UM FOGO QUE ACENDE OUTROS FOGOS Introdução “Contam as crônicas que, quando Santo Inácio enviou São Francisco Xavier ao oriente, disse-lhe: Vá, inflame todas as coisas. Com o nascimento da Companhia de Jesus, um fogo novo se acendeu em um mundo em transformação. Iniciou-se uma forma inovadora de vida religiosa, não por engenho humano, mas como iniciativa divina. O fogo que então se acendeu continua ardendo hoje em nossa vida de jesuítas” (CG 35, d.2, no 25). Rezemos hoje com o Decreto “Um fogo que acende outros fogos. Redescobrir nosso carisma” da Congregação Geral 35, agradecendo a Deus que, ao enlaçar nossa identidade e missão nessa comunidade orante aqui reunida, mantém viva a chama da nossa inspiração original. Abertura V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio. R. Socorrei-me sem demora. V. Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. R. Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Hino Somos, Senhor, teus companheiros que hoje vimos te adorar, e como Santo Inácio outrora, nos dispomos a te servir. 1. Cremos, Senhor, que em teu amor juntos podemos responder com coragem à missão, que é o serviço da fé e o lutar por um mundo justo e irmão. 2. Vendo o teu povo oprimido pela violência do poder, faz-nos ser pela fé em teu Filho Jesus solidários com o irmão que não tem voz. Cântico - Cristo, a imagem do Deus invisível (Col 1,12-20) Desejamos que a nossa Companhia se assinale com o nome de Jesus (Fórmula do Instituto 1) Ant.: É o Primogênito de toda criatura, e em tudo Ele tem a primazia. = Demos graças a Deus Pai onipotente que nos chama a partilhar, na sua luz, da herança a seus santos reservada! R. Glória a vós, Cristo Jesus, imagem do Deus invisível. = Do império das trevas arrancou-nos e transportou-nos para o reino de seu Filho, para o reino de seu Filho bem-amado, - no qual nós encontramos redenção, dos pecados remissão pelo seu sangue. R. Glória a vós, Cristo Jesus, imagem do Deus invisível. - Do Deus, o Invisível, é a imagem, o Primogênito de toda criatura: = porque nele é que tudo foi criado, o que há nos céus e o que existe sobre a terra, o visível e também o invisível. R. Glória a vós, Cristo Jesus, imagem do Deus invisível. = Sejam Tronos e Poderes que há nos céus, sejam eles Principados, Potestades: por ele e para ele foram feitos. - Antes de toda criatura ele existe, e é por ele que subsiste o universo. R. Glória a vós, Cristo Jesus, imagem do Deus invisível. = Ele é a Cabeça da Igreja, que é seu Corpo, é o princípio, o Primogênito entre os mortos, a fim de ter em tudo a primazia. - Pois foi do agrado de Deus Pai que a plenitude habitasse no seu Cristo inteiramente. R. Glória a vós, Cristo Jesus, imagem do Deus invisível. - Aprouve-lhe também, por meio dele, reconciliar consigo mesmo as criaturas, = pacificando pelo sangue de sua cruz tudo aquilo que por ele foi criado, o que há nos céus e o que existe sobre a terra. R. Glória a vós, Cristo Jesus, imagem do Deus invisível. Ant.: É o Primogênito de toda criatura, e em tudo Ele tem a primazia. Leitura Breve 2Cor 3,12-13.16-18 Tendo uma tal esperança, procedemos com toda a segurança, e não como Moisés, que cobria o rosto com um véu. Mas, todas as vezes que o coração se converte ao Senhor, o véu é tirado. Pois o Senhor é o Espírito, e onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade. Todos nós, porém, com o rosto descoberto, refletimos a glória do Senhor e assim somos transformados à sua imagem, pelo seu Espírito, com uma glória cada vez maior. V. Brilhe a vossa luz diante dos homens. R. Para que vejam as vossas boas obras. Para meditar “Um fogo que acende outros fogos. Redescobrir nosso carisma” (CG 35, Decreto 2, n.8-10) Encontrar a vida divina nas profundezas da realidade é uma missão de esperança confiada aos jesuítas. Percorremos de novo o caminho de Inácio. Assim como na sua experiência, também na experiência, uma vez que se abre um espaço de interioridade no qual Deus atua em nós, podemos ver o mundo como um lugar onde Deus atua e que está cheio de seus chamados e de sua presença. Desta forma, com Cristo que oferece água viva, nos adentramos em zonas do mundo áridas e sem vida. Nosso modo de proceder é descobrir as pegadas de Deus em toda parte, sabendo que o Espírito de Cristo está ativo em todos os lugares e situações, e em todas as atividades e mediações que tentam torná-lo mais presente no mundo. Esta missão de tentar sentir e saborear a presença e a ação de Deus em todas as pessoas e circunstâncias do mundo, coloca os jesuítas no centro de uma tensão, que nos impulsiona, ao mesmo tempo, para Deus e para o mundo. Surgem assim, para os jesuítas em missão, uma série de polaridades, tipicamente inacianas, que conjugam o nosso estar sempre enraizados firmemente em Deus e, ao mesmo tempo, imersos no coração do mundo. Ser e fazer, contemplação e ação, oração e viver profeticamente, estar totalmente unidos a Cristo e completamente inseridos no mundo com Ele como um corpo apostólico. Todas essas polaridades marcam profundamente a vida do jesuíta e expressam, ao mesmo tempo, sua essência e possibilidades. Os Evangelhos mostram Jesus em relação profunda e amorosa com seu Pai e, ao mesmo tempo, completamente entregue à missão no meio dos homens e mulheres. Está continuamente em movimento: a partir de Deus, para os outros. Este é também o modelo jesuíta: com Cristo em missão, sempre contemplativos, sempre ativos. Essa é a graça, e também o desafio criativo, de nossa vida religiosa apostólica, de viver esta tensão entre oração e ação, entre mística e serviço. Temos que nos examinar criticamente para nos manter sempre conscientes da necessidade de viver com fidelidade esta polaridade de oração e serviço. Não podemos abandonar esta polaridade criativa, pois caracteriza a essência de nossas vidas como contemplativos na ação, como companheiros de Cristo enviados ao mundo. Naquilo que realizamos no mundo tem que haver sempre uma transparência de Deus. Nossas vidas deveriam provocar estas perguntas: quem é você que faz essas coisas... e as faz dessa maneira? Os jesuítas devem manifestar, especialmente no mundo contemporâneo de ruído e estímulos incessantes, um forte sentido do sagrado, inseparavelmente unido a uma implicação ativa no mundo. Nosso profundo amor a Deus e nossa paixão por seu mundo deveriam fazer-nos arder, como um fogo que acende outros fogos. Breve momento de silêncio e reflexão pessoal Pode-se fazer um momento de partilha Preces Peçamos a Jesus Cristo, verdadeira imagem de Deus e verdadeira imagem da humanidade, que reconstrua-nos como jesuítas, como comunidades e corpo apostólico; dizendo: Cristo, nosso Senhor, ajudai-nos a redescobrir nosso carisma. Para que a Companhia procure manter viva a chama de sua inspiração original, de maneira que ofereça luz e calor aos nossos contemporâneos, rezemos: Para que a Companhia se reconheça como um corpo unido, apostólico, que busca o melhor para o serviço de Deus na Igreja e para o mundo, rezemos: Para que encontremos a nossa identidade na companhia do Senhor, que chama, e na companhia de outros que compartilham esse chamado, rezemos: Para que da experiência de Deus que nos coloca com Cristo no coração do mundo, surja sempre nossa identidade como servidores da missão de Cristo, rezemos: Para que seguindo Cristo carregando sua cruz, abramo-nos com Ele a todo tipo de sede que aflige hoje a humanidade, rezemos: Para que seguindo Cristo carregando sua cruz, anunciemos seu Evangelho de esperança aos inumeráveis pobres que habitam hoje nosso mundo, rezemos: Para que seguindo Jesus, sintamo-nos chamados também a restaurar as pessoas em sua integridade, reincorporando-as à comunidade e reconciliando-as com Deus, rezemos: Para que reconheçamo-nos enviados com Jesus como companheiros consagrados a Ele em pobreza, castidade e obediência, apesar de sermos pecadores, rezemos: Para que estejamos sempre dispostos para o bem mais universal, procurando sempre o magis, o que é verdadeiramente melhor, para a maior glória de Deus, rezemos: Para que a nossa vida comunitária possa chegar a ser atraente para as pessoas, convidando, sobretudo os jovens, a vir e ver, a unirem-se a nós nesta vocação, rezemos: (intenções livres) Pai Nosso... Oração Final Deus, nosso Pai, que destes a nós a graça de estar e caminhar como companheiros do vosso Filho amado, concedei-nos olhar o mundo com Seus olhos, amando-o com Seu coração e penetrando em suas profundezas com Sua compaixão ilimitada, para que sigamos inflamando todas as coisas com o vosso amor. Benção V. O Senhor nos abençoe, nos livre de todo o mal e nos conduza à vida eterna. R. Amém. Canto Amar a ti, Senhor, em todas as coisas e todas em ti. Em tudo amar e servir. Em tudo amar e servir.