513 Sob o olhar de Rui Barbosa e Fernando de Azevedo: os primeiros passos por uma Educação Física Escolar brasileira X Salão de Iniciação Científica PUCRS Ester Liberato Pereira1, Vanessa Bellani Lyra2, Janice Zarpellon Mazo1 (orientadora) Escola de Educação Física, UFRGS. Rua Felizardo, 750 – Campus Olímpico UFRGS. Porto Alegre/RS. Resumo Introdução O presente estudo ocupa-se em analisar as contribuições dos intelectuais brasileiros Rui Barbosa (٭1849 +1923) e Fernando de Azevedo (٭1894 +1974) para a construção de um pensamento inaugural que sustentava a relevância da Educação Física Escolar no Brasil. Assim, no sentido de contribuir com a gama de estudos que procuram proporcionar um entendimento mais amplo sobre a Educação Física e a sua finalidade no contexto escolar, esta pesquisa tem por objetivo realizar uma reflexão sobre um possível diálogo entre os pensamentos iniciais de distintos e importantes teóricos educacionais, acerca da defesa desta disciplina na instituição escolar brasileira. Metodologia Para tal, revisitamos os documentos mais expressivos que dentre as obras dos respectivos intelectuais, tangenciaram a causa da Educação Física Escolar: a Reforma Leôncio de Carvalho (Parecer n. 224/1882) e a obra Da Educação Física: o que ela é, o que tem sido e o que deveria ser (1960), as quais foram submetidas à análise documental nos termos propostos por Bardin (1977). Resultados e Discussão Para uma Educação Nova, Azevedo advogava uma Nova Educação Física que, a exemplo de Barbosa, condenava ao fatalismo errôneo as finalidades extremas de exercitação X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009 514 do corpo, sustentadas a partir de prejuízos aos atributos intelectuais e morais. Sendo ponto passivo no pensamento de ambos, o exagero da exercitação dos músculos que encontravam em si sua razão de ser, nada contribuía com alguma utilidade ao momento de transição em que se encontrava a sociedade brasileira, nem tampouco com as exigências de construção de um novo indivíduo social. Afinal, no entender de Azevedo, no novo projeto de sociedade, baseado nas trocas, nas relações de competição mercadológica, deve-se buscar uma educação pelo esforço, pela fadiga enquanto meio educativo e não desvirtualizador da moral ou da valorização de sentimentos egoístas prejudiciais ao “engrandecimento social”: “Deve-se educar o esforço, mas não pelo esforço” (AZEVEDO, 1915, p. 51 apud HEROLD JUNIOR, 2005, p. 248). Conclusão Herdeiros da Ginástica Alemã e culpabilizados pelo reducionismo materialista que encampava a atual situação da prática física escolar, os exercícios e métodos acrobáticos e militares até então predominantes, eram rechaçados por Azevedo como partícipes de uma Velha Educação Física aos quais, ao contrário de Barbosa, não atribuía “nenhum compromisso educativo com a integralidade do indivíduo” (HEROLD JUNIOR, 2005, p. 248). Entendida, pois, como instrumento educativo, e sob a denominação de Ginástica Racional, a Educação Física participava do projeto educacional de Azevedo a respeito de a nova escola a ser aberta a todos os brasileiros, segundo o qual todos, independentemente da classe social deveriam ser fisicamente educados. Referências AZEVEDO, F. Da Educação Física: o que ela é, o que tem sido e o que deveria ser. 3ed. São Paulo: Melhoramentos, 1960. BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Portugal: Edições 70, 1977. BRASIL, Parecer n. 224/1882. Reforma do Ensino primário e Várias Instituições complementares da Instrução Pública – Reforma Leôncio de Carvalho. HEROLD JUNIOR, C. Da instrução à educação do corpo: o caráter público da educação física e a luta pela modernização do Brasil no século XIX (1880-1915). In: Educar. Curitiba, N° 25 (2005), pp. 237-255. X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009