Introdução ao conteúdo discutido na Oficina 4
Saúde Mental e Trabalhadores de Transporte
Coordenação: Rita de Cássia Araújo
Na Oficina Saúde Mental e Trabalhadores nos Transportes foram apresentados
resultados de pesquisas desenvolvidas com caminhoneiros, motoristas de ônibus,
motofretes, aviadores e controladores de tráfego aéreo. Essas pesquisas, oriundas da área de
Saúde do Trabalhador vêem sendo produzidas nos últimos 10 anos, vinculadas, em sua
maioria, a universidades e instituições como Sindicatos e Fundacentro. Os pesquisadores
envolvidos têm buscado compreender os processos de trabalho e de saúde-doença e suas
determinações sociais. A Oficina cumpriu com o objetivo de promover o encontro de
profissionais que apresentaram os resultados de suas pesquisas, apontando a íntima conexão
que vincula desgaste humano e saúde mental à questão da segurança nos meios de
transporte.
A problemática da saúde mental e do trabalho nos transportes foi discutida na Oficina como
um problema de saúde pública, com raízes sistêmicas (interdependentes). As discussões
com os participantes foram profícuas e amplamente democráticas no estabelecimento do
diálogo.
Merece destaque a situação de pressão sobre o tempo de trabalho – comum a todas as
categorias estudadas, de caminhoneiros, motoristas de ônibus, motofretes, aviadores e
controladores de tráfego aéreo. As exigências do “fazer contra o tempo” aparecem como
“armadilhas” para as pesquisas sociológicas. Já que os riscos na área dos transportes, por
vezes são geradores de catástrofes. Qualquer que seja o meio de transporte, parte-se do
princípio de que todas as medidas de segurança estejam equacionadas tanto para os
passageiros como para os trabalhadores. O risco decorrente de acidentes no transporte não
é uma questão restrita à saúde do trabalhador, não podendo ser atribuído a uma ação
essencialmente individual.
A Oficina foi profícua no sentido da apresentação de resultados de pesquisas científicas que
foram amplamente disponibilizados aos trabalhadores constituindo-se em importante
instrumento para a mudança de paradigma de exercícios profissionais com alto conteúdo de
riscos. Por outro lado, discutiu-se sobre a necessidade da investigação criteriosa das causas
geradoras de acidentes de transporte com mortes. Assim como, importância da devolução
das conclusões à sociedade, de forma democrática e ágil. A transparência desse processo
foi apontada como forma de coibir os interesses desmedidos pelo lucro das empresas em
detrimento da segurança. Foi ressaltado que o arcabouço constitucional brasileiro prevê,
nos casos de acidentes de transporte, a defesa dos interesses das vítimas, por parte do
Ministério Público dos Estados.
Finalmente, para mudar o cenário gerador de insegurança social na área do transporte há
que se melhorar a eficácia das políticas públicas de saúde e o controle social, com suas
raízes sistêmicas interdependentes. É indispensável a informação e conscientização da
sociedade civil organizada e motivada para sua plena participação nas decisões que afetam
sua saúde e seu bem estar.
Seminário Nacional de Saúde Mental e Trabalho - São Paulo, 28 e 29 de novembro de 2008
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Oficina 4 - Introdução Rita de Cássia.rtf