Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa
Catarina
Campus Joinville
Curso: CTI - Mecânica e Eletroeletrônica
Módulo: IV
Unidade Curricular: História III
Prof. Anderson dos Santos
AULA 5 – REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
O ator Charles Chaplin, com seu personagem Carlitos, dirigiu e protagonizou o filme
Tempos Modernos, em 1936. Trata-se de uma sátira bem-humorada a vários aspectos
dos “tempos modernos”, o nosso tempo, do capitalismo. Num trecho do filme, Carlitos
passa pelas engrenagens de uma máquina, segurando chaves de apertar parafusos. Seu
trabalho na fábrica, rotineiro e estafante, é esse: apertar parafusos. De tanto executar
essa tarefa, continua a apertar qualquer coisa que se pareça com um parafuso, como os
botões de uma blusa. Simboliza o processo de transição do mundo ocidental dos
camponeses, artesãos e aristocratas para o mundo burguês, operário e capitalista, tendo
como pioneira a Inglaterra e sua Revolução Industrial.
Revolução:
Mudança profunda ou completa de uma estrutura política, econômica e social;
Indústria:
Conjunto de atividades econômicas que produzem bens materiais pela transformação e
pelo aproveitamento de matérias-primas;
“A Revolução Industrial, como a maioria dos historiadores de economia se esforçam em
ressaltar, não aconteceu da noite para o dia. Foi, se comparada às ‘revoluções’ políticas
de 1776, 1789 e 1917, um processo gradual, lento”.
(KENNEDY, Paul. Ascensão e queda das grandes potências: transformação econômica e conflito
militar de 1500 a 2000, Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1989. p. 145)
Definição:
Denomina-se Revolução Industrial as transformações econômicas ocorridas na
Inglaterra a partir das últimas décadas do século XVIII, tempo em que a máquina a
vapor passou a ser sistematicamente utilizada na produção de mercadorias, em especial
na fabricação de tecidos, na mineração e na metalurgia. Aí, os artigos passara a ser
produzidos em série, em grande escala, graças às melhorias técnicas e a uma nova
divisão do trabalho.
Artesanato: produção em pequena escala, por um artesão que controla todo o processo
produtivo do início ao fim;
Manufatura: produção em média escala, por um grupo de trabalhadores assalariados,
em que cada um desses trabalhadores é responsável por uma etapa da produção (séc.
XV a XVII – expansão das manufaturas);
Maquinofatura: produção em larga escala com a introdução de máquinas na produção
e o acentuamento da especialização dos trabalhadores;
O Pioneirismo inglês:
 Unidade política, e tradição liberal (afrouxamento do sistema feudal pela
Guerra dos Cem Anos 1337-1453 e a Guerra das Duas Rosas 1455-1485;
Revolução Puritana e Revolução Gloriosa – séc. XVII)
 Protecionismo comercial (Atos de Navegação de 1651 com Oliver Cromwell);
 Supremacia mercantil (maior comércio do mundo desde o século XVII e maior
frota naval mercante);
 Acumulação de capital;
 Enclusure Acts (cercamentos);
 Mão de obra abundante e barata;
 Abundante matéria-prima (EUA produtores de algodão);
 Redes fluviais;
Revolução tecnológica: avanços e invenções:






Avanço das técnicas manufatureiras (fiação, tecelagem e indústria pesada);
Invenção da máquina de fiar (James Hargreaves – patenteada em 1770);
Tear hidráulico (Richard Arkwright - 1769);
Tear mecânico (Edmund Cartwright - 1784);
Máquina a vapor (Thomas Newcomen – 1712)
Máquina a vapor (James Watt - 1760);
Esquema ilustrando a máquina a vapor de Newcomen – fonte: wikipedia
“O que a industrialização, e em particular a máquina a vapor, fez foi substituir as fontes
vivas de energia. (...) As consequências da adoção dessa nova maquinaria foram
simplesmente estupendas: na década de 1820, um operário, controlando vários teares
podia produzir vinte vezes mais do que um trabalhador manual (...)”.
(KENNEDY, Paul. Ascensão e queda das grandes potências: transformação econômica e conflito
militar de 1500 a 2000, Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1989. p. 145).
Parcelas relativas de produção manufatureira mundial (1750-1900)
1750
1800
1830
1860
1880
1900
Toda a
Europa
Inglaterra
França
23,2
28,1
34,2
53,2
61,3
62,0
1,9
4,0
4,3
4,2
9,5
5,2
19,9
7,9
22,9
7,8
18,5
6,8
Alemanha
Itália
2,9
2,4
3,5
2,5
3,5
2,3
4,9
2,5
8,5
2,5
13,2
2,5
Estados
Unidos
Japão
0,1
0,8
2,4
7,2
14,7
23,6
3,8
3,5
2,8
2,6
2,4
2,4
67,7
60,5
36,6
20,9
11,0
33,3
19,7
29,8
17,6
19,7
8,6
12,5
2,8
6,2
1,7
Terceiro
73,0
Mundo
China
32,8
Índia/Paquistão 24,5
Fonte: KENNEDY, Paul. Ascensão e queda das grandes potências: transformação econômica e
conflito militar de 1500 a 2000. Rio de Janeiro: Ed. Campus Ltda, 1989. p. 148.
“As planícies da América do Norte e Rússia são nossos campos de trigo; Chicago e
Odessa, nossos celeiros; Canadá e o Báltico são nossas florestas madeireiras; a
Australásia contém nossas fazendas de carneiros, e na Argentina e nas pradarias
ocidentais da América do Norte, estão nossos rebanhos de gado; o Peru nos manda sua
prata, e o ouro da África do Sul e Austrália flui para Londres; os indianos e chineses
plantam chá para nós e nosso café, açúcar e especiarias estão plantados em todas as
Índias. Espanha e França são nossas vinhas e o Mediterrâneo, nosso pomar; e nossos
campos de algodão, que por muito tempo ocuparam o sul dos Estados Unidos, estão
agora sendo estendidos a toda parte cálida da terra.”
(Palavras de um economista inglês em 1865).
(Apud. KENNEDY, Paul. Ascensão e queda das grandes potências: transformação econômica e
conflito militar de 1500 a 2000, Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1989. p. 151).
Revolução tecnológica: avanços e invenções:
 Descoberta da eletricidade (Thomas Edison);
 desenvolvimento do processo de transformação do ferro em aço (Henry
Bessemer);
 Desenvolvimento do sistema de transportes:
 barco a vapor (Robert Fulton) e locomotiva a vapor (George Stephenson);
 Desenvolvimento do sistema de comunicação:
 telégrafo (Samuel Morse);
 telefone (Alexander Graham Bell);
 transmissão sem fio (Guglielmo Marconi).
Ano
Estradas de ferro e navios a vapor (1830-1876)
Km de estradas de ferro Toneladas de navios
1831
332
32.000
1841
3.591
105.121
1846
17.424
139.973
1851
38.022
263.679
1856
68.148
575.928
1861
106.886
803.003
1866
145.114
1.423.232
1871
235.375
1.939.089
1876
309.641
3.293.072
f.x. von Newmann Spallart, Ubersichten der Weltswirtschaft, 1880. pp. 335. ff. In:
HOBSBAWN, Eric. A Era do Capital. 1848-1875. 3. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. p. 319.
CIDADES
Telefones por 100 habitantes (1895-1911)
1895
1911
Estocolmo
4,1
19,9
Los Angeles
2
24
Berlim
1,6
5,3
Boston
1
9,2
Chicago
0,8
11
Paris
0,7
2,7
Nova Iorque
0,6
8,3
Londres
0,2
2,8
São Petersburgo
0,2
2,2
f.x. von Newmann Spallart, Ubersichten der Weltswirtschaft, 1880. pp. 335. ff. In:
HOBSBAWN, Eric. A Era dos Impérios. 1875. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. p. 476.
Revolução tecnológica: avanços e invenções:
 Surgimento do motor de combustão interna (Rudolf Diesel);
 Automóvel (Gotlieb Daimler e Karl Benz);
 Fonógrafo, lâmpada elétrica, usina hidrelérica de Nova York, cinema (Thomas
Edison);
 LEMBRETE: Henry Ford foi o criador da linha de produção (introdução
da esteira e da produção em série e não o inventor do automóvel.
Taylorismo: O engenheiro norte-americano Frederick Taylor criou um método que
revolucionou a produção industrial, propiciando a integração do processo produtivo
numa linha de montagem, aprofundando a divisão do trabalho na indústria. Tal forma de
produção ficou conhecida como taylorismo.
Fordismo: O empresário norte-americano Henry Ford, introduziu a produção em série
de carros em sua fábrica, introduzindo uma esteira no processo produtivo; também
introduziu a ideia de disciplinamento dos trabalhadores como requisito de reprodução
do capitalismo industrial.
Toyotismo: O engenheiro de produção japonês Taiichi Ohno desenvolveu, nos anos
1950, um novo método de gerenciamento da produção, o toyotismo, o qual se
diferenciava do taylorismo principalmente por sua flexibilidade, visto que nesse novo
modelo valorizava-se a iniciativa do trabalhador e sua qualificação profissional,
atreladas à busca da melhoria da produtividade e da qualidade das mercadorias
produzidas.
Efeitos:






Aumento da produção;
Concentração das indústrias (bairros e cidades industriais);
Concentração urbana;
Aumento populacional;
Modificação das paisagens;
Intensa exploração do meio ambiente;
Efeitos:




Expansão para outros países europeus no século XIX;
Disputa por novos mercados consumidores e de matéria-prima;
Imperialismo;
Burguesia (classe dominante); Proletariado (dominado, explorado e
empobrecido);
 Exploração exacerbada dos trabalhadores; exploração da mão de obra feminina e
infantil;
 Surgimento de ideais socialistas (revolução através da luta de classes).
Efeitos:
 Movimentos operários ingleses:
ludismo - Nedd Ludd quebrou o tear do patrão;
cartismo - alteração na ordem política da sociedade inglesa como sufrágio universal,
voto secreto, censo eleitoral, remuneração para as funções parlamentares através da
Carta do Povo;
Swing - trabalhadores rurais - salários mais altos, melhores empregos e assistência
social.
Características da Primeira Fase
(1750-1850)
* empresas familiares
* capital fechado
* supremacia inglesa
* indústria têxtil
* simplicidade tecnológica
* siderurgia do ferro
* vapor
* carvão
Características da Segunda Fase
(1850-1950)
* sociedades anônimas
* mercado de ações
* expansão mundial
* capital aberto
* indústria química e mecânica
* complexidade tecnológica
* siderurgia do aço
* eletricidade e petróleo
Para ler:
 CANÊDO, Letícia Bicalho. A Revolução Industrial. São Paulo: Atual, 1987.
 DECCA, Edgar de. O Nascimento das Fábricas. São Paulo: Brasiliense, 1982.
 HOBSBAWM, Eric J. A Era das Revoluções (1789-1848). Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1982.
 IGLESIAS, Francisco. A Revolução Industrial. São Paulo: Brasiliense, 1982.
Para assistir:
 Os Miseráveis, França/Alemanha, Direção de Robert Hossein, 1982, 263 min.
 Daens, um grito de justiça, Bélgica/Holanda/Itália, Direção de Stijn Coninx,
1992. 138 min.
 Germinal, Bélgica/França/Itália, Direção de Claude Berri, 1993, 155 min.
 Oliver Twist, EUA. Direção de Roman Polanski, 2005, 85 min.
 Tempos Modernos, EUA, Direção de Charles Chaplin, 1936. 105 min.
Download

Aula 5 - Revolução Industrial