Estudo revela realidade da mulher latino-americana no mercado
Das 100 maiores empresas da América Latina, 47 não tem uma única mulher na
direção.
Estudo divulgado pela Corporate Women Directors International (CWDI), nesta sexta-feira
(15), em São Paulo, durante a 25ª edição do Global Summit of Women, mostra que a
América Latina fica muito atrás da Europa (20%), América do Norte (19,2%) e região Ásia
– Pacífico (9,4%) na quantidade de mulheres em conselhos administrativos. Das 100
maiores empresas da América Latina, 47 delas não tem uma única mulher em seu
conselho de administração; enquanto os homens ocupam 93,6% desses cargos.
Os dados revelados pelo CWDI, grupo norte-americano referência mundial em pesquisas
sobre mulheres, mostram ainda que Um número significativo de mulheres que ocupam a
diretoria tem laços familiares com a empresa. Mais de 1/3 das 65 mulheres nos conselhos
de administração das empresas que fazem parte do estudo são membros da família de
parentes que dirigem as empresas. No Brasil, mais de 40% de mulheres têm laços
familiares com os dirigentes, apesar de 45% das pequenas empresas terem sido
fundadas por mulheres.
Na última década, a porcentagem de mulheres nas diretorias aumentou cerca de 1,3%.
Em 2005, 5,1% dos assentos em conselhos administrativos eram ocupados por mulheres,
subindo para 5,8% em 2012, antes de atingir 6,4% em 2015. Dez anos após o primeiro
estudo da CWDI na região, o número se mantém praticamente o mesmo.
Na avaliação de Irene Natividad, presidente do CWDI, embora exista um esforço global em grande parte impulsionado pela Europa – para aumentar a presença de mulheres nas
diretorias, as empresas latino-americanas estão sendo deixadas para trás no quesito de
promoção de mulheres a cargos de liderança, “As razões para o baixo percentual de
mulheres ocupando a diretoria do conselho na região não são difíceis de enxergar, uma
vez que ainda há tão poucas mulheres CEOs e altas executivas com o nível de preparo
normalmente requerido pelos executivos”, destacou.
Entre os países latino-americanos, a Colômbia está na liderança, com 13,4% dos assentos
no conselho das suas maiores empresas ocupados por mulheres, mais que o dobro da
média da região. No Brasil, cujas empresas compõem quase metade das maiores
empresas na lista, a média é de 6,3%. Empresas do México tem apenas 5,1% da
representação no conselho feminino, enquanto a percentagem do Chile, de 3,2%, é a mais
baixa na região. Entre as empresas que contam com diretores do sexo feminino, 43% têm
apenas uma só mulher.
A empresa de melhor desempenho entre as 100 maiores da América Latina está na
Colômbia, o Grupo Argos, com 28,6 % de mulheres dirigentes. A Organização Soriana, no
México, ficou em segundo lugar, com 25% de mulheres ocupando assentos no conselho e
empatados em terceiro lugar estão Grupo Exito (Colômbia), Falabella (Chile) e Banco
Santander (Brasil), os três têm 22% de mulheres em suas diretorias. Nenhuma das
grandes empresas que participaram da pesquisa possui três ou mais mulheres diretoras.
Existem medidas práticas que podem ser adotadas para aumentar a presença das
mulheres na sala de reuniões, garante Regina Nunes, presidente do Standard & Poor’s
Brasil. No Brasil, há um projeto de lei de cotas ainda não aprovado, que exige que um
mínimo de 40% dos diretores das empresas estatais sejam mulheres. “Caso este projeto
de lei seja aprovado, o Brasil será a primeira economia da América Latina a adotar um
mandato legislativo para mulheres nos conselhos. Assim, ele se juntará a outros 22 países
com cotas para as mulheres, sejam por empresas estatais ou de capital aberto. Apesar de
ser pessoalmente contra cotas, eu aprendi com o tempo que é uma medida necessária”,
afirma Regina
Além de mandatos legislativos, o relatório da CWDI recomenda a inclusão da diversidade
de gênero em códigos de governança corporativa, uma iniciativa do setor privado em 24
países que tem melhorado o acesso das mulheres às diretorias e que pode ser adotado
pela América Latina. O estudo cita várias pesquisas em praticamente todas as regiões do
mundo, que mostra que o aumento da presença das mulheres em cargos de diretora ou
executiva sênior está correlacionado com as empresas de maior rentabilidade e sucesso
financeiro.
O estudo descreve ainda que este “business case” precisa ser compreendido pelas
empresas latino-americanas, que ainda não enxergam a lógica econômica por trás da
promoção da participação das mulheres no mais alto nível de liderança corporativa.
Global Summit of Women - conhecido como “Davos das Mulheres”, o evento trouxe para
sua 25ª edição o tema “Mulheres Criativas, Economias Criativas”, para promover a
inovação e a criatividade das mulheres que ajudam a moldar as economias de seus
países. Segundo a presidente da CWDI, o Brasil foi escolhido para sediar o evento este
ano por ser “a sétima maior economia do mundo e ter uma mulher, Dilma Rousseff, como
líder da nação”. Afirmou Irene Natividad. Entre as participantes do Summit estiveram a
presidente do Kosovo, Atifete Jahjaga; a vice-presidente do Vietnã, Nguyen Thi Doan e as
ministras de áreas como Trabalho, Direitos das Mulheres, Comércio e Indústria,
representando a África do Sul, Albânia, Canadá, Emirados Árabes Unidos , Filipinas,
França, México e Polônia.
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