1 INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE/SOEBRAS ARCO TRANSPALATINO E ARCO LINGUAL NA ORTODONTIA. Lucas Breda Frosi Monografia apresentada ao Programa de Especialização em Ortodontia do ICS – FUNORTE / SOEBRAS Núcleo Canoas, como parte dos requisitos para obtenção do titulo de Especialista em Ortodontia. Orientadores: Prof. Cybelle Mori Hiraoka Prof. Luiz Eduardo Schroeder de Lima CANOAS, 2010 2 ARCO TRANSPALATINO E ARCO LINGUAL NA ORTODONTIA. Lucas Breda Frosi Aprovado em ______/_____/______. BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________ Dra. Cybelle Mori Hiraoka Mestre em Ortodontia ___________________________________________________ Dr. Luiz Eduardo Schroeder de Lima Mestre em Ortodontia ____________________________________________________ Dr. Armando Daiki Hiraoka Especialista em Odontopediatria, Radiologia e Ortodontia ___________________________________________________ Dr. Orlando Viecilli Especialista em Radiologia e Ortodontia CONCEITO FINAL:_______________________________ 3 AGRADECIMENTO Agradeço aos professores: Dr. Orlando Viecilli, Dr. Armando Daiki Hiroka, Dra. Cybelle Mori Hiraoka, Dr. Raul Cruz e Dr. Luiz Eduardo Schroeder de Lima, pela amizade e pela paciência e dedicação nos ensinamentos dispensados, não somente na ortodontia como na vida pessoal, profissional, ao IRGO, na pessoa da Dra. Maria Beatriz Frizzo Viecilli, pela ótima estrutura acadêmica. À Prof.ª Dr.ª Carmem Beatriz Borges Fortes, a quem devo essa homenagem há muito tempo, e que agora tenho a oportunidade de manifestar e deixar registrado o agradecimento especial, desde o momento que influenciou decisivamente minha vida profissional ao me ensinar com dedicação, carinho e o seu amor à odontologia, a ter caráter e ética como estudante e profissional da odontologia. 4 DEDICATÓRIA Primeiramente dedico aos meus pais, David e Natalia, pela excelente e sólida estrutura familiar e por nunca deixarem de acreditar que seus filhos sempre podem ir mais além, fiéis entusiastas e patrocinadores, moral e financeiramente em nossas vidas. Aos meus irmãos, Gustavo e Ana, que me ajudam sempre a escolher o melhor caminho, dando apoio e sempre presentes com pensamento positivo, nos momentos em que, fisicamente era impossível. A minha esposa Silvia, que com o seu amor ajudou bem mais do que ela imagina, e ao meu pequeno Guilherme, que com sua ingenuidade e pedidos incessantes para brincar tornou a monografia mais demorada, porém mais divertida. 5 RESUMO Dentro da mecânica ortodôntica, vários dispositivos auxiliares, como o arco transpalatino e o arco lingual, podem facilitar ou auxiliar o tratamento. O seu uso pode evitar efeitos colaterais da mecânica, bem como, em algumas situações facilitar a mesma. A utilização do arco transpalatino e do arco lingual é um assunto pouco explorado pela literatura ortodôntica, sua correta utilização, pode ser uma eficaz ferramenta à disposição do ortodontista. O objetivo dessa monografia é abordar, de forma geral, as diversas utilizações, do arco transpalatino e arco lingual dentro da mecânica ortodôntica. Palavras-Chave: Arco Transpalatino, Barra Palatina, Arco Lingual. 6 ABSTRACT Inside the orthodontic mechanics, various auxiliary devices, like the bow and the bow transpalatine lingual, can facilitate or assist the treatment. Its use can avoid the side effects of mechanical and, in some situations to facilitate the same. The use of the bow and transpalatine lingual arch is a subject largely unexplored by the orthodontic literature, its correct use can be an effective tool available to the orthodontist. The purpose of this monograph and address, in general, the various uses, transpalatal arch and lingual arch within the orthodontic mechanics. Keywords: transpalatal arch, palatal bar, lingual arch 7 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Arco de reforço no palato, no arco de expansão de Angle. (Angle, 1988b) _________________________________________________ 15 FIGURA 2 Tubo vertical proposto por Mershon em 1920. (Mershon, 1920) __ FIGURA 3 Arco lingual com presilhas paralelas aos dos tubos dos molares (A) 16 passivo; e arco lingual com presilhas não paralelas aos tubos (B) Ativo (Mershon, 1920) ___________________________________ FIGURA 4 Comparação da dimensão mesio distal dos dentes maxilares e mandibulares proposta por Bolton. (Bolton, 1958) _____________ FIGURA 5 17 18 Unidade de ancoragem posterior proposta por Burstone formada pelos primeiros e segundos molares interligados por um arco transpalatino 0,9 mm de aço. (Burstone, 1966) _______________ FIGURA 6 19 Barra de ancoragem superior que consiste um fio de aço 0.0215 x 0.028 polegadas pela vestibular dos dentes ligados aos tubos auxiliar dos primeiros molares superiores. (McDowell, 1969) ____ FIGURA 7 Forma do arco transpalatino removível patenteado por Goshgarian. (Goshgarian, 1974) ______________________________________ FIGURA 8 20 22 Sistema de forças gerado nos molares pelo arco de intrusão dos dentes anteriores, que geram a tendência de giro palatino das coroas dos molares e vestibulares das raízes, que são prevenidas pelo arco lingual. (Burstone, 1977) _________________________________ 23 8 FIGURA 9 Arco transpalatino fio redondo 0.036 polegadas. (Burstone, Koenig, 1981) _________________________________________________ FIGURA 10 Sistemas de forças possíveis em um arco transpalatino. (Burstone, Koenig, 1981) __________________________________________ FIGURA 11 24 25 Posição do primeiro molar inferior, com o uso de arco lingual, durante o crescimento. Posição inicial em linha tracejada e posição final em linha continua. (Odom, 1983) _______________________ FIGURA 12 Tipos de movimentação dos dentes. Translação (A), rotação (B), translação com rotação (C). (Goldberg, Morton, Burstone, 1983) __ FIGURA 13 27 29 Sobreposição de traçados cefalométricos do posicionamento dos primeiros molares e incisivos inferiores com e sem o uso do arco lingual. (Miotti, 1984) ___________________________________ FIGURA 14 Arco transpalatino 0.032 x 0.032 polegadas (Burstone, 1989) ___ FIGURA 15 Rotação simétrica dos primeiros molares superiores. (Burstone, 30 32 1989) _________________________________________________ 33 FIGURA 16 Determinação a da forma do arco transpalatino. (Burstone, 1989) __ 34 FIGURA 17 Sistema de forças do torque unilateral. (Burstone, 1989) _______ 34 FIGURA 18 Mola lingual soldada ao arco transpalatino de TMA. (Burstone, 1989) ________________________________________________ FIGURA 19 Acessório lingual de precisão que acomoda um fio 0.032 x 0.032 polegada. (Burstone, 1994) _______________________________ FIGURA 20 36 Arco transpalatino em forma de “U” ou de ferradura. (Burstone, 1994) _________________________________________________ FIGURA 21 35 36 Arco transpalatino utilizado como cantilever. (Melsen, Bonetti, Giunta, 1994) _________________________________________ 37 9 FIGURA 22 Sistema de forças gerado pelo arco transpalatino ativado para expansão. (Ingervall et al., 1995) ____________________________ 38 FIGURA 23 Correção de rotação assimétrica do molar, ancorado no lado oposto por um arco pesado pela vestibular dos dentes. (Steenbergen, Nanda; 1995) __________________________________________ FIGURA 24 39 Sistema de forças necessário para a correção da mordida cruzada unilateral, com arco transpalatino retangular 0.032 x 0.032 polegadas de TMA. (Steenbergen, Nanda; 1995) _____________ FIGURA 25 40 Sistemas de forças liberados na correção da rotação simétrica e assimétrica dos molares com arco transpalatino. (Ingervall, Honigl, Bantleon; 1996) ________________________________________ FIGURA 26 Ganho de espaço obtido com a correção da rotação do molar. (Ramos, 2000) _________________________________________ FIGURA 27 47 Desenho do arco transpalatino Zachrisson (a) e o desenho do arco transpalatino Goshgarian (b). (Gunduz et al., 2003) _____________ FIGURA 32 46 Posicionamento do sensor de pressão ligado ao arco transpalatino. (Chiba, Motoyoshi, Namura; 2003) ________________________ FIGURA 31 45 Arco transpalatino 0,9 mm aço utilizado pata distalização unilateral do molar superior. (Eyoboglu et al., 2003) __________________ FIGURA 30 44 Imagem radiográfica do arco transpalatino que foi deglutido pelo paciente. (Abdel-Kader, 2003) _____________________________ FIGURA 29 43 Sistema de forças gerado por um arco vestibular continuo, inserido nos molares superiores rotados. (Shroff et al. , 2001) ____________ FIGURA 28 41 47 Sistema de força gerado pela língua na alça do arco transpalatino, com intenção do bloqueio do crescimento alveolar (Barbosa, Caram, Suzuki; 2005) _________________________________________ 48 10 FIGURA 33 Distribuição da tensão sobre a superfície da raiz do molar sem (A) e com (B) arco transpalatino, durante o movimento de retração dos dentes anteriores utilizando os molares como ancoragem. (Kojima, Fukui; 2008) __________________________________________ FIGURA 34 49 Rotação e movimento transverso do molar, com (vermelho) e sem (azul) arco transpalatino, durante fase de retração dos dentes anteriores utilizando o molar como ancoragem. (Kojima, Fukui; 2008) _________________________________________________ FIGURA 35 50 Sobreposição dos traçados cefalométricos de um tratamento ortodôntico com exodontias sem (A) e com (B) arco transpalatino. (Zablocki et al.; 2008) ___________________________________ FIGURA 36 50 Presilha do arco transpalatino removível inserido no tubo lingual do molar. (Moutaftchiev, Moutaftchiev; 2009) __________________ 51 11 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS TMA - Titanium Molybdenum Alloy - Ormco Corp. mm – milímetros. gm – gramas. gr/mm – grama/milímetros. Cres – Centro de Resistência. N – Newton. NiTi – Níquel Titânio. 6-PTV – É a distância da face distal do 1º molar superior (6) ao Plano Pterigóideo Vertical (PtV), medida perpendicular ao mesmo. C-ENA - Linha que vai desde o ponto C (cervical mesial do primeiro molar), até a espinha nasal anterior (ENA). C-PP - Linha que vai perpendicularmente do ponto C (cervical mesial do primeiro molar até o plano palatino). (PP) C.PF - Medida angular, entre o longo eixo do canino superior e a linha C – PF ( cervical do primeiro molar superior [C] perpendicular ao Plano de Frankfurt.[PF] ) AEB – Ancoragem Extra Bucal. 12 SUMÁRIO INTRODUÇÃO______________________________________________ 14 1 REVISÃO DE LITERATURA__________________________________ 15 2 DISCUSSÃO_________________________________________________ 52 2.1 CORRETA POSIÇÃO DOS PRIMEIROS MOLARES_______________ 52 2.2 ORIGEM DO ARCO TRANSPALATINO_________________________ 52 2.3 TUBOS DE INSERÇÃO_______________________________________ 53 2.4 LIGAS METÁLICAS__________________________________________ 53 2.5 SECÇÃO TRANSVERSAL E ESPESSURAS DOS FIOS_____________ 54 2.6 MODIFICAÇÃO NO DESENHO DO ARCO ______________________ 55 2.7 ANCORAGEM_______________________________________________ 56 2.8 MUTENÇÃO DA LARGURA INTERMOLAR E INCLINAÇÃO AXIAL_____________________________________________________ 57 2.9 APASSIVANDO OS ARCOS TRANSPALATINOS ________________ 58 2.10 LIMITAÇÃO DO CRESCIMENTO VERTICAL___________________ 58 2.11 MANUTENÇÃO DO ESPAÇO LIVRE DE NANCE________________ 59 2.12 ARCOS ATIVOS_____________________________________________ 59 2.12.1 Forças ______________________________________________________ 59 2.12.2 Sistema de Forças ____________________________________________ 60 2.13 CORREÇÃO DA ROTAÇÃO DOS MOLARES ____________________ 61 2.14 INTRUSÃO__________________________________________________ 62 2.15 DISTALIZAÇÃO_____________________________________________ 63 2.16 EXPANSÃO OU CONTRAÇÃO DA DISTÂNCIA INTER MOLARES _ 63 13 2.17 TORQUE DOS MOLARES (INCLINAÇÃO AXIAL) _______________ 63 2.18 EXPANSÃO UNILATERAL____________________________________ 64 2.19 USO COMO CANTILEVER____________________________________ 64 2.20 CORREÇÃO DE INCLINAÇÃO MESIO DISTAL__________________ 64 2.21 ATIVAÇÃO DO ARCO TRANSPALATINO_______________________ 65 2.22 DIFICULDADE DE USO DO ARCO TRANSPALATINO____________ 65 2.23 CUIDADOS COM O PACIENTE________________________________ 66 CONCLUSÃO______________________________________________________ 67 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS___________________________________ 69 14 INTRODUÇÃO Muitos dispositivos acessórios foram propostos; Arco Lingual, Mershon (1920); Arco Extra Oral, Kloehn (1953); Arco de Ancoragem Vestibular, McDowell (1969); Arco Transpalatino, Goshgarian (1974); para auxiliar a mecânica ortodôntica, dentre estes, o arco lingual e o arco transpalatino, dispositivos que possuem muitas funções distintas. A possibilidade da utilização dos arcos linguais e palatinos de forma passiva, tanto para evitar a movimentação dos molares isoladamente, como de um grupo de dentes [Burstone, Baldwin, Lawless (1961), Burstone (1966), Singer (1974), Burstone (1977), Burstone, Koenig (1981), Odom (1983), Miotti (1984), Burstone (1988), Burstone (1989), Hart, Taft, Greenberg (1992), Melsen, Bonetti, Giunta (1994), Rebellato (1995), Bobak (1997), Ramos (2000), Werneck (2004), Moscardini (2007), Kozima, Fukui (2008)] e de forma ativa, possibilitando a movimentação dos molares isoladamente, ou em grupo; ainda podem ser utilizados como dispositivo único na movimentação ou em conjunto com a terapia vestibular com braquetes, [Singer (1974), Goshgarian (1974), Burstone, Koenig (1981), Baldini, Luder (1982), Cetlin, Hoeve, (1983), Burstone (1988), Burstone (1989), Burstone (1994), Melsen, Bonetti, Giunta (1994), Ingervall (1995), Rebellato (1995), Steenbergen, Nanda (1995), Ingervall, Honigl, Bantleon (1996), Braun, Kusnoto, Evans (1997), Ramos (2000), Cisneros (2000), Shroff (2001), Eyoboglu et al. (2003), Gunduz et al. (2003), Barbosa, Caram, Suzuki (2005), Moutaftchiev, Moutaftchiev (2009)] chama a atenção para estes dispositivos. Esta monografia tem como objetivo verificar, de maneira ampla, a utilização dos arcos linguais e transpalatinos, tanto na forma passiva quanto da forma ativa. 15 1. REVISÃO DE LITERATURA Angle (1899a) publica o artigo: “Classification Of Malocclusion”, nele salienta a necessidade de conhecer a oclusão ideal ou normal e, como determinante deste, a posição relativa dos primeiros molares, onde a cúspide mesio vestibular do primeiro molar superior deve ocluir no sulco central do primeiro molar inferior entre a cúspide mesial e distal. Angle (1899b) apresenta o arco de expansão e uma figura que pode ser o primeiro arco transpalatino da história, porém não faz observações sobre o arco no palato. FIG. 1 – Arco de reforço no palato, no arco de expansão de Angle. (Angle, 1988 b) Angle (1903), na figura do arco de expansão há uma observação onde o autor pede para o leitor omitir o arco de reforço no palato. Mershon (1920) descreve o uso do arco lingual removível desde 1909, utilizando tubos redondos horizontais soldados na palatina/lingual das bandas dos primeiros molares, e os considera muito difíceis de colocar e remover, por isso propõe 16 um novo tubo lingual com inserção vertical, utilizado pelo autor pela primeira vez em 1915. Os materiais usados são as ligas de ouro e platina. FIG. 2 – Tubo vertical proposto por Mershon em 1920. (Mershon, 1920) Ainda segundo o autor, o modelo de gesso do paciente pode não estar correto, substituindo o arco em ambos os lados nos tubos, o arco deve estar paralelo com o tubo oposto. Então, o arco está pronto para ser fixado ao tubo. 17 FIG. 3 – Arco lingual com presilhas paralelas aos dos tubos dos molares (A) passivo; e arco lingual com presilhas não paralelas aos tubos (B) Ativo (Mershon, 1920) Strang (1921) escreveu em seu artigo que o arco lingual tem algumas limitações, uma vez que não se pode corrigir infra ou supra oclusão nem mesializar e distalizar os molares. Conclui ainda que, a introdução ao uso do arco lingual não foi baseado em fatos científicos e as provas apresentadas por seus defensores são superficiais e inconvincentes. Segundo Steiner (1932), a quantia de resistência para distorção de uma determinada liga, é dependente do desenho, tamanho e forma nas quais a liga é usada. Para Kloehn (1953), um dos maiores problemas durante o tratamento é a ancoragem. A ancoragem extraoral requer um mínimo de equipamento e adaptação e sugere um arco intrabucal 0.45 polegadas, encaixado no primeiro molar e soldado na linha média a um arco externo 0.50 polegadas com apoio no pescoço. Reitan (1957) descreveu que se devem aplicar forças leves (25 gramas em adultos e ao redor de 40 gramas em pacientes mais jovens) durante a fase inicial de movimento de dente para a formação nas áreas livres de células, chamadas áreas de hialinização. Depois desta primeira fase, pode ser aumentada um pouco a força. Para Bolton (1958), em casos com oclusões excelentes, quando os doze dentes da maxila são comparados com os doze dentes da mandibula existe uma relação entre os tamanhos mesio distais. A relação é respectivamente (91.3 ± 0.26, 1.91, e 2.09%.). Este procedimento pode ajudar a localizar desarmonias de tamanho dos dentes que alterariam as relações oclusais desejadas ao fim do tratamento ortodôntico. 18 FIG. 4 – Comparação da dimensão mesio distal dos dentes maxilares e mandibulares proposta por Bolton. (Bolton 1958) Segundo Burstone, Baldwin, Lawless (1961), embora teoricamente fosse possível produzir qualquer tipo de movimento dentário com uma única força ou duas forças iguais e opostas, a realidade do tratamento requer uma distribuição mais complicada de forças. Uma única força agindo pelo centro de resistência da raiz poderia mover um dente de corpo. Porém, a inviabilidade dessa aplicação, de pura translação, cria a necessidade da colocação de três forças na coroa do dente. Afirmam ainda que não importa o quanto complicado a distribuição de força em um dente possa ser, suas especificações podem ser dadas quantitativamente. Sugerem que pesquisas biológicas são necessárias para determinar níveis ótimos de força e as variações para os diferentes tipos de movimento do dente e que, a menos que o dentista tenha compreendido o desenho do dispositivo e o sistema de força nele contido, este tipo de pesquisa pode conduzir conclusões enganosas. Burstone (1966) relatou que os procedimentos do arco segmentados foram desenvolvidos para que se possam utilizar forças contínuas para o movimento do dente sem a perda do controle, e para que o operador tenha controle das três variáveis que 19 podem determinar o sucesso dos ajustes. A primeira destas variáveis, segundo o autor, é a relação momento/força; a segunda, a magnitude do momento ou força usada; e a terceira, a constância da força ou do momento. Para o autor, se os níveis de força são muito baixos, a taxa de movimento de dente será nitidamente reduzida ou se a força for muito alta, podem resultar em dor e danos aos tecidos. Ainda segundo o autor, uma unidade de ancoragem posterior deve ser formada pelo segundo molar, primeiro molar e segundo pré-molar, interligados por um arco lingual ou transpalatino removível, preso na lingual-palatina dos primeiros molares fabricado com fio 0.036 polegada (0,9 mm) de aço inoxidável. FIG. 5 – Unidade de ancoragem posterior proposta por Burstone formada pelos primeiros e segundos molares interligados por um arco transpalatino 0,9 mm de aço. (Burstone, 1966) O arco lingual/transpalatino poderia ser utilizado para movimentação inter segmentar ou colocado passivamente na unidade posterior, estabilizando-a. Ainda sugere que a unidade posterior estabilizada poderia ser pensada não como composta de seis dentes individuais, mas sim, como um grande dente multirradicular que une os molares e prés-molares em ambos os lados do arco. Gianelly (1969), afirma que a reabsorção óssea normalmente é estimulada pela aplicação de forças "leves", que geram pressões que não obstruem a rede vascular do 20 ligamento e que consistem em uma reabsorção do plano do osso alveolar adjacente a área da membrana periodontal abaixo de pressão, em contraste com forças "pesadas", onde não há nenhuma atividade de reabsorção óssea abaixo da região da pressão. Para McDowell (1969), o dentista que pratica a técnica de Begg clássica, e é honesto, sabe que não é fácil manter a ancoragem em alguns casos, e acrescentou à técnica uma barra de ancoragem superior que consiste um fio de aço 0.0215 x 0.028 polegadas pela vestibular dos tubos dos molares superiores, de um lado ao outro. E é aplicado um torque lingual de coroa que faz com que estes molares sofram um fenômeno giratório no plano vestíbulo-lingual que provou ser efetiva tanto quanto um arco extraoral; e um dos benefícios deste tipo de ancoragem é a possibilidade do operador tratar um paciente sem necessitar qualquer cooperação por parte dele. FIG. 6 - Barra de ancoragem superior que consiste um fio de aço 0.0215 x 0.028 polegadas pela vestibular dos dentes ligados aos tubos auxiliar dos primeiros molares superiores. (McDowell, 1969) Segundo Higley (1969), os dentes não oferecem ancoragem no verdadeiro significado da palavra, mas sim, graus variados de resistência a movimentação. A ancoragem seria a resistência necessária para prevenir o movimento do dente onde não se deseja movimento, enquanto permite movimento no dente desejado. E afirma que toda a força ortodôntica é recíproca e que um modo de aumentar a resistência ao 21 movimento pode ser incorporando mais dentes na porção do arco dental onde o movimento não é desejado. Para Andrews (1972) são necessárias a um bom tratamento ortodôntico, seis chaves de oclusão, além da relação molar de Angle (cúspide mesio-vestibular do primeiro molar superior ocluir no sulco central do primeiro molar inferior), entre elas há inclinações e angulações específicas para cada grupo de dentes, ausência de rotação e diastemas e o plano oclusal retificado. Singer (1974), afirmou que a popularização do arco lingual se deveu a Mershon em 1918, e o arco lingual pode ser utilizado, de forma ativa, para movimentar dentes ou grupo de dentes, ou com a função passiva para preservar a ancoragem, no arco inferior manter o espaço livre de Nance (leeway space) para a correta erupção dos dentes permanentes, evitar a inclinação do primeiro molar quando houve a perda precoce ou extração do segundo molar inferior decíduo e há ainda, uma tendência de limitar o crescimento vertical de incisivos e molares. Dewey (1916) apud Singer (1974) atribui a origem do arco lingual ao Dr. L. S. Lourie no ano de 1904. Christiansen, Burstone (1969) apud Worms et al., (1973) descreveram a importância do estudo da biomecânica e do centro de rotação de um corpo, pois quando uma única força é aplicada ao dente pode ocorrer movimento de corpo ou rotação/inclinação dependendo a distância perpendicular da força aplicada ao centro de rotação do corpo. Ainda segundo Worms et. al., (1973) o centro de resistência do molar fica localizado na área da trifurcação do molar. Goshgarian (1974) registrou a patente do arco transpalatino removível e ajustável que altera a posição dos molares superiores. O propósito principal da invenção seria ter um novo arco transpalatino, removível e ajustável, para expandir, contrair, intruir, e/ ou dar torque no primeiro molar superior permanente do paciente, melhorando as relações mecânicas entre os primeiros molares superiores e inferiores. O arco transpalatino seria fácil para inserir e remover temporariamente para ajustes. O arco é preferencialmente confeccionado com o fio de aço e diâmetro de 0.036 polegadas, entretanto, outros materiais e diâmetros podem ser utilizados, segundo o autor. 22 FIG. 7 – Forma do arco transpalatino removível patenteado por Goshgarian. (Goshgarian, 1974). Goldberg, Vanderby, Burstone (1977), descrevem que um ótimo controle do movimento do dente requer a aplicação de um sistema de forças ortodônticas específico. Então, o conhecimento das mecânicas ortodônticas é essencial para alcançar resultados desejáveis e de forma previsível. Para Burstone (1977), a primeira preocupação é estabelecer uma unidade de ancoragem posterior, depois de nivelados, os dentes posteriores são interligados por um segmento de fio pela vestibular estabilizando-os e unidos os lados por meio de um arco transpalatino na maxila e um arco lingual na mandíbula. Conceitualmente, segundo o autor, o dentista não deveria pensar nos dentes posteriores como um grupo de dentes individuais, mas sim, como um único dente multirradicular composto por todos os dentes à direita e à esquerda do arco na região posterior. Dentre os efeitos colaterais produzidos por um arco de intrusão dos dentes anteriores, a força de extrusão que está sendo aplicada por vestibular nos molares gera a tendência de inclinar as coroas dos mesmos para lingual e as suas raízes para vestibular. Nesse caso, uma das funções do arco lingual/transpalatino é prevenir qualquer mudança indesejável em inclinação axial dos molares ou da largura intermolar (transversa). Arcos linguais não só são úteis durante a fase de intrusão dos dentes anteriores, mas eles também ajudam a resistir aos efeitos colaterais de outras mecânicas em qualquer fase do tratamento. 23 FIG. 8 – Sistema de forcas gerado nos molares pelo arco de intrusão dos dentes anteriores, que geram a tendência de giro palatino das coroas dos molares e vestibular das raízes, que são prevenidas pelo arco lingual. (Burstone, 1977) Goldberg, Burstone (1979), estudaram as propriedades da liga metálica de beta titânio em função que, a deformação elástica máxima de um dispositivo ortodôntico, aumenta com a elasticidade do material, e as ligas de beta titânio possuem uma das mais altas dessas taxas o que confere características desejáveis, como a habilidade para aplicar forças mais baixas e também mais constantes com o passar do tempo da desativação, e uma maior facilidade em medir a quantidade de força aplicada, bem como, a possibilidade de utilizar ativações maiores com esta liga. E ressaltam que o conhecimento das mecânicas dos dispositivos ortodônticos é essencial para alcançar resultados desejáveis ao tratamento de forma previsível. Para Pryputniewicz, Burstone (1979), uma força aplicada na coroa produz um centro de rotação apical ao centro de resistência do dente. E o centro de rotação se move mais apicalmente com o aumento da força aplicada na coroa, para uma relação de M/F constante e com a mesma geometria de raiz. O centro de rotação baseou-se no estudo de Pryputniewicz e Burstone no Journal Periodont Research de 1978, onde afirmam ser a 1/3 da raiz do dente, medida a partir da crista alveolar. Segundo Burstone, Koenig (1981), a correção de larguras transversas e inclinações axiais dos molares com um arco transpalatino têm a vantagem de distribuir as forças ao longo do arco, o que minimiza os efeitos colaterais indesejáveis. Primeiro, um arco lingual deve ser contornado de forma que esteja passivo em relação aos acessórios linguais dos molares, que é a forma passiva. Para produzir movimento dentário, deve-se modificar este arco passivo para produzir uma nova forma, que será a forma ativada. 24 O arco lingual, produzido com fio redondo de 0.036 polegadas (0,9 mm), é um suplemento importante no tratamento que permite a distribuição das forças através do arco para os movimentos de primeira, segunda, e terceira ordem. Há uma opção para produzir uma única força através do arco transpalatino que é não dobrar o extremo livre do arco lingual que entra no tubo, transformando esta em uma presilha, mas sim, confeccionar um helicóide de forma que o fio é livre para rodar quando amarrado ao tubo. FIG. 9 – Arco transpalatino fio redondo 0.036 polegadas. (Burstone, Koenig; 1981). Para produzir uma força de 200 gramas, é necessário contrair ou expandir 1.9 milímetros no arco transpalatino 0.036 polegadas de aço. Isto produz uma taxa de cargadeflexão relativamente alta de 105 g/mm que sugere uma rápida diminuição da força entre os dentes à medida que o movimento dentário ocorre. Outra aplicação importante do arco lingual é a de preservar a largura do arco. Nesta função passiva, uma taxa de carga-deflexão alta é desejável (maior rigidez) para resistir às forças que podem ser introduzidas durante tratamento. Por outro lado, se for usar o arco transpalatino em sua forma ativa, para mudança de largura de arco, seria desejável uma baixa taxa carga-deflexão, e isto ocorre quando usa-se um fio da mesma liga metálica com uma seção transversal menor; por exemplo, um fio de 0.030 polegadas (0,7mm) de aço inoxidável reduziria a taxa de carga-deflexão para aproximadamente a metade (50.6 g./mm), esta mudança de secção transversal permite aproximadamente 4 mm de ativação para alcançar as mesmas 200 gramas de carga. Outra forma é fabricar o arco lingual/transpalatino de uma liga metálica diferente, como o beta-titânio. Um arco de beta-titânio teria 0.4 da taxa carga-deflexão (42 g./mm.) o que permitiria 4.7 mm de ativação para as mesmas 200 g. Outra maneira ainda de diminuir a taxa carga-deflexão seria usar um arco transpalatino/lingual em forma de 25 ferradura ou colocar um helicóide à porção palatina do arco transpalatino/lingual, aumentando a quantidade de fio utilizada. O arco lingual pode ser usado na forma ativa para alterar a largura do arco, expandir unilateral ou contração, correção da inclinação axial e manutenção de larguras de arco. Há vários sistemas de força possíveis que podem ser empregados pelo arco lingual que, com poucos efeitos colaterais produz o movimento desejado do dente. Quando são requeridos movimentos bilaterais simétricos, o ortodontista pode tirar proveito da ancoragem recíproca e, até mesmo, em ativações assimétricas os efeitos colaterais podem ser consideravelmente menores dos que seriam encontrados entre os dentes adjacentes com fios de arco contínuo. FIG. 10 – Sistemas de forças possíveis em um arco transpalatino. (Burstone, Koenig; 1981) Com poucas exceções, o dentista não produz o sistema de força adequado simplesmente usando o conceito de arco ideal, ou seja, confeccionando o arco transpalatino de forma que as presilhas fossem colocadas na posição onde o molar deveria estar posicionado. As formas ativas normalmente usadas não são as “ideais” para o sistema força adequado. O arco transpalatino lingual é muito sensível a pequenas diferenças de forma, variação de forma e dimensão, o que poderia alterar as ativações significativamente. Os passos seguintes são sugeridos como meio de melhorar a precisão do ajuste de um arco lingual e, consequentemente, tornar o movimento do dente mais previsível: 26 Passo 1 - O arco lingual deve ser produzido passivo aos tubos linguais dos molares e ter um contorno dos tecidos moles palatinos para permitir conforto. Passo 2 - O dentista deve simular o sistema de força de desativação (o sistema de força na direção do movimento de dente) e deformar, permanentemente, o arco lingual/transpalatino copiando esta deformação produzida pela força de desativação. Passo 3 - O arco transpalatino é então alternadamente encaixado no tubo do molar direito e esquerdo, um de cada vez, para observar a geometria do extremo livre com seu tubo apropriado. Isto de nenhuma maneira garante uma relação de momento/força precisa, mas pelo menos deve assegurar a força e os momentos estarão na direção correta. Além de maior precisão de ativação ao seguir estes passos, o dentista deveria tirar proveito de liberdade de rotação ao redor do eixo Z (vestíbulo lingual) utilizando um dos extremos do arco transpalatinos com cantiléver, nessas situações, minimiza a necessidade por uma maior precisão da forma do arco. As forças no arco transpalatino, como nos arcos linguais são altamente sensíveis a sua forma, e é necessário monitorar o paciente e o movimento do dente, o que não assegura, mas minimiza a ocorrência de movimentos imprevisíveis e indesejáveis. Além disso, variações consideráveis entre pacientes como: comprimento de raiz e altura do ligamento periodontal, podem tornar necessárias diferentes relações de momento/força. O arco transpalatino poderia ser melhorado no seu desenho, em muitos aspectos. Para algumas ativações, as taxas de carga-deflexão são muito altas. Isto pode ser resolvido reduzindo a seção transversal do fio ou usando ligas metálicas com maior módulo de elasticidade que a do aço. À medida que um arco lingual/transpalatino trabalha a magnitude da força, as relações de momento/força mudam. Um arco lingual ideal seria o arco no qual a relação de momento/força pudesse ser mantida constante ao longo do movimento do dente de forma que um centro de rotação constante fosse produzido. Segundo Baldini, Luder (1982), o tipo de movimento do dente e a aplicação da força ortodôntica é biomecanicamente ditado por dois fatores: (1) a distância entre acessório ortodôntico e o centro de resistência do dente e (2) a relação de momento/força do sistema de força aplicado. Como a distância entre o acessório e o centro de resistência de um dente é ditada através da anatomia e não pode ser variado substancialmente com a mudança da posição do acessório, o sistema de força aplicado pelo ortodontista é o fator decisivo, entretanto, os autores consideram impossível 27 analisar exatamente o uso dos arcos transpalatinos em função de que as relações momento/forças desenvolvidas por um determinado arco mudam assim que inicia a movimentação dos dentes. Sugere-se então, que o uso de tipos diferentes de arcos transpalatinos com taxas de carga/deflexão diferentes, e dada a quantia de dobras compensatórias necessárias para que o movimento do dente seja o desejado, torna-se difícil o hábito de sua utilização e assim deveriam ser evitados. Segundo Burstone, Koenig (1969) apud Baldini, Luder (1982), a seção transversal do fio, a liga metálica do fio, e a presença ou ausência de loop em U no arco influenciam o comportamento mecânico do sistema e sugerem uma análise matemática extensa das mecânicas de arcos transpalatinos. Odom (1983) considera o arco lingual mandibular com fio de aço 0.030 polegadas um acessório versátil com numerosas aplicações, com simples desenho, mas com grande complexidade de domínio da utilização. Para o autor, o arco lingual deve encostar-se na lingual dos incisivos inferiores no nível dos pontos de contato entre eles. O arco lingual inferior não previne a mesialização do primeiro molar inferior, mas resultou em uma angulação mais vertical do que no grupo controle, não havendo significante alteração na erupção e angulação dos incisivos inferiores. Ainda segundo o autor, o arco lingual é efetivo para manter o Leeway space (espaço livre de Nance) e permite o crescimento horizontal e vertical dos molares e incisivos. FIG. 11 – Posição do primeiro molar inferior, com o uso de arco lingual, durante o crescimento. Posição inicial em linha tracejada e posição final em linha contínua. (Odom, 1983) 28 Cetlin, Hoeve, (1983) utilizam-se da barra palatina (arco transpalatino) para distalizar o primeiro e o segundo molar e, consequentemente, permitir o ganho de espaço no arco maxilar. Para Goldberg, Morton, Burstone (1983), a taxa de carga-deflexão ou dureza de um dispositivo ortodôntico é determinada pela secção transversal do fio, forma do fio, e o módulo de elasticidade do fio. A dureza aumenta proporcionalmente com o módulo de elasticidade, então, o controle desta medida é necessário para a predição dos sistemas de força dos dispositivos ortodônticos. Segundo Smith, Burstone (1984), a força ortodôntica pode ser tratada matematicamente como vetores. Quando mais de uma força for aplicada a um dente, as forças podem ser combinadas para determinar uma única resultante. As forças também podem ser divididas em componentes para determinar efeitos paralelos e perpendiculares ao plano oclusal e ao plano de Frankfurt, ou ao longo eixo do dente. As forças poderão produzir translação (movimento de corpo), rotação, ou uma combinação de translação e rotação, dependendo da relação entre a linha de ação da força e o centro de resistência do dente. Quase toda força aplicada em condições clínicas terá efeito nos três planos do espaço, pois os dentes são movidos frequentemente por mais de uma força. Como o movimento de um dente é determinado pela resultante de todas as forças nele aplicado, é necessário então aplicar forças combinadas para determinar uma única força líquida, ou resultante, desejada. É importante entender que a resultante terá o efeito idêntico no movimento do dente como as duas forças separadas. A tendência de giro existe devido ao momento da força que é igual à magnitude da força multiplicado pela distância perpendicular da linha de ação da força ao centro de resistência do dente. O único sistema de força que pode produzir rotação pura é um par de forças iguais e opostas, não colineares, mas paralelas (binário). Todo objeto ou corpo livre tem um ponto no qual pode (pelo menos teoricamente) ser perfeitamente equilibrado. Este ponto é conhecido como o centro de gravidade. Para muitos cálculos físicos, é como se o resto do objeto não existe e todo o peso estivesse concentrado neste único ponto. O movimento de um corpo livre depende da relação da linha de ação da força ao seu centro de gravidade. Porém, dentes apresentam uma complicação adicional. Eles não são livres para se mover de acordo com a força, eles são contidos por estruturas periodontais que não são uniformes ao redor do dente (envolvendo a raiz, mas não a 29 coroa). Em um corpo contido, como um dente, um ponto análogo ao centro de gravidade é usado, chamado o centro de resistência. Por definição, uma força com uma linha de ação que atravessa o centro de resistência produz translação (movimento de corpo). A translação, ou movimento de corpo, ocorre quando todos os pontos no dente movem-se na mesma distância e na mesma direção. Rotação indica movimento de pontos do dente ao longo do arco de um círculo, com o centro de resistência que é o centro do círculo. O centro de rotação pode estar em qualquer posição ou fora de um dente. FIG. 12 – Tipos de movimentação dos dentes. Translação (A), rotação (B), translação com rotação (C). (Goldberg, Morton, Burstone 1983) O movimento indesejado, segundo o autor, durante o tratamento ortodôntico resulta das variações individuais da resposta biológica ou do uso impróprio de forças. A aplicação das regras de biomecânica permite reduzir ou eliminar uma destas fontes de variação, por isso, a habilidade para medir e controlar relações de forças no braquete é a chave para movimento mais previsível e controlado do dente. O arco lingual, para Miotti (1984), parece ser efetivo para manter o comprimento do arco sem inibir mudanças normais do desenvolvimento nos segmentos labiais e vestibulares. O desenvolvimento vertical dos incisivos e dos molares inferiores parece não ser inibido pela presença de um arco lingual passivo, o que pode prevenir a inclinação dos 30 molares para o espaço da extração depois da exodontia dos primeiros pré-molares, mas não previne a mesialização esperada com crescimento, e segundo o autor, uma avaliação adicional sobre a presença em longo prazo de um arco lingual seria útil, pois alguns de seus efeitos em incisivos e molares poderiam ser temporários. FIG. 13 – Sobreposição de traçados cefalométricos do posicionamento dos primeiros molares e incisivos inferiores com e sem o uso do arco lingual. (Miotti, 1984) Para Burstone (1987), o fio de beta titânio (TMA) é altamente útil no tratamento ortodôntico por causa de sua dureza intermediária entre aço inoxidável e as ligas de níquel titânio, e podem ser utilizado soldado ou não, para uso passivo ou ativo. As aplicações ativas são talvez mais interessantes, porque os fios ao serem soldados não perdem suas propriedades de mola. Segundo Burstone (1988), o arco lingual que interliga os primeiros molares foi por muito tempo usado como um método de tratamento exclusivo ou como acessório do tratamento ortodôntico. Eles minimizam efeitos colaterais durante o tratamento, podem acrescentar ancoragem, e permitir movimento ativo dos dentes com mecanismos 31 recíprocos ou assimétricos, que são difíceis, se não impossíveis de realizar com fios vestibulares. O arco lingual de precisão com fio 0.032 x 0.032 polegadas, proposto pelo autor, se ajusta a um braquete slot 0.032 polegadas soldado pela lingual/palatina dos tubos dos molares e o encaixe preciso entre fio e braquete permite total controle de dobras de 1a, 2a e 3a ordem, a dureza do arco pode ser variada escolhendo um fio de aço inoxidável pela alta dureza ou TMA para uma menor dureza. O desenho simples dos arcos linguais, que não incorporam loops ou curvas especiais para inserção nos tubos, juntamente com as dimensões oclusais gengivais pequenas do braquete de precisão, tornam o arco higiênico e confortável. Quando são necessários fios mais rígidos, para a aplicação passiva e de estabilização, um arco 0.032 x 0.032 polegadas de aço inoxidável é recomendado. Para movimento ativo, um arco 0.032 x 0.032 polegadas de TMA oferece deflexão duas vezes maior a do que o aço, sem deformação permanente, e só 0,4 vezes a força para qualquer ativação em comparação do aço. Outra secção transversal de fio, como 0.032 polegadas redondo, pode ser utilizado quando nenhum controle de torque é necessário. As fraturas não são incomuns com arcos linguais e transpalatinos por causa do loop e das soldas, materiais altamente maleáveis como aço inoxidável e TMA, inseridos em braquete em vez de tubos, eliminaram virtualmente as chances de fratura. O arco lingual provê segurança por manter a largura de arco, e oferece um mecanismo preciso para variar a largura quando exigido. Não é realista esperar que um arco contínuo vestibular ofereça controle total do movimento transversal, e um arco lingual passivo elimina efeitos indesejados e, ao mesmo tempo, permite usar fios por vestibular com menor dureza. O arco transpalatino deve ser feito de forma passiva observando a orientação dos braquetes/tubos linguais dos molares nos três planos do espaço, igualar as orientações da presilha as do tubo é a verificação da passividade do arco. Ainda segundo o autor, deve ser contra-indicado o uso de arco transpalatino para prevenir rotação dos primeiros molares durante o fechamento de espaço. Outra adversidade são os pacientes com tórus maxilar que necessitam um arco em forma de ferradura, que pode ainda servir como base para um botão de Nance, um arco para a remoção de hábito (grade) ou para um plano de mordida (Bite plane) que permite a extrusão dos dentes inferiores posteriores e correção da mordida profunda ou para prevenir a quebra dos bráquetes dos incisivos inferiores enquanto se corrige a 32 mordida profunda, tendo a vantagem de ser removível para possíveis ajustes ou de ser removido em caso de má higiene ou de estar machucando os tecidos. Como mantenedor de espaço, o arco lingual deve ir de um molar ao outro mantendo contato com os incisivos inferiores. Para Burstone (1989) os arcos linguais podem ser utilizados independentemente ou como um suplemento para a terapia vestibular. Em casos onde fios bucais poderiam produzir efeitos colaterais não desejáveis, arcos linguais geram ancoragem recíproca dos molares, se rotações simétricas existem o longo comprimento do arco transpalatino diminui a taxa de deflexão da força, produzindo forças mais constantes e previsíveis, sem a necessidade da exatidão tão precisa da ativação entre fio e braquete, do que seria necessária se a distância inter braquete fosse pequena. Duas formas básicas de arco podem ser utilizadas para a movimentação dos dentes: o arco ideal ou a forma ativada, que pode não ser parecida com o arco ideal. Para pequenas movimentações o arco ideal pode ser é utilizado, ou em aço ou em TMA, para correções maiores um arco ideal não seria eficiente, e alguns efeitos colaterais poderiam ser irreversíveis. Em muitos casos, um arco ativo com grande deflexão e uma forma apropriada (que pode não se parecer um arco ideal) trabalhará mais rapidamente e moverá os dentes mais diretamente às posições finais deles. Depois da correção dos dentes, um arco transpalatino deve ser confeccionado passivo para segurar que os dentes permanecerão na posição. Em comparação com o fio de aço inoxidável 0.032 × 0.032 polegadas, o fio TMA reduz a força necessária em 60%, e pode ser adicionada uma deflexão maior do arco sem deformação permanente. FIG. 14 – Arco transpalatino 0.032 x 0.032 polegadas (Burstone, 1989) 33 Geralmente, os primeiros molares são encontrados girados na mesial para palatina, e na distal para vestibular no início do tratamento, e devem ser corrigidas as rotações para permitir boa intercuspidação com os molares inferiores, e a correção do giro ajuda na correção de má oclusão de Classe II. Com molares simetricamente girados, o arco transpalatino estabelece ancoragem recíproca, considerando que um fio vestibular tenderia a mover o primeiro molar para vestibular como um efeito colateral indesejável de lingualização dos prés-molares. São necessárias forças pares, iguais e opostas para o giro dos molares. O arco transpalatino é dobrado de forma que braços horizontais do molar esquerdo e direito tenham o mesmo ângulo. FIG. 15 – Rotação simétrica dos primeiros molares superiores. (Burstone, 1989) Outra maneira para determinar a forma do arco transpalatino é colocar uma presilha em seu tubo e conferir na distal do lado oposto o quanto a presilha está distante de seu tubo, quando o arco for retirado e posicionado no tubo oposto, o extremo livre oposto deve estar a uma distância igual à distal do seu tubo. 34 FIG. 16 – Determinação da forma do arco transpalatino. (Burstone, 1989) Depois da correção do giro dos molares, deve-se confeccionar o arco na forma passiva para que mantenha os dentes na posição estabelecida. A expansão transversal é um fenômeno tridimensional e é comum considerar ativação no plano oclusal e na visão frontal. Na visão frontal é necessário determinar o centro de rotação, pois pode ser necessária uma simples inclinação ou movimento de translação. Outra aplicação é a do torque unilateral, que pode ser utilizado para corrigir mordida cruzada unilateral. FIG. 17 – Sistema de forças do torque unilateral. (Burstone, 1989) Molas linguais são mais estéticas e efetivas que as molas vestibulares, e devem ser soldadas ao arco lingual passivo, se este for confeccionado em TMA. 35 FIG. 18 – Mola lingual soldada ao arco transpalatino de TMA. (Burstone, 1989) A inclinação unilateral mesio distal do molar pode ser corrigida pelo arco transpalatino; o efeito recíproco do arco transpalatino fará com que o molar oposto incline na direção contraria da correção desejada, uma solução para evitar que isso ocorra é usar um fio rígido por vestibular para controlar o efeito colateral do molar de ancoragem inclinar. Para Nagel et al. (1991), embora o centro de resistência médio, esteja acerca de um terço do comprimento da raiz a partir da crista alveolar em direção ao ápice, ele pode ser encontrado em diferentes posições ocluso apicais, dependendo da direção da força aplicada no dente. Assim, a localização do centro de resistência pode ser considerada não constante, dependendo da direção da carga. Segundo Hart, Taft, Greenberg (1992), um único dente, um grupo de dentes, ou qualquer área anatômica disponível que, pelo uso de um dispositivo, pode oferecer resistência ao movimento, é considerado ancoragem, e há dois tipos gerais de ancoragem: a ancoragem dentária e a ancoragem auxiliar (barra palatina, barra lingual). Para Burstone (1994), o acessório lingual de precisão (um braquete lingual) que acomodaria um fio 0.032 x 0.032 polegadas permitiria inserção e remoção fácil de um arco lingual e permitiria embutir angulações de 3a-ordem (torque); a simplicidade do desenho do arco faz com que o arco lingual tenha uma grande variedade de aplicações e o mecanismo de fechamento do acessório de precisão o torna mais seguro para o paciente. 36 FIG. 19 – Acessório lingual de precisão que acomoda um fio 0.032 x 0.032 polegada. (Burstone, 1994) O arco transpalatino em forma de "U" ou desenho de ferradura é utilizado tanto na mandíbula como na maxila em pacientes com baixa abóbada palatal e que não podem usar arcos transpalatinos por causa da intrusão que causaria na língua, ou em função do paciente ter um tórus maxilar. FIG. 20 – Arco transpalatino em forma de “U” ou de ferradura. (Burstone, 1994) Para a confecção do arco lingual/transpalatino a primeira decisão é selecionar um fio retangular ou redondo. O fio redondo permite um grau de liberdade, de forma que o dente é livre para girar no sentido vestibular ou lingual (torque). A segunda 37 decisão é a liga metálica a ser utilizada, TMA ou aço inoxidável. Em geral, TMA é mais útil em aplicações ativas devido a seus menores níveis de força liberados. Wise, Magness, Powers (1994), não encontraram diferença significante na erupção do primeiro molar superior com ou sem uso dos arcos transpalatinos pelo paciente. Segundo Melsen, Bonetti, Giunta (1994) os arcos transpalatinos podem ser utilizados tanto como dispositivos passivos de ancoragem, como dispositivos ativos para a movimentação dentária, e observam sua utilização como cantiléver durante a mecânica ortodôntica. FIG. 21 – Arco transpalatino utilizado como cantilever. (Melsen, Bonetti, Giunta; 1994) Ingervall et al. (1995) utilizou um arco transpalatino de Goshgarian para a correção da mordida cruzada unilateral do molar superior. O resultado do sistema de força projetado do arco transpalatino ativado foi de expansão em ambos os sentidos e 38 torque vestibular de raiz no dente de ancoragem, que satisfez as expectativas, corrigindo a mordida cruzada efetivamente sem efeitos colaterais, no dente de ancoragem. FIG. 22 – Sistema de forças gerado pelo arco transpalatino ativado para expansão. (Ingervall, 1995) Para Rebellato (1995), o arco transpalatino foi tradicionalmente utilizado soldado de forma passiva para a ancoragem do molar, manutenção espaço livre de Nance, e como contenção depois de expansão de maxilar rápida. O arco transpalatino removível, também conhecido como Barra ou Arco Palatino ou Arco Transpalatino Lingual, permite aplicações mais versáteis no tratamento de forma ativa para liberar forças com a intenção de mover ou rotar o molar nos três planos espaciais. O arco passivo pode ser confeccionado de aço inoxidável ou TMA, não esquecendo o uso de um fio dental amarrado ao ATP para evitar acidente de aspiração durante a prova do mesmo, pois segundo o autor é impossível determinar um ATP passivo inserindo o arco nos dois tubos ao mesmo tempo, e deve-se colocar em um dos tubos e no tubo oposto verificar se a presilha está adjacente e paralela, repetindo a operação na presilha do outro lado. Se necessário, deve-se fazer ajustes fora da boca e novamente provar o arco nas presilhas. O processo deve ser repetido várias vezes para garantir que o ATP esteja completamente passivo às presilhas, sempre com o fio dental amarrado ao arco para dar segurança ao procedimento. Para o arco ativo com intenção de expandir ou contrair a largura intermolar (transversa), as forças podem ser introduzidas no arco facilmente, alargando ou estreitando a forma de arco antes de inserção nos tubos e o ajuste da mola de Coofin, se houver, vai ajudar a manter o arco transpalatino a uma distância apropriada do palato, e quando inserido nos tubos dos molares, o arco transpalatino, com intenção de exercer uma força expansiva, irá agir na direção vestibular mais para oclusal do que os centros 39 de resistência (Cres) dos molares, criando uma tendência de girar a coroa no sentido vestibular e raiz no sentido lingual. Para a ativação de contração, o autor afirma que a distância intermolar pode ser facilmente alterada no arco, diminuindo a distância entre as presilhas na forma do arco transpalatino, e uma vez ativada e inserindo o arco, a força aplicada estará a oclusal do centro de resistência dos molares (Cres) e produzirá um movimento da coroa para lingual e das raízes para vestibular. Em ativações para rotação da coroa (ativações de primeira ordem bilaterais) a tendência, segundo o autor, será de cada molar girar ao redor seu Cres no longo eixo do dente. Porém, como a largura é contraída, será necessária uma expansão do arco para manter a distância intermolar. Nenhum movimento anteroposterior é esperado porque as forças geradas nesse sentido têm mesma magnitude e sentidos contrários, o que deve anulá-las. Para Steenbergen, Nanda (1995), as assimetrias secundárias são frequentemente negligenciadas até que elas ficam aparentes na fase de acabamento do tratamento, e são vistos molares superiores girados, o que normalmente resulta em uma oclusão assimétrica de molar. Para corrigir este problema, um arco transpalatino é usado com quantias iguais de ativação antirrotação e é sugerido um fio 0.018 x 0.025 polegadas de aço inoxidável, fixado em todos os dentes pela vestibular nos braquetes, exceto no molar girado. FIG. 23 – Correção de rotação assimétrica do molar, ancorado no lado oposto por um arco pesado pela vestibular dos dentes. (Steenbergen, Nanda; 1995) 40 Para a mordida cruzada dentária unilateral, o tratamento pode ser executado com um arco lingual/transpalatino de 0.032 x 0.032 polegadas de TMA tanto na mandíbula como na maxila. Um fio rígido vestibular é fixado a todos os dentes, exceto no molar em mordida cruzada, torque vestibular de raiz é inserido na presilha do arco transpalatino no lado em que o molar não está em mordida cruzada. Quando o arco transpalatino é inserido no tubo, a presilha do arco do lado onde há mordida cruzada estará a oclusal do dente e a ativação de expansão deve ser adicionada ao arco transpalatino. Quando o arco é inserido, o sistema de forças criado causa a inclinação vestibular desejada do molar em mordida cruzada. Este movimento de inclinação acorre antes da translação do molar no lado oposto. Depois que a mordida cruzada foi corrigida, o arco transpalatino deve ser removido, apassivado e reinserido. FIG. 24 – Sistema de forças necessário para a correção da mordida cruzada unilateral, com arco transpalatino retangular 0.032 x 0.032 polegadas de TMA. (Steenbergen, Nanda; 1995) De acordo com Ingervall, Honigl, Bantleon (1996), nos estudos dos momentos e forças gerados por arcos transpalatinos redondos de aço inoxidável e de beta-titânio (TMA) para correção da rotação simétrica de molares, os momentos são relativamente grandes e diminuem rapidamente durante a desativação, o que torna impossível produzir momentos completamente iguais nas duas pontas do arco transpalatino. A correção da rotação resultou em uma força de contração de até 2.7 N que deve ser compensado através da expansão do arco transpalatino. Por causa da maior gama de aplicações, são recomendados arcos de TMA para a correção de rotação dos molares. 41 FIG. 25 – Sistemas de forças liberados na correção da rotação simétrica e assimétrica dos molares com arco transpalatino. (Ingervall, Honigl, Bantleon; 1996) Para Dahlquist, Gebauer, Ingervall (1996) a correção da rotação do primeiro molar superior pode ser efetiva com o uso de um arco transpalatino. O ganho de espaço e o movimento mesio distal da cúspide mesio vestibular do molar são imprevisíveis. Em alguns casos é obtido um ganho considerável de espaço pelo movimento distal da cúspide mesio vestibular. Em outros casos há perda de espaço e a cúspide mesio vestibular se move para mesial. Na maioria dos casos a correção da rotação é acompanhada por uma expansão leve, porém a correção de uma grande rotação tende a resultar em contração. Os resultados, segundo o autor são discrepantes com a regra de Ricketts de 1969 apud Dahlquist, Gebauer, Ingervall (1996) o qual afirma que uma linha que passa pela cúspide mesio palatina e cúspide disto vestibular do molar deveria coincidir com a metade do canino contralateral para a sua distal, e no grupo do autor de oclusão ideal a linha passava consideravelmente mais distal. Os resultados também estão discrepantes com a regra de Cetlin de 1983 apud Dahlquist, Gebauer, Ingervall (1996), que afirma que as superfícies vestibulares dos primeiros molares deveriam ser paralelas entre si quando vistas por oclusal. Para esta regra resultaria em rotação acima do normal dos molares no grupo controle do autor. 42 Segundo Bobak (1997), o arco transpalatino passivo diminui a possibilidade de rotação dos molares, porém não tem capacidade de modificar a ancoragem ortodôntica. Braun, Kusnoto, Evans (1997) afirmam que na correção da má oclusão de Classe II, a correção da rotação do primeiro molar é exigida para obter uma relação de Classe I, porém, apesar da correção da rotação do molar dar um ganho de espaço no arco, esta não é suficiente para corrigir totalmente a classe II e obter a intercuspidação do pré-molar em Classe I, sendo necessários fatores adicionais como: de crescimento, intervenção cirúrgica, ou extrações para conseguir articulação, de classe I de pré- molar. O ganho no comprimento no arco, anterior ao primeiro molar, quando o centro de rotação estiver no centro do tubo lingual, é de 2.1 mm, o que é significante; se os pres- molares estiverem em uma Classe II completa, serão exigidos aproximadamente 7 mm. Para Rajcich, Sadowsky (1997) em tratamentos ortodônticos onde foram necessárias exodontias, os caninos superiores podem ser retraídos com uma perda de ancoragem mínima, controlando as forças e momentos aplicados. Arco extraoral, botão de Nance, e outros acessórios secundários não são necessários para controle de ancoragem maxilar, segundo o autor. Angle (1907) apud Rajcich, Sadowsky (1997) afirma que a resistência da ancoragem oferecida deve ser maior que a força gerada pelos dentes que serão movidos; caso contrário haverá deslocamento da ancoragem e, consequentemente, o fracasso no movimento dos dentes desejados. Mulligan (1982) apud Rajcich, Sadowsky (1997), afirma que não são necessários acessórios secundários para ancoragem, quando se utiliza o conceito de "momentos diferenciais", a ancoragem máxima é alcançada manipulando o torque de arcos aplicados nos dentes. Para Ramos et al. (2000), o arco transpalatino pode ser utilizado para a correção da rotação dos molares, correção da inclinação dos molares no sentido mesio distal distalização dos molares, desde que associado a um sistema de ancoragem, auxiliar de ancoragem, controle de erupção dos primeiros molares (intrusão relativa), expansão ou contração do segmento posterior e controle de torque dos molares. Uma vez bem posicionados, os molares podem ser eficazmente estabilizados com a utilização da barra palatina passiva. Esta unidade de ancoragem oferece uma capacidade moderada de ancoragem, podendo ser utilizada, na maioria dos casos, com exodontias para evitar a rotação quando se procede a retração com cadeias elastoméricas 43 apoiadas sobre os molares. Entretanto, nos casos com ancoragem crítica, o aparelho extrabucal deve ser utilizado. Outra utilização da barra palatina é de mantenedora de espaço, nos casos de perda precoce dos segundos molares decíduos. Ainda segundo o autor, ao corrigir a rotação dos molares, torna-se possível a obtenção de 1 a 2 mm no perímetro do arco, além de uma parcial correção da Classe II. FIG. 26 – Ganho de espaço obtido com a correção da rotação do molar. (Ramos, 2000) Para Haas, Cisneros (2000) o arco transpalatino de Goshgarian pode ser útil na correção da relação molar de Classe II através de rotação disto vestibular e inclinação distal do molar. Segundo Gurgel, Ramos, Kerr (2001), a liga metálica Beta-titânio ou titâniomolibidênio, mais conhecida na Ortodontia pelo acróstico “TMA” (Titanium Molybdenum Alloy - Ormco Corp.), apresenta uma composição de 79% Titânio, 11% Molibdênio, 6% Zircônio, 4% Estanho. Esta liga foi idealizada por Burstone, nos anos 80, com o objetivo de superar as vantagens do aço e do NiTi. Em comparação ao aço inoxidável, o “TMA” apresenta a metade da rigidez, consequentemente, o dobro de resiliência, a desvantagem é o alto atrito da superfície 44 desta liga, até oito vezes maior que o aço, a sua vantagem em relação ao NiTi encontrase na capacidade de formatá-lo e da liga em aceitar solda. O Aço inoxidável utilizado na Ortodontia tem composição média, 18% de Cromo, 8% de Níquel, 0.08 a 0.15% de Carbono e o restante de Ferro. Com uma ótima formabilidade permite a execução de dobras com facilidade e precisão. Apresenta ainda ótima soldabilidade e baixo atrito, além do baixo custo. A alta rigidez desta liga é um fator que deve ser controlado através da redução do calibres dos fios ou confecção de alças quando se objetivam movimentos dentários individuais. Além de estender o tempo de trabalho, a falta de controle sobre sua rigidez pode gerar forças excessivas. Shroff et al. (2001) afirmam que, quando um fio é inserido direto nos molares girados, a relação entre os braquete do prés-molares e o tubo vestibular do molar é uma geometria V assimétrica. A rotação dos molares será corrigida e como resultado do sistema de forças gerado ocorrerá a expansão da largura transversal dos molares e constrição da região pré-molares. FIG. 27 – Sistema de forças gerado por um arco vestibular contínuo, inserido nos molares superiores rotados. (Shroff, 2001) É então vantajoso isolar os molares bilateralmente e corrigir as rotações deles sem os conectar ao resto do arco. Uso de um arco de transpalatino fabricado de 0.030 polegadas de aço inoxidável ou um arco transpalatino de precisão pré-fabricado de 0.032 x 0.032 polegadas de liga de titânio molybdenum (TMA) fará a correção das rotações dos molares sem efeitos colaterais indesejáveis no resto do arco dental. 45 Abdel-Kader (2003) relatou a deglutição por acidente de um arco transpalatino soldado, recomendando a cada consulta, a revisão cuidadosa e minuciosa dos pontos de solda do arco transpalatino. FIG. 28 – Imagem radiográfica do arco transpalatino que foi deglutido pelo paciente. (Abdel-Kader, 2003) Para Eyoboglu et al. (2003), o arco transpalatino 0.9 mm de aço inoxidável ativado com 150g, pode ser usado no distalização unilateral de molares superiores, sem a necessidade utilizar força extraoral ou outras técnicas intraoral, quando são selecionados casos apropriados. É uma técnica simples, higiênica e barata para executar quando a discrepância sagital nos molares superiores for mínima. Ocorrerá um movimento para mesial dos molares de ancoragem e uma rotação mesio vestibular, o molar em movimento distalizará e inclinará para distal com rotação disto palatina. 46 FIG. 29 – Arco transpalatino 0,9 mm aço utilizado para distalização unilateral do molar superior. (Eyoboglu et al., 2003) Segundo Chiba, Motoyoshi, Namura (2003) que compararam a pressão exercida pela língua no arco transpalatino em três posições diferentes no palato e em três diferentes alturas do palato em relação ao arco, a pressão mínima verificada foi na posição dos pré-molares a uma altura de 2 mm em relação à mucosa do palato. E a pressão máxima verificou-se do arco na posição dos segundos molares, a uma altura de 6 mm da mucosa do palato. 47 FIG. 30 – Posicionamento do sensor de pressão ligado ao arco transpalatino. (Chiba, Motoyoshi, Namura; 2003) Barbosa et al. (2003) afirmam que o arco transpalatino pode provocar o bloqueio do crescimento vertical do processo dentoalveolar ou, até mesmo, a intrusão dos molares. Segundo Gunduz et al. (2003), a modificação do desenho do arco transpalatino e da liga metálica para blue elgiloy wire (rocky mountain/orthodontics) gerou momentos iniciais menores e menos ou nenhuma reativação durante a correção do giro simétrico dos molares. As forças de contração horizontais produzidas durante desativação foram mais baixas. Forças de mesialização eventuais que acontecem podem ser contrabalançadas efetivamente pelo uso simultâneo de um arco extraoral com puxada alta. FIG. 31 – Desenho do arco transpalatino Zachrisson (a) e o desenho do arco transpalatino Goshgarian (b). (Gunduz et al., 2003) 48 Segundo Werneck (2004), em sua tese de mestrado e considerando os resultados obtidos no período pesquisado com avaliação cefalométrica do posicionamento dental superior, após a distalização dos caninos, empregando a barra palatina fixa como elemento de ancoragem posterior, existe perda de ancoragem do molar em média de 1,5 mm (segundo 6-PTV) e de 0,9 mm (segundo C-ENA), para todos os grupos pesquisados, assim como existe alteração do posicionamento vertical dos molares superiores, caracterizado por extrusão média de 0,4 mm (segundo C-PP), e de 0,8 mm (segundo C-PF), para todos os grupos pesquisados. Para Barbosa, Caram, Suzuki (2005), o uso do arco transpalatino pode produzir a rotação dos molares superiores com conseqüente ganho de espaço na arcada e diminuição ou até a correção da Classe II original. Também pode provocar bloqueio do crescimento vertical do processo dentoalveolar ou, até mesmo, intrusão dos molares com conseqüente rotação espacial da mandíbula no sentido anti-horário, melhorando assim o relacionamento anterior da maxila com mandíbula tanto no sentido vertical como horizontal. FIG. 32 – Sistema de força gerado pela língua na alça do arco transpalatino, com intenção do bloqueio do crescimento alveolar (Barbosa, Caram, Suzuki; 2005) 49 Para Moscardini (2007), no aspecto quantitativo da perda de ancoragem, ou seja, na magnitude de movimento mesial da coroa dos primeiros molares, não houve diferença significante, quando comparado o AEB e o arco transpalatino durante o processo de retração dos dentes anteriores, sendo que ambos mostraram-se eficientes neste procedimento. No que se refere ao aspecto qualitativo da perda de ancoragem, ou seja, a inclinação mesial do molar, verificou-se que o AEB propiciou uma menor inclinação, durante o processo de retração. Segundo Kozima, Fukui (2008), a forca ortodôntica mesializante inclina os primeiros molares, independente do uso ou não de arco transpalatino. Os ângulos formados pela inclinação dos dentes de ancoragem com e sem o arco transpalatino foram praticamente idênticos. Concluem que o arco transpalatino não preservou a ancoragem, porém, a força mesial aplicada na retração produziu rotação e movimento transversal dos dentes de ancoragem (molares) sem o arco transpalatino e estes movimentos poderiam ser prevenidos com a presença deste arco. FIG. 33 – Distribuição da tensão sobre a superfície da raiz do molar sem (A) e com (B) arco transpalatino, durante o movimento de retração dos dentes anteriores utilizando os molares como ancoragem. (Kozima, Fukui; 2008). 50 FIG. 34 - Rotação e movimento transverso do molar, com (vermelho) e sem (azul) arco transpalatino, durante fase de retração dos dentes anteriores utilizando o molar como ancoragem. (Kozima, Fukui; 2008) Para Zablocki et al. (2008), o arco transpalatino não tem nenhum efeito significante, tanto na posição anteroposterior do molar quanto na sua posição vertical durante tratamento ortodôntico com exodontias. Mas não considera o arco transpalatino uma ferramenta desnecessária no tratamento de pacientes ortodônticos, por causa de suas outras funções. FIG. 35 – Sobreposição dos traçados cefalométricos de um tratamento ortodôntico com exodontias sem (A) e com (B) arco transpalatino. (Zablocki et al.; 2008) 51 Moutaftchiev, Moutaftchiev (2009) afirmam que o arco transpalatino removível apresenta vantagens sobre o arco transpalatino soldado, pois permite colocação de uma ligadura metálica sem traumatizar a mucosa palatal para fixar a presilha do arco aos tubos e assim permitir sua remoção para dar ativações de torque e rotação dos molares no arco, controlar a distância do arco transpalatino, a mucosa do palato e a colocação de uma ligadura de aço que permite segurança adicional e evita as desvantagens de fixação com módulo elástico. FIG. 36 - Presilha do arco transpalatino removível inserido no tubo lingual do molar. (Moutaftchiev, Moutaftchiev; 2009) 52 2. DISCUSSÃO A discussão será feita em tópicos para melhor compreensão sobre o assunto: 2.1. CORRETA POSIÇÃO DOS PRIMEIROS MOLARES: A posição correta do primeiro molar determinou-se pela primeira vez por Angle (1899), o qual afirmou que a cúspide mesio-vestibular do primeiro molar superior deveria ocluir no sulco central do primeiro molar inferior, com o que Andrews (1972) concorda, porém observa ainda que a inclinação, angulação e rotação do dente também têm relevância neste posicionamento. Para definir a correta posição do molar Ricketts apud Dahlquist, Gebauer, Ingervall (1996) determinou que a linha que passa pela cúspide mesio palatina e cúspide disto vestibular do molar deveria coincidir com a metade do canino contralateral para a sua distal. Entretanto, Cetlin apud Dahlquist, Gebauer, Ingervall concluiu que as superfícies vestibulares dos primeiros molares deveriam ser paralelas entre si quando vistas por oclusal, ambas regras não são confirmadas por Dahlquist, Gebauer, Ingervall (1996), que ao comparar em seu estudo com a regra de Rickets, a linha passaria consideravelmente mais a distal. E para a regra de Cetlin, segundo o mesmo autor resultaria em rotação acima do normal dos molares. Bolton (1958) acrescentou que a desarmonia de tamanho dos dentes, inclusive dos primeiros molares poderia alterar as relações oclusais dos demais dentes a mesial dos molares. 2.2. ORIGEM DO ARCO TRANSPALATINO: No artigo de Angle (1899a) encontra-se a imagem do que poderia ser um arco transpalatino, porém, sem nenhuma referência sobre arco no artigo. Em outro artigo de Angle (1899b) a mesma imagem aparece com uma observação especial no rodapé da figura para que o leitor desconsidere a presença do arco no palato, porém, sem explicações adicionais. Em 1920 Mershon descreve o uso do arco lingual removível desde 1909. E, segundo Singer (1974), quem popularizou o arco lingual foi Mershon em 1920. Já para Dewey (1916) apud Singer (1974), a origem do arco lingual seria atribuída ao Dr. L. S. 53 Lourie no ano de 1904. Por fim, Goshgarian (1974) patenteou o arco transpalatino removível e ajustável. 2.3. TUBOS DE INSERÇÃO: Além dos tubos redondos, outros tubos foram projetados durante a história da ortodontia, Mershon (1920) projetou o tubo vertical, pois considerava muito difícil a colocação e remoção do arco no tubo tradicional. Porém, o arco lingual/transpalatino necessitava ser fundido, o que dificultava a confecção do arco lingual/transpalatino e assim inibiu uso do novo tubo vertical. Burstone (1994) projetou um acessório lingual que chamou de tubo de precisão, que é um braquete, com tampa, que acomoda um fio retangular 0.032 x 0.032 polegadas. Para o autor usar um braquete em lugar de um tubo, permite fácil inserção e remoção do arco e permite colocar angulações de 3ª ordem (torque) além de possibilitar uma grande variedade de desenhos do arco bem como ser mais seguro por possuir tampa. 2.4. LIGAS METÁLICAS: Mershon (1920) utilizava as ligas de ouro e platina para a confecção do arco lingual, mas que eram confeccionados por fundição. Atualmente, outras duas ligas metálicas têm sido mais utilizadas; o aço inoxidável de composição média de 18% de Cromo, 8% de Níquel, 0.08 a 0.15% de Carbono e o restante de Ferro. Outra liga utilizada é o Beta-titânio ou titânio- molibidênio, idealizada por Burstone nos anos 80, mais conhecida na ortodontia por “TMA” (Titanium Molybdenum Alloy - Ormco Corp.), esta apresenta uma composição de 79% Titânio, 11% Molibdênio, 6% Zircônio, 4% Estanho, segundo Gurgel (2001). Para Gurgel, Ramos, Kerr (2001), o aço inoxidável, devido a sua versatilidade, tornou-se tradicional para a ortodontia. Com uma ótima formabilidade permite a execução de dobras com facilidade e precisão. Apresenta ainda ótima soldabilidade e baixo atrito na interface fio/slot, além do baixo custo, porém segundo os próprios autores o aço inoxidável tem grande rigidez que pode gerar forças excessivas. O TMA apresenta segundo Gurgel, Ramos, Kerr (2001), 50% da dureza do aço inoxidável e segundo Burstone (1988), Burstone (1989) 60% da dureza do aço 54 inoxidável, o que seria uma grande vantagem sobre o aço inoxidável segundo Goldberg, Burstone (1979), pela possibilidade de aplicar forças de menor intensidade, e também de manter uma força mais constante com o passar do tempo da desativação e da movimentação do molar, haveria ainda uma maior facilidade para medir a quantidade de força aplicada, e a possibilidade de usar ativações maiores com um tempo maior de funcionamento (desativação) do dispositivo. A desvantagem para Gurgel, Ramos, Kerr (2001) é de que o atrito é oito vezes maior em relação ao aço inoxidável entre a superfície do fio com o slot do braquete. Para Burstone (1994), a segunda decisão ao confeccionar um arco lingual/transpalatino, é a escolha de qual liga metálica será utilizada levando em consideração a dureza desejada da liga metálica, optando por TMA ou aço inoxidável. Segundo Burstone (1988), a dureza pode ser variada escolhendo uma liga metálica de aço inoxidável pela alta dureza ou TMA para uma menor dureza em relação ao aço. A menor dureza do fio de TMA, segundo Burstone (1989), e os longos espaços entre os molares resultam em baixas forças por unidade de ativação, o que compensa possíveis pequenos erros de ativação do arco. Já Gunduz et al.(2003) utiliza e sugere o uso do Blue Elgiloy wire (Rocky Mountain/Orthodontics, Denver, Colorado), pois acredita ser uma liga bastante maleável a qual reduziria a intensidade das forcas geradas pela ativação do arco transpalatino. Burstone (1988), Burstone (1989), Burstone (1994), Steenberger, Nanda (1995) preferem o uso de TMA em dispositivos que serão utilizados ativos, porém, se a aplicação for passiva, que exige maior rigidez do arco, Burstone (1988) prefere o aço inoxidável. Já Rebellato (1995) afirma que o arco passivo pode ser feito tanto de aço inoxidável como de TMA. 2.5. SECÇÃO TRANSVERSAL E ESPESSURA DOS FIOS: Mershon (1920) não descreve qual a secção transversal do arco lingual que utilizava. Goshgarian (1974), preferencialmente, confeccionava o arco transpalatino com o fio de aço inoxidável com diâmetro 0.036 polegadas, tanto para o uso do arco transpalatino ativo como passivo, entretanto, afirma que outros materiais e diâmetros podem ser utilizados, mas não definiu qual diâmetro e liga metálica teria cada uma das utilidades, ativo ou passivo. 55 Burstone, Koenig (1981) recomendava reduzir a secção transversal do fio de aço inoxidável para 0,030 polegadas com o intuito de reduzir a dureza e permitir uma ativação mais precisa. Já Burstone (1988) recomendou que a aplicação passiva necessitaria de um fio mais rígido, e indica um arco retangular 0.032 x 0.032 polegadas de aço inoxidável para estabilização. E Burstone (1994), não definiu qual secção transversal do fio deve ser utilizado, mas diz que a primeira decisão ao confeccionar um arco lingual/transpalatino será decidir sobre a secção do fio: redonda ou retangular, dependendo da necessidade ou não do controle do torque. Já Baldini, Luder (1982) utilizavam arcos transpalatinos, do tipo Goshgarian, com fio 0,9 mm de aço com um loop, em forma de U no centro do arco, na porção palatina do arco, também conhecida como mola de Coofin, em aplicações ativas. E Eyoboglu (2004) utilizou um arco transpalatino 0.9 mm aço inoxidável ativado, mas limitava a ativação a 150g. Gunduz et al. (2003) também utilizou o fio 0.9 mm redondo, porém em Blue Elgiloy wire (Rocky Mountain Orthodontics, Denver, Colorado). Já Burstone (1988), Burstone (1989), Shroff et al. (2001), Steenbergen, Nanda (1995) prescrevem o arco lingual de precisão fabricado com fio TMA 0.032 x 0.032 polegadas para movimento ativo. Porém Shroff et al. (2001) também indica o arco transpalatino fabricado de 0.030 polegadas de aço inoxidável, para o uso ativo. 2.6. MODIFICAÇÃO NO DESENHO DO ARCO: Outros desenhos são feitos na confecção do arco transpalatino/lingual, Goshgarian (1974) utiliza a forma do arco com helicóide em U no palato, Burstone, Koenig (1981), admitem o uso do arco transpalatino com ou sem o helicóide na porção palatina do arco transpalatino. Pacientes com tórus maxilar requererem um arco transpalatino em forma de ferradura segundo Burstone (1988), Burstone (1994), e que podem ser transformados facilmente em um Botão de Nance, com a vantagem de ser removível o que possibilita ajustes e a higiene; ou então a sua transformação em uma placa de mordida para extrusão posterior dos dentes inferiores e correção da mordida profunda ou ainda para prevenir a quebra dos braquetes dos incisivos inferiores. Burstone (1988) também sugere que o arco em ferradura seja transformado em arco para a remoção de hábito (grade). 56 Para Burstone (1994), o arco de ferradura também tem vantagens da biomecânica em algumas situações. Um arco em ferradura é mais eficiente para corrigir mordida profunda, pois ao contrário do arco transpalatino que circula o palato, as forças vestibulares e linguais do arco em forma de ferradura não são alteradas pela colocação de torque no fio. Gunduz et al, (2003) modificou o desenho do arco transpalatino além da mudança da liga metálica para Blue Elgiloy utilizada com o intuito de gerar menor taxa carga-deflexão, momentos iniciais menores e menos ou nenhuma reativação durante a correção dos giros simétrico dos molares. 2.7. ANCORAGEM: Para Hart, Taft, Greenberg (1992), um único dente, um grupo de dentes, ou qualquer área anatômica disponível, que pelo uso de um dispositivo, oferece resistência ao movimento, é considerado ancoragem. Há dois tipos gerais de ancoragem usados em ortodontia: (1) ancoragem de dente e (2) ancoragem auxiliar (barra palatina, barra lingual). Entretanto, Higley (1969) discorda afirmando que os dentes não oferecem ancoragem no verdadeiro significado da palavra, mas somente graus variados de resistência. Para o autor, a ancoragem indica a resistência necessária para prevenir o movimento do dente onde não desejamos movimento enquanto permite movimento no dente desejado. Uma unidade de ancoragem posterior deveria ser formada pelo segundo molar, primeiro molar e segundo pré-molar unidos por um fio pesado por vestibular e interligados por um arco lingual ou transpalatino removível, preso na lingual-palatina dos primeiros molares e confeccionado com fio 0.036 polegada de aço inoxidável segundo Burstone (1966), Burstone (1977), e esta unidade de ancoragem posterior deveria ser pensada como um grande dente multirradicular. Preservar a ancoragem no arco inferior é uma das utilizações do arco lingual segundo Singer (1974). Para Melsen (1994), Ramos et al. (2000), Rebellato, Bonetti, Giunta (1995), o arco transpalatino passivo é utilizado para ancoragem no arco superior. Porém, Bobak et al. (1997), Kojima, Fukui (2008), Zablocki et al. (2008), afirmam que o arco transpalatino não tem habilidade para modificar ancoragem ortodôntica, mas 57 Zablocki et al. (2008) não considera o arco transpalatino dispensável em função das outras funções, mas não cita quais funções são estas. Segundo Werneck (2004), através da avaliação cefalométrica do posicionamento do primeiro molar superior após a distalização dos caninos, empregando a barra palatina fixa como elemento de ancoragem posterior, conclui que existe perda de ancoragem, assim como existe alteração do posicionamento vertical dos molares superiores, porém o autor não comparou os resultados com um grupo controle sem a utilização do arco transpalatino. Bobak et al. (1997), Ramos et al. (2000), concordam que o arco transpalatino diminui a rotação dos molares durante a fase da retração dos dentes anteriores, quando estes são utilizados como ancoragem e há uma tendência de mesializar os molares rotacionando. Na pesquisa de Moscardini (2007), o autor comparou o arco transpalatino com o arco extraoral como dispositivo de ancoragem, considerou ambos eficientes para ancoragem e o arco transpalatino desfavorável ao permitir maior inclinação do molar para mesial. Mas não há um grupo controle sem uso do arco transpalatino nem do arco extraoral para comparar os resultados. Mulligan (1982) apud Rajcich, Sadowsky (1997), diz que não são necessários acessórios secundários para ancoragem, quando se utiliza o conceito de "momentos diferenciais", onde a ancoragem máxima é alcançada manipulando o torque de arcos aplicados nos dentes. 2.8. MANUTENÇÃO DA LARGURA INTERMOLAR E DA INCLINAÇÃO AXIAL: Para Burstone (1977), Burstone, Koenig (1981), Rebellato (1995), Shroff et al. (2001) Kojima, Fukui (2008), uma utilização importante do arco lingual é preservar a largura do arco, ou seja, a largura intermolar transversa. Para Burstone (1977), é uma forma de prevenir o efeito colateral do arco de intrusão, pois este gera no molar um torque lingual de coroa que tende a lingualizar a coroa do molar e reduzir assim a distância intermolar através da alteração da inclinação axial dos molares ou torque. Para Rebellato (1995), o arco transpalatino pode ser utilizado como forma de contenção após a expansão rápida da maxila e para Shroff et al. (2001), Kojima, Fukui (2008), o 58 arco transpalatino faz esta manutenção da largura transversal dos molares durante o fechamento de espaço. Ainda Burstone, Koenig (1981), ressaltam que este arco, na sua forma passiva, deverá ter uma taxa de carga-deflexão alta, que confere ao arco maior rigidez para resistir às forças aplicadas por outros dispositivos sobre os molares. 2.9. APASSIVANDO OS ARCOS TRANSPALATINOS: Uma das preocupações de Mershon (1920) era de que o modelo de gesso da arcada do paciente pudesse não estar correto, e sugeria que o arco, depois de confeccionado, deveria ser introduzido na presilha do tubo de um dos lados e observar a presilha do lado oposto, que deveria estar paralelo ao seu tubo do molar. A mesma coisa sugeriu Burstone (1988), Rebellato (1995), mas para ambos, este é um método necessário para apassivar o arco transpalatino e este procedimento deve ser repetido várias vezes para garantir que o ATP esteja completamente passivo. 2.10. LIMITAÇÃO DO CRESCIMENTO VERTICAL: Há uma tendência, segundo Singer (1974), de que o arco lingual limite o crescimento vertical de molares. Para Ramos et al. (2000), Barbosa (2003), Barbosa, Caram, Suzuki (2005) o arco transpalatino pode fazer o controle de erupção dos primeiros molares (controle do crescimento dento alveolar), também chama intrusão relativa. Barbosa (2003), Barbosa, Caram, Suzuki (2005), ainda afirmam que o arco transpalatino pode até mesmo provocar a intrusão dos molares, quando estes já extruíram, ou seja, que tenha ocorrido o crescimento dento alveolar. Entretanto, Odom (1983), Wise, Magness, Powers (1994), discordam, pois não encontraram diferença na erupção vertical do primeiro molar superior com ou sem o uso de arcos transpalatinos/linguais. Chiba, Motoyoshi, Namura (2003) compararam a pressão exercida pela língua no arco transpalatino. A pressão máxima verificou-se na posição dos segundos molares, a uma altura de 6 mm da mucosa do palato. 59 2.11. MANUTENÇÃO DO ESPAÇO LIVRE DE NANCE: A manutenção do espaço livre de Nance (Leeway space) é uma das utilidades do arco lingual sugeridas por Singer (1974), Odom (1983), Miotti (1984), Burstone (1988), Rebellato (1995), evitando a inclinação do primeiro molar inferior para mesial quando houve a perda ou extração do segundo molar decíduo inferior, mas para Burstone (1988) isso só ocorre se o arco lingual estiver em contato com a superfície lingual dos incisivos inferiores. Miotti (1984) ainda ressalta a necessidade de uma avaliação adicional sobre se a presença, a longo prazo, de um arco lingual seria útil, pois alguns de seus efeitos em incisivos e molares poderiam ser temporários. 2.12. ARCOS ATIVOS: Não é realista esperar que um arco de fio contínuo vestibular ofereça controle total da movimentação dos molares de acordo com Burstone (1988). Segundo Singer (1974) e Melsen, Boneti, Giunta (1994) o arco lingual pode ser utilizado de forma ativa para movimentar dentes ou grupo de dentes, com quem concordam Burstone, Koenig (1981) e Rebellato (1995), pois o arco transpalatino ou lingual permite a distribuição das forças através do arco para os movimentos de primeira, segunda, e terceira ordem. E ainda acrescenta Burstone (1989), que os arcos linguais podem ser utilizados independentemente ou como um suplemento para a terapia vestibular. Burstone, Koenig (1981), dizem que até mesmo em ativações assimétricas os efeitos colaterais podem ser consideravelmente menores dos que seriam encontrados entre os dentes adjacentes com fios de arco contínuo colocados por vestibular do dente. 2.12.1 - FORÇAS: Segundo Reitan (1957) forças leves de 25 gramas em adultos e ao redor de 40 gramas em pacientes mais jovens durante a fase inicial de movimento de dente são suficientes para a formação de áreas livres de células, chamadas áreas de hialinização. Depois desta primeira fase, pode ser aumentada a força um pouco, porém o autor não diz quanto, nem especifica a força para cada um dos dentes. 60 Burstone, Baldwin, Lawless (1961), acreditam que uma pesquisa biológica é necessária para determinar níveis ótimos de força e as variações para os diferentes tipos de movimento de cada um dos dentes. Em 1966 Burstone ressaltou que se os níveis de força forem muito baixos, a taxa de movimento de dente será nitidamente reduzida, ou se a força for muito alta, podem resultar em dor e danos aos tecidos; e ainda afirma que o arco segmentado foi idealizado para utilizar forças de forma contínua na movimentação do dente, mas também não define o que são forças leves ou fortes. A reabsorção óssea do plano alveolar adjacente à área da membrana periodontal abaixo da pressão, normalmente é estimulada pela aplicação de forças "leves", que são pressões que não obstruem a rede vascular do ligamento, segundo Gianelly (1969), e forças "pesadas", não produzem nenhuma atividade de reabsorção óssea abaixo da região da pressão, e também este autor não define o que são forças leves e fortes. Para o movimento de expansão e contração dos molares Burstone, Koenig (1981) utilizam uma força de 200 gramas no arco transpalatino, os próprios autores admitem que, com a movimentação do dente, a magnitude da força do arco lingual /transpalatino muda. 2.12.2 - SISTEMA DE FORÇA: A inviabilidade de colocar uma força no centro de resistência da raiz, que permitiria um movimento de corpo do dente, faz necessário um sistema de forças mais complicado segundo Burstone, Baldwin, Lawless (1961), e por mais que seja complicado esse sistema de forças, ele pode ser calculado segundo os autores mencionados e Burstone, Koenig (1981). Em 1966, Burstone relatou que os procedimentos do arco segmentado foram planejados para manter as forças utilizadas mais constantes e para não perder o controle do movimento dos dentes. O controle do movimento do dente requer a utilização de um sistema de forças específico, por isso conhecer as mecânicas ortodônticas para obter tais resultados é fundamental conforme Goldberg, Vanderby, Burstone (1977). Burstone, Koenig (1981) afirmaram que há vários possíveis sistemas de força que poderiam ser empregados pelo arco lingual que, em muitos exemplos, oferece um grande potencial e poucos efeitos colaterais produzindo o movimento desejado do dente. 61 A importância do centro de resistência foi demonstrada por Christiansen e Burstone apud Worms et al. (1973), já que quando aplicamos uma única força do dente, dependendo da distância perpendicular do ponto de aplicação da força até o centro de rotação, poderemos ter inclinação ou movimento de corpo. O centro de resistência do molar fica localizado na área da trifurcação do molar segundo Worms et al. (1973); porém para Pryputniewicz, Burstone (1979) e Nagerl et al. (1991), o centro de resistência de qualquer dente fica a 0,33 do comprimento da raiz do dente no sentido cérvico apical medido a partir da raiz inserida, ou seja, da crista alveolar até o ápice do dente, o que não é levado em conta por Worms et al. (1973) que acredita ser um ponto fixo, não importando a quantidade de osso circundante. 2.13. CORREÇÃO DA ROTAÇÃO DOS MOLARES: Vários autores sugerem o uso do arco transpalatino para a correção da rotação dos molares, entre eles: Burstone (1989) Haas, Talf, Greenberg (1992), Rebellato (1995), Steenbergen, Nanda (1995), Ingervall, Honigl, Bantleon (1996), Dalhquist, Gebauer, Ingervall (1996), Braun, Kosnoto, Evans (1997), Ramos et al. (2000), Shroff et al. (2001) e Moutaftchiev, Moutaftchiev (2009). A correção do giro dos molares ajudaria na correção da relação de classe II dos molares, segundo Burstone (1989), Braun, Kosnoto, Evans (1997), Talf, Greenberg (1992), Ramos et al. (2000), porém quando se trata de uma má oclusão de classe II completa não será suficiente apenas a rotação dos molares segundo Braun, Kosnoto, Evans (1997) e Ramos et al. (2000), em função da magnitude da distância necessária a ser corrigida. Braun, Kosnoto, Evans (1997) calculam um ganho de, no máximo 2 mm com a rotação dos molares; já Ramos et al. (2000) calculam um ganho entre 1 e 2 mm no perímetro do arco. Porém, Dalhquist, Gebauer, Ingervall (1996) afirmam que o ganho de espaço e movimento mésio distal da cúspide mesio vestibular do molar são imprevisíveis. Em alguns casos é obtido um ganho considerável de espaço e movimento distal da cúspide mesio vestibular. Em outros casos há perda de espaço e a cúspide de mesio vestibular se move mesialmente. 62 Com molares simetricamente girados, um arco lingual pode estabelecer ancoragem recíproca, segundo Burstone (1989), Rebellato (1995), pois as forças se anulariam, uma vez que são de mesma intensidade e sentidos opostos. Dalhquist, Gebauer, Ingervall (1996) encontrarão resultados do posicionamento dos molares após a rotação, discrepantes com a regra de Ricketts o qual afirma que uma linha que passa pela cúspide mesio palatina e cúspide disto vestibular do molar deveria coincidir com a metade do canino contralateral para a distal. No grupo de oclusão ideal do autor a linha passava consideravelmente mais distal dos caninos. Os resultados também foram discrepantes com a regra de Cetlin afirmando que as superfícies vestibulares dos primeiros molares deveriam ser paralelas quando vistas de anterior, pois no estudo dos autores esta regra resulta em rotação acima do normal dos molares. É então vantajoso isolar os molares bilateralmente e corrigir as rotações deles sem os conectar ao resto do arco vestibular, pois haverá a expansão da largura transversal na região dos molares e também acontecerá constrição da região dos prémolares como resultado das forças transversais desenvolvidas entre os molares e pré molares em um arco contínuo conectado nos pré-molares e molares, segundo Shroff et al. (2001) Burstone (1989) ressalta que após a correção da rotação dos molares, deve-se confeccionar um arco transpalatino ou lingual passivo para manter os dentes na nova posição. 2.14. INTRUSÃO: Para Goshgarian (1974), que registrou a patente do arco transpalatino removível, o arco poderia ser utilizado entre outras funções para intrusão dos molares, opinião compartilhada com Barbosa (2003), Barbosa, Caram, Suzuki (2005), que além de defender a capacidade de intrusão do molar pelo arco ainda defendem o controle do crescimento dento alveolar, também chamado intrusão relativa, esta última também defendida por Ramos et al. (2000). Chiba, Motoyoshi, Namura (2003) verificaram que a pressão mínima exercida pela língua no arco transpalatino foi à posição dos pré-molares a uma altura de 2mm, e em relação a mucosa do palato, com aproximadamente 1 N/cm2; e que a pressão máxima de aproximadamente 2 N/cm2 foi verificada na posição dos segundos molares, a uma altura 63 de 6mm da mucosa do palato, porém não se pode afirmar qual a força necessária para a intrusão do molar. 2.15. DISTALIZAÇÃO: O arco transpalatino/lingual não teria capacidade de promover distalização do molar como afirma Strang (1921). Este autor afirmou ainda que a introdução ao uso do arco lingual não foi baseado em fatos científicos e que as provas apresentadas por seus defensores são superficiais e inconvincentes. Entretanto, Cetlin, Hoeve (1983) afirmam que o arco transpalatino é efetivo na distalização de molares, não somente nesta fase inicial, mas também como um suplemento de movimento para distalizar o primeiro e segundos molares superiores. Opinião compartilhada com Ramos et al. (2000), porém este acrescenta a necessidade de associar a um sistema de ancoragem, sem maiores explicações do porquê. Mas Eyoboglu (2003), que também utiliza o arco transpalatino para distalização, afirma que o molar de ancoragem tende a mesializar, o que pode explicar a preocupação de Ramos et al. (2000) que afirma a necessidade de associar outro sistema de ancoragem. 2.16. EXPANSÃO OU CONTRAÇÃO DA DISTÂNCIA INTER MOLARES: A expansão ou contração da distancia intermolares, defendida por Goshgarian (1974) no registro da patente do arco transpalatino, também é afirmada por Burstone, Koenig (1981), Burstone (1988), Burstone (1989), Rebellato (1995), Ramos et al. (2000). Rebellato (1995), afirma que a expansão e contração são conseguidas facilmente expandindo ou contraindo o ATP; mas que a força aplicada por estar mais a oclusal do que o centro de resistências dos molares irá gerar inclinação dentária. Já Burstone (1989) preocupa-se com a determinação do centro de rotação para o movimento desejado, caso ele seja inclinação ou translação, pois mudaria a ativação. 64 2.17. TORQUE DOS MOLARES (INCLINAÇÃO AXIAL): O controle do torque dos molares (inclinação axial) é uma das utilidades do arco transpalatino segundo Goshgarian (1974), Burstone, Koenig (1981) e Ramos et al. (2000). Moutaftchiev, Moutaftchiev (2009). Mas nenhum dos autores explica como é feito este controle ou ativação. Burstone (1989), também sugere a utilização do torque, porém de forma unilateral com função de corrigir mordida cruzada. 2.18. EXPANSÃO UNILATERAL: Para Burstone, Koenig (1981), Ingervall et al. (1995), Steenbergen, Nanda (1995) é possível utilizar o arco transpalatino para conseguir expansão unilateral com objetivo de corrigir mordida cruzada unilateral de molar. Ingervall et al. (1995) e Steenbergen, Nanda (1995) acrescentam a aplicação de torque de raiz vestibular do dente de ancoragem para evitar efeitos colaterais no dente de ancoragem, que segundo o autor foi eficiente. Steenbergen, Nanda (1995) ainda prefere acrescentar a utilização de um fio rígido vestibular em todos os dentes, exceto no molar cruzado, e lembra que após o movimento ocorrer deve-se remover o arco ativado e colocar um arco passivo. 2.19. USO DO ARCO TRANSPALATINO COMO CANTILEVER: O uso do arco transpalatino como cantilever é defendido por Burstone, Koenig (1981), como forma de evitar a aplicação de torque quando este não é desejável; e por Melsen, Boneti, Giunta (1994), mas nesse caso o arco transpalatino teria uma inserção molar palatina e tendo do lado oposto uma extensão que é ligada pela vestibular. 2.20. CORREÇÃO DE INCLINAÇÃO MESIO DISTAL: A inclinação unilateral mesio distal do molar pode ser corrigida pelo arco transpalatino segundo Burstone (1989), porém o efeito será recíproco no molar oposto e fará com que o molar incline na direção contrária. O autor sugere utilizar um fio rígido por vestibular para controlar o efeito colateral do molar de ancoragem de inclinar. Já 65 para Ramos et al. (2000), o arco transpalatino pode ser utilizado para a correção da inclinação dos molares no sentido mesio distal , porém não diz se unilateral ou bilateral bem como não informa como esta ativação deve ser feita, apenas sugere a utilização. 2.21. ATIVAÇÃO DO ARCO TRANSPALATINO: Inicialmente, o arco deve ser contornado passivo aos acessórios, sem machucar a mucosa, então deve se modificar a forma do arco para a forma ativa segundo Burstone, Koenig (1981) e a forma ativa quando inserida nos tubos deve ser idêntica à forma passiva. Para fazer esta modificação (ativação) deve-se simular o sistema de força de desativação (o sistema de força na direção do movimento de dente) e deformar permanentemente o arco lingual/transpalatino nesta forma. A verificação da ativação se faz encaixado no tubo do molar direito e esquerdo, um de cada vez com observação da geometria do extremo livre com seu tubo apropriado e isso, de nenhuma maneira garante uma relação de momento/força precisa, mas pelo menos deveria assegurar a força e os momentos na direção correta. Se for necessário, depois da tentativa de ativações, podem ser alcançadas aproximações adicionais, mais exatas. Já Burstone (1989) afirma existir duas formas básicas de arcos que podem ser utilizados, o arco ideal e a forma ativada que pode não ser parecida com o arco ideal. O arco ideal só pode ser utilizado para pequenas movimentações; para correções maiores, um arco ideal não seria eficiente. Porém o autor não define o que seria uma ativação pequena ou uma ativação de maior magnitude, entretanto, ressalta que alguns efeitos colaterais do arco ideal quando utilizado podem ser irreversíveis. 2.22. DIFICULDADE DE USO DO ARCO TRANSPALATINO: Para Baldini, Luder (1982) o uso de tipos diferentes de arcos transpalatinos com taxas de carga/deflexão diferentes, bem como a utilização de dobras compensatórias para a movimentação do dente, tornaria difícil o hábito da sua utilização, e por isso, para o autor deveriam ser evitados. Já Burstone (1988), preocupa-se com o encaixe do arco, pois se este é apenas encaixado no tubo, pode soltar. 66 2.23. CUIDADOS COM O PACIENTE: Um monitoramento do movimento do dente minimiza o que pode ocorrer de imprevisível e indesejável para Burstone, Koenig (1981); já Burstone (1988) se preocupa com as fraturas do arco transpalatino, que para o autor não são incomuns com os arcos em função do loop, soldas, e solda de fios para fixação do arco. E para evitar este tipo de ocorrência sugere a utilização de materiais altamente maleáveis como aço inoxidável e TMA, com braquete em vez de tubos. E acrescentam que utilizar uma ligadura metálica para amarrar o arco no tubo/braquete ou uma ou duas ligaduras elásticas também ajudaria. Rebellato (1995) por sua vez, ressaltado a importância da utilização de um fio dental amarado ao ATP, para evitar acidente de aspiração durante a prova do arco transpalatino. E em 2003, Abdel-Kader (2003), relatou a deglutição acidental de um arco transpalatino soldado e recomendou a cada consulta a revisão cuidadosa e minuciosa dos pontos de solda do arco transpalatino. 67 CONCLUSÃO Com base na literatura pesquisada conclui-se que, o arco lingual e o arco transpalatino são uma importante ferramenta acessória na mecânica do tratamento ortodôntico. Sua origem é bem mais antiga do que sua patente oficial. Várias formas de inserção, tubos para encaixe, tipos diferentes de ligas metálicas, secção transversal dos fios utilizados, e até mesmo, modificações dos desenhos na confecção foram sugeridos por vários autores ao longo de mais de noventa anos. Suas aplicações podem ser sinteticamente classificadas em passivas e ativas. Talvez a aplicação passiva mais antiga seja para ancoragem, aplicação que a literatura demonstra ineficaz, não evitando a movimentação antero-posterior, porém sua utilidade em manter a largura intermolar transversa é eficiente, prevenindo a alteração transversa da dimensão entre os molares, bem como a alteração da inclinação axial do molar, evitando assim efeitos colaterais (forças recíprocas) de outros dispositivos aplicados para a mecânica ortodôntica apoiados sobre os molares superiores e/ou inferiores Sua utilização passiva, para manter espaços na arcada, tanto na perda precoce de dentes, ou mesmo mantendo o espaço livre de Nance é discutível, a literatura permite definir que: se o arco lingual ou transpalatino mantiver contato com os dentes anteriores, ocorre a manutenção do espaço, porém levanta a discussão da estabilidade após o tratamento. Suas aplicações ativas, na movimentação de dentes, como único dispositivo de movimentação ou como dispositivo acessório ativo permite muita discussão, não há limites claros da quantidade de força que deve ser aplicada, porém a maioria dos autores defende a utilização de ligas metálicas não tão duras como o aço, que predomina na 68 utilização passiva, mas sim o TMA ou até mesmo o Blue Elgiloy que, além de produzir uma força menor por unidade de ativação, mantêm a força mais constante durante o seu uso em boca. Discussão maior do que o limite de forças é sobre os sistemas de forças gerados pela ativação, bem como dos resultados esperados com cada ativação. A correção do giro dos molares é seguramente a aplicação ativa mais indicada e com maior comprovação de eficácia pela literatura, seguida pela utilização na expansão ou contração da distância intermolares, uni ou bilateralmente. A utilização do arco transpalatino para a intrusão dos molares ou a intrusão relativa, evitando o crescimento do processo alveolar da maxila tem pouco apoio e pouca literatura, o que ocorre também com a sua utilização para a correção da inclinação mesio-distal dos molares. Nenhum dos autores explica, de forma didática, a ativação dos arcos linguais e transpalatinos, permitindo uma compreensão fácil e rápida, o que revela a complexidade de sua ativação, da compreensão do sistema de forças e, por conseqüência, dificulta sua utilização pelo profissional, mas não contra indica sua utilização em pacientes, bem como seu estudo. Talvez o único consenso existente seja sobre os cuidados com a sua utilização no que diz respeito ao paciente, utilizar fio dental amarrado ao arco como método de segurança, durante a prova, no caso de arcos removíveis ou mesmo cuidado com o arco soldado são indispensáveis. A literatura existente permite ter uma vasta idéia da sua utilização, quer seja na forma passiva como na ativa, porém não esgota o assunto, não permitindo conclusões mais precisas, o que indica a necessidade de um número maior de pesquisas, não somente da sua utilização, bem como da durabilidade dos resultados obtidos com a utilização do arco lingual ou transpalatino, nestas duas formas, quer seja passivo ou ativo. 69 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABDEL-KADER, H. M. Broken orthodontic trans-palatal archwire stuck to the throat of orthodontic patient: is it strange? J Orthod. Al-Azhar University, Cairo, Egypt, v. 30, n. 1, p. 11, Mar. 2003. ANDREWS, L. F. The six keys to normal occlusion. Am J Orthod. St. Louis, v. 62, n. 3, p. 296-309, Sept. 1972. ANGLE, E. H. Classification of malocclusion. The Dental Cosmos, Philadelphia, v. 41, n. 3, p. 248-264, Mar. 1899a. ANGLE, E. H. New Combinations of Well-Known Forms Appliances. 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