Para cirurgia ortognática, é importante que o aparelho ortodôntico seja prepado de forma que se mantenha seguro durante o procedimento, permita tanto o bloqueio maxilomandibular assim como a instalação de elásticos pós-‐ operatórios, e que evite interferências para obtenção de uma oclusão ideal. Abaixo estão listadas as características ideais para o preparo do aparelho para cirurgia ortognática: Brackets bem colados – O aparelho ortodôntico é utilizado para bloquear o paciente durante a cirurgia e, portanto, é fundamental que os brackets estejam bem colados. Além disso, os ganchos dos brackets ou kobayachis são utilizados no período pós-‐operatório para a utilização de elásticos e controle da oclusão. Caso os brackets caiam no momento da cirurgia, além de dificultar o bloqueio maxilomandibular, também comprometem o período pós-‐operatório, pois o cirurgião não conseguirá utilizar elásticos. Fio retangular pesado e passivo – Um arco retangular de aço que preencha o máximo possível o “slot” dos brackets normalmente é indicado para cirurgia ortognática. O objetivo é que ele esteja totalmente passivo e, portanto, é importante que este arco seja instalado pelo menos 3 semanas antes da cirurgia. Brackets dos incisivos inferiores na posição correta – A colagem dos brackets inferiores pode influenciar na obtenção de um bom overjet no momento da cirurgia. Os brackets colados muito próximos à borda incisal impedem que o cirurgião estabeleça um overbite adequado. O overbite ideal e desejado no momento da cirurgia é de 3mm e, portanto, os brackets inferiores devem ser colados pelo menos 3mm abaixo da borda incisal. Brackets com ganchos integrados e instalação de kobayachis – Tradicionalmente o preparo do aparelho para cirurgia envolve a instalação de esporões soldados no arco ortodôntico em todos os espaços interproximais. Nós, entretanto, preferimos utilizar os ganchos integrados dos brackets ou kobayachis 012 caso os brackets não possuam ganchos. Acreditamos que isso garante um controle mais preciso da oclusão. Além disso, evita que o arco se deforme, o que acontece caso elásticos sejam instalados sobre esporões soldados no arco. Botões linguais nas bandas dos molares superiores – Durante a cirurgia ortognática frequentemente é realizada a expansão maxilar por meio de segmentação. Uma vez que os tecidos palatinhos foram distendidos, existe uma tendência da maxila a contrair e retornar ao estado original no período pós-‐ operatório. Para que isso não ocorra, a utilização de elásticos cruzados na região de molares é interessante. A aplicação de elásticos cruzados somente é possível se botões linguais já tiverem sido soldados às bandas dos molares superiores antes da cirurgia. Amarrilhos de fio de aço – Os elastiques devem ser substituídos por amarilhos de fio de aço para cirurgia ortognática. Preferencialmente os amarilhos de fio de aço devem ser colocados de forma individualizada e não em cadeia. Caso o ortodontista prefira instalar em cadeia, deve se certificar que o cirurgião não precisará cortar o arco durante a cirurgia para realizar uma segmentação. Caso precise, o arco se soltará se for em cadeia. Manejo de diastemas formado entre laterais e caninos – Após a cirurgia, eventualmente o ortodonstista pode notar diastemas formados entre incisivos laterais e caninos superiores que não haviam antes do procedimento. Isso pode ocorrer quando uma discrepância de Bolton não foi corrigida antes da cirurgia. Caso exista discrepância de Bolton, a segmentação maxilar com o traço de osteotomia entre incisivos laterais e caninos faz com que se forme um diastema quando os caninos são colocados em cl l e o bloco dos incisivos são colocados com o overbite apropriado. O ortodontista não deve fechar este espaço, pois isso resultará em perda de engrenamento posterior ou em perda de overbite. A melhor forma de manejar este espaço é centralizar o incisivo lateral formando um diastema na região mesial e diastal a ele e reconstruí-‐lo com resina. Como a maior causa de discrepância de Bolton anterior é uma incisivo lateral reduzido, o aumento do incisivo lateral melhorará a estética do sorriso. Uma outra alternativa é fazer um slice nos dentes anteriores mandibulares e retrair tanto o superior quanto o inferior, fechando todos os diastemas. Convêm comentar, entretanto, que isso pode afetar a projeção dos lábios. Contenção de expansões maxilares – Caso durante a cirurgia ortognática tenha sido realizado expansão maxilar por meio de segmentação, é importante que uma boa contenção seja realizada no período pós-‐operatório. Uma vez que o cirurgião encaminha o paciente para finalização ortodôntica, pode ser interessante instalar uma barra transpalatina soldada nos molares ou um sobre arco vestibular. O aparelho ortodôntico deve ser removido apenas após a obtenção de bom engrenamento posterior, pois isso normalmente assegurará estabilidade transversa da expansão. Além disso, após a remoção do aparelho fixo, o paciente deve usar uma contenção por até 2 anos após a cirurgia. A contenção deve ser feita em acrílico e deve ser rígida suficiente para permitir estabilidade transversa. Contenções de silicone ou acetato devem ser evitadas. A barra transpalatina pode ser utilizada caso tenha sido realizado expansão maxilar por meio de segmentações. Normalmente o ortodontista instalará esta barra 3 meses após a cirurgia . O sobrearco vestibular pode ser uma alternativa de contenção da expansão maxilar caso a barra não seja indicada. A vantagem é que a instalação dela é viável mesmo com uma pequena abertura de boca. As contenções ortodônticas devem ser usadas por pelo menos 2 anos após a cirurgia, principalmente se for realizada expansão maxilar por meio de segmentação. As placas rígidas de acrílico são preferenciais pois apresentam rigidez transversa.