Horda
Horda reúne trabalhos de Gustavo Maia e João Maciel, que explicitam cada
um à sua maneira, os percursos e percalços que formam as imagens
imanentes ao corpo e escopo de suas obras.
De onde o artista extrai seu “vocabulário”? Em seu cerne, uma horda de
palavras, verbetes e expressões colidem entropicamente no mesmo espaço
intangível em que eclodem, tomam forma e se agigantam ou esmaecem,
num oceano aparentemente infinito de possibilidades. De tempos em
tempos, emerge uma luz salvífica, sinalizando sentidos que encorpam e
direcionam as idéias tornando impossível retê-las. O trabalho resultante é
fruto do esforço de minimizar as proporções, conforme Duchamp, "entre o
que permanece inexpresso embora intencionado, e o que é expresso não
intencionalmente".
Da raiz desse embate, onde atuam concepções subjetivas fundamentais
sobre a vida e a arte, emerge um atestado sobre as prioridades e interesses
do artista, suas referências, além de inseparáveis ressonâncias das épocas
e lugares em que viveu.
Nesses tempos, em que todas as imagens parecem já estarem feitas, e toda
a informação do mundo está ao alcance de nossas mãos, o artista, além
de "antena da raça", como propunha Ezra Pound, torna-se também uma
espécie de "filtro". Pois, em seu ofício, cabe-lhe agora buscar uma ação
mais subtrativa do que aditiva. Assim, por eliminação, seleciona sua matéria
de trabalho e condensa a obra em linguagem polissêmica, capaz de
acolher significados inesgotáveis.
Texto de Gustavo Maia e João Maciel
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