HYDROLIFT PARA ESTALEIRO DE REPAROS DE NAVIOS Marina Molina Rodrigues de Oliveira Zehetmeyer Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como necessários à parte obtenção dos do Engenheiro. Orientadora: Profa. Marta Cecilia Tapia Reyes Rio de Janeiro Agosto de 2014 requisitos título de HYDROLIFT PARA ESTALEIRO DE REPAROS DE NAVIOS Marina Molina Rodrigues de Oliveira Zehetmeyer PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO NAVAL. Examinada por: ________________________________________________ Profª Marta Cecilia Tapia Reyes D.Sc. ________________________________________________ Prof. José Henrique Erthal Sanglard, D. Sc. ________________________________________________ Prof. Severino Fonseca da Silva Neto D. Sc. ________________________________________________ Eng. Ivo Dworschak RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL AGOSTO DE 2014 2 Zehetmeyer, Marina Molina Rodrigues de Oliveira Hydrolift para estaleiro de reparos de navios/Marina Molina Rodrigues de Oliveira Zehetmeyer. – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica, 2014. VIII,69 p.: il.; 29,7 cm. Orientadora: Marta Cecilia Tapia Reyes Projeto de Graduação – UFRJ/Escola Politécnica/Curso de Engenharia Naval e Oceânica, 2014. Referências Bibliográficas: p. 69 1. Diques flutuantes. 2. Estaleiros de reparo. 3. Navios de perfuração. 4. Manobras de docagem. 5. Estabilidade, I. Tapia, Marta. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Naval e Oceânica. III. Hydrolift para estaleiro de reparos de navios. 3 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por ter me dado inteligência, força e paciência para concluir o meu curso. Agradeço à minha mãe Ângela por me ajudar todos os dias da minha vida, me ouvir e me aconselhar sempre. Ela é a minha maior incentivadora e nunca desistiu ou duvidou de mim. Agradeço ao meu marido Raphael por ser meu melhor amigo, estar do meu lado sempre e por ter tido tanta paciência comigo. Agradeço à minha irmã Mariane por ser minha companheira desde que eu tenho memória e me animar nos momentos difíceis. Agradeço aos amigos Laiz, Gustavo, Paula, Oto, Andreia, Bruno e Sandra, os melhores presentes que a Naval me deu. Obrigada pelos livros compartilhados, tardes de estudo, caronas e correções de trabalhos, mas principalmente por continuar sendo meus companheiros mesmo fora do Fundo Grande. Agradeço aos meus professores, em especial as Professoras Marta e Annelise por todo o conhecimento e por fazer de mim uma amante da Engenharia. 4 Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Naval. Hydrolift para estaleiro de reparos de navios Marina Molina Rodrigues de Oliveira Zehetmeyer Agosto/2014 Orientadora: Marta Cecilia Tapia Reyes Curso: Engenharia Naval e Oceânica Baseado no projeto de um estaleiro de reparos na região do Porto do Açu será realizado o projeto preliminar de um dique flutuante para reparo e se for o caso transferência das embarcações conhecidas como navios de perfuração. Palavras - chave: estaleiro; reparo; dique flutuante; 5 Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Naval Engineer. Hydrolift for a repair shipyard Marina Molina Rodrigues de Oliveira Zehetmeyer August/2014 Advisor: Marta Cecilia Tapia Reyes Course: Naval Engineering Based on the design of a repair shipyard at Porto do Açu region, will be realized a preliminary design of a repair floating dock and, if possible, the transfer of vessels known as drillships. Key words: shipyard; repair; floating dock; 6 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO....................................................................................................... 9 2. CARACTERÍSTICAS DO ESTALEIRO ................................................................ 16 3. 4. 2.1. Localização................................................................................................... 16 2.2. Planejamento de reparo, engenharia e produção ......................................... 19 2.3. Serviços ........................................................................................................ 19 MÉTODOS DE DOCAGEM ................................................................................. 21 3.1. Dique seco ................................................................................................... 22 3.2. Dique flutuante ............................................................................................. 24 3.3. Hydrolift ........................................................................................................ 26 3.4. Syncrolift....................................................................................................... 29 3.5. Determinação do tipo de sistema de docagem ............................................. 30 DIMENSIONAMENTO DO DIQUE ....................................................................... 33 4.1. Sequência de operações .............................................................................. 33 4.2. Cálculo hidrostático do dique flutuante ......................................................... 34 4.2.1. Estabilidade ........................................................................................... 34 4.2.2. Borda livre ............................................................................................. 35 4.2.3. Sistema de referência ............................................................................ 35 4.2.4. Parâmetros empregados para o cálculo da estabilidade ........................ 36 4.3. Dados do navio ............................................................................................. 39 4.4. Dimensionamento do Pontão ........................................................................ 41 4.4.1. Comprimento ......................................................................................... 41 4.4.2. Boca ...................................................................................................... 41 4.4.3. Capacidade de elevação mínima ........................................................... 42 4.4.4. Peso leve ............................................................................................... 42 4.4.5. Calado leve ........................................................................................... 42 4.4.6. Calado do pontão com o navio a bordo ................................................. 42 4.4.7. Pontal .................................................................................................... 43 4.5. Análise dos resultados do pontão ................................................................. 44 4.6. Cálculo dos flutuadores do dique .................................................................. 46 4.6.1. Estabilidade transversal ......................................................................... 46 4.6.2. Estabilidade do navio............................................................................. 49 4.6.3. Estabilidade do dique ............................................................................ 50 4.6.4. Cálculo dos flutuadores usando os critérios de estabilidade .................. 52 7 4.7. 5. Dimensionamento dos flutuadores do dique ................................................. 58 4.7.1. Manobras do dique flutuante ................................................................. 60 4.7.2. Reparo no cais ...................................................................................... 64 4.7.3. Dimensionamento dos flutuadores para permitir reparo ......................... 65 CONCLUSAO E TRABALHOS FUTUROS .......................................................... 67 8 1. INTRODUÇÃO O processo de reparo de navios geralmente inclui conversões, revisões, programa de manutenção, reparo de danos e de equipamentos. O reparo de navios é uma parte muito importante da indústria naval. Aproximadamente 25% da força de trabalho dos estaleiros é destinada para reparo ou conversão de navios (1). Atualmente muitos navios precisam de atualização e /ou conversão para atender as regras ambientais e de segurança. As frotas em todo mundo estão ficando velhas e ineficientes, e com os altos custos de novos navios a situação está colocando pressão nas companhias de navegação. Em geral, conversão e reparo nos estaleiros são mais lucrativos que nova construção (2). Em estaleiros de nova construção, contratos de reparo, revisões e conversões também ajudam a estabilizar a força de trabalho durante épocas de crise, quando diminuem as novas construções, e quando a situação está favorável para novas construções, acontece o aumento de navios no mercado, aumentando o número de navios a serem reparados. Uma das principais diferenças entre os estaleiros de construção nova e os de reparo são os métodos de docagem. Um estaleiro de reparo precisa de métodos de docagem que ocupem a menor área possível, pois as áreas de armazenamento e as oficinas ocupam muito espaço. Figura 1 - Navio sendo reparado 9 Historicamente os estaleiros possuíam duas áreas bem diferenciadas, uma destinada para novas construções e outra para reparos (3). Dependendo da demanda do mercado, os funcionários e as instalações se dedicavam a uma ou a outra das funções. Posteriormente, com a alta produtividade no mercado, se optou pela especialização dos negócios, separando as atividades, e cada estaleiro se dedicou a sua atividade mais rentável. A partir desse ponto, a tendência foi construir novos estaleiros com suas atividades e orientação bem definidas. Mas isso não significa que hoje existam muitos estaleiros de reparo. A facilidade de financiamento, incentivos fiscais e potenciais de receita maior no curto-prazo são fortes atrativos para que os estaleiros de reparo avaliem a possibilidade de migrar de atividade para novas construções. No cenário internacional, a migração de reparo para construção é comum. Por exemplo, o coreano Hyundai Vinashin, que era 100% reparo, iniciou processamento de aço para fabricação de seu 1o navio em setembro de 2008. Geralmente os processos de reparo de um navio são muito parecidos com os processos para construir um novo navio, mas em uma escala menor e em um ritmo mais rápido (2). As atividades de manutenção dos navios estão associadas ao desgaste pelo uso, idade ou verificações periódicas de segurança. Os principais eventos de manutenção na vida de um navio se encontram na Figura 2: Figura 2 - Eventos da vida de um navio 10 A origem do reparo pode ser emergencial ou programado. Dentro dos reparos por motivos emergenciais podemos citar os acidentes, as quebras e as colisões. Dependendo da gravidade do evento, pode exigir docagem. O reparo emergencial é responsável por 30% das docagens no Brasil. Os reparos programados podem ser as vistorias das sociedades classificadoras, modernização dos equipamentos ou até mesmo conversão do navio. Os reparos programados são responsáveis por 70% das docagens de reparo. Num ciclo de 5 anos, todos os equipamentos do navio devem ser vistoriados (2). O principal evento da manutenção de um navio ocorre quando o mesmo é colocado em seco. O navio é retirado da água e permanece durante um prazo de uma a duas semanas em seco e outras duas semanas reparando atracado geralmente, dando um total entre trinta e quarenta dias de reparo (5). Existem dois fatores chave que influenciam a demanda por reparo de um navio: a idade e o porte. Com o aumento da idade, os dias docados aumentam, pois aumentam as ocorrências de falha, corrosão, fadiga, desgaste e quebra. Já o comprimento influencia nos dias docados, pois quanto maior o navio, maior a área de aço e maior o número de componentes. Além disso, embarcações de apoio marítimo têm maior dificuldade de reparo do que embarcações de apoio portuário devido ao maior número de sistemas complexos dentro de cada embarcação (3). Atualmente os navios têm um ciclo de manutenção obrigatória de cinco anos, aonde uma série de revisões deve ser realizada para certificar que o navio satisfaz as regras das normas de segurança de navegação internacional. Além da manutenção em local seco, há outra série de trabalhos que não necessitam que o navio esteja em local seco para serem realizados, são os reparos relacionados com as obras mortas do navio, a superestrutura, maquinário e interior, as quais podem ser realizadas com o navio no porto. Na Figura 3, estão indicados os principais estaleiros existentes do Brasil. A grande maioria não oferece oferta especializada de reparo. No contexto recente do país, criaram-se incentivos à construção naval que levam alguns estaleiros de reparo a migrar de atividade. No mundo, o mesmo efeito é observado quando o setor está no ciclo de alta demanda por novos navios. 11 Figura 3 - Estaleiros no Brasil Enquanto a oferta de capacidade para embarcações de até 150m é 54% menor que a demanda, há sobrecapacidade para maiores. Como resultado, diques de embarcações grandes são utilizados para reparo de pequenos. Também se identificou a necessidade latente por novos diques de reparo. Em 2018 serão necessários entre 5 e 9 novos diques para que se possa atender a frota atuante na costa brasileira (2). Os estaleiros de reparo para embarcações médias e grandes se encontram concentrados todos no Sudeste do Brasil, nos estados do Rio de Janeiro (com sete estaleiros que oferecem serviços de reparo) e um no estado de São Paulo (Tabela 1). 12 Tabela 1 - Estaleiros de Reparo no Brasil Método de Estaleiro Estado Cassinú RJ Dique seco Chamon RJ Carreira docagem Dique Enavi e Renave Vard RJ RJ Wilson & Sons L x B [m] [DWT] 1 69 x 12,5 - 1 30 - 215 x 35 20000 200 x 32,8 18000 70 x 17 1800 184 x 27 - Dique seco 2 Carreira 1 100 x 25 3000 1 110 x 17 3500 Dique Carreira 2 Dique seco 1 RJ Dique seco 2 SP Dique seco 1 RJ Inhaúma Limite 3 flutuante flutuante Mauá Dimensões Quantidade 136 x 17,46 240 170 - 196 x 20 - 350 x 65 400000 TPB 160 x 25 25000 TPB 145 x 26 - Alguns deles oferecem serviços de novas construções dentro de sua oferta, e eles alternam os serviços de acordo com o mercado. Estes sete estaleiros são toda a oferta nacional de reparo, sendo a mesma insuficiente para atender a demanda futura de reparo de navios. Com o aumento de licitações para perfurações de poços no litoral do Brasil, houve também um aumento de embarcações destinadas a esse fim em nossa costa, e é preferível para o armador fazer seu reparo próximo à sua zona de trabalho. Os armadores são prejudicados com a indisponibilidade de diques e freqüentemente arcam com os custos de deslocar rotas em busca de reparo em estaleiros internacionais. O ideal é que esses navios não realizem viagem de longa duração para fazer reparos já que a perda de horas de trabalho seria muito grande. Portanto serão necessários os serviços dos estaleiros de reparo próximos da área de trabalho. 13 Dentro do mercado de reparo de navios encontramos os casos particulares de navios especializados como os navios de perfuração, que estão aumentando consideravelmente em número na costa brasileira devido aos novos poços que estão sendo perfurados na área do Pré-sal. Esses navios não costumam realizar viagens muito longas para serem reparados devido a vários fatores, mas principalmente os navios especializados costumam ter uma grande demanda, o que aumenta seu preço de frete, podendo chegar a 500.000 dólares/dia. Se o navio está parado para reparo, não e possível fretá-lo. Portanto, os navios fazem os reparos necessários perto de sua área de trabalho embora os preços dos lugares distantes sejam mais competitivos, mas essa economia não é bastante para compensar a perda durante o tempo de viagem de ida e volta. O navio de perfuração é um tipo particular de MODU- Mobile Offshore Drilling Unit que é a união de um navio com um aparato de perfuração montado no convés destinado a operações offshore. Eles são construídos em cascos de navios tradicionais como grandes navios tanque ou de carga e se movem com propulsão própria. A broca opera através de uma abertura no casco. Os navios de perfuração podem ter até 270 metros de comprimento e 42 metros de boca. Os navios de perfuração não são tão estáveis em mar turbulento como as semi-submersíveis, mas tem a vantagem de poder armazenar a produção até que cheguem os navios aliviadores (7). Figura 4 – Navio de Perfuração Discoverer Enterprise 14 Um sistema muito importante dos navios de perfuração é o sistema de DP (posicionamento dinâmico). O sistema é formado por thrusters que ficam localizados no casco. Alguns navios possuem thrusters retráteis, que entram em uma abertura no casco para facilitar a docagem. Segundo engenheiros entrevistados, os navios mais modernos não dispõem desse tipo de thruster, já que o espaço num navio sonda é concorrido devido à quantidade de carga necessária para a perfuração. Nesse caso, o thruster deve ser removido antes da docagem, sendo desacoplado com o auxílio de mergulhadores e um sistema de bóias faz a segurança dos thrusters para a sua retirada. Com base no explicitado anteriormente e tomando como ponto de partida o projeto de um estaleiro de reparo para a região do Açu, dos alunos de Mestrado da COPPE Sandra García e Juan Sarmiento (4) propõe-se realizar o projeto preliminar de um dique flutuante para realizar reparos principalmente de plataformas de perfuração e ser for o caso a transferência do mesmo para terra. No capítulo 2 será apresentado o estaleiro em questão, com suas particularidades, os navios existentes no mercado no presente ano e os serviços feitos nos mesmos. No capítulo 3 são identificados e descritos os métodos de docagem e transferências existentes. E finalmente no capítulo 4 é feito o dimensionamento do dique a partir das regras da Classificadora DNV. 15 2. CARACTERÍSTICAS DO ESTALEIRO 2.1. Localização O estaleiro está localizado no Porto de Açu, a 30 km da cidade de São João da Barra. Foi construído com o objetivo de funcionar como centro logístico de importação e exportação, com influência nas regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil e também para servir como apoio para a cabotagem ao longo da costa brasileira e da América do Sul. Os dois pontos destacados são as principais características relevantes para a localização do estaleiro. Devem ser consideradas diferentes variáveis ou características importantes que determinam a localização de um estaleiro naval de qualquer tipo (5). As características estudadas são: Proximidade de rotas marítimas. Figura 5 - Rotas marítimas globais 16 Proximidade de campos de petróleo. Figura 6 - Campos de Petróleo próximos Para determinar os possíveis navios a serem reparados no estaleiro, foi feita uma pesquisa e estão indicados a seguir na Tabela 2 os navios perfuradores em operação no Brasil em 2014 (8) (9). 17 Tabela 2 - Navios perfuradores no Brasil Nome Construção Conversão L B T ALASKAN STAR 1976 84,3 61 25 ALPHA STAR 2009 103,3 69,5 8,7 ATLANTIC STAR 1976 103 106 22 BORGNY DOLPHIN 1977 108 67,4 CAJUN EXPRESS 2001 106,4 68,9 9,0 ENSCO 6001 2000 2009 75,9 54,6 8,5 ENSCO 6002 2000 2010 75,9 54,6 8,5 ENSCO 6003 2004 - 75,9 54,6 8,5 ENSCO 6004 2004 - 75,9 54,6 8,5 ENSCO 7500 2000 - 73,2 75,6 7,0 GOLD STAR 2009 69,5 69,5 19,1 LONE STAR 2009 97,5 70,1 7,5 LOUISIANA 1982 1998 100,0 50,0 17,5 NOBLE DAVE BEARD 1986 2008 111,6 66,1 5,8 NOBLE MAX SMITH 1980 1999 106,3 100,1 5,2 NOBLE PAUL WOLFF 1982 2006 104,1 110,8 4,6 NOBLE PHOENIX 1979 2009 105,0 21,9 0,0 NOBLE THERALD MARTIN 1975 2003 98,8 103,0 7,5 NORBE VI 2009 70,1 60,9 OCEAN ALLIANCE 1988 - 122,5 78,9 8,8 OCEAN BARONESS 1973 2001 98,8 99,7 12,6 OCEAN COURAGE 2009 - 121,3 90,8 8,4 OCEAN QUEST 1973 1996 98,8 102,4 9,8 OCEAN STAR 1973 1996 102,3 95,9 9,8 OCEAN VALOR 2009 - 121,3 90,8 8,4 OCEAN WINNER 1976 - 108,2 75,6 6,7 OCEAN WORKER 1982 - 92,4 61,0 7,6 ODN DELBA III 2011 97,5 75 OLINDA STAR 1983 92,1 68,9 SEDCO 706 1976 89,9 74,7 6,4 SEDCO 707 1976 108,2 74,7 6,4 SEVAN BRASIL 2012 99 99 13 SEVAN DRILLER 2009 85,0 75,0 0,0 WEST EMINENCE 2009 83,2 72,8 9,8 WEST ORION 2010 115,5 90,2 8,4 18 1997 Apesar de o foco principal ser os navios anteriores, também podem ser atendidos outros tipos de navios que sejam de tamanhos compatíveis com o dique projetado. 2.2. Planejamento de reparo, engenharia e produção A construção e o reparo naval são atividades distintas, apesar de utilizarem o mesmo tipo de infra-estrutura. Os financiamentos e investimentos governamentais são direcionados para a construção, atraindo também estaleiros de reparo. O planejamento para ambos os serviços de nova construção e de reparo são diferentes. Temos como principais características do reparo naval a demanda relativamente estável a longo prazo, exigência de mão de obra experiente, receita inferior, difícil previsibilidade na execução de serviços, prazos curtos (2 a 4 semanas) por navio. Para a construção nova, temos a oscilação da demanda a longo prazo, financiamentos governamentais, incentivos fiscais e estabilidade no curto prazo (2 a 3 anos) (4). A maioria dos reparos e conversões necessita de um extenso planejamento. Em muitos casos, a grande quantidade de trabalho em aço precisará ser feita. Esses projetos podem ser divididos em quatros maiores estágios: remoção, construção de nova estrutura, instalação de equipamento e testes. São necessários contratos com terceirizados para realizar o trabalho mais especializado e diminuir a carga de trabalho. Em muitos casos, os contratos de reparo são uma situação de emergência com pouco tempo de antecedência, o que torna o reparo imprevisível. Os reparos normais levam de 3 dias a 2 meses, enquanto maiores reparos e conversões podem durar mais de um ano. 2.3. Serviços Os navios são similares a outros tipos de máquinas e necessitam uma freqüente manutenção e, muitas vezes, revisões completas para continuar operando (9). Os equipamentos a serem reparados estão resumidos na Tabela 3: 19 Tabela 3 - Serviços de reparo Reparo Localização do navio Torre No cais Equipamentos de perfuração No cais Bombas e processadores de lama No cais Motores No cais Sistema de posicionamento dinâmico Em seco Tratamento de superfícies e moonpool Em seco/no cais Tanques No cais Acomodações No cais Tubulações No cais Assim como em novas construções, todos os sistemas instalados devem ser testados e operados antes de o navio ser liberado. Quando é terminada a fase de reparo em seco, o navio é atracado no cais para já dar início aos testes dos reparos realizado sem seco ( bow trhuster e azimutais ) e realizar os reparos restantes, a localização no cais facilita a entrada de máquinas e pessoas pela posição do convés nivelado com o cais. Os requisitos de teste normalmente são determinados em contrato, além de outras fontes como as regras. Os testes devem ser agendados e acompanhados pelas Sociedades Classificadoras. 20 3. MÉTODOS DE DOCAGEM Os métodos de docagem e transferência são o elemento fundamental para manutenção e reparo da carenagem nos navios. Durante um número indeterminado de ocasiões da vida útil de um navio, é preciso colocar o navio em seco para que as inspeções regulares e reparos necessários sejam feitos. É a instalação mais cara dos estaleiros, ao redor da qual estão situadas as outras instalações (11). O tipo de método de docagem e seu tamanho são as principais variáveis a se considerar no momento da escolha do estaleiro. Por causa dos altos custos, a maior quantidade possível de reparos deve ser feita enquanto a embarcação estiver flutuando ou navegando. Para se tornar competitivo, o estaleiro deve facilitar a entrada e saída do navio para reparo e, sobretudo, reduzir o tempo de docagem. É por essa razão que os estaleiros devem estar situados próximos às grandes rotas de navegação. Os métodos de docagem devem cumprir as seguintes características: 1. Segurança 2. Rapidez 3. Alimentação de energia e fluidos 4. Fácil manobra 5. Estabilidade do navio 6. Bom acesso do navio para a terra Existem vários métodos, detalhados a seguir, que permitem reparar o navio e/ou transferir o navio para um local seco. Esses métodos de docagem devem permitir não só a colocação do navio em seco com segurança, mas permitir o movimento de pessoas, equipamentos, maquinaria e materiais da terra para o navio a fim de fazer as inspeções e reparos necessários. Serão listados apenas os métodos capazes de fazer uma docagem bem sucedida de navios de grande porte, que é o caso dos navios tipo plataforma de perfuração, o principal foco do estaleiro. 21 3.1. Dique seco Um dique seco é um meio de docagem consistente de um cais artificial no qual o navio entra flutuando e cujo fundo se encontra a vários metros abaixo da superfície do mar e a parte superior do mesmo ao nível do solo do estaleiro. Figura 7 - Dique Seco O dique é composto do fundo, duas paredes laterais e uma parede de proa. Na outra extremidade se encontra uma porta removível que permite a entrada e saída do navio. O dique também possui um sistema de bombas que permite remover a água contida em seu interior depois que o navio está posicionado no lugar e a porta foi fechada. 22 Figura 8 - Perfil do Dique Seco A seqüência de docagem não é imediata e necessita de uma preparação prévia para a mesma. São colocados picadeiros que sustentarão o navio quando estiver em seco, em seguida o dique é inundado e sua porta aberta para a entrada do navio. O navio entra flutuando e é posicionado sobre dos picadeiros. A água no dique é então drenada, o que faz o navio descer até sua posição definitiva assentado sobre os picadeiros. Quando se deseja retirar o navio, o dique é inundado novamente até que o navio flutue. A porta é aberta e é feito o procedimento de retirada do navio. 23 Figura 9 - Esquema de entrada do navio no Dique Seco As vantagens são uma vida útil grande; manutenção baixa de sua estrutura;não existe problemas de estabilidade no navio;sem limites de tamanho de dique; é possível existir uma porta intermediária que permite inundar apenas metade do dique. Suas desvantagens são os elevados custos iniciais de construção; ser uma estrutura fixa que não pode ser movida ou vendida; a passagem de operários e equipamento, a iluminação e ventilação são complicadas devido o seu piso se encontrar baixo do nível do estaleiro; se houver necessidade de aumentar o dique o trabalho é muito grande; baixa velocidade de operação; grande dimensão da planta de bombas (12) (11). 3.2. Dique flutuante Um dique flutuante é uma estrutura empregada para a docagem de navios elevando-os acima do nível do mar para reparos variando a flutuabilidade. A capacidade de elevação desses diques varia entre 1000 e 100000 toneladas. 24 Figura 10 - Dique Flutuante Ele é formado por uma estrutura em por de “U” alargada, que deixa livre a entrada pela proa e pela popa. A entrada é geralmente longitudinal, mas existem diques com costado desmontável que permitem a entrada transversal. Seus costados e fundo são compostos de tanques que podem ser cheios de água para fazer com que a estrutura afunde até o calado desejado e depois esvaziados para que a estrutura flutue, também elevando o navio em seu interior. A seqüência de docagem também precisa de preparação prévia. São colocados picadeiros que vão sustentar o navio na sua posição final. Os tanques se inundam por gravidade até um calado que permita a entrada do navio. Depois o navio é rebocado até seu interior, uma manobra delicada, levando em conta os muitos obstáculos existentes, muitos deles não visíveis por estarem debaixo d’água. Assim que o navio se encontra em sua posição final no dique, ele é amarrado e começa a fase de deslastre, aonde as bombas retiram a água dos tanques, fazendo o dique ganhar flutuabilidade e deixar o navio em seu interior em seco. 25 Figura 11 - Esquema de entrada do navio no Dique Flutuante As vantagens são não ocupar área em terra no estaleiro; o dique pode ser construído no próprio estaleiro ou outro que ofereça menor preço; permite manter um custo operacional baixo aumentando a competitividade do estaleiro; pode ser vendido caso não seja mais necessário; pode elevar navio com um comprimento maior que o próprio dique; pode ser rebocado facilmente em caso de necessidade de dragar a área aonde ele se encontra; a construção civil necessária para sua operação é relativamente pequena e pouco custosa; pode ser rebocado para áreas mais profundas para receber navios maiores, o que elimina a necessidade de dragar a área; pode ser aumentado com relativa facilidade. As desvantagens são a alta freqüência de manutenção de bombas, válvulas e estrutura durante toda sua vida útil; a movimentação de pessoas e cargas é restrita pelos costados do dique; a influência das marés pode complicar as operações; as manobras devem se realizar em águas tranqüilas (11) (12). 3.3. Hydrolift É uma variante do sistema de docagem “dique plataforma”. Neste caso, o sistema de plataforma é substituído por uma eclusa de elevação que se enche e esvazia e por uma plataforma que permite situar o navio na sua fase final de docagem. Essa plataforma se encontra aproximadamente ao mesmo nível do terreno em volta. Esta eclusa inicial pode servir para várias plataformas simultâneas e é capaz de realizar as manobras de flutuação e docagem ao mesmo tempo. 26 Figura 12 - Hydrolift da Lisnave Esse método de docagem foi criado pela primeira vez pela “Lisnave Estaleiros Navais” e teve como ponto de partida para a decisão de sua construção a impossibilidade técnica de construir diques secos tradicionais nos terrenos arenosos disponíveis para o estaleiro. Figura 13 - Perfil do Hydrolift 27 Os navios são manobrados na entrada e na saída da eclusa e transferidos para as plataformas, ou delas retirados, por meio de um sistema mecânico constituído por vários guinchos que, associados a carros de reboque, movem e controlam os navios durante a operação. O navio é, então, posicionado no canal da eclusa e a porta fechada. Por meio de bombas o nível da água é aumentado até a altura da plataforma e o navio é transferido para a plataforma pelos carros reboque. Posteriormente se fecha a porta da plataforma, que é esvaziada por gravidade, abaixando o navio até ficar na posição final nos picadeiros. Não é necessário esvaziar completamente a eclusa. Figura 14 - Esquema da entrada do navio no Hydrolift As vantagens são o custo relativamente reduzido em relação ao dique seco, pelo preço de dois diques secos, se pode construir um hydrolift com capacidade para três navios; o navio é elevado ao nível do estaleiro, facilitando o acesso de pessoas e equipamento; permite transferir mais de um navio simultaneamente; as plataformas recolhem os resíduos e enviam para tratamento posterior. 28 As desvantagens são custo inicial de equipamento elevado; manutenção de equipamentos elevada; não permite o uso da eclusa como plataforma, pois impede a entrada e saída para as outras plataformas (13). 3.4. Syncrolift Um syncrolift é um mecanismo que permite transferir o navio desde uma posição inicial flutuando a um final em seco, aonde será feito o reparo. O sistema é composto de uma plataforma formada por vigas metálicas que submergem abaixo do fundo do navio e o elevam até uma estrutura com trilhos, que guincha o barco até o local do reparo. Figura 15 - Syncrolift A plataforma é preparada com picadeiros nos quais o navio ficará em sua posição final e então submerge e o navio é rebocado para cima dela. A plataforma é elevada por meio de motores situados em terra sincronizadamente a fim de manter a horizontalidade e distribuição uniforme da carga sobre a plataforma. Uma vez que a plataforma chega à altura da zona de docagem, o navio inicia o movimento sobre os trilhos até o local final de trabalho. 29 Figura 16- Esquema de entrada do navio no Syncrolift Uma grande vantagem do syncrolift em relação ao dique de reparo é que o primeiro não fica imobilizado durante o período de reparo, podendo ser utilizado para continuar movendo os navios sempre que precisar e tem maior rapidez de operação. O inconveniente é a zona de docagem, que sempre deve estar livre e não devem existir elementos fixos que sirvam de obstáculo para o movimento dos navios, alto custo de construção e manutenção e requer maquinário de alta tecnologia (11). 3.5. Determinação do tipo de sistema de docagem Na Figura 17está indicada a área que será utilizada para este estudo. Ela possui um canal de entrada com 14m de profundidade, um canal interno com 11m e uma área de manobra com 16m de profundidade. 30 Figura 17 - Layout geral da área do estaleiro Na Figura 18 é mostrado em detalhe a área de localização do estaleiro. Essa área possui um cais de 4m de altura. Como foi indicado no item 2.2, os trabalhos em seco são basicamente a carenagem, pintura e reparo do sistema de DP. Em entrevistas com diversos engenheiros que trabalham com reparos concluímos que os armadores preferem fazer os trabalhos em seco e depois atracar a embarcação no cais para fazer o resto dos reparos porque desta forma enquanto os trabalhos avançam eles podem testar os equipamentos do DP. O principal objetivo do projeto é determinar um sistema de docagem que tenha o menor custo e facilidade de implantação. Os principais limites de projeto são a profundidade do canal e altura do cais no local determinado para o dique, o calado e o peso da embarcação a ser reparada. A partir desses parâmetros, foi necessário excluir alguns sistemas descritos no presente capítulo. 31 Oficinas construídas Figura 18 – Detalhe da localização do estaleiro O dique seco já foi descartado inicialmente pela impossibilidade de se fazer uma obra de civil de grande porte no local por ser muito dispendioso e demorado, além de já existirem construídas no estaleiro algumas instalações, impossibilitando sua alocação. Pelo mesmo motivo a opção de utilizar um sistema tipo hydrolift tradicional foi descartada. Apesar de ser viável sob o ponto de vista econômico, uma simples avaliação do local já impossibilita a sua instalação porque este tipo de sistema só é viável se tiver dois o três locais para reparar as embarcações. A opção do syncrolift é indicada para navios de peso reduzido, o que não é o caso dos navios de perfuração que tem peso leve elevado. Um syncrolift para um navio desse porte seria também muito caro. A possibilidade mais indicada é um dique flutuante. Para o local, esse dique flutuante tem duas opções de projeto: Pode ser fixo no local, um híbrido de dique flutuante e hydrolift, operando com guias que ajudam a reduzir os momentos nas operações de float on e float off, funcionando sem a necessidade de flutuadores, o que faz dele o projeto mais barato; Dique flutuante comum e livre, com a vantagem de poder ser rebocado a locais de maior profundidade para fazer as operações de load in e load out. A escolha entre os dois tipos será feita após os primeiros resultados preliminares de dimensionamento do dique. 32 4. DIMENSIONAMENTO DO DIQUE Ao se projetar o dique flutuante, algumas estimações devem ser feitas com a intenção final de minimizar a quantidade de aço empregado em sua construção, sempre tendo em conta que se deve obedecer aos limites estruturais e parâmetros de estabilidade mínimos determinados pelas regras. Foram utilizadas as regras da DNV Det Norske Veritas (13). Passos do projeto do dique flutuante: Características hidrostáticas e dimensões dos navios e dos picadeiros Dados do porto e área de manobra Dimensionamento do pontão do dique Dimensionamento dos flutuadores do dique 4.1. Sequência de operações Para dimensionar o dique flutuante escolhido como o meio de docagem do estaleiro, é imprescindível conhecer com detalhes as operações que serão realizadas. As operações principais são (11): Manobra de entrada e saída do dique flutuante Com o objetivo de docagem, temos as operações: o Float on o Float off Para a transferência entra mar e terra: o Load in 33 o Load out Essas operações também são muito importantes na escolha do dique a ser projetado. As manobras serão descritas detalhadamente ao final da escolha do dique a ser implantado no local. 4.2. Cálculo hidrostático do dique flutuante Um dique flutuante deve ter dimensões, resistência, deslocamento e estabilidade suficiente para elevar da água um navio, ou qualquer outra estrutura, usando sua flutuabilidade. Um dique flutuante deverá ser projetado de tal maneira que se tenha adequados: Estabilidade, borda livre e flutuabilidade; Resistência longitudinal; Resistência transversal; Resistência aos esforços locais; Os valores mínimos serão determinados pela norma “Rules for Classification of Floating docks”, de janeiro de 2012, da sociedade classificadora DNV (13). 4.2.1. Estabilidade Condições de carga em estudo (A 200 Loading Conditions). Serão estudadas as seguintes condições de carga: o Condição com o dique totalmente submergido flutuando com sua borda livre mínima. o Condição com o dique submerso até a linha superior dos picadeiros, quando o navio está apoiado nos picadeiros e a linha d’água submersa seja mínima; o Condição com o dique em sua posição final de trabalho com o navio típico sobre os picadeiros, incluindo o navio mais desfavorável. Condições de estabilidade intacta (A 300 Intact Stability Requirements). Devem ser cumpridos os critérios de estabilidade intacta estabelecidos: o Proporcionando as curvas de estabilidade intacta em águas tranqüilas. 34 o Devem ser corrigidas de acordo com o efeito das superfícies livres nos tanques. Devem ser corrigidos de uma maneira realista, tendo em conta o nível de líquidos nos tanques e o ângulo de inclinação. o Considera-se que todos os canais de ventilação estão fechados no momento do cálculo. 4.2.2. Borda livre Borda livre até o teto dos costados: Quando todos os equipamentos de segurança estão inundados, mas não há carga sobre os picadeiros (o navio não encosta no dique), a borda livre não deve ser menor que 1 metro. Em qualquer caso, a borda livre deve ser suficiente para que proporcione uma reserva de flutuabilidade e estabilidade adequada para resistir a qualquer inundação acidental de qualquer compartimento de segurança. As aberturas de acesso devem ter meios suficientes de fechamento para prevenir que a água do mar passe para os flutuadores do dique. Borda livre até o teto do pontão: A borda livre até o teto do pontão em sua posição final de trabalho com um navio correspondente à sua capacidade de içamento sobre os picadeiros não deve ser menor que 300 mm na parte central e menor que 75 mm no interior dos flutuadores laterais. Todos os equipamentos devem ser posicionados de modo que não haja banda ou trim. Se o porto não está protegido às intempéries do tempo, podem ser necessárias bordas livres maiores que as mencionadas anteriormente. 4.2.3. Sistema de referência Para estabelecer as forças atuantes no conjunto é necessário conhecer qual será o sistema de referência empregado. O sistema de referência principal (XYZ) empregado nos cálculos do dique é um sistema de três dimensões que obedece à regra da mão direita. O sistema tem sua origem na popa do dique, na linha central do mesmo, como ilustra a Figura 19. 35 Figura 19 - Sistema de referência X positivo: eixo situado na longitudinal do dique, crescendo para a direita. Y positivo: eixo situado na transversal do dique, crescendo para dentro do papel. Z positivo: eixo vertical, crescendo para cima. Um eixo secundário de coordenadas (xyz) situado na popa do navio com a linha central do mesmo será utilizado. Quando for analisado o sistema dique + navio, as coordenadas do navio (xyz) devem ser transladadas para as coordenadas do dique (XYZ), para tanto, deve ser conhecida a posição que o navio vai ocupar dentro do dique. Essa posição será determinada pela posição dos picadeiros. 4.2.4. Parâmetros empregados para o cálculo da estabilidade Antes de proceder com o cálculo da estabilidade deve ser escolhida uma série de parâmetros que servirão para o cálculo, relacionados a seguir. Os cálculos foram feitos com o auxílio das planilhas de Juan Rodriguez e Sandra Garcia, alunos de mestrado da UFRJ (14). a) Constantes Em primeiro lugar, são definidos os parâmetros gerais que serão considerados constantes. Eles serão utilizados para todos os cálculos. ρ: Massa específica da água salgada; 𝜌𝑎𝑐 : Massa espacífica do aço; g: Aceleração da gravidade; E: Módulo de Young ou módulo de elasticidade do aço. 36 Os valores das constantes são: Tabela 4 - Constantes utilizadas b) Constante Valor Unidade ρ 1,025 𝑡/𝑚3 𝝆𝒂𝒄 7,85 𝑡/𝑚3 g 9,81 𝑚/𝑠 3 E 210000 MPa Dados do entorno São indicadas a seguir, na Figura 20, as características do canal existente no estaleiro em questão, utilizadas no cálculo do dique. Figura 20 - Parâmetros de entrada Margem lateral: Espaço existente entre o costado do navio e o costado do dique para facilitar a entrada no mesmo. 37 Calado do porto: Profundidade máxima do canal aonde se vai realizar a operação de docagem do navio. O calado é dado pela dragagem realizada no canal do estaleiro. Figura 21 - Profundidades do canal Margem de fundo: Distância entre a quilha do dique, quando o mesmo encontra-se submerso em seu calado máximo, e o fundo. Deve garantir que o dique não encalhará no fundo. Margem de manobra: Distância entre a parte superior dos picadeiros e a quilha do navio. Altura do cais: Distancia entre o espelho d’água e o cais. Depende da maré e da altura do cais. Os dados da maré foram extraídos das tabelas de maré da FEMAR – Fundação de estudos do mar, situada em São João da Barra, cidade próxima ao estaleiro. A maré varia 1 metro entre a maré baixa e a maré alta. 38 Figura 22 - Informações oceânicas da região Deve ser considerado o valor mais crítico, que é o da maré baixa. Valores para os parâmetros que se mantiveram constantes para todos os cálculos: Tabela 5 - Parâmetros de entrada 4.3. Parâmetro Valor Unidade Margem lateral 4,00 m Margem de fundo 1,00 m Margem de manobra 0,30 m Altura do Cais 4m m Calado máximo do Canal 16,00 m Calado no local de operação 11,00 m Dados do navio Os dados do navio serão utilizados para dois cálculos diferentes: Num primeiro calculo, serão tomados os dados do maior navio a ser docado para poder dimensionar o dique do estaleiro. Em um segundo calculo, serão utilizados os dados de qualquer navio, dentro das dimensões atendidas pelo dique, com o objetivo 39 de calcular o lastro necessário para o dique e sua posição dentro dos tanques para realizar as operações de float on e float off e o load in e load out. Para um cálculo aproximado dessas operações, devem ser utilizados os seguintes dados do navio: Comprimento total Comprimento entre as perpendiculares Pontal Peso leve de docagem Calado de docagem Posição longitudinal do centro de gravidade Posição transversal do centro de gravidade Posição vertical do centro de gravidade Diagrama de peso leve: em caso de não ter em disposição a curva de peso leve do navio, ela deve ser estimada. Após uma longa pesquisa, foi constatado que os novos navios de perfuração construídos estão aumentando de tamanho, logo o dimensionamento do dique será feito tomando em conta os maiores navios do mercado atual. Temos abaixo, na Tabela 6, uma lista dos navios mais relevantes em operação no Brasil. Tabela 6 - Maiores navios em operação no Brasil Nome Construção L [m] B [m] T [m] NORBE VIII 2011 238 42 12 ODN I 2012 238 42 12 CAROLINA 2011 238 42 12 ODN II 2012 238 40,4 9,5 DEEPSEA METRO II 2011 229 36 10 ENSCO DS-4 2010 228,9 42,1 8,5 PACIFIC MISTRAL 2011 228,0 42,1 8,5 PETROBRAS 10000 2009 228,0 41,8 8,5 SERTAO 2012 228 12 DEEPWATER DISCOVERY 2000 227,5 42,0 8,5 AMARALINA STAR 2012 218 42 11 LAGUNA STAR 2012 218 42 11 CHYKIU 2005 210,0 38,0 40 42 8,2 4.4. Dimensionamento do Pontão Para o dimensionamento do dique, o mesmo é primeiramente considerado uma barcaça, como uma caixa retangular que posteriormente poderá ter flutuadores laterais a ser adicionados para melhorar a estabilidade nas operações de float on e float off. Essa caixa é chamada de pontão. Figura 23 - Dimensões do pontão 4.4.1. Comprimento O comprimento escolhido para o pontão será o comprimento total do dique. Para a determinação do comprimento, recorremos à base de dados dos navios de perfuração, o principal foco do estaleiro de reparos escolhido. Foi constatado que os navios construídos nos últimos anos estão aumentando de tamanho, logo o tamanho deve ser no mínimo igual ao maior navio encontrado no ano de 2014. Como visto na Tabela 6, os maiores navios estão na faixa de 240 metros. O tamanho escolhido para o dique foi de 300 metros, a fim de se antecipar ao crescimento dos próximos navios construídos. 𝐿𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 = 300 𝑚 4.4.2. Boca Será equivalente à boca de trabalho do dique, também será escolhida dependendo do tamanho dos navios a serem reparados. Será escolhida a partir do navio de maior boca encontrado no mercado hoje. A esse valor, são adicionadas margens de segurança em cada costado para poder realizar a manobra de entrada e 41 saída do navio com segurança e para facilitar o trabalho de reparo quando o navio estiver dentro do dique flutuante. Verificando a Tabela 6, é possível constatar que as maiores bocas são as de 42 m, adicionando as margens de segurança de 4 metros, temos que o tamanho da boca do pontão é de 50 m. 𝐵𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 = 𝐵𝑛𝑎𝑣𝑖𝑜 + 2 ∗ 𝑀𝑙𝑎𝑡𝑒𝑟𝑎𝑙 = 42 + 2 ∗ 4 = 50 𝑚 4.4.3. Capacidade de elevação mínima Além do comprimento e da boca, um parâmetro fundamental para o dimensionamento de um dique é a sua capacidade de elevação, já que é um dos parâmetros que vai definir quais navios podem ser atendidos pelo estaleiro. Os navios sonda são navios de peso leve elevado, principalmente por causa dos equipamentos de perfuração instalados no seu casco. Os maiores navios têm por volta de 50000 t de peso leve, logo o dique deve ter uma capacidade de elevação mínima de 56000 t por segurança. 𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑒𝑙𝑒𝑣𝑎çã𝑜 = 56000𝑡 4.4.4. Peso leve É o peso de aço estimado usado na fabricação do pontão. Utilizando o artigo sobre cálculo de peso leve de navios (15), foi calculado preliminarmente o peso leve do pontão. 𝑃𝑙𝑒𝑣𝑒𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 = 10000 𝑡 4.4.5. Calado leve É o calado do pontão em seu peso leve, calculado como: 𝑇𝑙𝑒𝑣𝑒𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 = 𝑃𝑙𝑒𝑣𝑒𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 = 0,65 𝑚 𝐵𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 ∗ 𝐿𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 ∗ 𝜌 4.4.6. Calado do pontão com o navio a bordo É o calado necessário do pontão quando estiver sustentando o peso do navio em seus picadeiros, para estar em equilíbrio. Para o cálculo do calado do pontão com o navio a bordo, usamos o princípio de Arquimedes. ∑𝑃𝑒𝑠𝑜𝑠 = 𝐸𝑚𝑝𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑜 𝑝𝑜𝑛𝑡ã𝑜 𝑃𝑛𝑎𝑣𝑖𝑜 + 𝑃𝑙𝑒𝑣𝑒𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 + 𝑃𝑝𝑖𝑐𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 = 𝐿𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 ∗ 𝐵𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 ∗ 𝑇𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 ∗ 𝜌 42 𝑇𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 = 𝑃𝑛𝑎𝑣𝑖𝑜 + 𝑃𝑙𝑒𝑣𝑒𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 + 𝑃𝑝𝑖𝑐𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 = 3,99 𝑚 𝐿𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 ∗ 𝐵𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 ∗ 𝜌 4.4.7. Pontal Para o cálculo inicial do pontal do pontão, será escolhido o maior dos seguintes valores: O dique carregando o navio, deve poder se alinhar com o cais, o que implica que o pontal deve ser suficiente alto para se alinhar para qualquer condição de maré. Se consideramos que a distância máxima (que seria o caso da maré baixa) do espelho d’água até o cais vem a ser de 4 m, o pontal mínimo do pontão deve ser: 𝐷𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 = 𝑇𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 + 𝐻𝑐𝑎𝑖𝑠 = 7,99 𝑚 Segundo a regra da DNV com respeito à borda livre (Capítulo 2, Seção 2, A200), a borda livre do pontão do dique com o navio a bordo não deve ser inferior a 0,30m. Portanto, de acordo com a norma, o pontal mínimo do pontão deve ser: 𝐷𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜𝑠𝑒𝑚𝑐𝑎𝑖 𝑠 = 𝑇𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 + 𝐵𝑜𝑟𝑑𝑎 𝑙𝑖𝑣𝑟𝑒 𝑑𝑎 𝐷𝑁𝑉 = 4,29 𝑚 Como pode ser verificada, a primeira opção tem um pontal maior que a segunda. Logo a segunda também é satisfeita. 𝐷𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 = 8,00 𝑚 LCG É a posição longitudinal do centro de gravidade. Como é simétrica, a posição longitudinal do seu centro de gravidade em relação à sua popa, se encontra na metade do seu comprimento. 𝐿𝐶𝐺𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 = 𝐿𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 = 150,00 𝑚 2 TCG É a posição transversal do centro de gravidade do pontão. Por se tratar de uma caixa simétrica, o centro de gravidade transversal se localiza na metade de sua boca, posição 0m para o sistema de referência. 43 𝑇𝐶𝐺𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 = 0 𝑚 KG Centro vertical de gravidade do pontão. Novamente por se tratar de uma caixa retangular e simétrica, com seus pesos uniformemente distribuídos, seu KG se encontra na metade do pontal. 𝐾𝐺𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 = 𝐷𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 = 4,00 𝑚 2 Em resumo, temos um pontão de: Tabela 7 - Dimensões do pontão Parâmetro Valor Unidade Comprimento 300 m 50 m 56000 t 8 m Pontal sem o cais 4,29 m LCG 150 m TCG 0 m KG 4 m Boca Capacidade de elevação Pontal alinhado com o cais Com os valores principais do pontão, podemos calcular os flutuadores laterais que permitem garantir a estabilidade do dique durante toda a operação. 4.5. Análise dos resultados do pontão Como mostra a Figura 24 - considerando os limites físicos para a manobra de load in, temos os limites para a operação do dique: Tabela 8 - Limites físicos para a operação do dique Margem de segurança de fundo 1 m Altura dos picadeiros 1,8 m Margem de manobra 0,3 m Altura do cais 4 m 44 Figura 24 - Limites físicos para operação do dique Confrontando os limites físicos e o resultado mostrado na Tabela 8, vemos que o projeto mais barato que seria um híbrido de dique flutuante / hydrolift com guias fixas no cais do estaleiro não é possível de viabilizar. Já que como mostra a Figura 25, se considerarmos que precisamos de 8 metros de pontal no dique para poder alinhar com o cais e temos de calado no píer de 11 metros não podemos realizar a manobra de entrada do navio. Figura 25 - Perfil do pontão com o cais 45 A solução é rebocar o dique para o maior calado disponível para se tornarem possíveis as manobras de float on e float off. Para tanto, o dique deve ser um dique flutuante comum, que deve ter flutuadores adicionados ao pontão. 4.6. Cálculo dos flutuadores do dique Para o cálculo das dimensões definitivas do dique, uma vez dimensionado o pontão, é necessário dimensionar os flutuadores que permitem realizar as operações de float on e float off. Para tanto, devemos usar as condições de estabilidade do conjunto dique + navio. 4.6.1. Estabilidade transversal Estabilidade é a propriedade que tem o navio de retornar à sua posição inicial de equilíbrio, depois de cessada a força perturbadora que dela o afastou. Estas forças perturbadoras podem ser devido a movimentação de cargas, ondas e etc. No caso do dique flutuante, o cálculo da estabilidade é mais complicado que o cálculo da estabilidade de um navio, pois além de calcular a estabilidade do dique e do navio separados, deve-se calcular a estabilidade do conjunto dique + navio. Para o estudo da estabilidade transversal para pequenos ângulos, será analisado o GM ou altura metacêntrica do conjunto. KB: Posição vertical do centro de carena; BM: Raio metacêntrico; KG: Posição vertical do centro de gravidade; FS: Correção da superfície livre. 𝐺𝑀 = 𝐾𝐵 + 𝐵𝑀 − 𝐾𝐺 − 𝐹𝑆 Figura 26 - Estabilidade do navio 46 Devemos estudar cada parâmetro que a equação acima depende para determinar como varia a estabilidade ao modificar cada um. BM Centro de carena. É a distância em metros entre o metacentro M e o centro de gravidade G. o M: metacentro; o B: Centro de carena; o I: Inércia do conjunto em relação à linha de centro (𝑚4 ); o 𝛻: Volume suberso (m³). 𝐵𝑀 = 𝐼 𝛻 KB Posição vertical do centro de carena em metros. Obtida pelas curvas hidrostáticas para o calado em estudo, em caso da falta das hidrostáticas, pode ser obtido mediante a fórmula: 𝐾𝐵 = o ∑𝑉𝑠𝑢𝑏𝑚𝑒𝑟𝑠𝑜 𝑖 ∗ 𝐾𝐵𝑖 ∑𝑉𝑠𝑢𝑏𝑚𝑒𝑟𝑠𝑜 𝑖 𝑉𝑠𝑢𝑏𝑚𝑒𝑟𝑠𝑜 𝑖 : Volume de cada uma das partes submersas do conjunto (m³); o 𝐾𝐵𝑖 : Posição vertical do centro de carena de cada uma dessas partes em relação a uma referência (m). KG Posição vertical do centro de gravidade. Depende da distribuição do peso do objeto flutuante estudado. 𝐾𝐺 = ∑𝑃𝑖 ∗ 𝐾𝐺𝑖 ∑𝑃𝑖 o 𝑃𝑖 : Pesos dos diferentes elementos do conjunto (t); o 𝐾𝐺: Posição vertical do centro de gravidade dos diferentes elementos do conjunto em relação a uma referência (m). 47 FS Correção devido ao efeito de superfície livre. Se os tanques de lastros tem um volume menor que 98%, deverá ser levada em conta a correção devido o efeito de superfícies livres. Se existem superfícies livres nos tanques de lastro, deve ser feita a correção da posição do centro de gravidade calculada para o conjunto sem superfícies livres e, portanto a altura metacêntrica do conjunto deve ser alterada. 𝐹𝑆 = 𝐿𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 ∗𝐵𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 ³ 𝐼𝜌𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 𝛻𝜌𝑚𝑎𝑟 (𝑚4 ); o 𝐼= o 𝐿𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 = 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 𝑚 ; o 𝐵𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 = Boca do tanque (m); o 𝛻 = Volume total deslocado pelo conjunto (m³). 12 Análise da altura metacêntrica. o Se GM=0 a estabilidade é neutra. o Se GM<0 a estabilidade é negativa. Figura 27 - Estabilidade negativa 48 Se GM>0 a estabilidade é positiva. Figura 28 - Estabilidade positiva 4.6.2. Estabilidade do navio No momento da entrada do navio no dique é imprescindível que a sua estabilidade seja positiva (GM>0), caso contrário, não é possível fazer a transferência do navio. A estabilidade do navio irá mudar durante a operação de docagem, já que o calado do navio será variado dependendo da fase de operação. Por esse motivo é de extrema importância conhecer com exatidão os dados de estabilidade do navio na sua entrada no dique, já que todos os cálculos posteriores vão depender dos mesmos. É necessário que o navio esteja bem apoiado e fixo nos picadeiros antes que ele perca sua estabilidade para que o mesmo não vire. É indispensável realizar um bom estudo de estabilidade do navio nas seguintes condições: Manobra de entrada o Navio flutuando; o Navio tocando os picadeiros; o Navio apoiando nos picadeiros laterais ou nas escoras; o Calado do navio com o GM=0 (ponto de instabilidade). Manobra de saída o Calado do navio com o GM=0 (ponto de instabilidade o Navio apoiado nos picadeiros; o Navio antes de ser levantar dos picadeiros; 49 o Navio flutuando. O estudo de estabilidade do navio não precisa ser feito para o propósito do trabalho, que é dimensionar o dique, já que apenas é necessário conhecer o valor do GM para o dique sozinho e para o conjunto dique + navio. 4.6.3. Estabilidade do dique Devem ser aplicados os conceitos de estabilidades explicados anteriormente nas cinco fases seguintes: 1) O dique totalmente submerso em sua máxima profundidade sem o navio; 2) Elevação parcial do navio: navio elevado a aproximadamente metade de seu calado de docagem; 3) Linha d’água na parte superior dos picadeiros; 4) Linha d’água no teto do pontão; 5) O dique com o navio fixo nos picadeiros, em seu calado de operação. Figura 29 - Fases de estabilidade 50 Para cada uma das fases, deverá ser estudado o valor do GM, considerando a regra da DNV A300 que obriga que a altura metacêntrica do conjunto (GM) seja maior que 1 m. 𝐺𝑀 = 𝐾𝐵 + 𝐵𝑀 − 𝐾𝐺 − 𝐹𝑆 𝐺𝑀 > 1 Figura 30 - Estabilidade do conjunto navio + dique Os flutuadores devem ser projetados visando cumprir a norma. Se o dique é composto apenas do pontão, quando se encontra com o calado na parte inferior da base, a área do plano de flutuação será a dos picadeiros. Dada a sua área reduzida e sua proximidade com a linha central do dique, teria uma inércia transversal muito pequena, o que implica um BM muito pequeno e, por conseqüência, uma altura metacêntrica muito reduzida ou negativa. Supondo o pontão sem o navio, submerso logo acima do teto do pontão, no início dos picadeiros: 𝐺𝑀 = 𝐾𝐵 + 𝐵𝑀 − 𝐾𝐺 𝐵𝑀 = 𝑖𝑝𝑖𝑐𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 𝛻𝑐𝑜𝑛𝑗𝑢𝑛𝑡𝑜 Supondo uma linha de picadeiros que ocupa todo o comprimento do pontão, temos o cálculo preliminar para uma área retangular: 𝐵𝑀 = 𝑖𝑝𝑖𝑐𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 𝐿𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 ∗ 𝐵𝑝𝑖𝑐𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 ³ = ~𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑚𝑢𝑖𝑡𝑜 𝑝𝑒𝑞𝑢𝑒𝑛𝑜 𝛻𝑐𝑜𝑛𝑗𝑢𝑛𝑡𝑜 12 ∗ 𝐿𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 ∗ 𝐵𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 ∗ 𝐶𝑎𝑙𝑎𝑑𝑜 Como o peso dos picadeiros é desprezível em relação ao peso do pontão e tendo em conta que o mesmo está totalmente submerso, pode-se dizer que: 51 𝐾𝐵 ≈ 𝐾𝐺 ≈ 𝐶𝑎𝑙𝑎𝑑𝑜 2 Então: 𝐺𝑀 = 𝐾𝐵 + 𝐵𝑀 − 𝐾𝐺 ≈ 0 Ao se colocar o navio em cima dos picadeiros o KG aumenta e o KB e o BM se mantêm o mesmo para o mesmo calado, portanto: 𝐺𝑀 = 𝐾𝐵 + 𝐵𝑀 − 𝐾𝐺 < 0 É possível concluir que é necessário colocar os flutuadores para garantir a estabilidade do dique na fase mais crítica, aonde a água se encontra na linha dos picadeiros e, portanto, garantindo a estabilidade nas outras fases. 4.6.4. Cálculo dos flutuadores usando os critérios de estabilidade Em primeiro lugar é preciso tomar a decisão se os flutuadores serão colocados em cima ou nas laterais do pontão. Figura 31 - Localização dos flutuadores Para manter o valor da boca do pontão já calculada anteriormente e para realizar as manobras de entrada e saída do navio no dique com maior segurança, além de aproveitar o maior espaço de flutuabilidade extra, foi decidido pela segunda opção, de colocar os flutuadores na lateral do pontão. Para o dimensionamento dos flutuadores, não é necessário estudar todas as cinco fases mostradas na Figura 29 já que estudando a condição crítica, o valor atende as demais condições. A escolha vai ser pelo flutuador que atende o critério de GM>1, como determinado na regra. Como explicado anteriormente, a condição aonde a estabilidade é mais crítica é entre as fases 3 e 4, quando a água se encontra em algum ponto dos picadeiros aonde a área de flutuação tem o seu menor valor. 52 O cálculo dos flutuadores foi abordado de duas maneiras diferentes: Otimização dos flutuadores: Primeiro foi abordado o problema como uma otimização dos flutuadores. Foi feito o dimensionamento dos flutuadores que cumprem as condições de estabilidade e consomem a menor quantidade de aço em sua construção. Flutuadores definitivos: A segunda abordagem consiste na eleição de flutuadores definitivos que atendam às necessidades dependendo do tipo de reparo. Essas expectativas/necessidades serão explicadas posteriormente no presente trabalho e o cálculo de sua estabilidade nas fases críticas de operação será feito também. 1) Otimização dos flutuadores Na otimização, se procura minimizar a área dos flutuadores que cumpram os requisitos de estabilidade: 𝐺𝑀 = 𝐾𝐵 + 𝐵𝑀 − 𝐾𝐺 − 𝐹𝑆 𝐺𝑀 > 1 O primeiro parâmetro a se dimensionar dos flutuadores é o seu pontal. Para o dimensionamento do pontal dos flutuadores, não é necessário empregar critérios hidrostáticos, já que o pontal depende apenas da profundidade necessária para submergir o dique para a operação de entrada e saída do navio, levando em conta a regra da classificadora, as margens de manobra e de fundo e do tamanho dos picadeiros. 53 Figura 32 - Dique completamente submerso Além dos valores já apresentados anteriormente e que comporão o calado do pontão, a regra da DNV, Capítulo 3, Seção 2 A101 determina que o dique deva ter sempre a borda livre mínima de 1m. A análise a seguir é dita preliminar, pois depois que os flutuadores forem escolhidos, será possível diminuir o pontal do pontão, pois os flutuadores darão mais flutuabilidade ao conjunto pontão + flutuadores. Portanto os valores mudarão dependendo das dimensões dos flutuadores. O pontal preliminar dos flutuadores deve ser no mínimo: 𝐷𝑓𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 = 𝐷𝐵𝑜𝑟𝑑𝑎𝐿𝑖𝑣𝑟𝑒 + 𝑇𝑛𝑎 𝑣𝑖𝑜 + 𝑀𝑚𝑎𝑛𝑜𝑏𝑟𝑎 + 𝐻𝑝𝑖𝑐𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 + 𝐷𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 + 𝑀𝑓𝑢𝑛𝑑𝑜 = 20,30 𝑚 Uma vez definido o pontal mínimo dos flutuadores, é necessário fazer a cálculo de seu comprimento, boca e o número de flutuadores necessário, de acordo com a regra. Foram adotados flutuadores retangulares, unidos ao pontão em sua fase crítica, em função de: 𝑙𝑓𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 : Comprimento do flutuador [m]; 𝑏𝑓𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 : Boca do flutuador [m]; 𝑁𝑓𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 : Número de flutuadores. 54 Figura 33 - Dique completo Para um calado chamado de 𝑇𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑜 ,quando a água se encontra em algum ponto dos picadeiros, deve-se analisar o GM para uma gama de calados que compreendem desde a água acima do teto do pontão até a parte superior dos picadeiros. Se os picadeiros tem uma altura de 1,8 metros e o pontal do pontão tem 8,00 metros, temos que o calado crítico preliminar se encontra compreendido entre os seguintes valores de calado; 𝑇𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑜 𝜖 𝐷𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 , 𝐷𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 + 𝐻𝑝𝑖𝑐𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 = [8.00,9.80] (m) Figura 34 - Dimensões dos flutuadores 55 Quando o dique está flutuando com a área na altura dos picadeiros, a área de flutuação depende apenas dos picadeiros e dos flutuadores. Se for considerado que tanto os picadeiros como os flutuadores tem áreas retangulares de flutuação, o momento de inércia a partir da linha de centro é: 𝐼 = 𝐼𝑓𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑑𝑜 + 𝐼𝑝𝑖𝑐𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 𝑟𝑒𝑠 𝐼𝑓𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 : Inércia dos flutuadores; 𝐼𝑝𝑖𝑐𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 : Inércia dos picadeiros. Como os picadeiros são diferentes para cada navio a ser docado e costumam ter uma área muito pequena, sua área não foi considerada no momento para o cálculo. Se em um cálculo posterior a área for considerada, a condição de estabilidade será melhorada. 𝐼𝑓𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 = 𝑁𝑓𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 ∗ ∗ 𝑙𝑓𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 ∗ 𝑏𝑓𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 ³ + 𝑙𝑓𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 ∗ 𝑏𝑓𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 12 𝐵𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 + 𝑏𝑓𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 2 2 (𝑚) Tendo em conta que para esse calado, a água chega até os picadeiros, e o pontão está completamente submerso, logo o volume submerso para essa condição de 𝑇𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑜 será: 𝑉𝑠𝑢𝑏𝑚𝑒 𝑟𝑠𝑜 = 𝑉𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 + 𝐴𝑝𝑖𝑐𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 ∗ 𝑇𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑜 − 𝐷𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 + 𝑁𝑓𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 ∗ 𝑙𝑓𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 ∗ 𝑏𝑓𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 ∗ 𝑇𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑜 (𝑚3 ) Como temos que o BM é dado por: 𝐵𝑀 = 𝐵𝑀 = 𝐼 𝑉𝑠𝑢𝑏𝑚𝑒𝑟𝑠𝑜 𝐼 𝑉𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜𝑜𝑛 + 𝐴𝑝𝑖𝑐𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 ∗ 𝑇𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑜 − 𝐷𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜𝑜𝑛 + 𝑁𝑓 ∗ 𝑙𝑓 ∗ 𝑏𝑓 ∗ 𝑇𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑜 Então temos que o KB será igual a: 𝐾𝐵 = 𝑉𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 ∗ 𝐾𝐵𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 + 𝐴𝑝𝑖𝑐𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 ∗ 𝑇𝑐𝑟 í𝑡𝑖𝑐𝑜 − 𝐷𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 ∗ 𝑇𝑐𝑟 í𝑡𝑖𝑐𝑜 + 𝐷𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 + 𝑁𝑓 ∗ 𝑙𝑓 ∗ 𝑏𝑓 ∗ 𝑇𝑐𝑟 í𝑡𝑖𝑐𝑜 2 𝑉𝑠𝑢𝑏𝑚𝑒𝑟𝑠𝑜 E então a posição vertical do centro de gravidade do conjunto: 56 𝐾𝐺 = 𝑃𝑙𝑒𝑣𝑒 𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 ∗ 𝐾𝐺𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 + 𝑃𝑛𝑎𝑣𝑖𝑜 ∗ 𝐾𝐺𝑛𝑎𝑣𝑖𝑜 + 𝑃𝑙𝑎𝑠𝑡𝑟𝑜 ∗ 𝐾𝐺𝑙𝑎𝑠𝑡𝑟𝑜 + 𝑃𝑝𝑖𝑐𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 ∗ 𝐾𝐺𝑝𝑖𝑐𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 + 𝑃𝑓 ∗ 𝐾𝐺𝑓 𝑃𝑙𝑒𝑣𝑒 𝑝𝑜𝑛𝑡 ã𝑜 + 𝑃𝑛𝑎𝑣𝑖𝑜 + 𝑃𝑙𝑎𝑠𝑡𝑟𝑜 + 𝑃𝑝𝑖𝑐𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 + 𝑃𝑓 Aonde: 𝑃𝑓 : Peso dos flutuadores 𝑃𝑓 = 2 ∗ 𝑁𝑓 ∗ 𝜌𝑎ç𝑜 ∗ 𝑡𝑓 ∗ 𝑏𝑓 ∗ 𝑙𝑓 +𝑏𝑓 ∗ 𝑑𝑓 +𝑑𝑓 ∗ 𝑙𝑓 (𝑚) 𝑡𝑓 : Espessura de chapa dos flutuadores 𝐾𝐺𝑓 = 𝑑 𝑓𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 2 Para o cálculo do FS, é analisado o pior caso, quando todos os tanques estão parcialmente cheios, cuja altura de lastro no tanque é 𝐻𝑙𝑎𝑠𝑡𝑟𝑜 . 𝐹𝑆 = 𝑁𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒𝑠 ∗ 𝐼𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 𝑉𝑠𝑢𝑏𝑚𝑒𝑟𝑠𝑜 𝑁𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒𝑠 : Número de tanques parcialmente cheios; 𝐼𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 : 𝐼𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 = Inércia 𝑙 𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒𝑠 ∗𝑏 𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 ³ 12 do tanque parcialmente cheio. (𝑚4 ) E finalmente é possível calcular a altura metacêntrica usando a fórmula: 𝐺𝑀 = 𝐾𝐵 + 𝐵𝑀 − 𝐾𝐺 − 𝐹𝑆 Para conseguir os flutuadores otimizados é preciso interpolar para várias dimensões. A iteração seguirá o seguinte diagrama até obter a opção com a menor área de flutuadores que retorne um GM>1. 57 Se é obtido um resultado de GM>1, as dimensões cumprem os critérios de estabilidade. Se o critério não é cumprido, é necessário modificar os valores iniciais do flutuador. 4.7. Dimensionamento dos flutuadores do dique Primeiramente serão dimensionados os flutuadores para o pontão definido no item 4.4, sem considerar a altura do cais de 4 metros. Os valores dos parâmetros do navio empregados na otimização dos flutuadores serão os do navio serão os do navio disponível com mais informações, que está indicado na Tabela 9: 58 Tabela 9 - Dados do navio utilizado Parâmetro Valor Unidade Comprimento do navio 210,00 m Boca do navio 42,00 m Pontal do navio 16,20 m Peso de docagem pesada do navio 51400,00 ton Calado de docagem pesada do navio 8,20 m Peso de docagem leve do navio 37800,00 ton Calado de docagem leve do navio 6,11 m LCG do navio (estimado) 100,00 m TCG do navio (estimado) 0 m KG do navio (estimado) 15,00 m Para o cálculo do dimensionamento dos flutuadores, será levado em conta o valor da altura dos mesmos. A altura dos picadeiros é de 1,8 m. O número de tanques escolhido foi 30 tanques. Para um mesmo pontão, existem diferentes possibilidades de flutuadores otimizados e a dimensão dos flutuadores depende de seu número e relação comprimento/boca. O dique a ser projetado vai ser o mais básico, com dois flutuadores de comprimento igual ao do dique, 300 m, como mostra a Figura 30. 59 Figura 35 – Pontão com flutuadores O resultado do dimensionamento dos flutuadores é apresentado na Tabela 10. Tabela 10 – Valores do dique com flutuadores contínuos Parâmetro Valor Unidade Número de flutuadores 2 - Comprimento dos flutuadores 300,00 m Boca dos flutuadores 3,39 m Altura dos flutuadores 16,66 m Área de cada flutuador 1017,73 m² Área total dos flutuadores 2035,46 m² Comprimento do dique 300,00 m Boca do dique 56,78 m Pontal do pontão 3,66 m Calado leve do dique 0,82 m Calado de dique+navio 3,36 m Profundidade necessária 14,66 m Como é possível verificar na Tabela 10, a profundidade mínima necessária é de 14,66 metros e, analisando a Figura 21, podemos ver que a manobra de float on/off não é possível ser realizada frente ao cais do local escolhido para o estaleiro porque tem apenas 11 metros de calado previsto. Entretanto, existe uma área de manobra indicada com 16 metros de profundidade. No item seguir será realizada a análise de viabilidade da manobra no local. 4.7.1. Manobras do dique flutuante Antes de iniciar a manobra de float on, o dique deve ser rebocado para a posição onde será feita a manobra de entrada do navio. A posição de maior calado está indicada pontilhada na Figura 36. Logo essa é a posição mais indicada para que o navio possa adentrar o dique. 60 Figura 36 - Posição inicial antes de o navio entrar no dique Uma vez colocado no melhor ponto, o dique inicia a imersão controlada de seus tanques que termina quando o mesmo alcança a profundidade suficiente para que o navio possa entrar no mesmo livremente, respeitando as margens de manobra e de fundo a fim de evitar acidentes. A seqüência de carga de lastro deve ser de tal forma que o dique não tenha banda nem trim. O navio se posiciona alinhado com o dique com a ajuda de rebocadores. Ainda com o auxílio de rebocadores, a proa do navio é situada entre os flutuadores do dique. A proa fica segura mediante cabos atados aos flutuadores, o que permite manter o navio orientado, se posicionando entre ambos os flutuadores e previne colisões entre o navio e os flutuadores. 61 Figura 37 - O navio inicia a entrada no dique Pouco a pouco o navio se move para dentro no dique e à medida que avança, os cabos são mudados de lugar, atando o navio aos flutuadores mais à frente. Essa manobra pode também ser realizada de maneira mais automática se o dique flutuante dispor de carros ou guias laterais que vão tracionando o navio e guiando o navio entre os flutuadores. Uma vez que o navio se encontra situado quase completamente entre os flutuadores, os cabos também atam a popa do navio, seguindo o mesmo esquema anterior a fim de evitar que a mesma venha a colidir com os flutuadores. Para saber se o navio se encontra situado na posição exata para ser elevado pelo dique, podem ser usados mergulhadores ou uma bóia amarrada no último picadeiro, que deve ser alinhada com a popa do navio. 62 Figura 38 - Navio completamente posicionado no dique As manobras de float on e float consistem na elevação ou no afundamento do dique na água por meio de alagamento de seus tanques. O dique flutuante tem um sistema de válvulas que permitem a entrada de água por gravidade nos tanques para submergir o dique. Uma vez o que o navio está amarrado aos costados do dique, os tanques são deslastrados e, até que o navio se apóie nos picadeiros, é imprescindível haver controle para que o apoio de realize de maneira correta. Uma vez apoiado corretamente, o dique é elevado até que o teto do pontão esteja acima da água. O dique é então rebocado para o local final paralelo ao cais, aonde são feitos os trabalhos de reparo. Figura 39 - Dique paralelo ao cais 63 4.7.2. Reparo no cais No tópico anterior foi viabilizada a manobra de load in e load out pelo dique projetado no estaleiro em questão. O passo seguinte é analisar a possibilidade de fazer o reparo no cais. Para tanto, é necessário analisar o calado da embarcação, a altura do cais e a mobilização de cargas e pessoas. Figura 40 - Navio docado Altura do cais Como foi indicado em 3.5, os trabalhos de reparo em seco são realizados no dique e o restante com a embarcação atracada no cais, ou seja, não estamos considerando a possibilidade de transferência da embarcação para terra, isto significa que não precisamos de um alinhamento rigoroso com o cais. Apenas é necessário um alinhamento parcial para permitir a entrada de trabalhadores e equipamentos. Ou seja, podemos considerar uma margem de um metro no alinhamento, mesmo assim vemos que a altura do cais indicada é de 4m o que significaria subir o convés do dique em no mínimo 3 metros. Na operação de float in/off a profundidade necessária seria de 14,7 mais 3 metros mais um de margem: 𝑇𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠 á𝑟𝑖𝑜 = 𝑇𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + 𝐴𝑢𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠 á𝑟𝑖𝑜 + 𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 = 14,7 + 3 + 1 = 18,7𝑚 64 Mobilidade de cargas: Nas Figura 43 e na Figura 41 abaixo podemos ver a localização do dique no cais de reparo, como ele fica paralelo com o cais. O flutuador contínuo é uma barreira que impede o movimento das cargas. Figura 41 - Localização do dique 4.7.3. Dimensionamento dos flutuadores para permitir reparo É possível dimensionar os flutuadores com um espaço entre eles para possibilitar a passagem do maquinário e pessoas a fim de fazer o reparo. Foi escolhido um dique com 2 flutuadores de 130 metros cada em cada bordo, o que deixa um espaço de 40 metros no centro. Os resultados do projeto estão apresentados na Tabela 11. Figura 42 - Dique com flutuadores descontínuos 65 Tabela 11 - Dados do dique com flutuadores descontínuos Parâmetro Valor Unidade Número de flutuadores 4 - Comprimento dos flutuadores 130 m Espaço para passagem 40 m Boca dos flutuadores 3,66 m Altura dos flutuadores 14,60 m Área de cada flutuador 476,33 m² Área total dos flutuadores 1905,32 m² Comprimento do dique 300,00 m Boca do dique 57,33 m Pontal do pontão 3,60 m Calado leve do dique 0,76 m Calado de dique+navio 3,30 m Profundidade necessária 14,90 m O dique calculado também pode fazer as manobras de docagem no estaleiro em questão. Como discutido anteriormente, é possível aumentar o pontal do pontão a fim de deixar o navio a ser reparado em um nível mais próximo do cais. 66 5. CONCLUSAO E TRABALHOS FUTUROS Temos apresentado abaixo, na Tabela 12, o resumo do dique projetado para o estaleiro em questão: Tabela 12 - Dique final Parâmetro Valor Unidade Número de flutuadores 4 - Comprimento dos flutuadores 130 m Espaço para passagem 40 m Boca dos flutuadores 3,66 m Altura dos flutuadores 14,60 m Comprimento do dique 300,00 m Boca do dique 57,33 m Pontal do pontão 3,60 m Profundidade necessária 14,90 m Podemos ver na figura abaixo que ainda existe uma diferença até o nível do cais. A figura é um corte na meia nau do dique. Figura 43 - Distância do dique ao cais 67 Foi realizada a analise de operação do estaleiro em questão e projetado um dique flutuante para reparos, comprovando-se que a opção de utilização do syncrolift, que era o objetivo inicial, não é possível, mas foi projetado um dique flutuante para realizar os reparos. Com a presente profundidade do canal do estaleiro e a altura de cais atual, vemos que é preciso adicionar altura no convés do dique para fazer o alinhamento da embarcação no cais e poder permitir a entrada de material e trabalhadores no dique. Mesmo considerando a utilização de uma rampa como solução, apenas tem o ganho de 1 metro. Caso a altura do cais não seja modificada, é necessário aumentar a profundidade do canal para possibilitar o aumento do pontal do pontão, viabilizando até mesmo a transferência. Um canal de 19 metros na zona de transferência é ideal para o porte dos navios estudados. Outra solução é diminuir a altura do cais. Para o ultimo caso apresentado, uma diminuição de 2 metros possibilitaria o reparo do navio no interior do dique. É necessário também incluir um estudo detalhado sobre o sistema de posicionamento dinâmico, de como os thrusters serão retirados no momento da docagem. As soluções e estudos adicionais serão analisados em futuros trabalhos na região. 68 BIBLIOGRAFIA 1. Thornton, J R. Ship and Boat Building and Repair. Encyclopedia of Occupational Health and Safety. 2011. 2. Centro de Estudos de Gestão Naval. Balanço da oferta e demanda do mercado brasileiro de reparos navais. Rio de janeiro : s.n., 2009. 3. Estruel, D.,Gil,S. Diseño de un dique flotante de 7.000 toneladas de fuerza ascensional: estudio de la estructura y de los servicios. 2012. 4. García, S.,Sarmiento,J. Cuaderno 0 - Memoria del proyecto. 2013. 5. Offshore Operations Subgroup. Subsea Drilling, well operations and completions. 2011. 6. Marinha do Brasil. PROSPECÇÃO, PERFURAÇÃO, PRODUÇÃO E ARMAZENAMENTO DE PETRÓLEO (PLATAFORMAS, NAVIOS SONDA, FPSO E FSO). Diretoria de Portos e Costas. [Online] 2014. [Citado em: 15 de junho de 2014.] https://www.dpc.mar.mil.br/sta/depto_traquav/nav_ajb/0218_prospeccao_navios_sond a_fpso_fso.pdf. 7. Offshore Magazine. 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