ISSN: 1984 - 2848 ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE Revista da Faculdade Estácio de Sá de Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 04, Set. 2010 / Dez. 2010 Ficha Catalográfica da Revista LOPES, Edmar Aparecido de Barra e. Revista de Ciências da Saúde. Faculdade Estácio de Sá de Goiás- FESGO. Goiânia, GO, v.01, nº04, Set. 2010/.Dez. 2010. Nota: Revista da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – FESGO. I.Ciências da Saúde. II‐ Título: Revista de Ciências da Saúde. III.Publicações Cientificas. CDD 600 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação ( CPI) Faculdade Estácio de Sá de Goiás Catalogação na Fonte / Biblioteca FESGO Jacqueline R.Yoshida – Bibliotecária – CRB 1901 ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE GOIÁS – FESGO VOLUME 1, N. 04, Set. 2010 a Dez. 2010 PERIODICIDADE: SEMESTRAL. ISSN: 1984 – 2848 ______________________________________________________________________________ ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE Revista da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – FESGO Cursos de: GO Administração Enfermagem Farmácia Educação Física Fisioterapia Recursos Humanos Redes de Computadores ______________________________________________________________________________ ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE Editor Cientifico: Edmar Aparecido de Barra e Lopes Conselho Editorial Executivo: Adriano Luis Fonseca Ana Claudia Camargo Campos Claudio Maranhão Pereira Edson Sidião de Souza Júnior Patrícia de Sá Barros Guilherme Nobre Lima do Nascimento Conselho Editorial Consultivo: Adriano Luís Fonseca Andréia Magalhães de Oliveira Denise Gonçalves Pereira Elder Sales da Silva Jaqueline Gleice Aparecida de Freitas Karolina Kellen Matias Marc Alexandre Duarte Gigonzac Marco Túlio Antonio Garcia-Zapata Marise Ramos de Souza Marizane Almeida de Oliveira Sandro Marlos Moreira Equipe Técnica: Editoração Eletrônica , Coordenação Gráfica e Capa e Ltda e Revisão de Texto em Inglês: Edclio Consultoria: Editoria, Pesquisa e Comunicação Ltda Revisão Técnica: Josiane dos Santos Lima Projeto Editorial, Projeto Gráfico, Preparação, Revisão Geral e Capa: Edmar Aparecido de Barra e Lopes Endereço para correspondência/Address for correspondence: Rua, 67-A, número 216 – Setor Norte Ferroviário, Goiânia-GO, CEP: 74.063-331. Coordenação do Núcleo de Pesquisa. Informações: Tel.: (62) 3212-0088 Email: [email protected] edmar.lopesgo.estacio.br FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE GOIÁS-FESGO Diretora Geral: Sirle Maria dos Santos Vieira Diretor Acadêmico: Adriano Luís Fonseca Diretor Financeiro: Vicente de Paula Secretária Geral de Cursos: Auricele Siqueira Ferreira Coordenadores de Cursos Administração/RH Ana Cristina Pacheco Veríssimo Enfermagem Cristina Galdino de Alencar Farmácia Edson Sidião Souza Junior Fisioterapia Patrícia de Sá Barros Redes de Computadores Samir Youssif Wehbi Arabi Educação Física Adriano Luis Fonseca COORDENADORES DE NÚCLEOS Coordenação do Núcleo de Pesquisa: Edmar Aparecido de Barra e Lopes Coordenação do Núcleo de EAD: Mara Silvia dos Santos SUMÁRIO Artigos 09 - 26 Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em Goiânia – Goiás Régis Rodrigues Santana Ana Claudia Camargo Campos Carla Giselle de Moura Rodrigues Maria Marta da Silva Thais Taylor de Faria Viviane Aparecida Bruno Inácio 28 - 58 Avaliação funcional Marcelo Jota Rodrigues da Silva Jota 59 - 64 Avaliação das condições bucais e sistêmicas de pacientes portadores de síndrome de Down institucionalizados na APAE-Goiânia/Goiás Rodrigo Passos Del Fiaco Tessa de Lucena Botelh Cláudio Maranhão Pereira 65 - 76 Incidência de hepatite B na população da cidade de Goiânia-Goiás: influência dos marcadores sorológicos no prognóstico desta infecção Ana Flavia Oliveira Magalhães Francielle Poliana de Medeiros Rocha Francielly Eugenio de Assis Claudio Maranhão Pereira 77 - 98 Atuação do enfermeiro e sua praxis no processo de captação e doação de órgãos A. C. Moreira Ribeiro A. P. Silva Bueno E. S.. Oliveira Adriano Luis Fonseca 99 - 117 Dinamometria e esclerose múltipla revisão da literatura Adriano Luís Fonseca Juliana Couto Kliver Marin Pedro Ranna Glauco Marques Zanin Daniela R. P. Fonseca Pesquisas 119 - 126 Prevalência de queixas de pacientes atendidos em acupuntura 127 - 135 Tratamento da lombalgia através de meridiano tendineo muscular A. C. S. Ximenes F. G. R. Luz M. M. M. Luz J. R. Mata B. B. Castro M. Nishi, K. Cavalkanti JR. Mata M. M. M. Luz F. G. R. Luz 136 - 142 Instrumentos e procedimentos avaliativos em anatomia humana Fabiana Ribeiro da Mata João Roberto da Mata Sara Dayane Santos Márcio Christian Rodrigues Souza 143 - 153 Enfermagem na capacitação de cuidadores formais e informais de pacientes com Alzheimer Edson Sidião de Souza Júnior Dédiva Maria Teixeira Neto Eurídice Oliveira da Silva Santos Margareth Oliveira Amâncio 154 - 166 Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência Kássio Henrique Rodrigues Corrêa Valdete Pereira Gleydson Ferreira Melo Francino Azevedo 167 - 172 Tipificação do metabolismo individual e possibilidades farmacológicas de diminuição dos efeitos colaterais no tratamento da depressão Elder Sales da Silva Marc Gingozac Juliana Rodrigues de Sena 173 - 182 Atuação do enfermeiro no lazer e no turismo na melhor idade Dasdores Gonçalves da Silva Oliveira Viviana Reis de Araujo Edicássia Rodrigues de Morais Cardoso 183 - 185 Normas para publicação ARTIGOS Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 04, 09 – 26. Set. 2010/Dez. 2010. PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO CLIENTE COM DIAGNÓSTICO DE INFLUENZA A (H1N1) DE UM HOSPITAL PÚBLICO EM GOIÂNIA – GOIÁS Régis Rodrigues Santana Ana Claudia Camargo Campos Carla Giselle de Moura Rodrigues Maria Marta da Silva*** Thais Taylor de Faria*** Viviane Aparecida Bruno Inácio*** Resumo: Abstract: A influenza A (H1N1) consiste em doença infectocontagiosa, que surgiu de uma mutação no material genético dos vírus influenza humano, suíno e aviário, que se encontravam simultaneamente em porcos. Os primeiros casos da atual pandemia foram relatados em meados de março de 2009, no México, e em pouco mais de dois meses, a OMS declarou que a mesma havia alcançado o nível de pandemia. O presente estudo tem como objetivo traçar o perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de Influenza A (H1N1) por novo subtipo viral de um hospital público em Goiânia-Goiás, assim como identificar os fatores etiológicos desta doença. Tratase de um estudo exploratório-descritivo, retrospectivo, de cunho quantitativo, cuja amostra foi constituída por todos os prontuários de clientes que foram diagnosticados com vírus H1N1, atendidos de junho a dezembro de 2009. A coleta de dados ocorreu através de roteiro sobre o respectivo tema da pesquisa. Neste estudo a maioria dos casos de Influenza A (H1N1) acometeram jovens adultos de meia idade, previamente saudáveis. Outros casos foram gestantes e pessoas já afetadas por condições crônicas, incluindo pneumopatia, obesidade, cardiopatia e HAS. Os fatores que se relacionaram à gênese da doença foram as estações do ano, a imunidade da população susceptível (idade, gestação, presença de comorbidade), a zona de residência e a ocupação. The Influenza A (H1N1) consists of an infectious disease, which arose from a mutation in the genetic material of human, pig and poultry influenza viruses, which were found simultaneously in pigs. The first cases of the current pandemic were reported in the middle of March 2009, in Mexico, and in a little more than two months, the OMS stated that it had reached the level of a pandemic. The present study aims to measure the epidemic profile of the patients diagnosed with Influenza A (H1N1) by a new virus subtype in a public hospital in Goiânia-Goiás, as well as to identify the etiological factors of this disease. This is an exploratory descriptive study, retrospective, with quantitative content, the sample of wich was composed from all patient records of those diagnosed with H1N1 virus, examined from June to December 2009. The collection of data was done according to the criteria of the research theme. In this study most cases of Influenza A (H1N1) affected young middleaged adults, who were previously healthy. Other cases were pregnant women and people affected by chronic conditions, including lung disease, obesity, heart disease and Systemic Hypertension. The factors that are linked to the genesis of the disease were the seasons, the immunity of the suceptible population (age, pregnancy, presence of comorbidity), area of residence and occupation. Palavras-chave: Key-words: Epidemiologia, Influenza A (H1N1), Enfermagem. Epidemiology, Influenza A (H1N1), Nursing Enfermeiro Especialista em Terapia Intensiva. Orientador docente da Faculdade Estácio de Sá de Goiás.Brasil Email: [email protected] Biomédica Doutora em Medicina Tropical.Co-orientadora docente da Faculdade Estácio de Sá de Goiás, Brasil. Email: [email protected] Graduandas em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá de Goiás, Brasil, Email [email protected],; [email protected] ; [email protected] ; [email protected] . 10 SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno. Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010. INTRODUÇÃO Epidemiologia é “ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades humanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle, ou erradicação de doenças, fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações de saúde” (ROUQUAYROL, 1999). Esta ciência enquanto ferramenta principal para a saúde pública, instrumenta o enfermeiro a implementar e avaliar o cuidado à saúde das populações, bem como a realização de pesquisas. Ainda tem importante papel nos aspectos de prevenção e vigilância das enfermidades, na avaliação e análise do impacto de suas ações, permitindo identificar necessidades, riscos, prioridades, melhorar a utilização dos recursos entre outros (GOMES, 1994). A influenza ou gripe é uma doença infecciosa aguda do trato respiratório, causada pelo vírus influenza, subdividida em três tipos antigenicamente distintos: A, B e C. Os vírus influenza A, ainda são subdivididos de acordo com antígenos de superfície inseridos em seu envoltório, denominados Hemaglutinina (HA) e Neuraminidase (NA). Existem 16 subtipos de HA e 9 de NA, que resultam em 144 possíveis combinações (BRASIL, 2005; GRECO, et al. 2009; MARTINEZ, 2009). A infecção pelo vírus influenza A subtipo H1N1 consiste em doença infectocontagiosa ocasionada por variante do vírus influenza, que surgiu, possivelmente, de uma mutação no material genético dos vírus influenza humano, suíno e aviário, que se encontravam simultaneamente em porcos (SENNA, et al. 2009). Este vírus persiste na população por mais de 90 anos, tendo sido identificado pela primeira vez entre 1918 -1919, no episódio conhecido como Gripe Espanhola, o qual determinou alta morbi-mortalidade (entre 20 a 50 milhões de mortes em todo mundo). Em 1977, verificou-se um surto de infecção pelo vírus A (H1N1) nos EUA, atingindo principalmente pessoas jovens, com significativa morbidade (GRECO, et al., 2009; FRED, et al. 2009). Os primeiros casos da atual pandemia foram relatados em meados de março de 2009, no México, em pessoas com manifestações clínicas que incluíam tosse, febre com ou sem sintomas constitucionais, irritação na orofaringe, náusea e diarréia. Em pouco mais de 11 SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno. Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010. dois meses, seguindo normas internacionalmente aceitas e alegando a abrangência da doença e não a aparente periculosidade do vírus, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a gripe suína havia alcançado o nível de pandemia, situação caracterizada por transmissão inter-humana sustentada e atingindo mais de duas regiões do globo terrestre. (FRED, et al., 2009; GRECO, et al., 2009; MACHADO, 2009; MARTINEZ, 2009; NOGUEIRA, 2009; SENNA, et al., 2009). No Brasil, o monitoramento do perfil de transmissibilidade desse novo subtipo viral fez com que o Ministério da Saúde (MS) declarasse a epidemia uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) e a existência da transmissão sustentada da Influenza A (H1N1) no país (BRASIL, 2009). A transmissão ocorre de pessoa para pessoa, e pode ocorrer facilmente através de inalação de gotículas eliminadas pela tosse ou espirro das pessoas infectadas ou através do contato com superfícies que estejam contaminadas com os vírus da influenza e, em seguida, tocar os olhos, o nariz ou a boca. O período de incubação varia de 1 a 7 dias, em média de 1 a 4 dias e o período de transmissão inicia-se 24 horas antes do início dos sintomas e estende-se até 7 dias após o início dos mesmos (GALAS, et al., 2009). A prevenção da infecção pelo vírus influenza A (H1N1) requer hábitos regulares de higiene como lavar as mãos antes e após contato com pacientes contaminados, controle de aerossóis-perdigotos, incluindo o uso de máscaras, e evitar locais cheios de pessoas (SENNA, et al., 2009). Clinicamente, na maioria dos casos, a doença caracteriza-se pela instalação abrupta de febre alta, em geral acima de 38ºC, seguida de mialgia, dor de garganta, artralgia, prostração, cefaléia e tosse seca. Podem estar presente diarréia, vômitos e fadiga. Entre pessoas infectadas, síndromes clínicas variam desde sintomas respiratórios leves à pneumonia e insuficiência respiratória em sua forma mais grave, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) (GALAS, et al., 2009; PEREIRA, C.; TARANTINO, M., 2009). Os grupos de risco para complicações compreendem: crianças menores que 5 anos; adultos com idade maior ou igual a 65 anos; gestantes; obesos; imunossuprimidos (infecção pelo HIV, transplantes, medicamentos imunossupressores); adultos e crianças portadores de doenças crônicas como diabetes, cardiopatias, pneumopatias, hepatopatias, doenças neuromusculares, hematológicas e metabólicas; e profissionais da saúde (GRECO, et al., 2009; GALAS, et al., 2009). 12 SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno. Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010. O teste laboratorial recomendado pela OMS para a detecção qualitativa do novo vírus da Influenza A (H1N1), é a Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real (rRTPCR). As amostras clínicas que devem ser coletadas para a realização do teste são swabs combinados de nasofaringe e orofaringe. Pacientes entubados devem ser submetidos à coleta de aspirado nasotraqueal (GALAS, et al., 2009; GREGO, et al., 2009). O tratamento dos casos deve ser realizado preferencialmente com Oseltamivir®. A utilização do medicamento deve ser realizada, no máximo, até 48 horas a partir do início dos sintomas. A recomendação para adultos é a ingestão de 75 mg duas vezes ao dia por 5 dias. Para crianças menores de 40 kg, as doses variam por peso. Paralelamente ao tratamento medicamentoso, devem ser instituídas as medidas de suporte clínico ao paciente, segundo a avaliação médica de cada caso (MACHADO, 2009). A infecção por influenza A (H1N1) requer cuidados gerais, dieta hipercalórica e normoproteica, hidratação das vias aéreas por intermédio da ingestão frequente de líquidos pela via oral, nebulização e vaporização. Pode ser necessário o uso de antitérmicos e analgésicos para o tratamento da sua sintomatologia (SENNA, et al., 2009). Esta pandemia mostrou que apesar da expansão da vigilância global, de melhores métodos diagnósticos e terapêuticos e da maior capacidade de desenvolver e produzir vacinas, as doenças infecciosas ainda são importantes e, especialmente imprevisíveis (GALAS, et al., 2009; GREGO, et al., 2009). Desta forma, considerando o vírus influenza como patógeno capaz de causar epidemias e pandemias ao longo da história e o uso da Epidemiologia pelo enfermeiro como instrumento que permite o acompanhamento e a avaliação dos serviços de saúde, neste estudo pretende-se submeter os dados coletados à uma análise epidemiológica relacionando os mesmos ao conteúdo teórico científico até então publicado, integrando assim, a pesquisa à assistência. Este estudo trata-se ainda de oportunidade de ressaltar a importância da detecção precoce, do pronto atendimento aos casos, da adoção de medidas de prevenção e controle adequadas, de prover os profissionais de saúde e a população de informações sobre o atual estágio deste agravo e da inclusão de todas as possibilidades para o seu enfrentamento de forma definitiva, cuidadosa, ética e cidadã (SENNA, et al., 2009; FRED, et al., 2009). 13 SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno. Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010. OBJETIVOS O presente estudo tem como objetivo traçar o perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de Influenza A (H1N1) por novo subtipo viral de um hospital público em Goiânia-Goiás, assim como identificar os fatores etiológicos desta doença. MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, retrospectivo, de cunho quantitativo, realizado em um hospital público no município de Goiânia-Goiás. A amostra foi constituída por todos os prontuários de clientes que foram diagnosticados com Influenza A (H1N1) por novo subtipo viral (pandêmico), atendidos de junho a dezembro de 2009. A coleta de dados foi realizada nos meses de março e abril de 2010 e ocorreu através de roteiro sobre o respectivo tema da pesquisa. A elaboração do instrumento de coleta de dados embasou-se na ficha de investigação Influenza Humana por Novo Subtipo (Pandêmico) (BRASIL, 2009). Para fins de classificação dos pacientes que tiveram o diagnóstico de Influenza A (H1N1) confirmado, tomou-se como base o resultado do teste laboratorial recomendado pela OMS para a detecção qualitativa do novo vírus da Influenza A (H1N1), a Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real (rRT-PCR), sendo excluídos deste estudo os demais pacientes em que tal hipótese diagnóstica foi descartada mediante resultado negativo para o mesmo, e os prontuários que não constavam o PCR. O presente estudo segue os princípios éticos e legais que regem a pesquisa em seres humanos, preconizados na Resolução do Conselho Nacional de Saúde Nº. 196/96, manifestada pela aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) do referido hospital. RESULTADOS E DISCUSSÃO A população estudada constou de 348 prontuários com hipótese diagnóstica de Influenza A (H1N1). Destes, 303 (87%) foram descartados e 45 (13%) foram confirmados laboratorialmente através do teste de Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real (rRTPCR). 14 SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno. Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010. Ao avaliar a ocorrência dos casos por mês de incidência, verifica-se que a maior frequência da doença foi no mês de agosto com 23 casos (51%), seguido pelo mês de setembro com 21 casos (47%) e pelo mês de outubro com apenas um caso (2%), como pode ser visto na figura 1. Este resultado deve-se e/ou pode estar relacionado ao fato de que o inverno no Hemisfério Sul, inicia-se em junho e envolve os meses de junho, julho e agosto. Na região Centro-Oeste, este trimestre é considerado o menos chuvoso do ano no que se refere à distribuição de chuvas caracterizando-se por baixos teores de umidade do ar e quedas acentuadas de temperatura (SIMEGO, 2010). MÊS CASOS % Junho 0 0 Julho 0 0 Agosto 23 51 Setembro 21 47 Outubro 01 2 Novembro 0 0 Dezembro 0 0 TOTAL 45 100 Figura 1 – Apresentação dos casos de Influenza A (H1N1) de acordo com os meses de ocorrência, de junho a dezembro de 2009. Conforme a figura 2, as faixas etárias com maior número de casos foram de 21 a 30 anos de idade e de 31 a 40 anos com 15 casos (33%) cada, seguido pelas faixas etárias: 41 a 50 anos com 6 casos (13%); 0 a 10 anos com 4 casos (9%); 11 a 20 anos com 3 casos (7%) e 51 a 60 anos com 2 casos (5%). Sobre esta temática, GRECO, et al., (2009), revelam que a maioria dos casos acometeram jovens e adultos de meia idade, sendo portanto diferente da influenza sazonal, a qual é mais comum entre crianças e idosos. A maior exposição a esse patógeno na população mais jovem ou a imunidade adquirida em outras epidemias pela população mais idosa podem ser fatores associados a esse perfil epidemiológico. 15 SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno. Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010. FAIXA ETÁRIA 16 14 12 10 8 6 4 2 0 15 15 6 4 0 a 10 3 11 a 20 2 21 a 30 31 a 40 41 a 50 51 a 60 Idade e m anos Figura 2 – Incidência de Influenza A (H1N1) por faixa etária. A predominância dos casos foi no sexo feminino (62%). Dentre os 28 casos do sexo feminino, 03 (11%) eram gestantes, como pode ser visto nas figuras 3 e 4 respectivamente. As grávidas são consideradas como grupo de risco para a Influenza A (H1N1) porque durante a pandemia, dentre as mulheres em idade fértil que apresentaram a SRAG em decorrência da Influenza H1N1, 22% eram gestantes. Essa maior susceptibilidade deve-se ao fato de que na gravidez a imunidade diminui para que o bebê se desenvolva sem ser combatido como um possível corpo estranho. Outro fator é que o útero ao aumentar de tamanho comprime o pulmão, fazendo com que estas estejam mais susceptíveis a infecções respiratórias (BRASIL, 2010). SEXO 17 38% MASCULINO 28 62% Figura 3 – Distribuição de casos de Influenza A (H1N1) em relação ao sexo. FEMININO 16 SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno. Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010. Gestantes 3 11% Gestantes Não gestantes 25 89% Figura 4 – Representação dos casos de Influenza A (H1N1) em gestantes. Conforme a figura 5, os níveis de escolaridade com maior número de casos foram respectivamente: nível fundamental com 14 (31%), nível superior com 08 (18%) e nível médio com 04 (9%), sendo que em 19 casos (42%) não especificou-se a escolaridade. Tais resultados demonstram que a incidência da infecção por Influenza A (H1N1) não parece apresentar relação com o nível de escolaridade, podendo acometer pessoas de todos os níveis de instrução. Escolaridade 8 Nível superior 4 Nível médio 14 Nível fundamental 19 Não especificado 0 5 10 15 Figura 5 – Apresentação dos casos de Influenza A (H1N1) de acordo com a escolaridade.1 1 Quando o nível referido foi declarado incompleto, se aplicou ao nível anterior. 20 17 SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno. Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010. Os municípios com maior número de casos foram: Goiânia com 28 casos (63%), Catalão com 03 (8%) e Caldas Novas com 02 (5%) casos. Os demais municípios somam 24% dos casos, com um caso em cada. Em relação à origem do caso, 42 (93%) eram autóctones do município de residência e 03 (7%) não foram especificados. Quanto à zona de ocorrência, 43 (96%) casos ocorreram em zona urbana como pode ser visto nas figuras 6, 7 e 8 respectivamente. A aglomeração populacional nos centros urbanos e as atividades sociais desenvolvidas nos mesmos aumentam a susceptibilidade do contágio de doenças transmissíveis, explicando a maior incidência destas doenças na zona urbana, se comparada à zona rural (CARVALHO, 2010). MUNICÍPIO N % Goiânia Catalão Caldas Novas 28 3 2 63 8 5 Pires do Rio Ap. de Goiânia 1 1 2 2 Itapuranga 1 2 Anicuns 1 2 São Simão Mineiros Bela Vista 1 1 1 2 2 2 Mara Rosa 1 2 Ivolândia Piracanjuba 1 1 2 2 Três Ranchos 1 2 Outra localidade 1 2 TOTAL 45 100 Figura 6 – Distribuição dos casos de Influenza A (H1N1) por municípios de residência. 18 SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno. Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010. Casos Autóctones 50 42 40 30 20 10 3 0 0 NÃO NÃO ESPECIFICADO SIM Figura 7 - Representação dos casos de Influenza A (H1N1), se autóctone do município de residência. ZONA RURAL 2 4% URBANA RURAL URBANA 43 96% Figura 8 – Incidência dos casos de Influenza A (H1N1) por zona de residência. As ocupações com maior número de casos foram respectivamente: estudante e “do lar” com 07 casos (16%) cada, seguida pela de vendedor com 05 casos (11%), e por profissionais da saúde com 04 casos (9%). As demais profissões somam 22 casos (48%). Estes resultados demonstram que a atividade desenvolvida possa estar diretamente relacionada à maior ou menor probabilidade de contrair a doença. No entanto, neste estudo, 19 SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno. Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010. em 31 (69%) dos casos a doença não se relacionava à profissão desenvolvida, enquanto em 06 (13%) se relacionava e em 08 (18%) não foi especificado como demonstrado nas figuras 9 e 10. OCUPAÇÃO Estudante N 7 % 1 6 ―Do lar‖ 7 6 1 5 1 Profissionais da Saúde (02 médicos, 01 enfermeiro e 01 odontólogo) 4 9 Autônomo Borracheiro Comerciante Professor Secretária Auxiliar geral Empresário Lavrador Cobrador Manicure Empregada doméstica Garçom Carroceiro Engenheiro civil Não especificado TOTAL 3 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 4 7 4 4 4 4 4 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 Vendedor 5 Figura 9 – Distribuição dos casos de Influenza A (H1N1) por ocupação. 00 20 SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno. Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010. Relação da doença com a ocupação SIM 6 13% NÃO ESPECIFICADO 8 18% NÃO 31 69% Figura 10 – Representação dos casos de Influenza A (H1N1) quanto à relação da doença à ocupação. No que se refere à imunização prévia contra a Influenza Sazonal, 20 (44%) não foram imunizados, enquanto 25 (56%) não declararam como pode ser observado na figura 11. Com base nas recomendações da OMS, a vacina contra Influenza Sazonal é reformulada anualmente mediante avaliação dos dados epidemiológicos coletados no ano anterior, prevendo assim as cepas de vírus influenza que terão maior chance de causar epidemias no ano subsequente e que deverão compor a vacina a ser utilizada no inverno daquele ano. Desta forma, não se pode afirmar que a vacina contra a Influenza Sazonal agiu sobre a incidência a Influenza A (H1N1) (SBI, 2010). Imunização Prévia para Influenza Sazonal 25 25 20 20 15 10 5 0 0 SIM NÃO N à O ESPEC IF IC A D O Figura 11 – Incidência dos casos de Influenza A (H1N1) quanto à imunização prévia contra Influenza Sazonal. 21 SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno. Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010. Em relação ao contato prévio com caso suspeito, 02 (4%) tiveram contato, 18 (40%) não tiveram contato e 25 (56%) não especificaram. Quanto ao relato de viagem no período de até dez dias antes da manifestação dos sinais e sintomas, 02 (4%) intermunicipal, 20 (44%) não viajaram e 23 (52%) não especificaram como pode ser visto nas figuras 12 e 13 respectivamente. Tais dados demonstram que talvez o contato prévio com casos suspeitos e o relato de viagem no período de até dez dias antes da manifestação dos sinais e sintomas não foram tão relevantes na infecção do cliente com diagnóstico de influenza A (H1N1) deste hospital. Contato com caso suspeito antes de surgirem os sinais e sintomas SIM 2 4% NÃO ESPECIFICADO 25 56% NÃO 18 40% SIM NÃO NÃO ESPECIFICADO Figura 12 – Distribuição dos casos de Influenza A (H1N1) quanto ao contato com caso suspeito ou confirmado de Influenza Humana por novo subtipo (até 10 dias antes do início dos sinais e sintomas). 22 SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno. Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010. Viagens 23 Não especificado 20 Não viajou 2 Intermunicipal Interestadual 0 Exterior 0 0 5 10 15 20 25 Figura 13 – Representação dos casos de Influenza A (H1N1) quanto ao relato de viagem no período de até 10 dias antes do início dos sinais e sintomas. Na pesquisa, 07 casos (16%) apresentaram algum tipo de co-morbidade, dentre as quais se destacam: pneumopatia em 03 (37%) dos casos, tabagismo em 02 (24%), obesidade em 01 (13%), cardiopatia crônica em 01 (13%) e Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) em 01 (13%) dos casos como pode ser analisado nas figuras 14 e 15 respectivamente. Sendo que 3 (7%) apresentaram mais de uma comorbidade. Sobre este aspecto, GRECO, et al., (2009) revelam que pessoas já afetadas por condições crônicas, incluindo doenças respiratórias (principalmente asma), cardiovasculares, diabetes, obesidade e doenças auto-imunes representam um outro grupo mais susceptível à infecção por Influenza A (H1N1). Pacientes que apresentavam alguma comorbidade SIM 7 16% SIM NÃO NÃO 38 84% Figura 14 – Incidência dos casos de Influenza A (H1N1) que apresentavam alguma co-morbidade. SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno. Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010. 23 Comorbidades apresentadas 3 3 2,5 2 2 Pneumopatia 2 Tabagismo 1,5 1 1 Obesidade HAS 0,5 0 Pneumopatia Tabagismo Obesidade HAS Figura 15 – Relação das comorbidades apresentadas nos casos de Influenza A (H1N1). Conforme a figura 16, os sinais e sintomas mais frequentes foram: tosse em 41 (91%) dos casos, febre em 40 (89%), dispnéia em 38 (84%), mialgia em 29 (64%), calafrio em 18 (40%), coriza em 15 (33%), cefaléia em 14 (31%), artralgia em 9 (20%), diarréia em 8 (18%) e dor de garganta em 6 (13%) dos casos. Estes resultados confirmam o que foi descrito pela literatura, uma vez que, na maioria dos casos, clinicamente a doença caracteriza-se pela instalação abrupta de febre alta, geralmente acima de 38ºC, seguida de mialgia, dor de garganta, artralgia, prostração, cefaléia e tosse seca, podendo estar presente ainda diarréia, vômitos e fadiga (GALAS, et al., 2009; PEREIRA, C.; TARANTINO, M., 2009). 24 SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno. Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010. Frequência de sinais e sintomas apresentados 4 Conjuntivite 6 Dor de garganta 8 Diarréia 9 Artralgia 14 Cef aléia 15 Coriza 18 Calaf rio 29 Mialgia 38 Dispnéia 40 Febre 41 Tosse 0 10 20 30 40 50 Figura 16 – Distribuição dos casos de Influenza A (H1N1) em relação aos sinais e sintomas apresentados. Como pode ser observado na figura 17, dos 45 casos confirmados, 11 (24,5%) evoluíram para óbito e 34 (75,5%) para a cura. Os dados atuais mostraram baixa letalidade (0,5%), levando a crer que possa ser menos grave que inicialmente previsto. Entretanto será necessário manter a vigilância epidemiológica, virológica e clínica até que se acumulem mais dados, devido a peculiaridades do vírus; ao risco de atingir populações mais vulneráveis; às limitações na capacidade dos sistemas locais/nacionais de saúde; à chegada do inverno no hemisfério sul; ao aumento das viagens no período de férias e à disponibilidade de medicamentos e de vacina para todos que deles necessitarem (GRECO, et al., 2009). 25 SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno. Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010. EVOLUÇÃO DOS CASOS Óbito 11 24% Óbito Cura Cura 34 76% Figura 17 - Representação quanto à evolução dos casos de Influenza A (H1N1). CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste estudo a maioria dos casos de Influenza A (H1N1) acometeram jovens adultos de meia idade, previamente saudáveis. Outros casos foram gestantes e pessoas já afetadas por condições crônicas, incluindo pneumopatia, obesidade, cardiopatia e HAS. Os fatores que se relacionaram à gênese da doença foram as estações do ano, a imunidade da população susceptível (idade, gestação, presença de co-morbidade), a zona de residência e a ocupação. Para que estudos epidemiológicos sejam mais eficazes e identifiquem as causas da ocorrência de um agravo e as respectivas populações de risco, às quais campanhas educativas devem ser periodicamente dirigidas, estes devem basear-se em dados confiáveis que identifiquem quem adoece, onde adoece, quando adoece, e em que condições adoece. Desta forma, com este estudo, pretende-se despertar nos profissionais da saúde a importância de um adequado preenchimento das fichas de notificação, uma vez que dados que mereciam ser contemplados com vistas à melhoria do sistema de informação e consequentemente às pesquisas, deixaram de ser processados por não terem sido preenchidos. 26 SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno. Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010. Referências BEPA. Boletim Epidemiológico Paulista. São Paulo: Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, 2009. Disponível em: http://www.cve.saude.sp.gov.br/agencia/bepa69_influa.htm [Acesso em: 09 nov. 2009]. BRASIL, Ministério da Saúde: Secretária de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância epidemiológica. Ficha de Notificação Influenza Humana por Novo Subtipo (Pandêmico) - SINAN. Brasília, 2009. Disponível em: http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/novo/Documentos/SinanNet/fichas/Influenza.pdf [Acesso em 04 Nov. 2009]. BRASIL, Ministério da Saúde: Influenza Pandêmica (H1N1) – Análise da situação Epidemiológica e da resposta no ano de 2009. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/boletim_eletronico_influenza_25_03.pdf [Acesso em 12 Mai. 2010]. BRASIL, Ministério da Saúde: Ocorrências de casos humanos de infecção por Influenza A (H1N1). in: Emergência de saúde pública de importância internacional (ESPII). Brasília, 15 jul. 2009, p.1-6. BRASIL, Ministério da Saúde: Protocolo de manejo clínico e vigilância epidemiológica da influenza. in: Emergência de saúde pública de importância internacional (ESPII). Brasília, 15 jul 2009, p.1-36. BRASIL, Ministério da Saúde, Secretária de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância epidemiológica. Doenças Infecciosas e Parasitárias. 5. ed. Brasília, 2005, 320 p. (Guia de bolso). BRASIL, Ministério da Saúde: Vacinação Influenza A (H1N1). Disponível http://www.vacinacaoinfluenza.com.br/site/conteudo/gestantes.asp [Acesso em 11 Mai. 2010]. em: CARVALHO, M. S.; ZEQUIM, M. A. Doenças infecto-contagiosas relacionadas as carencias habitacionais na cidade de Londrina-Paraná (Brasil). Disponível em: http://www.ub.es/geocrit/sn/sn146(113).htm [Acesso em: 05 Mai. 2010]. FRED, J. et al. Vigilância da influenza A (H1N1), novo subtipo viral, no Estado de São Paulo, 2009. Bepa. São Paulo: 2009 p.4-15. GALAS, F. R. B. G. e et al.: Recomendações para o manejo de paciente com infecção pelo vírus influenza A (H1N1). HCFMUFSP, 2009. GOMES, D. S. G. A epidemiologia para o enfermeiro. Revista Latino Americana de Enfermagem. Ribeirão Preto: 1994, v. 2, n. 2, p. 31-39, Jan. 1994. GOIÁS. Boletim Epidemiológico 2009, sobre: A Influenza A (H1N1)., 28/10/2009, Superintendência de políticas de atenção integral à saúde, Gerência de Vigilância Epidemiológica, Goiânia, Goiás, 2009. GRECO, D. B. et al. Influenza A (H1N1): histórico, estado atual no Brasil e no mundo, perspectivas. Revista Médica de Minas Gerais. Belo Horizonte: 2009, 132-139, fev 2009 MACHADO, A. A. Infecção pelo vírus influenza A (H1N1) de origem suína: como reconhecer, diagnosticar e prevenir. Jornal Brasileiro de Pneumologia. Ribeirão Preto, 12 mai. 2009. p. 464-469. MARTINEZ, J. A. B. Influenza e publicações científicas. Jornal Brasileiro de Pneumologia. Ribeirão Preto: 2009. p. 399-400. NEUMANN, C. R.; et al. Pandemia de influenza A (N1H1): o que aprender com ela? Revista HCPA, Porto Alegre: 2009, p. 92-99. NOGUEIRA, E. Gripe suína: Aprendendo a conviver. Rio de Janeiro: Nogueira, 2009. 192 p. 27 SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno. Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010. PEREIRA, C.; TARANTINO, M. Um tipo de vírus de gripe jamais detectado no homem se dissemina pelos países e ameaça com uma nova pandemia. Isto é: Rio de Janeiro: 2009, n. 2060, p. 72-77, mai. 2009. ROUQUAYROL, M. Z.; ALMEIDA FILHO, N. de. Epidemiologia & Saúde. 6 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003, 708 p. SENNA, M. C.; et al. Emergência do vírus influenza A-H1N1 no Brasil: a propósito do primeiro caso humano em Minas Gerais. Revista Médica de Minas Gerais. Belo Horizonte: 2009, p. 173-176, fev. 2009. SIMEGO. Sistema de Metereologia e Hidrologia do Estado e Goiás. Goiás: Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de Goiás, 2009. Disponível em: http://www.simego.sectec.go.gov.br/clima/estacoes-inverno.html [Acesso em: 05 Mai. 2010]. SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA. Recomendações sobre a produção de nova vacina contra o vírus Influenza A. Disponível em: http://www.infectologia.org.br/default.asp?site_Acao=MostraPagina&paginaId=134&mNoti_Acao=m ostraNoticia¬iciaId=11048 [Acesso em 12 Mai. 2010]. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 04, 28– 58. Set. 2010/Dez. 2010. AVALIAÇÃO FUNCIONAL Marcelo Jota Rodrigues da Silva Jota Resumo: Abstract: A avaliação funcional é realizada por meio de aplicação de testes selecionados e medidas que fornecem dados que podem ser usados como: informação básica para estabelecer objetivos orientados para a função e os resultados almejados da intervenção; indicadores das habilidades iniciais do paciente e da progressão em direção a níveis funcionais mais complexos; critérios para decisões sobre recolocação do paciente – por exemplo, quanto à necessidade de interná-lo para reabilitação, oferecer assistência domiciliar ou serviços da comunidade; manifestações do grau de segurança de um indivíduo para realizar uma tarefa em particular e o risco de lesão com a execução continuada dessa tarefa; evidências sobre a eficiência de uma intervenção específica (médica, cirúrgica ou reabilitadora) na função. functional assessment is performed through application of selected tests and measures that provide data that can be used as basic information to establish goals oriented to the function and the desired results of the intervention; indicators of initial abilities of the patient and the progression toward the more complex functional levels, criteria for decisions on replacement of the patient - for example, about the need to hospitalize him for rehabilitation, provide home care or community services, demonstrations of the degree of security of an individual to perform a particular task and injury risk with the continued execution of this task, evidence about the effectiveness of a specific intervention (medical, surgical or rehabilitation) in the function. Palavras-chave: Key-words: Avaliação funcional, intervenção, lesão, reabilitação. Functional assessment, rehabilitation. intervention, injury, INTRODUÇÃO “A análise da função tem por objetivo a identificação de atividades funcionais pertinentes e a medida da habilidade de um indivíduo de engajar-se com sucesso nessas atividades. No entanto, a avaliação funcional determina como uma pessoa realiza certas tarefas nas várias dimensões da vida” (O‟ SULLIVAN, 2004, p. 312). Segundo O‟Sullivan (2004), a avaliação funcional é realizada por meio de aplicação de testes selecionados e medidas que fornecem dados que podem ser usados como: informação básica para estabelecer objetivos orientados para a função e os resultados almejados da intervenção; indicadores das habilidades iniciais do paciente e da progressão em direção a níveis funcionais mais complexos; critérios para decisões sobre recolocação do paciente – por exemplo, quanto à necessidade de interná-lo para reabilitação, oferecer assistência domiciliar ou serviços da comunidade; manifestações do grau de segurança de um Professos do Curso de Fisioterapia da Estácio de Sá-GO. 29 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. indivíduo para realizar uma tarefa em particular e o risco de lesão com a execução continuada dessa tarefa; evidências sobre a eficiência de uma intervenção específica (médica, cirúrgica ou reabilitadora) na função. Uma avaliação funcional pode ser constituída por vários itens. Entre os mais citados pela literatura, estão incluídas questões referentes à mobilidade (deambulação em distâncias determinadas, mudanças no curso da marcha, levantar e assentar-se em uma cadeira, mudanças de decúbito e transferências), a atividades básicas de vida diária (vestir-se, alimentar-se, tomar banho etc) e a atividades instrumentais de vida diária (pegar ônibus, cozinhar, arrumar a casa e outras), além de algumas avaliações que contemplam o desempenho do indivíduo no trabalho, no ambiente social e no lazer (GOMES, 2003). 2. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO FUNCIONAL “Dentro dos locais de reabilitação foram desenvolvidos vários métodos, sendo alguns para uso no próprio local, onde estes foram difundindo-se de um estabelecimento para outro à medida que os profissionais se mudavam, com isso os métodos sofreram muitas modificações e as fontes originais se perderam. Outros testes foram elaborados com mais rigor e testados em ensaios clínicos, avaliando as propriedades psicométricas do instrumento e fornecendo, na literatura, documentação sobre sua confiabilidade e validade” (O‟ SULLIVAN, 2004, p. 317). Um instrumento confiável mede um fenômeno de modo digno de consideração, todas às vezes, de forma precisa, previsivelmente e sem variação. Um instrumento com confiabilidade teste e reteste aceitável é estável e não indica mudanças quando nada ocorreu. As avaliações de determinado desempenho realizadas pelo mesmo terapeuta devem ser altamente correlacionadas. Os instrumentos devem ter também confiabilidade interexaminadores, ou concordância entre múltiplos observadores do mesmo evento. Se um paciente em particular é examinado por vários terapeutas no curso do tratamento, ou é reexaminado com o passar do tempo para determinar alterações em longo prazo, a confiabilidade do instrumento de avaliação funcional precisa ser conhecida (O‟ SULLIVAN, 2004). Uma falha no uso clínico da maioria dos tipos de testes e medidas padronizados é a tendência de desconsiderar a confiabilidade interexaminadores. Para usar avaliações funcionais com máxima precisão: os critérios de pontuação precisam ser definidos claramente e precisam ser mutuamente exclusivos; os critérios devem ser estritamente aplicados a cada 30 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. situação clínica e todos os terapeutas em estabelecimento precisam ser retreinados periodicamente no uso do instrumento para assegurar similaridade (O‟ SULLIVAN, 2004). Validade em uma determinada avaliação funcional é um conceito multifacetado e estabelecido de muitos modos diferentes. As questões relativas à validade de um instrumento buscam determinar: se um instrumento elaborado para medir a função verdadeiramente faz o que se propõem; quais as aplicações apropriadas do instrumento e como os dados devem ser interpretados. Primeiro, o instrumento válido deve então para se medir o que se propõe a medir (validade da apresentação). Outra dimensão essencial é se o instrumento de avaliação mede todas as dimensões importantes ou específicas da função (validade de conteúdo). Usando-se vários procedimentos estatísticos, é possível também demonstrar o grau com que os itens no instrumento se agrupam para medir conceitos que podem ser rotulados como mobilidade física ou interação social (O‟ SULLIVAN, 2004). Se há um padrão-ouro (uma medida inquestionável de um fenômeno, como um teste de laboratório com valores normativos), então um novo instrumento (método) pode ser testado como referência os resultados desse padrão. Novos instrumentos de avaliação funcional podem, contudo, ser comparados com instrumentos existentes que sejam medidas aceitáveis das mesmas atividades funcionais. O grau de concordância entre os dois instrumentos ajuda a estabelecer a validade concorrente. Também se pode demonstrar a validade concorrente provando que um instrumento corresponde apropriadamente às medidas de outros fenômenos. Esse método é particularmente relevante para instrumentos de autoavaliação (O‟ SULLIVAN, 2004). Além da confiabilidade e da validade, uma medida do estado funcional deve ser: suficientemente sensível para refletir alterações significativas no estado do paciente e concisa o bastante para ser útil clinicamente (O‟ SULLIVAN, 2004). 2.1.1 ÍNDICE DE BARTHEL (IB) O IB foi desenvolvido por um fisioterapeuta em 1965, para avaliar o potencial funcional e os resultados do tratamento de reabilitação em pacientes que sofreram um AVC (MAHONEY; BARTHEL, 1965 apud GOMES, 2003). O IB especificamente mede o grau de assistência exigido por um indivíduo, em 10 itens de AVD envolvendo a mobilidade e cuidados pessoais. Os níveis de mensuração estão limitados a independência completa, ou a necessidade de assistência. Cada item do 31 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. desempenho é avaliado em uma escala ordinal, com número específico de pontos assinalados para cada nível ou classificação. Um indivíduo utiliza-se de ajuda humana para comer, por exemplo, receberia 5 pontos, a independência para comer receberia um escore de 10 pontos. Uma pontuação global simples, oscilando entre 0 e 100, é calculada a partir da soma de todas as pontuações de itens individualmente, de modo que 0 equivale à completa dependência em todas as 10 atividades, e 100 equivale à completa independência em todas as atividades. (Vide ANEXO 1). O IB tem sido amplamente utilizado na monitoração das alterações funcionais em indivíduos que estejam recebendo uma reabilitação, enquanto internos. Embora não tenha sido completamente avaliadas suas propriedades psicométricas, o IB tem atingido elevadas correlações com outras medidas de incapacidade física (O‟ SULLIVAN, 1993). Outra forma de classificar o índice dentro dos níveis de atividade é classificando o paciente, com score < 60 pontos, onde é considerado um paciente dependente, 60 a 80 pontos, o paciente é dito parcialmente dependente, e se > 80 pontos, o paciente é independente. Porém a vantagem do indicador de Barthel é a sua simplicidade e utilidade na avaliação de pacientes antes, durante e após o tratamento, embora estudos demonstram que dentro da reabilitação neuropsicológica o IB não é apropriado para analisar o estado de pacientes gravemente incapacitados, com isso pode-se relatar que este índice não tem uma escala sensível em seu score para avaliação destes pacientes (O‟ SULLIVAN, 2004). 2.1.2 ÌNDICE DE KATZ A escala foi proposta por Katz, Ford e Moskowitz, em 1963, e desenvolvida para o uso em indivíduos institucionalizados e, posteriormente, adaptada para populações que vivem na comunidade (KATZ et al., 1963 apud GOMES, 2003). O Índice de Katz construiu-se baseado na premissa de que o declínio funcional e a perda da capacidade para executar as AVD nos pacientes idosos seguem um mesmo padrão de evolução, ou seja, perde-se primeiro a capacidade para banhar-se e, a seguir, para vestir-se, transferir-se da cadeira para a cama e vice-versa e alimentar-se. A recuperação dá-se na ordem inversa (KATZ et. al., 1963 apud COSTA, 2003). Ao se aplicar essas escalas, deve-se ter em mente que se o paciente necessita de supervisão e/ou ajuda de outra pessoa ele não é independente. No entanto, se algum instrumento como bengalas ou andadores é utilizado, mas nenhuma ajuda ou supervisão são necessárias, o paciente é independente (COSTA, 2003). 32 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. Para a avaliação das AIVD, e conveniente lembrar que, muitas vezes, o paciente é capaz de executar as atividades, mas não as executa por opção, fatores ambientais ou até por questões relacionadas aos papéis assumidos durante a vida, como é o caso de indivíduos do sexo masculino com as tarefas domésticas. Alguns autores já sugeriram que a escala fosse reduzida a cinco itens, eliminando-se “lavar a roupa”, “tarefas domésticas” e “preparar comida”, quando aplicada para o sexo masculino (LAWTON et al., 1982 apud COSTA, 2003). O Índice de Katz para AVD aborda áreas como banho, capacidade para vestir-se, usar o banheiro, locomoção, continência e alimentação. Há três scores possíveis para cada um dos itens de acordo com o nível de dependência do paciente: independente, necessita de assistência e dependente1. A avaliação permite um melhor planejamento referente ao tipo de assistência e tratamento que o paciente de fato necessita. Esta investigação é realizada por meio da avaliação de atividades funcionais da vida diária mais complexa como o uso do telefone, viajar, fazer compras, preparar refeições, cuidar da casa, cuidar da própria medicação e controlar as finanças. Essa escala, apesar de amplamente utilizada, ainda não recebeu uma validação adequada para o uso em nosso meio (O‟ SULLIVAN, 1993). 2.1.3 MEDIDA DE INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL (MIF) Desenvolvido e aplicado pela Fundação de Pesquisa da Universidade do Estado de Nova York (GOMES, 2003). De acordo com Riberto (2005) a MIF é um instrumento capaz de medir o grau de satisfação de cuidados de terceiros que o paciente portador de deficiência física exige para realização de tarefas motoras e cognitivas, verificando o desempenho do indivíduo para a reavaliação de um conjunto de 18 tarefas referentes às subescalas de autocuidados, controle esfincteriano, transferências, locomoção, comunicação e cognição social2. Para qualificar a capacidade funcional no âmbito do AVC que teria sido um dos principais alvos de pesquisadores, foram avaliados vários tipos de situação e diversas modalidades que possam testar o nível de independência (RIBERTO, 2005). Esse termo de independência é avaliado usando uma escala de sete pontos, que são subdivididos em: com assistência e sem assistência, onde o score final deve ter no 1 2 Vide Anexo 2. Vide Anexo 3. 33 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. máximo 126 pontos (100% de independência) ou no mínimo 18 pontos (24% de independência) (RIBERTO, 2005). Descrição dos níveis, segundo Riberto (2005): Sem assistência (Independente) 7 – Independência Total (Em segurança, tempo normal ou hábil); 6 – Independências Aparelhada ou modificada (Ajuda técnica ou dispositivo) Com Assistência (Dependente) 5 – Supervisão ou Preparação 4 – Assistência Mínima (O paciente realiza mais que 75% da atividade funcional) 3 – Assistência Moderada (O paciente requer mais que contacto físico e emprega nesta atividade de 50 a75% do esforço necessário) 2 – Assistências Máxima (Capacidade de executar 25 a 49% da atividade) 1 – Assistência Total (Capacidade de executar menos que 25%da atividade) CUIDADOS PESSOAIS Segundo Riberto (2005), Alimentação: Verificar se o paciente come em um prato, bebe no copo, não importando os diferentes tipos de comida e talheres. Observando se o individuo tem a capacidade de mastigar e engolir; Higiene: Observar a capacidade de escovar dentes ou dentaduras, pentear cabelos, lavar as mãos e rosto, barbear-se. Verificar se é possível oferecer algum tipo de adaptação ou preparação para realizar o ato, olhando sempre o tempo que esta sendo gasto para a atividade; Banho: O ato de lavar, esfregar, enxugar o corpo, ligar o chuveiro podendo alcançar durante o banho a higienização completa dos membros. São itens que deve ser realizado de forma segura; Vestimenta: Vestir e despir, conseguindo obter roupas no armário e gavetas. Observar se para realizar a atividade é necessário alguma adaptação para que seja feita de forma segura, verificando o tempo que se gasta para realizar o manejo desses materiais. Como, por exemplo, cuecas, saias, cinto, meias, sapatos, zíperes, botões, camisas, coloca e remove próteses ou órteses, soutiens e agasalhos. CONTROLE DE ESFÍNCTERES Neste item deve ser verificado o controle de bexiga e intestino. Onde deve ser observado se o ato é de forma intencional ou é inconsciente. Podendo ser classificados de forma quantitativa numa escala de porcentagem. Onde se tem um nível de independência 34 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. completa (75 a 100% da atividade) escala de nível de seis a sete, portanto deve verificar se faz utilização de comadre, cateter. A de supervisão e preparação sendo escalonado no nível de cinco a um, classificando da mesma proporção. Dando o valor de 75% se ocorrer algum acidente3 durante uma semana, 50 a 74% ocorrer acidente uma vez por dia, 25 a 49% se a pessoa se molha constantemente, < 25% se a pessoa não tem nenhum controle e se molha constantemente. (RIBERTO, 2005). LOCOMOÇÃO Observar se para realizar esta atividade o paciente precisa de algum apoio como cadeira de rodas ou órteses, próteses, bengalas, muletas, andadores. Verificar também o tempo que se gasta para realizar esta atividade. Escalonando no nível sete se anda cinquenta metros sem dispositivos auxiliares, escala seis se consegue andar cinquenta metros com uso de órteses e próteses nas pernas, sapatos especiais, bengala, muletas e andadores, verificando se durante o ato ocorre algum risco. Verifica-se na escala cinco se anda menos de cinquenta metros com ou sem dispositivos, porem observar se este ato pode trazer algum risco de segurança, no nível quatro se for possível tocar no paciente, nível três se ocorrer uma locomoção mínima, níveis dois e um se o paciente não realiza nenhum tipo de esforço físico para realizar a locomoção (RIBERTO, 2005). TRANSFERÊNCIA Verificar a forma como realiza a transferência. Escalonando nos níveis sete a seis se durante a transferência se o paciente consegue aproximar do leito, levantar-se, transferir-se da cama para cadeira, acionar os freios e ajusta pedais da cadeira de rodas. Porem no nível cinco pode ser observado o uso de adaptações, onde o tempo de transferência e acima do razoável. Agora os demais níveis são classificados na mesma sequência do índice da tabela de níveis (RIBERTO, 2005). 3 A palavra acidente está sendo usada para designar o descontrole esfincteriano de forma inconsciente durante o ato. 35 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. COMUNICAÇÃO Escalonar usando a tabela de nível para classificar a comunicação sonora ou visual podendo usar de recursos como escrita, gritos, gestos. Verificar se o paciente utiliza a linguagem com clareza por via oral ou não para a comunicação de expressão (RIBERTO, 2005). COGNIÇÃO SOCIAL Observar-se se o paciente consegue participar de varias situações sociais, como poder resolver seu problema com o uso da comunicação ou podendo tomar decisões seguras financeiras, pessoais. Observar se o paciente consegue realizar algum tipo de sequência de atividades para ser aplicada ou se consegue solucionar algum problema (RIBERTO, 2005). 2.1.4 AVALIAÇÃO DE KENNY PARA OS CUIDADOS PESSOAIS A avaliação de Kenny para os cuidados pessoais foi desenvolvida por Schoening, Anderson e Bergstrom (1965 apud GOMES, 2003). Esta avaliação usa a observação profissional para a investigação de dependência de indivíduos no desempenho de 17 atividades por seis principais categorias: mobilidade, transferência, locomoção, vestuário, higiene e alimentação. Cada escala de categoria contém cinco níveis que escalonam o grau de ajuda exigido para a concretização de uma determinada tarefa. É calculada uma pontuação de 0 a 4 para categoria4. Um score global é oscilado de zero para o individuo completamente dependente até 24 pontos para o indivíduo totalmente independente. Todos os itens têm pesos iguais, havendo prejuízo quanto à especificidade do teste (GOMES, 2003). O uso da Avaliação de Kenny para os cuidados pessoais é prejudicado pela quantidade de tempo pessoal despendida na observação do desempenho do paciente em um espectro tão grande de atividades selecionadas ao longo de todo o dia. A estruturação da categoria locomoção também confunde a independência geral do paciente dependente da cadeira de rodas, com a de um individuo que anda. Ambos os indivíduos podem ser completamente independentes em todas as outras atividades de cuidados pessoais; ainda 4 Vide Anexo 4. 36 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. assim, o usuário da cadeira de rodas irá sempre receber o score geral menor, a despeito de uma capacidade equivalente para os cuidados pessoais e para a vida independente. Não foram achadas publicações da Avaliação de Kenny para os cuidados Pessoais (O‟ SULLIVAN, 1993). ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO FUNCIONAL Após um levantamento bibliográfico foram estudadas algumas das técnicas de avaliação funcional existentes, tais como Barthel, Katz, Kenny, e MIF tendo como referência os estudos realizados pelos seguintes autores Stokes (2001); O‟Sullivan (2004); Umphred (2004); Cacho (2004); Riberto (2005); Gomes (2003) e Costa (2003). A escolha pelo examinador do teste mais adequado deve ser feita levando-se em conta a tarefa que se quer avaliar a população a ser testada, a qualidade do instrumento em relação ao que realmente se propõe medir (validade) e se é fidedigno, sequenciado, preciso e sem variações interaplicadores (confiabilidade). Além disso, um instrumento de avaliação deve ter a sensibilidade para refletir as alterações do estado do paciente e deve ser conciso, claro e completo o bastante para ser útil clinicamente. Ainda deve representar um quadro geral da função do paciente (GOMES, 2003). A partir das informações apresentadas pelos estudiosos acima citados, podemos afirmar que Barthel avalia 10 categorias e tem como vantagem à aceitação no mercado, sendo de fácil aplicação, porém existem falhas como: ser pouco descritiva, pouco detalhada e pouco sensível na pontuação de seu score, onde o paciente pode melhorar em determinada categoria não evoluindo em seu score final. Em Kenny se avalia 6 categorias, subdividindo em 17 subitens tornando-o assim mais sensível, porém não apresenta avaliação do controle esfincteriano, este, muito importante nas avaliações de pacientes com AVC, sua pontuação final em score se torna pouco detalhada e confusa, além da escassez de referências sobre esta avaliação. Katz apresenta em sua avaliação 6 categorias para AVD e 7 para AIVD assim tornando uma avaliação mais detalhada, porém, seu score é medido apenas qualitativamente e seu uso não recebeu uma avaliação adequada no meio profissional (O‟ SULLIVAN, 1993). A principal desvantagem de usar o Índice de Katz em locais de reabilitação é sua falha em incluir um item sobre deambulação (O‟ SULLIVAN, 2004). A MIF avalia 6 categorias divididos em 18 subitens abrangendo uma avaliação bem detalhada, sensível e de fácil aplicação, avaliando o paciente como um todo desde as 37 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. funções básicas de AVD até a relação em seu meio social, sendo muito utilizada em instituições com grande reconhecimento no país, como: AACD(Associação de Assistência a Criança Deficiente), CRER(Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo), Rede SARAH de Hospitais. CONCLUSÃO A experiência de realizarmos este estudo foi grandiosa, pois nos proporcionou a obtenção de conhecimentos de grande relevância sobre os instrumentos e pela visão crítica obtida e trabalhada verificou-se que a MIF é a mais apropriada para utilizarmos nas avaliações de portadores de AVC, pelas características citadas na discussão, dando assim mais fidedignidade tanto nas avaliações quanto nas reavaliações que iremos realizar em nossos pacientes, sendo um fator muito importante para suporte da quantificação e qualificação da reabilitação e reeducação física pós-tratamento. Além disso, apesar de ser um instrumento simples e de fácil utilização, é necessário um treinamento adequado para garantir um bom índice de confiabilidade entre observadores. Sendo importante ressaltar que acometimentos individuais, como no caso, uma lombalgia, podem influenciar o score em alguns itens, exigindo cautela na interpretação dos resultados finais. Sugere-se a necessidade de realização de mais pesquisas, com estes e outros instrumentos não citados neste trabalho, realizando um estudo de amostragem, de forma que auxiliem a avaliação havendo uma implantação de novos métodos de avaliação. REFERÊNCIAS ANDRÉ, Charles. Manual do AVC. Revinter ltda: Rio de Janeiro, 1999. BERKOW, Robert. Manual Merck. Tradução: NASCIMENTO, Fernando G. Editoração Eletrônica: Avit's Estúdio Gráfico Ltda, 2005 on line (http://www.msdbrazil.com/msd43/m_manual/mm_sec6_74.htm) Retirado em: 05/01/2006 CAMBIER, J; DEHEN, H. Manual de Neurologia. 2° ed. Masson do Brasil,1999. COHEN, Helen. Neurociência para Fisioterapeuta. 2 ed. São Paulo: Guanabara koogan, 2000. COSTA, E. F. A.; MONEGO, E. T. - Avaliação Geriátrica Ampla (AGA). Revista da UFG, Vol. 5, Nº. 2, dez 2003 on line (www.proec.ufg.br) Retirado em: 04/02/2006 DAVIES, Patrícia M. Exatamente no Centro. 1° ed. São Paulo: Monole, 1996. 38 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. DORETTO, Dario. Fisiopatologia Clinica do Sistema Nervoso. Fundamentos da Semiologia. 2° ed. São Paulo: Atheneu, 2001. EKMAN, Laurie L. Neurociências – Fundamentos para Reabilitação. 1° ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. GALLO et al., 1995 (tradução para o português de Márcia (http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/r262/anexo2(83).htm) 04/01/2006 Scazufca), on line GOMES, Gisele C. Tradução, Adaptação Transcultural e Exame das Propriedades de Medida da Escala? Performance-Oriented Mobility Assessment? (POMA) para uma Amostragem de Idosos Brasileiros Institucionalizados. Tese de mestrado defendida na UNICAMP, 2003 on line (http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000314238) GUYTON, Artur C. Tratado de Fisiologia Médica. Interamericana ltda, 1976. LENT, Roberto. Cem Bilhões de Neurônios: conceitos fundamentais de neurociência. Atheneu, 2001. MACHADO, Ângelo. Neuroanatomia Funcional. 2° ed. São Paulo: Atheneu, 2000. O‟SULLIVAN, Susan B; SCHMITZ, Thomas J. Avaliação e Tratamento. 2° ed. São Paulo: Manole, 1993. O‟SULLIVAN, Susan B; SCHMITZ, Thomas J. Avaliação e Tratamento. 4° ed. São Paulo: Manole, 2004. PORTO, Celmo C. Semiologia Medica. 3° ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. RadpatUNICAMP on line (www.fcm.unicamp.br/.../ minDsc32331+++.jpg) 04/01/2006. RIBERTO, Marcelo. Manual de Orientação Funcional para a Utilização da MIF (MIF para Adultos) Versão Brasileira. Divisão de Medicina de Reabilitação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, 2005. ROWLAND, Lewis P. M. Tratado de Neurologia. 9° ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. STOKES, Maria. Neurologia para Fisioterapeutas. 2° ed. São Paulo: Premier, 2001. UMPHRED, Darcy A. Reabilitação Neurológica. 4° ed. Editora Manole, 2004. 39 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. Figura 1- Áreas de Brodman Fonte: Netter, F. Interactive Atlas of human anatomy. Ciba Medical Education & Publications. Figura 2- Polígono de Willis Fonte: Netter, F. Interactive Atlas of human anatomy. Ciba Medical Education & Publications. 40 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. Figura 3 - Hemorragias no Córtex Cerebral Fonte: Radpat-UNICAMP. Figura 4 - Infarto da Artéria Cerebral Média (Região Hipodensa) Fonte: Radpat-UNICAMP. 41 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. ANEXOS 42 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. ANEXO 1 Questionário - Índice de Barthel 43 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. 1) Como você realiza as suas refeições? 10 Independente. Capaz de comer por si só em tempo razoável. A comida pode ser cozida ou servida por outra pessoa. 05 Necessita de ajuda para se cortar a carne, passar a manteiga, porém é capaz de comer sozinho. 00 Dependente. Necessita ser alimentado por outra pessoa. 2) Como você toma seu banho? 05 Independente. Capaz de se lavar inteiro, de entrar e sair do banho sem ajuda e de fazêlo sem que outra pessoa supervisione. 00 Dependente. Necessita de algum tipo de ajuda ou supervisão. 3) Como você se veste? (parte superior e inferior do corpo) 10 Independente. Capaz de vestir-se e despir-se sem ajuda. 05 Necessita ajuda. Realiza todas as atividades pessoais sem ajuda mais da metade das tarefas em tempo razoável. 00 Dependente. Necessita de alguma ajuda. 4) Como você realiza seus asseios? 05 Independente. Realiza todas as atividades pessoais sem nenhuma ajuda; os componentes necessários podem ser providos por alguma pessoa. 00 Dependente. Necessita alguma ajuda. 5) Como é a sua evacuação? 10 Continente. Não apresenta episódios de incontinência. 05 Acidente ocasional. Menos de uma vez por semana necessita de ajuda para colocar enemas ou supositórios. 00 Incontinente. Mais de um episódio semanal. 6) Como é a sua micção? Como você a realiza? 10 Continente. Não apresenta episódios. Capaz de utilizar qualquer dispositivo por si só 44 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. (sonda, urinol, garrafa). 05 Acidente ocasional. Apresenta no máximo um episódio em 24 horas e requer ajuda para a manipulação de sondas ou de outros dispositivos. 00 Incontinente. Mais de um episódio em 24 horas. 7) Como você vai ao banheiro? 10 Independente. Entra e sai sozinho e não necessita de ajuda por parte de outra pessoa. 05 Necessita ajuda. Capaz de se mover com uma pequena ajuda; é capaz de usar o banheiro. Pode limpar-se sozinho. 00 Dependente. Incapaz de ter acesso a ele ou de utilizá-lo sem ajuda maior. 8) Como você realiza as suas transferências (cama, poltrona, cadeira de rodas)? 15 Independente. Não requer ajuda para sentar-se ou levantar-se de uma cadeira nem para entrar ou sair da cama. 10 Mínima ajuda. Incluindo uma supervisão ou uma pequena ajuda física. 05 Grande ajuda. Precisa de uma pessoa forte e treinada. 00 Dependente necessita um apoio ou ser levantado por duas pessoas. É incapaz de permanecer sentada. 9) Como você realiza a deambulação (locomoção, caminhar)? 15 Independente. Pode andar 50 metros ou seu equivalente em casa sem ajuda ou supervisão. Pode utilizar qualquer ajuda mecânica exceto andador. Se utilizar uma prótese, pode colocar a prótese nela e tirar sozinha. 10 Necessita ajuda. Necessita supervisão ou uma pequena ajuda por parte de outra pessoa ou utiliza andador. 00 Dependente. 10) Como você realiza a subida e descida de escadas? 10 Independente. Capaz de subir e descer um piso sem ajuda ou super visão de outra pessoa. 05 Necessita ajuda. Necessita ajuda e supervisão. 00 Dependente. É incapaz de subir e descer degraus. 45 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. PONTUAÇÃO TOTAL: _____________ SCORE: Dependente: 60 pontos Parcialmente Dependente: 60 80 pontos Independente: 80 pontos Fonte: O‟SULLIVAN, (2004). 46 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. ANEXO 2 Índice de Katz 47 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. A - Índice de atividades rotineiras do paciente -AVD Tentar obter essas informações com o paciente, caso seja possível. 1- Tomar banho (esponja, chuveiro ou banheira): (I) Não precisa de ajuda. (A) Precisa de ajuda para lavar apenas uma parte do corpo (costas ou pernas). (D) Precisa de ajuda para higiene completa (ou não toma banho). 2- Vestir-se: (I) Pega as roupas e veste-se sem nenhuma ajuda. (A) Pega as roupas e veste-se sem ajuda, com exceção de amarrar os sapatos. (D) Precisa de ajuda para pegar as roupas ou para se vestir, ou fica parcial ou completamente não vestido. 3- Ir ao banheiro: (I) Vai ao banheiro, faz a higiene, e se veste sem ajuda (mesmo usando um objeto para suporte como bengala, andador, cadeira de rodas, e pode usar urinol à noite, esvaziando este de manhã). (A) Recebe ajuda para ir ao banheiro, ou para fazer a higiene, ou para se vestir depois de usar o banheiro, ou para uso do urinol à noite. (D) Não vai ao banheiro para fazer suas necessidades. 4- Locomoção: (I) Entra e sai da cama, assim como da cadeira, sem ajuda (pode estar usando objeto para suporte, como bengala ou andador). (A) Entra e sai da cama ou da cadeira com ajuda. (D) Não sai da cama. 5- Continência: (I) Controla a urina e movimentos do intestino completamente por si próprio. (A) Tem acidentes ocasionais. (D) Supervisão ajuda a manter controle de urina ou intestino, cateter é usado, ou é incontinente. 6- Alimentação: (I) Alimenta-se sem ajuda. (A) Alimenta-se, com exceção no caso de cortar carne ou passar manteiga no pão. (D) Recebe ajuda para se alimentar ou é alimentado parcial ou completamente por meio de tubos ou fluidos intravenosos. Quando o paciente não souber informar, favor anotar que a informação não foi dada por ele. B - Sobre o paciente — Atividades instrumentais da vida diária_AIVD As alternativas devem ser escolhidas em relação aos últimos 30 dias. 1- Telefone: (I) capaz de olhar os números, discar, receber e fazer chamadas sem ajuda. (A) É capaz de receber chamadas ou ligar para a telefonista em uma emergência, mas necessita de um telefone especial ou ajuda para pegar o número ou discar. (D) É incapaz de usar o telefone (escreva _ não se aplica _ se o paciente nunca recebeu uma chamada ou usou o telefone). 48 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. 2- Locomoção fora de casa: (I) É capaz de dirigir seu próprio carro ou andar em um ônibus ou de táxi sozinho. (A) É capaz de se locomover fora de casa, mas não sozinho. (D) É incapaz de se locomover fora de casa. 3- Compras: (I) É capaz de tomar conta de todas as compras, desde que o transporte seja providenciado. (A) É capaz de fazer compras, mas não sozinho. (D) É incapaz de fazer compras. 4- Preparar a comida: (I) É capaz de planejar e preparar uma refeição completa. (A) É capaz de preparar pratos simples, mas incapaz de cozinhar uma refeição completa sozinho. (D) Incapaz de preparar qualquer comida. (Se o paciente nunca foi responsável por preparar uma refeição, pergunte algo como fazer sanduíche, pegar uma fruta para comer, etc. Verificar se essas atividades diminuíram e marcar da mesma forma.) 5- Trabalho doméstico: (I) é capaz de fazer o trabalho doméstico pesado (exemplo: limpar o chão). (A) É capaz de fazer o trabalho doméstico leve, mas precisa de ajuda nas tarefas pesadas. (D) É incapaz de fazer qualquer trabalho doméstico. 6- Medicação: (I) É capaz de tomar as medicações na dose e hora certa. (A) É capaz de tomar as medicações, mas precisa ser lembrado ou alguém precisa preparar a medicação. (D) É incapaz de tomar sozinho suas medicações. 7- Dinheiro: (I) É capaz de fazer as compras de coisas necessárias, preencher cheques e pagar contas. (A) É capaz de fazer as compras de uso diário, mas necessita de ajuda com o talão de cheques e para pagar as contas. (D) É incapaz de lidar com dinheiro. Abreviações: I = independente, A = assistência, D = dependente. Fonte: GALLO et al., (1995). 49 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. ANEXO 3 Medida De Independência Funcional (MIF) JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. 50 Medida De Independência Funcional (MIF) Data Cuidados Pessoais 1 – Alimentação 2 – Higiene 3 – Banho 4 - Vestimenta parte superior 5 - Vestimenta parte inferior Controle de Esfíncteres 6 - Esfíncter vesical 7 - Esfíncter anal Mobilidade/ Locomoção 8 - Subir e descer escadas 9 - Cadeira de Rodas/ Marcha 10 – Andador Transferência 11 - Cama-cadeira de rodas 12 - Cadeira de rodas-cadeira 13 - Cadeira de rodas - vaso sanitário Comunicação 14 – Compreensão (Auditiva, Visual) 15 - Expressão (Vocal – Não Vocal) Cognição Social 16 - Interação Social 17 - Solução de problemas 18 – Memória Total da Medida de Independência Funcional (MIF) % Escore máximo= 126 pontos (100% de independência) Escore mínimo= 18 pontos (24% total dependência) Fonte: Riberto ( 2005). 51 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. ANEXO 4 Avaliação de Kenny para os Cuidados Pessoais 52 Número de Unidades JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. Diagnóstico Adm. Leito Data do Surgimento Nome: Transferencia Locomoção Vestir-se Data de Idade admição Higiene Pessoal Código de Pontuação 0= Completamente dependente 1 = Auxílio intenso 2 = Auxílio moderado 3 = Auxílio mínimo 4= Pontuação prevista para a alta Pontuação da avaliação à Independente Fonte: O‟SULLIVAN, (1993). Médico Terapeuta Ocupacional Enfermeira Fisioterapia Pontuação de cuidados pessoais Alimentação Programa da bexiga Programa intestinal Membros inferiores Tronco, Períneo Rosto, cabelo,braços Pés Tronco (inferior) e pernas Tronco(superior) e braços Cadeira de Rodas Escadas Andando Higiene De pé Sentado Ergue-se e senta-se Move-se no leito Data da Pontuação 53 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. ANEXO 5 Protocolo de Desempenho Físico de Fulg-Meyer 54 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. Protocolo de Desempenho Físico de Fulg-Meyer Teste / Pontuação Extremidade Superior I. Reflexos da Extremidade Superior Bíceps e/ou flexores dos dedos ( ) Tríceps ( ) 0: Nenhuma atividade reflexa presente / 2: Atividade reflexa pode ser observada II. Movimentos Elevação do ombro ( ) Retração do ombro: Abdução (³90°) ( ) / Rotação externa ( ) Flexão do cotovelo ( ) / Supinação do antebraço ( ) Adução do ombro/rotação interna ( ) / Extensão do cotovelo ( ) Pronação do antebraço ( ) 0: Não pode ser realizado completamente / 1: Parcialmente realizado / 2: Realizada completamentea. A. Mão à coluna lombar ( ) 0: Nenhuma ação específica realizada / 1: A mão ultrapassa a espinha ilíaca ântero-superior / 2: Ação realizada completamente B. Flexão do ombro até 90° ( ) 0: O braço é imediatamente abduzido ou ocorre flexão do cotovelo no início do movimento / 1: A abdução ou flexão do ombro ocorre na fase tardia do movimento / 2: Ação realizada C. Pronação/Supinação antebraço com cotovelo em 90° e o ombro em 0° ( ) 0: Posição correta do ombro e cotovelo não pode ser atingida, e/ou pronação ou supinação não pode ser realizada totalmente / 1: A pronação ou supinação ativa pode ser realizada com uma amplitude limitada de movimento, e em algum momento o ombro e o cotovelo são corretamente posicionados / 2: Pronação e supinação completa com correta posição do cotovelo e ombro D. Abdução do ombro até 90°, cotovelo em 0°, e antebraço em pronação ( ) 55 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. 0: Ocorre flexão inicial do cotovelo, ou um desvio em pronação do antebraço / 1: O movimento pode ser realizado parcialmente, ou se durante o movimento o cotovelo é flexionado ou o antebraço não pode ser conservado em pronação / 2: Realizado completamente E. Flexão do ombro de 90° - 180°, cotovelo em 0°, e antebraço em posição média ( ) 0: Ocorre flexão do cotovelo ou abdução do ombro no inicio do movimento / Flexão do cotovelo ou abdução do ombro ocorre durante a flexão do ombro / Realizado completamente 1: 2: F. Pronação/supinação do antebraço, cotovelo a 0° e flexão do ombro entre 30° e 90° ( ) 0: Pronação e supinação não pode ser realizada no todo, ou a posição do cotovelo e ombro não pode ser atingida / 1: Cotovelo e ombro podem ser posicionados corretamente, e a pronação e supinação realizadas em uma amplitude limitada / 2: Realizada completamente III. Atividade Reflexa Normal Biceps, flexores dos dedos e tríceps ( )(Neste estágio, que pode atingir 2 pontos, é incluído apenas se o paciente tive pontuação 6 no item anterior.) 0: 2 a 3 reflexos fásicos são marcadamente hiperativos / 1: um reflexo marcadamente hiperativo, ou 2 reflexos estão vivos / 2: não mais que um reflexo está vivo, e nenhum está hiperativo IV. Controle de punho A.Estabilizar cotovelo em 90°, e ombro em 0° ( ) 0: Paciente não pode dorsifletir o punho até 15° / 1: Dorsiflexão é realizada, mas nenhuma resistëncia é aplicada / 2: Posição pode ser mantida com alguma resistëncia (leve) B. Flexão/extensão, cotovelo em 90°, ombro em 0° ( ) 0: Movimentos voluntários não ocorrem / 1: Não pode mover o punho através de toda a amplitude de movimento / 2: Não realiza, pequena movimentação C. Estabilizar cotovelo e ombro a 0° ( ) Pontuação semelhante a do item a D. Flexão/extensão, cotovelo e ombro a 0° ( ) Pontuação semelhante a do item b 56 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. E. Circundução ( ) 0: Não pode ser realizado / 1: Circundução incompleta ou movimentos de empurrar / 2: Movimento completo, com exatidão V. Controle manual A. Flexão em massa dos dedos ( ) 0: Nenhuma flexão ocorre / 1: Alguma flexão mas com amplitude incompleta / Flexão ativa completa (comparada com a mão não afetada) 2: B. Extensão em massa dos dedos ( ) 0: Não ocorre extensão / 1: O paciente pode libera ativamente a flexão em massa / Extensão ativa completa 2: C. Preensão n.º 1: Articulação MF estendidas, IFP e IFD fletidas; preensão é testada contra resistência ( ) 0: A posição requerida não pode ser adquirida / 1: Preensão é fraca / 2: A preensão pode ser mantida contra relativa resistëncia D. Preensão n.º 2: Paciente é instruído a aduzir o polegar totalmente, até 0° ( ) 0: Função não pode ser realizada / 1: O pedaço de papel interposto entre o polegar e indicador pode ser retirado através de um puxão, mas contra pequena resistëncia / 2: O papel é firmemente seguro contra um puxão E. Preensão n.º 3: Paciente opõe a polpa do polegar com a do índex; uma caneta é interposta ( ) A pontuação é semelhante ao item da preensão n.º 2 F. Preensão n.º 4: Paciente pressiona um objeto de forma cilíndrica (pode ser pequeno), com a superfície volar do primeiro dedo contra a do segundo ( ) A pontuação é semelhante ao item da preensão n.º 2 e 3 G. Preensão n.º 5: Uma preensão esférica; o paciente preensiona uma bola de tênis A pontuação é semelhante ao dos itens de preensão n.º 2, 3 e 4 H. Velocidade ( ) - 0: > 5 segundos a mais do que no lado não afetado / 1: 2 _ 5 segundos a mais do que no lado não afetado / 2: < 2 segundos de diferença Equilíbrio 57 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. A. Sentado sem apoio e com os pés suspensos ( ) - 0: Não consegue se manter sentado sem apoio / 1: Permanece sentado sem apoio por pouco tempo / 2: Permanece sentado sem apoio por pelo menos 5 min. e regula a postura do corpo em relação a gravidade B. Reação de pára-quedas no lado não afetado ( ) - 0: Não ocorre abdução de ombro, extensão de cotovelo para evitar a queda / 1: Reação de pára-quedas parcial / 2: Reação de pára-quedas normal C. Reação de pára-quedas no lado afetado ( ) - 0: Não ocorre abdução de ombro, nem extensão de cotovelo para evitar a queda / 1: Reação de pára-quedas parcial / 2: Reação de pára-quedas normal D.Manter-se em pé com apoio ( ) - 0: Não consegue ficar de pé / 1: De pé com apoio máximo de outros / 2: De pé com apoio mínimo por 1 min E. Manter-se em pé sem apoio ( ) - 0: Não consegue ficar de pé sem apoio / 1: Pode permanecer em pé por 1 min e sem oscilação, ou por mais tempo, porém com alguma oscilação / 2: Bom equilíbrio, pode manter o equilíbrio por mais que 1 minuto com segurança F. Apoio único sobre o lado não afetado ( ) - 0: A posição não pode ser mantida por mais que 1-2 seg (oscilação) / 1: Consegue permanecer em pé, com equilíbrio, por 4 a 9 segundos / 2: Pode manter o equilíbrio nesta posição por mais que 10 segundos G. Apoio único sobre o lado afetado ( ) - 0: A posição não pode ser mantida por mais que 1-2 segundos (oscilação) / 1: Consegue permanecer em pé, com equilíbrio, por 4 a 9 segundos / 2: Pode manter o equilíbrio nesta posição por mais que 10 segundos Sensibilidade I.Exterocepção A. Membro Superior ( ) / Palma da mão ( ) / Coxa ( ) / Sola do pé ( ) 0: Anestesia / 1: Hipoestesia/disestesia / 2: Normal II.Propriocepção B. Ombro ( ) / Cotovelo ( ) / Punho ( ) / Polegar ( ) / Quadril ( ) / Joelho ( ) / Tornozelo ( ) / Hálux. ( ) 0: Nenhuma resposta correta (ausência de sensação) / 1: ¾ das respostas são corretas, mas há diferença considerável com o lado não afetado / 2: Todas as respostas são corretas VI. Coordenação/Velocidade: dedo ao nariz (cinco repetições). A. Tremor ( ) - 0: Tremor marcante / 1: Leve tremor / 2: Nenhum tremor B. Dismetria ( ) - 0: Pronuciada dismetria / 1: Leve dismetria / 2: Nenhuma dismetria C. Velocidade ( ) - 0: Atividade é realizada > 6 segundos a mais do que no lado não afetado / 1: 2-5 segundos a mais do que no lado não afetado / 2: < 2 segundos de diferença 58 JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set. 2010/Dez. 2010. Extremidade inferior I.Atividade reflexa (Testado em posição supina) Aquileu ( ) / Patelar ( ) - 0: Nenhuma atividade reflexa 2: Atividade reflexa II.Movimentos A. Posição supina Flexão do quadril ( ) / Flexão do joelho ( ) / Dorsiflexão do tornozelo ( ) 0: Não pode ser realizado / 1: Movimento parcialmente realizado / 2: Movimento completo B. Supino: movimento é resistido Extensão do quadril ( ) / Adução ( ) / Extensão do joelho ( ) / Flexão plantar do tornozelo ( ) - 0: Nenhum movimento / 1: Movimentação fraca / 2: Força aproximada do movimento da perna não afetada C. Flexão do joelho acima de 90° ( ) - 0: Nenhum movimento ativo / 1: O joelho pode ser fletido a partir de leve extensão, mas não ultrapassa os 90° / 2: Movimento completo D. Dorsiflexão do tornozelo ( ) - 0: Nenhum flexão ativa / 1: Flexão ativa incompleta / 2: dorsiflexão normal Quadril em 0° E. Flexão do joelho ( ) - 0: Nenhuma flexão do joelho sem flexão do quadril / 1: Inicia flexão do joelho sem flexão do quadril, mas não alcançar 90°, ou flexiona o quadril durante o movimento / 2: Movimento completo F. Dorsiflexão do tornozelo ( ) - 0: Nenhum movimento ativo / 1: Movimento parcial / 2: Movimento completo III.Reflexos normais Flexores do joelho, Patelar, Aquileu ( ) - 0: Dois ou 3 estão marcadamente hiperativos / 1: Um reflexo é hiperativo, ou dois são vivos / 2: Não mais que 1 reflexo é vivo IV.Coordenação/Velocidade. Calcanhar à canela (5 repetições) A. Tremor ( ) - 0: Tremor marcante / 1: Leve tremor / 2: Nenhum tremor B. Dismetria ( ) - 0: Pronuciada dismetria / 1: Leve dismetria / 2: Nenhuma dismetria Fonte: Cacho (2004). Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 04, 59 – 64. Set. 2010/Dez. 2010. AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES BUCAIS E SISTÊMICAS DE PACIENTES PORTADORES DE SÍNDROME DE DOWN INSTITUCIONALIZADOS NA APAEGOIÂNIA/GOIÁS Rodrigo Passos Del Fiaco Tessa de Lucena Botelho Cláudio Maranhão Pereira Resumo: Abstract: A Síndrome de Down, ou trissomia do cromossomo 21, é a aberração cromossômica mais comum que acomete os seres humanos. Dentre as manifestações bucais mais comuns destacam-se as anomalias dentárias, a macroglossia, a língua fissurada, o palato ogival e a má oclusão, além de um menor número de cáries dentárias e uma maior susceptibilidade a doença periodontal. Material e Método: o presente trabalho visa avaliar a condição de saúde bucal, identificando a prevalência da cárie em crianças portadoras da síndrome de Down em uma instituição especializada de Goiânia-Goiás (APAE). Foram avaliados quanto à presença de dentes cariados, índice de inflamação gengival, além da presença de fatores locais ou sistêmicos que pudessem influenciar os achados. O pequeno índice de doença periodontal, assim como o índice de cárie encontrados, provavelmente ocorreram em virtude do esclarecimento e conscientização dos pais e da assistência médica e odontológica que estes pacientes apresentam e não em decorrência de algum fator inerente à própria síndrome. Down syndrome, or trisomy of chromosome 21, is the chromosomic aberration more common of the human. Amongst the more common oral manifestations the dental anomalies are distinguished, the macroglossia, the fissure tongue, the ogival palate and bad occlusion, beyond a lesser number of dental caries and a bigger susceptibility the periodontal illness. Material and Method: the present work aims at to evaluate the condition of oral health, identifying the prevalence of the caries in carrying Down syndrome children of in a specialized institution of Goiânia-Goiás (APAE). They had been evaluated how much the caries tooth, index of gum inflammation, beyond the presence of local or systemic factors that could influence the findings. The small index of periodontal illness, as well as the caries index found, had probably occurred in virtue of the clarification and awareness of the parents and the medical and dental assistance that these patients present and not in result of some inherent factor to the proper syndrome. Palavras-chave: Key-words: Síndrome de Down, doença periodontal, cárie. Down syndrome, periodontal illness, caries Aluno do 8º período de graduação de Odontologia, UNIP, campus Flamboyant, Goiânia-Goiás. Departamento de Patologia Oral, Faculdade de Odontologia, Universidade Paulista, Goiânia/GO-Brasil Departamento de Patologia Oral, Faculdade de Odontologia, Universidade Paulista, Goiânia/GO-Brasil e Brasília/DF-Brasil; Departamento de Patologia, Universidade Estácio de Sá. Faculdade de Odontologia da Universidade Paulista, Campus Flamboyant, Patologia Oral - Diagnóstico Oral,BR-153, sn, Chácaras Alto da Glória - CEP: 74000-00, Goiania/GO – Brazil, + 55 62 32394000. e-mail: [email protected]; [email protected] 60 DEL FIACO, Rodrigo Passos; BOTELHO, Tessa de Lucena e PEREIRA, Cláudio Maranhão. Avaliação das condições bucais e sistêmicas de pacientes portadores de síndrome de Down institucionalizados na APAE-Goiânia/Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 59-64. Set. 2010/Dez. 2010. INTRODUÇÃO A Síndrome de Down, ou trissomia do cromossomo 21, é a aberração cromossômica mais comum que acomete os seres humanos. Primeiramente descrita por John Langdon Hatdon Down, em 1866, foi a primeira síndrome de malformação cromossômica encontrada no homem. A anormalidade cromossômica foi observada por Lejeune (1959), por meio do estudo do cariótipo, caracterizado por um cromossomo 21 extra, do grupo G2, 3, 6. A razão pela qual ocorre essa desfiguração cromossômica ainda é questionável. Contudo alguns fatores como a idade materna avançada, a tendência familiar a não disjunção cromossômica e a exposição repetida ao mesmo agente ambiental têm sido especulados como eventuais fatores causais2, 3, 6, 12. Ocorre uma vez em aproximadamente 600 a 800 nascimentos com vida, sendo encontrada em 10 a 18% dos indivíduos institucionalizados por déficit intelectual. Tal condição independe de classe social ou raça acomete igualmente ambos os sexos3, 6, 9. Diversas são as manifestações clínicas que caracterizam o portador da Síndrome de Down, dentre as quais cita-se, rosto arredondado com bochechas salientes, nariz em sela, olhos pequenos e oblíquos com pregas epicantais, extremidades curtas, deficiência intelectual, crescimento retardado, envelhecimento precoce, hipotonia muscular e cardiopatia congênita, entre outras alterações. Os pacientes apresentam ainda o sistema imunológico bastante debilitado7, 9, 12. O indivíduo portador da Síndrome de Down apresenta uma série de alterações sistêmicas e buco-faciais que o cirurgião-dentista precisa conhecer para executar com êxito um atendimento de qualidade3, 10, 11 . Dentre as manifestações bucais mais comuns na Síndrome destacam-se as anomalias dentárias, a macroglossia, a língua fissurada, o palato ogival e a má oclusão, além de um menor número de cáries dentárias e uma maior susceptibilidade a doença periodontal1, 3, 4, 7, 8. Crianças portadoras de Síndrome de Down apresentam piores condições de higiene bucal, possivelmente, devido ao fato de as próprias crianças realizarem a sua higiene e a permissividade por parte dos pais. Não se pode deixar de ressaltar o trabalho conjunto que deve ser exercido entre os responsáveis e os profissionais da área de odontologia, para que se evite agravamento da condição bucal do portador da referida síndrome1, 5, 9, 11. Considerando-se que o portador da Síndrome de Down, não se encontra em condições de exercer uma limpeza bucal adequada, de apresentar normalmente hiposalivação, 61 DEL FIACO, Rodrigo Passos; BOTELHO, Tessa de Lucena e PEREIRA, Cláudio Maranhão. Avaliação das condições bucais e sistêmicas de pacientes portadores de síndrome de Down institucionalizados na APAE-Goiânia/Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 59-64. Set. 2010/Dez. 2010. de apresentar o sistema imunológico alterado e de se alimentar por uma dieta excessivamente rica em açúcares e carboidratos, era de se esperar que este apresentasse um maior índice da doença cárie1, 3, 5, 8, 12. Em virtude da relevância do controle de saúde bucal desses pacientes, torna-se necessário um estudo da prevalência da doença cárie destes pacientes institucionalizados em Goiânia-Goiás. MATERIAL E MÉTODO O estudo foi realizado em pacientes matriculados na APAE (Associação dos Pais e Amigos dos excepcionais), na clínica odontológica da própria instituição, com o apoio e colaboração da coordenadoria e corpo técnico local. Todo o trabalho teve o consentimento dos pais ou responsáveis, e acompanhamento da profissional da área de saúde responsável pelo tratamento a essas crianças. Os mesmo foram informados do caráter não obrigatório e não oneroso da pesquisa e a não participação no estudo não atribuirá nenhuma perda ao paciente. Todos os pacientes foram submetidos a exame físico criterioso e os dados clínicos sistêmicos e bucais foram anotados em um prontuário clínico padronizado para tal finalidade. Foram avaliados quanto a presença de dentes cariados, índice de inflamação gengival, além da presença de fatores locais ou sistêmicos que poderiam influenciar nos resultados. Todos pacientes foram também avaliados por exames de imagens (radiografias periapicais e interproximais) para ratificarem a presença ou não de lesões cariosas. RESULTADOS Dos 25 pacientes portadores de Síndrome de Down, 14 (56%) eram do gênero feminino e 11 (44%) do gênero masculino. Os pacientes apresentavam média de idade de 16,8 anos variando de 2 a 41 anos. Quanto a condição sistêmica dos pacientes, foi observado que dos 25 pacientes, 7 (28%) apresentavam cardiopatias e 6 (24%) pneumonia. Também foi observado tuberculose, bronquite, infecções recorrentes e diabetes. Em relação as alterações encontradas no corpo do paciente durante o exame físico geral, pode-se observar que a boca entre aberta (10 pacientes) e o nariz hipoplásico (8 pacientes) foram as alterações mais frequentes, de um total de 13 alterações diferentes encontradas (Tabelas 1 e 2). Em relação às alterações intra-bucais, dos 25 pacientes, 14 (56%) apresentavam gengivite, 8 (32%) cáries, 6 (24%) língua geográfica e 5 (20%) língua fissurada (Tabela 3). 62 DEL FIACO, Rodrigo Passos; BOTELHO, Tessa de Lucena e PEREIRA, Cláudio Maranhão. Avaliação das condições bucais e sistêmicas de pacientes portadores de síndrome de Down institucionalizados na APAE-Goiânia/Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 59-64. Set. 2010/Dez. 2010. Quando os pacientes foram avaliados quanto ao grau de gengivite, observou-se que em 10 (40%) estava ausente e que, dos 14 que apresentavam, apenas 4 (28,5%) tinham a doença de forma grave (tabela 4). Ainda quanto avaliados quanto a frequência em procuravam atendimento odontológico, dos 25 pacientes, 7 foram ao dentista no último mês, 6 nos 6 últimos meses, 6 há cerca de 1 ano e 6 há de mais de 2 anos. DISCUSSÃO Com relação á cárie dentária e doença periodontal, a maioria dos autores são unânimes em afirmar a baixa prevalência de cárie e alta prevalência da doença periodontal nestes pacientes, quando comparada a outros indivíduos com ou sem déficit mental1, 3, 4, 5, 8, 12. Dos 25 pacientes avaliados neste estudo, 14 apresentavam alterações gengivais e 8 cáries dentárias, corroborando com os achados descritos na literatura. A baixa prevalência de cárie pode ser atribuída ao padrão de erupção retardado e composição salivar diferente das outras crianças, à morfologia dentária com fóssulas e fissuras menos acentuadas e superfície oclusal menos acidentada devido ao bruxismo, à diferença da composição da flora bacteriana associada à placa dentária1, 3, 8, 12. Todos estes fatores publicados na literatura são apenas especulações visto que nenhum destes ainda foi comprovado. Nos pacientes avaliados nesta pesquisa nenhum destes fatores foram detectados. Frente literatura pertinente consultada e ao detectado na prática, ressalta-se a importância do conhecimento pelo cirurgião-dentista das manifestações orais que acometem os pacientes portadores de Síndrome de Down, dentre as quais destaca-se a doença cárie. Esta, ao contrário do que seria esperado, já que esses pacientes apresentam maior dificuldade de higienizam bucal, apresenta menor prevalência nestes indivíduos em relação aos demais pacientes. Contudo, a higienização bucal na maioria dos casos é realizada pelos pais ou responsáveis7, 9, 12 , logo o resultado encontrado nos pacientes avaliados corresponde aos achados na literatura presente, ou seja, estes pacientes apresentam pequeno índice de cárie dentária. Apesar dos achados da literatura em que pacientes portadores de Síndrome de Down apresentam maior índice de doença periodontal, os resultados encontrados não comprovam estes dados. Dos 25 pacientes, 14 (56%) apresentam gengivite, sendo que destes apenas 4 (28,5%) apresentam esta em forma grave. Logo, este pequeno índice de doença periodontal, assim como o índice de cárie encontrados, provavelmente ocorreram em virtude 63 DEL FIACO, Rodrigo Passos; BOTELHO, Tessa de Lucena e PEREIRA, Cláudio Maranhão. Avaliação das condições bucais e sistêmicas de pacientes portadores de síndrome de Down institucionalizados na APAE-Goiânia/Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 59-64. Set. 2010/Dez. 2010. do esclarecimento e conscientização dos pais e da assistência médica e odontológica que estes pacientes apresentam e não em decorrência de algum fator inerente à própria síndrome. Fica evidente neste estudo a importância de uma atenção especial por parte de família a estes pacientes, pois é ela que está sempre presente no dia a dia destes indivíduos, cabendo ao clínico instruir e acompanhar os pacientes com Síndrome de Down e a sua respectiva família sobre a importância da higienização bucal. Referências 1. ARAUJO, N. C. B. I. Prevalência de cárie dentária em crianças portadoras de síndrome de Down na faixa etária de 0 a 60 meses. 11p. JBP: J. Bras. Odontop. Odont. 2. BENATTI, A.M.; OLIVEIRA, M.C.S.; CAMPOS, M.T.G.R.; ZANGIROLAMI, T.R. O que é Cariótipo. Projeto Down. Impressão : LCK Gráfica e Editora. 1a edição, 1985. 3. BERTHOLD, T.B; ARAUJO, V.P; ROBINSON, W.M. Síndrome de Down: aspectos gerais e odontológicos/ DownÆs Syndrome: aspects of general and dental. Rev. ciênc. méd. biol; 3(2): 252260, jul.-dez. 2004. 4. FOURNIOL, A .; FACION, J. R. Excepcionais. In: FOURNIOL FILHO. Pacientes Especiais e a Odontologia. São Paulo: Santos, 1998, 472p. cap.viii, p.339 -405. 5. GALLARRETA, FW.M; TURSSI, C.P; PALMA-DIBB, R.G; SERRA, M.C. Histórico de saúde: atenção a condições sistêmicas e suas implicações, sobretudo nos fatores de risco de cárie: [revisão]/ History taking: attention to systemic conditions and their implications with emphasis on caries risk: [review] Rev. odonto ciênc; 23(2): 192-196, abr.-jun. 2008. 6. MILSTEIN, M.I; BEÇAK, W. A síndrome de Down: aspectos etiológicos/ Down's syndrome: etiological aspects Rev. bras. genét; 3(1): 53-78, Mar. 1980. 7. PUESCHEL, S. M. C. Clinical Aspects of Down Syndrome From Infancy to Adulthood. American Journal of Medical Genetics Supplement, v.7, p. 52-53, 1990. 8. SANTOS, L.M; MOREIRA, E.A.M; ALMEIDA, I.C.S; BOSCO, V.L. Aspectos bucais da Síndrome de Down: revisão da literatura/ Oral aspects of Down Syndrome: a review of the literature. Rev. ABO nac; 12(5): 278-282, out.-nov. 2004. 9. SILVA, N.LP; DESSEN, M.A. Síndrome de Down: etiologia, caracterização e impacto na família/ Down Syndrome: etiology, characteristics, and its effects on family. Interaçäo psicol; 6(2): 167-176, jul.-dez. 2002. 10. TOLEDO, G. A. de; BEZERRA, A. C. B.. Atendimento Odontológico para Pacientes Especiais. In: Toledo, O. A. de. Odontopediatria – Fundamentos para a Prática Clínica. 2ed São Paulo: Panamericana, p.221-239. 1996. 11. WALDMAN, H.B. Sepecial Pediatric Population Grups and Their Use of Dental Services, Journal of Dentistry for Children, v. 56, p. 211-15, may/ june, 1989. 12. WISEMAN FK; ALFORD KA; TYBULEWICZ VL; FISHER EM. Down syndrome--recent progress and future prospects. Hum Mol Genet; 18(R1): R75-83, 2009 Apr 15. DEL FIACO, Rodrigo Passos; BOTELHO, Tessa de Lucena e PEREIRA, Cláudio Maranhão. Avaliação das condições bucais e sistêmicas de pacientes portadores de síndrome de Down institucionalizados na APAE-Goiânia/Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 59-64. Set. 2010/Dez. 2010. 64 Tabelas Tabela 1- Avaliação de alterações sistêmicas dos 25 pacientes portadores da síndrome de Down. Alteração Infecções recorrentes Tuberculose Pneumonia Bronquite Cardiopatia Diabete Nº pac. 3 4 6 4 7 2 Tabela 2- Avaliação de alterações sistêmicas características da Síndrome de Down. Grande espaço entre os dedos do pé ___________________________________________________ 3 Aumento do tec. subcutâneo do pescoço ________________________________________________ 6 Anomalia palatina __________________________________________________________________ 5 Nariz hipoplásico ___________________________________________________________________ 8 Boca aberta _______________________________________________________________________ 10 Língua em protusão ________________________________________________________________ 4 Epicanto __________________________________________________________________________ 3 Fenda única palmar ________________________________________________________________ 4 Braquiclinodactilia _________________________________________________________________ 1 Aumento da distância interpupilar ____________________________________________________ 5 Mãos curtas e grosseiras _____________________________________________________________ 6 Forma atípica do pavilhão auricular ___________________________________________________ 3 Implantação baixa dos pavilhões auriculares ____________________________________________ 3 Tabela 3 - Avaliação intra-bucal dos pacientes portadores da Síndrome de Down. Alteração Gengivite Cárie Macroglossia Língua Geográfica Língua Fissurada Queilite Angular Quant. 14 8 1 6 5 1 Tabela 4 - Avaliação do grau de gengivite nos pacientes com Síndrome de Down. Gengivite Ausente Leve Moderada Grave Quant. 10 7 3 4 Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 04, 65 – 76. Set. 2010/Dez. 2010. INCIDÊNCIA DE HEPATITE B NA POPULAÇÃO DA CIDADE DE GOIÂNIAGOIÁS: INFLUÊNCIA DOS MARCADORES SOROLÓGICOS NO PROGNÓSTICO DESTA INFECÇÃO Ana Flavia Oliveira Magalhães Francielle Poliana de Medeiros Rocha Francielly Eugenio de Assis Claudio Maranhão Pereira** Resumo: Abstract: A Hepatite B é uma doença infecciosa, que provoca inflamação no fígado. É causada pelo vírus da hepatite B (VHB) e pode ser transmitida por via sexual, via parenteral e perinatal. Após a fase inflamatória o vírus pode ser eliminado naturalmente do organismo ou causar uma doença inflamatória crônica que, após alguns anos, pode levar a complicações hepáticas como cirrose e câncer de fígado. Objetivando determinar a prevalência da infecção pelo vírus da hepatite B realizamos um estudo retrospectivo na cidade de Goiânia, Goiás, utilizando-se estatísticas do arquivo da Vigilância Epidemiológica, conforme dados do Sistema de Informações sobre Agravos Notificáveis (SINAN), no período entre 2000 e 2008. Após analise, constatou-se a presença de 1011 casos de hepatite B em Goiânia durante este período. O ano de 2007, com 197 casos, foi o que apresentou um maior numero de infecções causadas pelo vírus da hepatite B. Cerca de 3,4% dos casos analisados foram de hepatite B aguda enquanto a hepatite crônica representou 79,5% dos casos. Os achados deste estudo ressaltam a grande incidência relativa do vírus na população goianiense e a importância de se estabelecer medidas de controle e prevenção da hepatite B nesta população. The Hepatite B is an infectious disease, that provokes inflammation in the liver. It is caused by the virus VHB it can be transmitted by sexual road, through parenteral and perinatal (during the gestation and the childbirth). After the inflammatory phase the virus can be eliminated naturally of the organism or to cause a chronic inflammatory disease that, after some years, it can take to hepatic complications as cirrhosis and liver cancer. Aiming at to determine the prevalence of the infection for the virus of the hepatitis B (VHB) we accomplished a retrospective study in the city of Goiânia, Goiás, being used statistics data of the file of the Epidemic Surveillance, as data of the System of Information on Offences Notified (SINAN), in the period between 2000 and 2008 the distribution of the confirmed cases of hepatitis B in Goiânia was of 1011. The year of 2007 was what presented a larger one I number of infections caused by the virus of the hepatitis B. The gender more reached by the virus it was the masculine. The individuals' age that you/they participated in the study varied from 1 to 80 years the largest hepatitis incidence B for age group it was observed of the 20 to the 34 years with 53,1%. 35 cases were detected (3,4%) of hepatitis sharp B and the chronic hepatitis 79,5% cases were detected. The vaccination was only completed by 30 patient (2,9%). The discoveries of this study point out the importance of the control measures and prevention of the hepatitis B in this population. Palavras-chave: Key-words: Hepatite B, Anti-HBc total, HBsAg, Epidemiologia da hepatite B. Hepatitis B, total Anti-HBc, HBsAg, epidemiology of hepatitis B. Profissionais Biomédicos de Instituições Privadas de Goiânia-Goiás. **Professor Doutor de Patologia da Faculdade Estácio de Sá de Goiás/Professor titular de Patologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Paulista-Goiania/GO/ Coordenador do Curso de Odontologia da Universidade Paulista, campus – Brasília/DF. 66 MAGALHÃES, Ana Flavia Oliveira; ROCHA, Francielle Poliana de Medeiros; ASSIS, Francielly Eugenio de e PEREIRA, Claudio Maranhão. Incidência de hepatite B na população da cidade de Goiânia-Goiás: influência dos marcadores sorológicos no prognóstico desta infecção. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 65-76. Set. 2010/Dez. 2010. INTRODUÇÃO A existência de uma forma de hepatite de transmissão parenteral foi documentada pela primeira vez em 1885 em pacientes vacinados contra varíola. O termo hepatite B foi introduzido em 1947 para definir a hepatite de transmissão parenteral, hepatites sorohomóloga, hepatite sérica, hepatite MS-2 e hepatite de longo período de incubação1. Em 1965 foi publicada a descoberta de um antígeno no soro de um aborígine australiano, denominado antígeno Austrália2. A associação desse antígeno com a hepatite B foi feita em 1968, recebendo o mesmo o nome de antígeno de superfície da hepatite B (HBsAg), nome que perdura até hoje3. Apesar dos significantes progressos no desenvolvimento de vacinas, a infecção pelo VHB é uma das doenças mais disseminadas e importantes que afeta o ser humano 4, 5. Ocorrem cerca de 1-2 milhões de mortes por ano como consequência direta desta infecção5. Nos Estados Unidos há aproximadamente um milhão de portadores do VHB6. O vírus da Hepatite B pertence ao gênero Orthohepadnavirus, família Hepadnaviridae6, 7, 8, 9 em função da presença de DNA de fita dupla (incompleta), como 10 material genético . Na microscopia eletrônica, encontram-se três tipos de partículas6, 10, 11. A partícula de Dane, que corresponde ao vírion completo, com 42nm de diâmetro, constituída por um envoltório lipídico que contém o antígeno de superfície do VHB (HBsAg) e um núcleo central denso (o core) que possui uma proteína (HBcAg) que induz a formação de anticorpos específicos (anti-HBcAg) pelos indivíduos infectados. O antígeno do core (HBcAg) não é secretado, por isso é muito difícil sua detecção no sangue circulante, diferentemente do que ocorre no fígado doente, onde é abundante. Na zona central da partícula de Dane observa-se ainda a presença do ácido nucléico viral (DNA-VHB). Este DNA, que forma a matriz genética do vírus, possui uma dupla cadeia, disposta circularmente. No genoma ainda se encontram as enzimas como a DNA-polimerase e a fosfoquinase8. Na parte central do vírus está presente também, outro antígeno que foi denominado antígeno e (HBeAg), que é secretado e diferentemente do HBcAg pode ser facilmente detectado no sangue. Este antígeno se associa à replicação e infectividade virais e induz a formação de anticorpo específico (anti-HBeAg) que normalmente se relaciona com a parada da replicação viral8. 67 MAGALHÃES, Ana Flavia Oliveira; ROCHA, Francielle Poliana de Medeiros; ASSIS, Francielly Eugenio de e PEREIRA, Claudio Maranhão. Incidência de hepatite B na população da cidade de Goiânia-Goiás: influência dos marcadores sorológicos no prognóstico desta infecção. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 65-76. Set. 2010/Dez. 2010. As outras duas partículas encontradas, observadas em microscopia eletrônica, são desprovidas de material genético, não são infectantes e são constituídas apenas por resíduos de membranas de células contaminadas, contendo o antígeno HBsAg como estrutura de superfície6, 10. A VHB pode se apresentar sob diferentes formas: clínico-patológica e evolutiva. Resumidamente, são elas: as hepatites agudas benignas, as hepatites agudas graves e as hepatites crônicas8, 10, 12. As hepatites agudas benignas podem ser: assintomáticas, anictéricas, ictéricas, recorrentes, recrudescentes, colestáticas ou prolongadas. As hepatites agudas graves podem ser fulminantes ou subagudas8, 12. Nas infecções crônicas pelo VHB existem diferentes fases evolutivas. Na primeira fase denominada de imunotolerância pode-se observar a presença do antígeno HBe (HBeAg), altos níveis de DNA-VHB, ALT normal e moderado dano hepático. Na segunda fase denominada imunoeliminação ou Hepatite Crônica HBeAg positiva verifica-se a presença do HBeAg, flutuações nos níveis de ALT e DNA-VHB e atividade inflamatória. Na terceira fase denominada de Portador Inativo observa-se a presença do anticorpo contra o antígeno “e” (anti-HBeAg), níveis de DNA-VHB indetectáveis e ALT normal. Na quarta fase denominada Reativação da replicação ou Hepatite Crônica HBeAg negativa, pode-se notar a presença do anti-HBe, altos níveis de DNA-VHB e ALT13. O espectro variável de manifestações clínicas e a persistência da infecção pelo VHB dependem de vários fatores ligados ao hospedeiro e ao vírus como: integridade do sistema imune, idade do paciente na época da infecção pelo VHB, sexo, presença ou não de replicação viral e provavelmente da variabilidade genética do vírus, incluindo genótipos e mutações que influenciam na expressão dos antígenos virais14. Cerca de um terço da população mundial pode estar infectado pelo VHB e destes, aproximadamente, 350 milhões são portadores crônicos. Cerca de um quarto desses portadores poderão, eventualmente, morrer das consequências da infecção crônica. Por isso é de grande importância estudar e conhecer a soroprevalência do HBsAg, anti-HBs e anti-HBc, assim como a situação vacinal da população, para conhecer a situação atual da cidade de Goiânia e para melhor compreensão da ação do vírus. 68 MAGALHÃES, Ana Flavia Oliveira; ROCHA, Francielle Poliana de Medeiros; ASSIS, Francielly Eugenio de e PEREIRA, Claudio Maranhão. Incidência de hepatite B na população da cidade de Goiânia-Goiás: influência dos marcadores sorológicos no prognóstico desta infecção. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 65-76. Set. 2010/Dez. 2010. MATERIAL E MÉTODOS Os dados utilizados neste estudo foram obtidos a partir de levantamento retrospectivo no Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN, na Secretaria de Vigilância Epidemiológica do município de Goiânia no período de 2000 a 2008. Primeiramente, foram levantados dados de hepatite B com população alvo somente os indivíduos residentes em Goiânia. Além do número total de casos, foram considerados os aspectos de incidência por faixa etária, sexo, formas clinicas e vacinação. A notificação dos casos suspeitos de hepatite viral foi realizada de forma contínua pelos médicos e profissionais de saúde à equipe de vigilância do município, assim como a revisão de pedidos laboratoriais para testes de função hepática. Para cada caso, foi preenchida uma ficha de investigação laboratorial com os dados de identificação do paciente e a data do início dos sintomas. Para a análise da soroprevalência da infecção pelo VHB, foi investigada a presença do HBsAg e de seu anticorpo correspondente (anti-HBs), bem como do anti-HBc total em todas as amostras sanguíneas. Os espécimes clínicos que apresentaram positividade para o HBsAg foram também testados para o anti-HBc IgM, antígeno ''e'' (HBeAg) e anticorpo para o antígeno ''e'' (anti-HBe). Para o procedimento, foi utilizado o ensaio imunoenzimático, empregando-se ''kits'' comerciais, conforme instruções do fabricante. O comitê de Ética e Pesquisa Dr. Henrique Santilho – Secretaria de Estado da Saúde Superintendência Leide das Neves Ferreira, enquadrou este projeto na categoria “aprovado”, no que concerne à Resolução nº 196/96 sobre Pesquisa Envolvendo Seres Humanos /Conselho Nacional de Saúde / Ministério da Saúde / Brasília / 1996. RESULTADOS Conforme dados do Sistema de Informações sobre Agravos Notificáveis (SINAN), no período entre 2000 e 2008 a distribuição dos casos confirmados de hepatite B em Goiânia foi de 1011. Conforme Gráfico 1, podemos constatar que o ano de 2007 foi o que apresentou um maior numero de infecções causadas pelo vírus da hepatite B. O sexo mais atingido pelo vírus foi o masculino principalmente no ano de 2003 com 81,7% houve uma exceção nos anos de 2005 e 2007 onde o sexo feminino teve um maior numero de casos com 54,3% e 51,2% (Gráfico 2). 69 MAGALHÃES, Ana Flavia Oliveira; ROCHA, Francielle Poliana de Medeiros; ASSIS, Francielly Eugenio de e PEREIRA, Claudio Maranhão. Incidência de hepatite B na população da cidade de Goiânia-Goiás: influência dos marcadores sorológicos no prognóstico desta infecção. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 65-76. Set. 2010/Dez. 2010. A análise da soroprevalência da infecção para o VHB em relação à faixa etária mostrou que houve positividade para o vírus em todas as faixas etárias, considerando os marcadores HBsAg e anti-HBc total. A idade dos indivíduos que participaram do estudo variou de 1 a 80 anos e a maior incidência de hepatite B por faixa etária foi observada dos 20 aos 34 anos, com 53,1%. Nos pacientes acima dos 80 anos (0,1%) e abaixo dos 14 anos (0,8%) ocorreu uma redução no número de casos. A distribuição por faixa etária está apresentada na Tabela 1. Foram detectados 35 casos (3,4%) de hepatite B aguda, sendo que destes 1,1% não apresentaram sinais e sintomas de hepatite aguda, e todos tiveram sorologia positiva para o HBsAg e anti- HBc total/anti-HBc IgM. Para hepatite crônica foram detectados 79,5% casos e destes 48,3% eram portadores assintomáticos, todos tiveram sorologia positiva para HBsAg, anti-HBc total e HBeAg, e negativos para o anti-HBc IgM e anti- HBs (Gráfico 3). A vacinação só foi completada por 30 pacientes (2,9%), 1,9% não tomaram as três doses da vacina e 17,2% não eram vacinados, mas dos 1011 casos, 77,8% não souberam ou não responderam se eram vacinados (Gráfico 4). DISCUSSÃO Vários estudos realizados no Brasil entre os anos de 1996 e 2000 mostraram que a hepatite B foi o segundo tipo de hepatite viral mais prevalente (25%), perdendo apenas para a hepatite A, que teve um maior número de casos (43%), mas em Santa Catarina esses números foram diferentes, pois houve um predomínio de hepatite B em relação às outras15, 16, 17, 18. Dentre as capitais da região centro-oeste, Brasília apresentou o maior índice de casos em 2005, com 190 casos confirmados, entretanto esses índices são considerados baixos se comparados com capitais da região sudeste onde na cidade do Rio de Janeiro no mesmo ano foram notificados 371 casos e em São Paulo 901 casos também em 200519. Segundo nossos resultados, em Goiânia foram 138 casos de infecção pelo VHB. Portanto a prevalência de hepatite B observada neste estudo mostra uma baixa endemicidade da doença na cidade de Goiânia, o que também é mostrado em outros estudos realizados no Brasil, onde os estado de Goiás e Mato Grosso apresentam baixa endemicidade da doença (DATASUS http://www.datasus.gov.br). Entretanto esta baixa prevalência absoluta pode ser em 70 MAGALHÃES, Ana Flavia Oliveira; ROCHA, Francielle Poliana de Medeiros; ASSIS, Francielly Eugenio de e PEREIRA, Claudio Maranhão. Incidência de hepatite B na população da cidade de Goiânia-Goiás: influência dos marcadores sorológicos no prognóstico desta infecção. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 65-76. Set. 2010/Dez. 2010. decorrência de serem regiões menos povoadas e populosas quando comparadas aos grandes centros da região sudeste. Em relação à distribuição segundo o sexo, pode-se observar que, o sexo masculino foi mais predominante em todos os indivíduos infectados pelo VHB. Estas observações estão de acordo com o que é tradicionalmente descrito na literatura onde são atribuídas a uma maior exposição do homem, aos riscos de infecção, seja pelo maior número de parceiros sexuais, homossexualismo, compartilhamento de lâmina de barbear, maiores riscos de acidente com necessidade de transfusão, hemofilia etc. Isto corresponde com a realidade do Estado do Amazonas onde 75,3% eram do gênero masculino e 24,7% do gênero feminino20, 21 . Em relação a capitais em Porto Alegre, segundo Fiorini (2004)22, no ano de 2002 foram 89 casos (54,27%) que correspondiam ao sexo masculino e 75 casos (45,73%) correspondem ao sexo feminino. No nosso estudo também foi possível observar essa característica sendo que, no ano de 2002 a porcentagem de casos confirmados de Hepatite B foi de, 64,47% para o gênero masculino e 35,53% para o gênero feminino. Essa característica fica ainda mais evidente se observado o ano de 2003 onde 81,71% de casos confirmados de Hepatite B correspondem ao sexo masculino e 18,29% ao sexo feminino. É possível constatar um aumento da incidência de infecção pelo VHB em pacientes adolescentes e adultos jovens quando comparados as outras faixa etárias de pacientes. No Brasil, a faixa etária que apresentou maior incidência de hepatite B foi acima dos 30 anos e, em especial, analisando o estado de Santa Catarina, dos 20 aos 49 anos. Segundo o Ministério da Saúde19 este aumento significativo em adolescentes e adultos jovens também foi comprovado no ano de 2005 nas cidades de São Paulo com 474 casos, Rio de Janeiro 157 casos, Curitiba 105 e Brasília com 97 casos, possivelmente indicando que a atividade sexual é uma significativa via de transmissão deste agente. Estudos mostraram que foram encontrados valores elevados de anti-HBc na região norte (21,4%), entre adolescentes de 1 a 20 anos23, diferentemente do nosso estudo onde esta faixa etária só apresentou 10,3%. Em nossos resultados o maior número de casos de hepatite B foi encontrado em adultos jovens entre 20 e 34 anos (53,1%). Silveira24 et al. em 1999, realizaram um estudo multicêntrico na América Latina com 12.085 pacientes, entre 1996 e 1997, incluindo pessoas entre 1 e 40 anos de idade, no qual detectaram prevalência de 7,9% de reatividade ao anti-HBc (IgG), indicando hepatite crônica. Só no Brasil, dois milhões de pessoas sofrem da forma crônica de hepatite B. Dentre 71 MAGALHÃES, Ana Flavia Oliveira; ROCHA, Francielle Poliana de Medeiros; ASSIS, Francielly Eugenio de e PEREIRA, Claudio Maranhão. Incidência de hepatite B na população da cidade de Goiânia-Goiás: influência dos marcadores sorológicos no prognóstico desta infecção. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 65-76. Set. 2010/Dez. 2010. as capitais brasileiras, a maior prevalência deste marcador foi encontrada em Manaus- AM (21%). A Bacia Amazônica foi descrita previamente como sendo uma região de alta endemicidade e compatível com este dado, encontrou-se uma soroprevalência de 21,4% na região Norte. A alta prevalência do VHB e a sua intensa circulação foram atestadas por Souto25 et al (1998) nos anos de 1995-1996 no Município de Cotriguaçu-MT foram encontrados altos índices de pessoas já infectadas (75,1%), de portadores crônicos do VHB (10,4%) e de pessoas com infecção recente (9,6%). Chávez18 et al. (2003) mostrou em seu estudo que a região centro-oeste, juntamente com o Distrito Federal e a região nordeste, são as que apresentam o menor número de portadores crônicos do vírus da hepatite B, entre 0,11 a 0,74%. Nossos resultados demonstraram que os casos de hepatite crônica (31,2%) juntamente com os portadores assintomáticos (48,3%) tiveram um grande aumento em relação a hepatite aguda (3,5%). Nossos resultados são diferentes do que os demonstrados por Chávez18 et al. (2003) e Souto25 et al. (1998). Entretanto não foi possível encontrar nenhum fator pertinente para justificar este aumento de incidência. Desde 1998, o Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde19, recomenda a vacinação universal das crianças contra hepatite B a partir do nascimento. A aplicação da primeira dose nas primeiras 12-24h de vida resulta em elevada eficácia na prevenção da infecção vertical. A partir de 2001, a faixa etária foi ampliada até 19 anos de idade. Em nossa pesquisa, em relação à população avaliada apenas 2,9% da população estudada referiram apresentar esquema vacinal adequado anti-VHB, mas podemos observar que na característica por faixa etária até os 15 anos houve poucos casos de hepatite B. Este fato se deve talvez ao Programa Nacional de Imunizações em crianças. Sabe-se que uma ou duas doses da vacina induzem a imunização, respectivamente, em 55% e 85% dos casos, e que, mesmo com a aplicação das três doses, não ocorre indução de imunidade em 10% dos casos. A importância da introdução da vacina contra Hepatite B e descrito no trabalho de Braga, onde os índices da taxa de portadores do AgHBs reduziram em cinco vezes, mesmo com as falhas na proteção dos indivíduos suscetíveis a infecção19, 26, 27. Considerando que a hepatite B é uma doença sexualmente transmissível, e que a faixa-etária mais atingida é a de pessoas sexualmente ativas, outra importante medida de controle é o uso de preservativo em todas as relações sexuais28. Portanto, investir em estratégias públicas para aumentar a cobertura e adesão à vacina contra a hepatite B, e também em programas a saúde que visem mudança de estilo de vida torna-se necessário em 72 MAGALHÃES, Ana Flavia Oliveira; ROCHA, Francielle Poliana de Medeiros; ASSIS, Francielly Eugenio de e PEREIRA, Claudio Maranhão. Incidência de hepatite B na população da cidade de Goiânia-Goiás: influência dos marcadores sorológicos no prognóstico desta infecção. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 65-76. Set. 2010/Dez. 2010. nossa capital uma vez que a cobertura vacinal não é satisfatória abrangendo apenas 47,74% da população de Goiânia, segundo dados do Ministério da Saúde19. Embora a prevalência para o VHB, encontrada neste estudo seja considerada baixa, houve um grande aumento de casos no ano de 2007, fato este que contribui para afirmar que há grande circulação do vírus da hepatite B na população de Goiânia. Cabe ressaltar que são dados referentes a apenas um pequeno intervalo de tempo e que mais estudos devem ser realizados para confirmação destes dados. REFERÊNCIAS 1. Maccallum, FO. Homologous serum jaundice. Lancet 1947;2:691- 2. 2. Blumberg BS, Alter HJ, Visnich S. A new antigen in leukemia sera. Jama 1965; 191: 541-546. 3. Prince AM. An antigen detected in the blood during the incubation period of serum hepatites. Proc.Natl.Acad.Sci 1968; 60: 814-821. 4. Clarke B & Bloor S. Molecular Genotyping of Hepatitis B Virus. J.Clinl Virol 2002; 25:S41-S45. 5. Kao Jia-Horng. Hepatitis B viral genotypes: Clinical relevance and molecular characteristics. Journal of Gastroenterology and Hepatology 2002;17:643-650. 6. Hollinger FB. Hepatitis B virus. In: Fields BN, Knipe DM Howley PM. Fields Virology. Philadelphia: Lippincott-Raven; 1996. p.2149-2154. 7. Norder H, Couroucé AM, Coursaget P, Echevarria JM, Lee SD, Mushahwar IK, Robertson BH, Locarnini S, Magnius LO. Genetic diversity of hepatitis B virus strains derived worldwide: Genotypes, subgenotypes, and HBsAg subtypes. Interv 2004; 47:289-309. 8. Gonçales Junior FL Hepatite B. In: Veronesi R, Focaccia R. Tratado de Infectologia. São Paulo:1998. p.299-314. 9. Stuyver L, Van Geyt C, De Gendt S, Van Reybroeck G, Zoulim F, Leroux-Roels G, Rossau R. Line probe assay for monitoring drug resistance in hepatitis B virus-infected patients during antiviral therapy. J.Clin.Microbiol. 2000; 38: 702-7. 10. Liberato MIM, Oliveira BCEPD, Cabral MC. Hepatits Virais. In: Santos NOS. Introdução a Virologia Humana. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002. p.135-144. 11. Tiollais P, Vyas G, Charnay P. Biology of hepatitis B virus. Science 1985; 213: 406-411. 12. Gonçales Junior FL, Gonçales NSL. História Natural da Infecção. Apresentação Clínica. Complicações. In: Focaccia R. Tratado de Hepatites Virais. São Paulo: Atheneu; 2003. p.167-173. 13. Yim, HJ & Lok AS-F. Natural history of chronic hepatitis B virus infection: What we knew in 1981 and what we know in 2005. HEPATOLOGY 2006; 43:S173-S181. 14. Fattovich G, Brollo L, Giustina G, Noventa F, Pontisso P, Alberti A, Realdi G, Ruol A. Natural History and Prognostic Factors of Cronic Hepatitis Type B. Gut 1991; 332:294-298. 15. Duarte G, Mussi–Pinhata MM, Martínez R, Lemos C, Figueiredo EML, Quintana SM. Frequência de gestantes portadoras do HbsAg em uma comunidade brasileira. Bol Oficina Sanit Panam 1996; 120(3):189-195. 16. Martelli CMT, Turchi MD, Souto FJD, Sáez-Alquézar A, Andrade AL SS, Zicker F. Anti-HBc testing for blood donations in areas with intermediate hepatitis B endemicity. Pan Am J Public Health 1999; 6(1):69–72. 73 MAGALHÃES, Ana Flavia Oliveira; ROCHA, Francielle Poliana de Medeiros; ASSIS, Francielly Eugenio de e PEREIRA, Claudio Maranhão. Incidência de hepatite B na população da cidade de Goiânia-Goiás: influência dos marcadores sorológicos no prognóstico desta infecção. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 65-76. Set. 2010/Dez. 2010. 17. Costa MCF. Hepatite B e hepatite C: estudo de incidência 1995–1997. Rev Port Saude Publica 1999; 17(2):47–54. 18. Chávez JH, Campana SG, Haas P. Panorama da hepatite B no Brasil e no Estado de Santa Catarina. Revista Panamericana de Salud Pública. 2003, v. 14, n. 2. 19. Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Programa Nacional de Hepatite Virais. Hepatite virais: o Brasil está atento. Brasília. 2005. 20. Alter MJ. Heterosexual transmission of hepatitis B and implication for vaccine – Prevention Strategies. In: Bennet DL (ed) The Control of hepatitis B: The role of prevention in adolescence, London 1991, p. 21-25. 21. Fonseca JCF. Hepatite B no Estado do Amazonas. Moderna Hepatologia, Brasil 1991; 1:33-35. 22. Fiorini M. Incidência de Casos Agudos e Crônicos de Hepatite Viral do Tipo B em Pacientes Investigados pela Secretaria Municipal de Porto Alegre no ano de 2002. Boletim Epidemiológico. Porto Alegre, ano VI, nº 24, pg 08, agosto de 2004. 23. Clemens SAC, Fonseca JC, Azevedo T, Cavalcanti T, Silveira TR, Castilho MC, Clemens R. Soroprevalência para hepatite A e hepatite B em quatro centros no Brasil. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. 2000; 33(1):1-10. 24. Silveira TR, Fonseca JC, Rivera L, Fay OH, Tapia R, Santos JI, Urdeneta E, Clemens SAC. Hepatitis B seroprevalence in Latin América. Revista Panamericana de la Salud Publica 1999; 6: 378383. 25. Souto FJD, Fontes CJF, Gaspar AMC. Outbreak of hepatitis B virus in recent arrivals to the Brazilian Amazon. Journal of Medical Virology 1998; 56(1):4-9. 26. Informe Técnico Institucional. Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”. Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Vacina contra hepatite B. Rev Saúde Pública 2006; 40(6):1137-40. 27. Josiah DR, Ching CG, Lally MA. A review of the case for hepatitis B vaccination of high-risk adults. American Journal of Medicine 2003; 114(4). 28. Bonani P & Bonaccorsi G. Vaccination against hepatitis B in health care workers – Vaccine 2001; 19:2389-94. 74 MAGALHÃES, Ana Flavia Oliveira; ROCHA, Francielle Poliana de Medeiros; ASSIS, Francielly Eugenio de e PEREIRA, Claudio Maranhão. Incidência de hepatite B na população da cidade de Goiânia-Goiás: influência dos marcadores sorológicos no prognóstico desta infecção. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 65-76. Set. 2010/Dez. 2010. LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS Gráfico 1 – Incidência de casos confirmados de Hepatite B nos anos de 2000 a 2008. Gráfico 2- Casos de Hepatite B associados ao sexo. SEXO 78,00% 68,00% 58,00% 48,00% 38,00% 28,00% 18,00% 81,71% 79,01% 62,64% 64,47% 37,36% 35,53% 20,99% 2000 2001 2002 57,66% 54,35% 54,62% 50,86% 49,14% 51,27% 48,73% 45,38% 42,34% 45,65% 18,29% 2003 2004 2005 2006 2007 2008 M 79,01% 62,64% 64,47% 81,71% 57,66% 45,65% 50,86% 48,73% 54,62% F 20,99% 37,36% 35,53% 18,29% 42,34% 54,35% 49,14% 51,27% 45,38% 75 MAGALHÃES, Ana Flavia Oliveira; ROCHA, Francielle Poliana de Medeiros; ASSIS, Francielly Eugenio de e PEREIRA, Claudio Maranhão. Incidência de hepatite B na população da cidade de Goiânia-Goiás: influência dos marcadores sorológicos no prognóstico desta infecção. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 65-76. Set. 2010/Dez. 2010. Tabela1 – Prevalência do Vírus da Hepatite B por Faixa Etária. Característica por Faixa Etária > 1ano 5A9 10 A 14 15 A 19 20 A 34 35 A 49 50 A 64 65 a 79 80 E + Total Nº 3 5 8 88 537 267 84 18 1 1011 % 0,3% 0,5% 0,8% 8,7% 53,1% 26,4% 8,3% 1,8% 0,1% 100% Gráfico 3 - Distribuição dos casos de Hepatite B, por Forma Clínica encontrada no ano de 2000 a 2008. 15,8% Ign/Branco Infecção Assintomática 1,1% 48,3% Portador Assintomático 31,2% Hepatite Crônica Hepatite Aguda 0,0% 3,5% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 76 MAGALHÃES, Ana Flavia Oliveira; ROCHA, Francielle Poliana de Medeiros; ASSIS, Francielly Eugenio de e PEREIRA, Claudio Maranhão. Incidência de hepatite B na população da cidade de Goiânia-Goiás: influência dos marcadores sorológicos no prognóstico desta infecção. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 65-76. Set. 2010/Dez. 2010. Gráfico 4 - Vacinação total no ano de 2000 a 2008. TOTAL DE VACINAÇÃO EM TODOS OS ANOS 77,8% 17,2% 1,9% 2,9% Completa Incompleta Não vacinado Ign/Branco Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 04, 77 – 98. Set. 2010/Dez. 2010. ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO E SUA PRAXIS NO PROCESSO DE CAPTAÇÃO E DOAÇÃO DE ÓRGÃOS A. C. Moreira Ribeiro A. P. Silva Bueno E.S. Oliveira Adriano Luis Fonseca Resumo: Abstract: O objetivo deste estudo foi descrever a atuação do enfermeiro no processo de captação e doação de órgãos, trata- se de um estudo investigativo, de caráter transversal, quantitativo, tendo por base dados das centrais nacional e do estado de Goiás e de literaturas sobre o tema proposto. The aim of this study was to describe nurses' actions in the process of capturing and organ donation, it is an investigative study, crosscutting, quantitative, based on data from national and central state of Goias and literature about theme. Palavras-chave: Key-words: Enfermeiro, Morte, Doação de Órgãos. Nurse, Death, Organ Donation INTRODUÇÃO Histórico A história dos transplantes está limitada aos últimos cem anos, tendo o cirurgião genovês Jacques-Louis Reverdin (1842-1928) o primeiro transplante com sucesso, em humanos, ao realizar em Genebra, um autotransplante de pele em 1869. Existem contos mitológicos em várias culturas religiosas, incluindo a hindu, chinesa e egípcia, que sugerem que a ideia do transplante pode ser muito mais antiga e relacionada aos anseios da longevidade (GARCIA et al, 2006). Algumas figuras da mitologia, como a quimera e o grifo, e criaturas como os sátiros, os centauros e as sirenes, resultaram da combinação de seres de espécies diferentes, fornecendo exemplos bem-sucedidos de xenotransplante. No Ocidente, a lenda sobre os transplantes representa um simbolismo religioso e envolve os santos padroeiros da Medicina, São Cosme e São Damião, que viveram entre os anos 285 e 305 da era cristã. De acordo com a lenda, a perna de um mouro, recentemente morto, foi transplantada com 78 RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis .Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 77-98. Set. 2010/Dez. 2010. sucesso em um paciente que teve a perna amputada por câncer ou gangrena. Esta lenda foi um dos temas favoritos dos pintores medievais. (GARCIA et al, 2006). Gaspare Tagliacozzi de Bolonha (1547-1599) publicou o seu trabalho De Custorum Chirurigia per Insitinem (O enxerto na cirurgia de mutilação), em que relatou técnicas refinadas de enxerto e rinoplastia. Jhon Hunter (1728-1793), que estabeleceu as bases científicas da cirurgia moderna, recolocou com sucesso, o primeiro pré-molar de um paciente, horas após ter caído, postulou que as substancias vivas tinham a disposição de unirem-se quando colocadas em contato com outras. Esses trabalhos iniciais imaginavam os transplantes humanos sendo controladas pelas mesmas leis dos enxertos no reino vegetal e que tecidos de diferentes origens poderiam unir-se quando submetidos á firme adesão. Em 1804, Gisuseppe Baronio (1759-1811), de Milão, publicou experimentos bem-sucedidos de auto-enxerto de grandes fragmentos de pele em ovelha. Em 1822, Johann Dieffenbach publicou tese sobre transplante experimental e regeneração de tecidos, seguida logo após por relatos de seu trabalho clínico. Charles Edouard Brown-Séquard, no início dos anos 1800, sugeriu que membros amputados poderiam ser reimplantados e, utilizou os métodos de Hunter, implantou caudas de ratos e de gatos nas cristas de galos. Sonhando com o rejuvenescimento, implantou em cães idosos testículos ou partes de testículos de porquinhos-da-índia jovens. (GARCIA et al, 2006). No século XIX ocorreu o desenvolvimento dos enxertos livres, com a evolução dos enxertos por compressão de Jacques Louis Reverdin, em 1869, para os enxertos dérmicoepidérmicos de Louis Ollier, que também estabeleceu o princípio dos enxertos ósseos. A disponibilidade e a ampliação do uso dos enxertos livres levaram ao emprego de aloenxertos (enxerto entre indivíduos da mesma espécie) e xenoenxertos (enxerto entre espécies diferentes), mas a lista de tecidos implantados, no final deste século incluía tendões, ossos e tecidos endócrinos, como tireóide e ovário. Em 1887, um olho de coelho foi transplantado em um paciente e, em 1896, uretra de ovelha foi usada na reparação de uretra humana. Entretanto alguns investigadores observaram que autotransplantes sobreviviam melhor e as frequentes falhas com aloenxertos e xenoenxertos levantaram a questão sobre a compatibilidade entre diferentes espécies ou mesmo os diferentes indivíduos. Assim o foco dos transplantes de partes ou órgãos completos mudou da investigação técnica para a biológica no final do século XIX. As contribuições de Lister para as normas da anti-sepsia e o subsequente desenvolvimento da assepsia permitiram o enxerto cirúrgico e o transplante com uma menor taxa de infecção. O problema básico que permanecia para a revascularização direta dos órgãos 79 RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis .Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 77-98. Set. 2010/Dez. 2010. era a necessidade do desenvolvimento de uma técnica efetiva de anastomose vascular, sem trombose, hemorragia ou estenose, (GARCIA et al, 2006). Em 1902 Emerich Ullman realizou o primeiro autotransplante experimental bemsucedido. Charles Guthrie realizou autotransplante e alotransplante de rins em cães e gatos, que o levou a receber o prêmio Nobel em 1912. Em 1914 Carrel, ministra palestra chamando atenção dos pesquisadores para a necessidade de descobrir como funciona a imunidade e o que ocorria com os órgãos, pois não desempenhavam as funções esperadas e nessa oportunidade descartou a possibilidade de transplantes em seres humanos. (GARCIA et al, 2006). O Primeiro órgão transplantado em humanos foi o rim, entre os anos 1902 a 1923 foram realizados diversos procedimentos sem sucesso, todos os pacientes foram a óbito em no máximo 16 dias, a experiência de realização da anastomose que se tinha eram as realizadas nos experimentos com animais. Em 1933 na Ucrânia foi realizado o primeiro alotransplante renal entre humanos o rim foi obtido de um paciente que sofreu um traumatismo crânio encefálico (TCE). Em torno de 1949 atribuiu à falta de sucesso nos transplantes as questões de imunidade, uma vez que os vasos sanguíneos estavam pérvios. (GARCIA et al, 2006). O período da segunda guerra mundial foi indiretamente importante, pois houve uma grande evolução na medicina com os avanços da antibioticoterapia e outros procedimentos, que favoreceram para o desenvolvimento do transplante. Entre 1954 e 1964, permanecia insolúvel a rejeição, então os estudos tiveram três vértices: a histocompatibilidade, a tolerância e a imunossupressão. (GARCIA et al, 2006). A partir da descoberta dos imunossupressores (6-MP, azatioprina, prednisona), por volta de 1970 consolidaram-se os transplantes renais e iniciou então a tentativa em outros órgãos como: pulmão, coração, fígado, pâncreas e intestino. Começou a estabelecer um conceito para morte encefálica (ME). (GARCIA et al, 2006). Borel em 1976 descobre os efeitos imunossupressores da ciclosporina, revolucionando os transplantes em 1980, foi utilizado nesse período o primeiro anticorpo antilinfocitário monoclonal (anti-CD3) mais específico. Em 1989 foi realizado no Brasil o primeiro transplante hepático com doador vivo. Em 1999 foi aprovado o uso da rapamicina. Em 2000, foram descobertos mais dois anticorpos monoclonais contra o receptor de IL-2, basiliximabe e daclizumabe também foram introduzidos na prática clínica (GARCIA et al, 2006). 80 RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis .Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 77-98. Set. 2010/Dez. 2010. BIOÉTICA E TRANSPLANTES Nas atividades de atenção à saúde frequentemente surgem situações de possíveis temas éticos. A ética tem como objetivo, a identificação, análise e resolução de problemas morais que surgem no cuidado individual de pacientes. Existem vários aspectos éticos que deverão ser aplicados em potenciais doadores de órgãos e tecidos, enfocando situações de proteção, privacidade, e respeito ao paciente. Neste mundo de incertezas que circulam as decisões clínicas, também são afetadas as argumentações éticas. Uma conduta ética adequada permite reduzir a margem de erros. As questões éticas envolvendo doação de órgãos são delicadas e abrangentes e requerem um maior cuidado, pois é um momento de sofrimento, a perda do ente querido e na grande parte dos casos perda de pessoas jovens, sendo de difícil decisão para familiares. Diante da perspectiva de doar os próprios órgãos existe uma variedade de obstáculos, as quais se permitem análises e reflexões sobre doadores, receptores e principalmente, quanto à definição do diagnóstico da realidade da morte, tendo como pilares resguardar os direitos do doador e garantir a gratuidade do ato. A retirada de órgãos de um paciente em morte encefálica para ser transplantada em um indivíduo possivelmente desconhecido, não deixa de ser algo considerado um drama chocante entre morte e vida. A ideia de que um ente querido se tornará em pedaços, tirandolhe o coração, fígado, córneas, rins, em favor de um desconhecido, sucinta um sentimento de rebelião e recusa. Por outro lado, fará ressurgir a uma vida radicalmente revigorada, seres humanos, quase moribundos, ou presos a uma máquina para sobreviver. Desta maneira o sentido da morte muda de face (CICCONE, 1999). Quanto à forma de obtenção, especificamente falando em órgãos oriundos de seres humanos, a questão mais importante é a do resguardo da voluntariedade e da espontaneidade no ato de doar órgãos, aceitando que o bem comum está acima da vontade do indivíduo e permitindo a apropriação dos órgãos de cadáveres ou que o indivíduo é proprietário do seu corpo e, desta forma, pode dispor do mesmo como melhor lhe aprouver. O número de candidatos a transplantes inscritos em lista de espera em nosso Estado cresce continuamente. A demanda reprimida decorrente exerce pressões de todo tipo, que resultam em técnicas e iniciativas destinadas a aumentar o suprimento de enxertos, seja de doador cadáver seja de doador vivo (GOLDIM, 2005). A utilização de órgãos de doadores cadáveres tem sido a solução mais promissora para o problema da demanda excessiva. A dificuldade inicial foi o estabelecimento de 81 RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis .Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 77-98. Set. 2010/Dez. 2010. critérios para caracterizar a morte do indivíduo doador. A mudança do diagnóstico cardiorrespiratório para o encefálico possibilitou um grande avanço neste sentido. Os critérios para a caracterização de morte encefálica foram propostos, no Brasil, pelo Conselho Federal de Medicina através da resolução CFM 1480/97. Na doação de órgãos do doador cadáver muda-se a discussão da origem para a forma de obtenção: doação voluntária, consentimento presumido, manifestação compulsória (GOLDIM, 2005). A alocação dos órgãos para transplante, assim como de outros recursos escassos deve ser feita em dois estágios. O primeiro estágio deve ser realizado pela própria equipe de saúde, contemplando os critérios de elegibilidade, de probabilidade de sucesso e de progresso à ciência, visando à beneficência ampla. O segundo estágio, a ser realizada por um Comitê de Bioética, pode utilizar os critérios de igualdade de acesso, das probabilidades estatísticas envolvidas no caso, da necessidade de tratamento futuro, do valor social do indivíduo receptor, da dependência de outras pessoas, entre outros critérios mais (GOLDIM, 2005). A consciência da desonestidade na recusa , assim como os danos consequentes disso, coloca urgente, o problema de como promover uma cuidadosa e extensa superação dos maiores e mais difundidos obstáculos e convincente recepção da perspectiva de doação de órgãos e tecidos. O que se pretende é fornecer elementos para um posicionamento adequado frente a essas vertentes, na medida em que se transformam, considerando que na historia do comportamento humano, grandes descobertas sempre coincidiram com modificações de costumes e abolição de normas impeditivas, exigindo revisão dos princípios que as disciplinavam. Senão mais, essas modificações mostram que não existem princípios e regras de comportamento dogmáticos ou imutáveis, mas que, pelo contrário, podem evoluir para posições até então sequer admissíveis. (RAIA, 2003). É fundamental relatar que todas as religiões sejam cristãos, evangélicos ou espíritas são receptíveis a doação de órgãos e tecidos, a única exceção encontrada é em relação aos seguidores testemunhas de Jeová que não aceitam doação de sangue. Após o diagnóstico de morte encefálica, a família deve ser consultada e orientada sobre o processo de doação de órgãos. A entrevista deve ser clara e objetiva, informando “que a pessoa está morta e que, nessa situação os órgãos podem ser doados para transplante”. Essa conversa pode ser realizada pelo próprio médico do paciente, pelo médico da UTI ou pelos membros da equipe de captação, que prestam todas as informações que a família necessitar. O RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis .Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 77-98. Set. 2010/Dez. 2010. 82 assunto deve ser abordado em uma sala privativa com ambiente calmo, todos os presentes sentados e bem acomodados (MOZACHI, 2005). ASPECTOS GERAIS DOS TRANSPLANTES Morte Encefálica (ME) As mortes violentas representam a primeira causa das mortes encefálicas, seguidas pelos acidentes vasculares cerebrais, neoplasias, doenças do aparelho respiratório, doença perinatal, doenças metabólicas e infecto-contagiosas. As mortes violentas envolvem, em sua maioria, vítimas com uma faixa etária jovem constituindo-se os melhores potenciais doadores. A segunda causa de notificação envolve, em sua maioria, adultos com idade superior a 40 anos, o que acarreta restrições quanto à doação de alguns órgãos. Para a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) ME é: “É uma lesão irrecuperável e irreversível do cérebro após traumatismo craniano grave, tumor intracraniano ou derrame cerebral”, ou seja, é a interrupção definitiva de todas as atividades cerebrais. De acordo com a comissão para os estudos dos problemas éticos na pesquisa comportamental médica e biomédica, ME “É um quadro clínico num paciente com idade superior a dois anos, portador de uma doença estrutural ou metabólica conhecida, de caráter completa e indubitavelmente irreversível, expressando uma total falência das funções de todo o encéfalo inclusive do tronco encefálico, quadro clínico este que persiste de maneira invariável por um período mínimo de seis horas.” A resolução 1.480 de 08 de agosto de 1997 do conselho federal de medicina (CFM) que cita os critérios para determinação da ME. Considera que “É a parada total e irreversível das funções encefálicas, equivale à morte”. Dispõe em seu artigo 1º que a morte encefálica será caracterizada através da realização de exames clínicos e complementares durante intervalos de tempo variáveis, próprios para determinadas faixas etárias. A falha no reconhecimento ou o reconhecimento tardio do portador de ME pode levar à perda de órgãos devido à parada cardiorrespiratória inesperada, Instabilidade hemodinâmica ou infecção. A grande maioria dos portadores de ME é constituída por pacientes vítimas de problemas cerebrais: traumatismo crânioencefálico (TCE), hemorragia subaracnóide, neoplasias cerebrais não-metastatizantes ou isquemia cerebral. (PEREIRA, 2004). 83 RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis .Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 77-98. Set. 2010/Dez. 2010. Art. 4º. Os parâmetros clínicos a serem observados para constatação de morte encefálica são: coma aperceptivo com ausência de atividade motora supra-espinal e apnéia. Em seu art. 5º define o intervalo mínimo entre os duas avaliações clínicas necessárias para caracterizar ME. a) De 7 dias a 2 meses incompletos - 48 horas b) De 2 meses a 1 ano incompleto - 24 horas c) De 1 ano a 2 anos incompletos - 12 horas d) Acima de 2 anos - 6 horas O avanço da tecnologia nas diversas áreas, fez com que acontecesse o que há anos atrás era improvável, manter vivo um corpo morto, a invenção dos ventiladores mecânicos, as unidades de terapia intensiva e determinadas drogas associadas a um corpo técnico qualificado proporciona essa condição. A ME não deve ser confundida com o coma profundo (estado vegetativo, que pode ser reversível), o artigo 6º da mesma resolução trás que os exames complementares a serem observadas para constatação de ME deverão demonstrar de forma inequívoca, a ausência de atividade elétrica cerebral ou, ausência de atividade metabólica cerebral ou, ausência de perfusão sanguínea cerebral. O exame clínico neurológico torna-se indispensável para o diagnóstico da ME, que além de ser preciso o coma tem que ter uma causa conhecida e de caráter irreversível. O diagnóstico é baseado na anamnese, exame clínico e exames laboratoriais. Para que ocorra a confirmação de ME, são necessárias três avaliações realizadas por médicos diferentes sendo um deles neurologista ou neurocirurgião e que não faça parte de nenhuma equipe transplantadora, o exame complementar deverá ser feito por um terceiro médico entre a 1ª e 2ª prova ou como 3ª prova. O exame clínico- A hipotermia e a hipernatremia fazem parte da fisiopatologia da ME. A hipotermia decorre da destruição do centro termorregulador no hipotálamo, devido à lesão encefálica, associada à inabilidade de vasoconstrição por perda do tônus simpático. É classifica em leve (temperatura corporal < 35ºC); moderada (temperatura corporal < 32,2ºC) e grave (temperatura corporal< 28°C). A hipernatremia tem etiologia multifatorial, provocada também, em parte, por lesão neurológica, dessa vez no nível da neuro-hipófise, comprometendo a produção de 84 RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis .Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 77-98. Set. 2010/Dez. 2010. hormônio antidiurético (vasopressina), o que configura o quadro de diabetes insípido central. O exame neurológico compatível com ME apresenta três achados: a) A presença de coma sem resposta motora supra-espinhal- A ocorrência de movimentos reflexos ou automatismos medulares, não excluem o diagnóstico de ME, estudos comprovam que a existência desses reflexos em pacientes com diagnóstico estabelecido de ME é de 44%. b) Ausência de reflexos do tronco cerebral- o exame deve avaliar as vias reflexas do mesencéfalo, ponte e bulbo, nessa sequência, a lesão neuronal progride, em geral, no sentido crânio-caudal. A pupila deve-se avaliar o tamanho e a reatividade à luz. Na ME são de tamanho médio (de 4 a 6 mm) ou midriáticas, sem resposta a luz (reflexo fotomotor ausente). Reflexo córneo-palpebral pesquisa-se tocando levemente a córnea com uma mecha de algodão. A resposta normal é o fechamento dos dois olhos por contração do músculo orbicular. Na ME está resposta está ausente. Reflexo oculocefálico paciente em ME não apresenta esse movimento ocular compensatório à rotação lateral da cabeça (manobra dos olhos de boneca). Não deve ser realizado quando há suspeita de trauma cervical. Reflexo oculovestibular antes de realizar a pesquisa desse reflexo, certificar-se de que não haja obstrução do canal auditivo por cerume ou lesão timpânica que dificulte ou impeça, a correta realização do exame. A cabeça deve ser mantida elevada a 30º durante a infusão de 50 ml de líquido (soro fisiológico ou água) próximo de 0ºC, em cada ouvido. A resposta fisiológica normal é a ocorrência de movimentos oculares lateralizados (nistagmo horizontal). Na ME não há resposta motora ocular reflexa. c) Apnéia na existência de estímulo respiratório máximo- A avaliação do centro respiratório, localizado no bulbo, consiste na realização do teste da apnéia, da seguinte maneira: hiperoxigenação do paciente com FIO2 de 100% por 10 minutos; desconexão do ventilador, sendo instalado um cateter de oxigênio endotraqueal ao nível da Carina, com fluxo de 6 l/min; monitoração do ritmo cardíaco, da pressão arterial sistêmica e da saturação arterial de oxigênio por oximetria de pulso, durante todo o procedimento e observação da presença de movimentos respiratórios até a PaCO2 atingir 55mmHG. O teste é considerado positivo quando o paciente apresenta apnéia em todo o período. Este teste deve ser suspenso caso o paciente desenvolva instabilidade hemodinâmica, distúrbio no ritmo cardíaco ou hipóxia, podendo apresentar como complicação parada cardíaca (caso ocorra deverá ser utilizados manobras de ressuscitação). 85 RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis .Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 77-98. Set. 2010/Dez. 2010. Exames complementares- Podem ser classificados quanto ao tipo de princípio fisiológico avaliado e quanto à aplicabilidade em determinadas faixas etárias. A demonstração de atividade elétrica cerebral é feita por eletroencefalograma (EEG); a ausência de atividade circulatória cerebral pode ser determinada pela angiografia, cintilografia radioisotópica, Doppler transcraniano, monitoração da pressão intracraniana, tomografia computadorizada por xenônio e tomografia por emissão de fóton único. Atividade metabólica ausente pode ser evidenciada pelo PET. Crianças entre 7 dias e 2 anos, o exame indicado é o EEG, que deve ser, no mínimo, realizado duas vezes. O exame complementar ideal seria aquele não – invasivo com alta sensibilidade e especificidade, baixo custo, boa praticidade e aplicabilidade (de preferência na beira do leito), disponibilidade, e com menos interferências de fatores sistêmicos, como distúrbios metabólicos e drogas sedativas. (GARCIA et al, 2006). A terapia contínua após a expedição de um atestado de ME só se justifica na preservação de órgãos para transplantes ou quando se tratar de uma grávida com um feto viável. O atestado de morte encefálica equivale a um atestado de óbito, e a data documentada por esse atestado é a data do óbito a ser considerada para todos os procedimentos médicos legais. (PEREIRA, 2004). A parada total e irreversível das funções encefálicas será constatada através da observação desses critérios, registrados em protocolo, devidamente aprovado pela comissão de Ética da Instituição Hospitalar. Deverá ser comunicado imediatamente tal fato aos seus responsáveis legais, antes de adotar qualquer medida adicional. (PEREIRA, 2004). Doador O transplante de órgãos sólidos, a partir do início da década de 80, deixou de ter caráter experimental e passou a ser importante opção terapêutica para pacientes portadores de doenças orgânicas terminais nos quais o tratamento convencional não foi eficaz. Muitos pacientes são privados desse método terapêutico devido à dificuldade na obtenção de órgãos para transplante. Essa dificuldade é devida a problemas culturais e médico-legais, associados ao reconhecimento tardio e a abordagem inadequada do potencial doador de órgãos. (PEREIRA, 2004). Classificação dos doadores: 86 RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis .Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 77-98. Set. 2010/Dez. 2010. Doador vivo é um cidadão juridicamente capaz, que nos termos da lei, possa doar órgão ou tecido sem comprometimento de sua saúde e aptidões vitais. Pela legislação vigente, parentes até quarto grau e cônjuges podem ser doadores; não parentes somente com autorização judicial. Pode- se doar em vida, um dos rins, parte do pulmão, parte do fígado e medula óssea. Doador cadáver na atualidade esse tem sido o mais importante doador de órgãos. A retirada post-mortem de órgãos e tecidos destinados a transplante deve ser precedida de diagnóstico de Morte Encefálica. O transplante só pode ser autorizado após a realização, no doador, de testes de triagem para afastar infecção sanguínea. Um doador cadáver pode doar órgãos e tecidos para até 12 pessoas (receptores na Lista Única), todavia, após a retirada, o cadáver é condignamente recomposto e entregue à família ou aos responsáveis legais para o sepultamento. Os órgãos que podem ser doados: Doador com o coração batendo: coração, fígado, pulmão, rins, pâncreas, córneas, pele, ossos, cartilagem, tendão, veias, valva cardíaca e intestino. Doador com o coração parado: córneas, pele, valvas cardíacas e ossos. Possível doador: qualquer pessoa que possua os critérios para ser testado para ME (em coma de causa conhecida, Glashow 3, no respirador) ou que apresentou morte de causa neurológica, sem que fossem realizados os testes de morte encefálica. Não deve apresentar contra-indicações absolutas, previamente conhecidas, para a doação. Não deve ser considerado como possível doador um paciente com critérios para ME, com diagnóstico conhecido de neoplasias e AIDS. Potencial doador possível doador em que foi realizado pelo menos o primeiro teste clínico para ME. Doador efetivo potencial doador em que foi removido pelo menos um órgão sólido, para transplante. Não é considerado doador efetivo se foi removidos apenas tecidos. (GARCIA, 2006) Cada órgão tem um tempo médio de sobrevida entre sua retirada do doador e o transplante no receptor. Esse intervalo varia de acordo com as condições de quem doa e de quem recebe. 87 RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis .Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 77-98. Set. 2010/Dez. 2010. Tabela 1 – Os órgãos e tempo de retirada e posterior conservação. ÓRGÃOS/TECIDOS TEMPO PARA RETIRADA TEMPO DE PRESERVAÇÃO Coração Antes da PC* Até 4 a 6 horas Pulmão Antes da PC Até 4 a 6 horas Rins Até 30 min pós- PC Até 48 horas Fígado Antes da PC Até 2 a 24 horas Pâncreas Antes da PC Até 12 a 24 horas Córneas Até 6 horas pós-PC Até 7 dias Ossos Até 6 horas pós-PC Até 5 anos Pele Até 6 horas pós-PC Até 5 anos Valva cardíaca Até 10 horas pós-PC Até 5 anos Fonte: PEREIRA (2004) * PC= Parada Cardíaca Os critérios absolutos para exclusão de órgãos para transplante são: Infecção por sepse bacteriana ou fúngica, hepatites ou encefalites viróticas, AIDS, infecção ativa por citomegalovírus ou infecção herpética sistêmica, tuberculose ativa, sífilis, doença de chagas e uso habitual de drogas. Malignidade (exceto tumores primários do SNC ou carcinomas de pele ou cervical localizado) e traumatismo direto no órgão. Tabela 2 - critérios para doação de órgãos específicos. Córneas De 1 a 65 anos*, história pregressa negativa para cirurgia ou doença intraocular. Rins De 1 mês a 75 anos*, história negativa de doença renal, perfusão renal adequada, débito urinário adequado. Fígado ≤ a 75 anos*, peso e altura do doador satisfatórios, prova da função hepática normais, ausência de etilismo. 88 RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis .Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 77-98. Set. 2010/Dez. 2010. ≤ 60 anos*, altura e peso do doador satisfatório, RX de tórax e ECG Coração normais, PC não prolongada, doses baixas de agentes inotrópicos positivos. Coração/pulmão Mesmos critérios para coração mais: Trauma ou infecção pulmonar ausente, ventilação artificial < 24 horas, se possível trocas gasosas adequadas com FiO2 < 30%, diâmetro torácico do receptor adequado, ausência de tabagismo. ≤ 65 anos*, amilase plasmática normal, história familiar negativa para Pâncreas diabetes melito. * Fonte: PEREIRA (2004) As idades do doador são as recomendadas pelo Instituto de transplantes de Pittsburgh A doação de órgãos por portadores de sorologia positiva para hepatite C tem sido motivo de controvérsias. Há evidencias de transmissão do vírus da hepatite C após transplantes. Porém como a carência de órgãos é muito séria, admite-se a utilização de órgãos vitais (coração, pulmão e fígado) de portadores de sorologia positiva para hepatite C. (PEREIRA, 2004). Os possíveis doadores de órgãos devem ser submetidos a uma avaliação laboratorial rigorosa. De acordo com a lei nº 9.434/97 em seu artigo 2º parágrafo único (com redação dada pela lei 10.211/2001) “A realização de transplantes ou enxertos de tecidos, órgãos e partes do corpo humano só poderá ser autorizada após a realização, no doador, de todos os testes de triagem para diagnóstico de infecção e infestação exigido em normas regulamentares expedidas pelo ministério da saúde.” O processo doação-transplante pode ser definido como um procedimento médico composto de uma série de etapas ordenadas de forma precisa, que transforma órgãos de pessoas mortas em órgãos disponíveis para transplante. Esse processo, que pode envolver mais de cem profissionais e durar de 14 a72 horas, tem início com a sociedade que fornece os órgãos e tecidos e termina com esta, sendo beneficiado com esses transplantes. Em decorrência do pequeno número de casos diagnosticado de ME e do complexo processo de obtenção de órgãos, o número insuficiente de doadores para atender à crescente demanda de pacientes em lista de espera passou a ser o maior obstáculo para a realização de transplantes. Portanto a falta de órgãos para transplantes reflete não apenas a falta de 89 RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis .Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 77-98. Set. 2010/Dez. 2010. potenciais doadores, mas também, e principalmente, a falha em convertê-los em doadores efetivos. (GARCIA et al, 2006). Na detecção dos potenciais doadores em UTI ou emergência, é fundamental a participação da equipe intensivista e toda equipe multiprofissional em especial o profissional enfermeiro, uma vez que a equipe de enfermagem presta cuidados contínuos 24 horas por dia. Vários fatores implicam na dificuldade de profissionais de saúde em envolver-se no processo de doação, sendo eles: Tabela 3 – Fatores que provocam dificuldade na atuação do profissional de saúde. - Falta de treinamento médico na identificação e no manejo clínico do potencial doador. - Desconhecimento de como iniciar o processo de doação. - Receio de complicações legais. - Trabalho extra, envolvidos na manutenção do potencial doador. - Desconforto com o conceito de morte encefálica. - Desconhecimentos dos critérios de indicação e contra-indicação para doação. - Dificuldade em considerar seu paciente como doador de órgãos. - Relutância em entrevistar a família num momento de sofrimento. Fonte: GARCIA (2006.) Considerando a Portaria Nº 2.600/GM, de 21 de outubro de 2009, que aprova o Regulamento Técnico do Sistema Nacional de Transplantes com a finalidade de implementar estratégias destinadas a promover o fortalecimento e o aprimoramento do Sistema Nacional de Transplantes -SNT, a melhoria do processo de doação/transplante, o aumento do número de notificações de morte encefálica e a efetivação de doadores e, consequentemente, do número de captações de órgãos e tecidos e de transplantes realizados. No SNT, as funções de órgão central são exercidas pelo Ministério da Saúde por meio da Coordenação-Geral do Sistema Nacional de Transplantes – CGSNT, do departamento de Atenção Especializada – DAE, da Secretaria de Atenção à Saúde – SAS. As Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos - CNCDOs são as unidades executivas das atividades do SNT. O credenciamento das CNCDOs é realizado 90 RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis .Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 77-98. Set. 2010/Dez. 2010. através da Secretarias Estaduais de Saúde e do Distrito Federal ou órgãos equivalentes – SES solicita à CGSNT o credenciamento da CNCDO. De acordo com a mesma resolução, considera-se importante a organização de uma rede de apoio às instituições hospitalares nas diversas etapas do processo de doação de órgãos e tecidos; e a pertinência do estabelecimento de mecanismos para a criação, a estruturação, o funcionamento e o financiamento de Organizações de Procura de Órgãos e Tecidos – OPO. Em seu artigo 1º § 2º a mesma tem a função de coordenação supra-hospitalar responsável por organizar e apoiar, no âmbito de sua atuação e em conformidade com o estabelecimento no regulamento técnico do SNT, as atividades relacionadas ao processo de doação de órgãos e tecidos, a manutenção de possível doador, a identificação e a busca de soluções para as fragilidades do processo, a construção de parcerias, desenvolvimento de atividades de trabalho e a captação para a identificação e efetivação da doação de órgãos ou tecidos. A CNCDO-GO (Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos de Goiás), criada em 1998, é formada por uma equipe multiprofissional da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás, subordinada ao Sistema Nacional de Transplantes (SNT) do Ministério da Saúde (MS). De acordo com a portaria GM Nº 3.407 de 05 de agosto de 1998, seção II Das Coordenações Estaduais, em seu artigo 3º § 1º; Caberá às Coordenações Estaduais de Transplante: elaborar normas complementares a este regulamento, de âmbito estadual; autorizar a criação de CNCDO Regionais; encaminhar solicitações de credenciamento das CNCDO à Coordenação do SNT, conforme o disposto no § 1o do artigo 5º do Decreto n.º 2.268, de 1997; supervisionar o funcionamento das CNCDO em sua área de atuação; enviar anualmente as informações sobre as atividades relacionadas aos transplantes à Coordenação do SNT e indicar os coordenadores intra-hospitalares de captação de órgãos, partes e tecidos. Cada Unidade da Federação poderá criar uma CNCDO, desde que em seu território existam equipes especializadas e estabelecimentos de saúde habilitados a efetuar diagnóstico de morte encefálica, a retirar órgãos e realizar transplantes e enxertos. A portaria Nº 1752/GM de23 setembro de 2005, determina a constituição de Comissão Intra-Hospitalar de Doação de órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) em todos os hospitais públicos, privados e filantrópicos com mais de 80 leitos. Considerando a necessidade de envolver, de forma mais efetiva e organizada, os hospitais integrantes do Sistema Único de Saúde - SUS no esforço coletivo de captação de órgãos, especialmente aqueles que disponham de UTI cadastradas, que sejam integrantes dos Sistemas Estaduais de Referência Hospitalar em Atendimento de Urgências e Emergências e/ou que realizem 91 RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis .Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 77-98. Set. 2010/Dez. 2010. transplantes; considerando que a existência e o funcionamento de CIHDOTT permitem uma melhor organização do processo de captação de órgãos, melhor identificação dos potenciais doadores, mais adequada abordagem de seus familiares, melhor articulação do hospital com a respectiva CNCDO, e que, por fim, viabilizam uma ampliação qualitativa e quantitativa na captação de órgãos. A CIHDOTT deve ser composta por no mínimo três membros de nível superior, integrantes do corpo funcional do estabelecimento de saúde, dentre os quais 1 (um) médico ou enfermeiro, designado como Coordenador Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante. Os membros da Comissão não devem ser integrantes de equipe de transplante e/ou remoção de órgãos ou tecidos ou integrar equipe de diagnóstico de morte encefálica. O coordenador deverá ter certificação de Curso de Formação de Coordenadores Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante, ministrado pelo SNT ou pelas CNCDO validado pelo SNT, texto ditado pela portaria 1262/2006. Receptor De acordo com o decreto nº 2.268/1997 que regulamenta a lei 9.434/1997 em seu capítulo 5 do transplante ou enxerto seção I do consentimento do receptor art. 22 “O transplante ou enxerto só se fará com o consentimento expresso do receptor, após devidamente aconselhado sobre a excepcionalidade e os riscos do procedimento”. E em seu primeiro parágrafo nos diz que: “§1º Se o receptor for juridicamente incapaz ou estiver privada dos meios de comunicação oral ou escrita, ou ainda, não souber ler e escrever, o consentimento para a realização do transplante será dado por um de seus pais ou responsável legal, na ausência do qual a decisão caberá ao médico assistente, se não for possível, por outro modo mantê-lo vivo”. Todo paciente que precisa ser transplantado é inscritos na lista única de receptores do Sistema nacional de Transplantes do Ministério da Saúde (cuja ordem é seguida com rigor, sob supervisão do Ministério Público), por uma equipe responsável pelo procedimento do transplante. A partir desse cadastro, a central de transplantes emite uma lista de receptores inscritos, compatíveis para o doador; no caso dos rins deve-se se fazer ainda uma nova seleção por compatibilidade imunológica ou histológica. Os transplantes somente poderão ser realizados em pacientes com doença progressiva ou incapacitante, irreversível, por outras técnicas terapêuticas. 92 RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis .Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 77-98. Set. 2010/Dez. 2010. Segundo a portaria 2601 a Fila Única é constituída pelos receptores em potencial brasileiros, natos ou naturalizados, inscritos para recebimento do órgão, tecido, célula ou parte do corpo, que estiverem regularmente cadastrados no Cadastro Técnico Único – CTU. Os mesmos devem ter seus dados clínicos no CTU referente a cada tipo de órgão, tecido, célula ou parte do corpo para que a distribuição deles a estes potenciais receptores ocorra dentro de um conjunto de critérios específicos, sendo que um mesmo paciente não poderá integrar dois cadastros, ao mesmo tempo, em diferentes CNCDO. Os dados clínicos dos candidatos a receptor, inscritos no Sistema de Lista Única, constituem o CTU. A ficha para inscrição em lista de espera pela CNCDO deve conter, no mínimo, os seguintes dados: I - nome completo; II - data de nascimento; III - nome da mãe; IV - CPF; V - Cartão SUS; VI - peso, nos casos em que se aplique; VII - altura, nos casos em que se aplique; VIII - endereço completo; IX - telefones para contato; X - equipe transplantadora; XI estabelecimento de saúde onde será realizado o transplante; XII - diagnóstico; XII resultados dos exames laboratoriais e outros realizados, com a respectiva data de realização, nos casos em que se aplique; e XIV - outras informações clínicas relevantes, a critério do médico assistente. Com o objetivo de contribuir para a redução do tempo de espera em lista para transplantes de órgãos de doadores falecidos e melhorar a qualidade de vida dos receptores, poderão ser utilizados doadores com critérios expandidos, sendo que, neste caso, as equipes especializadas deverão informar dados complementares na ficha de inscrição no CTU, com manifestação expressa do receptor e da equipe a respeito das condições do órgão que são aceitáveis para seu receptor. Os serviços que realizarão os exames anatomopatológicos necessários ao controle e auditoria do princípio legal da lista única deverão ser indicados pela CNCDO Estadual. É atribuição da equipe especializada e do estabelecimento de saúde, sob supervisão de seu diretor clínico, manter atualizadas as informações cadastrais dos potenciais receptores sob seus cuidados assistenciais, inclusive os dados para a ficha complementar no CTU para transplante de órgãos ou tecidos, conforme definido pela CNCDO e que deverá conter as informações definidas para tal em cada módulo de transplante. 93 RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis .Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 77-98. Set. 2010/Dez. 2010. Compatibilidade A compatibilidade imunogenética entre doadores-receptores ao transplante de órgãos ou de tecidos se dá através da imunologia de transplantes. O complexo maior de histocompatibilidade (MHC), denominado no homem de Sistema HLA (Human Leukocyte Antigen) está envolvido nos mecanismos de reconhecimento celular, visando proteger o organismo de agressões externas e da regulação da resposta imunológica envolvendo, na maioria das vezes os antígenos HLA do órgão transplantado. A resposta imunológica acontece pela intervenção dos elementos de defesa, com o envolvimento de anticorpos, de numerosos mecanismos de regulação e de fatores amplificadores celulares. A semelhança genética entre doador e receptor contribuirá para o sucesso e a sobrevida do órgão transplantado. Pode-se dizer que os transplantes de órgãos ou tecidos são classificados em: Autotransplante: transplante de órgãos, tecidos ou células do mesmo indivíduo. Isotransplante: transplante entre indivíduos da de mesma constituição genética (gemelares); Alotransplantes: transplantes feitos com órgãos de indivíduos da mesma espécie (são os mais comuns); Xenotransplante: entre indivíduos de espécies diferentes (ainda em caráter experimental). A rejeição de transplantes contribuiu enormemente para a imunologia, pois através de seus estudos foi possível à identificação dos antígenos de histocompatibilidade e uma melhor compreensão da fisiologia das células T, as principais responsáveis pela rejeição. O transplante de órgãos é atualmente aceito como uma opção terapêutica efetiva para doenças crônicas terminais e seu objetivo principal é o sucesso sem a ocorrência de rejeição. A prevenção da rejeição pode ser feita através de testes prévios comparando os antígenos de histocompatibilidade do doador com o do receptor (prova de reação cruzada), através da terapia imunossupressora ou ambos. A rejeição do órgão transplantado (enxerto) ocorre quando o receptor reconhece o tecido enxertado como estranho. Esse reconhecimento se faz através dos antígenos pertencentes ao sistema de histocompatibilidade principal, designados no homem como antígenos leucocitários humanos (HLA), presentes nas células do enxerto. A reação é muito complexa e envolve a imunidade celular e anticorpos circulantes. A participação desses dois 94 RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis .Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 77-98. Set. 2010/Dez. 2010. mecanismos varia entre os enxertos, podendo participar um ou outro mecanismo, às vezes os dois. Atuação do enfermeiro Manutenção do potencial doador O reconhecimento e a manutenção dos potenciais doadores em ME estão entre os grandes desafios enfrentados pelas equipes que atuam em UTIs e Emergências. Neles estão implicadas questões de cunho ético, legal e filosófica, tanto quanto aspectos afetivos que envolvem a família e a equipe, numa situação extremamente delicada e desgastante, essa é umas das principais etapas para o êxito dos transplantes. Inicialmente o potencial doador é extensivamente avaliado do ponto de vista clínico e laboratorial bem como em relação à determinação do grupo sanguíneo, perfil sorológico, peso, altura, idade, doença de base e história clínica pregressa, informações indispensáveis inclusive para a equipe de captação. O cuidado com o potencial doador de órgãos é semelhante àquele dispensado a doentes graves. O objetivo do tratamento passa a ser direcionada à preservação da função dos órgãos e a otimização da oferta de O2 para os tecidos. O doador de órgãos deve ser submetido a uma monitorização mínima, porque instabilidade hemodinâmica é inerente a ME. As principais medidas de avaliação e intervenção de enfermagem, dirigidas ao doador cadáver incluem: Tabela 4 – Avaliação e intervenção. INTERVENÇÃO OBJETIVO Indispensável na prevenção de úlceras por pressão e Mudança de decúbito atelectasias. Cuidado redobrado com a pele. Descompressão gástrica e prevenindo aspirações. Sondagem nasogástrica Sondagem vesical de A mensuração e a monitorização do débito urinário permitem a avaliação da função renal. demora Possibilitará a monitoração da PVC. Indispensável como guia Acesso venoso central para a reposição volêmica. Administração de drogas vasoativas, em caso de hipotensão. Obtenção de arterial Monitorização acesso Permite a monitorização da pressão arterial média (PAM) e coleta de amostras com maior rapidez. Indispensável na detecção e no diagnóstico precoce de 95 RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis .Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 77-98. Set. 2010/Dez. 2010. eletrocardiográfica Reposição volêmica arritmias cardíacas. Manter a PVC em níveis ideais. Persistindo a hopovolemia, será recomendada a administração de drogas vasoativas em bomba de infusão. Fonte: PEREIRA (2004.) A parada cardíaca ocorre em aproximadamente 25% dos potencias doadores de ME, como já foi abordado, deve-se realizar as manobras avançadas de ressuscitação. Deve ser reforçada para toda a equipe a importância do diagnóstico precoce da condição de parada cardíaca, e a instituição imediata da ventilação com oxigênio a 100% e das compressões torácica, com o intuito de manter os órgãos perfundidos e prevenir os efeitos adversos da acidose. Os vasopressores (dopamina e noradrenalina) são necessários para manter a pressão arterial, na maioria dos pacientes com ME. As doses terapêuticas desses medicamentos devem ser os menores possíveis, para manter-se o efeito terapêutico desejado. Após a estabilização hemodinâmica do doador, continua-se a administração de líquidos e eletrólitos. Para a manutenção recomenda-se a administração de solução salina hipotônica, soluções glicosadas devem substituir soluções salinas se não houver hiperglicemia grave. Essa medida pode promover aumento dos estoques hepáticos de glicogênio, com efeitos favoráveis na recuperação da função hepática pós-transplante. A poliúria é comum após a ME e pode ser secundária às seguintes condições: Diurese osmótica consequente à hiperglicemia, a hipernatremia ou à administração de substâncias osmoticamente ativas (manitol para tratamento de edema cerebral), hipotermia ou diabetes insípido. A correção da poliúria deve ser orientada para o ajuste dos fatores causais, devem ser administrada insulina, se houver hiperglicemia e vasopressina, em caso de diabetes insípido etc. A hipofosfatemia e a hipocalcemia graves devem ser corrigidos, para evitar depressão miocárdica. Cabe a equipe de enfermagem ficar atenta aos sinais vitais (PA, Tax, FC e SaO2). Verificando hipotermia, providenciar aquecimento adequado, podendo utilizar um foco bem próximo ao corpo, cobertores, soros aquecidos se não houver resposta às tentativas anteriores. Realizar anotações de enfermagem sobre todos os procedimentos prestados ao potencial doador. RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis .Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 77-98. Set. 2010/Dez. 2010. 96 Tabela 5 - objetivos finais do tratamento do doador. Pressão arterial sistólica 90-100 mmHg Pressão venosa central 10-12 cmH2O Débito urinário 100-250 mL/hora Temperatura corporal > 35ºC Hematócrito 25-30% SaO2 > 95% pH arterial 7,35-7,45 mmHg Fonte: PEREIRA (2004) Cuidados com o receptor O trabalho do profissional enfermeiro deve ser no sentido de, exercendo suas funções de assistência, administração, ensino, pesquisa e consultoria, investir esforços na identificação e na prevenção de complicações e intervir para a recuperação integral da qualidade de vida do receptor e a entrega do corpo do doador em condições dignas para sua família. A modalidade terapêutica transplante veio enfatizar a importância da capacitação e da qualificação dos enfermeiros que atuam nesta área. E para que haja uma assistência de enfermagem de qualidade, diferenciada, é imprescindível que, além do domínio técnico, exista sistematização de suas ações. Estabelecendo e reavaliando o diagnóstico de enfermagem, conforme a evolução do cliente, o enfermeiro intervirá com segurança em todos os níveis de alterações apresentadas pelo mesmo, nas diversas fases do tratamento. (PEREIRA, 2004). Devem-se criar protocolos assistenciais de enfermagem para garantir esta sistematização, a padronização das condutas dos profissionais, a construção de parâmetros de qualidade para assistência e a redução de variações indesejadas nas condutas. Uma vez candidato ao transplante, o cliente é encaminhado ao enfermeiro da equipe, que, mediante protocolos preestabelecidos, realizará a consulta de enfermagem utilizando o processo de enfermagem, com a coleta de dados, exame físico e as demais fases, individualizando o atendimento. Orientar o cliente e a família quanto à: 97 RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis .Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 77-98. Set. 2010/Dez. 2010. Protocolo de exames pré – operatórios, incluindo finalidades, preparos, procedimentos e locais de realização. Cirurgia incluindo pré, trans e pós - operatório. Importância da adesão ao tratamento com imunossupressor. Lista de espera. Realizar as visitas domiciliares, feitas pelas equipes multidisciplinares. Programar junto aos enfermeiros das unidades de internação UTI e centro cirúrgico, as visitas pré-operatórias de acordo com protocolos específicos de cada setor e conforme as condições e o interesse do cliente e da família. Cientificar-se das avaliações dos demais membros da equipe multiprofissional. Informar-se dos resultados dos exames laboratoriais, imagenológicos, histopatológicos realizados durante a avaliação pré-operatória dos vários sistemas e órgãos. Manter integração entre a CNCDO e a equipe de transplante. Participar de reuniões multiprofissionais administrativas e científicas da equipe de transplantes. Todos os enfermeiros que estão envolvidos com o cliente devem participar dessas reuniões, nas quais são apresentados e discutidos temas relacionados com a modalidade terapêutica, os casos dos pacientes que estão em lista de espera e os dos internados. CONSIDERAÇÕES FINAIS Observa-se no contexto histórico dos transplantes, que houve um notável amadurecimento das ideias em relação às técnicas, tratamento e tudo o que diz respeito ao assunto. Com o surgimento dos antimicrobianos, das UTIs e profissionais qualificados proporcionaram uma condição maior de sobrevida aos pacientes com patologias crônicas. A legalidade dos transplantes no Brasil e a estruturação existente contribuem positivamente para os resultados crescentes dos transplantes realizados no país, o qual se encontra em segundo lugar no ranking mundial. Em contra partida, estamos longe de comemorar esses resultados, uma vez que no estado de Goiás existem na lista de espera mais de 3.000 pessoas conforme dados da central estadual de transplantes no ano de 2008. Contudo pode-se verificar através do presente estudo que há uma deficiência de bibliografias referente ao tema, este item associado a falta de educação continuada e as 98 RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis .Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 77-98. Set. 2010/Dez. 2010. melhores condições de trabalho sugerem um entendimento de restrição de conhecimento do profissional enfermeiro, no qual poderá comprometer todo o processo de doação de órgãos. REFERÊNCIAS GARCIA, V. D. et. al . Transplante de órgãos e tecidos. 2ª ed., São Paulo: Segmento farma, 2006. PEREIRA, W. A. Manual de transplantes de órgãos e tecidos. 3ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. CICCONE, L. Bioética e transplantes de órgãos. Bauru, SP: Edusc, 1999. SALES, O. Leitura e interpretação de exames em enfermagem. 3ª ed., Goiânia: AB, 2008. MAZACHI, N., SOUZA, V.H.S. O hospital: manual do ambiente hospitalar. 10ª ed., Curitiba: anual Real, 2005. FIGUEREDO, N.M.A. Método e metodologia na pesquisa científica. 3ª ed., São Caetano do Sul, SP: Yendis, 2008. MARCONI, M. A., LAKATOS, E.M. Fundamentos de metodologia científica. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2009. WOLKOFF, A.G. Dicionário ilustrado de termos médicos e saúde. São Paulo: Rideel, 2005. http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Lista_de_Espera.pdf. Acessado em 05/03/2010 às 18h15min. http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/TRANSPLANTES_2009.pdf. Acessado em 05/03/2010 às 18h18min. http://www.transplantes.pe.gov.br/como_funciona.htm. Acessado em 02/04/2010 às 15h27min. www.ufrgs.br.bioética/transprt.htm acessado em 14/04/2010 às 18h20min. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 04, 99 – 117. Set. 2010/Dez. 2010. DINAMOMETRIA E ESCLEROSE MÚLTIPLA REVISÃO DA LITERATURA Adriano Luís Fonseca Juliana Couto Kliver Marin Pedro Ranna Glauco Marques Zanin Daniela R. P. Fonseca Resumo: Abstract: É uma revisão bibliográfica sobre força de Preensão Palmar em portadores de EM, utilizando o Dinamômetro como principal meio de medição. Foram utilizados dados de artigos retirados da LILACS, Medline, Scielo, Google Acadêmico, no período de 1970 até 2010,utilizando-se das palavras chaves: Preensão Palmar,Esclerose Múltipla e Dinamômetro. Síntese de dados: A medição da força de preensão palmar em portadores de Em tem como objetivo principal fornecer o nível de fadigabilidade dos membros superiores de portadores de Em principalmente no estágio secundário progressivo da doença onde já se encontra instalados os sinais neurológicos. It is a literature review on grip strength in patients with MS, using dynamometry as a primary means of measurement. We used data from articles taken from LILACS, MEDLINE, SCIELO.GOOGLE ACADEMIC, from 1970 to 2010, using key words: Palmar Grasp, Multiple Sclerosis and Dynamometer. Data synthesis: The measurement of hand grip strength in patients on main goal is to provide the level of fatigability of the upper limbs of patients mainly in the secondary progressive stage of the disease which is already installed neurological signs. Palavras-chave: Key-words: Força de preensão Palmar, Esclerose Múltipla e Dinamômetro. Hand grip strength, Dynamometer. multiple sclerosis and INTRODUÇÃO A EM é uma doença de caráter geralmente progressivo, na qual a inflamação e desmielinização da substancia branca do sistema nervoso central resulta em vários sinais e sintomas neurológicos. Após 10 anos do início dos sintomas 50% dos pacientes poderão estar inaptos para fazerem atividades profissionais e mesmo domésticas. A evolução da EM é extremamente variável e imprevisível. Identificam-se dois cursos bem distintos da EM: o primeiro se denomina curso remitente/recorrente, mais comum no adulto jovem, onde os sintomas e sinais neurológicos são transitórios, sendo imprevisível o 100 FONSECA, Adriano Luís; COUTO, Juliana; MARIN, Kliver; RANNA, Pedro; ZANIN, Glauco Marques; FONSECA; Daniela R.P. Dinamometria e esclerose múltipla: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO VOL. 01, Nº 04, 99-117. Set. 2010/Dez. 2010. momento e a característica do próximo surto; e o segundo, denominado curso progressivo, no qual os sintomas e sinais neurológicos instalados se intensificam, sem remissão sendo o quadro neurológico mais sistematizado, geralmente com comprometimento motor (sistema piramidal e /ou cerebelar) e manifesta-se mais frequentemente aos 40 anos (CALLEGARO, 2001). A força de preensão palmar não é simplesmente uma medida da força da mão ou mesmo limitada à avaliação do membro superior. Ela tem muitas aplicações clínicas diferentes, sendo utilizada, por exemplo, como um indicador da força total do corpo,e neste sentido é empregada em testes de aptidão física. Vários instrumentos diferentes foram projetados para mensurar a força de preensão palmar, desde a simples adaptação de equipamentos de pressão sanguínea até sistemas computadorizados sofisticados. Desenvolvido por Bechtol no ano de 1954 o dinamômetro Jamar consiste em um sistema hidráulico de aferição, sendo considerado o instrumento mais aceito para avaliar a força de preensão palmar, por ser relativamente simples, fornecer leitura rápida e direta, além de sua fácil utilização em diferentes campos de pesquisa e atuação clínica em nível ambulatorial. (MOREIRA. D, 2003) REVISÃO DE LITERATURA Esclerose Múltipla A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica, progressiva, autoimune, caracterizada por inflamação e desmielinização da substância branca do sistema nervoso central (SNC). Essa doença resulta em sinais e sintomas neurológicos com períodos flutuantes de exacerbações e remissões de grande impacto familiar, afeta principalmente adultos jovens, entre 20 e 40 anos, de causa desconhecida, atingindo preferencialmente o sexo feminino e indivíduos com predisposição genética. A doença é rara em crianças, assim como o surgimento de sintomas em adultos acima de 50 anos de idade. (DELISA; GANS, 2002; FERNANDES, 2008.; SULLIVAN; SCHMITZ; 2004). A causa da EM é uma área de pesquisa contínua. A atividade auto-imune resulta em desmielinização, mais o antígeno sensibilizado não foi identificado. Acredita-se que a exposição ambiental na juventude pode desempenhar alguma função no desenvolvimento da EM, em um momento posterior na vida. A predisposição genética é indicada pela presença de um agrupamento específico (haplotipo) dos antígenos leucocitários humanos (HLA) na parede 101 FONSECA, Adriano Luís; COUTO, Juliana; MARIN, Kliver; RANNA, Pedro; ZANIN, Glauco Marques; FONSECA; Daniela R.P. Dinamometria e esclerose múltipla: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO VOL. 01, Nº 04, 99-117. Set. 2010/Dez. 2010. celular. A presença de seu Haplotipo pode promover a suscetibilidade aos fatores,como os vírus,que deflagram a resposta auto-imune ativada na EM. (VER. BRAS. ENFERMAGEM, BRASÍLIA 2007, JUL- AGO; 60(4):460-3) A evolução da EM é extremamente variável e imprevisível. Identificam-se dois cursos bem distintos da EM: o primeiro se denomina remitente/recorrente, mais comum no adulto jovem, onde os sinais e sintomas são transitórios, sendo imprevisível o momento e a característica do próximo surto; e o segundo, denominado curso progressivo, no qual os sinais e sintomas neurológicos instalados se intensificam, sem remissão, sendo o quadro neurológico mais sistematizado, geralmente com comprometimento motor (sistema piramidal e/ou cerebelar) e manifesta-se mais frequente após os 40 anos. Em termos de frequência, o curso remitente é mais comum, sendo observado aproximadamente em 85% dos pacientes (CALLEGARO, 2001). No Brasil, tornou imprescindível a interação dos vários centros especializados, com a finalidade de realização de estudos multicêntricos que abordem os vários aspectos da doença. Existe dificuldade inerente ao diagnóstico, tendo como obstáculos para tal, a falta de colaboração de médicos no registro de casos e de precariedade da assistência médica estatal (LIMA et al.; 2008). A prevalência de EM varia consideravelmente no mundo. A razão para essa variação prevalência/incidência é desconhecida (SCHLUSSEL et al.; 2008), mas costuma ser mais comum em áreas de clima temperado. A prevalência geográfica é mais elevada no norte da Europa, sul da Austrália, norte dos Estados Unidos e sul do Canadá. No Brasil, os estudos realizados na cidade de São Paulo, mostram taxa de prevalência de aproximadamente 5/100000 habitantes e estudos recentes realizado pela federação mundial de sociedades de EM avaliaram que 1,1 milhões de pessoas em todo mundo possui a doença (FERREIRA et al.; 2004; ALMEIDA; 2007 ). O Brasil é considerado um país de baixa prevalência da EM,existindo contudo ragiões que apresentam média incidência,como demonstram estudos em cidades como São Paulo,Belo Horizonte e Botucatu. Especula-se que essa diferença em diversas regiões do Brasil decorra em parte da nossa diversidade genética e do nosso índice de miscigenação. Esses fatores, aliados a grande extensão territorial do Brasil seriam responsáveis pela concentração de determinadas características genéticas e fenotípicas em algumas regiões do nosso país. Apesar desses fatores, observações epidemiológicas dos grupos de estudo do Projeto Atlântico-Sul,Departamento Científico de Neuroimunologia da Academia Brasileira 102 FONSECA, Adriano Luís; COUTO, Juliana; MARIN, Kliver; RANNA, Pedro; ZANIN, Glauco Marques; FONSECA; Daniela R.P. Dinamometria e esclerose múltipla: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO VOL. 01, Nº 04, 99-117. Set. 2010/Dez. 2010. de Neurologia e do Comitê Brasileiro para Pesquisa e Tratamento da Esclerose Múltipla (BCTRIMS) demonstram casos em EM são observados na quase totalidade do território brasileiro (ARQ NEUROPSIQUIATR,2006;64(3-A)). A causa da EM é desconhecida. Os sintomas neurológicos parecem resultar de um mecanismo imunológico direcionado contra antígenos mielínicos, que desnuda os axônios, reduzindo a velocidade de condução nervosa e levando aos sintomas neurológicos (TILBETY et al.; 2005). A doença tem um curso lento e progressivo, com períodos de exacerbação e remissão dos sintomas que variam enormemente de um indivíduo para o outro em termos de apresentação clínica e gravidade dos sintomas apresentados, dependendo do local da lesão (LIMA et al.;2009). O curso da doença é altamente imprevisível. Nos estágios iniciais, pode ocorrer remissão relativamente completa dos sintomas, á medida que a doença progride, as remissões podem ser menos completas com aumento das disfunções neurológicas e complicações que afetam múltiplos sistemas do corpo. Um mesmo paciente pode, portanto, apresentar lesões em diferentes estágios de evolução/regeneração (MORALES et al.; 2007; SULLIVAN; SCHMITZ; 2004 ). A EM pode ser classificada da seguinte forma: EM remitente-recorrente, EM primariamente progressiva, EM secundariamente progressiva (LIMA et al.; 2008). A doença é classificada de acordo com a apresentação inicial e sua forma de progressão. A forma mais comum é a surto-remissiva, presente inicialmente em 85% dos casos, enquanto, em media 15% dos pacientes apresentam a forma primariamente progressiva (WEILER; 2008). A EM remitente-recorrente é definida naqueles pacientes que apresentaram surtos claramente definidos com remissão completa ou incompleta mantendo períodos sem progressão entre os surtos. Geralmente o paciente exibe dois ou mais surtos com duração maior que 24 horas e intervalo mínimo de 30 dias entre cada surto. A EM primariamente progressiva é definida naqueles pacientes que apresentam curso progressivo de incapacidade desde o início da doença, ao longo de no mínimo seis meses, sem platô ou remissões ou com platôs ocasionais e pequenas melhoras temporárias. A EM secundariamente progressiva é definida naqueles pacientes que apresentam um curso inicial tipo remitente-recorrente que posteriormente, geralmente após 10 a 20 anos, evoluem com piora progressiva dos sintomas neurológicos com um acúmulo gradual de déficits neurológicos, com ou sem surtos ocasionais, discretas remissões e platôs (CALLEGARO, 2001; DELISA; GANS, 2002; WEILER; 2008). 103 FONSECA, Adriano Luís; COUTO, Juliana; MARIN, Kliver; RANNA, Pedro; ZANIN, Glauco Marques; FONSECA; Daniela R.P. Dinamometria e esclerose múltipla: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO VOL. 01, Nº 04, 99-117. Set. 2010/Dez. 2010. Forma benigna é definida naqueles pacientes caracterizados como portadores da forma remitente-recorrente que apresentam pelo menos 10 anos de história clínica, com pouco ou sem incidência de déficit neurológico. Alguns desses pacientes, no entanto podem desenvolver a doença progressiva posteriormente. Já a forma maligna, em que ocorre um desenvolvimento particularmente grave da EM progressiva primária, levando à morte fulminante pela doença ou 5 anos após o seu inicio (DELISA; GANS; 2002). As manifestações clínicas da EM são variáveis de paciente para paciente e sua evolução usualmente não é linear, caracterizada por piora dos sintomas, acúmulo de incapacidades intercaladas no início da doença, por períodos variáveis de melhora. Estas variações são difíceis de quantificar na prática neurológica, motivo pelos quais os instrumentos disponíveis para estas avaliações terem sido, até a presente data, um desafio constante (TILBERY et al.; 2005). As EM apresenta diversas manifestações clínicas como diminuição das funções motora, sensitiva, cerebelar, cognitiva, urogenital, mental e visual, que se caracterizam por períodos de exacerbação intercalados com períodos de remissão. Apesar da EM afetar, potencialmente, qualquer parte do SNC, muitos pacientes portadores desta doença apresentam como primeiro sinal o comprometimento ocular. Alterações súbitas ou silenciosa na visão são comuns (SIBINELLI,2000). O diagnóstico da doença é estabelecido por critérios clínicos sendo o mais recente o de McDonald et al (2001) 2. A clássica disseminação no tempo e no espaço da EM é ainda indicada, nestes novos critérios, como fundamento do diagnóstico clinico, sendo necessário a constatação de dois surtos e duas evidências objetivas de comprometimento neurológico para que o diagnóstico seja firmado. Crescente valor é atribuído a Ressonância magnética (RM) agora já aceita como apoio ao diagnóstico precoce de EM, desde que as alterações de imagem preencham os critérios de Barkhof e Tintoré 2. Alterações na RM de crânio como extensas áreas de hipersinal em T2 localizadas na substância branca periventricular, áreas de hipointensidade em T1 sugestivas de lesão axonal (.black holls.) e sinais de atrofia cerebral são também utilizados como indicadores de gravidade de doença 3. No entanto persistem muitos questionamentos considerando-se o.paradoxo clinico radiológico. 4 observado nesta enfermidade, O prognóstico da EM a longo prazo não se correlaciona diretamente com as alterações na neuroimagem. Por isto, as definições de EM benigna ou maligna são dadas exclusivamente baseadas em critérios clínicos. Brian Weinshenker 5 da Clinica Mayo (USA) define EM benigna considerando o tempo de duração da doença (mínimo de 10 anos) e a 104 avaliação FONSECA, Adriano Luís; COUTO, Juliana; MARIN, Kliver; RANNA, Pedro; ZANIN, Glauco Marques; FONSECA; Daniela R.P. Dinamometria e esclerose múltipla: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO VOL. 01, Nº 04, 99-117. Set. 2010/Dez. 2010. neurológica (índice de Incapacidade igual ou menor do que 3).(ALVARENGA,2004) Atualmente, não há exames de sangue, de imagem, testes genéticos, exame de Líquor Cefalorraquidiano (LCR) que possam, por si, determinar se a pessoa tem EM ou pode vir a tê-la no futuro. O diagnóstico é clínico com base no histórico do paciente (queixas passadas e presentes), na avaliação dos sintomas percebidos e relatados pelo paciente e na presença de sinais neurológicos detectados durante o exame neurológico. A ressonância magnética (RM) permite descartar com muita segurança outras enfermidades e como os potenciais evocados permitem evidenciar lesões desmielinizantes não suspeitadas clinicamente, chegando assim a um diagnóstico de certeza da EM na maioria dos casos, realizando-se, além disso, o diagnóstico mais precoce (ALMEIDA; 2007). A desmielinização ocorre no SNC, e refere-se à destruição da mielina, um material gorduroso e proteináceo que circunda determinadas fibras nervosas no cérebro e na medula espinhal; ela resulta em comprometimento da transmissão dos impulsos nervosos e altera de forma intermitente a função neurológica. Os sinais e sintomas da EM variam consideravelmente, dependendo da localização de lesões específicas, podendo comprometer três regiões do SNC: a) medula espinhal - causa fraqueza, espasmos musculares, fadiga, distúrbios sexuais, etc; b) tronco cerebral - causa diplopia, nistagmo, ataxia, disartria e disfagia, e c) hemisférios cerebrais - causa declínio intelectual, depressão, euforia, demência, entre outras alterações. Fenômenos transitórios também podem ser referidos: epilepsia, espasmos tônicos e fenômeno de Uhthoff (obscurecimento temporário da visão decorrente do aumento da temperatura corporal em pacientes com esclerose múltipla), sensações vestibulares anormais como vertigem, desequilíbrio, frequentemente acompanhadas de náuseas e vômitos, são comuns em seu curso clínico. Nos estágios avançados, os pacientes demonstram envolvimento grave, sintomas comuns incluem paraplegia, bexiga neurogênica, comprometimento visual, tremor intencional e instabilidade emocional. Em caos mais graves, os pacientes podem se tornar completamente incapacitados (PAVAN et al.; 2007; ANDRADE et al; 2007; ALMEIDA; 2007; SULLIVAN; SCHMITZ; 2004). Os déficits cognitivos na EM são comuns, vistos em aproximadamente 50% dos pacientes. Os comprometimentos na função cognitiva podem incluir déficits na memória, na atenção e concentração, no aprendizado, no raciocínio conceitual, na velocidade de processamento de informações, no tempo de reação, e nas funções executivas (como planejar, sequenciar, resolver problemas, automonitoração e autocorreção). O nível de disfunção 105 FONSECA, Adriano Luís; COUTO, Juliana; MARIN, Kliver; RANNA, Pedro; ZANIN, Glauco Marques; FONSECA; Daniela R.P. Dinamometria e esclerose múltipla: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO VOL. 01, Nº 04, 99-117. Set. 2010/Dez. 2010. cognitiva é um fator importante na determinação da qualidade de vida, atividades sociais, estado de empregabilidade e função nas AVDs (SULLIVAN; SCHMITZ; 2004). A espasticidade também é um problema extremamente comum em pacientes com EM, ocorrendo em 90% dos casos. A espasticidade pode variar de leve a grave, dependendo da progressão da doença, sendo tipicamente mais marcante nos membros inferiores do que nos superiores. A espasticidade pode também causar dor, contraturas incapacitantes, posturas anormais e problemas para manter a integridade da pele. Em pacientes com doença avançada, a espasticidade pode ser bastante incapacitante e difícil de lidar (SULLIVAN; SCHMITZ; 2004). A fadiga é um sintoma subjetivo e pode ser definida como sensação de cansaço físico ou mental profundo, perda de energia ou sensação de exaustão, com características diferentes daquelas observadas na depressão ou fraqueza muscular. É referida com frequência em portadores de EM sendo descrita como um dos mais incapacitantes sintomas da doença. Pode se manifestar a qualquer hora do dia, inclusive ao repouso e estar presente em todas as formas evolutivas da doença, sendo mais grave nas formas progressivas (PAVAN et al.; 2007). A mensuração da fadiga é considerada o aspecto central da sua avaliação e, devido ao seu caráter multidimensional, tem sido realizada através de escalas de auto-avaliação. Usualmente os instrumentos utilizados para mensurar a fadiga na EM são de auto-resposta, em que o indivíduo descreve e pontua a sua fadiga. (DELISA; GANS, 2002; LEBRE et al.; 2007). Os sinais e sintomas são polimorfos e dependem das localizações das lesões desmielinizantes. O déficit é um dos mais frequentes, por compromisso unilateral no nervo óptico (neurite óptica).Alterações sensoriais,como parestesias e disestesias, são frequentemente sintomas inaugurais da doença. Prurido intenso, unilateral, principalmente nos dermátomos cervicais também é sugestivo dessa patologia. A nevralgia do trigêmino pode ser o sintoma inaugural da doença e a vertigem é também muitas vezes observada (3050%).(FERNANDES,2009) Apesar do impacto da doença variar, de acordo com o tipo de EM, de indivíduo para indivíduo, frequentemente, em sua progressão diária, os sintomas mais comuns incluem fadiga, disfunções intestinais e da bexiga, problemas de visão, tremores, espasmos, alterações da fala, dificuldades para engolir, disfunções sexuais, dificuldade em executar as atividades básicas do cotidiano (como comer, tomar banho, vestir e cuidar dos afazeres domésticos), 106 FONSECA, Adriano Luís; COUTO, Juliana; MARIN, Kliver; RANNA, Pedro; ZANIN, Glauco Marques; FONSECA; Daniela R.P. Dinamometria e esclerose múltipla: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO VOL. 01, Nº 04, 99-117. Set. 2010/Dez. 2010. dificuldades de aprendizado e concentração, problemas de locomoção, dores e depressão. (Associação Brasileira de Esclerose Múltipla). Como consequência desses sintomas, a EM pode afetar de modo substancial e adverso a Qualidade de Vida (QV) das pessoas. Além disso, muitas pessoas com EM abandonam seus trabalhos e passam a depender de parentes ou programas governamentais para seu sustento, seja este financeiro ou não. É importante avaliar a força muscular em indivíduos com EM uma vez que, a fraqueza muscular é comum e frequentemente causa deficiência. Após mensurar a intensidade desta força, é possível ter noção do quanto o paciente foi afetado, e neste sentido, escolher exercícios que possa melhorar a força e a resistência, o que tem sido feito em vários programas de reabilitação (DELISA; GANS, 2002). FORÇA DE PREENSÃO PALMAR A força de preensão palmar é um índice objetivo da integridade funcional dos membros superiores (GILBERT, 1983; MOURA; MOREIRA; CAIXETA, 2008). Estudos descrevem que a força da mão está correlacionada com a força da extremidade superior, força geral do corpo e algumas medidas antropométricas. Esse índice objetivo auxilia na monitorização do progresso dos pacientes com lesões do segmento (RANTANEN et al., 1992; SHIFFMAN, 1992; TSUJI et al., 1995). A preensão palmar abrange duas classes de movimentos: preênsil e não-preênsil. Os movimentos de preensão englobam aqueles em que um objeto fixo ou solto é agarrado por uma ação de apertar ou pinçar entre os dedos e a palma da mão. Os movimentos não-preênseis incluem vários movimentos como empurrar, levantar, bater e pontear os dedos, como ao escrever à máquina, dedilhar um instrumento musical de cordas (NAPIER, 1983). O movimento preênsil se divide em pinça lateral, de polpa e terminal (REIDER, 2001). A pinça lateral ocorre ao realizar o movimento onde há um contato do polegar com a borda lateral do dedo indicador (REIDER, 2001). Magee (2005) afirma que a pinça lateral é realizada ao gerar um contato com o polegar e a face lateral do indicador, não havendo assim uma oposição. Já a pinça de polpa necessita de uma pequena rotação para permitir que a falange distal do polegar venha formar um triângulo com as falanges distais dos dedos indicador e médio (REIDER, 2001). Magee (2005) Denomina este tipo de pinça como de três pontas, onde ocorre o contato e oposição da polpa digital do polegar com a polpa digital dos 107 FONSECA, Adriano Luís; COUTO, Juliana; MARIN, Kliver; RANNA, Pedro; ZANIN, Glauco Marques; FONSECA; Daniela R.P. Dinamometria e esclerose múltipla: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO VOL. 01, Nº 04, 99-117. Set. 2010/Dez. 2010. dedos indicador e médio. A pinça terminal é formada quando há um encontro entre a extremidade distal do polegar totalmente oposta à extremidade distal de um dos dedos (REIDER, 2001). Ainda, podemos observar que outros tipos de pinça preênsil tais como pinça cilíndrica, de gancho, em punho, esférica e de precisão são descritas na literatura (SIMON et al., 2000; REIDER, 2001; MOORE et al., 2001; MAGGE, 2005; ANAKWE; HUNTLEY; MCEACHAN, 2007). A preensão cilíndrica envolve o polegar e toda a mão para segurar um objeto (MAGEE, 2005). Moore e colaboradores (2001) classificam este tipo de preensão como força de “pega” (aperto palmar) e afirma que os movimentos dos dedos exercem uma força contra a palma da mão, colocando uma pressão a um objeto contra o polegar. A pinça de gancho utiliza aproximadamente 5% da atividade da mão permitindo que os dedos recurvados segurem uma alça ou sustentem o objeto com atuação dos flexores longos dos dedos (REIDER, 2001). (MAGEE, 2005) Afirma que todos os dedos ou apenas o 2º e o 3º quirodáctilo realizam a preensão em gancho sendo permitida pelos flexores e extensores do antebraço, podendo envolver as articulações interfalângicas e metacarpofalâgicas, assim não sendo utilizado o polegar. A preensão em punho é realizada envolvendo um objeto estreito onde os quirodáctilos realizam uma flexão pressionando o objeto em oposição ao polegar (MAGGE, 2005). A preensão esférica ocorre uma oposição maior onde a mão adquire um aspecto côncavo na face palmar englobando um objeto esférico (MAGGE, 2005). A preensão de precisão envolve a mudança na posição de um objeto que requer o controle preciso dos movimentos de dedos e do polegar (MOORE et al., 2001). A importância da mensuração da força de preensão é fornecer um índice objetivo da integridade funcional dos membros superiores. Os dados colhidos auxiliam o médico e o terapeuta a interpretar resultados e a estabelecer metas adequadas de tratamento, além da aplicação clínica de avaliação da inabilidade, resposta ao tratamento e avaliação da habilidade de um paciente em retornar às atividades de vida diária (MOURA et al, 2008; 26(3):290-4) DINAMÔMETRO Inúmeros instrumentos estão disponíveis para quantificar a força de preensão palmar. O dinamômetro é considerado o instrumento mais acurado e preciso para aferição de Dinamometria Manual (DM). O aparato é formado por duas barras paralelas ligadas entre si, onde à medida que são apertadas provocam uma alteração diretamente proporcional à força de 108 FONSECA, Adriano Luís; COUTO, Juliana; MARIN, Kliver; RANNA, Pedro; ZANIN, Glauco Marques; FONSECA; Daniela R.P. Dinamometria e esclerose múltipla: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO VOL. 01, Nº 04, 99-117. Set. 2010/Dez. 2010. preensão. A força de preensão pode ser estabelecida em quilograma/força (kg/f) ou em libras/polegadas. O aparelho é simples, fácil manuseio, leitura rápida e direta (SCHLUSSEL et al., 2008; MATHIOWETZ et al., 1985; CAPORRINO et al., 1998; MOREIRA, 2003). Os aparelhos utilizados para esta medida de força podem ser classificados em quatro categorias: hidráulicos, pneumáticos, mecânicos e strain gauges (ou células de carga) (SCHLUSSEL et al., 2008). Dinamômetros hidráulicos são sistemas selados que medem a DM em quilograma/força ou libras por polegada ao quadrado. Diversos estudos utilizam este aparato para quantificar a Dinamometria Manual (DM) (SCHMIDT; TOEWS, 1970; MATHIOWETZ et al., 1985; HÄRKÖNEN; PIIRTOMAA; ALARANTA, 1993; CROSBY; WEHBÉ; MAWR, 1994; CAPORRINO et al., 1998; HANTEN et al., 1999; INCEL et al., 2002; BOADELLA et al., 2005), uma vez que este é recomendado pela American Society of Hand Therapists (ASTM) (CROSBY, 1994). O dinamômetro hidráulico contém uma manopla que pode ser regulada dentro de 5 posições (1 a 5). A posição 1 permite menor espaço entre as barras de ferro e a posição 5 maior distância entre elas. A segunda posição é a mais utilizada segundo relatos de estudos que utilizaram a Dinamometria Manual (DM) (CROSBY; WEHBÉ; MAWR, 1994). Diversos modelos de dinamômetros mecânicos têm sido utilizados dentre eles os dinamômetros Harpenden (VAZ et al., 1996; QURESHI et al., 1998; LE CORNU et al., 2000) e Smedley (TERAOKA, 1979; WANG et al., 2005; WATANABE et al., 2005). Instrumentos pneumáticos utilizam um mecanismo de compressão em uma bolsa de ar para determinar a DM, em função da quantidade de tensão produzida em uma mola de aço (INNES, 1999; SCHLUSSEL et al., 2008). O dinamômetro do tipo strain gauges são aparelhos em que a força empreendida em uma célula carga é captada eletronicamente, amplificada e transmitida para um monitor digital (INNES, 1999; SCHLUSSEL et al., 2008). Muitos estudos têm demonstrado a confiabilidade da quantificação da força muscular com dinamômetro de preensão palmar (WILES, KAMI, 1983; van der PLOEG, OOSTERHUIS, REUVEKAMP, 1984; BOHANNON, 1986; BOHANNON, 1999; STUBERG, METALF, 1988; MERLINI et al., 2002; WILLEKE et al., 2006). Confiabilidade teste-reteste do dinamômetro hidráulico para medir a força muscular isométrica tem sido estudada em sujeitos assintomáticos e sintomáticos (WANG; OLSON; PROTAS, 2002). 109 FONSECA, Adriano Luís; COUTO, Juliana; MARIN, Kliver; RANNA, Pedro; ZANIN, Glauco Marques; FONSECA; Daniela R.P. Dinamometria e esclerose múltipla: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO VOL. 01, Nº 04, 99-117. Set. 2010/Dez. 2010. A acurácia do aparelho deve ser mantida por meio de calibração regular. Recomenda-se a calibração do dinamômetro hidráulico ao menos uma vez por ano, e mais frequentemente, entre 4 e 6 meses, quando utilizado diariamente. Portanto, não existem na literatura estudos examinando por quanto tempo o dinamômetro mantém sua acurácia, indicando desta forma, o tempo ótimo de recalibragem (INNES, 1999). Diferentes posições e protocolos têm sido observados para a aferição da DM (CROSBY et al., 1994; ASFORD et al., 1996; BOHANNON, 1997; KILMER et al., 1997; CAPORRINO, et al., 1998; NG; FAN, 2001; BEENAKKER; HOEVEN; MAURITS, 2001; SANDE et al., 2001;; MOREIRA et al., 2003; LUNA-HEREDIA; MARTIN-PENA; RUIZGALIANA, 2004; VERMEULEN, et al., 2005; ANAKWE; HUNTLEY; MCEACHAN, 2007; LEYK et al., 2007; SCHLUSSEL et al., 2008; GUNTHER, et al., 2008). Segundo a American Society of Hand Therapists (ASHT), a posição do indivíduo para realização da medida engloba: posição sentada, ombro a zero graus de abdução e rotação neutra, cotovelo fletido a 90 graus, antebraço e punho na posição neutra (MATHIOWETZ et al., 1985; HARKONEN; PIIRTOMAA; ALARANTA, 1993; CAPORRINO et al., 1998; ARMSTRONG; OLDHAM, 1999; NG; FAN, 2001). Alguns estudos descrevem pequenas variações nessa posição, por exemplo, que a posição do punho fosse auto-selecionada pelos indivíduos, para que obtivessem a força máxima de preensão (CROSBY; WEHBE; MAWR, 1994) ou ainda que alguns indivíduos se posicionassem de pé, ao invés de sentados, mas mantendo a posição padrão para o braço (HANTEN et al., 1999). O estudo realizado por Ng e Fan (2001) avalia se a posição do cotovelo afeta a força e reprodutibilidade das medidas de força de preensão palmar. Outro fator importante ao utilizar a DM envolve a posição de manuseio. Alguns instrumentos, como o dinamômetro hidráulico, permitem que se ajuste a pega ao realizar o teste. Isto quer dizer que é possível ajustar a empunhadura (ou posição de manuseio) do dinamômetro, para que melhor se adapte ao tamanho da mão e ao comprimento dos dedos do indivíduo (SCHLUSSEL et al., 2008). As manoplas de posicionamento referente a pegadas do dinamômetro podem ser ajustados em cinco posições de dentro para fora. A quinta posição do cabo, por exemplo, permite que haja maior distância entre a extremidade dos dedos e o cabo. A segunda posição do cabo do dinamômetro hidráulico é considerada a mais eficiente para testar força e tem sido adotada pela ASTH para testes rotineiros (MOREIRA et al., 2003). Bechtol (1954) descreve que as posições de manuseio mais utilizadas nos estudos revisados, particularmente nos 110 FONSECA, Adriano Luís; COUTO, Juliana; MARIN, Kliver; RANNA, Pedro; ZANIN, Glauco Marques; FONSECA; Daniela R.P. Dinamometria e esclerose múltipla: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO VOL. 01, Nº 04, 99-117. Set. 2010/Dez. 2010. estudos que se propõem a fornecer valores normativos para esta medida, são a segunda e a terceira posição do dinamômetro hidráulico. Innes (1999) também afirma que o dinamômetro hidráulico seja ajustado na segunda posição para aferição da DM. Ashford e colaboradores (1996) recomendam a terceira posição para homens e a segunda para mulheres, pelo fato destes níveis renderem força máxima de aperto para cada gênero. A determinação de uma sequência clara de instruções dadas aos indivíduos a serem avaliados é de suma importância. A motivação para realização do teste de força manual é extremamente necessária a fim de promover estimulo ao indivíduo para que este venha desenvolver a sua capacidade de contração voluntária máxima (JOHANSSON; KENT; SHEPARD, 1983). Não existe consenso na literatura sobre o número de aferições a ser realizada no teste de DM. Achados descrevem que apenas uma leitura pode ser realizada, maior entre duas ou três leituras (KLIDJAN et. al., 1980; GRIFFITH; CLARK, 1984; WEBB et. al., 1989; KALFARENTZOS et al., 1989; HIRSCH et. al., 1992; HUMPHREYS et al., 2002) e a média de 3 medidas (FIGUEIREDO et. al., 2000a; FIGUEIREDO et. al., 2000b). O procedimento mais comum observado nos estudos revisados é o registro da maior entre três leituras (KLIDJAN et. al., 1980; GRIFFITH; CLARK, 1984; WEBB et. al., 1989; KALFARENTZOS et. al., 1989; HIRSCH et. al., 1992; GUO et. al., 1996; QURESHI et. al., 1998; LÊ CORNU et. al., 2000; HUMPHREYS et. al., 2002; ALVARES DA SILVA; SILVEIRA, 2005; WANG et. al., 2005). Durante a realização do teste de DM é importante ressaltar o período de contração voluntária máxima. Innes (1999) descreve um tempo de 3 segundos para registrar a máxima leitura. Nos casos de avaliações repetidas de esforço, um período de descanso entre as aferições deve ser respeitado para evitar a fadiga muscular. A maioria dos estudos relata um período de descanso entre as medidas de, no mínimo, 1 minuto (VAZ et. al., 1996; CAPORRINO et. al., 1998; INCEL et. al., 2002; HILLMAN et al., 2005; HORNBY et al., 2005). Entretanto, intervalos menores também são observados, como por exemplo, no estudo de Hanten e colaboradores (1999) um período de 15 segundos e Boadella et. al. (2005) 2 a 5 segundos de repouso. A influência da dominância é uma questão a ser observada. Na década de 70, Schmidt e Toews descreveram uma diferença de 10% na força entre a mão dominante e a não dominante. Crosby et. al. (1994) também observaram uma diferença de 10,0% a mais na força da mão dominante em relação à não dominante em indivíduos destros. Mathiowetz e 111 FONSECA, Adriano Luís; COUTO, Juliana; MARIN, Kliver; RANNA, Pedro; ZANIN, Glauco Marques; FONSECA; Daniela R.P. Dinamometria e esclerose múltipla: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO VOL. 01, Nº 04, 99-117. Set. 2010/Dez. 2010. colaboradores (1985) sugerem que os valores de DM sejam apresentados não em termos de mão dominante e não dominante, mas simplesmente como DM direita e esquerda, uma vez que vários estudos avaliam a força independentemente da dominância. Outros fatores tais como idade, sexo e índice de massa corpórea (IMC) influenciam significativamente os valores de DM (INNES, 1999). Com relação à idade, observa-se um aumento na força da DM conforme a idade aumenta, atingindo um pico entre os 30-45 anos. Um declínio nesses valores para indivíduos com idade mais avançada é descrito na literatura. Os homens tendem a apresentar maiores valores de DM em relação às mulheres, independentemente do instrumento utilizado. Uma correlação significativa é observada entre a DM e IMC. Ressaltamos a grande importância de quantificar a força de preensão palmar a fim de registrar a evolução clínica de indivíduos portadores de patologias que acometem a função muscular dos membros. METODOLOGIA A metodologia utilizada para realização deste trabalho foi a revisão da literatura através de coleta de artigos científicos publicados em plataformas de pesquisas nacionais e internacionais utilizando o método investigativo e comparativo. Para obtenção dos dados, foi realizada pesquisa bibliográfica nas bases de dados: Lilacs, Medline, Scielo, Bireme e Google Acadêmico, sendo utilizadas as palavras chaves: Esclerose Múltipla, Força de Preensão Palmar e Dinamômetro. Sendo descartados os artigos que não se enquadram no tema proposto, e sem possibilidade de análise da bibliografia. CONCLUSÃO Grande parte da literatura atual, pouco descreve sobre a Dinamometria Manual e suas aplicações em pacientes portadores de Esclerose Múltipla, porém, nos achados literários observamos que os pesquisadores tendem a se concentrar na força da mão. Isto provavelmente ocorre porque a avaliação da força é um dos aspectos da função manual mais fácil de mensurar e de certa forma muito objetivo e tecnicamente de fácil compreensão e leitura. 112 FONSECA, Adriano Luís; COUTO, Juliana; MARIN, Kliver; RANNA, Pedro; ZANIN, Glauco Marques; FONSECA; Daniela R.P. Dinamometria e esclerose múltipla: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO VOL. 01, Nº 04, 99-117. Set. 2010/Dez. 2010. O dinamômetro é o sistema de calibração que ganhou mais aceitação clínica na detecção da força de preensão palmar, e tem sido utilizado regularmente em estudos de diversos pacientes acometidos pelas diversas patologias que afetam o sistema neurológico e músculo esquelético. Apesar das recomendações estabelecidas pela Sociedade Americana de Terapeutas de Mão, observa-se que ainda não existe um protocolo comum durante o procedimento do teste com o dinamômetro, em referencia a indivíduos saudáveis, porém, em se tratando de protocolo aplicável aos portadores de Esclerose Múltipla não foram identificados relatos de pesquisadores. Existe a necessidade de que novos estudos sejam padronizados com relação à análise da força de preensão palmar, principalmente no que se referem a procedimentos, técnicas e abordagem deste teste em pacientes portadores de Esclerose Múltipla. A força de preensão palmar, mensurada com o uso do dinamômetro, consiste em um procedimento objetivo, prático e de fácil utilização. Além disso, pode ser considerado como um importante parâmetro durante a avaliação e determinação da funcionalidade das mãos em diversas situações. A Esclerose Múltipla, por ser uma patologia de característica evolutiva e de agravamento do quadro clinico, com característica de alternância em períodos de remissões e reincindivas dos sinais clínicos, em particular, os sinais que agravam a cinética funcional do paciente, necessitam de acompanhamento especializado cotidianamente, portanto, a verificação da cinética funcional de membros superiores através do teste de força muscular e da força de preensão palmar por meio da dinamometria, pode ser uma forma eficaz de identificação e parametrização e do processo evolutivo do quadro cinético funcional do paciente portador de Esclerose Múltipla. 113 FONSECA, Adriano Luís; COUTO, Juliana; MARIN, Kliver; RANNA, Pedro; ZANIN, Glauco Marques; FONSECA; Daniela R.P. Dinamometria e esclerose múltipla: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO VOL. 01, Nº 04, 99-117. Set. 2010/Dez. 2010. REFERÊNCIAS 1. ALMEIDA LHR et al., Ensinando e aprendendo com portadores de esclerose múltipla: relato de experiência. Rev. Bras.Enferm., Brasília,Vol. 60, nº 4, July/ Aug., 2007. 2. ÁLVARES-da-SILVA MR, SILVEIRA TR. Comparison between handgrip strength, subjective global assessment, and prognostic index in assessing malnutrition and predicting clinical outcome in cirrhotic outpatients. Nutrition. 21(2):113-7 (2005). 3. ANAKWE, RE; HUNTLEY, JS; MCEACHAN, JE. Grip strength and forearm circumference in a healthy population. The journal of hand surgery. Vol 32, p.203-209 (2007). 4. ANDRADE EP et al., Alterações encontrados no potencial visual evocado por padrão reverso em pacientes com esclerose múltipla definida. Arq. Bras. Oftalmol., São Paulo, Vol. 70, nº 6, Novembro/ Dezembro, 2007. 5. ARMSTRONG CA, OLDHAM JA. A comparison of dominant and non-dominant hand strengths. J. Hand. Surg. [Br]. 24(4):421-5 (1999). 6. ASHFORD, RF. et al. Sensitive of the Jamar dynamometer in detecting submaximal grip effort. J. Hang. Surg. 21(3): 402-495 (1996). 7. BEENAKKER, E.A.C; Hoeven, van der Fock, J.M.; Maurits, N.M. References values of maximum isometric muscle force obtained in 270 children age 4-16 years by hand-held dynamometry. Neuromuscular Disorders. 11: 441-446 (2001). 8. BEENAKKER, E.A.C; Hoeven, van der Fock, J.M.; Maurits, N.M. References values of maximum isometric muscle force obtained in 270 children age 4-16 years by hand-held dynamometry. Neuromuscular Disorders. 11: 441-446 (2001). 9. BOADELLA JM, KUIJER PP, SLUITER JK, FRINGS-DRESEN MH. Effect of self-selected handgrip position on maximal handgrip strength. Arch. Phys. Med. Rehab. 86(2):328-31 (2005). 10. BOHANNON, RW. Manual muscle test score of knee extention strength. Arch. Phys. Med. Rehabil. 67: 390-2 (1986). 11. CALLEGARO D. Projeto Diretrizes.Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina.Academia Brasileira de Neurologia, jul. 2001. 12. CAPORRINO, F. A.; FALOPPA, B. G. S.; RÉSSIO, C.; SOARES, F. H. C.; NAKACHINA, L. R.; SEGRE, N. G. Estudo populacional da força de preensão palmar com dinamômetro Jamar®. Revista Brasileira de Ortopedia, São Paulo, v.33, n. 2, p. 150-154 (1998). 13. CROSBY CA, WEHBÉ MA, MAWR B. Hand strength: normative values. J. Hand Surg. 19(4): 665-70 (1994) 14. DELISA JA et al.Tratado de medicina de reabilitação:Princípios e prática. 3º Edição, Rio de Janeiro,Vol. 2.2002. 15. DURWARD, B. R. et al. Movimento funcional humano: mensuração e análise. 1. ed., São Paulo, Manole (2001). 16. 16. FERNANDES IR, CHARLES P, AVELAR , QUERIDO MC. Sentimento do paciente com esclerose múltipla sobre a auto-aplicação de imunomuduladores, Med. Reabilit., Janeiro/ Abril, 2008. 17. 17. FERREIRA MLB et al. Epidemiologia de 118 casos de esclerose múltipla com seguimento de 15 anos no centro de referência do Hospital da Restauração de Pernambuco. Arq. Neuro-Psiquiatr. São Paulo, Vol.62 .no.4. Dez. 2004. 114 FONSECA, Adriano Luís; COUTO, Juliana; MARIN, Kliver; RANNA, Pedro; ZANIN, Glauco Marques; FONSECA; Daniela R.P. Dinamometria e esclerose múltipla: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO VOL. 01, Nº 04, 99-117. Set. 2010/Dez. 2010. 18. FIGUEIREDO F, DICKSON ER, PASHA T, KASPAROVA P, THERNEAU T, MALINCHOC M, et al. Impact of nutritional status on outcomes after liver transplantation. Transplantation. 70(9): 1347-52 (2000a). 19. FIGUEIREDO FA, DICKSON ER, PASHA TM, PORAYKO MK, THERNEAU TM, MALINCHOC M, et al. Utility of standard nutritional parameters in detecting body cell mass depletion in patients with end-stage liver disease. Liver Transpl. 6(5):575-81 (2000b). 20. GILBERT, J; KNOWLTON, R. Simple method to determine sincerity of effort during a maximal isometric testo f grip strenght. American Journal of Physical Medicine. 62: 135-144 (1983). 21. GRIFFITH CDM, CLARK RG. A comparison of the „Sheffield‟ prognostic index with forearm muscle dynamometry in patients from Sheffield undergoing major abdominal and urological surgery. Clin. Nutr. 3(3):147-51 (1984). 22. GUNTHER CM et al. Grip strength in healthy Caucasian adults: reference values. JHS 33A:558-565 (2008). 23. GUO C, ZHANG W, MA D, ZHANG K, HUANG J. Hand grip strength: an indicator of nutritional state and the mix of postoperative complications in patients with oral and maxillofacial cancers. Br J Oral Maxillofac. Surg. 34(4):325-7 (1996). 24. HANTEN WP, CHEN WY, AUSTIN AA, BROOKS RE, CARTER HC, LAW CA, et al. Maximum grip strength in normal subjects from 24 to 64 years of age. J. Hand Ther. 12:193200 (1999). 25. HÄRKÖNEN R, PIIRTOMAA M, ALARANTA H. Grip strength and hand position of the dynamometer in 204 Finnish adults. J. Hand Surg [Br]. 18(1): 129-32 (1993). 26. HILLMAN TE, NUNES QM, HORNBY ST, STANGA Z, NEAL KR, ROWLANDS BJ, et al. A practical posture for hand grip dynamometry in the clinical setting. Clin Nutr. 24(2): 224-8 (2005). 27. HIRSCH S, DE LA MAZA MP, OBALDIA N, ESPINOZA J, HUBNER C, PETERMAN M, et al. Fuerza muscular: um indicador de estado nutritivo. Rev Med Chile. 120(6):615-20 (1992). 28. HORNBY ST, NUNES QM, HILLMAN TE, STANGA Z, NEAL KR, ROWLANDS BJ, et al. Relationships between structural and functional measures of nutritional status in a normally nourished population. Clin Nutr. 24(3):421-6 (2005). 29. HUMPHERYS J, De LA MAZA P, HIRSCH S, BARRERA G, GATTAS V, BUNOUT Muscle strength as a predictor of loss of functional status in hospitalized patients. Nutrition. 18(8):616-20 (2002). 30. INCEL NA, CECELI E, DURUKAN PB, ERDEM HR, YORGANCIOGLU ZR. Grip strength: Effect of hand dominance. Singapore Med J. 43(5):234-7 (2002). 31. INNES E. Handgrip strength testing: a review of literature. Aust Occup Ther J. 46(3):120-40 (1999). 32. JOHANSSON CA, KENT BE, SHEPARD KF. Relationship between verbal command volume and magnitude of muscle contraction. Phys Ther. 63(8): 1260-5 (1983). 33. KALFARENTZOS F, SPILIOTIS J, VELIMEZIS G, DOUGENIS D, ANDROULAKIS J. Comparison of forearm muscle dynamometry with nutritional prognostic index, as a preoperative indicator in cancer patients. JPENJ Parenter Enteral Nutr. 13(1):34-6 (1989). 34. KILMER, D.D et al. Hand-held Dynamometry reliability i persons with neuropathic weakness. Arch. Phys. Med. Rehabil. Vol. 78. December (1997). 115 FONSECA, Adriano Luís; COUTO, Juliana; MARIN, Kliver; RANNA, Pedro; ZANIN, Glauco Marques; FONSECA; Daniela R.P. Dinamometria e esclerose múltipla: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO VOL. 01, Nº 04, 99-117. Set. 2010/Dez. 2010. 35. KLIDJIAN AM, FOSTER KJ, KAMMERLING RM, COOPER A, KARRAN SJ. Relation of anthropometric and dynamometric variables to serious postoperative complications. BMJ. 281(6245): 899-901 (1980). 36. LEBRE AT et al. Relação entre fadiga e distúrbios autonômicos na esclerose múltipla .Arq.Neuro-Psiquiatr. São Paulo, Vol.65 .no.3a. Set. 2007. 37. LE CORNU KA, MCKIERNAN FJ, KAPADIA SA, NEUBERGER JM. A prospective randomized study of preoperative nutritional supplementation in patients awaiting elective orthotopic liver transplantation. Transplantation. 69(7): 1364-9 (2000). 38. LEYK, D. et al. Hand-grip strength of young men, women and highly trained female athletes. Eur J Appl Physiol 99:415-421 (2007). 39. LIMA EP, HAASE VG, PEIXOTO MAL. Heterogeneidade neuropsicológica na esclerose múltipla. Psicol. Reflex. Crit. Porto Alegre, Vol.21.no.1. 2008. 40. LIMA TMA, et al. Alterações dos potenciais evocados auditivos do tronco encefálico em pacientes com esclerose múltipla. Rev. Bras. Otorrinolagingol, São Paulo, Vol. 75, nº 2., Março/ Abril, 2009. 41. LUNA-HEREDIA E, MARTIN-PEÑA G, RUIZ-GALIANA J. Handgrip dynamometry in healthy adults. Clin Nutr. 24(2):250-8 (2005). 42. MAGEE DJ. Avaliação músculo-esqueletica. 4a ed. São Paulo: Manole (2005). 43. MATHIOWETZ V, KASHMAN N, VOLLAND G, WEBER K, DOWE M, ROGERS S. Grip and pinch strength: Normative data for Adults. Arch Phys Med Rehabil 66(2): 69-74 (1985). 44. MERLINI LUCIANO, MAZZONE ES, SOLARI ALESSANDRA, MORANDI LUCIA. Reability of hand-held dynammetry in spinal muscular atrophy. Muscle & Nerve: 64-70 (2002). 45. MOORE, KEITH L.; DALEY, ARTHUR F. Anatomia – Orientada para a clínica. 4 ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan (2001). 46. MORALES RR et al. Qualidade de vida em portadores de esclerose múltipla. Arq. NeuroPsiquiatr. São Paulo, Vol. 65. n.2b. Jun. 2007. 47. MOREIRA, Demóstenes et al. Abordagem sobre preensão palmar utilizando o dinamômetro JAMAR®: uma revisão de literatura. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. Brasília, v. 11, n. 2, p. 95-99, junho, 2003. 48. MOREIRA MA, FELIPE E, MENDES MF, TIBERY CP. Estudo descritivo de suas formas clínicas em 302 casos. Arq Neuropsiquiatria, 2000; 58(2-B): 460-466. 49. MOURA, PMLS; MOREIRA D; CAIXETA APL. Força de preensão palmar em crianças e adolescente saudáveis. Rev. Paul Pediatr 26(3): 290-4 (2008). 50. NAPIER, J. A mão do homem: anatomia, função, evolução. Rio de Janeiro, Editora Universidade de Brasília (1983). 51. NG, GYF; FAN, ACC. Does elbow position affect strength and reproducibility of power grip measurement? Physiotherapy, 87:2, 68-72 (2001). 52. O`SULLIVAN SB, SCHIMT TJ. Fisioterapia: avaliação e tratamento. Ed. Barueri, SP, 2004. 116 FONSECA, Adriano Luís; COUTO, Juliana; MARIN, Kliver; RANNA, Pedro; ZANIN, Glauco Marques; FONSECA; Daniela R.P. Dinamometria e esclerose múltipla: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO VOL. 01, Nº 04, 99-117. Set. 2010/Dez. 2010. 53. PAVAN K et al. Avaliação da fatigabilidade em pacientes com esclerose múltipla através do dinamômetro manual. Arq. Neuro-Psiquiatr. São Paulo,Vol.64. no.2a . Jun. 2006. 54. PAVAN K, et al. Esclerose múltipla: adaptação transcultural e validação da escala modificada de impacto de fadiga. Arq. Neuro-Psiquiatr. São Paulo, Vol.65. no.3a . Set. 2007. 55. PAVAN K et al. Reabilitação vestibular em pacientes com esclerose múltipla remitenterecorrente. Arq. Neuro-Psiquiatr. São Paulo, Vol.65 .no.2a. Jun. 2007. 56. QURESHI AR, ALVESTRAND A, DANIELSSON A, DIVINO-FILHO JC, GUTIERREZ A, LINDHOLM B, et al. Factors predicting malnutrition in hemodialysis patients: a crosssectional study. Kidney Int. 53(3): 773-82 (1998). 57. RANTANEN, T, PARKATTI, T and HEIKKINEN, E. Muscle strength according to level of physical exercise and educational background in middle-aged women in Finland, European Journal of Applied Physiology, 65, 507-515 (1992). 58. REIDER, BRUCE. O Exame Físico em Ortopedia. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, (2001). 59. SCHIMIDT RT, TOEWS JV. Grip strength as measured by the Jamar dynamometer. Arch Phys Med Rehab. 51(6):321-7 (1970). 60. SCHLUSSEL MM, et al. A dinamometria manual e seu uso na avaliação nutricional. Revista de Nutrição, Campinas, v.21, n.2, mar./abr. 2008. 61. SIMON, S. R. et al. Kinesiology. In: Buckwalter JÁ, Einhor TA, Simon SR. (Eds) Orthopaedics Basic science. Biology and biomechanics of the musculoskeletal system. 2 nd. Edn. Rosemont IL. American Academy of Orthopaedic Surgeons. 730-827 (2000). 62. SHIFFMAN, L. Effects of ageing on adult hand function. American Journal of Occupational Therapy, 46, 785-789 (1992). 63. STUBERG, W.A.; METCALF, W.K. Reliability of quantitative muscle testing in healthy children and in children with Duchenne muscular Dystrophy using a hand held dynamometer. Phys. Therapy. 68: 977-982 (1988). 64. TERAOKA T. Studies on the peculiarity of grip strength in relation to body positions and aging. Kobe J Med Sci. 25(1):1-17 (1979). 65. TILBERY CP et al. Padronização da Multiple Sclerosis Functional Composite Measure (MSFC) na população brasileira . Arq. Neuro-Psiquiatr. São Paulo, Vol.63.no.1. Mar. 2005. 66. TSUJI, B, TSUNODA, N, YATA, H, KATSUKAWA, F, Onishi, S and Yamazaki, H. Relationship between grip strength and radial bone density in young athletes. Archives of Physical Medicine and Rehabilitation, 76, 234-243 (1995). 67. VAN DER PLOEG R.J.O.; OOSTERHUIS H.J.G.H, REUVEKAMP J. Measuring muscle strenght. J. Neurol. 231: 200-203 (1984). 68. VAZ M, THANGAM S, PRABHU A, SHETTY PS. Maximal voluntary contraction as a functional indicator of adult chronic undernutrition. Br J Nutr. 76(1):9-15 (1996). 69. VERMEULEN HM, et al. A comparison of two portable dynamometers in the assessment of shouder and elbow streng. Phisiotherapy 91: 102-112 (2005) 70. WANG AY, SEA MM, HO ZS, Lui S, LI PK, WOO J. Evaluation of handgrip strength as a nutritional marker and prognostic indicator in peritoneal dialysis patients. Am J Clin Nut. 81(1):79-86 (2005). 71. WANG C; OLSON SL; PROTAS EJ. Test-retest strength reliability: hand-held dynamometry in Community-Dwelling Elderly Fallers. Acrh Phys Med Rehabil. vol 83, p. 811-815 (2002). 117 FONSECA, Adriano Luís; COUTO, Juliana; MARIN, Kliver; RANNA, Pedro; ZANIN, Glauco Marques; FONSECA; Daniela R.P. Dinamometria e esclerose múltipla: revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO VOL. 01, Nº 04, 99-117. Set. 2010/Dez. 2010. 72. WATANABE T, YAMAGATA M, OWASHI K, SAKATA YK, NARIYUKI M, MASATOSHI T, TOSHIHIKO O. The Short-Term Reliability of Grip Strength Measurement and the Effects of Posture and Grip Span. J Hand. Surg. 30A (3): 603-609 (2005). 73. WEBB AR, NEWMAN LA, TAYLOR M, KEOGH JB. Hand grip dynamometry as a predictor of postoperative complications reappraisal using age standardized grip strengths. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 13(1):30-3 (1989). 74. WEILER FG, et al., Diabetes insípido em paciente com esclerose múltipla. Arq. Bras. Endocrinol. Metab., São Paulo, Vol. 52, nº 1, Fevereiro, 2008. 75. WILES CM, KAMI Y.The measurement of muscle strength in patients with peripheral neuromuscular disorders. J Neurol Neurosurg Psychiatry.1983;46:1006-1013. 76. WILLEKE A. et al. Validity and reproducibility of hand- held dynsmometry in children aged 4-11 years. J Rehabil Med 2006;38:57-64. PESQUISAS Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 04, 119 – 126. Set. 2010/Dez. 2010. PREVALÊNCIA DE QUEIXAS DE PACIENTES ATENDIDOS EM ACUPUNTURA Ximenes, A. C. S Luz, F. G. R. Luz, M. M. M Mata, J. R Resumo: Abstract: A acupuntura é uma técnica terapêutica milenar utilizada para a cura e prevenção de diversas enfermidades. Este trabalho objetivou avaliar a prevalência de queixas em atendimentos de acupuntura bem como relacionar estas com as preferências climáticas e alimentares. Foram avaliados 204 pacientes do Programa Acupuntura Solidária em Goiânia. Os pacientes apresentaram instrução escolar do ensino fundamental ate a formação universitária, sendo que a maioria (44.12%) concluiu apenas o ensino médio. Os pacientes submetidos ao tratamento foram desde crianças ate pessoas idosas com maior numero na faixa de idade de 41 a 60 anos (42.6%). As queixas de dores foram as mais frequentes (52,9%) com prevalência da dor lombar seguida pela cefaléia com preferência pelo inverno em (51,9%) e índice significativo de preferência pelo sabor salgado. Acupuncture is an ancient therapeutic technique used for the prevention and cure of various illnesses. These studies aimed the prevalence of complaints during sessions of acupuncture and relate these to climate and food preferences. There were 204 patients studied from the Acupuncture Partnership Program in Goiânia. Patients had schooling of primary school until university education, while the majority (44.12%) completed only high school. Patients undergoing treatment were from children to elderly people with higher numbers in the age group 41-60 years (42.6%). Complaints of pain were the most frequent (52.9%) with prevalence of low back pain followed by headache with preference for the winter (51.9%) and significant level of preference for salty taste. Palavras-chave: Key-words: Acupuntura, clima, alimento, queixa principal. Acupuncture, climate, food, main complaint INTRODUÇÂO A acupuntura é uma técnica terapêutica milenar já descrita no livro clássico de Medicina das Doenças Internas do Imperador Amarelo entre os anos de 2697 a 2596 a.C (GERBER, 1997; SALAZAR & REYES, 2004). Tem sido definida como terapia de cura e prevenção de enfermidades pela aplicação de estímulos através da pele (PALMEIRA, 1990; SCOGNAMILLO-SZABO & BECHARA 2001; SENNA-FERNADES et al. 2005) e esta Fisioterapeuta, Especialista em Acupuntura- UniSaúde. Fisioterapeuta, Mestre em Ciências da Saúde, Especialista em Acupuntura, professora/Poloeduc. Fisioterapeuta, Mestre em Ciências da Saúde, Especialista em Acupuntura, professor/Poloeduc. Odontólogo, Doutor em Biologia Celular, Especialista em Acupuntura, professor/UFG. 120 Ximenes, A. C. S; Luz, F. G. R.; Luz, M. M. M; Mata, J. R Prevalência de queixas de pacientes atendidos em acupuntura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 119-126. Set. 2010/Dez. 2010. técnica tem sido cada vez mais empregada no serviço de saúde pública no Brasil (SILVA, 2001; GOIS, 2007). Como efeito da ação da acupuntura tem sido proposto: a geração de impulsos elétricos que são levados pelos nervos até o Sistema Nervoso Central; o aumento da liberação de substâncias analgésicas e antiinflamatórias; a manutenção do equilibrado dos níveis de serotonina (LOBATO, et al., 2006). Os fatores indutores das doenças podem ser, a constituição frágil, fatores climáticos como o calor de verão, fogo, umidade, secura, frio e vento; fatores inerentes ao estilo de vida do individuo os quais tem se tornado uma das principais causas das doenças no mundo moderno (ROSS, 2003). A acupuntura se baseia na energia Qi que origina com o feto, a qual é mantida pelo alimento e a respiração. O Qi circula de um órgão a outro mantendo o seu adequado funcionamento sendo aí armazenado determinando a saúde ou a doença nos casos de excessos ou de deficiências (NAKANO e YAMAMURA, 2005). As doenças dos meridianos Yang na superfície corpórea geralmente ocorrem devido a uma agressão mórbida do vento, da chuva, do frio ou da umidade e aquelas dos meridianos Yin se relacionam a desequilíbrios alimentares ou a um cotidiano irregular que induz desarmonia entre o Yin e o Yang (HE et al., 2001). Na primavera acorrem patologias relacionadas ao vento com localização no fígado e perturbações na garganta e pescoço, no verão patologias do calor localizadas no coração com perturbações no peito e nas costelas, no outono disfunções dos pulmões com perturbações nos ombros e nas costa e no inverno distúrbios induzidos pelo frio com comprometimento renal e perturbações na região lombar (HE et al., 2001). O clima da Região Centro-Oeste do Brasil é tropical, quente e chuvoso. A característica mais marcante deste clima quente é a presença de um verão chuvoso, entre os meses de outubro e março, e um inverno seco, entre os meses de maio e setembro (WIKIPEDIA, 2006). Na Medicina Tradicional Chinesa, além do fator climático, a dieta é parte primordial para o equilíbrio da saúde. Assim, quando a alimentação é inadequada em qualidade, quantidade ou na regularidade de horários, as disfunções tendem a aparecer (CAMPIGLIA, 2004). A preferência por alimentos com predominância de um dos sabores doce, picante, salgado, ácido e amargo está relacionada ao estado de saúde dos órgãos (HE et al., 2001; WEN, 2001; MACIOCIA, 2005). Deste modo, uma alimentação saudável deve conter os sabores amargo doce, picante, salgado e azedo os quais suprem as necessidades de cada órgão. Neste sentido, um coração enfraquecido induz a manifestação do desejo de ingerir 121 Ximenes, A. C. S; Luz, F. G. R.; Luz, M. M. M; Mata, J. R Prevalência de queixas de pacientes atendidos em acupuntura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 119-126. Set. 2010/Dez. 2010. alimentos de sabor amargo. De modo semelhante, o doce está ligado ao estado do Baço/Pâncreas e quando estes órgãos apresentam desequilíbrios há obsessão pelo sabor adocicado (MACIOCIA, 2005). O objetivo deste trabalho foi avaliar a prevalência de queixas apresentadas nos ambulatórios de Acupuntura de uma Instituição Não Governamental em Goiânia no período de março a julho de 2006 relacionando-as com as preferências climáticas e alimentares. MATERIAL E MÉTODOS Foram avaliados 204 pacientes sendo 170 do sexo feminino e 34 do sexo masculino atendidos no Programa Acupuntura Solidária em Goiânia de março a julho do ano de 2006. Os seguintes parâmetros foram avaliados: grau de escolaridade; idade do paciente; queixa principal relacionada com a preferência climática e alimentar. Através da anamnese dos pacientes identificou-se a queixa principal e estabeleceu as correlações com as preferências climáticas e alimentares. RESULTADO E DISCUSSÃO Os pacientes apresentaram formação escolar deste o ensino fundamental (26,47%) ate a formação universitária (29,41%), porem o maior número destes concluíram o ensino médio (44.12%). Assim, a acupuntura foi procurada como terapia, por pacientes de todos os graus de escolaridade. Este fato demonstra que esta terapia está se tornando cada vez mais conhecida e aceita por todos os níveis culturais. O tratamento foi sem ônus para os pacientes e houve intensa procura pela oportunidade de se submeter ao tratamento, mesmo por pessoas de camadas sociais mais elevadas, demonstrando que a acupuntura é uma técnica viável, que tem alcançado a confiança da comunidade pelos incontestáveis benefícios que traz, e por outro lado, demonstra que não há ainda profissionais no mercado suficientes para o atendimento da população apta e disposta a se submeter a esta terapia. Os pacientes submetidos ao tratamento foram desde crianças ate pessoas idosas (Gráfico). A faixa etária de maior procura foi de 41 a 60 anos (42.6%) o que coaduna com FERREIRA (1996) ao descrever que o paciente de acupuntura tende ser do sexo feminino, com a idade média de 45 anos apresentando como queixa mais frequentemente quadros 122 Ximenes, A. C. S; Luz, F. G. R.; Luz, M. M. M; Mata, J. R Prevalência de queixas de pacientes atendidos em acupuntura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 119-126. Set. 2010/Dez. 2010. álgicos (91%). Por outro lado o fato de que a maioria dos pacientes se encontrarem nesta faixa etária pode ter relação com algum grau de dificuldade em aceitar o tratamento, com agulhas pelos indivíduos mais jovens e pelas dificuldades inerentes dos idosos de procurar o tratamento ambulatorial. Gráfico 1 - Distribuição, por grupos de idades, dos pacientes atendidos pelo programa Acupuntura solidária em Goiânia de março a julho de 2006. Nº de pacientes 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 5 a 20 21 a 40 41 a 60 acima 60 Idade dos pacientes A maioria dos pacientes (51,9%) com as queixas estético-dermatológica, neuropsíquicas, digestivo-cardiorespiratórias e álgicas demonstraram preferência pelo inverno (Tabela 1). Esta preferência sugere um processo que se inter-relaciona, já que a estação mais fria induz a pouca atividade física o que favorece prejuízo na estética podendo culminar em baixa estima. Há maior tendência de se alimentar em excesso no inverno devido ao frio o que também induz a vários distúrbios orgânicos. Por outro lado a temperatura mais baixa dessa fase do ano induz algias lombares por agressão ao rim do elemento água e distúrbios respiratórios com agressão pulmonar do elemento metal pela invasão do vento seco e frio. Houve poucas queixas urogenitais (0,99%), talvez por timidez dos pacientes em exporem tais queixas ou por optarem pela medicina convencional devido ao desconhecimento de que a acupuntura pode representar uma importante abordagem terapêutica para estas patologias. As queixas de dores foram as mais frequentes (52,9%) o que aponta para o aspecto da acupuntura 123 Ximenes, A. C. S; Luz, F. G. R.; Luz, M. M. M; Mata, J. R Prevalência de queixas de pacientes atendidos em acupuntura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 119-126. Set. 2010/Dez. 2010. como tratamento para os diversos quadros álgicos. Outros estudos também relatam a dor como queixa mais frequente e dentre elas a dor de cabeça, cólicas e dores musculares (LOBATO, et al., 2006). Tabela 1 - Cruzamento da queixa apresentada com a preferência climática dos pacientes atendidos em acupuntura em Goiânia de março a julho de 2006. Foram avaliados 204 pacientes sendo 170 femininos e 34 masculinos. Queixa Principal Inverno Preferências Climáticas Outono Primavera Total Verão Estético-dermatológica 20 6 8 7 41 (20,2%) Neuropsíquica 13 1 3 9 26(12,7%) Algias 57 17 11 23 108(52,9%) Digestivo- 16 - 1 6 23 (11,3%) - 2 1 3 6 (2,9%) 106 (51,9 %) 26 (12,8 %) 24 (11,8) % 48 (23.5) % 204 cardiorespiratória Urogenital Total Dentre as queixas estéticas incluíram-se a obesidade, a qual resulta da pulsão relacionada com o comer demais, o que tem causas multifatoriais como o fato do indivíduo estar escondendo por trás de sua gordura, a falta de amor, depressão, insegurança, stress e a incapacidade de conviver com as tensões inerentes a vida (ROSS, 2003). A obesidade se instala devido a Deficiência do Qi do Baço-Pâncreas ou do Yang do Rim ou de ambos (MACIOCIA, 2005). A preferência alimentar de 8 dos 35 pacientes com obesidade/sobrepeso pelo sabor salgado com concomitância de preferência climática pelo inverno aponta para a tentativa de tonificar o Qi do Rim. Grandes números de pacientes com as queixas álgicas demonstraram preferência pelo sabor doce (35,3%), porém todos os outros sabores também foram citados como de preferência de significativo numero de pacientes com quadros dolorosos (Tabela 2) o que reforça as algias como queixa mais frequente em acupuntura. O surgimento da preferência pelo sabor doce é induzido desde idades mais jovens (DARWISH et al., 1985). Ademais há intensificação da sensação de bem estar com a secreção de serotonina a qual é incrementada quando se consome substancias doces, mas em contrapartida o consumo excessivo de carboidratos é fator desencadeador de sérios distúrbios metabólicos (DUFTY, 1975). A preferência pelo sabor doce pertencente ao elemento Terra, pela lei de dominância, estanca a 124 Ximenes, A. C. S; Luz, F. G. R.; Luz, M. M. M; Mata, J. R Prevalência de queixas de pacientes atendidos em acupuntura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 119-126. Set. 2010/Dez. 2010. Água a qual por sua vez tonifica o Yang do rim em estado de deficiência, (WEN, 2001; HE et. al., 2001) demonstrando que o organismo através das preferências busca o seu reequilíbrio (CAMPLIGIA, 2004). Tabela 2 - Cruzamento da queixa principal apresentada com a preferência alimentar dos pacientes atendidos em acupuntura em Goiânia de março a julho de 2006. Foram avaliados 204 pacientes sendo 170 femininos e 34 masculinos. Queixa Principal Estético-dermatológica doce 15 Preferência Alimentar Salgado amargo picante 8 2 9 Ácido 7 Neuropsíquica 11 8 2 4 1 Algias 36 24 15 19 14 Digestivo-cardiorespiratórias 9 7 2 3 2 Urogenital 1 3 1 - 1 Total 72 50 22 35 25 (35,3%) (24,5%) (10,8%) (17,2%) (12,2%) A dor lombar também foi mencionada como uma algia bem frequente. De fato, a dor lombar é causa frequente de morbidade e incapacidade, sendo sobrepujada apenas pela cefaléia na escala dos distúrbios dolorosos (DEYO et. al.1996) e dos pacientes que procuram à acupuntura, 30% apresentam queixa de dor lombar (FERREIRA, 1996). Assim, a dor é a principal queixa dos pacientes em acupuntura e estima-se que somente com a acupuntura seja gasto anualmente um milhão de dólares nos Estados Unidos (CHRIST, 2006). A dor aguda na região lombar é decorrente de entorse ou de invasão de frio. Nas dores decorrentes de entorse há estagnação local do Qi e do sangue. A dor decorrente da invasão de frio intensifica-se com o repouso e pela manhã com alívio através do movimento cotidiano ao longo do dia. Quando a dor lombar é crônica há deficiência dos Rins a qual é amenizada com o repouso e intensificada pelo excesso de trabalho ou de atividade sexual (MACIOCIA, 2005). Neste trabalho identificou-se maior prevalência da dor lombar seguida pela cefaléia. Os pacientes com dor lombar apresentaram deficiência de Rim, constatado a partir da preferência pelo inverno em (51,9%) seguido de índice significativo de preferência pelo sabor salgado. O inverno e o sabor salgado estão relacionados com o elemento Água e promovem a tonificação do Zang Fú Rim. A tendência de opção pelo inverno e a avidez pelo salgado, aspectos relacionados com elemento água e o órgão rim, apontam para a busca do equilíbrio com a promoção da tonificação deste Zan fú. 125 Ximenes, A. C. S; Luz, F. G. R.; Luz, M. M. M; Mata, J. R Prevalência de queixas de pacientes atendidos em acupuntura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 119-126. Set. 2010/Dez. 2010. A ansiedade incluída como queixa neuropsíquica está ligada com os sistemas do Coração e do Rim sendo uma manifestação do distúrbio do Espírito do Coração (ROSS, 2003) originando-se da deficiência do Sangue ou do Yin, por excesso de calor (MACIOCIA, 2005). Dos 15 pacientes com ansiedade, 9 preferem o inverno e 6 o verão. Quanto à preferência alimentar houve 7 com preferência pelo salgado e 5 pelo doce. Visto que a ansiedade acomete o Coração que pertence ao elemento fogo e o Rim pertencente ao elemento Água a busca pelo doce, elemento Terra e pelo salgado elemento Água com a preferência pelo inverno e verão ocorreram na busca de sedar o Excesso do Coração e tonificar o Rim. A cefaléia é um dos sintomas mais comuns observadas nos pacientes ocidentais e sua etiopatogenia está ligada a vários fatores, dentre os quais se destacam o estado de excesso de Yang do Fígado e o estado de deficiência do Qi principalmente dos Rins (SOUZA, 2005; MACIOCIA, 2005). Neste trabalho ocorreram 14 pacientes que se queixaram de cefaléia, sendo que destes 9 pacientes preferem o sabor doce e 5 o sabor salgado. Quanto ao clima, 11 destes 14 pacientes preferem o inverno. Pela Lei de Dominância o sabor doce, pertencente ao elemento Terra, sendo neto da Madeira seda o Yang do Fígado em excesso, e a preferência pelo inverno aponta para a tonificação do Qi dos Rins. CONCLUSÃO Os pacientes apresentaram instrução escolar deste o ensino fundamental até a formação universitária, com o maior número de pacientes na faixa etária de 41 a 60 anos. As queixas álgicas foram as mais frequentes com prevalência da dor lombar seguida pela cefaléia, vinculado à preferência pelo inverno e índice significativo de opção pelo sabor salgado. REFERÊNCIAS 1. CAMPIGLIA, H. Psique e Medicina Tradicional Chinesa. São Paulo: Roca, 2004. 2. CHRIST, C. D. Acupuntura e dor crônica. rev. dor 2006, 7(1): 735-737 3. DARWSHI, A.O; KHALIL, M.H; SARHAN, A.A; ALI, H.E. A etiological factors of obesity in children. Hum. Nutr. Clin. Nutr. 39: 131-139, 1985 4. DEYO et al. 1996 5. DUFTY, W. Sugar Blues. Editora Ground. 1975 126 Ximenes, A. C. S; Luz, F. G. R.; Luz, M. M. M; Mata, J. R Prevalência de queixas de pacientes atendidos em acupuntura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 119-126. Set. 2010/Dez. 2010. 6. FERREIRA, M.V. O paciente da dor e acupuntura: razões na escolha do tratamento. Trabalho apresentado no II Congresso Brasileiro Sobre Dor, São Paulo, Março de 1996. 7. GERBER, R. Medicina Vibracional: uma medicina para o futuro. São Paulo: Cultrix, 1997. 8. GÓIS, A.L.B. Acupuntura, especialidade multidisciplinar: uma opção nos serviços públicos aplicada aos idosos. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. v.10 n.1 Rio de Janeiro 2007 9. HE, Y.H.; NE, Z.B.; KAUFMAN, D. Teoria Básica da Medicina Tradicional Chinesa. São Paulo: Atheneu, 2001. 10. JUNIOR, O.D. Pequeno Tratado de Acupuntura Tradicional Chinesa. São Paulo: Andrei, 2001. 11. LOBATO, E.; RODRIGUES, G.; TARANTINO, M. A consagração da acupuntura. Istoé, São Paulo, 1920, p. 70-74, Agosto 2006. 12. MACIOCIA, G. Diagnóstico na Medicina Chinesa: um guia geral. São Paulo: Roca, 2005. 13. NAKANO, M.A.Y.; YAMAMURA,Y. Acupuntura em dermatologia e Medicina Estética: a pele sob o ponto de vista energético, espiritual, funcional e orgânico. São Paulo: Livraria Médica Paulista Editora, 2005. 14. PALMEIRA, G. A acupuntura no ocidente. Cad. Saúde Pública., Rio de Janeiro, v. 6, n. 2, 1990. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php 15. ROSS, J. Combinação dos Pontos de Acupuntura: a chave para o êxito clínico. São Paulo: Roca, 2003. 16. SALAZAR, J.A.C.; Reyes, C.R.R. Analgesia por acupuntura. Rev Cub Med Mil. 2004, vol.33, 17. SCOGNAMILLO-SZABO, M.V.R.; BECHARA, G. H. Acupuntura: bases científicas e aplicações. Cienc. Rural., Santa Maria, v. 31, n. 6, 2001. 18. SENNA-FERNANDES, V; SANTOS-FILHO, D.F; SEBASTIÃO. D; CORTEZ, C; BERNARDO-FILHO, M. GUIMARÃES, M. A. Acupuntura cinética como tratamento coadjuvante na qualidade de vida de pessoas com distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Fisioter. Bras: 6(3):204-210, 2005 19. SILVA, J.B.G. Acupuntura em Saúde Pública - vantagens e Limitações. HB cient: 8(2):142-147, 2001. 20. SOUZA, J.L. Sistema de Ensino em Acupuntura: Módulo VI. Uberlândia: Edibrás, 2005. P. 207. 21. WEN, T.S. Acupuntura Clássica Chinesa. São Paulo: Cultrix, 2001. 22. WIKIPÉDIA Enciclopédia. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Regi% C3% A3o_CentroOeste_do_Brasil. Acesso em: 01/11/2006. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 04, 127 – 135. Set. 2010/Dez. 2010. TRATAMENTO DA LOMBALGIA ATRAVÉS DE MERIDIANO TENDINEO MUSCULAR Castro, B. B Nishi, M* Cavalkanti, K* Mata, JR Luz, M. M. M Luz, F. G. R. Resumo: Abstract: A postura ereta adotada pelo homem induziu na região lombar, uma pressão permanente tornando esta área copórea sítio de frequentes comprometimentos por dores. O objetivo deste trabalho foi avaliar o tratamento da lombalgia através do meridiano tendino-muscular da Bexiga. Foram avaliados 10 pacientes, sendo quatro do sexo masculino e seis femininos com idades de 35 a 65 anos, atendidos na Associação dos Deficientes Físicos de Estado de Goiás no ano de 2006. A intensidade da dor foi mensurada na 1º, 5º e 10º sessão usando a escala visual analógica de dor (EVA). O tratamento foi realizado utilizando os acupontos B67, B66, B65, B60, Vb34, B54, B30 da perna acometida de irradiação da dor, finalizando com o ponto de reunião ID 18 contralateral. Já na 5º sessão houve uma redução media da dor de 62.2% e até a 10º sessão, a redução atingiu 78,4% em comparação com o estado inicial antes do tratamento. A utilização da acupuntura foi efetiva na amenização do quadro doloroso apontando o emprego da técnica dos tendino-musculares como terapia recomendável para o tratamento das lombalgias. The stance of the man led to lumbago lasting pressure. It is frequently a place of regular pain. The goal of this study was a treatment of the lumbago through the muscular meridian tendon of the bladder. There were ten patients studied, four were men and six women between 35 and 65 years old. They were assisted in the association called “Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás” in 2006. The intensity of the pain was measured in the first, fifth and tenth sessions using the visual analog scale of pain. The treatment was in the acupoints B67, B66, B65, B60, Vb34, B54, B30 of the leg radiating pain and ending in the ID 18 contralateral. Comparing the measure of the pain since the first session, in the fifth one there was a reduction the it in 62% and until the tenth session, the reduction got to 78,4%. The use of acupuncture was effective in alleviating the pain of pointing out the use of the technique of tendon-muscle therapy as recommended for the treatment of low back pain. Palavras-chave: Key-words: Dor lombar, muscular. Acupuntura, meridiano tendino- Back Pain, Acupuncture, meridian tendon-muscle Fisioterapeutas, Especialistas em Acupuntura. Odontólogo, Doutor em Biologia Celular, Especialista em Acupuntura, professor/UFG. Fisioterapeuta, Mestres Ciências da Saúde, Especialistas em Acupuntura da Poloeduc. Fisioterapeuta, Mestres Ciências da Saúde, Acupunturista, professor da Fac. Estácio de Sá/GO. 128 Castro, B. B; Nishi, M; Cavalkanti, K; Mata, JR; Luz, M. M. M; Luz, FGR..Tratamento da lombalgia através de meridiano tendíneo muscular. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 127-135. Set. 2010/Dez. 2010. INTRODUÇÃO O advento da adoção da postura ereta pelo homem induziu na região lombar, uma pressão permanente direcionando para a 3ª vértebra lombar o centro de gravidade do corpo humano, tornando esta área copórea como sítio de frequentes comprometimentos por dores, mesmo em pacientes mais jovens (CECIN et al., 1991; AKATOV et al., 1997; SEÇER et al., 2009). As vértebras lombares apresentam-se como sustentáculos do peso na coluna vertebral executando movimentos de flexão, extensão e rotação, sendo a L3 a mais móvel dentre as vértebras lombares (RASCH, 1991; GRIEVE, 1994; KAPANDJI, 2000; KNOPLICH, 2003). As Lombalgias são condições de dor, dolorimento, rigidez, localizadas na região inferior do dorso, representando um dos problemas de saúde mais comuns da sociedade moderna, sendo causa de morbidade e incapacitação do indivíduo para as atividades diárias (CECIN, 1997; TEIXEIRA & FIGUIRÓ; 2001; MADEIRA et al., 2002; GUIMARÃES & ALMEIDA, 2004). As lombalgias são agravadas por fatores como a idade, sexo, postura inadequada, obesidade, fraqueza muscular, mau condicionamento físico, tabagismo e desordens psicossomáticas que contribuem para a instabilidade e o desalinhamento vertebral (COX, 2002). A prevalência desta patologia em ambos os sexos entre 20 e 29 anos é alta (53,7%) porem pacientes acima de 45 anos de idade são ainda mais propensos (CECIN, 1991; FREIRE &NATOUR 1999; TEIXEIRA & FIGUEIRÓ, 2001). O comprometimento do nervo ciático induz a lombociatalgia que pode estar relacionada com as atividades ocupacionais, ao gerar sobrecargas na coluna lombar devido à exigência de manutenção de posturas por tempos prolongados ou a execução de movimentos frequentes de flexão e rotação da coluna (KENDALL & McCREARY, 1987; TEIXEIRA & FIGUEIRÓ, 2001; MADEIRA et. al., 2002). O tratamento pelo método da acupuntura tem sido amplamente aceito pelo mundo (LIN & CHEN, 2009). A acupuntura visa restabelecer a circulação da Energia denominada Qi nos meridianos, Órgãos e Vísceras (YAMAMURA, 1993). Através da circulação adequada do Qi, a acupuntura proporciona excelentes resultados no alívio de dores na coluna, através da liberação de esteróides, redutores do processo inflamatório e opióides endógenos, analgésicos naturais do corpo, induzindo melhora na sensação de bem estar, humor, qualidade do sono e no relaxamento muscular global (MACIOCIA, 1996; HAN, 2004). Pela medicina tradicional chinesa, a dor nas costas pode ser causada pela estagnação do Qi, do sangue, deficiência do 129 Castro, B. B; Nishi, M; Cavalkanti, K; Mata, JR; Luz, M. M. M; Luz, FGR..Tratamento da lombalgia através de meridiano tendíneo muscular. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 127-135. Set. 2010/Dez. 2010. rim ou devido a uma síndrome Bi (MACPHERSON et. al., 2004). Nestes casos a acupuntura é efetiva na melhoria da lombalgia aguda ou crônica (CHERKIN et al., 2009; LIN & CHEN, 2009) sendo recomendada como tratamento coadjuvante juntamente com outras terapias convencionais (YUAN et. al., 2009). Os vasos tendino-musculares, são largas ramificações de energia defensiva que partem dos pontos tsing, se estendem por todo organismo no nível superficial-médio, protegendo o organismo contra as agressões das energias perversas (ÉDITEUR, 1995). O meridiano tendino-muscular da Bexiga é um dos meridianos tendino musculares Yang do pé com reunião no acuponto ID18 e quando afetado apresenta sintomas como contratura dos músculos na nuca, face externa da perna, dor no ombro, na região poplítea, no trajeto do músculo grande dorsal (YAMAMURA, 1993; ÉDITEUR, 1995). O objetivo deste trabalho foi avaliar o tratamento da lombalgia através do meridiano tendino-muscular da Bexiga. MATERIAL E MÉTODOS Foram avaliados 10 pacientes acometidos de dor lombar com irradiação para uma das pernas, sendo quatro do sexo masculino e seis do sexo feminino com idades de 35 a 65 anos, atendidos na Associação dos Deficientes Físicos de Estado de Goiás no ano de 2006. Foram excluídos desta pesquisa, pacientes que se encontravam sob tratamento medicamentoso, de fisioterapia, hidroterapia ou quiropraxia. Os dados foram coletados a partir da mensuração da intensidade da dor realizada através da escala visual analógica de dor (EVA), a qual é numerada de zero (correspondendo à ausência de dor) a 10 (correspondendo a dor máxima) conforme descrita por TEIXEIRA & FIGUEIRÓ (2001). Os pacientes foram colocados em decúbito ventral na maca de atendimento e assepsiados com álcool nos pontos a serem punturados. Utilizaram-se agulhas estéreis descartáveis (DBC 108, Dongbang Acupuncture Needeles) as quais permaneceram inseridas por 20 minutos sendo manipuladas a cada 5 minutos. Foram realizadas 10 sessões em dias alternados e no início da 1º, 5º e 10º sessão os pacientes apontaram na escala EVA, a intensidade da dor que os acometiam naquele momento. O tratamento foi realizado no meridiano da Bexiga por ter relação com patologias da coluna e membros inferiores seguindo a técnica dos canais tendino-musculares utilizandose os pontos Tsing, Iong, Iu, pontos Ashi mais o ponto de reunião. Os acupontos utilizados seguiram a sequência: B 67 (Tsing), B66 (Iong), B65 (Iu) e B60, Vb34, B54, B30 como 130 Castro, B. B; Nishi, M; Cavalkanti, K; Mata, JR; Luz, M. M. M; Luz, FGR..Tratamento da lombalgia através de meridiano tendíneo muscular. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 127-135. Set. 2010/Dez. 2010. pontos Ashi, na perna acometida de irradiação da dor, finalizando com o ponto de reunião ID 18 contralateral. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram tratados 10 pacientes, porém dois abandonaram o tratamento sem justificativas, antes que se completasse o número de sessões (10) estimado para a recuperação satisfatória da algia lombar (MACPHERSON et. al., 2004). A adesão ao tratamento com acupuntura no Brasil tem sido construída ao longo dos últimos anos. O desconhecimento desta terapia tem induzido alguns pacientes a não a procurarem ou a desistirem do tratamento antes do termino das sessões recomendadas. A sólida formação dos acupunturista, os quais são na sua maioria portadores de graduação na área da saúde, tem propiciado atendimento mais adequado com maior adesão dos pacientes. Apesar disto, alguns pacientes têm dificuldade em suportar o tratamento com agulhas, mesmo diante de toda a habilidade empreendida pelos profissionais que primam pelo mínimo de desconforto para o paciente. Deste modo, a desistência ocorrida é esperada já que nem todo paciente se adapta a toda proposta terapêutica sendo a acupuntura mais uma abordagem de tratamento. Dos oito pacientes, cinco eram portadores de hérnia de disco, dois acometidos por espondilite anquilosante e um por osteoartrite. A presença destas lesões anatômicas já estabelecidas são um mau prognóstico de resolução completa do quadro álgico com o tratamento através da acupuntura uma vez que esta terapia age primordialmente ao nível do Qi promovendo adequação na sua circulação. Na primeira sessão foram apontados valores na escala EVA variando de 50 a 95. Estes pacientes buscaram alívio com a acupuntura, uma vez que ao se submeter a prolongados tratamento anteriores paliativos com analgésicos e antiinflamatórios, não obtiveram resultados duradouros e padeceram com o aparecimento de efeitos colaterais como gastralgias e episódios alérgicos. Na 5ª sessão, foram apontados na EVA valores de 10 a 60 com média de 28 caindo, na 10ª sessão, para a média de 16 com um paciente apontando o valor de 0,6 indicando a abolição quase total de dor (Tabela 1). 131 Castro, B. B; Nishi, M; Cavalkanti, K; Mata, JR; Luz, M. M. M; Luz, FGR..Tratamento da lombalgia através de meridiano tendíneo muscular. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 127-135. Set. 2010/Dez. 2010. Tabela 1 – Intensidade da dor apontada na escala visual analógica (EVA) por pacientes atendidos em acupuntura na Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás no ano de 2006. Intensidade da Dor apontada na escala EVA Paciente Inicio / 1º sessão Início / 5º sessão Início / 10º sessão A 60 30 20 B 80 30 20 C 95 30 04 D 64 10 0,6 E 50 60 30 F 72 15 10 G 83 14 05 H 89 40 39 Total Médio (%) 74 (100) 28 (37,8) 16 (21,6) A avaliação na 5º sessão demonstrou que, para a grande maioria dos pacientes, houve regressão da dor variando de 50 a 85%, exceto para o paciente denominado E, o qual apresentou exacerbação da dor com aumento da intensidade em 20¨%, todavia na 10ª sessão houve redução da intensidade da dor para todos os pacientes de até 99,1 (Tabela 2). O aumento da dor do paciente E, avaliado na 5ª sessão apresentou períodos de alívio e de recrudescimento do processo doloroso como o ocorrido no ato da 5ª sessão, porém este pode ser entendido como um dado puntual, já que nas sessões subsequentes este mesmo paciente sempre relatou amenização da dor com redução gradual até a 10ª sessão (40%). Todavia, a despeito da continua regressão do processo doloroso neste paciente, ainda persistiu em intensidade moderada ate a 10ª sessão demonstrando refratariedade na remissão completa da dor com o emprego dos acupontos selecionados. Do inicio do tratamento ate a 5ª sessão o paciente G foi o que apresentou a melhor resolução da dor com maior redução do seu quadro álgico, enquanto que da 5ª para a 10ª sessão, a maior redução ocorreu com o paciente D (Tabela 2). Castro, B. B; Nishi, M; Cavalkanti, K; Mata, JR; Luz, M. M. M; Luz, FGR..Tratamento da lombalgia através de meridiano tendíneo muscular. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 127-135. Set. 2010/Dez. 2010. 132 Tabela 2 – Percentual de redução da dor, em relação ao início do tratamento (1ª sessão), de pacientes submetidos à acupuntura verificado no início da 5ª e da 10ª sessão. Os pacientes foram atendidos na Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás no ano de 2006 . Intensidade da Dor apontada na escala EVA Paciente Início / 5º sessão (%) Início / 10º sessão (%) A 50 66,6 B 62,5 75 C 68,4 95,8 D 85 99,1 E 20* 40 F 79,2 86,2 G 83,8 94 H 55,1 56,2 O dado marcado com * apresentou 20% de aumento da dor No inicio do tratamento foi assinalado na escala EVA o valor médio de 74 pontos como indicativo da intensidade de dor, o qual foi considerado para cálculos como 100% de dor. Na 5ª sessão constatou forte redução álgica média restando 37,8% da intensidade inicial, reduzindo para 21,6% na 10ª sessão (Gráfico). Deste modo, já na 5ª sessão houve uma redução media da dor de 62.2%, e ate a 10ª sessão à redução média atingiu 78,4% em comparação com o estado antes do tratamento, o que ratifica o tratamento com acupuntura como terapia de alívio da intensidade da lombalgia de 42% a 79% (BEECHER 1955; CHAITOW, 1984; COAN et. al., 1980). A maior resolução da dor ocorreu até a 5º sessão e desta para a 10ª continuou o processo de amenização da dor, porem com menor intensidade. Este fato demonstra o forte impacto positivo que geralmente se verifica já nas primeiras sessões de tratamentos com acupuntura. Castro, B. B; Nishi, M; Cavalkanti, K; Mata, JR; Luz, M. M. M; Luz, FGR..Tratamento da lombalgia através de meridiano tendíneo muscular. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 127-135. Set. 2010/Dez. 2010. 133 Gráfico 1 – Percentuais médios da intensidade dor na 1º, 5º e 10º sessão de acupuntura, apontados por pacientes atendidos na Associação dos Deficientes Físicos de Estado de Goiás no ano de 2006. Intensidade da dor (%) 120 100 80 60 40 20 0 1 5 10 Número da sessão Ao termino do tratamento os pacientes se mostraram visivelmente mais calmos, com a ausência de aspectos faciais indicadores de distúrbios nos Zan Fu. Estes pacientes relataram melhoria geral orgânica, sono com mais qualidade, maior disposição para as tarefas diárias, rara utilização de analgésicos para controle da dor ainda restante, classificando o estado álgico remanescente, como ocasional e suportável o que aponta o tratamento acupuntural como terapia promotora de significativa redução da dor e restabelecimento da fisiologia lombar (YAMAMURA et. al., 1996; WEIDENHAMMER et. al., 2007; YUAN et. al., 2009). A supressão completa da dor ocorreu em apenas um paciente (12,5 %), índice bem abaixo dos 33% já relatado (MELZACK 1975), mas o quadro de lesões com comprometimento das estruturas ósseas presentes nos pacientes avaliados, suporta o baixo índice de remissão completa do quadro doloroso na maioria dos pacientes. 134 Castro, B. B; Nishi, M; Cavalkanti, K; Mata, JR; Luz, M. M. M; Luz, FGR..Tratamento da lombalgia através de meridiano tendíneo muscular. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 127-135. Set. 2010/Dez. 2010. O grau de amenização da dor foi aceitável, e este se deve ao equilíbrio do Qi no Meridiano da Bexiga através da utilização da técnica dos tendino–musculares. Ademais, os efeitos locais que são induzidos pela punturação dos pontos ashi também são promotores de desestagnação do Qi e da resolução do processo inflamatório através da secreção de substâncias antiflogísticas. CONCLUSÕES A utilização da acupuntura foi efetiva na amenização do quadro doloroso, a despeito da não abolição completa da dor em todos os pacientes apontando o emprego da técnica dos tendino-muscular como terapia recomendável para o tratamento das lombalgias. REFERÊNCIAS AKATOV OV; DREVAL' ON; KONONOV IUN; RYNKOV IP. Transcutaneous radiofrequency destruction of the articular nerves in treating low back pains. Zh Vopr Neirokhir Im N N Burdenko 2:17-20, 1997 WEIDENHAMMER W; STRENG A; LINDE K; HOPPE A; MELCHART D. Acupuncture for chronic pain within the research program of 10 German Health Insurance Funds--basic results from an observational study. Complement Ther Med;15(4):238-46, 2007. BEECHER, H. K. The powerful placebo. J A M A, 159: 1602-1606, 1955. CECIN H, MOLINARI M. et al. Dor lombar e trabalho: Um estudo sobre a prevalência de lombalgia e lombociatalgia em diferentes grupos ocupacionais. Revista Brasileira de Reumatologia, 1991. CECIN, H. A Proposição de uma reserva anatomofuncional, no canal raquidiano, como fator interferente na fisiopatologia das lombalgias e lombociatalgias mecânicodegenerativas. Revista da associação médica brasileira, 43, (4) São Paulo, 1997. CHAITOW, W. L. O tratamento da dor pela acupuntura. São Paulo: Manole, 1984. CHERKIN DC; SHERMAN KJ; AVINS AL; ERR JH; ICHIKAWA L; BARLOW WE; DELANEY K; HAWKES R; HAMILTON L; PRESSMAN A; KHALSA PS; DEYO RA. A randomized trial comparing acupuncture, simulated acupuncture, and usual care for chronic low back pain. Arch Intern Med; 169(9):858-66, 2009 COAN R; WONG G; SU L; YICK C; LUCY W; FARUK T. Acupuncture of low back pain: Randomized controlled study. Am J Med. 2:181-9, 1980. COX, J. M. Dor lombar: mecanismo, diagnóstico e tratamento. 6 ed. São Paulo: Manole, 2002. ÉDITEUR M. Ling Shu. Base da Acupuntura Tradicional Chinesa. São Paulo. Editora Andrei; 1995. FREIRE, M; NATOUR, J. Exercícios na Dor Lombar Crônica: uma abordagem terapêutica. Sinopse de Reumatologia, 1: 9-13, 1999. GRIEVE, G. P. Moderna terapia manual da coluna vertebral. São Paulo: Panamericana, 1994. 135 Castro, B. B; Nishi, M; Cavalkanti, K; Mata, JR; Luz, M. M. M; Luz, FGR..Tratamento da lombalgia através de meridiano tendíneo muscular. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 127-135. Set. 2010/Dez. 2010. GUIMARÃES, G. G.; ALMEIDA, R. L. A incidência de lombalgias em relação ao tipo de ocupação. Fisio & Terapia, 2004. HAN JS. Acupuncture and endorphins. Neurosci Lett; 361(1-3):258-61, 2004. KAPANDJI, A. I. Fisiologia articular. 5 ed, São Paulo: Panamericana, 2000. KENDALL FP, McCREARY EK. Músculos. Provas e funções. 3ª ed. São Paulo: Manole, 1987. KNOPLICH, J. Enfermidades da coluna vertebral – uma visão clínica e fisioterapêutica. 3 ed., São Paulo, 2003. LIN JG, CHEN WL. Review: acupuncture analgesia in clinical trials. Am J Chin Med, 37(1):1-18, 2009. MACIOCIA, G. A Prática da Medicina Chinesa: tratamento de doenças com acupuntura e ervas chinesas. São Paulo: Roca, 1996. MACPHERSON H; THORPE L; THOMAS K; CAMPBELL M. Acupuncture for low back pain: traditional diagnosis and treatment of 148 patients in a clinical trial. Complement Ther Med; 12(1):3844, 2004 MADEIRA, J. S.; FREDERICO, B. R.; BRAGA, E. S. BARBOSA, L.G. Prevalência de lombalgia em acadêmicos de fisioterapia no ambulatório de um hospital universitário.Fisioterapia Brasil, 3(6), 2002. MELZACK RC. Psychologic aspects of pain. Postgrad. Méd. 53:69, 1975. RASCH, P. J. Cinesiologia e anatomia aplicada. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991. SEÇER M; MURADOV JM; DALGIÇ A. Evaluation of congenital lumbosacral malformations and neurological findings in patients with low back pain. Turk Neurosurg;19(2):145-8, 2009. TEIXEIRA, M. J.; FIGUEIRÓ, J. A. B. Dor: Epidemiologia, fisiopatologia, avaliação, síndromes dolorosas e tratamento. Grupo editorial Moreira: São Paulo, 2001. YAMAMURA Y., LAREDO FºJ., NOVO N.F., PUERTAS E.B., VASCONCELOS L.P.W.C. Tratamento da Hérnia do disco intervertebral lombar pela acupuntura. Análise de 41 pacientes. Revista Paulista de Acupuntura, 2(1): 13-23. 1996. YAMAMURA, Y. Acupuntura tradicional: A arte de inserir. São Paulo: Roca, 1993. YUAN J; PUREPONG N; KERR DP; PARK J; BRADB URY I; MCDOUGH S. Effectiveness of acupuncture for low back pain: a systematic review. Comment In:Spine, 34(7): 752-3, 2009. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 04, 136 – 142. Set. 2010/Dez. 2010. INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS AVALIATIVOS EM ANATOMIA HUMANA Fabiana Ribeiro da Mata João Roberto da Mata Sara Dayane Santos Márcio Christian Rodrigues Souza Resumo: Abstract: A avaliação deve ser um caminho de possibilidades para a transformação e emancipação, o qual qualifica e dignifica o ensinar e o aprender. Este trabalho objetivou identificar e analisar os instrumentos e procedimentos avaliativos na disciplina de Anatomia Humana, do primeiro ano do curso de Odontologia da Universidade Federal de Goiás. A literatura sobre instrumentos e procedimentos avaliativos no processo de ensino-aprendizagem foi revisada e através de respostas a algumas questões, foram obtidos dados a partir da visão dos professores e alunos. Constatou-se que, as provas teóricas e praticas são os procedimentos preferenciais para a avaliação. Ficou explicito a necessidade de repensar e diversificar a avaliação. Uma avaliação mais integradora de todas as atividades desenvolvidas pelos discentes foi entendida como elemento promotor de melhorias no processo de aprendizagem. Por outro lado, houve avanço na compreensão de que a aprendizagem orienta os professores e alunos rumo ao conhecimento e oportuniza o desenvolvimento pessoal e profissional como um todo. Evaluation should be a path of possibilities to transformation and emancipation that qualifies and dignify the teaching and the learning. This work had as an objective to identify and analyse the evaluative instruments and procedures in the discipline of Human Anatomy of the first year class of Dentistry at the Federal University of Goias. The literature was reviewed regarding instruments and evaluation procedures of the teaching and learning process and through answers to some questions, data were obtained in respect to the views of professors and students. It was observed that teoretical and practical examinations are the preferred procedures for evaluation. The necessity to rethink and diversify the evaluation process became explicit. A more integrated evaluation of all activities developed by the faculty was understood as an element to promote improvements in the learning process. However, there was an advancement in the understanding that learning can orient professors and studetns towards knowledge and creates opportunities for personal and professional development. Palavras-chave: Key-words: Anatomia humana, odontologia. instrumentos avaliativos, Human anatomy, evaluation instruments, dentistry. INTRODUÇÃO A avaliação centra-se no ato de recolher informações relevantes e úteis sobre o processo de aprendizagem dos alunos, especialmente sobre os progressos e dificuldades de cada um, colocando-se como norteadora para a tomada de decisões com base nos dados Ms. Departamento de Morfologia - Universidade Federal de Goiás. [email protected] - Campus Samambaia, CEP:74001-970 - Caixa Postal: 131 - Goiânia – Goiás. Doutor do Instituto de Ciências Biológicas – Universidade Federal de Goiás. Odontóloga pela UNI-EVANGÉLICA-Anápolis-Goiás. Biomédico – Especialista em Docência Universitária - Universidade Federal de Goiás. 137 MATA, Fabiana Ribeiro da; MATA, João Roberto da; SANTOS, Sara Dayane e SOUZA, Márcio Christian Rodrigues. Instrumentos e procedimentos avaliativos em anatomia humana. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 136142. Set. 2010/Dez. 2010. obtidos através de diferentes instrumentos (ZOCCHE, 2007). As informações obtidas servirão para o professor fazer as opções mais adequadas no sentido de conduzir o processo e promover a aprendizagem. A avaliação escolar tradicional está associada a provas, notas, medo, inteligência, aprovação, medir, fracasso e para muitos discentes do ensino superior se constitui numa forma ineficaz de aferir o aprendizado (MATA et. al., 2009). De fato, dependendo da forma como é conduzida, a avaliação pode ser um instrumento autoritário, punitivo e estigmatizante (MOREIRA, 2006), ao passo que a avaliação deve ser um caminho para a transformação e emancipação que qualifica e dignifica o ensinar e o aprender (ROLDAO, 2007; ZOCCHE, 2007). Isto ocorre, pois desde criança depara-se e entende-se a avaliação como um obstáculo enorme a ser ultrapassado e condição fundamental para dar prosseguimento a trajetória escolar e atingir o sucesso profissional (ALMEIDA, 1997). LUCKESI (2000) entende a avaliação como um recurso pedagógico útil e necessário para auxiliar cada educador e cada educando na busca e na construção de si mesmo e do seu melhor modo de ser na vida. METZNER (2002) afirma que avaliar não se restringe apenas a mensurar e controlar o ensino, mas acompanhar, interpretar e comunicar. O quantitativo de pesquisas sobre a avaliação nos cursos de formação odontológica ainda é bastante reduzido (CHAPNICK & CHAPNICK, 1998; CONSOLARO, 2000; ERICSON, 1997; ESTRELA & PAULA, 2001; JOHNSON, 1999). Este trabalho objetivou identificar e analisar os instrumentos e procedimentos avaliativos utilizados na disciplina de anatomia humana, do primeiro ano do curso de Odontologia da Universidade Federal de Goiás. MATERIAL E MÉTODOS Este estudo foi realizado a partir da aplicação de questionários tanto aos alunos quanto aos docentes já que a pesquisa da qualidade do desempenho docente com base na informação dos alunos é um dos parâmetros aceitáveis, (BOCLIN, 2004). As questões foram às mesmas, tanto para os alunos quanto para professores. Os questionários foram distribuídos para dois professores e sessenta alunos. Foram analisados 40 questionários, pois como não “valia nota”, alguns alunos julgaram não ser importante e não responderam. A partir das respostas aos questionários foi realizada a análise dos procedimentos avaliativos de professores da disciplina de anatomia humana do primeiro ano do curso de odontologia da Universidade Federal de Goiás. 138 MATA, Fabiana Ribeiro da; MATA, João Roberto da; SANTOS, Sara Dayane e SOUZA, Márcio Christian Rodrigues. Instrumentos e procedimentos avaliativos em anatomia humana. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 136142. Set. 2010/Dez. 2010. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os professores e alunos relataram que os instrumentos e procedimentos mais utilizados para a avaliação consistem em provas teóricas, práticas e o controle da presença pela frequência (chamada). A avaliação é vista então, como sinônimo de prova, pois entre tantas maneiras de avaliar, no final quem “prova mesmo é a prova”. Cabe a ela traduzir a aprendizagem em número e determinar a aprovação. Contudo, nem sempre a nota colabora com a real aprendizagem (MASETTO, 2000). É comum ouvir em sala os próprios alunos diferenciando estudar para a prova e estudar para aprender, ou seja, a avaliação desvinculada da aprendizagem o que reflete o entendimento de LUCKESI (1991) ao ponderar que a avaliação da aprendizagem ganhou um espaço tão amplo nos processos de ensino, que nossa prática educativa escolar passou a ser direcionada por uma pedagogia do exame, já que o sistema de ensino está interessado nos percentuais de aprovação/reprovação. A prova como instrumento de avaliação tem sido alvo de questionamentos a respeito de sua eficácia em contribuir com a aprendizagem. Entretanto, a questão não se refere à prova em si, mas ao modo como ela é entendida, utilizada e qual a sua finalidade maior. A sua associação a outros instrumentos de avaliação permite oportunizar aos alunos, diferentes momentos de aprender, corrigir os erros, sanar dúvidas, levantar questionamentos rumo ao conhecimento. Os instrumentos e procedimentos avaliativos informam ao professor e ao aluno como e se está ocorrendo à aprendizagem. Como a construção do saber se dá por meio de um processo constante e dinâmico, quanto mais avaliações forem realizadas, maior será a probabilidade de compreender e intervir neste processo. Nesse sentido, KENSKI (1994) ressalta a importância em se utilizar de diversas formas de avaliação. Os professores justificam a escolha de tais instrumentos e procedimentos devidos á necessidade em avaliar, até que ponto o aluno atingiu a compreensão do conteúdo, verificar a aprendizagem e a capacidade do aluno em relacionar teoria/prática. A avaliação teórica talvez seja o instrumento mais utilizado e de simples execução (ALMEIDA, 1997). Por outro lado decorre que, é necessário muitas vezes, gastar tempo maior do que é previsto para avaliar meticulosamente o aluno. Apesar de ser a avaliação uma das funções centrais do professor é frequente a fuga, e esta coincidem com atitudes pouco compromissadas do docente, que por vezes detrata a avaliação como tática de autodefesa e outras vezes inclusive de comodismo (DEMO, 1999). 139 MATA, Fabiana Ribeiro da; MATA, João Roberto da; SANTOS, Sara Dayane e SOUZA, Márcio Christian Rodrigues. Instrumentos e procedimentos avaliativos em anatomia humana. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 136142. Set. 2010/Dez. 2010. Para a maioria dos alunos, a escolha dos professores está associada à necessidade de avaliar o conteúdo, teórico e prático, e incentivar o comparecimento às aulas (Tabela 1). Assim, novamente fica evidente a necessidade de quantificar através da prova, a aprendizagem além do reconhecimento de que a prova serve também como um “incentivo” para que eles estudem. Tabela 1 - Instrumentos e procedimentos avaliativos utilizados na disciplina de anatomia humana e a respectiva justificativa da escolha pelos alunos de anatomia humana, do primeiro ano do curso de odontologia da Universidade Federal de Goiás. Instrumentos e procedimentos (%) Prova teórica (100%) Prova Prática (100%) % alunos Justificativa 74 12 4,8 2,3 6,9 70 9,4 7,0 4,8 4,8 4,6 56.6 Avaliar o conteúdo Não justificou Avaliar o rendimento Análise profunda do aprendizado Compreender melhor a prática /Há aulas teóricas/ É tradicional/ Avaliar o conteúdo prático Compreender melhor a teoria/Facilita a aprendizagem Melhor método para avaliar e estudar anatomia Avaliar o rendimento Não justificaram É tradicional/ Testar o aluno Incentivar o aluno a ir às aulas/Avalia o interesse/ Evitar faltas/Valorizar o aluno que assiste às aulas Não justificaram Avaliar o envolvimento e participação Comparecimento dos alunos Avalia a frequência Entendimento mais amplo Avalia a assimilação do conteúdo Participação dos alunos folgados/Incentivar o estudo após a explicação/ Avaliar a responsabilidade do aluno Incentivar o uso Segurança Frequência (90%) 7,1 4,7 4,7 4,7 4,6 6,9 Uso do jaleco (5%) 4,0 1,0 É preciso que os alunos, principalmente os universitários, compreendam o sentido, o significado e a necessidade de estudar. Estuda-se não somente para passar de ano através de boas notas, mas primeiramente para promover o crescimento do indivíduo como pessoa, profissional numa sociedade carente de cidadãos éticos, criativos, reflexivos, capaz de enfrentar desafios e apontar soluções. É interessante observar que muitos alunos não justificaram a escolha da prova teórica (12%) e prática (4,8%) talvez por ainda desconhecer a real importância da avaliação para a aprendizagem. As provas práticas de anatomia são aplicadas de modo rígido quanto ao tempo para responder cada questão, mas ainda sim, 7% dos alunos consideram a prova prática MATA, Fabiana Ribeiro da; MATA, João Roberto da; SANTOS, Sara Dayane e SOUZA, Márcio Christian Rodrigues. Instrumentos e procedimentos avaliativos em anatomia humana. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 136142. Set. 2010/Dez. 2010. 140 o melhor método para avaliar e para estudar anatomia. Estes, provavelmente já se “adaptaram” a pressão e tensão exigida na maioria das provas e testes que são submetidos durante as avaliações. A frequência (chamada) é apontada por 56,6% dos alunos como forma de incentivar o comparecimento ás aulas evitando as faltas, “premiar” aqueles que assistem todas às aulas e avaliar o interesse. Os professores também vêem à chamada como modo de obrigar o aluno a permanecer no laboratório estudando após a explicação do professor. Os próprios alunos, ao longo de toda uma trajetória escolar, a qual permitiu seu ingresso na universidade ainda não conseguiram encontrar uma razão ou necessidade em estudar e aprender, que não seja a de fazer uma prova e passar de ano. Diante de tal realidade, os professores lançam mão de recursos como, provas, notas e a frequência, para criar uma obrigação ao estudo. Para que o processo avaliativo realmente cumpra a sua função é necessário que os instrumentos e procedimentos de avaliação respaldem a tomada de decisão por parte dos professores, que atendam mais imediatamente aos objetivos propostos e que vislumbrem a relação com o perfil do profissional que se quer formar, oferecendo informações necessárias e significativas sobre o desenvolvimento dos alunos. Para 52% dos alunos os instrumentos avaliativos promovem a aprendizagem significativa e estimula o espírito crítico devido principalmente à didática do professor, a eficácia das avaliações, a obrigatoriedade ao estudo e o incentivo a curiosidade (Tabela 2). Entretanto, 41% dos alunos acreditam que a aprendizagem e o desenvolvimento do espírito crítico acontecem em parte devidos principalmente ao não estímulo, a memorização exigida, a falta de relacionamento com a profissão e a avaliações incompletas. Apenas 7,0% alunos acreditam que a não diversificação das avaliações e aulas decorativas e cansativas impedem a aprendizagem e o espírito crítico. Tabela 2 - Contribuição da avaliação para a aprendizagem significativa e desenvolvimento do espírito crítico e suas respectivas justificativas pelos alunos de anatomia humana, do primeiro ano do curso de odontologia da Universidade Federal de Goiás. Contribui para aprendizagem e estimula o espírito crítico % de alunos Justificativas Sim 52% 18 11 8,6 7,1 7,3 Não 4,7 Explicação clara e objetiva Eficácia dos instrumentos avaliativos Força o aluno a estudar Desperta o interesse e a curiosidade Relação teoria-prática/Estudo nas anatômicas/ Aborda todo o conteúdo Não diversificação das avaliações peças MATA, Fabiana Ribeiro da; MATA, João Roberto da; SANTOS, Sara Dayane e SOUZA, Márcio Christian Rodrigues. Instrumentos e procedimentos avaliativos em anatomia humana. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 136142. Set. 2010/Dez. 2010. 141 2,3 19 7,0% Em parte 41% 4,7 4,1 2,2 11,0 Aulas repetidas e decorativas Há aprendizagem sem estímulo e espírito crítico Conteúdo exige memorização Às vezes não há relação com a profissão Avaliação não é completa Não estimula a curiosidade/Dificuldade de estudo nas peças/Aulas teóricas cansativas/Dúvidas em certos pontos da matéria/ Nada é perfeito Para os professores, os instrumentos e procedimentos avaliativos contribuem para uma aprendizagem significativa e estimulam o espírito crítico, pois são realizadas discussões das provas, já que as explicações são claras e há o relacionamento da teoria com a prática profissional. Apesar da maioria de alunos e dos professores concordarem que há aprendizagem e desenvolvimento do espírito crítico, uma parcela significativa dos alunos (40%) sinaliza a necessidade de mudanças em certos pontos da disciplina diversificando os instrumentos e procedimentos avaliativos, pois a avaliação desenvolvida durante o processo de ensinoaprendizagem deve estar vinculada a um projeto educativo (KENSKI, 1994). A disciplina de anatomia humana trabalha com um grande número de informações, que servirão de suporte aos conhecimentos específicos da área de atuação do odontólogo, portanto, exige dos alunos a capacidade não somente de memorizar, mas também de relacionar, interpretar e aplicar o conteúdo teórico na prática profissional. Para que esse processo ocorra é necessário que alunos e professores entendam e utilizem à avaliação, como facilitadora da aprendizagem. Deste modo, a própria avaliação pode fornecer as respostas aos questionamentos dos alunos e contribuir para a aprendizagem e o desenvolvimento do espírito crítico. CONCLUSÕES Constatou-se que, as provas teóricas e praticas constituem os principais instrumentos de avaliação utilizados neste curso na disciplina de anatomia humana. Ficou explicito a necessidade de repensar alguns aspectos da avaliação, pois apesar de haver boa aprendizagem, a diversificação de procedimentos avaliativos foi sugerida como recursos que contribuam para melhor compreensão da disciplina e promova melhorias na formação e qualificação dos futuros cirurgiões-dentistas. Houve avanço na compreensão de que a 142 MATA, Fabiana Ribeiro da; MATA, João Roberto da; SANTOS, Sara Dayane e SOUZA, Márcio Christian Rodrigues. Instrumentos e procedimentos avaliativos em anatomia humana. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 136142. Set. 2010/Dez. 2010. aprendizagem não deve apenas obrigar o aluno a estudar e cobrar dele resultados, mas sim possibilitar e orientar os professores e alunos rumo ao conhecimento e desenvolvimento pessoal e profissional como um todo. REFERÊNCIAS ALMEIDA, A.M. Avaliação da aprendizagem e seus desdobramentos. Avaliação. v. 2, p. 37-50, 1997. BOCLIN, R. Avaliação de Docentes do Ensino Superior: Um Estudo de Caso Ensaio. Aval. Pol. Públ. Educ. v. 12, p. 959-980, 2004. CHAPINCK, L.A.; CHAPNICK, A. The part-time clinical instructor in the undergraduate dental clinic. J. Canad. Dent. Assoc. v. 64, p. 374-76, 1998. CONSOLARO, A. O “Ser Professor”: Arte e ciência no ensinar e aprender. Dental Press International. 2000. DEMO, P. Mitologias da avaliação – de como ignorar, em vez de enfrentar problemas. Campinas, Autores Associados. p. 50-56, 1999. ERICSON, D. Clinical guidelines and self-assesment in dental education. Eur. J. Dent. Educ. v.1, p. 123-128, 1997. ESTRELA, C.; PAULA. M.H.C. Metodologia Científica: ensino e pesquisa em odontologia. São Paulo: Artes Médicas. 2001. JOHNSON, G.A. Comprehensive care clinic in swedish dental undergraduate education: 3 years report. Eur. J. Dent. Educ. v. 3, p. 148-52, 1999. KENSKI, V.M. Avaliação da aprendizagem. In: Repensando a Didática, Campinas: Papirus. p.130136, 1994. LUCKESI, C.C. Avaliação da aprendizagem escolar: apontamentos sobre a pedagogia do exame. Tec. Educ. v. 20, p. 82-86, 1991. LUCKESI, C.C. O que é mesmo o ato de avaliar a aprendizagem? Pátio. v. 3, p. 7-11, 2000. MASETTO, M.; MARILDA. B. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus. p. 133-174, 2000. METZNER, C. Pareceres descritivos de avaliação da aprendizagem: elaboração e ação do professor. In: Igualdade e diversidade na educação-programas. Anais do XI ENDIPE/Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino. Goiânia, 2002. MATA, F.R.; MATA, J. R.; SOUZA, M.C.R.; SANTOS, S. D. Concepcções e funções avaliativas em anatomia humana. Revista Eletrônica de Farmácia. v. 6, n. 2, p. 62-71, 2009. MOREIRA, M. Repensando a avaliação: perspectivas criativas para a educação. Trabalho Educação e Saúde. v. 4: p. 441-456, 2006. ROLDAO, M. C. Função docente: natureza e construção do conhecimento profissional. Rev. Bras. Educ. v. 12, p. 94-103, 2007. ZOCCHE, D. A. A. Educação Profissional em Saúde: Reflexões Sobre a Avaliação, Trabalho educação e saúde. v. 5, p. 281-295, 2007. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 04, 143 – 153. Set. 2010/Dez. 2010. ENFERMAGEM NA CAPACITAÇÃO DE CUIDADORES FORMAIS E INFORMAIS DE PACIENTES COM ALZHEIMER Edson Sidião de Souza Júnior Dédiva Maria Teixeira Neto Eurídice Oliveira da Silva Santos** Margareth Oliveira Amâncio** Resumo: Abstract: Trata de uma revisão sistemática da literatura que objetivou analisar as publicações científicas que abordem a capacitação de cuidadores formais e informais de pacientes com Alzheimer, introduzidas em bancos de dados no período de 1999 a 2009. Foram pesquisadas as bibliotecas virtuais MedLine, Lilacs e Scielo, 1544 publicações que foram analisadas quanto um modelo padrão mais eficaz na capacitação de cuidadores, voltado para melhoria na qualidade de vida tanto do que está sendo cuidado como do seu cuidador. Esta doença causa dependência física e financeira, e o idoso, que já é uma vítima de inúmeros preconceitos estabelecidos pela a sociedade, sofre ainda mais por se esquecer dos fatos e das pessoas. Além disso, as pessoas que cuidam, correm o risco de não saber lidar com a situação, seja pelo desconhecimento dos aspectos clínicos, mas também pelo desconhecimento técnico do cuidar. Partindo deste pressuposto os objetivos apontados para a ocorrência deste despreparo, se encontra na falta de uma enfermagem sistematizada na educação para o idoso com Alzheimer e principalmente para seus cuidadores. This is a systematic review aimed to examine the scientific publications of nursing in the training of formal and informal caregivers of Alzheimer's patients put into databases from 2000 to 2009. We surveyed the virtual libraries Medline, Lilacs and Scielo. The sample was composed of 20 publications were analyzed as a standard in more effective training of caregivers, dedicated to improving the quality of life for both being cared for as his caregiver. Notes that this disease not only causes physical dependence, but also, financial, and the elderly who are victims of many prejudices established by the society suffers even more. Furthermore people who care, is in danger of not coping with the situation, not knowing the symptoms and disorders of the disease and ultimately jeopardize the health of the elderly but also their health. Under this assumption, the objectives suggested for the occurrence of this lack of preparation, is the lack of a systematized nursing education for the elderly with Alzheimer's and especially their caregivers. Palavras-chave: Key-words: Alzheimer, Capacitação, Enfermagem, Idoso. Alzheimer's, Elderly, Nursing, Training. INTRODUÇÃO O olhar cansado e a expressão abatida da comerciante Lara Botelho, 40 anos, revelam bem o quanto é difícil cuidar de alguém que tem Alzheimer. A situação se torna ainda pior quando o portador da doença é a própria mãe. “O mais difícil é aceitar a doença. É difícil perceber que a minha mãe, uma pessoa que sempre foi extremamente ativa, que representava o seio da família, se tornou, na verdade, um bebê, uma criança que precisa de cuidados constantes e que depende de nós o tempo Professor da FESGO – [email protected] Acadêmicas de Enfermagem da FESGO 144 SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; TEIXEIRA NETO, Dédiva Maria; SANTOS, Eurídice Oliveira da Silva e AMÂNCIO, Margareth Oliveira Enfermagem na capacitação de cuidadores formais e informais de pacientes com Alzheimer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 143-153. Set. 2010/Dez. 2010. inteiro”, conta Lara, emocionada ao falar sobre a mãe Carmem, 72 anos (BANDEIRA e MASCARENHA, 2009. B-13 ABRAz). Segundo MARIN e AGERAMI (2002) a preocupação com a velhice, apesar de constituir-se em questão antiga, vem aumentando no mundo todo nos últimos decênios devido ao aumento da média de vida da população, atribuída às melhores condições sanitárias, à profilaxia de doenças, ao surgimento de novas drogas e ao planejamento familiar. A população brasileira não é mais considerada jovem, sendo composta atualmente por aproximadamente 11 milhões de pessoas com mais de 60 anos de idade e com uma previsão de ser quase um quinto da população em 2050 (SILVA et. al., 2007). KARSCH (2003) relata que a frequência das doenças crônicas e a longevidade atual dos brasileiros são as duas principais causas do crescimento das taxas de idosos portadores de incapacidades. A prevenção das doenças crônicas e degenerativas, a assistência à saúde dos idosos dependentes e o suporte aos cuidadores familiares representam novos desafios para o sistema de saúde instalado no Brasil. ALBUQUERQUE e SCALABRIN (2007) e CRUZ e HANDAM (2008) afirmam que com o aumento da população idosa ocorre o aumento das doenças crônico degenerativas, como a Doença de Alzheimer – DA. Embora diferentes pesquisas estejam sendo desenvolvidas no mundo inteiro, a doença de Alzheimer continua sendo um grande mistério para a ciência. Sua causa é ainda desconhecida e o diagnóstico, mesmo adotando critérios padronizados internacionalmente, não dispõe de exames que a comprovem com precisão, sendo definitivo apenas mediante a análise histopatológica do tecido cerebral KANDEL, SCHWARTZ e JESSEL (2003) descrevem que o mal de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa protática e caracterizada por várias anormalidades no encéfalo que irá afetar os neurônios de regiões especificas que estão associados com anormalidades do citoesqueleto e resultam na produção de proteína sináptica na região do encéfalo. Em todos estes pacientes as funções mentais e atividade da vida diária vão se tornando progressivamente prejudicadas e nos estágios tardios esses indivíduos ficam mudos ou acamados e normalmente morrem de outra doença. Conforme demonstra a Associação Brasileira de Alzheimer (2009) através do relatório mundial de Alzheimer's Disease International-ADI (2009) que, “mais de 35 milhões de pessoas em todo o mundo terão demência em 2010. Segundo ABRAz - Associação Brasileira de Alzheimer (2009) relatada na revista The Lancet (2005) diz que, “os casos de DA trata-se de um aumento de 10 por cento sobre a 145 SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; TEIXEIRA NETO, Dédiva Maria; SANTOS, Eurídice Oliveira da Silva e AMÂNCIO, Margareth Oliveira Enfermagem na capacitação de cuidadores formais e informais de pacientes com Alzheimer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 143-153. Set. 2010/Dez. 2010. prevalência da demência global. É citado no novo relatório, que a prevalência de demência vai quase duplicar a cada 20 anos, isto é: 65,7 milhões em 2003; e 115,4 milhões em 2050.” Em um Relatório publicado em abril de 2007 pela Revista Alzheimer‟s & Dementia, onde permanece arquivado na biblioteca da ABRAZ para fins de informações, informa que o custo no mundo com a demência é de US$ 315 bilhões. Em 2005 esse custo foi de US$ 210 bilhões. ABRAz (2009), afirma que a Demência tem impacto físico, psicológico e econômico, não só sobre a pessoa com a doença, mas também do cuidador(es), da pessoa da família e dos amigos, do sistema de saúde(s) e da sociedade. Por exemplo, estatísticas citadas no novo relatório sugerem que 40-75% dos cuidadores desenvolvem doença psicológica grave, como resultado de seus cuidados e 15-32% têm depressão. Contudo na assistência do idoso, ainda são necessários muitos passos para atingir uma integralidade no tratamento da doença, uma vez que a dificuldade existente na rede de saúde brasileira não permite um funcionamento eficaz desta assistência regulamentada (DOMINGUES et. al., 2009). COSTA (2008) conclui que através de alguns estudos a doença passa por fases caracterizadas por alterações e déficits profundos, gerando ao idoso portador angústia, tristeza, depressão e dependência total. Todos esses transtornos provocam grande sofrimento tanto ao idoso como a seus familiares, que muitas vezes assumem a função de cuidadores e passam a viver em função dessa tarefa, em grande parte sem informação e esclarecimento sobre a doença. KARSCH (2003) comenta que no Brasil a transição demográfica e a transição epidemiológica apresentam, cada vez mais, um quadro de sobrevivência de idosos na dependência de uma ou mais pessoas que suprem as suas incapacidades para a realização das atividades de vida diária. Estas pessoas são familiares dos idosos, especialmente, mulheres, que, geralmente, residem no mesmo domicílio e se tornam as cuidadoras de seus maridos, pais e até mesmo filhos. KAWASAKI e DIOGO (2001) analisaram que o cuidado diário e permanente ao idoso dependente produz perturbações, que por menor que sejam, afetam a vida familiar. A mudança no exercício de papéis, angustiante em virtude do envolvimento afetivo paciente idoso e família, a diminuição do tempo de relacionamento com amigos e vizinhanças, a solidão, a sobrecarga e a frustração por não conseguir colocar em prática seus próprios projetos de vida, fazem parte dessas perturbações que em determinado momento saturam o 146 SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; TEIXEIRA NETO, Dédiva Maria; SANTOS, Eurídice Oliveira da Silva e AMÂNCIO, Margareth Oliveira Enfermagem na capacitação de cuidadores formais e informais de pacientes com Alzheimer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 143-153. Set. 2010/Dez. 2010. cuidador (informal) de tal forma que volte em busca de alternativas de cuidado como a contratação de um indivíduo para prestar assistência ao idoso. Esses indivíduos são denominados cuidadores formais que não raramente assumem sozinhos a assistência ao idoso, sem ter uma equipe para dividir as responsabilidades da tarefa. Os cuidadores formais que se habilitam a prestar assistência aos idosos no domicílio nem sempre possuem uma formação adequada para o desempenho dessa função. No entanto a oferta dos serviços dessas pessoas vem crescendo visivelmente na imprensa escrita, principalmente nos jornais de grande circulação e em revistas não científicas. CALDEIRA e RIBEIRO (2004) abordam de uma maneira geral situações de dificuldades dos cuidadores quando se encontram ou se deparam com numerosos fatores, que incluem a aceitação do diagnóstico, lidar com um stress cada vez maior, administrar o conflito dentro da família e planejar o futuro e saber cuidar do paciente. Com isso, o cuidador ficará vulnerável a doenças físicas, depressão, perda de peso, insônia, a abusar física e verbalmente do paciente, de álcool e de medicamentos psicotrópicos. KARSCH (2003) focalizando na assistência do idoso e seus cuidadores, procura demontrar que tanto nos Estados Unidos como na Europa há investimentos em políticas públicas a fim de construir e manter redes de suporte a idosos e a cuidadores. Um exemplo disso é a rede de suporte a cuidadores que se define como community care, cujo objetivo é manter o idoso em casa, oferecendo suporte para a família e para o cuidador, trazendo, por exemplo, um profissional para alternar os cuidados com o cuidador. No Brasil, a velhice sem independência e autonomia ainda faz parte de uma face oculta da opinião pública, porque vem sendo mantida no âmbito familiar dos domicílios ou nas instituições asilares, impedindo qualquer visibilidade e, consequentemente, qualquer preocupação política de proteção social (KARSCH, 2003). Talvez o descaso da política social seja devido à decorrência do sistema de saúde pública, não se encontrar preparado para fornecer o suporte à população que envelhece nem a sua família (ROCHA, VIEIRA e SENA, 2008). Segundo o MS - Ministério da Saúde (2008), a pessoa com limitação física e financeira é a que mais sofre, tendo que depender da ajuda de outras pessoas, em geral familiares, fazendo com que seu poder de decisão fique reduzido, dificultando o desenvolvimento de outros vínculos com o meio social. Para oferecer uma vida mais satisfatória, é necessário o trabalho em conjunto entre o Estado, a comunidade e a família. 147 SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; TEIXEIRA NETO, Dédiva Maria; SANTOS, Eurídice Oliveira da Silva e AMÂNCIO, Margareth Oliveira Enfermagem na capacitação de cuidadores formais e informais de pacientes com Alzheimer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 143-153. Set. 2010/Dez. 2010. Os cuidadores sejam eles formais e informais precisa ser alvo de orientação de como proceder nas situações mais difíceis e receber em casa visitas periódicas de profissionais como o médico, pessoal de enfermagem, de fisioterapia e outras modalidades de supervisão e capacitação. Este apoio é fundamental para ajudá-lo a lidar com a grande mudança em seu estilo de vida, já que além de ser responsável pelo seu bem-estar passa a responsabilizar-se pelo indivíduo doente. Além disso, pode não demonstrar ou mesmo não perceber que está precisando de ajuda e orientação para seu autocuidado, já que cada pessoa reage de forma diferente frente à doença familiar. (VILAÇA et. al., 2005). O cuidador, como se sabe, tem recebido dos profissionais de saúde que atuam na área hospitalar, pouca atenção no sentido de capacitá-los para a continuidade da assistência, embora assuma papel de grande importância na assistência ao idoso em cujo processo deveria estar envolvido desde o momento da admissão (MARIN e ANGERAMI, 2002). FABRICIA (2002) afirma que “a equipe de enfermagem não deve valorizar somente a patologia mais também dar suporte para quem a possui, sem esquecer de seus cuidadores, que são os maiores aliados em busca da cura dos que sofrem.” No entanto, devido à complexidade da necessidade de um suporte maior com os cuidadores de pacientes com DA, e na obtenção da qualidade de vida tanto do paciente como destes, optamos em realizar a revisão sistemática, a fim de, detectar o que o enfermeiro tem trabalhado do ano de dois mil até agora relacionado na preparação dos cuidadores formais e não informais, onde com esta análise, ajudaremos acrescentar para uma capacitação mais eficaz, e mais ligada a realidade de quem cuida. METODOLOGIA Objetiva-se com esta revisão sistemática da literatura identificar trabalhos que propõe um modelo padrão que seja eficaz na capacitação dos cuidadores formais e informais de pacientes com DA, voltado para melhoria na qualidade de vida tanto do que está sendo cuidado como também de quem cuida. A Revisão Sistemática da Literatura foi constituída pelas seguintes fases: FASE 1 – Elaboração do Teste de Relevância e Seleção da Base de Dados. Os testes de relevância foram definidos (fig.1 e fig.2) e abordaram questões a respeito da clareza e coerência, a capacitação de cuidadores. Definiu-se como Base de Dados 148 SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; TEIXEIRA NETO, Dédiva Maria; SANTOS, Eurídice Oliveira da Silva e AMÂNCIO, Margareth Oliveira Enfermagem na capacitação de cuidadores formais e informais de pacientes com Alzheimer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 143-153. Set. 2010/Dez. 2010. a BVS (Biblioteca Virtual de Saúde): MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da Saúde) e LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde). Estas bases foram escolhidas pelo fato de serem comumente consultadas como fontes de literatura qualificada dentro das Ciências. FASE 2 – Definição dos Descritores A busca na base de dados na BVS foi realizada no dia 22 de setembro de 2009, consultando o Dicionário de Descritores da BVS foram levantados pelos pesquisadores um conjunto de descritores coerentes com o objetivo da revisão: Enfermagem, Capacitação, Idoso, Alzheimer. Avaliamos a abrangência dos escritores relacionados com o nosso tema e assunto, e optamos por os trabalhos publicados entre os anos de 1999 e 2009. TESTE DE RELEVÂNCIA 1 Identificação do estudo: Sim Não Critérios de Inclusão 1. O estudo envolve a capacitação de cuidadores formais e informais de pacientes de DA? 2. O estudo relata técnicas de enfermagem cientificamente comprovada de como ajudar na capacitação de cuidadores? 3. O estudo é direcionado na capacitação dos cuidadores de pacientes com DA? Critérios de Exclusão 1. É editorial ou revisão? 2. A linguagem do artigo não é dominada pelo pesquisador? 3. Fora do período estudado (1999-2009)? Parecer do avaliador: ( ) Inclusão ( ) Exclusão Pesquisador: _________________________________________________ Figura 1- Teste de relevância I TESTE DE RELEVÂNCIA 2 Identificação do estudo: Sim Critérios de Inclusão 1.O estudo trabalha a capacitação visando à qualidade de vida do paciente com DA e do seu cuidador? 2. O estudo tem conhecimento científico prático- Não 149 SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; TEIXEIRA NETO, Dédiva Maria; SANTOS, Eurídice Oliveira da Silva e AMÂNCIO, Margareth Oliveira Enfermagem na capacitação de cuidadores formais e informais de pacientes com Alzheimer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 143-153. Set. 2010/Dez. 2010. teórico para a capacitação de cuidadores formais e informais de pacientes com DA? Critérios de Exclusão 1.O estudo se trata ensaios clínicos? Parecer do avaliador: ( ) Inclusão ( ) Exclusão Pesquisador: ____________________________________________________ Figura 2- Teste de relevância II FASE 3- Seleção e análise dos resumos para o levantamento de artigos A literatura apresentou trabalhos em diversos idiomas. Entretanto para um melhor desempenho, só foram incluídos trabalhos escritos em línguas dominadas pelos pesquisadores (inglês, espanhol, português). Foram excluídos automaticamente trabalhos repetidos. Os artigos foram selecionados por meio da aplicação do teste de relevância I. Este teste foi realizado por dois pesquisadores de forma independente, sendo observado o índice de confiabilidade (IC) entre os pesquisadores. Este índice foi calculado dividindo-se o número de artigos aceitos pelos dois pesquisadores de forma unânime, por este mesmo número somado ao número de artigos aceitos em desacordo pelos dois pesquisadores. Este valor deve ser multiplicado por 100 e expresso em porcentagem. Considerou-se aceitável IC maior ou igual a 80%. FASE 4- Seleção de artigos para inclusão na análise Em cada artigo selecionado após a aplicação do teste de relevância I foi aplicado o teste de relevância II, após a leitura completa do artigo. Os pesquisadores fizeram a análise de forma independente. Foram identificados os trabalhos em desacordo quanto à inclusão ou exclusão do mesmo. Após discussão e análise crítica dos fatores que levavam a discordância, se a mesma permanecesse, um terceiro pesquisador consultava de forma independente o trabalho (consultor ad hoc). RESULTADOS E DISCUSSÃO A quantidade total de artigos encontrados em nossa busca, realizada no dia 22 de setembro de 2009 foi igual 1.544, nas bases consultadas e para os descritores e seus SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; TEIXEIRA NETO, Dédiva Maria; SANTOS, Eurídice Oliveira da Silva e AMÂNCIO, Margareth Oliveira Enfermagem na capacitação de cuidadores formais e informais de pacientes com Alzheimer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 143-153. Set. 2010/Dez. 2010. 150 cruzamentos (tabela 1). Observa-se também uma predominância de artigos na base LILACS. Apesar disso a relevância da base na contribuição cientifica não pode ser avaliada pela quantidade de literatura indexada. Tabela 1- Distribuição dos artigos levantados na BVS (Biblioteca Virtual De Saúde) de acordo com a Base De Dados e Descritores* (22/09/2009). Base de Dados SCIELO LILACS TOTAL A* B* A+B* TOTAL 54 152 206 198 389 587 232 519 751 484 1060 1544 *descritores: a-ALZHEIMER , b-CAPACITAÇÃO, c-ENFERMAGEM, d-IDOSO. Na aplicação do teste de relevância I, observamos o índice de confiabilidade variou variando entre 90% e 100%. Após este primeiro estudos incluídos pelos diferentes pesquisadores foram organizados em ordem alfabética, visando excluir possíveis resumos repetidos, resultando assim em um total de 4 artigos incluídos (tabela 2). Tabela 2 - Distribuição dos artigos levantados na BVS (Biblioteca Virtual De Saúde) e aceitos pelos dois pesquisadores após aplicação do Teste de relevância I nos resumos (com total de artigos inclusos pelos diferentes pesquisadores em concordância). A* Base de Dados B* A+B* Total em concordância P1 P2 P1 P2 P1 P2 SCIELO 00 00 00 00 00 00 00 LILACS 2 01 00 01 00 00 04 Total em concordância 3 1 X 04 *descritores: a-ALZHEIMER, b-CAPACITAÇÃO, c-ENFERMAGEM, d-IDOSO. Estes artigos estão listados na (Tabela 3). Foram então excluídos 1540 artigos. A problemática do desacordo entre os pesquisadores foi facilmente resolvida pelo dialógo, já que as dificuldades se deviam a tradução, ou de uma leitura mais atenciosa ou sobre informações mais detalhadas a despeito da técnica de diagnóstico ou população avaliada. Percebemos a repetição de artigos, em diferentes bases de dados, ou com diferente ordem de autores. 151 SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; TEIXEIRA NETO, Dédiva Maria; SANTOS, Eurídice Oliveira da Silva e AMÂNCIO, Margareth Oliveira Enfermagem na capacitação de cuidadores formais e informais de pacientes com Alzheimer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 143-153. Set. 2010/Dez. 2010. Após a aplicação do teste de relevância II os 4 artigos incluídos na primeira avaliação foram todos excluídos, o que não permitiu a realização de uma meta análise. CONCLUSÃO A falta de publicação que evidenciam a enfermagem na capacitação de cuidadores formais e informais de pacientes com Alzheimer, é clara e demonstra nos resultados desta revisão sistemática da literatura. Ao pesquisarmos na BVS, abrangendo Lilacs e Scielo, foram encontrados 1544 que, ao passarem pelo teste de relevância reduziram-se em 4 em seguida passando pelo teste de exclusão não sendo utilizados para a revisão sistemática. Tabela 3- Artigos levantados na BVS (Biblioteca Virtual De Saúde) e aceitos pelos dois pesquisadores após aplicação do Teste de relevância I nos resumos. Referências Análise Crítica CRUZ, Marília da Nova and HAMDAN, Amer Cavalheiro. O impacto da doença de Alzheimer no cuidador. Psicol. estud. [online]. 2008, vol.13, n.2, pp. 223-229. ISSN 1413-7372. LEMOS, Naira Dutra; GAZZOLA, Juliana Maria e RAMOS, Luiz Roberto. Cuidando do paciente com Alzheimer: o impacto da doença no cuidador. Saude soc. [online]. 2006, vol.15, n.3, pp. 170-179. ISSN 0104-1290. O artigo aponta que à medida que as doenças crônico-degenerativas como a Doença de Alzheimer (DA) aumenta, cresce a necessidade por cuidadores especiais, função importante desempenhada pelos cuidadores, onde pelo declínio e pela demanda específica do paciente, são fatores importante para o estresse do cuidador como, depressão, prejuízos no sistema imunológico, e altos índices de conflitos familiares. Esse artigo caracteriza através de uma amostragem de cuidadores de pacientes com DA, onde foi detectado uma maior prevalência na classe feminina, com faixa etária entre 41 a 60 anos com idade mínima de 34 anos, onde em relação à escolaridade a maioria tiveram até oito anos de estudo. Já quanto ao tempo, verificou-se que os cuidadores já realizavam os cuidados ao paciente há quatro anos, e a maioria dedicava como refere o artigo 19 a 24 horas por dia aos cuidados, sendo que a maioria também realizava outras atividades fora. GARRIDO, REGIANE and ALMEIDA, OSVALDO P.. Distúrbios de comportamento em pacientes com demência: impacto sobre a vida do cuidador. Arq. Neuro-Psiquiatr. [online]. 1999, vol.57, n.2B, pp. 427-434. ISSN 0004-282X. CALDEIRA, A.P.S.; RIBEIRO, R.C.H.M. O enfrentamento do cuidador do idoso com Alzheimer. Arquivo Ciência Saúde, v.11, n.2, p.2-6, 2004, abrjun;11(2):X-X. O artigo revela através de uma revisão sistemática da literatura, que os transtornos de comportamento em pacientes dementados são as principais causas de sobrecarga na vida do cuidador. Além disso, as dificuldades crescentes com cuidado do paciente aumenta a chance de que este venha a ser institucionalizado, onerando ainda mais os deficitários serviços de saúde disponíveis para o atendimento dessa população. O objetivo desta pesquisa foi analisar o conhecimento do cuidador sobre os cuidados necessários aos idosos portadores de Alzheimer, partindo deste pressuposto, os autores sugere uma assistência de enfermagem sistematizada de educação para o idoso com Alzheimer e principalmente para seus cuidadores. 152 SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; TEIXEIRA NETO, Dédiva Maria; SANTOS, Eurídice Oliveira da Silva e AMÂNCIO, Margareth Oliveira Enfermagem na capacitação de cuidadores formais e informais de pacientes com Alzheimer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 143-153. Set. 2010/Dez. 2010. Todos os artigos encontrados discutem os transtornos que a doença mal de Azheimer provoca tanto no idoso como em seus familiares, que muitas vezes assumem a função de cuidadores e passa a viver em função dessa tarefa, em grande parte sem informação e esclarecimento sobre a doença. A mudança no exercício de papéis, angustiantes em virtude do envolvimento efetivo paciente idoso e família, a diminuição do tempo de relacionamento com amigos e vizinhanças, a solidão, a sobrecarga e a frustração por não conseguir colocar em prática seus próprios projetos de vida, fazem parte dessas perturbações que em determinado momento saturam o cuidador informal de tal forma que volte em buscar alternativas de cuidados como a contratação de um indivíduo para prestar assistência ao idoso. Os cuidadores formais que se habilitam a prestar assistência aos idosos no domicílio nem sempre possuem uma formação adequada para esta função, sem ter uma equipe para dividir as responsabilidades da tarefa (KAWASAKI e DIOGO, 2001). Em relação aos cuidadores sejam eles formais e informais, precisa ser alvo de orientação de como proceder nas situações mais difíceis a receber visitas de profissionais capacitados e outras modalidades de supervisão e capacitação. Este apoio é essencial para ajudá-lo a lidar com a grande mudança em seu estilo de vida, já que além de ser responsável pelo seu bem-estar passa a responsabilizar-se pelo indivíduo doente (VILAÇA et. al., 2005). A necessidade de se obter informação e uma forma de preparação, ou seja, uma capacitação adequada e específica por parte da enfermagem voltada para cuidadores de pacientes com Alzheimer cresce a cada ano, pois as doenças crônico-degenerativas na classe de idosos vêm aumentando no mundo nos últimos decênios, sendo uma das principais causas do crescimento das taxas de idosos portadores de incapacidades. REFERÊNCIAS 1. BRASIL. Associação Brasileira de Alzheimer. Doença impede o paciente de lidar coma às atividades normais da vida. São Paulo-SP, 2009. 2. BRASIL. Associação Brasileira de Alzheimer. Os altos custos com a doença de Alzheimer no mundo. Revista Alzheimer’s & Dementia. São Paulo-SP, 2007. 3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Guia Prático do Cuidador. 1. ed. Brasília-DF, 2008. 4. CALDEIRA, A.P.S.; RIBEIRO, R.C.H.M. O enfrentamento do cuidador do idoso com Alzheimer. Arquivo Ciência Saúde, v.11, n.2, p.2-6, 2004, abr-jun;11(2):X-X. 5. CRUZ, Marília da Nova and HAMDAN, Amer Cavalheiro. O impacto da doença de Alzheimer no cuidador. Psicol. estud. 2008, vol.13, n.2, pp. 223-229. ISSN. 153 SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; TEIXEIRA NETO, Dédiva Maria; SANTOS, Eurídice Oliveira da Silva e AMÂNCIO, Margareth Oliveira Enfermagem na capacitação de cuidadores formais e informais de pacientes com Alzheimer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 143-153. Set. 2010/Dez. 2010. 6. GARRIDO, REGIANE and ALMEIDA, OSVALDO P. Distúrbios de comportamento em pacientes com demência: impacto sobre a vida do cuidador. Arq. Neuro-Psiquiatr. 1999, vol.57, n.2B, pp. 427-434. ISSN 0004-282X. 7. KANDEL, R. E; SCHWARTZ, H. J; JESSEL, M.T. Princípios da neurociência. 4º ed. 2003. Editora: Manole. Cap. 58 pág. 1149 á 1159. 8. KARSCH, Ursula M. Idosos dependentes: famílias e cuidadores. Caderno de saúde pública, Rio de Janeiro, 861-66, maio – junho. 2003 9. KAWASAKI, Kozue and DIOGO, Maria José D'Elboux. Assistência domiciliaria ao idoso: perfil do cuidador formal - parte I. Rev. esc. enferm. 2001, vol.35, n.3, pp. 257-264. 10. LEMOS, Naira Dutra; GAZZOLA, Juliana Maria e RAMOS, Luiz Roberto. Cuidando do paciente com Alzheimer: o impacto da doença no cuidador. Saude soc. 2006, vol.15, n.3, pp. 170-179. ISSN 0104-1290. 11. MARIN, Maria José Sanches and ANGERAMI, Emilia Luigia Saporiti. Caracterizaçao de um grupo de idosas hospitalizadas e seus cuidadores visando o cuidado pós alta hospitalar. Rev. esc. enferm. USP. 2002, vol.36, n.1, pp. 33-41. 12. ROCHA, Michel Patrick Fonseca; VIEIRA, Maria Aparecida and SENA, Roseni Rosângela de. Desvelando o cotidiano dos cuidadores informais de idosos. Rev. bras. enferm. 2008, vol.61, n.6, pp. 801-808. ISSN. 13. VILAÇA, Cynthia Marques; BARREIROS,Daniela dos Santos; GALLI, Fabrício de Andrade; BORÇARI, Izabela Torquetti; ANDRADE, Lubiana Fernandes de; GOULART, Márcia Adriana; CONCEIÇÃO, Caetano Laíse; CARNEIRO, Maria Lígia Mohallem - O autocuidado de cuidadores informais em domicilio – percepção de acadêmicos de enfermagem. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 07, n. 02, p. 221 – 226, 2005. Acessado em http://www.fen.ufg.br, em 25/09/2009. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 04, 154 – 166. Set. 2010/Dez. 2010. PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR EM UNIDADE DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Kássio Henrique Rodrigues Corrêa Valdete Pereira Gleydson Ferreira Melo Francino Azevedo Resumo: Abstract: Trata-se de um estudo bibliográfico de caráter retrospectivo, que teve como objetivo analisar fatores que pré-dispõem ao desenvolvimento de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência, indexados em bancos de dados no período de 1999 a 2009. Foram pesquisadas as bibliotecas virtuais Bireme, Lilacs e Scielo. A amostra foi constituída por 14 publicações que foram analisadas quanto aos fatores que pré-dispõe a infecção hospitalar em unidades de urgência e emergência. Os resultados foram lançados em tabelas, em seguida apresentado as discussões a respeito de cada temática. Destaca-se nos artigos estudados o fator que mais predispõe a infecção hospitalar na unidade de urgência e emergência é a falta de adesão às medidas de controle e prevenção de infecção. This is a retrospective bibliographical study, which aimed to analyze factors that pre-disposes to development of hospital infection in emergency and rescue unit, indexed in databases in the period of 1999 to 2009. Virtual libraries as Bireme, Lilacs and Scielo. Were searched the sample consisted of 14 publications which were analyzed for factors that have pre-hospital infection in emergency and rescue units. The results were classified on tables, the discussions about each topic. Were presented stands out in the articles studied the factor which mostly predisposes predisposing to infection in hospital emergency rooms and in the unit is the lack of adherence to control measures and prevention of infection. Palavras-chave: Key-words: Enfermagem, emergência. Infecção Hospitalar, urgência e Nursing, Infection, urgency and emergency. INTRODUÇÃO No Brasil, ao longo dos anos, a infecção hospitalar (IH) vem constituindo como um problema da saúde pública, e se faz necessário à intervenção do governo, através do Ministério da Saúde, instituindo políticas de saúde para a área hospitalar, foi criado às comissões de controle de infecções hospitalares (CCIH), com ações educativas como treinamentos e cursos específicos, abordando aspectos técnicos e biológicos, voltados para os profissionais de saúde (SANTOS et. al. 2008, p.442). Neste contexto a infecção hospitalar torna-se um evento histórico, social e não apenas biológico o que requer investimentos científicos, tecnológicos e humanos para a criação de medidas preventivas e de controle, sem perder de vista a qualidade do cuidado prestado pela enfermagem (PEREIRA, 2005, p. 256). 155 CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO, Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154166. Set. 2010/Dez. 2010. As infecções representam a causa mais comum de morte e sequelas entre pacientes que sobrevivem ao trauma inicial. Em relação aos agentes infecciosos, a maioria dos presentes no serviço de emergência está relacionada com os comunitários, aqueles trazidos pelo paciente, porém a permanência prolongada aumenta a colonização de pacientes por agentes hospitalares, podendo desencadear uma infecção (MORAES, 2007, p.207-208). Grande parte das infecções hospitalares revela-se como complicação de pacientes gravemente enfermos, que decorre de um desequilíbrio entre sua microbiota normal e seus mecanismos de defesa (VALLE et. al. 2008, p. 305). Isso pode ocorrer devido à própria patologia de base do paciente (doenças préexistentes como: Diabetes, cardiopatias e outras), procedimentos invasivos (intubação orotraqueal, cateter venoso central e outros) e alterações da população microbiana, as quais geralmente são induzidas pelo uso irracional de antibióticos (PEREIRA, et. al. 2005, apud WEBER; RULATA, 1997, p. 491-514). A infecção hospitalar pode ser adquirida desde o atendimento emergencial ou durante toda permanência do individuo na unidade de saúde. Entretanto as infecções na unidade de emergência sem dúvida representam um importante problema tornando fatores de risco para os pacientes e para toda equipe que participa da sua assistência, principalmente a equipe de enfermagem (GOMES, 2008, p.135). Segundo o estudo realizado por Oliveira (2007), verificou-se que o tempo médio de internação observado é de 15,9 dias na sala de emergência, este é bastante superior ao limite de 24 horas recomendado pelo Ministério da Saúde para tais unidades. Prevalecendo o uso de dispositivos, destacando-se a alta prevalência da ventilação mecânica (52,4 %) e do cateter venoso central (42,9 %), sendo menos expressivo o uso da sonda vesical de demora (4,8 %) (OLIVEIRA, 2007, p. 6). De acordo com Siqueira (2008), a maior parte da população brasileira não tem acesso regular a um serviço de saúde ambulatorial de qualidade, isto contribui para as precárias condições de saúde dos habitantes, aumentando a procura pelo serviço de emergência. Pode-se somar a isto à falta de leitos para internação na rede pública e o aumento da expectativa de vida da população, assim sendo os serviços de emergência enfrenta inúmeras dificuldades para realizar um atendimento com eficácia (SIQUEIRA, 2008, p.25). 156 CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO, Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154166. Set. 2010/Dez. 2010. Domiciano, Fonseca (2008) ressalta que a própria estrutura dos serviços de saúde no país gera uma primazia pelos serviços de emergência, pois são mais ágeis do que o atendimento ambulatorial (DOMICIANO, FONSECA, 2008, p.187). A unidade de emergência tem como finalidade prestar atendimento imediato a todos os pacientes que necessitam de assistência à saúde, visando qualidade, eficiência e segurança, promovendo meios para uma assistência contínua e centrada em programas de cooperação, orientação e desenvolvimento de práticas específicas (GOMES, 2008, p.36). Certos procedimentos na emergência nem sempre respeitam os métodos assépticos preconizados, devido à necessidade e agilidade para garantir a sobrevida do paciente, o que leva a incidência de infecções relacionada à assistência de emergência (OLIVEIRA, BRAZ, MACHADO, 2005, p. 05). Devido a grande demanda de pacientes politraumatizados, com sangramentos e eliminações de secreções nos serviços de emergência, aumenta os riscos inerentes à prestação da assistência de enfermagem aumentando consideravelmente o índice de infecções, pois os profissionais e clientes ficam expostos a um ambiente de trabalho que facilita o surgimento de infecções cruzadas (VALLE et. al. 2008, p. 305). Diferentemente de todas as outras unidades hospitalares, a unidade de emergência não delimita a entrada de pacientes, trabalha na maioria dos casos com leitos extras (macas), com número fixo de profissionais e em uma área física restrita e que pode se tornar imprópria para o atendimento (CALIL, 2008, p. 17). Assim a planta física inadequada, recursos humanos ineficientes, equipe de trabalho não treinada, condições clínica dos pacientes, recursos materiais insuficientes e impróprios são fatores agravantes que contribuem para o risco de infecção hospitalar (GOMES, 2008, p.136-137). A enfermagem responde por vários mecanismos de prevenção e controle de infecção em diversas áreas na unidade de saúde, seja em atividades administrativas, de supervisão e de treinamento de pessoal ou nos cuidados prestados aos pacientes admitidos nas unidades de urgência e unidade de terapia intensiva (UTI) (FREIRE, 2006, p. 379). É neste contexto que as infecções hospitalares tornam intrínseco ao processo de cuidar, constituindo um dos parâmetros para garantir a qualidade do cuidado da assistência prestada, ou seja, um índice elevado de infecção mostra que o cuidado não está sendo prestado adequadamente (PEREIRA, 2005, p.252-254). 157 CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO, Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154166. Set. 2010/Dez. 2010. Santos et. al. (2008) afirma, que apesar de todo conhecimento e tecnologia disponível incluindo medidas profiláticas comprovadamente eficazes, ainda há o desafio de Semmlweis, de tornar as ações de prevenção e controle das infecções, práticas rotineiras nas instituições de saúde, principalmente no que diz respeito à lavagem das mãos (SANTOS et al. 2008, p. 442). Os serviços na Unidade de Urgência e Emergência constituem um grave problema de saúde pública no Brasil, mantendo-se o descaso governamental com a medicina preventiva e os temas relacionados à emergência relegados a segundo plano, como pode-se constatar com o reduzido número de publicações e revistas dedicadas ao tema (CALIL, 2007, p. 22). Devido ao grande índice de morbimortalidade decorrente de infecções nasocomiais e pela grande demanda da assistência de urgência e emergência, e ao número insuficiente de pesquisas desenvolvidas sobre a infecção hospitalar relacionada à assistência a saúde na unidade urgência e emergência, que torna-se necessário entender porque as medidas de prevenção e controle adotadas, não estão repercutindo na mudança dos dados que indicam IH nos serviços de saúde, desse modo surge o objetivo de analisar fatores que pré-dispõem ao desenvolvimento de infecções hospitalares na unidade de urgência e emergência. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa elaborada através do método de revisão integrativa, a qual inclui a análise de pesquisas relevantes que dão suporte para a tomada de decisão e a melhoria da prática clínica, o que possibilita a síntese do estado do conhecimento de um determinado assunto, além de apontar lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas com a realização de novos estudos (MENDES, SILVEIRA, GALVÃO 2008 apud BENEFIELD, 2003 p. 804-811, POLIT, BECK, 2006, p. 457-494). A revisão integrativa da literatura consiste na construção de uma análise ampla da literatura, contribuindo para discussões sobre métodos e resultados de pesquisas, assim como reflexões sobre a realização de futuros estudos. O propósito inicial deste método de pesquisa é obter um profundo entendimento de um determinado fenômeno baseando-se em estudos anteriores. É necessário seguir padrões de rigor metodológico, clareza na apresentação dos resultados, de forma que o leitor consiga identificar as características reais dos estudos incluídos na revisão (MENDES, SILVEIRA, GALVÃO 2008 apud BEYEA, NICOLL 1998, p. 877- 880, BROME 2000, p. 231-250). 158 CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO, Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154166. Set. 2010/Dez. 2010. Estudo bibliográfico de caráter retrospectivo que analisou as publicações sobre Prevenção e Controle de Infecção Hospitalar em Unidade de Urgência e Emergência, no período de 1999 a 2009. Foram realizados levantamento nas publicações nacionais relacionados ao tema, nas seguintes revistas brasileiras: Rev. Texto e contexto, Rev. Gaúcha, Anais UFMG, Rev. Esc. Enf. USP, Rev. Nursing, Rev. Esc. Enf. Anna Nery, Rev. Enf. Global, Rev. Act. Paul., Rev. REME, Cad. Saúde Pública-RJ, Rev. Bras. Enf., Rev. Enf. UFG, Rev. Lat-am. Enf, também foram realizadas buscas nas bases de dados: Scielo, Bireme, Lilacs, para esses periódicos, para isso foram utilizados os seguintes descritores: Enfermagem, Infecção Hospitalar, urgência e emergência, para identificar as publicações. O período da pesquisa dos artigos nas bases de dados compreendeu entre os dias 27 e 30 de outubro de 2009, e foram pesquisados 17 artigos dos quais foram selecionados 14 artigos que se relacionam com os fatores que podem ocasionar infecção em unidade de urgência e emergência e medidas de prevenção. Os critérios de Inclusão foram: artigos na integra, estar disponível on-line, e os de exclusão foram: artigos teóricos, os artigos de revisão, reflexão e atualização. Foi utilizado um formulário para a coleta de dados, que foi validado por três profissionais da área, compostos pelas seguintes unidades temáticas: Fatores predisponentes para aquisição de infecção hospitalar na urgência e emergência, Ações de Enfermagem frente ao controle da infecção relacionada à assistência de urgência e emergência, Fatores que dificultam o controle de infecção relacionado à urgência e emergência, comentários sobre a pesquisa relacionados ao objetivo do estudo, os dados foram apresentados em quadros e tabelas descritivos sob uma óptica quantiqualitativa. RESULTADOS E DISCUSSÕES Desde 1999 até o ano de 2009 foram catalogados 14 artigos que tratam do tema e que se enquadram nos descritores do estudo. A distribuição dos artigos nos periódicos estudados no período delimitado pode ser analisada conforme destacado na tabela 1, em que se verificou que a Revista Brasileira de Enfermagem foi o periódico que mais publicou sobre a temática, totalizando dois artigos ao longo do período estudado. O período de 2008 foi o destacado pelo maior número de publicações: 4 (quatro), seguido dos anos de 2005 e 2007 respectivamente com 3 (três) artigos. Como podem ser observados os anos de 2000, 2001, 2002 e 2009 não houve nenhuma publicação a respeito do tema e relacionado aos descritores. 159 CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO, Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154166. Set. 2010/Dez. 2010. Ressalta-se que a produção científica sobre esse assunto, ao longo do período pesquisado é escassa, se considerarmos a importância e expansão da temática no contexto das organizações de saúde. Oliveira, Braz e Machado (2005), enfatizam que há uma carência de estudos que abordem a problemática da qualidade assistencial nas salas de emergência, comparando-as com estudos realizados em unidade de terapia intensiva (OLIVERIA, BRAZ, MACHADO, 2005, p.03). Tabela 1 - Artigos publicados em periódicos nacionais sobre prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência 1999 a 2009. Periódicos Ano publicado Total 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 Rev. Texto e contexto - - - - - - 01 - - - - 01 Rev. Gaúcha - - - - - - 01 - - - - 01 Anais UFMG - - - - - - 01 - - - - 01 01 - - - - - - - - - - 01 Rev. Nursing - - - - - - - - - 01 - 01 Rev. Esc. Enf. Anna Nery - - - - - - - - - 01 - 01 Rev. Enf. Global - - - - - - - - 01 - - 01 Rev. Acta Paul. - - - - - - - - 01 - - 01 Rev. REME - - - - 01 - - - - - - 01 Cad. Saúde Pública-RJ - - - - - - - - - 01 - 01 Rev. Bras. Enf. - - - - - - - - 01 01 - 02 Rev. Enf. UFG - - - - - - - 01 - - - 01 Rev. Lat-am. Enf. - - - - 01 - - - - - - 01 01 - - - 02 - 03 01 03 04 - 14 Rev. Esc. Enf. USP Total A tabela 2 expõe fatores predisponentes à aquisição de infecção hospitalar na unidade de urgência e emergência. Esta analise foi realizada incluindo todos os artigos selecionados que tratam do tema proposto no estudo. É destacada a falta de adesão às medidas de controle e prevenção de infecção hospitalar em todos os artigos analisados, tais como: a falta de higienização das mãos, não adesão às técnicas padrão para realização de 160 CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO, Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154166. Set. 2010/Dez. 2010. procedimentos entre outros. A adesão às medidas de controle e prevenção deve ser um hábito entre os profissionais de saúde, e a sua prática um desafio a ser atingindo. Para que esses objetivos sejam alcançados, os profissionais deverão ser conscientizados, motivados e orientados em um processo permanente de educação (SANTOS et. al. 2008, p. 446). Tabela 2 - Principais fatores predisponentes para aquisição de infecção hospitalar na unidade de urgência e emergência. Artigos Falta de adesão às medidas de controle e prevenção de infecção. 14 Superlotação da unidade, estrutura física inadequada, sobrecarga de trabalho, fragilidade nos cuidados de enfermagem. 13 Má distribuição e falta de recursos hospitalares, más condições de trabalho, recursos humanos insuficiente, limpeza inadequada do ambiente hospitalar. 7 Riscos intrínsecos e extrínsecos. 7 Agentes infecciosos multirresistentes, desequilíbrio da microbiota humana, uso indevido de antibióticos. 4 Tempo prolongado de permanência dos pacientes na unidade de emergência. 4 Total 49 Segundo Martini, Dall‟Agnol (2005), o fato de se trabalhar em equipe, e de muitos profissionais não adotarem a lavagem das mãos como medida de controle de infecção, faz com que haja certa desmotivação, pois, enquanto algumas pessoas estão cuidando dos pacientes, outras estão descuidando, dando margem para a transmissão de infecções (MARTINI, DALLL‟AGNOL, 2005, p. 92). A superlotação do setor de emergência aparece como consequência de vários fatores, constituindo como um fator que contribui para diminuir a qualidade da assistência, assim o quantitativo de profissionais fica reduzido frente ao aumento do número de pacientes em atendimento e a revisão do quadro de pessoal por parte dos dirigentes se faz necessária (OLIVERIA, BRAZ, MACHADO, 2005, p. 4). Martini, Dall‟Agnol (2005) enfatizam que a falta de funcionário também pode estar relacionada a outros fatores além da superlotação, gerando sobrecarga de trabalho e grande prejuízo nas condições de trabalho. (MARTINI, DALL‟AGNOL 2005, 94). 161 CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO, Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154166. Set. 2010/Dez. 2010. São essenciais as iniciativas das comissões de controle de infecção com a clientela das salas de emergência das unidades de pronto-atendimento, no sentido de verificar a adequação da estrutura física, recursos humanos e adoção de práticas básicas de controle de infecções e da disseminação de microrganismos resistentes. (OLIVEIRA, 2007, p.8). Vale ressaltar que a qualidade da estrutura física existente para a prestação dos cuidados de enfermagem constitui uma importante condição para a prevenção e controle da infecção hospitalar, bem como as condições dos recursos materiais utilizados que estão em contato com o paciente (SANTOS, 2008, p. 444). No que diz respeito à má distribuição e falta de recursos hospitalares, convêm repensar a complexa situação dos hospitais e demais serviços de saúde do país, representadas pela escassez de recursos humanos qualificados para a prestação de assistência de qualidade que tanto se defende, muitas vezes conflitante com a responsabilidade de atender um amplo número de pacientes, a falta de recursos materiais adequados e condições de trabalho (OLIVEIRA, 2003, p.141). Nos riscos intrínsecos e extrínsecos, embora não se possa precisar o risco de cada procedimento ou situação do paciente, é notório que eles variam em graus, e mesmo procedimentos menos complexos podem se tornar de grande risco, dependendo, entre outros fatores, da prática dos profissionais da saúde (MARTINI, DALL‟AGNOL 2005, 89). A patologia de base surge como um dos fatores que favorece a ocorrência da IH, por afetar os mecanismos de defesa antiinfecciosa: grande queimado; acloridria gástrica; desnutrição; deficiências imunológicas, bem como o uso de alguns medicamentos e os extremos de idade. Além disso, favorecem o desenvolvimento das infecções os procedimentos invasivos terapêuticos ou para diagnósticos, podendo veicular agentes infecciosos no momento de sua realização ou durante a sua permanência (PEREIRA, et. al. 2005, apud FERNANDES, RIBEIRO, BARROSO, 2000, p.215-265). Santos (2008) ressalta que os agentes infecciosos multirresistentes têm surgido como um novo problema que contribui para o aumento do índice de IH, seleção de flora hospitalar, antimicrobianos que não são mais utilizados, por não mais atuarem, constituindo novos desafios no controle de infecção para todos os profissionais da saúde. Vale lembrar que o surgimento das bactérias multirresistentes é um fator agravante das infecções hospitalares, tendo como causa principal o uso indiscriminado e indevido da antibióticoterapia (SANTOS, 2008, p. 442). 162 CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO, Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154166. Set. 2010/Dez. 2010. O tempo prolongado de permanência dos pacientes na unidade de emergência se torna evidenciado na prática diária, onde se observa que as unidades de urgência e emergência se parecem cada vez mais com as unidades de terapia intensiva, tendo as mesmas funções que esta, pelo número insuficiente de vagas para pacientes críticos nas UTIs. Tal fato leva, entretanto, as salas de emergência dos pronto-atendimentos a manterem pacientes que necessitam de cuidados intensivos, procedimentos invasivos, uso de agentes antimicrobianos e permanência por um tempo superior ao recomendado. (OLIVEIRA, BRAZ, MACHADO, 2005, p. 2). Tabela 3 - Ações de enfermagem frente ao controle da infecção relacionada à assistência em urgência e emergência. Ações de Enfermagem Total de artigos Educação continuada com os profissionais de saúde, Motivação profissional visando à mudança de comportamento. 9 Criação do serviço de controle de infecção hospitalar com vigilância constante, Estudos epidemiológicos relacionados à infecção hospitalar. 4 Adoção das precauções padrão conforme o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), Adoção de precauções de acordo com a via de transmissão (contato, aerossóis, gotículas). 5 Educação em saúde da população e serviço de triagem. 5 Infecção hospitalar como disciplina nos cursos de graduação superior e técnico. 1 Na tabela 3, demonstra a importância das ações de enfermagem relacionadas ao controle da infecção em unidade de urgência e emergência. Dos artigos selecionados 9 (nove) destacaram a educação continuada com os profissionais de saúde, visando à motivação profissional e a mudança de comportamento. O processo educativo está intimamente relacionado às subjetividades individuais de cada profissional, pois se sabe que a prática em saúde, embora embasada em uma teoria científica, é profundamente dependente dos valores morais, éticos, ideológicos e subjetivos destes profissionais, envolvendo interpretação, ajuizamento e decisão pessoal na aplicação do conhecimento científico às situações concretas e singulares (SANTOS, 2008, p. 446). A educação em saúde tem como objetivo explicitar valores, aumentar a autopercepção acerca do problema, promover informações e habilidades necessárias tomandose decisões acertadas. (PEREIRA, 2005, p.253-254). 163 CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO, Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154166. Set. 2010/Dez. 2010. Os estudos epidemiológicos assim como a vigilância constante são atividades práticas e diárias das comissões de controle de infecções, não sendo tarefa fácil para seus executores. Entende-se, portanto, que a vigilância epidemiológica das infecções só faz sentido se houver implementação de medidas eficientes de redução de riscos e consequentemente das taxas de infecções, assim a criação do serviço de controle de infecção hospitalar com vigilância constante, estudos epidemiológicos relacionado à infecção hospitalar fazem parte das ações que podem ser desenvolvidas pela enfermagem (OLIVEIRA, BRAZ, MACHADO, 2005, p.1). A responsabilidade de prevenir IH não é apenas dos profissionais de saúde, esses devem ser analisados como parte essencial no processo de controle e prevenção de infecção hospitalar, porém essa tarefa deve ser dividida com o poder público, a administração dos hospitais, as Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), os serviços de apoio, os pacientes e seus familiares. Apesar disso, é fundamental ressaltar a importância do trabalho visando o controle de infecção nos vários setores do hospital, já que a prática dos profissionais é determinante na redução das infecções hospitalares (MARTINI, DALL‟AGNOL, 2005, p. 90). As indicações do CDC de 1996 sugerem que o paciente submetido a precauções (contato, gotículas e aerossóis), deva ser colocado preferencialmente em quarto individual e, quando isto não for possível, deverá ser colocado junto a paciente(s) portador (es) do mesmo microrganismo, porém sem outras infecções (OLIVEIRA et. al., 2007, p. 6). O serviço de triagem é um dos serviços realizados pelo enfermeiro que também se constitui como uma ação fundamental, e tem por finalidade direcionar o cliente e priorizar o atendimento emergencial. Após a triagem, o cliente é encaminhado à consulta médica para conduta de alta, internação ou transferência (DOMINICIANO, FONSECA, 2008, p.184). Para que o acesso dos pacientes em um serviço de emergência aconteça de forma eficiente e eficaz faz-se necessário políticas e procedimentos que padronizem o processo de admissão, e priorizem aqueles que necessitam de cuidados imediatos, roteiros para facilitar a avaliação dos pacientes, treinamentos frequentes, informações e orientações compatíveis com os pacientes. (SIQUEIRA, 2008, p. 29). A otimização do atendimento associada a um programa de educação da população quanto ao real papel de um serviço de emergência constituem ferramentas fundamentais para a redução do tempo médio de permanência do cliente no departamento de emergência (DOMICIANO, FONSECA, 2008, p. 187). 164 CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO, Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154166. Set. 2010/Dez. 2010. A formação educacional foi tomada como fator bastante incisivo que leva à adesão ou não das medidas de controle de infecção, mas a ênfase não se restringi ao processo educativo formal direcionado à profissão (MARTINI, DALL‟AGNOL, 2005, p. 98). A formação e a educação continuada representam os esforços que alavancarão o controle de infecção, na sua interdisciplinaridade e intersetorialidade, caminha-se para um novo fazer de Enfermagem, com modelos de cuidados mais seguros (PEREIRA, 2005, p. 254). CONSIDERAÇÕES FINAIS A demanda nos serviços de urgência e emergência tem aumentado em nosso meio, contribuindo também para o aumento do numero de casos de IH nesse setor, embora não tenhamos dados nacionais sobre tal realidade. Portanto, nos fatores envolvidos neste aumento inclui-se o número crescente de acidentes e a dificuldade de acesso aos serviços de atendimento ambulatorial, especialmente na rede pública, associado ao período de permanecia do paciente nessa unidade, acima do preconizado pelo Ministério da Saúde, a não observância dos métodos assépticos nos procedimentos invasivos entre outros. A responsabilidade de prevenir e controlar a IH é individual e coletiva, ou seja, não apenas do enfermeiro e sim de toda equipe. Sem a assimilação e implementação dos procedimentos corretos por quem executa no paciente, com a necessária integração com a equipe da CCIH, o problema da IH sempre será um percalço na prestação de serviços à saúde (PEREIRA, 2005, p. 253). É necessária a compreensão dos mecanismos geradores de infecção nos serviços de emergência e do papel dos fatores ligados ao agente causador, ao meio ambiente e ao hospedeiro, estabelecendo as medidas de prevenção e controle de infecção. É neste contexto que há a necessidade de intervir com adoção de novos comportamentos proporcionando maior conhecimento profissional com uma visão mais ampliada sobre a temática. A educação continuada, adoção de medidas profiláticas e de controle da IH, o uso de alta tecnologia, por si só não refletem na mudança de comportamento das pessoas, requerendo uma transformação de hábitos e de padrões éticos e culturais dos profissionais da saúde. 165 CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO, Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154166. Set. 2010/Dez. 2010. Contudo não se pretende com este estudo esgotar o assunto abordado e nem buscar “soluções prontas” para a prevenção e controle da IH e, sim contribuir para o desenvolvimento de novos estudos relacionados ao tema e oferecer subsídios para o ensino e a prática, abrindo um “leque” para novas pesquisas. REFERÊNCIAS CALIL, Ana Maria. Estrutura Organizacional de um Serviço de Emergência. In: CALIL, Ana Maria; PARANHOS, Wana Yeda. O enfermeiro e as situações de Emergência. São Paulo: Atheneu, 2007. p. 15-24. CORRÊA, L. Pronto-socorro e atendimento pré-hospitalar. In: Coutinho AP, Pereira CR. Prevenção e controle de infecções associadas à assistência médica extra-hospitalar: ambulatórios, serviços diagnósticos, assistência domiciliar e serviços de longa permanência. São Paulo, APECIH, 2004. DOMICIANO, Vânia. FONSECA, Ariadne da Silva. Tempo médio para o atendimento do cliente em um departamento de emergência de um hospital privado. Revista Nursing. 2008: 11(119): 182-188. FREIRE ILS, FARIAS GM, RAMOS CS. Prevenindo pneumonia nosocomial: cuidados da equipe de saúde ao paciente em ventilação mecânica invasiva. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2006; 8(3): 377-97. GOMES, Alice Martins. Infecções na unidade de emergência. In: Emergência: planejamento e organização da unidade: assistência de enfermagem. São Paulo: EPU, 2008. LOPES, Aline Cristine Souza; OLIVEIRA, Adriana Cristina; SILVA, Jussara Teixeira and PAIVA, Maria Henriqueta Rocha Siqueira. Adesão às precauções padrão pela equipe do atendimento préhospitalar móvel de Belo Horizonte. Minas Gerais, Brasil. Cad. Saúde Pública [on-line]. 2008, vol.24, n.6, pp. 1388. MARTINI AC, Dall‟Agnol CM. Porque lavar ou não as mãos? Motivos de um grupo de enfermagem. Ver Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 abr; 26 (1): 88-101. MENDES, Karina Dal Sasso; SILVEIRA, Renata Cristina de Campos Pereira; GALVAO, Cristina Maria. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto contexto - enferm. [online]. 2008, vol.17, n.4, pp. 758-764. MORAES, Márcia de Souza. Prevenção de infecção em procedimentos de risco. In: CALIL, Ana Maria; PARANHOS, Wana Yeda. O enfermeiro e as situações de Emergência. São Paulo: Atheneu, 2007. p. 206-213. OLIVEIRA, A.C., BRAZ, N.J., MACHADO, G.M. Vigilância epidemiológica de emergência. Anais VIII encontro de extensão da UFMG: 2005 out.3-8; Belo Horizonte, Brasil. OLIVERIA, A.C. et al. Perfil de pacientes portadores de microrganismos resistentes em uma unidade de pronto atendimento de um hospital universitário brasileiro. Enfermeria Global maio 2007 nº10. PEREIRA, Milca Severino; SOUZA, Adenícia Custódia Silva e; TIPPLE, Ana clara Ferreira Veiga do PRADO, Marinésia Aparecida do. A infecção hospitalar e suas implicações para o cuidar da enfermagem. Texto contexto - enferm. 2005, vol.14, n.2, pp. 250-257. SANTOS, Ana Maria Ribeiro dos. et al. As representações sociais da infecção hospitalar elaboradas por profissionais de enfermagem. Rev. bras. enferm. [on-line]. 2008, vol.61, n.4, pp. 441-446. SIQUEIRA, Ivana Lucia Corrêa Pimentel de. Qualidade em serviço de emergência. In: CALIL, Ana Maria; PARANHOS, Wana Yeda. O enfermeiro e as situações de Emergência. São Paulo: Atheneu, 2007. p. 25-34. 166 CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO, Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154166. Set. 2010/Dez. 2010. TIPPLE, Ana clara Ferreira Veiga et al. O ensino do controle de infecção: um ensaio teórico-prático. Rev. Latino-Am. Enfermagem [on-line]. 2003, vol.11, n.2, p. 245-250. VALLE, Andréia Rodrigues Moura da Costa. et al. Representações sociais da biossegurança por profissionais de enfermagem de um serviço de emergência. Esc Anna Nery Rev. Enferm 2008 jun; 12 (2): 304-9. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 04, 167 – 172. Set. 2010/Dez. 2010. TIPIFICAÇÃO DO METABOLISMO INDIVIDUAL E POSSIBILIDADES FARMACOLÓGICAS DE DIMINUIÇÃO DOS EFEITOS COLATERAIS NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO Elder Sales da Silva Marc Gingozac Juliana Rodrigues de Sena Resumo: Abstract: Os avanços nos estudos do metabolismo individual permitiriam a classificação dos pacientes conforme a capacidade de biotransformação das drogas e sinalizariam para a criação de novos medicamentos e novas estratégias farmacoterapêuticas. A depressão desafia e compromete a saúde pública mundial, possui previsões alarmantes e necessita de investimentos para seu tratamento além de uma abordagem biopsicossocial. Advances in studies of individual metabolism would allow classification of patients according to the capacity of biotransformation of drugs and signaled for the creation of new drugs and new strategies pharmacotherapeutics. Depression challenges and undermines the public health worldwide, has alarming predictions and needs investment to its treatment and a biopsychosocial approach. Palavras-chave: Key-words: Depressão, metabolismo, perspectivas, farmacoterapia. efeitos colaterais, Depression, metabolism, side effects, perspectives, pharmacotherapy. INTRODUÇÃO A depressão traz em si o estigma de um contexto clínico que sobrepõe sintomas físicos e desarranjos psicossociais de naturezas complexas e de difícil sistematização terapêutica. A abordagem e manejo dos pacientes mergulhados em quadros depressivos têm se tornado grande desafio farmacognósico, pois de um lado tem-se uma patologia de grande impacto social e, de outro, uma considerável dificuldade para tipificação de estratégias terapêuticas que atenuem os efeitos deletérios responsáveis pela limitação da resposta de cada organismo e do sucesso no tratamento. Considerada como o mal do século, a depressão é o centro de previsões alarmantes para o futuro próximo. Segundo projeções da Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2020 os quadros depressivos serão responsáveis pela maior parte das incapacidades de ordem pessoal e profissional levando ao aumento das demandas e encargos sociais só perdendo em gravidade para os casos de coronariopatias (SHANSIS, 2001 e PEREDA, 2005). Essa situação é cada vez mais comum em crianças conforme estudos de Curatolo e 168 SILVA, Elder Sales da; Marc GINGOZAC e SENA, Juliana Rodrigues de. Tipificação do metabolismo individual e possibilidades farmacológicas de diminuição dos efeitos colaterais no tratamento da depressão. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 167-172. Set. 2010/Dez. 2010. Brasil, 2009 e adolescentes (ROHDE e TRAMONTINA, 2005) sendo a fase adulta muito comprometida e a fase idosa naturalmente marcada por grande número de casos conforme avança as debilidades orgânicas (SHIGEMURA et. al., 2008; PRATT et. al., 2005 e RAHIMI et al., 2006). Estima-se que entre 13% e 20% da população mundial sofra de depressão com 3% apresentando distúrbios afetivos graves com risco de morte. Dos pacientes, quando tratados, apenas 30% respondem à terapia medicamentosa e ficam sujeitos ao período de latência e aos efeitos colaterais que podem restringir a conduta (ROMEIRO e BARREIRO, 2008). Conforme o panorama estabelecido, é imprescindível a investigação dos critérios utilizados para diagnóstico da depressão e para a escolha dos medicamentos. Será que apenas o diagnóstico clínico consegue atenuar os efeitos colaterais e dirigir o sucesso farmacoterapêutico? Quais as investigações acerca do metabolismo do paciente dão suporte para a prescrição? METODOLOGIA Levantamento analítico de artigos científicos e revisão sistematizada dessa literatura a partir de bases de dados da pubmed, sciencedirect e medline no período de 1999 a 2009. DISCUSSÃO Escolha dos medicamentos antidepressivos Vários psicofármacos são utilizados e podem ser selecionados conforme as características do paciente. A tentativa é melhorar a resposta ao tratamento diminuindo pelo menos 50% dos sintomas e a progressiva remissão do quadro patológico que requer uma redução quase completa dos mesmos sintomas (SHANSIS, 2001). A eleição do agente terapêutico deve considerar a individualidade do paciente e um criterioso diagnóstico orientado pelos sintomas e pela presença de comorbidade (MIRANDA et. al., 2006). A depressão possui a particularidade de ser a convergência sintomática de outras patologias como hipertensão, diabetes, hipotireoidismo e acidentes encefálicos entre outros ou ser, ela própria, a causa primária que repercute fisiológicamente e abre o organismo para 169 SILVA, Elder Sales da; Marc GINGOZAC e SENA, Juliana Rodrigues de. Tipificação do metabolismo individual e possibilidades farmacológicas de diminuição dos efeitos colaterais no tratamento da depressão. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 167-172. Set. 2010/Dez. 2010. distúbios psicossomáticos. Por isso o diagnóstico diferencial deve esclarecer os quadros debilitantes associados à perda de energia e ânimo que não seja típico da depressão primária e que, portanto, não necessite de intervenção medicamentosa necessariamente (CANALE e FURLAN, 2006). Sanshis, 2001 considera critérios farmacológicos como eficácia, tolerabilidade e segurança. Através da escala de Hamilton para sintomatologia da depressão pode se avaliar a resposta e a remissão do quadro patológico e conduzir a terapêutica. A partir da tentativa de sistematizar a prescrição baseada em diagnósticos marcadamente clínicos é que tem se estabelecido o tratamento farmacológico. Neste ponto é importante perceber que variáveis fenotípicas, portanto, clínicas e sintomáticas a priori, são fundamentais na escolha e prescrição de medicamentos, mas podem esbarrar no risco dos efeitos colaterais advindos não da criação de um perfil terapêutico e sim do desconhecimento do ritmo metabólico próprio de cada individuo. Caracterização do metabolismo como referência para prescrição medicamentosa A biotransformação das drogas como os antidepressivos é uma etapa primordial no processo de eliminação e diminuição da toxicidade e dos efeitos colaterais, todavia, os mecanismos que alteram a estrutura química para detoxificação podem, por sua vez, gerar a formação de compostos instáveis com grande potencial para lesar estruturas celulares e o DNA. Esses eventos podem desencadear efeitos adversos ao nível somático e genético sendo a biotrasnformação um risco que passa pelo crivo rigoroso de aparelhos enzimáticos complexos com destaque ao sistema citocromo P450 microssomal. Os efeitos colaterais são deflagrados por diversos fatores como a condição clínica e as secundárias às interações do individuo como o ambiente e a condições genéticas (MIRANDA et. al., 2006 e FRANCO e FRANCO 2003). Variações nos sistemas enzimáticos do complexo P-450 são conhecidas há muito tempo e estão associadas à resposta dos pacientes frente ao uso de fármacos ou outros tipos de drogas. Algumas enzimas dessa família metabolizam moléculas especificas. As CYP2D6 metabolizam, por exemplo, antidepressivos triciclicos, os inibidores de recaptação de serotonina, antipsicóticos, betabloqueadores e antiarrítmicos enquanto as CYPC19 metabolizam o omeprazol, propanolol, hexabarbital, diazepam, imipramina e amitriptilina. Esses exemplos revelam polimorfismos enzimáticos complexos cuja perturbação estrutural e 170 SILVA, Elder Sales da; Marc GINGOZAC e SENA, Juliana Rodrigues de. Tipificação do metabolismo individual e possibilidades farmacológicas de diminuição dos efeitos colaterais no tratamento da depressão. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 167-172. Set. 2010/Dez. 2010. ou funcional determina o ritmo biológico do processamento farmacocinético das moléculas exógenas (GROT, 2006 e MIRANDA et. al., 2006). Assim, baseado nesse polimorfismo, a população humana pode ser classificada em metabolizadores lentos (ML) que expressam enzimas disfuncionais ou inativas, metabolizadores extensivos (ME) com metabolização normal e os metabolizadores ultra rápidos (MU) que são raros e apresentam alta capacidade de metabolização (ARINC 2009). A ideia comum que cada organismo pode responder de forma própria aos mesmos estímulos vale para variáveis biológicas, psíquicas e sociais. Para essa situação, fica evidente que cada indivíduo deve ser avaliado conforme sua capacidade metabólica de responder a exposição farmacológica (MEYER, 2000). A indicação medicamentosa teria um elemento a mais para diminuir a citotoxicidade por estabelecer dosagens e posologias mais precisas. Impacto biopsicossocial da terapia antidepressiva Neste contexto, a perspectiva pode ser animadora, pois em 2005 o órgão regulamentador americano Food and Drugs Administration (FDA) aprovou o uso de um chip para detecção das enzimas aqui referidas e abriu caminho para a categorização dos tipos de metabolizadores com mais cuidado para os lentos e ultra rápidos. Essa análise poderia levar aos clínicos subsídios para a criação de diferentes estratégias terapêuticas com cuidadosa monitorização plasmáticas das drogas. O foco, então, passaria a ser a particularidade metabólica de cada individuo enfatizando peculiaridades intimas deste. A repercussão em saúde pública seria importante não apenas para o tratamento individualizado, mas também, a partir desses exames, poderia ser criado um perfil populacional com aspectos regionais e étnicos. Somada as condutas tradicionais, a caracterização metabólica aperfeiçoaria os resultados das práticas clinicas e daria mais fundamentação para criação de novas drogas como menor farmacotoxicidade (ARINÇ, 2009; MIRANDA et. al., 2006 e ROMEIRO e BARREIRO, 2008). Sem dúvida a abordagem antidepressiva deve considerar os elementos biológicos, psicológicos e sociais. Na prática, muito ainda se tem a esclarecer sobre o enigma das diferenças reacionais entre os grupos de medicamentos e a variedade de eficácia. Entretanto, a efetividade dos fármacos está fortemente vinculada ao perfil de efeitos colaterais, ao custo, ao risco de suicídio e a tolerância. O tratamento passa por todos os elementos que configuram o ser humano. 171 SILVA, Elder Sales da; Marc GINGOZAC e SENA, Juliana Rodrigues de. Tipificação do metabolismo individual e possibilidades farmacológicas de diminuição dos efeitos colaterais no tratamento da depressão. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 167-172. Set. 2010/Dez. 2010. É por apresentar essa complexidade, que o tratamento dos distúrbios psiquiátricos exige dos profissionais de saúde uma grande capacidade de discernimento e julgamento clínico eticamente envolvido na atenuação de sintomas e na melhora da qualidade de vida dos pacientes. À medida que se aprimorem esses enfretamentos, poderá surgir um horizonte menos assustador em relação às previsões dos futuros prejuízos pessoais e profissionais provocados pela depressão. CONSIDERAÇÕES FINAIS O grande propósito desse trabalho foi o de abrir uma perspectiva sobre novos paradigmas que associados com a abordagem tradicional poderão melhorar o tratamento dos casos de depressão em todas as suas variáveis diagnósticas. O estudo do comportamento metabólico pode se tornar o grande diferencial no sucesso terapêutico e uma das formas mais decisivas de tornar as estratégias de tratamento mais individualizadas. As novas pesquisas tentam aproximar os fármacos do efeito terapêutico disposto com o mínimo de efeitos colaterais. Para se tornar ainda mais ideal, esses medicamentos deveriam abranger o maior número de tipos de depressão desde os mais leves até os mais severos, apresentar baixo custo e poder ser usados em várias idades. Os cuidados em saúde pública no tratamento da depressão devem passar por projetos políticos que invistam em formação de profissionais capacitados clinica e cientificamente e no investimento em planos de tratamento que atinjam a população de um modo geral. A evolução do tratamento depende muito do conhecimento fisiopatológico dos distúrbios psiquiátricos e do avanço da farmacogenética que é muito negligenciado. No Brasil, por exemplo, seria possível estabelecer um perfil diversificado devido ao grande polimorfismo ligado a grande miscigenação populacional. Dessa forma, algumas lacunas relacionadas aos efeitos terapêuticos e efeitos colaterais poderiam ser decifradas um pouco mais e novos medicamentos mais eficazes desenvolvidos. Existem muitas outras condições que este artigo não conseguiu abordar, pois não teve a pretensão de esgotar todas as facetas de um contexto tão multidisciplinar. Contudo, ao que se propôs, fica a importância de se vislumbrar parte das perspectivas de condutas farmacológicas sendo necessários novos estudos sobre o uso de antidepressivos e a discussão da prática clínica, pois é o que realmente interessa. 172 SILVA, Elder Sales da; Marc GINGOZAC e SENA, Juliana Rodrigues de. Tipificação do metabolismo individual e possibilidades farmacológicas de diminuição dos efeitos colaterais no tratamento da depressão. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 167-172. Set. 2010/Dez. 2010. Referências Arinç, E. 2009. The role of polymorphic cytochrome P450 enzymes in drug design, development and drugs interactions with a special emphasis on phenotyping. Journal of molecular catalysis. Elsevier. Canale, A. e Furlan, M.M.D.P. 2006. Depressão. Arqui. Mudi. 10: 23-31. Curatolo, E. e Brasil, H. 2005. Depressão na infância: Peculiaridades no diagnóstico e tratamento farmacológico. J Bras de Psiquiatr 54: 170-176. Franco, Y.O. e Franco, L.M. 2003. Biotransformação: Importância e toxicidade. Saúde Rev. Piracicaba – SP. 69-76. Grot, M.J. 2006. Designing better drugs: Predicting cytochromes P450 metabolism. Drug discovery today . 11: 601-607 Meyer, U.A. 2000. Pharmacogenetic and adverse drug reaction. The Lancet. 356-71 Miranda, D.M, Correa, H., Marco, L.D. e Silva, M.A.R. 2006 Psicofarmacogenética. Simpósio Farmacogenética, Ribeirão Preto 39: 570-576. Pratt, A.G., E.R. Norris e M. Kaufmann. 2005. Peripheral vascular disease and depression. Journal of vascular nursing. 23: 123-128. Pereda, M.P. 2005. New drugs targets in the signaling pathways activated antidepressants Progress in Neuro-Psycopharmacology and Biological Psychiatry. 29: 1010-1016 Rahimi, R., S. Nikfar M. e Abdollahi. 2006. Pregnancy outcomes following exposure to serotonin reuptake inhibitors: a meta-analysis of clinical trial. Reprodutive Toxicology, Tehran Universty of Medical Science. 16p. Rohde, L.A. e Tramontina, S. 2005. O tratamento farmacológico do transtorno bipolar na infância e na adolescência. Rev. Psiq. Clin. 32: 117-127. Romeiro, L.A.S., Fraga, C.A.M. e Barreiro, E.J. 2003. Novas estratégias para o tratamento da depressão: Uma visão química medicinal. Quim. Nova 26: 347-358. Sanshis, F. 2001. Atualização no tratamento farmacológico dos transtornos depressivos. Revista AMRIGS, Porto Alegre 45: 114-119. Shigemura, J.S., Yutaka, Y., Aihide, Y. e Soichiro, N. 2008. Patients satisfaction with antidepressants: Na internet-based study. Journal of Affective disorders. 107: 155-160. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 04, 173 – 182. Set. 2010/Dez. 2010. ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO LAZER E NO TURISMO NA MELHOR IDADE Dasdores Gonçalves da Silva Oliveira Viviana Reis de Araujo* Edicássia Rodrigues de Morais Cardoso Resumo: Abstract: O trabalho a ser realizado busca fazer uma revisão da literatura direcionada à análise da qualidade de vida na terceira idade supervisionada pela enfermagem. Neste âmbito, é objetivo desta revisão da literatura dar continuidade ao aprofundamento sobre a temática do lazer na terceira idade. A metodologia deste trabalho refere-se a coletas de dados referente a sites como: Sciello, Bireme, e Lilacs com assuntos indexados entre os anos de 1990 a 2008. Para tal trabalho faremos uma analise atual do lazer na melhor idade com enfoque da enfermagem a fim de mostrar a importância da qualidade de vida do idoso orientados pelos enfermeiros de forma a poder contribuir para uma prática efetiva nesta área. The work being conducted seeks to review the reports related to analysis of quality of life in old age supervised by nurses. In this context, one objective of this review to continue with further exploring the issue of leisure in old age. The methodology of this study refers to data collections relating to sites like: sciella, BIREME, LILACS and indexed with issues between the years 1990 to 2008. For this work we present an analysis of leisure with a focus on the best age of nursing in order to show the importance of quality of life of elderly people targeted by nurses so that they can contribute to effective practice in this area. Palavras-chave: Key-words: Lazer, turismo, enfermagem e qualidade de vida. melhor idade, Leisure, tourism, nursing and seniors, quality of life. INTRODUÇÃO Para Carvalho 2002, o processo do envelhecimento é evidente e observado com facilidade apesar de sabermos pouco sobre este fenômeno que acontece com todos os seres vivos. O indivíduo idoso não constitui um ser marginal, mas exibe necessidades peculiares, de importâncias variáveis, que exigem atenção e conhecimento para tomar medidas e condutas que sejam adequadas para cada situação. O mesmo cita que envelhecer é um processo dinâmico, progressivo e inevitável, pois há mudanças morfológicas, bioquímicas, funcionais e psicológicas ocasionando maior predisposição a processos patológicos que acabam Acadêmicas do curso de graduação de Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá Prof(a) Esp. do curso de Enfermagem da Universidade de Sá. levando a morte. 174 OLIVEIRA, Dasdores Gonçalves da Silva; ARAUJO, Viviana Reis de e CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais. Atuação do enfermeiro no lazer e no turismo na melhor idade. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 173182. Set. 2010/Dez. 2010. O envelhecimento é um conjunto contínuo de processo dependente do tempo que geralmente espelham a idade cronológica, mas é altamente variável e individualizado. O termo idoso, como é usado geralmente, pode ser bem mais definido como um estado ou condição “que pode ou não estar correlacionado à idade cronológica e mais frequentemente, reflete a perda da capacidade de manter a independência (PAPALÉO, 2000). O envelhecimento é um processo que apresenta algumas características: é universal por ser natural, não depende da vontade do individuo, todo ser nasce, desenvolve-se, cresce, envelhece e morre. A vida é um constante processo de modificações e a cada fase de seu desenvolvimento ocorrem transformações múltiplas acompanhadas de seus próprios desafios. É irreversível, apesar de todo o avanço da medicina em relação á descobertas e tratamentos das doenças, as novidades farmacológicas, o desenvolvimento de técnicas estéticas e outras. Nada impede o processo de envelhecimento (CARVALHO, 2002). OBJETIVO O objetivo principal deste trabalho é: valorizar e motivar o idoso através da educação direcionado pelo enfermeiro, na sociedade incentivando sua capacidade e motivação de se tornar um cidadão com direitos e respeito. Mas para isto, o idoso tem que ser orientando para desempenhar a sua funcionalidade física, a sua capacidade emocional e intelectual, com intuito de ser visto para com os olhos da sociedade goiana como um ser ativo, detector de sabedoria, que necessidade e oportunidades voltadas para a melhor idade. METODOLOGIA Trata-se de um estudo do tipo bibliográfico, exploratório e descritivos. O estudo bibliográfico se baseia em literaturas estruturadas obtidas de livros e artigos científicos provenientes de bibliotecas convencionais e virtuais. O estudo descritivo-exploratório visa à aproximação e familiaridade com o fenômeno-objeto da pesquisa, fazendo descrição de suas características. Este estudo é baseado em fontes bibliográficas, buscado nos bancos de dados na BIREME, LILACS e SCIELO. O estudo tem caráter descritivo, tendo o principal objetivo, observar, registrar, analisar e correlacionar fatos cuja amostra foi constituída por 27 publicações, no período de 1990 a 2010. 175 OLIVEIRA, Dasdores Gonçalves da Silva; ARAUJO, Viviana Reis de e CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais. Atuação do enfermeiro no lazer e no turismo na melhor idade. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 173182. Set. 2010/Dez. 2010. HISTÓRIA DO IDOSO A partir da Idade Média começou a dar mais ênfase quanto às prevenções e as medidas de tratamento aos idosos. Foi abordado pelos dois filósofos que mais valorizaram a medicina preventiva aos idosos e advertia os mesmos em alguns de seus tratados para evitar excessos e medidas de higiene, beber vinho e fazer acompanhamento médico periodicamente. Aos profissionais que quisessem se dedicar ao cuidar dos idosos teriam que mudar o seu estilo de vida, passariam a ser conhecedores de medicina, moralizado, experientes, religiosos, limpos, moderados com a comida, bons hábitos e de boa aparência, estas seriam as características para um bom profissional, pois o seu estilo de vida passaria de exemplo aos pacientes (RAMOS, 1995). Com o passar dos anos relatamos e observamos que a medicina e os cuidados ao idoso só vêm progredindo, e esquecendo quanto aos valores com eles só se preocupando no bem e No decorrer do século o respeito e a valorização quanto à sociedade idosa mudou e muito, foi se perdendo os valores e a consideração pelos mesmos devido à modernidade em que se encontra o mundo, a globalização, a individualidade do individuo, a independência financeira tudo isso ocasionou à perda de valores e bons costumes (ROACH, 2003). No decorrer do século o respeito e a valorização quanto à sociedade idosa mudou e muito, foi se perdendo os valores e a consideração pelos mesmos devido à modernidade em que se encontra o mundo, a globalização, a individualidade do individuo, a independência financeira tudo isso ocasionou à perda de valores e bons costumes. A exemplo disso vimos na realidade atual: desrespeito através do abandono familiar, a ausência da assistência e a falta de expectativa de vida (PEREZ, 1993). A velhice é permanente e a realidade eminente. Desde o princípio do mundo sempre se dava ênfase aos mais velhos pelo seu saber e experiência de vida. Assim sucessivamente passa de pais para filhos é uma constante, embora em períodos mais remotos os idosos fossem tratados com mais dignidade e respeito (BEAUVIOR, 1990; VERAS, 1994) AS MUDANÇAS DEMOGRAFICAS QUE PASSAM O IDOSO Segundo Brito & Ramos (1996), os idosos numericamente vêm aumentando significativamente nos últimos anos, pois a velhice é uma etapa do ciclo da vida, que uma parcela crescente da população brasileira vem alcançando e desfrutando por mais tempo, em 176 OLIVEIRA, Dasdores Gonçalves da Silva; ARAUJO, Viviana Reis de e CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais. Atuação do enfermeiro no lazer e no turismo na melhor idade. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 173182. Set. 2010/Dez. 2010. virtude do aumento da expectativa de vida e do acelerado envelhecimento populacional do país nas últimas décadas. Esta mudança no perfil demográfico, iniciada na segunda metade dos anos 70, quando houve um declínio da taxa de natalidade, aponta que para o ano de 2025 existirá no Brasil, aproximadamente 30 milhões de idosos que representarão 15% da população total. Segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2007), os anos de 1975 a 2025 corresponderão á era do envelhecimento, marcada pelo crescimento demográfico da população idosa, o que decorre, principalmente do controle da natalidade e do aumento de gerontes já representa um grande problema, no futuro próximo, o Brasil viverá a mesma situação. As projeções estatísticas apontam que até ano 2025, ocuparemos o 6º lugar do mundo no que se refere á população idosa. Voltar à atenção á saúde ao idoso é um ato político que envolve diferentes atores sociais: gestores, sociedade civil organizada e a clientela de idosos, que em processo democrático, participativo, articulam-se entre si e negociam as tomadas de decisões para o enfrentamento do envelhecimento populacional (CARVALHO, 2002; SAAD, 1992). A CONVIVÊNCIA DA FAMÍLIA COM IDOSO Segundo Cabral (1998), a família é um ponto de referência em todas as situações. É apontada pelos estudiosos do envelhecimento como o ponto chave para corresponder às questões como o bem-estar e a segurança, ela é o espaço aonde se encontra a intimidade e o segredo e dificilmente compartilhado ou exposto ao olhar externo. O idoso precisa estar convivendo no seu meio familiar para melhor segurança, porque ele vai sentir amado não sentir como um fardo pesado. Geralmente não tem dependência financeiramente de seus filhos por serem aposentados, inclusive são citados como arrimo de família. Aceitar o idoso na família torna-se muito importante para o processo de envelhecimento, pois o mesmo não vai sentir rejeitado e poderá ter uma melhor qualidade de vida (GOLDANI, 1999; PEIXOTO, 2004). 177 OLIVEIRA, Dasdores Gonçalves da Silva; ARAUJO, Viviana Reis de e CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais. Atuação do enfermeiro no lazer e no turismo na melhor idade. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 173182. Set. 2010/Dez. 2010. ESTATUTO DO IDOSO E SEUS DIREITOS Segundo o Estatuto do Idoso (2007), de acordo com a Constituição Federal de 1996, através do decreto nº. 1.948 de 3 de julho de 1.996, o idoso tem garantido um estatuto que cita os seguintes parágrafos como direito do idoso: O art. 2º e os incisos I, II e IV, referem sobre o direito do idoso a cidadania, a dignidade o direito à vida que todo o ser humano deve ser respeitado, sem distinção seja pela cor, raça, faixa etária, sexo enfim entre outras discriminações. O art.3º no parágrafo único declara que todo o idoso tem o direito de asilar é um dever do estado de abrigá-los tendo ou não condições financeiras. No art. 4º e os incisos I, II, III e IV, refere-se á priorização do atendimento ao idoso em órgãos públicos e privados prestadores de serviços que compete ao governo, estado, município de realizarem centro de convivência à 3º idade para abrigá-los e desenvolver atividades aos mesmos, e assim priorizando o bem estar e até um aumento qualitativo da renda dos mesmos. O art. 9º e os incisos I, II, III, IV, VII, VIII, IX, XI, XII, XIII, competem que é um dever do poder público desde federal, estadual e municipal de realizar um atendimento específico dos idosos nas unidades básicas de saúde – SUS, com uma equipe especializada em geriatria e gerontologia, tendo assim um atendimento de equidade, qualidade e humanizada. Art. 15º parágrafo único, compete que os ministérios dentro da sua competência promover a capacitação de recursos humanos voltados para o atendimento ao idoso. Art. 17º parágrafo único, refere que o idoso tem o direito à assistência preventiva, protetiva e de recuperação por meio do Sistema Único de Saúde – SUS. Art. 18º parágrafo único, compete que o idoso que não tiver condições de permanecer no asilo devido à enfermidade crônica e precisar de cuidados médicos deverá ser transferido há um hospital para este não vim há óbito e os demais consequentemente. Outro destaque é a criação do conselho do idoso, criado pela Lei nº 218, de 26.12.91, ao qual recebeu do estatuto os encargos de fiscalizar as entidades privadas prestadores de serviços de assistência aos idosos. No dia 27 de setembro de 1997, foi criado o dia do idoso, com a Lei nº 1.479, de 17 de junho de 1997. Com esta pequena síntese do "Estatuto do Idoso" que foi elaborado podemos analisar que é lamentável a situação em que se encontra o idoso no Brasil e não pela 178 OLIVEIRA, Dasdores Gonçalves da Silva; ARAUJO, Viviana Reis de e CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais. Atuação do enfermeiro no lazer e no turismo na melhor idade. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 173182. Set. 2010/Dez. 2010. legislação, pois, ela é farta, mas mal elaborada ou simplesmente descumprida. É necessária a mobilização social para o devido respeito ao idoso, exigindo principalmente do poder público a implementação da Política Nacional do Idoso. O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO Segundo Carvalho (2002), o envelhecimento é um processo que apresenta algumas características: é universal por ser natural, não depende da vontade do individuo, todo ser nasce, desenvolve-se, cresce, envelhece e morre. A vida é um constante processo de modificações e a cada fase de seu desenvolvimento ocorrem transformações múltiplas acompanhadas de seus próprios desafios. É irreversível, apesar de todo o avanço da medicina em relação á descobertas e tratamentos das doenças, as novidades farmacológicas, o desenvolvimento de técnicas estéticas etc. Nada impede o processo de envelhecimento. Segundo Silvestre (2002) o envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo, no qual haverá modificações fisiológicas, bioquímicas e psicológicas que acarretara da perda progressiva do individuo e adaptação ao meio e maior vulnerabilidade do individuo se acometer por patologias que poderá ocasionar a morte. Na verdade não há uma definição exata de como ocorre e porque ocorre o processo de envelhecimento, e não há um método específico para tal de não progredir. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2007), o conceito de envelhecimento ativo consiste em levar na medida que envelhecemos uma vida produtiva e saudável na família, na sociedade e na economia. Neste sentido devemos levar em conta todas as dimensões da atividade física, mental, social e espiritual. Enquanto, para Beauvoir (1990), o conceito de envelhecimento é um processo que ocorre no percurso da vida do ser humano, iniciando-se com nascimento e terminando com a morte. FISIOLOGIA DO IDOSO Segundo Filho & Netto (2005) a composição corpórea altera-se com o desenvolvimento e o envelhecimento em ambos os sexos. A água é o principal componente ela corresponde a 70 % do organismo na criança, no adulto jovem 60% e no idoso 52%. Esta diminuição do adulto jovem quanto ao idoso se deve pelo fato da diminuição celular. Quanto 179 OLIVEIRA, Dasdores Gonçalves da Silva; ARAUJO, Viviana Reis de e CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais. Atuação do enfermeiro no lazer e no turismo na melhor idade. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 173182. Set. 2010/Dez. 2010. ao idoso podemos considerar um individuo desidratado crônico, devido pela perca de água no organismo. Durante o envelhecimento todos os tecidos do organismo sofrem alterações, varia de intensidade dependendo do indivíduo e do tecido, notam-se em algumas pessoas essas modificações predomina em alguma parte do organismo ou em outras localizações. O sistema colágeno é a proteína mais encontrada no organismo. Com o envelhecimento mais colágeno é formado, surgem ligações cruzadas na molécula e há maior resistência á ação da colagenase. Em consequência aumenta a rigidez dos tecidos e há maior dificuldade de difusão dos nutrientes dos capilares para as células e dos metabólitos das células para os capilares, o que ocasionaria deterioração progressiva da função celular ( MOTTA, 1998). Com o envelhecimento ocorre alteração mais evidente nas fibras elásticas maduras, ocorre um aumento na quantidade de fibras elásticas, alterando na sua composição de aminoácidos, fragmentação e irregularidade de forma, além do depósito de cálcio. Tais alterações determinam mudanças nas características funcionais das mesmas, ocasionado redução da elasticidade dos tecidos que as contêm. Na pele envelhecida podemos observar é a fragmentação das fibras elásticas. As tortuosidades significam que as fibras foram esticadas e a seguir perderam a elasticidade, determinando como consequência dobras ou rugas. (ROACH 2005). ENTENDENDO O LAZER PASSIVO E EDUCANDO PARA O LAZER ATIVO O lazer faz parte da vida dos seres humanos, pois ele é um dos requisitos da vida, que proporciona prazer, liberdade, sensação de bem estar entre outros benefícios. Mas dependendo de como o individuo encara a realidade atual ou mesmo o tipo de lazer que exerce, implicará no bem estar ou dos benefícios que o lazer pode oferecer (GOMES, 2003). Segundo Ricardo (2009) em sua obra Estudos do Lazer uma introdução classifica o lazer em seis áreas fundamentais: os interesses artísticos, os intelectuais, os físicos, os manuais, os turísticos e os sociais. São características do lazer ativo, atividades ligadas à recreação e interesses físicos proporcionando assim interação social e saúde. Onde o indivíduo procure buscar algo que lhe transmita prazer e ao mesmo tempo relaxamento, tentando esquecer um pouco suas tarefas e reações de estresse da sua vida cotidiana. Isto também é possível acontecer no cinema ou ao teatro como interesses artísticos (RICARDO, 2009). 180 OLIVEIRA, Dasdores Gonçalves da Silva; ARAUJO, Viviana Reis de e CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais. Atuação do enfermeiro no lazer e no turismo na melhor idade. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 173182. Set. 2010/Dez. 2010. Porém, não se deve excluir o lazer passivo, até por que é inevitável nos tempos atuais, e às vezes a atividade passiva pode gerar tão quanto prazer como o lazer ativo, como por exemplo: um torcedor de futebol que torce em casa, com muita empolgação, vibração e alegria pode estar se satisfazendo prazerosamente até mais de quem estar torcendo ao vivo no estádio, ou quando uma pessoa resolve ler um bom livro, ou seja, para tudo depende do tempo livre e da atitude presente nas atividades. Mas vemos o lazer passivo como modismo estando relacionado ao consumo através de propaganda da indústria do lazer e aos jogos eletrônicos, a televisão, os computadores entrem outros que afetam as pessoas desde a sua fase de criança até a fase adulta poupando-o em: energia, a não interação social, assim como os efeitos do modismo e criatividade. Até aqui, tratamos de determinado segmento social que dispõe do tempo e do dinheiro para o lazer (EMBRATUR, 2008). Procure fazer o que você realmente goste e sente prazer, mas que você se sinta bem realizando tal atividade, porém, faça tarefas ativas voltadas para as atividades físicas e de saúde, atividades que envolva interação social, que possa colocar-lhe como ser capaz de escolher e criticar as atividades compostas e expostas a si (ROBERTA, 2006; NEIDE, 2010). O PAPEL DO ENFERMEIRO NA CAPACITAÇÃO DO CUIDADOR DO IDOSO Segundo Karsch (1998), se não houver recursos humanos treinados especialmente para atender os idosos, não haverá uma atenção integral, integrada, digna e eficaz. Em relação aos profissionais que compõem a equipe de saúde para dar assistência à população idosa, torna-se premente investir na sua capacitação para que interdisciplinarmente façam intervenções adequadas no processo saúde-doença. Não se pode esquecer que esta equipe é quem faz a intermediação entre a unidade de saúde ou home-care ou hospital e usuário, cabendo-lhe o papel de colher informações importantes para assumirem tamanha responsabilidade (MENEZES, 1994). A enfermagem abrange todos os aspectos, como os cuidados, a capacitação, as orientações e a própria supervisão com tudo o enfermeiro só tem de proporcionar o bem-estar físico e bio-psico-social, pois o cuidador tendo a capacitação consequentemente as questões patológicas vão degredir, por exemplo, a depressão é uma das doenças que mais acomete o idoso devido ao isolamento, e se este idoso possuir um cuidador capacitado o mesmo irá 181 OLIVEIRA, Dasdores Gonçalves da Silva; ARAUJO, Viviana Reis de e CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais. Atuação do enfermeiro no lazer e no turismo na melhor idade. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 173182. Set. 2010/Dez. 2010. trabalhar na sua auto-estima proporcionando a comunicação, obtendo assim um resultado positivo da sua patologia (PEREZ, 1993). CONCLUSÃO O exercício de cuidar do idoso no domicilio é um aprendizado constante, baseado nas necessidades físicas e biológicas de acordo com o nível de dependência do idoso. Na maioria das vezes se torna difícil, pela inexperiência do cuidador, atender as demandas que vão surgindo no transcorrer do processo do cuidar e que necessitam ser aprendidas no enfrentamento do cotidiano e sendo orientados pela enfermagem (KARSCH, 1998). O enfermeiro é fundamental na educação para a preparação e cuidado no envelhecimento e morte, muito mais importante que acrescentar anos à vida e acrescentar vida aos anos (PEREZ, 1993). Com isso o presente trabalho, tentará mostrar a importância da enfermagem, aos cuidados da melhor idade, deve agir com equidade nas escolhas de suas intervenções, pois os indivíduos. Dependendo do estágio de vida que se encontram, possuem necessidades específicas, que precisam ser atendidas de forma diferenciada, como um elemento facilitador para o processo de cuidar na promoção da saúde, do lazer e do turismo. Desta forma, buscaremos mostrar para sociedade goiana a importância de valorizar o idoso no nosso convívio social, pois este é um elemento de cultura, experiências humanas e um cidadão muito virtuoso e instigar a classe acadêmica, principalmente da saúde, a importância da promoção da longevidade com qualidade de vida. Já que amanhã pertenceremos a esta classe, mas não devemos esperar envelhecer para fazer a nossa parte. REFERÊNCIAS BEAUVIOR, S. A. Velhice. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. BRITO, F. C., RAMOS, L. R. Serviços de atenção à saúde do idoso. São Paulo, Atheneu, 1996. CABRAL, B. E. S. L. Solidariedade Geracional uma experiência dos grupos de convivência de idosos. Fortaleza 1998. CARVALHO, H. B. C. A integração do idoso a pratica de saúde. Rio de janeiro: Koogan, 2002. CAMARANO, A. A., GHAOURI, E. O idoso no mercado de trabalho. Rio de Janeiro: ed 3º, ano III, 1999. Estatuto do Idoso. Disponível em: http://www.camara.gov.br/. Acesso em 20 de setembro de 2007. 182 OLIVEIRA, Dasdores Gonçalves da Silva; ARAUJO, Viviana Reis de e CARDOSO, Edicássia Rodrigues de Morais. Atuação do enfermeiro no lazer e no turismo na melhor idade. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 173182. Set. 2010/Dez. 2010. FILHO, C. T. Eurico, NETTO P. Matheus. Geriatria fundamentos, clínica e terapêutica. 2º ed. São Paulo Atheneu, 2005. GOLDANI, A. M. As famílias no Brasil comtemporânea e o mito da desestrututação. Cadernos Pagu, Campinas ed. 1º, unicamp 1999. GOMES, C.L. Significados de redreação e lazer no Brasil: reflexões a partir da analise de experiências institucionais (1926 – 1964). Tese (Doutorado em Educação). Belo Horizinte: Faculdade de Educação/ UFMG, 2003) INSTITUTO BRASILEIRO DE TURISMO. Programa clube da melhor idade. Brasília: EMBRATUR, Disponivel em: ˂http://WWW.embratur.gov.br>acesso em: 10/03/08 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: http://www.ibge.org.br/. Acesso em 15 de outubro de 2007. KARSCH, U. M. S. (org). Envelhecimento com dependência: revelando cuidadores. São Paulo: EDUC, 1998. MENEZES, A. K. Cuidados à pessoa idosa: reflexões gerais. In: Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – Rj. Caminhos do Envelhecer. Rio de Janeiro: Revinter, 1994. MOTTA, B. Chegando para idade. Rio de janeiro. Fundação Getúlio Vargas, 1998. NEIDE, O. O Tempo não para. Revista Viagem para a Melhor Idade – Guia Quatro Rodas. São Paulo, Editora Abril, 2010. Organização Mundial da Saúde. Conceito de envelhecimento. http://www.cies.org.br/mgea1.asp. Acesso em 03 de outubro 2007. Disponível em: PAPALÉO, M. N. & THOMAZ, E. C. F. Geriatria: fundamentos, clínica e terapêutica. São Paulo: Atheneu, 2000. 435p. PEIXOTO, C. E. Família e envelhecimento. Rio de Janeiro: FGV, 2004. PEREZ, E. A Enfermeria gerontologica: conceptos para La prectica, Organizacion Panamericana de La Salud, 1993. RAMOS, L. R. O país do futuro não pensa no futuro, Gerontologia. V.3 n1 p. 52 – 54, 1995. RICARDO, O. Entendendo o lazer passivo e educando para o lazer ativo. Revista Turismo e Lazer. Urca/CE, 2009. ROACH, Sally. Introdução à enfermagem Gerontológica. Editora Guanabara Koogan S. A. Rio de Janeiro 2003. ROBERTA, T.S. Lazer, Turismo e Políticas Públicas para a Terceira Idade. Revista Científica Eletrônica Turismo. Semestral, ed. 4, jan. 2006 SAAD, P. Caracterização sócio-econômico e demografia do idoso. São Paulo, proposta editorial, 1992. SALGADO, M. A. Velhice uma questão social. São Paulo SESC, 1980. SILVESTRE, J. A. O envelhecimento populacional Brasileiro e o setor da saúde. São Paulo: proposta editorial, 2002. VERAS, R. P. País jovem com cabelos brancos: a saúde do idoso no Brasil, Rio de Janeiro: Relume Dumará/UERJ, 1994. NORMAS PARA PUBLICAÇÃO Editor Responsável Edmar Aparecido de Barra e Lopes [email protected] 1 – Os trabalhos enviados para publicação deverão ser inéditos, não sendo permitida sua apresentação simultânea em outro periódico. De preferência redigidos em português, a REVISTA publicar eventualmente textos em língua estrangeira (inglês, francês, espanhol). 2 – Os originais serão submetidos apreciação do Conselho Editorial, após prévia avaliação do Conselho Consultivo, o qual poder aceitar, recusar ou reapresentar o original ao autor com sugestões para alterações. Os nomes dos relatores permanecerão em sigilo, omitindo-se também os nomes dos autores perante os relatores. 3 – Os artigos e comentários críticos devem ser apresentados com original e cópia e devem conter entre 10 (dez) e 18 (dezoito) laudas e 70 (setenta) toques de 30 (trinta) linhas. As resenhas devem conter 05 (cinco), os resumos de TCC 03 (três) e a entrevistas até 15 (quinze) laudas. 4 – Os originais devem ser encaminhados através do email: [email protected] (fonte Times New Roman, tamanho 12, entrelinha 1,5). 5 – Cada artigo deve vir acompanhado de seu título e resumo em português e inglês (abstract), com aproximadamente 80 palavras e título em inglês; e de, no máximo cinco palavras-chave em português e inglês. 6 – No cabeçalho do original serão indicados o título (e subtítulo se houver) e o nome do(s) autores, com indicação, em nota de rodapé, dos títulos universitários ou cargos que indiquem sua autoridade em relação ao assunto do artigo. 7 – As notas do rodapé, quando existirem, deverão ser de natureza substantiva, e indicadas por algarismos arábicos em ordem crescente. As menções a autores, no decorrer do texto, devem subordinar-se ao esquema (Sobrenome do autor, data) ou (Sobrenome do autor, data, página). Ex.: (ADORNO, 1968) ou o ano serão identificados por uma letra depois da data. Ex.: (PARSONS, 1967ª), (PARSONS, 1964b). 8 – A bibliografia (ou referências bibliográficas) ser apresentada no final do trabalho, listada em ordem alfabética, obedecendo aos seguintes esquemas: a) No caso de livro: SOBRENOME, nome. Título sublinhado. Local de publicação, Editora, data. Ex.: GIDDENS, Anthony. Novas regras do método sociológico. Rio de Janeiro, Zahar, 1978. Solicita-se observar rigorosamente a sequência e a pontuação. b) No caso de coletânea: SOBRENOME, Nome. Título não sublinhado. In: SOBRENOME, Nome, org. Título do livro sublinhado. Local de publicação, editora, data, p. ii-ii. Ex.: FICHTNER, N. A escola como instituição de maltrato infância. In: KRINSKY, S., org. A criança maltratada. São Paulo, Almeida, 1985. p. 87-93. Solicita-se observar rigorosamente a sequência e a pontuação. c) No caso de artigo: SOBRENOME, nome. Título do artigo. Título do Periódico Sublinhado, local de publicação, número do periódico (número do fascículo): página inicial-página final. Mês(es) e ano de publicação. Ex.: CLARK, D. A. Factors influencing the retrieval and control of negative congnotions. Behavior and Therapy, Oxford, 24(2): 151-9. 1986. Solicita-se observar rigorosamente a sequência e a pontuação. d) No caso de tese acadêmica: SOBRENOME, Nome. Título da tese sublinhado. Local, data, número de páginas, dissertação (Mestrado) ou Tese (Doutorado). Instituição em que foi defendida. (Faculdade e Universidade). Ex.: HIRANO, Sedi. Pré-capitalismo e capitalismo: a formação do Brasil Colonial. São Paulo, 1986, 403 p. Tese (Doutorado). Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Solicita-se observar rigorosamente a sequência e a pontuação. GUANICUNS III 2006 24-09-06.pmd 294 24/9/2006, 20:20 9 – Uma vez publicados os artigos remetidos e aprovados pelo Conselho Consultivo e pelo Conselho Editorial, A REVISTA, se reserva todos os direitos autorais, inclusive os de tradução, permitindo, entretanto, a sua posterior reprodução com transcrição e com devida citação da fonte. 10 – Os conceitos emitidos nos trabalhos serão de responsabilidades exclusiva dos autores, não refletindo obrigatoriamente a opinião do Conselho Consultivo e do Conselho Editorial. 11 – A REVISTA de caráter interdisciplinar e pretende se consolidar como um instrumento de reflexão crítica, contribuindo para dar visibilidade produção técnico-científica do corpo docente e discente da instituição. 12 – A REVISTA aceita colaborações, sugestões e críticas, que podem ser encaminhadas ao Editor, através do e-mail supracitado. 13 – Originais não aproveitados serão devolvidos, mas fica resguardado o direito do autor(a) em divulgá-los em outros espaços editoriais. Naturalmente toda a responsabilidade pelos artigos a seus respectivos autores. Endereço: Avenida Bandeirantes, n. 1140, Setor Leste, CEP: 76.170-000/Caixa Postal: 07 Dúvidas:Tel/Fax: 62-81259000 E-mail: [email protected] Solicita-se permuta/Exchange desired.