FUNDAMENTAÇÃO do conjunto das Linhas de Força do ano 13-14
Neste ano 2013/14 começamos um novo ciclo de seis anos nos quais
queremos crescer como colégios evangelizadores a partir do tesouro que é
a Espiritualidade Inaciana. Este ano, a ideia chave dos Exercícios Espirituais será
o “Princípio e Fundamento” (EE nº 23) e o tema que queremos trabalhar juntos é:
ENCHE-TE DE VIDA. Em tudo amar a servir.
Vejamos o fundamento das Linhas de Força na Espiritualidade de Santo Inácio.
Se a ideia de “Princípio e Fundamento” não lhe diz muito, não se preocupe,
aproveite esta oportunidade para se familiarizar com a forma como Santo Inácio
de Loyola nos fala de Deus e nos convida a caminhar com Ele. É a isto que
chamamos Espiritualidade Inaciana, uma maneira de se aproximar, amar e
servir a Deus em todas as coisas e a todas as coisas em Deus. O livro dos
Exercícios Espirituais não é um livro para ler de uma ponta à outra, serve para
orientar a meditação e oração e a partir daí chegar à nossa vida. O mais original de
Santo Inácio, na sua proposta de aproximação a Deus é a ordem em que coloca as
meditações e contemplações, os momentos de oração, que são Exercícios para o
nosso espírito.
Poderíamos falar muito da estrutura deste livro, mas basta-nos referir que o seu
início ou o pórtico de entrada ao edifício dos Exercícios, é o texto do Princípio e
Fundamento. Se atravessarmos esta porta, veremos que a primeira coisa que
Inácio quer é dar resposta a três grandes perguntas de todo ser o humano:
Quem sou? Para que estou aqui? Como posso ser feliz?
Mas Inácio escreve ao estilo do séc. XVI, e surpreende-nos com este texto:
"O homem é criado para louvar, prestar reverência e servir a Deus nosso
Senhor e, mediante isto, salvar a sua alma; e as outras coisas sobre a face
da terra são criadas para o homem, para que o ajudem a conseguir o fim
para que é criado. Donde se segue que o homem tanto há-de usar delas
quanto o ajudam para o seu fim, e tanto deve deixar-se delas, quanto
disso o impedem.
Pelo que, é necessário fazer-nos indiferentes a todas as coisas criadas, em
tudo o que é concedido à liberdade do nosso livre arbítrio, e não lhe está
proibido; de tal maneira que, da nossa parte, não queiramos mais saúde
que doença, riqueza que pobreza, honra que desonra, vida longa que vida
curta, e consequentemente em tudo o mais; mas somente desejemos e
escolhamos o que mais nos conduz para o fim para que somos criados.”
Tentemos simplificar o texto inaciano, à luz das três perguntas:
Quem sou?
Uma criatura de Deus no meio de toda a criação.
Para que estou aqui?
Para me aproximar mais do Deus que me recria e assim encontrar a
felicidade da salvação.
Como posso ser feliz?
Escolhendo com liberdade, amando e servindo a Deus em tudo e em
todos.
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Esta lógica de Santo Inácio é radical, mas ele sabe bem que nem sempre
vivemos de acordo com a lógica de Deus. Mas é certo que temos no coração o
painel de controlo do nosso entendimento têm o seu painel humano e as suas
rédeas são os desejos e os afetos. A nossa inteligência para as coisas de Deus é
profundamente emocional, por isso Inácio une amar com servir, e desejar com
eleger: “somente desejemos e escolhamos o que mais nos conduz para o fim para
que somos criados.”
Para quem se reconhece amado por Deus, não haverá coisa que encha
mais a vida do que viver ao modo de Jesus, descobrir a sua Boa-nova e
desfrutar já da salvação. Quando Inácio fala de “salvar a alma” quer-nos dizer que
não há nada melhor para cada um de nós do que estar com Deus, seguir os passos
de Jesus e comunicá-lo aos outros. A partir de um coração que se sente
seguro, unido a Deus, a única resposta possível é louvar, prestar
reverência e servir a quem o salvou. E todo isto, na vida que cada um vive.
A salvação é um presente que Deus já nos deu. Podemos responder a este
presente ou rejeitá-lo. Sentir-se salvo é reconhecer-se longe do que lhe faz
mal, do que não permite amar os outros, a criação, a si mesmo, segundo o afeto
de Deus por cada um de nós. Sentir-se salvo é cumprir um sonho de
felicidade que Deus pôs em cada um de nós, com a Vida d’Aquele que quis
fazer-se um de nós.
O “Princípio e Fundamento” traduzido neste tema do ano.
O tema “Enche-te de Vida” é um convite a viver o Princípio e Fundamento
inaciano. Encher-se pode expressar-se com dois verbos de ação: amar e servir.
Ao falar de “Vida” fazemo-lo com maiúsculas, porque é a Vida de Cristo que nos
coloca realmente no mundo, a que nos inspira a desejar e eleger, a que nos enche
de felicidade. A expressão original inaciana é: “Em tudo amar a servir a Deus
Nosso Senhor”. É precisamente o amor e serviço a Deus que nos abre ao amor e
serviço de todos os que partilham connosco uma mesma criação. Amar e servir,
entendidos assim, são como dois pincéis com que, nós e Deus, vamos dando côr a
um mundo que nota que lhe falta Deus para deixar de ser a preto e branco.
“Enche-te de vida” é o paralelo do tema de há 6 anos: “Enchamos o mundo de
côr”. Enche a tua vida de esperança, enche-te de esperança e de solidariedade,
enche-te de Deus e enche assim o mundo de côr, enche e faz “do mundo um
céu”.
Jesus define-se a si mesmo: “Eu sou o caminho, a verdade e a VIDA” (Jn 14,6); e
mostra-nos na sua vida terrena, pela coerência das suas palavras e atitudes, o que
é a Vida verdadeira que Deus sonha para nós. “Encher-se de vida” é viver a
proposta de felicidade e plenitude apresentada pelo Evangelho.
Às vezes sentimo-nos “cheios de vida” quando reconhecemos o amor de Deus
em nós. Outras vezes, somos nós quem deve encher de vida o mundo, fazendo o
que Jesus fez. Podemos acrescentar verbos de ação que dão sentido ao que
entendemos por encher-se de vida:
Acolher
Acompanhar
Agradecer
Amar
Animar
Ajudar
Aprofundar
Bendizer
Cantar
Celebrar
Comunicar
Conhecer
Consolar
Cooperar
Criar equipa
Crescer
Cruzar fronteiras
Curar
Dar
Dialogar
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Ensinar
Escutar
Esperar
Estudar
Fazer pontes
Interiorizar
Erguer
Libertar
Louvar
Oferecer
Participar
Partilhar
Reforçar
Rezar
Servir
Solidarizar-se
Sorrir
Visitar doentes
Viver
…
Traduzindo para o mundo da educação:
Para fundamentar bem a própria vida, para se encher de Vida, não vale
tudo. E aqui reside a importância da educação.
Educamos para ajudar os alunos a ser cada vez mais livres, para que saibam
escolher aquilo que MAIS os faz crescer como pessoas, aquilo que mais os conduz à
verdadeira felicidade. Liberdade para escolher o que nos torna solidários, justos,
honestos e com sentido de serviço. Nesta educação em liberdade e para a
liberdade, propomos um estilo de Vida, o de Jesus, que consiste em Encher-se da
Vida de Deus e encher os outros de Vida, amando e servindo em tudo.
Um amor e um serviço que se aprendem no colégio. O testemunho pessoal
e o estilo de vida dos educadores, a sua forma de se relacionar com os alunos, as
atitudes na sala de aula e na escola, as atividades que se desenvolvem durante o
ano,… devem ajudar os alunos a rever as suas vidas e a querer construí-las a partir
do amor e do serviço. Num mundo em que muitos não encontram caminho
para Deus, escolher viver a partir do amor e serviço pode ser a melhor
forma de encontrar a Deus, de O louvar e servir.
EXPLICAÇÃO DO SENTIDO DOS CARTAZES e TEMA.
Como sempre, apresentamos o mesmo tema nos dois cartazes para o trabalhar
mais adequadamente nas diferentes etapas educativas. Assim, há um cartaz para a
Infantil, 1º e 2º ciclos, e outro para 3º ciclo e secundário.
CARTAZ da infantil, 1º e 2º ciclos.
Nesta idade tudo está por descobrir, por
viver, por sentir,… Tudo o que se vive no dia
a dia é permanentemente uma novidade… E
por isso, falar da Vida ganha uma
multiplicidade de tons e significados que é
difícil expressar numa só imagem. Com o
atrevimento que nos carateriza e conscientes
desta limitação, propomos esta imagem
colorida.
A Vida é apresentada no cartaz como
caótica ou indefinida (muitas cores e
muitos
traços
indeterminados…),
positivamente contagiosa (umas mãos
que podem manchar…), e, ao mesmo tempo,
na mais clara definição de como é a vida
de uma criança.
Pode parecer paradoxal que esse símbolo
de vida que é uma criança, venha
acompanhado de um tema que convida a
“encher-se de Vida”. “Mais vida que a de uma criança? Por isso o tema, no meio
desta imagem, convida-nos a uma reflexão mais profunda: a vida é algo
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mais, muito mais, que o corporal, que a mera subsistência física. A vida é
algo que nos é dado, mas devemos “enchê-la” de sentido, de conteúdo, de
experiências,… que nos levem a ser permanentemente felizes, como é feliz
uma criança desta idade. Devemos construí-la com um fundamento sólido, como é
o amor e o serviço – (chaves de felicidade segundo o Evangelho e a espiritualidade
inaciana): “…Em tudo amar a servir”.
Nada mais quotidiano na vida das crianças do que os lápis. Uns lápis que
formam uma cruz (experiência de Deus no meio do dia a dia) e que dão
forma ao amor (coração desenhado). Um amor que é MAIOR que outros… UM
amor entendido, pois, como Jesus nos ensina no Evangelho e que é
confirmado com a entrega da vida pelos outros, até à Cruz.
O branco e amarelo não foram escolhidos ao acaso. São cores que se
costumam utilizar para representar a Divindade. As mãos da criança estão cheias
de amarelo, cheias de Deus, de experiência de Deus… Não é a Pastoral tudo aquilo
que potenciamos nos colégios para que os alunos tenham experiência profunda de
si mesmos (interioridade), experiência dos outros (empatia e simpatia) e
experiências profundas de Deus, que os chama a viver amando e servindo?
Essas mãos que podem encher de amarelo tudo o que tocam, falam-nos da
necessidade de encher, de impregnar o mundo do amor de Deus, encher de
vida tudo o que nos rodeia... Num “mundo cinzento” fazem falta chaves para
descobrir o essencial da vida, para “encher o mundo de côr”. O vídeo de
apresentação (“Assim se fez” LdF) e a canção “Enche-te de Vida” preparados
para estas etapas, ajudam-nos a compreender tudo melhor. Recomendamoslhes que o vejam e partilhem (ambos) com professores, pais e alunos…
(“Mãos à obra”).
Letra da Canção: “Enche-te de vida”
Se em cada passo do teu caminho,
te encontras sozinho ou estás perdido,
abre as portas do teu coração
e enche, enche-te… de Vida,
enche, enche-te da SUA Vida.
Com esperança, com alegria,
com bom humor e em Companhia,
atreve-te a abrir o teu coração
e enche, enche-te… de Vida,
enche, enche-te da SUA Vida…
Enche-te de Vida… VIDA...
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CARTAZ DO 3º CICLO E SECUNDÁRIO
Se durante a infância a Vida está por
descobrir, quase tudo é alegria… nas
etapas seguintes (3º ciclo e secundário) a
vida já lhes pode ter mostrado a sua face
menos simpática. Alguns dos nossos alunos
já passaram ou estão a passar por duras
experiências que os baralham; outros
começam a ter dúvidas e emoções que os
surpreendem…; outros questionam-se com
profundidade sobre o futuro…; outros estão
cépticos e indiferentes diante de tantas
propostas que a sociedade lhes faz…;
outros continuam à espera e confiam em
todo o potencial da vida que veem à sua
volta e nos seus sonhos…
Mas não costumam ser, como bem
sabem os pais e professores, etapas de
experiências tranquilas e serenas mas que,
em muitas alturas, estão cheias de
vivências contraditórias… Para estas etapas
educativas tem muito mais força o tema
escolhido para este ano.
Um tema que nos leva a uma proposta,
a um convite e desafio: encher a própria Vida com sentido. A Pastoral destas
etapas orienta-nos para o sentido com que vivemos cada dia, o sentido com que
enfrentamos as relações humanas, o sentido das experiências mais vitais como o
amor, o projeto de vida, a experiência de Deus ou a forma de estar no mundo.
E nada mais simbólico para expressar a Vida pura, natural, saudável,… a
vida que vale a pena ser vivida,… do que a ÁGUA. Água que corre, que desce e
chega até à própria existência (como a Vida de Deus)… Água sem a qual não
podemos viver; água como a do Batismo (com o qual começamos a relacionarmonos com Deus, a enchermo-nos da sua presença, a contar com Ele no meio da
própria existência)…
Uma Vida que tem o seu sentido principal em Amar e Servir, como Jesus
nos ensina com a sua própria vida no Evangelho. Santo Inácio compreendeu que
não há nada mais fundamental (Princípio e Fundamento) do que encher-se da Vida
de Deus, que descobri-lo e contar com Ele, que viver a partir do que Ele nos
propõe… Viver assim, encher-se desta Vida é louvar, prestar reverência e servir a
Deus cada dia.
Este é um cartaz simples, aberto a muitas interpretações e que se pode conjugar
facilmente com grande variedade de atividades e experiências a desenvolver no
ano. A força do cartaz não está tanto na imagem mas antes no Tema, que é direto
e aberto a ser explicitado com muitas chaves para a vida, se nos centramos no
Evangelho.
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