XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005
Efeitos da reestruturação produtiva no nível de emprego na industria
automobilística no período de 1985 a 1995
Everson Ribas Gomes (CEFET-PR) [email protected]
Professor Drº Luciano Scandelari (CEFET-PR) [email protected]
Professor Drº João Luiz Kovaleski (CEFET-PR) [email protected]
Resumo
Este documento tem por objetivo analisar o nível de emprego no setor automobilístico no período de
1985 a 1995.Este período foi caracterizado pelas varias mudanças nos cenários produtivos, sociais,
políticos e econômico ocorridos no Brasil. Discute-se a reestruturação produtiva como um conjunto
de fatores determinantes para mudanças comportamentais, sem deixar de lado um fenômeno chamado
globalização que também corresponde diretamente por transformações significativas.Aborda-se a
questão do emprego, verificando o quão foi atingido pelas metamorfoses. Verificou-se que ocorreu
um crescimento na produtividade, no faturamento e no investimento, identificou-se também uma
queda significativa no nível de emprego..
Palavras-chave: Globalização; Emprego; Reestruturação Produtiva.
1. Introdução
No setor automobilístico a reestruturação produtiva foi um fenômeno de grande magnitude,
alavancando a produção de automóveis mundialmente, proporcionando vários benefícios para
o setor, fazendo assim, com que o produto fosse mais barato e assim mais competitivo.
Porém, a reestruturação trouxe consigo algumas conseqüências notadas pela indústria que
influenciaria totalmente o cenário posteriormente conhecido, como por exemplo: o
investimento pesado em tecnologia de ponta, o que inevitavelmente implicaria em mudanças
significativas em modos e métodos de produção, trazendo pontos positivos e negativos tanto
da óptica do empregado quanto do empregador.
Focando mais a indústria automobilística no Brasil, indústria essa, que no final de 1995,
correspondia por uma fatia significativa no PIB e também era responsável por uma grande
quantidade de empregos diretos e indiretos.
Alem do mais, ocorreu um enorme salto de produtividade desta indústria ao longo dos últimos
anos, conseqüência de um amplo e conturbado processo de reestruturação, que inclui a
mudança da combinação de produção e que ocorre num contexto marcado por um longo
período de crise e recessão econômicas no mercado interno, associado ao acirramento da
concorrência no mercado internacional e ao lento processo de abandono da política de
substituição de importações. Analisar a dinâmica e as características deste processo no
complexo automotivo brasileiro implica entender por um lado, sua forma particular de
inserção na reestruturação desta indústria a nível internacional e por outro lado, como
ocorrem essas transformações ao longo de sua cadeia produtiva.
2. Marco Teórico
2.1 A Reestruturação Produtiva em face à Globalização
Entre os anos 60 para os 70, toma forma, nos países desenvolvidos, um processo amplo e
variado de mudanças no padrão vigente da produção, caracterizada então pela fabricação em
massa de bens e serviços. Essas transformações acentuam-se nos anos seguintes nesses países,
embora de maneira ainda tímida nos países não desenvolvidos. Começam elas a dar contornos
ENEGEP 2005
ABEPRO
4273
XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005
diferenciados à nova forma do progresso técnico-científico e à acumulação física e financeira
de capitais, caracterizando um estágio mais profundo e intenso de internacionalização da vida
econômica, social, cultural e política.
Em conseqüência, a reestruturação produtiva, enquanto conjunto de transformações técnicas,
econômicas e sociais, que se efetiva no interior do padrão convencional da produção em
massa, influencia e é influenciada pelo processo de globalização, enquanto conjunto de
mecanismos e instrumentos de aprofundamento e generalização do padrão dominante de
produção, distribuição e consumo de bens e serviços.
A globalização "pode ser entendida como um estágio mais avançado do processo histórico de
internacionalização" do capital (Chesnay,1996), caracterizado pela:
Intensificação da mudança tecnológica, Rápida difusão do novo padrão de organização da
produção e da gestão,Emergência mundial de um número significativo de setores
oligopolizados, Intensificação dos investimentos diretos no exterior pelos bancos e
transnacionais dos países desenvolvidos.
A globalização evidencia as formas técnicas, econômicas e sociais pelas quais as nações
hegemônicas se utilizam para ganhar mercados, generalizar e aprofundar as relações de
produção, possibilitando garantir o modo de regulação e o padrão de acumulação que as
distinguem. Assim foram diversas e antigas as instituições e indicações mais ou menos
notáveis de globalização. Desde que o capitalismo desenvolveu-se na Europa, Ianni (1996)
afirmou que apresentaram sempre conotações internacionais, multinacionais, transnacionais e
mundiais, desenvolvidas no interior da acumulação originária, do mercantilismo, do
colonialismo, do imperialismo, da dependência e da interdependência.
A nova forma de produção está ainda em transição, em busca de definição, fruto de uma
competição acirrada pelos mercados cada vez mais segmentados, fazendo com que as
empresas tenham que tornar mais eficiente sua capacidade de produzir e, ao mesmo tempo,
maximizar sua capacidade de inovar, intensificando, em ritmo e volume, a criação de
produtos e processos. Isto as impele a adotar novos métodos de produção e novas formas de
organização de trabalho, onde diferentes atribuições são exigidas dos trabalhadores"
(DELUIZ,1995).
No Brasil, a crise econômica iria se acentuar no início da década de 80, quando a economia se
torna cada vez mais internacionalizada e a sua dinâmica interna cada vez mais limitada pela
exclusão e concentração de renda perdendo o fôlego de crescimento, mergulhando numa
profunda recessão. Nesse período, embora o padrão de acumulação e o modelo econômico
conservador adotado permanecesse o mesmo, já era possível presenciar algumas mutações
organizacionais e tecnológicas no interior do processo produtivo e de serviços.
A partir dos anos 90 as mudanças em processo se intensificam com a implementação de
inúmeros elementos do receituário neoliberal adotado pelos países centrais, e seguidos a risca
pelo Brasil. Os efeitos da crise têm impacto muito forte no conteúdo social e espacial das
aglomerações urbanas, nos processos de produção, reprodução e gestão da força de trabalho.
A queda do emprego formal, a contração dos salários e a precariedade das relações de
trabalho são, entre vários, os problemas que se acentuam nas principais regiões
metropolitanas do país, configurando-se também como uma crise tanto quantitativa quanto
qualitativa do mercado de trabalho nas principais regiões metropolitanas do país.
2.2 Emprego face à Reestruturação da Produção
Acostumadas a apresentarem altas taxas de crescimento da produção e emprego desde sua
ENEGEP 2005
ABEPRO
4274
XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005
instalação nos anos até o final dos anos 70, as montadoras da indústria automobilísticas
experimentaram uma queda da produção na crise econômica dos anos 80. Esta queda resultou
em movimentos ondulatórios no nível de emprego, alem de mudanças outras que atingiram a
estrutura produtiva, e os processos de organização do trabalho (CARLEIAL,1997).
O processo de reestruturação produtiva no Brasil caracteriza-se, segundo Alves(2000), mais
pela adoção de inovações organizacionais do que tecnológicas, sobretudo no setor que dirige
seus produtos aos mercados internacionais. Os impactos daí resultantes no processo de
trabalho (menos monótono, de difícil organização, de maior intensidade e ritmo, sustentado
por novos conteúdos técnicos) e nas relações de trabalho (mais competitivas, de menor coesão
intraclasse e de forte cooperação com a empresa) encontram-se fortemente ancoradas nas
novas formas de organização da produção e de gestão do trabalho difundidas pela mídia e
pelo “sindicalismo de parceria”. As estratégias de comunicação para a reestruturação
produtiva no Brasil estão sustentadas pela caracterização do trabalho como processo de
“precariedade” e “flexibilidade”, com jornadas prolongadas e de fortíssima intensidade, e
marcadas pelos conceitos cada vez mais difundidos de “cooperativas”, “autonomia”,
“qualificação”, “empregabilidade” e “espírito empreendedor”, para que os trabalhadores
possam responder às demandas de um sistema cada vez mais restrito e competitivo.
Há que se especificar, portanto, que qualificação se está referindo, ao se avaliar as novas
formas de produção. Tanto a integração, ao agregar tarefas, funções e postos de trabalho,
quanto à flexibilidade, ao fazer um trabalhador realizar operações em muitos instrumentos,
equipamentos e máquinas, tendem a dificultar a avaliação das alterações sobre a qualificação,
especialmente sobre a multifuncionalidade do trabalhador - a polivalência. Elas, no entanto,
fazem com que o novo trabalhador seja, com certeza, polivalente para a empresa no sentido de
substituir alguns trabalhadores da produção anterior e, em conseqüência, elevar a relação
capital/trabalho e reduzir custos, tornando a empresa eficiente na produção e competitiva no
mercado. É o posto de trabalho que se "qualifica", nesse caso, pela potencialização que
adquire com a nova organização da produção e pela exigência de múltiplas operações e
funções a serem exercidas pelo trabalhador (ALVES, 2000).
É exagerado afirmar diz Zarifian(1996), entretanto, como querem alguns, que o MJPI
"modifica a qualificação do trabalhador, para que ela fique, em essência, na mesma". Um
novo perfil de qualificação, na verdade, tem sido exigido. Chama a atenção apenas que, por
trás das aparências, o novo perfil agrega em si perfis anteriores de qualificações correlatas de
postos conexos de trabalho. Há uma combinação de antigas com novas qualificações, sob uma
roupagem diferenciada, além de uma ênfase nos novos comportamentos e valores nas relações
de trabalho. O novo, portanto, não é inédito, mas diferenciado, recombinado. Há indícios de
que o novo perfil de qualificação não é tão novo assim.
Nos últimos anos, o medíocre desempenho da economia brasileira tem como resposta a
deterioração da qualidade de vida nos principais centros urbanos, trazendo consigo o aumento
da pobreza , da violência e dos conflitos sociais( SABÓIA, 1999).
A partir dos anos 90, conforme citou Alves(2000), com o desenvolvimento do novo complexo
de reestruturação produtiva no Brasil, articula-se, de modo sistêmico, um novo – e mais
potente – tipo de controle da subjetividade operária. Ele possui maior intensidade – e adquire
nova qualidade se o comparamos ao complexo de reestruturação produtiva nos anos 80. Esse
novo controle capitalista da produção social que surge no Brasil, nos anos 90, vinculado à
lógica do toyotismo, passa pelo processo de constituição de novas qualificações operárias, ou
seja, um novo perfil da classe operária.
A própria idéia de “qualificação” passa a ter um novo recorte, segundo Alves (2000) – é
menos considerado “um estoque de conhecimento”, mas, sobretudo competência ou
ENEGEP 2005
ABEPRO
4275
XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005
capacidade de agir, intervir, decidir em situações nem sempre previstas ou previsíveis, o que
exige uma postura operária pró-ativa. Na verdade, é algo adequado à lógica do toyotismo,
vinculada à captura da subjetividade operária pela valorização do capital. Surge não apenas
como procedimento técnico, mas principalmente como poderosa operação ideológica, capaz
de constituir uma nova hegemonia do capital na produção. É o que demonstram os critérios de
seleção profissional adotados pelas empresas no Brasil sob o novo complexo de
reestruturação produtiva.
2.3 Reestruturação Produtiva
A expansão capitalista mundial experimentou, após a 2º Grande Guerra, forte impulso levado
a termo por três fatores predominantes, originários da hegemonia dos Estados Unidos: o seu
poderio militar, a sua influência “diplomática” sobre os demais países e o seu crescente
desenvolvimento econômico nos negócios mundiais por meio de operacionais financeiras ou
investimentos diretos em multinacionais.
A verdadeira identidade da nova forma de produção, que se utiliza à integração e
flexibilidade, no entanto, permanece por ser melhor definida mesmo no país de origem, o
Japão, quanto mais nas exportações aos demais países de variantes do modelo original ,
segundo Peliano(1993). No caso do Brasil têm sido distintas suas conseqüências pelos
segmentos industriais - setor dinâmico (metal-mecânico, petroquímica, informática,
microeletrônica, telecomunicações, etc.); setor tradicional (construção civil, têxtil,
confecções, etc.) e setor informal (cooperativas de serviços, artesanato, etc.). Quando se
pretende conceituar modernização industrial, é preciso qualificá-la de maneira rigorosa, bem
como os setores aos quais ela se refere. Globalização não significa homogeneização, mesmo
que setorialmente tendências comuns sejam observadas, tais como as vantagens competitivas
expressadas pelos conceitos de inovação, qualidade, flexibilidade e preço.
A partir dos anos 90, como mostra Rummert (2000), o novo complexo de reestruturação
produtiva no Brasil apresentou novas possibilidades objetivas para a constituição de uma
hegemonia do capital na produção. O padrão de acumulação flexível articula um conjunto de
elementos de continuidade e de descontinuidade que acabam por conformar algo
relativamente distinto do padrão taylorista/fordista de acumulação. Ele se fundamenta num
padrão produtivo organizacional e tecnologicamente avançado, resultado da introdução de
técnicas de gestão da força de trabalho próprias da fase informacional, bem como da
introdução ampliada dos computadores no processo produtivo e de serviços. Desenvolve-se
em uma estrutura produtiva mais flexível, recorrendo freqüentemente à desconcentração
produtiva, às empresas terceirizadas etc. Utiliza-se novas técnicas de gestão da força de
trabalho, do trabalho em equipe, das “células de produção”, dos “times de trabalho”, dos
grupos “semi-autônomos”, além de requerer, ao menos no plano discursivo, o “envolvimento
participativo” dos trabalhadores, em verdade uma participação manipuladora e que preserva,
na essência, as condições do trabalho alienado e estranhado. O “trabalho polivalente”,
“multinacional”, “qualificado”, combinado com uma estrutura mais horizontalizada e
integrada entre diversas empresas, inclusive nas empresas terceirizadas, tem como finalidade
o disciplinar a força de trabalho, para implantar formas de capital e de trabalho intensivo.
Se no apogeu do taylorismo /fordismo, segundo Hirata(1996), a eficácia de uma empresa
mensurava-se pelo número de operários que nela exerciam sua atividade de trabalho, pode-se
dizer que na era da acumulação flexível e da “empresa enxuta” merecem destaque, e são
citadas como exemplos a ser seguidos, aquelas empresas que dispõem de menor contingente
de força de trabalho e que apesar disso têm maiores índices de produtividade com menores
custos. Combinam-se processos de downsizing das empresas, um enorme enxugamento e
aumento das formas de superexploração da força de trabalho. A flexibilização, a
ENEGEP 2005
ABEPRO
4276
XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005
desregulamentação e as novas formas de gestão produtiva estão presentes em grande
intensidade, indicando que o fordismo, ainda dominante, também vem se mesclando com
novos processos produtivos, com as formas de acumulação flexível e vários elementos
oriundos do chamado toyotismo, do modelo japonês, que configuram as tendências do
capitalismo contemporâneo.
3. Analise
Os dados da tabela 01 apontam para um enorme salto de produtividade desta indústria ao
longo dos últimos anos, conseqüência de um amplo e conturbado processo de reestruturação,
que inclui a mudança do mix de produção e que ocorre num contexto marcado por um longo
período de crise e recessão econômicas no mercado interno, associado ao acirramento da
concorrência no mercado internacional e ao lento processo de abandono da política de
substituição de importações. Analisar a dinâmica e as características deste processo no
complexo automotivo brasileiro implica entender por um lado, sua forma particular de
inserção na reestruturação desta indústria a nível internacional e por outro, como ocorrem
essas transformações ao longo de sua cadeia produtiva.
Outro fato evidente e queda drástica nos posto de trabalho ofertados pelo setor
automobilístico e setor de autopeças, mesmo tendo uma queda de 21,90 % no numero de
empregados do setor automobilístico, o setor apresentou um crescimento no faturamento de
56,30 %, da mesma maneira aconteceu no setor de autopeças, que teve uma queda de 23,20%,
teve um crescimento fantástico no faturamento da ordem de 211,30%.
Emprego Ofertados Emprego Ofertados
Faturamento Montadoras
Montadoras
Autopeças
100,00
100,00
1985
100,00
1986
96,60
104,70
99,70
1987
84,80
100,70
107,10
1988
84,50
103,40
113,70
1989
88,50
111,10
112,10
1990
87,80
102,30
83,60
1991
81,80
91,70
85,90
1992
79,00
82,90
106,80
1993
79,80
84,60
123,70
1994
80,10
84,90
150,30
1995
78,10
76,80
156,30
Fonte: Anfavea e Sindipeças, elaboração Gitahy e Bresciani Adaptação Própria
Ano
Faturamento
Autopeças
100,00
124,50
156,60
198,10
292,40
230,10
184,90
190,50
249,00
269,80
311,30
Tabela 01: Evolução da produção, emprego e faturamento na indústria automotiva Período de 1985 a 1995
Necessita-se também enfatizar o crescimento nas importações, e isso se deu depois que o
governo Collor proporcionou uma abertura acentuada no nosso mercado, incluindo o mercado
automobilístico, isso proporcionou uma entrada de carros e indústrias internacionais, o que
causou duas correntes de fatos, uma é que notoriamente com a concorrência externa os carros
brasileiros tiveram que aumentar sua qualidade à base de investimentos maciços trazendo com
eles o aumento da qualidade dos carros; outra corrente diz que com a abertura empresas
brasileiras não conseguiram acompanhar o mercado e sucumbiram ao capital, sem nenhuma
proteção do governo.Em contra partida ao aumento da produtividade do setor, está a
diminuição dos posto de trabalho, ligada basicamente a reestrutura da produção que com o
surgimento e fortalecimento do uso da robótica, tirou muitos postos de trabalho, outro ponto a
ser mencionado, e a reestruturação nas plantas das fábricas já contemplando um numero
reduzido de trabalhadores, um projeto mais enxuto.
ENEGEP 2005
ABEPRO
4277
XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005
Apesar da redução dos postos de trabalhos, ainda sim aconteceu um aumento na
produtividade, pois as máquinas produzem muito mais rápido que os seres humanos e com
uma qualidade muito maior. Um dado que confirma isso seria o aumento significativo de
veículos por empregado que cresceu 84,81%, no período de 1985 a 1995.
Ano
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
Emprego 1000
(31 dez)
122,217
129,232
113,474
12,985
118,369
117,396
109,428
105,664
106,738
107,134
104,614
Produção
(1,000 unidades)
966,708
1.056,332
920,071
1.068,756
1.013,252
914,466
960,044
1.073,861
1.391,376
1.581,389
1.629,008
Veículos por Empregado
7,9
8,2
8,1
9,5
8,6
7,8
8,8
10,2
13,0
14,8
15,6
Fonte : Anfavea e Sindipeças, elaboração Gitahy e Bresciani Adaptação Própria
Tabela 02 : Evolução do Número de empregos na Indústria Automobilística
Não foi somente no setor de autoveículos que ocorreu a reestruturação produtiva, no setor de
máquinas agrícolas isso também ocorreu, como demonstra a tabela 03, se for analisado
somente a produção por emprego do setor de máquinas agrícolas ocorreu um leve crescimento
tomando por base o ano 1985 e confrontando com 1995, um crescimento de 9,36 %, mais se
for analisada a produção do mesmo período será contatada uma queda de 48,92%, o que fez
com que o emprego além da queda natural pela reestruturação também cair pela diminuição
da produção, o nível de emprego caiu em 53,29%.
Ano
1985
1986
Autoveículos
Produção
Emprego
(A)
(B)
966.708
1.056.332
122.217
129.232
A/B
Máquinas Agrícolas
Produção Emprego
C/D
(C)
(D)
7,91
55.403
8,17
67.843
23.548
28.436
Produção
(E)=(A+C)
Total Geral
Emprego
(F)=(B+D)
A/B
2,35
1.022.111
145.765
7,01
2,39
1.124.175
157.668
7,13
1987
920.071
113.474
8,11
61.475
27.934
2,20
981.546
141.408
6,94
1988
1.068.756
112.985
9,46
50.231
25.661
1,96
1.118.987
138.646
8,07
1989
1.013.252
118.369
8,56
42.595
25.242
1,69
1.055.847
143.611
7,35
1990
914.671
117.396
7,79
33.114
20.978
1,58
947.785
138.374
6,85
1991
960.044
109.428
8,77
22.200
15.431
1,44
982.244
124.859
7,87
1992
1.073.761
105.664
10,16
22.084
13.628
1,62
1.095.845
119.292
9,19
1993
1.391.435
106.738
13,04
32.177
13.897
2,32
1.423.612
120.635
11,80
1994
1.581.389
107.134
14,76
51.333
15.019
3,42
1.632.722
122.153
13,37
15,74
28.300
2,57
1.663.900
114.900
14,48
1995
1.635.600
103.900
11.000
Fonte . Anfavea , Elaboração Carleial, Adaptação Própria
Tabela 03 : Produção, emprego e produtividade física da força de trabalho na indústria automobilística.
Mais o que mais chama a atenção, é que apesar de um crescimento na produção de
autoveiculo de 69,19% ocorreu uma queda no nível de emprego da ordem de 14,99 %, neste
caso sim, puxado basicamente pela reestruturação produtiva.
ENEGEP 2005
ABEPRO
4278
XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005
Com o crescimento do uso das máquinas no processo de produção, houve um crescimento na
fatia que as empresas deveriam destinar à investimentos em chão de fábrica, pois , os
equipamentos especialmente da indústria automobilística são extremamente caros e
demandam uma mão-de-obra qualificada, por conseqüência mais cara, mais o crescimento em
seu faturamento compensa o investimento extra que foi observado na tabela 06. O mercado
mostrou-se favorável às mudanças, e essa aceitação se manifestou no faturamento líquido do
setor que cresceu 50,33% no período analisado, demonstrado na tabela 04.
Investimentos
Ano
Investimentos como %
do faturamento
(US$ milhões)
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
477,9
525,8
579,7
572,4
601,5
789,8
880,1
908,2
885,7
1195,0
1693,8
2,9
3,3
3,4
3,0
3,4
6,0
6,5
5,4
4,6
5,0
6,9
Faturamento
Vendas por
Líquido (US$
trabalhador
bilhões)
US$ 1000
16,282
15,608
16,777
18,941
17,562
13,096
13,462
16,718
19,369
23,542
24,476
133,22
120,77
147,84
167,64
148,36
111,55
123,02
158,21
181,46
219,74
233,96
Fonte: Anfavea e Sindipeças, elaboração Gitahy e Bresciani Adaptação Própria.
Tabela 04 : Evolução do faturamento e investimento do setor automobilístico no período de 1985 a 1995
4 CONCLUSÃO
Como pode ser visto, ao longo do período de estudo ocorreram fatos relevantes para a análise
do nível de emprego do setor automobilístico, fatores esse que foram inevitáveis e inerentes à
evolução industrial mundial.Destaca-se a globalização, um movimento antigo, porém que veio
à tona mais fortemente justamente no período estudado, um movimento que pregava a
mundialização da produção/capital, que seria muito fácil e ágil a transição de
capital/conhecimento através do fortalecimento da informática como meio de processamento
de dados e também de transmissão de dados.
O fortalecimento da informática trouxe junto novas técnicas, que germinaram a engenharia
com a tecnologia de informações, e o grande marco foi sem dúvida o micro chip, que tornou
um sonho em realidade, sonho do homem em criar máquinas perfeitas que poderiam produzir
melhor e mais rápido.
A busca dos países industrializados por novos espaços de produção e novos mercados,
basicamente países subdesenvolvidos como o Brasil e países do continente Asiáticos, então
ocorreu uma transferência dos locais de produção, influenciadas pelo excesso de mão-de-obra
nestes locais, com isso poderiam pagar baixos salários.
Outra mudança observada foi a substituição do modelo de produção em série (Fordismo) pelo
modelo de produção em células de produção (Modelo Japonês de Produção ).
O fortalecimento do modelo japonês de produção além de uma transformação tecnológica
ocorreu também uma transformação na maneira de gerir os recursos produtivos, técnicas
revolucionárias de organização foram implementadas e surtiram efeito desejado.
Enfim o inevitável ocorreu, máquinas substituíram homens, o que significou postos de
trabalhos fechados, um crescimento violento no desemprego; porém existem duas linhas de
ENEGEP 2005
ABEPRO
4279
XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005
raciocínio no que diz respeito a essa substituição tecnológica dos homens por máquinas, uma
linha diz que é necessário se qualificar para se manter vivo na evolução tecnológica latente,
outra defende que sem dúvida a tecnologia trará consigo o desemprego tecnológico, pois
apesar de se qualificar, não existirão vagas suficientes para todos.
Uma comprovação que a tecnologia chegou para ficar no setor automobilístico é o
investimento feito pelo mesmo, ocorreu uma demanda muito grande por tecnologia e
qualificação, que custam muito dinheiro, o crescimento foi perceptível e mensurável, no
período analisado o aumento do investimento foi de 254,43% , um crescimento bastante
considerável, e esse crescimento foi causado porque o Brasil necessita importar tecnologia,
haja vista que não há um investimento em pesquisa no país.
O investimento auto foi devidamente recompensado, pois ocorreu um salto no faturamento do
setor, o crescimento apresentado foi de 50,34 %, forçado pela elevação do padrão de
qualidade apresentado pela indústria brasileira, elevação essa que foi forçada principalmente
pela abertura de mercado ministrada pelo governo Collor, que teve duas faces da abertura,
uma abriu o mercado brasileiro a concorrência internacional, forçando assim a uma melhoria
continua no padrão de qualidade e uma diminuição nos custos de produção visando baixar o
preço final ao consumidor, a outra foi o abertura do mercado brasileiro ao ataque de
multinacionais vorazes em busca de uma mercado promissor que é o Brasil.
No período foi constatado um aumento significativo na produção do setor automobilístico,
chegando ao patamar de 68,21% de crescimento no período analisado, acompanhado de um
crescimento na produtividade de 97,47 %.
Tudo estaria perfeito, a não ser pelo fato de que a reestruturação produtiva trouxe junto um
enorme nível de desemprego, o cenário parecia perfeito para todos, porem ocorreu uma queda
de 14,40 % no nível de emprego do setor, isso significou 17.603 trabalhadores sem emprego,
pela média brasileira do numero de pessoas por família, o impacto social chega a 52.809
pessoas que tiveram sua renda comprometida.
REFERÊNCIAS
ADDIS, Caren (1990), "Auto Parts, Made in Brasil", Projeto Desenvolvimento Tecnológico da Indústria e a
Constituição de um Sistema Nacional de Inovação no Brasil, IE/UNICAMP, Campinas.
ALVES, Giovanni. O Novo (e Precário) Mundo do Trabalho; reestruturação produtiva e crise do
sindicalismo. São Paulo: Boitempo, 2000.
ANFAVEA(1996)Anuário Estatístico Indústria Automotiva Brasileira, São Paulo
CARLEIAL , L; VALLE, R . (1997) Reestruturação Produtiva e Mercado de Trabalho no Brasil, São Paulo,
Hucitec-Abet.
CHESNAY, François. A Mundialização do Capital. São Paulo, Ed. Xamã, 1996
DELUIZ, Neise.Formação do Trabalhador:Produtividade&Cidadania.Rio de Janeiro,Ed. Shape,1994.
GITAHY, Leda. (1992) "Na direção de um novo paradigma de organização industrial?", trabalho
apresentado no XVI Encontro Anual da ANPOCS, outubro, Caxambu.
HIRATA, Helena. "Fordismo e Modelo Japonês". Padrões Tecnológicos, Trabalho e Dinâmica Espacial.
Fortes, José e Soares, Rosa, orgs. Brasília, Ed. da UNB, 1996.
IANNI, Octavio. Teorias da Globalização.3ª edição. Rio de Janeiro, Ed. Civilização Brasileira, 1996.
PELIANO, José Carlos Pereira e outros. Automação e Trabalho na Indústria Automobilística. Brasília, Ed.
da UNB, 1989.
RUMMERT, Sonia Maria. Educação e Identidade dos Trabalhadores; as concepçõesdo capital e do
trabalho. São Paulo: Xamã; Niterói, RJ: Intertexto, 2000.
SABÓIA, J. Desconcentração Industrial no Brasil nos anos 90. In: Boletim de Conjuntura. Rio de
Janeiro:IE/UFRJ, 1999, vol.1, n.4.
ZARIFIAN, Philippe. "Produtividade e Novo Modelo de Organização". Padrões Tecnológicos, Trabalho e
Dinâmica Espacial. Fortes, José e Soares, Rosa, orgs. Brasília, Ed. da UNB, 1996.
ENEGEP 2005
ABEPRO
4280
Download

Efeitos da reestruturação produtiva no nível de emprego