SUMÁRIO 1. INFORMAÇÕES GERAIS ........................................................................................... 03 1.1 EMPRESA CONTRATANTE ..................................................................................... 03 1.2 EMPRESA CONTRATADA ....................................................................................... 03 2. APRESENTAÇÃO....................................................................................................... 04 3. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO.......................................................... 05 3.1 CRONOGRAMA PRELIMINAR ................................................................................. 07 4. LOCALIZAÇÃO ........................................................................................................... 09 5. PLANO DE REMOÇÃO DA VEGETAÇÃO ATINGIDA PELO EMPREENDIMENTO .. 10 5.1 DEMARCAÇÃO ........................................................................................................ 10 5.2 LIMPEZA ................................................................................................................... 10 5.3 SUPRESSÃO ............................................................................................................ 10 5.4 TÉCNICAS DE DESMATAMENTO ........................................................................... 11 6. PLANO DE RESGATE DE FLORA E TRANSPLANTE ARBÓREO ............................ 13 6.1 RESGATE DE FLORA .............................................................................................. 13 6.1.1 Pré-Coleta / Identificação a Campo ....................................................................... 13 6.1.2 Coleta ..................................................................................................................... 13 6.1.3 Equipe .................................................................................................................... 13 6.1.4 Equipamentos ........................................................................................................ 14 6.1.5 Metodologia............................................................................................................ 14 6.1.6 Transplante Definitivo ............................................................................................ 15 6.1.6.1 Preparo ............................................................................................................... 15 6.1.6.2 Coveamento ........................................................................................................ 15 6.1.6.3 Plantio ................................................................................................................. 15 6.1.6.4 Monitoramento .................................................................................................... 15 6.2 TRANSPLANTE ARBÓREO DOS INDIVÍDUOS DE Syagrus romanzoffiana ........... 16 6.2.1 Caracterização dos Indivíduos Arbóreos ............................................................... 16 6.2.2 Metodologia............................................................................................................ 16 6.2.2.1 Poda de Limpeza ................................................................................................ 16 6.2.2.2 Marcação da Orientação Magnética ................................................................... 16 6.2.2.3 Escavação........................................................................................................... 17 6.2.2.4 Remoção e Proteção .......................................................................................... 17 6.2.2.5 Preparo para o Plantio Definitivo......................................................................... 17 PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 1 6.2.2.6 Assentamento no Local Definitivo ....................................................................... 17 6.2.2.7 Estaqueamento e Amarração.............................................................................. 18 6.2.2.8 Cuidados após o Transplante ............................................................................. 18 6.2.3 Parâmetros de Monitoramento ............................................................................... 18 7. PLANO DE AFUGENTAMENTO DE FAUNA.............................................................. 19 7.1 MOBILIZAÇÃO.......................................................................................................... 19 7.2 EQUIPE .................................................................................................................... 19 7.3 METODOLOGIA ....................................................................................................... 20 7.4 AFUGENTAMENTO .................................................................................................. 20 7.5 CAPTURA E RESGATE ........................................................................................... 20 7.5.1 Seleção das Áreas de Soltura ................................................................................ 21 7.5.2 Metodologias Adotadas Conforme o Grupo Taxonômico ....................................... 21 7.5.2.1 Avifauna .............................................................................................................. 21 7.5.2.2 Herpetofauna ...................................................................................................... 22 7.5.2.3 Mastofauna ......................................................................................................... 23 7.5.2.4 Entomofauna (Abelhas nativas e exóticas) ......................................................... 23 8. PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS ........................................ 24 8.1 OBJETIVOS .............................................................................................................. 24 8.1.1 Objetivo Geral ........................................................................................................ 24 8.1.2 Objetivos Específicos ............................................................................................. 24 8.2 METODOLOGIA ....................................................................................................... 25 8.2.1 Delimitação de Áreas a serem Recuperadas ......................................................... 25 8.2.2 Reafeiçoamento e Preparo do Terreno .................................................................. 25 8.2.3 Recomposição da Camada de Solo Orgânico ....................................................... 25 8.2.4 Revestimento Vegetal ............................................................................................ 25 8.2.4.1 Revegetação e Enleivamento em Placas ............................................................ 26 8.2.4.2 Revegetação com espécimes Herbáceos / Arbustivos ....................................... 27 8.2.4.3 Revegetação com Espécimes Arbóreos ............................................................. 27 9. CONTROLE DE PROCESSOS EROSIVOS E DE ASSOREAMENTOS .................... 31 10. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 32 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 33 12. ANEXOS ................................................................................................................... 35 PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 2 1. INFORMAÇÕES GERAIS 1.1 EMPRESA CONTRATANTE Razão Social: Multiplan Greenfield VII Empreendimento Imobiliário Ltda. CNPJ: 14.447.630/0001-13 Endereço: Av. das Américas, 4.200, Bloco 02, Sala 501, Barra da Tijuca / RJ 1.2 EMPRESA CONTRATADA Razão Social: Ekosolo Engenharia e Consultoria Ambiental Ltda CNPJ: 09.526.024/0001-53 Endereço: Rua Dr. David Giacomini, 113, Bairro Mont’Serrat, Canoas / RS Fone: (51) 3428-6164 / 8125-0505 E-mail: [email protected] PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 3 2. APRESENTAÇÃO Os Planos de Controle Ambiental objetivam propor soluções para atenuar e/ou compensar os impactos ambientais adversos gerados e/ou previsíveis ao sistema ambiental pelas ações da implantação de um empreendimento. Desse modo, constitui-se em um elemento básico de planejamento, bem como de gerenciamento ambiental durante a fase de instalação das obras propriamente ditas. Tais impactos podem ser minimizados e até mesmo eliminados quando tomadas as providências necessárias, garantindo-se desta forma o bem estar daqueles que estarão direta ou indiretamente envolvidos no processo de construção, bem como da comunidade existente no entorno do empreendimento. Assim sendo, este plano possui intenção de orientar os agentes envolvidos no processo no sentido de preservar a qualidade ambiental local, indicando um conjunto de ações a serem seguidas pelo empreendedor e empreiteiros durante a execução das atividades construtivas através da criação de rotinas de monitoramento de tais atividades. Para tanto são apresentados os seguintes estudos, a saber: • • • • • • • Plano de Remoção da Vegetação Atingida pelo Empreendimento; Plano de Resgate de Flora; Plano de Afugentamento de Fauna; Plano de Transplante de Jerivás (Syagrus romanzoffiana); Plano de Recuperação de Áreas Degradadas; Plano de Controle à Erosão e Assoreamentos; Plano de Gerenciamento de Resíduos. Após investigações de campo e análise dos estudos já existentes, pode-se dizer com segurança que os locais determinados para as obras apresentam boas condições para sua implantação, atendendo aos critérios estabelecidos pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, assim como aqueles previstos na legislação ambiental brasileira. PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 4 3. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO O empreendimento será implantado em uma área de 93.603,61m², localizada na Av. Dr. Sezefredo Azambuja Vieira, Bairro Marechal Rondon, Canoas. Trata-se de um complexo urbano, compreendendo uma área total construída de 261.024,18m². Deste total será edificado um shopping center com área construída de 229.073,09m². A este agregam-se um edifício comercial composto por 10 pavimentos e 216 salas com área construída de 18.197,71m², um hotel com 07 pavimentos e 204 quartos com área construída de 6.859,18m² e um apart-hotel composto por 07 pavimentos e 102 apartamentos perfazendo área construída de 6.894,19m². Quadro 01: Total de área construída - Shopping. SHOPPING CENTER DESCRIÇÃO ÁREA Academia Achados e Perdidos Ambulatório Área Técnica Arquivo Auditoria Banheiro Banheiro Família Banheiro Feminino Banheiro Masculino Banheiro PNE Base de Limpeza Casa de Bombas Casa de Máquinas Central de Segurança Centro de Convenções Centro Ecumênico Cinema Circulação Copa Correio Depósito Doca Escada 2.141,92 m² 13,70 m² 95,21 m² 1.981,38 m² 65,24 m² 34,62 m² 10,62 m² 50,62 m² 588,81 m² 539,66 m² 57,14 m² 171,26 m² 157,89 m² 2.572,02 m² 68,72 m² 2.485,81 m² 117,86 m² 3.042,99 m² 111,45 m² 18,00 m² 53,43 m² 108,52 m² 508,88 m² 1.946,76 m² DESCRIÇÃO Espaço Multiuso Estacionamento Financeiro Fraldário / Lactário Galeria Técnica Loja Hall Merchandising Mezanino Operações Recepção Refeitório Reservatório Inferior Reunião SAC Sala de Preleção Sala de Reunião Sala de Treinamento Sala Supervisão Estacionamento Serviços Gerais Superintendência Vestiário Feminino Vestiário Masculino TOTAL DE ÁREA CONSTRUÍDA PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL ÁREA 797,28 m² 90.473,74 m² 90,48 m² 58,10 m² 1.514,08 m² 59.774,68 m² 27.008,88 m² 22,62 m² 31.009,14 m² 104,64 m² 55,92 m² 144,30 m² 252,74 m² 85,24 m² 36,92 m² 85,63 m² 45,24 m² 141,16 m² 53,56 m² 20,00 m² 98,82 m² 118,48 m² 138,92 m² 229.073,09 m² 5 Quadro 02: Caracterização e total de área construída - Edifício Comercial. EDIFÍCIO COMERCIAL PAVIMENTO SALAS PAVIMENTO SALAS Térreo 02 24 03 24 04 24 05 24 TOTAL DE PAVIMENTOS TOTAL DE SALAS 06 07 08 09 10 24 24 24 24 24 10 216 DESCRIÇÃO ÁREA Área Técnica Circulação Escada Lobby Sala Comercial 1.660,03 m² 2.047,55 m² 458,08 m² 814,27 m² 13.217,79 m² TOTAL DE ÁREA CONSTRUÍDA 18.197,71 m² Quadro 03: Caracterização e total de área construída - Hotel. HOTEL PAVIMENTO QUARTOS DESCRIÇÃO ÁREA Térreo 02 03 04 05 06 07 34 34 34 34 34 34 Achados e Perdidos Administração Almoxarifado Apoio Recepção Área Privativa Hotel Área Técnica Arquivo Banheiro Feminino 17,46 m² 23,18 m² 17,46 m² 17,46 m² 4.615,32 m² 143,63 m² 17,46 m² 23,58 m² TOTAL DE PAVIMENTOS 07 TOTAL DE QUARTOS 204 DESCRIÇÃO ÁREA Banheiro Masculino 23,74 m² Banheiro PNE 8,36 m² Circulação 1.188,35 m² Escada 233,66 m² Lobby 251,79 m² Malas 17,46 m² Recepção 46,83 m² Sala de Reunião 213,42 m² TOTAL DE ÁREA CONSTRUÍDA 6.859,18m² OS Quadro 04: Caracterização e total de área construída - Apart-Hotel. (APT ): apartamentos. APART-HOTEL PAVIMENTO Térreo 02 03 04 05 06 07 APT OS 17 17 17 17 17 17 TOTAL DE PAVIMENTOS 07 OS TOTAL DE APT 102 DESCRIÇÃO ÁREA Achados e Perdidos Administração Almoxarifado Apoio Recepção Área Privativa Área Técnica Arquivo Banheiro Feminino 17,46 m² 23,18 m² 17,46 m² 17,46 m² 4.650,33 m² 143,63 m² 17,46 m² 23,58 m² TOTAL DE ÁREA CONSTRUÍDA PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL DESCRIÇÃO ÁREA Banheiro Masculino 23,74 m² Banheiro PNE 8,36 m² Circulação 1.188,35 m² Escada 233,66 m² Lobby 251,79 m² Malas 17,46 m² Recepção 46,83 m² Sala de Reunião 213,42 m² 6.894,19m² 6 Figura 01: Layout do empreendimento a ser implantado. 3.1 CRONOGRAMA PRELIMINAR Conforme apresentado a seguir, a implantação do empreendimento terá duração de aproximadamente 586 dias, a contar de fevereiro de 2014 a maio de 2016. Quadro 05: Cronograma geral de tarefas. TAREFA F M A M J 2014 2015 2016 J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M Início Proj. Executivo Preliminar Concorrência Mobilização de pessoal Terraplenagem Contenção Fundação Drenagem Estrutura de Concreto Fabricação Montagem Capeamento Estrutura metálica Instalações Alvenaria Equipamentos Impermeabilização Acabamento Pavimentação Paisagismo Limpeza Final Entrega da Obra PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 7 Quadro 06: Cronograma de tarefas com a duração em dias. TAREFA Início Proj. Executivo Preliminar Concorrência Mobilização de pessoal Terraplenagem Contenção Fundação Drenagem Estrutura de Concreto Fabricação Montagem Capeamento Estrutura metálica Instalações Alvenaria Equipamentos Impermeabilização Acabamento Pavimentação Paisagismo Limpeza Final Entrega da Obra DURAÇÃO EM DIAS INÍCIO TÉRMINO 14 75 45 110 70 112 120 300 150 195 192 300 400 250 100 150 200 90 120 31 - 14/02/2014 14/02/2014 03/03/2014 16/06/2014 30/06/2014 28/07/2014 28/04/2014 24/09/2014 07/07/2014 07/07/2014 01/09/2014 06/10/2014 02/02/2015 03/11/2014 01/10/2014 13/05/2015 03/12/2014 02/02/2015 28/05/2015 16/11/2015 01/04/2016 13/05/2016 14/02/2014 28/02/2014 13/06/2014 15/08/2014 28/11/2014 31/10/2014 30/12/2014 10/03/2015 17/04/2015 30/01/2015 29/05/2015 30/06/2015 25/03/2016 13/05/2016 15/09/2015 29/09/2015 30/06/2015 06/11/2015 30/09/2015 29/04/2016 13/05/2016 13/05/2016 PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 8 4. LOCALIZAÇÃO N Localização da área N Figura 02: Localização da área no Município de Canoas. PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 9 5. PLANO DE REMOÇÃO DA VEGETAÇÃO ATINGIDA PELO EMPREENDIMENTO O desmatamento da área do empreendimento deverá gerar significativos efeitos adversos ao potencial biológico da área, e em especial à flora. De modo geral, ocorrerá eliminação de habitats na área a ser desmatada, sendo que as populações de animais de maior porte serão forçadas a migrar para áreas contíguas. A operação de remoção da cobertura vegetal atingida pelo empreendimento é de fundamental importância uma vez que além de promover o afugentamento da fauna para áreas florestais remanescentes, deverá igualmente possibilitar o resgate das plantas indicadas no Plano de Resgate de Flora, exposto a seguir. A área a ser desmatada possui 93.603,611m², apresentando vegetação composta predominantemente por floresta de Eucalyptus sp. com presença de sub-bosque nativo. A remoção das espécies madeiráveis poderá ser comercializada sob a forma de toras para desdobramento ou mesmo para consumo energético das partes menores (lenha). 5.1 DEMARCAÇÃO Previamente ao desmatamento deverá ser efetuada a identificação e a demarcação do fragmento a ser atingido através de estaqueamento, abertura de picadas e marcação dos indivíduos arbóreos de porte maior. As estacas devem ter em torno de 1,50 a 2,00m de comprimento, pintadas na cor branca e deverão estar posicionadas de forma a serem visualizadas facilmente à média distância (30m). A abertura de picadas ocorrerá na vegetação herbácea/arbustiva com auxílio de foice e roçadeiras, evitando-se as áreas onde serão demarcadas as epífitas e as mudas de espécies arbóreas nativas passíveis de resgate e transplante (vide Projeto de Resgate de Flora). A marcação das árvores tem por objetivo o balizamento da supressão, podendo ser efetuada com fita zebrada ou tinta branca. 5.2 LIMPEZA Após o resgate das mudas arbóreas, poderá o restante da vegetação herbácea/arbustiva ser totalmente suprimida. 5.3 SUPRESSÃO A progressão das frentes de desmatamento na área do empreendimento deverá iniciar-se na face sul da gleba prevista, seguindo-se em sentido modular na direção norte, possibilitando a fuga e dispersão do maior número possível de animais que habitam as áreas a serem desmatadas para as áreas contíguas. PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 10 N Direção do desmatamento Sentido Sul - Norte Figura 03: Direção que deve tomar a supressão da vegetação. 5.4 TÉCNICAS DE DESMATAMENTO Na determinação das técnicas e do tipo de equipamento a ser empregado no desmatamento de determinada área devem ser levados em conta os fatores negativos que afetam a capacidade de trabalho das máquinas (topografia, tipo de solo, clima, etc.) e a tipologia vegetal (densidade da vegetação, diâmetro dos troncos das árvores, destoca de raízes e o número de árvores por hectare). A área a ser atingida pelo empreendimento apresenta topografia suavemente ondulada a plana, solos areno-argilosos e densidade vegetacional média, entremeada com vegetação herbácea/arbustiva rala a densa. Logo, pelas suas características, é possível prever a necessidade da utilização dos métodos manual e mecânico. Em todos os trabalhos de desmatamento racional existem maneiras para o aproveitamento e retirada da vegetação que variam de acordo com a tipologia florestal e o estoque de madeira existente. Analisando as características da área e do projeto em questão recomenda-se a adoção do método de desmatamento tradicional, por este facilitar a fuga dos animais e diminuir os impactos ambientais sobre os ecossistemas. Esta modalidade requer grande disponibilidade de mão-de-obra e oferece condições para o aproveitamento da madeira extraída. PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 11 As operações iniciais do desbravamento são efetuadas manualmente ou mecanicamente, onde a vegetação herbácea e arbustiva é derrubada e desdobrada com machados, foices, motosserras ou roçadeiras acionadas por trator. O abate da vegetação arbórea é efetuado a seguir com auxílio de motosserras, sendo em seguida empilhada para ser retirada da área. As operações de destoca, corte das raízes e remoção dos restolhos são efetuadas mecanicamente com auxílio de tratores ou retro-escavadeiras, devendo serem destinadas corretamente. Dessa forma ocorrerá um aproveitamento quase total do material lenhoso, e embora represente uma forma de desmatamento pouco onerosa, é indicada para áreas pequenas onde necessite de urgência da operação. PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 12 6. PLANO DE RESGATE DE FLORA E TRANSPLANTE ARBÓREO O presente plano tem por objetivo apresentar os métodos e as técnicas que deverão ser empregados no resgate de epífitas e mudas de espécies arbóreas nativas, bem como no transplante dos exemplares de Syagrus romanzoffiana, descritos no laudo de cobertura vegetal (CERES PAISAGISMO E MEIO AMBIENTE, 2013) apresentado. A finalidade do resgate é dar continuidade à função dos exemplares dentro do ecossistema que será afetado pelo empreendimento ou no seu entorno imediato, estabelecendo-se a conservação in situ. Desta maneira, mantém-se a variabilidade disponível da população e permite-se a sua dinâmica e evolução no seu habitat de origem. 6.1 RESGATE DE FLORA 6.1.1 Pré-coleta / Identificação a Campo Devido ao fato da localização dos indivíduos arbóreos nativos (mudas) não ter sido indicada ou mapeada, será necessário realizar levantamento específico da população existente, sua distribuição espacial em escala local, levando-se ainda em consideração as características dendrométricas dos indivíduos, condições edáficas, luminosidade e condições hídricas de seus sítios. Esta atividade deve ser efetuada previamente, e/ou no início do desmatamento, permitindo assim o resguardo e resgate dos espécimes que deverão ser atingidos, os quais deverão ser devidamente removidos e acondicionados, podendo estes ser destinados ao viveiro municipal. Os locais de ocorrência deverão ser cercados com fita zebrada, evitando que as operações de supressão da vegetal venham a causar danos ou eliminação das plantas. 6.1.2 Coleta Os exemplares existentes deverão ser coletados anteriormente ou concomitantemente ao desmate da área onde dar-se-á a implantação do empreendimento. Sugere-se, caso ocorram, que as mudas das espécies arbóreas identificadas como: Vitex megapotamica (tarumã), Jacaranda micrantha (caroba), Nectandra lanceolata (canela-amarela), Eugenia uniflora (pitangueira), Myrsine spp. (capororocas) Cedrela fissilis (cedro), Allophylus edulis (chal-chal), sejam recuperadas e replantadas em áreas próximas ao empreendimento. 6.1.3 Equipe Para a coleta dos espécimes sugere-se que seja disponibilizada uma equipe composta por um técnico responsável e dois auxiliares de campo, podendo, a juízo do empreendedor, utilizar-se de outros operários no sentido de agilizar as operações, devidamente instruídos e acompanhados da equipe técnica. PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 13 6.1.4 Equipamentos Segue abaixo a lista dos equipamentos a serem utilizados para a coleta dos espécimes: • Cavadeira reta/pás: para a retirada e formação do torrão; • Enxada/enxadão: utilizada para a formação do torrão e remoção da muda; • Sacos plásticos / lonas: para o envolvimento do torrão; • Facão / formão: usadas para a retirada das plantas epífitas; • Serrote de poda: serrote curvo, utilizado para o corte de galhos quando da retirada das epífitas. Poderá ser também utilizada uma moto-serra; • Gancho: bambu com um gancho de vergalhão preso em uma ponta para coleta de epífitas; • EPIs: o uso de luvas, botas e perneiras se faz necessário uma vez que há a possibilidade de encontros com animais peçonhentos (aranhas, escorpiões e serpentes), bem como promover a proteção no manuseio das ferramentas. 6.1.5 Metodologia A coleta das mudas arbóreas deve ser realizada com o máximo cuidado a fim de não suprimir ou comprometer a parte aérea através de quebras ou cortes. Os danos ao sistema radicular devem ser minimizados, buscando-se preservar o torrão associado a este. Recomenda-se o uso de pás de corte para coveamento do torrão que deve possuir dimensões mínimas de 30 (trinta) cm de diâmetro, devendo este ser levemente irrigado, quando necessário, e envolto por sacos plásticos para evitar danos. As plantas coletadas devem ser acondicionadas cuidadosamente e transportadas até o local de plantio definitivo ou ao viveiro de plantas do município. Para as epífitas, recomenda-se que seu suporte (constituído principalmente por galhos) seja seccionado para redução dos danos ao sistema radicular. Na impossibilidade desta operação deverão ser retiradas cuidadosamente, evitando-se ao máximo danos à parte aérea e radicular. Os exemplares serão dispostos nas áreas adjacentes não afetadas pelo empreendimento, sendo afixados, quando necessário, ao novo suporte por meio de uma ou mais tiras de barbante de sisal. Caso a disposição imediata não seja possível, o material coletado ficará armazenado temporariamente no viveiro do município. As plantas serão distribuídas aleatoriamente, levando-se em consideração as características ecológicas de cada espécie, bem como a situação/posição solar observada no local de origem das mesmas. Todas as plantas coletadas deverão ser identificadas com etiqueta em papelão, indicando a espécie, quando possível, direção de sua inclinação foliar, condições de solo e umidade, visando assim sua reinserção em habitats que sejam similares aos originais. PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 14 6.1.6 Transplante Definitivo 6.1.6.1 Preparo Os locais destinados para o plantio definitivo deverão ser indicados pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Município de Canoas, os quais serão registrados fotograficamente e com suas coordenadas delimitadas, possibilitando posteriormente sua localização e monitoramento quanto à sobrevivência e o desenvolvimento das plantas. Sugere-se que, dentro do possível, sejam replantadas na região do entorno ao empreendimento, bem como sejam plantadas visando a recomposição da mata nativa existente junto ao Parque Municipal Getúlio Vargas. A limpeza da área deve-se restringir a roçadas que não revolvam o solo, mas que suprima parte da vegetação competidora. No entanto, esta atividade só deve ser realizada se necessário e de tal forma que o corte da vegetação herbácea resulte apenas na formação de "mulche" (cobertura morta) espalhado sobre o solo. A operação poderá ser realizada manualmente, com a utilização de foices ou com o auxílio de maquinário específico. 6.1.6.2 Coveamento O berço (cova) deverá possuir pelo menos 10 (dez) cm a mais que o torrão retirado, em todas as direções. 6.1.6.3 Plantio A muda deve ser retirada da embalagem plástica e colocada no centro da cova de maneira que ela enterrada fique no mesmo nível do solo, sem enterrar o caule e sem deixar as raízes expostas. Após o completo preenchimento da cova com o solo local da camada superior, deverá o mesmo ser comprimido por ação mecânica, sugerindo-se um leve pisotear a fim de não danificar a muda. Todo o material sem função após o plantio será recolhido para disposição final específica. 6.1.6.4 Monitoramento O monitoramento consiste no controle periódico da fitossanidade dos vegetais pelo período mínimo de 12 meses, envolvendo as seguintes tarefas: • Presença de pragas e doenças (a cada 30 dias): se notada a presença de pragas e/ou doenças, deve ser realizado o controle através do uso de produtos apropriados, preferencialmente oriundos da agricultura orgânica como caldas de fumo, calda bordaleza ou outras; • Desenvolvimento e adaptação das mudas: observação quanto a adaptação aos sítios de plantio, aos hábitos de crescimento e à necessidade de adubação. Esta última deve ser realizada a cada 06 meses, utilizando-se adubo químico do tipo NPK (4:14:8) distribuindo-se 100 gramas por planta. PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 15 6.2 TRANSPLANTE ARBÓREO DOS EXEMPLARES DE Syagrus romanzoffiana Conforme o laudo de cobertura vegetal realizado (CERES PAISAGISMO E MEIO AMBIENTE, 2013), na área destinada à implantação do empreendimento vegetam 03 (três) exemplares da espécie Syagrus romanzoffiana (jerivá) que deverão ser transplantados. Sugere-se que os mesmos sejam replantados no Parque Municipal Getúlio Vargas, situado em área lindeira (porção oeste) ao empreendimento. 6.2.1 Caracterização dos Indivíduos Arbóreos A espécie nativa Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman, vulgarmente conhecida como jerivá, ocorre do Rio Grande do Sul à Bahia. É uma árvore amplamente decorativa, que aliada à facilidade de transplante quando adulta, tornou-se a palmeira mais empregada em arborização. Os frutos são avidamente procurados pela avifauna, florescendo quase o ano inteiro, porém com maior intensidade de setembro a março. No quadro abaixo estão elencadas as características dos exemplares a serem transplantados. Quadro 07: Características do exemplares de Syagrus romanzoffiana a serem transplantados. (H): altura; (DAP): diâmetro na altura do peito. Fonte: Ceres Paisagismo e Meio Ambiente, 2013. CARACTERÍSTICAS H DAP Nº ESTADO FITOSSANITÁRIO (m) (cm) 01 15 25 Bom 02 4 08 Bom 03 6 12 Bom 6.2.2 Metodologia 6.2.2.1 Poda de Limpeza Previamente ao transplante deve ser realizada uma poda relativamente drástica com o objetivo de eliminar as folhas debilitadas e velhas, diminuindo a copa a fim de compensar a perda de raízes, equilibrar o sistema radicular e foliar, objetivando desta maneira evitar a transpiração excessiva do indivíduo, bem como estimular a brotação da bainha remanescente. Esta operação deve ser realizada com auxílio de serrotes e/ou facões e foices específicas. 6.2.2.2 Marcação da Orientação Magnética Para a marcação da orientação magnética, com auxílio de uma bússola, deve ser escolhido um ponto do estipe, assinalando sua posição em relação aos quatro pontos cardeais com tinta PVA. Desta forma assegura-se que no replantio as árvores sejam PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 16 recolocadas com a mesma orientação (posição) em que se encontravam originalmente, buscando-se proporcionar às mesmas condições de insolação e direção dos ventos, o que facilita o processo fototrópico e, conseqüentemente, a pega. 6.2.2.3 Escavação Previamente ao transplante, será efetuada escavação (coroamento) em forma de trincheira no entorno dos exemplares e, conseqüentemente, cortar-se-á as raízes que excederem o diâmetro do torrão. O ideal é que esta operação seja efetuada pelo menos 30 (trinta) dias antes da operação de transplante a fim de promover o crescimento das raízes próximas à base do fuste. Geralmente, as medidas indicadas para o coroamento das palmeiras, são: raio de 50 a 80 cm e profundidade de 40 a 100 cm (Inácio & Leite, 2007). 6.2.2.4 Remoção e Proteção Após 30 (trinta) dias da escavação da trincheira, a retirada e a remoção das árvores poderá ser realizada com o auxílio de retroescavadeira e caminhão de transporte. A retirada e a remoção devem ser feitas com o máximo cuidado possível para evitar ferimentos graves nos estipes. O estipe, no local do içamento, deverá ser envolto com material emborrachado, devendo a suspensão de cada exemplar ser efetuada com auxílio de cintas e nunca com cabo de aço. O torrão deve ser embalado e umedecido a fim de evitar a seca das raízes. 6.2.2.5 Preparo para o Plantio Definitivo No novo local será efetuado previamente um berço (cova) possuindo diâmetro maior, em pelo menos 40 cm a mais que o torrão retirado, em todas as direções. Após deve ser adicionado 2 kg de milho (Zea maiz) e 0,5 kg de NPK (20-10-10). A utilização de milho visa estimular a produção de raízes, já que ao iniciar o processo de germinação o milho libera substâncias conhecidas como hormônios de crescimento, as auxinas. 6.2.2.6 Assentamento no Local Definitivo Preparado o berço (cova), anteriormente à remoção, cada árvore deverá ser assentada no local buscando a mesma orientação magnética anterior. Preenche-se após os espaços vazios com a terra das adjacências e terra retirada do fundo do berço (cova), compactando-se bem ao redor, com auxílio da retroescavadeira e pás, garantindo a estabilização da árvore. Nos próximos 20 dias os espécimes deverão ser irrigados diariamente, se não ocorrerem precipitações pluviométricas, e, posteriormente, em dias alternados, até o PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 17 período de 45 dias. Após esse período a rega deverá ser realizada pelo menos duas vezes por semana, dependendo das condições climáticas e de drenagem. A rega deve ser lenta e chegar à zona das raízes. Deve-se atentar para não efetuar acumulação excessiva de água, que pode causar a morte das árvores transplantadas. 6.2.2.7 Estaqueamento e Amarração Será necessário o uso de estacas para os exemplares de nº 01 e 03, as quais devem ser amarradas junto ao estipe, devidamente protegido com material emborrachado, e deverão formar um tripé, dispostas eqüidistantes umas das outras. 6.2.2.8 Cuidados após o Transplante Após o transplante deve-se atentar para a adubação, a manutenção da umidade do solo, o controle de pragas, doenças e lesões até a total adaptação / consolidação das árvores. Sempre que for diagnosticado a presença de pragas ou doenças, deve ser realizado o controle através do uso de produtos apropriados. Uma nova aplicação de adubo orgânico pode ser realizada após 120 dias do transplante, dependendo das condições dos vegetais.. Esta atividade será mantida por um período mínimo de 12 meses. 6.2.3 Parâmetros de Monitoramento Nos primeiros seis meses as árvores serão monitoradas quanto à estabilidade, novas brotações, frutificação e disponibilidade de água no solo. Sugere-se o envio de relatórios à Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Município de Canoas, onde constarão todas as informações referentes ao desenvolvimento dos exemplares. Os respectivos relatórios cumprirão o seguinte cronograma: • • • • • Relatório 01: na execução do transplante; Relatório 02: após 30 dias do transplante; Relatório 03: após 03 meses do transplante; Relatório 04: após 06 meses do transplante; Relatório 05: após 01 ano do transplante. PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 18 7. PLANO DE AFUGENTAMENTO DE FAUNA Ao abordar sobre o tema afugentamento e resgate de fauna faz-se necessário primeiramente entender alguns conceitos básicos sobre a vida selvagem. Na natureza nenhum animal se distribui ao acaso no ambiente onde vive. Esse espaço, conhecido por área de vida ou espaço domiciliar significa a área que cada animal percorre na sua atividade diária em busca de alimento, refúgios, nichos reprodutivos, locais para encontros sociais com outros da mesma espécie, inclusive para o comportamento reprodutivo, para o cuidado com as crias e outros movimentos relacionados à suas necessidades vitais. A movimentação que será realizada na área de trabalho e em seu entorno envolvendo veículos, equipamentos, máquinas e pessoas potencializam danos à fauna, seja pela possibilidade de caça ou apanha de animais ou causas de ferimentos e morte pelos deslocamentos de veículos e derrubada da vegetação. Muitos animais serão naturalmente afugentados pelo nível de ruído e movimentação na área, mas, outros de menor mobilidade, estarão mais expostos a danos diretos. 7.1 MOBILIZAÇÃO O desmatamento da área deverá ser subdividido em duas etapas: a primeira deverá consistir na remoção de vegetação herbácea e arbustiva; já a segunda fase deverá ser marcada pela remoção de árvores (nativas e exóticas) de grande porte. A direção do corte de vegetação deve seguir o sentido sul-norte (Figura 03), de modo que a fauna seja induzida em seu deslocamento para áreas que não sofrerão supressão vegetal. É neste período que se espera encontrar a maior atividade de deslocamento de fauna, pois removendo o estrato inferior há possibilidade de se encontrar anfíbios, lagartos, serpentes e pequenos mamíferos. Todas as atividades de remoção de vegetação deverão ser acompanhadas obrigatoriamente pelas equipes de resgate. Nesta fase o encontro de serpentes é muito comum, inclusive, peçonhentas, o que aumenta a preocupação com a segurança dos trabalhadores e com o bem-estar dos animais. Conforme os estudos ambientais realizados na região metropolitana, poderão ser encontras espécies como: cruzeira (Rhinocerophis alternatus), coral (Micrurus altirostris), falsa-coral (Oxyrophus rhombifer), dormideira Sibynomorphus mikanii), cobra verde (Phylodrias sp.), entre outras. 7.2 EQUIPE Para desenvolver os trabalhos de afugentamento e resgate deverá ser disponibilizada, no mínimo, uma equipe composta por um biólogo e um auxiliar de campo. A equipe atuará diariamente, 01 (uma) hora antes do início dos trabalhos de remoção da vegetação e durante este, realizando o afugentamento e o resgate de indivíduos da fauna, principalmente os espécimes considerados lentos. A mesma equipe será responsável pela triagem dos animais, devendo PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 19 desempenhar procedimentos quando qualquer animal estiver lesionado ou debilitado, e ainda, quando necessário, pelo recebimento e manutenção das colônias de abelhas nativas resgatadas, até sua destinação final. 7.3 METODOLOGIA Durante a inspeção, especial atenção será direcionada à vocalização de animais, existência de tocas, pegadas, fezes, restos de mudas, ovos de répteis, ninhos de aves com ovos ou filhotes e aos espécimes de deslocamento mais lento como alguns artrópodes, cobras, anfíbios e lagartos. Considera-se pouco provável a ocorrência de nidificações para o período de verão, pois nesta época as aves e pássaros, já efetuaram seu processo reprodutivo, restando no máximo a manutenção de ninhegos já saídos dos ninhos. A captura de animais silvestres será baseada na contenção física pelo confinamento, através de equipamentos específicos ou não, com restrição dos movimentos defensivos, permitindo o acesso seguro ao corpo do animal. 7.4 AFUGENTAMENTO Frente às diversas situações que ocorrem em campo, dar-se-á preferência as ações de afugentamento da fauna em direção a áreas contíguas e de características ecológicas equivalentes a área original e que não estejam previstas de serem desmatadas. Todas as ações deverão objetivar interferir ao mínimo possível nas atividades de deslocamento dos animais, pois existe o risco de ocasionar transtornos de comportamento e/ou mesmo ferimentos. 7.5 CAPTURA E RESGATE O resgate propriamente dito será realizado, excepcionalmente, somente em situações de risco a saúde do animal e dos trabalhadores que estarão realizando o corte da vegetação. Neste sentido, existe preocupação com serpentes, principalmente as peçonhentas que podem ocasionar acidentes graves ou ainda serem mortas indiscriminadamente pelas equipes de desmatamento. Após reabilitação, os animais deverão ser soltos nas áreas que não estejam previstas de serem desmatadas ou, preferencialmente serem destinadas à soltura na área da APA Guajuviras. Caso haja morte de algum animal, o mesmo deverá ser encaminhado para instituições de ensino ou de pesquisas credenciadas pelo IBAMA. Todos os locais de captura dos animais resgatados serão georreferenciados e fotografados, com o intuito de preservar a memória do resgate e do ambiente onde o animal foi encontrado para que o mesmo seja solto em ambiente com características ecológicas equivalentes ao local original. Os animais que não apresentarem condições imediatas de soltura deverão ser encaminhados ao Zoológico Municipal de Canoas. Animais ainda vivos, mas que PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 20 apresentaram lesões cuja recuperação seja inviável, deverão ser eutanasiados conforme a legislação pertinente vigente no Conselho Federal de Medicina Veterinária e preparados para envio à coleções científicas autorizadas pelo IBAMA. Neste trabalho é fundamental que toda a equipe esteja preparada e equipada com Equipamentos de Proteção Individual, tais como botas de cano longo ou perneiras, luvas de couro, óculos de proteção, máscaras, luvas de procedimentos, entre outros que porventura tornarem-se necessários ao correto manejo de fauna e a proteção contra agentes patogênicos que a fauna silvestre pode carrear. 7.5.1 Seleção das Áreas de Soltura Considerando que para a área situada ao norte do empreendimento há previsão de instalação de condomínios e/ou loteamentos, sugere-se que os animais que porventura venham a ser capturados, sejam realocados no interior da APA Guajuviras. 7.5.2 Metodologias Adotadas Conforme o Grupo Taxonômico As atividades de afugentamento e resgate de fauna serão direcionadas para os seguintes grupos taxonômicos: avifauna, herpetofauna, mastofauna e entomofauna (abelhas nativas e exóticas). 7.5.2.1 Avifauna As aves, por possuírem a capacidade de se deslocar através do vôo, são muito difíceis de serem capturadas durante um salvamento. Geralmente são encontrados pelas equipes de salvamento indivíduos debilitados ou filhotes em ninhos, com os quais devem ser tomados cuidados especiais. Considerando que o período previsto para início das obras não corresponde ao período reprodutivo da avifauna, é pouco provável que sejam encontrados ninhegos para resgate. Contudo, caso sejam encontrados, os ninhos com filhotes serão preferencialmente isolados e monitorados para evitar contato, diminuindo o índice de rejeição e abandono pelos pais. A retirada dos ninhos, caso não seja possível a sua manutenção no local, será efetuada previamente ao desmatamento, de forma manual, cuidando-se para que o mesmo se mantenha inteiro com os galhos de sustentação, o qual será fixado em local próximo. Os filhotes das aves emitem um canto característico que atraem os pais para a alimentação, e para os outros cuidados inerentes ao processo de desenvolvimento, por isso, quando há deslocamento do ninho para uma área próxima, geralmente os pais voltam a cuidar dos filhotes nesse outro local. Após a transferência do ninho com os filhotes para áreas adjacentes será destacado um membro da equipe de salvamento para monitorar, durante um período de 03 (três) dias, se os filhotes estão sendo alimentados. Caso não estejam, serão levados ao Zoológico Municipal de Canoas para cuidados especiais, onde deverão completar seu PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 21 crescimento para soltura posterior. O transporte e armazenamento dos filhotes e ninhos serão realizados dentro de sacos confeccionados em tecido de algodão macio, com espessura de 0,5mm, costuras reforçadas e um laço corrediço para amarrar uma das extremidades ou e caixas próprias para o transporte. Estes apetrechos visam oferecer um ambiente de aparente calma, pois a ave armazenada ficará impedida de perceber o ambiente externo e, conseqüentemente, não se assustará, evitando se debater de forma desnecessária, já que neste caso, o estresse pode matá-la de forma muito rápida. O saco de pano também permite que a ave possa respirar livremente, sendo o método de armazenamento temporário recomendado pelo CEMAVE/IBAMA. Caso haja identificação de ninhos com ovos, estes serão transportados dentro de uma caixa pequena revestida internamente com algodão ou espuma macia. Os ninhos contendo ovos deverão ser encaminhados para o Zoológico Municipal de Canoas e serão mantidos em incubadoras artificiais até o nascimento, sendo os filhotes alimentados e mantidos até a destinação final. Os indivíduos adultos debilitados que forem capturados serão armazenados em sacos de pano, que oferecem maior conforto ao animal, e serão levados para o Zoológico Municipal de Canoas. 7.5.2.2 Herpetofauna Anfíbios Os representantes deste grupo serão capturados manualmente com o máximo cuidado possível a fim de evitar danos na pele frágil. Caso os indivíduos não estejam ao alcance das mãos, serão utilizados puçás. Os indivíduos capturados serão armazenados individualmente em potes plásticos com algodão umedecido em água mineral e tampa contendo orifícios para possibilitar a circulação do ar. Lacertílios Os pequenos lagartos, por não apresentarem riscos ao manipulador e para evitar a caudotomia, serão capturados manualmente. Cada indivíduo será armazenado em potes plásticos ou sacos de pano, conforme o tamanho. Aqueles de grande porte, como os lagartos-do-papo-amarelo, serão capturados com laços corrediços, puxados até a imobilização manual, com proteção de luva de couro. Após a captura, os animais serão colocados em caixas de madeira, próprias para armazená-los, ou em sacos de pano cuja espessura irá variar de acordo com o tamanho e peso do animal, até a soltura ou outros cuidados. A utilização de sacos de pano permite que os répteis de maior porte capturados se sintam seguros, pois dentro de sacos macios e escuros os animais podem respirar e não visualizar pessoas, o que causaria medo e movimentação brusca para fuga, e conseqüentemente danos e estresse desnecessários para o animal. PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 22 Ofídios Na contenção de serpentes, será utilizado um gancho composto de um cabo de madeira, com uma haste de metal em forma de “L” em uma das extremidades, o que permitirá a imobilização do crânio numa superfície sólida. Com uma das mãos devidamente protegida, será feita a contenção por trás da cabeça da serpente, imobilizando a mandíbula através de uma leve pressão exercida sobre o seu osso quadrado. As serpentes não peçonhentas, fossoriais e anfisbênias serão capturadas manualmente, com auxílio de luvas. Não é necessária a utilização de ganchos ou pinças herpetológicas, pois estes animais não possuem peçonha e a maioria das espécies são desprovidas de defesas e ações agressivas, além de se evitar que sofram danos pelo uso de equipamentos. Todas as serpentes deverão ser armazenadas individualmente em caixas de madeira, em caixas plásticas, em sacos de pano macio, ou ainda em potes plásticos, dependendo do porte de cada indivíduo. Todas as serpentes peçonhentas capturadas deverão preferencialmente ser soltas em áreas próprias para tal, ou a critério do responsável técnico, ser entregues ao Núcleo Regional de Ofiologia de Porto Alegre (NOPA/FZBRS) para criação em cativeiro com o objetivo de extração de peçonha para fabricação de soro antiofídico. 7.5.2.3 Mastofauna Os mamíferos serão capturados mediante o uso de puçás e laços, conforme a espécie, tamanho e peso. Os animais resgatados serão encaminhados para soltura imediatamente após a captura. Caso algum indivíduo não esteja em perfeitas condições o mesmo deverá ser examinado e tratado pelo médico veterinário do Zoológico Municipal e posteriormente, conforme o caso, ser encaminhado para soltura em áreas que não serão desmatadas. 7.5.2.4 Entomofauna (Abelhas nativas e exóticas) As colônias de abelhas nativas ou exóticas cujos ninhos se encontrarem em más condições no ato do resgate, deverão ser transferidas para caixas de madeira próprias para meliponicultura e/ou apicultura. Estas devem ser mantidas em observação até que se comprove a adaptação da colônia ao novo ninho. Caso a adaptação não ocorra, a colônia deve ser transferida para outra caixa. Após a adaptação, as colônias deverão ser doadas a pequenos apicultores locais, conforme previsto na Resolução CONAMA nº 346/2004. Colônias de abelhas nativas encontradas com ninhos em boas condições devem ser apenas transferidas para áreas próximas, de características ecológicas equivalentes, e que não estejam sujeitas a desmatamento posterior. PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 23 8. PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS Como principais preocupações de ordem ambiental, as atividades da construção do empreendimento em questão, o controle de erosões, a geração de sedimentos oriundos das escavações e movimentações de terra e a geração e disposição inadequada de resíduos apresentam notadamente significativo potencial de degradação ambiental. Esses efeitos negativos poderão ser minimizados pela utilização de técnicas de manejo e conservação de solo, recomposição da cobertura vegetal e controle de processos erosivos, objetivando assegurar a re-conformação do terreno das áreas alteradas com significativa redução de efeitos dos agentes intempéricos e reestruturação do solo alterado, sobretudo das áreas onde haverá intervenção construtiva. Assim, este plano se destina a orientar e especificar as ações que devem ser planejadas, projetadas e realizadas para recuperar áreas afetadas, ou para permitir novos usos de áreas cujas características originais sofrerão alterações. A utilização da recuperação florestal é uma medida que tem como objetivo a melhoria do meio biótico, compreendendo a manutenção das especificidades da flora e fauna locais, estabelecendo para tanto conexões entre fragmentos florestais remanescentes. O programa descrito contém os principais tópicos e uma seqüência de atividades para recomposição e recuperação do entorno imediato dos locais onde serão instalados canteiros de obras, de áreas de empréstimo e caminhos de serviço, taludes e dos demais locais sujeitos a impactos negativos em decorrência da instalação do projeto. 8.1 OBJETIVOS 8.1.1 Objetivo Geral Este programa tem por objetivo principal fornecer subsídios técnicos com vistas ao procedimento de recuperação das áreas degradadas em decorrência das obras de implantação do projeto, bem como a recomposição da paisagem tanto quanto possível. 8.1.2 Objetivos Específicos • Proceder a diagnóstico, classificação e tipologia de áreas degradadas na área do projeto e em seu entorno imediato; • Reintegrar as áreas degradadas à paisagem local, contribuindo para melhoria da qualidade ambiental; • Contribuir para a redução da carga sólida carreada pelas chuvas para os cursos d’água e melhoria da qualidade das águas superficiais; • Proceder a recuperação de drenagens e áreas hidrologicamente sensíveis; • Desenvolver e implementar técnicas de reabilitação de áreas degradadas para áreas de empréstimo, canteiros de obras, botas-fora e acessos desativados. PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 24 8.2 METODOLOGIA Os serviços de recomposição, revegetação, restauração da drenagem superficial, acessos e áreas de bota-fora que vierem a ser formados são descritas a seguir. 8.2.1 Delimitação de Áreas a Serem Recuperadas Compreende a etapa inicial do programa, durante a qual haverá o dimensionamento das áreas e sua delimitação para planejamento da recuperação. As áreas delimitadas deverão ser representadas em base cartográfica em escala adequada de forma a permitir a internalização de outros atributos ambientais nos procedimentos de planejamento e elaboração de projetos executivos de recuperação. 8.2.2 Reafeiçoamento e Preparo do Terreno Encerradas as intervenções da construção em si, toda a massa de resíduos que for encontrada deverá ser removida antes do inicio do preparo do terreno, e em seguida reconstituídas em sua forma topográfica final, sendo espalhado sobre elas o material de solo superficial estocado previamente. Caso o solo encontre-se excessivamente compactado, a revegetação deverá ser precedida de uma subsolagem para romper as camadas compactadas das superfícies. Essa operação consiste em uma escarificação executada com o auxílio picaretas ou enxadas, ou em caso de grandes extensões com auxílio de um trator, com implemento do tipo “ripper” com 3 a 4 dentes, inserindo o implemento a uma profundidade de aproximadamente 0,2 m. Não deverá haver trânsito de equipamentos sobre a superfície trabalhada logo após a descompactação. O projeto de recuperação visa, em primeira instância, a recuperação estrutural e, em seguida, a reabilitação funcional do ambiente em condições o mais próximo possível do originalmente encontrado quando do início da intervenção. 8.2.3 Recomposição da Camada de Solo Orgânico Consiste no recobrimento das superfícies dos terrenos a serem revegetados com a camada de solo orgânico previamente removida e armazenada. Esta capa de solo constitui-se em fator preponderante para o pleno desenvolvimento da cobertura vegetal introduzida nas áreas alteradas. Recomenda-se que este solo seja espalhado numa camada de espessura média em torno de 0,20 m e nunca inferior a 0,10 m. 8.2.4 Revestimento Vegetal A revegetação deverá ser realizada com espécies de portes herbáceo, arbustivo e arbóreo onde possível, os quais farão parte do projeto de paisagismo do empreendimento. PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 25 A vegetação herbácea tem por função a proteção contra a erosão superficial, agregando às camadas superficiais uma espessura variável de massa verde de 0,25 m ao ano. A vegetação arbustiva e principalmente a arbórea, pela importância das raízes mais profundas, permitem a coesão das camadas de solo em profundidade e facilitam a percolação da água pluvial, alimentando assim o lençol freático. Os trabalhos de revegetação deverão ocorrer paralelamente aos serviços de recomposição, ou seja, logo após o nivelamento do terreno e a recolocação da camada de solo orgânico (“top-soil”). Devem ser priorizadas para a revegetação taludes que vierem a ser formados, as quais apresentam maiores riscos de danos ambientais, como erosões e assoreamentos. Dentre os métodos de plantio, destacam-se: plantio por semeadura, mudas, enleivamento com placas de grama e plantio de espécies arbustivas e arbóreas em covas. Como características desejáveis da vegetação a ser implantada pode-se citar: agressividade, rusticidade, rápido desenvolvimento, fácil propagação, fácil implantação com baixo custo, pouca exigência quanto a condições do solo, fácil integração na paisagem, inocuidade às condições biológicas da região, bem como fator de produção de alimento para a fauna. Devem ser preferidas como plantas dos estratos herbáceo, arbustivo e arbóreo, os espécimes nativos e/ou de ocorrência comum na região, quando possível. Após os plantios, devem ser executadas medidas de manutenção que englobem o replantio nos locais que apresentarem falhas, caso seja necessário, e a adubação de cobertura após 3 a 4 meses do plantio. 8.2.4.1 Revegetação e Enleivamento em Placas Consiste no plantio direto, em placas, nos taludes de aterros previamente preparados, bem como nas áreas destinadas à re-conformação paisagística. Para o tratamento dos taludes, objetivando a estabilização e a recomposição paisagística, recomenda-se o emprego da revegetação de leivas a fim de evitar a degradação e a manifestação dos processos erosivos. A revegetação pelo método do enleivamento é muito eficiente e utiliza vegetação herbácea com predominância de gramíneas, que é transplantada e fixada ao substrato, empregando-se placas enraizadas com espessura variável entre 0,7 e 0,10m. As leivas (placas) de grama deverão ser colocadas sobre a superfície, justapostas, alternando as emendas, procurando evitar espaços vazios ou de exposição do solo às intempéries. Após a implantação de cada parcela as placas deverão sofrer processo de compactação através de socadores, objetivando assim um maior contato entre a área radicular e o solo, o que facilitará a pega. Cada placa deverá receber um pequeno espeque (estaca) de bambu ou madeira, que, de preferência, deve ficar oculto entre as folhas da grama em caráter definitivo. Esta operação tem por finalidade evitar o deslizamento da placa quando da ocorrência de chuvas intensas. PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 26 8.2.4.2 Revegetação com Espécimes Herbáceos/Arbustivos A realização de revegetação das áreas livres deverá obedecer ao projeto de paisagismo do empreendimento. No entanto, algumas espécies, por apresentarem características de rusticidade e de embelezamento são sugeridas a seguir: • Bela-emília (Plumbago auriculata): arbusto muito ramificado apresentando florescimento intenso e decorativo. Cultivado a pleno sol e tolerante ao frio; • Cambará (Lantana camara): arbusto perene de florescimento vistoso. Planta rústica, cultivado a pleno sol e resistente ao frio; • Capim-azul (Leymus condensatus): herbácea, perene,, de folhagem azul muito ornamental. É indicada para cultivo a pleno sol, resistente à estiagem e geadas; • Capim-do-texas (Pennisetum setaceum): planta herbácea, perene, densamente entouceirada com floração ornamental. Cultivada a pleno sol, tolerante à estiagens e baixas temperaturas; • Capim-dos-pampas (Cortaderia selloana): herbácea, perene, densamente cespitosa com inflorescências plumosas ornamentais. Cultivada a pleno sol, tolerante à geadas; • Dracena-guarda-chuva (Dianella ensifolia): planta herbácea, perene e entouceirada. Considerada rústica, cultivada a pleno sol. Devem ser consideradas as épocas apropriadas para plantio conforme indicações agronômicas. Assim, as espécies citadas poderão ser substituídas à critério técnico. 8.2.5.3 Revegetação com Espécimes Arbóreos A escolha das espécies mais adequadas deverá basear-se em critérios de adaptabilidade edafoclimática, rusticidade, capacidade de reprodução, velocidade de crescimento, adaptabilidade às condições de solo e subsolo. Assim, as espécies a serem utilizadas devem ser tolerantes ao déficit hídrico, e aos outros fatores climáticos mais importantes como: temperatura, insolação e baixa umidade relativa. Recomenda-se a utilização de representantes dos diversos estágios sucessionais (pioneiras, intermediárias e climáxicas), listados a seguir: PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 27 Quadro 08: Relação das espécies arbóreas do plantio. NOME VULGAR NOME CIENTÍFICO CLASSIFICAÇÃO SUCESSIONAL Açoita-cavalo Luehea divaricata Mart. Pioneira Angico-vermelho Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan Intermediária/Climáxica Araticum Annona sylvatica A.St.- Hil. Pioneira Cabreúva Myrocarpus frondosus Allemão Intermediária/Climáxica Caixeta Cecropia pachystachya Trécul Pioneira Camboatá-branco Matayba elaeagnoides Radlk. Intermediária/Climáxica Camboatá-vermelho Cupania vernalis Cambess. Pioneira Canela-do-brejo Ocotea pulchella (Ness) Mez Intermediária/Climáxica Cangerana Cabralea canjerana (Vell.) Mart. Intermediária/Climáxica Capororoca Myrsine umbellata (Mart. Ex DC.) Mez Pioneira Capororoquinha Rapanea ferruginea (Ruiz & Pav.) Mez Pioneira Caroba Jacaranda micrantha Cham. Intermediária/Climáxica Cedro Cedrela fissilis Vell. Pioneira Chal-chal Allophylus edulis (A.St.-Hil.) Hieron. ex Niederl. Pioneira Figueira-de-folha-miúda Ficus organensis Miq. Intermediária Goiabeira-serrana Acca sellowiana (O. Berg) Burret Pioneira Grumixama Eugenia brasiliensis Lam. Intermediária/Climáxica Ingá-feijão Inga marginata Willd. Pioneira Ingá-macaco Inga uruguensis Hook. & Arn. Pioneira Ipê-mirim Handroanthus chrysotricus Intermediária/Climáxica Ipê-roxo Handroanthus impetiginosus Intermediária/Climáxica Louro Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex Steud. Intermediária/Climáxica Murta Blepharocalyx salicifolius (Kunth.) O. Berg Intermediária/Climáxica Tarumã Vitex megapotamica (Spreng) Moldenke Pioneira Timbaúva Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong. Pioneira Uvaia Eugenia pyriformis Cambess. Intermediária/Climáxica Escolha das mudas: as mudas arbóreas devem possuir estado fitossanitário adequado, no qual não pode ser verificado processo de desfolhamento, galhos danificados e/ou presença de pragas e doenças. O sistema radicular deve estar bem formado e embalado. A altura das mudas deverá possuir no mínimo 1,0 m, pois se menores necessitam de mais tempo para a adaptação e o desenvolvimento, elevando o índice de perda e mortalidade, e encarecendo os tratos e a manutenção. Um fator importante para diminuir a mortalidade pós-plantio é a rustificação das mudas, procedimento que deve ser adotado antes das mesmas saírem do viveiro. Tal procedimento consiste em submeter as mudas, gradativamente, ao aumento da intensidade de insolação antes de serem plantadas no campo. É incorreto retirar as mudas do ambiente sombreado do PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 28 viveiro e imediatamente realizar o seu transporte e plantio no campo, pois esta é uma das causas de estresse às plantas, podendo provocar o amarelecimento das folhas. A etapa de rustificação prepara fisiologicamente a muda para o plantio e durante as primeiras semanas que o sucedem. Algumas práticas de rustificação das mudas envolvem a redução da água e da adubação, especialmente a nitrogenada. As mudas, após o final da etapa de rustificação devem passar por um processo de seleção e padronização. Preparação para o plantio: o local para plantio das mudas deverá ser previamente limpo com auxílio de enxadas. O material palhoso deverá ser deixado sobre o solo à guisa de “mulche” (cobertura morta), se esta existir, contribuindo assim para a manutenção da umidade e diminuição do crescimento de novos espécimes invasores. Preparo das covas: antes do plantio, o solo das covas será fertilizado mediante aplicação de adubo químico, do tipo NPK, na formulação 04-14-08, na quantidade de 50 (cinqüenta) gramas por planta,. As covas para plantio de mudas de espécies arbóreas deverão ter as dimensões de 40 x 40 x 40cm. Plantio: o plantio deverá ser efetuado, de preferência, no final do outono, no final do inverno ou início da primavera, quando a temperatura não está tão elevada e as chuvas são bem distribuídas e preferencialmente em dias encobertos. A muda deve ser retirada da embalagem plástica e colocada no centro da cova de maneira que ela enterrada fique no mesmo nível do solo, sem enterrar o caule e sem deixar as raízes expostas. Após o completo preenchimento da cova com o substrato, deverá o mesmo ser comprimido por ação mecânica, sugerindo-se um leve pisotear a fim de não danificar a muda. Todo o material sem função após o plantio será recolhido para deposição final específica. Espaçamento: o espaçamento entre mudas de espécies arbóreas deverá levar em conta o projeto de paisagismo para o empreendimento. Para as áreas de estacionamento o espaçamento entre plantas deverá obedecer a proporção de, no mínimo, 01 (uma) muda por vaga oferecida. Poda Leve: após realização do plantio as mudas deverão ser podadas, retirando-se cerca de 1/3 das folhas. Esta prática deve induzir a novas brotações dos ramos e estimular o crescimento das raízes, e conseqüentemente, estimular a sobrevivência das plantas. Irrigação: recomenda-se que a execução do plantio seja seguida de irrigação abundante. As mudas deverão ser irrigadas em períodos cuja temperatura média ultrapasse 25°C, ou que não ocorra precipitação de chuvas. Na operação desta prática deve-se evitar jatos fortes que provoquem a formação de sulcos e erosão. Tutoramento e proteção: o estaqueamento das mudas tem por finalidade evitar que as mesmas sofram quebras em função de ventos ou deslocamento das raízes, que por sua vez impedem a fixação da planta e conseqüentemente seu desenvolvimento. Esta PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 29 operação deverá ser efetuada utilizando-se estacas de madeira (02 x 04 cm) ou de bambu (04 cm), possuindo ainda 2,0m de altura, as quais deverão ser fixadas com auxílio de marretas. As mudas deverão ser amarradas às estacas com auxílio de barbante (sisal) em forma de "oito deitado" (∞), onde de um lado situa-se a muda e no outro a estaca, o que evitará a incrustação no fuste do vegetal, podendo assim interromper o fluxo de seiva e conseqüentemente a morte do vegetal.. Manejo e tratos culturais: com o ensejo de lograr êxito no empreendimento, algumas práticas de manejo são necessárias para promover um bom desenvolvimento das mudas, tais como: controle dos inços, controle de pragas e moléstias, controle de brotações laterais, adubação, retutoramento e reposição de mudas mortas. PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 30 9. CONTROLE DE PROCESSOS EROSIVOS E DE ASSOREAMENTOS Considerando a morfologia plana a suavemente ondulada do local em estudo, bem como as características texturais dos solos ocorrentes, é possível inferir que as formas de erosão hídrica que poderão ocorrer na área do empreendimento dar-se-ão em conforme as seguintes configurações: • Erosão laminar, que poderá ocorrer de forma geral em todos os locais de interferências, nos solos e onde à cobertura vegetal não proporcionar uma proteção eficaz contra o efeito da erosividade das chuvas; • Erosão em sulcos, principalmente em onde a desagregação dos solos for maior e houver escorrimento intenso das águas pluviais, sendo mais comum em superfícies mais íngremes e rampas longas, não sendo significativa no caso em questão; • Escoamento superficial, que promove o arraste das partículas de solo e, pela ação das enxurradas. O arraste de sedimentos não consolidados a partir de pilhas de estoques e áreas de aterro na fase de implantação, deslizamentos de taludes às margens de estradas e acessos que poderá ocorrer em locais de solos desagregados antes de estar efetivada sua proteção contra erosão. As formas de erosão mais prováveis de se manifestar são as duas primeiras, com maior intensidade na fase de obras e nos locais de interferência direta. Por conseguinte, a ocorrência de processos de assoreamento poderá ser observada em decorrência destes processos erosivos. Os processos eólicos ainda que possam provocar pequena remobilização da fração granulométrica mais fina que compõe solo local, devem ser igualmente considerados, o que pode acarretar em desconforto aos moradores do entorno. Similarmente ao previsto para as medidas mitigatórias no estudo de impactos ambientais, sugerem-se ações que podem ser efetuadas durante os períodos de estiagem ou ocorrência de chuvas intensas, os quais contribuirão para a minimização dos efeitos das emissões e para a redução da propagação para áreas vizinhas, tais como: • • • Aspersão de água nas vias de acesso e áreas internas, fixando as partículas finas na superfície do solo, por meio de caminhões-pipa, nos períodos de estiagem; Controle da velocidade de veículos, diminuindo-se a contribuição de poeiras para o ar, durante os períodos de estiagem; Implantação de medidas de contenção de carreamentos sedimentares, como pequenos diques e bloqueios com solo local no início dos processos erosivos. Ainda, durante a fase de construção será importante programar os serviços de terraplenagem e descargas de materiais inertes (areia, brita, argila, etc.) levando em consideração o clima para que sejam evitados trabalhos em dias com ocorrência de ventanias ou com solos encharcados ou emplastrados. PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 31 10. CONSIDERAÇÕES FINAIS A elaboração do Plano de Controle Ambiental permite que se façam as considerações conclusivas expostas a seguir: Os impactos ambientais adversos mais significativos, em decorrência do projeto, são identificados para a fase de implantação das obras. Referem-se, em especial, às alterações topográficas, movimentação de solos, geração de sedimentos e supressão de vegetais com conseqüente redução de hábitats para determinadas espécies da fauna. Todavia, os impactos negativos, de um modo geral, apresentam possibilidades de reversão de seus efeitos através da implementação de procedimentos adequados de controle ambiental durante a fase de obras, bem como da adoção de medidas mitigadoras e compensatórias, em especial, no que se refere aos recursos de flora e fauna. As ações de afungentamento e resgate de fauna e flora são perfeitamente factíveis e de significativa importância ambiental, contribuindo desta maneira para a preservação dos espécimes. Como medida compensatória à remoção da vegetação nativa deverão ser plantadas mudas de árvores nativas em conformidade com o Art. 5º do Decreto Estadual nº 38.355/98 ou ao Decreto Municipal nº 095/2013. Ressalta-se ainda, que a implantação de um projeto paisagístico não só mitigará os impactos relacionados com a questão visual (paisagem), ruído e emissões aéreas dos veículos, como também promoverá o enriquecimento da vegetação existente nas áreas de influência direta e indireta, proporcionando além do embelezamento da região, abrigo e fontes de alimento para a fauna. A partir da análise dos impactos decorrentes das fases de implantação das obras, bem como da proposição de correspondentes medidas mitigadoras, indica-se a viabilidade ambiental do empreendimento. ___________________________ Alexandre Witt Engº. Ambiental – Engº. Agrícola CREA/RS: 121135D CRQ: 05303378 __________________________ Nina Rosa Arboitte dos Santos Bióloga CRBio 34923-03 PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL 32 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, M. Análise das interações entre homem e meio ambiente. Florianópolis: UFSC, 1995. BÉRNILS, R. S. e H. C. COSTA (org.). 2012. Répteis brasileiros: Lista de espécies. 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