GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
NOTA TÉCNICA – ENCHENTES
As inundações figuram entre as catástrofes naturais que mais danos ocasionam à saúde pública e
ao patrimônio, com elevada morbimortalidade, em decorrência do seu efeito direto e das doenças
infecciosas secundárias aos transtornos nos sistemas de água e saneamento.
Com a ocorrência de graves inundações, emerge a preocupação sobre o aparecimento de
doenças, sobretudo as transmitidas por água, alimentos, vetores, reservatórios e animais
peçonhentos. Este fato gera a necessidade da intensificação das ações de Vigilância em Saúde de
forma oportuna, coordenada e articulada com outros setores (públicos e não-governamentais) e
com base em dados para a tomada de decisões.
Com a proximidade da época de chuvas, segue abaixo atribuições do setor saúde e
recomendações em caso de enchentes:
A Secretaria de Estado da Saúde deve:
 Avaliar os danos e identificar as necessidades em saúde
 Reabilitar a rede de serviços de saúde
 Acompanhar as ações de busca, resgate, socorro, evacuação e assistência médico-hospitalar às
vítimas
 Intensificar as ações de prevenção, promoção, proteção, educação, recuperação e reabilitação,
previamente determinadas para o setor saúde
 Fortalecer o atendimento pré-hospitalar e hospitalar
 Fortalecer fluxo de atendimento para agravos prioritários
 Identificar e acompanhar as ações desenvolvidas nos abrigos
 Estabelecer fluxo de atendimento
 Monitorar a morbimortalidade e outros impactos à saúde humana
As Secretarias Municipais de Saúde devem:
• Evitar que a população consuma água inadequada, através da adoção de medidas emergenciais,
tais como: educação em saúde e distribuição de hipoclorito de sódio a 2,5% para desinfecção da
água para beber e para cozinhar.
• Orientar que o acondicionamento da água já tratada seja feito em recipientes higienizados,
preferencialmente de boca estreita, para evitar a contaminação posterior pela introdução de
utensílios (canecos, conchas, etc.);
• Intensificar o monitoramento da qualidade da água para consumo humano das áreas atingidas;
• Orientar as pessoas que estão em situação de risco (em alojamentos) a intensificar os cuidados
com a higiene pessoal e com os alimentos;
• Acompanhar, se possível diariamente, a monitorização das doenças diarréicas agudas (MDDA)
para a identificação de mudanças no perfil epidemiológico das diarréias nas áreas afetadas;
• Estar em alerta para a possibilidade de ocorrência de surtos, garantindo os meios para o
diagnóstico e tratamento dos casos
 Intensificar as ações de vigilância epidemiológica de doenças decorrentes de inundações
 Intensificar a necessidade de promover ações para a atenção psicossocial
 Intensificar as ações de controle de vetores (mosquitos), reservatórios (roedores) e animais
peçonhentos
 Intensificar as ações de vigilância sanitária e executar medidas de controle e de higiene nos
ambientes públicos, domiciliares e comércio.
 Apoiar e sistematizar o manejo e destino de animais mortos.
Secretaria de Estado da Saúde, Núcleo Especial de Vigilância Ambiental (NEVA), Avenida Marechal
Mascarenhas de Moraes n° 2025, 3º andar, Bento Ferreira - CEP: 29050-625 - Vitória - ES - Tel: (27) 31372485,3137-2471.
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 Definir um responsável/interlocutor com a Secretaria Estadual de Saúde.
Cuidados com a água para o uso doméstico
Nas enchentes, o sistema doméstico de armazenamento de água pode ser contaminado, sendo
necessária sua desinfecção. A limpeza dos reservatórios se faz necessária, mesmo quando os
mesmos não são atingidos diretamente pela água da enchente, pois a rede de distribuição de
água, freqüentemente, apresenta vazamentos. Durante a enchente, se faltar água nos canos, os
locais de vazamentos permitem a entrada de água poluída na rede, contaminando os
reservatórios. Para limpar e desinfetar o reservatório (caixa d’água), recomenda-se:
a) esvaziar a caixa d’água e lavá-la, esfregando bem as paredes e o fundo. Não esquecer que se
deve usar botas de borracha e luvas nesta atividade;
b) esvaziá-la completamente, retirando toda a sujeira, utilizando pá, balde e panos;
c) após concluída a limpeza, colocar 1 litro de água sanitária para cada 1.000 litros de água do
reservatório;
d) abrir a entrada para encher a caixa com água limpa;
e) após 30 minutos, abrir as torneiras por alguns segundos, com vistas à entrada da água com
solução na tubulação doméstica;
f) aguardar 4 horas para a desinfecção do reservatório e canalizações;
g) abrir as torneiras, podendo aproveitar a água para limpeza em geral de chão e paredes, não
utilizando para beber nem para preparar alimentos.
Cuidados com a água para consumo humano direto
Se o domicílio for abastecido com água do sistema público e, no ponto de consumo (torneira,
jarra, pote, etc.), não for verificada a presença de cloro na quantidade recomendada (maior que
0,5 mg/l) ou se a água utilizada for proveniente de poço, cacimba, fonte, rio, riacho, açude,
barreira, etc., deverá ser procedida a cloração no local utilizado para armazenamento
(reservatório, tanque, tonel, jarra, etc.) utilizando-se o hipoclorito de sódio a 2,5% ou água
sanitária, nas seguintes dosagens, conforme tabela abaixo:
Cuidados na limpeza da lama residual das enchentes
A lama das enchentes tem alto poder infectante e nestas ocasiões fica aderida aos móveis,
paredes e chão. Recomenda-se então retirar essa lama (sempre se protegendo com luvas e botas
de borracha) e lavar o local, desinfetando a seguir com uma solução de água sanitária na
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seguinte proporção: para um balde de 20 litros de água, adicionar 4 xícaras de café
(copinhos de 50 ml) de água sanitária.
Cuidados com os alimentos
Nas enchentes, é essencial a atenção aos alimentos que entraram em contato com as águas da
enchente, pois poderão ser contaminados. O ideal como prevenção é armazená-los em locais
elevados, acima do nível das águas. Se isto não foi possível, recomenda-se:
a) Manter os alimentos devidamente acondicionados, fora do alcance de roedores, insetos ou
outros animais;
b) Lavar freqüentemente as mãos com água tratada antes de manipular os alimentos;
c) Alimentos em estado natural:
• frutas em geral, verduras, legumes, arroz, feijão, soja, ervilha, etc. devem ser inutilizados, pois
sofrem transformações quando em contato com as águas da enchente;
• carnes, peixes, leite, ovos, pão, açúcar, café, manteiga, etc., devem ser inutilizados, pois se
contaminam facilmente pelas águas, além da natureza de suas embalagens, que geralmente são
de plástico ou papel; portanto, é perigosa qualquer tentativa de aproveitamento dos
mesmos.
d) Alimentos preparados:
• Lingüiça, mortadela, queijos, etc. deverão ser também inutilizados após o contato com as
águas, pois sua contaminação é total, devido ao tipo de embalagem, geralmente de plástico ou
papel;
e) Alimentos enlatados:
• As latas que tiveram contato com lama ou água de enchente independente do estado de
conservação, devem ser desprezadas.
CUIDADOS COM O AMBIENTE E A HIGIENE PESSOAL EM ABRIGOS
1- Banheiros de abrigos: higiene e organização
O banheiro deve estar sempre higienizado e organizado, com papel higiênico, lixeira, sabonete e
álcool 70%. A retirada do lixo, limpeza do local, reposição de papel higiênico, sabonete e álcool
70% devem ocorrer, no máximo, a cada três horas.
Caso a água apresente odor e/ou coloração diferente do habitual, utilize-a somente para a
descarga do vaso sanitário. Nesse caso, a pia de lavagem das mãos deve ser interditada.
2- Quando lavar as mãos?
ANTES DE: comer, preparar os alimentos, amamentar, trocar fraldas, tocar em pessoa doentes e
tocar em feridas
DEPOIS DE: Tocar em animais, ir ao banheiro, trocar fraldas, assoar o nariz, espirrar, tossir,
tocar em alimentos crus, tocar no lixo, tocar em objetos que tiveram contato com a água de enchente,
entrar em contato com a água de enchente, tocar em pessoas doentes, tocar em feridas.
3- manipulação de alimentos numa cozinha de abrigos
Limpar a cozinha sempre que necessário, ao iniciar e ao final das atividades de trabalho, não
deixando acumular sujeira. Retire objetos sem utilidade desse local. As superfícies que entram em
contato com o alimento (por ex: a mesa) devem ser de material liso. Evite o uso de madeira. Elas
devem ser higienizadas sempre que outro alimento for manipulado.
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Defina um local apropriado (seco e sob abrigo do sol) para armazenamento de todos os produtos
que serão utilizados na cozinha.
NUNCA guarde os produtos de limpeza junto com os alimentos.
Lave todos os utensílios utilizados entre o preparo de um alimento e outro.
A refeição deve ser consumida em no máximo duas horas, excedendo este prazo, os alimentos
deverão ser armazenados sob refrigeração. Sugere-se que sejam definidos horários para as
refeições, de forma que todos se alimentem no mesmo horário. Isso evita que os alimentos
fiquem por muito tempo expostos à temperatura ambiente.
Evite o contato de alimentos crus (como carne, frango e peixe) com alimentos cozidos.
Para uma melhor segurança alimentar, solicite apoio do serviço de nutrição da Secretaria de
Saúde da sua cidade.
4- prevenção de doenças infecciosas respiratórias
No ambiente fechado e com aglomeração de pessoas, é possível o aparecimento de doenças
infecciosas respiratórias.
Manter os ambientes limpos e ventilados.
Verifique os cuidados supracitados no item 02.
5- Cuidados com ambientes de abrigos
IMPORTANTE:
A) TODO ABRIGO DEVERÁ TER UM COORDENADOR, RESPONSÁVEL PELA ORGANIZAÇÃO E MANUTENÇÃO DA
BOA ORDEM.
B) SALIENTA-SE A VISITA DIÁRIA DE EQUIPE DA ESF (EX: VERIFICAÇÃO DE COBERTURA VACINAL DOS
ENVOLVIDOS).
C) SALIENTA-SE TAMBÉM A PRESENÇA CONSTANTE DE EQUIPE DA SAÚDE MENTAL NO ABRIGO, COM
OBJETIVO DE DAR APOIO E ASSISTÊNCIA PSICOLÓGICA AOS DESABRIGADOS.
D) DESIGNAR EQUIPE RESPONSÁVEL NA ELABORAÇÃO E DIVISÃO DE TAREFAS DIÁRIAS E ATIVIDADES DE
RECREAÇÃO.
Os responsáveis pelo abrigo devem garantir as seguintes condições ambientais:
• Garantir uma boa ventilação em todos os lugares.
• Estabelecer um plano de limpeza e desinfecção diária de todas as superfícies de mobílias,
corrimão, puxadores de porta e outros equipamentos.
Após a limpeza e desinfecção, secar completamente todas as superfícies.
6- Cuidados ao voltar para casa
Ao voltar para casa, alguns cuidados são importantes para evitar doenças e acidentes com
animais peçonhentos.
Verifique a presença de animais peçonhentos.
• Entre em casa com cuidado. Animais peçonhentos, como serpentes, aranhas ou escorpiões,
podem estar escondidos.
• Bata os colchões e sacuda lençóis, roupas, calçados e toalhas (com cuidado) antes de usá-los.
• NUNCA toque neles, mesmo que pareçam estar mortos!
• NUNCA enfie a mão em buracos ou frestas. Use um cabo de vassoura ou similar.
Em caso de picada:
• Procure o atendimento médico mais próximo, o mais rápido possível.
 Nunca faça torniquete ou garrote no local
 Lave o local da picada com água e sabão
 Se possível, levar o animal para identificação, em segurança
• Procure ficar calmo e com o membro picado mais alto que o resto do corpo
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Limpeza da casa:
• Antes de começar a limpeza, coloque calça comprida, botas e luvas! Se não tiver botas e luvas,
coloque em cada mão e em cada pé dois sacos plásticos amarrados para tentar evitar o contato
da pele com a água contaminada.
• Será necessário retirar a lama e lavar o chão, paredes e objetos. Depois desinfectar usando uma
solução de 1 litro de água sanitária para cada 4 litros de água. Umedeça os panos e limpe cada
ambiente.
Vitória, 07 de dezembro de 2010.
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