1
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
FUNORTE/SOEBRAS
ARCO TRANSPALATINO E ARCO LINGUAL NA ORTODONTIA.
Lucas Breda Frosi
Monografia apresentada ao Programa de
Especialização em Ortodontia do ICS –
FUNORTE / SOEBRAS Núcleo Canoas,
como parte dos requisitos para obtenção do
titulo de Especialista em Ortodontia.
Orientadores: Prof. Cybelle Mori Hiraoka
Prof. Luiz Eduardo Schroeder de Lima
CANOAS, 2010
2
ARCO TRANSPALATINO E ARCO LINGUAL NA ORTODONTIA.
Lucas Breda Frosi
Aprovado em ______/_____/______.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________
Dra. Cybelle Mori Hiraoka
Mestre em Ortodontia
___________________________________________________
Dr. Luiz Eduardo Schroeder de Lima
Mestre em Ortodontia
____________________________________________________
Dr. Armando Daiki Hiraoka
Especialista em Odontopediatria, Radiologia e Ortodontia
___________________________________________________
Dr. Orlando Viecilli
Especialista em Radiologia e Ortodontia
CONCEITO FINAL:_______________________________
3
AGRADECIMENTO
Agradeço aos professores: Dr. Orlando Viecilli, Dr. Armando Daiki Hiroka, Dra.
Cybelle Mori Hiraoka, Dr. Raul Cruz e Dr. Luiz Eduardo Schroeder de Lima, pela
amizade e pela paciência e dedicação nos ensinamentos dispensados, não somente na
ortodontia como na vida pessoal, profissional, ao IRGO, na pessoa da Dra. Maria
Beatriz Frizzo Viecilli, pela ótima estrutura acadêmica.
À Prof.ª Dr.ª Carmem Beatriz Borges Fortes, a quem devo essa homenagem há
muito tempo, e que agora tenho a oportunidade de manifestar e deixar registrado o
agradecimento especial, desde o momento que influenciou decisivamente minha vida
profissional ao me ensinar com dedicação, carinho e o seu amor à odontologia, a ter
caráter e ética como estudante e profissional da odontologia.
4
DEDICATÓRIA
Primeiramente dedico aos meus pais, David e Natalia, pela excelente e sólida
estrutura familiar e por nunca deixarem de acreditar que seus filhos sempre podem ir
mais além, fiéis entusiastas e patrocinadores, moral e financeiramente em nossas vidas.
Aos meus irmãos, Gustavo e Ana, que me ajudam sempre a escolher o melhor
caminho, dando apoio e sempre presentes com pensamento positivo, nos momentos em
que, fisicamente era impossível.
A minha esposa Silvia, que com o seu amor ajudou bem mais do que ela
imagina, e ao meu pequeno Guilherme, que com sua ingenuidade e pedidos incessantes
para brincar tornou a monografia mais demorada, porém mais divertida.
5
RESUMO
Dentro da mecânica ortodôntica, vários dispositivos auxiliares, como o arco
transpalatino e o arco lingual, podem facilitar ou auxiliar o tratamento. O seu uso pode
evitar efeitos colaterais da mecânica, bem como, em algumas situações facilitar a
mesma. A utilização do arco transpalatino e do arco lingual é um assunto pouco
explorado pela literatura ortodôntica, sua correta utilização, pode ser uma eficaz
ferramenta à disposição do ortodontista. O objetivo dessa monografia é abordar, de
forma geral, as diversas utilizações, do arco transpalatino e arco lingual dentro da
mecânica ortodôntica.
Palavras-Chave: Arco Transpalatino, Barra Palatina, Arco Lingual.
6
ABSTRACT
Inside the orthodontic mechanics, various auxiliary devices, like the bow and the
bow transpalatine lingual, can facilitate or assist the treatment. Its use can avoid the side
effects of mechanical and, in some situations to facilitate the same. The use of the bow
and transpalatine lingual arch is a subject largely unexplored by the orthodontic
literature, its correct use can be an effective tool available to the orthodontist. The
purpose of this monograph and address, in general, the various uses, transpalatal arch
and lingual arch within the orthodontic mechanics.
Keywords: transpalatal arch, palatal bar, lingual arch
7
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1
Arco de reforço no palato, no arco de expansão de Angle. (Angle,
1988b) _________________________________________________ 15
FIGURA 2
Tubo vertical proposto por Mershon em 1920. (Mershon, 1920) __
FIGURA 3
Arco lingual com presilhas paralelas aos dos tubos dos molares (A)
16
passivo; e arco lingual com presilhas não paralelas aos tubos (B)
Ativo (Mershon, 1920) ___________________________________
FIGURA 4
Comparação da dimensão mesio distal dos dentes maxilares e
mandibulares proposta por Bolton. (Bolton, 1958) _____________
FIGURA 5
17
18
Unidade de ancoragem posterior proposta por Burstone formada
pelos primeiros e segundos molares interligados por um arco
transpalatino 0,9 mm de aço. (Burstone, 1966) _______________
FIGURA 6
19
Barra de ancoragem superior que consiste um fio de aço 0.0215 x
0.028 polegadas pela vestibular dos dentes ligados aos tubos
auxiliar dos primeiros molares superiores. (McDowell, 1969) ____
FIGURA 7
Forma do arco transpalatino removível patenteado por Goshgarian.
(Goshgarian, 1974) ______________________________________
FIGURA 8
20
22
Sistema de forças gerado nos molares pelo arco de intrusão dos
dentes anteriores, que geram a tendência de giro palatino das coroas
dos molares e vestibulares das raízes, que são prevenidas pelo arco
lingual. (Burstone, 1977) _________________________________
23
8
FIGURA 9
Arco transpalatino fio redondo 0.036 polegadas. (Burstone, Koenig,
1981) _________________________________________________
FIGURA 10
Sistemas de forças possíveis em um arco transpalatino. (Burstone,
Koenig, 1981) __________________________________________
FIGURA 11
24
25
Posição do primeiro molar inferior, com o uso de arco lingual,
durante o crescimento. Posição inicial em linha tracejada e posição
final em linha continua. (Odom, 1983) _______________________
FIGURA 12
Tipos de movimentação dos dentes. Translação (A), rotação (B),
translação com rotação (C). (Goldberg, Morton, Burstone, 1983) __
FIGURA 13
27
29
Sobreposição de traçados cefalométricos do posicionamento dos
primeiros molares e incisivos inferiores com e sem o uso do arco
lingual. (Miotti, 1984) ___________________________________
FIGURA 14
Arco transpalatino 0.032 x 0.032 polegadas (Burstone, 1989) ___
FIGURA 15
Rotação simétrica dos primeiros molares superiores. (Burstone,
30
32
1989) _________________________________________________
33
FIGURA 16
Determinação a da forma do arco transpalatino. (Burstone, 1989) __
34
FIGURA 17
Sistema de forças do torque unilateral. (Burstone, 1989) _______
34
FIGURA 18
Mola lingual soldada ao arco transpalatino de TMA. (Burstone,
1989) ________________________________________________
FIGURA 19
Acessório lingual de precisão que acomoda um fio 0.032 x 0.032
polegada. (Burstone, 1994) _______________________________
FIGURA 20
36
Arco transpalatino em forma de “U” ou de ferradura. (Burstone,
1994) _________________________________________________
FIGURA 21
35
36
Arco transpalatino utilizado como cantilever. (Melsen, Bonetti,
Giunta, 1994) _________________________________________
37
9
FIGURA 22
Sistema de forças gerado pelo arco transpalatino ativado para
expansão. (Ingervall et al., 1995) ____________________________ 38
FIGURA 23
Correção de rotação assimétrica do molar, ancorado no lado oposto
por um arco pesado pela vestibular dos dentes. (Steenbergen,
Nanda; 1995) __________________________________________
FIGURA 24
39
Sistema de forças necessário para a correção da mordida cruzada
unilateral, com arco transpalatino retangular 0.032 x 0.032
polegadas de TMA. (Steenbergen, Nanda; 1995) _____________
FIGURA 25
40
Sistemas de forças liberados na correção da rotação simétrica e
assimétrica dos molares com arco transpalatino. (Ingervall, Honigl,
Bantleon; 1996) ________________________________________
FIGURA 26
Ganho de espaço obtido com a correção da rotação do molar.
(Ramos, 2000) _________________________________________
FIGURA 27
47
Desenho do arco transpalatino Zachrisson (a) e o desenho do arco
transpalatino Goshgarian (b). (Gunduz et al., 2003) _____________
FIGURA 32
46
Posicionamento do sensor de pressão ligado ao arco transpalatino.
(Chiba, Motoyoshi, Namura; 2003) ________________________
FIGURA 31
45
Arco transpalatino 0,9 mm aço utilizado pata distalização unilateral
do molar superior. (Eyoboglu et al., 2003) __________________
FIGURA 30
44
Imagem radiográfica do arco transpalatino que foi deglutido pelo
paciente. (Abdel-Kader, 2003) _____________________________
FIGURA 29
43
Sistema de forças gerado por um arco vestibular continuo, inserido
nos molares superiores rotados. (Shroff et al. , 2001) ____________
FIGURA 28
41
47
Sistema de força gerado pela língua na alça do arco transpalatino,
com intenção do bloqueio do crescimento alveolar (Barbosa, Caram,
Suzuki; 2005) _________________________________________
48
10
FIGURA 33
Distribuição da tensão sobre a superfície da raiz do molar sem (A) e
com (B) arco transpalatino, durante o movimento de retração dos
dentes anteriores utilizando os molares como ancoragem. (Kojima,
Fukui; 2008) __________________________________________
FIGURA 34
49
Rotação e movimento transverso do molar, com (vermelho) e sem
(azul) arco transpalatino, durante fase de retração dos dentes
anteriores utilizando o molar como ancoragem. (Kojima, Fukui;
2008) _________________________________________________
FIGURA 35
50
Sobreposição dos traçados cefalométricos de um tratamento
ortodôntico com exodontias sem (A) e com (B) arco transpalatino.
(Zablocki et al.; 2008) ___________________________________
FIGURA 36
50
Presilha do arco transpalatino removível inserido no tubo lingual do
molar. (Moutaftchiev, Moutaftchiev; 2009) __________________
51
11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
TMA - Titanium Molybdenum Alloy - Ormco Corp.
mm – milímetros.
gm – gramas.
gr/mm – grama/milímetros.
Cres – Centro de Resistência.
N – Newton.
NiTi – Níquel Titânio.
6-PTV – É a distância da face distal do 1º molar superior (6) ao Plano Pterigóideo
Vertical (PtV), medida perpendicular ao mesmo.
C-ENA - Linha que vai desde o ponto C (cervical mesial do primeiro molar), até a
espinha nasal anterior (ENA).
C-PP - Linha que vai perpendicularmente do ponto C (cervical mesial do primeiro
molar até o plano palatino). (PP)
C.PF - Medida angular, entre o longo eixo do canino superior e a linha C – PF ( cervical
do primeiro molar superior [C] perpendicular ao Plano de Frankfurt.[PF] )
AEB – Ancoragem Extra Bucal.
12
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO______________________________________________
14
1
REVISÃO DE LITERATURA__________________________________
15
2
DISCUSSÃO_________________________________________________ 52
2.1
CORRETA POSIÇÃO DOS PRIMEIROS MOLARES_______________
52
2.2
ORIGEM DO ARCO TRANSPALATINO_________________________
52
2.3
TUBOS DE INSERÇÃO_______________________________________
53
2.4
LIGAS METÁLICAS__________________________________________
53
2.5
SECÇÃO TRANSVERSAL E ESPESSURAS DOS FIOS_____________
54
2.6
MODIFICAÇÃO NO DESENHO DO ARCO ______________________
55
2.7
ANCORAGEM_______________________________________________
56
2.8
MUTENÇÃO DA LARGURA INTERMOLAR E INCLINAÇÃO
AXIAL_____________________________________________________ 57
2.9
APASSIVANDO OS ARCOS TRANSPALATINOS ________________
58
2.10
LIMITAÇÃO DO CRESCIMENTO VERTICAL___________________
58
2.11
MANUTENÇÃO DO ESPAÇO LIVRE DE NANCE________________
59
2.12
ARCOS ATIVOS_____________________________________________
59
2.12.1 Forças ______________________________________________________
59
2.12.2 Sistema de Forças ____________________________________________
60
2.13
CORREÇÃO DA ROTAÇÃO DOS MOLARES ____________________
61
2.14
INTRUSÃO__________________________________________________ 62
2.15
DISTALIZAÇÃO_____________________________________________
63
2.16
EXPANSÃO OU CONTRAÇÃO DA DISTÂNCIA INTER MOLARES _
63
13
2.17
TORQUE DOS MOLARES (INCLINAÇÃO AXIAL) _______________
63
2.18
EXPANSÃO UNILATERAL____________________________________
64
2.19
USO COMO CANTILEVER____________________________________
64
2.20
CORREÇÃO DE INCLINAÇÃO MESIO DISTAL__________________
64
2.21
ATIVAÇÃO DO ARCO TRANSPALATINO_______________________ 65
2.22
DIFICULDADE DE USO DO ARCO TRANSPALATINO____________
65
2.23
CUIDADOS COM O PACIENTE________________________________
66
CONCLUSÃO______________________________________________________
67
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS___________________________________
69
14
INTRODUÇÃO
Muitos dispositivos acessórios foram propostos; Arco Lingual, Mershon (1920);
Arco Extra Oral, Kloehn (1953); Arco de Ancoragem Vestibular, McDowell (1969);
Arco Transpalatino, Goshgarian (1974); para auxiliar a mecânica ortodôntica, dentre
estes, o arco lingual e o arco transpalatino, dispositivos que possuem muitas funções
distintas.
A possibilidade da utilização dos arcos linguais e palatinos de forma passiva,
tanto para evitar a movimentação dos molares isoladamente, como de um grupo de
dentes [Burstone, Baldwin, Lawless (1961), Burstone (1966), Singer (1974), Burstone
(1977), Burstone, Koenig (1981), Odom (1983), Miotti (1984), Burstone (1988),
Burstone (1989), Hart, Taft, Greenberg (1992), Melsen, Bonetti, Giunta (1994),
Rebellato (1995), Bobak (1997), Ramos (2000), Werneck (2004), Moscardini (2007),
Kozima, Fukui (2008)] e de forma ativa, possibilitando a movimentação dos molares
isoladamente, ou em grupo; ainda podem ser utilizados como dispositivo único na
movimentação ou em conjunto com a terapia vestibular com braquetes, [Singer (1974),
Goshgarian (1974), Burstone, Koenig (1981), Baldini, Luder (1982), Cetlin, Hoeve,
(1983), Burstone (1988), Burstone (1989), Burstone (1994), Melsen, Bonetti, Giunta
(1994), Ingervall (1995), Rebellato (1995), Steenbergen, Nanda (1995), Ingervall,
Honigl, Bantleon (1996), Braun, Kusnoto, Evans (1997), Ramos (2000), Cisneros
(2000), Shroff (2001), Eyoboglu et al. (2003), Gunduz et al. (2003), Barbosa, Caram,
Suzuki (2005), Moutaftchiev, Moutaftchiev (2009)] chama a atenção para estes
dispositivos.
Esta monografia tem como objetivo verificar, de maneira ampla, a utilização dos
arcos linguais e transpalatinos, tanto na forma passiva quanto da forma ativa.
15
1. REVISÃO DE LITERATURA
Angle (1899a) publica o artigo: “Classification Of Malocclusion”, nele salienta a
necessidade de conhecer a oclusão ideal ou normal e, como determinante deste, a
posição relativa dos primeiros molares, onde a cúspide mesio vestibular do primeiro
molar superior deve ocluir no sulco central do primeiro molar inferior entre a cúspide
mesial e distal.
Angle (1899b) apresenta o arco de expansão e uma figura que pode ser o
primeiro arco transpalatino da história, porém não faz observações sobre o arco no
palato.
FIG. 1 – Arco de reforço no palato, no arco de expansão de Angle. (Angle, 1988 b)
Angle (1903), na figura do arco de expansão há uma observação onde o autor
pede para o leitor omitir o arco de reforço no palato.
Mershon (1920) descreve o uso do arco lingual removível desde 1909,
utilizando tubos redondos horizontais soldados na palatina/lingual das bandas dos
primeiros molares, e os considera muito difíceis de colocar e remover, por isso propõe
16
um novo tubo lingual com inserção vertical, utilizado pelo autor pela primeira vez em
1915. Os materiais usados são as ligas de ouro e platina.
FIG. 2 – Tubo vertical proposto por Mershon em 1920. (Mershon, 1920)
Ainda segundo o autor, o modelo de gesso do paciente pode não estar correto,
substituindo o arco em ambos os lados nos tubos, o arco deve estar paralelo com o tubo
oposto. Então, o arco está pronto para ser fixado ao tubo.
17
FIG. 3 – Arco lingual com presilhas paralelas aos dos tubos dos molares (A) passivo; e arco lingual com
presilhas não paralelas aos tubos (B) Ativo (Mershon, 1920)
Strang (1921) escreveu em seu artigo que o arco lingual tem algumas limitações,
uma vez que não se pode corrigir infra ou supra oclusão nem mesializar e distalizar os
molares. Conclui ainda que, a introdução ao uso do arco lingual não foi baseado em
fatos científicos e as provas apresentadas por seus defensores são superficiais e
inconvincentes.
Segundo Steiner (1932), a quantia de resistência para distorção de uma
determinada liga, é dependente do desenho, tamanho e forma nas quais a liga é usada.
Para Kloehn (1953), um dos maiores problemas durante o tratamento é a
ancoragem. A ancoragem extraoral requer um mínimo de equipamento e adaptação e
sugere um arco intrabucal 0.45 polegadas, encaixado no primeiro molar e soldado na
linha média a um arco externo 0.50 polegadas com apoio no pescoço.
Reitan (1957) descreveu que se devem aplicar forças leves (25 gramas em
adultos e ao redor de 40 gramas em pacientes mais jovens) durante a fase inicial de
movimento de dente para a formação nas áreas livres de células, chamadas áreas de
hialinização. Depois desta primeira fase, pode ser aumentada um pouco a força.
Para Bolton (1958), em casos com oclusões excelentes, quando os doze dentes
da maxila são comparados com os doze dentes da mandibula existe uma relação entre os
tamanhos mesio distais. A relação é respectivamente (91.3 ± 0.26, 1.91, e 2.09%.). Este
procedimento pode ajudar a localizar desarmonias de tamanho dos dentes que alterariam
as relações oclusais desejadas ao fim do tratamento ortodôntico.
18
FIG. 4 – Comparação da dimensão mesio distal dos dentes maxilares e mandibulares proposta por Bolton.
(Bolton 1958)
Segundo Burstone, Baldwin, Lawless (1961), embora teoricamente fosse
possível produzir qualquer tipo de movimento dentário com uma única força ou duas
forças iguais e opostas, a realidade do tratamento requer uma distribuição mais
complicada de forças. Uma única força agindo pelo centro de resistência da raiz poderia
mover um dente de corpo. Porém, a inviabilidade dessa aplicação, de pura translação,
cria a necessidade da colocação de três forças na coroa do dente. Afirmam ainda que
não importa o quanto complicado a distribuição de força em um dente possa ser, suas
especificações podem ser dadas quantitativamente. Sugerem que pesquisas biológicas
são necessárias para determinar níveis ótimos de força e as variações para os diferentes
tipos de movimento do dente e que, a menos que o dentista tenha compreendido o
desenho do dispositivo e o sistema de força nele contido, este tipo de pesquisa pode
conduzir conclusões enganosas.
Burstone (1966) relatou que os procedimentos do arco segmentados foram
desenvolvidos para que se possam utilizar forças contínuas para o movimento do dente
sem a perda do controle, e para que o operador tenha controle das três variáveis que
19
podem determinar o sucesso dos ajustes. A primeira destas variáveis, segundo o autor, é
a relação momento/força; a segunda, a magnitude do momento ou força usada; e a
terceira, a constância da força ou do momento. Para o autor, se os níveis de força são
muito baixos, a taxa de movimento de dente será nitidamente reduzida ou se a força for
muito alta, podem resultar em dor e danos aos tecidos.
Ainda segundo o autor, uma unidade de ancoragem posterior deve ser formada
pelo segundo molar, primeiro molar e segundo pré-molar, interligados por um arco
lingual ou transpalatino removível, preso na lingual-palatina dos primeiros molares
fabricado com fio 0.036 polegada (0,9 mm) de aço inoxidável.
FIG. 5 – Unidade de ancoragem posterior proposta por Burstone formada pelos primeiros e segundos
molares interligados por um arco transpalatino 0,9 mm de aço. (Burstone, 1966)
O arco lingual/transpalatino poderia ser utilizado para movimentação inter
segmentar ou colocado passivamente na unidade posterior, estabilizando-a.
Ainda sugere que a unidade posterior estabilizada poderia ser pensada não como
composta de seis dentes individuais, mas sim, como um grande dente multirradicular
que une os molares e prés-molares em ambos os lados do arco.
Gianelly (1969), afirma que a reabsorção óssea normalmente é estimulada pela
aplicação de forças "leves", que geram pressões que não obstruem a rede vascular do
20
ligamento e que consistem em uma reabsorção do plano do osso alveolar adjacente a
área da membrana periodontal abaixo de pressão, em contraste com forças "pesadas",
onde não há nenhuma atividade de reabsorção óssea abaixo da região da pressão.
Para McDowell (1969), o dentista que pratica a técnica de Begg clássica, e é
honesto, sabe que não é fácil manter a ancoragem em alguns casos, e acrescentou à
técnica uma barra de ancoragem superior que consiste um fio de aço 0.0215 x 0.028
polegadas pela vestibular dos tubos dos molares superiores, de um lado ao outro. E é
aplicado um torque lingual de coroa que faz com que estes molares sofram um
fenômeno giratório no plano vestíbulo-lingual que provou ser efetiva tanto quanto um
arco extraoral; e um dos benefícios deste tipo de ancoragem é a possibilidade do
operador tratar um paciente sem necessitar qualquer cooperação por parte dele.
FIG. 6 - Barra de ancoragem superior que consiste um fio de aço 0.0215 x 0.028 polegadas pela vestibular
dos dentes ligados aos tubos auxiliar dos primeiros molares superiores. (McDowell, 1969)
Segundo Higley (1969), os dentes não oferecem ancoragem no verdadeiro
significado da palavra, mas sim, graus variados de resistência a movimentação. A
ancoragem seria a resistência necessária para prevenir o movimento do dente onde não
se deseja movimento, enquanto permite movimento no dente desejado. E afirma que
toda a força ortodôntica é recíproca e que um modo de aumentar a resistência ao
21
movimento pode ser incorporando mais dentes na porção do arco dental onde o
movimento não é desejado.
Para Andrews (1972) são necessárias a um bom tratamento ortodôntico, seis
chaves de oclusão, além da relação molar de Angle (cúspide mesio-vestibular do
primeiro molar superior ocluir no sulco central do primeiro molar inferior), entre elas há
inclinações e angulações específicas para cada grupo de dentes, ausência de rotação e
diastemas e o plano oclusal retificado.
Singer (1974), afirmou que a popularização do arco lingual se deveu a Mershon
em 1918, e o arco lingual pode ser utilizado, de forma ativa, para movimentar dentes ou
grupo de dentes, ou com a função passiva para preservar a ancoragem, no arco inferior
manter o espaço livre de Nance (leeway space) para a correta erupção dos dentes
permanentes, evitar a inclinação do primeiro molar quando houve a perda precoce ou
extração do segundo molar inferior decíduo e há ainda, uma tendência de limitar o
crescimento vertical de incisivos e molares.
Dewey (1916) apud Singer (1974) atribui a origem do arco lingual ao Dr. L. S.
Lourie no ano de 1904.
Christiansen, Burstone (1969) apud Worms et al., (1973) descreveram a
importância do estudo da biomecânica e do centro de rotação de um corpo, pois quando
uma única força é aplicada ao dente pode ocorrer movimento de corpo ou
rotação/inclinação dependendo a distância perpendicular da força aplicada ao centro de
rotação do corpo. Ainda segundo Worms et. al., (1973) o centro de resistência do molar
fica localizado na área da trifurcação do molar.
Goshgarian (1974) registrou a patente do arco transpalatino removível e
ajustável que altera a posição dos molares superiores. O propósito principal da invenção
seria ter um novo arco transpalatino, removível e ajustável, para expandir, contrair,
intruir, e/ ou dar torque no primeiro molar superior permanente do paciente, melhorando
as relações mecânicas entre os primeiros molares superiores e inferiores. O arco
transpalatino seria fácil para inserir e remover temporariamente para ajustes. O arco é
preferencialmente confeccionado com o fio de aço e diâmetro de 0.036 polegadas,
entretanto, outros materiais e diâmetros podem ser utilizados, segundo o autor.
22
FIG. 7 – Forma do arco transpalatino removível patenteado por Goshgarian. (Goshgarian, 1974).
Goldberg, Vanderby, Burstone (1977), descrevem que um ótimo controle do
movimento do dente requer a aplicação de um sistema de forças ortodônticas específico.
Então, o conhecimento das mecânicas ortodônticas é essencial para alcançar resultados
desejáveis e de forma previsível.
Para Burstone (1977), a primeira preocupação é estabelecer uma unidade de
ancoragem posterior, depois de nivelados, os dentes posteriores são interligados por um
segmento de fio pela vestibular estabilizando-os e unidos os lados por meio de um arco
transpalatino na maxila e um arco lingual na mandíbula. Conceitualmente, segundo o
autor, o dentista não deveria pensar nos dentes posteriores como um grupo de dentes
individuais, mas sim, como um único dente multirradicular composto por todos os
dentes à direita e à esquerda do arco na região posterior.
Dentre os efeitos colaterais produzidos por um arco de intrusão dos dentes
anteriores, a força de extrusão que está sendo aplicada por vestibular nos molares gera a
tendência de inclinar as coroas dos mesmos para lingual e as suas raízes para vestibular.
Nesse caso, uma das funções do arco lingual/transpalatino é prevenir qualquer mudança
indesejável em inclinação axial dos molares ou da largura intermolar (transversa). Arcos
linguais não só são úteis durante a fase de intrusão dos dentes anteriores, mas eles
também ajudam a resistir aos efeitos colaterais de outras mecânicas em qualquer fase do
tratamento.
23
FIG. 8 – Sistema de forcas gerado nos molares pelo arco de intrusão dos dentes anteriores, que geram a
tendência de giro palatino das coroas dos molares e vestibular das raízes, que são prevenidas pelo arco
lingual. (Burstone, 1977)
Goldberg, Burstone (1979), estudaram as propriedades da liga metálica de beta
titânio em função que, a deformação elástica máxima de um dispositivo ortodôntico,
aumenta com a elasticidade do material, e as ligas de beta titânio possuem uma das mais
altas dessas taxas o que confere características desejáveis, como a habilidade para
aplicar forças mais baixas e também mais constantes com o passar do tempo da
desativação, e uma maior facilidade em medir a quantidade de força aplicada, bem
como, a possibilidade de utilizar ativações maiores com esta liga. E ressaltam que o
conhecimento das mecânicas dos dispositivos ortodônticos é essencial para alcançar
resultados desejáveis ao tratamento de forma previsível.
Para Pryputniewicz, Burstone (1979), uma força aplicada na coroa produz um
centro de rotação apical ao centro de resistência do dente. E o centro de rotação se move
mais apicalmente com o aumento da força aplicada na coroa, para uma relação de M/F
constante e com a mesma geometria de raiz. O centro de rotação baseou-se no estudo de
Pryputniewicz e Burstone no Journal Periodont Research de 1978, onde afirmam ser a
1/3 da raiz do dente, medida a partir da crista alveolar.
Segundo Burstone, Koenig (1981), a correção de larguras transversas e
inclinações axiais dos molares com um arco transpalatino têm a vantagem de distribuir
as forças ao longo do arco, o que minimiza os efeitos colaterais indesejáveis. Primeiro,
um arco lingual deve ser contornado de forma que esteja passivo em relação aos
acessórios linguais dos molares, que é a forma passiva. Para produzir movimento
dentário, deve-se modificar este arco passivo para produzir uma nova forma, que será a
forma ativada.
24
O arco lingual, produzido com fio redondo de 0.036 polegadas (0,9 mm), é um
suplemento importante no tratamento que permite a distribuição das forças através do
arco para os movimentos de primeira, segunda, e terceira ordem. Há uma opção para
produzir uma única força através do arco transpalatino que é não dobrar o extremo livre
do arco lingual que entra no tubo, transformando esta em uma presilha, mas sim,
confeccionar um helicóide de forma que o fio é livre para rodar quando amarrado ao
tubo.
FIG. 9 – Arco transpalatino fio redondo 0.036 polegadas. (Burstone, Koenig; 1981).
Para produzir uma força de 200 gramas, é necessário contrair ou expandir 1.9
milímetros no arco transpalatino 0.036 polegadas de aço. Isto produz uma taxa de cargadeflexão relativamente alta de 105 g/mm que sugere uma rápida diminuição da força
entre os dentes à medida que o movimento dentário ocorre.
Outra aplicação importante do arco lingual é a de preservar a largura do arco.
Nesta função passiva, uma taxa de carga-deflexão alta é desejável (maior rigidez) para
resistir às forças que podem ser introduzidas durante tratamento. Por outro lado, se for
usar o arco transpalatino em sua forma ativa, para mudança de largura de arco, seria
desejável uma baixa taxa carga-deflexão, e isto ocorre quando usa-se um fio da mesma
liga metálica com uma seção transversal menor; por exemplo, um fio de 0.030
polegadas (0,7mm) de aço inoxidável reduziria a taxa de carga-deflexão para
aproximadamente a metade (50.6 g./mm), esta mudança de secção transversal permite
aproximadamente 4 mm de ativação para alcançar as mesmas 200 gramas de carga.
Outra forma é fabricar o arco lingual/transpalatino de uma liga metálica diferente, como
o beta-titânio. Um arco de beta-titânio teria 0.4 da taxa carga-deflexão (42 g./mm.) o
que permitiria 4.7 mm de ativação para as mesmas 200 g. Outra maneira ainda de
diminuir a taxa carga-deflexão seria usar um arco transpalatino/lingual em forma de
25
ferradura ou colocar um helicóide à porção palatina do arco transpalatino/lingual,
aumentando a quantidade de fio utilizada.
O arco lingual pode ser usado na forma ativa para alterar a largura do arco,
expandir unilateral ou contração, correção da inclinação axial e manutenção de larguras
de arco.
Há vários sistemas de força possíveis que podem ser empregados pelo arco
lingual que, com poucos efeitos colaterais produz o movimento desejado do dente.
Quando são requeridos movimentos bilaterais simétricos, o ortodontista pode tirar
proveito da ancoragem recíproca e, até mesmo, em ativações assimétricas os efeitos
colaterais podem ser consideravelmente menores dos que seriam encontrados entre os
dentes adjacentes com fios de arco contínuo.
FIG. 10 – Sistemas de forças possíveis em um arco transpalatino. (Burstone, Koenig; 1981)
Com poucas exceções, o dentista não produz o sistema de força adequado
simplesmente usando o conceito de arco ideal, ou seja, confeccionando o arco
transpalatino de forma que as presilhas fossem colocadas na posição onde o molar
deveria estar posicionado. As formas ativas normalmente usadas não são as “ideais”
para o sistema força adequado. O arco transpalatino lingual é muito sensível a pequenas
diferenças de forma, variação de forma e dimensão, o que poderia alterar as ativações
significativamente.
Os passos seguintes são sugeridos como meio de melhorar a precisão do ajuste
de um arco lingual e, consequentemente, tornar o movimento do dente mais previsível:
26
Passo 1 - O arco lingual deve ser produzido passivo aos tubos linguais dos
molares e ter um contorno dos tecidos moles palatinos para permitir conforto.
Passo 2 - O dentista deve simular o sistema de força de desativação (o sistema
de força na direção do movimento de dente) e deformar, permanentemente, o arco
lingual/transpalatino copiando esta deformação produzida pela força de desativação.
Passo 3 - O arco transpalatino é então alternadamente encaixado no tubo do
molar direito e esquerdo, um de cada vez, para observar a geometria do extremo livre
com seu tubo apropriado. Isto de nenhuma maneira garante uma relação de
momento/força precisa, mas pelo menos deve assegurar a força e os momentos estarão
na direção correta.
Além de maior precisão de ativação ao seguir estes passos, o dentista deveria
tirar proveito de liberdade de rotação ao redor do eixo Z (vestíbulo lingual) utilizando
um dos extremos do arco transpalatinos com cantiléver, nessas situações, minimiza a
necessidade por uma maior precisão da forma do arco.
As forças no arco transpalatino, como nos arcos linguais são altamente sensíveis
a sua forma, e é necessário monitorar o paciente e o movimento do dente, o que não
assegura, mas minimiza a ocorrência de movimentos imprevisíveis e indesejáveis. Além
disso, variações consideráveis entre pacientes como: comprimento de raiz e altura do
ligamento periodontal, podem tornar necessárias diferentes relações de momento/força.
O arco transpalatino poderia ser melhorado no seu desenho, em muitos aspectos.
Para algumas ativações, as taxas de carga-deflexão são muito altas. Isto pode ser
resolvido reduzindo a seção transversal do fio ou usando ligas metálicas com maior
módulo de elasticidade que a do aço.
À medida que um arco lingual/transpalatino trabalha a magnitude da força, as
relações de momento/força mudam. Um arco lingual ideal seria o arco no qual a relação
de momento/força pudesse ser mantida constante ao longo do movimento do dente de
forma que um centro de rotação constante fosse produzido.
Segundo Baldini, Luder (1982), o tipo de movimento do dente e a aplicação da
força ortodôntica é biomecanicamente ditado por dois fatores: (1) a distância entre
acessório ortodôntico e o centro de resistência do dente e (2) a relação de
momento/força do sistema de força aplicado. Como a distância entre o acessório e o
centro de resistência de um dente é ditada através da anatomia e não pode ser variado
substancialmente com a mudança da posição do acessório, o sistema de força aplicado
pelo ortodontista é o fator decisivo, entretanto, os autores consideram impossível
27
analisar exatamente o uso dos arcos transpalatinos em função de que as relações
momento/forças desenvolvidas por um determinado arco mudam assim que inicia a
movimentação dos dentes. Sugere-se então, que o uso de tipos diferentes de arcos
transpalatinos com taxas de carga/deflexão diferentes, e dada a quantia de dobras
compensatórias necessárias para que o movimento do dente seja o desejado, torna-se
difícil o hábito de sua utilização e assim deveriam ser evitados.
Segundo Burstone, Koenig (1969) apud Baldini, Luder (1982), a seção
transversal do fio, a liga metálica do fio, e a presença ou ausência de loop em U no arco
influenciam o comportamento mecânico do sistema e sugerem uma análise matemática
extensa das mecânicas de arcos transpalatinos.
Odom (1983) considera o arco lingual mandibular com fio de aço 0.030
polegadas um acessório versátil com numerosas aplicações, com simples desenho, mas
com grande complexidade de domínio da utilização. Para o autor, o arco lingual deve
encostar-se na lingual dos incisivos inferiores no nível dos pontos de contato entre eles.
O arco lingual inferior não previne a mesialização do primeiro molar inferior,
mas resultou em uma angulação mais vertical do que no grupo controle, não havendo
significante alteração na erupção e angulação dos incisivos inferiores.
Ainda segundo o autor, o arco lingual é efetivo para manter o Leeway space
(espaço livre de Nance) e permite o crescimento horizontal e vertical dos molares e
incisivos.
FIG. 11 – Posição do primeiro molar inferior, com o uso de arco lingual, durante o crescimento. Posição
inicial em linha tracejada e posição final em linha contínua. (Odom, 1983)
28
Cetlin, Hoeve, (1983) utilizam-se da barra palatina (arco transpalatino) para
distalizar o primeiro e o segundo molar e, consequentemente, permitir o ganho de
espaço no arco maxilar.
Para Goldberg, Morton, Burstone (1983), a taxa de carga-deflexão ou dureza de
um dispositivo ortodôntico é determinada pela secção transversal do fio, forma do fio, e
o módulo de elasticidade do fio. A dureza aumenta proporcionalmente com o módulo de
elasticidade, então, o controle desta medida é necessário para a predição dos sistemas de
força dos dispositivos ortodônticos.
Segundo Smith, Burstone (1984), a força ortodôntica pode ser tratada
matematicamente como vetores. Quando mais de uma força for aplicada a um dente, as
forças podem ser combinadas para determinar uma única resultante. As forças também
podem ser divididas em componentes para determinar efeitos paralelos e
perpendiculares ao plano oclusal e ao plano de Frankfurt, ou ao longo eixo do dente. As
forças poderão produzir translação (movimento de corpo), rotação, ou uma combinação
de translação e rotação, dependendo da relação entre a linha de ação da força e o centro
de resistência do dente.
Quase toda força aplicada em condições clínicas terá efeito nos três planos do
espaço, pois os dentes são movidos frequentemente por mais de uma força. Como o
movimento de um dente é determinado pela resultante de todas as forças nele aplicado,
é necessário então aplicar forças combinadas para determinar uma única força líquida,
ou resultante, desejada. É importante entender que a resultante terá o efeito idêntico no
movimento do dente como as duas forças separadas.
A tendência de giro existe devido ao momento da força que é igual à magnitude
da força multiplicado pela distância perpendicular da linha de ação da força ao centro de
resistência do dente. O único sistema de força que pode produzir rotação pura é um par
de forças iguais e opostas, não colineares, mas paralelas (binário).
Todo objeto ou corpo livre tem um ponto no qual pode (pelo menos
teoricamente) ser perfeitamente equilibrado. Este ponto é conhecido como o centro de
gravidade. Para muitos cálculos físicos, é como se o resto do objeto não existe e todo o
peso estivesse concentrado neste único ponto.
O movimento de um corpo livre depende da relação da linha de ação da força ao
seu centro de gravidade. Porém, dentes apresentam uma complicação adicional. Eles
não são livres para se mover de acordo com a força, eles são contidos por estruturas
periodontais que não são uniformes ao redor do dente (envolvendo a raiz, mas não a
29
coroa). Em um corpo contido, como um dente, um ponto análogo ao centro de
gravidade é usado, chamado o centro de resistência. Por definição, uma força com uma
linha de ação que atravessa o centro de resistência produz translação (movimento de
corpo).
A translação, ou movimento de corpo, ocorre quando todos os pontos no dente
movem-se na mesma distância e na mesma direção. Rotação indica movimento de
pontos do dente ao longo do arco de um círculo, com o centro de resistência que é o
centro do círculo. O centro de rotação pode estar em qualquer posição ou fora de um
dente.
FIG. 12 – Tipos de movimentação dos dentes. Translação (A), rotação (B), translação com rotação (C).
(Goldberg, Morton, Burstone 1983)
O movimento indesejado, segundo o autor, durante o tratamento ortodôntico
resulta das variações individuais da resposta biológica ou do uso impróprio de forças. A
aplicação das regras de biomecânica permite reduzir ou eliminar uma destas fontes de
variação, por isso, a habilidade para medir e controlar relações de forças no braquete é a
chave para movimento mais previsível e controlado do dente.
O arco lingual, para Miotti (1984), parece ser efetivo para manter o
comprimento do arco sem inibir mudanças normais do desenvolvimento nos segmentos
labiais e vestibulares.
O desenvolvimento vertical dos incisivos e dos molares inferiores parece não ser
inibido pela presença de um arco lingual passivo, o que pode prevenir a inclinação dos
30
molares para o espaço da extração depois da exodontia dos primeiros pré-molares, mas
não previne a mesialização esperada com crescimento, e segundo o autor, uma avaliação
adicional sobre a presença em longo prazo de um arco lingual seria útil, pois alguns de
seus efeitos em incisivos e molares poderiam ser temporários.
FIG. 13 – Sobreposição de traçados cefalométricos do posicionamento dos primeiros molares e incisivos
inferiores com e sem o uso do arco lingual. (Miotti, 1984)
Para Burstone (1987), o fio de beta titânio (TMA) é altamente útil no tratamento
ortodôntico por causa de sua dureza intermediária entre aço inoxidável e as ligas de
níquel titânio, e podem ser utilizado soldado ou não, para uso passivo ou ativo. As
aplicações ativas são talvez mais interessantes, porque os fios ao serem soldados não
perdem suas propriedades de mola.
Segundo Burstone (1988), o arco lingual que interliga os primeiros molares foi
por muito tempo usado como um método de tratamento exclusivo ou como acessório do
tratamento ortodôntico. Eles minimizam efeitos colaterais durante o tratamento, podem
acrescentar ancoragem, e permitir movimento ativo dos dentes com mecanismos
31
recíprocos ou assimétricos, que são difíceis, se não impossíveis de realizar com fios
vestibulares.
O arco lingual de precisão com fio 0.032 x 0.032 polegadas, proposto pelo autor,
se ajusta a um braquete slot 0.032 polegadas soldado pela lingual/palatina dos tubos dos
molares e o encaixe preciso entre fio e braquete permite total controle de dobras de 1a,
2a e 3a ordem, a dureza do arco pode ser variada escolhendo um fio de aço inoxidável
pela alta dureza ou TMA para uma menor dureza.
O desenho simples dos arcos linguais, que não incorporam loops ou curvas
especiais para inserção nos tubos, juntamente com as dimensões oclusais gengivais
pequenas do braquete de precisão, tornam o arco higiênico e confortável.
Quando são necessários fios mais rígidos, para a aplicação passiva e de
estabilização, um arco 0.032 x 0.032 polegadas de aço inoxidável é recomendado. Para
movimento ativo, um arco 0.032 x 0.032 polegadas de TMA oferece deflexão duas
vezes maior a do que o aço, sem deformação permanente, e só 0,4 vezes a força para
qualquer ativação em comparação do aço. Outra secção transversal de fio, como 0.032
polegadas redondo, pode ser utilizado quando nenhum controle de torque é necessário.
As fraturas não são incomuns com arcos linguais e transpalatinos por causa do
loop e das soldas, materiais altamente maleáveis como aço inoxidável e TMA, inseridos
em braquete em vez de tubos, eliminaram virtualmente as chances de fratura.
O arco lingual provê segurança por manter a largura de arco, e oferece um
mecanismo preciso para variar a largura quando exigido.
Não é realista esperar que um arco contínuo vestibular ofereça controle total do
movimento transversal, e um arco lingual passivo elimina efeitos indesejados e, ao
mesmo tempo, permite usar fios por vestibular com menor dureza.
O arco transpalatino deve ser feito de forma passiva observando a orientação dos
braquetes/tubos linguais dos molares nos três planos do espaço, igualar as orientações
da presilha as do tubo é a verificação da passividade do arco.
Ainda segundo o autor, deve ser contra-indicado o uso de arco transpalatino para
prevenir rotação dos primeiros molares durante o fechamento de espaço.
Outra adversidade são os pacientes com tórus maxilar que necessitam um arco
em forma de ferradura, que pode ainda servir como base para um botão de Nance, um
arco para a remoção de hábito (grade) ou para um plano de mordida (Bite plane) que
permite a extrusão dos dentes inferiores posteriores e correção da mordida profunda ou
para prevenir a quebra dos bráquetes dos incisivos inferiores enquanto se corrige a
32
mordida profunda, tendo a vantagem de ser removível para possíveis ajustes ou de ser
removido em caso de má higiene ou de estar machucando os tecidos.
Como mantenedor de espaço, o arco lingual deve ir de um molar ao outro
mantendo contato com os incisivos inferiores.
Para Burstone (1989) os arcos linguais podem ser utilizados independentemente
ou como um suplemento para a terapia vestibular. Em casos onde fios bucais poderiam
produzir efeitos colaterais não desejáveis, arcos linguais geram ancoragem recíproca
dos molares, se rotações simétricas existem o longo comprimento do arco transpalatino
diminui a taxa de deflexão da força, produzindo forças mais constantes e previsíveis,
sem a necessidade da exatidão tão precisa da ativação entre fio e braquete, do que seria
necessária se a distância inter braquete fosse pequena.
Duas formas básicas de arco podem ser utilizadas para a movimentação dos
dentes: o arco ideal ou a forma ativada, que pode não ser parecida com o arco ideal.
Para pequenas movimentações o arco ideal pode ser é utilizado, ou em aço ou em TMA,
para correções maiores um arco ideal não seria eficiente, e alguns efeitos colaterais
poderiam ser irreversíveis. Em muitos casos, um arco ativo com grande deflexão e uma
forma apropriada (que pode não se parecer um arco ideal) trabalhará mais rapidamente e
moverá os dentes mais diretamente às posições finais deles. Depois da correção dos
dentes, um arco transpalatino deve ser confeccionado passivo para segurar que os dentes
permanecerão na posição.
Em comparação com o fio de aço inoxidável 0.032 × 0.032 polegadas, o fio
TMA reduz a força necessária em 60%, e pode ser adicionada uma deflexão maior do
arco sem deformação permanente.
FIG. 14 – Arco transpalatino 0.032 x 0.032 polegadas (Burstone, 1989)
33
Geralmente, os primeiros molares são encontrados girados na mesial para
palatina, e na distal para vestibular no início do tratamento, e devem ser corrigidas as
rotações para permitir boa intercuspidação com os molares inferiores, e a correção do
giro ajuda na correção de má oclusão de Classe II. Com molares simetricamente
girados, o arco transpalatino estabelece ancoragem recíproca, considerando que um fio
vestibular tenderia a mover o primeiro molar para vestibular como um efeito colateral
indesejável de lingualização dos prés-molares.
São necessárias forças pares, iguais e opostas para o giro dos molares. O arco
transpalatino é dobrado de forma que braços horizontais do molar esquerdo e direito
tenham o mesmo ângulo.
FIG. 15 – Rotação simétrica dos primeiros molares superiores. (Burstone, 1989)
Outra maneira para determinar a forma do arco transpalatino é colocar uma
presilha em seu tubo e conferir na distal do lado oposto o quanto a presilha está distante
de seu tubo, quando o arco for retirado e posicionado no tubo oposto, o extremo livre
oposto deve estar a uma distância igual à distal do seu tubo.
34
FIG. 16 – Determinação da forma do arco transpalatino. (Burstone, 1989)
Depois da correção do giro dos molares, deve-se confeccionar o arco na forma
passiva para que mantenha os dentes na posição estabelecida.
A expansão transversal é um fenômeno tridimensional e é comum considerar
ativação no plano oclusal e na visão frontal. Na visão frontal é necessário determinar o
centro de rotação, pois pode ser necessária uma simples inclinação ou movimento de
translação. Outra aplicação é a do torque unilateral, que pode ser utilizado para corrigir
mordida cruzada unilateral.
FIG. 17 – Sistema de forças do torque unilateral. (Burstone, 1989)
Molas linguais são mais estéticas e efetivas que as molas vestibulares, e devem
ser soldadas ao arco lingual passivo, se este for confeccionado em TMA.
35
FIG. 18 – Mola lingual soldada ao arco transpalatino de TMA. (Burstone, 1989)
A inclinação unilateral mesio distal do molar pode ser corrigida pelo arco
transpalatino; o efeito recíproco do arco transpalatino fará com que o molar oposto
incline na direção contraria da correção desejada, uma solução para evitar que isso
ocorra é usar um fio rígido por vestibular para controlar o efeito colateral do molar de
ancoragem inclinar.
Para Nagel et al. (1991), embora o centro de resistência médio, esteja acerca de
um terço do comprimento da raiz a partir da crista alveolar em direção ao ápice, ele
pode ser encontrado em diferentes posições ocluso apicais, dependendo da direção da
força aplicada no dente. Assim, a localização do centro de resistência pode ser
considerada não constante, dependendo da direção da carga.
Segundo Hart, Taft, Greenberg (1992), um único dente, um grupo de dentes, ou
qualquer área anatômica disponível que, pelo uso de um dispositivo, pode oferecer
resistência ao movimento, é considerado ancoragem, e há dois tipos gerais de
ancoragem: a ancoragem dentária e a ancoragem auxiliar (barra palatina, barra lingual).
Para Burstone (1994), o acessório lingual de precisão (um braquete lingual) que
acomodaria um fio 0.032 x 0.032 polegadas permitiria inserção e remoção fácil de um
arco lingual e permitiria embutir angulações de 3a-ordem (torque); a simplicidade do
desenho do arco faz com que o arco lingual tenha uma grande variedade de aplicações e
o mecanismo de fechamento do acessório de precisão o torna mais seguro para o
paciente.
36
FIG. 19 – Acessório lingual de precisão que acomoda um fio 0.032 x 0.032 polegada. (Burstone, 1994)
O arco transpalatino em forma de "U" ou desenho de ferradura é utilizado tanto
na mandíbula como na maxila em pacientes com baixa abóbada palatal e que não podem
usar arcos transpalatinos por causa da intrusão que causaria na língua, ou em função do
paciente ter um tórus maxilar.
FIG. 20 – Arco transpalatino em forma de “U” ou de ferradura. (Burstone, 1994)
Para a confecção do arco lingual/transpalatino a primeira decisão é selecionar
um fio retangular ou redondo. O fio redondo permite um grau de liberdade, de forma
que o dente é livre para girar no sentido vestibular ou lingual (torque). A segunda
37
decisão é a liga metálica a ser utilizada, TMA ou aço inoxidável. Em geral, TMA é mais
útil em aplicações ativas devido a seus menores níveis de força liberados.
Wise, Magness, Powers (1994), não encontraram diferença significante na
erupção do primeiro molar superior com ou sem uso dos arcos transpalatinos pelo
paciente.
Segundo Melsen, Bonetti, Giunta (1994) os arcos transpalatinos podem ser
utilizados tanto como dispositivos passivos de ancoragem, como dispositivos ativos
para a movimentação dentária, e observam sua utilização como cantiléver durante a
mecânica ortodôntica.
FIG. 21 – Arco transpalatino utilizado como cantilever. (Melsen, Bonetti, Giunta; 1994)
Ingervall et al. (1995) utilizou um arco transpalatino de Goshgarian para a
correção da mordida cruzada unilateral do molar superior. O resultado do sistema de
força projetado do arco transpalatino ativado foi de expansão em ambos os sentidos e
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torque vestibular de raiz no dente de ancoragem, que satisfez as expectativas, corrigindo
a mordida cruzada efetivamente sem efeitos colaterais, no dente de ancoragem.
FIG. 22 – Sistema de forças gerado pelo arco transpalatino ativado para expansão. (Ingervall, 1995)
Para Rebellato (1995), o arco transpalatino foi tradicionalmente utilizado
soldado de forma passiva para a ancoragem do molar, manutenção espaço livre de
Nance, e como contenção depois de expansão de maxilar rápida. O arco transpalatino
removível, também conhecido como Barra ou Arco Palatino ou Arco Transpalatino
Lingual, permite aplicações mais versáteis no tratamento de forma ativa para liberar
forças com a intenção de mover ou rotar o molar nos três planos espaciais.
O arco passivo pode ser confeccionado de aço inoxidável ou TMA, não
esquecendo o uso de um fio dental amarrado ao ATP para evitar acidente de aspiração
durante a prova do mesmo, pois segundo o autor é impossível determinar um ATP
passivo inserindo o arco nos dois tubos ao mesmo tempo, e deve-se colocar em um dos
tubos e no tubo oposto verificar se a presilha está adjacente e paralela, repetindo a
operação na presilha do outro lado. Se necessário, deve-se fazer ajustes fora da boca e
novamente provar o arco nas presilhas. O processo deve ser repetido várias vezes para
garantir que o ATP esteja completamente passivo às presilhas, sempre com o fio dental
amarrado ao arco para dar segurança ao procedimento.
Para o arco ativo com intenção de expandir ou contrair a largura intermolar
(transversa), as forças podem ser introduzidas no arco facilmente, alargando ou
estreitando a forma de arco antes de inserção nos tubos e o ajuste da mola de Coofin, se
houver, vai ajudar a manter o arco transpalatino a uma distância apropriada do palato, e
quando inserido nos tubos dos molares, o arco transpalatino, com intenção de exercer
uma força expansiva, irá agir na direção vestibular mais para oclusal do que os centros
39
de resistência (Cres) dos molares, criando uma tendência de girar a coroa no sentido
vestibular e raiz no sentido lingual.
Para a ativação de contração, o autor afirma que a distância intermolar pode ser
facilmente alterada no arco, diminuindo a distância entre as presilhas na forma do arco
transpalatino, e uma vez ativada e inserindo o arco, a força aplicada estará a oclusal do
centro de resistência dos molares (Cres) e produzirá um movimento da coroa para lingual
e das raízes para vestibular.
Em ativações para rotação da coroa (ativações de primeira ordem bilaterais) a
tendência, segundo o autor, será de cada molar girar ao redor seu Cres no longo eixo do
dente. Porém, como a largura é contraída, será necessária uma expansão do arco para
manter a distância intermolar. Nenhum movimento anteroposterior é esperado porque as
forças geradas nesse sentido têm mesma magnitude e sentidos contrários, o que deve
anulá-las.
Para Steenbergen, Nanda (1995), as assimetrias secundárias são frequentemente
negligenciadas até que elas ficam aparentes na fase de acabamento do tratamento, e são
vistos molares superiores girados, o que normalmente resulta em uma oclusão
assimétrica de molar. Para corrigir este problema, um arco transpalatino é usado com
quantias iguais de ativação antirrotação e é sugerido um fio 0.018 x 0.025 polegadas de
aço inoxidável, fixado em todos os dentes pela vestibular nos braquetes, exceto no
molar girado.
FIG. 23 – Correção de rotação assimétrica do molar, ancorado no lado oposto por um arco pesado pela
vestibular dos dentes. (Steenbergen, Nanda; 1995)
40
Para a mordida cruzada dentária unilateral, o tratamento pode ser executado com
um arco lingual/transpalatino de 0.032 x 0.032 polegadas de TMA tanto na mandíbula
como na maxila. Um fio rígido vestibular é fixado a todos os dentes, exceto no molar
em mordida cruzada, torque vestibular de raiz é inserido na presilha do arco
transpalatino no lado em que o molar não está em mordida cruzada. Quando o arco
transpalatino é inserido no tubo, a presilha do arco do lado onde há mordida cruzada
estará a oclusal do dente e a ativação de expansão deve ser adicionada ao arco
transpalatino. Quando o arco é inserido, o sistema de forças criado causa a inclinação
vestibular desejada do molar em mordida cruzada. Este movimento de inclinação acorre
antes da translação do molar no lado oposto. Depois que a mordida cruzada foi
corrigida, o arco transpalatino deve ser removido, apassivado e reinserido.
FIG. 24 – Sistema de forças necessário para a correção da mordida cruzada unilateral, com arco
transpalatino retangular 0.032 x 0.032 polegadas de TMA. (Steenbergen, Nanda; 1995)
De acordo com Ingervall, Honigl, Bantleon (1996), nos estudos dos momentos e
forças gerados por arcos transpalatinos redondos de aço inoxidável e de beta-titânio
(TMA) para correção da rotação simétrica de molares, os momentos são relativamente
grandes e diminuem rapidamente durante a desativação, o que torna impossível produzir
momentos completamente iguais nas duas pontas do arco transpalatino. A correção da
rotação resultou em uma força de contração de até 2.7 N que deve ser compensado
através da expansão do arco transpalatino. Por causa da maior gama de aplicações, são
recomendados arcos de TMA para a correção de rotação dos molares.
41
FIG. 25 – Sistemas de forças liberados na correção da rotação simétrica e assimétrica dos molares com
arco transpalatino. (Ingervall, Honigl, Bantleon; 1996)
Para Dahlquist, Gebauer, Ingervall (1996) a correção da rotação do primeiro
molar superior pode ser efetiva com o uso de um arco transpalatino. O ganho de espaço
e o movimento mesio distal da cúspide mesio vestibular do molar são imprevisíveis. Em
alguns casos é obtido um ganho considerável de espaço pelo movimento distal da
cúspide mesio vestibular. Em outros casos há perda de espaço e a cúspide mesio
vestibular se move para mesial. Na maioria dos casos a correção da rotação é
acompanhada por uma expansão leve, porém a correção de uma grande rotação tende a
resultar em contração.
Os resultados, segundo o autor são discrepantes com a regra de Ricketts de 1969
apud Dahlquist, Gebauer, Ingervall (1996) o qual afirma que uma linha que passa pela
cúspide mesio palatina e cúspide disto vestibular do molar deveria coincidir com a
metade do canino contralateral para a sua distal, e no grupo do autor de oclusão ideal a
linha passava consideravelmente mais distal. Os resultados também estão discrepantes
com a regra de Cetlin de 1983 apud Dahlquist, Gebauer, Ingervall (1996), que afirma
que as superfícies vestibulares dos primeiros molares deveriam ser paralelas entre si
quando vistas por oclusal. Para esta regra resultaria em rotação acima do normal dos
molares no grupo controle do autor.
42
Segundo Bobak (1997), o arco transpalatino passivo diminui a possibilidade de
rotação dos molares, porém não tem capacidade de modificar a ancoragem ortodôntica.
Braun, Kusnoto, Evans (1997) afirmam que na correção da má oclusão de
Classe II, a correção da rotação do primeiro molar é exigida para obter uma relação de
Classe I, porém, apesar da correção da rotação do molar dar um ganho de espaço no
arco, esta não é suficiente para corrigir totalmente a classe II e obter a intercuspidação
do pré-molar em Classe I, sendo necessários fatores adicionais como: de crescimento,
intervenção cirúrgica, ou extrações para conseguir articulação, de classe I de pré- molar.
O ganho no comprimento no arco, anterior ao primeiro molar, quando o centro
de rotação estiver no centro do tubo lingual, é de 2.1 mm, o que é significante; se os
pres- molares estiverem em uma Classe II completa, serão exigidos aproximadamente 7
mm.
Para Rajcich, Sadowsky (1997) em tratamentos ortodônticos onde foram
necessárias exodontias, os caninos superiores podem ser retraídos com uma perda de
ancoragem mínima, controlando as forças e momentos aplicados. Arco extraoral, botão
de Nance, e outros acessórios secundários não são necessários para controle de
ancoragem maxilar, segundo o autor.
Angle (1907) apud Rajcich, Sadowsky (1997) afirma que a resistência da
ancoragem oferecida deve ser maior que a força gerada pelos dentes que serão movidos;
caso contrário haverá deslocamento da ancoragem e, consequentemente, o fracasso no
movimento dos dentes desejados.
Mulligan (1982) apud Rajcich, Sadowsky (1997), afirma que não são necessários
acessórios secundários para ancoragem, quando se utiliza o conceito de "momentos
diferenciais", a ancoragem máxima é alcançada manipulando o torque de arcos
aplicados nos dentes.
Para Ramos et al. (2000), o arco transpalatino pode ser utilizado para a correção
da rotação dos molares, correção da inclinação dos molares no sentido mesio distal
distalização dos molares, desde que associado a um sistema de ancoragem, auxiliar de
ancoragem, controle de erupção dos primeiros molares (intrusão relativa), expansão ou
contração do segmento posterior e controle de torque dos molares.
Uma vez bem posicionados, os molares podem ser eficazmente estabilizados
com a utilização da barra palatina passiva. Esta unidade de ancoragem oferece uma
capacidade moderada de ancoragem, podendo ser utilizada, na maioria dos casos, com
exodontias para evitar a rotação quando se procede a retração com cadeias elastoméricas
43
apoiadas sobre os molares. Entretanto, nos casos com ancoragem crítica, o aparelho
extrabucal deve ser utilizado.
Outra utilização da barra palatina é de mantenedora de espaço, nos casos de
perda precoce dos segundos molares decíduos.
Ainda segundo o autor, ao corrigir a rotação dos molares, torna-se possível a
obtenção de 1 a 2 mm no perímetro do arco, além de uma parcial correção da Classe II.
FIG. 26 – Ganho de espaço obtido com a correção da rotação do molar. (Ramos, 2000)
Para Haas, Cisneros (2000) o arco transpalatino de Goshgarian pode ser útil na
correção da relação molar de Classe II através de rotação disto vestibular e inclinação
distal do molar.
Segundo Gurgel, Ramos, Kerr (2001), a liga metálica Beta-titânio ou titâniomolibidênio, mais conhecida na Ortodontia pelo acróstico “TMA” (Titanium
Molybdenum Alloy - Ormco Corp.), apresenta uma composição de 79% Titânio, 11%
Molibdênio, 6% Zircônio, 4% Estanho. Esta liga foi idealizada por Burstone, nos anos
80, com o objetivo de superar as vantagens do aço e do NiTi.
Em comparação ao aço inoxidável, o “TMA” apresenta a metade da rigidez,
consequentemente, o dobro de resiliência, a desvantagem é o alto atrito da superfície
44
desta liga, até oito vezes maior que o aço, a sua vantagem em relação ao NiTi encontrase na capacidade de formatá-lo e da liga em aceitar solda.
O Aço inoxidável utilizado na Ortodontia tem composição média, 18% de
Cromo, 8% de Níquel, 0.08 a 0.15% de Carbono e o restante de Ferro. Com uma ótima
formabilidade permite a execução de dobras com facilidade e precisão. Apresenta ainda
ótima soldabilidade e baixo atrito, além do baixo custo. A alta rigidez desta liga é um
fator que deve ser controlado através da redução do calibres dos fios ou confecção de
alças quando se objetivam movimentos dentários individuais. Além de estender o tempo
de trabalho, a falta de controle sobre sua rigidez pode gerar forças excessivas.
Shroff et al. (2001) afirmam que, quando um fio é inserido direto nos molares
girados, a relação entre os braquete do prés-molares e o tubo vestibular do molar é uma
geometria V assimétrica. A rotação dos molares será corrigida e como resultado do
sistema de forças gerado ocorrerá a expansão da largura transversal dos molares e
constrição da região pré-molares.
FIG. 27 – Sistema de forças gerado por um arco vestibular contínuo, inserido nos molares superiores
rotados. (Shroff, 2001)
É então vantajoso isolar os molares bilateralmente e corrigir as rotações deles
sem os conectar ao resto do arco. Uso de um arco de transpalatino fabricado de 0.030
polegadas de aço inoxidável ou um arco transpalatino de precisão pré-fabricado de
0.032 x 0.032 polegadas de liga de titânio molybdenum (TMA) fará a correção das
rotações dos molares sem efeitos colaterais indesejáveis no resto do arco dental.
45
Abdel-Kader (2003) relatou a deglutição por acidente de um arco transpalatino
soldado, recomendando a cada consulta, a revisão cuidadosa e minuciosa dos pontos de
solda do arco transpalatino.
FIG. 28 – Imagem radiográfica do arco transpalatino que foi deglutido pelo paciente. (Abdel-Kader,
2003)
Para Eyoboglu et al. (2003), o arco transpalatino 0.9 mm de aço inoxidável
ativado com 150g, pode ser usado no distalização unilateral de molares superiores, sem
a necessidade utilizar força extraoral ou outras técnicas intraoral, quando são
selecionados casos apropriados. É uma técnica simples, higiênica e barata para executar
quando a discrepância sagital nos molares superiores for mínima. Ocorrerá um
movimento para mesial dos molares de ancoragem e uma rotação mesio vestibular, o
molar em movimento distalizará e inclinará para distal com rotação disto palatina.
46
FIG. 29 – Arco transpalatino 0,9 mm aço utilizado para distalização unilateral do molar superior.
(Eyoboglu et al., 2003)
Segundo Chiba, Motoyoshi, Namura (2003) que compararam a pressão exercida
pela língua no arco transpalatino em três posições diferentes no palato e em três
diferentes alturas do palato em relação ao arco, a pressão mínima verificada foi na
posição dos pré-molares a uma altura de 2 mm em relação à mucosa do palato. E a
pressão máxima verificou-se do arco na posição dos segundos molares, a uma altura de
6 mm da mucosa do palato.
47
FIG. 30 – Posicionamento do sensor de pressão ligado ao arco transpalatino. (Chiba, Motoyoshi, Namura;
2003)
Barbosa et al. (2003) afirmam que o arco transpalatino pode provocar o bloqueio
do crescimento vertical do processo dentoalveolar ou, até mesmo, a intrusão dos
molares.
Segundo Gunduz et al. (2003), a modificação do desenho do arco transpalatino e
da liga metálica para blue elgiloy wire (rocky mountain/orthodontics) gerou momentos
iniciais menores e menos ou nenhuma reativação durante a correção do giro simétrico
dos molares. As forças de contração horizontais produzidas durante desativação foram
mais baixas. Forças de mesialização eventuais que acontecem podem ser
contrabalançadas efetivamente pelo uso simultâneo de um arco extraoral com puxada
alta.
FIG. 31 – Desenho do arco transpalatino Zachrisson (a) e o desenho do arco transpalatino Goshgarian (b).
(Gunduz et al., 2003)
48
Segundo Werneck (2004), em sua tese de mestrado e considerando os resultados
obtidos no período pesquisado com avaliação cefalométrica do posicionamento dental
superior, após a distalização dos caninos, empregando a barra palatina fixa como
elemento de ancoragem posterior, existe perda de ancoragem do molar em média de 1,5
mm (segundo 6-PTV) e de 0,9 mm (segundo C-ENA), para todos os grupos
pesquisados, assim como existe alteração do posicionamento vertical dos molares
superiores, caracterizado por extrusão média de 0,4 mm (segundo C-PP), e de 0,8 mm
(segundo C-PF), para todos os grupos pesquisados.
Para Barbosa, Caram, Suzuki (2005), o uso do arco transpalatino pode produzir a
rotação dos molares superiores com conseqüente ganho de espaço na arcada e
diminuição ou até a correção da Classe II original. Também pode provocar bloqueio do
crescimento vertical do processo dentoalveolar ou, até mesmo, intrusão dos molares
com conseqüente rotação espacial da mandíbula no sentido anti-horário, melhorando
assim o relacionamento anterior da maxila com mandíbula tanto no sentido vertical
como horizontal.
FIG. 32 – Sistema de força gerado pela língua na alça do arco transpalatino, com intenção do bloqueio do
crescimento alveolar (Barbosa, Caram, Suzuki; 2005)
49
Para Moscardini (2007), no aspecto quantitativo da perda de ancoragem, ou seja,
na magnitude de movimento mesial da coroa dos primeiros molares, não houve
diferença significante, quando comparado o AEB e o arco transpalatino durante o
processo de retração dos dentes anteriores, sendo que ambos mostraram-se eficientes
neste procedimento. No que se refere ao aspecto qualitativo da perda de ancoragem, ou
seja, a inclinação mesial do molar, verificou-se que o AEB propiciou uma menor
inclinação, durante o processo de retração.
Segundo Kozima, Fukui (2008), a forca ortodôntica mesializante inclina os
primeiros molares, independente do uso ou não de arco transpalatino. Os ângulos
formados pela inclinação dos dentes de ancoragem com e sem o arco transpalatino
foram praticamente idênticos. Concluem que o arco transpalatino não preservou a
ancoragem, porém, a força mesial aplicada na retração produziu rotação e movimento
transversal dos dentes de ancoragem (molares) sem o arco transpalatino e estes
movimentos poderiam ser prevenidos com a presença deste arco.
FIG. 33 – Distribuição da tensão sobre a superfície da raiz do molar sem (A) e com (B) arco transpalatino,
durante o movimento de retração dos dentes anteriores utilizando os molares como ancoragem. (Kozima,
Fukui; 2008).
50
FIG. 34 - Rotação e movimento transverso do molar, com (vermelho) e sem (azul) arco transpalatino,
durante fase de retração dos dentes anteriores utilizando o molar como ancoragem. (Kozima, Fukui;
2008)
Para Zablocki et al. (2008), o arco transpalatino não tem nenhum efeito
significante, tanto na posição anteroposterior do molar quanto na sua posição vertical
durante tratamento ortodôntico com exodontias. Mas não considera o arco transpalatino
uma ferramenta desnecessária no tratamento de pacientes ortodônticos, por causa de
suas outras funções.
FIG. 35 – Sobreposição dos traçados cefalométricos de um tratamento ortodôntico com exodontias sem
(A) e com (B) arco transpalatino. (Zablocki et al.; 2008)
51
Moutaftchiev, Moutaftchiev (2009) afirmam que o arco transpalatino removível
apresenta vantagens sobre o arco transpalatino soldado, pois permite colocação de uma
ligadura metálica sem traumatizar a mucosa palatal para fixar a presilha do arco aos
tubos e assim permitir sua remoção para dar ativações de torque e rotação dos molares
no arco, controlar a distância do arco transpalatino, a mucosa do palato e a colocação
de uma ligadura de aço que permite segurança adicional e evita as desvantagens de
fixação com módulo elástico.
FIG. 36 - Presilha do arco transpalatino removível inserido no tubo lingual do molar. (Moutaftchiev,
Moutaftchiev; 2009)
52
2. DISCUSSÃO
A discussão será feita em tópicos para melhor compreensão sobre o assunto:
2.1. CORRETA POSIÇÃO DOS PRIMEIROS MOLARES:
A posição correta do primeiro molar determinou-se pela primeira vez por Angle
(1899), o qual afirmou que a cúspide mesio-vestibular do primeiro molar superior
deveria ocluir no sulco central do primeiro molar inferior, com o que Andrews (1972)
concorda, porém observa ainda que a inclinação, angulação e rotação do dente também
têm relevância neste posicionamento.
Para definir a correta posição do molar Ricketts apud Dahlquist, Gebauer,
Ingervall (1996) determinou que a linha que passa pela cúspide mesio palatina e cúspide
disto vestibular do molar deveria coincidir com a metade do canino contralateral para a
sua distal. Entretanto, Cetlin apud Dahlquist, Gebauer, Ingervall concluiu que as
superfícies vestibulares dos primeiros molares deveriam ser paralelas entre si quando
vistas por oclusal, ambas regras não são confirmadas por Dahlquist, Gebauer, Ingervall
(1996), que ao comparar em seu estudo com a regra de Rickets, a linha passaria
consideravelmente mais a distal. E para a regra de Cetlin, segundo o mesmo autor
resultaria em rotação acima do normal dos molares.
Bolton (1958) acrescentou que a desarmonia de tamanho dos dentes, inclusive
dos primeiros molares poderia alterar as relações oclusais dos demais dentes a mesial
dos molares.
2.2. ORIGEM DO ARCO TRANSPALATINO:
No artigo de Angle (1899a) encontra-se a imagem do que poderia ser um arco
transpalatino, porém, sem nenhuma referência sobre arco no artigo. Em outro artigo de
Angle (1899b) a mesma imagem aparece com uma observação especial no rodapé da
figura para que o leitor desconsidere a presença do arco no palato, porém, sem
explicações adicionais.
Em 1920 Mershon descreve o uso do arco lingual removível desde 1909. E,
segundo Singer (1974), quem popularizou o arco lingual foi Mershon em 1920. Já para
Dewey (1916) apud Singer (1974), a origem do arco lingual seria atribuída ao Dr. L. S.
53
Lourie no ano de 1904. Por fim, Goshgarian (1974) patenteou o arco transpalatino
removível e ajustável.
2.3. TUBOS DE INSERÇÃO:
Além dos tubos redondos, outros tubos foram projetados durante a história da
ortodontia, Mershon (1920) projetou o tubo vertical, pois considerava muito difícil a
colocação e remoção do arco no tubo tradicional. Porém, o arco lingual/transpalatino
necessitava ser fundido, o que dificultava a confecção do arco lingual/transpalatino e
assim inibiu uso do novo tubo vertical.
Burstone (1994) projetou um acessório lingual que chamou de tubo de precisão,
que é um braquete, com tampa, que acomoda um fio retangular 0.032 x 0.032
polegadas. Para o autor usar um braquete em lugar de um tubo, permite fácil inserção e
remoção do arco e permite colocar angulações de 3ª ordem (torque) além de possibilitar
uma grande variedade de desenhos do arco bem como ser mais seguro por possuir
tampa.
2.4. LIGAS METÁLICAS:
Mershon (1920) utilizava as ligas de ouro e platina para a confecção do arco
lingual, mas que eram confeccionados por fundição.
Atualmente, outras duas ligas metálicas têm sido mais utilizadas; o aço
inoxidável de composição média de 18% de Cromo, 8% de Níquel, 0.08 a 0.15% de
Carbono e o restante de Ferro.
Outra liga utilizada é o Beta-titânio ou titânio-
molibidênio, idealizada por Burstone nos anos 80, mais conhecida na ortodontia por
“TMA” (Titanium Molybdenum Alloy - Ormco Corp.), esta apresenta uma composição
de 79% Titânio, 11% Molibdênio, 6% Zircônio, 4% Estanho, segundo Gurgel (2001).
Para Gurgel, Ramos, Kerr (2001), o aço inoxidável, devido a sua versatilidade,
tornou-se tradicional para a ortodontia. Com uma ótima formabilidade permite a
execução de dobras com facilidade e precisão. Apresenta ainda ótima soldabilidade e
baixo atrito na interface fio/slot, além do baixo custo, porém segundo os próprios
autores o aço inoxidável tem grande rigidez que pode gerar forças excessivas.
O TMA apresenta segundo Gurgel, Ramos, Kerr (2001), 50% da dureza do aço
inoxidável e segundo Burstone (1988), Burstone (1989) 60% da dureza do aço
54
inoxidável, o que seria uma grande vantagem sobre o aço inoxidável segundo Goldberg,
Burstone (1979), pela possibilidade de aplicar forças de menor intensidade, e também de
manter uma força mais constante com o passar do tempo da desativação e da
movimentação do molar, haveria ainda uma maior facilidade para medir a quantidade de
força aplicada, e a possibilidade de usar ativações maiores com um tempo maior de
funcionamento (desativação) do dispositivo. A desvantagem para Gurgel, Ramos, Kerr
(2001) é de que o atrito é oito vezes maior em relação ao aço inoxidável entre a
superfície do fio com o slot do braquete.
Para Burstone (1994), a segunda decisão ao confeccionar um arco
lingual/transpalatino, é a escolha de qual liga metálica será utilizada levando em
consideração a dureza desejada da liga metálica, optando por TMA ou aço inoxidável.
Segundo Burstone (1988), a dureza pode ser variada escolhendo uma liga metálica de
aço inoxidável pela alta dureza ou TMA para uma menor dureza em relação ao aço. A
menor dureza do fio de TMA, segundo Burstone (1989), e os longos espaços entre os
molares resultam em baixas forças por unidade de ativação, o que compensa possíveis
pequenos erros de ativação do arco. Já Gunduz et al.(2003) utiliza e sugere o uso do
Blue Elgiloy wire (Rocky Mountain/Orthodontics, Denver, Colorado), pois acredita ser
uma liga bastante maleável a qual reduziria a intensidade das forcas geradas pela
ativação do arco transpalatino.
Burstone (1988), Burstone (1989), Burstone (1994), Steenberger, Nanda (1995)
preferem o uso de TMA em dispositivos que serão utilizados ativos, porém, se a
aplicação for passiva, que exige maior rigidez do arco, Burstone (1988) prefere o aço
inoxidável. Já Rebellato (1995) afirma que o arco passivo pode ser feito tanto de aço
inoxidável como de TMA.
2.5. SECÇÃO TRANSVERSAL E ESPESSURA DOS FIOS:
Mershon (1920) não descreve qual a secção transversal do arco lingual que
utilizava.
Goshgarian (1974), preferencialmente, confeccionava o arco transpalatino com o fio
de aço inoxidável com diâmetro 0.036 polegadas, tanto para o uso do arco transpalatino
ativo como passivo, entretanto, afirma que outros materiais e diâmetros podem ser
utilizados, mas não definiu qual diâmetro e liga metálica teria cada uma das utilidades,
ativo ou passivo.
55
Burstone, Koenig (1981) recomendava reduzir a secção transversal do fio de aço
inoxidável para 0,030 polegadas com o intuito de reduzir a dureza e permitir uma
ativação mais precisa. Já Burstone (1988) recomendou que a aplicação passiva
necessitaria de um fio mais rígido, e indica um arco retangular 0.032 x 0.032 polegadas
de aço inoxidável para estabilização. E Burstone (1994), não definiu qual secção
transversal do fio deve ser utilizado, mas diz que a primeira decisão ao confeccionar um
arco lingual/transpalatino será decidir sobre a secção do fio: redonda ou retangular,
dependendo da necessidade ou não do controle do torque.
Já Baldini, Luder (1982) utilizavam arcos transpalatinos, do tipo Goshgarian, com
fio 0,9 mm de aço com um loop, em forma de U no centro do arco, na porção palatina
do arco, também conhecida como mola de Coofin, em aplicações ativas. E Eyoboglu
(2004) utilizou um arco transpalatino 0.9 mm aço inoxidável ativado, mas limitava a
ativação a 150g.
Gunduz et al. (2003) também utilizou o fio 0.9 mm redondo, porém em Blue Elgiloy
wire (Rocky Mountain Orthodontics, Denver, Colorado).
Já Burstone (1988), Burstone (1989), Shroff et al. (2001), Steenbergen, Nanda
(1995) prescrevem o arco lingual de precisão fabricado com fio TMA 0.032 x 0.032
polegadas para movimento ativo. Porém Shroff et al. (2001) também indica o arco
transpalatino fabricado de 0.030 polegadas de aço inoxidável, para o uso ativo.
2.6. MODIFICAÇÃO NO DESENHO DO ARCO:
Outros desenhos são feitos na confecção do arco transpalatino/lingual, Goshgarian
(1974) utiliza a forma do arco com helicóide em U no palato, Burstone, Koenig (1981),
admitem o uso do arco transpalatino com ou sem o helicóide na porção palatina do arco
transpalatino.
Pacientes com tórus maxilar requererem um arco transpalatino em forma de
ferradura segundo Burstone (1988), Burstone (1994), e que podem ser transformados
facilmente em um Botão de Nance, com a vantagem de ser removível o que possibilita
ajustes e a higiene; ou então a sua transformação em uma placa de mordida para
extrusão posterior dos dentes inferiores e correção da mordida profunda ou ainda para
prevenir a quebra dos braquetes dos incisivos inferiores.
Burstone (1988) também sugere que o arco em ferradura seja transformado em
arco para a remoção de hábito (grade).
56
Para Burstone (1994), o arco de ferradura também tem vantagens da
biomecânica em algumas situações. Um arco em ferradura é mais eficiente para corrigir
mordida profunda, pois ao contrário do arco transpalatino que circula o palato, as forças
vestibulares e linguais do arco em forma de ferradura não são alteradas pela colocação
de torque no fio.
Gunduz et al, (2003) modificou o desenho do arco transpalatino além da
mudança da liga metálica para Blue Elgiloy utilizada com o intuito de gerar menor taxa
carga-deflexão, momentos iniciais menores e menos ou nenhuma reativação durante a
correção dos giros simétrico dos molares.
2.7. ANCORAGEM:
Para Hart, Taft, Greenberg (1992), um único dente, um grupo de dentes, ou
qualquer área anatômica disponível, que pelo uso de um dispositivo, oferece resistência
ao movimento, é considerado ancoragem. Há dois tipos gerais de ancoragem usados em
ortodontia: (1) ancoragem de dente e (2) ancoragem auxiliar (barra palatina, barra
lingual).
Entretanto, Higley (1969) discorda afirmando que os dentes não oferecem
ancoragem no verdadeiro significado da palavra, mas somente graus variados de
resistência. Para o autor, a ancoragem indica a resistência necessária para prevenir o
movimento do dente onde não desejamos movimento enquanto permite movimento no
dente desejado.
Uma unidade de ancoragem posterior deveria ser formada pelo segundo molar,
primeiro molar e segundo pré-molar unidos por um fio pesado por vestibular e
interligados por um arco lingual ou transpalatino removível, preso na lingual-palatina
dos primeiros molares e confeccionado com fio 0.036 polegada de aço inoxidável
segundo Burstone (1966), Burstone (1977), e esta unidade de ancoragem posterior
deveria ser pensada como um grande dente multirradicular.
Preservar a ancoragem no arco inferior é uma das utilizações do arco lingual
segundo Singer (1974). Para Melsen (1994), Ramos et al. (2000), Rebellato, Bonetti,
Giunta (1995), o arco transpalatino passivo é utilizado para ancoragem no arco superior.
Porém, Bobak et al. (1997), Kojima, Fukui (2008), Zablocki et al. (2008), afirmam que
o arco transpalatino não tem habilidade para modificar ancoragem ortodôntica, mas
57
Zablocki et al. (2008) não considera o arco transpalatino dispensável em função das
outras funções, mas não cita quais funções são estas.
Segundo Werneck (2004), através da avaliação cefalométrica do posicionamento
do primeiro molar superior após a distalização dos caninos, empregando a barra palatina
fixa como elemento de ancoragem posterior, conclui que existe perda de ancoragem,
assim como existe alteração do posicionamento vertical dos molares superiores, porém
o autor não comparou os resultados com um grupo controle sem a utilização do arco
transpalatino.
Bobak et al. (1997), Ramos et al. (2000), concordam que o arco transpalatino
diminui a rotação dos molares durante a fase da retração dos dentes anteriores, quando
estes são utilizados como ancoragem e há uma tendência de mesializar os molares
rotacionando.
Na pesquisa de Moscardini (2007), o autor comparou o arco transpalatino com o
arco extraoral como dispositivo de ancoragem, considerou ambos eficientes para
ancoragem e o arco transpalatino desfavorável ao permitir maior inclinação do molar
para mesial. Mas não há um grupo controle sem uso do arco transpalatino nem do arco
extraoral para comparar os resultados.
Mulligan (1982) apud Rajcich, Sadowsky (1997), diz que não são necessários
acessórios secundários para ancoragem, quando se utiliza o conceito de "momentos
diferenciais", onde a ancoragem máxima é alcançada manipulando o torque de arcos
aplicados nos dentes.
2.8. MANUTENÇÃO DA LARGURA INTERMOLAR E DA INCLINAÇÃO
AXIAL:
Para Burstone (1977), Burstone, Koenig (1981), Rebellato (1995), Shroff et al.
(2001) Kojima, Fukui (2008), uma utilização importante do arco lingual é preservar a
largura do arco, ou seja, a largura intermolar transversa. Para Burstone (1977), é uma
forma de prevenir o efeito colateral do arco de intrusão, pois este gera no molar um
torque lingual de coroa que tende a lingualizar a coroa do molar e reduzir assim a
distância intermolar através da alteração da inclinação axial dos molares ou torque.
Para Rebellato (1995), o arco transpalatino pode ser utilizado como forma de contenção
após a expansão rápida da maxila e para Shroff et al. (2001), Kojima, Fukui (2008), o
58
arco transpalatino faz esta manutenção da largura transversal dos molares durante o
fechamento de espaço.
Ainda Burstone, Koenig (1981), ressaltam que este arco, na sua forma passiva,
deverá ter uma taxa de carga-deflexão alta, que confere ao arco maior rigidez para
resistir às forças aplicadas por outros dispositivos sobre os molares.
2.9. APASSIVANDO OS ARCOS TRANSPALATINOS:
Uma das preocupações de Mershon (1920) era de que o modelo de gesso da
arcada do paciente pudesse não estar correto, e sugeria que o arco, depois de
confeccionado, deveria ser introduzido na presilha do tubo de um dos lados e observar a
presilha do lado oposto, que deveria estar paralelo ao seu tubo do molar. A mesma coisa
sugeriu Burstone (1988), Rebellato (1995), mas para ambos, este é um método
necessário para apassivar o arco transpalatino e este procedimento deve ser repetido
várias vezes para garantir que o ATP esteja completamente passivo.
2.10. LIMITAÇÃO DO CRESCIMENTO VERTICAL:
Há uma tendência, segundo Singer (1974), de que o arco lingual limite o
crescimento vertical de molares.
Para Ramos et al. (2000), Barbosa (2003), Barbosa, Caram, Suzuki (2005) o
arco transpalatino pode fazer o controle de erupção dos primeiros molares (controle do
crescimento dento alveolar), também chama intrusão relativa. Barbosa (2003), Barbosa,
Caram, Suzuki (2005), ainda afirmam que o arco transpalatino pode até mesmo
provocar a intrusão dos molares, quando estes já extruíram, ou seja, que tenha ocorrido
o crescimento dento alveolar.
Entretanto, Odom (1983), Wise, Magness, Powers (1994), discordam, pois não
encontraram diferença na erupção vertical do primeiro molar superior com ou sem o uso
de arcos transpalatinos/linguais.
Chiba, Motoyoshi, Namura (2003) compararam a pressão exercida pela língua
no arco transpalatino. A pressão máxima verificou-se na posição dos segundos molares,
a uma altura de 6 mm da mucosa do palato.
59
2.11. MANUTENÇÃO DO ESPAÇO LIVRE DE NANCE:
A manutenção do espaço livre de Nance (Leeway space) é uma das utilidades do
arco lingual sugeridas por Singer (1974), Odom (1983), Miotti (1984), Burstone (1988),
Rebellato (1995), evitando a inclinação do primeiro molar inferior para mesial quando
houve a perda ou extração do segundo molar decíduo inferior, mas para Burstone (1988)
isso só ocorre se o arco lingual estiver em contato com a superfície lingual dos incisivos
inferiores.
Miotti (1984) ainda ressalta a necessidade de uma avaliação adicional sobre se a
presença, a longo prazo, de um arco lingual seria útil, pois alguns de seus efeitos em
incisivos e molares poderiam ser temporários.
2.12. ARCOS ATIVOS:
Não é realista esperar que um arco de fio contínuo vestibular ofereça controle total
da movimentação dos molares de acordo com Burstone (1988).
Segundo Singer (1974) e Melsen, Boneti, Giunta (1994) o arco lingual pode ser
utilizado de forma ativa para movimentar dentes ou grupo de dentes, com quem
concordam Burstone, Koenig (1981) e Rebellato (1995), pois o arco transpalatino ou
lingual permite a distribuição das forças através do arco para os movimentos de
primeira, segunda, e terceira ordem. E ainda acrescenta Burstone (1989), que os arcos
linguais podem ser utilizados independentemente ou como um suplemento para a
terapia vestibular.
Burstone, Koenig (1981), dizem que até mesmo em ativações assimétricas os
efeitos colaterais podem ser consideravelmente menores dos que seriam encontrados
entre os dentes adjacentes com fios de arco contínuo colocados por vestibular do dente.
2.12.1 - FORÇAS:
Segundo Reitan (1957) forças leves de 25 gramas em adultos e ao redor de 40
gramas em pacientes mais jovens durante a fase inicial de movimento de dente são
suficientes para a formação de áreas livres de células, chamadas áreas de hialinização.
Depois desta primeira fase, pode ser aumentada a força um pouco, porém o autor não
diz quanto, nem especifica a força para cada um dos dentes.
60
Burstone, Baldwin, Lawless (1961), acreditam que uma pesquisa biológica é
necessária para determinar níveis ótimos de força e as variações para os diferentes tipos
de movimento de cada um dos dentes.
Em 1966 Burstone ressaltou que se os níveis de força forem muito baixos, a taxa
de movimento de dente será nitidamente reduzida, ou se a força for muito alta, podem
resultar em dor e danos aos tecidos; e ainda afirma que o arco segmentado foi idealizado
para utilizar forças de forma contínua na movimentação do dente, mas também não
define o que são forças leves ou fortes.
A reabsorção óssea do plano alveolar adjacente à área da membrana periodontal
abaixo da pressão, normalmente é estimulada pela aplicação de forças "leves", que são
pressões que não obstruem a rede vascular do ligamento, segundo Gianelly (1969), e
forças "pesadas", não produzem nenhuma atividade de reabsorção óssea abaixo da
região da pressão, e também este autor não define o que são forças leves e fortes.
Para o movimento de expansão e contração dos molares Burstone, Koenig
(1981) utilizam uma força de 200 gramas no arco transpalatino, os próprios autores
admitem que, com a movimentação do dente, a magnitude da força do arco lingual
/transpalatino muda.
2.12.2 - SISTEMA DE FORÇA:
A inviabilidade de colocar uma força no centro de resistência da raiz, que
permitiria um movimento de corpo do dente, faz necessário um sistema de forças mais
complicado segundo Burstone, Baldwin, Lawless (1961), e por mais que seja
complicado esse sistema de forças, ele pode ser calculado segundo os autores
mencionados e Burstone, Koenig (1981).
Em 1966, Burstone relatou que os procedimentos do arco segmentado foram
planejados para manter as forças utilizadas mais constantes e para não perder o controle
do movimento dos dentes.
O controle do movimento do dente requer a utilização de um sistema de forças
específico, por isso conhecer as mecânicas ortodônticas para obter tais resultados é
fundamental conforme Goldberg, Vanderby, Burstone (1977).
Burstone, Koenig (1981) afirmaram que há vários possíveis sistemas de força
que poderiam ser empregados pelo arco lingual que, em muitos exemplos, oferece um
grande potencial e poucos efeitos colaterais produzindo o movimento desejado do dente.
61
A importância do centro de resistência foi demonstrada por Christiansen e
Burstone apud Worms et al. (1973), já que quando aplicamos uma única força do dente,
dependendo da distância perpendicular do ponto de aplicação da força até o centro de
rotação, poderemos ter inclinação ou movimento de corpo.
O centro de resistência do molar fica localizado na área da trifurcação do molar
segundo Worms et al. (1973); porém para Pryputniewicz, Burstone (1979) e Nagerl et
al. (1991), o centro de resistência de qualquer dente fica a 0,33 do comprimento da raiz
do dente no sentido cérvico apical medido a partir da raiz inserida, ou seja, da crista
alveolar até o ápice do dente, o que não é levado em conta por Worms et al. (1973) que
acredita ser um ponto fixo, não importando a quantidade de osso circundante.
2.13. CORREÇÃO DA ROTAÇÃO DOS MOLARES:
Vários autores sugerem o uso do arco transpalatino para a correção da rotação
dos molares, entre eles: Burstone (1989) Haas, Talf, Greenberg (1992), Rebellato
(1995), Steenbergen, Nanda (1995), Ingervall, Honigl, Bantleon (1996), Dalhquist,
Gebauer, Ingervall (1996), Braun, Kosnoto, Evans (1997), Ramos et al. (2000), Shroff
et al. (2001) e Moutaftchiev, Moutaftchiev (2009).
A correção do giro dos molares ajudaria na correção da relação de classe II dos
molares, segundo Burstone (1989), Braun, Kosnoto, Evans (1997), Talf, Greenberg
(1992), Ramos et al. (2000), porém quando se trata de uma má oclusão de classe II
completa não será suficiente apenas a rotação dos molares segundo Braun, Kosnoto,
Evans (1997) e Ramos et al. (2000), em função da magnitude da distância necessária a
ser corrigida.
Braun, Kosnoto, Evans (1997) calculam um ganho de, no máximo 2 mm com a
rotação dos molares; já Ramos et al. (2000) calculam um ganho entre 1 e 2 mm no
perímetro do arco.
Porém, Dalhquist, Gebauer, Ingervall (1996) afirmam que o ganho de espaço e
movimento mésio distal da cúspide mesio vestibular do molar são imprevisíveis. Em
alguns casos é obtido um ganho considerável de espaço e movimento distal da cúspide
mesio vestibular. Em outros casos há perda de espaço e a cúspide de mesio vestibular se
move mesialmente.
62
Com molares simetricamente girados, um arco lingual pode estabelecer
ancoragem recíproca, segundo Burstone (1989), Rebellato (1995), pois as forças se
anulariam, uma vez que são de mesma intensidade e sentidos opostos.
Dalhquist, Gebauer, Ingervall (1996) encontrarão resultados do posicionamento
dos molares após a rotação, discrepantes com a regra de Ricketts o qual afirma que uma
linha que passa pela cúspide mesio palatina e cúspide disto vestibular do molar deveria
coincidir com a metade do canino contralateral para a distal. No grupo de oclusão ideal
do autor a linha passava consideravelmente mais distal dos caninos. Os resultados
também foram discrepantes com a regra de Cetlin afirmando que as superfícies
vestibulares dos primeiros molares deveriam ser paralelas quando vistas de anterior,
pois no estudo dos autores esta regra resulta em rotação acima do normal dos molares.
É então vantajoso isolar os molares bilateralmente e corrigir as rotações deles
sem os conectar ao resto do arco vestibular, pois haverá a expansão da largura
transversal na região dos molares e também acontecerá constrição da região dos prémolares como resultado das forças transversais desenvolvidas entre os molares e pré molares em um arco contínuo conectado nos pré-molares e molares, segundo Shroff et
al. (2001)
Burstone (1989) ressalta que após a correção da rotação dos molares, deve-se
confeccionar um arco transpalatino ou lingual passivo para manter os dentes na nova
posição.
2.14. INTRUSÃO:
Para Goshgarian (1974), que registrou a patente do arco transpalatino removível, o
arco poderia ser utilizado entre outras funções para intrusão dos molares, opinião
compartilhada com Barbosa (2003), Barbosa, Caram, Suzuki (2005), que além de
defender a capacidade de intrusão do molar pelo arco ainda defendem o controle do
crescimento dento alveolar, também chamado intrusão relativa, esta última também
defendida por Ramos et al. (2000).
Chiba, Motoyoshi, Namura (2003) verificaram que a pressão mínima exercida pela
língua no arco transpalatino foi à posição dos pré-molares a uma altura de 2mm, e em
relação a mucosa do palato, com aproximadamente 1 N/cm2; e que a pressão máxima de
aproximadamente 2 N/cm2 foi verificada na posição dos segundos molares, a uma altura
63
de 6mm da mucosa do palato, porém não se pode afirmar qual a força necessária para a
intrusão do molar.
2.15. DISTALIZAÇÃO:
O arco transpalatino/lingual não teria capacidade de promover distalização do molar
como afirma Strang (1921). Este autor afirmou ainda que a introdução ao uso do arco
lingual não foi baseado em fatos científicos e que as provas apresentadas por seus
defensores são superficiais e inconvincentes.
Entretanto, Cetlin, Hoeve (1983) afirmam que o arco transpalatino é efetivo na
distalização de molares, não somente nesta fase inicial, mas também como um
suplemento de movimento para distalizar o primeiro e segundos molares superiores.
Opinião compartilhada com Ramos et al. (2000), porém este acrescenta a necessidade
de associar a um sistema de ancoragem, sem maiores explicações do porquê.
Mas Eyoboglu (2003), que também utiliza o arco transpalatino para distalização,
afirma que o molar de ancoragem tende a mesializar, o que pode explicar a preocupação
de Ramos et al. (2000) que afirma a necessidade de associar outro sistema de
ancoragem.
2.16. EXPANSÃO OU CONTRAÇÃO DA DISTÂNCIA INTER MOLARES:
A expansão ou contração da distancia intermolares, defendida por Goshgarian
(1974) no registro da patente do arco transpalatino, também é afirmada por Burstone,
Koenig (1981), Burstone (1988), Burstone (1989), Rebellato (1995), Ramos et al.
(2000).
Rebellato (1995), afirma que a expansão e contração são conseguidas facilmente
expandindo ou contraindo o ATP; mas que a força aplicada por estar mais a oclusal do
que o centro de resistências dos molares irá gerar inclinação dentária.
Já Burstone (1989) preocupa-se com a determinação do centro de rotação para o
movimento desejado, caso ele seja inclinação ou translação, pois mudaria a ativação.
64
2.17. TORQUE DOS MOLARES (INCLINAÇÃO AXIAL):
O controle do torque dos molares (inclinação axial) é uma das utilidades do arco
transpalatino segundo Goshgarian (1974), Burstone, Koenig (1981) e Ramos et al.
(2000). Moutaftchiev, Moutaftchiev (2009). Mas nenhum dos autores explica como é
feito este controle ou ativação.
Burstone (1989), também sugere a utilização do torque, porém de forma unilateral
com função de corrigir mordida cruzada.
2.18. EXPANSÃO UNILATERAL:
Para Burstone, Koenig (1981), Ingervall et al. (1995), Steenbergen, Nanda (1995) é
possível utilizar o arco transpalatino para conseguir expansão unilateral com objetivo de
corrigir mordida cruzada unilateral de molar. Ingervall et al. (1995) e Steenbergen,
Nanda (1995) acrescentam a aplicação de torque de raiz vestibular do dente de
ancoragem para evitar efeitos colaterais no dente de ancoragem, que segundo o autor foi
eficiente.
Steenbergen, Nanda (1995) ainda prefere acrescentar a utilização de um fio rígido
vestibular em todos os dentes, exceto no molar cruzado, e lembra que após o
movimento ocorrer deve-se remover o arco ativado e colocar um arco passivo.
2.19. USO DO ARCO TRANSPALATINO COMO CANTILEVER:
O uso do arco transpalatino como cantilever é defendido por Burstone, Koenig
(1981), como forma de evitar a aplicação de torque quando este não é desejável; e por
Melsen, Boneti, Giunta (1994), mas nesse caso o arco transpalatino teria uma inserção
molar palatina e tendo do lado oposto uma extensão que é ligada pela vestibular.
2.20. CORREÇÃO DE INCLINAÇÃO MESIO DISTAL:
A inclinação unilateral mesio distal do molar pode ser corrigida pelo arco
transpalatino segundo Burstone (1989), porém o efeito será recíproco no molar oposto e
fará com que o molar incline na direção contrária. O autor sugere utilizar um fio rígido
por vestibular para controlar o efeito colateral do molar de ancoragem de inclinar. Já
65
para Ramos et al. (2000), o arco transpalatino pode ser utilizado para a correção da
inclinação dos molares no sentido mesio distal , porém não diz se unilateral ou bilateral
bem como não informa como esta ativação deve ser feita, apenas sugere a utilização.
2.21. ATIVAÇÃO DO ARCO TRANSPALATINO:
Inicialmente, o arco deve ser contornado passivo aos acessórios, sem machucar a
mucosa, então deve se modificar a forma do arco para a forma ativa segundo Burstone,
Koenig (1981) e a forma ativa quando inserida nos tubos deve ser idêntica à forma
passiva.
Para fazer esta modificação (ativação) deve-se simular o sistema de força de
desativação (o sistema de força na direção do movimento de dente) e deformar
permanentemente o arco lingual/transpalatino nesta forma.
A verificação da ativação se faz encaixado no tubo do molar direito e esquerdo,
um de cada vez com observação da geometria do extremo livre com seu tubo apropriado
e isso, de nenhuma maneira garante uma relação de momento/força precisa, mas pelo
menos deveria assegurar a força e os momentos na direção correta.
Se for necessário, depois da tentativa de ativações, podem ser alcançadas
aproximações adicionais, mais exatas.
Já Burstone (1989) afirma existir duas formas básicas de arcos que podem ser
utilizados, o arco ideal e a forma ativada que pode não ser parecida com o arco ideal. O
arco ideal só pode ser utilizado para pequenas movimentações; para correções maiores,
um arco ideal não seria eficiente. Porém o autor não define o que seria uma ativação
pequena ou uma ativação de maior magnitude, entretanto, ressalta que alguns efeitos
colaterais do arco ideal quando utilizado podem ser irreversíveis.
2.22. DIFICULDADE DE USO DO ARCO TRANSPALATINO:
Para Baldini, Luder (1982) o uso de tipos diferentes de arcos transpalatinos com
taxas de carga/deflexão diferentes, bem como a utilização de dobras compensatórias
para a movimentação do dente, tornaria difícil o hábito da sua utilização, e por isso, para
o autor deveriam ser evitados.
Já Burstone (1988), preocupa-se com o encaixe do arco, pois se este é apenas
encaixado no tubo, pode soltar.
66
2.23. CUIDADOS COM O PACIENTE:
Um monitoramento do movimento do dente minimiza o que pode ocorrer de
imprevisível e indesejável para Burstone, Koenig (1981); já Burstone (1988) se
preocupa com as fraturas do arco transpalatino, que para o autor não são incomuns com
os arcos em função do loop, soldas, e solda de fios para fixação do arco. E para evitar
este tipo de ocorrência sugere a utilização de materiais altamente maleáveis como aço
inoxidável e TMA, com braquete em vez de tubos. E acrescentam que utilizar uma
ligadura metálica para amarrar o arco no tubo/braquete ou uma ou duas ligaduras
elásticas também ajudaria.
Rebellato (1995) por sua vez, ressaltado a importância da utilização de um fio
dental amarado ao ATP, para evitar acidente de aspiração durante a prova do arco
transpalatino.
E em 2003, Abdel-Kader (2003), relatou a deglutição acidental de um arco
transpalatino soldado e recomendou a cada consulta a revisão cuidadosa e minuciosa
dos pontos de solda do arco transpalatino.
67
CONCLUSÃO
Com base na literatura pesquisada conclui-se que, o arco lingual e o arco
transpalatino são uma importante ferramenta acessória na mecânica do tratamento
ortodôntico.
Sua origem é bem mais antiga do que sua patente oficial. Várias formas de
inserção, tubos para encaixe, tipos diferentes de ligas metálicas, secção transversal dos
fios utilizados, e até mesmo, modificações dos desenhos na confecção foram sugeridos
por vários autores ao longo de mais de noventa anos.
Suas aplicações podem ser sinteticamente classificadas em passivas e ativas.
Talvez a aplicação passiva mais antiga seja para ancoragem, aplicação que a
literatura demonstra ineficaz, não evitando a movimentação antero-posterior, porém sua
utilidade em manter a largura intermolar transversa é eficiente, prevenindo a alteração
transversa da dimensão entre os molares, bem como a alteração da inclinação axial do
molar, evitando assim efeitos colaterais (forças recíprocas) de outros dispositivos
aplicados para a mecânica ortodôntica apoiados sobre os molares superiores e/ou
inferiores
Sua utilização passiva, para manter espaços na arcada, tanto na perda precoce de
dentes, ou mesmo mantendo o espaço livre de Nance é discutível, a literatura permite
definir que: se o arco lingual ou transpalatino mantiver contato com os dentes
anteriores, ocorre a manutenção do espaço, porém levanta a discussão da estabilidade
após o tratamento.
Suas aplicações ativas, na movimentação de dentes, como único dispositivo de
movimentação ou como dispositivo acessório ativo permite muita discussão, não há
limites claros da quantidade de força que deve ser aplicada, porém a maioria dos autores
defende a utilização de ligas metálicas não tão duras como o aço, que predomina na
68
utilização passiva, mas sim o TMA ou até mesmo o Blue Elgiloy que, além de produzir
uma força menor por unidade de ativação, mantêm a força mais constante durante o seu
uso em boca.
Discussão maior do que o limite de forças é sobre os sistemas de forças gerados
pela ativação, bem como dos resultados esperados com cada ativação. A correção do
giro dos molares é seguramente a aplicação ativa mais indicada e com maior
comprovação de eficácia pela literatura, seguida pela utilização na expansão ou
contração da distância intermolares, uni ou bilateralmente.
A utilização do arco transpalatino para a intrusão dos molares ou a intrusão
relativa, evitando o crescimento do processo alveolar da maxila tem pouco apoio e
pouca literatura, o que ocorre também com a sua utilização para a correção da
inclinação mesio-distal dos molares.
Nenhum dos autores explica, de forma didática, a ativação dos arcos linguais e
transpalatinos, permitindo uma compreensão fácil e rápida, o que revela a complexidade
de sua ativação, da compreensão do sistema de forças e, por conseqüência, dificulta sua
utilização pelo profissional, mas não contra indica sua utilização em pacientes, bem
como seu estudo.
Talvez o único consenso existente seja sobre os cuidados com a sua utilização no
que diz respeito ao paciente, utilizar fio dental amarrado ao arco como método de
segurança, durante a prova, no caso de arcos removíveis ou mesmo cuidado com o arco
soldado são indispensáveis.
A literatura existente permite ter uma vasta idéia da sua utilização, quer seja na
forma passiva como na ativa, porém não esgota o assunto, não permitindo conclusões
mais precisas, o que indica a necessidade de um número maior de pesquisas, não
somente da sua utilização, bem como da durabilidade dos resultados obtidos com a
utilização do arco lingual ou transpalatino, nestas duas formas, quer seja passivo ou
ativo.
69
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Arco Lingual e Arco Transpalatino na Ortodontia