GT7: Informação para Diagnóstico, Mapeamento e Avaliação INICIAÇÃO CIENTÍFICA: ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA DE SEU IMPACTO NA UFAM Angela Emi Yanai Aluna do 6º Período do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Amazonas, E-mail: [email protected] Guilhermina de Melo Terra Mestre em Sociedade e Cultura da Amazônia, Professora Assistente do Departamento de Biblioteconomia da Universidade Federal do Amazonas, E-mail: [email protected] Resumo: Esta pesquisa procurou explorar e mensurar bibliometricamente a produção científica do PIBIC entre os anos de 1989 a 2003 na Universidade Federal do Amazonas. Para o levantamento das fontes de pesquisa foram consultados os relatórios anuais do Departamento de Apoio a Pesquisa da UFAM e os anais de Congresso e jornada de Iniciação Científica desenvolvidos no âmbito da Universidade. Através da análise dos indicadores bibliométricos, buscou-se observar o número de projetos, orientadores e bolsistas por área de conhecimento e a produção anual de cada área, assim como num todo. O estudo revelou que, até o ano de 1997 a área de Ciência da Saúde possuía o maior índice de pesquisa; em 1998 e 1999 destaca-se a área de Exatas e em 2000 a 2003 a área de Humanas. Conclui-se que o Programa Institucional de Iniciação Científica – PIBIC vem contribuindo significativamente para o crescimento científico e tecnológico da região amazônica, através dos programas apresentados, bem como projetos desenvolvidos. Palavras-chave: Bibliometria; PIBIC; Universidade Federal do Amazonas; Produção científica. Abstract: This research looked for bibliometrics to explore and to measure the scientific production of the PIBIC between the years of 1989 the 2003 in the Federal University of Amazon. For the survey of the research sources the Research of UFAM and the annals of Congress and developed day of Scientific Initiation in the scope of the University had been consulted the annual reports of the Department of Support. Through the analysis of the bibliometrics pointers, one searched to observe the number of projects, people who orientates and scholarship holders for knowledge area and the annual production of each area, as well as in one all. The study it disclosed that, until the year of 1997 the area of Science of the possess Health the biggest index of research; in 1998 and 1999 it is distinguished area of Accurate and in 2000 the 2003 area of Human beings. The Institution Program of Scientific Initiation is concluded that - PIBIC comes contributing significantly for the scientific and technological growth of the Amazon region, through the presented programs, as well as developed projects. Keywords: Bibliometric; PIBIC; Federal University of Amazon; Scientific production. ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ENANCIB), 6., 2005, Florianópolis, SC. 1 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS As instituições acadêmicas ao gerarem conhecimentos almejam o desenvolvimento científico e tecnológico dos ambientes onde estão inseridas. Nesse aspecto, a produção acadêmica, também conhecida como produção intelectual, do conhecimento ou científica produzida nessas instituições visa divulgar descobertas científicas, salvaguardar a propriedade intelectual e promover a notoriedade do pesquisador. Com efeito, o documento gerado em uma pesquisa é a expressão da pessoa ou do grupo envolvido e aponta aspectos que indicam como a atividade vem sendo desenvolvida. No cenário local, a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), instituição de ensino, pesquisa e extensão, vinculada ao Ministério da Educação e do Desporto (MEC), destaca-se por ser reconhecida há 95 anos como principal responsável pelo aprimoramento intelectual, formação profissional do cidadão amazônida, pela preservação e difusão da cultura e história regional. No entanto, no que tange às pesquisas ligadas ao Programa Institucional de Iniciação Científica (PIBIC) e Programa de Iniciação Científica (PIC), verificou-se que nenhum estudo de cunho bibliométrico tinha sido desenvolvido até o momento. Foi nesse sentido que se pensou em estudar a produção científica desenvolvida pelos alunos de graduação, no sentido de averiguar até que ponto os corpos docente e discente da UFAM estão integrados na prática de pesquisa. Assim, este estudo objetivou promover a geração de indicadores estratégicos capazes de mapear as especificidades do PIBIC e PIC, no período de 1989 e 2003, de modo a diagnosticar as áreas de conhecimento que estão sendo desenvolvidas e com qual profundidade. 2 A INICIAÇÃO CIENTÍFICA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS No que tange ao aspecto histórico, a iniciação científica foi estabelecida no Brasil nos anos 50, por meio do CNPq. Segundo o secretário de Políticas Estratégias e Desenvolvimento Científico do Ministério da Ciência e Tecnologia, Jorge Guimarães, este programa é uma invenção eminentemente brasileira, bem como relatou que nem os países desenvolvidos apresentam programas semelhantes (INICIAÇÃO...2005). Castro (2005) destaca que a iniciação científica deve ser concebida pelas universidades como um dever e não uma atividade eventual ou esporádica. Nesse sentido, concorda-se com o autor, uma vez a formação universitária é constituída não só pelos conhecimentos obtidos a partir das atividades de ensino, mas também das atividades resultantes da extensão e pesquisa. Esta última visando o aprofundamento e busca de técnicas inovadoras que impulsionem o desenvolvimento científico. Nérici (s.d), na obra Metodologia do Ensino Superior, afirma que o ensino supeiror possui 07 funções específicas, sendo que dentre elas, a profissional é aquela que visa contribuir para a formação dos alunos, com o intuito de fazer com que eles passem a saber as causas dos fenômenos a partir do “como” e o “porquê” este se deu, utilizando-se para isso, o processo de pesquisa. No que tange à realidade universitária, a pesquisa científica é desenvolvida por meio dos programas de inicação científica. Tais programas possibilitam que novos conhecimentos sejam disseminados nos cursos de graduação, proporcionando uma formação global dos alunos. Nesse sentido, Costa (2005) destaca que a iniciação científica é válida, pois durante a prática de pesquisa científca os alunos vão construindo seus próprios conhecimentos, a partir do aprendizado do método científico. Em concordância com o autor, cita-se Castro (2005, p.1) que define a iniciação científica como “[...] um instrumento de formação de recursos humanos qualificados”, uma vez que forma uma nova mentalidade no aluno, através do apóio teórico e metodológico, executado por meio de projeto de pesquisa. ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ENANCIB), 6., 2005, Florianópolis, SC. 2 Por esta razão, é louvável a atitude dos alunos que ingressam nos programas de iniciação científica, sob a forma de alunos bolsistas ou voluntários, com o intuito de desenvolver a pesquisa científica, uma vez que possuem a consciência de que esta prática é uma atividade relevante para sua formação acadêmica, ou seja, contribui para o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo, da ciência e da tecnologia, para a criação e difusão da cultura e, portanto, para o entendimento do homem e do meio em que vive. A pesquisa científica tem como papel colocar o aluno o mais próximo possível do ensino diferenciado, da ciência e da integração com a comunidade. Assim, o estudante de hoje, profissional do futuro, não pode estar fora da prática de iniciação científica, já que esta o transformará em um profissional diferenciado, que terá subsídios para tentar aumentar a produção científica brasileira no cenário mundial. Ademais, os programas de iniciação científica contribuem não só para a formação dos melhores profissionais para o mercado de trabalho, mas também aprimoram a clientela de pós-graduação, proporcionando assim, uma integração direta entre os cursos de graduação e pós-graduação. Como prova disso, cita-se o estudo desenvolvido pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Com o objetivo de analisar o impacto da iniciação científica na pósgraduação, a pesquisa comprovou que 45% dos ex-bolsistas do PIBIC da UFPE encontravamse matriculados em algum curso de pós-graduação ou já os tinham concluído, bem como foi detectado a redução do tempo para a concluão dos referidos cursos (INICIAÇÃO...2005). Para reforçar tais dados, destaca-se a realidade apresentada por Silva (1999 apud DIAS; SOUZA, 2000), no que diz respeito ao curso de especialização em Pesquisa e Metodologia Científica, oferecido pela Universidade de São Judas Tadeu onde, dos 16 alunos matriculados, apenas 6 não participaram de programas de iniciação científica na graduação, sendo que dos 8 alunos que concluíram o curso em tela, 5 vieram do regime de inciação científica. Isso prova o grau de relevância que a iniciação científica apresenta junto à formação dos alunos, não podendo ser, portanto, uma atividade esporádica ou desenvolvida muito mais por esforços próprios dos professores do que por uma ação institucional. Tal fato ocorre, devido a concepção de que o ensino é a atividade mais importante a ser realizada no ensino superior. Esta realidade pode ser confirmada através dos dados estatísticos que demonstram que as universidades brasileiras apresentam uma baixa produção científica. Em nível institucional, a UFAM, desde sua criação, apresenta as atividades de ensino, pesquisa e extensão como parte da sua missão. Por esta razão, pode-se afirmar que durante esses 95 anos, vem contribuindo para o aprimoramento intelectual, formação profissional, preservação e difusão da cultura e história regional. Para estimular a iniciação científica nos alunos das diversas áreas do conhecimento, a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPESP) criou o Departamento de Apoio à Pesquisa (DAP), com o intuito de oportunizar a pesquisa e atividades criadoras, através dos programas de PIBIC e PIC, estando o primeiro vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o segundo a própria instituição. Segundo o DAP, o programa de iniciação científica da UFAM visa: despertar a vocação científica e incentivar talentos potenciais entre estudantes de graduação, mediante suas participações em projetos de pesquisa e através da concessão de Bolsas de Iniciação Científica; proporcionar ao bolsista, orientação por professor qualificado, a aprendizagem de técnicas e métodos científicos, bem como estimular o desenvolvimento do pensar cientificamente e da criatividade decorrentes das condições criadas pelo confronto direto com os problemas de pesquisa e; qualificar quadros para os programas de pós-graduação e aprimorar o processo formativo. ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ENANCIB), 6., 2005, Florianópolis, SC. 3 3 A PRODUÇÃO CIENTÍFICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS Com base em Vanti (2002), verifica-se que após a Segunda Guerra Mundial houve não só a explosão do conhecimento científico e tecnológico, mas também a necessidade de avaliar tais avanços, no sentido de dignificar se estes saberes vêm contribuindo para resolver os problemas que se apresentam dentro de sua área de abrangência. No contexto atual, os indicadores da atividade científica vêm sendo debatidos amplamente sob a perspectiva das relações entre o avanço da ciência e da tecnologia e o progresso econômico social, especialmente porque a expansão tecnológica tornou cada vez mais necessária a avaliação do que está sendo produzido pelas diversas áreas do conhecimento. Neste sentido, a medição voltada para avaliar a ciência e os fluxos da informação evoluiu, sendo as mais conhecidas a bibliometria, a cienciometria e a informetria apresentando entre elas algumas semelhanças ou pontos de convergência com enfoques, características e funções próprias, conforme demonstrado a seguir, já que “[...] em tudo que se refere à ciência, os indicadores bibliométricos e cienciométricos tornaram-se essenciais” (MARCIAS-CHAPULA, 1998, p. 135). Diante o exposto, para mensurar a produção científica da UFAM, optou-se pelo estudo bibliométrico, já que a bibliometria é entendida como o estudo dos aspectos quantitativos da produção, disseminação e uso da informação registrada. Seus resultados são usados para elaborar previsões e apoiar decisão. No que tange aos aspectos históricos, existem indícios de que o termo surgiu em meados de 1969, cunhado por Alan Pritchard, que popularizou o uso da palavra em substituição à palavra “bibliografia analítica”, que estava sendo usada desde sua menção em 1922, em virtude de um estudo pioneiro sobre a análise estatística de uma obra bibliográfica de anatomia compara (VANTI, 2000). Contudo, foi por meio de Ranganathan que este termo ficou conhecido, uma vez que foi ele o responsável em demonstrar a aplicabilidade da bibliometria. Após exame de diversos conceitos é possível definir bibliometria “[...] como o ramo da ciência que se ocupa em quantificar os processos de comunicação escrita, envolvendo o estudo quantitativo da produção, disseminação e uso da informação registrada” (SPINAK, 1998; MACHIAS-CHAPULA, 1998; ROSTAING, 1993; VAN RAAN, 1997 apud FARIA, 2001). A bibliometria possui aspecto interdisciplinar e, segundo Spinak (1998, p. 142), possui alcance multidisciplinar, uma vez que estuda a organização dos setores científicos e tecnológicos a partir de suas comunicações escritas, com fins a identificar aos pesquisadores, suas relações e tendências. De forma mais clara, Faria (2001, p.2) assegura que a bibliometria “[...] baseia-se na contagem de artigos científicos, patentes e citações”, o que de acordo com a finalidade de análise proposta podem ser considerados tanto o texto escrito, quanto o extraído das bases de dados bibliográficas, tais como: nome de autor, título, idioma, palavras chave, referências, formação intelectual do autor, entre outros. A utilização de técnicas bibliométricas possui relevante contribuição para a tomada de decisão em uma época de recursos tão escassos em Ciência e Tecnologia (C&T), isto porque a elaboração de indicadores em C&T é uma das principais aplicações da bibliometria, como asseveram Van Raan (1997) e Faria (2001). De acordo com Vanti (2002), os índices bibliométricos também possuem valor avaliativo, pois são capazes de avaliar a produtividade e a qualidade da pesquisa dos cientistas, por meio da mensuração dos números de publicações e citações de diversos pesquisadores. ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ENANCIB), 6., 2005, Florianópolis, SC. 4 O estabelecimento de indicadores bibliométricos baseia-se em duas medidas: A freqüência e a co-ocorrência dos elementos presentes em registros bibliográficos, onde a primeira é o número de registros em que um elemento aparece ao menos uma vez e a segunda diz respeito ao número de registros em que dois elementos ocorrem simultaneamente. Narin, Olivastro e Stevens (1994 apud FARIA), classificam os indicadores em: de atividade e de impacto. No que tange ao primeiro destacam que se referem à contagem de publicações, sendo possível reconhecer quanto esforço está sendo realizado, por quem e em que temática, evidenciando o dinamismo do assunto que esta sendo estudado. Tais indicadores são simples, e criados a partir da contagem de publicações visando a elaboração de rankins de pesquisadores, instituições, empresas e países. No que tange aos indicadores de impacto, ao se referirem a contagem de citações recebidas, destaca-se que estes são construídos a partir de dados de citações e são um meio de medir a importância de artigos, periódicos, instituições e países em um assunto cientifico ou tecnológico específico. Presume-se que quanto maior o número de citações recebidas por um pesquisador, maior o impacto de sua produção e contribuição para o avanço da ciência. Vale destacar que quando o estudo visa trabalhar com os aspectos quantitativos da ciência enquanto uma disciplina ou atividade econômica utiliza-se a cienciometria, já que esta, por ser aplicada no desenvolvimento de políticas científicas, sobrepõe-se à bibliometria. A cienciometria estuda a ciência e seus processos de comunicação, consistindo na aplicação das mesmas técnicas da bibliometria, sendo restrita a documentos científicos. Conforme Macias-Chapula (1998, p. 134-136) esta é um “[...] segmento da sociologia da ciência” sendo fundamental ao desenvolvimento de políticas científicas. Já para Van Raan (1997), esta disciplina empenha-se na realização de estudos em C & T e na descoberta da relação existe entre ambas, tendo caráter multidisciplinar no que tange aos métodos utilizados. Velho (1989, p.3), traz maiores esclarecimentos sobre a cienciometria quando a define como “[...] área que compreende todos os tipos de análises quantitativas da ciência que se baseiam em fontes de arquivo, sem observação direta da atividade de pesquisa, e que são devotadas aos produtos ou resultados dos processos científicos”. É mister frisar que os indicadores cienciométricos podem ser divididos em dois grupos: de publicações e de citação. O primeiro volta-se para o processo de medida à quantidade e impacto das publicações cientificas, enquanto que o segundo mensura a quantidade e impacto dos vínculos e relações entre as publicações científicas. (ROMÃO, PACHECO E NIEDERAUER, s.d.). Destaca-se também a informetria, vista como o estudo dos aspectos quantitativos da informação em qualquer formato, não apenas dos cientistas. De uma forma ampla MaciasChapula (1998, p. 37) a conceitua como sendo: [...] o estudo da informação em qualquer formato, não apenas registros cartográficos ou bibliográficos, referente e a qualquer grupo social, e não apenas aos cientistas, a informetria pode incorporar, utilizar e ampliar os muitos estudos de avaliação da informação que estão fora dos limites da bibliometria e cienciometria. Deste modo, a informetria é mais abrangente que as outras disciplinas tratadas, não se restringindo apenas a ciência e nem a informações escritas ou impressas, podendo compreender informações verbais e registradas em outros tipos de suportes. O surgimento do termo é posterior aos da bibliometria e cienciometria, sendo considerado por vários autores, mais ampla e abarcadora dos termos anteriores. A figura 1 demonstra a interação dos termos ora apresentados, onde a parte em destaque reflete a sobreposição que em dado momento se estabelece entre a bibliometria e a cienciometria. ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ENANCIB), 6., 2005, Florianópolis, SC. 5 C A= Bibliometria B= Cienciometria C= Informetria A B Figura 1 - Interelação dos termos FONTE: adaptada de Vanti, (2002) A partir da figura apresentada, bem como em relação à aplicabilidade da bibliometria, cienciometria e informetria, Vanti (2002) destaca, em termos genéricos, que estas apresentam aplicações específicas, no sentido de: identificar as tendências e o crescimento do conhecimento em uma área; identificar as revistas do núcleo de uma disciplina; mensurar a cobertura das revistas secundárias; identificar os usuários de uma disciplina; prever as tendências de publicações; estudar a dispersão e a obsolescência da literatura científica; prever produtividade de autores individuais, organizações e países; medir o grau e padrões de colaboração entre autores; analisar os processos de citação e co-citação; avaliar os aspectos estatísticos da linguagem, das palavras e das frases; avaliar a circulação e uso de documentos em um centro de documentação e; medir o crescimento de determinadas áreas e o surgimento de novos temas. No que tange a esta pesquisa, foi possível identificar as tendências e o crescimento do conhecimento em cada área trabalhada pela iniciação científica, bem como a produtividade dos autores (alunos pesquisadores), orientadores, cursos e disciplinas, além das unidades acadêmicas que compõem a UFAM. Isso implica afirmar que através dos conceitos obtidos foi possível abstrair a realidade e estabelecer parâmetros numéricos capazes de resumir informações generalizadas sobre investimentos, produção e tendências no campo de C&T. 4 A TRAJETÓRIA DA PESQUISA Para o desenvolvimento deste trabalho aplicaram-se técnicas bibliométricas junto aos programas de iniciação científica PIBIC e PIC, no período de 1989 a 2003, a fim de mensurar quantitativamente à produção científica da UFAM. Durante o estudo do referencial teórico buscou suprir as necessidades de entendimento do tema proposto. Além da literatura sobre a bibliometria, cienciometria e informetria, refletiu-se sobre indicadores de C&T de modo a possibilitar o entendimento do conjunto de conhecimentos que a compõe como forma de apontar possíveis subprodutos a serem desenvolvidos. Para a coleta de dados, utilizaram-se 2.215 produções científicas, distribuídas por áreas de conhecimento, ou seja: Ciências Humanas: 537; Ciências da Saúde: 525; Ciências Exatas: 491; Ciências Biológicas: 336 e; Ciências Agrárias: 326. Após a localização das produções, deu-se, em novembro de 2004, início ao processo de coleta. Para tal, tomou-se por base os relatórios anuais do DAP e os anais de congresso e jornada de iniciação científica desenvolvidos na UFAM. ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ENANCIB), 6., 2005, Florianópolis, SC. 6 5 RESULTADOS OBTIDOS Com base no estudo da literatura e no resultado coletados, foram eleitos os seguintes indicadores para a composição da coleta de dados desta pesquisa: 1. Código do projeto 5. Área do conhecimento 9. Resumo 2. Título 6. Curso 10. Palavra chave 3. Subtítulo 7. Programa 11. Orientador 4. Autor (bolsista) 8. Ano de defesa Vale ressaltar que o banco de dados do DAP, disponha apenas dos dados referentes aos anos de 1997 a 2003. As informações referentes aos anos de 1989 a 1996 foram coletadas a partir dos anais de congresso e jornada de iniciação científica da UFAM. Sendo assim, os indicadores foram reduzidos ao: 1. Título 4. Área do conhecimento 7. Resumo 2. Subtítulo 5. Curso 8. Palavra chave 3. Autor (bolsista) 6. Ano de defesa 9. Orientador Após o estabelecimento dos indicadores, começou o processo de coleta de dados por meio das análises das produções, dos orientadores (professores) e dos autores (bolsistas), conforme apresentado a seguir. 5.1 Análise das produções Quanto à produção anual por área de conhecimento no interstício de 1989 a 2003, obtiveram-se os seguintes dados: ANO 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 C. Agrárias 42 16 57 63 36 36 84 58 43 45 35 34 55 39 C. Biológicas 44 48 114 51 68 58 72 87 36 45 45 38 35 34 27 C. Exatas 107 70 73 131 95 88 94 94 115 159 144 105 100 95 114 C. Humanas 47 205 137 81 92 107 112 72 91 103 134 164 171 182 223 C. Saúde 228 150 134 134 126 178 145 86 165 116 99 137 140 105 79 Quadro 1 - Produção anual por área de conhecimento ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ENANCIB), 6., 2005, Florianópolis, SC. 7 Notou-se através do quadro a variação de produção anual por área de conhecimento. Até o ano de 1997 a área que mais produzia era a de Ciências da Saúde. Contudo, a partir de 2000 a área de Humanas avultou-se significativamente. Ademais, o relativo crescimento no número de produção científica até 1996, segundo Kringer (1999) foi resultado do investimento em C&T que o Brasil sofreu, sendo que tal investimento chegou até R$ 15 bilhões, o equivalente a 1,1 % do PIB naquele ano. Contudo, após esta data, as produções são reduzidas por falta de incentivo, uma vez que o investimento passou de R$ 15 bilhões para 1,7 bilhões. Apesar desse contexto, a UFAM vem tentando muitas vezes com recursos próprios e com ajuda de parcerias regionais suprir as despesas necessárias para as pesquisas, segundo Queiroz (1999). Através da pesquisa, descobriu-se que no período de 2001 a 2002 o Programa de Iniciação Científica da UFAM foi financiado pelo CNPq, no sentido de oferecer as bolsas de estudo, bem como alguns projetos de pesquisas foram fomentados Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA). Fato que contribuiu para o aumento de pesquisas neste período. Nos anos de 1989 a 2003, as áreas que tiveram o menor percentual de produtividade foram as de Ciências Agrárias e Biológicas, representando cada uma apenas 15% da produção científica da UFAM, cujos dados numéricos podem ser demonstrados a seguir. 14,72 23,70 C. Agrárias C. Biológicas C. Exatas C. Humanas C. Saúde 15,17 24,24 22,17 Quadro 2 - Produção total por área de conhecimento (1989-2003) 5.2 Análise dos orientadores Os dados referentes ao número de orientadores também foram obtidos através do banco de dados do DAP. Desta forma, foram analisadas apenas as orientações no período de 1997 a 2003, cujo resultado foi o seguinte: Ano C. Agrárias C. Biológicas C. Exatas C. Humanas C. Saúde Total 1997 15 11 23 19 30 98 1998 14 12 30 21 21 98 1999 11 14 26 28 18 97 2000 10 13 21 30 25 89 2001 11 12 23 30 22 98 ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ENANCIB), 6., 2005, Florianópolis, SC. 8 Ano C. Agrárias C. Biológicas C. Exatas C. Humanas C. Saúde Total 2002 14 7 23 41 12 97 2003 13 9 20 38 19 99 Total 88 78 166 207 147 686 Quadro 3 - Relação: Orientador/Área do Conhecimento Quando se questionou a atuação dos professores orientadores que faziam parte do Programa de Iniciação Científica da UFAM, notou-se que a partir de 1999 a área de Ciências Humanas manteve o predomínio, bem como se observou o declive nas áreas de saúde e biológicas. Faz-se mister ressaltar que no quadro 3 foi contabilizado a relação entre o orientador e a área de conhecimento em que atuava. Isso implica destacar que alguns orientadores, mesmo pertencendo a uma área específica, atuavam em outras áreas. Com a intenção de detectar o total de orientadores por ano, levando-se em consideração a relação orientador/ano, e não área de concentração em que atua, obteve-se o seguinte resultado: Ano Total 1997 126 1998 124 1999 123 2000 126 2001 139 2002 162 2003 115 total 915 Quadro 4 - Total de orientadores por ano Vale destacar que, durante a tabulação dos dados supracitados, em virtude de se considerar individualmente cada orientador, nos casos em que alguns se encontravam responsáveis por projetos em mais de uma área de concentração, optou-se em enquadrá-los na sua área de atuação na UFAM, enquanto docente. 5.3 Análise de bolsistas Durante a pesquisa, visou-se apresentar um resultado que abordasse o diagnóstico tanto dos orientadores (professores), quanto dos autores (bolsistas). Por esta razão, o instrumento de coleta permitiu que se obtivesse, também, o número de bolsistas em cada área do conhecimento e seus totais por ano e por área, conforme o quadro 5. ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ENANCIB), 6., 2005, Florianópolis, SC. 9 ANO C. Agrárias C. Biológicas C. Exatas C. Humanas C. Saúde Total 1997 34 26 61 51 82 254 1998 26 29 77 51 44 227 1999 26 34 65 73 44 242 2000 22 25 45 77 67 236 2001 22 21 48 72 60 223 2002 34 20 41 72 51 218 2003 22 15 43 77 28 185 Total 186 170 380 473 376 1585 Quadro 5 - Relação Bolsista/Área de Conhecimento Os valores obtidos mostram o número de bolsistas em cada área do conhecimento de forma anual, sendo que a partir deles é perceptível à diferença existente entre os anos de 1997 e 2003. No ano de 1997 a área da Saúde possuía o maior número de bolsistas com 32,28%, entretanto em 2003 este número passou a ser de 15,14%. Em Ciências Humanas, no decorrer dos anos, percebeu-se que houve um crescimento no número de bolsistas, enquanto que a área de Ciências Exatas se encontrou em segundo ou terceiro lugar entre o maior número de bolsistas. No que tange às áreas de ciências Agrárias e Biológicas notou-se, claramente, que estas apresentaram os menores índices de bolsistas, não ultrapassando de 16% em relação as demais outras áreas do conhecimento. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Como apresentado ao longo do estudo, esta pesquisa visou explorar e mensurar bibliometricamente a produção científica do PIBIC e PIC, no período de 1989 e 2003, visando contribuir para a melhoria do desempenho da UFAM, tendo em vista que no cenário nacional, há uma escassez de recursos e uma política de avaliação que delineia o planejamento dos investimentos a serem realizados pelos órgãos de fomento. Para isso, primeiramente, foram elencadas a produção de iniciação científica desenvolvidas no período supracitado. Em seguida, foram arrolados os indicadores, a fim de direcionar os procedimentos metodológicos necessários para a obtenção do objetivo maior da pesquisa, com o intuito de subsidiar o processo de classificação dos níveis quantitativos da iniciação científica quem vem sendo desenvolvida por meios dos alunos e professores da UFAM. Após a pesquisa, verificou-se que não só o PIBIC, vinculado ao CNPq, mas também o PIC, vinculado à Universidade, vêm contribuindo ao longo dos anos para o crescimento tecnológico e científico da sociedade através dos projetos desenvolvidos nas universidades por orientadores e bolsistas. E a Universidade Federal do Amazonas é uma instituição que desenvolve o ensino, a pesquisa e a extensão, destacando-se por seus 95 anos de aprimoramento intelectual, formação profissional, preservação e difusão da cultura e história regional. Sem dúvida, o trabalho conjunto destes programas gerou 15 anos de uma rica produção científica. Assim, este projeto desenvolvido no Programa de Iniciação Científica, ao buscar explorar e mensurar bibliometricamente a produção científica do PIBIC entre os anos ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ENANCIB), 6., 2005, Florianópolis, SC. 10 de 1989 a 2003, procurou observar o número de projetos, orientadores e bolsistas por área de conhecimento e a produção anual de cada área, assim como num todo. Diante o exposto, foi possível constatar o fluxo de bolsistas, orientadores e produção científica, das áreas de Ciências Humanas, Saúde, Agrárias, Biológicas e Exatas, ou seja, de todas as áreas que compõem a Universidade Federal do Amazonas. Apesar das áreas de Humanas, Saúde e Exatas serem destacadas, respectivamente, como as maiores produtoras de conhecimento, é louvável a iniciativa das demais áreas de conhecimento. Isso mostra que a Universidade, enquanto instituição de ensino-pesquisaextensão, vem cumprindo o seu papel, permitindo que a sociedade atinja seu desenvolvimento, uma vez que as atividades de pesquisa são entendidas como as responsáveis pelas investigações que acarretarão em possíveis soluções e melhorias, sendo que estas serão operacionalizadas na própria sociedade. REFERÊNCIAS BRISOLLA, S. N. Indicadores para apoio a tomada de decisão. Ciência da Informação, Brasília, v.27, n.2, p. 221-225, maio/ago. 1998. CASTRO, Aldemar Araújo. Iniciação científica: o que é e por que fazer? Disponível em: http://www.metologia.org/ecmal/ic . Acesso em: 25 jul. 2005. COSTA, André Falcão Pedrosa. Atenas ou Esparta? Tudo é uma questão do conhecimento. Disponível em: http://www.ecmail.br/ic/Import_IC.htm . Acesso em 25 jul. 2005. DIAS, Elisabete; SOUZA, Emerson Lessa de. Ciência e educação nas universidades particulares: o incentivo à pesquisa na graduação. 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