ISSN: 1981-3031
RELATO DE EXPERIÊNCIAS: A TV MEDIANDO A PRÁTICA DO
PROFESSOR EM SALA DE AULA
Nitecy Gonçalves Abreu1
RESUMO: este trabalho é um relato de experiências do uso da televisão como ferramenta
pedagógica nas práticas de professores e alunos do sistema educacional de ensino em Alagoas.
Objetivou analisar como ocorre a relação da interação entre os agentes do processo pedagógico,
professor/professor/aluno/aluno e televisão. Inicia-se contextualizando o projeto AL TV na sala de
aula. Apresenta uma breve discussão da televisão como ferramenta pedagógica nas práticas
escolares. Traz relatos de experiências, desenvolvidas pelos agentes do processo, alunos e
professores das escolas públicas e particulares de Maceió, mostrando as estratégias utilizadas pelos
professores e alunos na construção de práticas motivadoras em sala de aula onde a aprendizagem
se dá com a participação e cooperação dos alunos. Conclui afirmando que essas vivências de
práticas integradas entre as disciplinas, aos acontecimentos sociais, politicos e culturais, com a
participação dos jovens desenvolve a criticidade, de uma forma lúdica e atraente.
PALAVRAS – CHAVE: Televisão; Experiências pedagógicas; Ensino aprendizagem.
1. CONTEXTO DO PROJETO AL TV NA SALA DE AULA
O Projeto AL TV na sala de aula2 está na sua quinta edição e é uma
iniciativa do Departamento de Jornalismo da TV GAZETA de Alagoas, emissora
filiada a Rede Globo de Televisão cuja finalidade deste projeto é exercer o
envolvimento da mídia na promoção de debates formativos e informativos com as
escolas ajudando-as a refletir sobre modos de ser e estar na sociedade em que
vivemos, e contribuir para o desenvolvimento cultural e de melhoria da qualidade
da aprendizagem e de vida da comunidade escolar.
São objetivos do projeto:
causar na escola discussões a respeito de temáticas que envolvam as
pessoas, o bairro e a cidade;
debater problemas que afligem a comunidade, propondo intervenções;
instigar o desenvolvimento de práticas que motivem a aprendizagem dos
alunos;
criar uma via de diálogo entre TV, aluno, professor e comunidade.
O projeto está inserido no telejornal da TV Gazeta de Alagoas e se
configura da seguinte forma: são definidos em comum acordo com as escolas, oito
1
Mestre em Educação Brasileira; Componente do Grupo de Pesquisa Juventude, Formação e Escolaridade –
UFAL.
2
Coordenação geral Departamento de jornalismo da TV Gazeta de Alagoas Maria Goretti
email- [email protected]
coordenação Pedagógica:
Nitecy
Gonçalves
de
Abreu email [email protected]
temas de relevância social discutido um por bimestre durante o ano inteiro. A
partir das discussões realizadas nas escolas são produzidas reportagens
semanalmente com as escolas das temáticas e veiculadas as quintas feira no telejornal.
No final de cada bimestre são realizados programas interativos com
representações de alunos e professores de todas as escolas que aderiram ao
projeto, com três entradas ao vivo durante o tele jornal primeira edição, que vai ao
ar das 11h45’até as 12h15’. O projeto se constitui entre debates entrevistas e
depoimentos, envolvendo seguimentos da sociedade gestores professores e alunos.
Quanto à adesão da escola ao projeto, é uma iniciativa da gestão de cada
instituição escolar que se escreve no tempo definido para o projeto, que a escola
terá como responsabilidades, o comprometimento em discutir as temáticas com os
alunos na escola e participar dos programas interativos, assinando um Termo de
Adesão. O público são alunos das 6ª às 9ª séries do Ensino Fundamental e as
séries do Ensino Médio das Redes: particular, estadual e municipal e federal de
educação da cidade de Maceió- Estado de Alagoas.
A metodologia de trabalho pauta na discussão coletiva, com professores,
gestores, coordenadores pedagógicos das escolas e das secretarias de educação,
para o planejamento das grandes ações do projeto anual e trimestral, a: escolha
das temáticas que serão trabalhadas em cada trimestre pelas escolas; definição dos
cronogramas e a escolhas das escolas para a produção dos VT 3; preparação para
os programas interativos4 e a escolha dos participantes (alunos e professores) que
irão se apresentar ao vivo na TV, durante os programas de socialização das
experiências. Ocorridas nas escolas. Todas essas discussões e encaminhamentos
ocorrem em reuniões quinzenais na TV, e as deliberações e as deliberações das
reuniões, voltam para as escolas, para serem socializados com os demais
professores e inseridos na proposta pedagógica de cada escola e posteriormente
apresentados para a comunidade onde a escola está inserida. Essa aproximação
3
VT são pequenos vídeos que a TV produz nas escolas, a partir das discussões dos temas e que os alunos
geralmente apresentam para a comunidade, através de dramatizações, musicais, cordel e mímica. Estes são
exibidos
toda
quinta
feira
no
tele
jornal
primeira
edição
da
TV.
Ver
http://www.youtube.com/watch?v=5FzS0w9OBZA
4
Momentos de socialização de todas as escolas envolvidas nas discussões ocorridas durante o trimestre, com
edição
ao
vivo
no
Teatro
Marista,
envolvendo
alunos
e
professores.
Ver:
http://il.youtube.com/watch?v=r00h_DJXQN0&feature=related
entre o projeto e o trabalho que se desenvolve na escola, que é fundamental para a
aprendizagem do aluno. O acompanhamento se dá semanalmente em reunião em
cada escola para discutir sobre as práticas realizadas, como também fazer leituras
de algumas aulas práticas do uso das tecnologias em sala de aula extraidas do
Portal do Professor- MEC, a fim de subsidiar e apoiar o trabalho do professor na
utilização das novas tecnologias.
Partindo desse contexto o presente trabalho analisará algumas experiências
do projeto AL TV na sala de aula, no qual participo como coordenadora
pedagógica. Dessa maneira, torna-se necessário primeiramente contextualizar o
projeto apresentando seus objetivos funcionamento e metodologia. A partir disso,
discutir a televisão como ferramenta pedagógica, e apresentar algumas atividades
e estratégias desenvolvidas pelo projeto e alguns resultados de experiências
apresentadas pelas escolas.
2. A TELEVISÃO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA
Hoje a televisão desempenha um papel educacional relevante. Apresenta
conhecimentos valiosos que ajudam na assimilação de um determinado assunto
visto em sala de aula, passam-nos continuamente informações interpretadas,
mostram-nos modelos de comportamento, ensina-nos linguagens coloquiais e
multimídia e privilegiam alguns valores em detrimento de outros. A informação e
a forma de ver o mundo provêm parcialmente da televisão. Ela alimenta e atualiza
o universo sensorial, afetivo e ético de crianças e jovens, e permite uma forma de
aprendizado diferente (DEMO 2008). Por meio da televisão, as crianças e jovens
têm acesso a muitas informações que tratam dos mais variados contextos, muitas
vezes esses temas são apresentados de forma quebrada, descontextualizada e até
levados de intencionalidades.
Observamos que a facilidade com que os jovens interagem com a
tecnologia, impõe uma mudança de estratégias pedagógicas em sala de aula.
Atualmente, os jovens criam blogs, e-mail, atualizam perfis em redes sociais, bate
papo com amigos na internet no mundo inteiro.
A geração digital exige que a escola e o professor fiquem atentos para
escolher estratégias que possam difundir práticas inovadoras com perspectiva de
formas de aprender e de ensinar diferenciada, articulando diversos saberes, que
venham a favorecer a construção do conhecimento do aluno e professor. Segundo
Prado (2005, p. 6), essas práticas podem ser organizadas “por meio do trabalho
por projeto e da interdisciplinaridade, favorecendo o aprendizado contextualizado
do aluno e a construção do conhecimento”.
Urge a necessidade de esse professor compreender a realidade de mundo
onde seus alunos estão inseridos, mobilizar os seus conhecimentos (ou saberes),
metodologias recursos e estratégias e agir com confiabilidade no processo de
ensino e aprendizagem deles. Segundo Perrenoud (2001 p. 20) competência é o
“conjunto dos recursos que mobilizamos para agir”.
A TV é um recurso que facilita o diálogo e a identificação com o jovem e
pode, muito bem, se adaptadar na prática de ensino e trazer grandes chances de
aprendizagem, levando ao aluno a pensar ativamente sobre a informação, e fazer
escolhas. É fundamental que todas essas informações sejam mediadas pelo
professor, para que no uso dessa tecnologia sejam exploradas todas as
possibilidades de recursos que ela oferece na construção do conhecimento.
Partir para um novo fazer é um desafio e exige do professor rever algumas
questões tais como: compreender o aluno da rede pública com sua subjetividade e
ter sensibilidade sobre a realidade de vida de cada um, e dos problemas
cotidianos; ter atitude corajosa de enfrentar os desafios postos em sala de aula;
criar e planejar possibilidades para a construção do conhecimento, organizando
atividades utilizando-se das tecnologias e técnicas diferenciadas para atender a
diversidade de aprendizagem; pensar sobre o que os alunos precisam aprender
relacionando esses conhecimentos curriculares aos aspectos da vida sóciohistórico-cultural do sujeito, situações essas, que propicia ao aluno uma
aprendizagem interdisciplinar. Para Abreu (2009) essa aprendizagem com formas
de compreensão não-fragmentárias de conhecimento, é um dos princípios
emancipatórios mais relevantes para aprendizagem. Masetto (2003, p. 32), afirma
que o processo “de aprendizagem realiza-se por meio do relacionamento
interpessoal muito forte entre o aluno e o professor, aluno e aluno, professor e
professor, enfim, entre toda a comunidade escolar”.
Na inter-relação professor-aluno, os dois têm cumplicidades bem marcadas
na ação ensino-aprendizagem, e essa, depende muito da existência de harmonia
entre eles, entendendo que todo processo de diálogo e relacionamento entre
professor e aluno só favorece uma parceria satisfatória.
E essa interação entre professor e alunos, é reforçada por Prado (2005, p. 3)
que essa influência dar muitos “significados as situações de aprendizagem
vivenciadas pelos alunos”. Nesse aspecto, é fundamental que o professor como
mediador da aprendizagem, tem que planejar e refletir a atividade que o aluno irá
desenvolver. Formar não é repassar conhecimentos e sim criar possibilidades para
que o aluno mobilize o seu conhecimento. Como afirma Demo (2001, p. 33) “a
aprendizagem adequada é aquela efetivada dentro do processo de pesquisa do
professor, no qual ambos – professor e aluno – aprendem, pensam e aprendem a
aprender”. A pesquisa como fonte para a reconstrução do conhecimento e o seu
resultado deverá ser produto de interpretação e reconstrução.
A Investigação é a procura da informação a partir de várias fontes,
analisadas sob diferentes jeitos, tanto para aprender como para ampliar a
informação. Por tanto é uma atividade que está presente em diversos momentos do
cotidiano do aluno e pode ser alcançada individualmente ou em grupo.
Preparar nossos alunos para uma constante busca do conhecimento não é
uma tarefa tão fácil, alunos e professor devem participar concomitantemente de
todo o processo escolar, em que ambos ensinam e aprendem. Nesse sentido, é
necessário que tanto o aluno quanto o professor se utilizem da pesquisa como
prática cotidiana e que as técnicas de pesquisa sejam discutidas e elaboradas para
que esta seja um processo consciente.
Ensinar não se limita a impregnar dado ou apontar apenas um caminho,
aquele caminho que o professor analisa o mais correto, mas é ajudar o aluno a
tomar consciência de si mesmo, dos outros e da sociedade. É sabedoria aceitar-se
como pessoa e saber aceitar os outros. É apresentar diferentes ferramentas para
que o aluno possa eleger entre muitos caminhos, aquele que for ajustado com seus
valores, sua visão de mundo e com conjunturas adversas que cada um irá
encontrar. Nessas perspectivas, é fundamental que o professor instrua a seus
alunos como pesquisar e que, primeiramente, apresente temas que despertem o
empenho deles. Dessa maneira, estará contribuindo para despertar nos alunos o
gosto pela pesquisa, pela leitura, consequentemente pela escrita.
A televisão é um recurso tecnológico que facilita o diálogo e a
identificação com o jovem e podem, muito bem, se adaptadar na prática de
pesquisa e do ensino do professor, e trazer grandes chances de aprendizagem,
levando a aluno a pensar ativamente sobre a informação, e fazer escolhas. Levanta
propostas alternativas para o estabelecimento de relações entre estas instituições,
que tragam prazer, sentido e significado à vida dos estudantes. A importância do
projeto está articulado ao projeto político-pedagógico da escola que contribui para
a tomada de atitudes e decisões fundamentais para o andamento e sucesso do
projeto na escola.
Desse modo, apresentarmos algumas atividades desenvolvidas pelos agentes
do processo pedagogico do proeto e alguns resultados de experiências
apresentadas por eles.
3.
OS
AGENTES
DO
PROCESSO
PEDAGÓGICO
DO
PROJETO
O trabalho que discorre balizará a relatar a relação da interação entre os
agentes do processo pedagógico, professor aluno, aluno TV professor que
segundo Masetto (2003, p. 48) “se destaca como fundamental no processo de
aprendizagem, e se manifesta na atitude de mediação pedagógica do professor”.
Essa atitude de parceria, comprometimento e o desempenho do professor em
busca de estratégias de como apresentar uma nova forma de tratar o conteúdo da
sua disciplina, é que ajuda de fato, o aluno a pesquisar e colher informações.
Nessas perspectivas, em janeiro de 2010, o projeto ALTV na sala de aula
que já se encontra na quinta edição, priorizou que todas as atividades de
aprendizagem, durante este ano, estão voltadas para o desenvolvimento de
estratégias pedagógicas tendo como foco, a escrita e a leitura em sala de aula.
Essa iniciativa do projeto tem como objetivos mobilizar e envolver toda
comunidade escolar na discussão e reflexão dos acentuados indicadores
educacionais da educação em Alagoas no que se refere a aprendizagem dos
alunos. Dados fornecidos pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) de 2002,
Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), Exame Nacional do Ensino
Médio (ENEM) e Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA): “Os
estudantes brasileiros não dominam habilidades básicas como leitura, escrita e
matemática”. Apartir das reflexões desses dados, os encaminhamentos do projeto
para este ano, foi priorizar metodologias que envolvam os alunos em estratégias
de leitura e escrita nos temas escolhidos e discutidos nas escolas. O objetivo é
que, na organização do trabalho pedagógico da escola, engaje o máximo de
professores e gestores, na busca de discutirem situações didáticas lúdicas que
favoreçam o dominio de práticas e projetos de leituras no interior da escola, para
garantir a formação das nossas crianças e dos jovens adolescentes.
Estudar e registrar, na acepção da construção da oração, demanda um
exercício constante, que envolvem muitos atores, e que somente é verificado com
o tempo. Na escola em todos os niveis, e modalidades de ensino, os professores
devem despertar no aluno o prazer da leitura e da escrita, orientando-o na
introdução de novos ambientes e recursos tecnológicos e textuais segundo seu
crescimento intelectual. Instruir os alunos a ler e escrever é um dos pontos
centrais dos afazeres da escola. A leitura e a escrita são aspectos fundamentais
para que os alunos desempenhem seus direitos, possam trabalhar e participar da
sociedade com cidadania, se informar e aprender coisas novas ao longo de toda a
vida. O processo de discussão para a escolha dos temas e as estratégias de leituras a ser
desenvolvidas em salas de aula, enfocando as temáticas definidas para o ano comforme
expressas no quadro acima, passou por realização de três oficinas de trabalho, uma a cada
trimestre, e durante as oficinas, contamos com média de 50 professores de variadas
disciplinas. A metodologia das oficinas se baseou na leitura e reflexão dos textos: TV
como instância de Letramento5, as Estratégias de Leitura para o Ensino fundamental e
Médio6, Alguns Procedimentos de Apoio a Leitura7, Estratégias de leitura para o ensino
fundamental de 5ª à 8ª série e ensino médio8 para subsidiar aos professores das escolas
uma discussão mais pedagógica sobre a relação entre televisão e o conhecimento e
algumas dicas de como planejar atividades de leituras de forma dinâmicas e lúdicas de
aprendizagem.
Como também os professores elaborarem um pré projeto de como as
temáticas escolhidas serão trabalhadas em cada escola. Todas essas discussões e
encaminhamentos ocorridos nas oficinas foram retornados as escolas para serem
5 Artigo de Denise Lima de Araujo (2002). Ver http://www.usp.br/comueduc/index.php/comueduc/article/view/596/593
6 Ver: Solé, 1998.
7
Revista Escola Fevereiro/Março 2010
8
Ver: http://pt.netlog.com/valdecicantanhede/blog, Acesso em 4 de outubro de 2010
rediscutidas entre gestores e professores e incluidas na proposta pedagógica da
escola.
3.1 Relatos das experiências no tema Cultura Brasileira
Os resultados das discussões nas escolas sobre o tema Cultura Brasileira9,
cada escola com metodologias diversificadas, e diferentes estratégias, trabalharam
a temática em sala de aula envolvendo os alunos, pais, e a comunidade escolar,
utilizou-se em cada turma os diferentes suportes textuais: jornal, revista, internet,
música, filme, TV e debates. Todas essas ferramentas tecnólogicas foram
abordadas em turmas de alunos do ensino médio e fundamental, onde o aluno
desenvolveu, de forma livre e criativa, a sua autonomia com produção de textos,
dramatizações, paródias, poesias, contos. As figuras 1, 2 abaixo retratam a
pesquisa feita pelos alunos da 5ª e 6ª série do ensino fundamental sobre a Cultura
Alagoana, como também a produção do figurino para apresentar o folclore do
guerreiro e os alunos no programa interativo.
Figura 1 alunos participantes do projeto
figura 2 alunos participantes do projeto
Fonte Arquivo Pessoal -2010
Figura 2 Arquivo Pessoal 2010
Figura 3. Apresentação teatral de alunos participantes do projeto
Fonte: Arquivo Pesoal – 2010
Esta figura 3 retrata uma apresentação teatral da nova reescrita do romance
“Vida Secas” do escritor Alagoano Graciliano Ramos, pelos alunos de ensino
médio, a qual foi intitulada de “Secas Vidas”. Os alunos fizeram sua autobiografia
a partir do que o escritor escrevera e segundo o aluno Jaime (2010),
9
Ver: http://il.youtube.com/watch?v=r00h_DJXQN0
a escolha deste romance foi para dizer que hoje, não podemos
falar que a vida é seca, só por falta de água segundo o autor,
mais, para acrescentar a seca da educação, do lazer, do
emprego, da sobrevivência da juventude, eu considero que nós
alunos temos uma “Secas Vidas” nesta sociedade.
A leitura literária proporciona segundo Damasceno em sua dissertação de
mestrado (2010), ao aluno entender a realidade e ampliar a sua visão de mundo.
Essa condição que a leitura literária tem de promover no individuo de ser capaz de
analisar os fatos e relacionar com o seu cotidiano o torna um questionador no seu
meio. A retratação que o escritor Graciliano Ramos faz da realidade do sertão
nordestina e brasileira não só da época em que o livro foi escrito, mas como até
nos dias de hoje tais como injustiça social, miséria, fome, desigualdade social,
seca, a grande injustiça com a juventude, como bem reflete o aluno. O que nos
remete a ideia de que o homem se animalizou sob condições sub-humanas de
sobrevivência.
Em depoimento a diretora desta escola, professora Marli Acioli, afirma que
a validade do projeto, está no poder de moblização, e que o projeto ajudou muito a
resgatar a alta estima dos alunos, e para a professora,
Essa nova versão dada ao romance de Graciliano Ramos pelos
os alunos de ensino médio foi apresentada no pátio da escola,
para os pais e a comunidade escolar, foi tão emocionante! que
nós choramos com a mensagem do texto criado e encenado
pelos alunos. Esssa participação da escola no projeto vem
ajudando na motivação dos alunos a estudar e a evasão escolar
vem diminuindo muito.
A participação dos alunos nas atividades do projeto faz muito sucesso na
comunidade e na escola que muito vem ajudando a melhorar a auto-estima dos
alunos, que hoje já sente orgulho de pertencer a escola como também a zelar pela
escola, onde estavam adquirindo conhecimento e aprendendo a ser cidadãos.
3.2. Relatos das experiências do tema Meio Ambiente Cultura e Lixo10
As crianças do Colégio Saint Germain, localizada no município de Maceió
aprendem a importância da coleta do lixo seletiva. Segundo a coordenadora
pedagógica do Colégio, a ideia do projeto “Coleta seletiva do lixo” partiu dos
10
Relatos de experiências das escolas no segundo programa interativo 2010 Meio Ambiente Cultura e lixo
Ver: http://gazetaweb.globo.com/v2/videos/video.php?c=8040
alunos, professores e gestor, e as primeiras ações do projeto foi conhecer o lixão
de Maceió, a cooperativa dos catadores e discutir em casa, a questão da separação
do lixo. A professora salienta ainda a importância dessa discussão chegar na casa
dos alunos, pois sabemos que o lixo domiciliar é constituído basicamente por:
embalagens plásticas, de metal, de vidro, de papel e de papelão; jornais, revistas;
restos de alimentos; produtos deteriorados e uma grande variedade de outros itens.
O lixo comercial por: papel, papelão e embalagens em geral. A partir desses
geradores, o lixo se transforma em matéria-prima para os catadores, protagonistas
deste trabalho.
Ao longo destes dois anos e meio de projeto na escola, os resultados obtidos
são variados e ricos, várias iniciativas foram implementadas e os resultados foram
indicando quais os melhores caminhos a percorrer. Os alunos do Colégio do 6º
ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio em 2010 visitaram 15
residências que ficam no entorno da escola e mobilizaram 200 pessoas em prol da
separação do lixo e criaram postos de entregas para a cooperativa dos catadores.
Juntos aos seus familiares os alunos nas suas residências começaram a
selecionar o lixo e levar para a cooperativa; formaram parcerias entre a
comunidade e a cooperativa (COOPREL), situada na via expressa, possibilitando
que os moradores pudessem ter seu lixo destinado para o local certo e os catadores
um aumento na arrecadação do material melhorando o aumento de renda dessas
pessoas. Na figura 4 abaixo, pode-se visualizar uma visita dos alunos do colégio
Saint Germain na cooperativa de catadores de lixo.
Figura 4. Alunos participantes do projeto em visita a cooperativa de catadores
Fonte: Arquivo da escola 2009
Avalia-se a visita domiciliar como um importante instrumento para a
orientação das familias na separação do lixo. A separação do lixo para a coleta
seletiva exige mudança de hábitos da comunidade, trata-se da junção de esforços
de todos os envolvidos na escola e na comunidade. O trabalho realizado merece
destaque no que se refere à receptividade dos alunos, professores, funcionários e
moradores, o que se torna estímulo para a continuidade do trabalho, e demonstra
como é possível concretamente realizar a coleta seletiva.
Os resultados positivos no que se refere a mudanças de atitudes das crianças
em relação ao meio ambiente, ao relacionamento entre elas, à solidariedade e
conscientização de cidadania, possibilitam aos alunos maior compreensão da
preservação do meio ambiente na utilização e transformação do material
reciclado. A parceria da escola com a Cooperativa (COOPREL) que é formada
atualmente por 20 cooperados, o que significa, por conseguinte a geração de renda
direta para 20 famílias, aproximadamente 150 pessoas, que têm na cooperativa sua
única fonte de renda, possibilitou alguns encaminhamentos dados pela escola: a
escola destina cestas de alimentos para os vintes cooperados; todos os anos
organizam o Natal, e destina toda a coleta do lixo da escola para a cooperativa.
O professor Walber da escola SESI salienta que o projeto no SESI, tem a
finalidade de motivar a leitura e a escrita dos alunos, partindo do próprio contexto
dos mesmos. Como isso, foi possível eles (os alunos) criarem e recriarem textos
músicas paródias com muitas facilidades11. As metodologias que os professores
dessa escola empregaram para motivar os alunos a escrever e ler, foram
fotografias tiradas pelos alunos e professores dos esgotos que ficam localizados no
caminho dos alunos para a escola. As atividades foram distribuídas da seguinte
forma: foram formados vários grupos de quatro alunos da 5ªe 6ªsérie do ensino
fundamental, e cada grupo teve que escrever e ler o quê via nas fotos. O
movimento obedecia à seguinte dinâmica: os alunos que havia escrito de maneira
correta faziam correção dos alunos que fizeram a escrita de maneira incorreta.
Simultaneamente as atividades, os professores salientavam a importância de
se ter muito cuidado com esses materiais, pois a natureza leva muito tempo para
extinguir certos tipos de lixos como: papel, tecido, filtro de cigarro levam cinco
anos; chiclete, cinco anos; madeira pintada, treze anos; nylon, mais de trinta anos;
plástico, mais de cem anos; metal, mais de cem anos; borracha, tempo
indeterminado e vidro, um milhão de ano. Os alunos impressionados com a
duração que a natureza leva para extinguir certos tipos de lixos se mobilizaram
11
Projeto desenvolvido pela escola SESI 2010 Ver:
http://gazetaweb.globo.com/v2/videos/video.php?c=7452
elaborando um glossário com todas as palavras escritas por eles durante os
estudos das fotografias e uma cartilha parafraseando os tipos de lixos encontrados
no esgoto e distribuiram na comunidade, como também fizeram um mobilização
na escola contra os descartáveis.
Na figura abaixo (5), observamos um momento de socialização de
experiências dos alunos realizada no teatro Marista em Maceió.
Figura 5. Representações de alunos participantes do projeto no programa de socialização
Fonte: Arquivo Pessoal 2010
Esses momentos de socialização do projeto que a figura 5 retrata são muitos
ricos. Professores e alunos têm a oportunidade de criar e desenvolver suas
próprias mensagens na condição de elementos atuantes com o poder de
personalizar seu próprio discurso, as escolas se encontram para uma manhã de
formação e informação entre professores alunos e pesquisadores.
Os alunos do ensino fundamental da noite na modalidade de
Jovens e
Adultos do Instituto Federal de Alagoas nessa temática, participaram
apresentando uma investigação ambiental sócio econômica das regiões do Dik
Estrada12 e Marechal Deodoro, expondo os resultados obtidos nos estudos em
forma de cartazes e fotografias13. Como parte do trabalho ainda foi desenvolvida
uma oficina e uma exposição. Esses momentos de socialização do projeto que a
figura 5 retrata são muitos ricos. Professores e alunos têm a oportunidade de criar
e desenvolver suas próprias mensagens na condição de elementos atuantes com o
poder de personalizar seu próprio discurso, as escolas se encontram para uma
manhã de formação e informação entre professores alunos e pesquisadores.
A escola Adventista14 desenvolveu várias metodologias da pesquisa
mobilizando um contingente muito grande de alunos, incluindo em grande parte
12
Comunidades carentes cercadas por favelas.
13
Ver: http://gazetaweb.globo.com/v2/videos/video.php?c=7133
14
Ver: http://gazetaweb.globo.com/v2/videos/video.php?c=7748
das suas apresentações decoração de roupas utilizando garrafas pet, jogos e
brincadeiras. As professoras decidiram ir além das brincadeiras e os alunos
fizeram panfletagem na comunidade. O projeto nesta escola já se encontra no
segundo ano, e de acordo com a professora, atividades como essas, motivam a
aprendizagem dos alunos. Segundo a professora um dia de filmagem na escola é
uma grande festa da garotada da comunidade e da família. E todas as atividades
desenvolvidas permitem trabalhar não só o desenvolvimento da linguagem oral,
como também o da escrita. Eles mesmos fazem o roteiro de apresentação para as
dramatizações, a construção de cartazes, etiquetas convites e dos figurinos.
Figura 6 e 7 alunos participantes do projeto encenando a preservação a natureza
Fonte: Arquivo Pessoal 2010
Fonte: arquivo pessoal 2010
Espetáculo preparado pelos estudantes durante a realização do Projeto
Preservando a Natureza em 2010, com alunos do ensino fundamental da escola
Marista Maceió. A peça apresentada pelo Grupo “Presevando a natureza”, diáloga
com as plantas e enfatiza a temática de Educação Ambiental, Meio Ambiente e
qualidade de Vida, com o objetivo de desenvolver junto aos alunos temas relativo
à preservação da natureza, de forma a envolvê-los em assuntos como a
importância de não destruir as plantas, estimulando-os na mudança de atitude na
relação homem/sociedade/natureza. Esta apresentação ocorreu no Teatro Marista
Maceió 2010, no periodo da manhã com alunos do próprio colégio durante a socialização
da temática.
4. Considerações Finais
A partir das discussões realizadas nos itens anteriores somadas a minha
experiência no projeto ALTV na Sala de Aula, o trabalho finaliza com as
seguintes considerações: boa repercussão na sociedade. Prova disso são as
ligações e mensagens que a coordenação pedagógica e a equipe de jornalismo
recebem de instituições, diretores e professores de escola do interior do estado
propondo engajamento no projeto; vem propiciando relação de engajamento
aluno/professor/professor das
diversas disciplinas e escolas; professores,
coordenadores e gestores das escolas, vêm buscando alternativas, e estratégias
para inserir
as temáticas no currículo da escola através da metodologia de
projeto;Vem se constatando nas escolas a diminuição da evasão.
REFERÊNCIAS
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dos professores de ensino médio da rede estadual e a reforma curricular: um
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maio/set.
de
2002.
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http://www.usp.br/comueduc/index.php/comueduc/article/view/596/593
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SOLÉ, Izabel Estratégias de Leitura. Artimed 1998
NOTAS
1. Coordenação geral do projeto Maria Goretti email [email protected] coordenação
pedagógica Nitecy Gonçalves de Abreu email [email protected]
2. VT são pequenos vídeos que a TV produz nas escolas, a partir das discussões dos temas e
apresentam para a comunidade, através de dramatizações, musicais, cordel e mímica. Estes são
exibidos
todo
sábado
no
tele
jornal
primeira
edição
da
TV.
Ver
http://www.youtube.com/watch?v=5FzS0w9OBZA
3 Video do programa interativo que ocorre a cada final do trimestre disponível em:
http://il.youtube.com/watch?v=r00h_DJXQN0&feature=related
4- Texto de Denise Lima de Araujo (2002). A TV como instância de letramento. Disponivel em:
http://www.usp.br/comueduc/index.php/comueduc/article/view/596/593 acesso 5 de janeiro 201
5 Livro Estratégias de Leiutra Izabel Solé, 1998.
6.Texto Procedimentos de leitura disponivel em:
http://revistaescola.abril.com.br/gestaoescolar/coordenadorpedagogico/alguns-procedimentosapoio-leitura-532656.Acesso em 5 de janeiro 2010
7. Texto Estratégias de leitura para o ensino fundamental de 5ª à 8ª série e ensino médio disponivel
em: http://pt.netlog.com/valdecicantanhede/blog, Acesso em 5 de janeiro de 2010
8 Relatos de experiências das escolas no primeiro Programa interativo 2010, tema Cultura
Brasileira Ver: http://il.youtube.com/watch?v=r00h_DJXQN0
9. Relatos de experiências das escolas no segundo programa interativo 2010, tema Meio Ambiente
Cultura e lixo Ver: http://gazetaweb.globo.com/v2/videos/video.php?c=8040
10 Projeto desenvolvido pela escola SESI 2010 ver video
http://www.youtube.com/watch?v=bmqc68fJVTs&feature=player_embedded
11. Comunidades carentes em Maceió cercadas por favelas.
12. Video do projeto desenvolvido em 2010 pelo Instituto Federal de Educação Maceió. Ver:
http://gazetaweb.globo.com/v2/videos/video.php?c=7133
13. Video do projeto desenvolvido em 2010 pela escola Adventista Maceió. Ver:
http://gazetaweb.globo.com/v2/videos/video.php?c=7748
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A TV MEDIANDO A PRÁTICA DO PROFESSOR EM SALA DE AULA