ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO EM DOMICÍLIO DE DESCENDENTES DE JAPONESES EM MARINGÁ (PR) Elaine Teixeira Yamashita1 Universidade Estadual de Londrina GT4 - Perspectivas antropológicas contemporâneas PIBIC/CNPq Palavras-chave: espécies companheiras; nomes; relações inter-espécies. Esta pesquisa em desenvolvimento visa contribuir à compreensão da relação homem-animal de estimação no Brasil contemporâneo e urbano. Seu ponto de partida se dá mediante a análise de um formulário complementar sobre posse de animais de estimação entre 283 domicílios de descendentes japoneses em Maringá (PR), incluído na pesquisa quantitativa “As redes sociais nas migrações internacionais: os migrantes brasileiros para os EUA e Japão”, realizada no ano de 2001, por não fazer parte dos objetivos da pesquisa em que foi incluído, estes dados permaneceram sem análise; o objetivo é tabular e analisar esses dados. A história da humanidade é marcada por uma notória e profunda multiplicidade de relações estabelecidas entre homens e animais. Esta interação fez com que o ser humano atribuísse um significado aos animais e definisse parâmetros de relacionamento com estes seres. Na sociedade ocidental houve uma ruptura entre aquilo que definimos como tipicamente humano, daquilo que definimos como tipicamente animal, criando a dicotomia humano/animal. Esta forma de entendimento estabelecida no mundo ocidental concebe que o ser humano seja superior aos animais, por possuir consciência, raciocínio, linguagem e capacidade de elaborar um instrumental simbólico culturalmente construído. Atualmente surge uma série de referenciais teóricos que permitem questionar o antropocentrismo, no qual o ser humano é colocado como ser superior aos outros animais e à natureza; esta mudança de entendimento do sujeito, permite repensar o tratamento ético e moral que a humanidade dá aos animais. Esse arsenal teórico também contribui para a análise do chamado “fenômeno pet” contemporâneo, uma vez que na sociedade contemporânea, especialmente nos centros urbanos, as mudanças demográficas provocaram uma série de modificações na interação entre homens e animais. Estes últimos, que antes se limitavam a frequentar os quintais de seus donos, agora adentram suas residências, e convivem lado a lado com o ser humano, alterando as formas de relacionamento entre humanos e animais de estimação. Nesta nova configuração de interação os animais de estimação deixam de apresentar um caráter meramente utilitário (caça, guarda, por exemplo) e passam a apresentar uma 1 Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Londrina, aluna da Licenciatura em Ciências Sociais. Iniciação Científica orientada pela Profa. Dra. Martha Célia Ramírez-Gálvez. Email [email protected] 1 dimensão intimista, pautada na afetividade. Outro elemento presente na pesquisa é a análise dos nomes atribuídos aos animais de estimação, pois a forma como se nomeia um ser é um processo de significação, e mesmo que esta escolha não seja totalmente consciente, sempre há um mundo de referencialidades encobertas. Percebe-se que na atualidade há um aumento de animais com nomes, que comumente eram atribuídos à seres humanos, busca-se nesta análise compreender o universo simbólico que permeia este processo de nomeação. Analisar esta informação permite realizar uma aproximação a questões mais recentes de investigação antropológica acerca da relação entre humanos e animais, como também aos sentidos presentes na atribuição dos nomes dados ao s animais de estimação. Referências Bibliográficas BEVILAQUA, Ciméia Barbato. Chimpanzés em juízo: pessoas, coisa e diferenças. Horizontes Antropológicos. Porto Alegre, ano 17, n. 35, p. 65-102, jan./jun. 2011. DANTAS, Maria Isabel. 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