Capitães da Areia Jorge Amado Jorge Amado Jorge Amado (1912-2001) foi um dos escritores mais significativos da segunda geração modernista (1930-1945), também conhecida como neorrealista. Baiano de nascimento, exerceu o jornalismo e participou ativamente da vida política da região, envolvido na chamada esquerda comunista. Injustiças Sociais Influenciado pela ideologia, coloca em muitas de suas obras os problemas relacionados com as injustiças, a exploração do homem pelo homem e o poder exercido pelos “senhores da terra”. Trajetória literária Pode ser dividida em duas fases, tendo como obra delimitadora Gabriela, Cravo e Canela (1958). A primeira fase tem início com País do Carnaval (1932) e se estende até Subterrâneos da liberdade (1954), contendo boa parte da ficção ideologicamente engajada de Jorge Amado. Situa-se nessa fase Capitães da Areia (1937). Capitães da Areia É uma narrativa de teor realista, revelando ao leitor um mundo de miséria, pobreza, desnutrição, desamparo, desesperança, mas também de companheirismo e de poesia. O Trapiche Tem como ponto de partida e de chegada um trapiche ou armazém abandonado, à beira-mar em Salvador, em que quase uma centena de crianças de rua procura abrigo. Enredo A narrativa não tem propriamente um enredo intercala quadros vividos por personagens que revelam certas facetas e do bando e da realidade, focados em suas vidas devassas, praticando pequenos crimes e envolvidos em toda a sorte de vícios, sem amparo de autoridades ou do assitencialismo religioso. Pedro Bala Os meninos são liderados por Pedro Bala, moleque de 15 anos, filho de um operário assassinado durante uma greve, que tutela as ações das crianças sob sua guarda, comandando os expedientes para obter dinheiro e alimentos. A obra A obra é escrita em 3ª pessoa por um narrador onisciente, que procura ser imparcial, ou seja, procura não se envolver na narrativa, mas se permite investigar o interior das personagens e dirigir os fatos. A obra serve como uma arma de denúncia contra o que existe de problemático na conjuntura social, daí seu caráter engajado. A cidade de Salvador Ao registrar diferenças sociais e religiosas, os preconceitos e as discrepâncias de tratamento, a forma de falar e de agir de diferentes camadas sociais, Jorge Amdo elabora um painel amplo e colorido da cidade de Salvador no final da década de 1930. Tempo Como não há determinação de tempo, percebe-se que as ações vinculam-se com as estratégias do cangaceiro Lampiaõ, tido como uma espécie de Robin Hood pela população mais carente. Ponto de Partida do Romance Um aspecto interessante da estrutura da obra está na forma como Jorge Amado inicia o romance, tendo como ponto de partida uma série de reportagens que versam sobre o tema “ crimes cometidos por crianças abandonadas”. Expedientes quase Românticos Capitães da Areia, o primeiro romance urbano do escritor, recorre a expedientes quase românticos para angariar a simpatia do leitor que, se por um lado fica condoído com a vida dos maltrapilhos, também nutre certo desprezo pelas camadas mais privilegiadas da população, que tapam os olhos diante de uma realidade ingrata.