JORNAL DA associação médica Outubro/Novembro 2014 • Página 11 ESPECIALIDADE Residência Médica esbarra em falta de incentivo Alexandre Guzanshe Para Antônio Fernandes Lages, o principal entrave nos últimos anos foi a alteração da composição da CNRM ica Atualização científ O Jornal da AMMG publica sugestões de artigos médicos avaliados pelo Conselho Científico da entidade. Nesta edição, o dermatologista Glaysson Tassara comenta artigos sobre Onicomicose. PIRACCINI BM, SISTI A, TOSTI A. Longterm follow up of toenail onychomycosis caused by dermatophytes after successful treatment with systemic antifungal agents. J. Am. Acad. Dermatol.,62,411, 2010 GUPTA AK, BRINTNELL WC. Sanitization of contaminated footwear from onychomycosis patients using ozone gas: a novel adjunct therapy for treating onychomycosis and tinea pedis? J.Cutan. Med. Surg. 17, 243-9, 2013. A Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) contabilizou, em outubro, 1600 posições credenciadas para residência no estado. Apesar da boa representatividade, integrantes do setor afirmam que além da falta de incentivo, há também pouco diálogo por parte das entidades atuantes neste processo. Para o diretor da Associação de Apoio à Residência Médica de Minas Gerais (Aremg), Antônio Fernandes Lages, o principal entrave nos últimos anos foi a alteração da composição da CNRM, que passou a ter representantes do Governo como maioria: “Isto causou uma perda da identidade da Comissão Nacional que tem cumprido apenas as determinações do Ministério da Saúde (MS), deixando de ser um fórum de discussão da residência médica no país”, revela. Um empecilho mais atual, de acordo com o diretor da Aremg, é a alteração prevista no projeto ‘Mais Médicos’, que determina o cumprimento do pré-requisito de um ano no Programa de Residência em Medicina Geral da Família e Comunidade, antes de ocupar a vaga no programa de residência médica. “A ideia não foi discutida e ninguém conhece o planejamento para essas temporadas no programa. Para cumprir tal objetivo, será necessário um número tão grande de vagas, que é difícil de imaginar como seriam implantadas”, reflete Lages. Nos últimos dois anos, segundo a Aremg, houve um aumento significativo das vagas, pois o Ministério da Educação (MEC) passou a financiar a bolsa dos residentes para algumas instituições. Com o esforço conjunto da Aremg e da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES MG), foram realizados encontros no interior na tentativa de apoio para o credenciamento das residências. Porém, conta Lages, “o MEC falhou e deixou de efetuar o pagamento do incen- tivo à implantação e organização dos centros de estudo”. “Ainda assim, um expressivo número de instituições conseguiu implantar novos programas de residência.” Conforme a Aremg, foram solicitados novos credenciamentos e, até o final deste ano, são aguardadas novas vistorias para avaliação de mais vagas para 2015. Para o diretor Antônio Fernandes Lages, isto demonstra que o cenário tem evoluído, contudo ainda faltam o incentivo e o acompanhamento por parte da CNRM. Atuações Aremg e Cerem Quanto às funções da Cerem, a diretoria atual foi procurada pela reportagem do Jornal da Associação Médica, mas não se pronunciou até o fechamento desta edição. O diretor da Aremg, Antônio Fernandes Lages, explicou que a Cerem perdeu a maioria de suas atribuições e praticamente está se extinguindo, visto que, em sua opinião, não faz sentido algum as reuniões mensais sem pauta ou sem finalidade específica. “O mandato da última diretoria terminou em março de 2014 e não houve eleição. Discute-se agora uma forma para reerguê-la.” Sobre a Aremg, por se tratar de uma associação, não possuiu funções oficiais como a CNRM e a Cerem. O papel é de apoio, principalmente pedagógico, com a oferta de cursos para residentes e preceptores, com a realização do processo seletivo. A entidade também colabora com o funcionamento das residências e com os novos credenciamentos. “O processo seletivo unificado continua sendo a maior contribuição da Aremg e já está em sua sexta edição, reunindo 66 hospitais, sendo dois do Espírito Santo, e com a oferta de 1300 vagas.” Participe dos processos seletivos e se informe mais sobre a Aremg pelo telefone (31) 3247 1635. HAMMER TR, MUCHA H, HOEFER D. Infection risk by dermatophytes during storage and after domestic laundry and their temperature dependent inactivation. Mycopathologia, 171,43–9, 2011 FEUILHADE DE CHAUVIN, M. A study on the decontamination of insoles colonized by Trichophyton rubrum: effect of terbinafine spray powder 1% and terbinafine spray solution 1%. J. Eur. Acad. Dermatol. Venereol, 26, 875–8, 2012 As roupas, calçados e superfícies de contato dos pacientes com Onicomicose e/ou Tinha do Pé podem atuar como reservatório de fungos e podem ser considerados como fator de risco para recidiva ou re-infecção1. O crescimento de dermatófitos em culturas realizadas de calçados de pacientes com Onicomicose pode ser verificado em 8 de cada 10 pacientes2, além disto, 10% do material fúngico de uma roupa de paciente com infecção por dermatófito pode ser transferido às roupas úmidas adjacentes3. O que significa que toda roupa de paciente com infecção por dermatófito pode, potencialmente, ser um reservatório de fungos, tanto para tecidos, como cestos e máquinas de lavar. Para se reduzir o risco, roupas, toalhas e roupas de cama podem ser sanitizados através da lavagem em água quente, acima de 60°, por pelo menos uma hora3, de preferência, com ciclos de alto giro. Foi realizado um estudo comparando o uso da Terbinafina 1% spray, pó e solução, para a sanitização de palmilhas4. As palmilhas foram inoculadas com escamas de pele de pacientes com infecção por T. rubrum e realizadas culturas antes e após a aplicação da terbinafina. T. rubrum cresceu em todas as palmilhas controle, enquanto que nas palmilhas tratadas, o resultado mostrou culturas estéreis, tanto para as formulações em spray quanto solução. Aparelhos baseados no emprego do gás de ozônio ou UVC são citados pela literatura, com o mesmo fim. 4 Os trabalhos mencionados acima pode ser encontrado na Biblioteca Virtual CDC-AMMG. Acesse www.cdc.inf.br ou informe-se pelo telefone (31) 3247 1633.