ISSN: 1984 - 2848
ESTÁCIO DE SÁ
CIÊNCIAS DA SAÚDE
Revista da Faculdade Estácio de Sá de
Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 04, Set. 2010 / Dez. 2010
Ficha Catalográfica da Revista
LOPES, Edmar Aparecido de Barra e.
Revista de Ciências da Saúde. Faculdade Estácio de Sá de
Goiás- FESGO. Goiânia, GO, v.01, nº04, Set. 2010/.Dez. 2010.
Nota: Revista da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – FESGO.
I.Ciências da Saúde. II‐ Título: Revista de Ciências da
Saúde.
III.Publicações Cientificas.
CDD 600
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação ( CPI)
Faculdade Estácio de Sá de Goiás
Catalogação na Fonte / Biblioteca FESGO
Jacqueline R.Yoshida – Bibliotecária – CRB 1901
ESTÁCIO DE SÁ
CIÊNCIAS DA SAÚDE
FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE GOIÁS – FESGO
VOLUME 1, N. 04, Set. 2010 a Dez. 2010
PERIODICIDADE: SEMESTRAL.
ISSN: 1984 – 2848
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ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE
Revista da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – FESGO
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SUMÁRIO
Artigos
09 - 26
Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um
hospital público em Goiânia – Goiás
Régis Rodrigues Santana
Ana Claudia Camargo Campos
Carla Giselle de Moura Rodrigues
Maria Marta da Silva
Thais Taylor de Faria
Viviane Aparecida Bruno Inácio
28 - 58
Avaliação funcional
Marcelo Jota Rodrigues da Silva Jota
59 - 64
Avaliação das condições bucais e sistêmicas de pacientes portadores de
síndrome de Down institucionalizados na APAE-Goiânia/Goiás
Rodrigo Passos Del Fiaco
Tessa de Lucena Botelh
Cláudio Maranhão Pereira
65 - 76
Incidência de hepatite B na população da cidade de Goiânia-Goiás: influência
dos marcadores sorológicos no prognóstico desta infecção
Ana Flavia Oliveira Magalhães
Francielle Poliana de Medeiros Rocha
Francielly Eugenio de Assis
Claudio Maranhão Pereira
77 - 98
Atuação do enfermeiro e sua praxis no processo de captação e doação de
órgãos
A. C. Moreira Ribeiro
A. P. Silva Bueno
E. S.. Oliveira
Adriano Luis Fonseca
99 - 117
Dinamometria e esclerose múltipla revisão da literatura
Adriano Luís Fonseca
Juliana Couto
Kliver Marin
Pedro Ranna
Glauco Marques Zanin
Daniela R. P. Fonseca
Pesquisas
119 - 126
Prevalência de queixas de pacientes atendidos em acupuntura
127 - 135
Tratamento da lombalgia através de meridiano tendineo muscular
A. C. S. Ximenes
F. G. R. Luz
M. M. M. Luz
J. R. Mata
B. B. Castro
M. Nishi,
K. Cavalkanti
JR. Mata
M. M. M. Luz
F. G. R. Luz
136 - 142
Instrumentos e procedimentos avaliativos em anatomia humana
Fabiana Ribeiro da Mata
João Roberto da Mata
Sara Dayane Santos
Márcio Christian Rodrigues Souza
143 - 153
Enfermagem na capacitação de cuidadores formais e informais de pacientes
com Alzheimer
Edson Sidião de Souza Júnior
Dédiva Maria Teixeira Neto
Eurídice Oliveira da Silva Santos
Margareth Oliveira Amâncio
154 - 166
Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e
emergência
Kássio Henrique Rodrigues Corrêa
Valdete Pereira
Gleydson Ferreira Melo
Francino Azevedo
167 - 172
Tipificação do metabolismo individual e possibilidades farmacológicas de
diminuição dos efeitos colaterais no tratamento da depressão
Elder Sales da Silva
Marc Gingozac
Juliana Rodrigues de Sena
173 - 182
Atuação do enfermeiro no lazer e no turismo na melhor idade
Dasdores Gonçalves da Silva Oliveira
Viviana Reis de Araujo
Edicássia Rodrigues de Morais Cardoso
183 - 185
Normas para publicação
ARTIGOS
Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 04, 09 – 26. Set. 2010/Dez. 2010.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO CLIENTE COM DIAGNÓSTICO DE INFLUENZA
A (H1N1) DE UM HOSPITAL PÚBLICO EM GOIÂNIA – GOIÁS
Régis Rodrigues Santana
Ana Claudia Camargo Campos
Carla Giselle de Moura Rodrigues
Maria Marta da Silva***
Thais Taylor de Faria***
Viviane Aparecida Bruno Inácio***
Resumo:
Abstract:
A influenza A (H1N1) consiste em doença infectocontagiosa, que surgiu de uma mutação no material
genético dos vírus influenza humano, suíno e aviário,
que se encontravam simultaneamente em porcos. Os
primeiros casos da atual pandemia foram relatados
em meados de março de 2009, no México, e em
pouco mais de dois meses, a OMS declarou que a
mesma havia alcançado o nível de pandemia. O
presente estudo tem como objetivo traçar o perfil
epidemiológico do cliente com diagnóstico de
Influenza A (H1N1) por novo subtipo viral de um
hospital público em Goiânia-Goiás, assim como
identificar os fatores etiológicos desta doença. Tratase
de
um
estudo
exploratório-descritivo,
retrospectivo, de cunho quantitativo, cuja amostra foi
constituída por todos os prontuários de clientes que
foram diagnosticados com vírus H1N1, atendidos de
junho a dezembro de 2009. A coleta de dados
ocorreu através de roteiro sobre o respectivo tema da
pesquisa. Neste estudo a maioria dos casos de
Influenza A (H1N1) acometeram jovens adultos de
meia idade, previamente saudáveis. Outros casos
foram gestantes e pessoas já afetadas por condições
crônicas, incluindo pneumopatia, obesidade,
cardiopatia e HAS. Os fatores que se relacionaram à
gênese da doença foram as estações do ano, a
imunidade da população susceptível (idade, gestação,
presença de comorbidade), a zona de residência e a
ocupação.
The Influenza A (H1N1) consists of an infectious
disease, which arose from a mutation in the genetic
material of human, pig and poultry influenza viruses,
which were found simultaneously in pigs. The first
cases of the current pandemic were reported in the
middle of March 2009, in Mexico, and in a little more
than two months, the OMS stated that it had reached
the level of a pandemic. The present study aims to
measure the epidemic profile of the patients
diagnosed with Influenza A (H1N1) by a new virus
subtype in a public hospital in Goiânia-Goiás, as well
as to identify the etiological factors of this disease.
This is an exploratory descriptive study, retrospective,
with quantitative content, the sample of wich was
composed from all patient records of those diagnosed
with H1N1 virus, examined from June to December
2009. The collection of data was done according to
the criteria of the research theme. In this study most
cases of Influenza A (H1N1) affected young middleaged adults, who were previously healthy. Other cases
were pregnant women and people affected by chronic
conditions, including lung disease, obesity, heart
disease and Systemic Hypertension. The factors that
are linked to the genesis of the disease were the
seasons, the immunity of the suceptible population
(age, pregnancy, presence of comorbidity), area of
residence and occupation.
Palavras-chave:
Key-words:
Epidemiologia, Influenza A (H1N1), Enfermagem.

Epidemiology, Influenza A (H1N1), Nursing
Enfermeiro Especialista em Terapia Intensiva. Orientador docente da Faculdade Estácio de Sá de Goiás.Brasil
Email: [email protected]

Biomédica Doutora em Medicina Tropical.Co-orientadora docente da Faculdade Estácio de Sá de Goiás,
Brasil. Email: [email protected]

Graduandas em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá de Goiás, Brasil, Email [email protected],;
[email protected] ; [email protected] ; [email protected] .
10
SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de
Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno.
Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em
Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010.
INTRODUÇÃO
Epidemiologia é
“ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades humanas, analisando
a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos
associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle,
ou erradicação de doenças, fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao
planejamento, administração e avaliação das ações de saúde” (ROUQUAYROL,
1999).
Esta ciência enquanto ferramenta principal para a saúde pública, instrumenta o
enfermeiro a implementar e avaliar o cuidado à saúde das populações, bem como a realização
de pesquisas. Ainda tem importante papel nos aspectos de prevenção e vigilância das
enfermidades, na avaliação e análise do impacto de suas ações, permitindo identificar
necessidades, riscos, prioridades, melhorar a utilização dos recursos entre outros (GOMES,
1994).
A influenza ou gripe é uma doença infecciosa aguda do trato respiratório, causada
pelo vírus influenza, subdividida em três tipos antigenicamente distintos: A, B e C. Os vírus
influenza A, ainda são subdivididos de acordo com antígenos de superfície inseridos em seu
envoltório, denominados Hemaglutinina (HA) e Neuraminidase (NA). Existem 16 subtipos de
HA e 9 de NA, que resultam em 144 possíveis combinações (BRASIL, 2005; GRECO, et al.
2009; MARTINEZ, 2009).
A infecção pelo vírus influenza A subtipo H1N1 consiste em doença infectocontagiosa ocasionada por variante do vírus influenza, que surgiu, possivelmente, de uma
mutação no material genético dos vírus influenza humano, suíno e aviário, que se
encontravam simultaneamente em porcos (SENNA, et al. 2009).
Este vírus persiste na população por mais de 90 anos, tendo sido identificado pela
primeira vez entre 1918 -1919, no episódio conhecido como Gripe Espanhola, o qual
determinou alta morbi-mortalidade (entre 20 a 50 milhões de mortes em todo mundo). Em
1977, verificou-se um surto de infecção pelo vírus A (H1N1) nos EUA, atingindo
principalmente pessoas jovens, com significativa morbidade (GRECO, et al., 2009; FRED, et
al. 2009).
Os primeiros casos da atual pandemia foram relatados em meados de março de
2009, no México, em pessoas com manifestações clínicas que incluíam tosse, febre com ou
sem sintomas constitucionais, irritação na orofaringe, náusea e diarréia. Em pouco mais de
11
SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de
Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno.
Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em
Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010.
dois meses, seguindo normas internacionalmente aceitas e alegando a abrangência da doença
e não a aparente periculosidade do vírus, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou
que a gripe suína havia alcançado o nível de pandemia, situação caracterizada por transmissão
inter-humana sustentada e atingindo mais de duas regiões do globo terrestre. (FRED, et al.,
2009; GRECO, et al., 2009; MACHADO, 2009; MARTINEZ, 2009; NOGUEIRA, 2009;
SENNA, et al., 2009).
No Brasil, o monitoramento do perfil de transmissibilidade desse novo subtipo
viral fez com que o Ministério da Saúde (MS) declarasse a epidemia uma Emergência de
Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) e a existência da transmissão sustentada
da Influenza A (H1N1) no país (BRASIL, 2009).
A transmissão ocorre de pessoa para pessoa, e pode ocorrer facilmente através de
inalação de gotículas eliminadas pela tosse ou espirro das pessoas infectadas ou através do
contato com superfícies que estejam contaminadas com os vírus da influenza e, em seguida,
tocar os olhos, o nariz ou a boca. O período de incubação varia de 1 a 7 dias, em média de 1 a
4 dias e o período de transmissão inicia-se 24 horas antes do início dos sintomas e estende-se
até 7 dias após o início dos mesmos (GALAS, et al., 2009).
A prevenção da infecção pelo vírus influenza A (H1N1) requer hábitos regulares
de higiene como lavar as mãos antes e após contato com pacientes contaminados, controle de
aerossóis-perdigotos, incluindo o uso de máscaras, e evitar locais cheios de pessoas (SENNA,
et al., 2009).
Clinicamente, na maioria dos casos, a doença caracteriza-se pela instalação
abrupta de febre alta, em geral acima de 38ºC, seguida de mialgia, dor de garganta, artralgia,
prostração, cefaléia e tosse seca. Podem estar presente diarréia, vômitos e fadiga. Entre
pessoas infectadas, síndromes clínicas variam desde sintomas respiratórios leves à pneumonia
e insuficiência respiratória em sua forma mais grave, a Síndrome Respiratória Aguda Grave
(SRAG) (GALAS, et al., 2009; PEREIRA, C.; TARANTINO, M., 2009).
Os grupos de risco para complicações compreendem: crianças menores que 5
anos; adultos com idade maior ou igual a 65 anos; gestantes; obesos; imunossuprimidos
(infecção pelo HIV, transplantes, medicamentos imunossupressores); adultos e crianças
portadores de doenças crônicas como diabetes, cardiopatias, pneumopatias, hepatopatias,
doenças neuromusculares, hematológicas e metabólicas; e profissionais da saúde (GRECO, et
al., 2009; GALAS, et al., 2009).
12
SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de
Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno.
Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em
Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010.
O teste laboratorial recomendado pela OMS para a detecção qualitativa do novo
vírus da Influenza A (H1N1), é a Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real (rRTPCR). As amostras clínicas que devem ser coletadas para a realização do teste são swabs
combinados de nasofaringe e orofaringe. Pacientes entubados devem ser submetidos à coleta
de aspirado nasotraqueal (GALAS, et al., 2009; GREGO, et al., 2009).
O tratamento dos casos deve ser realizado preferencialmente com Oseltamivir®.
A utilização do medicamento deve ser realizada, no máximo, até 48 horas a partir do início
dos sintomas. A recomendação para adultos é a ingestão de 75 mg duas vezes ao dia por 5
dias. Para crianças menores de 40 kg, as doses variam por peso. Paralelamente ao tratamento
medicamentoso, devem ser instituídas as medidas de suporte clínico ao paciente, segundo a
avaliação médica de cada caso (MACHADO, 2009).
A infecção por influenza A (H1N1) requer cuidados gerais, dieta hipercalórica e
normoproteica, hidratação das vias aéreas por intermédio da ingestão frequente de líquidos
pela via oral, nebulização e vaporização. Pode ser necessário o uso de antitérmicos e
analgésicos para o tratamento da sua sintomatologia (SENNA, et al., 2009).
Esta pandemia mostrou que apesar da expansão da vigilância global, de melhores
métodos diagnósticos e terapêuticos e da maior capacidade de desenvolver e produzir vacinas,
as doenças infecciosas ainda são importantes e, especialmente imprevisíveis (GALAS, et al.,
2009; GREGO, et al., 2009). Desta forma, considerando o vírus influenza como patógeno
capaz de causar epidemias e pandemias ao longo da história e o uso da Epidemiologia pelo
enfermeiro como instrumento que permite o acompanhamento e a avaliação dos serviços de
saúde, neste estudo pretende-se submeter os dados coletados à uma análise epidemiológica
relacionando os mesmos ao conteúdo teórico científico até então publicado, integrando assim,
a pesquisa à assistência.
Este estudo trata-se ainda de oportunidade de ressaltar a importância da detecção
precoce, do pronto atendimento aos casos, da adoção de medidas de prevenção e controle
adequadas, de prover os profissionais de saúde e a população de informações sobre o atual
estágio deste agravo e da inclusão de todas as possibilidades para o seu enfrentamento de
forma definitiva, cuidadosa, ética e cidadã (SENNA, et al., 2009; FRED, et al., 2009).
13
SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de
Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno.
Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em
Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010.
OBJETIVOS
O presente estudo tem como objetivo traçar o perfil epidemiológico do cliente
com diagnóstico de Influenza A (H1N1) por novo subtipo viral de um hospital público em
Goiânia-Goiás, assim como identificar os fatores etiológicos desta doença.
MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, retrospectivo, de cunho
quantitativo, realizado em um hospital público no município de Goiânia-Goiás. A amostra foi
constituída por todos os prontuários de clientes que foram diagnosticados com Influenza A
(H1N1) por novo subtipo viral (pandêmico), atendidos de junho a dezembro de 2009. A coleta
de dados foi realizada nos meses de março e abril de 2010 e ocorreu através de roteiro sobre o
respectivo tema da pesquisa. A elaboração do instrumento de coleta de dados embasou-se na
ficha de investigação Influenza Humana por Novo Subtipo (Pandêmico) (BRASIL, 2009).
Para fins de classificação dos pacientes que tiveram o diagnóstico de Influenza A
(H1N1) confirmado, tomou-se como base o resultado do teste laboratorial recomendado pela
OMS para a detecção qualitativa do novo vírus da Influenza A (H1N1), a Reação em Cadeia
da Polimerase em Tempo Real (rRT-PCR), sendo excluídos deste estudo os demais pacientes
em que tal hipótese diagnóstica foi descartada mediante resultado negativo para o mesmo, e
os prontuários que não constavam o PCR.
O presente estudo segue os princípios éticos e legais que regem a pesquisa em
seres humanos, preconizados na Resolução do Conselho Nacional de Saúde Nº. 196/96,
manifestada pela aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) do referido hospital.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A população estudada constou de 348 prontuários com hipótese diagnóstica de
Influenza A (H1N1). Destes, 303 (87%) foram descartados e 45 (13%) foram confirmados
laboratorialmente através do teste de Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real (rRTPCR).
14
SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de
Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno.
Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em
Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010.
Ao avaliar a ocorrência dos casos por mês de incidência, verifica-se que a maior
frequência da doença foi no mês de agosto com 23 casos (51%), seguido pelo mês de
setembro com 21 casos (47%) e pelo mês de outubro com apenas um caso (2%), como pode
ser visto na figura 1. Este resultado deve-se e/ou pode estar relacionado ao fato de que o
inverno no Hemisfério Sul, inicia-se em junho e envolve os meses de junho, julho e agosto.
Na região Centro-Oeste, este trimestre é considerado o menos chuvoso do ano no que se
refere à distribuição de chuvas caracterizando-se por baixos teores de umidade do ar e quedas
acentuadas de temperatura (SIMEGO, 2010).
MÊS
CASOS
%
Junho
0
0
Julho
0
0
Agosto
23
51
Setembro
21
47
Outubro
01
2
Novembro
0
0
Dezembro
0
0
TOTAL
45
100
Figura 1 – Apresentação dos casos de Influenza A (H1N1) de acordo com os meses de ocorrência, de junho a
dezembro de 2009.
Conforme a figura 2, as faixas etárias com maior número de casos foram de 21 a
30 anos de idade e de 31 a 40 anos com 15 casos (33%) cada, seguido pelas faixas etárias: 41
a 50 anos com 6 casos (13%); 0 a 10 anos com 4 casos (9%); 11 a 20 anos com 3 casos (7%) e
51 a 60 anos com 2 casos (5%). Sobre esta temática, GRECO, et al., (2009), revelam que a
maioria dos casos acometeram jovens e adultos de meia idade, sendo portanto diferente da
influenza sazonal, a qual é mais comum entre crianças e idosos. A maior exposição a esse
patógeno na população mais jovem ou a imunidade adquirida em outras epidemias pela
população mais idosa podem ser fatores associados a esse perfil epidemiológico.
15
SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de
Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno.
Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em
Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010.
FAIXA ETÁRIA
16
14
12
10
8
6
4
2
0
15
15
6
4
0 a 10
3
11 a 20
2
21 a 30
31 a 40
41 a 50
51 a 60
Idade e m anos
Figura 2 – Incidência de Influenza A (H1N1) por faixa etária.
A predominância dos casos foi no sexo feminino (62%). Dentre os 28 casos do
sexo feminino, 03 (11%) eram gestantes, como pode ser visto nas figuras 3 e 4
respectivamente. As grávidas são consideradas como grupo de risco para a Influenza A
(H1N1) porque durante a pandemia, dentre as mulheres em idade fértil que apresentaram a
SRAG em decorrência da Influenza H1N1, 22% eram gestantes. Essa maior susceptibilidade
deve-se ao fato de que na gravidez a imunidade diminui para que o bebê se desenvolva sem
ser combatido como um possível corpo estranho. Outro fator é que o útero ao aumentar de
tamanho comprime o pulmão, fazendo com que estas estejam mais susceptíveis a infecções
respiratórias (BRASIL, 2010).
SEXO
17
38%
MASCULINO
28
62%
Figura 3 – Distribuição de casos de Influenza A (H1N1) em relação ao sexo.
FEMININO
16
SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de
Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno.
Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em
Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010.
Gestantes
3
11%
Gestantes
Não gestantes
25
89%
Figura 4 – Representação dos casos de Influenza A (H1N1) em gestantes.
Conforme a figura 5, os níveis de escolaridade com maior número de casos foram
respectivamente: nível fundamental com 14 (31%), nível superior com 08 (18%) e nível
médio com 04 (9%), sendo que em 19 casos (42%) não especificou-se a escolaridade. Tais
resultados demonstram que a incidência da infecção por Influenza A (H1N1) não parece
apresentar relação com o nível de escolaridade, podendo acometer pessoas de todos os níveis
de instrução.
Escolaridade
8
Nível superior
4
Nível médio
14
Nível fundamental
19
Não especificado
0
5
10
15
Figura 5 – Apresentação dos casos de Influenza A (H1N1) de acordo com a escolaridade.1
1
Quando o nível referido foi declarado incompleto, se aplicou ao nível anterior.
20
17
SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de
Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno.
Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em
Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010.
Os municípios com maior número de casos foram: Goiânia com 28 casos (63%),
Catalão com 03 (8%) e Caldas Novas com 02 (5%) casos. Os demais municípios somam 24%
dos casos, com um caso em cada. Em relação à origem do caso, 42 (93%) eram autóctones do
município de residência e 03 (7%) não foram especificados. Quanto à zona de ocorrência, 43
(96%) casos ocorreram em zona urbana como pode ser visto nas figuras 6, 7 e 8
respectivamente. A aglomeração populacional nos centros urbanos e as atividades sociais
desenvolvidas nos mesmos aumentam a susceptibilidade do contágio de doenças
transmissíveis, explicando a maior incidência destas doenças na zona urbana, se comparada à
zona rural (CARVALHO, 2010).
MUNICÍPIO
N
%
Goiânia
Catalão
Caldas Novas
28
3
2
63
8
5
Pires do Rio
Ap. de Goiânia
1
1
2
2
Itapuranga
1
2
Anicuns
1
2
São Simão
Mineiros
Bela Vista
1
1
1
2
2
2
Mara Rosa
1
2
Ivolândia
Piracanjuba
1
1
2
2
Três Ranchos
1
2
Outra localidade
1
2
TOTAL
45
100
Figura 6 – Distribuição dos casos de Influenza A (H1N1) por municípios de residência.
18
SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de
Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno.
Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em
Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010.
Casos Autóctones
50
42
40
30
20
10
3
0
0
NÃO
NÃO ESPECIFICADO
SIM
Figura 7 - Representação dos casos de Influenza A (H1N1), se autóctone do município de residência.
ZONA
RURAL
2
4%
URBANA
RURAL
URBANA
43
96%
Figura 8 – Incidência dos casos de Influenza A (H1N1) por zona de residência.
As ocupações com maior número de casos foram respectivamente: estudante e “do
lar” com 07 casos (16%) cada, seguida pela de vendedor com 05 casos (11%), e por
profissionais da saúde com 04 casos (9%). As demais profissões somam 22 casos (48%).
Estes resultados demonstram que a atividade desenvolvida possa estar diretamente
relacionada à maior ou menor probabilidade de contrair a doença. No entanto, neste estudo,
19
SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de
Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno.
Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em
Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010.
em 31 (69%) dos casos a doença não se relacionava à profissão desenvolvida, enquanto em 06
(13%) se relacionava e em 08 (18%) não foi especificado como demonstrado nas figuras 9 e
10.
OCUPAÇÃO
Estudante
N
7
%
1
6
―Do lar‖
7
6
1 5
1
Profissionais da Saúde (02
médicos, 01 enfermeiro e 01
odontólogo)
4
9
Autônomo
Borracheiro
Comerciante
Professor
Secretária
Auxiliar geral
Empresário
Lavrador
Cobrador
Manicure
Empregada doméstica
Garçom
Carroceiro
Engenheiro civil
Não especificado
TOTAL
3
2
2
2
2
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
4
7
4
4
4
4
4
2
2
2
2
2
2
2
2
2
1
Vendedor
5
Figura 9 – Distribuição dos casos de Influenza A (H1N1) por ocupação.
00
20
SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de
Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno.
Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em
Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010.
Relação da doença com a ocupação
SIM
6
13%
NÃO
ESPECIFICADO
8
18%
NÃO
31
69%
Figura 10 – Representação dos casos de Influenza A (H1N1) quanto à relação da doença à ocupação.
No que se refere à imunização prévia contra a Influenza Sazonal, 20 (44%) não
foram imunizados, enquanto 25 (56%) não declararam como pode ser observado na figura 11.
Com base nas recomendações da OMS, a vacina contra Influenza Sazonal é reformulada
anualmente mediante avaliação dos dados epidemiológicos coletados no ano anterior,
prevendo assim as cepas de vírus influenza que terão maior chance de causar epidemias no
ano subsequente e que deverão compor a vacina a ser utilizada no inverno daquele ano. Desta
forma, não se pode afirmar que a vacina contra a Influenza Sazonal agiu sobre a incidência a
Influenza A (H1N1) (SBI, 2010).
Imunização Prévia para Influenza Sazonal
25
25
20
20
15
10
5
0
0
SIM
NÃO
N Ã O ESPEC IF IC A D O
Figura 11 – Incidência dos casos de Influenza A (H1N1) quanto à imunização prévia contra Influenza Sazonal.
21
SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de
Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno.
Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em
Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010.
Em relação ao contato prévio com caso suspeito, 02 (4%) tiveram contato, 18
(40%) não tiveram contato e 25 (56%) não especificaram. Quanto ao relato de viagem no
período de até dez dias antes da manifestação dos sinais e sintomas, 02 (4%) intermunicipal,
20 (44%) não viajaram e 23 (52%) não especificaram como pode ser visto nas figuras 12 e 13
respectivamente. Tais dados demonstram que talvez o contato prévio com casos suspeitos e o
relato de viagem no período de até dez dias antes da manifestação dos sinais e sintomas não
foram tão relevantes na infecção do cliente com diagnóstico de influenza A (H1N1) deste
hospital.
Contato com caso suspeito antes de surgirem os
sinais e sintomas
SIM
2
4%
NÃO
ESPECIFICADO
25
56%
NÃO
18
40%
SIM
NÃO
NÃO ESPECIFICADO
Figura 12 – Distribuição dos casos de Influenza A (H1N1) quanto ao contato com caso suspeito ou confirmado
de Influenza Humana por novo subtipo (até 10 dias antes do início dos sinais e sintomas).
22
SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de
Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno.
Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em
Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010.
Viagens
23
Não especificado
20
Não viajou
2
Intermunicipal
Interestadual 0
Exterior 0
0
5
10
15
20
25
Figura 13 – Representação dos casos de Influenza A (H1N1) quanto ao relato de viagem no período de até 10
dias antes do início dos sinais e sintomas.
Na pesquisa, 07 casos (16%) apresentaram algum tipo de co-morbidade, dentre as
quais se destacam: pneumopatia em 03 (37%) dos casos, tabagismo em 02 (24%), obesidade
em 01 (13%), cardiopatia crônica em 01 (13%) e Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) em 01
(13%) dos casos como pode ser analisado nas figuras 14 e 15 respectivamente. Sendo que 3
(7%) apresentaram mais de uma comorbidade. Sobre este aspecto, GRECO, et al., (2009)
revelam que pessoas já afetadas por condições crônicas, incluindo doenças respiratórias
(principalmente asma), cardiovasculares, diabetes, obesidade e doenças auto-imunes
representam um outro grupo mais susceptível à infecção por Influenza A (H1N1).
Pacientes que apresentavam alguma
comorbidade
SIM
7
16%
SIM
NÃO
NÃO
38
84%
Figura 14 – Incidência dos casos de Influenza A (H1N1) que apresentavam alguma co-morbidade.
SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de
Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno.
Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em
Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010.
23
Comorbidades apresentadas
3
3
2,5
2
2
Pneumopatia
2
Tabagismo
1,5
1
1
Obesidade
HAS
0,5
0
Pneumopatia Tabagismo
Obesidade
HAS
Figura 15 – Relação das comorbidades apresentadas nos casos de Influenza A (H1N1).
Conforme a figura 16, os sinais e sintomas mais frequentes foram: tosse em 41
(91%) dos casos, febre em 40 (89%), dispnéia em 38 (84%), mialgia em 29 (64%), calafrio
em 18 (40%), coriza em 15 (33%), cefaléia em 14 (31%), artralgia em 9 (20%), diarréia em 8
(18%) e dor de garganta em 6 (13%) dos casos. Estes resultados confirmam o que foi descrito
pela literatura, uma vez que, na maioria dos casos, clinicamente a doença caracteriza-se pela
instalação abrupta de febre alta, geralmente acima de 38ºC, seguida de mialgia, dor de
garganta, artralgia, prostração, cefaléia e tosse seca, podendo estar presente ainda diarréia,
vômitos e fadiga (GALAS, et al., 2009; PEREIRA, C.; TARANTINO, M., 2009).
24
SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de
Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno.
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Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
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Frequência de sinais e sintomas apresentados
4
Conjuntivite
6
Dor de garganta
8
Diarréia
9
Artralgia
14
Cef aléia
15
Coriza
18
Calaf rio
29
Mialgia
38
Dispnéia
40
Febre
41
Tosse
0
10
20
30
40
50
Figura 16 – Distribuição dos casos de Influenza A (H1N1) em relação aos sinais e sintomas apresentados.
Como pode ser observado na figura 17, dos 45 casos confirmados, 11 (24,5%)
evoluíram para óbito e 34 (75,5%) para a cura. Os dados atuais mostraram baixa letalidade
(0,5%), levando a crer que possa ser menos grave que inicialmente previsto. Entretanto será
necessário manter a vigilância epidemiológica, virológica e clínica até que se acumulem mais
dados, devido a peculiaridades do vírus; ao risco de atingir populações mais vulneráveis; às
limitações na capacidade dos sistemas locais/nacionais de saúde; à chegada do inverno no
hemisfério sul; ao aumento das viagens no período de férias e à disponibilidade de
medicamentos e de vacina para todos que deles necessitarem (GRECO, et al., 2009).
25
SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de
Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno.
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Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
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EVOLUÇÃO DOS CASOS
Óbito
11
24%
Óbito
Cura
Cura
34
76%
Figura 17 - Representação quanto à evolução dos casos de Influenza A (H1N1).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo a maioria dos casos de Influenza A (H1N1) acometeram jovens
adultos de meia idade, previamente saudáveis. Outros casos foram gestantes e pessoas já
afetadas por condições crônicas, incluindo pneumopatia, obesidade, cardiopatia e HAS. Os
fatores que se relacionaram à gênese da doença foram as estações do ano, a imunidade da
população susceptível (idade, gestação, presença de co-morbidade), a zona de residência e a
ocupação.
Para que estudos epidemiológicos sejam mais eficazes e identifiquem as causas da
ocorrência de um agravo e as respectivas populações de risco, às quais campanhas educativas
devem ser periodicamente dirigidas, estes devem basear-se em dados confiáveis que
identifiquem quem adoece, onde adoece, quando adoece, e em que condições adoece. Desta
forma, com este estudo, pretende-se despertar nos profissionais da saúde a importância de um
adequado preenchimento das fichas de notificação, uma vez que dados que mereciam ser
contemplados com vistas à melhoria do sistema de informação e consequentemente às
pesquisas, deixaram de ser processados por não terem sido preenchidos.
26
SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de
Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno.
Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em
Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 09-26. Set. 2010/Dez. 2010.
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27
SANTANA, Régis Rodrigues; CAMPOS, Ana Claudia Camargo; RODRIGUES, Carla Giselle de
Moura; SILVA, Maria Marta da; FARIA, Thais Taylor de; INÁCIO, Viviane Aparecida Bruno.
Perfil epidemiológico do cliente com diagnóstico de influenza a (H1N1) de um hospital público em
Goiânia – Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
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Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 04, 28– 58. Set. 2010/Dez. 2010.
AVALIAÇÃO FUNCIONAL
Marcelo Jota Rodrigues da Silva Jota
Resumo:
Abstract:
A avaliação funcional é realizada por meio de
aplicação de testes selecionados e medidas que
fornecem dados que podem ser usados como:
informação básica para estabelecer objetivos
orientados para a função e os resultados almejados
da intervenção; indicadores das habilidades iniciais
do paciente e da progressão em direção a níveis
funcionais mais complexos; critérios para decisões
sobre recolocação do paciente – por exemplo, quanto
à necessidade de interná-lo para reabilitação,
oferecer assistência domiciliar ou serviços da
comunidade; manifestações do grau de segurança de
um indivíduo para realizar uma tarefa em particular e
o risco de lesão com a execução continuada dessa
tarefa; evidências sobre a eficiência de uma
intervenção específica (médica, cirúrgica ou
reabilitadora) na função.
functional assessment is performed through
application of selected tests and measures that
provide data that can be used as basic information to
establish goals oriented to the function and the
desired results of the intervention; indicators of
initial abilities of the patient and the progression
toward the more complex functional levels, criteria
for decisions on replacement of the patient - for
example, about the need to hospitalize him for
rehabilitation, provide home care or community
services, demonstrations of the degree of security of
an individual to perform a particular task and injury
risk with the continued execution of this task,
evidence about the effectiveness of a specific
intervention (medical, surgical or rehabilitation) in
the function.
Palavras-chave:
Key-words:
Avaliação funcional, intervenção, lesão, reabilitação.
Functional assessment,
rehabilitation.
intervention,
injury,
INTRODUÇÃO
“A análise da função tem por objetivo a identificação de atividades funcionais
pertinentes e a medida da habilidade de um indivíduo de engajar-se com sucesso
nessas atividades. No entanto, a avaliação funcional determina como uma pessoa
realiza certas tarefas nas várias dimensões da vida” (O‟ SULLIVAN, 2004, p. 312).
Segundo O‟Sullivan (2004), a avaliação funcional é realizada por meio de
aplicação de testes selecionados e medidas que fornecem dados que podem ser usados como:
informação básica para estabelecer objetivos orientados para a função e os resultados
almejados da intervenção; indicadores das habilidades iniciais do paciente e da progressão em
direção a níveis funcionais mais complexos; critérios para decisões sobre recolocação do
paciente – por exemplo, quanto à necessidade de interná-lo para reabilitação, oferecer
assistência domiciliar ou serviços da comunidade; manifestações do grau de segurança de um

Professos do Curso de Fisioterapia da Estácio de Sá-GO.
29
JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set.
2010/Dez. 2010.
indivíduo para realizar uma tarefa em particular e o risco de lesão com a execução continuada
dessa tarefa; evidências sobre a eficiência de uma intervenção específica (médica, cirúrgica ou
reabilitadora) na função.
Uma avaliação funcional pode ser constituída por vários itens. Entre os mais
citados pela literatura, estão incluídas questões referentes à mobilidade (deambulação em
distâncias determinadas, mudanças no curso da marcha, levantar e assentar-se em uma
cadeira, mudanças de decúbito e transferências), a atividades básicas de vida diária (vestir-se,
alimentar-se, tomar banho etc) e a atividades instrumentais de vida diária (pegar ônibus,
cozinhar, arrumar a casa e outras), além de algumas avaliações que contemplam o
desempenho do indivíduo no trabalho, no ambiente social e no lazer (GOMES, 2003).
2. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO FUNCIONAL
“Dentro dos locais de reabilitação foram desenvolvidos vários métodos, sendo
alguns para uso no próprio local, onde estes foram difundindo-se de um
estabelecimento para outro à medida que os profissionais se mudavam, com isso os
métodos sofreram muitas modificações e as fontes originais se perderam. Outros
testes foram elaborados com mais rigor e testados em ensaios clínicos, avaliando as
propriedades psicométricas do instrumento e fornecendo, na literatura,
documentação sobre sua confiabilidade e validade” (O‟ SULLIVAN, 2004, p. 317).
Um instrumento confiável mede um fenômeno de modo digno de consideração,
todas às vezes, de forma precisa, previsivelmente e sem variação. Um instrumento com
confiabilidade teste e reteste aceitável é estável e não indica mudanças quando nada ocorreu.
As avaliações de determinado desempenho realizadas pelo mesmo terapeuta devem ser
altamente
correlacionadas.
Os
instrumentos
devem
ter
também
confiabilidade
interexaminadores, ou concordância entre múltiplos observadores do mesmo evento. Se um
paciente em particular é examinado por vários terapeutas no curso do tratamento, ou é
reexaminado com o passar do tempo para determinar alterações em longo prazo, a
confiabilidade do instrumento de avaliação funcional precisa ser conhecida (O‟ SULLIVAN,
2004).
Uma falha no uso clínico da maioria dos tipos de testes e medidas padronizados é
a tendência de desconsiderar a confiabilidade interexaminadores. Para usar avaliações
funcionais com máxima precisão: os critérios de pontuação precisam ser definidos claramente
e precisam ser mutuamente exclusivos; os critérios devem ser estritamente aplicados a cada
30
JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set.
2010/Dez. 2010.
situação clínica e todos os terapeutas em estabelecimento precisam ser retreinados
periodicamente no uso do instrumento para assegurar similaridade (O‟ SULLIVAN, 2004).
Validade em uma determinada avaliação funcional é um conceito multifacetado e
estabelecido de muitos modos diferentes. As questões relativas à validade de um instrumento
buscam determinar: se um instrumento elaborado para medir a função verdadeiramente faz o
que se propõem; quais as aplicações apropriadas do instrumento e como os dados devem ser
interpretados. Primeiro, o instrumento válido deve então para se medir o que se propõe a
medir (validade da apresentação). Outra dimensão essencial é se o instrumento de avaliação
mede todas as dimensões importantes ou específicas da função (validade de conteúdo).
Usando-se vários procedimentos estatísticos, é possível também demonstrar o grau com que
os itens no instrumento se agrupam para medir conceitos que podem ser rotulados como
mobilidade física ou interação social (O‟ SULLIVAN, 2004).
Se há um padrão-ouro (uma medida inquestionável de um fenômeno, como um
teste de laboratório com valores normativos), então um novo instrumento (método) pode ser
testado como referência os resultados desse padrão. Novos instrumentos de avaliação
funcional podem, contudo, ser comparados com instrumentos existentes que sejam medidas
aceitáveis das mesmas atividades funcionais. O grau de concordância entre os dois
instrumentos ajuda a estabelecer a validade concorrente. Também se pode demonstrar a
validade concorrente provando que um instrumento corresponde apropriadamente às medidas
de outros fenômenos. Esse método é particularmente relevante para instrumentos de autoavaliação (O‟ SULLIVAN, 2004).
Além da confiabilidade e da validade, uma medida do estado funcional deve ser:
suficientemente sensível para refletir alterações significativas no estado do paciente e concisa
o bastante para ser útil clinicamente (O‟ SULLIVAN, 2004).
2.1.1 ÍNDICE DE BARTHEL (IB)
O IB foi desenvolvido por um fisioterapeuta em 1965, para avaliar o potencial
funcional e os resultados do tratamento de reabilitação em pacientes que sofreram um AVC
(MAHONEY; BARTHEL, 1965 apud GOMES, 2003).
O IB especificamente mede o grau de assistência exigido por um indivíduo, em 10
itens de AVD envolvendo a mobilidade e cuidados pessoais. Os níveis de mensuração estão
limitados a independência completa, ou a necessidade de assistência. Cada item do
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Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set.
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desempenho é avaliado em uma escala ordinal, com número específico de pontos assinalados
para cada nível ou classificação. Um indivíduo utiliza-se de ajuda humana para comer, por
exemplo, receberia 5 pontos, a independência para comer receberia um escore de 10 pontos.
Uma pontuação global simples, oscilando entre 0 e 100, é calculada a partir da soma de todas
as pontuações de itens individualmente, de modo que 0 equivale à completa dependência em
todas as 10 atividades, e 100 equivale à completa independência em todas as atividades. (Vide
ANEXO 1). O IB tem sido amplamente utilizado na monitoração das alterações funcionais em
indivíduos que estejam recebendo uma reabilitação, enquanto internos. Embora não tenha sido
completamente avaliadas suas propriedades psicométricas, o IB tem atingido elevadas
correlações com outras medidas de incapacidade física (O‟ SULLIVAN, 1993).
Outra forma de classificar o índice dentro dos níveis de atividade é classificando o
paciente, com score < 60 pontos, onde é considerado um paciente dependente, 60 a 80 pontos,
o paciente é dito parcialmente dependente, e se > 80 pontos, o paciente é independente. Porém
a vantagem do indicador de Barthel é a sua simplicidade e utilidade na avaliação de pacientes
antes, durante e após o tratamento, embora estudos demonstram que dentro da reabilitação
neuropsicológica o IB não é apropriado para analisar o estado de pacientes gravemente
incapacitados, com isso pode-se relatar que este índice não tem uma escala sensível em seu
score para avaliação destes pacientes (O‟ SULLIVAN, 2004).
2.1.2 ÌNDICE DE KATZ
A escala foi proposta por Katz, Ford e Moskowitz, em 1963, e desenvolvida para
o uso em indivíduos institucionalizados e, posteriormente, adaptada para populações que
vivem na comunidade (KATZ et al., 1963 apud GOMES, 2003).
O Índice de Katz construiu-se baseado na premissa de que o declínio funcional e
a perda da capacidade para executar as AVD nos pacientes idosos seguem um mesmo padrão
de evolução, ou seja, perde-se primeiro a capacidade para banhar-se e, a seguir, para vestir-se,
transferir-se da cadeira para a cama e vice-versa e alimentar-se. A recuperação dá-se na ordem
inversa (KATZ et. al., 1963 apud COSTA, 2003).
Ao se aplicar essas escalas, deve-se ter em mente que se o paciente necessita de
supervisão e/ou ajuda de outra pessoa ele não é independente. No entanto, se algum
instrumento como bengalas ou andadores é utilizado, mas nenhuma ajuda ou supervisão são
necessárias, o paciente é independente (COSTA, 2003).
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Para a avaliação das AIVD, e conveniente lembrar que, muitas vezes, o paciente é
capaz de executar as atividades, mas não as executa por opção, fatores ambientais ou até por
questões relacionadas aos papéis assumidos durante a vida, como é o caso de indivíduos do
sexo masculino com as tarefas domésticas. Alguns autores já sugeriram que a escala fosse
reduzida a cinco itens, eliminando-se “lavar a roupa”, “tarefas domésticas” e “preparar
comida”, quando aplicada para o sexo masculino (LAWTON et al., 1982 apud COSTA,
2003).
O Índice de Katz para AVD aborda áreas como banho, capacidade para vestir-se,
usar o banheiro, locomoção, continência e alimentação. Há três scores possíveis para cada um
dos itens de acordo com o nível de dependência do paciente: independente, necessita de
assistência e dependente1. A avaliação permite um melhor planejamento referente ao tipo de
assistência e tratamento que o paciente de fato necessita. Esta investigação é realizada por
meio da avaliação de atividades funcionais da vida diária mais complexa como o uso do
telefone, viajar, fazer compras, preparar refeições, cuidar da casa, cuidar da própria
medicação e controlar as finanças. Essa escala, apesar de amplamente utilizada, ainda não
recebeu uma validação adequada para o uso em nosso meio (O‟ SULLIVAN, 1993).
2.1.3 MEDIDA DE INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL (MIF)
Desenvolvido e aplicado pela Fundação de Pesquisa da Universidade do Estado
de Nova York (GOMES, 2003).
De acordo com Riberto (2005) a MIF é um instrumento capaz de medir o grau de
satisfação de cuidados de terceiros que o paciente portador de deficiência física exige para
realização de tarefas motoras e cognitivas, verificando o desempenho do indivíduo para a
reavaliação de um conjunto de 18 tarefas referentes às subescalas de autocuidados, controle
esfincteriano, transferências, locomoção, comunicação e cognição social2.
Para qualificar a capacidade funcional no âmbito do AVC que teria sido um dos
principais alvos de pesquisadores, foram avaliados vários tipos de situação e diversas
modalidades que possam testar o nível de independência (RIBERTO, 2005).
Esse termo de independência é avaliado usando uma escala de sete pontos, que
são subdivididos em: com assistência e sem assistência, onde o score final deve ter no
1
2
Vide Anexo 2.
Vide Anexo 3.
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máximo 126 pontos (100% de independência) ou no mínimo 18 pontos (24% de
independência) (RIBERTO, 2005).
Descrição dos níveis, segundo Riberto (2005):
Sem assistência (Independente)
7 – Independência Total (Em segurança, tempo normal ou hábil);
6 – Independências Aparelhada ou modificada (Ajuda técnica ou dispositivo)
Com Assistência (Dependente)
5 – Supervisão ou Preparação
4 – Assistência Mínima (O paciente realiza mais que 75% da atividade funcional)
3 – Assistência Moderada (O paciente requer mais que contacto físico e emprega nesta
atividade de 50 a75% do esforço necessário)
2 – Assistências Máxima (Capacidade de executar 25 a 49% da atividade)
1 – Assistência Total (Capacidade de executar menos que 25%da atividade)
CUIDADOS PESSOAIS
Segundo Riberto (2005), Alimentação: Verificar se o paciente come em um prato,
bebe no copo, não importando os diferentes tipos de comida e talheres. Observando se o
individuo tem a capacidade de mastigar e engolir; Higiene: Observar a capacidade de escovar
dentes ou dentaduras, pentear cabelos, lavar as mãos e rosto, barbear-se. Verificar se é
possível oferecer algum tipo de adaptação ou preparação para realizar o ato, olhando sempre o
tempo que esta sendo gasto para a atividade; Banho: O ato de lavar, esfregar, enxugar o
corpo, ligar o chuveiro podendo alcançar durante o banho a higienização completa dos
membros. São itens que deve ser realizado de forma segura; Vestimenta: Vestir e despir,
conseguindo obter roupas no armário e gavetas. Observar se para realizar a atividade é
necessário alguma adaptação para que seja feita de forma segura, verificando o tempo que se
gasta para realizar o manejo desses materiais. Como, por exemplo, cuecas, saias, cinto, meias,
sapatos, zíperes, botões, camisas, coloca e remove próteses ou órteses, soutiens e agasalhos.
CONTROLE DE ESFÍNCTERES
Neste item deve ser verificado o controle de bexiga e intestino. Onde deve ser
observado se o ato é de forma intencional ou é inconsciente. Podendo ser classificados de
forma quantitativa numa escala de porcentagem. Onde se tem um nível de independência
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completa (75 a 100% da atividade) escala de nível de seis a sete, portanto deve verificar se faz
utilização de comadre, cateter. A de supervisão e preparação sendo escalonado no nível de
cinco a um, classificando da mesma proporção. Dando o valor de 75% se ocorrer algum
acidente3 durante uma semana, 50 a 74% ocorrer acidente uma vez por dia, 25 a 49% se a
pessoa se molha constantemente, < 25% se a pessoa não tem nenhum controle e se molha
constantemente. (RIBERTO, 2005).
LOCOMOÇÃO
Observar se para realizar esta atividade o paciente precisa de algum apoio como
cadeira de rodas ou órteses, próteses, bengalas, muletas, andadores. Verificar também o tempo
que se gasta para realizar esta atividade. Escalonando no nível sete se anda cinquenta metros
sem dispositivos auxiliares, escala seis se consegue andar cinquenta metros com uso de
órteses e próteses nas pernas, sapatos especiais, bengala, muletas e andadores, verificando se
durante o ato ocorre algum risco. Verifica-se na escala cinco se anda menos de cinquenta
metros com ou sem dispositivos, porem observar se este ato pode trazer algum risco de
segurança, no nível quatro se for possível tocar no paciente, nível três se ocorrer uma
locomoção mínima, níveis dois e um se o paciente não realiza nenhum tipo de esforço físico
para realizar a locomoção (RIBERTO, 2005).
TRANSFERÊNCIA
Verificar a forma como realiza a transferência. Escalonando nos níveis sete a seis
se durante a transferência se o paciente consegue aproximar do leito, levantar-se, transferir-se
da cama para cadeira, acionar os freios e ajusta pedais da cadeira de rodas. Porem no nível
cinco pode ser observado o uso de adaptações, onde o tempo de transferência e acima do
razoável. Agora os demais níveis são classificados na mesma sequência do índice da tabela de
níveis (RIBERTO, 2005).
3
A palavra acidente está sendo usada para designar o descontrole esfincteriano de forma inconsciente durante o
ato.
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COMUNICAÇÃO
Escalonar usando a tabela de nível para classificar a comunicação sonora ou
visual podendo usar de recursos como escrita, gritos, gestos. Verificar se o paciente utiliza a
linguagem com clareza por via oral ou não para a comunicação de expressão (RIBERTO,
2005).
COGNIÇÃO SOCIAL
Observar-se se o paciente consegue participar de varias situações sociais, como
poder resolver seu problema com o uso da comunicação ou podendo tomar decisões seguras
financeiras, pessoais. Observar se o paciente consegue realizar algum tipo de sequência de
atividades para ser aplicada ou se consegue solucionar algum problema (RIBERTO, 2005).
2.1.4 AVALIAÇÃO DE KENNY PARA OS CUIDADOS PESSOAIS
A avaliação de Kenny para os cuidados pessoais foi desenvolvida por Schoening,
Anderson e Bergstrom (1965 apud GOMES, 2003).
Esta avaliação usa a observação profissional para a investigação de dependência
de indivíduos no desempenho de 17 atividades por seis principais categorias: mobilidade,
transferência, locomoção, vestuário, higiene e alimentação. Cada escala de categoria contém
cinco níveis que escalonam o grau de ajuda exigido para a concretização de uma determinada
tarefa. É calculada uma pontuação de 0 a 4 para categoria4. Um score global é oscilado de
zero para o individuo completamente dependente até 24 pontos para o indivíduo totalmente
independente. Todos os itens têm pesos iguais, havendo prejuízo quanto à especificidade do
teste (GOMES, 2003).
O uso da Avaliação de Kenny para os cuidados pessoais é prejudicado pela
quantidade de tempo pessoal despendida na observação do desempenho do paciente em um
espectro tão grande de atividades selecionadas ao longo de todo o dia. A estruturação da
categoria locomoção também confunde a independência geral do paciente dependente da
cadeira de rodas, com a de um individuo que anda. Ambos os indivíduos podem ser
completamente independentes em todas as outras atividades de cuidados pessoais; ainda
4
Vide Anexo 4.
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assim, o usuário da cadeira de rodas irá sempre receber o score geral menor, a despeito de
uma capacidade equivalente para os cuidados pessoais e para a vida independente. Não foram
achadas publicações da Avaliação de Kenny para os cuidados Pessoais (O‟ SULLIVAN,
1993).
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO FUNCIONAL
Após um levantamento bibliográfico foram estudadas algumas das técnicas de
avaliação funcional existentes, tais como Barthel, Katz, Kenny, e MIF tendo como referência
os estudos realizados pelos seguintes autores Stokes (2001); O‟Sullivan (2004); Umphred
(2004); Cacho (2004); Riberto (2005); Gomes (2003) e Costa (2003).
A escolha pelo examinador do teste mais adequado deve ser feita levando-se em
conta a tarefa que se quer avaliar a população a ser testada, a qualidade do instrumento em
relação ao que realmente se propõe medir (validade) e se é fidedigno, sequenciado, preciso e
sem variações interaplicadores (confiabilidade). Além disso, um instrumento de avaliação
deve ter a sensibilidade para refletir as alterações do estado do paciente e deve ser conciso,
claro e completo o bastante para ser útil clinicamente. Ainda deve representar um quadro
geral da função do paciente (GOMES, 2003).
A partir das informações apresentadas pelos estudiosos acima citados, podemos
afirmar que Barthel avalia 10 categorias e tem como vantagem à aceitação no mercado, sendo
de fácil aplicação, porém existem falhas como: ser pouco descritiva, pouco detalhada e pouco
sensível na pontuação de seu score, onde o paciente pode melhorar em determinada categoria
não evoluindo em seu score final.
Em Kenny se avalia 6 categorias, subdividindo em 17 subitens tornando-o assim
mais sensível, porém não apresenta avaliação do controle esfincteriano, este, muito
importante nas avaliações de pacientes com AVC, sua pontuação final em score se torna
pouco detalhada e confusa, além da escassez de referências sobre esta avaliação.
Katz apresenta em sua avaliação 6 categorias para AVD e 7 para AIVD assim
tornando uma avaliação mais detalhada, porém, seu score é medido apenas qualitativamente e
seu uso não recebeu uma avaliação adequada no meio profissional (O‟ SULLIVAN, 1993).
A principal desvantagem de usar o Índice de Katz em locais de reabilitação é sua
falha em incluir um item sobre deambulação (O‟ SULLIVAN, 2004).
A MIF avalia 6 categorias divididos em 18 subitens abrangendo uma avaliação
bem detalhada, sensível e de fácil aplicação, avaliando o paciente como um todo desde as
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funções básicas de AVD até a relação em seu meio social, sendo muito utilizada em
instituições com grande reconhecimento no país, como: AACD(Associação de Assistência a
Criança Deficiente), CRER(Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo),
Rede SARAH de Hospitais.
CONCLUSÃO
A experiência de realizarmos este estudo foi grandiosa, pois nos proporcionou a
obtenção de conhecimentos de grande relevância sobre os instrumentos e pela visão crítica
obtida e trabalhada verificou-se que a MIF é a mais apropriada para utilizarmos nas
avaliações de portadores de AVC, pelas características citadas na discussão, dando assim mais
fidedignidade tanto nas avaliações quanto nas reavaliações que iremos realizar em nossos
pacientes, sendo um fator muito importante para suporte da quantificação e qualificação da
reabilitação e reeducação física pós-tratamento.
Além disso, apesar de ser um instrumento simples e de fácil utilização, é
necessário um treinamento adequado para garantir um bom índice de confiabilidade entre
observadores. Sendo importante ressaltar que acometimentos individuais, como no caso, uma
lombalgia, podem influenciar o score em alguns itens, exigindo cautela na interpretação dos
resultados finais.
Sugere-se a necessidade de realização de mais pesquisas, com estes e outros
instrumentos não citados neste trabalho, realizando um estudo de amostragem, de forma que
auxiliem a avaliação havendo uma implantação de novos métodos de avaliação.
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RIBERTO, Marcelo. Manual de Orientação Funcional para a Utilização da MIF (MIF para Adultos)
Versão Brasileira. Divisão de Medicina de Reabilitação do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo, 2005.
ROWLAND, Lewis P. M. Tratado de Neurologia. 9° ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997.
STOKES, Maria. Neurologia para Fisioterapeutas. 2° ed. São Paulo: Premier, 2001.
UMPHRED, Darcy A. Reabilitação Neurológica. 4° ed. Editora Manole, 2004.
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JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set.
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Figura 1- Áreas de Brodman
Fonte: Netter, F. Interactive Atlas of human anatomy. Ciba Medical Education & Publications.
Figura 2- Polígono de Willis
Fonte: Netter, F. Interactive Atlas of human anatomy. Ciba Medical Education & Publications.
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2010/Dez. 2010.
Figura 3 - Hemorragias no Córtex Cerebral
Fonte: Radpat-UNICAMP.
Figura 4 - Infarto da Artéria Cerebral Média (Região Hipodensa)
Fonte: Radpat-UNICAMP.
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ANEXOS
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ANEXO 1
Questionário - Índice de Barthel
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1) Como você realiza as suas refeições?
10 Independente. Capaz de comer por si só em tempo razoável. A comida pode ser cozida
ou servida por outra pessoa.
05 Necessita de ajuda para se cortar a carne, passar a manteiga, porém é capaz de comer
sozinho.
00 Dependente. Necessita ser alimentado por outra pessoa.
2) Como você toma seu banho?
05 Independente. Capaz de se lavar inteiro, de entrar e sair do banho sem ajuda e de fazêlo sem que outra pessoa supervisione.
00 Dependente. Necessita de algum tipo de ajuda ou supervisão.
3) Como você se veste? (parte superior e inferior do corpo)
10 Independente. Capaz de vestir-se e despir-se sem ajuda.
05 Necessita ajuda. Realiza todas as atividades pessoais sem ajuda mais da metade das
tarefas em tempo razoável.
00 Dependente. Necessita de alguma ajuda.
4) Como você realiza seus asseios?
05 Independente. Realiza todas as atividades pessoais sem nenhuma ajuda; os
componentes necessários podem ser providos por alguma pessoa.
00 Dependente. Necessita alguma ajuda.
5) Como é a sua evacuação?
10 Continente. Não apresenta episódios de incontinência.
05 Acidente ocasional. Menos de uma vez por semana necessita de ajuda para colocar
enemas ou supositórios.
00 Incontinente. Mais de um episódio semanal.
6) Como é a sua micção? Como você a realiza?
10 Continente. Não apresenta episódios. Capaz de utilizar qualquer dispositivo por si só
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(sonda, urinol, garrafa).
05 Acidente ocasional. Apresenta no máximo um episódio em 24 horas e requer ajuda para
a manipulação de sondas ou de outros dispositivos.
00 Incontinente. Mais de um episódio em 24 horas.
7) Como você vai ao banheiro?
10 Independente. Entra e sai sozinho e não necessita de ajuda por parte de outra pessoa.
05 Necessita ajuda. Capaz de se mover com uma pequena ajuda; é capaz de usar o
banheiro. Pode limpar-se sozinho.
00 Dependente. Incapaz de ter acesso a ele ou de utilizá-lo sem ajuda maior.
8) Como você realiza as suas transferências (cama, poltrona, cadeira de rodas)?
15 Independente. Não requer ajuda para sentar-se ou levantar-se de uma cadeira nem
para entrar ou sair da cama.
10 Mínima ajuda. Incluindo uma supervisão ou uma pequena ajuda física.
05 Grande ajuda. Precisa de uma pessoa forte e treinada.
00 Dependente necessita um apoio ou ser levantado por duas pessoas. É incapaz de
permanecer sentada.
9) Como você realiza a deambulação (locomoção, caminhar)?
15 Independente. Pode andar 50 metros ou seu equivalente em casa sem ajuda ou
supervisão. Pode utilizar qualquer ajuda mecânica exceto andador. Se utilizar uma
prótese, pode colocar a prótese nela e tirar sozinha.
10 Necessita ajuda. Necessita supervisão ou uma pequena ajuda por parte de outra pessoa
ou utiliza andador.
00 Dependente.
10) Como você realiza a subida e descida de escadas?
10 Independente. Capaz de subir e descer um piso sem ajuda ou super visão de outra
pessoa.
05 Necessita ajuda. Necessita ajuda e supervisão.
00 Dependente. É incapaz de subir e descer degraus.
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PONTUAÇÃO TOTAL: _____________
SCORE:
Dependente:  60 pontos
Parcialmente Dependente: 60  80 pontos
Independente:  80 pontos
Fonte: O‟SULLIVAN, (2004).
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ANEXO 2
Índice de Katz
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2010/Dez. 2010.
A - Índice de atividades rotineiras do paciente -AVD
Tentar obter essas informações com o paciente, caso seja possível.
1- Tomar banho (esponja, chuveiro ou banheira):
(I) Não precisa de ajuda.
(A) Precisa de ajuda para lavar apenas uma parte do corpo (costas ou pernas).
(D) Precisa de ajuda para higiene completa (ou não toma banho).
2- Vestir-se:
(I) Pega as roupas e veste-se sem nenhuma ajuda.
(A) Pega as roupas e veste-se sem ajuda, com exceção de amarrar os sapatos.
(D) Precisa de ajuda para pegar as roupas ou para se vestir, ou fica parcial ou completamente
não vestido.
3- Ir ao banheiro:
(I) Vai ao banheiro, faz a higiene, e se veste sem ajuda (mesmo usando um objeto para
suporte como bengala, andador, cadeira de rodas, e pode usar urinol à noite, esvaziando este
de manhã).
(A) Recebe ajuda para ir ao banheiro, ou para fazer a higiene, ou para se vestir depois de usar
o banheiro, ou para uso do urinol à noite.
(D) Não vai ao banheiro para fazer suas necessidades.
4- Locomoção:
(I) Entra e sai da cama, assim como da cadeira, sem ajuda (pode estar usando objeto para
suporte, como bengala ou andador).
(A) Entra e sai da cama ou da cadeira com ajuda.
(D) Não sai da cama.
5- Continência:
(I) Controla a urina e movimentos do intestino completamente por si próprio.
(A) Tem acidentes ocasionais.
(D) Supervisão ajuda a manter controle de urina ou intestino, cateter é usado, ou é
incontinente.
6- Alimentação:
(I) Alimenta-se sem ajuda.
(A) Alimenta-se, com exceção no caso de cortar carne ou passar manteiga no pão.
(D) Recebe ajuda para se alimentar ou é alimentado parcial ou completamente por meio de
tubos ou fluidos intravenosos.
Quando o paciente não souber informar, favor anotar que a informação não foi dada por ele.
B - Sobre o paciente — Atividades instrumentais da vida diária_AIVD
As alternativas devem ser escolhidas em relação aos últimos 30 dias.
1- Telefone:
(I) capaz de olhar os números, discar, receber e fazer chamadas sem ajuda.
(A) É capaz de receber chamadas ou ligar para a telefonista em uma emergência, mas
necessita de um telefone especial ou ajuda para pegar o número ou discar.
(D) É incapaz de usar o telefone (escreva _ não se aplica _ se o paciente nunca recebeu uma
chamada ou usou o telefone).
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JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set.
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2- Locomoção fora de casa:
(I) É capaz de dirigir seu próprio carro ou andar em um ônibus ou de táxi sozinho.
(A) É capaz de se locomover fora de casa, mas não sozinho.
(D) É incapaz de se locomover fora de casa.
3- Compras:
(I) É capaz de tomar conta de todas as compras, desde que o transporte seja providenciado.
(A) É capaz de fazer compras, mas não sozinho.
(D) É incapaz de fazer compras.
4- Preparar a comida:
(I) É capaz de planejar e preparar uma refeição completa.
(A) É capaz de preparar pratos simples, mas incapaz de cozinhar uma refeição completa
sozinho.
(D) Incapaz de preparar qualquer comida. (Se o paciente nunca foi responsável por preparar
uma refeição, pergunte algo como fazer sanduíche, pegar uma fruta para comer, etc. Verificar
se essas atividades diminuíram e marcar da mesma forma.)
5- Trabalho doméstico:
(I) é capaz de fazer o trabalho doméstico pesado (exemplo: limpar o chão).
(A) É capaz de fazer o trabalho doméstico leve, mas precisa de ajuda nas tarefas pesadas.
(D) É incapaz de fazer qualquer trabalho doméstico.
6- Medicação:
(I) É capaz de tomar as medicações na dose e hora certa.
(A) É capaz de tomar as medicações, mas precisa ser lembrado ou alguém precisa preparar a
medicação.
(D) É incapaz de tomar sozinho suas medicações.
7- Dinheiro:
(I) É capaz de fazer as compras de coisas necessárias, preencher cheques e pagar contas.
(A) É capaz de fazer as compras de uso diário, mas necessita de ajuda com o talão de cheques
e para pagar as contas.
(D) É incapaz de lidar com dinheiro.
Abreviações: I = independente, A = assistência, D = dependente.
Fonte: GALLO et al., (1995).
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ANEXO 3
Medida De Independência Funcional (MIF)
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50
Medida De Independência Funcional (MIF)
Data
Cuidados Pessoais
1 – Alimentação
2 – Higiene
3 – Banho
4 - Vestimenta parte superior
5 - Vestimenta parte inferior
Controle de Esfíncteres
6 - Esfíncter vesical
7 - Esfíncter anal
Mobilidade/ Locomoção
8 - Subir e descer escadas
9 - Cadeira de Rodas/ Marcha
10 – Andador
Transferência
11 - Cama-cadeira de rodas
12 - Cadeira de rodas-cadeira
13 - Cadeira de rodas - vaso sanitário
Comunicação
14 – Compreensão (Auditiva, Visual)
15 - Expressão (Vocal – Não Vocal)
Cognição Social
16 - Interação Social
17 - Solução de problemas
18 – Memória
Total da Medida de Independência
Funcional (MIF)
%
Escore máximo= 126 pontos (100% de independência)
Escore mínimo= 18 pontos (24% total dependência)
Fonte: Riberto ( 2005).
51
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ANEXO 4
Avaliação de Kenny para os Cuidados Pessoais
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Número de
Unidades
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Diagnóstico
Adm.
Leito
Data do
Surgimento
Nome:
Transferencia
Locomoção
Vestir-se
Data de Idade
admição
Higiene Pessoal
Código de
Pontuação
0=
Completamente
dependente
1 = Auxílio
intenso
2 = Auxílio
moderado
3 = Auxílio
mínimo
4=
Pontuação
prevista
para a alta
Pontuação
da
avaliação
à
Independente
Fonte: O‟SULLIVAN, (1993).
Médico
Terapeuta Ocupacional
Enfermeira
Fisioterapia
Pontuação de cuidados pessoais
Alimentação
Programa da bexiga
Programa intestinal
Membros inferiores
Tronco, Períneo
Rosto, cabelo,braços
Pés
Tronco (inferior) e pernas
Tronco(superior) e braços
Cadeira de Rodas
Escadas
Andando
Higiene
De pé
Sentado
Ergue-se e senta-se
Move-se no leito
Data da
Pontuação
53
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ANEXO 5
Protocolo de Desempenho Físico de Fulg-Meyer
54
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Protocolo de Desempenho Físico de Fulg-Meyer
Teste / Pontuação
Extremidade Superior
I. Reflexos da Extremidade Superior
Bíceps e/ou flexores dos dedos ( ) Tríceps ( )
0: Nenhuma atividade reflexa presente / 2: Atividade reflexa pode ser observada
II. Movimentos
Elevação do ombro ( )
Retração do ombro: Abdução (³90°) ( ) / Rotação externa ( )
Flexão do cotovelo ( ) / Supinação do antebraço ( )
Adução do ombro/rotação interna ( ) / Extensão do cotovelo ( )
Pronação do antebraço ( )
0: Não pode ser realizado completamente / 1: Parcialmente realizado / 2: Realizada
completamentea.
A. Mão à coluna lombar ( )
0: Nenhuma ação específica realizada / 1: A mão ultrapassa a espinha ilíaca ântero-superior
/ 2: Ação realizada completamente
B. Flexão do ombro até 90° ( )
0: O braço é imediatamente abduzido ou ocorre flexão do cotovelo no início do movimento /
1: A abdução ou flexão do ombro ocorre na fase tardia do movimento / 2: Ação realizada
C. Pronação/Supinação antebraço com cotovelo em 90° e o ombro em 0° ( )
0: Posição correta do ombro e cotovelo não pode ser atingida, e/ou pronação ou supinação
não pode ser realizada totalmente / 1: A pronação ou supinação ativa pode ser realizada com
uma amplitude limitada de movimento, e em algum momento o ombro e o cotovelo são
corretamente posicionados / 2: Pronação e supinação completa com correta posição do
cotovelo e ombro
D. Abdução do ombro até 90°, cotovelo em 0°, e antebraço em pronação ( )
55
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0: Ocorre flexão inicial do cotovelo, ou um desvio em pronação do antebraço / 1: O movimento
pode ser realizado parcialmente, ou se durante o movimento o cotovelo é flexionado ou o
antebraço não pode ser conservado em pronação / 2: Realizado completamente
E. Flexão do ombro de 90° - 180°, cotovelo em 0°, e antebraço em posição média ( )
0: Ocorre flexão do cotovelo ou abdução do ombro no inicio do movimento /
Flexão do cotovelo ou abdução do ombro ocorre durante a flexão do ombro /
Realizado completamente
1:
2:
F. Pronação/supinação do antebraço, cotovelo a 0° e flexão do ombro entre 30° e 90° ( )
0: Pronação e supinação não pode ser realizada no todo, ou a posição do cotovelo e ombro
não pode ser atingida / 1: Cotovelo e ombro podem ser posicionados corretamente, e a
pronação e supinação realizadas em uma amplitude limitada /
2: Realizada
completamente
III. Atividade Reflexa Normal
Biceps, flexores dos dedos e tríceps ( )(Neste estágio, que pode atingir 2 pontos, é incluído
apenas se o paciente tive pontuação 6 no item anterior.)
0: 2 a 3 reflexos fásicos são marcadamente hiperativos / 1: um reflexo marcadamente
hiperativo, ou 2 reflexos estão vivos / 2: não mais que um reflexo está vivo, e nenhum está
hiperativo
IV. Controle de punho
A.Estabilizar cotovelo em 90°, e ombro em 0° ( )
0: Paciente não pode dorsifletir o punho até 15° / 1: Dorsiflexão é realizada, mas nenhuma
resistëncia é aplicada / 2: Posição pode ser mantida com alguma resistëncia (leve)
B. Flexão/extensão, cotovelo em 90°, ombro em 0° ( )
0: Movimentos voluntários não ocorrem / 1: Não pode mover o punho através de toda a
amplitude de movimento / 2: Não realiza, pequena movimentação
C. Estabilizar cotovelo e ombro a 0° ( )
Pontuação semelhante a do item a
D. Flexão/extensão, cotovelo e ombro a 0° ( )
Pontuação semelhante a do item b
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E. Circundução ( )
0: Não pode ser realizado / 1: Circundução incompleta ou movimentos de empurrar / 2:
Movimento completo, com exatidão
V. Controle manual
A. Flexão em massa dos dedos ( )
0: Nenhuma flexão ocorre / 1: Alguma flexão mas com amplitude incompleta /
Flexão ativa completa (comparada com a mão não afetada)
2:
B. Extensão em massa dos dedos ( )
0: Não ocorre extensão / 1: O paciente pode libera ativamente a flexão em massa /
Extensão ativa completa
2:
C. Preensão n.º 1: Articulação MF estendidas, IFP e IFD fletidas; preensão é testada
contra resistência ( )
0: A posição requerida não pode ser adquirida / 1: Preensão é fraca / 2: A preensão pode ser
mantida contra relativa resistëncia
D. Preensão n.º 2: Paciente é instruído a aduzir o polegar totalmente, até 0° ( )
0: Função não pode ser realizada / 1: O pedaço de papel interposto entre o polegar e
indicador pode ser retirado através de um puxão, mas contra pequena resistëncia / 2: O
papel é firmemente seguro contra um puxão
E. Preensão n.º 3: Paciente opõe a polpa do polegar com a do índex; uma caneta é
interposta ( )
A pontuação é semelhante ao item da preensão n.º 2
F. Preensão n.º 4: Paciente pressiona um objeto de forma cilíndrica (pode ser pequeno),
com a superfície volar do primeiro dedo contra a do segundo ( )
A pontuação é semelhante ao item da preensão n.º 2 e 3
G. Preensão n.º 5: Uma preensão esférica; o paciente preensiona uma bola de tênis
A pontuação é semelhante ao dos itens de preensão n.º 2, 3 e 4
H. Velocidade ( ) - 0: > 5 segundos a mais do que no lado não afetado / 1: 2 _ 5 segundos a
mais do que no lado não afetado / 2: < 2 segundos de diferença
Equilíbrio
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2010/Dez. 2010.
A. Sentado sem apoio e com os pés suspensos ( ) - 0: Não consegue se manter sentado sem
apoio / 1: Permanece sentado sem apoio por pouco tempo / 2: Permanece sentado sem apoio
por pelo menos 5 min. e regula a postura do corpo em relação a gravidade
B. Reação de pára-quedas no lado não afetado ( ) - 0: Não ocorre abdução de ombro,
extensão de cotovelo para evitar a queda / 1: Reação de pára-quedas parcial / 2: Reação de
pára-quedas normal
C. Reação de pára-quedas no lado afetado ( ) - 0: Não ocorre abdução de ombro, nem
extensão de cotovelo para evitar a queda / 1: Reação de pára-quedas parcial / 2: Reação de
pára-quedas normal
D.Manter-se em pé com apoio ( ) - 0: Não consegue ficar de pé / 1: De pé com apoio
máximo de outros / 2: De pé com apoio mínimo por 1 min
E. Manter-se em pé sem apoio ( ) - 0: Não consegue ficar de pé sem apoio / 1: Pode
permanecer em pé por 1 min e sem oscilação, ou por mais tempo, porém com alguma
oscilação / 2: Bom equilíbrio, pode manter o equilíbrio por mais que 1 minuto com segurança
F. Apoio único sobre o lado não afetado ( ) - 0: A posição não pode ser mantida por mais
que 1-2 seg (oscilação) / 1: Consegue permanecer em pé, com equilíbrio, por 4 a 9 segundos
/ 2: Pode manter o equilíbrio nesta posição por mais que 10 segundos
G. Apoio único sobre o lado afetado ( ) - 0: A posição não pode ser mantida por mais que
1-2 segundos (oscilação) / 1: Consegue permanecer em pé, com equilíbrio, por 4 a 9
segundos / 2: Pode manter o equilíbrio nesta posição por mais que 10 segundos
Sensibilidade
I.Exterocepção
A. Membro Superior ( ) / Palma da mão ( ) / Coxa ( ) / Sola do pé ( )
0: Anestesia / 1: Hipoestesia/disestesia / 2: Normal
II.Propriocepção
B. Ombro ( ) / Cotovelo ( ) / Punho ( ) / Polegar ( ) / Quadril ( ) / Joelho ( ) / Tornozelo ( ) /
Hálux. ( )
0: Nenhuma resposta correta (ausência de sensação) / 1: ¾ das respostas são corretas, mas
há diferença considerável com o lado não afetado / 2: Todas as respostas são corretas
VI. Coordenação/Velocidade: dedo ao nariz (cinco repetições).
A. Tremor ( ) - 0: Tremor marcante / 1: Leve tremor / 2: Nenhum tremor
B. Dismetria ( ) - 0: Pronuciada dismetria / 1: Leve dismetria / 2: Nenhuma dismetria
C. Velocidade ( ) - 0: Atividade é realizada > 6 segundos a mais do que no lado não afetado
/ 1: 2-5 segundos a mais do que no lado não afetado / 2: < 2 segundos de diferença
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JOTA, Marcelo Jota Rodrigues da Silva. Avaliação funcional. Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 28-58. Set.
2010/Dez. 2010.
Extremidade inferior
I.Atividade reflexa (Testado em posição supina)
Aquileu ( ) / Patelar ( ) - 0: Nenhuma atividade reflexa 2: Atividade reflexa
II.Movimentos
A. Posição supina
Flexão do quadril ( ) / Flexão do joelho ( ) / Dorsiflexão do tornozelo ( )
0: Não pode ser realizado / 1: Movimento parcialmente realizado / 2: Movimento completo
B. Supino: movimento é resistido Extensão do quadril ( ) / Adução ( ) / Extensão do joelho (
) / Flexão plantar do tornozelo ( ) - 0: Nenhum movimento / 1: Movimentação fraca / 2: Força
aproximada do movimento da perna não afetada
C. Flexão do joelho acima de 90° ( ) - 0: Nenhum movimento ativo / 1: O joelho pode ser
fletido a partir de leve extensão, mas não ultrapassa os 90° / 2: Movimento completo
D. Dorsiflexão do tornozelo ( ) - 0: Nenhum flexão ativa / 1: Flexão ativa incompleta / 2:
dorsiflexão normal
Quadril em 0°
E. Flexão do joelho ( ) - 0: Nenhuma flexão do joelho sem flexão do quadril / 1: Inicia flexão
do joelho sem flexão do quadril, mas não alcançar 90°, ou flexiona o quadril durante o
movimento / 2: Movimento completo
F. Dorsiflexão do tornozelo ( ) - 0: Nenhum movimento ativo / 1: Movimento parcial / 2:
Movimento completo
III.Reflexos normais
Flexores do joelho, Patelar, Aquileu ( ) - 0: Dois ou 3 estão marcadamente hiperativos / 1:
Um reflexo é hiperativo, ou dois são vivos / 2: Não mais que 1 reflexo é vivo
IV.Coordenação/Velocidade.
Calcanhar à canela (5 repetições)
A. Tremor ( ) - 0: Tremor marcante / 1: Leve tremor / 2: Nenhum tremor
B. Dismetria ( ) - 0: Pronuciada dismetria / 1: Leve dismetria / 2: Nenhuma dismetria
Fonte: Cacho (2004).
Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 04, 59 – 64. Set. 2010/Dez. 2010.
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES BUCAIS E SISTÊMICAS DE PACIENTES
PORTADORES DE SÍNDROME DE DOWN INSTITUCIONALIZADOS NA APAEGOIÂNIA/GOIÁS
Rodrigo Passos Del Fiaco
Tessa de Lucena Botelho
Cláudio Maranhão Pereira
Resumo:
Abstract:
A Síndrome de Down, ou trissomia do cromossomo
21, é a aberração cromossômica mais comum que
acomete os seres humanos. Dentre as manifestações
bucais mais comuns destacam-se as anomalias
dentárias, a macroglossia, a língua fissurada, o palato
ogival e a má oclusão, além de um menor número de
cáries dentárias e uma maior susceptibilidade a
doença periodontal. Material e Método: o presente
trabalho visa avaliar a condição de saúde bucal,
identificando a prevalência da cárie em crianças
portadoras da síndrome de Down em uma instituição
especializada de Goiânia-Goiás (APAE). Foram
avaliados quanto à presença de dentes cariados,
índice de inflamação gengival, além da presença de
fatores locais ou sistêmicos que pudessem
influenciar os achados. O pequeno índice de doença
periodontal, assim como o índice de cárie
encontrados, provavelmente ocorreram em virtude
do esclarecimento e conscientização dos pais e da
assistência médica e odontológica que estes
pacientes apresentam e não em decorrência de algum
fator inerente à própria síndrome.
Down syndrome, or trisomy of chromosome 21, is
the chromosomic aberration more common of the
human. Amongst the more common oral
manifestations
the
dental
anomalies
are
distinguished, the macroglossia, the fissure tongue,
the ogival palate and bad occlusion, beyond a lesser
number of dental caries and a bigger susceptibility
the periodontal illness. Material and Method: the
present work aims at to evaluate the condition of
oral health, identifying the prevalence of the caries
in carrying Down syndrome children of in a
specialized institution of Goiânia-Goiás (APAE).
They had been evaluated how much the caries
tooth, index of gum inflammation, beyond the
presence of local or systemic factors that could
influence the findings. The small index of
periodontal illness, as well as the caries index
found, had probably occurred in virtue of the
clarification and awareness of the parents and the
medical and dental assistance that these patients
present and not in result of some inherent factor to
the proper syndrome.
Palavras-chave:
Key-words:
Síndrome de Down, doença periodontal, cárie.

Down syndrome, periodontal illness, caries
Aluno do 8º período de graduação de Odontologia, UNIP, campus Flamboyant, Goiânia-Goiás.
Departamento de Patologia Oral, Faculdade de Odontologia, Universidade Paulista, Goiânia/GO-Brasil

Departamento de Patologia Oral, Faculdade de Odontologia, Universidade Paulista, Goiânia/GO-Brasil e
Brasília/DF-Brasil; Departamento de Patologia, Universidade Estácio de Sá. Faculdade de Odontologia da
Universidade Paulista, Campus Flamboyant, Patologia Oral - Diagnóstico Oral,BR-153, sn, Chácaras Alto da
Glória - CEP: 74000-00, Goiania/GO – Brazil, + 55 62 32394000. e-mail: [email protected];
[email protected]

60
DEL FIACO, Rodrigo Passos; BOTELHO, Tessa de Lucena e PEREIRA, Cláudio Maranhão.
Avaliação das condições bucais e sistêmicas de pacientes portadores de síndrome de Down
institucionalizados na APAE-Goiânia/Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 59-64. Set. 2010/Dez. 2010.
INTRODUÇÃO
A Síndrome de Down, ou trissomia do cromossomo 21, é a aberração
cromossômica mais comum que acomete os seres humanos. Primeiramente descrita por John
Langdon Hatdon Down, em 1866, foi a primeira síndrome de malformação cromossômica
encontrada no homem. A anormalidade cromossômica foi observada por Lejeune (1959), por
meio do estudo do cariótipo, caracterizado por um cromossomo 21 extra, do grupo G2, 3, 6.
A razão pela qual ocorre essa desfiguração cromossômica ainda é questionável.
Contudo alguns fatores como a idade materna avançada, a tendência familiar a não disjunção
cromossômica e a exposição repetida ao mesmo agente ambiental têm sido especulados como
eventuais fatores causais2, 3, 6, 12.
Ocorre uma vez em aproximadamente 600 a 800 nascimentos com vida, sendo
encontrada em 10 a 18% dos indivíduos institucionalizados por déficit intelectual. Tal
condição independe de classe social ou raça acomete igualmente ambos os sexos3, 6, 9.
Diversas são as manifestações clínicas que caracterizam o portador da Síndrome
de Down, dentre as quais cita-se, rosto arredondado com bochechas salientes, nariz em sela,
olhos pequenos e oblíquos com pregas epicantais, extremidades curtas, deficiência intelectual,
crescimento retardado, envelhecimento precoce, hipotonia muscular e cardiopatia congênita,
entre outras alterações. Os pacientes apresentam ainda o sistema imunológico bastante
debilitado7, 9, 12.
O indivíduo portador da Síndrome de Down apresenta uma série de alterações
sistêmicas e buco-faciais que o cirurgião-dentista precisa conhecer para executar com êxito
um atendimento de qualidade3,
10, 11
. Dentre as manifestações bucais mais comuns na
Síndrome destacam-se as anomalias dentárias, a macroglossia, a língua fissurada, o palato
ogival e a má oclusão, além de um menor número de cáries dentárias e uma maior
susceptibilidade a doença periodontal1, 3, 4, 7, 8.
Crianças portadoras de Síndrome de Down apresentam piores condições de
higiene bucal, possivelmente, devido ao fato de as próprias crianças realizarem a sua higiene e
a permissividade por parte dos pais. Não se pode deixar de ressaltar o trabalho conjunto que
deve ser exercido entre os responsáveis e os profissionais da área de odontologia, para que se
evite agravamento da condição bucal do portador da referida síndrome1, 5, 9, 11.
Considerando-se que o portador da Síndrome de Down, não se encontra em
condições de exercer uma limpeza bucal adequada, de apresentar normalmente hiposalivação,
61
DEL FIACO, Rodrigo Passos; BOTELHO, Tessa de Lucena e PEREIRA, Cláudio Maranhão.
Avaliação das condições bucais e sistêmicas de pacientes portadores de síndrome de Down
institucionalizados na APAE-Goiânia/Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 59-64. Set. 2010/Dez. 2010.
de apresentar o sistema imunológico alterado e de se alimentar por uma dieta excessivamente
rica em açúcares e carboidratos, era de se esperar que este apresentasse um maior índice da
doença cárie1, 3, 5, 8, 12. Em virtude da relevância do controle de saúde bucal desses pacientes,
torna-se necessário um estudo da prevalência da doença cárie destes pacientes
institucionalizados em Goiânia-Goiás.
MATERIAL E MÉTODO
O estudo foi realizado em pacientes matriculados na APAE (Associação dos Pais
e Amigos dos excepcionais), na clínica odontológica da própria instituição, com o apoio e
colaboração da coordenadoria e corpo técnico local. Todo o trabalho teve o consentimento
dos pais ou responsáveis, e acompanhamento da profissional da área de saúde responsável
pelo tratamento a essas crianças. Os mesmo foram informados do caráter não obrigatório e
não oneroso da pesquisa e a não participação no estudo não atribuirá nenhuma perda ao
paciente.
Todos os pacientes foram submetidos a exame físico criterioso e os dados clínicos
sistêmicos e bucais foram anotados em um prontuário clínico padronizado para tal finalidade.
Foram avaliados quanto a presença de dentes cariados, índice de inflamação gengival, além da
presença de fatores locais ou sistêmicos que poderiam influenciar nos resultados. Todos
pacientes foram também avaliados por exames de imagens (radiografias periapicais e
interproximais) para ratificarem a presença ou não de lesões cariosas.
RESULTADOS
Dos 25 pacientes portadores de Síndrome de Down, 14 (56%) eram do gênero
feminino e 11 (44%) do gênero masculino. Os pacientes apresentavam média de idade de 16,8
anos variando de 2 a 41 anos. Quanto a condição sistêmica dos pacientes, foi observado que
dos 25 pacientes, 7 (28%) apresentavam cardiopatias e 6 (24%) pneumonia. Também foi
observado tuberculose, bronquite, infecções recorrentes e diabetes. Em relação as alterações
encontradas no corpo do paciente durante o exame físico geral, pode-se observar que a boca
entre aberta (10 pacientes) e o nariz hipoplásico (8 pacientes) foram as alterações mais
frequentes, de um total de 13 alterações diferentes encontradas (Tabelas 1 e 2).
Em relação às alterações intra-bucais, dos 25 pacientes, 14 (56%) apresentavam
gengivite, 8 (32%) cáries, 6 (24%) língua geográfica e 5 (20%) língua fissurada (Tabela 3).
62
DEL FIACO, Rodrigo Passos; BOTELHO, Tessa de Lucena e PEREIRA, Cláudio Maranhão.
Avaliação das condições bucais e sistêmicas de pacientes portadores de síndrome de Down
institucionalizados na APAE-Goiânia/Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 59-64. Set. 2010/Dez. 2010.
Quando os pacientes foram avaliados quanto ao grau de gengivite, observou-se que em 10
(40%) estava ausente e que, dos 14 que apresentavam, apenas 4 (28,5%) tinham a doença de
forma grave (tabela 4).
Ainda quanto avaliados quanto a frequência em procuravam atendimento
odontológico, dos 25 pacientes, 7 foram ao dentista no último mês, 6 nos 6 últimos meses, 6
há cerca de 1 ano e 6 há de mais de 2 anos.
DISCUSSÃO
Com relação á cárie dentária e doença periodontal, a maioria dos autores são
unânimes em afirmar a baixa prevalência de cárie e alta prevalência da doença periodontal
nestes pacientes, quando comparada a outros indivíduos com ou sem déficit mental1, 3, 4, 5, 8, 12.
Dos 25 pacientes avaliados neste estudo, 14 apresentavam alterações gengivais e 8 cáries
dentárias, corroborando com os achados descritos na literatura.
A baixa prevalência de cárie pode ser atribuída ao padrão de erupção retardado e
composição salivar diferente das outras crianças, à morfologia dentária com fóssulas e
fissuras menos acentuadas e superfície oclusal menos acidentada devido ao bruxismo, à
diferença da composição da flora bacteriana associada à placa dentária1, 3, 8, 12. Todos estes
fatores publicados na literatura são apenas especulações visto que nenhum destes ainda foi
comprovado. Nos pacientes avaliados nesta pesquisa nenhum destes fatores foram detectados.
Frente literatura pertinente consultada e ao detectado na prática, ressalta-se a
importância do conhecimento pelo cirurgião-dentista das manifestações orais que acometem
os pacientes portadores de Síndrome de Down, dentre as quais destaca-se a doença cárie. Esta,
ao contrário do que seria esperado, já que esses pacientes apresentam maior dificuldade de
higienizam bucal, apresenta menor prevalência nestes indivíduos em relação aos demais
pacientes. Contudo, a higienização bucal na maioria dos casos é realizada pelos pais ou
responsáveis7,
9, 12
, logo o resultado encontrado nos pacientes avaliados corresponde aos
achados na literatura presente, ou seja, estes pacientes apresentam pequeno índice de cárie
dentária.
Apesar dos achados da literatura em que pacientes portadores de Síndrome de
Down apresentam maior índice de doença periodontal, os resultados encontrados não
comprovam estes dados. Dos 25 pacientes, 14 (56%) apresentam gengivite, sendo que destes
apenas 4 (28,5%) apresentam esta em forma grave. Logo, este pequeno índice de doença
periodontal, assim como o índice de cárie encontrados, provavelmente ocorreram em virtude
63
DEL FIACO, Rodrigo Passos; BOTELHO, Tessa de Lucena e PEREIRA, Cláudio Maranhão.
Avaliação das condições bucais e sistêmicas de pacientes portadores de síndrome de Down
institucionalizados na APAE-Goiânia/Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 59-64. Set. 2010/Dez. 2010.
do esclarecimento e conscientização dos pais e da assistência médica e odontológica que estes
pacientes apresentam e não em decorrência de algum fator inerente à própria síndrome.
Fica evidente neste estudo a importância de uma atenção especial por parte de
família a estes pacientes, pois é ela que está sempre presente no dia a dia destes indivíduos,
cabendo ao clínico instruir e acompanhar os pacientes com Síndrome de Down e a sua
respectiva família sobre a importância da higienização bucal.
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Avaliação das condições bucais e sistêmicas de pacientes portadores de síndrome de Down
institucionalizados na APAE-Goiânia/Goiás. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 59-64. Set. 2010/Dez. 2010.
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Tabelas
Tabela 1- Avaliação de alterações sistêmicas dos 25 pacientes portadores da síndrome de Down.
Alteração
Infecções
recorrentes
Tuberculose
Pneumonia
Bronquite
Cardiopatia
Diabete
Nº pac.
3
4
6
4
7
2
Tabela 2- Avaliação de alterações sistêmicas características da Síndrome de Down.
Grande espaço entre os dedos do pé ___________________________________________________ 3
Aumento do tec. subcutâneo do pescoço ________________________________________________ 6
Anomalia palatina __________________________________________________________________ 5
Nariz hipoplásico ___________________________________________________________________ 8
Boca aberta _______________________________________________________________________ 10
Língua em protusão ________________________________________________________________ 4
Epicanto __________________________________________________________________________ 3
Fenda única palmar ________________________________________________________________ 4
Braquiclinodactilia _________________________________________________________________ 1
Aumento da distância interpupilar ____________________________________________________ 5
Mãos curtas e grosseiras _____________________________________________________________ 6
Forma atípica do pavilhão auricular ___________________________________________________ 3
Implantação baixa dos pavilhões auriculares ____________________________________________ 3
Tabela 3 - Avaliação intra-bucal dos pacientes portadores da Síndrome de Down.
Alteração
Gengivite
Cárie
Macroglossia
Língua
Geográfica
Língua
Fissurada
Queilite
Angular
Quant.
14
8
1
6
5
1
Tabela 4 - Avaliação do grau de gengivite nos pacientes com Síndrome de Down.
Gengivite
Ausente
Leve
Moderada
Grave
Quant.
10
7
3
4
Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 04, 65 – 76. Set. 2010/Dez. 2010.
INCIDÊNCIA DE HEPATITE B NA POPULAÇÃO DA CIDADE DE GOIÂNIAGOIÁS: INFLUÊNCIA DOS MARCADORES SOROLÓGICOS NO PROGNÓSTICO
DESTA INFECÇÃO
Ana Flavia Oliveira Magalhães
Francielle Poliana de Medeiros Rocha
Francielly Eugenio de Assis
Claudio Maranhão Pereira**
Resumo:
Abstract:
A Hepatite B é uma doença infecciosa, que provoca
inflamação no fígado. É causada pelo vírus da hepatite
B (VHB) e pode ser transmitida por via sexual, via
parenteral e perinatal. Após a fase inflamatória o vírus
pode ser eliminado naturalmente do organismo ou
causar uma doença inflamatória crônica que, após
alguns anos, pode levar a complicações hepáticas
como cirrose e câncer de fígado. Objetivando
determinar a prevalência da infecção pelo vírus da
hepatite B realizamos um estudo retrospectivo na
cidade de Goiânia, Goiás, utilizando-se estatísticas do
arquivo da Vigilância Epidemiológica, conforme
dados do Sistema de Informações sobre Agravos
Notificáveis (SINAN), no período entre 2000 e 2008.
Após analise, constatou-se a presença de 1011 casos
de hepatite B em Goiânia durante este período. O ano
de 2007, com 197 casos, foi o que apresentou um
maior numero de infecções causadas pelo vírus da
hepatite B. Cerca de 3,4% dos casos analisados foram
de hepatite B aguda enquanto a hepatite crônica
representou 79,5% dos casos. Os achados deste estudo
ressaltam a grande incidência relativa do vírus na
população goianiense e a importância de se
estabelecer medidas de controle e prevenção da
hepatite B nesta população.
The Hepatite B is an infectious disease, that
provokes inflammation in the liver. It is caused by
the virus VHB it can be transmitted by sexual road,
through parenteral and perinatal (during the gestation
and the childbirth). After the inflammatory phase the
virus can be eliminated naturally of the organism or
to cause a chronic inflammatory disease that, after
some years, it can take to hepatic complications as
cirrhosis and liver cancer. Aiming at to determine
the prevalence of the infection for the virus of the
hepatitis B (VHB) we accomplished a retrospective
study in the city of Goiânia, Goiás, being used
statistics data of the file of the Epidemic
Surveillance, as data of the System of Information
on Offences Notified (SINAN), in the period
between 2000 and 2008 the distribution of the
confirmed cases of hepatitis B in Goiânia was of
1011. The year of 2007 was what presented a larger
one I number of infections caused by the virus of the
hepatitis B. The gender more reached by the virus it
was the masculine. The individuals' age that
you/they participated in the study varied from 1 to
80 years the largest hepatitis incidence B for age
group it was observed of the 20 to the 34 years with
53,1%. 35 cases were detected (3,4%) of hepatitis
sharp B and the chronic hepatitis 79,5% cases were
detected. The vaccination was only completed by 30
patient (2,9%). The discoveries of this study point
out the importance of the control measures and
prevention of the hepatitis B in this population.
Palavras-chave:
Key-words:
Hepatite B, Anti-HBc total, HBsAg, Epidemiologia da
hepatite B.
Hepatitis B, total Anti-HBc, HBsAg, epidemiology
of hepatitis B.

Profissionais Biomédicos de Instituições Privadas de Goiânia-Goiás.
**Professor Doutor de Patologia da Faculdade Estácio de Sá de Goiás/Professor titular de Patologia da
Faculdade de Odontologia da Universidade Paulista-Goiania/GO/ Coordenador do Curso de Odontologia da
Universidade Paulista, campus – Brasília/DF.
66
MAGALHÃES, Ana Flavia Oliveira; ROCHA, Francielle Poliana de Medeiros; ASSIS, Francielly
Eugenio de e PEREIRA, Claudio Maranhão. Incidência de hepatite B na população da cidade de
Goiânia-Goiás: influência dos marcadores sorológicos no prognóstico desta infecção. Estácio de Sá
– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04,
65-76. Set. 2010/Dez. 2010.
INTRODUÇÃO
A existência de uma forma de hepatite de transmissão parenteral foi documentada
pela primeira vez em 1885 em pacientes vacinados contra varíola. O termo hepatite B foi
introduzido em 1947 para definir a hepatite de transmissão parenteral, hepatites sorohomóloga, hepatite sérica, hepatite MS-2 e hepatite de longo período de incubação1. Em 1965
foi publicada a descoberta de um antígeno no soro de um aborígine australiano, denominado
antígeno Austrália2. A associação desse antígeno com a hepatite B foi feita em 1968,
recebendo o mesmo o nome de antígeno de superfície da hepatite B (HBsAg), nome que
perdura até hoje3.
Apesar dos significantes progressos no desenvolvimento de vacinas, a infecção
pelo VHB é uma das doenças mais disseminadas e importantes que afeta o ser humano 4, 5.
Ocorrem cerca de 1-2 milhões de mortes por ano como consequência direta desta infecção5.
Nos Estados Unidos há aproximadamente um milhão de portadores do VHB6.
O vírus da Hepatite B pertence ao gênero Orthohepadnavirus, família
Hepadnaviridae6,
7, 8, 9
em função da presença de DNA de fita dupla (incompleta), como
10
material genético . Na microscopia eletrônica, encontram-se três tipos de partículas6, 10, 11. A
partícula de Dane, que corresponde ao vírion completo, com 42nm de diâmetro, constituída
por um envoltório lipídico que contém o antígeno de superfície do VHB (HBsAg) e um
núcleo central denso (o core) que possui uma proteína (HBcAg) que induz a formação de
anticorpos específicos (anti-HBcAg) pelos indivíduos infectados. O antígeno do core
(HBcAg) não é secretado, por isso é muito difícil sua detecção no sangue circulante,
diferentemente do que ocorre no fígado doente, onde é abundante. Na zona central da
partícula de Dane observa-se ainda a presença do ácido nucléico viral (DNA-VHB). Este
DNA, que forma a matriz genética do vírus, possui uma dupla cadeia, disposta circularmente.
No genoma ainda se encontram as enzimas como a DNA-polimerase e a fosfoquinase8.
Na parte central do vírus está presente também, outro antígeno que foi
denominado antígeno e (HBeAg), que é secretado e diferentemente do HBcAg pode ser
facilmente detectado no sangue. Este antígeno se associa à replicação e infectividade virais e
induz a formação de anticorpo específico (anti-HBeAg) que normalmente se relaciona com a
parada da replicação viral8.
67
MAGALHÃES, Ana Flavia Oliveira; ROCHA, Francielle Poliana de Medeiros; ASSIS, Francielly
Eugenio de e PEREIRA, Claudio Maranhão. Incidência de hepatite B na população da cidade de
Goiânia-Goiás: influência dos marcadores sorológicos no prognóstico desta infecção. Estácio de Sá
– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04,
65-76. Set. 2010/Dez. 2010.
As outras duas partículas encontradas, observadas em microscopia eletrônica, são
desprovidas de material genético, não são infectantes e são constituídas apenas por resíduos
de membranas de células contaminadas, contendo o antígeno HBsAg como estrutura de
superfície6, 10.
A VHB pode se apresentar sob diferentes formas: clínico-patológica e evolutiva.
Resumidamente, são elas: as hepatites agudas benignas, as hepatites agudas graves e as
hepatites crônicas8, 10, 12. As hepatites agudas benignas podem ser: assintomáticas, anictéricas,
ictéricas, recorrentes, recrudescentes, colestáticas ou prolongadas. As hepatites agudas graves
podem ser fulminantes ou subagudas8, 12.
Nas infecções crônicas pelo VHB existem diferentes fases evolutivas. Na primeira
fase denominada de imunotolerância pode-se observar a presença do antígeno HBe (HBeAg),
altos níveis de DNA-VHB, ALT normal e moderado dano hepático. Na segunda fase
denominada imunoeliminação ou Hepatite Crônica HBeAg positiva verifica-se a presença do
HBeAg, flutuações nos níveis de ALT e DNA-VHB e atividade inflamatória. Na terceira fase
denominada de Portador Inativo observa-se a presença do anticorpo contra o antígeno “e”
(anti-HBeAg), níveis de DNA-VHB indetectáveis e ALT normal. Na quarta fase denominada
Reativação da replicação ou Hepatite Crônica HBeAg negativa, pode-se notar a presença do
anti-HBe, altos níveis de DNA-VHB e ALT13.
O espectro variável de manifestações clínicas e a persistência da infecção pelo
VHB dependem de vários fatores ligados ao hospedeiro e ao vírus como: integridade do
sistema imune, idade do paciente na época da infecção pelo VHB, sexo, presença ou não de
replicação viral e provavelmente da variabilidade genética do vírus, incluindo genótipos e
mutações que influenciam na expressão dos antígenos virais14.
Cerca de um terço da população mundial pode estar infectado pelo VHB e destes,
aproximadamente, 350 milhões são portadores crônicos. Cerca de um quarto desses
portadores poderão, eventualmente, morrer das consequências da infecção crônica. Por isso é
de grande importância estudar e conhecer a soroprevalência do HBsAg, anti-HBs e anti-HBc,
assim como a situação vacinal da população, para conhecer a situação atual da cidade de
Goiânia e para melhor compreensão da ação do vírus.
68
MAGALHÃES, Ana Flavia Oliveira; ROCHA, Francielle Poliana de Medeiros; ASSIS, Francielly
Eugenio de e PEREIRA, Claudio Maranhão. Incidência de hepatite B na população da cidade de
Goiânia-Goiás: influência dos marcadores sorológicos no prognóstico desta infecção. Estácio de Sá
– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04,
65-76. Set. 2010/Dez. 2010.
MATERIAL E MÉTODOS
Os dados utilizados neste estudo foram obtidos a partir de levantamento
retrospectivo no Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN, na Secretaria
de Vigilância Epidemiológica do município de Goiânia no período de 2000 a 2008.
Primeiramente, foram levantados dados de hepatite B com população alvo somente os
indivíduos residentes em Goiânia. Além do número total de casos, foram considerados os
aspectos de incidência por faixa etária, sexo, formas clinicas e vacinação.
A notificação dos casos suspeitos de hepatite viral foi realizada de forma contínua
pelos médicos e profissionais de saúde à equipe de vigilância do município, assim como a
revisão de pedidos laboratoriais para testes de função hepática. Para cada caso, foi preenchida
uma ficha de investigação laboratorial com os dados de identificação do paciente e a data do
início dos sintomas.
Para a análise da soroprevalência da infecção pelo VHB, foi investigada a
presença do HBsAg e de seu anticorpo correspondente (anti-HBs), bem como do anti-HBc
total em todas as amostras sanguíneas. Os espécimes clínicos que apresentaram positividade
para o HBsAg foram também testados para o anti-HBc IgM, antígeno ''e'' (HBeAg) e
anticorpo para o antígeno ''e'' (anti-HBe). Para o procedimento, foi utilizado o ensaio
imunoenzimático, empregando-se ''kits'' comerciais, conforme instruções do fabricante.
O comitê de Ética e Pesquisa Dr. Henrique Santilho – Secretaria de Estado da
Saúde Superintendência Leide das Neves Ferreira, enquadrou este projeto na categoria
“aprovado”, no que concerne à Resolução nº 196/96 sobre Pesquisa Envolvendo Seres
Humanos /Conselho Nacional de Saúde / Ministério da Saúde / Brasília / 1996.
RESULTADOS
Conforme dados do Sistema de Informações sobre Agravos Notificáveis
(SINAN), no período entre 2000 e 2008 a distribuição dos casos confirmados de hepatite B
em Goiânia foi de 1011. Conforme Gráfico 1, podemos constatar que o ano de 2007 foi o que
apresentou um maior numero de infecções causadas pelo vírus da hepatite B.
O sexo mais atingido pelo vírus foi o masculino principalmente no ano de 2003
com 81,7% houve uma exceção nos anos de 2005 e 2007 onde o sexo feminino teve um maior
numero de casos com 54,3% e 51,2% (Gráfico 2).
69
MAGALHÃES, Ana Flavia Oliveira; ROCHA, Francielle Poliana de Medeiros; ASSIS, Francielly
Eugenio de e PEREIRA, Claudio Maranhão. Incidência de hepatite B na população da cidade de
Goiânia-Goiás: influência dos marcadores sorológicos no prognóstico desta infecção. Estácio de Sá
– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04,
65-76. Set. 2010/Dez. 2010.
A análise da soroprevalência da infecção para o VHB em relação à faixa etária
mostrou que houve positividade para o vírus em todas as faixas etárias, considerando os
marcadores HBsAg e anti-HBc total. A idade dos indivíduos que participaram do estudo
variou de 1 a 80 anos e a maior incidência de hepatite B por faixa etária foi observada dos 20
aos 34 anos, com 53,1%. Nos pacientes acima dos 80 anos (0,1%) e abaixo dos 14 anos
(0,8%) ocorreu uma redução no número de casos. A distribuição por faixa etária está
apresentada na Tabela 1.
Foram detectados 35 casos (3,4%) de hepatite B aguda, sendo que destes 1,1%
não apresentaram sinais e sintomas de hepatite aguda, e todos tiveram sorologia positiva para
o HBsAg e anti- HBc total/anti-HBc IgM. Para hepatite crônica foram detectados 79,5% casos
e destes 48,3% eram portadores assintomáticos, todos tiveram sorologia positiva para HBsAg,
anti-HBc total e HBeAg, e negativos para o anti-HBc IgM e anti- HBs (Gráfico 3).
A vacinação só foi completada por 30 pacientes (2,9%), 1,9% não tomaram as três
doses da vacina e 17,2% não eram vacinados, mas dos 1011 casos, 77,8% não souberam ou
não responderam se eram vacinados (Gráfico 4).
DISCUSSÃO
Vários estudos realizados no Brasil entre os anos de 1996 e 2000 mostraram que a
hepatite B foi o segundo tipo de hepatite viral mais prevalente (25%), perdendo apenas para a
hepatite A, que teve um maior número de casos (43%), mas em Santa Catarina esses números
foram diferentes, pois houve um predomínio de hepatite B em relação às outras15, 16, 17, 18.
Dentre as capitais da região centro-oeste, Brasília apresentou o maior índice de
casos em 2005, com 190 casos confirmados, entretanto esses índices são considerados baixos
se comparados com capitais da região sudeste onde na cidade do Rio de Janeiro no mesmo
ano foram notificados 371 casos e em São Paulo 901 casos também em 200519. Segundo
nossos resultados, em Goiânia foram 138 casos de infecção pelo VHB. Portanto a prevalência
de hepatite B observada neste estudo mostra uma baixa endemicidade da doença na cidade de
Goiânia, o que também é mostrado em outros estudos realizados no Brasil, onde os estado de
Goiás e Mato Grosso apresentam baixa endemicidade da doença (DATASUS http://www.datasus.gov.br). Entretanto esta baixa prevalência absoluta pode ser em
70
MAGALHÃES, Ana Flavia Oliveira; ROCHA, Francielle Poliana de Medeiros; ASSIS, Francielly
Eugenio de e PEREIRA, Claudio Maranhão. Incidência de hepatite B na população da cidade de
Goiânia-Goiás: influência dos marcadores sorológicos no prognóstico desta infecção. Estácio de Sá
– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04,
65-76. Set. 2010/Dez. 2010.
decorrência de serem regiões menos povoadas e populosas quando comparadas aos grandes
centros da região sudeste.
Em relação à distribuição segundo o sexo, pode-se observar que, o sexo masculino
foi mais predominante em todos os indivíduos infectados pelo VHB. Estas observações estão
de acordo com o que é tradicionalmente descrito na literatura onde são atribuídas a uma maior
exposição do homem, aos riscos de infecção, seja pelo maior número de parceiros sexuais,
homossexualismo, compartilhamento de lâmina de barbear, maiores riscos de acidente com
necessidade de transfusão, hemofilia etc. Isto corresponde com a realidade do Estado do
Amazonas onde 75,3% eram do gênero masculino e 24,7% do gênero feminino20,
21
. Em
relação a capitais em Porto Alegre, segundo Fiorini (2004)22, no ano de 2002 foram 89 casos
(54,27%) que correspondiam ao sexo masculino e 75 casos (45,73%) correspondem ao sexo
feminino. No nosso estudo também foi possível observar essa característica sendo que, no ano
de 2002 a porcentagem de casos confirmados de Hepatite B foi de, 64,47% para o gênero
masculino e 35,53% para o gênero feminino. Essa característica fica ainda mais evidente se
observado o ano de 2003 onde 81,71% de casos confirmados de Hepatite B correspondem ao
sexo masculino e 18,29% ao sexo feminino.
É possível constatar um aumento da incidência de infecção pelo VHB em
pacientes adolescentes e adultos jovens quando comparados as outras faixa etárias de
pacientes. No Brasil, a faixa etária que apresentou maior incidência de hepatite B foi acima
dos 30 anos e, em especial, analisando o estado de Santa Catarina, dos 20 aos 49 anos.
Segundo o Ministério da Saúde19 este aumento significativo em adolescentes e adultos jovens
também foi comprovado no ano de 2005 nas cidades de São Paulo com 474 casos, Rio de
Janeiro 157 casos, Curitiba 105 e Brasília com 97 casos, possivelmente indicando que a
atividade sexual é uma significativa via de transmissão deste agente. Estudos mostraram que
foram encontrados valores elevados de anti-HBc na região norte (21,4%), entre adolescentes
de 1 a 20 anos23, diferentemente do nosso estudo onde esta faixa etária só apresentou 10,3%.
Em nossos resultados o maior número de casos de hepatite B foi encontrado em adultos
jovens entre 20 e 34 anos (53,1%).
Silveira24 et al. em 1999, realizaram um estudo multicêntrico na América Latina
com 12.085 pacientes, entre 1996 e 1997, incluindo pessoas entre 1 e 40 anos de idade, no
qual detectaram prevalência de 7,9% de reatividade ao anti-HBc (IgG), indicando hepatite
crônica. Só no Brasil, dois milhões de pessoas sofrem da forma crônica de hepatite B. Dentre
71
MAGALHÃES, Ana Flavia Oliveira; ROCHA, Francielle Poliana de Medeiros; ASSIS, Francielly
Eugenio de e PEREIRA, Claudio Maranhão. Incidência de hepatite B na população da cidade de
Goiânia-Goiás: influência dos marcadores sorológicos no prognóstico desta infecção. Estácio de Sá
– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04,
65-76. Set. 2010/Dez. 2010.
as capitais brasileiras, a maior prevalência deste marcador foi encontrada em Manaus- AM
(21%). A Bacia Amazônica foi descrita previamente como sendo uma região de alta
endemicidade e compatível com este dado, encontrou-se uma soroprevalência de 21,4% na
região Norte. A alta prevalência do VHB e a sua intensa circulação foram atestadas por
Souto25 et al (1998) nos anos de 1995-1996 no Município de Cotriguaçu-MT foram
encontrados altos índices de pessoas já infectadas (75,1%), de portadores crônicos do VHB
(10,4%) e de pessoas com infecção recente (9,6%). Chávez18 et al. (2003) mostrou em seu
estudo que a região centro-oeste, juntamente com o Distrito Federal e a região nordeste, são
as que apresentam o menor número de portadores crônicos do vírus da hepatite B, entre 0,11 a
0,74%. Nossos resultados demonstraram que os casos de hepatite crônica (31,2%) juntamente
com os portadores assintomáticos (48,3%) tiveram um grande aumento em relação a hepatite
aguda (3,5%). Nossos resultados são diferentes do que os demonstrados por Chávez18 et al.
(2003) e Souto25 et al. (1998). Entretanto não foi possível encontrar nenhum fator pertinente
para justificar este aumento de incidência.
Desde 1998, o Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da
Saúde19, recomenda a vacinação universal das crianças contra hepatite B a partir do
nascimento. A aplicação da primeira dose nas primeiras 12-24h de vida resulta em elevada
eficácia na prevenção da infecção vertical. A partir de 2001, a faixa etária foi ampliada até 19
anos de idade. Em nossa pesquisa, em relação à população avaliada apenas 2,9% da
população estudada referiram apresentar esquema vacinal adequado anti-VHB, mas podemos
observar que na característica por faixa etária até os 15 anos houve poucos casos de hepatite
B. Este fato se deve talvez ao Programa Nacional de Imunizações em crianças. Sabe-se que
uma ou duas doses da vacina induzem a imunização, respectivamente, em 55% e 85% dos
casos, e que, mesmo com a aplicação das três doses, não ocorre indução de imunidade em
10% dos casos. A importância da introdução da vacina contra Hepatite B e descrito no
trabalho de Braga, onde os índices da taxa de portadores do AgHBs reduziram em cinco
vezes, mesmo com as falhas na proteção dos indivíduos suscetíveis a infecção19, 26, 27.
Considerando que a hepatite B é uma doença sexualmente transmissível, e que a
faixa-etária mais atingida é a de pessoas sexualmente ativas, outra importante medida de
controle é o uso de preservativo em todas as relações sexuais28. Portanto, investir em
estratégias públicas para aumentar a cobertura e adesão à vacina contra a hepatite B, e
também em programas a saúde que visem mudança de estilo de vida torna-se necessário em
72
MAGALHÃES, Ana Flavia Oliveira; ROCHA, Francielle Poliana de Medeiros; ASSIS, Francielly
Eugenio de e PEREIRA, Claudio Maranhão. Incidência de hepatite B na população da cidade de
Goiânia-Goiás: influência dos marcadores sorológicos no prognóstico desta infecção. Estácio de Sá
– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04,
65-76. Set. 2010/Dez. 2010.
nossa capital uma vez que a cobertura vacinal não é satisfatória abrangendo apenas 47,74% da
população de Goiânia, segundo dados do Ministério da Saúde19. Embora a prevalência para o
VHB, encontrada neste estudo seja considerada baixa, houve um grande aumento de casos no
ano de 2007, fato este que contribui para afirmar que há grande circulação do vírus da hepatite
B na população de Goiânia. Cabe ressaltar que são dados referentes a apenas um pequeno
intervalo de tempo e que mais estudos devem ser realizados para confirmação destes dados.
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Goiânia-Goiás: influência dos marcadores sorológicos no prognóstico desta infecção. Estácio de Sá
– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04,
65-76. Set. 2010/Dez. 2010.
LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS
Gráfico 1 – Incidência de casos confirmados de Hepatite B nos anos de 2000 a 2008.
Gráfico 2- Casos de Hepatite B associados ao sexo.
SEXO
78,00%
68,00%
58,00%
48,00%
38,00%
28,00%
18,00%
81,71%
79,01%
62,64% 64,47%
37,36% 35,53%
20,99%
2000 2001
2002
57,66% 54,35%
54,62%
50,86%
49,14% 51,27%
48,73%
45,38%
42,34% 45,65%
18,29%
2003 2004
2005
2006
2007
2008
M 79,01% 62,64% 64,47% 81,71% 57,66% 45,65% 50,86% 48,73% 54,62%
F 20,99% 37,36% 35,53% 18,29% 42,34% 54,35% 49,14% 51,27% 45,38%
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MAGALHÃES, Ana Flavia Oliveira; ROCHA, Francielle Poliana de Medeiros; ASSIS, Francielly
Eugenio de e PEREIRA, Claudio Maranhão. Incidência de hepatite B na população da cidade de
Goiânia-Goiás: influência dos marcadores sorológicos no prognóstico desta infecção. Estácio de Sá
– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04,
65-76. Set. 2010/Dez. 2010.
Tabela1 – Prevalência do Vírus da Hepatite B por Faixa Etária.
Característica por Faixa Etária
> 1ano
5A9
10 A 14
15 A 19
20 A 34
35 A 49
50 A 64
65 a 79
80 E +
Total
Nº
3
5
8
88
537
267
84
18
1
1011
%
0,3%
0,5%
0,8%
8,7%
53,1%
26,4%
8,3%
1,8%
0,1%
100%
Gráfico 3 - Distribuição dos casos de Hepatite B, por Forma Clínica encontrada no ano de 2000 a 2008.
15,8%
Ign/Branco
Infecção Assintomática
1,1%
48,3%
Portador Assintomático
31,2%
Hepatite Crônica
Hepatite Aguda
0,0%
3,5%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
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MAGALHÃES, Ana Flavia Oliveira; ROCHA, Francielle Poliana de Medeiros; ASSIS, Francielly
Eugenio de e PEREIRA, Claudio Maranhão. Incidência de hepatite B na população da cidade de
Goiânia-Goiás: influência dos marcadores sorológicos no prognóstico desta infecção. Estácio de Sá
– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04,
65-76. Set. 2010/Dez. 2010.
Gráfico 4 - Vacinação total no ano de 2000 a 2008.
TOTAL DE VACINAÇÃO EM TODOS OS ANOS
77,8%
17,2%
1,9%
2,9%
Completa
Incompleta
Não vacinado
Ign/Branco
Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 04, 77 – 98. Set. 2010/Dez. 2010.
ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO E SUA PRAXIS NO PROCESSO DE CAPTAÇÃO E
DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
A. C. Moreira Ribeiro
A. P. Silva Bueno
E.S. Oliveira
Adriano Luis Fonseca
Resumo:
Abstract:
O objetivo deste estudo foi descrever a atuação do
enfermeiro no processo de captação e doação de
órgãos, trata- se de um estudo investigativo, de
caráter transversal, quantitativo, tendo por base
dados das centrais nacional e do estado de Goiás e de
literaturas sobre o tema proposto.
The aim of this study was to describe nurses' actions
in the process of capturing and organ donation, it is an
investigative study, crosscutting, quantitative, based
on data from national and central state of Goias and
literature about theme.
Palavras-chave:
Key-words:
Enfermeiro, Morte, Doação de Órgãos.
Nurse, Death, Organ Donation
INTRODUÇÃO
Histórico
A história dos transplantes está limitada aos últimos cem anos, tendo o cirurgião genovês
Jacques-Louis Reverdin (1842-1928) o primeiro transplante com sucesso, em humanos, ao realizar em
Genebra, um autotransplante de pele em 1869. Existem contos mitológicos em várias culturas
religiosas, incluindo a hindu, chinesa e egípcia, que sugerem que a ideia do transplante pode ser muito
mais antiga e relacionada aos anseios da longevidade (GARCIA et al, 2006).
Algumas figuras da mitologia, como a quimera e o grifo, e criaturas como os sátiros, os
centauros e as sirenes, resultaram da combinação de seres de espécies diferentes, fornecendo exemplos
bem-sucedidos de xenotransplante.
No Ocidente, a lenda sobre os transplantes representa um simbolismo religioso e envolve
os santos padroeiros da Medicina, São Cosme e São Damião, que viveram entre os anos 285 e 305 da
era cristã. De acordo com a lenda, a perna de um mouro, recentemente morto, foi transplantada com
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RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis
.Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá –
Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04,
77-98. Set. 2010/Dez. 2010.
sucesso em um paciente que teve a perna amputada por câncer ou gangrena. Esta lenda foi um
dos temas favoritos dos pintores medievais. (GARCIA et al, 2006).
Gaspare Tagliacozzi de Bolonha (1547-1599) publicou o seu trabalho De
Custorum Chirurigia per Insitinem (O enxerto na cirurgia de mutilação), em que relatou
técnicas refinadas de enxerto e rinoplastia. Jhon Hunter (1728-1793), que estabeleceu as bases
científicas da cirurgia moderna, recolocou com sucesso, o primeiro pré-molar de um paciente,
horas após ter caído, postulou que as substancias vivas tinham a disposição de unirem-se
quando colocadas em contato com outras. Esses trabalhos iniciais imaginavam os transplantes
humanos sendo controladas pelas mesmas leis dos enxertos no reino vegetal e que tecidos de
diferentes origens poderiam unir-se quando submetidos á firme adesão. Em 1804, Gisuseppe
Baronio (1759-1811), de Milão, publicou experimentos bem-sucedidos de auto-enxerto de
grandes fragmentos de pele em ovelha. Em 1822, Johann Dieffenbach publicou tese sobre
transplante experimental e regeneração de tecidos, seguida logo após por relatos de seu
trabalho clínico. Charles Edouard Brown-Séquard, no início dos anos 1800, sugeriu que
membros amputados poderiam ser reimplantados e, utilizou os métodos de Hunter, implantou
caudas de ratos e de gatos nas cristas de galos. Sonhando com o rejuvenescimento, implantou
em cães idosos testículos ou partes de testículos de porquinhos-da-índia jovens. (GARCIA et
al, 2006).
No século XIX ocorreu o desenvolvimento dos enxertos livres, com a evolução
dos enxertos por compressão de Jacques Louis Reverdin, em 1869, para os enxertos dérmicoepidérmicos de Louis Ollier, que também estabeleceu o princípio dos enxertos ósseos. A
disponibilidade e a ampliação do uso dos enxertos livres levaram ao emprego de aloenxertos
(enxerto entre indivíduos da mesma espécie) e xenoenxertos (enxerto entre espécies
diferentes), mas a lista de tecidos implantados, no final deste século incluía tendões, ossos e
tecidos endócrinos, como tireóide e ovário. Em 1887, um olho de coelho foi transplantado em
um paciente e, em 1896, uretra de ovelha foi usada na reparação de uretra humana. Entretanto
alguns investigadores observaram que autotransplantes sobreviviam melhor e as frequentes
falhas com aloenxertos e xenoenxertos levantaram a questão sobre a compatibilidade entre
diferentes espécies ou mesmo os diferentes indivíduos. Assim o foco dos transplantes de
partes ou órgãos completos mudou da investigação técnica para a biológica no final do século
XIX. As contribuições de Lister para as normas da anti-sepsia e o subsequente
desenvolvimento da assepsia permitiram o enxerto cirúrgico e o transplante com uma menor
taxa de infecção. O problema básico que permanecia para a revascularização direta dos órgãos
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RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis
.Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá –
Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04,
77-98. Set. 2010/Dez. 2010.
era a necessidade do desenvolvimento de uma técnica efetiva de anastomose vascular, sem
trombose, hemorragia ou estenose, (GARCIA et al, 2006).
Em 1902 Emerich Ullman realizou o primeiro autotransplante experimental bemsucedido. Charles Guthrie realizou autotransplante e alotransplante de rins em cães e gatos,
que o levou a receber o prêmio Nobel em 1912. Em 1914 Carrel, ministra palestra chamando
atenção dos pesquisadores para a necessidade de descobrir como funciona a imunidade e o
que ocorria com os órgãos, pois não desempenhavam as funções esperadas e nessa
oportunidade descartou a possibilidade de transplantes em seres humanos. (GARCIA et al,
2006).
O Primeiro órgão transplantado em humanos foi o rim, entre os anos 1902 a 1923
foram realizados diversos procedimentos sem sucesso, todos os pacientes foram a óbito em no
máximo 16 dias, a experiência de realização da anastomose que se tinha eram as realizadas
nos experimentos com animais. Em 1933 na Ucrânia foi realizado o primeiro alotransplante
renal entre humanos o rim foi obtido de um paciente que sofreu um traumatismo crânio
encefálico (TCE). Em torno de 1949 atribuiu à falta de sucesso nos transplantes as questões
de imunidade, uma vez que os vasos sanguíneos estavam pérvios. (GARCIA et al, 2006).
O período da segunda guerra mundial foi indiretamente importante, pois houve
uma grande evolução na medicina com os avanços da antibioticoterapia e outros
procedimentos, que favoreceram para o desenvolvimento do transplante. Entre 1954 e 1964,
permanecia
insolúvel
a
rejeição,
então
os
estudos
tiveram
três
vértices:
a
histocompatibilidade, a tolerância e a imunossupressão. (GARCIA et al, 2006).
A partir da descoberta dos imunossupressores (6-MP, azatioprina, prednisona),
por volta de 1970 consolidaram-se os transplantes renais e iniciou então a tentativa em outros
órgãos como: pulmão, coração, fígado, pâncreas e intestino. Começou a estabelecer um
conceito para morte encefálica (ME). (GARCIA et al, 2006).
Borel em 1976 descobre os efeitos imunossupressores da ciclosporina,
revolucionando os transplantes em 1980, foi utilizado nesse período o primeiro anticorpo
antilinfocitário monoclonal (anti-CD3) mais específico. Em 1989 foi realizado no Brasil o
primeiro transplante hepático com doador vivo. Em 1999 foi aprovado o uso da rapamicina.
Em 2000, foram descobertos mais dois anticorpos monoclonais contra o receptor de IL-2,
basiliximabe e daclizumabe também foram introduzidos na prática clínica (GARCIA et al,
2006).
80
RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis
.Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá –
Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04,
77-98. Set. 2010/Dez. 2010.
BIOÉTICA E TRANSPLANTES
Nas atividades de atenção à saúde frequentemente surgem situações de possíveis
temas éticos. A ética tem como objetivo, a identificação, análise e resolução de problemas
morais que surgem no cuidado individual de pacientes. Existem vários aspectos éticos que
deverão ser aplicados em potenciais doadores de órgãos e tecidos, enfocando situações de
proteção, privacidade, e respeito ao paciente.
Neste mundo de incertezas que circulam as decisões clínicas, também são afetadas
as argumentações éticas. Uma conduta ética adequada permite reduzir a margem de erros. As
questões éticas envolvendo doação de órgãos são delicadas e abrangentes e requerem um
maior cuidado, pois é um momento de sofrimento, a perda do ente querido e na grande parte
dos casos perda de pessoas jovens, sendo de difícil decisão para familiares.
Diante da perspectiva de doar os próprios órgãos existe uma variedade de
obstáculos, as quais se permitem análises e reflexões sobre doadores, receptores e
principalmente, quanto à definição do diagnóstico da realidade da morte, tendo como pilares
resguardar os direitos do doador e garantir a gratuidade do ato.
A retirada de órgãos de um paciente em morte encefálica para ser transplantada
em um indivíduo possivelmente desconhecido, não deixa de ser algo considerado um drama
chocante entre morte e vida. A ideia de que um ente querido se tornará em pedaços, tirandolhe o coração, fígado, córneas, rins, em favor de um desconhecido, sucinta um sentimento de
rebelião e recusa. Por outro lado, fará ressurgir a uma vida radicalmente revigorada, seres
humanos, quase moribundos, ou presos a uma máquina para sobreviver. Desta maneira o
sentido da morte muda de face (CICCONE, 1999).
Quanto à forma de obtenção, especificamente falando em órgãos oriundos de
seres humanos, a questão mais importante é a do resguardo da voluntariedade e da
espontaneidade no ato de doar órgãos, aceitando que o bem comum está acima da vontade do
indivíduo e permitindo a apropriação dos órgãos de cadáveres ou que o indivíduo é
proprietário do seu corpo e, desta forma, pode dispor do mesmo como melhor lhe aprouver.
O número de candidatos a transplantes inscritos em lista de espera em nosso
Estado cresce continuamente. A demanda reprimida decorrente exerce pressões de todo tipo,
que resultam em técnicas e iniciativas destinadas a aumentar o suprimento de enxertos, seja de
doador cadáver seja de doador vivo (GOLDIM, 2005).
A utilização de órgãos de doadores cadáveres tem sido a solução mais promissora
para o problema da demanda excessiva. A dificuldade inicial foi o estabelecimento de
81
RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis
.Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá –
Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04,
77-98. Set. 2010/Dez. 2010.
critérios para caracterizar a morte do indivíduo doador. A mudança do diagnóstico
cardiorrespiratório para o encefálico possibilitou um grande avanço neste sentido. Os critérios
para a caracterização de morte encefálica foram propostos, no Brasil, pelo Conselho Federal
de Medicina através da resolução CFM 1480/97.
Na doação de órgãos do doador cadáver muda-se a discussão da origem para a
forma de obtenção: doação voluntária, consentimento presumido, manifestação compulsória
(GOLDIM, 2005).
A alocação dos órgãos para transplante, assim como de outros recursos escassos
deve ser feita em dois estágios. O primeiro estágio deve ser realizado pela própria equipe de
saúde, contemplando os critérios de elegibilidade, de probabilidade de sucesso e de progresso
à ciência, visando à beneficência ampla. O segundo estágio, a ser realizada por um Comitê de
Bioética, pode utilizar os critérios de igualdade de acesso, das probabilidades estatísticas
envolvidas no caso, da necessidade de tratamento futuro, do valor social do indivíduo
receptor, da dependência de outras pessoas, entre outros critérios mais (GOLDIM, 2005).
A consciência da desonestidade na recusa , assim como os danos consequentes
disso, coloca urgente, o problema de como promover uma cuidadosa e extensa superação dos
maiores e mais difundidos obstáculos e convincente recepção da perspectiva de doação de
órgãos e tecidos.
O que se pretende é fornecer elementos para um posicionamento adequado frente
a essas vertentes, na medida em que se transformam, considerando que na historia do
comportamento humano, grandes descobertas sempre coincidiram com modificações de
costumes e abolição de normas impeditivas, exigindo revisão dos princípios que as
disciplinavam. Senão mais, essas modificações mostram que não existem princípios e regras
de comportamento dogmáticos ou imutáveis, mas que, pelo contrário, podem evoluir para
posições até então sequer admissíveis. (RAIA, 2003).
É fundamental relatar que todas as religiões sejam cristãos, evangélicos ou
espíritas são receptíveis a doação de órgãos e tecidos, a única exceção encontrada é em
relação aos seguidores testemunhas de Jeová que não aceitam doação de sangue.
Após o diagnóstico de morte encefálica, a família deve ser consultada e orientada
sobre o processo de doação de órgãos. A entrevista deve ser clara e objetiva, informando “que
a pessoa está morta e que, nessa situação os órgãos podem ser doados para transplante”. Essa
conversa pode ser realizada pelo próprio médico do paciente, pelo médico da UTI ou pelos
membros da equipe de captação, que prestam todas as informações que a família necessitar. O
RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis
.Atuação do enfermeiro e sua práxis no processo de captação e doação de órgãos. Estácio de Sá –
Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04,
77-98. Set. 2010/Dez. 2010.
82
assunto deve ser abordado em uma sala privativa com ambiente calmo, todos os presentes
sentados e bem acomodados (MOZACHI, 2005).
ASPECTOS GERAIS DOS TRANSPLANTES
Morte Encefálica (ME)
As mortes violentas representam a primeira causa das mortes encefálicas, seguidas
pelos acidentes vasculares cerebrais, neoplasias, doenças do aparelho respiratório, doença
perinatal, doenças metabólicas e infecto-contagiosas. As mortes violentas envolvem, em sua
maioria, vítimas com uma faixa etária jovem constituindo-se os melhores potenciais doadores.
A segunda causa de notificação envolve, em sua maioria, adultos com idade superior a 40
anos, o que acarreta restrições quanto à doação de alguns órgãos.
Para a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) ME é: “É uma
lesão irrecuperável e irreversível do cérebro após traumatismo craniano grave, tumor
intracraniano ou derrame cerebral”, ou seja, é a interrupção definitiva de todas as atividades
cerebrais.
De acordo com a comissão para os estudos dos problemas éticos na pesquisa
comportamental médica e biomédica, ME “É um quadro clínico num paciente com idade
superior a dois anos, portador de uma doença estrutural ou metabólica conhecida, de caráter
completa e indubitavelmente irreversível, expressando uma total falência das funções de todo
o encéfalo inclusive do tronco encefálico, quadro clínico este que persiste de maneira
invariável por um período mínimo de seis horas.”
A resolução 1.480 de 08 de agosto de 1997 do conselho federal de medicina
(CFM) que cita os critérios para determinação da ME. Considera que “É a parada total e
irreversível das funções encefálicas, equivale à morte”. Dispõe em seu artigo 1º que a morte
encefálica será caracterizada através da realização de exames clínicos e complementares
durante intervalos de tempo variáveis, próprios para determinadas faixas etárias.
A falha no reconhecimento ou o reconhecimento tardio do portador de ME pode
levar à perda de órgãos devido à parada cardiorrespiratória inesperada, Instabilidade
hemodinâmica ou infecção. A grande maioria dos portadores de ME é constituída por
pacientes vítimas de problemas cerebrais: traumatismo crânioencefálico (TCE), hemorragia
subaracnóide, neoplasias cerebrais não-metastatizantes ou isquemia cerebral. (PEREIRA,
2004).
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Art. 4º. Os parâmetros clínicos a serem observados para constatação de morte
encefálica são: coma aperceptivo com ausência de atividade motora supra-espinal e apnéia.
Em seu art. 5º define o intervalo mínimo entre os duas avaliações clínicas necessárias para
caracterizar ME.
a) De 7 dias a 2 meses incompletos - 48 horas
b) De 2 meses a 1 ano incompleto - 24 horas
c) De 1 ano a 2 anos incompletos - 12 horas
d) Acima de 2 anos - 6 horas
O avanço da tecnologia nas diversas áreas, fez com que acontecesse o que há anos
atrás era improvável, manter vivo um corpo morto, a invenção dos ventiladores mecânicos, as
unidades de terapia intensiva e determinadas drogas associadas a um corpo técnico
qualificado proporciona essa condição.
A ME não deve ser confundida com o coma profundo (estado vegetativo, que
pode ser reversível), o artigo 6º da mesma resolução trás que os exames complementares a
serem observadas para constatação de ME deverão demonstrar de forma inequívoca, a
ausência de atividade elétrica cerebral ou, ausência de atividade metabólica cerebral ou,
ausência de perfusão sanguínea cerebral.
O exame clínico neurológico torna-se indispensável para o diagnóstico da ME,
que além de ser preciso o coma tem que ter uma causa conhecida e de caráter irreversível. O
diagnóstico é baseado na anamnese, exame clínico e exames laboratoriais.
Para que ocorra a confirmação de ME, são necessárias três avaliações realizadas
por médicos diferentes sendo um deles neurologista ou neurocirurgião e que não faça parte de
nenhuma equipe transplantadora, o exame complementar deverá ser feito por um terceiro
médico entre a 1ª e 2ª prova ou como 3ª prova.
O exame clínico- A hipotermia e a hipernatremia fazem parte da fisiopatologia da
ME. A hipotermia decorre da destruição do centro termorregulador no hipotálamo, devido à
lesão encefálica, associada à inabilidade de vasoconstrição por perda do tônus simpático. É
classifica em leve (temperatura corporal < 35ºC); moderada (temperatura corporal < 32,2ºC) e
grave (temperatura corporal< 28°C).
A hipernatremia tem etiologia multifatorial, provocada também, em parte, por
lesão neurológica, dessa vez no nível da neuro-hipófise, comprometendo a produção de
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hormônio antidiurético (vasopressina), o que configura o quadro de diabetes insípido central.
O exame neurológico compatível com ME apresenta três achados:
a) A presença de coma sem resposta motora supra-espinhal- A ocorrência de movimentos
reflexos ou automatismos medulares, não excluem o diagnóstico de ME, estudos
comprovam que a existência desses reflexos em pacientes com diagnóstico estabelecido
de ME é de 44%.
b) Ausência de reflexos do tronco cerebral- o exame deve avaliar as vias reflexas do
mesencéfalo, ponte e bulbo, nessa sequência, a lesão neuronal progride, em geral, no
sentido crânio-caudal. A pupila deve-se avaliar o tamanho e a reatividade à luz. Na ME
são de tamanho médio (de 4 a 6 mm) ou midriáticas, sem resposta a luz (reflexo fotomotor
ausente). Reflexo córneo-palpebral pesquisa-se tocando levemente a córnea com uma
mecha de algodão. A resposta normal é o fechamento dos dois olhos por contração do
músculo orbicular. Na ME está resposta está ausente. Reflexo oculocefálico paciente em
ME não apresenta esse movimento ocular compensatório à rotação lateral da cabeça
(manobra dos olhos de boneca). Não deve ser realizado quando há suspeita de trauma
cervical. Reflexo oculovestibular antes de realizar a pesquisa desse reflexo, certificar-se de
que não haja obstrução do canal auditivo por cerume ou lesão timpânica que dificulte ou
impeça, a correta realização do exame. A cabeça deve ser mantida elevada a 30º durante a
infusão de 50 ml de líquido (soro fisiológico ou água) próximo de 0ºC, em cada ouvido. A
resposta fisiológica normal é a ocorrência de movimentos oculares lateralizados (nistagmo
horizontal). Na ME não há resposta motora ocular reflexa.
c) Apnéia na existência de estímulo respiratório máximo- A avaliação do centro respiratório,
localizado no bulbo, consiste na realização do teste da apnéia, da seguinte maneira:
hiperoxigenação do paciente com FIO2 de 100% por 10 minutos; desconexão do
ventilador, sendo instalado um cateter de oxigênio endotraqueal ao nível da Carina, com
fluxo de 6 l/min; monitoração do ritmo cardíaco, da pressão arterial sistêmica e da
saturação arterial de oxigênio por oximetria de pulso, durante todo o procedimento e
observação da presença de movimentos respiratórios até a PaCO2 atingir 55mmHG. O
teste é considerado positivo quando o paciente apresenta apnéia em todo o período. Este
teste deve ser suspenso caso o paciente desenvolva instabilidade hemodinâmica, distúrbio
no ritmo cardíaco ou hipóxia, podendo apresentar como complicação parada cardíaca
(caso ocorra deverá ser utilizados manobras de ressuscitação).
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Exames complementares- Podem ser classificados quanto ao tipo de princípio fisiológico
avaliado e quanto à aplicabilidade em determinadas faixas etárias. A demonstração de
atividade elétrica cerebral é feita por eletroencefalograma (EEG); a ausência de atividade
circulatória cerebral pode ser determinada pela angiografia, cintilografia radioisotópica,
Doppler transcraniano, monitoração da pressão intracraniana, tomografia computadorizada
por xenônio e tomografia por emissão de fóton único. Atividade metabólica ausente pode ser
evidenciada pelo PET. Crianças entre 7 dias e 2 anos, o exame indicado é o EEG, que deve
ser, no mínimo, realizado duas vezes.
O exame complementar ideal seria aquele não – invasivo com alta sensibilidade e
especificidade, baixo custo, boa praticidade e aplicabilidade (de preferência na beira do leito),
disponibilidade, e com menos interferências de fatores sistêmicos, como distúrbios
metabólicos e drogas sedativas. (GARCIA et al, 2006).
A terapia contínua após a expedição de um atestado de ME só se justifica na
preservação de órgãos para transplantes ou quando se tratar de uma grávida com um feto
viável. O atestado de morte encefálica equivale a um atestado de óbito, e a data documentada
por esse atestado é a data do óbito a ser considerada para todos os procedimentos médicos
legais. (PEREIRA, 2004).
A parada total e irreversível das funções encefálicas será constatada através da
observação desses critérios, registrados em protocolo, devidamente aprovado pela comissão
de Ética da Instituição Hospitalar. Deverá ser comunicado imediatamente tal fato aos seus
responsáveis legais, antes de adotar qualquer medida adicional. (PEREIRA, 2004).
Doador
O transplante de órgãos sólidos, a partir do início da década de 80, deixou de ter
caráter experimental e passou a ser importante opção terapêutica para pacientes portadores de
doenças orgânicas terminais nos quais o tratamento convencional não foi eficaz. Muitos
pacientes são privados desse método terapêutico devido à dificuldade na obtenção de órgãos
para transplante. Essa dificuldade é devida a problemas culturais e médico-legais, associados
ao reconhecimento tardio e a abordagem inadequada do potencial doador de órgãos.
(PEREIRA, 2004).
Classificação dos doadores:
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 Doador vivo é um cidadão juridicamente capaz, que nos termos da lei, possa doar
órgão ou tecido sem comprometimento de sua saúde e aptidões vitais. Pela legislação
vigente, parentes até quarto grau e cônjuges podem ser doadores; não parentes somente
com autorização judicial. Pode- se doar em vida, um dos rins, parte do pulmão, parte do
fígado e medula óssea.
 Doador cadáver na atualidade esse tem sido o mais importante doador de órgãos. A
retirada post-mortem de órgãos e tecidos destinados a transplante deve ser precedida de
diagnóstico de Morte Encefálica. O transplante só pode ser autorizado após a realização,
no doador, de testes de triagem para afastar infecção sanguínea. Um doador cadáver pode
doar órgãos e tecidos para até 12 pessoas (receptores na Lista Única), todavia, após a
retirada, o cadáver é condignamente recomposto e entregue à família ou aos responsáveis
legais para o sepultamento. Os órgãos que podem ser doados:
 Doador com o coração batendo: coração, fígado, pulmão, rins, pâncreas, córneas,
pele, ossos, cartilagem, tendão, veias, valva cardíaca e intestino. Doador com o coração
parado: córneas, pele, valvas cardíacas e ossos.
 Possível doador: qualquer pessoa que possua os critérios para ser testado para ME (em
coma de causa conhecida, Glashow 3, no respirador) ou que apresentou morte de causa
neurológica, sem que fossem realizados os testes de morte encefálica. Não deve apresentar
contra-indicações absolutas, previamente conhecidas, para a doação. Não deve ser
considerado como possível doador um paciente com critérios para ME, com diagnóstico
conhecido de neoplasias e AIDS.
 Potencial doador possível doador em que foi realizado pelo menos o primeiro teste
clínico para ME.
 Doador efetivo potencial doador em que foi removido pelo menos um órgão sólido,
para transplante. Não é considerado doador efetivo se foi removidos apenas tecidos.
(GARCIA, 2006)
Cada órgão tem um tempo médio de sobrevida entre sua retirada do doador e o
transplante no receptor. Esse intervalo varia de acordo com as condições de quem doa e de
quem recebe.
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Tabela 1 – Os órgãos e tempo de retirada e posterior conservação.
ÓRGÃOS/TECIDOS
TEMPO PARA RETIRADA
TEMPO DE PRESERVAÇÃO
Coração
Antes da PC*
Até 4 a 6 horas
Pulmão
Antes da PC
Até 4 a 6 horas
Rins
Até 30 min pós- PC
Até 48 horas
Fígado
Antes da PC
Até 2 a 24 horas
Pâncreas
Antes da PC
Até 12 a 24 horas
Córneas
Até 6 horas pós-PC
Até 7 dias
Ossos
Até 6 horas pós-PC
Até 5 anos
Pele
Até 6 horas pós-PC
Até 5 anos
Valva cardíaca
Até 10 horas pós-PC
Até 5 anos
Fonte: PEREIRA (2004)
*
PC= Parada Cardíaca
Os critérios absolutos para exclusão de órgãos para transplante são: Infecção por
sepse bacteriana ou fúngica, hepatites ou encefalites viróticas, AIDS, infecção ativa por
citomegalovírus ou infecção herpética sistêmica, tuberculose ativa, sífilis, doença de chagas e
uso habitual de drogas. Malignidade (exceto tumores primários do SNC ou carcinomas de
pele ou cervical localizado) e traumatismo direto no órgão.
Tabela 2 - critérios para doação de órgãos específicos.
Córneas
De 1 a 65 anos*, história pregressa negativa para cirurgia ou doença intraocular.
Rins
De 1 mês a 75 anos*, história negativa de doença renal, perfusão renal
adequada, débito urinário adequado.
Fígado
≤ a 75 anos*, peso e altura do doador satisfatórios, prova da função hepática
normais, ausência de etilismo.
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≤ 60 anos*, altura e peso do doador satisfatório, RX de tórax e ECG
Coração
normais, PC não prolongada, doses baixas de agentes inotrópicos positivos.
Coração/pulmão
Mesmos critérios para coração mais: Trauma ou infecção pulmonar ausente,
ventilação artificial < 24 horas, se possível trocas gasosas adequadas com
FiO2 < 30%, diâmetro torácico do receptor adequado, ausência de
tabagismo.
≤ 65 anos*, amilase plasmática normal, história familiar negativa para
Pâncreas
diabetes melito.
*
Fonte: PEREIRA (2004)
As idades do doador são as recomendadas pelo Instituto de transplantes de Pittsburgh
A doação de órgãos por portadores de sorologia positiva para hepatite C tem sido
motivo de controvérsias. Há evidencias de transmissão do vírus da hepatite C após
transplantes. Porém como a carência de órgãos é muito séria, admite-se a utilização de órgãos
vitais (coração, pulmão e fígado) de portadores de sorologia positiva para hepatite C.
(PEREIRA, 2004).
Os possíveis doadores de órgãos devem ser submetidos a uma avaliação
laboratorial rigorosa. De acordo com a lei nº 9.434/97 em seu artigo 2º parágrafo único (com
redação dada pela lei 10.211/2001) “A realização de transplantes ou enxertos de tecidos,
órgãos e partes do corpo humano só poderá ser autorizada após a realização, no doador, de
todos os testes de triagem para diagnóstico de infecção e infestação exigido em normas
regulamentares expedidas pelo ministério da saúde.”
O processo doação-transplante pode ser definido como um procedimento médico
composto de uma série de etapas ordenadas de forma precisa, que transforma órgãos de
pessoas mortas em órgãos disponíveis para transplante. Esse processo, que pode envolver
mais de cem profissionais e durar de 14 a72 horas, tem início com a sociedade que fornece os
órgãos e tecidos e termina com esta, sendo beneficiado com esses transplantes.
Em decorrência do pequeno número de casos diagnosticado de ME e do complexo
processo de obtenção de órgãos, o número insuficiente de doadores para atender à crescente
demanda de pacientes em lista de espera passou a ser o maior obstáculo para a realização de
transplantes. Portanto a falta de órgãos para transplantes reflete não apenas a falta de
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potenciais doadores, mas também, e principalmente, a falha em convertê-los em doadores
efetivos. (GARCIA et al, 2006).
Na detecção dos potenciais doadores em UTI ou emergência, é fundamental a
participação da equipe intensivista e toda equipe multiprofissional em especial o profissional
enfermeiro, uma vez que a equipe de enfermagem presta cuidados contínuos 24 horas por dia.
Vários fatores implicam na dificuldade de profissionais de saúde em envolver-se
no processo de doação, sendo eles:
Tabela 3 – Fatores que provocam dificuldade na atuação do profissional de saúde.
- Falta de treinamento médico na identificação e no manejo clínico do potencial doador.
- Desconhecimento de como iniciar o processo de doação.
- Receio de complicações legais.
- Trabalho extra, envolvidos na manutenção do potencial doador.
- Desconforto com o conceito de morte encefálica.
- Desconhecimentos dos critérios de indicação e contra-indicação para doação.
- Dificuldade em considerar seu paciente como doador de órgãos.
- Relutância em entrevistar a família num momento de sofrimento.
Fonte: GARCIA (2006.)
Considerando a Portaria Nº 2.600/GM, de 21 de outubro de 2009, que aprova o
Regulamento Técnico do Sistema Nacional de Transplantes com a finalidade de implementar
estratégias destinadas a promover o fortalecimento e o aprimoramento do Sistema Nacional
de Transplantes -SNT, a melhoria do processo de doação/transplante, o aumento do número
de notificações de morte encefálica e a efetivação de doadores e, consequentemente, do
número de captações de órgãos e tecidos e de transplantes realizados.
No SNT, as funções de órgão central são exercidas pelo Ministério da Saúde por
meio da Coordenação-Geral do Sistema Nacional de Transplantes – CGSNT, do
departamento de Atenção Especializada – DAE, da Secretaria de Atenção à Saúde – SAS.
As Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos - CNCDOs são as
unidades executivas das atividades do SNT. O credenciamento das CNCDOs é realizado
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através da Secretarias Estaduais de Saúde e do Distrito Federal ou órgãos equivalentes – SES
solicita à CGSNT o credenciamento da CNCDO.
De acordo com a mesma resolução, considera-se importante a organização de uma
rede de apoio às instituições hospitalares nas diversas etapas do processo de doação de órgãos
e tecidos; e a pertinência do estabelecimento de mecanismos para a criação, a estruturação, o
funcionamento e o financiamento de Organizações de Procura de Órgãos e Tecidos – OPO.
Em seu artigo 1º § 2º a mesma tem a função de coordenação supra-hospitalar responsável por
organizar e apoiar, no âmbito de sua atuação e em conformidade com o estabelecimento no
regulamento técnico do SNT, as atividades relacionadas ao processo de doação de órgãos e
tecidos, a manutenção de possível doador, a identificação e a busca de soluções para as
fragilidades do processo, a construção de parcerias, desenvolvimento de atividades de
trabalho e a captação para a identificação e efetivação da doação de órgãos ou tecidos.
A CNCDO-GO (Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos de
Goiás), criada em 1998, é formada por uma equipe multiprofissional da Secretaria de Estado
da Saúde de Goiás, subordinada ao Sistema Nacional de Transplantes (SNT) do Ministério da
Saúde (MS). De acordo com a portaria GM Nº 3.407 de 05 de agosto de 1998, seção II
Das Coordenações Estaduais, em seu artigo 3º § 1º; Caberá às Coordenações Estaduais de
Transplante: elaborar normas complementares a este regulamento, de âmbito estadual;
autorizar a criação de CNCDO Regionais; encaminhar solicitações de credenciamento das
CNCDO à Coordenação do SNT, conforme o disposto no § 1o do artigo 5º do Decreto n.º
2.268, de 1997; supervisionar o funcionamento das CNCDO em sua área de atuação; enviar
anualmente as informações sobre as atividades relacionadas aos transplantes à Coordenação
do SNT e indicar os coordenadores intra-hospitalares de captação de órgãos, partes e tecidos.
Cada Unidade da Federação poderá criar uma CNCDO, desde que em seu território
existam equipes especializadas e estabelecimentos de saúde habilitados a efetuar diagnóstico
de morte encefálica, a retirar órgãos e realizar transplantes e enxertos.
A portaria Nº 1752/GM de23 setembro de 2005, determina a constituição de
Comissão Intra-Hospitalar de Doação de órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) em
todos os hospitais públicos, privados e filantrópicos com mais de 80 leitos. Considerando a
necessidade de envolver, de forma mais efetiva e organizada, os hospitais integrantes do
Sistema Único de Saúde - SUS no esforço coletivo de captação de órgãos, especialmente
aqueles que disponham de UTI cadastradas, que sejam integrantes dos Sistemas Estaduais de
Referência Hospitalar em Atendimento de Urgências e Emergências e/ou que realizem
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transplantes; considerando que a existência e o funcionamento de CIHDOTT permitem uma
melhor organização do processo de captação de órgãos, melhor identificação dos potenciais
doadores, mais adequada abordagem de seus familiares, melhor articulação do hospital com a
respectiva CNCDO, e que, por fim, viabilizam uma ampliação qualitativa e quantitativa na
captação de órgãos.
A CIHDOTT deve ser composta por no mínimo três membros de nível superior,
integrantes do corpo funcional do estabelecimento de saúde, dentre os quais 1 (um) médico ou
enfermeiro, designado como Coordenador Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos
para Transplante. Os membros da Comissão não devem ser integrantes de equipe de
transplante e/ou remoção de órgãos ou tecidos ou integrar equipe de diagnóstico de morte
encefálica. O coordenador deverá ter certificação de Curso de Formação de Coordenadores
Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante, ministrado pelo SNT ou
pelas
CNCDO
validado
pelo
SNT,
texto
ditado
pela
portaria
1262/2006.
Receptor
De acordo com o decreto nº 2.268/1997 que regulamenta a lei 9.434/1997 em seu
capítulo 5 do transplante ou enxerto seção I do consentimento do receptor art. 22 “O
transplante ou enxerto só se fará com o consentimento expresso do receptor, após
devidamente aconselhado sobre a excepcionalidade e os riscos do procedimento”. E em seu
primeiro parágrafo nos diz que:
“§1º Se o receptor for juridicamente incapaz ou estiver privada dos meios de
comunicação oral ou escrita, ou ainda, não souber ler e escrever, o consentimento
para a realização do transplante será dado por um de seus pais ou responsável legal,
na ausência do qual a decisão caberá ao médico assistente, se não for possível, por
outro modo mantê-lo vivo”.
Todo paciente que precisa ser transplantado é inscritos na lista única de receptores
do Sistema nacional de Transplantes do Ministério da Saúde (cuja ordem é seguida com rigor,
sob supervisão do Ministério Público), por uma equipe responsável pelo procedimento do
transplante. A partir desse cadastro, a central de transplantes emite uma lista de receptores
inscritos, compatíveis para o doador; no caso dos rins deve-se se fazer ainda uma nova
seleção por compatibilidade imunológica ou histológica. Os transplantes somente poderão ser
realizados em pacientes com doença progressiva ou incapacitante, irreversível, por outras
técnicas terapêuticas.
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Segundo a portaria 2601 a Fila Única é constituída pelos receptores em potencial
brasileiros, natos ou naturalizados, inscritos para recebimento do órgão, tecido, célula ou parte
do corpo, que estiverem regularmente cadastrados no Cadastro Técnico Único – CTU. Os
mesmos devem ter seus dados clínicos no CTU referente a cada tipo de órgão, tecido, célula
ou parte do corpo para que a distribuição deles a estes potenciais receptores ocorra dentro de
um conjunto de critérios específicos, sendo que um mesmo paciente não poderá integrar dois
cadastros, ao mesmo tempo, em diferentes CNCDO.
Os dados clínicos dos candidatos a receptor, inscritos no Sistema de Lista Única,
constituem o CTU. A ficha para inscrição em lista de espera pela CNCDO deve conter, no
mínimo, os seguintes dados:
 I - nome completo; II - data de nascimento; III - nome da mãe; IV - CPF; V - Cartão
SUS; VI - peso, nos casos em que se aplique; VII - altura, nos casos em que se aplique;
VIII - endereço completo; IX - telefones para contato; X - equipe transplantadora; XI estabelecimento de saúde onde será realizado o transplante; XII - diagnóstico; XII resultados dos exames laboratoriais e outros realizados, com a respectiva data de
realização, nos casos em que se aplique; e XIV - outras informações clínicas relevantes, a
critério do médico assistente.
Com o objetivo de contribuir para a redução do tempo de espera em lista para
transplantes de órgãos de doadores falecidos e melhorar a qualidade de vida dos receptores,
poderão ser utilizados doadores com critérios expandidos, sendo que, neste caso, as equipes
especializadas deverão informar dados complementares na ficha de inscrição no CTU, com
manifestação expressa do receptor e da equipe a respeito das condições do órgão que são
aceitáveis para seu receptor.
Os serviços que realizarão os exames anatomopatológicos necessários ao controle
e auditoria do princípio legal da lista única deverão ser indicados pela CNCDO Estadual. É
atribuição da equipe especializada e do estabelecimento de saúde, sob supervisão de seu
diretor clínico, manter atualizadas as informações cadastrais dos potenciais receptores sob
seus cuidados assistenciais, inclusive os dados para a ficha complementar no CTU para
transplante de órgãos ou tecidos, conforme definido pela CNCDO e que deverá conter as
informações definidas para tal em cada módulo de transplante.
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Compatibilidade
A compatibilidade imunogenética entre doadores-receptores ao transplante de
órgãos ou de tecidos se dá através da imunologia de transplantes. O complexo maior de
histocompatibilidade (MHC), denominado no homem de Sistema HLA (Human Leukocyte
Antigen) está envolvido nos mecanismos de reconhecimento celular, visando proteger o
organismo de agressões externas e da regulação da resposta imunológica envolvendo, na
maioria das vezes os antígenos HLA do órgão transplantado.
A resposta imunológica acontece pela intervenção dos elementos de defesa, com o
envolvimento de anticorpos, de numerosos mecanismos de regulação e de fatores
amplificadores celulares. A semelhança genética entre doador e receptor contribuirá para o
sucesso e a sobrevida do órgão transplantado. Pode-se dizer que os transplantes de órgãos ou
tecidos são classificados em:
 Autotransplante: transplante de órgãos, tecidos ou células do mesmo indivíduo.
 Isotransplante: transplante entre indivíduos da de mesma constituição genética
(gemelares);
 Alotransplantes: transplantes feitos com órgãos de indivíduos da mesma
espécie (são os mais comuns);
 Xenotransplante: entre indivíduos de espécies diferentes (ainda em caráter
experimental).
A rejeição de transplantes contribuiu enormemente para a imunologia, pois
através de seus estudos foi possível à identificação dos antígenos de histocompatibilidade e
uma melhor compreensão da fisiologia das células T, as principais responsáveis pela rejeição.
O transplante de órgãos é atualmente aceito como uma opção terapêutica efetiva para doenças
crônicas terminais e seu objetivo principal é o sucesso sem a ocorrência de rejeição. A
prevenção da rejeição pode ser feita através de testes prévios comparando os antígenos de
histocompatibilidade do doador com o do receptor (prova de reação cruzada), através da
terapia imunossupressora ou ambos.
A rejeição do órgão transplantado (enxerto) ocorre quando o receptor reconhece o
tecido enxertado como estranho. Esse reconhecimento se faz através dos antígenos
pertencentes ao sistema de histocompatibilidade principal, designados no homem como
antígenos leucocitários humanos (HLA), presentes nas células do enxerto. A reação é muito
complexa e envolve a imunidade celular e anticorpos circulantes. A participação desses dois
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RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis
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mecanismos varia entre os enxertos, podendo participar um ou outro mecanismo, às vezes os
dois.
Atuação do enfermeiro
Manutenção do potencial doador
O reconhecimento e a manutenção dos potenciais doadores em ME estão entre os
grandes desafios enfrentados pelas equipes que atuam em UTIs e Emergências. Neles estão
implicadas questões de cunho ético, legal e filosófica, tanto quanto aspectos afetivos que
envolvem a família e a equipe, numa situação extremamente delicada e desgastante, essa é
umas das principais etapas para o êxito dos transplantes.
Inicialmente o potencial doador é extensivamente avaliado do ponto de vista
clínico e laboratorial bem como em relação à determinação do grupo sanguíneo, perfil
sorológico, peso, altura, idade, doença de base e história clínica pregressa, informações
indispensáveis inclusive para a equipe de captação.
O cuidado com o potencial doador de órgãos é semelhante àquele dispensado a
doentes graves. O objetivo do tratamento passa a ser direcionada à preservação da função dos
órgãos e a otimização da oferta de O2 para os tecidos.
O doador de órgãos deve ser submetido a uma monitorização mínima, porque
instabilidade hemodinâmica é inerente a ME. As principais medidas de avaliação e
intervenção de enfermagem, dirigidas ao doador cadáver incluem:
Tabela 4 – Avaliação e intervenção.
INTERVENÇÃO
OBJETIVO
Indispensável na prevenção de úlceras por pressão e
Mudança de decúbito
atelectasias. Cuidado redobrado com a pele.
Descompressão gástrica e prevenindo aspirações.
Sondagem nasogástrica
Sondagem
vesical
de A mensuração e a monitorização do débito urinário permitem
a avaliação da função renal.
demora
Possibilitará a monitoração da PVC. Indispensável como guia
Acesso venoso central
para a reposição volêmica. Administração de drogas
vasoativas, em caso de hipotensão.
Obtenção
de
arterial
Monitorização
acesso Permite a monitorização da pressão arterial média (PAM) e
coleta de amostras com maior rapidez.
Indispensável na detecção e no diagnóstico precoce de
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eletrocardiográfica
Reposição volêmica
arritmias cardíacas.
Manter a PVC em níveis ideais. Persistindo a hopovolemia,
será recomendada a administração de drogas vasoativas em
bomba de infusão.
Fonte: PEREIRA (2004.)
A parada cardíaca ocorre em aproximadamente 25% dos potencias doadores de
ME, como já foi abordado, deve-se realizar as manobras avançadas de ressuscitação. Deve ser
reforçada para toda a equipe a importância do diagnóstico precoce da condição de parada
cardíaca, e a instituição imediata da ventilação com oxigênio a 100% e das compressões
torácica, com o intuito de manter os órgãos perfundidos e prevenir os efeitos adversos da
acidose.
Os vasopressores (dopamina e noradrenalina) são necessários para manter a
pressão arterial, na maioria dos pacientes com ME. As doses terapêuticas desses
medicamentos devem ser os menores possíveis, para manter-se o efeito terapêutico desejado.
Após a estabilização hemodinâmica do doador, continua-se a administração de
líquidos e eletrólitos. Para a manutenção recomenda-se a administração de solução salina
hipotônica, soluções glicosadas devem substituir soluções salinas se não houver hiperglicemia
grave. Essa medida pode promover aumento dos estoques hepáticos de glicogênio, com
efeitos favoráveis na recuperação da função hepática pós-transplante.
A poliúria é comum após a ME e pode ser secundária às seguintes condições:
Diurese osmótica consequente à hiperglicemia, a hipernatremia ou à administração de
substâncias osmoticamente ativas (manitol para tratamento de edema cerebral), hipotermia ou
diabetes insípido. A correção da poliúria deve ser orientada para o ajuste dos fatores causais,
devem ser administrada insulina, se houver hiperglicemia e vasopressina, em caso de diabetes
insípido etc. A hipofosfatemia e a hipocalcemia graves devem ser corrigidos, para evitar
depressão miocárdica.
Cabe a equipe de enfermagem ficar atenta aos sinais vitais (PA, Tax, FC e SaO2).
Verificando hipotermia, providenciar aquecimento adequado, podendo utilizar um foco bem
próximo ao corpo, cobertores, soros aquecidos se não houver resposta às tentativas anteriores.
Realizar anotações de enfermagem sobre todos os procedimentos prestados ao
potencial doador.
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Tabela 5 - objetivos finais do tratamento do doador.
Pressão arterial sistólica
90-100 mmHg
Pressão venosa central
10-12 cmH2O
Débito urinário
100-250 mL/hora
Temperatura corporal
> 35ºC
Hematócrito
25-30%
SaO2
> 95%
pH arterial
7,35-7,45 mmHg
Fonte: PEREIRA (2004)
Cuidados com o receptor
O trabalho do profissional enfermeiro deve ser no sentido de, exercendo suas
funções de assistência, administração, ensino, pesquisa e consultoria, investir esforços na
identificação e na prevenção de complicações e intervir para a recuperação integral da
qualidade de vida do receptor e a entrega do corpo do doador em condições dignas para sua
família.
A modalidade terapêutica transplante veio enfatizar a importância da capacitação
e da qualificação dos enfermeiros que atuam nesta área. E para que haja uma assistência de
enfermagem de qualidade, diferenciada, é imprescindível que, além do domínio técnico,
exista sistematização de suas ações. Estabelecendo e reavaliando o diagnóstico de
enfermagem, conforme a evolução do cliente, o enfermeiro intervirá com segurança em todos
os níveis de alterações apresentadas pelo mesmo, nas diversas fases do tratamento.
(PEREIRA, 2004).
Devem-se criar protocolos assistenciais de enfermagem para garantir esta
sistematização, a padronização das condutas dos profissionais, a construção de parâmetros de
qualidade para assistência e a redução de variações indesejadas nas condutas.
Uma vez candidato ao transplante, o cliente é encaminhado ao enfermeiro da
equipe, que, mediante protocolos preestabelecidos, realizará a consulta de enfermagem
utilizando o processo de enfermagem, com a coleta de dados, exame físico e as demais fases,
individualizando o atendimento.
Orientar o cliente e a família quanto à:
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 Protocolo de exames pré – operatórios, incluindo finalidades, preparos,
procedimentos e locais de realização.
 Cirurgia incluindo pré, trans e pós - operatório.
 Importância da adesão ao tratamento com imunossupressor.
 Lista de espera.
 Realizar as visitas domiciliares, feitas pelas equipes multidisciplinares.
 Programar junto aos enfermeiros das unidades de internação UTI e centro
cirúrgico, as visitas pré-operatórias de acordo com protocolos específicos de
cada setor e conforme as condições e o interesse do cliente e da família.
 Cientificar-se das avaliações dos demais membros da equipe multiprofissional.
 Informar-se dos resultados dos exames laboratoriais, imagenológicos,
histopatológicos realizados durante a avaliação pré-operatória dos vários
sistemas e órgãos.
 Manter integração entre a CNCDO e a equipe de transplante.
 Participar de reuniões multiprofissionais administrativas e científicas da equipe
de transplantes. Todos os enfermeiros que estão envolvidos com o cliente
devem participar dessas reuniões, nas quais são apresentados e discutidos
temas relacionados com a modalidade terapêutica, os casos dos pacientes que
estão em lista de espera e os dos internados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observa-se no contexto histórico dos transplantes, que houve um notável
amadurecimento das ideias em relação às técnicas, tratamento e tudo o que diz respeito ao
assunto. Com o surgimento dos antimicrobianos, das UTIs e profissionais qualificados
proporcionaram uma condição maior de sobrevida aos pacientes com patologias crônicas.
A legalidade dos transplantes no Brasil e a estruturação existente contribuem
positivamente para os resultados crescentes dos transplantes realizados no país, o qual se
encontra em segundo lugar no ranking mundial. Em contra partida, estamos longe de
comemorar esses resultados, uma vez que no estado de Goiás existem na lista de espera mais
de 3.000 pessoas conforme dados da central estadual de transplantes no ano de 2008.
Contudo pode-se verificar através do presente estudo que há uma deficiência de
bibliografias referente ao tema, este item associado a falta de educação continuada e as
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RIBEIRO; A. C. Moreira; BUENO; A. P. Silva; OLIVEIRA; É. S. e FONSECA; Adriano Luis
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77-98. Set. 2010/Dez. 2010.
melhores condições de trabalho sugerem um entendimento de restrição de conhecimento do
profissional enfermeiro, no qual poderá comprometer todo o processo de doação de órgãos.
REFERÊNCIAS
GARCIA, V. D. et. al . Transplante de órgãos e tecidos. 2ª ed., São Paulo: Segmento farma, 2006.
PEREIRA, W. A. Manual de transplantes de órgãos e tecidos. 3ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2004.
CICCONE, L. Bioética e transplantes de órgãos. Bauru, SP: Edusc, 1999.
SALES, O. Leitura e interpretação de exames em enfermagem. 3ª ed., Goiânia: AB, 2008.
MAZACHI, N., SOUZA, V.H.S. O hospital: manual do ambiente hospitalar. 10ª ed., Curitiba: anual
Real, 2005.
FIGUEREDO, N.M.A. Método e metodologia na pesquisa científica. 3ª ed., São Caetano do Sul, SP:
Yendis, 2008.
MARCONI, M. A., LAKATOS, E.M. Fundamentos de metodologia científica. 6ª ed. São Paulo:
Atlas, 2009.
WOLKOFF, A.G. Dicionário ilustrado de termos médicos e saúde. São Paulo: Rideel, 2005.
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Lista_de_Espera.pdf. Acessado em 05/03/2010 às
18h15min.
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/TRANSPLANTES_2009.pdf. Acessado em 05/03/2010
às 18h18min.
http://www.transplantes.pe.gov.br/como_funciona.htm. Acessado em 02/04/2010 às 15h27min.
www.ufrgs.br.bioética/transprt.htm acessado em 14/04/2010 às 18h20min.
Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 04, 99 – 117. Set. 2010/Dez. 2010.
DINAMOMETRIA E ESCLEROSE MÚLTIPLA
REVISÃO DA LITERATURA
Adriano Luís Fonseca
Juliana Couto
Kliver Marin
Pedro Ranna
Glauco Marques Zanin
Daniela R. P. Fonseca
Resumo:
Abstract:
É uma revisão bibliográfica sobre força de Preensão
Palmar em portadores de EM, utilizando o
Dinamômetro como principal meio de medição.
Foram utilizados dados de artigos retirados da
LILACS, Medline, Scielo, Google Acadêmico, no
período de 1970 até 2010,utilizando-se das palavras
chaves: Preensão Palmar,Esclerose Múltipla e
Dinamômetro. Síntese de dados: A medição da força
de preensão palmar em portadores de Em tem como
objetivo principal fornecer o nível de fadigabilidade
dos membros superiores de portadores de Em
principalmente no estágio secundário progressivo da
doença onde já se encontra instalados os sinais
neurológicos.
It is a literature review on grip strength in patients
with MS, using dynamometry as a primary means of
measurement. We used data from articles taken
from LILACS, MEDLINE, SCIELO.GOOGLE
ACADEMIC, from 1970 to 2010, using key words:
Palmar
Grasp,
Multiple
Sclerosis
and
Dynamometer. Data synthesis: The measurement of
hand grip strength in patients on main goal is to
provide the level of fatigability of the upper limbs of
patients mainly in the secondary progressive stage
of the disease which is already installed
neurological signs.
Palavras-chave:
Key-words:
Força de preensão Palmar, Esclerose Múltipla e
Dinamômetro.
Hand grip strength,
Dynamometer.
multiple
sclerosis
and
INTRODUÇÃO
A EM é uma doença de caráter geralmente progressivo, na qual a inflamação e
desmielinização da substancia branca do sistema nervoso central resulta em vários sinais e
sintomas neurológicos. Após 10 anos do início dos sintomas 50% dos pacientes poderão estar
inaptos para fazerem atividades profissionais e mesmo domésticas.
A evolução da EM é extremamente variável e imprevisível. Identificam-se dois
cursos bem distintos da EM: o primeiro se denomina curso remitente/recorrente, mais comum
no adulto jovem, onde os sintomas e sinais neurológicos são transitórios, sendo imprevisível o
100
FONSECA, Adriano Luís; COUTO, Juliana; MARIN, Kliver; RANNA, Pedro; ZANIN, Glauco
Marques; FONSECA; Daniela R.P. Dinamometria e esclerose múltipla: revisão da literatura.
Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO VOL. 01, Nº 04, 99-117. Set. 2010/Dez. 2010.
momento e a característica do próximo surto; e o segundo, denominado curso progressivo, no
qual os sintomas e sinais neurológicos instalados se intensificam, sem remissão sendo o
quadro neurológico mais sistematizado, geralmente com comprometimento motor (sistema
piramidal e /ou cerebelar) e manifesta-se mais frequentemente aos 40 anos (CALLEGARO,
2001).
A força de preensão palmar não é simplesmente uma medida da força da mão ou
mesmo limitada à avaliação do membro superior. Ela tem muitas aplicações clínicas
diferentes, sendo utilizada, por exemplo, como um indicador da força total do corpo,e neste
sentido é empregada em testes de aptidão física.
Vários instrumentos diferentes foram projetados para mensurar a força de
preensão palmar, desde a simples adaptação de equipamentos de pressão sanguínea até
sistemas computadorizados sofisticados. Desenvolvido por Bechtol no ano de 1954 o
dinamômetro Jamar consiste em um sistema hidráulico de aferição, sendo considerado o
instrumento mais aceito para avaliar a força de preensão palmar, por ser relativamente
simples, fornecer leitura rápida e direta, além de sua fácil utilização em diferentes campos de
pesquisa e atuação clínica em nível ambulatorial. (MOREIRA. D, 2003)
REVISÃO DE LITERATURA
Esclerose Múltipla
A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica, progressiva, autoimune, caracterizada por inflamação e desmielinização da substância branca do sistema
nervoso central (SNC). Essa doença resulta em sinais e sintomas neurológicos com períodos
flutuantes de exacerbações e remissões de grande impacto familiar, afeta principalmente
adultos jovens, entre 20 e 40 anos, de causa desconhecida, atingindo preferencialmente o sexo
feminino e indivíduos com predisposição genética. A doença é rara em crianças, assim como
o surgimento de sintomas em adultos acima de 50 anos de idade. (DELISA; GANS, 2002;
FERNANDES, 2008.; SULLIVAN; SCHMITZ; 2004).
A causa da EM é uma área de pesquisa contínua. A atividade auto-imune resulta
em desmielinização, mais o antígeno sensibilizado não foi identificado. Acredita-se que a
exposição ambiental na juventude pode desempenhar alguma função no desenvolvimento da
EM, em um momento posterior na vida. A predisposição genética é indicada pela presença de
um agrupamento específico (haplotipo) dos antígenos leucocitários humanos (HLA) na parede
101
FONSECA, Adriano Luís; COUTO, Juliana; MARIN, Kliver; RANNA, Pedro; ZANIN, Glauco
Marques; FONSECA; Daniela R.P. Dinamometria e esclerose múltipla: revisão da literatura.
Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO VOL. 01, Nº 04, 99-117. Set. 2010/Dez. 2010.
celular. A presença de seu Haplotipo pode promover a suscetibilidade aos fatores,como os
vírus,que deflagram a resposta auto-imune ativada na EM. (VER. BRAS. ENFERMAGEM,
BRASÍLIA 2007, JUL- AGO; 60(4):460-3)
A evolução da EM é extremamente variável e imprevisível. Identificam-se dois
cursos bem distintos da EM: o primeiro se denomina remitente/recorrente, mais comum no
adulto jovem, onde os sinais e sintomas são transitórios, sendo imprevisível o momento e a
característica do próximo surto; e o segundo, denominado curso progressivo, no qual os sinais
e sintomas neurológicos instalados se intensificam, sem remissão, sendo o quadro neurológico
mais sistematizado, geralmente com comprometimento motor (sistema piramidal e/ou
cerebelar) e manifesta-se mais frequente após os 40 anos.
Em termos de frequência, o curso remitente é mais comum, sendo observado
aproximadamente em 85% dos pacientes (CALLEGARO, 2001).
No Brasil, tornou imprescindível a interação dos vários centros especializados,
com a finalidade de realização de estudos multicêntricos que abordem os vários aspectos da
doença. Existe dificuldade inerente ao diagnóstico, tendo como obstáculos para tal, a falta de
colaboração de médicos no registro de casos e de precariedade da assistência médica estatal
(LIMA et al.; 2008).
A prevalência de EM varia consideravelmente no mundo. A razão para essa
variação prevalência/incidência é desconhecida (SCHLUSSEL et al.; 2008), mas costuma ser
mais comum em áreas de clima temperado. A prevalência geográfica é mais elevada no norte
da Europa, sul da Austrália, norte dos Estados Unidos e sul do Canadá. No Brasil, os estudos
realizados na cidade de São Paulo, mostram taxa de prevalência de aproximadamente
5/100000 habitantes e estudos recentes realizado pela federação mundial de sociedades de EM
avaliaram que 1,1 milhões de pessoas em todo mundo possui a doença (FERREIRA et al.;
2004; ALMEIDA; 2007 ).
O Brasil é considerado um país de baixa prevalência da EM,existindo contudo
ragiões que apresentam média incidência,como demonstram estudos em cidades como São
Paulo,Belo Horizonte e Botucatu. Especula-se que essa diferença em diversas regiões do
Brasil decorra em parte da nossa diversidade genética e do nosso índice de miscigenação.
Esses fatores, aliados a grande extensão territorial do Brasil seriam responsáveis pela
concentração de determinadas características genéticas e fenotípicas em algumas regiões do
nosso país. Apesar desses fatores, observações epidemiológicas dos grupos de estudo do
Projeto Atlântico-Sul,Departamento Científico de Neuroimunologia da Academia Brasileira
102
FONSECA, Adriano Luís; COUTO, Juliana; MARIN, Kliver; RANNA, Pedro; ZANIN, Glauco
Marques; FONSECA; Daniela R.P. Dinamometria e esclerose múltipla: revisão da literatura.
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de Neurologia e do Comitê Brasileiro para Pesquisa e Tratamento da Esclerose Múltipla
(BCTRIMS) demonstram casos em EM são observados na quase totalidade do território
brasileiro (ARQ NEUROPSIQUIATR,2006;64(3-A)).
A causa da EM é desconhecida. Os sintomas neurológicos parecem resultar de um
mecanismo imunológico direcionado contra antígenos mielínicos, que desnuda os axônios,
reduzindo a velocidade de condução nervosa e levando aos sintomas neurológicos (TILBETY
et al.; 2005). A doença tem um curso lento e progressivo, com períodos de exacerbação e
remissão dos sintomas que variam enormemente de um indivíduo para o outro em termos de
apresentação clínica e gravidade dos sintomas apresentados, dependendo do local da lesão
(LIMA et al.;2009). O curso da doença é altamente imprevisível. Nos estágios iniciais, pode
ocorrer remissão relativamente completa dos sintomas, á medida que a doença progride, as
remissões podem ser menos completas com aumento das disfunções neurológicas e
complicações que afetam múltiplos sistemas do corpo. Um mesmo paciente pode, portanto,
apresentar lesões em diferentes estágios de evolução/regeneração (MORALES et al.; 2007;
SULLIVAN; SCHMITZ; 2004 ).
A EM pode ser classificada da seguinte forma: EM remitente-recorrente, EM
primariamente progressiva, EM secundariamente progressiva (LIMA et al.; 2008).
A doença é classificada de acordo com a apresentação inicial e sua forma de
progressão. A forma mais comum é a surto-remissiva, presente inicialmente em 85% dos
casos, enquanto, em media 15% dos pacientes apresentam a forma primariamente progressiva
(WEILER; 2008).
A EM remitente-recorrente é definida naqueles pacientes que apresentaram surtos
claramente definidos com remissão completa ou incompleta mantendo períodos sem
progressão entre os surtos. Geralmente o paciente exibe dois ou mais surtos com duração
maior que 24 horas e intervalo mínimo de 30 dias entre cada surto. A EM primariamente
progressiva é definida naqueles pacientes que apresentam curso progressivo de incapacidade
desde o início da doença, ao longo de no mínimo seis meses, sem platô ou remissões ou com
platôs ocasionais e pequenas melhoras temporárias. A EM secundariamente progressiva é
definida naqueles pacientes que apresentam um curso inicial tipo remitente-recorrente que
posteriormente, geralmente após 10 a 20 anos, evoluem com piora progressiva dos sintomas
neurológicos com um acúmulo gradual de déficits neurológicos, com ou sem surtos
ocasionais, discretas remissões e platôs (CALLEGARO, 2001; DELISA; GANS, 2002;
WEILER; 2008).
103
FONSECA, Adriano Luís; COUTO, Juliana; MARIN, Kliver; RANNA, Pedro; ZANIN, Glauco
Marques; FONSECA; Daniela R.P. Dinamometria e esclerose múltipla: revisão da literatura.
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Forma benigna é definida naqueles pacientes caracterizados como portadores da
forma remitente-recorrente que apresentam pelo menos 10 anos de história clínica, com pouco
ou sem incidência de déficit neurológico. Alguns desses pacientes, no entanto podem
desenvolver a doença progressiva posteriormente. Já a forma maligna, em que ocorre um
desenvolvimento particularmente grave da EM progressiva primária, levando à morte
fulminante pela doença ou 5 anos após o seu inicio (DELISA; GANS; 2002).
As manifestações clínicas da EM são variáveis de paciente para paciente e sua
evolução usualmente não é linear, caracterizada por piora dos sintomas, acúmulo de
incapacidades intercaladas no início da doença, por períodos variáveis de melhora. Estas
variações são difíceis de quantificar na prática neurológica, motivo pelos quais os
instrumentos disponíveis para estas avaliações terem sido, até a presente data, um desafio
constante (TILBERY et al.; 2005).
As EM apresenta diversas manifestações clínicas como diminuição das funções
motora, sensitiva, cerebelar, cognitiva, urogenital, mental e visual, que se caracterizam por
períodos de exacerbação intercalados com períodos de remissão.
Apesar da EM afetar, potencialmente, qualquer parte do SNC, muitos pacientes
portadores desta doença apresentam como primeiro sinal o comprometimento ocular.
Alterações súbitas ou silenciosa na visão são comuns (SIBINELLI,2000).
O diagnóstico da doença é estabelecido por critérios clínicos sendo o mais recente
o de McDonald et al (2001) 2. A clássica disseminação no tempo e no espaço da EM é ainda
indicada, nestes novos critérios, como fundamento do diagnóstico clinico, sendo necessário a
constatação de dois surtos e duas evidências objetivas de comprometimento neurológico para
que o diagnóstico seja firmado. Crescente valor é atribuído a Ressonância magnética (RM)
agora já aceita como apoio ao diagnóstico precoce de EM, desde que as alterações de imagem
preencham os critérios de Barkhof e Tintoré 2. Alterações na RM de crânio como extensas
áreas de hipersinal em T2 localizadas na substância branca periventricular, áreas de
hipointensidade em T1 sugestivas de lesão axonal (.black holls.) e sinais de atrofia cerebral
são também utilizados como indicadores de gravidade de doença 3. No entanto persistem
muitos questionamentos considerando-se o.paradoxo clinico radiológico. 4 observado nesta
enfermidade, O prognóstico da EM a longo prazo não se correlaciona diretamente com as
alterações na neuroimagem. Por isto, as definições de EM benigna ou maligna são dadas
exclusivamente baseadas em critérios clínicos. Brian Weinshenker 5 da Clinica Mayo (USA)
define EM benigna considerando o tempo de duração da doença (mínimo de 10 anos) e a
104
avaliação
FONSECA, Adriano Luís; COUTO, Juliana; MARIN, Kliver; RANNA, Pedro; ZANIN, Glauco
Marques; FONSECA; Daniela R.P. Dinamometria e esclerose múltipla: revisão da literatura.
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neurológica
(índice
de
Incapacidade
igual
ou
menor
do
que
3).(ALVARENGA,2004)
Atualmente, não há exames de sangue, de imagem, testes genéticos, exame de
Líquor Cefalorraquidiano (LCR) que possam, por si, determinar se a pessoa tem EM ou pode
vir a tê-la no futuro. O diagnóstico é clínico com base no histórico do paciente (queixas
passadas e presentes), na avaliação dos sintomas percebidos e relatados pelo paciente e na
presença de sinais neurológicos detectados durante o exame neurológico.
A ressonância magnética (RM) permite descartar com muita segurança outras
enfermidades e como os potenciais evocados permitem evidenciar lesões desmielinizantes não
suspeitadas clinicamente, chegando assim a um diagnóstico de certeza da EM na maioria dos
casos, realizando-se, além disso, o diagnóstico mais precoce (ALMEIDA; 2007).
A desmielinização ocorre no SNC, e refere-se à destruição da mielina, um
material gorduroso e proteináceo que circunda determinadas fibras nervosas no cérebro e na
medula espinhal; ela resulta em comprometimento da transmissão dos impulsos nervosos e
altera de forma intermitente a função neurológica. Os sinais e sintomas da EM variam
consideravelmente, dependendo da localização de lesões específicas, podendo comprometer
três regiões do SNC: a) medula espinhal - causa fraqueza, espasmos musculares, fadiga,
distúrbios sexuais, etc; b) tronco cerebral - causa diplopia, nistagmo, ataxia, disartria e
disfagia, e c) hemisférios cerebrais - causa declínio intelectual, depressão, euforia, demência,
entre outras alterações. Fenômenos transitórios também podem ser referidos: epilepsia,
espasmos tônicos e fenômeno de Uhthoff (obscurecimento temporário da visão decorrente do
aumento da temperatura corporal em pacientes com esclerose múltipla), sensações
vestibulares anormais como vertigem, desequilíbrio, frequentemente acompanhadas de
náuseas e vômitos, são comuns em seu curso clínico. Nos estágios avançados, os pacientes
demonstram envolvimento grave, sintomas comuns incluem paraplegia, bexiga neurogênica,
comprometimento visual, tremor intencional e instabilidade emocional. Em caos mais graves,
os pacientes podem se tornar completamente incapacitados (PAVAN et al.; 2007; ANDRADE
et al; 2007; ALMEIDA; 2007; SULLIVAN; SCHMITZ; 2004).
Os déficits cognitivos na EM são comuns, vistos em aproximadamente 50% dos
pacientes. Os comprometimentos na função cognitiva podem incluir déficits na memória, na
atenção e concentração, no aprendizado, no raciocínio conceitual, na velocidade de
processamento de informações, no tempo de reação, e nas funções executivas (como planejar,
sequenciar, resolver problemas, automonitoração e autocorreção). O nível de disfunção
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Marques; FONSECA; Daniela R.P. Dinamometria e esclerose múltipla: revisão da literatura.
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cognitiva é um fator importante na determinação da qualidade de vida, atividades sociais,
estado de empregabilidade e função nas AVDs (SULLIVAN; SCHMITZ; 2004).
A espasticidade também é um problema extremamente comum em pacientes com
EM, ocorrendo em 90% dos casos. A espasticidade pode variar de leve a grave, dependendo
da progressão da doença, sendo tipicamente mais marcante nos membros inferiores do que
nos superiores. A espasticidade pode também causar dor, contraturas incapacitantes, posturas
anormais e problemas para manter a integridade da pele.
Em pacientes com doença avançada, a espasticidade pode ser bastante
incapacitante e difícil de lidar (SULLIVAN; SCHMITZ; 2004).
A fadiga é um sintoma subjetivo e pode ser definida como sensação de cansaço
físico ou mental profundo, perda de energia ou sensação de exaustão, com características
diferentes daquelas observadas na depressão ou fraqueza muscular. É referida com frequência
em portadores de EM sendo descrita como um dos mais incapacitantes sintomas da doença.
Pode se manifestar a qualquer hora do dia, inclusive ao repouso e estar presente em todas as
formas evolutivas da doença, sendo mais grave nas formas progressivas (PAVAN et al.;
2007). A mensuração da fadiga é considerada o aspecto central da sua avaliação e, devido ao
seu caráter multidimensional, tem sido realizada através de escalas de auto-avaliação.
Usualmente os instrumentos utilizados para mensurar a fadiga na EM são de auto-resposta,
em que o indivíduo descreve e pontua a sua fadiga. (DELISA; GANS, 2002; LEBRE et al.;
2007).
Os sinais e sintomas são polimorfos e dependem das localizações das lesões
desmielinizantes. O déficit é um dos mais frequentes, por compromisso unilateral no nervo
óptico
(neurite
óptica).Alterações
sensoriais,como
parestesias
e
disestesias,
são
frequentemente sintomas inaugurais da doença. Prurido intenso, unilateral, principalmente nos
dermátomos cervicais também é sugestivo dessa patologia. A nevralgia do trigêmino pode ser
o sintoma inaugural da doença e a vertigem é também muitas vezes observada (3050%).(FERNANDES,2009)
Apesar do impacto da doença variar, de acordo com o tipo de EM, de indivíduo
para indivíduo, frequentemente, em sua progressão diária, os sintomas mais comuns incluem
fadiga, disfunções intestinais e da bexiga, problemas de visão, tremores, espasmos, alterações
da fala, dificuldades para engolir, disfunções sexuais, dificuldade em executar as atividades
básicas do cotidiano (como comer, tomar banho, vestir e cuidar dos afazeres domésticos),
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dificuldades de aprendizado e concentração, problemas de locomoção, dores e depressão.
(Associação Brasileira de Esclerose Múltipla).
Como consequência desses sintomas, a EM pode afetar de modo substancial e
adverso a Qualidade de Vida (QV) das pessoas. Além disso, muitas pessoas com EM
abandonam seus trabalhos e passam a depender de parentes ou programas governamentais
para seu sustento, seja este financeiro ou não.
É importante avaliar a força muscular em indivíduos com EM uma vez que, a
fraqueza muscular é comum e frequentemente causa deficiência. Após mensurar a intensidade
desta força, é possível ter noção do quanto o paciente foi afetado, e neste sentido, escolher
exercícios que possa melhorar a força e a resistência, o que tem sido feito em vários
programas de reabilitação (DELISA; GANS, 2002).
FORÇA DE PREENSÃO PALMAR
A força de preensão palmar é um índice objetivo da integridade funcional dos
membros superiores (GILBERT, 1983; MOURA; MOREIRA; CAIXETA, 2008). Estudos
descrevem que a força da mão está correlacionada com a força da extremidade superior, força
geral do corpo e algumas medidas antropométricas. Esse índice objetivo auxilia na
monitorização do progresso dos pacientes com lesões do segmento (RANTANEN et al.,
1992; SHIFFMAN, 1992; TSUJI et al., 1995).
A preensão palmar abrange duas classes de movimentos: preênsil e não-preênsil.
Os movimentos de preensão englobam aqueles em que um objeto fixo ou solto é agarrado por
uma ação de apertar ou pinçar entre os dedos e a palma da mão. Os movimentos não-preênseis
incluem vários movimentos como empurrar, levantar, bater e pontear os dedos, como ao
escrever à máquina, dedilhar um instrumento musical de cordas (NAPIER, 1983).
O movimento preênsil se divide em pinça lateral, de polpa e terminal (REIDER,
2001). A pinça lateral ocorre ao realizar o movimento onde há um contato do polegar com a
borda lateral do dedo indicador (REIDER, 2001). Magee (2005) afirma que a pinça lateral é
realizada ao gerar um contato com o polegar e a face lateral do indicador, não havendo assim
uma oposição. Já a pinça de polpa necessita de uma pequena rotação para permitir que a
falange distal do polegar venha formar um triângulo com as falanges distais dos dedos
indicador e médio (REIDER, 2001). Magee (2005) Denomina este tipo de pinça como de três
pontas, onde ocorre o contato e oposição da polpa digital do polegar com a polpa digital dos
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dedos indicador e médio. A pinça terminal é formada quando há um encontro entre a
extremidade distal do polegar totalmente oposta à extremidade distal de um dos dedos
(REIDER, 2001).
Ainda, podemos observar que outros tipos de pinça preênsil tais como pinça
cilíndrica, de gancho, em punho, esférica e de precisão são descritas na literatura (SIMON et
al., 2000; REIDER, 2001; MOORE et al., 2001; MAGGE, 2005; ANAKWE; HUNTLEY;
MCEACHAN, 2007). A preensão cilíndrica envolve o polegar e toda a mão para segurar um
objeto (MAGEE, 2005). Moore e colaboradores (2001) classificam este tipo de preensão
como força de “pega” (aperto palmar) e afirma que os movimentos dos dedos exercem uma
força contra a palma da mão, colocando uma pressão a um objeto contra o polegar. A pinça de
gancho utiliza aproximadamente 5% da atividade da mão permitindo que os dedos recurvados
segurem uma alça ou sustentem o objeto com atuação dos flexores longos dos dedos
(REIDER, 2001). (MAGEE, 2005) Afirma que todos os dedos ou apenas o 2º e o 3º
quirodáctilo realizam a preensão em gancho sendo permitida pelos flexores e extensores do
antebraço, podendo envolver as articulações interfalângicas e metacarpofalâgicas, assim não
sendo utilizado o polegar. A preensão em punho é realizada envolvendo um objeto estreito
onde os quirodáctilos realizam uma flexão pressionando o objeto em oposição ao polegar
(MAGGE, 2005). A preensão esférica ocorre uma oposição maior onde a mão adquire um
aspecto côncavo na face palmar englobando um objeto esférico (MAGGE, 2005). A preensão
de precisão envolve a mudança na posição de um objeto que requer o controle preciso dos
movimentos de dedos e do polegar (MOORE et al., 2001).
A importância da mensuração da força de preensão é fornecer um índice objetivo
da integridade funcional dos membros superiores. Os dados colhidos auxiliam o médico e o
terapeuta a interpretar resultados e a estabelecer metas adequadas de tratamento, além da
aplicação clínica de avaliação da inabilidade, resposta ao tratamento e avaliação da habilidade
de um paciente em retornar às atividades de vida diária (MOURA et al, 2008; 26(3):290-4)
DINAMÔMETRO
Inúmeros instrumentos estão disponíveis para quantificar a força de preensão
palmar. O dinamômetro é considerado o instrumento mais acurado e preciso para aferição de
Dinamometria Manual (DM). O aparato é formado por duas barras paralelas ligadas entre si,
onde à medida que são apertadas provocam uma alteração diretamente proporcional à força de
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preensão. A força de preensão pode ser estabelecida em quilograma/força (kg/f) ou em
libras/polegadas. O aparelho é simples, fácil manuseio, leitura rápida e direta (SCHLUSSEL
et al., 2008; MATHIOWETZ et al., 1985; CAPORRINO et al., 1998; MOREIRA, 2003).
Os aparelhos utilizados para esta medida de força podem ser classificados em
quatro categorias: hidráulicos, pneumáticos, mecânicos e strain gauges (ou células de carga)
(SCHLUSSEL et al., 2008).
Dinamômetros hidráulicos são sistemas selados que medem a DM em
quilograma/força ou libras por polegada ao quadrado. Diversos estudos utilizam este aparato
para quantificar a Dinamometria Manual (DM) (SCHMIDT; TOEWS, 1970; MATHIOWETZ
et al., 1985; HÄRKÖNEN; PIIRTOMAA; ALARANTA, 1993; CROSBY; WEHBÉ;
MAWR, 1994; CAPORRINO et al., 1998; HANTEN et al., 1999; INCEL et al., 2002;
BOADELLA et al., 2005), uma vez que este é recomendado pela American Society of Hand
Therapists (ASTM) (CROSBY, 1994).
O dinamômetro hidráulico contém uma manopla que pode ser regulada dentro de
5 posições (1 a 5). A posição 1 permite menor espaço entre as barras de ferro e a posição 5
maior distância entre elas. A segunda posição é a mais utilizada segundo relatos de estudos
que utilizaram a Dinamometria Manual (DM) (CROSBY; WEHBÉ; MAWR, 1994).
Diversos modelos de dinamômetros mecânicos têm sido utilizados dentre eles os
dinamômetros Harpenden (VAZ et al., 1996; QURESHI et al., 1998; LE CORNU et al.,
2000) e Smedley (TERAOKA, 1979; WANG et al., 2005; WATANABE et al., 2005).
Instrumentos pneumáticos utilizam um mecanismo de compressão em uma bolsa
de ar para determinar a DM, em função da quantidade de tensão produzida em uma mola de
aço (INNES, 1999; SCHLUSSEL et al., 2008).
O dinamômetro do tipo strain gauges são aparelhos em que a força empreendida
em uma célula carga é captada eletronicamente, amplificada e transmitida para um monitor
digital (INNES, 1999; SCHLUSSEL et al., 2008).
Muitos estudos têm demonstrado a confiabilidade da quantificação da força
muscular com dinamômetro de preensão palmar (WILES, KAMI, 1983; van der PLOEG,
OOSTERHUIS,
REUVEKAMP,
1984;
BOHANNON,
1986;
BOHANNON,
1999;
STUBERG, METALF, 1988; MERLINI et al., 2002; WILLEKE et al., 2006). Confiabilidade
teste-reteste do dinamômetro hidráulico para medir a força muscular isométrica tem sido
estudada em sujeitos assintomáticos e sintomáticos (WANG; OLSON; PROTAS, 2002).
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A acurácia do aparelho deve ser mantida por meio de calibração regular.
Recomenda-se a calibração do dinamômetro hidráulico ao menos uma vez por ano, e mais
frequentemente, entre 4 e 6 meses, quando utilizado diariamente. Portanto, não existem na
literatura estudos examinando por quanto tempo o dinamômetro mantém sua acurácia,
indicando desta forma, o tempo ótimo de recalibragem (INNES, 1999).
Diferentes posições e protocolos têm sido observados para a aferição da DM
(CROSBY et al., 1994; ASFORD et al., 1996; BOHANNON, 1997; KILMER et al., 1997;
CAPORRINO, et al., 1998; NG; FAN, 2001; BEENAKKER; HOEVEN; MAURITS, 2001;
SANDE et al., 2001;; MOREIRA et al., 2003; LUNA-HEREDIA; MARTIN-PENA; RUIZGALIANA, 2004; VERMEULEN, et al., 2005; ANAKWE; HUNTLEY; MCEACHAN,
2007; LEYK et al., 2007; SCHLUSSEL et al., 2008; GUNTHER, et al., 2008).
Segundo a American Society of Hand Therapists (ASHT), a posição do indivíduo
para realização da medida engloba: posição sentada, ombro a zero graus de abdução e rotação
neutra, cotovelo fletido a 90 graus, antebraço e punho na posição neutra (MATHIOWETZ et
al., 1985; HARKONEN; PIIRTOMAA; ALARANTA, 1993; CAPORRINO et al., 1998;
ARMSTRONG; OLDHAM, 1999; NG; FAN, 2001).
Alguns estudos descrevem pequenas variações nessa posição, por exemplo, que a
posição do punho fosse auto-selecionada pelos indivíduos, para que obtivessem a força
máxima de preensão (CROSBY; WEHBE; MAWR, 1994) ou ainda que alguns indivíduos se
posicionassem de pé, ao invés de sentados, mas mantendo a posição padrão para o braço
(HANTEN et al., 1999). O estudo realizado por Ng e Fan (2001) avalia se a posição do
cotovelo afeta a força e reprodutibilidade das medidas de força de preensão palmar.
Outro fator importante ao utilizar a DM envolve a posição de manuseio. Alguns
instrumentos, como o dinamômetro hidráulico, permitem que se ajuste a pega ao realizar o
teste. Isto quer dizer que é possível ajustar a empunhadura (ou posição de manuseio) do
dinamômetro, para que melhor se adapte ao tamanho da mão e ao comprimento dos dedos do
indivíduo (SCHLUSSEL et al., 2008).
As manoplas de posicionamento referente a pegadas do dinamômetro podem ser
ajustados em cinco posições de dentro para fora. A quinta posição do cabo, por exemplo,
permite que haja maior distância entre a extremidade dos dedos e o cabo. A segunda posição
do cabo do dinamômetro hidráulico é considerada a mais eficiente para testar força e tem sido
adotada pela ASTH para testes rotineiros (MOREIRA et al., 2003). Bechtol (1954) descreve
que as posições de manuseio mais utilizadas nos estudos revisados, particularmente nos
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estudos que se propõem a fornecer valores normativos para esta medida, são a segunda e a
terceira posição do dinamômetro hidráulico. Innes (1999) também afirma que o dinamômetro
hidráulico seja ajustado na segunda posição para aferição da DM. Ashford e colaboradores
(1996) recomendam a terceira posição para homens e a segunda para mulheres, pelo fato
destes níveis renderem força máxima de aperto para cada gênero.
A determinação de uma sequência clara de instruções dadas aos indivíduos a
serem avaliados é de suma importância. A motivação para realização do teste de força manual
é extremamente necessária a fim de promover estimulo ao indivíduo para que este venha
desenvolver a sua capacidade de contração voluntária máxima (JOHANSSON; KENT;
SHEPARD, 1983).
Não existe consenso na literatura sobre o número de aferições a ser realizada no
teste de DM. Achados descrevem que apenas uma leitura pode ser realizada, maior entre duas
ou três leituras (KLIDJAN et. al., 1980; GRIFFITH; CLARK, 1984; WEBB et. al., 1989;
KALFARENTZOS et al., 1989; HIRSCH et. al., 1992; HUMPHREYS et al., 2002) e a média
de 3 medidas (FIGUEIREDO et. al., 2000a; FIGUEIREDO et. al., 2000b).
O procedimento mais comum observado nos estudos revisados é o registro da
maior entre três leituras (KLIDJAN et. al., 1980; GRIFFITH; CLARK, 1984; WEBB et. al.,
1989; KALFARENTZOS et. al., 1989; HIRSCH et. al., 1992; GUO et. al., 1996; QURESHI
et. al., 1998; LÊ CORNU et. al., 2000; HUMPHREYS et. al., 2002; ALVARES DA SILVA;
SILVEIRA, 2005; WANG et. al., 2005).
Durante a realização do teste de DM é importante ressaltar o período de contração
voluntária máxima. Innes (1999) descreve um tempo de 3 segundos para registrar a máxima
leitura. Nos casos de avaliações repetidas de esforço, um período de descanso entre as
aferições deve ser respeitado para evitar a fadiga muscular. A maioria dos estudos relata um
período de descanso entre as medidas de, no mínimo, 1 minuto (VAZ et. al., 1996;
CAPORRINO et. al., 1998; INCEL et. al., 2002; HILLMAN et al., 2005; HORNBY et al.,
2005). Entretanto, intervalos menores também são observados, como por exemplo, no estudo
de Hanten e colaboradores (1999) um período de 15 segundos e Boadella et. al. (2005) 2 a 5
segundos de repouso.
A influência da dominância é uma questão a ser observada. Na década de 70,
Schmidt e Toews descreveram uma diferença de 10% na força entre a mão dominante e a não
dominante. Crosby et. al. (1994) também observaram uma diferença de 10,0% a mais na força
da mão dominante em relação à não dominante em indivíduos destros. Mathiowetz e
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colaboradores (1985) sugerem que os valores de DM sejam apresentados não em termos de
mão dominante e não dominante, mas simplesmente como DM direita e esquerda, uma vez
que vários estudos avaliam a força independentemente da dominância.
Outros fatores tais como idade, sexo e índice de massa corpórea (IMC)
influenciam significativamente os valores de DM (INNES, 1999). Com relação à idade,
observa-se um aumento na força da DM conforme a idade aumenta, atingindo um pico entre
os 30-45 anos. Um declínio nesses valores para indivíduos com idade mais avançada é
descrito na literatura. Os homens tendem a apresentar maiores valores de DM em relação às
mulheres, independentemente do instrumento utilizado. Uma correlação significativa é
observada entre a DM e IMC.
Ressaltamos a grande importância de quantificar a força de preensão palmar a fim
de registrar a evolução clínica de indivíduos portadores de patologias que acometem a função
muscular dos membros.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada para realização deste trabalho foi a revisão da literatura
através de coleta de artigos científicos publicados em plataformas de pesquisas nacionais e
internacionais utilizando o método investigativo e comparativo.
Para obtenção dos dados, foi realizada pesquisa bibliográfica nas bases de dados:
Lilacs, Medline, Scielo, Bireme e Google Acadêmico, sendo utilizadas as palavras chaves:
Esclerose Múltipla, Força de Preensão Palmar e Dinamômetro.
Sendo descartados os artigos que não se enquadram no tema proposto, e sem
possibilidade de análise da bibliografia.
CONCLUSÃO
Grande parte da literatura atual, pouco descreve sobre a Dinamometria Manual e
suas aplicações em pacientes portadores de Esclerose Múltipla, porém, nos achados literários
observamos que os pesquisadores tendem a se concentrar na força da mão. Isto provavelmente
ocorre porque a avaliação da força é um dos aspectos da função manual mais fácil de
mensurar e de certa forma muito objetivo e tecnicamente de fácil compreensão e leitura.
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FONSECA, Adriano Luís; COUTO, Juliana; MARIN, Kliver; RANNA, Pedro; ZANIN, Glauco
Marques; FONSECA; Daniela R.P. Dinamometria e esclerose múltipla: revisão da literatura.
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O dinamômetro é o sistema de calibração que ganhou mais aceitação clínica na
detecção da força de preensão palmar, e tem sido utilizado regularmente em estudos de
diversos pacientes acometidos pelas diversas patologias que afetam o sistema neurológico e
músculo esquelético.
Apesar das recomendações estabelecidas pela Sociedade Americana de
Terapeutas de Mão, observa-se que ainda não existe um protocolo comum durante o
procedimento do teste com o dinamômetro, em referencia a indivíduos saudáveis, porém, em
se tratando de protocolo aplicável aos portadores de Esclerose Múltipla não foram
identificados relatos de pesquisadores. Existe a necessidade de que novos estudos sejam
padronizados com relação à análise da força de preensão palmar, principalmente no que se
referem a procedimentos, técnicas e abordagem deste teste em pacientes portadores de
Esclerose Múltipla.
A força de preensão palmar, mensurada com o uso do dinamômetro, consiste em
um procedimento objetivo, prático e de fácil utilização. Além disso, pode ser considerado
como um importante parâmetro durante a avaliação e determinação da funcionalidade das
mãos em diversas situações.
A Esclerose Múltipla, por ser uma patologia de característica evolutiva e de
agravamento do quadro clinico, com característica de alternância em períodos de remissões e
reincindivas dos sinais clínicos, em particular, os sinais que agravam a cinética funcional do
paciente, necessitam de acompanhamento especializado cotidianamente, portanto, a
verificação da cinética funcional de membros superiores através do teste de força muscular e
da força de preensão palmar por meio da dinamometria, pode ser uma forma eficaz de
identificação e parametrização e do processo evolutivo do quadro cinético funcional do
paciente portador de Esclerose Múltipla.
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PESQUISAS
Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 04, 119 – 126. Set. 2010/Dez. 2010.
PREVALÊNCIA DE QUEIXAS DE PACIENTES ATENDIDOS EM ACUPUNTURA
Ximenes, A. C. S
Luz, F. G. R.
Luz, M. M. M
Mata, J. R
Resumo:
Abstract:
A acupuntura é uma técnica terapêutica
milenar utilizada para a cura e prevenção de diversas
enfermidades. Este trabalho objetivou avaliar a
prevalência de queixas em atendimentos de
acupuntura bem como relacionar estas com as
preferências climáticas e alimentares. Foram
avaliados 204 pacientes do Programa Acupuntura
Solidária em Goiânia. Os pacientes apresentaram
instrução escolar do ensino fundamental ate a
formação universitária, sendo que a maioria
(44.12%) concluiu apenas o ensino médio. Os
pacientes submetidos ao tratamento foram desde
crianças ate pessoas idosas com maior numero na
faixa de idade de 41 a 60 anos (42.6%). As queixas
de dores foram as mais frequentes (52,9%) com
prevalência da dor lombar seguida pela cefaléia com
preferência pelo inverno em (51,9%) e índice
significativo de preferência pelo sabor salgado.
Acupuncture is an ancient therapeutic technique used
for the prevention and cure of various illnesses. These
studies aimed the prevalence of complaints during
sessions of acupuncture and relate these to climate
and food preferences. There were 204 patients studied
from the Acupuncture Partnership Program in
Goiânia. Patients had schooling of primary school
until university education, while the majority
(44.12%) completed only high school. Patients
undergoing treatment were from children to elderly
people with higher numbers in the age group 41-60
years (42.6%). Complaints of pain were the most
frequent (52.9%) with prevalence of low back pain
followed by headache with preference for the winter
(51.9%) and significant level of preference for salty
taste.
Palavras-chave:
Key-words:
Acupuntura, clima, alimento, queixa principal.
Acupuncture, climate, food, main complaint
INTRODUÇÂO
A acupuntura é uma técnica terapêutica milenar já descrita no livro clássico de
Medicina das Doenças Internas do Imperador Amarelo entre os anos de 2697 a 2596 a.C
(GERBER, 1997; SALAZAR & REYES, 2004). Tem sido definida como terapia de cura e
prevenção de enfermidades pela aplicação de estímulos através da pele (PALMEIRA, 1990;
SCOGNAMILLO-SZABO & BECHARA 2001; SENNA-FERNADES et al. 2005) e esta

Fisioterapeuta, Especialista em Acupuntura- UniSaúde.
Fisioterapeuta, Mestre em Ciências da Saúde, Especialista em Acupuntura, professora/Poloeduc.

Fisioterapeuta, Mestre em Ciências da Saúde, Especialista em Acupuntura, professor/Poloeduc.

Odontólogo, Doutor em Biologia Celular, Especialista em Acupuntura, professor/UFG.

120
Ximenes, A. C. S; Luz, F. G. R.; Luz, M. M. M; Mata, J. R Prevalência de queixas de pacientes
atendidos em acupuntura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 119-126. Set. 2010/Dez. 2010.
técnica tem sido cada vez mais empregada no serviço de saúde pública no Brasil (SILVA,
2001; GOIS, 2007). Como efeito da ação da acupuntura tem sido proposto: a geração de
impulsos elétricos que são levados pelos nervos até o Sistema Nervoso Central; o aumento da
liberação de substâncias analgésicas e antiinflamatórias; a manutenção do equilibrado dos
níveis de serotonina (LOBATO, et al., 2006). Os fatores indutores das doenças podem ser, a
constituição frágil, fatores climáticos como o calor de verão, fogo, umidade, secura, frio e
vento; fatores inerentes ao estilo de vida do individuo os quais tem se tornado uma das
principais causas das doenças no mundo moderno (ROSS, 2003).
A acupuntura se baseia na energia Qi que origina com o feto, a qual é mantida
pelo alimento e a respiração. O Qi circula de um órgão a outro mantendo o seu adequado
funcionamento sendo aí armazenado determinando a saúde ou a doença nos casos de excessos
ou de deficiências (NAKANO e YAMAMURA, 2005).
As doenças dos meridianos Yang na superfície corpórea geralmente ocorrem
devido a uma agressão mórbida do vento, da chuva, do frio ou da umidade e aquelas dos
meridianos Yin se relacionam a desequilíbrios alimentares ou a um cotidiano irregular que
induz desarmonia entre o Yin e o Yang (HE et al., 2001).
Na primavera acorrem patologias relacionadas ao vento com localização no fígado
e perturbações na garganta e pescoço, no verão patologias do calor localizadas no coração
com perturbações no peito e nas costelas, no outono disfunções dos pulmões com
perturbações nos ombros e nas costa e no inverno distúrbios induzidos pelo frio com
comprometimento renal e perturbações na região lombar (HE et al., 2001).
O clima da Região Centro-Oeste do Brasil é tropical, quente e chuvoso. A
característica mais marcante deste clima quente é a presença de um verão chuvoso, entre os
meses de outubro e março, e um inverno seco, entre os meses de maio e setembro
(WIKIPEDIA, 2006).
Na Medicina Tradicional Chinesa, além do fator climático, a dieta é parte
primordial para o equilíbrio da saúde. Assim, quando a alimentação é inadequada em
qualidade, quantidade ou na regularidade de horários, as disfunções tendem a aparecer
(CAMPIGLIA, 2004). A preferência por alimentos com predominância de um dos sabores
doce, picante, salgado, ácido e amargo está relacionada ao estado de saúde dos órgãos (HE et
al., 2001; WEN, 2001; MACIOCIA, 2005). Deste modo, uma alimentação saudável deve
conter os sabores amargo doce, picante, salgado e azedo os quais suprem as necessidades de
cada órgão. Neste sentido, um coração enfraquecido induz a manifestação do desejo de ingerir
121
Ximenes, A. C. S; Luz, F. G. R.; Luz, M. M. M; Mata, J. R Prevalência de queixas de pacientes
atendidos em acupuntura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 119-126. Set. 2010/Dez. 2010.
alimentos de sabor amargo. De modo semelhante, o doce está ligado ao estado do
Baço/Pâncreas e quando estes órgãos apresentam desequilíbrios há obsessão pelo sabor
adocicado (MACIOCIA, 2005).
O objetivo deste trabalho foi avaliar a prevalência de queixas apresentadas nos
ambulatórios de Acupuntura de uma Instituição Não Governamental em Goiânia no período
de março a julho de 2006 relacionando-as com as preferências climáticas e alimentares.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram avaliados 204 pacientes sendo 170 do sexo feminino e 34 do sexo
masculino atendidos no Programa Acupuntura Solidária em Goiânia de março a julho do ano
de 2006. Os seguintes parâmetros foram avaliados: grau de escolaridade; idade do paciente;
queixa principal relacionada com a preferência climática e alimentar. Através da anamnese
dos pacientes identificou-se a queixa principal e estabeleceu as correlações com as
preferências climáticas e alimentares.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Os pacientes apresentaram formação escolar deste o ensino fundamental (26,47%)
ate a formação universitária (29,41%), porem o maior número destes concluíram o ensino
médio (44.12%). Assim, a acupuntura foi procurada como terapia, por pacientes de todos os
graus de escolaridade. Este fato demonstra que esta terapia está se tornando cada vez mais
conhecida e aceita por todos os níveis culturais. O tratamento foi sem ônus para os pacientes e
houve intensa procura pela oportunidade de se submeter ao tratamento, mesmo por pessoas de
camadas sociais mais elevadas, demonstrando que a acupuntura é uma técnica viável, que tem
alcançado a confiança da comunidade pelos incontestáveis benefícios que traz, e por outro
lado, demonstra que não há ainda profissionais no mercado suficientes para o atendimento da
população apta e disposta a se submeter a esta terapia.
Os pacientes submetidos ao tratamento foram desde crianças ate pessoas idosas
(Gráfico). A faixa etária de maior procura foi de 41 a 60 anos (42.6%) o que coaduna com
FERREIRA (1996) ao descrever que o paciente de acupuntura tende ser do sexo feminino,
com a idade média de 45 anos apresentando como queixa mais frequentemente quadros
122
Ximenes, A. C. S; Luz, F. G. R.; Luz, M. M. M; Mata, J. R Prevalência de queixas de pacientes
atendidos em acupuntura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 119-126. Set. 2010/Dez. 2010.
álgicos (91%). Por outro lado o fato de que a maioria dos pacientes se encontrarem nesta faixa
etária pode ter relação com algum grau de dificuldade em aceitar o tratamento, com agulhas
pelos indivíduos mais jovens e pelas dificuldades inerentes dos idosos de procurar o
tratamento ambulatorial.
Gráfico 1 - Distribuição, por grupos de idades, dos pacientes atendidos pelo programa Acupuntura solidária em
Goiânia de março a julho de 2006.
Nº de pacientes
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
5 a 20
21 a 40
41 a 60
acima 60
Idade dos pacientes
A maioria dos pacientes (51,9%) com as queixas estético-dermatológica,
neuropsíquicas, digestivo-cardiorespiratórias e álgicas demonstraram preferência pelo inverno
(Tabela 1). Esta preferência sugere um processo que se inter-relaciona, já que a estação mais
fria induz a pouca atividade física o que favorece prejuízo na estética podendo culminar em
baixa estima. Há maior tendência de se alimentar em excesso no inverno devido ao frio o que
também induz a vários distúrbios orgânicos. Por outro lado a temperatura mais baixa dessa
fase do ano induz algias lombares por agressão ao rim do elemento água e distúrbios
respiratórios com agressão pulmonar do elemento metal pela invasão do vento seco e frio.
Houve poucas queixas urogenitais (0,99%), talvez por timidez dos pacientes em exporem tais
queixas ou por optarem pela medicina convencional devido ao desconhecimento de que a
acupuntura pode representar uma importante abordagem terapêutica para estas patologias. As
queixas de dores foram as mais frequentes (52,9%) o que aponta para o aspecto da acupuntura
123
Ximenes, A. C. S; Luz, F. G. R.; Luz, M. M. M; Mata, J. R Prevalência de queixas de pacientes
atendidos em acupuntura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 119-126. Set. 2010/Dez. 2010.
como tratamento para os diversos quadros álgicos. Outros estudos também relatam a dor
como queixa mais frequente e dentre elas a dor de cabeça, cólicas e dores musculares
(LOBATO, et al., 2006).
Tabela 1 - Cruzamento da queixa apresentada com a preferência climática dos pacientes atendidos em
acupuntura em Goiânia de março a julho de 2006. Foram avaliados 204 pacientes sendo 170 femininos e 34
masculinos.
Queixa Principal
Inverno
Preferências Climáticas
Outono
Primavera
Total
Verão
Estético-dermatológica
20
6
8
7
41 (20,2%)
Neuropsíquica
13
1
3
9
26(12,7%)
Algias
57
17
11
23
108(52,9%)
Digestivo-
16
-
1
6
23 (11,3%)
-
2
1
3
6 (2,9%)
106 (51,9 %)
26 (12,8 %)
24 (11,8) %
48 (23.5) %
204
cardiorespiratória
Urogenital
Total
Dentre as queixas estéticas incluíram-se a obesidade, a qual resulta da pulsão
relacionada com o comer demais, o que tem causas multifatoriais como o fato do indivíduo
estar escondendo por trás de sua gordura, a falta de amor, depressão, insegurança, stress e a
incapacidade de conviver com as tensões inerentes a vida (ROSS, 2003).
A obesidade se instala devido a Deficiência do Qi do Baço-Pâncreas ou do Yang
do Rim ou de ambos (MACIOCIA, 2005). A preferência alimentar de 8 dos 35 pacientes com
obesidade/sobrepeso pelo sabor salgado com concomitância de preferência climática pelo
inverno aponta para a tentativa de tonificar o Qi do Rim.
Grandes números de pacientes com as queixas álgicas demonstraram preferência
pelo sabor doce (35,3%), porém todos os outros sabores também foram citados como de
preferência de significativo numero de pacientes com quadros dolorosos (Tabela 2) o que
reforça as algias como queixa mais frequente em acupuntura. O surgimento da preferência
pelo sabor doce é induzido desde idades mais jovens (DARWISH et al., 1985). Ademais há
intensificação da sensação de bem estar com a secreção de serotonina a qual é incrementada
quando se consome substancias doces, mas em contrapartida o consumo excessivo de
carboidratos é fator desencadeador de sérios distúrbios metabólicos (DUFTY, 1975). A
preferência pelo sabor doce pertencente ao elemento Terra, pela lei de dominância, estanca a
124
Ximenes, A. C. S; Luz, F. G. R.; Luz, M. M. M; Mata, J. R Prevalência de queixas de pacientes
atendidos em acupuntura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 119-126. Set. 2010/Dez. 2010.
Água a qual por sua vez tonifica o Yang do rim em estado de deficiência, (WEN, 2001; HE et.
al., 2001) demonstrando que o organismo através das preferências busca o seu reequilíbrio
(CAMPLIGIA, 2004).
Tabela 2 - Cruzamento da queixa principal apresentada com a preferência alimentar dos pacientes atendidos em
acupuntura em Goiânia de março a julho de 2006. Foram avaliados 204 pacientes sendo 170 femininos e 34
masculinos.
Queixa Principal
Estético-dermatológica
doce
15
Preferência Alimentar
Salgado
amargo
picante
8
2
9
Ácido
7
Neuropsíquica
11
8
2
4
1
Algias
36
24
15
19
14
Digestivo-cardiorespiratórias
9
7
2
3
2
Urogenital
1
3
1
-
1
Total
72
50
22
35
25
(35,3%)
(24,5%)
(10,8%)
(17,2%)
(12,2%)
A dor lombar também foi mencionada como uma algia bem frequente. De fato,
a dor lombar é causa frequente de morbidade e incapacidade, sendo sobrepujada apenas pela
cefaléia na escala dos distúrbios dolorosos (DEYO et. al.1996) e dos pacientes que procuram
à acupuntura, 30% apresentam queixa de dor lombar (FERREIRA, 1996). Assim, a dor é a
principal queixa dos pacientes em acupuntura e estima-se que somente com a acupuntura seja
gasto anualmente um milhão de dólares nos Estados Unidos (CHRIST, 2006). A dor aguda na
região lombar é decorrente de entorse ou de invasão de frio. Nas dores decorrentes de entorse
há estagnação local do Qi e do sangue. A dor decorrente da invasão de frio intensifica-se com
o repouso e pela manhã com alívio através do movimento cotidiano ao longo do dia. Quando
a dor lombar é crônica há deficiência dos Rins a qual é amenizada com o repouso e
intensificada pelo excesso de trabalho ou de atividade sexual (MACIOCIA, 2005).
Neste trabalho identificou-se maior prevalência da dor lombar seguida pela
cefaléia. Os pacientes com dor lombar apresentaram deficiência de Rim, constatado a partir da
preferência pelo inverno em (51,9%) seguido de índice significativo de preferência pelo sabor
salgado. O inverno e o sabor salgado estão relacionados com o elemento Água e promovem a
tonificação do Zang Fú Rim. A tendência de opção pelo inverno e a avidez pelo salgado,
aspectos relacionados com elemento água e o órgão rim, apontam para a busca do equilíbrio
com a promoção da tonificação deste Zan fú.
125
Ximenes, A. C. S; Luz, F. G. R.; Luz, M. M. M; Mata, J. R Prevalência de queixas de pacientes
atendidos em acupuntura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 119-126. Set. 2010/Dez. 2010.
A ansiedade incluída como queixa neuropsíquica está ligada com os sistemas do
Coração e do Rim sendo uma manifestação do distúrbio do Espírito do Coração (ROSS,
2003) originando-se da deficiência do Sangue ou do Yin, por excesso de calor (MACIOCIA,
2005).
Dos 15 pacientes com ansiedade, 9 preferem o inverno e 6 o verão. Quanto à
preferência alimentar houve 7 com preferência pelo salgado e 5 pelo doce. Visto que a
ansiedade acomete o Coração que pertence ao elemento fogo e o Rim pertencente ao elemento
Água a busca pelo doce, elemento Terra e pelo salgado elemento Água com a preferência pelo
inverno e verão ocorreram na busca de sedar o Excesso do Coração e tonificar o Rim.
A cefaléia é um dos sintomas mais comuns observadas nos pacientes ocidentais e
sua etiopatogenia está ligada a vários fatores, dentre os quais se destacam o estado de excesso
de Yang do Fígado e o estado de deficiência do Qi principalmente dos Rins (SOUZA, 2005;
MACIOCIA, 2005). Neste trabalho ocorreram 14 pacientes que se queixaram de cefaléia,
sendo que destes 9 pacientes preferem o sabor doce e 5 o sabor salgado. Quanto ao clima, 11
destes 14 pacientes preferem o inverno. Pela Lei de Dominância o sabor doce, pertencente ao
elemento Terra, sendo neto da Madeira seda o Yang do Fígado em excesso, e a preferência
pelo inverno aponta para a tonificação do Qi dos Rins.
CONCLUSÃO
Os pacientes apresentaram instrução escolar deste o ensino fundamental até a
formação universitária, com o maior número de pacientes na faixa etária de 41 a 60 anos. As
queixas álgicas foram as mais frequentes com prevalência da dor lombar seguida pela
cefaléia, vinculado à preferência pelo inverno e índice significativo de opção pelo sabor
salgado.
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Ximenes, A. C. S; Luz, F. G. R.; Luz, M. M. M; Mata, J. R Prevalência de queixas de pacientes
atendidos em acupuntura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá.
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Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 04, 127 – 135. Set. 2010/Dez. 2010.
TRATAMENTO DA LOMBALGIA ATRAVÉS DE MERIDIANO TENDINEO
MUSCULAR
Castro, B. B
Nishi, M*
Cavalkanti, K*
Mata, JR
Luz, M. M. M
Luz, F. G. R.
Resumo:
Abstract:
A postura ereta adotada pelo homem induziu na
região lombar, uma pressão permanente tornando
esta
área
copórea
sítio
de
frequentes
comprometimentos por dores. O objetivo deste
trabalho foi avaliar o tratamento da lombalgia através
do meridiano tendino-muscular da Bexiga. Foram
avaliados 10 pacientes, sendo quatro do sexo
masculino e seis femininos com idades de 35 a 65
anos, atendidos na Associação dos Deficientes
Físicos de Estado de Goiás no ano de 2006. A
intensidade da dor foi mensurada na 1º, 5º e 10º
sessão usando a escala visual analógica de dor
(EVA). O tratamento foi realizado utilizando os
acupontos B67, B66, B65, B60, Vb34, B54, B30 da
perna acometida de irradiação da dor, finalizando
com o ponto de reunião ID 18 contralateral. Já na 5º
sessão houve uma redução media da dor de 62.2% e
até a 10º sessão, a redução atingiu 78,4% em
comparação com o estado inicial antes do
tratamento. A utilização da acupuntura foi efetiva na
amenização do quadro doloroso apontando o
emprego da técnica dos tendino-musculares como
terapia recomendável para o tratamento das
lombalgias.
The stance of the man led to lumbago lasting
pressure. It is frequently a place of regular pain. The
goal of this study was a treatment of the lumbago
through the muscular meridian tendon of the
bladder. There were ten patients studied, four were
men and six women between 35 and 65 years old.
They were assisted in the association called
“Associação dos Deficientes Físicos do Estado de
Goiás” in 2006. The intensity of the pain was
measured in the first, fifth and tenth sessions using
the visual analog scale of pain. The treatment was in
the acupoints B67, B66, B65, B60, Vb34, B54, B30
of the leg radiating pain and ending in the ID 18
contralateral. Comparing the measure of the pain
since the first session, in the fifth one there was a
reduction the it in 62% and until the tenth session,
the reduction got to 78,4%. The use of acupuncture
was effective in alleviating the pain of pointing out
the use of the technique of tendon-muscle therapy as
recommended for the treatment of low back pain.
Palavras-chave:
Key-words:
Dor lombar,
muscular.

Acupuntura,
meridiano
tendino-
Back Pain, Acupuncture, meridian tendon-muscle
Fisioterapeutas, Especialistas em Acupuntura.
Odontólogo, Doutor em Biologia Celular, Especialista em Acupuntura, professor/UFG.

Fisioterapeuta, Mestres Ciências da Saúde, Especialistas em Acupuntura da Poloeduc.

Fisioterapeuta, Mestres Ciências da Saúde, Acupunturista, professor da Fac. Estácio de Sá/GO.

128
Castro, B. B; Nishi, M; Cavalkanti, K; Mata, JR; Luz, M. M. M; Luz, FGR..Tratamento da lombalgia
através de meridiano tendíneo muscular. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio
de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 127-135. Set. 2010/Dez. 2010.
INTRODUÇÃO
O advento da adoção da postura ereta pelo homem induziu na região lombar, uma
pressão permanente direcionando para a 3ª vértebra lombar o centro de gravidade do corpo
humano, tornando esta área copórea como sítio de frequentes comprometimentos por dores,
mesmo em pacientes mais jovens (CECIN et al., 1991; AKATOV et al., 1997; SEÇER et al.,
2009). As vértebras lombares apresentam-se como sustentáculos do peso na coluna vertebral
executando movimentos de flexão, extensão e rotação, sendo a L3 a mais móvel dentre as
vértebras lombares (RASCH, 1991; GRIEVE, 1994; KAPANDJI, 2000; KNOPLICH, 2003).
As Lombalgias são condições de dor, dolorimento, rigidez, localizadas na região
inferior do dorso, representando um dos problemas de saúde mais comuns da sociedade
moderna, sendo causa de morbidade e incapacitação do indivíduo para as atividades diárias
(CECIN, 1997; TEIXEIRA & FIGUIRÓ; 2001; MADEIRA et al., 2002; GUIMARÃES &
ALMEIDA, 2004). As lombalgias são agravadas por fatores como a idade, sexo, postura
inadequada, obesidade, fraqueza muscular, mau condicionamento físico, tabagismo e
desordens psicossomáticas que contribuem para a instabilidade e o desalinhamento vertebral
(COX, 2002).
A prevalência desta patologia em ambos os sexos entre 20 e 29 anos é alta
(53,7%) porem pacientes acima de 45 anos de idade são ainda mais propensos (CECIN, 1991;
FREIRE &NATOUR 1999; TEIXEIRA & FIGUEIRÓ, 2001). O comprometimento do nervo
ciático induz a lombociatalgia que pode estar relacionada com as atividades ocupacionais, ao
gerar sobrecargas na coluna lombar devido à exigência de manutenção de posturas por tempos
prolongados ou a execução de movimentos frequentes de flexão e rotação da coluna
(KENDALL & McCREARY, 1987; TEIXEIRA & FIGUEIRÓ, 2001; MADEIRA et. al.,
2002).
O tratamento pelo método da acupuntura tem sido amplamente aceito pelo mundo
(LIN & CHEN, 2009). A acupuntura visa restabelecer a circulação da Energia denominada Qi
nos meridianos, Órgãos e Vísceras (YAMAMURA, 1993). Através da circulação adequada do
Qi, a acupuntura proporciona excelentes resultados no alívio de dores na coluna, através da
liberação de esteróides, redutores do processo inflamatório e opióides endógenos, analgésicos
naturais do corpo, induzindo melhora na sensação de bem estar, humor, qualidade do sono e
no relaxamento muscular global (MACIOCIA, 1996; HAN, 2004). Pela medicina tradicional
chinesa, a dor nas costas pode ser causada pela estagnação do Qi, do sangue, deficiência do
129
Castro, B. B; Nishi, M; Cavalkanti, K; Mata, JR; Luz, M. M. M; Luz, FGR..Tratamento da lombalgia
através de meridiano tendíneo muscular. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio
de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 127-135. Set. 2010/Dez. 2010.
rim ou devido a uma síndrome Bi (MACPHERSON et. al., 2004). Nestes casos a acupuntura
é efetiva na melhoria da lombalgia aguda ou crônica (CHERKIN et al., 2009; LIN & CHEN,
2009) sendo recomendada como tratamento coadjuvante juntamente com outras terapias
convencionais (YUAN et. al., 2009).
Os vasos tendino-musculares, são largas ramificações de energia defensiva que
partem dos pontos tsing, se estendem por todo organismo no nível superficial-médio,
protegendo o organismo contra as agressões das energias perversas (ÉDITEUR, 1995). O
meridiano tendino-muscular da Bexiga é um dos meridianos tendino musculares Yang do pé
com reunião no acuponto ID18 e quando afetado apresenta sintomas como contratura dos
músculos na nuca, face externa da perna, dor no ombro, na região poplítea, no trajeto do
músculo grande dorsal (YAMAMURA, 1993; ÉDITEUR, 1995). O objetivo deste trabalho foi
avaliar o tratamento da lombalgia através do meridiano tendino-muscular da Bexiga.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram avaliados 10 pacientes acometidos de dor lombar com irradiação para uma
das pernas, sendo quatro do sexo masculino e seis do sexo feminino com idades de 35 a 65
anos, atendidos na Associação dos Deficientes Físicos de Estado de Goiás no ano de 2006.
Foram excluídos desta pesquisa, pacientes que se encontravam sob tratamento
medicamentoso, de fisioterapia, hidroterapia ou quiropraxia. Os dados foram coletados a
partir da mensuração da intensidade da dor realizada através da escala visual analógica de dor
(EVA), a qual é numerada de zero (correspondendo à ausência de dor) a 10 (correspondendo a
dor máxima) conforme descrita por TEIXEIRA & FIGUEIRÓ (2001). Os pacientes foram
colocados em decúbito ventral na maca de atendimento e assepsiados com álcool nos pontos a
serem punturados. Utilizaram-se agulhas estéreis descartáveis (DBC 108, Dongbang
Acupuncture Needeles) as quais permaneceram inseridas por 20 minutos sendo manipuladas a
cada 5 minutos. Foram realizadas 10 sessões em dias alternados e no início da 1º, 5º e 10º
sessão os pacientes apontaram na escala EVA, a intensidade da dor que os acometiam naquele
momento.
O tratamento foi realizado no meridiano da Bexiga por ter relação com patologias
da coluna e membros inferiores seguindo a técnica dos canais tendino-musculares utilizandose os pontos Tsing, Iong, Iu, pontos Ashi mais o ponto de reunião. Os acupontos utilizados
seguiram a sequência: B 67 (Tsing), B66 (Iong), B65 (Iu) e B60, Vb34, B54, B30 como
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Castro, B. B; Nishi, M; Cavalkanti, K; Mata, JR; Luz, M. M. M; Luz, FGR..Tratamento da lombalgia
através de meridiano tendíneo muscular. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio
de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 127-135. Set. 2010/Dez. 2010.
pontos Ashi, na perna acometida de irradiação da dor, finalizando com o ponto de reunião ID
18 contralateral.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram tratados 10 pacientes, porém dois abandonaram o tratamento sem
justificativas, antes que se completasse o número de sessões (10) estimado para a recuperação
satisfatória da algia lombar (MACPHERSON et. al., 2004). A adesão ao tratamento com
acupuntura no Brasil tem sido construída ao longo dos últimos anos. O desconhecimento
desta terapia tem induzido alguns pacientes a não a procurarem ou a desistirem do tratamento
antes do termino das sessões recomendadas.
A sólida formação dos acupunturista, os quais são na sua maioria portadores de
graduação na área da saúde, tem propiciado atendimento mais adequado com maior adesão
dos pacientes. Apesar disto, alguns pacientes têm dificuldade em suportar o tratamento com
agulhas, mesmo diante de toda a habilidade empreendida pelos profissionais que primam pelo
mínimo de desconforto para o paciente. Deste modo, a desistência ocorrida é esperada já que
nem todo paciente se adapta a toda proposta terapêutica sendo a acupuntura mais uma
abordagem de tratamento. Dos oito pacientes, cinco eram portadores de hérnia de disco, dois
acometidos por espondilite anquilosante e um por osteoartrite. A presença destas lesões
anatômicas já estabelecidas são um mau prognóstico de resolução completa do quadro álgico
com o tratamento através da acupuntura uma vez que esta terapia age primordialmente ao
nível do Qi promovendo adequação na sua circulação.
Na primeira sessão foram apontados valores na escala EVA variando de 50 a
95. Estes pacientes buscaram alívio com a acupuntura, uma vez que ao se submeter a
prolongados tratamento anteriores paliativos com analgésicos e antiinflamatórios, não
obtiveram resultados duradouros e padeceram com o aparecimento de efeitos colaterais como
gastralgias e episódios alérgicos. Na 5ª sessão, foram apontados na EVA valores de 10 a 60
com média de 28 caindo, na 10ª sessão, para a média de 16 com um paciente apontando o
valor de 0,6 indicando a abolição quase total de dor (Tabela 1).
131
Castro, B. B; Nishi, M; Cavalkanti, K; Mata, JR; Luz, M. M. M; Luz, FGR..Tratamento da lombalgia
através de meridiano tendíneo muscular. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio
de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 127-135. Set. 2010/Dez. 2010.
Tabela 1 – Intensidade da dor apontada na escala visual analógica (EVA) por pacientes atendidos em
acupuntura na Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás no ano de 2006.
Intensidade da Dor apontada na escala EVA
Paciente
Inicio / 1º sessão
Início / 5º sessão
Início / 10º sessão
A
60
30
20
B
80
30
20
C
95
30
04
D
64
10
0,6
E
50
60
30
F
72
15
10
G
83
14
05
H
89
40
39
Total Médio (%)
74 (100)
28 (37,8)
16 (21,6)
A avaliação na 5º sessão demonstrou que, para a grande maioria dos pacientes,
houve regressão da dor variando de 50 a 85%, exceto para o paciente denominado E, o qual
apresentou exacerbação da dor com aumento da intensidade em 20¨%, todavia na 10ª sessão
houve redução da intensidade da dor para todos os pacientes de até 99,1 (Tabela 2). O
aumento da dor do paciente E, avaliado na 5ª sessão apresentou períodos de alívio e de
recrudescimento do processo doloroso como o ocorrido no ato da 5ª sessão, porém este pode
ser entendido como um dado puntual, já que nas sessões subsequentes este mesmo paciente
sempre relatou amenização da dor com redução gradual até a 10ª sessão (40%). Todavia, a
despeito da continua regressão do processo doloroso neste paciente, ainda persistiu em
intensidade moderada ate a 10ª sessão demonstrando refratariedade na remissão completa da
dor com o emprego dos acupontos selecionados. Do inicio do tratamento ate a 5ª sessão o
paciente G foi o que apresentou a melhor resolução da dor com maior redução do seu quadro
álgico, enquanto que da 5ª para a 10ª sessão, a maior redução ocorreu com o paciente D
(Tabela 2).
Castro, B. B; Nishi, M; Cavalkanti, K; Mata, JR; Luz, M. M. M; Luz, FGR..Tratamento da lombalgia
através de meridiano tendíneo muscular. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio
de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 127-135. Set. 2010/Dez. 2010.
132
Tabela 2 – Percentual de redução da dor, em relação ao início do tratamento (1ª sessão), de pacientes
submetidos à acupuntura verificado no início da 5ª e da 10ª sessão. Os pacientes foram atendidos na Associação
dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás no ano de 2006 .
Intensidade da Dor apontada na escala EVA
Paciente
Início / 5º sessão (%)
Início / 10º sessão (%)
A
50
66,6
B
62,5
75
C
68,4
95,8
D
85
99,1
E
20*
40
F
79,2
86,2
G
83,8
94
H
55,1
56,2
O dado marcado com * apresentou 20% de aumento da dor
No inicio do tratamento foi assinalado na escala EVA o valor médio de 74 pontos
como indicativo da intensidade de dor, o qual foi considerado para cálculos como 100% de
dor. Na 5ª sessão constatou forte redução álgica média restando 37,8% da intensidade inicial,
reduzindo para 21,6% na 10ª sessão (Gráfico). Deste modo, já na 5ª sessão houve uma
redução media da dor de 62.2%, e ate a 10ª sessão à redução média atingiu 78,4% em
comparação com o estado antes do tratamento, o que ratifica o tratamento com acupuntura
como terapia de alívio da intensidade da lombalgia de 42% a 79% (BEECHER 1955;
CHAITOW, 1984; COAN et. al., 1980). A maior resolução da dor ocorreu até a 5º sessão e
desta para a 10ª continuou o processo de amenização da dor, porem com menor intensidade.
Este fato demonstra o forte impacto positivo que geralmente se verifica já nas primeiras
sessões de tratamentos com acupuntura.
Castro, B. B; Nishi, M; Cavalkanti, K; Mata, JR; Luz, M. M. M; Luz, FGR..Tratamento da lombalgia
através de meridiano tendíneo muscular. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio
de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 127-135. Set. 2010/Dez. 2010.
133
Gráfico 1 – Percentuais médios da intensidade dor na 1º, 5º e 10º sessão de acupuntura, apontados por
pacientes atendidos na Associação dos Deficientes Físicos de Estado de Goiás no ano de 2006.
Intensidade da dor (%)
120
100
80
60
40
20
0
1
5
10
Número da sessão
Ao termino do tratamento os pacientes se mostraram visivelmente mais
calmos, com a ausência de aspectos faciais indicadores de distúrbios nos Zan Fu. Estes
pacientes relataram melhoria geral orgânica, sono com mais qualidade, maior disposição para
as tarefas diárias, rara utilização de analgésicos para controle da dor ainda restante,
classificando o estado álgico remanescente, como ocasional e suportável o que aponta o
tratamento acupuntural como terapia promotora de significativa redução da dor e
restabelecimento da fisiologia lombar (YAMAMURA et. al., 1996; WEIDENHAMMER et.
al., 2007; YUAN et. al., 2009). A supressão completa da dor ocorreu em apenas um paciente
(12,5 %), índice bem abaixo dos 33% já relatado (MELZACK 1975), mas o quadro de lesões
com comprometimento das estruturas ósseas presentes nos pacientes avaliados, suporta o
baixo índice de remissão completa do quadro doloroso na maioria dos pacientes.
134
Castro, B. B; Nishi, M; Cavalkanti, K; Mata, JR; Luz, M. M. M; Luz, FGR..Tratamento da lombalgia
através de meridiano tendíneo muscular. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio
de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 127-135. Set. 2010/Dez. 2010.
O grau de amenização da dor foi aceitável, e este se deve ao equilíbrio do Qi no
Meridiano da Bexiga através da utilização da técnica dos tendino–musculares. Ademais, os
efeitos locais que são induzidos pela punturação dos pontos ashi também são promotores de
desestagnação do Qi e da resolução do processo inflamatório através da secreção de
substâncias antiflogísticas.
CONCLUSÕES
A utilização da acupuntura foi efetiva na amenização do quadro doloroso, a
despeito da não abolição completa da dor em todos os pacientes apontando o emprego da
técnica dos tendino-muscular como terapia recomendável para o tratamento das lombalgias.
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Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 04, 136 – 142. Set. 2010/Dez. 2010.
INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS AVALIATIVOS EM ANATOMIA
HUMANA
Fabiana Ribeiro da Mata
João Roberto da Mata
Sara Dayane Santos
Márcio Christian Rodrigues Souza
Resumo:
Abstract:
A avaliação deve ser um caminho de possibilidades
para a transformação e emancipação, o qual qualifica
e dignifica o ensinar e o aprender. Este trabalho
objetivou identificar e analisar os instrumentos e
procedimentos avaliativos na disciplina de Anatomia
Humana, do primeiro ano do curso de Odontologia
da Universidade Federal de Goiás. A literatura sobre
instrumentos e procedimentos avaliativos no
processo de ensino-aprendizagem foi revisada e
através de respostas a algumas questões, foram
obtidos dados a partir da visão dos professores e
alunos. Constatou-se que, as provas teóricas e
praticas são os procedimentos preferenciais para a
avaliação. Ficou explicito a necessidade de repensar
e diversificar a avaliação. Uma avaliação mais
integradora de todas as atividades desenvolvidas
pelos discentes foi entendida como elemento
promotor de melhorias no processo de aprendizagem.
Por outro lado, houve avanço na compreensão de que
a aprendizagem orienta os professores e alunos rumo
ao conhecimento e oportuniza o desenvolvimento
pessoal e profissional como um todo.
Evaluation should be a path of possibilities to
transformation and emancipation that qualifies and
dignify the teaching and the learning. This work had
as an objective to identify and analyse the evaluative
instruments and procedures in the discipline of
Human Anatomy of the first year class of Dentistry at
the Federal University of Goias. The literature was
reviewed regarding instruments and evaluation
procedures of the teaching and learning process and
through answers to some questions, data were
obtained in respect to the views of professors and
students. It was observed that teoretical and practical
examinations are the preferred procedures for
evaluation. The necessity to rethink and diversify the
evaluation process became explicit. A more integrated
evaluation of all activities developed by the faculty
was understood as an element to promote
improvements in the learning process. However, there
was an advancement in the understanding that
learning can orient professors and studetns towards
knowledge and creates opportunities for personal and
professional development.
Palavras-chave:
Key-words:
Anatomia humana,
odontologia.
instrumentos
avaliativos,
Human anatomy, evaluation instruments, dentistry.
INTRODUÇÃO
A avaliação centra-se no ato de recolher informações relevantes e úteis sobre o
processo de aprendizagem dos alunos, especialmente sobre os progressos e dificuldades de
cada um, colocando-se como norteadora para a tomada de decisões com base nos dados

Ms. Departamento de Morfologia - Universidade Federal de Goiás. [email protected] - Campus
Samambaia, CEP:74001-970 - Caixa Postal: 131 - Goiânia – Goiás.

Doutor do Instituto de Ciências Biológicas – Universidade Federal de Goiás.

Odontóloga pela UNI-EVANGÉLICA-Anápolis-Goiás.

Biomédico – Especialista em Docência Universitária - Universidade Federal de Goiás.
137
MATA, Fabiana Ribeiro da; MATA, João Roberto da; SANTOS, Sara Dayane e SOUZA, Márcio
Christian Rodrigues. Instrumentos e procedimentos avaliativos em anatomia humana. Estácio de Sá –
Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 136142. Set. 2010/Dez. 2010.
obtidos através de diferentes instrumentos (ZOCCHE, 2007). As informações obtidas
servirão para o professor fazer as opções mais adequadas no sentido de conduzir o processo e
promover a aprendizagem.
A avaliação escolar tradicional está associada a provas, notas, medo, inteligência,
aprovação, medir, fracasso e para muitos discentes do ensino superior se constitui numa forma
ineficaz de aferir o aprendizado (MATA et. al., 2009). De fato, dependendo da forma como é
conduzida, a avaliação pode ser um instrumento autoritário, punitivo e estigmatizante
(MOREIRA, 2006), ao passo que a avaliação deve ser um caminho para a transformação e
emancipação que qualifica e dignifica o ensinar e o aprender (ROLDAO, 2007; ZOCCHE,
2007). Isto ocorre, pois desde criança depara-se e entende-se a avaliação como um obstáculo
enorme a ser ultrapassado e condição fundamental para dar prosseguimento a trajetória
escolar e atingir o sucesso profissional (ALMEIDA, 1997).
LUCKESI (2000) entende a avaliação como um recurso pedagógico útil e
necessário para auxiliar cada educador e cada educando na busca e na construção de si mesmo
e do seu melhor modo de ser na vida. METZNER (2002) afirma que avaliar não se restringe
apenas a mensurar e controlar o ensino, mas acompanhar, interpretar e comunicar. O
quantitativo de pesquisas sobre a avaliação nos cursos de formação odontológica ainda é
bastante reduzido (CHAPNICK & CHAPNICK, 1998; CONSOLARO, 2000; ERICSON,
1997; ESTRELA & PAULA, 2001; JOHNSON, 1999). Este trabalho objetivou identificar e
analisar os instrumentos e procedimentos avaliativos utilizados na disciplina de anatomia
humana, do primeiro ano do curso de Odontologia da Universidade Federal de Goiás.
MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi realizado a partir da aplicação de questionários tanto aos alunos
quanto aos docentes já que a pesquisa da qualidade do desempenho docente com base na
informação dos alunos é um dos parâmetros aceitáveis, (BOCLIN, 2004). As questões foram
às mesmas, tanto para os alunos quanto para professores.
Os questionários foram distribuídos para dois professores e sessenta alunos.
Foram analisados 40 questionários, pois como não “valia nota”, alguns alunos julgaram não
ser importante e não responderam. A partir das respostas aos questionários foi realizada a
análise dos procedimentos avaliativos de professores da disciplina de anatomia humana do
primeiro ano do curso de odontologia da Universidade Federal de Goiás.
138
MATA, Fabiana Ribeiro da; MATA, João Roberto da; SANTOS, Sara Dayane e SOUZA, Márcio
Christian Rodrigues. Instrumentos e procedimentos avaliativos em anatomia humana. Estácio de Sá –
Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 136142. Set. 2010/Dez. 2010.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os professores e alunos relataram que os instrumentos e procedimentos mais
utilizados para a avaliação consistem em provas teóricas, práticas e o controle da presença
pela frequência (chamada). A avaliação é vista então, como sinônimo de prova, pois entre
tantas maneiras de avaliar, no final quem “prova mesmo é a prova”. Cabe a ela traduzir a
aprendizagem em número e determinar a aprovação. Contudo, nem sempre a nota colabora
com a real aprendizagem (MASETTO, 2000). É comum ouvir em sala os próprios alunos
diferenciando estudar para a prova e estudar para aprender, ou seja, a avaliação desvinculada
da aprendizagem o que reflete o entendimento de LUCKESI (1991) ao ponderar que a
avaliação da aprendizagem ganhou um espaço tão amplo nos processos de ensino, que nossa
prática educativa escolar passou a ser direcionada por uma pedagogia do exame, já que o
sistema de ensino está interessado nos percentuais de aprovação/reprovação.
A prova como instrumento de avaliação tem sido alvo de questionamentos a
respeito de sua eficácia em contribuir com a aprendizagem. Entretanto, a questão não se refere
à prova em si, mas ao modo como ela é entendida, utilizada e qual a sua finalidade maior. A
sua associação a outros instrumentos de avaliação permite oportunizar aos alunos, diferentes
momentos de aprender, corrigir os erros, sanar dúvidas, levantar questionamentos rumo ao
conhecimento.
Os instrumentos e procedimentos avaliativos informam ao professor e ao aluno
como e se está ocorrendo à aprendizagem. Como a construção do saber se dá por meio de um
processo constante e dinâmico, quanto mais avaliações forem realizadas, maior será a
probabilidade de compreender e intervir neste processo. Nesse sentido, KENSKI (1994)
ressalta a importância em se utilizar de diversas formas de avaliação. Os professores
justificam a escolha de tais instrumentos e procedimentos devidos á necessidade em avaliar,
até que ponto o aluno atingiu a compreensão do conteúdo, verificar a aprendizagem e a
capacidade do aluno em relacionar teoria/prática. A avaliação teórica talvez seja o
instrumento mais utilizado e de simples execução (ALMEIDA, 1997).
Por outro lado decorre que, é necessário muitas vezes, gastar tempo maior do que
é previsto para avaliar meticulosamente o aluno. Apesar de ser a avaliação uma das funções
centrais do professor é frequente a fuga, e esta coincidem com atitudes pouco
compromissadas do docente, que por vezes detrata a avaliação como tática de autodefesa e
outras vezes inclusive de comodismo (DEMO, 1999).
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MATA, Fabiana Ribeiro da; MATA, João Roberto da; SANTOS, Sara Dayane e SOUZA, Márcio
Christian Rodrigues. Instrumentos e procedimentos avaliativos em anatomia humana. Estácio de Sá –
Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 136142. Set. 2010/Dez. 2010.
Para a maioria dos alunos, a escolha dos professores está associada à necessidade
de avaliar o conteúdo, teórico e prático, e incentivar o comparecimento às aulas (Tabela 1).
Assim, novamente fica evidente a necessidade de quantificar através da prova, a
aprendizagem além do reconhecimento de que a prova serve também como um “incentivo”
para que eles estudem.
Tabela 1 - Instrumentos e procedimentos avaliativos utilizados na disciplina de anatomia humana e a respectiva
justificativa da escolha pelos alunos de anatomia humana, do primeiro ano do curso de odontologia da
Universidade Federal de Goiás.
Instrumentos e
procedimentos (%)
Prova teórica (100%)
Prova Prática (100%)
% alunos
Justificativa
74
12
4,8
2,3
6,9
70
9,4
7,0
4,8
4,8
4,6
56.6
Avaliar o conteúdo
Não justificou
Avaliar o rendimento
Análise profunda do aprendizado
Compreender melhor a prática /Há aulas teóricas/ É tradicional/
Avaliar o conteúdo prático
Compreender melhor a teoria/Facilita a aprendizagem
Melhor método para avaliar e estudar anatomia
Avaliar o rendimento
Não justificaram
É tradicional/ Testar o aluno
Incentivar o aluno a ir às aulas/Avalia o interesse/ Evitar faltas/Valorizar
o aluno que assiste às aulas
Não justificaram
Avaliar o envolvimento e participação
Comparecimento dos alunos
Avalia a frequência
Entendimento mais amplo Avalia a assimilação do conteúdo
Participação dos alunos folgados/Incentivar o estudo após a explicação/
Avaliar a responsabilidade do aluno
Incentivar o uso
Segurança
Frequência (90%)
7,1
4,7
4,7
4,7
4,6
6,9
Uso do jaleco (5%)
4,0
1,0
É preciso que os alunos, principalmente os universitários, compreendam o
sentido, o significado e a necessidade de estudar. Estuda-se não somente para passar de ano
através de boas notas, mas primeiramente para promover o crescimento do indivíduo como
pessoa, profissional numa sociedade carente de cidadãos éticos, criativos, reflexivos, capaz de
enfrentar desafios e apontar soluções.
É interessante observar que muitos alunos não justificaram a escolha da prova
teórica (12%) e prática (4,8%) talvez por ainda desconhecer a real importância da avaliação
para a aprendizagem. As provas práticas de anatomia são aplicadas de modo rígido quanto ao
tempo para responder cada questão, mas ainda sim, 7% dos alunos consideram a prova prática
MATA, Fabiana Ribeiro da; MATA, João Roberto da; SANTOS, Sara Dayane e SOUZA, Márcio
Christian Rodrigues. Instrumentos e procedimentos avaliativos em anatomia humana. Estácio de Sá –
Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 136142. Set. 2010/Dez. 2010.
140
o melhor método para avaliar e para estudar anatomia. Estes, provavelmente já se
“adaptaram” a pressão e tensão exigida na maioria das provas e testes que são submetidos
durante as avaliações.
A frequência (chamada) é apontada por 56,6% dos alunos como forma de
incentivar o comparecimento ás aulas evitando as faltas, “premiar” aqueles que assistem todas
às aulas e avaliar o interesse. Os professores também vêem à chamada como modo de obrigar
o aluno a permanecer no laboratório estudando após a explicação do professor. Os próprios
alunos, ao longo de toda uma trajetória escolar, a qual permitiu seu ingresso na universidade
ainda não conseguiram encontrar uma razão ou necessidade em estudar e aprender, que não
seja a de fazer uma prova e passar de ano. Diante de tal realidade, os professores lançam mão
de recursos como, provas, notas e a frequência, para criar uma obrigação ao estudo.
Para que o processo avaliativo realmente cumpra a sua função é necessário que os
instrumentos e procedimentos de avaliação respaldem a tomada de decisão por parte dos
professores, que atendam mais imediatamente aos objetivos propostos e que vislumbrem a
relação com o perfil do profissional que se quer formar, oferecendo informações necessárias e
significativas sobre o desenvolvimento dos alunos.
Para 52% dos alunos os instrumentos avaliativos promovem a aprendizagem
significativa e estimula o espírito crítico devido principalmente à didática do professor, a
eficácia das avaliações, a obrigatoriedade ao estudo e o incentivo a curiosidade (Tabela 2).
Entretanto, 41% dos alunos acreditam que a aprendizagem e o desenvolvimento do espírito
crítico acontecem em parte devidos principalmente ao não estímulo, a memorização exigida, a
falta de relacionamento com a profissão e a avaliações incompletas. Apenas 7,0% alunos
acreditam que a não diversificação das avaliações e aulas decorativas e cansativas impedem a
aprendizagem e o espírito crítico.
Tabela 2 - Contribuição da avaliação para a aprendizagem significativa e desenvolvimento do espírito crítico e
suas respectivas justificativas pelos alunos de anatomia humana, do primeiro ano do curso de odontologia da
Universidade Federal de Goiás.
Contribui para
aprendizagem e estimula o
espírito crítico
% de alunos
Justificativas
Sim
52%
18
11
8,6
7,1
7,3
Não
4,7
Explicação clara e objetiva
Eficácia dos instrumentos avaliativos
Força o aluno a estudar
Desperta o interesse e a curiosidade
Relação teoria-prática/Estudo nas
anatômicas/ Aborda todo o conteúdo
Não diversificação das avaliações
peças
MATA, Fabiana Ribeiro da; MATA, João Roberto da; SANTOS, Sara Dayane e SOUZA, Márcio
Christian Rodrigues. Instrumentos e procedimentos avaliativos em anatomia humana. Estácio de Sá –
Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 136142. Set. 2010/Dez. 2010.
141
2,3
19
7,0%
Em parte
41%
4,7
4,1
2,2
11,0
Aulas repetidas e decorativas
Há aprendizagem sem estímulo e espírito
crítico
Conteúdo exige memorização
Às vezes não há relação com a profissão
Avaliação não é completa
Não estimula a curiosidade/Dificuldade de
estudo
nas
peças/Aulas
teóricas
cansativas/Dúvidas em certos pontos da
matéria/ Nada é perfeito
Para os professores, os instrumentos e procedimentos avaliativos contribuem para
uma aprendizagem significativa e estimulam o espírito crítico, pois são realizadas discussões
das provas, já que as explicações são claras e há o relacionamento da teoria com a prática
profissional.
Apesar da maioria de alunos e dos professores concordarem que há aprendizagem
e desenvolvimento do espírito crítico, uma parcela significativa dos alunos (40%) sinaliza a
necessidade de mudanças em certos pontos da disciplina diversificando os instrumentos e
procedimentos avaliativos, pois a avaliação desenvolvida durante o processo de ensinoaprendizagem deve estar vinculada a um projeto educativo (KENSKI, 1994).
A disciplina de anatomia humana trabalha com um grande número de
informações, que servirão de suporte aos conhecimentos específicos da área de atuação do
odontólogo, portanto, exige dos alunos a capacidade não somente de memorizar, mas também
de relacionar, interpretar e aplicar o conteúdo teórico na prática profissional. Para que esse
processo ocorra é necessário que alunos e professores entendam e utilizem à avaliação, como
facilitadora da aprendizagem. Deste modo, a própria avaliação pode fornecer as respostas aos
questionamentos dos alunos e contribuir para a aprendizagem e o desenvolvimento do espírito
crítico.
CONCLUSÕES
Constatou-se que, as provas teóricas e praticas constituem os principais
instrumentos de avaliação utilizados neste curso na disciplina de anatomia humana. Ficou
explicito a necessidade de repensar alguns aspectos da avaliação, pois apesar de haver boa
aprendizagem, a diversificação de procedimentos avaliativos foi sugerida como recursos que
contribuam para melhor compreensão da disciplina e promova melhorias na formação e
qualificação dos futuros cirurgiões-dentistas. Houve avanço na compreensão de que a
142
MATA, Fabiana Ribeiro da; MATA, João Roberto da; SANTOS, Sara Dayane e SOUZA, Márcio
Christian Rodrigues. Instrumentos e procedimentos avaliativos em anatomia humana. Estácio de Sá –
Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 136142. Set. 2010/Dez. 2010.
aprendizagem não deve apenas obrigar o aluno a estudar e cobrar dele resultados, mas sim
possibilitar e orientar os professores e alunos rumo ao conhecimento e desenvolvimento
pessoal e profissional como um todo.
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Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 04, 143 – 153. Set. 2010/Dez. 2010.
ENFERMAGEM NA CAPACITAÇÃO DE CUIDADORES FORMAIS E INFORMAIS
DE PACIENTES COM ALZHEIMER
Edson Sidião de Souza Júnior 
Dédiva Maria Teixeira Neto
Eurídice Oliveira da Silva Santos**
Margareth Oliveira Amâncio**
Resumo:
Abstract:
Trata de uma revisão sistemática da literatura que
objetivou analisar as publicações científicas que
abordem a capacitação de cuidadores formais e
informais de pacientes com Alzheimer, introduzidas
em bancos de dados no período de 1999 a 2009.
Foram pesquisadas as bibliotecas virtuais MedLine,
Lilacs e Scielo, 1544 publicações que foram
analisadas quanto um modelo padrão mais eficaz na
capacitação de cuidadores, voltado para melhoria na
qualidade de vida tanto do que está sendo cuidado
como do seu cuidador. Esta doença causa
dependência física e financeira, e o idoso, que já é
uma vítima de inúmeros preconceitos estabelecidos
pela a sociedade, sofre ainda mais por se esquecer
dos fatos e das pessoas. Além disso, as pessoas que
cuidam, correm o risco de não saber lidar com a
situação, seja pelo desconhecimento dos aspectos
clínicos, mas também pelo desconhecimento técnico
do cuidar. Partindo deste pressuposto os objetivos
apontados para a ocorrência deste despreparo, se
encontra na falta de uma enfermagem sistematizada
na educação para o idoso com Alzheimer e
principalmente para seus cuidadores.
This is a systematic review aimed to examine the
scientific publications of nursing in the training of
formal and informal caregivers of Alzheimer's
patients put into databases from 2000 to 2009. We
surveyed the virtual libraries Medline, Lilacs and
Scielo. The sample was composed of 20 publications
were analyzed as a standard in more effective training
of caregivers, dedicated to improving the quality of
life for both being cared for as his caregiver. Notes
that this disease not only causes physical dependence,
but also, financial, and the elderly who are victims of
many prejudices established by the society suffers
even more. Furthermore people who care, is in danger
of not coping with the situation, not knowing the
symptoms and disorders of the disease and ultimately
jeopardize the health of the elderly but also their
health. Under this assumption, the objectives
suggested for the occurrence of this lack of
preparation, is the lack of a systematized nursing
education for the elderly with Alzheimer's and
especially their caregivers.
Palavras-chave:
Key-words:
Alzheimer, Capacitação, Enfermagem, Idoso.
Alzheimer's, Elderly, Nursing, Training.
INTRODUÇÃO
O olhar cansado e a expressão abatida da comerciante Lara Botelho, 40 anos,
revelam bem o quanto é difícil cuidar de alguém que tem Alzheimer. A situação se
torna ainda pior quando o portador da doença é a própria mãe. “O mais difícil é
aceitar a doença. É difícil perceber que a minha mãe, uma pessoa que sempre foi
extremamente ativa, que representava o seio da família, se tornou, na verdade, um
bebê, uma criança que precisa de cuidados constantes e que depende de nós o tempo

Professor da FESGO – [email protected]
Acadêmicas de Enfermagem da FESGO

144
SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; TEIXEIRA NETO, Dédiva Maria; SANTOS, Eurídice Oliveira da
Silva e AMÂNCIO, Margareth Oliveira Enfermagem na capacitação de cuidadores formais e informais de
pacientes com Alzheimer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 143-153. Set. 2010/Dez. 2010.
inteiro”, conta Lara, emocionada ao falar sobre a mãe Carmem, 72 anos
(BANDEIRA e MASCARENHA, 2009. B-13 ABRAz).
Segundo MARIN e AGERAMI (2002) a preocupação com a velhice, apesar de
constituir-se em questão antiga, vem aumentando no mundo todo nos últimos decênios devido
ao aumento da média de vida da população, atribuída às melhores condições sanitárias, à
profilaxia de doenças, ao surgimento de novas drogas e ao planejamento familiar.
A população brasileira não é mais considerada jovem, sendo composta atualmente
por aproximadamente 11 milhões de pessoas com mais de 60 anos de idade e com uma
previsão de ser quase um quinto da população em 2050 (SILVA et. al., 2007).
KARSCH (2003) relata que a frequência das doenças crônicas e a longevidade
atual dos brasileiros são as duas principais causas do crescimento das taxas de idosos
portadores de incapacidades. A prevenção das doenças crônicas e degenerativas, a assistência
à saúde dos idosos dependentes e o suporte aos cuidadores familiares representam novos
desafios para o sistema de saúde instalado no Brasil.
ALBUQUERQUE e SCALABRIN (2007) e CRUZ e HANDAM (2008) afirmam
que com o aumento da população idosa ocorre o aumento das doenças crônico degenerativas,
como a Doença de Alzheimer – DA. Embora diferentes pesquisas estejam sendo
desenvolvidas no mundo inteiro, a doença de Alzheimer continua sendo um grande mistério
para a ciência. Sua causa é ainda desconhecida e o diagnóstico, mesmo adotando critérios
padronizados internacionalmente, não dispõe de exames que a comprovem com precisão,
sendo definitivo apenas mediante a análise histopatológica do tecido cerebral
KANDEL, SCHWARTZ e JESSEL (2003) descrevem que o mal de Alzheimer é
uma doença neurodegenerativa protática e caracterizada por várias anormalidades no encéfalo
que irá afetar os neurônios de regiões especificas que estão associados com anormalidades do
citoesqueleto e resultam na produção de proteína sináptica na região do encéfalo. Em todos
estes pacientes as funções mentais e atividade da vida diária vão se tornando
progressivamente prejudicadas e nos estágios tardios esses indivíduos ficam mudos ou
acamados e normalmente morrem de outra doença.
Conforme demonstra a Associação Brasileira de Alzheimer (2009) através do
relatório mundial de Alzheimer's Disease International-ADI (2009) que, “mais de 35 milhões
de pessoas em todo o mundo terão demência em 2010.
Segundo ABRAz - Associação Brasileira de Alzheimer (2009) relatada na revista
The Lancet (2005) diz que, “os casos de DA trata-se de um aumento de 10 por cento sobre a
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SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; TEIXEIRA NETO, Dédiva Maria; SANTOS, Eurídice Oliveira da
Silva e AMÂNCIO, Margareth Oliveira Enfermagem na capacitação de cuidadores formais e informais de
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SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 143-153. Set. 2010/Dez. 2010.
prevalência da demência global. É citado no novo relatório, que a prevalência de demência
vai quase duplicar a cada 20 anos, isto é: 65,7 milhões em 2003; e 115,4 milhões em 2050.”
Em um Relatório publicado em abril de 2007 pela Revista Alzheimer‟s &
Dementia, onde permanece arquivado na biblioteca da ABRAZ para fins de informações,
informa que o custo no mundo com a demência é de US$ 315 bilhões. Em 2005 esse custo foi
de US$ 210 bilhões.
ABRAz (2009), afirma que a Demência tem impacto físico, psicológico e
econômico, não só sobre a pessoa com a doença, mas também do cuidador(es), da pessoa da
família e dos amigos, do sistema de saúde(s) e da sociedade. Por exemplo, estatísticas citadas
no novo relatório sugerem que 40-75% dos cuidadores desenvolvem doença psicológica
grave, como resultado de seus cuidados e 15-32% têm depressão.
Contudo na assistência do idoso, ainda são necessários muitos passos para atingir
uma integralidade no tratamento da doença, uma vez que a dificuldade existente na rede de
saúde brasileira não permite um funcionamento eficaz desta assistência regulamentada
(DOMINGUES et. al., 2009).
COSTA (2008) conclui que através de alguns estudos a doença passa por fases
caracterizadas por alterações e déficits profundos, gerando ao idoso portador angústia,
tristeza, depressão e dependência total. Todos esses transtornos provocam grande sofrimento
tanto ao idoso como a seus familiares, que muitas vezes assumem a função de cuidadores e
passam a viver em função dessa tarefa, em grande parte sem informação e esclarecimento
sobre a doença.
KARSCH (2003) comenta que no Brasil a transição demográfica e a transição
epidemiológica apresentam, cada vez mais, um quadro de sobrevivência de idosos na
dependência de uma ou mais pessoas que suprem as suas incapacidades para a realização das
atividades de vida diária. Estas pessoas são familiares dos idosos, especialmente, mulheres,
que, geralmente, residem no mesmo domicílio e se tornam as cuidadoras de seus maridos, pais
e até mesmo filhos.
KAWASAKI e DIOGO (2001) analisaram que o cuidado diário e permanente ao
idoso dependente produz perturbações, que por menor que sejam, afetam a vida familiar. A
mudança no exercício de papéis, angustiante em virtude do envolvimento afetivo paciente
idoso e família, a diminuição do tempo de relacionamento com amigos e vizinhanças, a
solidão, a sobrecarga e a frustração por não conseguir colocar em prática seus próprios
projetos de vida, fazem parte dessas perturbações que em determinado momento saturam o
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SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; TEIXEIRA NETO, Dédiva Maria; SANTOS, Eurídice Oliveira da
Silva e AMÂNCIO, Margareth Oliveira Enfermagem na capacitação de cuidadores formais e informais de
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cuidador (informal) de tal forma que volte em busca de alternativas de cuidado como a
contratação de um indivíduo para prestar assistência ao idoso. Esses indivíduos são
denominados cuidadores formais que não raramente assumem sozinhos a assistência ao idoso,
sem ter uma equipe para dividir as responsabilidades da tarefa. Os cuidadores formais que se
habilitam a prestar assistência aos idosos no domicílio nem sempre possuem uma formação
adequada para o desempenho dessa função. No entanto a oferta dos serviços dessas pessoas
vem crescendo visivelmente na imprensa escrita, principalmente nos jornais de grande
circulação e em revistas não científicas.
CALDEIRA e RIBEIRO (2004) abordam de uma maneira geral situações de
dificuldades dos cuidadores quando se encontram ou se deparam com numerosos fatores, que
incluem a aceitação do diagnóstico, lidar com um stress cada vez maior, administrar o conflito
dentro da família e planejar o futuro e saber cuidar do paciente. Com isso, o cuidador ficará
vulnerável a doenças físicas, depressão, perda de peso, insônia, a abusar física e verbalmente
do paciente, de álcool e de medicamentos psicotrópicos.
KARSCH (2003) focalizando na assistência do idoso e seus cuidadores, procura
demontrar que tanto nos Estados Unidos como na Europa há investimentos em políticas
públicas a fim de construir e manter redes de suporte a idosos e a cuidadores. Um exemplo
disso é a rede de suporte a cuidadores que se define como community care, cujo objetivo é
manter o idoso em casa, oferecendo suporte para a família e para o cuidador, trazendo, por
exemplo, um profissional para alternar os cuidados com o cuidador.
No Brasil, a velhice sem independência e autonomia ainda faz parte de uma face
oculta da opinião pública, porque vem sendo mantida no âmbito familiar dos domicílios ou
nas instituições asilares, impedindo qualquer visibilidade e, consequentemente, qualquer
preocupação política de proteção social (KARSCH, 2003).
Talvez o descaso da política social seja devido à decorrência do sistema de saúde
pública, não se encontrar preparado para fornecer o suporte à população que envelhece nem a
sua família (ROCHA, VIEIRA e SENA, 2008).
Segundo o MS - Ministério da Saúde (2008), a pessoa com limitação física e
financeira é a que mais sofre, tendo que depender da ajuda de outras pessoas, em geral
familiares, fazendo com que seu poder de decisão fique reduzido, dificultando o
desenvolvimento de outros vínculos com o meio social. Para oferecer uma vida mais
satisfatória, é necessário o trabalho em conjunto entre o Estado, a comunidade e a família.
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Os cuidadores sejam eles formais e informais precisa ser alvo de orientação de
como proceder nas situações mais difíceis e receber em casa visitas periódicas de
profissionais como o médico, pessoal de enfermagem, de fisioterapia e outras modalidades de
supervisão e capacitação. Este apoio é fundamental para ajudá-lo a lidar com a grande
mudança em seu estilo de vida, já que além de ser responsável pelo seu bem-estar passa a
responsabilizar-se pelo indivíduo doente. Além disso, pode não demonstrar ou mesmo não
perceber que está precisando de ajuda e orientação para seu autocuidado, já que cada pessoa
reage de forma diferente frente à doença familiar. (VILAÇA et. al., 2005).
O cuidador, como se sabe, tem recebido dos profissionais de saúde que atuam na
área hospitalar, pouca atenção no sentido de capacitá-los para a continuidade da assistência,
embora assuma papel de grande importância na assistência ao idoso em cujo processo deveria
estar envolvido desde o momento da admissão (MARIN e ANGERAMI, 2002).
FABRICIA (2002) afirma que “a equipe de enfermagem não deve valorizar
somente a patologia mais também dar suporte para quem a possui, sem esquecer de seus
cuidadores, que são os maiores aliados em busca da cura dos que sofrem.”
No entanto, devido à complexidade da necessidade de um suporte maior com os
cuidadores de pacientes com DA, e na obtenção da qualidade de vida tanto do paciente como
destes, optamos em realizar a revisão sistemática, a fim de, detectar o que o enfermeiro tem
trabalhado do ano de dois mil até agora relacionado na preparação dos cuidadores formais e
não informais, onde com esta análise, ajudaremos acrescentar para uma capacitação mais
eficaz, e mais ligada a realidade de quem cuida.
METODOLOGIA
Objetiva-se com esta revisão sistemática da literatura identificar trabalhos que
propõe um modelo padrão que seja eficaz na capacitação dos cuidadores formais e informais
de pacientes com DA, voltado para melhoria na qualidade de vida tanto do que está sendo
cuidado como também de quem cuida.
A Revisão Sistemática da Literatura foi constituída pelas seguintes fases:
FASE 1 – Elaboração do Teste de Relevância e Seleção da Base de Dados.
Os testes de relevância foram definidos (fig.1 e fig.2) e abordaram questões a
respeito da clareza e coerência, a capacitação de cuidadores. Definiu-se como Base de Dados
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a BVS (Biblioteca Virtual de Saúde): MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da
Saúde) e LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde). Estas
bases foram escolhidas pelo fato de serem comumente consultadas como fontes de literatura
qualificada dentro das Ciências.
FASE 2 – Definição dos Descritores
A busca na base de dados na BVS foi realizada no dia 22 de setembro de 2009,
consultando o Dicionário de Descritores da BVS foram levantados pelos pesquisadores um
conjunto de descritores coerentes com o objetivo da revisão: Enfermagem, Capacitação,
Idoso, Alzheimer.
Avaliamos a abrangência dos escritores relacionados com o nosso tema e assunto,
e optamos por os trabalhos publicados entre os anos de 1999 e 2009.
TESTE DE RELEVÂNCIA 1
Identificação do estudo:
Sim
Não
Critérios de Inclusão
1. O estudo envolve a capacitação de cuidadores
formais e informais de pacientes de DA?
2. O estudo relata técnicas de enfermagem
cientificamente comprovada de como ajudar na
capacitação de cuidadores?
3. O estudo é direcionado na capacitação dos
cuidadores de pacientes com DA?
Critérios de Exclusão
1. É editorial ou revisão?
2. A linguagem do artigo não é dominada pelo
pesquisador?
3. Fora do período estudado (1999-2009)?
Parecer do avaliador: ( ) Inclusão ( ) Exclusão
Pesquisador: _________________________________________________
Figura 1- Teste de relevância I
TESTE DE RELEVÂNCIA 2
Identificação do estudo:
Sim
Critérios de Inclusão
1.O estudo trabalha a capacitação visando à
qualidade de vida do paciente com DA e do seu
cuidador?
2. O estudo tem conhecimento científico prático-
Não
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Silva e AMÂNCIO, Margareth Oliveira Enfermagem na capacitação de cuidadores formais e informais de
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teórico para a capacitação de cuidadores formais e
informais de pacientes com DA?
Critérios de Exclusão
1.O estudo se trata ensaios clínicos?
Parecer do avaliador: ( ) Inclusão ( ) Exclusão
Pesquisador: ____________________________________________________
Figura 2- Teste de relevância II
FASE 3- Seleção e análise dos resumos para o levantamento de artigos
A literatura apresentou trabalhos em diversos idiomas. Entretanto para um melhor
desempenho, só foram incluídos trabalhos escritos em línguas dominadas pelos pesquisadores
(inglês, espanhol, português). Foram excluídos automaticamente trabalhos repetidos.
Os artigos foram selecionados por meio da aplicação do teste de relevância I. Este
teste foi realizado por dois pesquisadores de forma independente, sendo observado o índice de
confiabilidade (IC) entre os pesquisadores. Este índice foi calculado dividindo-se o número de
artigos aceitos pelos dois pesquisadores de forma unânime, por este mesmo número somado
ao número de artigos aceitos em desacordo pelos dois pesquisadores. Este valor deve ser
multiplicado por 100 e expresso em porcentagem. Considerou-se aceitável IC maior ou igual
a 80%.
FASE 4- Seleção de artigos para inclusão na análise
Em cada artigo selecionado após a aplicação do teste de relevância I foi aplicado o
teste de relevância II, após a leitura completa do artigo.
Os pesquisadores fizeram a análise de forma independente. Foram identificados
os trabalhos em desacordo quanto à inclusão ou exclusão do mesmo. Após discussão e análise
crítica dos fatores que levavam a discordância, se a mesma permanecesse, um terceiro
pesquisador consultava de forma independente o trabalho (consultor ad hoc).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A quantidade total de artigos encontrados em nossa busca, realizada no dia 22 de
setembro de 2009 foi igual 1.544, nas bases consultadas e para os descritores e seus
SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; TEIXEIRA NETO, Dédiva Maria; SANTOS, Eurídice Oliveira da
Silva e AMÂNCIO, Margareth Oliveira Enfermagem na capacitação de cuidadores formais e informais de
pacientes com Alzheimer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
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cruzamentos (tabela 1). Observa-se também uma predominância de artigos na base LILACS.
Apesar disso a relevância da base na contribuição cientifica não pode ser avaliada pela
quantidade de literatura indexada.
Tabela 1- Distribuição dos artigos levantados na BVS (Biblioteca Virtual De Saúde) de acordo com a Base De
Dados e Descritores* (22/09/2009).
Base de
Dados
SCIELO
LILACS
TOTAL
A*
B*
A+B*
TOTAL
54
152
206
198
389
587
232
519
751
484
1060
1544
*descritores: a-ALZHEIMER , b-CAPACITAÇÃO, c-ENFERMAGEM, d-IDOSO.
Na aplicação do teste de relevância I, observamos o índice de confiabilidade
variou variando entre 90% e 100%. Após este primeiro estudos incluídos pelos diferentes
pesquisadores foram organizados em ordem alfabética, visando excluir possíveis resumos
repetidos, resultando assim em um total de 4 artigos incluídos (tabela 2).
Tabela 2 - Distribuição dos artigos levantados na BVS (Biblioteca Virtual De Saúde) e aceitos pelos dois
pesquisadores após aplicação do Teste de relevância I nos resumos (com total de artigos inclusos pelos diferentes
pesquisadores em concordância).
A*
Base de
Dados
B*
A+B*
Total em concordância
P1
P2
P1
P2
P1
P2
SCIELO
00
00
00
00
00
00
00
LILACS
2
01
00
01
00
00
04
Total em
concordância
3
1
X
04
*descritores: a-ALZHEIMER, b-CAPACITAÇÃO, c-ENFERMAGEM, d-IDOSO.
Estes artigos estão listados na (Tabela 3). Foram então excluídos 1540 artigos. A
problemática do desacordo entre os pesquisadores foi facilmente resolvida pelo dialógo, já
que as dificuldades se deviam a tradução, ou de uma leitura mais atenciosa ou sobre
informações mais detalhadas a despeito da técnica de diagnóstico ou população avaliada.
Percebemos a repetição de artigos, em diferentes bases de dados, ou com diferente ordem de
autores.
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SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; TEIXEIRA NETO, Dédiva Maria; SANTOS, Eurídice Oliveira da
Silva e AMÂNCIO, Margareth Oliveira Enfermagem na capacitação de cuidadores formais e informais de
pacientes com Alzheimer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 143-153. Set. 2010/Dez. 2010.
Após a aplicação do teste de relevância II os 4 artigos incluídos na primeira
avaliação foram todos excluídos, o que não permitiu a realização de uma meta análise.
CONCLUSÃO
A falta de publicação que evidenciam a enfermagem na capacitação de cuidadores
formais e informais de pacientes com Alzheimer, é clara e demonstra nos resultados desta
revisão sistemática da literatura. Ao pesquisarmos na BVS, abrangendo Lilacs e Scielo, foram
encontrados 1544 que, ao passarem pelo teste de relevância reduziram-se em 4 em seguida
passando pelo teste de exclusão não sendo utilizados para a revisão sistemática.
Tabela 3- Artigos levantados na BVS (Biblioteca Virtual De Saúde) e aceitos pelos dois pesquisadores após
aplicação do Teste de relevância I nos resumos.
Referências
Análise Crítica
CRUZ, Marília da Nova and
HAMDAN, Amer Cavalheiro. O
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no cuidador. Psicol. estud.
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223-229. ISSN 1413-7372.
LEMOS,
Naira
Dutra;
GAZZOLA, Juliana Maria e
RAMOS,
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Cuidando do paciente com
Alzheimer: o impacto da doença
no cuidador. Saude soc. [online].
2006, vol.15, n.3, pp. 170-179.
ISSN 0104-1290.
O artigo aponta que à medida que as doenças crônico-degenerativas
como a Doença de Alzheimer (DA) aumenta, cresce a necessidade por
cuidadores especiais, função importante desempenhada pelos cuidadores,
onde pelo declínio e pela demanda específica do paciente, são fatores
importante para o estresse do cuidador como, depressão, prejuízos no
sistema imunológico, e altos índices de conflitos familiares.
Esse artigo caracteriza através de uma amostragem de cuidadores de
pacientes com DA, onde foi detectado uma maior prevalência na classe
feminina, com faixa etária entre 41 a 60 anos com idade mínima de 34
anos, onde em relação à escolaridade a maioria tiveram até oito anos de
estudo. Já quanto ao tempo, verificou-se que os cuidadores já realizavam
os cuidados ao paciente há quatro anos, e a maioria dedicava como refere
o artigo 19 a 24 horas por dia aos cuidados, sendo que a maioria também
realizava outras atividades fora.
GARRIDO, REGIANE
and
ALMEIDA,
OSVALDO
P..
Distúrbios de comportamento em
pacientes com demência: impacto
sobre a vida do cuidador. Arq.
Neuro-Psiquiatr. [online]. 1999,
vol.57, n.2B, pp. 427-434. ISSN
0004-282X.
CALDEIRA, A.P.S.; RIBEIRO,
R.C.H.M. O enfrentamento do
cuidador
do
idoso
com
Alzheimer.
Arquivo
Ciência
Saúde, v.11, n.2, p.2-6, 2004, abrjun;11(2):X-X.
O artigo revela através de uma revisão sistemática da literatura, que os
transtornos de comportamento em pacientes dementados são as
principais causas de sobrecarga na vida do cuidador. Além disso, as
dificuldades crescentes com cuidado do paciente aumenta a chance de
que este venha a ser institucionalizado, onerando ainda mais os
deficitários serviços de saúde disponíveis para o atendimento dessa
população.
O objetivo desta pesquisa foi analisar o conhecimento do cuidador sobre
os cuidados necessários aos idosos portadores de Alzheimer, partindo
deste pressuposto, os autores sugere uma assistência de enfermagem
sistematizada de educação para o idoso com Alzheimer e principalmente
para seus cuidadores.
152
SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; TEIXEIRA NETO, Dédiva Maria; SANTOS, Eurídice Oliveira da
Silva e AMÂNCIO, Margareth Oliveira Enfermagem na capacitação de cuidadores formais e informais de
pacientes com Alzheimer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia
SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 143-153. Set. 2010/Dez. 2010.
Todos os artigos encontrados discutem os transtornos que a doença mal de
Azheimer provoca tanto no idoso como em seus familiares, que muitas vezes assumem a
função de cuidadores e passa a viver em função dessa tarefa, em grande parte sem informação
e esclarecimento sobre a doença. A mudança no exercício de papéis, angustiantes em virtude
do envolvimento efetivo paciente idoso e família, a diminuição do tempo de relacionamento
com amigos e vizinhanças, a solidão, a sobrecarga e a frustração por não conseguir colocar
em prática seus próprios projetos de vida, fazem parte dessas perturbações que em
determinado momento saturam o cuidador informal de tal forma que volte em buscar
alternativas de cuidados como a contratação de um indivíduo para prestar assistência ao idoso.
Os cuidadores formais que se habilitam a prestar assistência aos idosos no domicílio nem
sempre possuem uma formação adequada para esta função, sem ter uma equipe para dividir as
responsabilidades da tarefa (KAWASAKI e DIOGO, 2001).
Em relação aos cuidadores sejam eles formais e informais, precisa ser alvo de
orientação de como proceder nas situações mais difíceis a receber visitas de profissionais
capacitados e outras modalidades de supervisão e capacitação. Este apoio é essencial para
ajudá-lo a lidar com a grande mudança em seu estilo de vida, já que além de ser responsável
pelo seu bem-estar passa a responsabilizar-se pelo indivíduo doente (VILAÇA et. al., 2005).
A necessidade de se obter informação e uma forma de preparação, ou seja, uma
capacitação adequada e específica por parte da enfermagem voltada para cuidadores de
pacientes com Alzheimer cresce a cada ano, pois as doenças crônico-degenerativas na classe
de idosos vêm aumentando no mundo nos últimos decênios, sendo uma das principais causas
do crescimento das taxas de idosos portadores de incapacidades.
REFERÊNCIAS
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coma às atividades normais da vida. São Paulo-SP, 2009.
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Silva e AMÂNCIO, Margareth Oliveira Enfermagem na capacitação de cuidadores formais e informais de
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em http://www.fen.ufg.br, em 25/09/2009.
Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 04, 154 – 166. Set. 2010/Dez. 2010.
PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR EM UNIDADE DE
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
Kássio Henrique Rodrigues Corrêa
Valdete Pereira
Gleydson Ferreira Melo
Francino Azevedo
Resumo:
Abstract:
Trata-se de um estudo bibliográfico de caráter
retrospectivo, que teve como objetivo analisar fatores
que pré-dispõem ao desenvolvimento de infecção
hospitalar em unidade de urgência e emergência,
indexados em bancos de dados no período de 1999 a
2009. Foram pesquisadas as bibliotecas virtuais
Bireme, Lilacs e Scielo. A amostra foi constituída
por 14 publicações que foram analisadas quanto aos
fatores que pré-dispõe a infecção hospitalar em
unidades de urgência e emergência. Os resultados
foram lançados em tabelas, em seguida apresentado
as discussões a respeito de cada temática. Destaca-se
nos artigos estudados o fator que mais predispõe a
infecção hospitalar na unidade de urgência e
emergência é a falta de adesão às medidas de
controle e prevenção de infecção.
This is a retrospective bibliographical study, which
aimed to analyze factors that pre-disposes to
development of hospital infection in emergency and
rescue unit, indexed in databases in the period of 1999
to 2009. Virtual libraries as Bireme, Lilacs and
Scielo. Were searched the sample consisted of 14
publications which were analyzed for factors that
have pre-hospital infection in emergency and rescue
units. The results were classified on tables, the
discussions about each topic. Were presented stands
out in the articles studied the factor which mostly
predisposes predisposing to infection in hospital
emergency rooms and in the unit is the lack of
adherence to control measures and prevention of
infection.
Palavras-chave:
Key-words:
Enfermagem,
emergência.
Infecção
Hospitalar,
urgência
e
Nursing, Infection, urgency and emergency.
INTRODUÇÃO
No Brasil, ao longo dos anos, a infecção hospitalar (IH) vem constituindo como
um problema da saúde pública, e se faz necessário à intervenção do governo, através do
Ministério da Saúde, instituindo políticas de saúde para a área hospitalar, foi criado às
comissões de controle de infecções hospitalares (CCIH), com ações educativas como
treinamentos e cursos específicos, abordando aspectos técnicos e biológicos, voltados para os
profissionais de saúde (SANTOS et. al. 2008, p.442).
Neste contexto a infecção hospitalar torna-se um evento histórico, social e não
apenas biológico o que requer investimentos científicos, tecnológicos e humanos para a
criação de medidas preventivas e de controle, sem perder de vista a qualidade do cuidado
prestado
pela
enfermagem
(PEREIRA,
2005,
p.
256).
155
CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO,
Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá
– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154166. Set. 2010/Dez. 2010.
As infecções representam a causa mais comum de morte e sequelas entre
pacientes que sobrevivem ao trauma inicial. Em relação aos agentes infecciosos, a maioria dos
presentes no serviço de emergência está relacionada com os comunitários, aqueles trazidos
pelo paciente, porém a permanência prolongada aumenta a colonização de pacientes por
agentes hospitalares, podendo desencadear uma infecção (MORAES, 2007, p.207-208).
Grande parte das infecções hospitalares revela-se como complicação de pacientes
gravemente enfermos, que decorre de um desequilíbrio entre sua microbiota normal e seus
mecanismos de defesa (VALLE et. al. 2008, p. 305).
Isso pode ocorrer devido à própria patologia de base do paciente (doenças préexistentes como: Diabetes, cardiopatias e outras), procedimentos invasivos (intubação
orotraqueal, cateter venoso central e outros) e alterações da população microbiana, as quais
geralmente são induzidas pelo uso irracional de antibióticos (PEREIRA, et. al. 2005, apud
WEBER; RULATA, 1997, p. 491-514).
A infecção hospitalar pode ser adquirida desde o atendimento emergencial ou
durante toda permanência do individuo na unidade de saúde. Entretanto as infecções na
unidade de emergência sem dúvida representam um importante problema tornando fatores de
risco para os pacientes e para toda equipe que participa da sua assistência, principalmente a
equipe de enfermagem (GOMES, 2008, p.135).
Segundo o estudo realizado por Oliveira (2007), verificou-se que o tempo médio
de internação observado é de 15,9 dias na sala de emergência, este é bastante superior ao
limite de 24 horas recomendado pelo Ministério da Saúde para tais unidades. Prevalecendo o
uso de dispositivos, destacando-se a alta prevalência da ventilação mecânica (52,4 %) e do
cateter venoso central (42,9 %), sendo menos expressivo o uso da sonda vesical de demora
(4,8 %) (OLIVEIRA, 2007, p. 6).
De acordo com Siqueira (2008), a maior parte da população brasileira não tem
acesso regular a um serviço de saúde ambulatorial de qualidade, isto contribui para as
precárias condições de saúde dos habitantes, aumentando a procura pelo serviço de
emergência. Pode-se somar a isto à falta de leitos para internação na rede pública e o aumento
da expectativa de vida da população, assim sendo os serviços de emergência enfrenta
inúmeras dificuldades para realizar um atendimento com eficácia (SIQUEIRA, 2008, p.25).
156
CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO,
Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá
– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154166. Set. 2010/Dez. 2010.
Domiciano, Fonseca (2008) ressalta que a própria estrutura dos serviços de saúde
no país gera uma primazia pelos serviços de emergência, pois são mais ágeis do que o
atendimento ambulatorial (DOMICIANO, FONSECA, 2008, p.187).
A unidade de emergência tem como finalidade prestar atendimento imediato a
todos os pacientes que necessitam de assistência à saúde, visando qualidade, eficiência e
segurança, promovendo meios para uma assistência contínua e centrada em programas de
cooperação, orientação e desenvolvimento de práticas específicas (GOMES, 2008, p.36).
Certos procedimentos na emergência nem sempre respeitam os métodos
assépticos preconizados, devido à necessidade e agilidade para garantir a sobrevida do
paciente, o que leva a incidência de infecções relacionada à assistência de emergência
(OLIVEIRA, BRAZ, MACHADO, 2005, p. 05).
Devido a grande demanda de pacientes politraumatizados, com sangramentos e
eliminações de secreções nos serviços de emergência, aumenta os riscos inerentes à prestação
da assistência de enfermagem aumentando consideravelmente o índice de infecções, pois os
profissionais e clientes ficam expostos a um ambiente de trabalho que facilita o surgimento de
infecções cruzadas (VALLE et. al. 2008, p. 305).
Diferentemente de todas as outras unidades hospitalares, a unidade de emergência
não delimita a entrada de pacientes, trabalha na maioria dos casos com leitos extras (macas),
com número fixo de profissionais e em uma área física restrita e que pode se tornar imprópria
para o atendimento (CALIL, 2008, p. 17).
Assim a planta física inadequada, recursos humanos ineficientes, equipe de
trabalho não treinada, condições clínica dos pacientes, recursos materiais insuficientes e
impróprios são fatores agravantes que contribuem para o risco de infecção hospitalar
(GOMES, 2008, p.136-137).
A enfermagem responde por vários mecanismos de prevenção e controle de
infecção em diversas áreas na unidade de saúde, seja em atividades administrativas, de
supervisão e de treinamento de pessoal ou nos cuidados prestados aos pacientes admitidos nas
unidades de urgência e unidade de terapia intensiva (UTI) (FREIRE, 2006, p. 379).
É neste contexto que as infecções hospitalares tornam intrínseco ao processo de
cuidar, constituindo um dos parâmetros para garantir a qualidade do cuidado da assistência
prestada, ou seja, um índice elevado de infecção mostra que o cuidado não está sendo
prestado adequadamente (PEREIRA, 2005, p.252-254).
157
CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO,
Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá
– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154166. Set. 2010/Dez. 2010.
Santos et. al. (2008) afirma, que apesar de todo conhecimento e tecnologia
disponível incluindo medidas profiláticas comprovadamente eficazes, ainda há o desafio de
Semmlweis, de tornar as ações de prevenção e controle das infecções, práticas rotineiras nas
instituições de saúde, principalmente no que diz respeito à lavagem das mãos (SANTOS et al.
2008, p. 442).
Os serviços na Unidade de Urgência e Emergência constituem um grave problema
de saúde pública no Brasil, mantendo-se o descaso governamental com a medicina preventiva
e os temas relacionados à emergência relegados a segundo plano, como pode-se constatar com
o reduzido número de publicações e revistas dedicadas ao tema (CALIL, 2007, p. 22).
Devido ao grande índice de morbimortalidade decorrente de infecções
nasocomiais e pela grande demanda da assistência de urgência e emergência, e ao número
insuficiente de pesquisas desenvolvidas sobre a infecção hospitalar relacionada à assistência a
saúde na unidade urgência e emergência, que torna-se necessário entender porque as medidas
de prevenção e controle adotadas, não estão repercutindo na mudança dos dados que indicam
IH nos serviços de saúde, desse modo surge o objetivo de analisar fatores que pré-dispõem ao
desenvolvimento de infecções hospitalares na unidade de urgência e emergência.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa elaborada através do método de revisão integrativa, a
qual inclui a análise de pesquisas relevantes que dão suporte para a tomada de decisão e a
melhoria da prática clínica, o que possibilita a síntese do estado do conhecimento de um
determinado assunto, além de apontar lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas
com a realização de novos estudos (MENDES, SILVEIRA, GALVÃO 2008 apud
BENEFIELD, 2003 p. 804-811, POLIT, BECK, 2006, p. 457-494).
A revisão integrativa da literatura consiste na construção de uma análise ampla da
literatura, contribuindo para discussões sobre métodos e resultados de pesquisas, assim como
reflexões sobre a realização de futuros estudos. O propósito inicial deste método de pesquisa é
obter um profundo entendimento de um determinado fenômeno baseando-se em estudos
anteriores. É necessário seguir padrões de rigor metodológico, clareza na apresentação dos
resultados, de forma que o leitor consiga identificar as características reais dos estudos
incluídos na revisão (MENDES, SILVEIRA, GALVÃO 2008 apud BEYEA, NICOLL 1998,
p. 877- 880, BROME 2000, p. 231-250).
158
CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO,
Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá
– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154166. Set. 2010/Dez. 2010.
Estudo bibliográfico de caráter retrospectivo que analisou as publicações sobre
Prevenção e Controle de Infecção Hospitalar em Unidade de Urgência e Emergência, no
período de 1999 a 2009. Foram realizados levantamento nas publicações nacionais
relacionados ao tema, nas seguintes revistas brasileiras: Rev. Texto e contexto, Rev. Gaúcha,
Anais UFMG, Rev. Esc. Enf. USP, Rev. Nursing, Rev. Esc. Enf. Anna Nery, Rev. Enf.
Global, Rev. Act. Paul., Rev. REME, Cad. Saúde Pública-RJ, Rev. Bras. Enf., Rev. Enf.
UFG, Rev. Lat-am. Enf, também foram realizadas buscas nas bases de dados: Scielo, Bireme,
Lilacs, para esses periódicos, para isso foram utilizados os seguintes descritores:
Enfermagem, Infecção Hospitalar, urgência e emergência, para identificar as publicações.
O período da pesquisa dos artigos nas bases de dados compreendeu entre os dias
27 e 30 de outubro de 2009, e foram pesquisados 17 artigos dos quais foram selecionados 14
artigos que se relacionam com os fatores que podem ocasionar infecção em unidade de
urgência e emergência e medidas de prevenção. Os critérios de Inclusão foram: artigos na
integra, estar disponível on-line, e os de exclusão foram: artigos teóricos, os artigos de
revisão, reflexão e atualização.
Foi utilizado um formulário para a coleta de dados, que foi validado por três
profissionais da área, compostos pelas seguintes unidades temáticas: Fatores predisponentes
para aquisição de infecção hospitalar na urgência e emergência, Ações de Enfermagem frente
ao controle da infecção relacionada à assistência de urgência e emergência, Fatores que
dificultam o controle de infecção relacionado à urgência e emergência, comentários sobre a
pesquisa relacionados ao objetivo do estudo, os dados foram apresentados em quadros e
tabelas descritivos sob uma óptica quantiqualitativa.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Desde 1999 até o ano de 2009 foram catalogados 14 artigos que tratam do tema e
que se enquadram nos descritores do estudo. A distribuição dos artigos nos periódicos
estudados no período delimitado pode ser analisada conforme destacado na tabela 1, em que
se verificou que a Revista Brasileira de Enfermagem foi o periódico que mais publicou sobre
a temática, totalizando dois artigos ao longo do período estudado. O período de 2008 foi o
destacado pelo maior número de publicações: 4 (quatro), seguido dos anos de 2005 e 2007
respectivamente com 3 (três) artigos. Como podem ser observados os anos de 2000, 2001,
2002 e 2009 não houve nenhuma publicação a respeito do tema e relacionado aos descritores.
159
CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO,
Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá
– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154166. Set. 2010/Dez. 2010.
Ressalta-se que a produção científica sobre esse assunto, ao longo do período
pesquisado é escassa, se considerarmos a importância e expansão da temática no contexto das
organizações de saúde. Oliveira, Braz e Machado (2005), enfatizam que há uma carência de
estudos que abordem a problemática da qualidade assistencial nas salas de emergência,
comparando-as com estudos realizados em unidade de terapia intensiva (OLIVERIA, BRAZ,
MACHADO, 2005, p.03).
Tabela 1 - Artigos publicados em periódicos nacionais sobre prevenção e controle de infecção hospitalar em
unidade de urgência e emergência 1999 a 2009.
Periódicos
Ano publicado
Total
99
00
01
02
03
04
05
06
07
08
09
Rev. Texto e contexto
-
-
-
-
-
-
01
-
-
-
-
01
Rev. Gaúcha
-
-
-
-
-
-
01
-
-
-
-
01
Anais UFMG
-
-
-
-
-
-
01
-
-
-
-
01
01
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
01
Rev. Nursing
-
-
-
-
-
-
-
-
-
01
-
01
Rev. Esc. Enf. Anna Nery
-
-
-
-
-
-
-
-
-
01
-
01
Rev. Enf. Global
-
-
-
-
-
-
-
-
01
-
-
01
Rev. Acta Paul.
-
-
-
-
-
-
-
-
01
-
-
01
Rev. REME
-
-
-
-
01
-
-
-
-
-
-
01
Cad. Saúde Pública-RJ
-
-
-
-
-
-
-
-
-
01
-
01
Rev. Bras. Enf.
-
-
-
-
-
-
-
-
01
01
-
02
Rev. Enf. UFG
-
-
-
-
-
-
-
01
-
-
-
01
Rev. Lat-am. Enf.
-
-
-
-
01
-
-
-
-
-
-
01
01
-
-
-
02
-
03
01
03
04
-
14
Rev. Esc. Enf. USP
Total
A tabela 2 expõe fatores predisponentes à aquisição de infecção hospitalar na
unidade de urgência e emergência. Esta analise foi realizada incluindo todos os artigos
selecionados que tratam do tema proposto no estudo. É destacada a falta de adesão às medidas
de controle e prevenção de infecção hospitalar em todos os artigos analisados, tais como: a
falta de higienização das mãos, não adesão às técnicas padrão para realização de
160
CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO,
Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá
– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154166. Set. 2010/Dez. 2010.
procedimentos entre outros. A adesão às medidas de controle e prevenção deve ser um hábito
entre os profissionais de saúde, e a sua prática um desafio a ser atingindo. Para que esses
objetivos sejam alcançados, os profissionais deverão ser conscientizados, motivados e
orientados em um processo permanente de educação (SANTOS et. al. 2008, p. 446).
Tabela 2 - Principais fatores predisponentes para aquisição de infecção hospitalar na unidade de urgência e
emergência.
Artigos
Falta de adesão às medidas de controle e prevenção de infecção.
14
Superlotação da unidade, estrutura física inadequada, sobrecarga de trabalho,
fragilidade nos cuidados de enfermagem.
13
Má distribuição e falta de recursos hospitalares, más condições de trabalho,
recursos humanos insuficiente, limpeza inadequada do ambiente hospitalar.
7
Riscos intrínsecos e extrínsecos.
7
Agentes infecciosos multirresistentes, desequilíbrio da microbiota humana, uso
indevido de antibióticos.
4
Tempo prolongado de permanência dos pacientes na unidade de emergência.
4
Total
49
Segundo Martini, Dall‟Agnol (2005), o fato de se trabalhar em equipe, e de
muitos profissionais não adotarem a lavagem das mãos como medida de controle de infecção,
faz com que haja certa desmotivação, pois, enquanto algumas pessoas estão cuidando dos
pacientes, outras estão descuidando, dando margem para a transmissão de infecções
(MARTINI, DALLL‟AGNOL, 2005, p. 92).
A superlotação do setor de emergência aparece como consequência de vários
fatores, constituindo como um fator que contribui para diminuir a qualidade da assistência,
assim o quantitativo de profissionais fica reduzido frente ao aumento do número de pacientes
em atendimento e a revisão do quadro de pessoal por parte dos dirigentes se faz necessária
(OLIVERIA, BRAZ, MACHADO, 2005, p. 4).
Martini, Dall‟Agnol (2005) enfatizam que a falta de funcionário também pode
estar relacionada a outros fatores além da superlotação, gerando sobrecarga de trabalho e
grande prejuízo nas condições de trabalho. (MARTINI, DALL‟AGNOL 2005, 94).
161
CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO,
Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá
– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154166. Set. 2010/Dez. 2010.
São essenciais as iniciativas das comissões de controle de infecção com a clientela
das salas de emergência das unidades de pronto-atendimento, no sentido de verificar a
adequação da estrutura física, recursos humanos e adoção de práticas básicas de controle de
infecções e da disseminação de microrganismos resistentes. (OLIVEIRA, 2007, p.8).
Vale ressaltar que a qualidade da estrutura física existente para a prestação dos
cuidados de enfermagem constitui uma importante condição para a prevenção e controle da
infecção hospitalar, bem como as condições dos recursos materiais utilizados que estão em
contato com o paciente (SANTOS, 2008, p. 444).
No que diz respeito à má distribuição e falta de recursos hospitalares, convêm
repensar a complexa situação dos hospitais e demais serviços de saúde do país, representadas
pela escassez de recursos humanos qualificados para a prestação de assistência de qualidade
que tanto se defende, muitas vezes conflitante com a responsabilidade de atender um amplo
número de pacientes, a falta de recursos materiais adequados e condições de trabalho
(OLIVEIRA, 2003, p.141).
Nos riscos intrínsecos e extrínsecos, embora não se possa precisar o risco de cada
procedimento ou situação do paciente, é notório que eles variam em graus, e mesmo
procedimentos menos complexos podem se tornar de grande risco, dependendo, entre outros
fatores, da prática dos profissionais da saúde (MARTINI, DALL‟AGNOL 2005, 89).
A patologia de base surge como um dos fatores que favorece a ocorrência da IH,
por afetar os mecanismos de defesa antiinfecciosa: grande queimado; acloridria gástrica;
desnutrição; deficiências imunológicas, bem como o uso de alguns medicamentos e os
extremos de idade. Além disso, favorecem o desenvolvimento das infecções os procedimentos
invasivos terapêuticos ou para diagnósticos, podendo veicular agentes infecciosos no
momento de sua realização ou durante a sua permanência (PEREIRA, et. al. 2005, apud
FERNANDES, RIBEIRO, BARROSO, 2000, p.215-265).
Santos (2008) ressalta que os agentes infecciosos multirresistentes têm surgido
como um novo problema que contribui para o aumento do índice de IH, seleção de flora
hospitalar, antimicrobianos que não são mais utilizados, por não mais atuarem, constituindo
novos desafios no controle de infecção para todos os profissionais da saúde. Vale lembrar que
o surgimento das bactérias multirresistentes é um fator agravante das infecções hospitalares,
tendo como causa principal o uso indiscriminado e indevido da antibióticoterapia (SANTOS,
2008, p. 442).
162
CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO,
Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá
– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154166. Set. 2010/Dez. 2010.
O tempo prolongado de permanência dos pacientes na unidade de emergência se
torna evidenciado na prática diária, onde se observa que as unidades de urgência e emergência
se parecem cada vez mais com as unidades de terapia intensiva, tendo as mesmas funções que
esta, pelo número insuficiente de vagas para pacientes críticos nas UTIs. Tal fato leva,
entretanto, as salas de emergência dos pronto-atendimentos a manterem pacientes que
necessitam de cuidados intensivos, procedimentos invasivos, uso de agentes antimicrobianos
e permanência por um tempo superior ao recomendado. (OLIVEIRA, BRAZ, MACHADO,
2005, p. 2).
Tabela 3 - Ações de enfermagem frente ao controle da infecção relacionada à assistência em urgência e
emergência.
Ações de Enfermagem
Total de
artigos
Educação continuada com os profissionais de saúde, Motivação profissional visando à
mudança de comportamento.
9
Criação do serviço de controle de infecção hospitalar com vigilância constante, Estudos
epidemiológicos relacionados à infecção hospitalar.
4
Adoção das precauções padrão conforme o Centers for Disease Control and Prevention
(CDC), Adoção de precauções de acordo com a via de transmissão (contato, aerossóis,
gotículas).
5
Educação em saúde da população e serviço de triagem.
5
Infecção hospitalar como disciplina nos cursos de graduação superior e técnico.
1
Na tabela 3, demonstra a importância das ações de enfermagem relacionadas ao
controle da infecção em unidade de urgência e emergência. Dos artigos selecionados 9 (nove)
destacaram a educação continuada com os profissionais de saúde, visando à motivação
profissional e a mudança de comportamento.
O processo educativo está intimamente relacionado às subjetividades individuais
de cada profissional, pois se sabe que a prática em saúde, embora embasada em uma teoria
científica, é profundamente dependente dos valores morais, éticos, ideológicos e subjetivos
destes profissionais, envolvendo interpretação, ajuizamento e decisão pessoal na aplicação do
conhecimento científico às situações concretas e singulares (SANTOS, 2008, p. 446).
A educação em saúde tem como objetivo explicitar valores, aumentar a
autopercepção acerca do problema, promover informações e habilidades necessárias tomandose decisões acertadas. (PEREIRA, 2005, p.253-254).
163
CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO,
Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá
– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154166. Set. 2010/Dez. 2010.
Os estudos epidemiológicos assim como a vigilância constante são atividades
práticas e diárias das comissões de controle de infecções, não sendo tarefa fácil para seus
executores. Entende-se, portanto, que a vigilância epidemiológica das infecções só faz sentido
se houver implementação de medidas eficientes de redução de riscos e consequentemente das
taxas de infecções, assim a criação do serviço de controle de infecção hospitalar com
vigilância constante, estudos epidemiológicos relacionado à infecção hospitalar fazem parte
das ações que podem ser desenvolvidas pela enfermagem (OLIVEIRA, BRAZ, MACHADO,
2005, p.1).
A responsabilidade de prevenir IH não é apenas dos profissionais de saúde, esses
devem ser analisados como parte essencial no processo de controle e prevenção de infecção
hospitalar, porém essa tarefa deve ser dividida com o poder público, a administração dos
hospitais, as Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), os serviços de apoio, os
pacientes e seus familiares. Apesar disso, é fundamental ressaltar a importância do trabalho
visando o controle de infecção nos vários setores do hospital, já que a prática dos
profissionais
é
determinante
na
redução
das
infecções
hospitalares
(MARTINI,
DALL‟AGNOL, 2005, p. 90).
As indicações do CDC de 1996 sugerem que o paciente submetido a precauções
(contato, gotículas e aerossóis), deva ser colocado preferencialmente em quarto individual e,
quando isto não for possível, deverá ser colocado junto a paciente(s) portador (es) do mesmo
microrganismo, porém sem outras infecções (OLIVEIRA et. al., 2007, p. 6).
O serviço de triagem é um dos serviços realizados pelo enfermeiro que também se
constitui como uma ação fundamental, e tem por finalidade direcionar o cliente e priorizar o
atendimento emergencial. Após a triagem, o cliente é encaminhado à consulta médica para
conduta de alta, internação ou transferência (DOMINICIANO, FONSECA, 2008, p.184).
Para que o acesso dos pacientes em um serviço de emergência aconteça de forma
eficiente e eficaz faz-se necessário políticas e procedimentos que padronizem o processo de
admissão, e priorizem aqueles que necessitam de cuidados imediatos, roteiros para facilitar a
avaliação dos pacientes, treinamentos frequentes, informações e orientações compatíveis com
os pacientes. (SIQUEIRA, 2008, p. 29).
A otimização do atendimento associada a um programa de educação da população
quanto ao real papel de um serviço de emergência constituem ferramentas fundamentais para
a redução do tempo médio de permanência do cliente no departamento de emergência
(DOMICIANO, FONSECA, 2008, p. 187).
164
CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO,
Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá
– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154166. Set. 2010/Dez. 2010.
A formação educacional foi tomada como fator bastante incisivo que leva à
adesão ou não das medidas de controle de infecção, mas a ênfase não se restringi ao processo
educativo formal direcionado à profissão (MARTINI, DALL‟AGNOL, 2005, p. 98).
A formação e a educação continuada representam os esforços que alavancarão o
controle de infecção, na sua interdisciplinaridade e intersetorialidade, caminha-se para um
novo fazer de Enfermagem, com modelos de cuidados mais seguros (PEREIRA, 2005, p.
254).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A demanda nos serviços de urgência e emergência tem aumentado em nosso
meio, contribuindo também para o aumento do numero de casos de IH nesse setor, embora
não tenhamos dados nacionais sobre tal realidade. Portanto, nos fatores envolvidos neste
aumento inclui-se o número crescente de acidentes e a dificuldade de acesso aos serviços de
atendimento ambulatorial, especialmente na rede pública, associado ao período de permanecia
do paciente nessa unidade, acima do preconizado pelo Ministério da Saúde, a não observância
dos métodos assépticos nos procedimentos invasivos entre outros.
A responsabilidade de prevenir e controlar a IH é individual e coletiva, ou seja,
não apenas do enfermeiro e sim de toda equipe. Sem a assimilação e implementação dos
procedimentos corretos por quem executa no paciente, com a necessária integração com a
equipe da CCIH, o problema da IH sempre será um percalço na prestação de serviços à saúde
(PEREIRA, 2005, p. 253).
É necessária a compreensão dos mecanismos geradores de infecção nos serviços
de emergência e do papel dos fatores ligados ao agente causador, ao meio ambiente e ao
hospedeiro, estabelecendo as medidas de prevenção e controle de infecção.
É neste contexto que há a necessidade de intervir com adoção de novos
comportamentos proporcionando maior conhecimento profissional com uma visão mais
ampliada sobre a temática.
A educação continuada, adoção de medidas profiláticas e de controle da IH, o uso
de alta tecnologia, por si só não refletem na mudança de comportamento das pessoas,
requerendo uma transformação de hábitos e de padrões éticos e culturais dos profissionais da
saúde.
165
CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO,
Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá
– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154166. Set. 2010/Dez. 2010.
Contudo não se pretende com este estudo esgotar o assunto abordado e nem
buscar “soluções prontas” para a prevenção e controle da IH e, sim contribuir para o
desenvolvimento de novos estudos relacionados ao tema e oferecer subsídios para o ensino e a
prática, abrindo um “leque” para novas pesquisas.
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Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 04, 167 – 172. Set. 2010/Dez. 2010.
TIPIFICAÇÃO DO METABOLISMO INDIVIDUAL E POSSIBILIDADES
FARMACOLÓGICAS DE DIMINUIÇÃO DOS EFEITOS COLATERAIS NO
TRATAMENTO DA DEPRESSÃO
Elder Sales da Silva
Marc Gingozac
Juliana Rodrigues de Sena
Resumo:
Abstract:
Os avanços nos estudos do metabolismo individual
permitiriam a classificação dos pacientes conforme a
capacidade de biotransformação das drogas e
sinalizariam para a criação de novos medicamentos e
novas estratégias farmacoterapêuticas. A depressão
desafia e compromete a saúde pública mundial,
possui previsões alarmantes e necessita de
investimentos para seu tratamento além de uma
abordagem biopsicossocial.
Advances in studies of individual metabolism would
allow classification of patients according to the
capacity of biotransformation of drugs and signaled
for the creation of new drugs and new strategies
pharmacotherapeutics. Depression challenges and
undermines the public health worldwide, has alarming
predictions and needs investment to its treatment and
a biopsychosocial approach.
Palavras-chave:
Key-words:
Depressão,
metabolismo,
perspectivas, farmacoterapia.
efeitos
colaterais,
Depression, metabolism, side effects, perspectives,
pharmacotherapy.
INTRODUÇÃO
A depressão traz em si o estigma de um contexto clínico que sobrepõe sintomas
físicos e desarranjos psicossociais de naturezas complexas e de difícil sistematização
terapêutica. A abordagem e manejo dos pacientes mergulhados em quadros depressivos têm
se tornado grande desafio farmacognósico, pois de um lado tem-se uma patologia de grande
impacto social e, de outro, uma considerável dificuldade para tipificação de estratégias
terapêuticas que atenuem os efeitos deletérios responsáveis pela limitação da resposta de cada
organismo e do sucesso no tratamento.
Considerada como o mal do século, a depressão é o centro de previsões
alarmantes para o futuro próximo. Segundo projeções da Organização Mundial da Saúde
(OMS), até 2020 os quadros depressivos serão responsáveis pela maior parte das
incapacidades de ordem pessoal e profissional levando ao aumento das demandas e encargos
sociais só perdendo em gravidade para os casos de coronariopatias (SHANSIS, 2001 e
PEREDA, 2005). Essa situação é cada vez mais comum em crianças conforme estudos de
Curatolo
e
168
SILVA, Elder Sales da; Marc GINGOZAC e SENA, Juliana Rodrigues de. Tipificação do metabolismo
individual e possibilidades farmacológicas de diminuição dos efeitos colaterais no tratamento da
depressão. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO
- VOL. 01, Nº 04, 167-172. Set. 2010/Dez. 2010.
Brasil, 2009 e adolescentes (ROHDE e TRAMONTINA, 2005) sendo a fase adulta muito
comprometida e a fase idosa naturalmente marcada por grande número de casos conforme
avança as debilidades orgânicas (SHIGEMURA et. al., 2008; PRATT et. al., 2005 e RAHIMI
et al., 2006).
Estima-se que entre 13% e 20% da população mundial sofra de depressão com 3%
apresentando distúrbios afetivos graves com risco de morte. Dos pacientes, quando tratados,
apenas 30% respondem à terapia medicamentosa e ficam sujeitos ao período de latência e aos
efeitos colaterais que podem restringir a conduta (ROMEIRO e BARREIRO, 2008).
Conforme o panorama estabelecido, é imprescindível a investigação dos critérios
utilizados para diagnóstico da depressão e para a escolha dos medicamentos. Será que apenas
o diagnóstico clínico consegue atenuar os efeitos colaterais e dirigir o sucesso
farmacoterapêutico? Quais as investigações acerca do metabolismo do paciente dão suporte
para a prescrição?
METODOLOGIA
Levantamento analítico de artigos científicos e revisão sistematizada dessa
literatura a partir de bases de dados da pubmed, sciencedirect e medline no período de 1999 a
2009.
DISCUSSÃO
Escolha dos medicamentos antidepressivos
Vários psicofármacos são utilizados e podem ser selecionados conforme as
características do paciente. A tentativa é melhorar a resposta ao tratamento diminuindo pelo
menos 50% dos sintomas e a progressiva remissão do quadro patológico que requer uma
redução quase completa dos mesmos sintomas (SHANSIS, 2001). A eleição do agente
terapêutico deve considerar a individualidade do paciente e um criterioso diagnóstico
orientado pelos sintomas e pela presença de comorbidade (MIRANDA et. al., 2006).
A depressão possui a particularidade de ser a convergência sintomática de outras
patologias como hipertensão, diabetes, hipotireoidismo e acidentes encefálicos entre outros ou
ser, ela própria, a causa primária que repercute fisiológicamente e abre o organismo para
169
SILVA, Elder Sales da; Marc GINGOZAC e SENA, Juliana Rodrigues de. Tipificação do metabolismo
individual e possibilidades farmacológicas de diminuição dos efeitos colaterais no tratamento da
depressão. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO
- VOL. 01, Nº 04, 167-172. Set. 2010/Dez. 2010.
distúbios psicossomáticos. Por isso o diagnóstico diferencial deve esclarecer os quadros
debilitantes associados à perda de energia e ânimo que não seja típico da depressão primária e
que, portanto, não necessite de intervenção medicamentosa necessariamente (CANALE e
FURLAN, 2006).
Sanshis, 2001 considera critérios farmacológicos como eficácia, tolerabilidade e
segurança. Através da escala de Hamilton para sintomatologia da depressão pode se avaliar a
resposta e a remissão do quadro patológico e conduzir a terapêutica. A partir da tentativa de
sistematizar a prescrição baseada em diagnósticos marcadamente clínicos é que tem se
estabelecido o tratamento farmacológico. Neste ponto é importante perceber que variáveis
fenotípicas, portanto, clínicas e sintomáticas a priori, são fundamentais na escolha e
prescrição de medicamentos, mas podem esbarrar no risco dos efeitos colaterais advindos não
da criação de um perfil terapêutico e sim do desconhecimento do ritmo metabólico próprio de
cada individuo.
Caracterização do metabolismo como referência para prescrição medicamentosa
A biotransformação das drogas como os antidepressivos é uma etapa primordial
no processo de eliminação e diminuição da toxicidade e dos efeitos colaterais, todavia, os
mecanismos que alteram a estrutura química para detoxificação podem, por sua vez, gerar a
formação de compostos instáveis com grande potencial para lesar estruturas celulares e o
DNA. Esses eventos podem desencadear efeitos adversos ao nível somático e genético sendo
a biotrasnformação um risco que passa pelo crivo rigoroso de aparelhos enzimáticos
complexos com destaque ao sistema citocromo P450 microssomal. Os efeitos colaterais são
deflagrados por diversos fatores como a condição clínica e as secundárias às interações do
individuo como o ambiente e a condições genéticas (MIRANDA et. al., 2006 e FRANCO e
FRANCO 2003).
Variações nos sistemas enzimáticos do complexo P-450 são conhecidas há muito
tempo e estão associadas à resposta dos pacientes frente ao uso de fármacos ou outros tipos de
drogas. Algumas enzimas dessa família metabolizam moléculas especificas. As CYP2D6
metabolizam, por exemplo, antidepressivos triciclicos, os inibidores de recaptação de
serotonina, antipsicóticos, betabloqueadores e antiarrítmicos enquanto as CYPC19
metabolizam o omeprazol, propanolol, hexabarbital, diazepam, imipramina e amitriptilina.
Esses exemplos revelam polimorfismos enzimáticos complexos cuja perturbação estrutural e
170
SILVA, Elder Sales da; Marc GINGOZAC e SENA, Juliana Rodrigues de. Tipificação do metabolismo
individual e possibilidades farmacológicas de diminuição dos efeitos colaterais no tratamento da
depressão. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO
- VOL. 01, Nº 04, 167-172. Set. 2010/Dez. 2010.
ou funcional determina o ritmo biológico do processamento farmacocinético das moléculas
exógenas (GROT, 2006 e MIRANDA et. al., 2006).
Assim, baseado nesse polimorfismo, a população humana pode ser classificada
em metabolizadores lentos (ML) que expressam enzimas disfuncionais ou inativas,
metabolizadores extensivos (ME) com metabolização normal e os metabolizadores ultra
rápidos (MU) que são raros e apresentam alta capacidade de metabolização (ARINC 2009). A
ideia comum que cada organismo pode responder de forma própria aos mesmos estímulos
vale para variáveis biológicas, psíquicas e sociais. Para essa situação, fica evidente que cada
indivíduo deve ser avaliado conforme sua capacidade metabólica de responder a exposição
farmacológica (MEYER, 2000). A indicação medicamentosa teria um elemento a mais para
diminuir a citotoxicidade por estabelecer dosagens e posologias mais precisas.
Impacto biopsicossocial da terapia antidepressiva
Neste contexto, a perspectiva pode ser animadora, pois em 2005 o órgão
regulamentador americano Food and Drugs Administration (FDA) aprovou o uso de um chip
para detecção das enzimas aqui referidas e abriu caminho para a categorização dos tipos de
metabolizadores com mais cuidado para os lentos e ultra rápidos. Essa análise poderia levar
aos clínicos subsídios para a criação de diferentes estratégias terapêuticas com cuidadosa
monitorização plasmáticas das drogas.
O foco, então, passaria a ser a particularidade metabólica de cada individuo
enfatizando peculiaridades intimas deste. A repercussão em saúde pública seria importante
não apenas para o tratamento individualizado, mas também, a partir desses exames, poderia
ser criado um perfil populacional com aspectos regionais e étnicos. Somada as condutas
tradicionais, a caracterização metabólica aperfeiçoaria os resultados das práticas clinicas e
daria mais fundamentação para criação de novas drogas como menor farmacotoxicidade
(ARINÇ, 2009; MIRANDA et. al., 2006 e ROMEIRO e BARREIRO, 2008).
Sem dúvida a abordagem antidepressiva deve considerar os elementos biológicos,
psicológicos e sociais. Na prática, muito ainda se tem a esclarecer sobre o enigma das
diferenças reacionais entre os grupos de medicamentos e a variedade de eficácia. Entretanto, a
efetividade dos fármacos está fortemente vinculada ao perfil de efeitos colaterais, ao custo, ao
risco de suicídio e a tolerância. O tratamento passa por todos os elementos que configuram o
ser humano.
171
SILVA, Elder Sales da; Marc GINGOZAC e SENA, Juliana Rodrigues de. Tipificação do metabolismo
individual e possibilidades farmacológicas de diminuição dos efeitos colaterais no tratamento da
depressão. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO
- VOL. 01, Nº 04, 167-172. Set. 2010/Dez. 2010.
É por apresentar essa complexidade, que o tratamento dos distúrbios psiquiátricos
exige dos profissionais de saúde uma grande capacidade de discernimento e julgamento
clínico eticamente envolvido na atenuação de sintomas e na melhora da qualidade de vida dos
pacientes. À medida que se aprimorem esses enfretamentos, poderá surgir um horizonte
menos assustador em relação às previsões dos futuros prejuízos pessoais e profissionais
provocados pela depressão.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O grande propósito desse trabalho foi o de abrir uma perspectiva sobre novos
paradigmas que associados com a abordagem tradicional poderão melhorar o tratamento dos
casos de depressão em todas as suas variáveis diagnósticas.
O estudo do comportamento metabólico pode se tornar o grande diferencial no
sucesso terapêutico e uma das formas mais decisivas de tornar as estratégias de tratamento
mais individualizadas. As novas pesquisas tentam aproximar os fármacos do efeito
terapêutico disposto com o mínimo de efeitos colaterais. Para se tornar ainda mais ideal, esses
medicamentos deveriam abranger o maior número de tipos de depressão desde os mais leves
até os mais severos, apresentar baixo custo e poder ser usados em várias idades.
Os cuidados em saúde pública no tratamento da depressão devem passar por
projetos políticos que invistam em formação de profissionais capacitados clinica e
cientificamente e no investimento em planos de tratamento que atinjam a população de um
modo geral. A evolução do tratamento depende muito do conhecimento fisiopatológico dos
distúrbios psiquiátricos e do avanço da farmacogenética que é muito negligenciado.
No Brasil, por exemplo, seria possível estabelecer um perfil diversificado devido
ao grande polimorfismo ligado a grande miscigenação populacional. Dessa forma, algumas
lacunas relacionadas aos efeitos terapêuticos e efeitos colaterais poderiam ser decifradas um
pouco mais e novos medicamentos mais eficazes desenvolvidos.
Existem muitas outras condições que este artigo não conseguiu abordar, pois não
teve a pretensão de esgotar todas as facetas de um contexto tão multidisciplinar. Contudo, ao
que se propôs, fica a importância de se vislumbrar parte das perspectivas de condutas
farmacológicas sendo necessários novos estudos sobre o uso de antidepressivos e a discussão
da prática clínica, pois é o que realmente interessa.
172
SILVA, Elder Sales da; Marc GINGOZAC e SENA, Juliana Rodrigues de. Tipificação do metabolismo
individual e possibilidades farmacológicas de diminuição dos efeitos colaterais no tratamento da
depressão. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO
- VOL. 01, Nº 04, 167-172. Set. 2010/Dez. 2010.
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Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 04, 173 – 182. Set. 2010/Dez. 2010.
ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO LAZER E NO TURISMO NA MELHOR IDADE
Dasdores Gonçalves da Silva Oliveira
Viviana Reis de Araujo*
Edicássia Rodrigues de Morais Cardoso
Resumo:
Abstract:
O trabalho a ser realizado busca fazer uma revisão da
literatura direcionada à análise da qualidade de vida
na terceira idade supervisionada pela enfermagem.
Neste âmbito, é objetivo desta revisão da literatura
dar continuidade ao aprofundamento sobre a
temática do lazer na terceira idade. A metodologia
deste trabalho refere-se a coletas de dados referente a
sites como: Sciello, Bireme, e Lilacs com assuntos
indexados entre os anos de 1990 a 2008. Para tal
trabalho faremos uma analise atual do lazer na
melhor idade com enfoque da enfermagem a fim de
mostrar a importância da qualidade de vida do idoso
orientados pelos enfermeiros de forma a poder
contribuir para uma prática efetiva nesta área.
The work being conducted seeks to review the reports
related to analysis of quality of life in old age
supervised by nurses. In this context, one objective of
this review to continue with further exploring the
issue of leisure in old age. The methodology of this
study refers to data collections relating to sites like:
sciella, BIREME, LILACS and indexed with issues
between the years 1990 to 2008. For this work we
present an analysis of leisure with a focus on the best
age of nursing in order to show the importance of
quality of life of elderly people targeted by nurses so
that they can contribute to effective practice in this
area.
Palavras-chave:
Key-words:
Lazer, turismo, enfermagem e
qualidade de vida.
melhor idade,
Leisure, tourism, nursing and seniors, quality of life.
INTRODUÇÃO
Para Carvalho 2002, o processo do envelhecimento é evidente e observado com
facilidade apesar de sabermos pouco sobre este fenômeno que acontece com todos os seres
vivos. O indivíduo idoso não constitui um ser marginal, mas exibe necessidades peculiares, de
importâncias variáveis, que exigem atenção e conhecimento para tomar medidas e condutas
que sejam adequadas para cada situação.
O mesmo cita que envelhecer é um processo dinâmico, progressivo e inevitável,
pois há mudanças morfológicas, bioquímicas, funcionais e psicológicas ocasionando maior
predisposição

a
processos
patológicos
que
acabam
Acadêmicas do curso de graduação de Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá
Prof(a) Esp. do curso de Enfermagem da Universidade de Sá.

levando
a
morte.
174
OLIVEIRA, Dasdores Gonçalves da Silva; ARAUJO, Viviana Reis de e CARDOSO, Edicássia
Rodrigues de Morais. Atuação do enfermeiro no lazer e no turismo na melhor idade. Estácio de Sá –
Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 173182. Set. 2010/Dez. 2010.
O envelhecimento é um conjunto contínuo de processo dependente do tempo que
geralmente espelham a idade cronológica, mas é altamente variável e
individualizado. O termo idoso, como é usado geralmente, pode ser bem mais
definido como um estado ou condição “que pode ou não estar correlacionado à idade
cronológica e mais frequentemente, reflete a perda da capacidade de manter a
independência (PAPALÉO, 2000).
O envelhecimento é um processo que apresenta algumas características: é
universal por ser natural, não depende da vontade do individuo, todo ser nasce, desenvolve-se,
cresce, envelhece e morre. A vida é um constante processo de modificações e a cada fase de
seu desenvolvimento ocorrem transformações múltiplas acompanhadas de seus próprios
desafios. É irreversível, apesar de todo o avanço da medicina em relação á descobertas e
tratamentos das doenças, as novidades farmacológicas, o desenvolvimento de técnicas
estéticas e outras. Nada impede o processo de envelhecimento (CARVALHO, 2002).
OBJETIVO
O objetivo principal deste trabalho é: valorizar e motivar o idoso através da
educação direcionado pelo enfermeiro, na sociedade incentivando sua capacidade e motivação
de se tornar um cidadão com direitos e respeito. Mas para isto, o idoso tem que ser orientando
para desempenhar a sua funcionalidade física, a sua capacidade emocional e intelectual, com
intuito de ser visto para com os olhos da sociedade goiana como um ser ativo, detector de
sabedoria, que necessidade e oportunidades voltadas para a melhor idade.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo do tipo bibliográfico, exploratório e descritivos. O estudo
bibliográfico se baseia em literaturas estruturadas obtidas de livros e artigos científicos
provenientes de bibliotecas convencionais e virtuais. O estudo descritivo-exploratório visa à
aproximação e familiaridade com o fenômeno-objeto da pesquisa, fazendo descrição de suas
características.
Este estudo é baseado em fontes bibliográficas, buscado nos bancos de dados na
BIREME, LILACS e SCIELO. O estudo tem caráter descritivo, tendo o principal objetivo,
observar, registrar, analisar e correlacionar fatos cuja amostra foi constituída por 27
publicações, no período de 1990 a 2010.
175
OLIVEIRA, Dasdores Gonçalves da Silva; ARAUJO, Viviana Reis de e CARDOSO, Edicássia
Rodrigues de Morais. Atuação do enfermeiro no lazer e no turismo na melhor idade. Estácio de Sá –
Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 173182. Set. 2010/Dez. 2010.
HISTÓRIA DO IDOSO
A partir da Idade Média começou a dar mais ênfase quanto às prevenções e as
medidas de tratamento aos idosos. Foi abordado pelos dois filósofos que mais valorizaram a
medicina preventiva aos idosos e advertia os mesmos em alguns de seus tratados para evitar
excessos e medidas de higiene, beber vinho e fazer acompanhamento médico periodicamente.
Aos profissionais que quisessem se dedicar ao cuidar dos idosos teriam que mudar o seu estilo
de vida, passariam a ser conhecedores de medicina, moralizado, experientes, religiosos,
limpos, moderados com a comida, bons hábitos e de boa aparência, estas seriam as
características para um bom profissional, pois o seu estilo de vida passaria de exemplo aos
pacientes (RAMOS, 1995).
Com o passar dos anos relatamos e observamos que a medicina e os cuidados ao
idoso só vêm progredindo, e esquecendo quanto aos valores com eles só se preocupando no
bem e No decorrer do século o respeito e a valorização quanto à sociedade idosa mudou e
muito, foi se perdendo os valores e a consideração pelos mesmos devido à modernidade em
que se encontra o mundo, a globalização, a individualidade do individuo, a independência
financeira tudo isso ocasionou à perda de valores e bons costumes (ROACH, 2003).
No decorrer do século o respeito e a valorização quanto à sociedade idosa mudou
e muito, foi se perdendo os valores e a consideração pelos mesmos devido à modernidade em
que se encontra o mundo, a globalização, a individualidade do individuo, a independência
financeira tudo isso ocasionou à perda de valores e bons costumes. A exemplo disso vimos na
realidade atual: desrespeito através do abandono familiar, a ausência da assistência e a falta de
expectativa de vida (PEREZ, 1993).
A velhice é permanente e a realidade eminente. Desde o princípio do mundo
sempre se dava ênfase aos mais velhos pelo seu saber e experiência de vida. Assim
sucessivamente passa de pais para filhos é uma constante, embora em períodos mais remotos
os idosos fossem tratados com mais dignidade e respeito (BEAUVIOR, 1990; VERAS, 1994)
AS MUDANÇAS DEMOGRAFICAS QUE PASSAM O IDOSO
Segundo Brito & Ramos (1996), os idosos numericamente vêm aumentando
significativamente nos últimos anos, pois a velhice é uma etapa do ciclo da vida, que uma
parcela crescente da população brasileira vem alcançando e desfrutando por mais tempo, em
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OLIVEIRA, Dasdores Gonçalves da Silva; ARAUJO, Viviana Reis de e CARDOSO, Edicássia
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virtude do aumento da expectativa de vida e do acelerado envelhecimento populacional do
país nas últimas décadas. Esta mudança no perfil demográfico, iniciada na segunda metade
dos anos 70, quando houve um declínio da taxa de natalidade, aponta que para o ano de 2025
existirá no Brasil, aproximadamente 30 milhões de idosos que representarão 15% da
população total.
Segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2007), os anos de 1975 a
2025 corresponderão á era do envelhecimento, marcada pelo crescimento demográfico da
população idosa, o que decorre, principalmente do controle da natalidade e do aumento de
gerontes já representa um grande problema, no futuro próximo, o Brasil viverá a mesma
situação. As projeções estatísticas apontam que até ano 2025, ocuparemos o 6º lugar do
mundo no que se refere á população idosa.
Voltar à atenção á saúde ao idoso é um ato político que envolve diferentes atores
sociais: gestores, sociedade civil organizada e a clientela de idosos, que em processo
democrático, participativo, articulam-se entre si e negociam as tomadas de decisões para o
enfrentamento do envelhecimento populacional (CARVALHO, 2002; SAAD, 1992).
A CONVIVÊNCIA DA FAMÍLIA COM IDOSO
Segundo Cabral (1998), a família é um ponto de referência em todas as situações.
É apontada pelos estudiosos do envelhecimento como o ponto chave para corresponder às
questões como o bem-estar e a segurança, ela é o espaço aonde se encontra a intimidade e o
segredo e dificilmente compartilhado ou exposto ao olhar externo.
O idoso precisa estar convivendo no seu meio familiar para melhor segurança,
porque ele vai sentir amado não sentir como um fardo pesado. Geralmente não tem
dependência financeiramente de seus filhos por serem aposentados, inclusive são citados
como arrimo de família. Aceitar o idoso na família torna-se muito importante para o processo
de envelhecimento, pois o mesmo não vai sentir rejeitado e poderá ter uma melhor qualidade
de vida (GOLDANI, 1999; PEIXOTO, 2004).
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OLIVEIRA, Dasdores Gonçalves da Silva; ARAUJO, Viviana Reis de e CARDOSO, Edicássia
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ESTATUTO DO IDOSO E SEUS DIREITOS
Segundo o Estatuto do Idoso (2007), de acordo com a Constituição Federal de
1996, através do decreto nº. 1.948 de 3 de julho de 1.996, o idoso tem garantido um estatuto
que cita os seguintes parágrafos como direito do idoso:
O art. 2º e os incisos I, II e IV, referem sobre o direito do idoso a cidadania, a
dignidade o direito à vida que todo o ser humano deve ser respeitado, sem distinção seja pela
cor, raça, faixa etária, sexo enfim entre outras discriminações.
O art.3º no parágrafo único declara que todo o idoso tem o direito de asilar é um
dever do estado de abrigá-los tendo ou não condições financeiras.
No art. 4º e os incisos I, II, III e IV, refere-se á priorização do atendimento ao
idoso em órgãos públicos e privados prestadores de serviços que compete ao governo, estado,
município de realizarem centro de convivência à 3º idade para abrigá-los e desenvolver
atividades aos mesmos, e assim priorizando o bem estar e até um aumento qualitativo da
renda dos mesmos.
O art. 9º e os incisos I, II, III, IV, VII, VIII, IX, XI, XII, XIII, competem que é um
dever do poder público desde federal, estadual e municipal de realizar um atendimento
específico dos idosos nas unidades básicas de saúde – SUS, com uma equipe especializada em
geriatria e gerontologia, tendo assim um atendimento de equidade, qualidade e humanizada.
Art. 15º parágrafo único, compete que os ministérios dentro da sua competência
promover a capacitação de recursos humanos voltados para o atendimento ao idoso.
Art. 17º parágrafo único, refere que o idoso tem o direito à assistência preventiva,
protetiva e de recuperação por meio do Sistema Único de Saúde – SUS.
Art. 18º parágrafo único, compete que o idoso que não tiver condições de
permanecer no asilo devido à enfermidade crônica e precisar de cuidados médicos deverá ser
transferido há um hospital para este não vim há óbito e os demais consequentemente.
Outro destaque é a criação do conselho do idoso, criado pela Lei nº 218, de
26.12.91, ao qual recebeu do estatuto os encargos de fiscalizar as entidades privadas
prestadores de serviços de assistência aos idosos.
No dia 27 de setembro de 1997, foi criado o dia do idoso, com a Lei nº 1.479, de
17 de junho de 1997.
Com esta pequena síntese do "Estatuto do Idoso" que foi elaborado podemos
analisar que é lamentável a situação em que se encontra o idoso no Brasil e não pela
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OLIVEIRA, Dasdores Gonçalves da Silva; ARAUJO, Viviana Reis de e CARDOSO, Edicássia
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legislação, pois, ela é farta, mas mal elaborada ou simplesmente descumprida. É necessária a
mobilização social para o devido respeito ao idoso, exigindo principalmente do poder público
a implementação da Política Nacional do Idoso.
O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
Segundo Carvalho (2002), o envelhecimento é um processo que apresenta
algumas características: é universal por ser natural, não depende da vontade do individuo,
todo ser nasce, desenvolve-se, cresce, envelhece e morre. A vida é um constante processo de
modificações e a cada fase de seu desenvolvimento ocorrem transformações múltiplas
acompanhadas de seus próprios desafios. É irreversível, apesar de todo o avanço da medicina
em relação á descobertas e tratamentos das doenças, as novidades farmacológicas, o
desenvolvimento de técnicas estéticas etc. Nada impede o processo de envelhecimento.
Segundo Silvestre (2002) o envelhecimento é um processo dinâmico e
progressivo, no qual haverá modificações fisiológicas, bioquímicas e psicológicas que
acarretara da perda progressiva do individuo e adaptação ao meio e maior vulnerabilidade do
individuo se acometer por patologias que poderá ocasionar a morte. Na verdade não há uma
definição exata de como ocorre e porque ocorre o processo de envelhecimento, e não há um
método específico para tal de não progredir.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2007), o conceito de
envelhecimento ativo consiste em levar na medida que envelhecemos uma vida produtiva e
saudável na família, na sociedade e na economia. Neste sentido devemos levar em conta todas
as dimensões da atividade física, mental, social e espiritual. Enquanto, para Beauvoir (1990),
o conceito de envelhecimento é um processo que ocorre no percurso da vida do ser humano,
iniciando-se com nascimento e terminando com a morte.
FISIOLOGIA DO IDOSO
Segundo Filho & Netto (2005) a composição corpórea altera-se com o
desenvolvimento e o envelhecimento em ambos os sexos. A água é o principal componente
ela corresponde a 70 % do organismo na criança, no adulto jovem 60% e no idoso 52%. Esta
diminuição do adulto jovem quanto ao idoso se deve pelo fato da diminuição celular. Quanto
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ao idoso podemos considerar um individuo desidratado crônico, devido pela perca de água no
organismo.
Durante o envelhecimento todos os tecidos do organismo sofrem alterações, varia
de intensidade dependendo do indivíduo e do tecido, notam-se em algumas pessoas essas
modificações predomina em alguma parte do organismo ou em outras localizações. O sistema
colágeno é a proteína mais encontrada no organismo. Com o envelhecimento mais colágeno é
formado, surgem ligações cruzadas na molécula e há maior resistência á ação da colagenase.
Em consequência aumenta a rigidez dos tecidos e há maior dificuldade de difusão dos
nutrientes dos capilares para as células e dos metabólitos das células para os capilares, o que
ocasionaria deterioração progressiva da função celular ( MOTTA, 1998).
Com o envelhecimento ocorre alteração mais evidente nas fibras elásticas
maduras, ocorre um aumento na quantidade de fibras elásticas, alterando na sua composição
de aminoácidos, fragmentação e irregularidade de forma, além do depósito de cálcio. Tais
alterações determinam mudanças nas características funcionais das mesmas, ocasionado
redução da elasticidade dos tecidos que as contêm. Na pele envelhecida podemos observar é a
fragmentação das fibras elásticas. As tortuosidades significam que as fibras foram esticadas e
a seguir perderam a elasticidade, determinando como consequência dobras ou rugas.
(ROACH 2005).
ENTENDENDO O LAZER PASSIVO E EDUCANDO PARA O LAZER ATIVO
O lazer faz parte da vida dos seres humanos, pois ele é um dos requisitos da vida,
que proporciona prazer, liberdade, sensação de bem estar entre outros benefícios. Mas
dependendo de como o individuo encara a realidade atual ou mesmo o tipo de lazer que
exerce, implicará no bem estar ou dos benefícios que o lazer pode oferecer (GOMES, 2003).
Segundo Ricardo (2009) em sua obra Estudos do Lazer uma introdução classifica
o lazer em seis áreas fundamentais: os interesses artísticos, os intelectuais, os físicos, os
manuais, os turísticos e os sociais.
São características do lazer ativo, atividades ligadas à recreação e interesses
físicos proporcionando assim interação social e saúde. Onde o indivíduo procure buscar algo
que lhe transmita prazer e ao mesmo tempo relaxamento, tentando esquecer um pouco suas
tarefas e reações de estresse da sua vida cotidiana. Isto também é possível acontecer no
cinema ou ao teatro como interesses artísticos (RICARDO, 2009).
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OLIVEIRA, Dasdores Gonçalves da Silva; ARAUJO, Viviana Reis de e CARDOSO, Edicássia
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Porém, não se deve excluir o lazer passivo, até por que é inevitável nos tempos
atuais, e às vezes a atividade passiva pode gerar tão quanto prazer como o lazer ativo, como
por exemplo: um torcedor de futebol que torce em casa, com muita empolgação, vibração e
alegria pode estar se satisfazendo prazerosamente até mais de quem estar torcendo ao vivo no
estádio, ou quando uma pessoa resolve ler um bom livro, ou seja, para tudo depende do tempo
livre e da atitude presente nas atividades. Mas vemos o lazer passivo como modismo estando
relacionado ao consumo através de propaganda da indústria do lazer e aos jogos eletrônicos, a
televisão, os computadores entrem outros que afetam as pessoas desde a sua fase de criança
até a fase adulta poupando-o em: energia, a não interação social, assim como os efeitos do
modismo e criatividade. Até aqui, tratamos de determinado segmento social que dispõe do
tempo e do dinheiro para o lazer (EMBRATUR, 2008).
Procure fazer o que você realmente goste e sente prazer, mas que você se sinta
bem realizando tal atividade, porém, faça tarefas ativas voltadas para as atividades físicas e de
saúde, atividades que envolva interação social, que possa colocar-lhe como ser capaz de
escolher e criticar as atividades compostas e expostas a si (ROBERTA, 2006; NEIDE, 2010).
O PAPEL DO ENFERMEIRO NA CAPACITAÇÃO DO CUIDADOR DO IDOSO
Segundo Karsch (1998), se não houver recursos humanos treinados especialmente
para atender os idosos, não haverá uma atenção integral, integrada, digna e eficaz.
Em relação aos profissionais que compõem a equipe de saúde para dar assistência
à
população
idosa,
torna-se
premente
investir
na
sua
capacitação
para
que
interdisciplinarmente façam intervenções adequadas no processo saúde-doença. Não se pode
esquecer que esta equipe é quem faz a intermediação entre a unidade de saúde ou home-care
ou hospital e usuário, cabendo-lhe o papel de colher informações importantes para assumirem
tamanha responsabilidade (MENEZES, 1994).
A enfermagem abrange todos os aspectos, como os cuidados, a capacitação, as
orientações e a própria supervisão com tudo o enfermeiro só tem de proporcionar o bem-estar
físico e bio-psico-social, pois o cuidador tendo a capacitação consequentemente as questões
patológicas vão degredir, por exemplo, a depressão é uma das doenças que mais acomete o
idoso devido ao isolamento, e se este idoso possuir um cuidador capacitado o mesmo irá
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OLIVEIRA, Dasdores Gonçalves da Silva; ARAUJO, Viviana Reis de e CARDOSO, Edicássia
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trabalhar na sua auto-estima proporcionando a comunicação, obtendo assim um resultado
positivo da sua patologia (PEREZ, 1993).
CONCLUSÃO
O exercício de cuidar do idoso no domicilio é um aprendizado constante, baseado
nas necessidades físicas e biológicas de acordo com o nível de dependência do idoso. Na
maioria das vezes se torna difícil, pela inexperiência do cuidador, atender as demandas que
vão surgindo no transcorrer do processo do cuidar e que necessitam ser aprendidas no
enfrentamento do cotidiano e sendo orientados pela enfermagem (KARSCH, 1998).
O enfermeiro é fundamental na educação para a preparação e cuidado no
envelhecimento e morte, muito mais importante que acrescentar anos à vida e acrescentar vida
aos anos (PEREZ, 1993).
Com isso o presente trabalho, tentará mostrar a importância da enfermagem, aos
cuidados da melhor idade, deve agir com equidade nas escolhas de suas intervenções, pois os
indivíduos. Dependendo do estágio de vida que se encontram, possuem necessidades
específicas, que precisam ser atendidas de forma diferenciada, como um elemento facilitador
para o processo de cuidar na promoção da saúde, do lazer e do turismo.
Desta forma, buscaremos mostrar para sociedade goiana a importância de
valorizar o idoso no nosso convívio social, pois este é um elemento de cultura, experiências
humanas e um cidadão muito virtuoso e instigar a classe acadêmica, principalmente da saúde,
a importância da promoção da longevidade com qualidade de vida. Já que amanhã
pertenceremos a esta classe, mas não devemos esperar envelhecer para fazer a nossa parte.
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data, p. ii-ii. Ex.: FICHTNER, N. A escola como instituição de maltrato infância. In:
KRINSKY, S., org. A criança maltratada. São Paulo, Almeida, 1985. p. 87-93.
Solicita-se observar rigorosamente a sequência e a pontuação.
c) No caso de artigo: SOBRENOME, nome. Título do artigo. Título do Periódico
Sublinhado, local de publicação, número do periódico (número do fascículo): página
inicial-página final. Mês(es) e ano de publicação. Ex.: CLARK, D. A. Factors
influencing the retrieval and control of negative congnotions. Behavior and Therapy,
Oxford, 24(2): 151-9. 1986. Solicita-se observar rigorosamente a sequência e a
pontuação.
d) No caso de tese acadêmica: SOBRENOME, Nome. Título da tese sublinhado. Local,
data, número de páginas, dissertação (Mestrado) ou Tese (Doutorado). Instituição em
que foi defendida. (Faculdade e Universidade). Ex.: HIRANO, Sedi. Pré-capitalismo e
capitalismo: a formação do Brasil Colonial. São Paulo, 1986, 403 p. Tese
(Doutorado). Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de
São Paulo. Solicita-se observar rigorosamente a sequência e a pontuação.
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