desempenho 56 As 10 empresas que mais cresceram A s dez empresas que mais cresceram em 2009, segundo o ranking elaborado pelo Anuário Informática Hoje 2010, obtiveram aumento de suas receitas líquidas superior a 45%. O resultado reflete a estabilidade da economia brasileira, que tende a estimular investimentos em tecnologia da informação. Em todas as dez empresas que compõem o ranking das que mais cresceram, o crescimento foi acompanhado de bons índices de rentabilidade sobre vendas, em média próximos de 30%. Segundo as empresas, porém, essas marcas poderiam ter sido ainda maiores, se não tivessem enfrentado uma dramática escassez de mão-de-obra, sobretudo de profissionais de nível técnico. Uma das que mais se queixam é a Tesa Brasil. Especializada em implantação e suporte de infraestrutura, em especial para empreendimentos comerciais e centros de convenções, a empresa fornece desde sistemas de telefonia e Internet até soluções de mobilidade. Há dois anos, a Tesa decidiu sair do segmento de micro e pequenas empresas e engordar a receita com grandes corporações.“Com isso, formamos uma carteira de mais de 2 mil clientes. A receita líquida, desde então, cresce entre 30 e 40%. Em 2009, cresceu 54%. A rentabilidade também é elevada, puxada pelo ganho de escala e a cesta de serviços farta, mas, principalmente, pela customização da oferta. Mas também nos deparamos com um problema: a falta de mão de obra especializada”, reclama Roberto Miranda, principal executivo da Tesa. Com apenas 50 colaboradores, sob intensa pressão da demanda, a empresa partiu para a formação dos profissionais que emprega, por meio de minicursos técnicos. Daqui para a frente, a Tesa aposta num crescimento ainda maior e mais rápido, graças a três fatores: a maturação da série de projetos de grandes clientes, conquistados a partir de 2008, e que de- vem, finalmente, entrar em fase produção; o reforço da malha de distribuição composta de 150 canais, especialmente dedicada à venda para clientes menores; e operações de exportação, ancoradas, sempre, em projetos corporativos high end. A ampliação da base de clientes, associada à expansão para Portugal e Canadá foi a estratégia adotada também pela InfoServer, que aposta todas as fichas nas soluções de mobilidade, em especial, as de suporte à operação bancária. “Nosso token, lançado na Alemanha em 2006, nos abriu muitas portas no mercado europeu, que começamos a abordar com a criação de uma filial em Lisboa. Na América Latina, ainda, pusemos o pé na Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Honduras, Panamá e Paraguai”, comemora o diretor geral, Paulo Rogério Samia. A InfoServer cresceu 48,3% e planeja crescer outros 30% em 2010, resultado contido, justamente, pela carência de profissionais de TI. Autoridade em certificação digital, a Certisign, que cresceu 50,4%, soube compensar a escassez de profissionais para contratação com a qualidade e aproveitamento racional dos que trabalham lá . Mas também ajudou bastante a rede de parceiros estratégicos, que permite à empresa alcançar as diferentes regiões. “Além da qualidade da equipe interna e das parcerias, o que nos empurrou para a frente foi o hábito do planejamento, foco e muito trabalho”, conta o presidente, José Luiz Poço. No alto do ranking, com 82,7% de crescimento, a Net Service, integradora de soluções de TI, desde 2004, quando cresceu 56%, está acostumada a ver a receita líquida engordar, diz José Rodrigues Maciel, assessor da presidência. Nos últimos três anos, o crescimento acumulado foi de 200%. O segredo? “Visão de futuro, planejamento, persistência, qualidade dos serviços e As campeãs do crescimento Classificação no Ranking Empresa 57 Crescimento Receita Líquida (%) Receita Líquida (US$ mil) 89 NET Service 82,74 30.722,43 62 Zatix (Omnilink) 75,70 66.234,76 44 Perto 66,83 127.270,00 136 Magna Sistemas 66,24 10.573,28 119 First Tech 66,23 16.268,95 193 Tesa Brasil 53,94 3.057,38 99 Certisign 50,46 25.013,87 102 Digitel 48,76 24.623,92 100 Infoserver 48,33 24.894,46 126 Provider Business Solutions 45,03 12.847,59 treinamento constante dos 850 colaboradores que empregamos”, aponta. A Zatix, especializada em sistemas de rastreamento, também não tem do que se queixar em 2009: crescendo 75,7%, comemora os mais de 2,5 mil pontos de serviços e a carteira de clientes composta de pessoas físicas, profissionais autônomos, seguradoras, montadoras, transportadoras, grandes varejistas e frotistas. “No ano passado, investimos bastante em engenharia, tecnologia, ações comercial e de marketing, operações e recursos humanos”, explica o presidente, Martin Hackett, que também considera importante, para a alta rentabilidade, a compra do sistema de rastreamento ControlSat. A aquisição elevou, logo de saída, em R$ 20 milhões a receita da Zatix. Criada em 2008, a partir da associação da Graber Rastreamento, Omnilink Tecnologia e Teletrim Monitoramento, a Zatix oferece soluções completas e serviços de monitoramento, localização, rastreamento, telemetria e logística. A Perto, que cresceu 60%, atribui o resultado às compras “substanciais” de produtos para atendimento bancário, área de negócio que hoje compõe 60% das receitas. Mas, segundo o diretor geral, Joseph Thomas Elbling, também ajudaram bastante os contratos fechados na segunda maior área de negócio – os serviços de assistência técnica para impressoras térmicas e fiscais e terminais para operações de venda com cartões de crédito. Na onda de combate a fraudes, a Provider Business Solutions, marca reconhecida principalmente entre as seguradoras, soube capitalizar o esforço pela segurança, desenvolvido pelas empresas e instituições: além de expandir a operação em São Paulo, onde já era forte, estendeu os domínios até o Rio de Janeiro, ampliando, com isso, a base de clientes. Resultado: crescimento de 45%. No movimento de expansão, segundo o presidente César Augusto Salema, a empresa, hoje com poucos mais de 320 colaboradores, também esbarrou na escassez de mão-de-obra. Mas usou a tática que tende a virar rotina no mercado de TI: tratou de formar os próprios quadros, sobretudo profissionais de nível técnico. O grande argumento de vendas, entretanto, na opinião de Salema, é a qualidade do sistema Zoomx. “A nova ferramenta, utilizando recursos avançados de inteligência artificial, ajuda a exorcizar o fantasma que assombra as seguradoras – as fraudes”, diz Salema. A First Tech, Destaque do Ano pelo segundo ano consecutivo no segmento de Integração, entre as empresas de médio porte (veja a página 100), atribui o resultado excepcional obtido em 2009 à política de relacionamento com clientes e fornecedores. Mas, também, à qualidade da prestação de serviços, que, respondendo à estratégia traçada há três anos, hoje compõem, no mínimo, 60% das receitas, nos cálculos do diretor-geral, Ângelo Dellisanti. Integradora e provedora de outsourcing com especialização em sistemas de segurança para transações eletrônicas, redes corporativas e serviços de comunicação, a empresa cresceu 62,2% e promete avançar no mesmo ritmo em 2010.