em um certo momento, a relação entre a densidade existente e a densidade inicial indica a porcentagem de grãos com diâmetro inferior ao determinado pela Lei de Stokes. Figura 2.2 – Esquema representativo da sedimentação (PINTO, 2002). A densidade da suspensão é determinada com o uso de um densímetro, que também indica a profundidade correspondente. Diversas leituras do densímetro, em diversos intervalos de tempo, determinarão igual número de pontos na curva granulométrica, como mostra a Figura 2.3, complementando a parte da curva obtida por peneiramento. Novamente, neste caso, o que se determina é um diâmetro equivalente, pois as partículas não são as esferas às quais se refere a Lei de Stokes. Diâmetro equivalente da partícula é o diâmetro da esfera que sedimenta com velocidade igual à da partícula (PINTO, 2002). Deve-se frisar, que uma das operações mais importantes é a separação de todas as partículas, de forma que elas possam sedimentar isoladamente. Na situação natural, é freqüente que as partículas estejam agregadas ou floculadas. Se estas aglomerações não forem destruídas, determinar-se-ão os diâmetros dos flocos e não os das partículas isoladas (VARGAS, 1977). Para esta desagregação, adiciona-se um reagente químico, com ação defloculante, deixa-se a amostra imersa em água por 24 horas e provoca-se uma agitação mecânica padronizada. Mesmo quando se realiza só o ensaio de 34 peneiramento, esta preparação da amostra é necessária (destorroamento), pois, se não for feita, ficarão retidas nas peneiras agregações de partículas muito mais finas. Figura 2.3 - Curvas granulométricas de alguns solos brasileiros (PINTO, 2002). Deve-se notar que as mesmas designações usadas para expressar as frações granulométricas de um solo são empregadas para denominar os próprios solos. Diz-se, por exemplo, que um solo é uma argila quando o seu comportamento é o de um solo argiloso, ainda que contenha partículas com diâmetros correspondentes às frações silte e areia. Da mesma forma, uma areia é um solo cujo comportamento é ditado pelos grãos arenosos que ele possui, embora partículas de outras frações possam estar presentes (PINTO, 2002). 35 2.1.2. Índices de consistência (limites de Atterberg) Considerando o ponto de vista da engenharia, temos que estar conscientes de que a distribuição granulométrica não caracteriza bem o comportamento dos solos. A fração fina dos solos tem uma importância muito grande neste comportamento, quanto menores as partículas, maior a superfície especifica. O comportamento de partículas com superfícies especificas tão distintas perante a água é muito diferenciado. Por outro lado, as partículas de minerais argila diferem acentuadamente pela estrutura mineralógica, bem como pelos cátions adsorvidos. Desta forma, para a mesma porcentagem de fração argila, o solo pode ter comportamento muito diferente, dependendo das características dos minerais presentes (VARGAS, 1997). Com isso, o emprego de ensaios e índices propostos pelo engenheiro químico Atterberg, pesquisador do comportamento dos solos sob o aspecto agronômico, adaptados e padronizados pelo professor de Mecânica dos Solos Arthur Casagrande. Os limites se baseiam na constatação de que um solo argiloso ocorre com aspectos bem distintos conforme o seu teor de umidade. Quando úmido, ele se comporta como um líquido, quando perde parte de sua água ele fica plástico e quando mais seco, torna-se quebradiço (PINTO, 2002). São definidos como: Limite de Liquidez (LL) – NBR 6459 e Limite de Plasticidade (LP) – NBR 7180 dos solos. A diferença entre estes dois limites, que indica a faixa de valores em que o solo se apresenta plástico, é definida como o índice de Plasticidade (IP) do solo. Em condições normais, só são apresentados os valores do LL e do LP como índices de consistência dos solos. O LP só é empregado para a determinação do IP. 36 Figura 2.4 – Limites de Atterberg dos solos (VARGAS, 1997). O Limite de Liquidez é definido como o teor de umidade do solo com o qual uma ranhura nele feita requer 25 golpes para se fechar, numa concha, como ilustrado na figura 2.5. Figura 2.5 - Esquema do aparelho de Casagrande para determinação do Limite de Liquidez 37 Diversas tentativas são realizadas, com o solo em diferentes umidades, anotando-se o número de golpes para fechar a ranhura, obtendo-se o Limite pela interpolação dos resultados. O procedimento de ensaio é padronizado no Brasil pela ABNT (Método NBR 6459). O limite de Plasticidade é definido como o menor teor de umidade com o qual se consegue moldar um cilindro com 3 mm de diâmetro, rolando-se o solo com a palma da mão. O procedimento é padronizado no Brasil pelo Método NBR 7180. Deve ser notado que a passagem de um estado para outro ocorre de forma gradual, com a variação da umidade. A definição dos Limites acima descrita é arbitrária. Isto não diminui seu valor, pois os resultados são índices comparativos. A padronização dos ensaios é que é importante, sendo, de fato, praticamente universal. Na tabela 2.1, são apresentados resultados típicos de alguns solos brasileiros. Tabela 2.1 - Índices de Atterberg de alguns solos Brasileiros (PINTO, 2002). Solos LL (%) LP (%) Residuais de Arenito 29 a 44 11 a 20 Residual de Gnaisse 45 a 55 20 a 25 Residual de Basalto 45 a 70 20 a 30 Residual de Granito 45 a 55 14 a 18 Argilas Orgânicas de Várzeas Quartenárias 70 30 Argilas orgânicas de Baixadas Litorâneas 120 80 Argila Porosa Vermelha de São Paulo 65 a 85 25 a 40 Argilas Variegadas de São Paulo 40 a 80 15 a 45 Areias Argilosas Variegadas de São Paulo 20 a 40 5 a 15 Areias Duras, Cinzas, de São Paulo 64 42 2.1.3. Compactação dos Solos Muitas vezes na prática da engenharia geotécnica, o solo de um determinado local não apresenta as condições requeridas pela obra. Ele pode ser pouco resistente, muito compressível ou apresentar características que deixam a 38 desejar do ponto de vista econômico. Uma das possibilidades é tentar melhorar as propriedades de engenharia do solo local. A compactação é um método de estabilização e melhoria do solo através de processo manual ou mecânico, visando reduzir o volume de vazios do solo. Possui como objetivos: aumentar a resistência ao cisalhamento; reduzir a compressibilidade (recalques); obtenção de maior uniformidade e homogeneidade e por fim, diminuição da permeabilidade. A compactação é empregada em diversas obras de engenharia, como: aterros para diversas utilidades, camadas constitutivas dos pavimentos, construção de barragens de terra, preenchimento com terra do espaço atrás de muros de arrimo e reenchimento das inúmeras valetas que se abrem diariamente nas ruas das cidades. Os tipos de obra e de solo disponíveis vão ditar o processo de compactação a ser empregado, a umidade em que o solo deve se encontrar na ocasião e a densidade a ser atingida. O início da técnica de compactação é creditada ao engenheiro Ralph Proctor, que, em 1933, publicou suas observações sobre a compactação de aterros, mostrando ser a compactação função de quatro variáveis: a) Peso específico seco; b) Umidade; c) Energia de compactação e d) Tipo de solo (PINTO, 2002). Aplicando-se uma certa energia de compactação (um certo número de passadas de um determinado equipamento no campo ou um certo número de golpes de um soquete sobre o solo contido num molde), a massa específica resultante é função da umidade em que o solo estiver. A Figura 2.6, apresenta a curva de saturação em função da umidade e densidade. 39 Figura 2.6 – Curva de proctor (VARGAS, 1977). É importante saber que para um grau de compactação adequado, é necessário conhecer os parâmetros para determinação da curva, onde obteremos em laboratório os seguintes resultados: a) Peso específico aparente máximo (smáx) s 1 h (1) b) Umidade ótima (hot). Não se deve esquecer que alguns fatores têm influência preponderante na determinação dos parâmetros acima, são eles: teor de umidade do solo e energia de compactação. Na compactação, as quantidades de partículas e de água permanecem constantes; o aumento da massa específica corresponde à eliminação de ar dos vazios. Há, portanto, para a energia aplicada, um certo teor de umidade, denominado umidade ótima, que conduz a uma massa específica máxima, ou uma densidade máxima. Quando se compacta com umidade baixa, o atrito as partículas é muito alto e não se consegue uma significativa redução de vazios. Para umidades mais 40 elevadas, a água provoca um certo efeito de lubrificação entre as partículas, que deslizam entre si, acomodando-se num arranjo mais compacto. Analisando a estrutura de um solo compactado, podemos perceber que quando o material encontra-se no ramo seco, ou seja, com a umidade abaixo da ótima, o material possui em sua estrutura um arranjo de partículas de forma aleatória (estrutura floculada), conforma representa a Figura 2.7(a). Para o ramo úmido, com a umidade acima da ótima, os grãos tendem a um arranjo paralelo de suas partículas, apresentando assim uma estrutura dispersa, conforme apresentado na Figura 2.7 (b). (a) (b) Figura 2.7 – Estrutura dos solos compactados. (a) estrutura floculada e (b) estrutura dispersa (PINTO, 2002). No ramo seco, a umidade é baixa, a água contida nos vazios do solo está sob o efeito capilar e exerce uma função aglutinadora entre as partículas. À medida que se adiciona água ao solo ocorre à destruição dos benefícios da capilaridade, tornando-se mais fácil o rearranjo estrutural das partículas. No ramo úmido, a umidade é elevada e a água se encontra livre na estrutura do solo, absorvendo grande parte da energia de compactação. 2.1.3.1. Diferença entre compactação e adensamento Pelo processo de compactação, a diminuição dos vazios do solo se dá por expulsão do ar contido nos seus vazios, de forma diferente do processo de 41 adensamento, onde ocorre a expulsão de água dos interstícios do solo. As cargas aplicadas quando compactamos o solo são geralmente de natureza dinâmica e o efeito conseguido é imediato, enquanto que o processo de adensamento se dá ao longo do tempo (pode levar muitos anos para que ocorra por completo, a depender do tipo de solo) e as cargas são normalmente estáticas. 2.1.3.2. Valores típicos De uma forma geral, os solos argilosos apresentam densidades secas baixas e umidades ótimas elevadas. Valores como umidade ótima de 25 a 30% correspondendo a densidades secas máximas de 1,5 a 1,4 kg/dm³ são comuns em argilas. Solos siltosos apresentam também valores baixos de densidade, frequentemente com curvas de laboratório bem abatidas. Densidades secas máximas elevadas da ordem de 2,0 a 2,1 kg/dm³, e umidades ótimas baixas, da ordem de 9% a 10%, são representativas de areia com pedregulhos, bem graduados e pouco argilosas. Areias finas argilosas lateríticas, ainda que a fração areia seja mal graduada, podem apresentar umidades ótimas de 12 a 14% com dendidades secas máximas de 1,9 kg/dm³ (PINTO, 2002). 42 Figura 2.8 – Curvas de compactação de diversos solos brasileiros (PINTO, 2002). Na Figura 2.8 são apresentados resultados de diversos solos. Estes valores são meramente indicativos da ordem de grandeza, pois há muita diferença de resultados de amostras de mesma procedência. Vale salientar que os solos lateríticos apresentam o ramo ascendente da curva nitidamente mais íngrime do que os solos residuais e os solos transportados não laterizados. Tal peculiaridade tem sido, inclusive, empregada para a identificação dos solos lateríticos (PINTO, 2002). A densidade que é atingida quando um solo é compactado, sob uma dada energia de compactação irá depender da umidade do solo no momento da compactação. E considerando um mesmo solo, conforme seu teor de umidade observa-se uma reação diferenciada para a compactação, sendo assim, o material alcançará valores diversos de densidade. Portanto, para cada solo, sob uma dada energia de compactação, existem então uma hot e uma smáx. 43 Vale salientar que, embora as curvas de compactação difiram para cada tipo de solo, elas se assemelham quanto à forma. 2.1.3.3. Métodos alternativos de compactação A norma Brasileira de ensaio de compactação (NBR 7.182/86) prevê as seguintes alternativas de ensaio: 2.1.3.3.1. Ensaio sem reuso do material É utilizada uma amostra virgem para cada ponto da curva, ou seja, coleta-se uma amostra em maior quantidade de solo. O importante deste tipo de ensaio é que, o resultado apresenta um maior grau de confiabilidade. Em alguns casos, é imprescindível que assim seja feito, por exemplo, quando as partículas são facilmente quebradiças, de tal maneira que a amostra para o segundo ponto já se mostra diferente da original pela quebra de grãos. A execução do ensaio desta maneira é pouco empregada, em virtude da maior quantidade de amostra requerida (PINTO, 2002). 2.2.3.3.2. Ensaio sem secagem previa do material Estudos e experiências de diversos pesquisadores da geotecnia esclarecem que a pré-secagem da amostra influencia nas propriedades do solo, inclusive, dificulta a homogeneização da umidade. Em solos areno-argilosos lateríticos, a pré-secagem provoca umidades ótimas menores com pouca influência na densidade seca; em solos argilosos de decomposição de gnaisse, umidades ótimas menores e densidades secas máximas maiores; em solos siltosos de decomposição de gnaisse, pouca influência na umidade, mas densidade seca máxima maior. Apesar do ensaio sem total secagem prévia ser mais representativo, a prática corrente é fazer a 44 pré-secagem, provavelmente pela facilidade de padronizar os procedimentos nos laboratórios, diminuindo o grau de supervisão. 2.1.3.4. Energia de compactação A densidade seca máxima e a umidade ótima obtida no Ensaio de Compactação, não são índices físicos do solo. Estes valores dependem da energia aplicada na compactação. Chama-se energia de compactação ou esforço de compactação ao trabalho executado, referido a unidade de volume de solo após compactação. A energia de compactação é dada pela seguinte fórmula: EC M.H.Ng.Nc V (2) Sendo: M – massa do soquete; H – altura de queda do soquete; Ng – o número de golpes por camada; Nc – número de camadas; V – volume de solo compactado. No próprio gráfico do ensaio pode-se traçar a curva de saturação que corresponde ao lugar geométrico dos valores de umidade e densidade seca, estando o solo saturado. Da mesma forma, pode-se traçar curvas correspondentes a igual grau de saturação. A curva de compactação é definida pela equação (PINTO, 2002): d S s w S w s w (3) 45 Para solo saturado, S = 1; d sw w sw (4) Onde: d – massa específica (ou peso específico) aparente seca do solo; Gs – densidades dos grãos do solo; w – massa específica da água (ou peso específico); e – índice de vazios; w – teor de umidade Figura 2.9 – Curva de compactação (umidade x densidade) (ORTIGÃO, 1993). 2.1.3.5. Influência da energia de compactação A medida que se aumenta a energia de compactação, há uma redução do teor de umidade ótimo e uma elevação do valor do peso específico seco máximo para um mesmo tipo de solo. 46 O gráfico da figura 2.10 mostra a influência da energia de compactação no teor de umidade ótimo hótimo e no peso específico seco máximo dmáx. Figura 2.10 – Curvas de compactação de um solo com diferentes energias (LAMBE, 1976). Tendo em vista o surgimento de novos equipamentos de campo, de grande porte, com possibilidade de elevar a energia de compactação e capazes de implementar uma maior velocidade na construção de aterros, houve a necessidade de se criar em laboratório ensaios com maiores energias que a do Proctor Normal. São eles: proctor normal, proctor intermediário e proctor modificado, conforme mostrado na Figura 2.10.1 abaixo: 47 Figura 2.10.1 – Energias de compactação aplicadas aos ensaios, segundo a NBR 7182/ 86. 2.1.3.6. Estrutura dos solos compactados O solo compactado fica com uma estrutura que depende da energia aplicada e da umidade do solo por ocasião da compactação. A Figura 2.11 indica, esquematicamente as estruturas em função destes parâmetros. Quando com baixa umidade, a atração face-aresta das partículas não é vencida pela energia aplicada e o solo fica com estrutura denominada “estrutura floculada”. Para maiores umidades, a repulsão entre partículas aumenta, e a compactação as orienta, posicionando-as paralelamente, ficando com estrutura dita “dispersa”. Para a mesma umidade, quanto maior a energia, maior o grau de dispersão. Este modelo, ainda que simplificado, pois a estrutura dos solos compactados é bastante complexa, permite justificar as diferenças de comportamento dos solos compactados. 48 Figura 2.11 – Estrutura de solos compactados, segundo proposição de Lambe (LAMBE, 1976). Deve ser notado, entretanto, que nos aterros reais o solo não é totalmente desestruturado antes de ser compactado. Na realidade, aglomerações naturais permanecem e o solo compactado apresenta uma macroestrutura diferente da micro (PINTO, 2002), conforme apresentado na Figura 2.12. Figura 2.12 – Exemplo de estrutura de solo residual, mostrando micro e macroporos (PINTO, 2002). 49 2.1.3.7. Curva de resistência A compactação do solo deve proporcionar a este, para a energia de compactação adotada, a maior resistência estável possível. O gráfico da Figura 2.13 apresenta a variação da resistência do solo, obtida por meio de um ensaio de penetração realizado com uma agulha Proctor, em função de sua umidade de compactação. Conforme se pode observar, quanto maior a umidade menor a resistência do solo (PINTO, 2002). Os solos não devem ser compactados abaixo da umidade ótima, por que ela corresponde a umidade que fornece maior estabilidade ao solo. Não basta que o solo adquira boas propriedades de resistência e deformação, elas devem permanecer durante todo o tempo de vida útil da obra. Conforme se pode notar do gráfico, caso o solo fosse compactado com umidade inferior a ótima ele iria apresentar resistência superior àquela obtida quando da compactação no teor de umidade ótimo, contudo este solo poderia vir a saturar em campo (em virtude do período de fortes chuvas) vindo alcançar uma umidade correspondente a curva de saturação do solo, para o qual o solo apresenta valor de resistência muito baixo. No caso do solo ser compactado na umidade ótima, o valor de sua resistência cairia um pouco, estando o mesmo ainda a apresentar características de resistência razoáveis. 50 Figura 2.13 – Curva de resistência, compactação e índice de vazios (PINTO, 2002) 2.2. RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO NA CONDIÇÃO DRENADA. Quando um solo é submetido a deformações sob uma dada tensão normal efetiva, percebe-se um aumento na resistência até um determinado limite oferecido pelo solo, sendo esta resistência chamada “resistência de pico”. Na maioria das vezes os ensaios para determinação da resistência ao cisalhamento são conduzidos até logo após a “resistência de pico” ser bem definida. Se, entretanto, o ensaio for continuado, à medida que o deslocamento aumenta, verifica-se que a resistência deste solo irá decrescer até atingir inicialmente uma resistência equivalente ao “estado crítico”; onde não ocorrem mudanças de volume ou teor de umidade com as deformações, para em seguida à grandes deslocamentos ser atingida a “resistência residual”. A Figura 2.21 abaixo ilustra estes três estágios de resistência através de suas respectivas envoltórias. 51 Figura 2.14 - Características de resistência das argilas (SKEMPTON, 1970). A redução na resistência ao se atingir o “estado crítico” em solos préconsolidados, é conseqüência do aumento do teor de umidade com a dilatação do solo ao ser cisalhado. Observa-se que amostras de um mesmo tipo de solo tanto normalmente como pré consolidadas, tendem a atingir a mesma condição de “estado crítico” (SKEMPTON,1970). Para solos que contenham uma alta percentagem de fração argila, o decréscimo de resistência também é devido a uma reorientação das partículas, resultando não obtenção de um mínimo valor de resistência apenas atingido à grandes deslocamentos(resistência residual) conforme mostra a Figura 2.14. Verifica-se também na Figura 2.14, que menores valores são encontrados para o ângulo de atrito referente à resistência residual. Geralmente, o intercepto de coesão para o “estado crítico” e para o estado residual são aproximadamente iguais a zero, apenas a resistência de pico apresenta coesão a depender do tipo de solo em questão. A resistência de pico pode ser expressa através da seguinte equação, onde utiliza-se o critério de Mohr Coulomb. (5) Ao se passar da condição de pico para a residual, o intercepto de coesão tende a desaparecer completamente. Durante o mesmo processo, o ângulo de atrito 52 também decresce, em alguns casos até menos do que 10º, em se tratando de solos argilosos (SKEMPTON, 1964). 2.3. RESISTÊNCIA DAS AREIAS 2.3.1. Comportamento típico das areias Na Engenharia Civil, mais especificamente na geotecnia, e até mesmo na área de fundações, a expressão areia é empregada para designar solos em que a fração areia é superior a 50%, como mostra o sistema de classificação USC. No entanto, as areias com 20, 30 ou 40% de finos, têm um comportamento muito semelhante ao das argilas, do que ao das areias puras (PINTO, 2002). Na Mecânica dos Solos, a expressão areia se refere a materiais granulares com reduzida porcentagem de finos que não interferem significativamente ao comportamento do conjunto. Como as areias são bastante permeáveis nos carregamentos a que elas ficam submetidas em obras de engenharia, há tempo suficiente para que as pressões neutras devidas ao carregamento se dissipem. Por esta razão, a resistência das areias é quase sempre definida em termos de tensões efetivas (PINTO, 2002). 2.3.2. Areias fofas Como este respectivo trabalho trata a respeito de um material arenoso (areia argilosa), podemos tomar o pressuposto de consideração de uma areia fofa, pois, sabemos que ao ser feito um carregamento axial neste tipo de areia, o corpo de prova apresenta uma tensão conhecida como desviadora que cresce lentamente com a deformação, atingindo um valor máximo só para deformações relativamente altas, da ordem de 6 a 8%. Aspectos típicos de curvas tensão-deformação estão apresentados na Figura 2.15 (a), que mostra também que ensaios realizados com tensões confinantes diferentes 53 apresentam curvas com aproximadamente o mesmo aspecto, podendo-se admitir, numa primeira aproximação, que as tensões sejam proporcionais à tensão confinante do ensaio. Figura 2.15 – Resultados típicos de ensaios de compressão triaxial em areias: (a), (b) e (c) areias fofas; (d), (e) e (f) areias compactas (PINTO,2002). Ao se traçar os círculos de Mohr correspondentes às máximas tensões desviatórias ( que correspondem à ruptura), obtêm-se círculos cuja envoltória é uma reta passando pela origem, pois as tensões de ruptura foram admitidas proporcionais as tensões confinantes. A resistência da areia fica definida pelo ângulo de atrito interno efetivo, como se mostra na figura 2.15 (c). 54 A areia é, então, definida como um material não coesivo, como, aliás, constatase pela impossibilidade de se moldar um corpo de prova de areia seca ou saturada. A moldagem eventual de um corpo de prova de areia úmida é devida à tensão capilar provocada pelas interfaces água-ar. Esta tensão capilar é uma tensão neutra negativa. Sendo nula a tensão total aplicada (caso do corpo de prova não confinado), a tensão efetiva é positiva e numericamente igual à tensão capilar; daí a sua resistência e o nome de coesão aparente. Uma escultura de areia na praia se mantém enquanto a areia estiver úmida, se seca ou saturada, ela desmorona por não suportar o próprio peso (PINTO, 2002). 2.3.3. Areias compactas Um dos importantes itens que devem ser observados no que diz respeito as areias compactas, está relacionado ao volume, pois, se observarmos a figura anterior, observaremos que os corpos de prova, apresentam, inicialmente, uma redução de volume, mas, ainda antes de ser atingida a resistência máxima, o volume do corpo de prova começa a crescer, sendo que, na ruptura, o corpo de prova apresenta maior volume do que no início do carregamento. Tal comportamento, se analisado do ponto de vista da Teoria da Elasticidade, corresponderia a um coeficiente de Poisson maior do que 0,5. Se nos aprofundarmos no assunto e analisarmos a teoria da elasticidade, verificaremos que a mesma não aceita tal comportamento e, portanto, ela não pode ser utilizada para os solos nestas condições. Deve ser notado, entretanto, que durante o início do carregamento axial, as deformações específicas são pequenas, os acréscimos de tensões axiais já são consideráveis e o corpo de prova ainda não se dilatou (o coeficiente de Poisson é menor do que 0,5). 2.3.4. O Entrosamento dos Grãos nas Areias Compactas Em virtude do exposto nos tópicos anteriores, não é difícil compreender que a resistência de pico das areias compactas é justificada pelo entrosamento entre as partículas, como apresentado na Figura 2.16, embora esta representação 55 não seja tão perfeita, pois procura representar no plano uma posição relativa de partículas que ocorre no espaço. Figura 2.16 – Posição relativa das partículas nas areias fofas e compactas (PINTO, 2002). Nas areias fofas, o processo de cisalhamento provoca uma reacomodação das partículas, que se dá com uma redução do volume. Nas areias compactas, as tensões de cisalhamento devem ser suficientes para vencer os obstáculos representados pelos outros grãos na sua trajetória. Vencido este obstáculo, que exige um aumento de volume, a resistência cai ao valor da areia no estado fofo (PINTO, 2002). 2.3.5. Variação do ângulo de atrito com a pressão confinante Quando comentamos neste trabalho sobre a resistência das areias sobre pressões confinantes diferentes, estávamos afirmando que a máxima tensão desviadora é proporcional a tensão confinante do ensaio. Neste caso, podemos também afirmar que a envoltória aos círculos representativos do estado de tensões na ruptura é uma reta passando pela origem. 56 No entanto, esta afirmativa, é na verdade, uma aproximação empregada na prática, e devida, em parte, à própria dispersão dos ensaios realizados sobre corpos de prova diferentes para cada pressão confinante. Ensaios realizados com bastante precisão revelam que os diversos círculos de Mohr na ruptura, conduzem a envoltórias de resistência curvas, como apresentado na Figura 2.17. Figura 2.17 – Variação do ângulo de atrito interno de uma areia com a tensão confinante (PINTO, 2002). 2.3.6. Ângulos de atrito típicos de areias Para a mesma tensão confinante, o ângulo de atrito depende da compacidade da areia, pois é ela que governa o entrosamento entre as partículas. Como as areias têm intervalos de índices de vazios bem distintos, os ângulos de atrito são geralmente referidos à compacidade relativa das areias. Resultados experimentais mostram que o ângulo de atrito de uma areia, no seu estado mais compacto, é da ordem de 7 a 10 graus maior do que o seu ângulo de atrito no seu estado mais fofo (PINTO, 2002). Apresenta-se a seguir, como as características que diferenciam as diversas areias influenciam na sua resistência ao cisalhamento. 57 2.4. FATORES DE INFLUÊNCIA 2.4.1. Distribuição granulométrica Quanto mais bem distribuída granulometricamente é uma areia, melhor o entrosamento entre as partículas, e assim, conseqüentemente, maior o ângulo de atrito (PINTO, 2002). No que se refere ao entrosamento, é interessante notar que o papel dos grãos grossos é diferente dos desempenhados pelos finos. Se considerarmos um maior percentual de grãos finos, perceberemos que o comportamento desta areia será determinada principalmente pelas partículas finas, simplesmente pelo fato das partículas grossas ficarem envolvidas pela massa de partículas finas, assim, pouco colaborando no entrosamento. Por outro lado, se considerarmos um maior percentual de grãos grossos e um menor de grãos finos, os grãos finos tendem a ocupar os vazios entre os grossos, aumentando o entrosamento e, consequentemente, o ângulo de atrito. Figura 2.18 – Entrosamento de areias: a) predominantemente fina; b) predominantemente grossa (SHEMPTON, 1964). Note-se coerentemente, que o coeficiente de não uniformidade das areias é definido pela relação entre os diâmetros correspondentes a 60% e 10% na curva granulométrica, e não a duas porcentagens igualmente distantes dos extremos, pois uma pequena porcentagem de finos interfere mais na “não uniformidade” do que uma pequena porcentagem de grossos. 58 2.4.2. Formato dos grãos Areias constituídas de partículas esféricas e arredondadas têm ângulos de atrito sensivelmente menores do que as areias constituídas de grãos angulares, conforme apresentado na Figura 2.19. Tal fato é devido ao maior entrosamento entre as partículas quando elas são irregulares, como apresentado na figura abaixo (PINTO, 2002); Figura 2.19 – Entrosamento de areias: (a) de grãos arredondados; (b) de grãos angulares (PINTO, 2002). 2.4.3. Tamanho dos grãos Na verdade, o tamanho das partículas, quando as outras características são constantes, pouco influencia na resistência das areias. A impressão generalizada de que as areias grossas devam ter maiores ângulos de atrito do que as areias finas deve-se a dois fatores. Primeiro, as chamadas de areias grossas são aquelas que predominam grãos grossos; nelas, a pequena quantidade de finos aumenta o entrosamento. Já no caso das areias finas, a pequena quantidade de grossos não aumenta o entrosamento. Sendo assim, pode-se afirmar que as areias predominantemente grossas tendem a ser bem graduadas, enquanto que as areias predominantemente finas tendem a ser mal graduadas. O segundo fator se refere à compacidade: na natureza, em virtude da massa das partículas e das forças superficiais, as areias grossas tendem a se apresentar muito mais compactas do que as areias finas. 59 2.4.4. Resistência dos grãos A resistência das partículas que constituem a areia interfere na resistência pois, embora o processo de cisalhamento da areia seja um processo predominantemente de escorregamento e rolagem dos grãos entre si, se os grãos não resistirem as forças a que estão submetidos e se quebrarem, isto se refletirá no comportamento global da areia. Não é fácil quantificar a influência da resistência dos grãos. Ela é função da composição mineralógica da partícula (grãos de quartzo são mais resistentes do que grãos de feldspato), do formato da partícula (é muito mais fácil um grão angular se quebrar do que um grão arredondado), da pressão confinante do ensaio (quanto maior a pressão, maiores são as forças transmitidas pelos grãos) e do tamanho das partículas (quanto maiores os grãos maior a força transmitida de um a outro, para a mesma pressão confinante). A quebra de partículas no processo de cisalhamento é a maior responsável pelas envoltórias de resistência curva das areias (variação do ângulo de atrito com a pressão confinante) e pela variação do índice de vazios crítico com a pressão confinante (PINTO, 2002). 2.5. COMPRESSIBILIDADE E ADENSAMENTO Um solo ao ser submetido a um carregamento sofrerá deformações. Dependendo das dimensões e rigidez da fundação e das condições do subsolo (espessura, heterogeneidade, etc), estas deformações se traduzirão em deslocamentos verticais e horizontais, que, por sua vez poderão causar danos, que podem variar de pequenas trincas e inclinações, ou até mesmo comprometer a estabilidade estrutural de uma obra. A Figura 2.20 ilustra os deslocamentos que o solo estará sujeito por conseqüência de uma área carregada do terreno. 60 Figura 2.20 – Ilustração dos deslocamentos submetidos aos solos (MARILIA, 2008). Em se tratando de uma fundação, os deslocamentos verticais são preponderantes perante os horizontais. Sendo assim, o enfoque principal deste tópico será o estudo da compressibilidade dos solos com vista à previsão dos deslocamentos verticais de uma área carregada. 2.6. TIPOS DE DESLOCAMENTOS VERTICAIS 2.6.1. Recalques Os recalques podem ser definidos como movimentos verticais de uma estrutura, provocados pelo próprio peso ou pela deformação do subsolo por outro agente (GUIDICINI, 1983). Em um terreno “homogêneo” submetido a um carregamento por meio de uma estrutura rígida, os recalques tendem a ser uniformes, e o efeito danoso sobre a estrutura tende a ser minimizado. Entretanto, quando estes recalques ocorrem de forma desuniforme, quer seja devidas às condições do terreno, que seja devida às condições do carregamento, seus efeitos podem ser extremamente danoso à estrutura, podendo variar de simples inclinações, no caso de estruturas rígidas, ou trincas nas alvenarias que podem se propagar e comprometer a estabilidade da estrutura como todo. O termo “recalque diferencial” é, normalmente, referido à 61 diferença entre os recalques absolutos ou totais entre dois elementos da fundação de uma estrutura. A Torre de Pizza na Itália é um exemplo dos efeitos dos recalques diferenciais sobre uma estrutura (Figura 2.21). A torre foi construída sobre um terreno compressível, com deformabilidade variável, resultando em maior compressão do solo em uma das bordas da fundação da torre, e a subsequente inclinação. Figura 2.21 – Torre de Pizza na Itália (VELLOSO & LOPES, 1997). 2.6.2. Levantamentos Os levantamentos são deslocamentos verticais ascendentes que a fundação de uma estrutura estará sujeita. Seus efeitos em termos de danos são equivalentes aos recalques. A causa dos levantamentos, entretanto, está, normalmente, associada às peculiaridades de algumas argilas no estado não saturado que apresentam consideráveis aumento de volume quando absorve água. Solos argilosos que apresentam este comportamento são, normalmente, 62 referidos de “Solos Expansivos”. Os solos expansivos tanto podem expandir quando absorve água, como podem contrair quando perde água (umidade) por um processo de secagem. Dessa forma, estes tipos de solo estão sujeitos tanto a levantamentos quanto a recalques. A Figura 2.22 mostra os efeitos das variações de volume de um solo expansivo sobre uma estrutura, caracterizados por trincas causadas por distorções na estrutura, por conseqüência de movimentos (recalques ou levantamentos) diferenciais. Figura 2.22 - efeitos das variações de volume de um solo expansivo sobre uma estrutura (VELLOSO & LOPES, 1997). 2.7. ENSAIOS PARA AVALIAÇÃO DA DEFORMABILIDADE DOS SOLOS. Para a estimativa dos recalques e levantamentos, é necessário que se conheçam parâmetros do solo relacionados com a sua deformabilidade. Estes parâmetros são obtidos, normalmente, por ensaios de laboratórios, embora 63 seja crescente o emprego de ensaios de campo para a mesma finalidade. A escolha do ensaio dependerá das condições do subsolo, das dimensões da fundação em relação à espessura da camada solicitada e do tipo de deslocamento considerado. 2.7.1. Ensaio de compressão edométrica O ensaio de compressão edométrica, ou simplesmente ensaio edométrico, é empregado em situações onde a extensão da área carregada é consideravelmente superior a espessura da camada solicitada, onde as deformações horizontais podem ser consideradas nulas, tal como exemplificada na Figura 2.23. Figura 2.23 - Condição de carregamento condizente com a deformação unidimensional (ORTIGÃO, 1993). A Figura 2.23 apresenta, esquematicamente, uma célula edométrica (ou edômetro). Basicamente, um corpo-de-prova cilíndrico é confinado por um anel de aço e, no topo e na base, são colocadas pedras porosas para permitir a drenagem ou o acesso de água, em caso de solos não saturados. A carga vertical é transmitida à amostra através de uma placa de distribuição rígida, que serve para uniformizar as tensões, e uma bacia de saturação permite manter a amostra sob água, evitando a perda de umidade durante o ensaio de solos saturados. Incrementos de cargas são aplicados e medidas as deformações verticais resultantes, até a estabilização. Esta estabilização é, normalmente, acompanhada por meio de uma curva tempo vs deformação ou 64 variação da altura do corpo-de-prova (para cada incremento de carga), tal como a ilustrada na Figura 2.24 (ORTIGÃO, 1993). O resultado do ensaio é expresso por uma curva tensão vs deformação ou índice de vazios, que pode ser em escala linear para ambos os eixos, conforme a Figura 2.26(a) ou, como normalmente é, em escala logarítmica no eixo das abscissas (tensões), conforme a Figura 2.26 (b). As deformações podem ser obtidas pela expressão abaixo: (6) Onde: Δe é a variação do índice de vazios entre dois intervalos de tensão subseqüentes. eo é o índice de vazios inicial da amostra. ΔH é a variação de altura do corpo-de-prova, Ho é a altura inicial do corpo-de-prova. Figura 2.24 - Representação esquemática de um edômetro (ORTIGÃO, 1993). 65 Figura 2.25 - Curva de estabilização de um estágio de carga de um ensaio edométrico (PINTO, 2002). Figura 2.26 - Exemplo de resultado de ensaio edométrico (PINTO, 2002). A representação gráfica da Figura 2.26b, com a abscissa em escala logarítmica, proposta por Terzaghi, mostra um trecho inicial onde as deformações (ou índice de vazios) pouco variam com a tensão. Este trecho o solo apresenta um comportamento, aproximadamente, elástico, podendo ser ajustado a uma reta. A inclinação desta reta fornece um parâmetro denominado 66 de “índice de recompressão (Cr)”. A partir de uma determinada tensão, observa-se uma intensificação das deformações, definindo um trecho aproximadamente linear. Neste trecho, normalmente referido de trecho virgem, as deformações não são recuperáveis. A inclinação do trecho virgem fornece um parâmetro de deformabilidade do solo denominado “índice de compressão (Cc)”. Caso seja feito um descarregamento do solo, teremos um trecho cuja inclinação fornecerá outro parâmetro de deformabilidade, denominado “índice de expansão” (Cs), cujo valor é aproximadamente igual a (Cr). A tensão que limita o trecho de recompressão e o trecho virgem é referida como “tensão de pré-adensamento (σ’vm)”. Sua determinação é, normalmente, feita pelos métodos gráficos de Casagrande ou de Pacheco Silva, este último de grande emprego no Brasil. O método gráfico de Casagrande encontra-se representado na Figura 2.27. Para determinação de σ’vm por este método, é definido, inicialmente, um ponto de menor raio de curvatura, a partir do qual são traçadas duas retas: uma tangente à curva e a outra paralela ao eixo das tensões. Após determinar a bissetriz do ângulo formado por essas duas retas, prolonga-se a reta virgem até encontrar a bissetriz. O ponto de encontro será a tensão de préadensamento. Para determinação de σ’vm pelo método de Pacheco Silva, traça-se uma reta horizontal passando pela ordenada correspondente ao índice de vazios inicial e o do corpo-de-prova, e prolonga-se a reta virgem até interceptar a reta horizontal. A partir dessa intercessão, traça-se uma reta vertical até interceptar a curva de compressão e, daí, outra reta horizontal até interceptar a reta virgem. A abscissa do ponto de intercessão corresponderá à tensão de préadensamento. 67 Figura 2.27 - Determinação da tensão de pré-adensamento pelo método de Casagrande (PINTO, 2002). Os índices Cr, Cr e Cs podem ser generalizados na expressão abaixo, bastando considerar a variação do índice de vazios e da tensão correspondentes. (7) 2.8. TEORIA DO ADENSAMENTO 2.8.1. O processo do adensamento primário Podemos definir adensamento como sendo o fenômeno pelo qual os recalques ocorrem com expulsão da água do interior dos vazios do solo. Neste tópico, veremos como ocorre a respectiva expulsão no decorrer do tempo após o carregamento, e como variam as tensões no solo durante o processo. 68 Como não poderia deixar de existir neste trabalho, será mostrada a analogia mecânica de Terzaghi, explicando o adensamento das argilas saturadas conforme apresentada por Taylor, considera-se então que a estrutura sólida do solo seja semelhante a uma mola, cuja deformação é proporcional à carga sobre ela aplicada, como apresentado na Figura 2.28: Figura 2.28 – Analogia mecânica para o processo de adensamento, segundo Terzagui (TAYLOR, 1948). O solo saturado seria representado por uma mola dentro de um pistão cheio de água, no êmbolo do qual existe o orifício de reduzida dimensão pelo qual a água só passa lentamente (PINTO, 2002). A pequena dimensão do orifício representa a baixa permeabilidade do solo. Ao se aplicar uma carga sobre o pistão, no instante imediatamente seguinte, a mola não se deforma, pois ainda não terá ocorrido qualquer saída de água, e a água é muito menos compressível do que a mola. Neste caso, toda carga aplicada estará suportada pela água. Estando a água em carga, ela procura sair do pistão, já que o exterior está sob a pressão atmosférica. Num instante qualquer, a quantidade de água expulsa terá provocado uma deformação da 69 mola que corresponde a uma certa carga (por exemplo de 5N). Neste instante, a carga total (de 15 N, no exemplo) estará sendo parcialmente suportada pela água (10 N) e parcialmente pela mola (5 N), como mostrado na Figura 2.28. A água, ainda em carga, continuará a sair do pistão; simultaneamente, a mola estará se comprimindo e, portanto, suportando cargas cada vez maiores. O processo continua até que toda a carga esteja suportada pela mola. Não havendo mais sobrecarga na água, cessa sua saída pelo êmbolo. No solo, no anel de adensamento ou no campo, sucede algo semelhante. Quando um acréscimo de pressão é aplicado, a água nos vazios suporta toda esta pressão (PINTO, 2002). As argilas são solos que apresentam baixa permeabilidade, a ponto de manter um aqüífero suspenso. Sendo assim, quando saturadas, ao se aplicar um carregamento, a redução dos seus vazios levará certo tempo, uma vez que esta redução será proporcional à expulsão da água dos vazios, tal como na mola da Figura 2.29. Na medida em que a água sob pressão é expulsa, as pressões neutras geradas pelo carregamento vão sendo dissipadas, transmitindo a carga para as partículas do solo. Este fenômeno de deformação do solo pela expulsão da água é referido por “Adensamento Primário”, sendo típico de solos argilosos saturados (MARILIA, 2009). 70 Figura 2.29 – Recalque com o tempo para alguns solos típicos (PINTO, 2002). No início do adensamento (tempo to), todo acréscimo de tensão total será devido ao acréscimo na pressão neutra ( = u). No final do adensamento este acréscimo de tensão será transmitido à parcela granular e corresponderá ao acréscimo de tensão efetiva ( = ’). 2.8.2. A teoria de adensamento unidimensional de Terzaghi 2.8.2.1. Hipóteses da teoria do adensamento O desenvolvimento da teoria do adensamento se baseia nas seguintes hipóteses: 1. O solo é totalmente saturado; 2. A compressão é unidimensional; 3. O fluxo d’água é unidimensional; 4. O solo é homogêneo; 71 5. As partículas sólidas e a água são praticamente incompressíveis perante a compressibilidade do solo; 6. O solo pode ser estudado como elementos infinitesimais, apesar de ser constituído de partículas e vazios; 7. O fluxo é governado pela lei de Darcy; 8. As propriedades do solo não variam no processo de adensamento; 9. O índice de vazios varia linearmente com o aumento da tensão efetiva durante o processo de adensamento. Os itens de 1 a 3, refere-se ao caso de compressão edométrica, com fluxo unidimensional, e a solos saturados. O 4 ao 7, são perfeitamente aceitáveis, diferente dos itens 8 e 9 que merecem uma análise mais detalhada. No caso do item 8, a medida que o solo adensa, muitas de suas propriedades variam, a exemplo disso podemos tomar a permeabilidade que diminui em concomitância a diminuição do índice de vazios. A pesar dessas variações, seus efeitos se compensam. No item 9 ocorre uma variação linear, para tensões acima das tensões de préadensamento, mas com o logarítmo da tensão efetiva. 2.8.2.2. Grau de adensamento Define-se como grau de adensamento a relação entre a deformação ocorrida num elemento numa determinada posição, caracterizada pela sua profundidade Z, num determinado tempo ( Ɛ ) e a deformação deste elemento quando todo o processo de adensamento tiver ocorrido ( Ɛf ): Uz = Ɛ/ Ɛf (8) A deformação final devida ao acréscimo de tensão é dada pela expressão: Ɛ = e1 – e2 1 + e1 (9) 72 Sendo assim, pode-se dizer que o grau de adensamento, é a relação entre a variação do índice de vazios até o instante t e a variação total do índice de vazios devida ao carregamento. Considere-se, agora, a hipótese de variação linear entre as tensões efetivas e os índices de vazios, representada na Figura 2.30. Progressivamente, a pressão neutra vai se dissipando, até que todo acréscimo de pressão aplicado seja suportado pela estrutura sólida do solo, e assim, o índice de vazios se reduz a e2 (PINTO, 2002). Figura 2.30 – Variação linear do índice de vazios com a pressão efetiva (PINTO, 2002). Uz e1 e AB BC ' '1 e1 e2 AD DE ' 2 '1 (10) Donde pode-se dizer que o grau de adensamento é equivalente ao grau de acréscimo da tensão efetiva. No instante do carregamento o acréscimo de tensão total será igual ao acréscimo de pressão neutra, que corresponderá ao acréscimo de tensão efetiva no final do adensamento, conforme a expressão: 73 u1==’2 - ’1 (11) Resumindo, o grau de adensamento poderá ser obtido por qualquer uma das expressões abaixo: Uz ε e e 1 u1 u 1 ε t e1 e2 2 1 u1 (12) 2.8.2.3. Coeficiente de compressibilidade Defini-se como “Grau de Adensamento” a relação entre a variação do índice de vazios e a variação da tensão efetiva, num determinado intervalo de tensão. av e1 e2 e e de 2 1 ' 2 '1 ' 2 '1 d ' (13) Como a cada variação da tensão efetiva corresponde uma variação de pressão neutra, de igual valor mas de sentido contrário, pode-se dizer que: av de du (14) 2.8.2.4. Dedução da Teoria O objetivo da teoria é determinar, para qualquer instante e em qualquer posição da camada que está adensando, o grau de adensamento, ou seja, as deformações, os índices de vazios, as tensões efetivas e as pressões neutras correspondentes. Para dedução da teoria, considere-se o elemento de solo correspondente a uma parcela de um corpo-de-prova submetido ao processo de adensamento em um edômetro, conforme a Figura 2.31. 74 Figura 2.31- Fluxo através de um elemento de solo submetido a um processo de adensamento (PINTO, 2000). A dedução da teoria parte da equação do fluxo num solo saturado (equação de Laplace) que indica a variação de volume pelo tempo, reproduzida na expressão abaixo. V 2 h 2h 2h k x 2 k y 2 k z 2 dxdydz 0 t x y z (15) Na dedução da Equação 15, foi estudada a condição tridimensional, sem a ocorrência de variação de volume. Por esta razão, a expressão era igualada a zero. No processo do adensamento, o fluxo só ocorre na direção vertical, razão pela qual os dois primeiros termos da Equação 15 se tornam nulos. Por outro lado, a variação de volume não é nula. A quantidade de água que sai do elemento é menor do que a que entra. Portanto, a Equação 15 se reduz a: V 2h k 2 dxdydz t z (16) Como a variação de volume, no processo do adensamento, corresponde à variação do índice de vazios, pelo esquema da Figura 2.31 tem-se: 75 Figura 2.32.- Esquema associando vazios e sólidos para solo saturado. Da Figura 2.32 tem-se para o volume total: Volume Total 1 e dxdydz 1 e (17) A variação de volume com o tempo é dada pela expressão: V e dxdydz . t t 1 e (18) dxdydz é o volume de sólidos, e portanto invariável com o tempo. 1 e Igualando a Equação tem-se: k 2 h e 1 . z 2 t 1 e (19) Só a carga em excesso à hidrostática provoca fluxo. Portanto, a carga h na Equação 17 pode ser substituída pela pressão da água, u, dividida pelo correspondente peso específico, w. Por outro lado, da Equação17 tem-se que de=av.du. Introduzindo estes dois termos na Equação 19 tem-se: k (1 e) 2 u u . av . w z 2 t (20) 76 O coeficiente do primeiro termo reflete características do solo, sendo denominado de “coeficiente de adensamento” (cv). Este coeficiente expressa de forma indireta a velocidade de adensamento do solo. cv k (1 e) av . w (21) A Equação 19, conhecida como equação diferencial do adensamento, assume a expressão: cv 2 u u z 2 t (22) 2.8.2.5. Determinação do fator tempo O fator tempo é obtido a partir da Equação 23. Entretanto, sua determinação requer o conhecimento do parâmetro cv (coeficiente de adensamento). Este coeficiente pode ser determinado a partir da interpretação dos resultados de ensaios edométricos. Em cada estágio de carregamento do ensaio, obtém-se a evolução dos recalques em função do tempo. Esta evolução segue a própria teoria do adensamento e, portanto, a curva obtida é semelhante a todas as curvas de recalque. O ajuste desta curva à curva teórica permite determinar o coeficiente de adensamento, aplicando o tempo real em que ocorreu um certo recalque e o fator tempo correspondente à respectiva porcentagem de recalques na Equação 23. Partindo deste princípio, dois métodos são normalmente empregados. O primeiro é o método de Casagrande que utiliza a curva temporecalque, com o tempo em escala logarítmica. O segundo método é o de Taylor que se utiliza da curva raiz do tempo-recalque. Uma vez que a curva tempo-recalque obtida nos ensaios inclui parcelas de recalques além da correspondente ao adensamento, a curva experimental 77 apresenta divergência das teóricas, especialmente no trecho inicial, alguns ajustes são necessários. 2.8.2.5.1. Método de Taylor Figura 2.33. Determinação de cv pelo método de Taylor (PINTO, 2000) Do início do adensamento traça-se uma reta com abscissas iguais a 1,15 vezes às correspondentes da reta inicial. A interseção da reta assim traçada com a curva do ensaio indica o ponto que teriam ocorrido 90% do adensamento. Definindo o ponto correspondente a 90% de recalque, o tempo em que isto ocorrerá, t90, calcula-se o cv pela expressão: cv 0,848.H d2 t 90 (23) 78 CAPÍTULO 3 DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE AMOSTRAS E DOS EQUIPAMENTOS E METODOLOGIAS UTILIZADAS NOS ENSAIOS DE LABORATÓRIO 3.1. DISPOSIÇÕES GERAIS Neste capítulo, serão apresentadas as descrições dos equipamentos e as metodologias adotadas nos ensaios realizados em laboratório. Os ensaios de laboratório realizados são referentes a ensaios de caracterização física (granulometria, Limites de Atterberg e densidade real dos grãos). Serão apresentados também a metodologia empregada para os ensaios de compactação. Os ensaios de compactação tiveram como objetivo específico a avaliação e análise da variação do peso específico máximo e a umidade ótima dos solos, mediante a influência dos seguintes fatores: Energias de compactação, Umidades gravimétricas, Granulometrias, Processos de secamento prévio e Reuso de material. São apresentados também a metodologia para realização dos ensaios de cisalhamento direto convencionais, onde foram utilizadas amostras indeformadas na condição inundada. Para os ensaios edométricos foram utilizadas amostras na condição de umidade natural e inundada. 3.2. PROCEDIMENTOS DE COLETA DE AMOSTRAS DEFORMADAS E INDEFORMADAS. O procedimento adotado para coleta das amostras indeformadas foi o seguinte: escavação manual até a cota desejada. Os receptáculos depois de moldados, foram envolvidos em papel filtro de PVC e em seguida com papel alumínio. Após esses procedimentos, as amostras foram colocadas cuidadosamente em uma caixa de isopor e transportadas com todo cuidado para cidade de Recife 79 para o laboratório de geotecnia ambiental (LGA), localizado no Instituto de Tecnologia do Estado de Pernambuco (ITEP). Algumas dificuldades foram encontradas na moldagem do material nos receptáculos, algumas vezes o mesmo se fragmentava, tendo em vista ser um material bastante arenoso, fazendo com que fosse realizada uma nova escavação para retirada de uma nova amostra, sendo esta de melhor qualidade. Também foram coletadas amostras em saco (deformadas) variando de 10 kg a 40 Kg. Essas amostras foram colocadas em sacos de boa resistência, etiquetados e transportados para o Laboratório da FAVIP, onde foram realizados os ensaios de caracterização física. 3.3. ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO 3.3.1. Ensaio de Granulometria (Peneiramento e sedimentação) Os ensaios de granulometria no presente trabalho foram realizados através de dois procedimentos: o primeiro, empregando-se o procedimento de peneiramento conforme recomendação da NBR 7181/84; o segundo, com o uso de defloculante (hexametafosfato de sódio) prescrito na NBR 7181/84 no procedimento de sedimentação. Na preparação das amostras foi utilizado o procedimento com secagem prévia ao ar conforme recomendação da NBR6457/84. 3.3.2. Limites de Atterberg e Densidade Real dos Grãos O procedimento da NBR 6459 foi utilizado para determinação do Limite de Liquidez e o procedimento da NBR 7180 para determinação do Limite de Plasticidade, com o uso de amostra preparada com secagem prévia ao ar. Para a obtenção da densidade real dos grãos, foram utilizados os procedimentos descritos na NBR 6508/8 80 3.3.3. Ensaio de compactação O ensaio de Proctor foi padronizado no Brasil pela ABNT (NBR 7.182/86). Em última revisão, esta norma apresenta diversas alternativas para a realização do ensaio. Descreveremos inicialmente, nos seus aspectos principais, aquela que corresponde ao ensaio original e que ainda é a mais empregada. Nos ensaios com secagem prévia e com reutilização da amostra, a mesma foi previamente seca ao ar e destorroada. Inicia-se o ensaio, acrescentando-se água até que o solo fique com cerca de 2% de umidade para o ponto inicial, acrescentando-se a mesma quantidade de água para os demais pontos. O ensaio de compactação sem reutilização de material com a amostra preparada e passada integralmente na peneira 4.8mm, utilizando o cilindro grande, a amostra tomada foi em quantidade de 35kg. Com reuso de material, foram utilizados 7 kg, conforme a norma NBR 7182/86. Para todos os ensaios foi utilizado o cilindro grande e o soquete grande. Uma porção do solo é colocada num cilindro padrão grande (15,22 cm de diâmetro, altura de 11,42 cm, volume de 2.076cm3) e submetida a 26 golpes (energia intermediária) de um soquete com massa de 2,5Kg e caindo de 30,5cm, ver Figura 3.1. A porção do solo compactado deve ocupar cerca de um quinto da altura do cilindro. O processo é repetido mais quatro vezes, atingindo-se uma altura um pouco superior à do cilindro, o que é possibilitado por um anel complementar. Acerta-se o volume raspando o excesso. Determina-se a massa específica do corpo de prova obtido. Com uma amostra de seu interior, determina-se a umidade, Com estes dois valores, calcula-se a densidade seca. A amostra é destorroada, a umidade aumentada (cerca de 2%), nova compactação é feita, e novo par de valores umidade-densidade seca é obtido. A operação é repetida até que se perceba que a densidade, depois de ter atingido o ponto de máxima densidade, já tenha caído em duas ou três operações sucessivas. Note-se que, quando a densidade úmida se mantém 81 constante em duas tentativas sucessivas, a densidade seca já caiu. Se o ensaio começou, de fato, com umidade 2%, e os acréscimos forem de 2% a cada tentativa, com 5 determinações o ensaio estará concluído (geralmente não são necessárias mais do que 6 determinações). A mesma metodologia foi empregada nos ensaios sem secagem prévia e nos ensaios sem reutilização do material. Para o ensaio de Proctor Normal utilizamos o cilindro grande de (15,22 cm de diâmetro, altura de 11,42 cm, volume de 2.076cm 3) submetemos à moldagem do corpo de prova a 12 golpes em 5 camadas de solo de um soquete com massa de 2,5Kg e caindo de 30,5cm. O ensaio denominado Intermediário difere do modificado só pelo número de golpes por camada que corresponde a 26 golpes por camada. D = 15,22 cm; h = 11,42 cm Figura 3.1 – Esquema do cilindro de compactação e soquete grande. 82 Com os dados obtidos, desenha-se a curva de compactação, que consiste na representação da densidade seca em função da umidade, geralmente, associase uma reta aos pontos ascendentes do ramo seco, outra aos pontos descendentes do ramo úmido e unem-se as duas por uma curva parabólica. Como se justificou anteriormente, a curva define uma densidade seca máxima, à qual corresponde uma umidade ótima (PINTO, 2002). 3.3.4. Ensaios edométricos convencionais A seguir serão apresentados os procedimentos adotados nos ensaios utilizados para avaliação da compressibilidade do material em estudo. Estes ensaios tiveram como objetivo a obtenção de parâmetros de compressibilidade do material. Foram utilizadas duas amostras para realização desse ensaio, uma estava na condição de umidade natural, e outra estava na condição inundada. 3.3.4.1. Equipamento utilizado Para a realização dos ensaios edométricos foram utilizadas prensas de adensamento fabricadas pela Ronald Top S.A, do tipo convencional com sistema de cargas através de pesos em pendural, com relação de braço 1:10 e células edométricas do tipo anel fixo. Os ensaios foram realizados no Laboratório de Geotecnia Ambiental – LGA – ITEP/OS. As leituras das deformações foram realizadas através de extensômetros fabricados pela Mitutoyo e com sensibilidade de 0,01mm. As Figuras 3.2 ilustram este equipamento. 83 Figuras 3.2 – Prensas de adensamento (LGA – ITEP) 3.3.4.2. Descrição das amostras ensaiadas As amostras utilizadas para o adensamento foram amostras do tipo indeformadas, retiradas da área de estudo da FAVIP (sub-solo) a uma profundidade de 0,50m, normalmente utilizam-se amostras coletadas a uma profundidade mínima de 1,00 m, no entanto, devido o encontro com as rochas acontecerem quando atingia-se a profundidade de 0,50m na área de estudo, havia a impossibilidade de obter as amostras de uma maior profundidade. 3.3.4.3. Moldagem dos corpos de prova Foram utilizados anéis de adensamento com diâmetro de 60 cm² e 2 cm de altura, obtido de amostras indeformadas, tanto para as amostras na condição inundada como para as na umidade natural, conforme apresentado nas figuras 3.3 e 3.4. 84 Figura 3.3 – Amostra para adensamento ainda a ser preparada Figura 3.4 – Amostra pronta para ser posicionada na prensa. Em todos os ensaios realizados, os corpos de prova eram colocados em contato com o papel filtro sobre a pedra porosa, onde então as células edométricas eram montadas. Posteriormente, era feita a inundação do corpo de prova pela parte inferior da célula edométrica com água destilada, para ser mantida a condição de inundação durante todo o período do ensaio. No início e no final de cada ensaio eram medidas as umidades iniciais e finais dos corpos de prova. Para o ensaio na umidade natural as pedras porosas eram previamente secas na estufa. 85 3.3.4.4. Tensões utilizadas e tempo de duração para cada estágio de tensões O intervalo de tensões de 5, 10, 20, 40, 80, 160, 320, 640 e 1280 kPa foi utilizado no carregamento. E de 640, 320, 160, 80, 40, 20, 10 e 5 kPa para o descarregamento. As leituras de deformação foram realizadas à 6, 15 e 30 segundos e a 1, 2, 4, 8, 15, 30, 60, 120, 240, 480 minutos. O critério para determinação do tempo de duração de cada estágio de tensão foi definido pelo método de Taylor, justificamos a escolha deste método porque o mesmo se baseia na interpretação da fase inicial da consolidação, além disso, é menos influenciado pela ocorrência de influência durante o ensaio, contudo exige maior número e precisão de leituras no início do processo (requisito facilmente satisfeito por meio da aquisição automática de dados). 3.3.5. Ensaio de cisalhamento direto Os ensaios de cisalhamento direto foram realizados no Laboratório de Geotecnia Ambiental – LGA – ITEP/OS. O ensaio de cisalhamento direto é utilizado para determinar a resistência ao cisalhamento em termos de tensões efetivas utilizando o critério de ruptura de Mohr Coulomb. Mesmo sendo bastante utilizado para se avaliar a resistência dos materiais, o mesmo apresenta algumas limitações segundo HEAD (1994), tais como: a existência de um plano de ruptura pré-definido na amostra de solo, a distribuição não uniforme de tensões na sua superfície, as poro-pressões não podem ser medidas durante o ensaio, a deformação a que é submetida o solo é restrita ao comprimento do equipamento e a rotação dos planos das tensões principais durante o ensaio (SILVA, 2003). Como vantagens do ensaio pode-se citar a sua simplicidade de operação, o princípio básico do ensaio é de simples compreensão, o adensamento é relativamente rápido, o ensaio pode ser aplicado a solos pedregulhosos e, além 86 da determinação da resistência de pico pode ser utilizado também para determinação da resistência residual pelo processo de reversão. 3.3.5.1. Características do equipamento O equipamento do ensaio de cisalhamento direto utilizado é de fabricação da RonaldTop S/A, com sistema de cargas através de peso em pendural. Nas leituras das deformações verticais e deslocamento horizontal utilizou-se extensômetros da marca Mitutoyo com sensibilidade de 0,01mm e anel de carga para determinação das forças horizontais aplicadas aos corpos de prova. 3.3.5.2. Amostras utilizadas Os ensaios de cisalhamento direto convencionais foram realizados em corpos de prova inundados (indeformados). A seção transversal do receptáculo utilizado foi de 4 cm". As amostras também foram coletadas á profundidade de 0,5m, onde previamente foi realizada a limpeza da área de coleta das amostras. Foram utilizadas as tensões normais de 50, 100, 150 e 200 kPa. 3.3.5.3. Descrição das etapas do ensaio 3.3.5.3.1. Moldagem dos corpos de prova utilizados nos ensaios convencionais Conforme comentado anteriormente, os corpos de provas foram moldados “in situ”, devido à dificuldade do transporte dos blocos maiores, no entanto, foi garantido que a amostra que estava em seu receptáculo, não sofresse deformações. As Figuras 3.6 a 3.9 ilustram algumas etapas do processo de coleta. As mesmas foram transportadas em uma caixa de isopor, e totalmente protegidas com papel de PVC e alumínio, o que evitava, ao máximo que a mesma perdesse a umidade natural. 87 Figura 3.5 – Área onde foram realizadas as coletas das amostras indeformadas. Figura 3.6 – Amostra sendo coletada nos receptáculos Figura 3.7 – Amostra sendo colocada na caixa para transporte 88 Figura 3.8 – Amostras coletadas e prontas para o transporte Figura 3.9 – Peças utilizadas no ensaio de cisalhamento direto, já no laboratório. 89 3.3.5.3.2. Montagem dos ensaios Nesta fase do ensaio, foram seguidos rigorosamente os procedimentos sugeridos por HEAD (1994). Assim, fez-se uso dos elementos drenantes (pedras porosas e papel filtro) e das placas de distribuição de tensões. Para a realização dos ensaios com os corpos de prova na condição inundada, os mesmos foram embebidos com água destilada periodicamente antes e durante todo processo do ensaio. No início e no final de cada ensaio eram coletadas amostras para determinação das umidades iniciais e finais dos corpos de prova. 3.3.5.3.3. Adensamento dos corpos de prova Como nosso material é bastante arenoso (areia argilosa), os corpos de prova foram adensados por um período de 1 hora, atingindo assim sua estabilização, com base no método de Taylor descrito no item 3.3.4.4. As leituras de deformação foram realizadas à 6, 15 e 30 segundos e a 1, 2,4, 8, 15, 30, 60 minutos. As leituras das deformações foram realizadas através de extensômetros fabricados pela Mitutoyo e com sensibilidade de 0,01mm. 3.3.5.4. Velocidade de cisalhamento e deslocamento permitido. É importante relatar aqui que a velocidade de cisalhamento adotada para realização do ensaio deve ser de tal forma que não permita o desenvolvimento de poro-pressões para que o mesmo seja considerado drenado. Tal velocidade será função da permeabilidade do solo e do tempo necessário para que ocorra o adensamento primário (t100). O método utilizado para encontrar o valor de (t100) foi baseado no método gráfico de Taylor, definido a partir da curva que relaciona a deformação e a raiz do tempo (HEAD, 1994), conforme Figura 3.10. 90 Figura 3.10 – Gráfico utilizado para o cálculo do T100 (amostra adensada na tensão normal de 200 KPa). Para a determinação do tempo mínimo para que ocorra a ruptura do solo na condição drenada, utilizou-se a equação empírica proposta por GIBSON & HENKEL (1954) (a partir de HEAD, 1994), onde: (24) O (t100) foi obtido a partir do próprio adensamento de um corpo de prova de teste dos ensaios de cisalhamento direto na tensão normal de 200 KPa. Desta forma, o tempo requerido para ocorrer à ruptura (considerada na deformação da ordem de 14mm) foi de acordo com a equação acima exposta e gráfico de Taylor apresentado na figura 3.11: tf= 12,7 x 0,25 = 3,175 minutos (25) 91 Para o cálculo da velocidade foi dividido o valor da deformação de 14mm pelo tempo de ruptura de 3,175mim, obtendo-se o valor de 4,409mm/mim. A velocidade adotada então para a realização dos ensaios foi de 2,80mm/mim, sendo esta a velocidade mais próxima disponível na prensa de cisalhamento. 92 CAPÍTULO 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DA CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA FÍSICA 4.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS Neste capítulo, serão apresentados e discutidos os resultados dos ensaios de caracterização física (Granulometria, Limite de liquidez e Limite de plasticidade, Densidade real dos grãos e compactação). Para os ensaios de compactação foram observados e analisados a variação do peso específico seco máximo e a umidade ótima de compactação. Em especial para este último item, o solo foi submetido a processos de compactação mecânica, para avaliação da variação do peso específico e da umidade ótima, através de diferentes energias de compactação, diferentes umidades, diferentes granulometrias, processos de secamento prévio e reuso de material. O objetivo desta análise é analisar a caracterização física do material em estudo. 4.2. ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO 4.2.1. Introdução Nos itens que se seguem, apresentaremos e discutiremos todos os resultados dos ensaios destinados à identificação do solo do local de estudo segundo os critérios convencionais. Vale salientar que neste capítulo, serão apresentados apenas os resultados dos ensaios de caracterização física para, em seguida os solos serem classificados segundo o Sistema Unificado de Classificação dos Solos (USCS). 93 4.2.2. Ensaios de granulometria, limites de Atterberg e densidade real dos grãos Nas Figuras 4.1 e 4.2 estão apresentadas as curvas granulométricas segundo os procedimentos da ABNT para o solo estudado no sub-solo da FAVIP, e o material adicionado para modificação da granulometria do material original. As frações do solo foram enquadradas segundo a escala granulométrica correspondente a Norma Brasileira (ABNT). As frações do solo também serão enquadradas segundo a escala do sistema internacional. Foi utilizada apenas uma amostra na profundidade de 0,50m para o local de estudo, sendo a amostra preparada com defloculante (conforme recomendação da ABNT), sendo uma utilizada para granulometria por sedimentação e outra por peneiramento. As Tabelas 4.1 e 4.2 apresentam um resumo dos correspondentes percentuais das frações dos solos considerando a escala do Sistema Internacional e a escala da ABNT para os dois solos citados no primeiro parágrafo. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA 100 % PASSA NA PENEIRA 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,001 0,01 0,1 1 10 Diâmetro dos Grãos Figura 4.1. Curva granulométrica (amostra do sub-solo da FAVIP) 94 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA % PASSA NA PENEIRA 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,01 0,1 1 10 100 Diâmetro dos Grãos Figura 4.2. Curva granulométrica do solo utilizado para modificação da granulometria do material original. Tabela 4.1. Resumo dos resultados dos ensaios de caracterização do solo presente no subsolo da FAVIP com as frações dos solos enquadrados segundo a escala da ABNT e do SI. Composição Limites de Atterberg (%) granulométrica (%) SISTEMA Argila Silte Areia Fina Média Grossa Pedreg LL LP IP GS ABNT 8 5 22 27 21 17 NL NP … 2,67 SI 6 4 17 15 21 37 NL NP … 2,67 95 Tabela 4.2. Resumo dos resultados dos ensaios de caracterização do solo utilizado para modificação da granulometria do material original, com as frações dos solos enquadrados segundo a escala da ABNT e do SI. Composição Limites de Atterberg (%) granulométrica (%) SISTEMA Argila Silte Areia Fina Média Grossa Pedreg LL LP IP ABNT 0 0 42 49 9 0 NL NP … SI 0 0 12 46 33 9 NL NP … Considerando-se a curva granulométrica do solo presente no subsolo da FAVIP, e na escala da ABNT, a amostra deste material apresenta textura grossa (com menos de 50% passando na peneira de malha Nº 200). O percentual de solo retido na peneira nº 200, foi de 87%. Observa-se que o somatório dos percentuais da fração grossa (areias e pedregulhos) do solo, apresentaram percentual de 87%, os percentuais de finos (argila e silte), foram de 13%. Considerando-se a curva granulométrica do solo utilizado para modificação da granulometria do material original, e na escala da ABNT, a amostra deste material apresenta textura grossa (com menos de 50% passando na peneira de malha Nº 200). O percentual de solo que ficou retido na peneira nº 200, foi de 98%. Observa-se que o somatório dos percentuais da fração grossa (areias e pedregulhos) do solo, apresentaram percentual de 100%, os percentuais de finos (argila e silte), foram de 0%. Com relação aos limites de liquidez e plasticidade dos solos estudados, devido ao caráter bastante arenoso dos materiais, não foi possível obter resultados dos ensaios referidos, portanto, considera-se que o material é caracterizado 96 como NL e NP, conforme mostram as Tabelas 4.1 e 4.2. A densidade real dos grãos encontrada para o material do subsolo da FAVIP foi de 2,67. Como o material não apresentava resultado para o Limite de Liquidez e de Plasticidade, não foi possível calcular a atividade do solo em estudo. 4.2.3. Classificação do solo Analisando a classificação do solo do material original encontrado no subsolo da FAVIP, o percentual que passou na peneira de nº 200 (0,075mm), foi menor que 50%, o solo é considerado granular. Analisando a peneira nº 04 (4,8mm), observa-se que passou mais de 50% do solo. Como o percentual que passou na peneira nº 200 (0,075mm) foi de 13%, sendo assim, maior que 12%, seria necessário dados do IP e do LL para classificar este solo. Como o IP deste solo não foi encontrado, considera-se este material classificado como um SM (areia siltosa com presença de argila), pois segundo BADILLO & RODRÍGUEZ (1969), quando o IP for menor do que 4% o solo se enquadra na classificação citada acima. Analisando a classificação do solo utilizado para modificar a granulometria do material original, o percentual que passou na peneira de nº 200 (0,075mm), foi menor que 50%, o solo é considerado também granular. Analisando a peneira nº 04 (4,8mm), observa-se que passou mais de 50% do solo, passou 100%. Como o percentual que passou na peneira nº 200 (0,075mm) foi de 2%, sendo assim, menor que 5%, utilizamos o conceito do coeficiente de uniformidade (Cu) o qual forneceu o resultado de 3,33, sendo menor do que 6. Deste modo, o solo foi classificado como um SP (areia mal graduada) (BADILLO & RODRÍGUEZ, 1969). 4.2.4. Ensaios de compactação Os ensaios de compactação foram realizados conforme descrito no tópico 1 do presente capítulo, o solo será submetido a processos de compactação mecânica, para avaliação da variação do peso específico seco máximo e da umidade ótima, através de diferentes energias de compactação, diferentes 97 umidades, diferentes granulometrias, processos de secamento prévio e reuso de material. 4.2.4.1 Variação do peso específico seco máximo e da umidade ótima, através de diferentes energias de compactação. Para nossa pesquisa, adotamos como parâmetro para os resultados de compactação, a energia normal e intermediária. Segue abaixo, na Figura 4.3 a apresentação dos resultados das respectivas compactações do nosso material DENSIDADE SECA (g/cm3) em estudo, no seu estado natural. Energia normal Energia Intermediária 2,050 2,000 1,950 1,900 1,850 1,800 1,750 0 5 10 15 TEOR DE UMIDADE (%) Figura 4.3 – Curva de compactação do material natural (energia normal e intermediária) Analisando o resultado dos gráficos acima, podemos perceber que quanto maior a energia de compactação aplicada, maior a densidade seca máxima do solo. Na aplicação da energia normal, o material atingiu uma densidade seca máxima de 1,948 g/cm³, enquanto que com a aplicação da energia modificada, este mesmo material alcançou uma densidade seca máxima de 2,022 g/cm³ . Com relação à umidade ótima o solo na energia normal atingiu o valor de hot= 12,2% , enquanto que com a energia modificada o valor atingido da umidade 98 ótima foi de 8%. Observa-se que os resultados estão de acordo com a bibliografia (Pinto 2002, Vargas 1977). À medida que a densidade seca máxima atinge maiores valores com mais facilidade, temos como conseqüência valores de umidade ótima menores. 4.2.4.2. Variação do peso específico seco máximo e da umidade ótima, em função da modificação na granulometria do material. É fato comprovado que em determinadas situações, quando um material não possui uma característica de resistência necessária à suportar uma determinada carga, realiza-se o procedimento conhecido como melhoramento do solo, isto realiza-se de diversas formas, seja pela aplicação de estacas de areia e brita, que fazem com que as mesmas ocupem um espaço devido e consequentemente faça com que as partículas do solo se unam, aumentando assim sua resistência. Considerando as especificações do nosso material em estudo, foi necessário avaliar o seu comportamento quando misturado a outro tipo de material (ver Tabela 4.2). Com isso, pudemos perceber os diferentes comportamentos do nosso material, quando aplicado a diferentes percentuais de outro material. A depender do material misturado ao solo natural, e conhecendo o procedimento de estabilização granulométrica, podemos ter uma melhoria ou não das propriedades do solo, tendo como princípio a correção de sua curva granulométrica, fazendo com que se tenha uma maior variedade de dimensões das partículas constituintes deste, e, diminuindo ou aumentando assim o índice de vazios. Para avaliação da influencia da granulometria do material, em estudo, no ensaio de compactação, foram adicionados 20% e 80% de um material contendo em sua maioria areia com predominância de grãos finos e médios, conforme apresentado na Tabela 4.2. 99 Na Figura 4.4, observa-se que os valores da densidade seca máxima do material sem mistura, conforme já relatado, foi de smáx= 1,948 g/cm3, apresentando uma umidade ótima de hot = 12,2% . material sem adição adição de 20% de areia fina adição de 80% de areia fina 3 DENSIDADE SECA (g/cm ) 2,000 1,950 1,900 1,850 1,800 1,750 1,700 1,650 1,600 0 5 10 15 TEOR DE UMIDADE (%) Figura 4.4 - Curvas de compactação (Energia normal) – Avaliação da influência da granulometria na curva de compactação. Com a adição de 20% de areia fina e média, a densidade seca máxima passou a ser de smáx= 1,821 g /cm3 com uma umidade ótima de hot = 6,9%. Dando sequência ao procedimento, adicionou-se agora 80% o que apresentou uma densidade seca máxima de smáx= 1,745 g/cm3 e umidade ótima de hot = 11,5%. Com estes resultados pode-se verificar que para o material em estudo, a adição de areia fina e média, tendeu a diminuir o valor da densidade seca máxima, o que faz a princípio concluir que o material original passou a ter uma granulometria com maior predominância de areias finas. 100 4.2.4.3. Avaliação da influência da reutilização do material na curva de compactação (energia normal e intermediária) Analisando os resultados das curvas de compactação apresentadas na Figura 4.5 e, adotando os resultados encontrados para as umidades ótimas e densidade secas relacionadas, verifica-se que, para o material com reutilização, a densidade seca máxima (1,948 g/cm³) foi atingida quando o material apresentou uma umidade de 12,2%, enquanto que para a amostra sem reutlização do material, a densidade seca máxima (1,783 g/cm³), foi atingida com uma umidade de 7%. Dando seqüência ao ensaio, foi analisado o resultado da curva de compactação também para energia intermediária, e observou-se que, conforme apresentado na alínea anterior, as densidades secas máximas, foram atingidas em um teor de umidade ótima maior do que utilizando o ensaio com reutilização do material, conforme apresentado na Figura 4.5 e 4.6. Isso nos faz comprovar a afirmativa de que, o resultado do material sem reutilização, ou seja, com material virgem para cada ponto, é mais fiel, embora exija uma maior quantidade de material. Em alguns casos, e se tratando de obras de engenharia, é imprescindível que a análise do material (solo) seja feita por este método de ensaio, especialmente nos casos onde o solo apresenta partículas que se caracterizam por serem facilmente quebradiças, de tal maneira que a amostra para o segundo ponto já se mostra diferente da original pela quebra de grãos. No entanto, vale salientar que a execução do ensaio desta maneira, é pouco empregada, em virtude da maior quantidade de amostra requerida (PINTO, 2002). 101 Amostra sem reutilização - com secagem prévia Amostra com reutilização - com secagem prévia DENSIDADE SECA (g/cm3) 2,000 1,950 1,900 1,850 1,800 1,750 1,700 1,650 1,600 0 5 10 15 TEOR DE UMIDADE (%) Figura 4.5 - Curvas de compactação (Energia normal) – Avaliação da influência da reutilização do material na curva de compactação. Amostra sem reutilização - com secagem prévia Amostra com reutilização - com secagem prévia 2,100 3 DENSIDADE SECA (g/cm ) 2,050 2,000 1,950 1,900 1,850 1,800 1,750 1,700 1,650 1,600 0 5 10 15 TEOR DE UMIDADE (%) Figura 4.6 - Curvas de compactação (Energia Intermediária) – Avaliação da influência da reutilização do material na curva de compactação. 102 4.2.4.4. Influência da secagem do material 4.2.4.4.1. Avaliação da influência da secagem prévia do material na curva de compactação (energia normal) Analisando os resultados das curvas de compactação apresentadas na Figura 4.7, onde observa-se um smax = 1,948 g/c,³ e umidade ótima de 12,2% para o ensaio realizado com secagem prévia e para o resultado do ensaio sem secagem uma densidade seca smáx= 1,760g/cm3 e umidade ótima hot= 8,5% na energia normal. Estes resultados, mostram que iniciando o ensaio com secagem prévia, estamos possibilitando que, o material perca sua umidade natural, atingindo a umidade higroscópica, com isso, as partículas estão organizadas de forma aleatória (estrutura floculada), o que dificulta a compactação, daí percebe-se o porque de maiores densidades secas máximas e umidade ótima. Para o ensaio sem secagem prévia, já estamos utilizando um material que apresenta-se mais próximo de um arranjo paralelo (estrutura dispersa) de suas partículas. Com isso, com os acréscimos dos percentuais de água nesse material tende a aumentar esse arranjo paralelo no decorrer do ensaio, assim, o material tende a atingir uma umidade ótima com uma densidade seca menor do que o ensaio com secagem prévia. 103 Amostra sem secagem - com reutilização Amostra com secagem - com reutilização 3 DENSIDADE SECA (g/cm ) 2,000 1,950 1,900 1,850 1,800 1,750 1,700 1,650 1,600 0 5 10 15 20 TEOR DE UMIDADE (%) Figura 4.7 - Curvas de compactação (Energia normal) – Avaliação da influência da secagem prévia do material na curva de compactação. 104 CAPÍTULO 5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DA CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA (CARACTERIZAÇÃO MECÂNICA) 5.1. INTRODUÇÃO Neste capítulo será possível vislumbrar a apresentação e análise dos resultados dos ensaios edométricos e de resistência ao cisalhamento da areia argilosa em estudo. Tendo em vista o material que está sendo depositado na área da FAVIP, onde são realizados aterros em pequenas e médias proporções, objetivando regularizar um terreno bastante íngrime, para a continuação das obras de expansão do Campus Universitário I, bem como estacionamento e construção de um Hotel 5 estrelas; faz-se de importância o estudo das características mecânicas do material presente originalmente na área. Desta forma, supunha-se que seria imprescindível uma análise do comportamento mecânico do solo original, pois, a falta de estudos geotécnicos para realização de obras de terraplenagem sob um determinado material, ocasiona diversos problemas estruturais. Tome-se como exemplo, os recalques. Observando que o comportamento dos solos perante os carregamentos depende de sua constituição e do estado em que ele se encontra, e que pode ser expresso por parâmetros que são obtidos em ensaios, ou através de correlações estabelecidas entre estes parâmetros e as diversas classificações. O ensaio adotado na pesquisa foi o ensaio de compressão edométrica. No presente trabalho, a partir dos ensaios edométricos, será determinado alguns parâmetros básicos a partir dos resultados destes ensaios. Primeiramente, será determinada a Pressão de Pré-Adensamento ( ’ Vm), entendido como a máxima tensão vertical efetiva a que o solo esteve 105 submetido no terreno. Serão determinados os parâmetros de compressibilidade tais como, os índices de compressão (Cc) e expansão (Ce). Será calculado também o coeficiente de adensamento vertical (Cv), estimado a partir das curvas de deformação vertical x raiz do tempo (Método gráfico de Taylor), dando a idéia da capacidade de dissipação de pressão neutra do material. Sendo desta forma, importante para se estabelecer um critério de escolha da velocidade de deslocamento a ser adotada para ser garantida as condição drenada dos ensaios de cisalhamento direto. Além disso, através dos valores de Cv, pode-se estimar o coeficiente de permeabilidade (k) do solo, bem como a sua variação em função do índice de vazios. Será avaliado também o coeficiente de compressibilidade (av). Com os resultados dos ensaios de cisalhamento direto convencional serão obtidos os parâmetros de resistência de pico deste material (ângulo de atrito e coesão). 5.2. ENSAIO EDOMÉTRICO DUPLO Foram realizados, para a mesma amostra do solo estudado dois ensaios edométricos, sendo um na umidade natural e outro inundado. A Figura 5.1 apresenta os resultados dos ensaios edométricos do solo estudado, através das curvas que relacionam o índice de vazios em escala linear e tensão vertical de consolidação em escala logarítmica. A Figura 5.2 apresenta as curvas deformação volumétrica específica em escala linear e tensão vertical de consolidação em escala logarítmica. A Tabela 5.1 ilustra as condições iniciais e finais dos corpos de prova ensaiados. 106 1,00 umidade natural inundado 0,90 Índice de Vazios 0,80 0,70 0,60 0,50 0,40 0,30 0,20 0,10 0,00 1,0 10,0 100,0 1000,0 10000,0 Tensão Vertical de Consolidação (kPa) Figura 5.1. Variação do índice de vazios com a tensão vertical de consolidação (corpos de prova na condição inundada e na umidade natural). Deformação Volum. Espec.(%) 0,0 umidade natural inundado -5,0 -10,0 -15,0 -20,0 -25,0 -30,0 -35,0 -40,0 1,0 10,0 100,0 1000,0 10000,0 Tensão Vertical de Consolidação (kPa) Figura 5.2. Variação da deformação volumétrica específica com a tensão vertical de consolidação (corpos de prova na condição inundada e na umidade natural). 107 Tabela 5.1. Condições iniciais dos corpos-de-prova ensaiados (ensaios edométricos na condição de umidade natural e inundada). Condição do ensaio Umidade Condições iniciais W0 Nat. S0 e0 S0 2,67 3,61 1,67 1,61 0,68 14,39 2,67 10,20 1,66 1,51 0,79 34,72 natural Inundado W (%) teor de umidade; Nat (g/cm ) peso específico natural; S0 (g/cm ) peso específico seco 3 3 inicial, Sf (t/m ) peso específico seco final; S (%) grau de saturação; e (índice de vazios). 3 Diferenças são verificadas nos índices de vazios iniciais das amostras (Tabela 5.1), podendo-se justificar esse fato pela metodologia empregada para coleta de amostras. Amostras coletadas individualmente, em cada receptáculo, tende a apresentar maiores variações nos valores dos índices físicos iniciais do que amostras coletadas em um bloco único. Variações também são observadas no teor de umidade inicial das amostras, podendo ser atribuído a falhas no acondicionamento das mesmas. Observa-se que para as amostras é necessário elevado nível de tensões para uma melhor definição da curva de compressão, podendo estar associado a alguma perturbação sofrida por esta amostra durante a moldagem dos corpos de prova. Maiores variações nos índices de vazios e deformações volumétricas, em função das tensões verticais aplicadas, são observadas nas amostras inundadas, o que é previsível, uma vez que o solo inundado apresenta-se com estrutura mais susceptível a deformações. Com relação à tensão de pré-adensamento, sabe-se que a mesma é caracterizada por um valor tal que, a partir deste, percebe-se uma notável deformabilidade do material, onde nem sempre se apresenta com clareza nas curvas e versus logv. No presente estudo, as tensões de escoamento foram determinadas pelo método gráfico de Pacheco Silva. Este método possui a vantagem em relação ao método de Casagrande, uma vez que não se faz 108 necessária à determinação de um raio mínimo na curva do ensaio, muitas vezes difícil de ser identificada e, portanto, sujeito a erros na sua determinação. As tensões de pré-adensamento obtidas dos ensaios edométricos duplos tanto na condição de umidade natural como na condição inundada foram de 90KPa e de 15KPa, respectivamente. As tensões de pré-adensamento são maiores nas amostras na condição natural tendo em vista uma maior rigidez das amostras nesta condição de umidade. Os índices de compressão e de expansão foram obtidos com base nas curvas e versus log v. índice de compressão (Cc) foi calculado para a reta aproximada definida entre a 40 KPa< < 320kPa e de 160 KPa< v v < 1280kPa, para os ensaios na umidade natural e inundado, respectivamente. O índice de expansão (Cs) para o trecho entre 10kPa < V < 6400kPa, na curva de descarregamento, para ambas as amostras. Os resultados são apresentados na Tabela 5.2. Os índices de compressão e de expansão obtidos a partir dos ensaios na umidade natural (EDN) foram, em geral, inferiores aos obtidos a partir dos ensaios inundados (EDI), confirmando que as deformações ocorrem de forma mais intensa na amostra inundada. Tabela 5.2. Tensão de escoamento e parâmetros de compressibilidade obtidos dos ensaios edométricos duplos. Ensaio Tipo Tensão de préadensamento PARÂMETROS CC Cs (kPa) EDN 90 0,188 0,033 EDI 15 0,266 0,088 EDN: Ensaio edométrico na umidade natural; EDI: Ensaio edométrico inundado. Sabendo-se que a velocidade de recalque de um solo é função da compressibilidade e permeabilidade, podendo ser expressa através do coeficiente de adensamento (Cv) para os diversos estágios de tensão. Para 109 isso, se faz necessário inicialmente à determinação dos tempos relacionados às porcentagens de 90% de recalque, isto é t90. Esta determinação foi realizada a partir do método gráfico de Taylor. Os valores de t90 para o solo na condição inundada estiveram compreendidos na faixa de 0,14 a 0,19 mim. A pouca variação deve-se, principalmente, ao caráter arenoso do material, no qual, a tendência de deformação é bem menor em comparação a um solo de caráter argiloso. Considerando os valores de t 90 obtidos, foram calculados os coeficientes de adensamento C v para cada estágio de tensão vertical de consolidação. A Figura 5.3 apresenta as curvas do coeficiente de adensamento vertical (Cv) em escala linear e a tensão vertical de consolidação em escala logarítmica para o solo estudado. Verifica-se tendência de diminuição do Cv com o aumento da tensão vertical de consolidação. Pode-se verificar que a variação do coeficiente de adensamento (Cv ) se deu na faixa de 3,29 a 9,65 x 10–2 cm2/s, onde os valores elevados de Cv correspondem a natureza arenosa do material em estudo, indicando que a compressão primária destes solos tenha ocorrido em um período de tempo relativamente curto, com rápida dissipação de poro-pressões e que as deformações cisalhantes nestes solos devem ocorrer de forma essencialmente drenada. 110 12,00 8,00 6,00 2 -2 CV (cm /s x 10 ) 10,00 4,00 2,00 0,00 1,0 10,0 100,0 1000,0 10000,0 Tensão Vertical de Consolidação (kPa) Figura 5.3. Variação do coeficiente de adensamento vertical (Cv) com a tensão vertical de consolidação (amostra na condição inundada). A Tabela 5.3 apresenta uma síntese dos parâmetros de compressibilidade obtidos nos ensaios realizados. A Figura 5.4 apresenta a curva que relaciona a variação da permeabilidade (k) em função da tensão vertical de consolidação aplicada no solo estudado. O valor de k é dependente do valor estimado de Cv . Este valor é pouco confiável, pelo fato da condição de drenagem do solo na natureza ser diferente da simulada em laboratório. Ainda assim, estas estimativas servem para que se possa ter uma idéia da ordem de grandeza destes parâmetros. Verifica-se a tendência de redução de k com o aumento das tensões verticais. A faixa de valores de k obtida varia de 7,708 x10–6 a 3,200 x 10-4m/s para o solo estudado, diminuindo com o aumento das tensões verticais aplicadas. Em função do caráter mais arenoso do solo valores de permeabilidade relativamente baixos são observados nesse solo. Conforme mostra CAPUTO (2002), solos arenosos com presença de argila e silte podem apresentar valores de permeabilidade da ordem de 10-3 a 10-7 cm/s. 111 9,00 8,00 K (m/s x 10-6 ) 7,00 6,00 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00 0,00 1,0 10,0 100,0 1000,0 10000,0 Tensão Vertical de Consolidação (kPa) Figura 5.4. Variação da permeabilidade com a tensão vertical de consolidação (amostra na condição inundada). Tabela 5.3. Parâmetros índices obtidos a partir dos resultados dos ensaios edométricos duplos (ensaio inundado). Estágio de Tensão (kPa) Parâmetro Índices t90 (min) 10 -6 40 80 160 320 640 1280 0,15 0,17 0,18 0,18 0,18 0,18 0,19 8,38 6,78 5,85 5,24 4,77 3,94 3,29 2,164 2,099 0,402 0,547 0,201 0,081 0,032 0,14 -2 Cv (10 cm2/s) 9,65 K (10 m/s) 20 7,708 Ao correlacionar a permeabilidade versus índice de vazios, observa-se na Figura 5.5 que a permeabilidade tende a diminuir com o decréscimo do índice de vazios para o solo estudado, devido a um menor espaço a água percolar. 112 0,80 ÍNDICE DE VAZIOS 0,70 0,60 0,50 0,40 0,30 0,20 0,10 0,001 0,1 10 1000 -6 k (m/s x 10 ) Figura 5.5. Variação da permeabilidade com o índice de vazios. (amostras na condição inundada). A Figura 5.6 apresenta a variação do coeficiente de compressibilidade (a v) com a tensão vertical de consolidação. Observa-se uma tendência de decréscimo do av com o aumento das tensões verticais, justificado pela diminuição do índice de vazios da amostra ensaiada. 9,00 8,00 aV (kgf/cm2 x 10-1) 7,00 6,00 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00 0,00 0,1 1,0 10,0 100,0 Tensão Vertical de Consolidação (kgf) Figura 5.6. Variação do coeficiente de compressibilidade (av) com a tensão vertical de consolidação (amostra na condição inundada). 113 A Figura 5.7 apresenta a variação do índice de vazios com as tensões verticais de consolidação. Verifica-se que esta correlação não se apresenta de forma linear como é estabelecido na Teoria de Adensamento Unidimensional de Terzagui. Segundo uma das hipóteses da teoria, o índice de vazios varia linearmente com o aumento da tensão efetiva durante o processo de adensamento. Segundo Souza Pinto (2006) e Vargas (1976), essa proposição é apenas uma aproximação da realidade, o que pode ser constatado na Figura 5.7. Essa hipótese foi introduzida apenas para permitir a solução matemática do problema. Entretanto, para pequenas tensões verticais de consolidação, a consideração da linearidade não se afasta muito da realidade, conforme ilustra a Figura 5.8. 1,00 0,90 Índice de Vazios 0,80 0,70 0,60 0,50 0,40 0,30 0,20 0,10 0,00 0 500 1000 1500 Tensão Vertical de Consolidação (kPa) Figura 5.7. Variação do índice de vazios com a tensão vertical de consolidação (amostra na condição inundada). 114 0,85 Índice de Vazios 0,80 0,75 0,70 0,65 0,60 0,55 0,50 0 10 20 30 40 Tensão Vertical de Consolidação (kPa) Figura 5.8. Variação do índice de vazios com pequenas tensões verticais de consolidação (amostra na condição inundada). Nos parágrafos seguintes será avaliado a colapsibilidade do solo estudado através do ensaio edométrico duplo, utilizando o critério de classificação de Reginatto & Ferrero (1973). O critério de Reginatto & Ferrero (1973) para avaliação da colapsibilidade dos solos utiliza a seguinte expressão: C vps v 0 vpn v 0 Onde: vpntensão de pré-adensamento do solo na umidade natural; vpstensão de pré-adensamento do solo inundado; v0tensão vertical devido ao peso próprio do solo “in situ”. (26) 115 A tabela 5.4 apresenta as tensões de pré-adensamento obtidas no ensaio edométrico duplo junto com a classificação de Reginatto & Ferrero (1973). O solo estudado foi classificado como condicionante ao colapso (vps > v0 e 0 < C < 1), significando que neste caso a ocorrência do colapso é função do nível de tensões a que o solo está submetido. Segundo Reginatto e Ferrero (1973) a condição para que o solo seja considerado não colapsível será C = 1; entretanto, estes autores no mesmo trabalho afirmam que solos que apresentam valores de C compreendidos entre 0,21 < C < 0,87 foram considerados estáveis; podendo-se considerar o solo estudado como estável. Tabela 5.4. Tensões de pré-consolidação e classificação de Reginatto & Ferrero (1973) obtidos do ensaio edométrico duplo. v vpn vps (kPa) (kPa) 0,00083 90 (kPa) Coeficiente de colapsibilidade (C) Classificação de Reginatto e Ferrero (1973) 15 0,05 Estável 5.3. RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO 5.3.1. Relação tensão-deformação Na Figura 5.9 estão apresentadas as curvas . versus dh (tensão cisalhante vs. deslocamento horizontal) e dv versus. dh (deslocamento vertical vs. Deslocamento horizontal) referentes as amostras do subsolo da FAVIP. As Tabelas 5.5 e 5.6 apresentam as condições iniciais e na ruptura dos corpos de prova utilizados nos ensaios de cisalhamento direto. Foram utilizados um total de 4 corpos de prova. Estes ensaios foram realizados para avaliação da resistência de pico e obtenção dos parâmetros de resistência. É importante lembrar que todas as amostras estavam na condição inundada. Por se tratar de um solo com caráter arenoso a fase de estabilização 116 das tensões verticais aplicadas, se deram num tempo máximo de uma hora, acompanhados pela curva de Taylor (raiz do tempo versus deformações do corpo de prova). Tensão Cisalhante (kPa) 160 50 kPa 100 kPa 150 kPa 200kPa 140 120 100 80 60 40 20 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Deslocamento horizontal (mm) Deslocamento vetical (mm) 0,20 0,00 -0,20 -0,40 -0,60 -0,80 -1,00 -1,20 -1,40 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Deslocamento horizontal (mm) Figura 5.9. Curvas . Versus dh (tensão cisalhante vs. deslocamento horizontal) e dv versus. dh (deslocamento vertical vs. Deslocamento horizontal). 117 Tabela 5.5. Condições iniciais dos corpos de prova referentes aos ensaios de cisalhamento direto convencional (ensaios na condição inundada) Prof. (m) CP n Gs (Nº) (kpa) W0 Nat. s (%) (g/cm3) (g/cm3) e0 S0 (%) 0,50 2,67 Tabela 5.6. Condições dos corpos de prova na ruptura referentes aos ensaios de cisalhamento direto convencional (ensaios na condição inundada). Prof. (m) 0,50 n dh dv p Wf CP (Nº) (kpa) (mm) (mm) (kPa) (%) 01 50 13,888 0,028 26,29 7,55 02 100 13,805 -0,533 45,91 8,20 03 150 13,676 -0,882 76,18 7,35 04 200 13,481 -1,162 176,59 7,60 Os valores apresentados na Tabela 5.5 mostram os índices físicos iniciais um pouco variável. Pode-se justificar esse fato pela metodologia empregada para coleta de amostras. Amostras coletadas individualmente, em cada receptáculo, tende a apresentar maiores variações nos valores dos índices físicos iniciais do que amostras coletadas em um bloco único. Outro aspecto a considerar é que embora as amostras ficassem submersas na água destilada por um período de 24 horas, não foi a princípio verificada a “saturação” da amostra, após 118 finalização dos ensaios; o que confirma que a linguagem mais adequada é afirmar que as amostras, quando na realização de ensaios de cisalhamento direto, estão na condição de inundação. As curvas vs. dh, referentes às amostras ensaiadas (Figura 5.9), apresentam-se, em geral, crescentes com os deslocamentos horizontais, tendendo a atingir valores constantes com o aumento dos deslocamentos, com mobilizações das tensões cisalhantes máximas para deslocamentos horizontais da ordem de 14mm (limite máximo do deslocamento permitido pela prensa de cisalhamento). Observa-se que em relação aos resultados obtidos, que estas amostras não apresentaram queda na resistência ao longo das deformações, apresentando, em geral, rupturas plásticas, com mobilização crescente das tensões cisalhantes com os deslocamentos; tendendo a atingir valores constantes após certo nível de deslocamento. Verifica-se que apenas a amostra submetida à tensão normal de 200kPa, apresenta nas curvas vs. dh, valores da tensão cisalhante sempre crescente com os deslocamentos, nem sempre evidenciando o valor máximo alcançado com clareza. Segundo Lacerda (2004) solos que apresentam esse tipo de comportamento tende a apresentar rupturas geralmente lentas em movimentos de massa. Os resultados mostram que na condição inundada o solo estudado apresenta comportamento semelhante a uma areia fofa, apresentando também maior tendência a deformabilidade, quando em presença de água (PINTO, 2006). As curvas dv vs. dh (Figura 5.9), exibem, em sua maioria comportamento de compressão, principalmente para as maiores tensões verticais, 150 e 200kPa, atingindo valores de compressão máxima vertical de 0,882mm e de 1,170 mm, respectivamente, para deslocamentos de aproximadamente 14mm para ambas as tensões. A provável deformação de compressão máxima vertical para a tensão de 100 KPa foi de 0,621mm para um deslocamento horizontal de aproximadamente 8mm; apresentando após este deslocamento 119 comportamento de expansão, atingindo o valor para o deslocamento máximo horizontal de 0,533mm. A tensão de 25 KPa apresentou compressão máxima, provável, de 0,400mm com deslocamento horizontal de aproximadamente 5mm, seguido de comportamento de expansão verificado até o máximo das deformações atingindo valor de 0,028mm. Esse comportamento, para a tensão vertical de 25 KPa, a princípio, não condiz com o resultado verificado da tensão cisalhante versus o deslocamento horizontal, o qual os valores da tensão cisalhante sempre se apresentaram crescentes com os deslocamentos. Esse fato pode ser justificado tanto em função do índice de vazios inicial desta amostra (0,55), estando a amostra num estado mais compacto, como em função da tensão vertical aplicada ainda ser influenciada pela questão da estrutura onde a mesma exerce maior influência no comportamento do solo. 5.3.2. Envoltória de resistência A envoltória de resistência de pico referente aos resultados dos ensaios do solo estudado está apresentada na Figura 5.10. Os pontos plotados correspondem aos valores das tensões cisalhantes máximas obtidas nos ensaios e a correspondente tensão normal aplicada. Para o intervalo de tensões normais aplicadas (50kPa a 200kPa), o ângulo de atrito de pico obtido foi de 28,5º com o correspondente intercepto de coesão nulo. Estes valores foram obtidos através de regressão linear. Onde, segundo Souza Pinto (2006), este solo arenoso pode apresentar grãos arrendondados, com ângulo de atrito na ordem de 28º. 120 Tensão Cisalhante (kPa) 200 Coesão: 0kPa Ângulo de atrito: 28,5º 150 100 y = 0,5413x R2 = 0,9282 50 0 0 50 100 150 200 250 Tensão Normal (kPa) Figura 5.10. Envoltória de resistência de pico do solo estudado. Destaca-se que os parâmetros de resistência apresentados foram obtidos de amostras na condição inundada, representando, a princípio, os parâmetros mais indicados para uma eventual análise de estabilidade. 5.3.3. Variação do ângulo de atrito com a tensão vertical Sabe-se que nos solos que apresentem estado de compacidade fofo, existe a tendência da máxima tensão de cisalhamento ser proporcional as tensões normais aplicadas, resultando em envoltórias retas passando pela origem. A partir desta constatação. Tal afirmativa, na verdade, é geralmente empregada na prática, devida a dispersões que os resultados dos ensaios possam apresentar. A Figura 5.11 mostra que as envoltórias de resistência de pico referentes à Figura 5.10 para o solo estudado, apresenta uma certa não linearidade para o intervalo de tensões utilizado, tendendo a um pequeno decréscimo do ângulo de atrito de pico com o aumento das tensões normais aplicadas. Única exceção deve-se a tensão normal de 100kPa, podendo ser justificado por problemas operacionais do ensaio. A faixa de variação dos ângulos de atrito de pico 121 (considerando interceptos de coesão nulos) foi de 24,6º a 24,2 º, diminuindo Ângulo de atrito ( 0) com o aumento das tensões verticais aplicadas. 30 29 28 27 26 25 24 23 22 21 20 0 50 100 150 200 250 Tensão Normal (kPa) Figura 5.11 Variação do ângulo de atrito de pico (considerando interceptos de coesão nulos) do solo estudado com a tensão vertical normal. 122 CAPÍTULO 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 6.1. COMENTÁRIOS FINAIS O objetivo da mecânica dos solos, é estudar o comportamento de maciços terrosos quando sujeitos a solicitações provocadas, por exemplo, por obras de engenharia. Todas as obras de engenharia civil, seja de uma forma, ou seja de outra, apoiam-se sobre o solo, e sobretudo, muitas dessas obras ainda se utilizam do próprio solo como elemento de construção, como exemplo disto podemos citar as barragens e os aterros de estradas. Tendo em vista os parâmetros apresentados nas alíneas anteriores e os sucessivos acidentes em diversos tipos de obras de engenharia, faz-se necessário uma avaliação prévia do comportamento do solo. Esta pesquisa teve como objetivo fundamental, a caracterização geotécnica (caracterização física e mecânica) do solo encontrado no sub-solo da FAVIP. No decorrer dessa caracterização física e mecânica, foi possível observar os seguintes aspectos: O solo presente no subsolo da FAVIP, foi classificado como um solo grosso do grupo SM (areia siltosa). A classificação do solo utilizado para modificar a granulometria do material original, foi classificado como um SP (areia mal graduada). Com relação aos limites de liquidez e plasticidade dos solos estudados, devido ao caráter bastante arenoso dos materiais, não foi possível obter resultados dos ensaios referidos. A densidade real dos grãos foi de 2,67. 123 Devido à utilização em diversas obras de engenharia, é de fundamental importância o estudo da compactação dos solos; A densidade seca máxima (smáx) e a umidade ótima (hot) dependem da energia de compactação, portanto, quanto maior a energia de compactação maior é o valor de smáx e menor o valor da hot; Quanto mais fina a granulometria do material maior é a tendência de decréscimo da densidade seca máxima; Sem a reutilização do material observa-se que a densidade seca máxima e o teor de umidade ótima tendem a um decréscimo em relação à metodologia com reutilização do material; A densidade que é atingida quando um solo é compactado, sob uma dada energia de compactação irá depender da umidade do solo no momento da compactação. Maiores valores da densidade seca máxima são observados em amostras com secagem prévia. A depender do material misturado ao solo natural, e conhecendo o procedimento de estabilização granulométrica, podemos ter uma melhoria ou não das propriedades do solo, tendo como princípio a correção de sua curva granulométrica, fazendo com que se tenha uma maior variedade de dimensões das partículas constituintes deste, e, diminuindo ou aumentando assim o índice de vazios. Iniciando o ensaio de compactação com secagem prévia, estamos possibilitando que, o material perca sua umidade natural, atingindo a umidade higroscópica, com isso, as partículas estão organizadas de forma aleatória (estrutura floculada), o que dificulta a compactação, daí percebe-se o porque de maiores densidades secas máximas e umidade ótima. Para o ensaio sem secagem prévia, já estamos utilizando um material que apresenta-se mais próximo de um arranjo paralelo (estrutura dispersa) de suas partículas. Com isso, com os acréscimos dos percentuais de água nesse material tende a aumentar esse arranjo 124 paralelo no decorrer do ensaio, assim, o material tende a atingir uma umidade ótima com uma densidade seca menor do que o ensaio com secagem prévia. Quanto aos ensaios edométricos, foi verificado diferenças nos índices de vazios iniciais das amostras, podendo-se justificar esse fato pela metodologia empregada para coleta de amostras. Observa-se que para as amostras é necessário elevado nível de tensões para uma melhor definição da curva de compressão, podendo estar associado a alguma perturbação sofrida por esta amostra durante a moldagem dos corpos de prova. Maiores variações nos índices de vazios e deformações volumétricas, em função das tensões verticais aplicadas, são observadas nas amostras inundadas, o que é previsível, uma vez que o solo inundado apresenta-se com estrutura mais susceptível a deformações. As tensões de pré-adensamento são maiores nas amostras na condição natural tendo em vista uma maior rigidez das amostras nesta condição de umidade. Os valores de t90 para o solo na condição inundada estiveram compreendidos na faixa de 0,14 a 0,19 mim. A pouca variação deve-se, principalmente, ao caráter arenoso do material, no qual, a tendência de deformação é bem menor em comparação a um solo de caráter argiloso. Considerando os valores de t90 obtidos, foram calculados os coeficientes de adensamento Cv para cada estágio de tensão vertical de consolidação. A variação do coeficiente de adensamento (Cv ) se deu na faixa de 3,29 a 9,65 x 10–2 cm2/s, onde os valores elevados de Cv correspondem a natureza arenosa do material em estudo, indicando que a compressão primária destes solos tenha ocorrido em um período de tempo relativamente curto, com rápida dissipação de poro-pressões e que as 125 deformações cisalhantes nestes solos devem ocorrer de forma essencialmente drenada. Observa-se uma tendência de decréscimo do a v com o aumento das tensões verticais, justificado pela diminuição do índice de vazios da amostra ensaiada. Verifica-se a tendência de redução de k com o aumento das tensões verticais. A faixa de valores de k obtida varia de 7,708 x10–6 a 3,200 x 10-4m/s para o solo estudado, diminuindo com o aumento das tensões verticais aplicadas. Em função do caráter mais arenoso do solo valores de permeabilidade relativamente baixos são observados nesse solo. A permeabilidade tende a diminuir com o decréscimo do índice de vazios para o solo estudado, devido a um menor espaço a água percolar. Foi verificado que, para pequenas tensões verticais de consolidação, a consideração da linearidade não se afasta muito da realidade. Quanto ao estudo do colapso do material, Segundo Reginatto e Ferrero (1973), o solo foi considerado como estável. As curvas vs. dh, referentes às amostras ensaiadas, apresentam-se, em geral, crescentes com os deslocamentos horizontais, tendendo a atingir valores constantes com o aumento dos deslocamentos, com mobilizações das tensões cisalhantes máximas para deslocamentos horizontais da ordem de 14mm. Os resultados mostram que na condição inundada o solo estudado apresenta comportamento semelhante a uma areia fofa, apresentando também maior tendência a deformabilidade, quando em presença de água. As curvas dv vs. dh, exibem, em sua maioria comportamento de compressão. 126 Para o intervalo de tensões normais aplicadas (50kPa a 200kPa), o ângulo de atrito de pico obtido foi de 28,5º com o correspondente intercepto de coesão nulo. Estes valores foram obtidos através de regressão linear. As envoltórias de resistência de pico para o solo estudado, apresenta uma certa não linearidade para o intervalo de tensões utilizado, tendendo a um pequeno decréscimo do ângulo de atrito de pico com o aumento das tensões normais aplicadas. 127 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BADILO, J. & RODRIGUEZ, R. – Mecánica dos suelos, Tomo 1, editorial limusa, 1976. CAPUTO, H. C. Mecanica dos solos e suas aplicações. Livros técnicos e científicos. Editora S.A. Volumes 1 e 3. FERREIRA, S. R. M. (1995). “Colapso e expansão de solos naturais não saturados devido à inundação”. Tese de Doutorado. COPPE/UFRJ. Rio de Janeiro. GIBSON, R. E. & HENKEL, D. J. (1954). “Influence of Duration of tests at constantrate of strain on measured drained strength” Geotecnique, Vol 4, Nº 1, pp.6-15. GUIDICINI, G. (1983). Estabilidade de taludes naturais e de escavação. Edgard Blucher – Edusp – São Paulo, 1976. HACHICH, W. et al. (1998). “Fundações – Teoria e Prática”. São Paulo. Ed. PINI. HEAD, K. H. (1994). 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