ANO LVII | SET. OUT. NOV. DEZ. 2013 | REVISTA QUADRIMESTRAL | 4,00€
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A MENSAGEM
para uma catequese renovada
Habitados
pelo apelo a
«RECOMEÇAR
DE CRISTO»
Papa Francisco
«Pregai sempre o Evangelho
e, se for necessário, também com as palavras»
S. Francisco
P A R A
P E N S A R
A
C A T E Q U E S E
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a partir da fé
ALGUNS APONTAMENTOS A TER EM
CONTA NA PRÁTICA CATEQUÉTICA
1. Autenticidade: correspondência
entre conteúdo e forma, dentro e fora,
palavra e silêncio, público e privado,
drama e gozo.
Que as palavras e os gestos do catequista tenham um mínimo de grandeza humana e de autenticidade evangélica, sendo
capazes de testemunhar o percurso feliz e
da sua vivência dos sacramentos, da sua
inteligência dos mistérios cristãos, da sua
prática da caridade.
2. Clareza de intenções: favorecer
o reconhecimento existencial de Jesus Cristo.
O que motiva a falar de Jesus Cristo e
do Evangelho, hoje, e o que se quer oferecer aos catequizandos? Que atenção se dá
e o que se deseja despertar, iluminar, fortalecer? Que vida se quer salvaguardar? No
fundo, que salvação se deseja que aconteça
pelo anúncio de Cristo? Sem esta clareza
de princípio, de facto, a prática catequética pode tornar-se uma simples prática de
entretenimento, sem sentido, sem interesse e sem incidência real – não chegará a
iluminar a inteligência, nem aquecerá o
coração, porque não partirá e não levará
ao reconhecimento vital de Jesus ressuscitado (o caminho de fé e de testemunho
dos discípulos de Emaús, admiravelmente
narrado em Lucas 24, pode ser tão inspirador para a prática catequética). A catequese deverá ser dedo que aponta para Jesus,
não para si mesma, pondo todo o cuidado
para não impedir de ver Jesus.
3. Atender às disposições/indisposições humanas e espirituais dos catequizandos e do conjunto da cultura.
O desinteresse, o não envolvimento ou,
mesmo, a recusa de muitos destinatários
pessoais, familiares, culturais que convém
conhecer e enfrentar: não serão imediatamente fruto da má vontade! Haverá que
parem a pastoral sacramental ou o apelo
ao empenho na vida paroquial (desde logo,
qual vida?). Esse caminho desprendido e
paciente deveria aceitar ter etapas, até que
Deus se vá tornando real, isto é, que chegue
a incidir na imaginação, na compreensão
Esta será uma face da conversão.
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4. Iniciação à graça que salva em
Jesus Cristo.
porta de iniciação à fé, colocando a questão: poderemos imaginar a vida fundada sobre um
Poderemos imaginar a vida a partir da fé
em Jesus de Nazaré, tal como os discípulos
da primeira hora, tocados no corpo e na
alma pela graça do reconhecimento de Jemens e mulheres (crianças, adolescentes,
jovens, adultos) deste tempo e que amam a
vida? Se esta pergunta não pedir, simplesmente, uma resposta fácil, religiosamente
de vida e de fé do próprio catequista (também ele se coloca esta questão; também ele
sem silêncio, do corpo sem mistério, do resultado sem caminho, do crescimento sem
tempo, da ação sem contemplação, etc.) e
da dispersão.
6. Alguns movimentos humanos a
cuidar.
a) O reconhecimento que gera gratidão pelo
recebido (corpo, família, língua). É na cons-
b) O empenho responsável e criativo da própria liberdade. Não sou simplesmente amado.
Posso e devo amar. Posso e devo realizar a
vida que me foi dada, assumir a paternidade
c) A
sus, aquele que é o caminho-da-verdade-da-vida.
5. Cuidar da espessura da nossa humanidade, dos lugares em que se vive
e dos ritmos em que se realiza.
A fé em Jesus Cristo toca e implica a
zas e os seus abismos. Por isso, a prática
catequética não deveria ser menos do que
cuidado da espessura do
humano, sendo que cuidar é, ao mesmo
tempo, acariciar e advertir, promover o
pria voz, desde logo, pelo hábito de decifrar
julgar
de apreciar o objeto radical dos próprios decompreender,
o efeito que faz’. É orientar para o discernimento da interioridade que preserve do peso
se ser pessoa de palavra –
tas. Viver bem as próprias qualidades e
possibilidades é, em si mesmo, um ato de
grandeza humana.
d) A
humildade do próprio limente vital aprender a confessar-se limitado, como caminho para recomeçar.
7. Favorecer uma fé real.
Resistir a um cristianismo nocional e
certezas, sem imaginação, abstrato e distraído, seja com o demasiado grande, seja
com o demasiado pequeno. Favorecer uma
vida de discipulado que seja plenamente
humana, precisamente porque é chamada
a ser divina. A celebração litúrgica, a inteligência da fé, a prática da caridade serão
lugares verdadeiros se realizarem a graça
que salva e salvaguarda a vida no Espírito.
José Frazão Correia, sj
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Imaginar a vida a partir da fé