Densidade de Plantio de Rúcula, em Sistemas de Cultivo Protegido. Danielle Souza Pegado1; Sérgio Antônio Lopes de Gusmão2; Walter Vellasco Duarte.Silvestre2; Paulo Roberto de Andrade Lopes2; Mônica Trindade Abreu de Gusmão2; Carla Leticia Pará da Silva3; Sandra Gonçalves Ferreira3; Loana Fernanda da Silva Santana3. Bolsista PIBIC/UFRA, 2Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) - Depto. Fitotecnia, Av. Pres. Tancredo Neves, 2501, 66.077-530, Belém-PA, [email protected]; 3Estudante de graduação em Agronomia da UFRA 1 RESUMO O presente trabalho foi desenvolvido em área do Núcleo de Capacitação e Pesquisa em Horticultura da Universidade Federal Rural da Amazônia, em Belém do Pará, com o objetivo de estudar os efeitos de diferentes espaçamentos (5 x 10 cm e 10 x 10 cm) e as características de desenvolvimento da rúcula (Eruca sativa) em cultivo protegido tipo capela e túnel baixo e em condições de campo. Os experimentos foram conduzidos em parcelas sub-divididas, com quatro repetições. A adubação de plantio foi feita com adição de 5,0 L de cama de aviário e 133 g de Yoreen, por m2 de canteiro. A densidade de 5 x 10 cm foi superior àquela obtida com 10 x 10 cm na característica de produção por unidade de área, o túnel baixo mostrou-se mais indicado para o nível de agricultura da Amazônia. Palavras-chave: Eruca sativa, espaçamento, ambiente protegido ABSTRACT Density of roquette planting, in systems of protected cultivation. The present work was developed in area of the Nucleus of Training and Research of the Rural Federal University of the Amazonian, in Belém-Pará, with the objective of studying the effects of different spacings (5 x 10 cm and 10 x 10 cm) and the characteristics of development of the roquette (Eruca sativa) in cultivation protected type chapel, in low tunnel and in field conditions. The experiments were driven in sub-divided portions, with four repetitions. The planting manuring was made with addition of 5,0 L of aviary bed and 133 g of Yoorin, for m2. The density of 5 x 10 cm was superior than obtained with 10 x 10 cm in the production characteristic for unit of area. The low tunnel had showed more suitable for the level of agriculture of the Amazonian. Keywords: Eruca sativa, spacing, protected environment A produção de hortaliças na Amazônia é considerada a mais baixa do País. Na última década houve um aumento significativo de pequenos produtores de hortaliças na região metropolitana de Belém, sendo responsáveis pela produção de algumas hortaliças folhosas e condimentares, principalmente alface, coentro, jambu e couve sendo as demais oriundas da importação de outros estados. Temperaturas altas e elevada precipitação pluviométrica dificultam a adaptação de diversas variedades olerícolas na região, aumentando a quantidade de insumos utilizados e a incidência de pragas e doenças, elevando assim, o custo de produção. Por isso, os produtores evitam correr riscos maiores, investindo apenas no cultivo protegido de algumas folhosas, possibilitando com isso a produção durante todo o ano, obtendo produtos de melhor qualidade, maior produção, diminuição do uso de adubos e agrotóxicos e redução do ciclo das culturas (Gusmão,2001; Sganzerla, 1997). Entretanto, na Amazônia esta técnica vem sendo pouco utilizada baseando-se ainda em recomendações de pesquisas de outras regiões, com condições edafoclimáticas totalmente diferentes do Trópico Úmido. Em alguns municípios produtores de hortaliças do Estado do Pará, que utilizam técnicas de plasticultura, principalmente com o cultivo protegido, na produção de olerícolas folhosas, a construção de estruturas é inadequada para condições climáticas da Amazônia. A rúcula (Eruca sativa), também conhecida como mostarda persa é uma Brassica, suas folhas são compridas, pouco espessas de coloração verde escura e limbo recortado, sendo comercializada em maços. Tem sabor picante, embora seja mais forte e mais amargo. A colheita é realizada normalmente 40 a 50 dias ápos a semeadura. É rica em proteínas, vitaminas A e C e sais minerais, principalmente cálcio e ferro. Também é um excelente estimulante de apetite. Quando fresca, as folhas são bem verdes, firmes e viçosas. Se amareladas, murchas ou com pequenos pontos pretos, já não servem para o consumo (Trani & Passos, 1998). Na culinária, o uso da rúcula é um pouco restrito devido ao seu sabor tão forte que elimina o dos outros alimentos. No entanto, é um excelente complemento de refeições mais pesadas, como carne de porco. Pode ser preparada crua, em saladas, ou refogada, preparo excelente para recheio de pizzas. Embora a rúcula seja considerada uma hortaliça mais adaptada a condições de clima ameno, há grandes chances de que a mesma possa ser cultivada com sucesso na Amazônia, tornando-se uma nova opção de cultivo regional, uma vez que a hortaliça é comercializada por preço bem compensador. MATERIAL E MÉTODOS O projeto foi desenvolvido em área do Núcleo de Capacitação e Pesquisa em Horticultura da Universidade Federal Rural da Amazônia, no período de dezembro 2003 a janeiro de 2004. Foram feitos cultivos em casa de vegetação (modelo capela), em túnel baixo e em condições de campo. O túnel foi construído com bambu, em forma de arco, nas dimensões de 1,0 x 1,10 m. Os espaçamentos da cultura foram de 10x10 cm e 5x10 cm. Foram feitos canteiros de 8,0 x 1,0 m, com 0,20 m de altura. A adubação de plantio foi feita adicionando-se 5,0 L de cama de aviário e 133 g de Yoreen, por m2 de canteiro. Foram feitas semanalmente adubações via foliar com adubo foliar completo. A irrigação foi feita por aspersão, duas vezes ao dia. A semeadura foi direta nos sulcos de cultivo, com posterior desbaste, para os espaçamentos determinados. Foi feito apenas controle preventivo de paquinha (Neocurtilla hexadactyla), através do uso de iscas. Os experimentos foram conduzidos em parcelas subdivididas, com quatro repetições. Cada parcela teve uma área 1,0m x 1,0m, sendo avaliadas 20 plantas por parcela. Utilizou-se como parcela o ambiente de cultivo e sub-parcela a densidade. Foram analisados o peso médio de plantas, o número de folhas por planta e a área foliar. Os resultados foram analisados por meio de análise de variância e teste de Tukey a 5%, para comparação das médias. RESULTADOS E DISCUSSÃO Não foi possível avaliar as características de desenvolvimento da rúcula em condições de campo, devido a cultura não ter suportado as altas precipitações de chuvas ocorridas no período do experimento. Também houve um maior nível de danos provocado por paquinha (Neocurtilla hexadactyla), uma vez que as medidas de combate eram prejudicadas pelas chuvas. Segundo os dados obtidos (Tabela 1), pode-se constatar que a produção em túnel baixo foi superior na maior densidade em relação aos demais tratamentos. Gusmão et al. (2000), avaliando a densidade de tomate cereja, verificou que um maior adensamento promoveu maior produção por área. O túnel baixo têm sido utilizado principalmente em cultivo de espécies de pequeno porte, no outono e inverno. Em comparação às casas de vegetação, são estruturas de mais fácil construção, de menor custo e exigem um manejo mais intenso (Buriol et al., 1993). Para as condições amazônicas há a necessidade de promover adaptações que permitam a circulação de ar no seu interior e a remoção parcial em horários sem chuvas. Com isso, os efeitos de formação de estufa são pouco detectados, não prejudicando o desenvolvimento normal das plantas. Em relação ao número de folhas a casa de vegetação apresentou diferença significativa em relação ao túnel (Tabela 2), tendo as plantas desenvolvidas em casa de vegetação apresentado cerca de 50% a mais de folhas. Esse resultado foi acompanhado para a característica de área foliar. Quanto à densidade, não foram obtidas diferenças para número de folhas. Entretanto, a área foliar das plantas, na menor densidade foi superior, caracterizando um maior tamanho individual de plantas nesse tratamento. Esse fato é esperado uma vez que, maiores espaçamentos, permite um melhor desenvolvimento das plantas. Um fator importante para uma boa produção em rúcula é o desenvolvimento das folhas tanto em área quanto em número. Logo, no início do desenvolvimento, devem ser fornecidos em quantidades ideais às plantas os nutrientes que contribuem para um maior desenvolvimento das folhas (Goto & Costa, 1999). Uma vez que a maior densidade de cultivo provoca um maior requerimento de nutrientes e que as quantidades fornecidas foram iguais, houve menor disponibilidade de nutrientes no tratamento com maior densidade. O experimento permitiu concluir que o cultivo de rúcula é indicado tanto para túnel baixo como casa de vegetação, embora, para condições Belém-PA, o túnel baixo seja mais viável, por apresentar maior facilidade na construção e menores custos. Maior adensamento poderá ser utilizado sem comprometer a qualidade do produto, possibilitando aumento de produção. Em condições de campo não é indicada a produção de rúcula em períodos com altas intensidades de chuvas. LITERATURA CITADA GUSMÃO, S.A.L. de. Interação genótipos x ambientes em híbridos de melão rendilhado. Jaboticabal, 2001. 143 p. (Tese doutorado). FCAV, UNESP, Jaboticabal. GUSMAO, S.A.L. de. Efeito da cobertura do solo com filme de polietileno e da densidade de plantio, na produção de tomateiro tipo “ cereja”. Horticultura Brasileira, v. 18, 2000, suplemento julho. SGANZERLA, E. Nova agricultura: A fascinante arte de cultivar com os plásticos. Esteio:. Agropecuária. 1995, 342p. GOTO, R & COSTA,P.C Cultivo de hortaliças de flores em ambiente protegido. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.20, n. 200/201, p.69-71, 1999. TRANI, P.E; PASOS, F. A. Rúcula (Pinchão) Eruca vercaria sativa (Mill) Thell. In FAHL, J. I. et al.: Instruções agrícolas para as principais culturas econômicas. Campinas: Instituto Agronômico, 1998, 396 p. (Boletim Técnico, 2000). BURIOL G. A.; SCHNEIDER, F.M; STRECK, N. A. ; MEDEIROS, S. L. P. Modificação em. ambiente causada por túneis baixos de polietilenos transparente perfurado cultivados com alface. Ciência Rural Santa Maria, v. 23, n.3. p.261- 266, 1993. AGRADECIMENTOS Ao PIBIC/UFRA, pela concessão da bolsa TABELAS TABELA 1. Produção (g. m-2) de rúcula cultivada em diferentes ambientes e densidades de cultivo. UFRA, Belém (PA), 2004. Estrutura Densidade (plantas. m-2) 162 81 C.V. (%) Casa de vegetação 3159,41 Ba 2420,48 Aa Túnel baixo 4204,02 Aa 2042,82 Ab 20,55 * Médias seguidas da mesma letra maiúscula na horizontal a minúscula na vertical não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% (P> 0,05) TABELA 2. Efeito de diferentes densidades e ambientes no cultivo de rúcula, em relação ao número de folhas, área foliar e produção por planta. UFRA, Belém (PA), 2004. DENSIDADE 162 plantas 81 plantas ESTRUTURA Casa de Vegetação Túnel Baixo C.V. (%) No Folhas.m-2 9,50 a 11,88 a Área Foliar.m-2 669,88 b 986,15 a Produção (g.planta-1) 22,68 a 27,68 a 12,50 a 8,88 b 20,70 943,89 a 712,15 b 15,87 24,71 a 25,53 a 22,56 * Valores seguidos da mesma letra na vertical não diferem significativamente entre si Tukey 5%