Será que ainda é assim?... A ESCOLA foi o meu território que me acolheu por volta dos sete anos de idade e onde me senti, desde o primeiro dia, muito à vontade para exercitar as minhas vivências pessoais e familiares e conviver com os outros, respeitando-os, nas suas diferenças. (Será que ainda é assim?...) Com os da minha idade, aprendi a questionar valores, comecei, sem saber, a construir o meu próprio PROJETO DE VIDA (Será que ainda é assim?...) Porque a ESCOLA, sempre ao lado da FAMÍLIA, foi o meu principal espaço de construção de valores, de partilha, de atitudes e de conhecimentos, pelos quais ainda hoje, me rejo. (Será que ainda é assim?...) Sem internet, sem audiovisuais, sem telemóvel, nem escola virtual, mas com um único e grande quadro negro de xisto e uma admiração e um respeito sem par, pela professora, a ESCOLA foi para mim, palco de encontro, de construção de conhecimento, de múltiplas aprendizagens, de relações e emoções fortes, de projetos, de alegrias e brincadeiras, muitas brincadeiras… que perduram ainda na minha memória e nunca, mas nunca se esvaziará dela, a imagem do espaço ESCOLA e da PROFESSORA. (Será que ainda é assim?…). E lá, na ESCOLA eu crescia, sempre tendo por referência a FAMÍLIA que, nos bastidores, mas muito de perto, acompanhava o meu desafio. (Será que ainda é assim?...). E nos bastidores, a FAMÍLIA, em alerta, atenta e preocupada, seguia-me e acompanhava-me de perto, muito de perto e eu, podia recorrer, sempre que precisasse, para buscar nela diálogo, confiança, autoestima, ajuda, compreensão e se necessário fosse, uma ou outra repreensão. (Será que ainda é assim?...). Foi na ESCOLA, com a segunda socialização, (depois da primeira bem consolidada na FAMÍLIA), que aprendi a resolver problemas e a ampliar os meus conhecimentos sempre na base do saber ouvir, do saber ser e do saber estar. (Será que ainda é assim?...). Foi na ESCOLA, ao negociar, ao ceder, ao partilhar, ao representar, ao cooperar e ao me expor, que aprendi e ainda hoje preservo, os valores do saber ser e do saber respeitar. (Será que ainda é assim?…) Onde estás tu, ó FAMÍLIA dos dias de hoje que se ouve tão de baixinho?!!! O que fazes tu, ó ESCOLA dos dias de hoje que se ouve tão de mansinho?!!! Como estás tu, ó SOCIEDADE dos dias de hoje que grita e fala tão alto?!!! Foi na ESCOLA, sempre com a FAMÍLIA por perto, que aprendi a ser mais consciente, mais solidária, mais voluntariosa, mais autónoma, de forma a querer fazer parte de uma SOCIEDADE mais justa, mais consciente, mais exigente…(Mas será que ainda é assim?...). Não, a SOCIEDADE contemporânea, demarcada pelos consumismos exagerados, pelas inclusões, pela globalização, pela exploração sem limite dos recursos naturais, pela prevalência de uma cultura globalizada, pelos vícios das mais sofisticadas tecnologias e pela virtualidade de um admirável mundo novo está a precisar de silêncio e serenidade para encontrar o seu equilíbrio e o seu caminho, tendo sempre, obrigatoriamente, como retaguarda a FAMÍLIA e a ESCOLA. E citando Paulo Freire “Escola é ... o lugar que se faz amigos. Não se trata só de prédios, salas, quadros, programas, horários, conceitos... Escola é sobretudo, gente, gente que trabalha, que estuda, que alegra, se conhece, se estima. O diretor é gente, o coordenador é gente, o professor é gente, o aluno é gente, cada funcionário é gente. E a escola será cada vez melhor, na medida em que cada um se comporte como colega, amigo, irmão. Nada de conviver com as pessoas e depois,… descobrir que não tem amizade a ninguém. Nada de ser como tijolo que forma a parede, indiferente, frio, só. Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar, é também criar laços de amizade… É conviver, é se “amarrar nela”! Ora é lógico… Numa escola assim vai ser fácil! Estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos, educar-se, ser feliz.” (Será que ainda é assim?…) Margarida Oliveira Silva Docente do Ensino Básico Dirigente da CPC do CDS/PP de Gondomar