Sessão de Leitura Trabalho realizado no âmbito da ação de formação Ler em família: viagens partilhadas (com a escola?) Formadora: Madalena Moniz Faria Lobo San-Bento Formanda: Paula da Conceição Almeida Tavares Botelho – EB1/ JI Tavares Canário Lagoa, 6 de junho de 2012 Planificação de uma sessão de leitura, no âmbito da ação de formação «Ler em família: viagens partilhadas (com a escola?)» Para a realização deste trabalho foi escolhido um excerto do livro «O menino que não gostava de ler», de Susanna Tamaro, propondo-se em sessões posteriores o estudo da obra completa. Esta sessão destina-se a um grupo do 4.º ano de escolaridade e pretende-se que seja desenvolvida em três momentos principais na sala de aula, com complemento em casa, junto da família. 1º Momento – Pré- leitura: Antecipação do tema a partir da projeção (ampliada/no quadro) de uma imagem do livro. Os alunos (sentados nas suas mesas, dispostas em U) deverão exprimir-se oralmente sobre os seguintes tópicos: a) O que vos sugere a imagem? b) O que acham que o menino da imagem está sentindo? c) Acham que o menino tem uma boa relação com os livros? Porquê? Após a discussão, a professora apresenta, em tiras de cartolina, três títulos diferentes, pedindo aos alunos que selecionem o que consideram mais adequado para a imagem: a) Uma aventura num livro. b) O meu melhor amigo. c) O menino que não gostava de ler. Após esta atividade, é projetado o título do livro e comparadas as hipóteses de resposta. 2º Momento – Leitura: O texto é projetado com cores diferentes de acordo com as personagens intervenientes (narrador assinalado a preto, a mãe a vermelho, o pai a azul, o menino a verde e o psicólogo a roxo) e a docente lê variando sonoridades e entoações, consoante as personagens e as situações (expressando os sentimentos de tristeza, suavidade, fúria, ordem, surpresa, interrogações e ou explorando diferentes tons de voz, grave/aguda; altitudes baixo/alto). O docente deverá ler de um papel, virado para os alunos, estabelecendo, sempre que possível o contato direto. Após a leitura, é pedido aos alunos que caraterizem as personagens. Numa segunda etapa os alunos leem o texto inteirando-se da personificação de uma personagem, sendo convidados a diversificar as sonoridades e entoações, tendo em atenção a caraterização de cada personagem. Esta atividade poderá ser repetida as vezes necessárias, de modo a que todos os alunos participem na leitura do excerto. 3º Momento – Depois da leitura: Pedir aos alunos que respondam à pergunta formulada pelo menino da história: Porque é que é preciso ler? Dialogar sobre a importância dos livros. 4º Momento – Junto da família: Pedir aos alunos que, com a família, completem as seguintes frases: Ler é ______________________________________________________________ Ler é importante porque ______________________________________________ Com o livro eu aprendo _______________________________________________ Eu gosto de ler ______________________________________________________ Em sessões posteriores: Reunir as respostas da família e elaborar um texto coletivo, ou um poema sobre a importância da leitura. Ilustrar e elaborar um panfleto dirigido à família/ à comunidade. Apresentar a imagem do final do livro (imagem 2 em anexo) e dialogar sobre a antevisão do desenrolar da história. Ler o livro na integra e estabelecer a relação entre a atitude do menino no início do livro e no final. Preencher uma ficha de leitura. Exploração do poema de Bernardete Oliveira «Ler». Anexos: 1. Imagem 1. 2. Texto. Ao sair de casa, naquela manhã, Leopoldo sabia que já não voltaria atrás. O dia anterior tinha sido o do seu aniversário – o seu oitavo aniversário – e tinha sido um dia tristíssimo. Tinha pedido como prenda uma coisa que queria havia já tanto tempo: umas sapatilhas, uma vez que apesar de viver na cidade, gostava imenso de correr. Nem o pai nem a mãe gostavam de sair da cidade. A mãe tinha pavor de ratos e aranhas, e o pai era muito preguiçoso; assim, todos os seus tempos livres eram passados em casa, a ler. Pela consistência e pelo peso, apercebera-se imediatamente de que não era de esperar nada de bom do embrulho que a mãe lhe fizera escorregar para as mãos. Quando em vez das sapatilhas, lhe apareceram dois livros de capa luzidia, não aguentou e desatou a chorar, tal a raiva que sentia. - Meu anjo, não é preciso chorares agora, choras depois de os teres lido. - Olha! Já viste que lindas ilustrações coloridas? Leopoldo tinha-os atirado ao chão com raiva e, batendo com a porta, tinha-se ido refugiar no quarto. Pouco depois, naquela mesma tarde, quando a mãe o fora convidar para apagar as velas, ele gritara: - Apaguem-nas vocês! No ano anterior, a mãe, preocupada com os seus péssimos resultados escolares, tinha-o levado a um psicólogo. - Papirofobia, mais um caso de papirofobia. - Papirofobia?! - A culpa, minha senhora é da televisão, dos jogos de vídeo. Tire-lhos, obrigue-o a ler, a usar a cabeça e em poucos meses há-se notar incríveis melhoras. - Mas eu pouca televisão vejo. - Ouviste o psicólogo, não ouviste? - E eu nunca tive um único jogo de vídeo! - Eu sei lá o que tu fazes na escola! Se calhar, em vez de estudares, passas horas e horas agarrado aos jogos dos teus colegas. A partir desse dia, para tratar a papirofobia, os pais tomaram medidas drásticas. A televisão fora embrulhada num saco preto do lixo e selada com uma corrente e três cadeados. Todas as manhãs, antes de ir para a escola, a mãe polvilhava-lhe as pontas dos dedos com carvão, para ver se ele brincava com jogos de vídeo. Depois, enquanto Leopoldo descia as escadas, gritava atrás dele: - Ai de ti, se voltas com as mãos limpas! A verdadeira tragédia era o «Tantum Quotidianum» estabelecido pelo pai. - Eu, com a tua idade, tinha lido, pelo menos, o equivalente a metade do meu peso. E agora que tenho trinta anos, posso dizer com orgulho que os volumes que li, pesam, pelo menos, dez vezes mais do que eu. Partindo deste princípio, determinara que Leopoldo deveria começar o dia com cem gramas de leitura, cem gramas na primeira semana, duzentos na segunda, trezentos na terceira e por aí adiante. Leopoldo começara a sofrer de terrores noturnos. Sentia-se cansado e na escola, adormecia com facilidade ou então punha-se a chorar. Alguns dias antes do seu aniversário, a mãe, vendo-o piorar, perguntara ao marido se não seria caso de interromper o tratamento. - Querida, isto é um tratamento homeopático; é natural que no início os sintomas tendem a piorar. De todas estas coisas se lembrou Leopoldo enquanto estava com a cabeça debaixo do travesseiro, no dia do seu aniversário. Quanto a mãe o chamou para o jantar, já tinha as ideias claras. Assim, enquanto a mãe lhe fazia escorregar para o prato uns pasteizinhos meio queimados, Leopoldo tomou fôlego e então, de uma só vez, disse: - Mas por que é que é preciso ler? Texto com supressões de O menino que não gostava de Ler, de Susanna Tamaro, Editorial Presença, 2001 3. Imagem 2. 4. Ficha de leitura EB1/JI _____________________ Leitura Orientada O menino que não gostava de ler Nome: _________________________________________________________________________ Data: ___/___/_____ Ano: ___ Turma: ___ N.:___ 1. Preenche. Identificação Livro ___________________________________________________________ Autor___________________________________________________________ Autor da versão portuguesa__________________________________________ Ilustrador________________________________________________________ Editora__________________________________________________________ Data da edição____________________________________________________ 2. Responde de acordo com as informações do livro até à página 20. a) Como se chama a personagem principal do livro? __________________________________________________________________________________________ b) Que idade tinha? Retira do livro uma frase que justifique a tua resposta. __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ c) Ele estava tristíssimo. Porquê? __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ d) Por que razão não gostava dos seus fins de semana? __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ e) No ano anterior, a mãe, preocupada com os seus maus resultados escolares, tinha-o levado a um psicólogo. Qual foi o diagnóstico do psicólogo e o que lhe recomendou? __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ f) Assinala com x as medidas tomadas pelos pais, para curar a doença do filho. Embrulharam a televisão num saco fechado a cadeado. Polvilhavam as pontas dos dedos do filho com farinha. Obrigavam-no a ler todos os dias. Proibiram os jogos de vídeo. Faziam-no correr um quilómetro todos os dias. Davam-lhe xarope de fígado de bacalhau. g) As medidas tomadas pelos pais deram resultado? Justifica a tua resposta. __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ h) No dia do seu aniversário o menino perguntou aos pais porque era assim tão importante ler. O pai respondeu que ler torna-nos diferentes e ajuda-nos a conhecer as coisas. Imagina que o menino faz-te a mesma pergunta. O que responderias? __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ i) Não compreendendo as explicações dadas pelos pais, o menino toma uma decisão. O que resolveu fazer? __________________________________________________________________________________________ j) Achas que esta foi uma decisão acertada? Porquê? __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ k) O que farias no lugar dele? __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 3. Ouve com atenção a leitura da segunda parte do livro e responde: a) Leopoldo fez todo o percurso do autocarro. Tinha chegado a uma praça desconhecida. Que fez ele? __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ b) Quem encontrou no banco do parque? __________________________________________________________________________________________ c) Assinala com uma cruz as aventuras vividas pela pessoa que encontrou no parque: Deu a volta ao mundo 180 vezes. Caçou baleias muito ferozes e de cores inacreditáveis. Combateu piratas nos mares da China. Andou à deriva no mar e chegou às ilhas dos Açores. Casou com uma bruxa. Ficou cego num acidente de carro. d) A pessoa que Leopoldo encontrou arrependia-se de não ter conseguido acabar de ler um livro. O que é que Leopoldo decide fazer para remediar a situação? __________________________________________________________________________________________ e) No entanto Leopoldo não consegue fazê-lo. Porquê? __________________________________________________________________________________________ f) O senhor resolveu então acompanhar Leopoldo a casa e explicar aos pais o que se passava. Retira do livro uma frase que mostra a reação dos pais. __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ g) Completa as frases de acordo com o conteúdo da história. Os pais resolveram levar Leopoldo ao ______________________ e ele passou a usar óculos. A primeira coisa que o menino fez foi ____________ o livro __________________________ para poder contar ao amigo como terminava a história. Depois passou a ______________ muito de ler. Os pais compraram-lhe umas __________________ e, uma vez por semana, Leopoldo ia _______________ para o parque. Sempre que podia o menino ia visitar o seu amigo cego e contar-lhe as ____________________ que lia dos livros e os dois ficaram muito __________________. h) Conta por tuas palavras a parte do livro que gostaste mais e justifica a tua resposta. __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 5. Poema «Ler». Ler, para quê? Para saber, conhecer; Para me instruir, descobrir; Para pesquisar, interpretar… Ou será: Para sonhar, pensar; Para colorir, descobrir; Para imaginar, desenhar; Para sentir, exprimir… Ou simplesmente: Para me emocionar… É para tudo isto E um pouco mais… Lê e descobre-te na leitura! Bernardete Oliveira 6. Resumo do livro.