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29 mai 2015 O Globo MARCO GRILLO marco. grillo@ oglobo.com. br
Lagoa: testemunha diz que um dos
jovens era branco
Mas dois rapazes apreendidos pela Polícia Civil como suspeitos da morte do
médico Jaime Gold são negros
Segundo testemunha­chave da morte do médico Jaime Gold, na Lagoa, um dos assaltantes era
branco. Mas os dois suspeitos detidos são negros. A testemunha­chave do assassinato do cardiologista
Jaime Gold, na Lagoa, disse em depoimento na Divisão de Homicídios (DH) que um dos assaltantes “era
branco e também magro”. O outro jovem, segundo o relato da mesma pessoa, ao qual O GLOBO teve
acesso, seria “magro e de cor negra”. Mas os dois jovens apreendidos pela Polícia Civil, de 15 e 16 anos,
são negros. Anteontem, os delegados responsáveis pela investigação deram o caso por encerrado.
Ao ser questionada se a testemunha havia citado a participação de um rapaz branco no crime, na
entrevista coletiva da última quarta­feira, a delegada Patrícia Aguiar, da DH, responsável pelo caso, negou:
— Não. A testemunha confirmou a condução da bicicleta pelo primeiro menor apreendido, o
posicionamento deles e a participação do primeiro menor apreendido.
No mesmo depoimento, a testemunha, que trabalha próximo ao local, afirmou “que o autor que
estava na garupa da bicicleta foi logo esfaqueando a vítima”. A Polícia Civil, no entanto, sustenta que o
responsável pelos golpes seria o adolescente apreendido na semana passada, que estava conduzindo a
bicicleta. O cúmplice estaria sentado no quadro e apenas teria dado cobertura. Ainda de acordo com a
polícia, a testemunha reconheceu, por meio de foto, o primeiro rapaz apreendido, que seria o esfaqueador.
A defesa do acusado nega a participação dele no crime, alegando que o jovem se encontrava em casa, em
Manguinhos, no momento do assalto.
— O caso ainda não está encerrado. Ainda não é possível ter conclusão. A gente vai provar que ele (
primeiro menor apreendido) não estava lá (na Lagoa). Vai ser um caso emblemático — acredita o
advogado Alberto de Oliveira.
Outra divergência aparece também na primeira versão divulgada pela Secretaria municipal de
Desenvolvimento Social. Segundo o órgão, o jovem apreendido na quarta­feira teria confessado à mãe ter
dado as facadas que causaram a morte do médico. Depois, os policiais informaram que o suspeito, na
verdade, havia culpado o outro rapaz pelos golpes. A secretaria depois se retratou afirmando ter havido
um erro de informação.
Para aumentar a polêmica, a delegada Monique Vidal, titular da 14ª DP (Leblon), que iniciou a
apuração do assassinato, comentou anteontem no Facebook que a testemunha, ao ser ouvida por um
delegado­adjunto de sua unidade, afirmou não ter condições de reconhecer os criminosos. Ela disse ainda
que, em outra DP, no dia seguinte, a mesma testemunha identifica o suspeito por foto. O post da
delegada, que causou mal­estar na polícia, acaba da seguinte forma: “Enfim... Segue o baile...” Após
serem revelados ontem pelo “RJ­TV” da Rede Globo, os comentários feitos na rede social pela delegada
foram apagados. Procurados, Monique, o delegado titular da Divisão de Homicídios, Rivaldo Barbosa, a
Chefia da Polícia Civil e a Secretaria de Segurança não comentaram as declarações da policial.
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