14/12/2015 Iagente Mail V3 Nº 216 14 de dezembro de 2015 Universidade do Futuro O Rio Grande do Sul vive hoje um paradoxo na pesquisa, diz presidente da Fapergs O presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS), Abílio Baêta Neves, falou no dia 10/12/2015 sobre “O Futuro da Ciência, da Tecnologia e da Inovação no Rio Grande do Sul”, durante palestra no Instituto LatinoAmericano de Estudos Avançados (ILEA/UFRGS). O evento fechou a edição 2015 do Ciclo de Debates “A Universidade do Futuro”, realizado em parceria com a ADUFRGSSindical. Compuseram a mesa de abertura, além do palestrante, o diretor do ILEA, José Vicente Tavares dos Santos e o 1º secretário da ADUFRGSSindical, Ricardo Savaris. Para Abílio Baêta Neves, o Rio Grande do Sul vive hoje um paradoxo na pesquisa, porque “consegue ser, ao mesmo tempo, um dos Estados líderes em pesquisa científica e tecnológica e ter o pior orçamento para pesquisa” O presidente da Fapergs dividiu a palestra em três tópicos: os desafios, a Fapergs e o paradoxo rio grandense. Ele citou a democracia do acesso ao ensino como um desafio, mas ressaltou que a inovação, que utiliza a pesquisa básica, é fundamental para a sua sustentabilidade. Baêta Neves apontou que houve uma elevação quantitativa da produção científica nacional e do Rio Grande do Sul, mas essa não foi acompanhada por uma produção relevante. Segundo ele, o Brasil é o 13º no ranking em números de trabalhos publicados e o 27º em pesquisas de impacto. Essa relevância necessita ter um impacto na sociedade e ser reconhecida pela indústria e setores políticos. O diretorpresidente da Fapergs questionou se a academia tinha que ser a única instituição a exercer a democracia, a excelência e a inovação em pesquisa. A “inovação” tornouse a palavra da moda, assim como a internacionalização nas Universidades, que hoje tem uma expressão tímida no Rio Grande do Sul, muito voltada para cumprir os critérios da Capes. Baêta Neves comentou o baixo número de professores de outras nações nas nossas Universidades; na Suécia e http://www.iagentemail.com.br/v3/index.php?a=Ylc5a2RXeHZKVE5FYldWdWMyRm5aVzV6SlRJMmNHRm5hVzVoSlRORWJXVnVjMkZuWlc1elgyU… 1/2 14/12/2015 Iagente Mail V3 em outros países é comum haver um expressivo número de professores oriundos de outras nações, assim como alunos, o que consolida ainda mais a internacionalização. Ao avaliar os últimos anos, o presidente da Fapergs disse que houve muito avanço em relação à construção de um ambiente universitário de excelência, “mas faltou o elã para seguir adiante e ficamos no meio do caminho”, lamentou. Ele observou que o Brasil fez a opção de construir uma rede de instituições de excelência e instituiu uma espécie de “assistência social acadêmica”, com a socialização dos benefícios, onde as pósgraduações nota 6 e 7 se associam com outras, com menor nota, como parte para manter a sua pontuação de excelência pela Capes. Para Baêta Neves, a construção de caminhos que levem realmente a patamares superiores vai requerer decisões sobre algumas práticas, algumas orientações básicas sobre a política corrente tanto no âmbito das instituições, quanto no âmbito dos governos, de tal modo que os objetivos possam ser revistos, assim como os instrumentos utilizados para realizar esses objetivos. O professor defendeu um sistema diferenciado, capaz de dar respostas a desafios diferentes, e integrado, permitindo uma articulação entre a formação e crescimento de recursos humanos e a realização da pesquisa de ponta. Sobre as agências regionais de pesquisa, Abílio Baêta Neves lamentou que a Fapergs receba tão pouco ou quase nada de investimento do governo do Estado do Rio Grande do Sul. O professor e pesquisador observa que em outros Estados, como Ceará e Amazonas, onde a pesquisa tem pouca expressão, comparado com o Rio Grande do Sul, há muito mais investimento por parte desses governos. “Mesmo com a crise que o Brasil passa, a Fapesp, após cortes, tem um orçamento de R$ 1,3 bilhões; o governador do Rio de Janeiro, mesmo parcelando salários dos servidores, consegue um orçamento de R$ 200 milhões para a Faperj", disse. Para o presidente da Fapergs não adianta pressionar o Legislativo, se o Executivo não cumpre a lei, justamente porque “no Rio Grande do Sul, há a convicção de que pesquisa é gasto, não é investimento”. Precisamos refletir sobre esse paradoxo riograndense. “É preciso encontrar respostas, para descobrir caminhos”, propõe. Enquanto isso, a prioridade atual da Fapergs é tentar sobreviver. Após a explanação, Baêta Neves respondeu a vários questionamentos do público presente. Foilhe questionado se a Fapergs, assim como a Fapesp, tinha indicadores que associavam o grau de investimento em Ciência e Tecnologia e a geração de riqueza; a Fapergs não tem tais indicadores; outros solicitaram que a Fapergs, já que não tem verbas, investisse em processos de desburocratização. O professor Baêta concordou com essas observações e afirmou que ele mesmo não entraria em editais da Fapergs, pois teria vários problemas na hora da prestações de contas. “A possibilidade de rever esses processos de desburocratização está no horizonte”, apontou. Palavraschaves: Universidade do Futuro. Fapergs. Pesquisa e Inovação. Visite nossa página! www.adufrgs.org.br Curta nossa página! Facebook.com/adufrgssindical http://www.iagentemail.com.br/v3/index.php?a=Ylc5a2RXeHZKVE5FYldWdWMyRm5aVzV6SlRJMmNHRm5hVzVoSlRORWJXVnVjMkZuWlc1elgyU… 2/2