ASPECTOS FITOSSOCIOLÓGICOS DO BOSQUE RODRIGUES ALVES JARDIM BOTÂNICO DA AMAZÔNIA, 15 HECTARES DE FLORESTA PRESERVADA EM MEIO AO ESPAÇO URBANO DA CIDADE DE BELÉM. 1 CONTENTE, FLÁVIO A. DA S. PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM / SEMMA / DGAE / Cooderadoria de flora E-MAIL: [email protected] Introdução A Amazônia se constitui como a maior área de biodiversidade no mundo, desde a chegada das primeiras expedições na era do descobrimento, até os dias atuais causa fascínio pela grande exuberância de seus elementos bióticos e abióticos, porém, ao longo de sua história vem recebendo acentuada pressão antrópica, pondo em risco sua própria existência. Assim, intensificar as pesquisas deve ser uma prioridade das instituições acadêmicas e científicas, fundamentando os conhecimentos da dinâmica biológica da região. O Bosque Rodrigues Alves - Jardim Botânico da Amazônia, é um resquício de floresta primária de 15 hectares localizado em meio ao espaço urbano da cidade de Belém, além de abrigar espécies da fauna e flora amazônica, administrado pela Prefeitura Municipal de Belém através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA), representa um importante logradouro público com um legado de mais de dois séculos. Desde sua fundação em 1883 o bosque vem recebendo influencias dos períodos históricos ocorridos na região, porém sem perder sua beleza cênica, nem a importância para as ciências naturais que motiva a constante visitação de pesquisadores de várias partes do mundo e subsidia práticas educacionais nos diversos níveis. Para a manutenção de suas atividades e ações, no entanto, é 1 PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM/SEMMA/DGAE – e-mail: [email protected] necessário que se desenvolva cada vez mais as atividades de pesquisa, no sentido de se compreender de forma científica o comportamento da sucessão ecológica existente no fragmento, e assim subsidiar discussões na formulação de diretrizes científicas e pedagógicas de proteção e defesa da biodiversidade amazônica. Visando avaliar alguns aspectos fitossociológicos de um fragmento de floresta de terra firme na Amazônia oriental, foi realizado um censo florestal com georeferenciamento dos indivíduos arbóreos com padrão de DAP ≥ 10cm, com mapeamento topográfico total da área. O tipo climático obedece ao padrão Afi, de acordo com a escala de Koppen, caracterizado por temperatura média anual de 25,9ºC (Variando entre 21ºC e 31,6ºC); umidade relativa do ar de 90% e precipitação pluviométrica de 2.900mm/ano. O relevo apresenta-se plano, com planialtimetria indicando pequeno declínio de 1 metro, o solo apresenta predomínio de latosolo amarelo e a vegetação é constituída por árvores de grande porte, com altura variando entre 25 a 40 metros. As copas das árvores são distribuídas de forma regular e o sub-bosque apresenta-se aberto, com luminosidade variando da baixa a regular. Material e Métodos Como forma de organização a área foi dividida em 03 quadrantes com cerca de 3,75ha, onde foi realizado levantamento botânico e fitossanitário, para a classificação botânica foram realizadas consultas a bibliografias especializadas além de comparações de excicatas no HERBARIO – IAN/Laboratório de Botânica /EMBRAPA – AMAZÔNIA ORIENTAL. Para a análise fitossociológica foi utilizado o software FITOPAC, desenvolvido pela Universidade de Campinas - UNICAMP e cedido para utilização pelo setor de flora do Jardim Botânico Bosque Rodrigues Alves pela Universidade Federal Rural da Amazônia UFRA, o mapa da alocação espacial das espécies foi digitalizado em sistema CAD armazenando os pontos topográficos e chavenado com dados alfanuméricos individualmente cada elemento arbóreo, para cada espécie foi utilizado coloração diferente totalizando 309 cores. Resultados e Discussão foram registrados 4987 indivíduos arbóreos classificados em 50 famílias, 194 gêneros e 309 espécies a área basal total resultou em 594.506m2 e uma freqüência de 333 árvores/ha. Do total de 309 espécies identificadas, 67 aparece com apenas um indivíduo representativo, correspondendo com 21,68% do total, 94% representam espécies nativas, Eschweilera Coriacea destaca-se em (IVI e IVC), seguida por: Simarouba Amara, Cariota Urien, Vochysia Guianensis, Erisma Uncinatum, Enquanto Que As De Menos Destaque São: Parkia Multijuga, Matayba Arborescens, Licania Longistyla, Dequelia Stelecantha. Dentre as famílias com mais alta diversidade se destaca a Leguminosa pelo maior número de plantas (39,2 Ind/ha) e 18,56% de Gêneros e 17,42% do total de espécies. A análise gráfica da comunidade indicou comportamento sucessional em boa condição de “J-invertido”, onde apresenta 65,21% dos indivíduos ocorrendo na escala de 10 a 30cm de DAP, garantindo assim bom estoque de floresta. Conclusão Apesar de ser um fragmento florestal de 15ha o Bosque Rodrigues Alves – Jardim Botânico da Amazônia, apresenta uma boa diversidade de espécies arbóreas, e uma condição sucessional ecológica boa, garantindo o equilíbrio de existência para a área, mesmo com a pressão que a cidade exerce e a ação antropica de 120 anos. Ressalta-se, que as informações geradas a partir do trabalho são utilizadas em projetos de educação ambiental, subsidiando as ações e atividades de formação acadêmica e social. Bibliografia Costa, R. B.: Fragmentação Florestal e Alternativas de Desenvolvimento Rural na Região Centro Oeste, 2003. Sociedade Botânica do Brasil: 51º. Congresso Nacional de Botânica, Anais de Resumos, ano 2000. Vasconcelos, P. C. S.: Fitossociologia de uma vegetação em sucessão secundária, no vale do Paraíba, São Paulo. Universidade de Viçosa – MG, 1992. Jardim, C. S.: Comportamento da Regeneração Natural de Espécies Arbóreas em Diferentes Intensidades de Desbastes por Anelamento, na Região de Manaus. São Paulo. Universidade de Viçosa – MG, 1995. Sociedade Botânica do Brasil: 51º. Congresso Nacional de Botânica, Anais de Resumos, ano 2003. Palavras-chave Fitossociologia, Floresta, Cidade, Urbano.