O ENSINO DE QUÍMICA ORGÂNICA ATRAVÉS DE JOGOS LÚDICOS
Wanderson Diogo Andrade da SILVA (IFCE-Iguatu)
[email protected]
RESUMO
Repassado na maioria das vezes de forma
descontextualizada e tradicional, visando
apenas à memorização de nomenclaturas e
fórmulas científicas baseadas nos livros, a
disciplina de Química é tida como “vilã”
causadora de uma aversão dos alunos à
disciplina,
resultado
desse
tradicionalismo. Como professores, é
necessário que reformulemos e criemos
novas ferramentas pedagógicas capazes de
reverter esse cenário de ensino e
aprendizagem. Muitos autores defendem a
inserção de novas metodologias como a
experimentação e o uso de jogos lúdicos
no ensino
e que estas são de fato
eficazes
para
uma
aprendizagem
significativa. Assim, este trabalho
apresenta uma proposta de jogos lúdicos
com a finalidade de melhorar a
aprendizagem dos alunos de forma
dinâmica, minimizando as dificuldades
que os mesmos têm em relação aos
conteúdos. E nesse contexto, o uso de
jogos lúdicos surge como uma ferramenta
motivadora que busca diminuir a distância
entre a conteúdo-aluno-conhecimento.
Este trabalho foi desenvolvido com alunos
do 3º ano do ensino médio da Escola de
Ensino Médio Liceu de Iguatu Dr. José
Gondim no município de Iguatu/CE. A
avaliação do papel dos jogos lúdicos no
processo de ensino e aprendizagem dos
alunos foi colhida através da aplicação de
questionários e mostraram que os jogos
contribuíram significativamente para a
aprendizagem
dos
alunos.
PALAVRAS-CHAVE: Jogos Lúdicos, Química, Aprendizagem.
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INTRODUÇÃO
No currículo escolar, as disciplinas existentes são notórias a existência de
dificuldades por parte dos alunos na aprendizagem de Química, onde estes apresentam
uma aversão por considera-la tradicional, descontextualizada e pouco atrativa. Assim,
na tentativa de mudar e melhorar esse cenário para uma aprendizagem significativa e
agradável, desenvolvendo habilidades e técnicas que visam facilitar o ensino e a
aprendizagem, despertando o interesse pela Química.
É na escola que aperfeiçoamos os conhecimentos acumulados pelos alunos ao
longo da sua vida, onde, em uma relação de aprender ensinando e ensinando
aprendendo, o aluno e o professor trocam os seus conhecimentos. De acordo com Brasil
(2006) o Ensino de Química “deve possibilitar ao aluno a compreensão tanto de
processos químicos em si, quanto da construção de um conhecimento científico em
estreita relação com as aplicações tecnológicas e suas implicações ambientais, sociais,
políticas e econômicas”.
Franco-Mariscal e Cano-Iglesias (2009) consideram que “os jogos educativos
devem ser considerados como métodos ativos no ensino e na aprendizagem das
ciências, já que tornam mais fácil e divertido a aprendizagem, produzem motivação
entre os estudantes e desenvolvem destrezas com aprendizagem significativa.”
Para Kishimoto (2003), o jogo educativo possui duas funções: a lúdica, por
proporcionar diversão, e a educativa, porque através dele pode-se ensinar qualquer coisa
que complete o indivíduo. Sendo o objetivo do jogo educativo equilibrar essas duas
funções, para que uma não se sobressaia à outra e torne-se apenas um jogo, ou apenas
ensino, uma vez que, a memorização não contribui para a formação intelectual do aluno.
Diante dessa perspectiva se tem a possibilidade de diversificar o ensino,
tornando-o miais eficiente e compreensível, capaz de tornar o aluno um ser crítico e
participativo. Aparecendo ainda como uma ferramenta de transformação do ensino e da
aprendizagem.
Huinziga (1980), um dos principais filósofos e estudiosos dos jogos, diz que: (...)
o jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e
determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas
absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um
sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida
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cotidiana.
Diante disso, este trabalho surgiu da necessidade de buscar novos meios para
uma maneira mais fácil e divertida para o ensino e aprendizagem da nomenclatura da
Química Orgânica para alunos do 3º ano do ensino médio. Com isso foram
desenvolvidos dois jogos: “Tabuleiro Nomica” e o “Jogo da Trilha Orgânica” com o
objetivo de facilitar de maneira lúdica a aprendizagem da nomenclatura de compostos
orgânicos.
MATERIAIS E MÉTODOS
Inicialmente, realizou-se uma pesquisa bibliográfica, buscando fundamentar a
pesquisa e fazer um levantamento de jogos que poderiam ser criados e aperfeiçoados
para a nomenclatura de compostos orgânicos. Os jogos lúdicos foram confeccionados
com materiais de baixo custo disponibilizados pela própria escola.
Para a confecção do “Jogo da Trilha Orgânica” foi utilizados EVA, cola isopor e
pape A4 com números impressos. Para a confecção do “Tabuleiro Nomica” utilizou-se
isopor, cola isopor, e a base do tabuleiro impresso em papel A4.
Após a aplicação dos jogos na Escola de Ensino Médio Liceu de Iguatu Dr. José
Gondim, localizada na Rua 25 de Março s/nº, no Bairro Brasília, no município de Iguatu
– CE foram aplicados questionários compostos por perguntas de múltipla escola aos
alunos participantes das aulas com os jogos durante o primeiro semestre do ano letivo
de 2014.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os jogos confeccionados foram o “Tabuleiro Nomica” (figura 01) e o “Jogo da
Trilha Orgânica” (figura 02). Após a aplicação dos jogos em sala de aula, aplicou-se um
questionário, onde se obteve como resultado na primeira pergunta (figura 03) o que os
alunos acharam dos jogos lúdicos?, onde 0% dos alunos disseram não ter gostado dos
jogos, acompanhado de 16% dos alunos que disseram achar os jogos regular, seguido de
26% que disseram ter achado os jogos bom e 58% disseram ter achado os jogos ótimo.
Assim, podemos verificar que ao inserir os jogos lúdicos o processo de ensino e
aprendizagem, o aluno tende a se aproximar mais da disciplina e participar mais das
aulas.
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Figura 01 – Tabuleiro Nomica
Figura 02 – Jogo da Trilha Orgânica
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Figura 03 – O que você achou dos jogos lúdicos?
Como segunda pergunta (figura 04), procurou-se saber dos alunos o que eles
achavam sobre a utilização dos jogos lúdicos na discipina, onde 0% dos alunos disseram
não ter percebido nenhum benefício na utilização do jogos lúdicos durante a aula, 23%
disseram que com os jogos eles aprenderam de forma lúdica, 27% disseram que os
jogos serviram para aprender estimulando a competitividade entre os colegas de sala de
aula, porém, é necessário distinguir a utilização de jogos visando uma competitividade
sadia e uma não sadia, uma vez que, ao visarmos na competitividade não sadia, o jogo
sairá da proposta inicial, visando apenas em termos uma equipe ganhadora ao chegar ao
final, o que não é o objetivo do jogo educativo. Ainda, 50% dos alunos disseram que
com os jogos, aprenderam o conteúdo estimulando os alunos a pensarem de forma
cooperativa, trabahando o companheirismo entre os colegas para atingirem os objetivos
do jogo.
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Figura 04 – Para você, qual a finalidade dos jogos lúdicos utilizados?
Buscando conhecer a contribuição dos jogos na opinião dos alunos, utilizou-se
como terceira pergunta (figura 05) o que os alunos acharam da utilização dos jogos
lúdicos em relação à aprendizagem deles, onde 6% disseram que o uso dos jogos não
influenciaram na aprendizagem dos mesmos, 27% disseram que os jogos contribuiram
em parte na aprendizagem deles, uma vez que, os mesmos não conheciam e não tinham
domínio do conteúdo, o que dificultou durante a aplicação dos jogos e 67% disseram qe
os jogos contribuiu para a aprendizagem deles, pois conseguiram fixar melhor os
conteúdos.
Figura 05 – Na sua opinião, qual a influência dos jogos na sua aprendizagem nos
conteúdos trabalhados em sala de aula?
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Como quarta e última pergunta (figura 06), buscou-se conhecer em que
momento os jogos cotribuiram para a aprendizagem dos alunos, onde 4% disseram que
preferiram o conteúdo dado de forma tradicional, 3% disseram que os jogos não
influenciaram na aprendizagem dos mesmos, 23% disseram que a sua aprendizagem se
deu durante a aplicação dos jogos e 70% respondeu que a sua aprendizagem com
relação aos conteúdos estudados se deu após a utilização dos jogos lúdicos, o que
mostra uma eficácia com relação à essa metodologia adotada durante a aula, fugindo do
tradicionalismo.
CONCLUSÃO
Muitos autores defendem o uso do lúdico como ferramenta que melhora a
aprendizagem do aluno, podendo ser uma ferramenta alternativa, fugindo do
tradicionalismo nas aulas.
Podemos concluir que os jogos utilizados durante as aulas de Química Orgânica
com alunos do 3º ano do ensino médio facilitaram na aquisição do conhecimento, além
de possuir uma prática motivadora, que é a de chegar em primeiro lugar, desde que de
fora sadia, melhorando a compreensão dos alunos na nomenclatura dos compostos
orgânicos, como identificar uma função orgânica e quais as suas propriedades nos
compostos.
Os alunos mostraram-se mais dispostos a aprender os conteúdos, trabalhando
também o convívio diário, aprendendo a respeitar os demais colegas da sala de aula,
além de mostrar que é possível e a criação e adaptação de jogos lúdicos com materiais
de baixo custo e que são eficazes na aprendizagem.
Os jogos “Tabuleiro Nomica” e “Jogo da Trilha Orgânica” como ferramenta
alternativa agiram de forma relevante na minimização das dificuldades dos alunos, pois
proporcionou de maneira eficaz a compreensão do conteúdo explorado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais – Orientações Curriculares para o
Ensino
Médio.
Brasília:
MEC,
2006.
Disponível
em:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_02_internet.pdf. Acesso em:
20/03/2014
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FRANCO-MARISCAL, A. J.; CANO-IGLESIAS, M. J. Soletrando o Br-As-I-L com
Símbolos Químicos. Química nova na Escola, vol. 31, nº 1, São Paulo, 2009.
HUINZIGA, J. Homo ludens: O jogo como elemento de cultura. Trad. J.P. Monteiro.
São Paulo: Editora Perspectiva, 1980.
KISHIMOTO, T. M. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 2003.
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