ROMANOS - A GRAÇ A CUMPRE A LEI |
A LIBERDADE
CRISTÃ
ESTUDO 44
Leituras diárias
Texto bíblico: Romanos 6
Texto básico: Romanos 6.15-23
Texto áureo: Gl 5.25
Qual o seu conceito de liberdade?
O teólogo Edgar Young Mullins tem
esta colocação: “A verdadeira liberdade é a
determinação da pessoa para o que é bom
moral e espiritualmente” (La Religion
Criatiana en su Expresion Doctrinal).
Para esta época, em que muito se
argumenta contra os padrões estabelecidos, torna-se tarefa delicada situar
o assunto. Qualquer modelo proposto
parece negar a criatividade, a expressão
individual e espontânea, o modo de ser
de cada um.
Mentalmente armado contra qualquer padrão, o homem acaba escravo da
falta de padrões, que é anarquia. Escravo
de vícios, de palavras torpes, de costumes
condenáveis, de amizades inconvenientes, de noites perdidas, de tempo ocioso, de talentos desperdiçados. A criança,
por exemplo, quer liberdade para brincar com uma faca afiada. Convém darlhe a faca? Resolve atravessar, sozinha,
a rua movimentada e perigosa. Convém
deixar? A partir da adolescência, a gen162 | R EF L EXÕ E S B Í B L I C A S
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Rm 6.1-6
Rm 6.7-11
Rm 6.12-15
Rm 6.16,17
Rm 6.18-20
Rm 6.21-23
Rm 8.12-15
te sabe usar a faca para ferir o próximo.
Convém apoiar? Sabe dirigir um carro em
alta velocidade, nessa rua movimentada
e perigosa. Convém proibir? O assunto
é complexo, porque a simples proibição
costuma não educar. Necessário é dialogar, esclarecer, conduzir. Afinal, gerar é
bem mais simples do que criar.
Basicamente, o problema é espiritual
e ético (Rm 8. 7,8). A lição de hoje discute
a liberdade cristã no contexto teológico
da lei mosaica. Essa liberdade também
contou e conta com diversidade de intérpretes, muitos deles extremamente
liberais. Paulo conhecia alguns e a penetração que tentavam conseguir na comunidade cristã.
LIBERDADE SEM LIBERALISMO - Rm 6.
15,16
Liberalismo é interpretação de liberdade, mas tende a reinterpretar doutrinas
e práticas bíblicas com ideias avançadas
demais que agradem a todos os espíritos “evoluídos”. É a repetição do ensino
ROMANOS - A GRAÇ A CUMPRE A LEI |
de Protágoras, filósofo grego do século
5o a. C., para quem a verdade é o que a
cada um pareça verdade. Aplica-se ao liberalismo teológico ou ético, conforme
esteja em questão a doutrina ou a conduta.
Precisamos libertar-nos de tudo o que
escravize, não há dúvida, até mesmo no
ambiente evangélico. Mas estamos discernindo o que escraviza? Batemos palma para qualquer desordeiro e subversivo, fora da igreja ou dentro dela, desde
que ele se mostre avesso às estruturas
tradicionais? Ou preferimos refletir e criar
espaço para os questionamentos relevantes?
Vamos ao texto. A passagem da lei de
Moisés para a graça de Cristo foi uma libertação, mas nunca o rompimento com
a disciplina cristã, como alguns entenderam nos dias de Paulo. Um cristianismo
fácil, relaxado, sem comprometimento
com o bem não possui conteúdo libertador. É tapeação, engano. Não é produto
da graça. Se a graça nos liberta do pecado, como permaneceremos no pecado?
(Rm 6.1, 2). Se o pecado gera a morte,
como seria ele um meio de manifestar a
liberdade? Se nossa relação é com o Cristo vivificado e vivificante, como daremos
frutos para a morte? (Rm 7. 5). Somos
servos do pecado ou da obediência? (Rm
6.16).
Como ocorre ainda hoje, falsos intérpretes se introduziam nas igrejas propondo um afrouxamento da ética cristã,
alegando que o pecado era boa ocasião
para Deus revelar sua compassiva graça,
cobrindo com o manto da misericórdia
todas as leviandades cometidas. A graça
não é isso. É uma lei interior que nos põe
no caminho da santificação, desejosos
sempre do bem. Opera de dentro para
fora, ao contrário da lei externa carregada de proibições e ameaças. Oportuno é
o conselho de Pedro no sentido de não
se usar a liberdade como “capa da malícia”, ou “pretexto da malícia (I Pe 2.16). A
BÍBLIA VIVA, da Editora Mundo Cristão,
traduz: “Vocês estão livres da lei, porém
isso não quer dizer que estão livres para fazer o mal”. Agir sem limites, em nome da
liberdade? Ser livre para escandalizar o
irmão? Cuidado com certas “mentes arejadas”, que usam da liberdade “para dar
ocasião à carne” (Gl 5.13).
Aplicação a sua vida. Neste tempo
caracterizado pelo rompimento com
padrões de conduta, que é liberdade
para você?
LIBERDADE COM SUBMISSÃO - Rm
6.17-20
O homem não escapa à posição de
servo: do pecado ou da justiça; do mal
ou do bem; do diabo ou de Deus. Servir
ao pecado degrada, avilta, humilha, enquanto servir à justiça enobrece, exalta,
santifica. Que é melhor? Que tipo de servo tenho sido?
Servo é um dos títulos do crente na
Bíblia, que Paulo soube usar e viver, tornando-se cada dia mais livre pela submissão a Cristo. Na humilde submissão
foi que o filho pródigo reencontrou a
liberdade. O v.19 faz um contraste entre
iniquidade e justiça. O apelo convence.
Convertidos que já serviram à iniquidade devem agora servir à justiça. Como se
explica um crente que não saiba valorizar
sua liberdade em Cristo? Que serviu “de
coração” ao mundo, mas só depois de
chorosos apelos serve a sua igreja.
Paulo se vale de linguagem bem humana para se comunicar (“falo como homem”), fazendo analogias que favorecem
a compreensão (Rm 3. 5; I Co 9.8; Gl 3.15).
RE F LE XÕE S B ÍB LIC AS
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| R O M A N O S - A G ra ç a c u m p r e a L e i
Aplicação a sua vida. Na sua experiência, em que sentido a submissão é liberdade?
LIBERDADE E VIDA - Rm 6. 21-23
Usando a figura da lavoura, qual o
fruto da conduta pecaminosa? Que consistência apresenta? O que se colhe é a
vergonha. Uma história de libertinagem
nada tem de bom a recordar. Resta a decepção e a morte (v.21).
Há dois cursos de vida em oposição:
servindo ao pecado e servindo a Deus.
E dois frutos diferentes. A relação entre
fruto e serviço está no v. 22. Tanto o bem
quanto o mal frutificam, mas perceba a
diferença. Em vez de o pecado dominar
o homem, Cristo assume a direção como
Senhor (v. 23). Afinal de contas, cada um
dá o que tem. O primeiro senhor (o pecado) escraviza; o segundo (Cristo) liberta.
E o crente sofre a vergonha de haver servido ao primeiro senhor. Bendita vergonha!
“Não passe dos 80”. Este antigo apelo do DETRAN (hoje um pouco diferente)
é escravidão ou liberdade? É morte ou
vida? Quem possui carro sente-se despojado de sua liberdade por essa lei?
Sente-se ameaçado de morte ao obedecer? Sabe-se que as estatísticas mostram
uma considerável redução de acidentes
nas estradas, graças a certas imitações
impostas. O trem bitolado pelos trilhos
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corre livre e oferece segurança aos passageiros. Saindo, facilmente mata.
As normas racionais do evangelho
significam segurança e vida. Mais do
que vida longa. É vida elevada, livre de
acidentes morais. Ser livre não é arriscar
uma escolha entre o bem e o mal. É escolher apenas o bem. Tal escolha resulta em
santificação e vida eterna (v. 22), que são
dons gratuitos de Deus em Cristo (v. 23) e
expressão final da liberdade cristã.
Aplicação a sua vida. Em Gl 5.13, o
apóstolo recomenda que não usemos
da liberdade para dar ocasião à carne.
Como isso acontece hoje?
PARA SUA REFLEXÃO
1. Você considera errado o crente fumar, beber uma cervejinha, jogar na
loteria, copiar os modelos sensuais
de roupa etc, desde que seja uma vez
ou outra e ele mantenha a fidelidade
doutrinária, e esteja bem integrado
na igreja?
2. Como você recebe o jugo de Jesus
oferecido por ele próprio, em Mt 11.
29,30? Não lhe parece uma contradição com a liberdade cristã?
3. No seu serviço a Cristo você encontra
prazer? Obedece de coração, conforme Rm 6.17, ou se considera oprimido por uma lei?
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