FUNDADO EM 25 DE NOVEMBRO DE 1912 | VIAMÃO | RS A N O 1 0 0 | N Ú M E R O 5 . 1 6 4 | 3 0 de novembro de 2 0 1 2 | r $ 2 , 0 0 25 de novembro de 1912 Alcebíades Azeredo dos Santos inicia a história que hoje completa 100 anos 3 0 novembro 2 0 1 2 Editorial 100 anos de olho no futuro Em todos os momentos, o jornal exerce o papel de vigilante da sociedade sendo prestador de serviços diferenciados para as comunidades Esta edição, de nº 5.164, marca os 100 anos do COR- Em março deste ano de 2012, após 100 anos de cir- ao público com uma análise criteriosa a fim de garan- REIO RURAL. Pode-se dizer que Alcebíades Azeredo culação semanal, que começou com composição ti- tir idoneidade e credibilidade. dos Santos, ao fazer circular o primeiro número do CR pográfica e assim se manteve até a era do offset, a a 25 de novembro de 1912, estava abrindo o caminho renovada direção do CR decidiu que era o momento da imprensa em Viamão. O CR se manteve circulando de avançar, modificar e seguir outros caminhos dentro ininterruptamente ao longo de 100 anos e neste perío- daquilo que a nova tecnologia da informação exige. De do viu florescer dezenas de outros veículos de comuni- tal sorte que foi criado o site www.correiorural.com.br cação social, muitos de vida efêmera. Restam alguns com informações instantâneas - o CR diário; a edição bravos que, juntos com o CR, formam o canteiro da semanal continuou dando os destaques da comunida- imprensa viamonense, plantado em 1912. de com o CR Semana e o Correio Rural passou a ter Neste momento em que estamos comemorando o cen- edição mensal, como se uma revista fosse, totalmente tenário do nosso jornal, cabe-nos o dever de enaltecer a cores, atendendo à leitura diversificada. Isso deu ao o desenvolvimento dos meios de comunicação social nosso jornal mais vitalidade e sacramentou, aumen- em nossa comunidade, notadamente o empenho da im- tando de vez aquilo que já possuíamos, a qualidade. prensa escrita e, por isso, falamos no plural. Mesmo É preciso haver um casamento do jornalismo com a porque, temos a consciência, as empresas jornalísticas inovação capaz de gerar impacto pela percepção dos devem ser prestadoras de serviços para as comunida- valores neles envolvidos. Um desses valores é a certifi- luto na concorrência com o mundo digital. des, levando soluções reais para os seus problemas e cação da realidade com a capacidade criativa de gerar Por isso, procuramos optar por mudanças que estamos nós, aqui em Viamão, não fugimos a esta regra. Em informação de valor e com credibilidade. aplicando pouco a pouco e continuaremos a fazer. Po- todos os momentos, o jornal exerce o papel de vigilante A busca de qualidade e capacidade crítica são metas rém, a todo custo, manteremos o precioso produto que da sociedade sendo prestador de serviços diferencia- essenciais para o futuro. Num mundo como o de hoje, os jornal não pode prescindir e que ainda é o mesmo dos para as comunidades. Cabe a ele dar soluções reais em que há uma quantidade enorme de informações apesar do passar do século: a informação de qualida- para melhorar a vida das pessoas, quer no aspecto labo- a cada segundo, cabe aos jornais o papel de depurar de, produzida com independência, que tenha credibi- ral, na ludicidade e no desenvolvimento cultural. esta quantidade gigantesca de informações e levá-las lidade e seja editada com profissionalismo. As inovações tecnológicas trazidas pela internet e as mídias digitais estão revolucionando, por completo, o jornalismo e o mercado de comunicação. Necessário se tornou, então, ir ao encontro dos novos modelos de negócios que possibilitem continuarmos a produzir informação de qualidade e de credibilidade. Estas, bens preciosos da democracia. Falamos em novos modelos de negócios e não num único modelo, porque o futuro já se faz vislumbrar com caminhos paralelos e simultâneos, ferramentas para a sustentabilidade da nossa atividade. Sabe-se que o modelo básico, conhecido, consagrado, do jornal impresso, dificilmente manter-se-á sólido e abso- MOACIR SANTOS FOI POR ALGUNS ANOS O DONO DA PÁGINA 3 DO CORREIO RURAL. TROUXE AOS LEITORES VIAMONENSES TODA SUA CULTURA, HUMOR, CURIOSIDADE E SAGACIDADE. ESTe recorte DE 1985 FOI ESCOLHIDA PELO PRÓPRIO MOACIR PARA ILUSTRAR ESSA EDIÇÃO DOS 100 ANOS. 2 A Fundação Vera Chaves Barcellos convida Julio Plaza, Construções Poéticas No dia 08/Dez, das 14h às 17h30m, a instituição estará aberta ao público e oferece uma visita com mediação especial programada para às 15 horas. A exposição se encerra no dia 14/Dez e a instituição entrará em recesso de atividades até março de 2013. Entrada franca FVCB/Sala dos Pomares: Av.Sen.Salgado Filho, 8450 | Parada 54 Fone: 3228-1448| www.fvcb.com 3 3 0 novembro 2 0 1 2 4 Desde novembro de 2011 estamos publicando, periodicamente, o suplemento intitulado “100 Anos em 1”, ficando registrado para a posteridade um pedaço da história de Viamão, através de reprodução gráfica escaneada, fotos e textos das notícias veiculadas nas diversas edições do CORREIO RURAL ao longo de um século. Neste lapso de tempo – que não é pouco – diversos colaboradores ajudaram a dar vida ao CR, principalmente no que se refere à elaboração de crônicas, artigos, contos e poesias. Alguns destes já estão na saudade, pois a voragem do tempo os levou para a vida eterna. Mas muitos daqueles mais jovens, que caminharam com o jornal em boa parte do século XX e os que ainda colaboram neste século XXI, foram procurados para manifestarem-se a respeito do centenário do CR. Nas páginas seguintes, leiam o que escreveram. Falam de suas vidas em Viamão, narram parte daquilo que vivenciaram nas páginas do jornal, contam um pouco da história da cidade e deixam grafadas linhas por onde deixam escapar um fio de saudade e enaltecem a tenacidade deste jornal que é o marco inicial da imprensa viamonense. O fundador Alcebíades Azeredo dos Santos Alcebíades Azeredo dos Santos nasceu em Lombas, então 3º Distrito do município de Viamão, no dia 11 de agosto de 1883, sendo filho dos viamonenses Frankilin Flores dos Santos e Theresa Fontunata dos Santos. Após frequentar, naquele recanto, umas aulas públicas regidas pelo professor Meireles Goulart Bitencourt, foi para a capital do Estado como caixeiro de um armazém situado na rua Benjamim Constant, de propriedade de um português. Em Porto Alegre foi entregador do Correio do Povo, dirigido pelo seu fundador Caldas Júnior. Trabalhava de dia e à noite estudava, muitas vezes debaixo dos lampiões que faziam a iluminação da cidade naquela época. Logo após, começou a colaborar na imprensa participando no jornal que se editava na época, “O Exemplo”. Naquele órgão escreveu vários artigos doutrinários e até mesmo poesias de sua autoria. Foi contemporâneo e amigo do príncipe dos poetas rio-grandenses Zeferino Brasil. A Associação Cristã de Moços, até hoje existente, teve como aluno Alcebíades Azeredo dos Santos, que ali realizou seus estudos com muito brilhantismo. Sem emprego, uma modesta roupinha de zefir, muitas vezes até com fome, eis que um dia a alma bondosa do saudoso Rev. Américo Vespúcio Cabral estendeu-lhe a mão protetora, colocando-o como servente do Arsenal da Guerra. Azeredo, ali observado pelos chefes, vem a conseguir a promoção de servente de “casaca”, isto é, vai para o serviço burocrático. Volta a Viamão, sua terra natal, e começa aí sua brilhante carreira pública. Tesoureiro e secretário por várias vezes da Prefeitura, escrivão do Cível e Crime, e como Vereador exerceu a presidência da Câmara. Em 1904, perante o Supremo Tribunal do Estado, presta concurso para exercer a advocacia e recebe ali a sua profissão. Em 1905 é agraciado como 1º Tenente da Guarda Nacional e mais tarde funda em Viamão o Tiro de Guerra 316. Como advogado, militou nas jurisdições de Viamão, Porto Alegre e Gravataí ao lado de ilustres eméritos juristas como Rafael Tibureiro de Azevedo, Hipólito Ribeiro, Plínio Casado, Pereira da Cunha, Getulio Vargas, Álvaro Sérgio Mazera, Clotario Soares Pinto, Maurício Cardoso e outros tantos advogados da época. Em 1912, funda o jornal “O Viamonense”, hoje o “Correio Rural”, título que deu a seu jornal por estar circulando, também, em Gravataí. Aí inicia sua verdadeira profissão de jornalista. Com habilidade e inteligência era astuto político de gabinete. No seu escritório ele idealizava, planejava e realizava sempre com êxito e habilidade. Militou sempre no Partido Republicano Riograndense que teve como chefe supremo o Dr. Antônio Augusto Borges de Medeiros, dirigido pelo patriarca Júlio de Castilhos. Extinto o Partido Republicano, militou no Partido Republicano Liberal que tinha como chefe o General Flores da Cunha. Na vida política, Azeredo foi um dos fundadores do Partido Social Democrático, hoje também extinto (O novo PSD existente é de recente fundação). Como cristão, adotou ele a Igreja Episcopal Brasileira da qual foi um benemérito e esforçado paroquiano, trabalhando intensamente no desenvolvimento da Igreja da Graça, nesta cidade. Maçom convicto, exerceu durante mais de meio século diversas funções dentro desta entidade filosófica, tendo sido Venerável por várias vezes na histórica Loja Maçônica Conciliação de Viamão. Possuía o mais alto grau da Maçonaria, o grau 33, correspondente ao título de Grande Comendador da Ordem Maçônica. Orador vibrante e eloquente, extasiava a todos que lhe ouviam, tanto na tribuna popular, como Maçônica, judiciária, etc. Em 1929, Osvaldo Aranha o convida para exercer o cargo de Fiscal de Vendas. Exerceu, Azeredo, esta função nos municípios de Viamão, Gravataí e Vacaria a contento geral, tendo se aposentado nesta função no ano de 1939. Eis em rápidos detalhes a vida deste ilustre vulto de nossa terra que faleceu em Viamão a 07 de dezembro de 1965, aos 82 anos. O ALCEBÍADES ADVOGADO Recebemos de um colaborador do Correio Rural um raro registro das atividades de Alcebíades Azeredo dos Santos na advocacia. Datado de 22 de junho de 1953, o documento registra o recebimento de Cr$ 1.400,00 (mil e quatrocentos cruzeiros) provenientes das despesas com o inventário de Julia Maria Godoi de Fraga. A curiosidade fica por conta da nota de um cruzeiro grampeada no recibo, que seria o troco dado por Alcebíades, provavelmente dos selos que autenticam o recibo. 5 3 0 novembro 2 0 1 2 6 Olhar para frente Por Dirk Hesseling U ma das escolas onde aprendi a olhar para frente é o “Correio Rural”. Foi na época em que comecei a me aventurar como colunista. Quem diria que eu, com o meu passado até os 22 anos na Holanda e uma história de quatro anos em Juiz de Fora e 12 anos de padre católico no Nordeste, ainda aprenderia a escrever em jornal? Nunca teria tido a coragem de persistir nas minhas rascunhadas - sem pretensões literárias - se não tivesse recebido o estímulo de Milton Santos. Foi no tempo em que eu recém estava começando a conhecer a cidade de Viamão. Depois do CR escrevia uma coluna com o nome de “Camoatins” no semanário “Quarta Feira”, de Vitor Ortiz e Goulart, e continuei com as minhas ferroadinhas sem ódio em vários jornais. O “Correio Rural” está completando 100 anos. Por este motivo estou fazendo a minha saudação especial. Como todos os bons viamonenses - há uns 12 anos recebi o título de Viamonense Honorário - parabenizo o CR por seus 100 anos de circulação. Compartilho de coração todas as manifestações que homenageiam este semanário por seu trabalho jornalístico. As pesquisas de um século de jornalismo em Viamão ficam por conta dos historiadores. Elas são imprescindíveis para que se possa fazer hoje um “diagnóstico” perfeito das batidas do coração da cidade. Confesso que o nosso “Correio Rural” também é responsável por eu ser hoje um colunista crítico em relação a uma realidade cada vez mais confusa. Não pensem os leitores e as leitoras que só me refiro ao número grande de partidos políticos ou às inúmeras igrejas que estão sendo construídas em todo este enorme território viamonense - três vezes maior que o de Porto Alegre -, o meu recado não é dado nessas rivalidades sem amor. Eu quero aproveitar o espaço oferecido gentilmente para dizer em alto e bom tom que “Viamão tem um grande futuro!”. Naturalmente, sob algumas condições. A principal é somar as nossas diferenças, sem deletar o que é essencial em cada posicionamento. Outra, é olhar para frente e não para trás. Remexer demais em histórias de conflitos aumenta as fissuras e rachaduras, as lacunas e os solavancos. O grande futuro depende naturalmente da criatividade dos viamonenses.... de todas as cores e tamanhos Viamão precisa de lideranças comunitárias fortes sem autoritarismos e sem doutrinações fanáticas, capazes de convocar o povo a olhar para frente e a construir a cidade de seus sonhos. As guerras entre os mais ricos e os mais pobres, entre os progressistas e os conservadores, entre uma vila e outra, entre um centro e outro, nunca vão abrir novas perspectivas. Disputas violentas sempre são patológicas e puxam para trás. Temos que olhar para frente e apostar em disputas fraternas com a mente bem aberta. Um grupo de pessoas “beeeeem” intencionadas poderia criar, quem sabe, “clínicas de terapia comunitária” no centro e nas vilas de Viamão, ou seja, Pilates de formação cidadã, com o apoio intensivo da imprensa escrita e falada. Não sou nenhum profeta, nem sou nenhum visionário. Menos ainda sou um agitador político que costuma aumentar os conflitos. “Camoatins” não são terroristas. Mas garanto que Viamão é a cidade da grande Porto Alegre com as perspectivas mais promissoras, se os jovens de todas as idades, raças e níveis sociais, de mente aberta buscarem uma sintonia fina na prática do dia-a-dia. Esse “olhar para frente” certamente é também o lema do nosso centenário “Correio Rural”, que há de continuar evoluindo com a sua semeadura de ideias construtivas, sempre se pautando - com profissionalismo e sem medo - pela verdade. Dirk Hesseling é Teólogo e Escritor, escreveu no Correio Rural nas décadas de 1980 e 1990 O centenário de uma crença Não é fácil fazer 100 anos Por Eduardo Dias Lopes Por Rogério Mendelski “Correio Rural” comemora cem anos de existência, dos quais eu participei ativamente nos últimos vinte e três anos, pois desde 1989, quando recebi o convite para escrever sobre saúde, venho convivendo com este mundo de expressão do pensamento, tendo a oportunidade de trazer para os leitores algumas coisas que aprendi e outras tantas que não consigo entender, como também algumas com as quais me surpreendo. Enfim, é neste espaço que consigo entregar o meu pensamento para todos os que compartilham da leitura deste jornal. O fato é que estamos diante de um acontecimento que merece uma reflexão sobre o papel de um meio de comunicação como é o “Correio Rural”, um jornal semanal que sempre esteve presente na vida dos cidadãos de Viamão e que também é conhecido fora daqui, em outras cidades as quais nos conhecem e nos acompanham pelo teor do que é publicado neste jornal. Uma história de cem anos é contada por edições jornalísticas que retratam etapas da história de uma cidade, de um estado e também de um país. O “Correio Rural” é justamente este instrumento que conta esta história e para mim é um motivo de muita alegria ser parte integrante de alguns capítulos destas narrativas que nos estão sendo trazidas por este veículo nos últimos cem anos. Hoje vivemos um tempo de internet, a linguagem virtual, a comunicação sendo exercida de uma forma muito mais abrangente e o “Correio Rural” se adapta a este mundo, passa a ter uma edição virtual e pode ser lido, em tempo real, até mesmo na China. Pode parecer estranho para muitos, mas é uma verdade. Há um mês estive viajando pelo Nordeste do Brasil e ficava sabendo das coisas de Viamão acessando o www.correiorural.com.br onde encontrava tudo o que era necessário para me manter informado. A história do “Correio Rural” só existe por ser a realização do sonho de seus idealizadores, persistindo na luta daqueles que lutam por manter um meio de comunicação tão importante para todos os que a ele se filiam. Tenho muitos amigos em Porto Alegre que acompanham o nosso jornal, e todos são unânimes em elogiar o seu estilo e o seu padrão jornalístico, é uma marca, é uma identidade. Há muito tempo me considero membro da família “Correio Rural” de Viamão e, como tal, quero ser também membro da equipe do centenário. Apenas não posso passar por esta data sem render uma homenagem ao grande homem deste jornal que é o Milton, pessoa rara e de muita sabedoria, com o qual muito aprendi e ainda muito vou aprender. Parabéns a todos os que compartilham desta alegria e fazem parte da história deste jornal. m jornal quando completa 100 anos de existência traz em sua história não apenas os registros dos fatos que noticiou por dever de ofício, mas ele torna-se a própria história da comunidade onde é impresso. Mais do que um acervo de notícias, um jornal com 100 anos de vida é a biografia de uma cidade com seus valores, dilemas, dramas, comédias, tragédias, suas perdas e seus ganhos. Só assim um jornal sobrevive a tudo isso porque é o registrador dos acontecimentos. Onde buscar a história de Viamão de seus últimos 100 anos se não formos pesquisá-la nas páginas do CORREIO RURAL? O jornal da Família Santos tem tanta importância em tal contexto como têm os cartórios de Registro de Imóveis, o Tabelionato e o de Registro Civil. Ou, então, os documentos arquivados na Prefeitura e na Câmara de Vereadores, ou, ainda, na Casa Paroquial. Saliente-se que boa parte da documentação oficial de Viamão – cartórios, repartições públicas e igreja – já pode estar arquivada em outros locais, como o Arquivo Público do Estado e Cúria Metropolitana de Porto Alegre. Ah... mas os 100 anos de Viamão documentados pelo CORREIO RURAL estão bem guardados em sua sede, bem vivos, esperando por consultas, num serviço permanente à disposição de suas gerações de leitores. Sempre que me perguntam como comecei na minha profissão, digo cheio de orgulho: “Como cronista social do CORREIO RURAL de Viamão”, nos anos 60 do século passado. Só depois comecei a escrever sobre fatos políticos que ocorriam na Câmara de Vereadores e na Prefeitura, mas a marca está lá, impressa, para quem duvidar. Naqueles tempos que não voltam (isso não é saudosismo!) mais, os bailes no Clube dos Casados, as festas (tão raras) e as brigas dos vereadores podem ser revisitadas pelas páginas do CORREIO RURAL para quem acha que Viamão já não teve O eduardo dias lopes é m[edico e escreve no Correio Rural há mais de 20 anos U 7 eventos mais civilizados e menos barulhentos do que os atuais. Vale registrar, last but not least, que o CORREIO RURAL se manteve ao longo desses 100 anos por uma causa que é comum ao bom jornalismo e que, por isso, é perene: a identificação com a verdade dos fatos. Nem muito prá lá, nem muito prá cá. Ou como ensinou Sócrates: “A verdade não está com os homens, mas entre os homens”. OS 100 anos do CORREIO RURAL, certamente, trazem embutidos esse ensinamento socrático sobre a imparcialidade dos homens e, por consequência, de uma imprensa honesta feita por pessoas decentes. Parabéns, CORREIO RURAL! Rogério Mendelski É Jornalista, atualmente na rádio guaíba e correio do povo abaixo, a edição de 29 de junho de 1963 com a “nossa coluna”. 3 13 0denovembro ou t ubro 2 0 1 2 8 Correio Rural: uma história que começou antes do rádio, da televisão e da internet Dos pseudônimos à faculdade Por Vítor Ortiz Por Haroldo Franco E screvo com prazer nestes 100 anos do “Correio Rural”, em primeiro lugar por que, como viamonense da gema, me orgulho dessa linda história. Em segundo lugar, pela amizade com três gerações da família Santos. Do meu avô e do pai com o pai e o avô do Milton e do Roni (nunca sei se é o Milcíades ou o Alcebíades... kkkk) e da minha propriamente com toda a família mais contemporânea, os filhos do Milton, os herdeiros, as mulheres da família. Também me regozijo por que o “Correio Rural” foi um dos meus primeiros empregos: com 15 anos, em 1979, criamos uma coluna jovem, com o Júnior Veríssimo e a Denise Ferreira, que vendia jornal prá caramba. Depois, com o Romer Guex, iniciando-se na política, bem no início dos anos 80, fizemos uma outra coluna, já bem crítica, que se chamava “Opinião”. Uns anos depois fui trabalhar de verdade no jornal, com carteira assinada e todos os direitos. Ajudei a família a implantar o sistema offset, em 86, creio (até então o jornal era tipográfico e impresso ali mesmo, na rua Cirurgião Vaz Ferreira). Nessa época, cheguei a produzir nove páginas semanais, entre estas o Caderno de Educação e Cultura, que trazia sempre uma poesia do grande J.C. Cardoso Goularte e fotos do Mauro Vieira (grande repórter fotográfico do jornal Zero Hora). A sessão mais lida, no entanto, era a Página 3, do caprichoso colunista Moacir Santos. A história do jornal “Correio Rural”, no entanto, é bem mais profunda e pensei em contextualizá-la. Quando ele nasceu, em 1912, o mundo estava às vésperas da Primeira Grande Guerra. Ainda nem se imaginava a possibilidade e os avanços que as comunicações iriam viver com o advento do rádio (que no Brasil chegou apenas no final dos anos 20), da televisão (nos anos 50) e, por último, da internet. No entanto, os jornais já haviam se popularizado no país, fenômeno que ocorreu especialmente durante o Século XIX. No Brasil, o primeiro jornal impresso foi A Gazeta, em 1808, após a chegada da família real. Antes disso, era proibida a circulação de qualquer impresso na Colônia (recomendo a leitura de 1808, de Laurentino Gomes, que conta de forma magistral o histórico deslocamento do império português, de Dom João VI e toda a corte para o Brasil). No Rio Grande, o primeiro foi o Diário de Porto Alegre, de 1827. E ao longo desses anos, após a independência de Portugal, proliferaram gráficas e periódicos por todas as principais cidades. Pelotas, por exemplo, provavelmente por sua riqueza à época, teve dezenas – todos muito políticos e bastante críticos (O Noticiador, 1854; O Nariz de Folha, 1868; o Correio Mercantil, 1875; A Voz do Escravo, 1881; e até um periódico chamado “O Zé Povinho”, de 1882). No início do Século XX, o Brasil ainda era uma grande nação rural. No entanto, as cidades cresciam, os imigrantes seguiam chegando em profusão e crescia vertiginosamente o número dos leitores em potencial. Mesmo assim, era ainda gigantesco o número de analfabetos. Os jornais, contudo, serviam também para oficializar medidas governamentais e civis. Eram assim uma espécie de cartório de registro público, com o poder de dar fé. Ou seja, de dizer que “é verdadeiro!”. Em todo o país, a imprensa oscilou dos jornais estritamente políticos – inclusive os jornais operários surgidos dos movimentos anarquistas e socialistas para os jornais de notícia. Nesta década iniciada em 1910, quando nasceu o Correio Rural, ganhavam corpo, em nível nacional, os grandes periódicos populares e sensacionalistas, como o jornal A Noite, no Rio de Janeiro, de Irineu Marinho, pai do falecido Dr. Roberto Marinho. O jornal O Globo só surgiu em 1925, depois que o patriarca da família Marinho rompeu a sociedade com os demais proprietários do A Noite, então o de maior circulação. Até hoje um edifício de 22 andares desponta na paisagem da Praça Mauá, no Rio de Janeiro, como registro material do poder que alcançaram estes grandes jornais nesta época. Foi para ser a sede do A Noite que se ergue ali o primeiro arranha céu da América do Sul, o maior edifício até então construído no continente, em 1929, obra do francês Josep Gire, o mesmo arquiteto do glamouroso Copacabana Palace (hoje essa região do Rio passa por uma grande revitalização com obras futuristas como o Museu do Amanhã, do famoso arquiteto espanhol Calatrava. O próprio edifício à Noite será reconhecido ainda esse mês como patrimônio cultural nacional). Seguindo essa história de grande relevância da imprensa no Brasil, nos anos 20 surge a Rádio MEC, a primeira do país, empreendida pelo cientista Roquete Pinto e abrigada no então Ministério da Educação e da Saúde, dirigido pelo Ministro Gustavo Capanema, também no Rio, capital do país. Nestes mesmos anos 20, de Semana da Arte Moderna em São Paulo, de levante tenentista, da Coluna Prestes, desponta no cenário nacional o personagem controverso de Assis Chateaubriand, criador da rede dos Diários Associados, do MASP, o Museu de Arte de São Paulo e nada menos do que “o homem que trouxe a televisão para o Brasil” (recomendo a leitura de Chatô - O Rei do Brasil, biografia de Fernando Moraes). Outros dois grandes personagens da imprensa nacional e que marcaram o país são irmãos e filhos do dono do jornal A Crítica, também do Rio. O mais velho, Mário Filho, homenageado em 1950 com a denominação do Maracanã, criador de três obras de incrível repercussão e permanência na cultura nacional: o jornalismo esportivo, o campeonato brasileiro de futebol e o concurso das escolas de samba do Rio de Janeiro (só isso ele fez!). E o irmão mais novo, Nelson Rodrigues: o espetacular dramaturgo, autor de Vestido de Noiva, de várias peças que marcaram a história da criação artística no Brasil e das escandalosas frases rodriguianas, como aquela: “todo homem deveria ter direito a pelo menos uma noite com sua cunhada” (recomendo a leitura da biografia dele escrita por Ruy Castro). Chegam os anos 30, e com eles o gaúcho Getúlio Vargas na Presidência da República. Em pleno clima de ditadura, em 1939, durante o Estado Novo, nasce o DIP - Departamento de Imprensa e Propaganda – com a finalidade de centralizar e coordenar a propaganda nacional, interna e externa. Em 1940, o Governo Federal encampa os equipamentos de transmissão instalados no edifício do jornal A Noite e funda a Rádio Nacional (até hoje existente, órgão da EBC – Empresa Brasil de Comunicação, criada recentemente, em 2008, herdeira do antigo Sistema Radiobrás). Essa riquíssima história deveria poder ser contada num artigo de jornal, mas é impossível. É muito intensa. Não há espaço para descrever a importância e o impacto de figuras como Carlos Lacerda, com o polêmico Tribuna da Imprensa, e Samuel Wainer, com A Última Hora. Todos os impactos e desdobramentos que resultaram no suicídio de Vargas em 1954, o golpe militar de 64 e o, posteriormente, caso Time Life, que assegurou à Globo a hegemonia no sistema de TV aberta no país. Também é impossível comentar com detalhes uma década na história da imprensa gaúcha – os anos 70 – que apesar da ditadura e da censura – tínhamos seis jornais diários em circulação: Zero Hora, Correio do Povo, Folha da Tarde, Folha da Manhã, Jornal do Comércio e Diário de Notícias. Abordar personagens como Maurício Sirotsky Sobrinho, Breno Caldas, Hipólito José da Costa e outros nomes da história da imprensa gaúcha. Ou mesmo os jornais que surgiram e morreram em Viamão, como o histórico jornal Quarta-Feira, do qual tive a honra de ser um dos fundadores e ativistas por seis anos, entre 1990 e 1996. Muito menos poderemos analisar aqui os impactos da internet, das chamadas redes sociais e sua influência política contemporânea, em episódios como por exemplo da Primavera Árabe. O facebook, o twitter, o instagram. Quem sabe em outros artigos. Um abraço e parabéns à perseverança da família Santos! Vitor Ortiz é viamonense, foi Secretário-Executivo do Ministério da Cultura nos dois últimos anos e atualmente é um dos dirigentes da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), vinculada à Secretaria de Comunicação da Presidência da República. P ois pouco antes do início da Grande Guerra, num de seus lampejos de empreendedorismo, o visionário Alcebíades Azeredo dos Santos, em novembro de 1912, colocou nas ruas o Correio Rural. Lembro-me muito bem do Seu Azeredo e de seus atos de vanguarda quando, antes de qualquer um, comprou o primeiro aparelho de televisão para assistir, em caráter experimental, as imagens em preto e branco e com pouquíssima nitidez da TV Piratini, que fazia parte do complexo Diário de Noticias, de Assis Chateaubriand. Recordo-me muito bem porque, em seguida e de repente, sua residência foi, noturnamente, frequentada e invadida por um grupo grande de viamonenses sedentos por novidades e nada mais novo, na época, do que a televisão. Do alto de sua bondade e de sua calma, aguentava os transtornos e as inconveniências de seus indesejáveis “convidados” nos quais me incluo. O Seu Azeredo, por falta de recursos e pela distância em que morava - nos confins da Estância Grande - alfabetizou-se e estudou por conta própria tornando-se um advogado (rábula, na época) prestigiado e respeitado nos meios jurídicos de Viamão e da Capital, tendo, também, sido eleito vereador pelo Partido Social Democrático, do Coronel Mário Veiga. Assim foi que o Seu Azeredo, vasculhando por Porto Alegre, descobriu uma tipografia de um alemão que estava por encerrar suas atividades. Depois de algumas tratativas trouxe para a nossa cidade a máquina impressora e os milhares de tipos que, colocados lado a lado e um a um, compunham as colunas e as páginas d´O Viamonense que, por força do deslocamento do Seu Azeredo para Gravataí, onde exerceria o cargo de Fiscal do ICM, lá foi lançado vários números. Durou pouco, pois os gravataienses indignados com o nome dado ao noticioso logo fizeram com que o nome do jornal fosse transferido para Correio Rural. De volta a Viamão sempre funcionou na rua Cirurgião Vaz Ferreira com o seu lema Deus, Pátria e Humanidade. Por todos esses anos, sob a direção dos seus filhos Adonis e Milcíades e, a seguir, comandado pelo neto Milton, o Correio Rural tem mantido a qualidade de ser o mais verdadeiro representante do jornalismo viamonense e poucos jornais têm a sua idade e sua duração de funcionamento. Diga-se de passagem, em determinada época, o Correio Rural foi o mais antigo hebdomadário do Brasil. Quando nasci, o Correio Rural já tinha trinta anos e pelos idos de 1961, pouco antes da renúncia do Jânio Quadros e da Legalidade, com dezessete anos, resolvi pedir ao Cici (Milciades) um espaço para contar as novidades de Viamão. Com ressalvas que iam desde a exclusão de alguns parágrafos até o veto total da coluna. Acolhido meu pedido, por muitos anos escrevi, com aquele entusiasmo juvenil, com os pseudônimos de Darlo, Bolinha, Kafka. Foi um tempo bom, em que abordei temas ligados à política, esportes, sociedade e tantos outros assuntos que me faziam pesquisar e me inteirar de elementos, opiniões e conceitos para ilustrar convenientemente a coluna trazendo-me uma grande carga de conhecimento. Certamente foi o Correio Rural que levou-me, posteriormente, a ingressar na Faculdade dos Meios de Comunicação Social e, em consequência, desfrutando o fascinante mundo da notícia. Como dizia-se antigamente: Avante Correio Rural, por mais 100 Anos! HAROLDO FRANCO é Jornalista e bancário aposentado. abaixo a edição de 14/01/1961 com a coluna do “darlo”. 9 Uma aula de jornalismo, para toda a vida Por Antônio Carlos Oliveira Ferreira C heguei em Viamão com minha família em agosto ou setembro de 1970. Meu pai, Francisco Carlos, funcionário do Banco do Brasil, foi transferido de Candelária para cá. Fui estudar no Colégio Setembrina e lá vi, pela primeira vez, um exemplar do Correio Rural, num formato entre o Standard e o tabloide, termos estes que, claro, só vim a conhecer anos mais tarde, quando cursava Jornalismo na PUC. O pai fez uma assinatura do CR lá por 71 ou 72 e aquela passou a ser uma das minhas leituras. Virei “notícia” com meu nome publicado na tradicional secção de aniversários do jornal. Desde muito cedo tive o hábito de leitura e comecei a fazer uns rabiscos literários aos 13, 14 anos de idade. Um dia pedi emprestada a máquina de escrever da minha vizinha, Dona Nadir, e preparei um texto para o Correio Rural, que foi publicado, para enorme alegria minha, em outubro de 1975. Conheci o Milton pessoalmente e dali para frente fui colaborador assíduo do CR. Quando entrei para a Faculdade de Jornalismo propus ao Milton fazer a cobertura das sessões da Câmara de Vereadores, da Polícia Civil e a escrever algumas matérias sobre a Prefeitura, no então governo Pedro Antonio. Virei “jornalista” antes de sair da Universidade graças ao Correio Rural! Na Câmara colecionei várias polêmicas, assim como na Prefeitura, mas o Milton matava no peito e enchia de conselhos o seu jovem repórter. Tenho certeza que muitos leitores não lembram da estradinha de apenas duas mãos, com acostamento de chão batido, que ligava Viamão a Porto Alegre. Eu estava presente no lançamento da obra de duplicação da estrada, representando o CR, numa solenidade em frente a Igreja da Viamópolis, em agosto de 1980, e fiz a notícia para o jornal. Graças ao aprendizado que tive no Correio Rural, onde publiquei centenas de matérias e artigos, e aos conselhos do Milton, que também se formou pela PUC, que fiz uma carreira de 25 anos no jornalismo. Criei a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Viamão, no Governo Tapir Rocha, fui depois para a Assembleia Legislativa trabalhar com o Deputado Carlos Araújo, passei pela Assessoria de Comunicação da Carris, novamente Assembleia Legislativa, voltei para Viamão e trabalhei como Secretário do Governo Jorge Chiden. Fiquei os quatro anos como jornalista do Deputado Tapir na Assembleia, fiquei alguns anos no Sindicato da Caixa Estadual, fui assessor de Imprensa da Secretária de Energia do Estado, Dilma Roussef, passei pela Assessoria de Imprensa do prefeito Ridi e o último cargo que exerci na área foi o de Coordenador de Comunicação Social do prefeito Alex, em seu primeiro mandato. Vejam só o que me rendeu o “velho” Correio Rural! Hoje, com satisfação, vejo um CR renovado e moderno, distante anos-luz da época em que seus textos eram montados com tipos móveis sobre bandejas e em seguida impressos numa máquina própria da empresa. O CR é uma instituição de nossa Setembrina e, tal como os protagonistas daqueles memoráveis episódios da Revolução Farroupilha, escreveu e escreve, a cada edição, a história de nossa cidade e do nosso Rio Grande. Antônio Carlos Oliveira Ferreira é Jornalista e Servidor Público Estadual 3 0 novembro 2 0 1 2 10 Minha pequena história com o Correio Rural O centenário jornal Por Ana Cecília Romeu Por Jane Peixoto H á pouco mais de década, eu e minha família viemos morar aqui na cidade de Viamão, vindos de Porto Alegre. Procurando um pouco mais de tranquilidade, natureza e contato direto com as pessoas. De imediato, buscamos nos adaptar à nova realidade, a esta cidade com jeitinho de interior, onde muitas famílias se conhecem e param para conversar. A adaptação passou também pela procura dos referenciais, daquilo que constituía a cidade, os cenários, sua história, sua cultura. Não demorou em que tivéssemos contato com o jornal “Correio Rural”, até porque trabalhamos em comunicação e o interesse pelos veículos de notícias locais seria uma demanda inevitável. Percebemos que o “Correio Rural” se trata de um jornal voltado às necessidades da comunidade local, como se fosse aquele velho amigo que nos per- gunta como estamos e também nos informa de tudo, nos integra e nos acolhe em um contato pessoal e mais franco. Não demorou em que eu tivesse contato com o diretor, senhor Milton Santos, um verdadeiro apaixonado pelo jornalismo, um motivador. Assim, passei a publicar com certa regularidade minhas crônicas no jornal, sempre com o seu apoio. Tive, não poucas vezes, retorno via e-mail de leitores interessados nos assuntos que escrevi, o que achei fantástico. Publico em jornais de todo o país, mas esse ‘cafezinho’ com o leitor, esse bate-papo mais pessoal, troca de pontos de vista que em muito me acrescentam, ainda que virtual, é uma experiência que tive somente aqui. 100 anos de “Correio Rural” e isso me orgulha! Sinto orgulho de morar em uma cidade que tem um veículo de comunicação com uma história de um século de existência, e isso é para poucos! Cem anos comemora-se Ostentando alegria Recebendo o aplauso Repleto de recompensas Entremeadas de glórias Itinerantes na história Ocasionadas pelo tempo. Parabéns ao “Correio Rural”, a todos que o compõem com garra, com paixão! Pois a vida, seja pessoal ou profissional, só vale a pena ser vivida com muita paixão, em cada entrelinha, em todos os caracteres digitados, na procura pela notícia, pela verdade, e no desbravamento de todas suas letras. E essa energia positiva é vida impressa: registro de história para toda nossa comunidade. Pois que venham mais 100 anos! Ana Cecília Romeu é Publicitária e escritora Reais e alvissareiras Umbrais de fidelidade Reportando um século com Ápice de notoriedade e Longa tenacidade. JANE PEIXOTO é Escritora e poetiSA 100 anos! Por Genito Ávila da Silva U m Século na História Universal parece quase nada, mas quando se trata de um feito de alguém – da obra de criação de alguém – é quase tudo. Ainda mais quando a efeméride temporal debruça-se sobre pilares seguros de uma fortaleza moral muito bem-estruturada para garantir uma fecunda e longa vida. Pois o Correio Rural de Viamão é, na essência de sua secular existência, o exemplo vivo desse abrigo seguro que orgulha a nossa terra. Não foi por acaso que este veículo de comunicação chegou até aqui tal qual concebido pelo seu preclaro fundador Alcebíades Azeredo dos Santos, sóbrio, equilibrado, autêntico e independente, ainda que, como é da gênese jornalística, contestador e dono de posições justas e fortes quando preciso. E, ao longo dessa bonita trajetória, mirou-se na ética, resguardou-se sob o manto das verdades, manteve-se impecável na sua nobre missão de órgão formador de opinião. Os 100 anos de sua existência, que por certo irão prolongar-se por muitos outros, não só merece o nosso particular aplauso como de resto está a merecer todas as honras de todas as forças vivas e Poderes do Município de Viamão. Afinal, a glória de um povo não subsiste só pela bravura de seus atos mas, também, se enaltece pela grandeza de saber reconhecer o mérito daqueles que plantaram, cultivaram e legaram os frutos de suas obras à sociedade como um todo. Azeredo dos Santos plantou um marco em Viamão; seus filhos, netos e bisnetos cultivaram-no na esteira jornalística por ele desenhada já lá nos seus primórdios. E, por isso mesmo, a sua obra ainda se mantém como um jovem jornal de 100 anos de idade a serviço de uma boa formação cultural e de austera informação jornalística, por todos os méritos admiráveis. E eu, uma minúscula partícula da sociedade viamonense, que o vi ainda na sua juventude dos anos 40 lidando com os tipos, logotipos e letrinhas engraxadas manualmente uma a uma juntadas para a impressão dos textos, senti-me no dever de, como testemunho ocular de parte de sua laboriosa história, expressar honrosamente neste espaço a minha mais calorosa homenagem a este pioneiro e laborioso órgão de imprensa do meu torrão natal. Parabéns! GENITO ÁVILA DA SILVA é Advogado 11 Lembrança eterna Por Antonio Carlos “Zíngaro” A surpresa foi grande quando fiquei sabendo que ao completar cem anos, o meu amigo Correio Rural, continuara no cenário publicitário e que não ficaria afastado. .. Sinceridade de coração, é o brilho nos olhos de quem tem a certeza do dever cumprido, meu amigo e parceiro centauro pioneiro da verdade, Correio Rural. Esta é uma homenagem de um porto-alegrense em nome do povo viamonense ao baluarte da informação local, onde o município é divulgado e prestigiado com o sucesso desta terra. É o marco histórico da minha vida na música, destaques para todos os eventos de total apoio à cultura do município. Agradecimento em nome de todos os colaboradores e em especial à direção Antonio Carlos “Zíngaro” Francisco é Vice-Presidente da Seccional da Confraria dos Artistas e Poetas pela Paz CAPPAZ - Grande Porto Alegre 3 0 novembro 2 0 1 2 12 Computadores | Impressoras | Câmeras Pendrive | Acessórios e suprimentos Games para PC, PS3, Xbox, PSP 3485-1282 [email protected] Av. Cel. Marcos de Andrade, 403 - Centro - Viamão A estrada segue Cem anos de... Por Charles Franken Por Jorge Amaro de Souza Borge F oi em 1999. Eu cursava a faculdade de jornalismo e morava justo atrás da PUCRS. Chegara o momento de começar um estágio e eu queria uma experiência em redação, pois já conhecia um pouco de assessoria de imprensa e de campanhas políticas. Fui ao CIEE (Centro de Integração Empresa Escola) e de lá saí com o encaminhamento para uma entrevista no Jornal Correio Rural de Viamão. Desvendei a misteriosa Lomba do Sabão e, percorrendo a sinuosa estrada, cheguei àquela simpática casa, onde bati o primeiro papo com o Sr. Milton dos Santos. Parecia que estava escrito: depois daquela primeira, seriam inúmeras as viagens no “Viamão”, com direito a “janelinha”. Comecei a frequentar a redação e, em poucas semanas, cobrir alguns eventos e aprendi as manhas da rotina de um jornal semanal. Foi uma experiência riquíssima. Frequentava desde a Câmara de Vereadores e o Gabinete do Prefeito até os principais eventos da cidade, chegando inclusive ao Cadeira Elétrica, nos Rachas do Tarumã. Naquele tempo, parte da minha vida estava em Viamão. Frequentava a Academia do Lago, Cantegril e muitas amizades foram feitas. Anos depois, quis o destino me levar de volta à terra natal, São Paulo, e para um outro mundo profissional, bem distante das redações. Mas, mesmo estando aqui, tão longe, sempre que possível visito o site e acompanho a página de Facebook do querido Correio Rural, o jornal de Viamão, que completa seu centenário neste ano de 2012. Mais que um estágio, o que vivi naquela pequena redação foi um tremendo convívio com amizades que carrego para a vida. Parabéns à família Santos e a todos os colaboradores que fazem deste jornal um marco no jornalismo rio-grandense. CHRLES FRANKEN É JORNALISTA N este 2012 completo exatos 17 anos morando em Viamão, sendo três deles na Escola Técnica de Agricultura, a querida ETA, onde estudei e me formei Técnico em Agricultura. Em Mostardas, minha terra natal, meu primeiro emprego de carteira assinada foi na Empresa Jornalística Freguesia das Águas, onde fui auxiliar administrativo, operador de áudio em programa de rádio e, nos finais de semana, repórter esportivo. E tudo isso em um tempo sem celular, computador ou máquinas digitais. E meu meio de transporte era uma bicicleta. Também entregava o jornal e fazia cobranças. Na ETA, fui editor do Jornal “O Agrotécnico” por um ano. Recentemente, em pesquisa qualitativa sobre o uso do jornal como aliado da educação, um resultado foi categórico: o texto jornalístico é uma importante ferramenta pedagógica, não só para o aluno e o professor, mas para a comunidade escolar e a própria família. A dobradinha revoluciona conceitos e comportamentos e pode ser considerada uma alternativa segura de investimento social. O jornal na escola, produzido de forma democrática, dando condições aos alunos, professores e comunidade se expressarem, enriquece todo processo educacional. A editoria do jornal se dava no Departamento de Imprensa e Publicidade (DIP), um dos vários setores do Centro dos Estudantes dos Cursos Agrotécnicos (CECAT) que se responsabilizava por pensar as estratégias de comunicação na es- cola. Um verdadeiro exemplo de participação, cidadania e estímulo à superação de desafios. A minha relação com o jornal, o jornalismo, os livros e as palavras vem de muito antes disto tudo. Sempre fui devorador de leituras. Em casa estava sempre lendo algo. Nem bula de remédio fugia da minha vontade entender a palavra. Segundo diziam, herança do velho Totóca, meu avô que, segundo as histórias contadas, era um exímio leitor e intelectual dos Teixeiras, lá no interior de Mostardas. Conforme Paulo Freire: “Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso, aprendemos sempre”. O jornal sempre esteve junto comigo em minhas imersões sociais e pedagógicas. Portanto, elemento de minha eterna aprendizagem. E quando um jornal chega aos cem anos? O “Correio Rural” tem sido espaço de expressão da história e da memória viamonense de forma exemplar, comprometida com os cenários e tempos que se estabelece. Conforme Edmilson Sanches, em recente artigo, o papel do jornal assume importância crescente. Segundo ele, ao final das pesquisas realizadas em Nova York, em 1945, as respostas conduziam para uma leitura: a ausência de jornais era percebida pelos leitores, individualmente, como uma perda. Hoje, é quase certo, a percepção assumiria caráter coletivo. E, embora outros meios atualmente possam suprir eventuais suspensões de circulação, os leitores continuariam a esperar que o 13 jornal pudesse trazer, na manhã de hoje, organizadinhos em colunas, os fatos e opiniões que na noite de ontem estiveram circulando meio caoticamente no éter das transmissões eletrônicas. O CR supera as expectativas dos leitores, na medida em que resignifica sua forma de interagir com o leitor, seja na internet, nas edições mensais e semanais, com a mesma credibilidade e autonomia de sempre. Construído em ambiente familiar, é mais uma das grandes marcas viamonenses. Os temas que sempre defendi e tratei de forma especial – sustentabilidade e acessibilidade – sempre tiveram espaço nos editoriais do CR. Há em cada veículo de comunicação a necessidade de um compromisso com a sociedade, em levantar temas que explorem discussões, que busquem dar voz à opressão, ausência do poder público, ou também levar acesso àqueles que desconhecem direitos sociais. São cem anos de muita informação e formação que, aliadas à coerência e a ética, fazem do CR um grande jornal. Que venham outros cem, para novas nostalgias, velhas utopias e grandes debates! Jorge Amaro de Souza Borges é Biólogo, Vice-presidente COEPEDE - Assessor FADERS, Especialista em Educação Ambiental e Mestrando em Educação - PPGE-PUCRS Buscar a justiça e informar a comunidade são desafios que devem ser encarados com seriedade, comprometimento e profissionalismo. Parabéns Correio Rural! Civil, trabalhista, tributário, família e indenizações Fernanda Nunes Fonseca, OAB/RS 63.977 / Juliano Sampaio Gonçalves, OAB/RS 56.290. Avenida Coronel Marcos de Andrade, 141, sala 301, Centro, Viamão Fone: (51) 3492-9276 • www.fonsecaesampaio.adv.br 3 0 novembro 2 0 1 2 14 Boas notícias Constituição Federal - CF - 1988 Título VIII – Da Ordem Social Por Romeu Fernando Canabarro Pinto O economista Romeu Fernando Canabarro Pinto esteve nas páginas do Correio Rural por várias semanas, apresentando aos leitores sua opinião na coluna “Boas Notícias”. Ele, agora, vem novamente nesta edição comemorativa do centenário do jornal, e faz uma apreciação daquilo que viu das administrações viamonenses e daquilo que espera para o futuro. Leiam. “O crescimento do país passa por diversos caminhos que, segundo especialistas da área, estão sendo trilhados corretamente e ação para se concretizar existe. O Jornal Correio Rural fez a retrospectiva, segundo sua visão, dos acontecimentos dos últimos cem anos na cidade de Viamão, culminando em 25.11.2012 com seu aniversário de um século. Particularmente fiz a minha retrospectiva, relembrando o início, em 1975, quando cheguei a esta cidade. Lembro-me do centro, ali na Cel. Marcos de Andrade, a principal rua de Viamão, 37 anos passados e ela não mudou muito, ou pior, quase nada. Hoje, com mão única, trânsito caótico e o asfalto ralo, cheio de buracos, sem lugar para estacionar. Os prédios iguais, alguns os mesmos, desbotados e gastos pelo tempo, sem beleza, apenas para mero uso. Nas adjacências da rua principal, as diversas tentativas de expandir o centro nunca funcionaram. Não se sabe o motivo, se descaso do poder público, desinteresse dos latifundiários urbanos (donos da maioria dos prédios), acomodação da população que só usa esta rua para o comércio e ou mais outros fatores típicos, que fazem a cidade de Viamão dar continuidade àquele ditado lá de 1975: Viamão é uma cidade-dormitório de Porto Alegre. Diversos prefeitos e diversos partidos passaram, e nada! Nos últimos 16 anos, com a administração do PT, visíveis dois legados ficaram. Do Ridi, a expansão das linhas de ônibus. Do Alex, o pórtico na Lomba do Sabão. E só! Para 2013, nova administração na cidade terminando com a hegemonia petista. Bonatto (PSDB) prefeito e André Pacheco (PMDB) vice-prefeito. Grandes desafios ou a continuidade do descaso? Historicamente, o PSDB, partido da extrema direita, não tem afinidades com o povo. Vê-se nas reportagens televisivas, o que está acontecendo hoje na Espanha, Grécia, Itália, França, com revoltas da população contra medidas econômicas, que terão reflexo direto na vida das pessoas. Nós já vivemos aqui, durante o governo de FHC, quando pediu recursos ao FMI e praticou, lá em 1998, diversas mazelas para o povo, principalmente para o aposentado (que não tem poder de pressão), criando o famigerado fator previdenciário que corroeu a aposentadoria. Bonatto, empresário do ramo da educação particular, bem sucedido, será que vive o dilema entre deixar a atividade privada para se dedicar à vida pública? Melhorar a vida do povo? Trará sua experiência particular vitoriosa para a melhoria do ensino público? Existe um antagonismo implícito nestas ideias. Ridi, Alex e Bonatto, todos da Vila Santa Isabel, e o centro da cidade de Viamão será que apostou no vice André Pacheco? Você lembra quem foi vice do Ridi no seu primeiro mandato? E no segundo? Zeca do PT. Vi, em certa oportunidade, quando Alex era vereador, ele junto com o Zeca, ali no Jardim Krahe, tratando de calçamento de ruas. Alguns são daquela época e as ruas estão hoje em péssimo estado, só buracos, quase que intransitáveis, exemplo da Rua Américo Caetano de Souza. Mas se vê também, ali no Sítio São José e na Açores, e outras ruas, o estado que está o calçamento. Nem falo daquelas sem calçamento. Trânsito pesado, diversificado, obras e os ônibus liquidaram com as ruas. Bueiros quebrados, calçadas de todos os tipos, quase nenhuma boa, terrenos baldios, com mato e lixo por todo lado. As obras de entrada e saída do centro, com a RS-118 e a RS-040, viadutos, sinalização, trafegabilidade, trânsito de pedestres. Tudo está no compasso de espera. Capítulo V – Da Comunicação Social Art. 220 - A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição. Zeca do PT sumiu e nesta última eleição até estava na coligação do candidato Geraldinho (outro dissidente do PT). Então Alex foi eleito prefeito e quem foi seu primeiro vice? Serginho. Conforme seu prospecto de candidato a vereador agora de 2012, Serginho participou da revitalização do Lago Tarumã, caravanas, mobilizações, Plano Diretor (deve estar numa gaveta da prefeitura) e Plano Municipal de Educação. Então Serginho foi um zero à esquerda, durante o primeiro mandato de Alex. Veio o segundo mandato e quem foi o vice? Atidor. E Atidor foi dois zeros à esquerda, durante o segundo mandato de Alex. A população do lado de cá da cidade, vindo desde a parada 42, que é o Centro, Águas Claras, Capão da Porteira, Itapuã, Tarumã e outras, aposta todas suas fichas no vice de Bonatto. E ele dará espaço ao seu vice? Tem ainda os caciques do PMDB. Ou já é uma nova safra? Quantos zeros o futuro estará reservando para André Pacheco? Conforme o Jornal do Brasil e a Agência Brasil, em 13.11.2012, a Pesquisa de Informações Básicas Municipais – Perfil dos Municípios (MUNIC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o total de trabalhadores municipais, no país, cresceu 4,8% de 2009 para 2011, totalizando quase seis milhões de pessoas, 94,6% ligados à administração direta (5.637.624 pessoas) e 5,4% (323.165) na administração indireta (empresas e fundações). No IBGE, para Vânia Pacheco, o aumento dos servidores nos quadros mu- nicipais é necessário. “Para a prefeitura prestar um bom serviço, ela precisa ter bons funcionários”, disse. “Esse aumento pode ter ocorrido por uma necessidade real das prefeituras de adequar os seus servidores ao tipo de serviço que elas vêm prestando”, avaliou. “Elas agora estão voltadas mais para políticas públicas que são fundamentais para a qualidade de vida da população. Acho que os municípios vêm se organizando com o passar do tempo e vêm trabalhando para melhorar a qualidade de vida da população”. A pesquisa do IBGE aponta que, em 2011, 38% dos servidores públicos municipais tinham nível médio e 25,9%, ensino superior. Ainda, 6,1% cursaram pós-graduação, enquanto 20,7% tinham o nível fundamental e 1,7% não tinham instrução. Nada contra as pessoas que ocuparam cargos de secretários na prefeitura nestes últimos anos em Viamão. Mas vejo assim: eu tenho formação em economia e engenharia. Arrisco escrever uma coluna sobre economia. Não arrisco dar uma injeção, pois não possuo as mínimas condições. Que dirá ser secretário da saúde, por exemplo. E nós tivemos aqui em Viamão sempre a política de ocupação de cargos e o resultado é visível. A competência técnica, o conhecimento específico de uma área e o espírito administrativo, não dá em touceira. O empenho de labutar e administrar de um prefeito determinará se o restante dos servidores trabalhará ou não em prol do município (todo). Há 100 anos o Correio Rural faz cumprir essa lei. Nós, advogados, defendemos esta causa. Paulo Fernando Mello Corrêa Jorge R. M. Silveira Alexandre Ortiz de Paris OAB/RS 34.285B OAB/RS 43.236 OAB/RS 19.066 Calçadão Tapir Rocha, 15/303 Centro - Viamão Fone 3485-1100 Rua Osvaldo Aranha, 43/07 Centro - Viamão Fone 3046-2271 Av. Cel Marcos de Andrade, 327/02 Centro - Viamão Fone 3485-2679 / 3492-8996 Patrice Noeli Fróes Silva José Tadeu Pereira da Silva José Onofre Saikoski Cunha OAB/RS 49.242 Rua Mário Antunes da Veiga, 42 Centro - Viamão Fone 3485-3090 / 3492-1704 OAB/RS 21.663 Fone 3485-3090 OAB/RS 42.149 Marildes Ribeiro da Silva Rua Cir. Vaz Ferreira, 510 - Centro Viamão - Fone 3485-2646 OAB/RS 69.669 Rua Crescêncio de Andrade, 172 Centro - Viamão Fone 3485-8330 Advogados Dr. Ênio Ávila Nunes OAB/RS 6.617 Dra. Maria Madalena K. Pereira OAB/RS 71.910 Av. Cel. Marcos de Andrade, 95. Conj. 201/203. Viamão Fone 3485-1053. [email protected] Calçadão Tapir Rocha, 15/303 Centro - Viamão Fone 3485-1100 Daniel Barcelos Nilson Pinto da Silva OAB/RS 29.925 OAB/RS 36.634 Zila Maria Rocha Faganello OAB/RS 13.296 Rejane Osório da Rocha Causas Cíveis Família e Sucessões Inventários Usucapião Separação/Divórcio Inquilinato Trabalhistas OAB/RS 25.316 Marcelo Rocha Faganello OAB/RS 83.485 Bruna Rocha OAB/RS 87.607 Av. Bento Gonçalves, 564 Centro - Viamão Fone 3485-1316 15 3 13 0denovembro ou t ubro 2 0 1 2 16 EDUCAÇÃO Dados da educação em Viamão em primeira mão. Censo IBGE 2010 N ão sei nem como começar os comentários a respeito da vergonhosa situação da educação, tanto no país quanto em Viamão. Segundo os dados abaixo, disponíveis em primeira mão, através de solicitação ao IBGE, e que mesmo dois anos após a realização do censo ainda não estavam disponíveis, e o que é mais estarrecedor, não houve qualquer questionamento sobre esta falha. Só posso imaginar que, nas outras cidades, nos estados e mesmo na esfera federal, a educação venha sendo tratada com o mesmo descaso. Os resultados catastróficos me levam a pensar isto. Há algum tempo, li no site da Prefeitura sobre as ações do planejamento estratégico municipal. Agora, só posso imaginar que era brincadeira pois como alguém pode falar de planejamento estratégico municipal se não tem em mãos, pelo menos, o básico, que é o censo de escolaridade da população? E, acreditem, o descaso é tanto que mesmo o censo de 2010, sobre a educação, não é censo. É apenas uma amostragem e o censo exigido pela LDB, conforme texto abaixo, nunca foi realizado em Viamão. “§ 1º Compete aos Estados e aos Municípios, em regime de colaboração, e com a assistência da União: I - recensear a população em idade escolar para o ensino fundamental, e os jovens e adultos que a ele não tiveram acesso;” Só existe um tipo de cidade desenvolvida: é aquela onde a população é desenvolvida. Se alguém pensa que implantando indústrias, melhorando a infraestrutura viária, melhorando a saúde, a segurança, etc., vai desenvolver a cidade, está muito enganado. Se continuarmos a pensar que educação é só para crianças, nunca sairemos do mesmo lugar, pois os trabalhos científicos e as estatísticas mostram que os filhos, na esmagadora maioria, só estudam o mesmo número de anos que seus pais. Além de tudo, a influência cultural que as famílias e a sociedade geram nas crianças nunca conseguirá ser superada nas escolas. E, lamentavelmente, esta influência tem sido de muito má qualidade. O desenvolvimento somente acontecerá quando estivermos com mais de 90% da população com curso superior completo, para dizer o mínimo. Alguns podem dizer que isso é muito difícil e improvável. E eu concordo, se pensarmos com os métodos e instrumentos atuais. Temos que realizar uma evolução tecnológica sem precedentes para atender toda a população adulta de Viamão que ainda não concluiu o ensino superior. Temos que disponibilizar educação a distância, gratuita para todos e em todos os níveis: fundamental, médio, superior e de pós-graduação. E isto é muito mais barato de possam imaginar. Quando vejo estas discussões sobre cotas na educação, fico pensando por que estamos dividindo a miséria se podemos distribuir a riqueza para todos com educação gratuita a distância? É só utilizar a tecnologia. Se continuarmos a pensar que educação é só para crianças, nunca sairemos do mesmo lugar, pois os trabalhos científicos e as estatísticas mostram que os filhos, na esmagadora maioria, só estudam o mesmo número de anos que seus pais. Além de tudo, a influência cultural que as famílias e a sociedade geram nas crianças nunca conseguirá ser superada nas escolas. E, lamentavelmente, esta influência tem sido de muito má qualidade. Vejam os dados ao lado e vamos colocar mãos à obra. Por Miguel Breda Tabela 1554 - Pessoas de 10 anos ou mais de idade, por nível de instrução - Resultados Gerais da Amostra. Município = Viamão - RS. Ano = 2010 Variável Pessoas de 10 anos Pessoas de 10 anos ou mais de idade ou mais de idade Nível de instrução (Pessoas) (Percentual) Total Sem instrução e fundamental incompleto Fundamental completo e médio incompleto Médio completo e superior incompleto Superior completo Não determinado 203.635100,00 99.18848,71 43.35321,29 51.03325,06 8.8844,36 1.1760,58 Nota: 1 - Dados dos Resultados Gerais da Amostra. Fonte: IBGE - Censo Demográfico Tabela 1549 - População residente, total e a que frequentava escola ou creche, por grupos de idade - Resultados Gerais da Amostra. Município = Viamão - RS. Ano = 2010 Variável População População residente que frequentava Grupos de idade residente (Pessoas) escola ou creche (Pessoas) Total 0 a 3 anos 4 ou 5 anos 6 anos 7 a 14 anos 15 a 17 anos 18 ou 19 anos 20 a 24 anos 25 anos ou mais 239.38468.538 13.2642.102 6.6302.488 3.7413.028 34.86233.976 13.11210.691 7.9223.177 19.3874.069 140.4679.007 Nota: 1 - Dados dos Resultados Gerais da Amostra. Fonte: IBGE - Censo Demográfico Tabela 1551 - Pessoas que frequentavam escola ou creche, por curso que frequentavam - Resultados Gerais da Amostra. Município = Viamão - RS. Ano = 2010 Curso que frequentavam Variável Pessoas que Pessoas que frequentavam escola frequentavam escola ou creche (Pessoas) ou creche (Percentual) Total Creche Pré-escolar Classe de alfabetização Alfabetização de jovens e adultos Fundamental Médio Superior de graduação Especialização de nível superior, mestrado ou doutorado Nota: 1 - Dados dos Resultados Gerais da Amostra. Fonte: IBGE - Censo Demográfico 68.538100,00 2.0082,93 3.3854,94 2.2483,28 4890,71 41.39060,39 13.00718,98 5.4277,92 5850,85 Emagrecimento Dr. Rafael S. Montan Av. Cel. Marcos de Andrade, 350 Fone 3485-9540 Av. Cel. Marcos de Andrade, 80 Fone 3434-1500 cremers 4105 Consulta com hora marcada Fones: 51 3464.0147 e 9917.6195 Rua Julito Curtis, 13 - junto à ESTÉTICA LIFE CENTER Centro - Viamão - Em frente ao Ginásio do Guido A mais alta expressão da credibilidade está nas páginas do Correio Rural, há cem anos. Parabéns! Sindicato Rural de Viamão Rua Luiz Rossetti, 331 - Centro - Viamão Fone 3485-1191 Av. Rev. Américo Vespúcio Cabral, 441 Loja 04 - Centro- Viamão Fone 3485-1335 17 3 0 novembro 2 0 1 2 18 19 TURISMO CULTURA Mais viamonenses andando pelo mundo Fórum Permanente de Cultura celebra aniversário S A U L T E I X E I R A Valorização das entidades que representam o segmento e a busca de valorização são os focos de trabalho do FCV O Fórum Permanente de Cultura de Viamão (FCV) celebrou no dia 23 de novembro, seu terceiro aniversário de fundação. Tendo como sede o Café da Praça, situado no Calçadão Tapir Rocha, no centro, o evento teve como atração o projeto 24h de cultura. Diversos representantes do segmento prestigiaram a atividade. Surgido junto ao Instituto Cultural Viamonense (ICV), em 2009, o 24h de Cultura ilustra uma das ações desenvolvidas pelo fórum visando promover as manifestações artísticas e culturais. “São algumas atividades que somadas completam 24h de cultura”, relata a escritora Fernanda Blaya Figueiró, secretária do FCV. Entre as atividades realizadas, ocorreu a leitura de poesias, apresentações musicais e atividades paralelas, como a oficina do Tambor Falante (grupo musical), ministrado pelo professor Cândido Castro. Além da região central, o 24h de cultura contemplou, ainda, a vila Santa Isabel, no quarto distrito. “Cultura é tudo o que o ser humano faz para expressar sua existência, para mostrar que está vivo e que sua ação transforma o ambiente”, completa Fernanda, autora de duas obras, além de outras publica- jane peixoto ções no formato e-book (livros digitais disponíveis na internet). Moradora de Capão da Porteira, região rural da cidade, Jane Peixoto está entre aquelas que sabem os principais desafios da cultura em Viamão. Autora de dois livros de poesia, ela destaca: “Precisamos de maior apoio e valorização da prefeitura. Além disso, desejo felicidades e muitas e longas caminhadas para o Fórum Permanente de Cultura”, disse a Patrona da Feira Literária de Viamão, em 1992. Além de um grande número de pessoas que prestigiaram o aniversário, a data contou, ainda, com a presença de diversas entidades apoiadores e/ou participantes do FCV, entre elas: a Rádio Santa Isabel, o Instituto de artes Viandantes, o grupo musical Tambor Falante e o CTG Armada grande. Palavra do presidente Diana dos Santos Pinto, Turismóloga, esteve residindo e trabalhando na Nova Zelândia por três anos. Com isso, teve a oportunidade de aperfeiçoar-se em sua atividade e, também, de conhecer diversos países além daquele onde estava. Em meados deste ano ela voltou ao Brasil, mais precisamente a Viamão e, antes, fez questão de, durante um mês, levar até aquele país os seus pais Nilza e Romeu Pinto. Eles deixaram para esta edição um relato sobre a Nova Zelândia e um acervo de fotos que o leitor poderá ler a olhar a seguir. Diz o relato: “Não é um roteiro badalado, como Nova Iorque, Paris, México, Boston... A Nova Zelândia é formada por duas ilhas principais. A norte e a sul, divididas pelo estreito de Cook. Sua capital é Wellington, mas a maior cidade do país, no entanto, é Auckland, situada na ilha norte. Clima ameno, não é um país tropical. Na ilha sul, estações de inverno, muita neve até a primavera. Mas do extremo norte ao extremo sul, existe um povo muito bem preparado para receber turistas. Somos aprendizes. Um país diferente, de primeiro mundo, com o dólar NZ moeda mais forte que o nosso Real. Um país com leis severas que são acatadas e cumpridas, fazendo com que a vida seja bem mais tranquila. Conta com estradas asfaltadas em 98% dos roteiros, que não são poucos. Asfalto de primeira qualidade, duro, parelho, sem buracos, o que torna a vida dos automóveis bem maior do que as nossas populares “carroças”. Também automóveis melhores e mais baratos, a maioria com câmbio automático, conforto e segurança. Completos. Um país onde se preza a qualidade de vida. Com água potável direto das torneiras. Também ofertadas em bares e restaurantes gratuitamente. As pessoas recebem melhores salários e trabalham com horários fixos. Às 5 horas da tarde todo comércio está fechado. Abrem restaurantes, bares e os trabalhadores do dia vão para casa, para o lazer. Dizem que todos neozelandeses respiram o melhor ar do mundo. A natureza é livre, bem tratada e exuberante. Infelizmente nossas águas naturais estão classificadas muito abaixo da beleza, qualidade e cuidado das águas naturais de lá. Será que ainda conseguiremos reverter o quadro desolador de nossos rios, lagoas, mar?...” O Fórum Permanente de Cultura é composto por dez entidades que lutam pelo apoio e valorização ao segmento, entre eles, os tradicionalistas, carnavalescos, músicos, atores, escritores e poetas. Conforme o presidente do FCV, Ricardo Baldez, a cultura local sobrevive, quase exclusivamente, por ações isoladas: “Não fossem as entidades, nossa cultura estaria morta, pois o poder público pouco faz pela causa e quando faz, valoriza poucos”, protesta. Em relação ao futuro, ele ratifica a função e os objetivos do FCV: “Nosso pensamento é fomentar a cultura em todas as suas formas e o papel da prefeitura é colaborar, criando condições para isso. Independente do partido, continuaremos lutando, cobrando e buscando nossos direitos junto à prefeitura, o governo do Estado e o Ministério da Cultura”. Em agosto deste ano, o FCV, que tem como vice-presidente Djine Klein, reuniu os então quatro candidatos à prefeitura de Viamão, na Câmara de Vereadores. Na ocasião, eles apresentaram suas propostas para o setor e foram unânimes em garantir total apoio às demandas. “Esperamos que a situação melhore. Precisamos criar condições para que a cultura da cidade se desenvolva. Atualmente, nossa cultura corresponde a zero e não é exagero”, complementa Baldez, defendendo, ainda, a criação de “centros culturais” em toda a cidade, além da busca de novas entidades que apoiem o fórum. Amigos e apoiadores do FCV Conselho Municipal de Cultura O presidente do Conselho Municipal de Cultura, Newton Vaz Coelho, parabeniza o FCV pelo aniversário e relata luta semelhante para a efetivação da entidade que lidera: “O prefeito ainda não homologou o nosso regimento interno. Já falamos diretamente com ele, mas ainda estamos aguardando. Sem a presença do conselho, não conseguimos acionar os recursos federais disponíveis à cultura. É um desrespeito não só conosco, mas com toda a população”, lamenta o artista plástico e poeta. Outras propostas do FCV • Biblioteca municipal com atividades culturais; • Construção de uma sala de Teatro; • Centros culturais separados por segmentos, exemplo: um espaço para o tradicionalismo, outro para os escritores e, assim por diante. • Sala de Cinema; • Atender as decisões das últimas Conferências Municipais de Cultura que fazem parte da implantação do Sistema Nacional de Cultura. Agradecimentos “No dia do nosso aniversário, ficamos registrados em fotografia, na memória de quem pela praça passou, no site do Correio Rural, nas ondas da Rádio Comunitária Santa Isabel. Três anos do Fórum, quatro do ICV (Instituto Cultural Viamonense), cinco do Tambor Falante, sete do Café da Praça, dez da Rádio Santa Isabel, 13 do Viandantes, 50 do Armada Grande, 100 do Correio Rural, 271 de Viamão... Agradecemos a todos que já passaram pelo Fórum Permanente de Cultura de Viamão e deixaram um pedacinho da sua energia nessa ideia de cultura. Que os próximos anos sejam de alegria, crescimento e maturidade”, Fernanda Blaya Figueiró, escritora e poetisa. 3 13 0denovembro ou t ubro 2 0 1 2 20 CR Mercado por Milton Santos Alunos do Cesi interagem em gincana escolar No decorrer do ano letivo, os alunos do Centro Educacional Santa Isabel (Cesi) se No dia do evento, os alunos caracterizados com as cores correspondentes às equi- mobilizam para a gincana que ocorre todos os anos em novembro, mês do aniversário pes, esqueceram as turmas às quais pertenciam, se misturaram e dançaram a coreogra- da escola. Na última sexta-feira 23, os estudantes interagiram em provas culturais, fia perfeitamente. Outra atividade desafiadora, que exigia concentração e acima de tudo corporais e emocionais. Todas elas tendo como base o espírito de união. a aproximação dos alunos, ocorreu através da prova do pula corda. Nessa tarefa, os 15 O coordenador do projeto deste ano, o professor Alex Valério, com a colaboração alunos que tivessem melhor desempenho ganhavam pontuação frente à outra equipe. da professora Heloisa Reis e demais professores, desenvolveram a integração entre Uma das tarefas surpresa foi: para que um casal por equipe pudesse dançar, os gru- as equipes por meio de um flash mob - coreografia realizada entre muitos indivíduos pos deveriam decorar a música Sandra Rosa Madalena, de autoria de Sidney Magal, paralelamente. Os educandos da 5ª a 8ª série aprenderam o ritmo febre que toca em e deveriam conseguir trajes típicos dos ciganos, povo nômade que desbravava unido todos os lugares do mundo, Gamgnam Style, interpretado por Psy, e aperfeiçoaram a novos territórios. A prova foi um sucesso e todo o ensino fundamental II vibrou num coreografia adaptada nos intervalos. único som. Literatura e união Outro ponto inovador na 6ª edição da GINCESI foi a encenação das obras da Literatura trabalhadas na escola. Foram montadas peças de Gustave Flaubert, Bernardo Guimarães, Fernando Sabino, Charles Dickens, Victor Hugo. Todas com roteiro adaptado, criação de cenário e vestuário pelos próprios alunos. A VI GINCESI com o slogan TODOS SOMOS UM alcançou seus objetivos, pois reforçou na prática o valor da união. Uma vez nossas forças somadas, podemos vencer nossos desafios, e juntos, afirmamos nossa identidade como escola e como indivíduos. Unidos, os alunos fizeram a melhor gincana de todos os tempos e puderam conhecer a si próprios e seus demais colegas. O professor responsável, Alex Valério, parabenizou a todos os alunos participantes, especialmente as turmas 82 e 74, vencedoras do turno da manhã e da tarde, respectivamente. San Marino Fiat lança ação exclusiva no Facebook Desde o dia 29 de novembro, e durante todo o mês de dezembro, a San Marino Fiat realiza no Facebook uma ação especial com o uso do aplicativo Like My Tip. A proposta, que combina a inovação da ferramenta com o visual contemporâneo do novo Fiat Uno, convida os internautas a expressarem a sua criatividade adesivando uma foto do veículo. Para participar, os interessados deverão acessar o site do Like My Tip (www.likemytip.com.br), personalizar a imagem com adesivos disponíveis no aplicativo e publicar o resultado no seu perfil no Facebook. Os autores das três fotos que receberem mais “likes” serão presenteados com pen drives; pelúcias do ursinho Gino Passione – personagem que estrela as campanhas da Fiat –, e carrinhos em miniatura da Fiat. O regulamento completo está disponível no site do aplicativo e da San Marino. EXPEDIENTE Correio Rural é uma publicação da MV Santos Editora Ltda. CNJP 15.308.385/0001-26 Fundado em 25 de novembro de 1912 por Alcebíades Azeredo dos Santos Rua Marechal Deodoro, 137 - 2º andar - sala 206 - Centro - Viamão - RS - Fones (51) 3485.1313 / (51) 3436.1983 - CEP 94410-000 - [email protected] - www.correiorural.com.br Diretor e Editor MILTON ZANI DOS SANTOS Jornalista Reg. MTb nº 4506 [email protected] Editor de conteúndo online Saul Teixeira Jornalista [email protected] Gerência administrativa NILZA SANTOS [email protected] Gerência comercial e Design gráfico VINICIUS SANTOS [email protected] Gerência de desenvolvimento GABRIEL PINTO [email protected] Circulação: Mensal – Tiragem: 5.000 exemplares – Editoração: Gráfica Editora Correio Rural – Impressão: Correio do Povo – Filiado a Adjori e Abrarj – O Jornal não se responsabiliza por conceitos emitidos em matérias assinadas. Está no sangue, é de família Final de 1955. Guri, 13 anos, cheguei no meu pai, Cici, e disse: - Não quero mais estudar! Recém terminara a 1ª série do curso ginasial – correspondente, hoje, à 6ª série do ensino fundamental – no Colégio Cruzeiro do Sul, em Porto Alegre. O pai me olhou e, sem muitos rodeios, sentenciou: - Muito bem! Se é assim que tu queres, vens trabalhar comigo. Menor naquela época podia trabalhar. Não era crime, não era exploração e nem tirava pedaços. Pelo contrário, fazia parte da educação que a família transmitia aos seus filhos. Fui atender no balcão do Armazém Rural e, na maior parte do tempo, aprender a arte tipográfica na oficina gráfica do Correio Rural. Tornei-me tipógrafo compondo os textos que, aos sábados, estavam impressos nas páginas do jornal. Em pouco tempo já sabia tudo, inclusive sobre a montagem das páginas e a impressão na máquina manual que, depois, foi substituída por uma elétrica. Entregava o Correio Rural, levantando cedo, de madrugada, pois o povo ao acordar precisava ter em casa as notícias da semana. Concomitante, aprendi a datilografia na velha máquina Royal. Lembro que, ao primeiro barulho da impressora, aparecia no prédio da oficina o meu avô Azeredo. Como fundador e diretor máximo, tinha que ser dele o primeiro jornal impresso. Para tudo e a rodagem só continuava quando ele dava o OK. Se alguma notícia ou reportagem não lhe agradasse, se houvesse algum erro ortográfico, um nome trocado, éramos obrigados a fazer as correções para levar adiante a impressão. Nem imaginava – e nunca tive tempo de parar para pensar nisso – que este aprendizado, esta labuta no CR, encaminharia a minha vida para ser jornalista. Saído da adolescência fui ser bancário, condição que estive por 14 anos, período em que retomei os estudos até chegar a Faculdade dos Meios de Comunicação Social da PUC, onde me formei em 1978. Antes disso fiz o curso de Contabilidade e, para engordar a renda, ingressei na magistério público estadual onde permaneci por 31 anos. Mas como jornalista, jamais me desgrudei do Correio Rural. Como profissional e, muito mais, pelos laços de família, dando continuidade a este veículo de comunicação fundado pelo meu avô, tocado pelos meus tios e meu pai ao longo de vários anos, e onde recebi a parceria de meus irmãos e de diversos colaboradores. Aqui, agora, estou ao lado de meu filho, meu neto e diversos outros familiares. O CR está no sangue. O CR é coisa de família e da comunidade viamonense, que o acolhe com carinho há 100 anos. 21 3 13 0denovembro ou t ubro 2 0 1 2 22 As histórias e imagens dos 100 anos Máquina fotoliteira, década de 1990. A Rádio Liberdade FM após transferir suas operações para Porto Alegre manteve um estúdio na redação do CR. Redação do Correio Rural em 1995, já na era da editoração eletrônica. Membro-fundador da Associação dos Jornais do Interior (Adjori-RS), o Correio Rural participou ativamente de diretorias. Na foto, encontro com o governador Olívio Dutra. Em 1982, Clodoaldo Prates da Veiga (dir.) representou o governador do estado, Amaral de Souza, na entrega de uma placa alusiva aos 70 anos do Correio Rural. Abaixo, homenagem da Escola Estadual Açorianos no desfile de 7 de setembro de 1982. Na década de 1980 a Rádio Alegria, de Novo Hamburgo, transimitiu um dia de sua programação direto da redação do Correio Rural. Está máquina tipográfica imprimiu as edições do Correio Rural por mais de duas décadas. 23 24