HistóriadeSucesso Sucesso Álcool, a alegria que pode custar caro “Logo na minha infância apresentaram-me o álcool. O desestímulo foi tomando conta, a vida come- Foi uma descoberta maravilhosa. A timidez foi embora, çava a não ter muita importância. Só me restava os problemas desapareceram, o entusiasmo tomou o beber até o fim. Talvez a morte fosse a solução. A lugar do desânimo, as festinhas de fins de semana eram família receberia o seguro e os amigos logo me mais empolgantes. Enfim, descobri uma forma de ver a esqueceriam. Para piorar ainda mais, pensava eu, a vida cheia de sonhos e realizações. Mas o tempo foi gerencia do departamento e das divisões, junta- passando e as doses de bebidas foram aumentando, mente com a assistente social, começaram a inter- tornando-se uma companheira indispensável. ferir. Tive que freqüentar o posto médico diaria- Jamais poderia pensar que estava me tornando mente para controle da pressão arterial; reuniões completamente dependente do álcool e, muito menos, eram feitas periodicamente para que eu pudesse que me tornaria um alcoólatra. A situação estava expor a minha situação e a assistente social tornou- fugindo do controle. Surgia o pavor, a inquietação, o se freqüentadora assídua da minha casa. medo de pessoas e, para piorar ainda mais a situação, Após meses de tentativa desse pessoal e quase começava a brotar a incapacidade de controlar a nenhum sucesso, propuseram-me internamento. Ao bebida. Até mesmo a família estava sendo colocada ouvir de um gerente que o alcoolismo é uma doença, em segundo plano. Despertava com a angústia de ter fiquei mais animado. Por opção, comecei a freqüen- que enfrentar mais um dia de trabalho, o chefe e os tar um psiquiatra sempre acompanhado da minha colegas. Imaginava qual seria a desculpa para as esposa e da assistente social. Encorajado pela tremedeiras, já bastante aparentes, e qual seria o assistente social, procurei os Alcoólicos Anônimos. motivo de tanta sede logo pela manhã. Depois de duas horas de reunião, voltei para casa Foi nessa época que começaram a surgir as críticas. vendo uma pequena luz no fim do túnel. Após o Os verdadeiros amigos se preocupavam com a minha terceiro dia, percebi que passara esse tempo sem situação, mas eram, para mim, pessoas indesejáveis. beber. Começava, ali, uma nova etapa da minha Não sabia que o desespero também se instalava na vida. Descobri que estar sóbrio não tinha nada de família. Ia perdendo a esperança de um futuro promissor monótono como imaginava. O prazer de levantar e achavam que a qualquer momento chegaria a notícia para o trabalho sem me importar se é segunda-feira de que o pai, o marido estaria desempregado. Só restava ou qualquer outro dia, o respeito e admiração pelos uma saída: apelar ao Poder Superior e Sua misericórdia, colegas de serviço, fazem do meu dia-a-dia a ale- pois os filhos precisariam de proteção. gria de viver. Sou imensamente grato a FURNAS, as Quanto mais crítica era a situação, mais sentia a gerências que tive e a assistente social”. necessidade de beber para aliviar ou esquecer os 28 problemas. Mas logo o efeito do álcool passava e as Nivaldo G dificuldades eram ainda maiores. Vinha o arrependi- Nivaldo G é do Departamento de Produção Paraná mento, fazia juramentos que aquilo não iria se repetir. (DRP.O) e não pode ser identificado devido aos princí- Era até sincero nesses momentos, mas logo a ressaca pios da Irmandade de Alcoólicos Anônimos, a qual passava e, então, surgia a obsessão pela bebida. pertence. • janeiro 2004 • Linha Direta nº 304