1 69580 v. 2 Levantamento de Oportunidades Concretas de Projetos de Baixo Carbono no Brasil Projeto de Fortalecimento das Instituições e Infraestrutura do Mercado de Carbono no Brasil Autores Coordenadores do projeto 2 Levantamento de Oportunidades Concretas de Projetos de Baixo Carbono no Brasil 3 Este projeto foi financiado pelo Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Banco Mundial) com recursos do Programa de Assistência Técnica do Fundo Fiduciário para o Desenvolvimento de Políticas e Recursos Humanos (PHRD) do governo japonês, que objetiva assistir a países considerados elegíveis pelo Banco Mundial a aprimorarem suas capacidades institucionais e técnicas. Os resultados, as interpretações, as recomendações, as estimativas e as conclusões expressas neste estudo são de responsabilidade dos autores, não refletindo a opinião do Banco Mundial, da BM&FBOVESPA S.A. – Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&FBOVESPA) e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Nesse sentido, o Banco Mundial, a BM&FBOVESPA e a FINEP se eximem de responsabilidade de implementar quaisquer das recomendações relativas a produtos contidas neste estudo. Direitos e Permissões O material contido na presente publicação é protegido por direitos autorais. Sua reprodução, total ou parcial, sem permissão de seus autores, poderá constituir violação à Lei 9.610/98 (Lei de Direitos Autorais). O Banco Mundial, a BM&FBOVESPA e a FINEP incentivam a divulgação do presente trabalho, concedendo a permissão para reprodução de suas partes, desde que citada a fonte. Autores: Augusto Luiz Nobre de Mello Neto (ICF) Isaura Maria de Rezende Lopes Frondizi (Fides) Pedro Camargo Amaral (ICF) Letícia Figueiredo Roxo (ICF) Bernardo Vianna Zurli Machado (ICF) Julia Viegas Rymer (ICF) Patrícia Messer (ICF) Olivia Brajterman (ICF) Thaís de Moraes Mattos (ICF) Francisco de Rezende Lopes Frondizi (Fides) Lucio de Medeiros (ICF) Laura Sales Pereira (ICF) André Werneck Valente (ICF) Paulo Martins Garchet Junior (Fides) Pedro Gonçalves da Rocha (Fides) Vinícius Azeredo (ICF) Marcelo Braga (ICF) Luís Cláudio Anísio (ICF) Iuri Sobral Pinto Dias de Pinho (ICF) Pedro Góes (ICF) Stephanie Betz (ICF) Conceito e Metodologia: Christophe de Gouvello Banco Mundial/ World Bank Agradecimentos: Elizabeth Serralheiro (ICF) Rubens Toledo (ICF) Samilu Mesquita (ICF) Érika Billo (ICF) Flávia Nascimento (ICF) PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 6 SUMÁRIO EXECUTIVO O mercado mundial de carbono é uma realidade e tem contribuído para a implementação de projetos que objetivam a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) nos mais diversos setores, assim como tem ajudado para que os GEE, representados pelo carbono, tornem-se ativos econômicos e deixado de ser passivos ambientais. Nesse contexto, o Brasil é hoje o terceiro país com maior número de projetos ligados ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo1 (MDL), foi pioneiro com o desenvolvimento da primeira metodologia de grande escala e registro do primeiro projeto da história do MDL. A despeito da relevante participação qualiquantitativa do Brasil no referido mecanismo, ainda há um grande potencial para o desenvolvimento de outros tipos de atividades de projetos de MDL. Percebe-se o grande potencial latente em diversos setores no País, notadas as novas metodologias para projetos de MDL aprovadas no decorrer dos anos, assim como a tentativa de desburocratização e aceleração do processo de registro de projetos de igual teor por meio do MDL Programático. Mais além, em sintonia com os mercados mais avançados em questões ligadas à mudança do clima, esforços têm sido feitos no Brasil para sua inserção numa economia de baixo carbono, não exclusivamente por meio da geração de créditos de carbono, mas também pela gestão dos gases de efeito estufa dentro das organizações, leis estaduais e federais, linhas de financiamento especiais, dentre outros, contemplando o desenvolvimento de projetos de baixo carbono, com foco ou não no MDL. Considerando o acima exposto, a BM&FBOVESPA, com apoio do Banco Mundial e por intermédio do consórcio ICF International – Fides Desenvolvimento Sustentável, desenvolveu um estudo contemplando um inventário das oportunidades de projetos de baixo carbono no Brasil (sem necessariamente focar no MDL) por elo da cadeia produtiva, dentro dos seguintes setores: eletricidade (geração, distribuição e consumo); combustível fóssil para a indústria (produção, distribuição e consumo); outros insumos para a indústria (produção, tratamento de subprodutos); transportes/combustíveis para veículos (produção, distribuição e consumo); e gerenciamento de resíduos sólidos e efluentes líquidos (geração, tratamento e disposição). O objetivo central deste estudo foi identificar o potencial técnico latente de projetos de baixo carbono (que não necessariamente cumpririam todas as regras de elegibilidade do MDL), por meio da identificação de potenciais projetos por elo da cadeia produtiva dos setores mencionados, fomentando a sua implementação no Brasil e, portanto, contribuindo para reduzir e evitar emissões atuais e projetadas no País e para a sua inserção na nova economia de baixo carbono. O estudo se concentrou, de forma geral, nos setores em que ainda há um potencial para a aplicação de técnicas ou tecnologias convencionais que reduzam ou evitem as emissões de GEE, de forma que os projetos de baixo carbono avaliados representam projetos, em sua maior parte, já implementados e em funcionamento no Brasil ou em outros países, isto é, há casos reais de projetos da mesma natureza em operação. 1 O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo é um dos três mecanismos de flexibilização de implementação do Protocolo de Kyoto, definido pelo Artigo 12 do mesmo protocolo. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 7 Esse mapeamento foi feito por meio da análise das metodologias de linha de base e monitoramento para projetos de MDL disponíveis na plataforma da United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC)2 e contemplou a avaliação dos seguintes eixos: potencial redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE); potencial receita com a venda de Reduções de Emissões Certificadas (RECs ou, em inglês, CERs – Certified Emission Reductions); potencial contribuição à matriz energética nacional; estimativa do investimento necessário para a implementação dos projetos; e principais barreiras à implementação dos projetos. Deve-se ressaltar que o MDL serviu como base metodológica para a identificação das fontes de emissão de GEE, oportunidades de mitigação e formas de quantificar ditas oportunidades, mas que os projetos identificados não necessariamente se adequariam a todas as regras do MDL. Não se avaliou, no presente estudo, a elegibilidade e a aplicabilidade dos projetos identificados. A potencial receita com a venda de RECs é apresentada de forma ilustrativa, e deve ser observada com ressalva, tendo em vista que os projetos identificados não necessariamente pleiteariam RECs no processo MDL. Além da análise das metodologias e dos projetos já desenvolvidos no Brasil e no mundo sob a égide do MDL, o estudo contemplou uma exaustiva busca de informações e bancos de dados disponíveis, tendo como base de dados, inter allia, os sites da UNFCCC, Entidades Operacionais Designadas (EODs), Autoridade Nacional Designada (AND) Brasileira, agências governamentais, organizações do setor privado e institutos de pesquisa. Também foram preparadas e enviadas fichas de projetos aos principais players dos setores em voga, contendo questões sobre projetos de redução de emissões de GEE. Questões referentes à aplicabilidade das metodologias no Brasil e/ou disponibilidade de informações foram elementos-chave para a definição da inclusão de metodologias, assim como possíveis locais para replicação de projetos, na análise realizada. Ressalta-se que a coleta de dados/informações constituiu-se no maior desafio desse estudo. Apesar de o Brasil ter evoluído bastante nas últimas décadas no que concerne às estatísticas e informações setoriais nacionais, a disponibilidade de informação é ainda muito limitada, muitas vezes tratada como confidencial, presente de forma desagregada ou inexistente. O número de metodologias avaliadas e incluídas no estudo, o número e os tipos de projetos que foram identificados por setor, bem como a potencial redução de emissões, geração de energia e investimento necessário são apresentados nos itens de 1 a 5, por setor. Ressalta-se que, apesar de o estudo basear-se fortemente em metodologias para projetos de MDL, o foco não é o MDL, mas sim projetos que reduzam ou evitem emissões de GEE sem necessariamente passar pelo processo do MDL e gerar RECs. A metodologia para a elaboração do inventário de oportunidades baseia-se na mesma utilizada anteriormente pelo Banco Mundial no desenvolvimento do estudo Low-carbon Energy Projects for Development in Sub-Saharan Africa (GOUVELLO et al, 2008). 2 Foram avaliadas as metodologias de MDL existentes até a conclusão deste estudo, contemplando metodologias de pequena escala, grande escala, consolidadas e novas metodologias em processo de aprovação. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 8 Resultados Ao todo, foram identificados 18.480 sites que poderiam aplicar uma das cerca de 60 oportunidades de reduções de emissão avaliadas. Caso implementados, os projetos identificados gerariam redução de emissão anual de aproximadamente 455.188 mil tCO₂e. Soma-se a isso, uma potência adicional de 452.185 MW de energia limpa decorrente dos projetos do setor de eletricidade. A Tabela a seguir apresenta os resultados agregados do potencial brasileiro de redução de emissões por setor e tipo de projeto abordado no estudo. Informações específicas a respeito do inventário de oportunidades podem ser encontradas ao longo do relatório e/ou na planilha em Excel anexa ao estudo, que possui os modelos matemáticos desenvolvidos, bem como informações específicas a respeito das 18.480 possibilidades de projeto. Resultado Consolidado do Inventário de Oportunidades de Redução de Emissão de GEE Total Setor de Eletricidade 12.102 2.643.621.041 26.436 1.284.118 n/a n/a 452.185 Hidroeletricidade 1.204 Usinas Hidroelétricas 292.004.618 2.920,0 144.491 354 tCO₂e/MW/ano 82.502 44 Usinas Hidroelétricas 3.899.124 39,0 11.506 16 182.208.058 1.822,1 136.328 310 tCO₂e/MW instalado/ano tCO₂e/MW/ano 58.747 Repotenciação e Modernização Hidroelétricas Sites Eólica 1.839 Usinas Eólicas UTE de Biomassa Renovável (Plantação Dedicada em Áreas Degradadas) UTE de Resíduos de Milho 6.052 Usinas Termelétricas 605 1.445.059.181 14.450,6 773.549 14 tCO₂e/ha/ano 181.568 454 Municípios 158.653.554 1.586,5 65.295 0,372 tCO₂e/t milho 36.646 UTE de Resíduos de Soja 409 Municípios 214.685.866 2.146,9 90.026 0,240 tCO₂e/t soja 50.525 UTE de Palha de Arroz 50 Municípios 22.296.963 223,0 4.030 0,193 tCO₂e/t arroz 2.262 UTE de Palha de Cana 279 Usinas Sucroalcooleiras 48.635.306 486,4 14.221 0,011 tCO₂e/t cana 7.981 Cogeração com Bagaço de Cana 279 Usinas Sucroalcooleiras 41.909.309 419,1 6.406 0,010 tCO₂e/t cana 6.357 Cogeração com Licor Negro 35 Fábricas de Celulose 1.905.262 19,1 281 0,015 178 Substituição de Combustível* 328 Usinas Termelétricas 109.078.820 1.090,8 180 1.546 Adição de Ciclo a Usinas de Ciclo Aberto* 16 Usinas Termelétricas 15.627.851 156,3 106 0,376 Eficiência Energética na Distribuição de Eletricidade Redução de Emissões de SF6 na Transmissão de Eletricidade Conexão de Sistemas Isolados* 49 Concessionárias 17.177.454 171,8 9.148 6,25 11 Empresas Transmissoras 3.241.364 32,4 6,6 1,18 tCO₂e/t pasta de celulose tCO₂e/MW instalado/ano tCO₂e/MW instalado/ano tCO₂e/GWh fornecido tCO₂e/MVA 42 Usinas Termelétricas 23.795.827 238,0 1.288 4.291 Eficiência Energética na Indústria de Ferro-gusa e Aço Eficiência Energética na Indústria Química 10 Empresas 6.734.774 67,3 14.244 43 39 Empresas 1.583.998 15,8 2.324 38 Eficiência Energética na Indústria de Papel e Celulose Eficiência Energética na Indústria de Cimento 157 Fábricas de Papel/Celulose 8.476.666 84,8 435 49 9 Empresas 2.420.651 24,2 13 51 Eficiência Energética na Indústria de Mineração e Pelotização Eficiência Energética na Indústria de Ferro-ligas 101 Empresas 4.715.133 47,2 1.065 47 n/d n/d 185.016 1,9 128 3 Eficiência Energética na Indústria de Não ferrosos e Outros da Metalurgia Eficiência Energética na Indústria de Alimentos e Bebidas Eficiência Energética na Indústria Têxtil n/d n/d 5.753.259 57,5 457 16 n/d n/d 93.352 0,9 527 32 n/d n/d 2.260.995 22,6 135 29 Eficiência Energética na Indústria de Cerâmica 300 Empresas de Cerâmica Identificadas**** PoA por Concessionária 790.069 7,9 1.249 45 23.751.771 237,5 588 123 4.839.237 48,4 3.134 163 Eficiência Energética na Iluminação Residencial 49 Eficiência Energética no Aquecimento de Água Residencial Eficiência Energética em Refrigeradores Residenciais Total Setor de Combustíveis Fósseis para a Indústria Refino – Flare e Vent 297 Gás associado em Plataformas Distribuição de GN 49 Projetos (16.390 chuveiros cada) PoA por Concessionária 2.204 Sites 1.837.565 18,4 2.958 60 768.185.162 7.805 n/d n/a 8 Refinarias 5.690.174 56,9 n/d 13,7 44 Plataformas de produção de petróleo Empresas de Distribuição 19.145.942 191,5 n/d 237.476 2,4 1.287.855 12,8 2 (555) 523 123 658 188 366 14 446 7 175 61 7.962 12.166 132 n/a n/a n/d 0,5 tCO₂e/m duto/ano n/a n/d n/a n/a n/a tCO₂e/10^3 t celulose tCO₂e/10^3 t celulose tCO₂e/10^3 t químico tCO₂e/10^3 t ferrogusa tCO₂e/10^3 t aço bruto tCO₂e/10^3 GJ óleo comb. n/a Sites Celulose 35 Empresas de Celulose 267.898 2,7 n/d 2 Papel 122 Empresas de Papel 199.206 1,9 n/d 2 Química 39 249.400 2,5 n/d 1 Ferro-gusa 87 Empreses de Produtos Químicos Empresas de Ferro-gusa 100.814 1,0 n/d 0,4 Aço 4 Empresas de Aço 9.819 0,1 n/d 0,1 157.041 1,6 n/d 2 Empresas de Cerâmica Identificadas**** - 0,6 587 300 1.333 tCO₂e/10^3 t petróleo tCO₂e/10^3 m3 GA Melhoria da Combustão Cerâmica* tCO₂e/MW instalado/ano tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido n/a 1.213 n/a n/a n/a n/a n/a n/a LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 9 Alimentos e Bebidas* n/d 303.677 3,0 n/d 2 Introdução de novos processos 592 n/d Sites 286.364.260 2.863,6 n/d n/a Celulose 35 Empresas de Celulose 1.472.208 14,7 n/d 12 Papel 122 Empresas de Papel 1.047.764 10,5 n/d 12 Química 39 9.756.470 97,6 n/d 55 Ferro-gusa 87 Empreses de Produtos Químicos Empresas de Ferro-gusa 57.555.321 575,6 n/d 229 Aço 9 Empresas de Aço 212.128.383 2.121,3 n/d 897 Cerâmica* 300 4.404.115 44,0 n/d 13 Otimização de Vapor 196 Empresas de Cerâmica Identificadas**** Sites 3.670.265 36,7 n/d n/a Celulose 35 Empresas de Celulose 939.707 9,4 n/d 7 Papel 122 Empresas de Papel 787.609 7,9 n/d 9 Química 39 809.499 8,1 n/d 5 Alimentos e Bebidas* n/d Empreses de Produtos Químicos n/d 1.133.450 11,3 n/d 6 Recuperação de Calor em Fornos 603 Sites 118.898.366 1.210,8 n/d n/a Química 39 9.590.545 95,9 n/d 54 Ferro-gusa 87 Empreses de Produtos Químicos Empresas de Ferro-gusa 18.878.055 188,8 n/d 75 Aço 9 Empresas de Aço 61.614.053 616,1 n/d 261 Cimento 68 Empresas de Cimento 7.257.017 72,6 n/d 14 Mineração e Pelotização 100 Empresas de Mineração 17.528.931 156,8 n/d 2 Cerâmica* 300 4.029.765 40,3 n/d 12 Substituição de Comb. Carbonointensivos por Biomassa Papel 157 Empresas de Cerâmica Identificadas**** Sites 30.469.189 304,7 n/d 122 Empresas de Papel 6.355.389 63,6 Celulose 35 Empresas de Celulose 8.929.928 89,3 tCO₂e/10^3 GJ óleo comb. n/a tCO₂e/10^3 t celulose tCO₂e/10^3 t celulose tCO₂e/10^3 t químico tCO₂e/10^3 t ferrogusa tCO₂e/10^3 t aço bruto tCO₂e/10^3 GJ óleo combustível n/a tCO₂e/10^3 t celulose tCO₂e/10^3 t celulose tCO₂e/10^3 t químico tCO₂e/10^3 GJ óleo combustível n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a tCO₂e/10^3 t químico tCO₂e/10^3 t ferrogusa tCO₂e/10^3 t aço bruto tCO₂e/10^3 t cimento tCO₂e/10^3 t minério tCO₂e/10^3 GJ comb. Fósseis n/a n/a n/d 70 tCO₂e/10^3 t papel n/a n/d 70 tCO₂e/10^3 t celulose tCO₂e/GJ óleo combustível n/a n/a Alimentos e Bebidas* n/d n/d 15.183.873 151,8 n/d 0,1 Substituição de Comb. Carbonointensivos por Gás Natural Cimento 758 Sites 311.648.713 3.180,3 n/d n/a 68 Empresas de Cimento 303.475 3,0 n/d 0,6 Ferro-gusa 80 Empresas de Ferro-gusa 908.493 9,1 n/d 4 Aço 9 Empresas de Aço 250.676.134 2.506,8 n/d 1 Mineração e Pelotização 100 Empresas de Mineração 26.967.252 269,7 n/d 2 Química 39 23,0 n/d 0,1 6 Empreses de Produtos Químicos Empresas de Alumínio 2.301.605 Não ferrosos (Alumínio) 11.264.484 112,6 n/d Papel 122 Empresas de Papel 1.759.534 17,6 Celulose 34 Empresas de Celulose 2.396.304 Cerâmica* 300 1.449.263 Têxtil* n/d Empresas de Cerâmica Identificadas**** n/d Alimentos e Bebidas* n/d n/d Não ferrosos e outros da metalurgia* n/d n/d Total Setor de Outros Insumos para a Indústria 706 Sites Aumento do teor de aditivos na fabricação de cal hidratada Aumento do teor de aditivos na fabricação de cimento Fabricação de refrigeradores com gases de pequeno GWP Mudança de insumo na fabricação de amônia e ureia Mudança de insumos na fabricação de tijolo* 9 Produtores de cal hidratada 68 5 3 n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a 1 tCO₂e/10^3 t cimento tCO₂e/10^3 t ferrogusa tCO₂e/t aço bruto /ano tCO₂e/10^3 t minério tCO₂e/t químico /ano tCO₂e/t alumínio n/d 19 tCO₂e/10^3 t papel n/a 24,0 n/d 19 n/a 14,5 n/d 0,02 954.173 9,5 n/d 0,02 3.783.386 37,8 n/d 0,02 8.884.610 88,8 n/d 0,02 343.667.064 3.437 4.934 n/a tCO₂e/10^3 t celulose tCO₂e/GJ óleo combustível tCO₂e/GJ óleo combustível tCO₂e/GJ óleo combustível tCO₂e/GJ óleo combustível n/a 756.053 7,6 48,0 0,063 n/a Fábricas de cimento 52.825.742 528,3 3.982,5 0,101 Fábricas de refrigeradores 13.267.696 132,7 92,7 n/a tCO₂e/t cal hidratada tCO₂e/t cimento/ano n/a Empresas produtoras de ureia 2.345.506 23,5 10,9 0,198 tCO₂e/t ureia/ano n/a 300 Fábricas de tijolos**** 63.502.648 635,0 74,5 0,070 tCO₂e/t tijolo n/a Uso de CO₂ biogênico como insumo para a fabricação de compostos inorgânicos Redução de emissão de N₂O na fabricação de produtos químicos Ácido Nítrico 15 4.003.398 40,0 n/a n/a n/a n/a 7.691.748 77 5,1 n/a n/a n/a 6.867.474 68,7 3,8 0,372 1 824.275 8,2 1,3 0,434 Redução de emissão na fabricação de alumínio primário Mudança de processos e insumos na fabricação de ferro-gusa Destruição de metano gerado na produção de carvão vegetal 5 3.130.512 31,3 0,6 n/a tCO₂e/t Ácido Nítrico tCO₂e/t Caprolactama n/a n/a Caprolactama Empresas produtoras de compostos inorgânicos Empresas de produtos químicos Empresas produtoras de ácido nítrico Empresa produtora de caprolactama Fábricas de alumínio primário n/a Empresas produtoras de ferrogusa Municípios produtores de carvão vegetal 158.755.608 1.587,6 720,1 0,772 tCO₂e/t gusa n/a 37.388.152 373,9 n/a 0,840 tCO₂e/t carvão vegetal n/a 4 3 4 293 n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 10 Total Setor de Transportes/Combustíveis para Veículos 344 234.668.296 2.347 112.766 n/a n/a n/a Produção de Biocombustíveis** 156 Usinas 102.992.953 1.030 n/a 65.988 tCO₂/usina x ano n/a Produção de Biodiesel 156 Usinas 102.992.953 1.030 n/a 65.988 tCO₂/usina x ano n/a Produção de Óleo Vegetal 293 Usinas 51.790.141 518 2.910 17.679 tCO₂/usina x ano n/a Mudança de Modal no Transporte de Combustíveis 42 Alcooldutos 8.971.260 90 26.245 22 tCO₂/km x ano n/a Alcoolduto 42 Alcooldutos 8.971.260 90 26.245 22 tCO₂/km x ano n/a Mudança de Modal no Transporte de Cargas** 12 Ferrovias 42.439.141 424 37.518 141 tCO₂/km x ano n/a Cenário 1 – Aumento de 3% das cargas transportadas atualmente por ferrovias 12 Ferrovias 12.731.742 127 37.518 42 tCO₂/km x ano n/a Cenário 2 – Aumento de 10% das cargas transportadas atualmente por ferrovias 12 Ferrovias 42.439.141 424 37.518 141 tCO₂/km x ano n/a Eficiência Energética 134 Projetos Potenciais 80.264.943 803 49.003 70.561 n/a n/a BRT 110 Projetos Potenciais 74.657.219 747 20.203 67.870 t CO₂/unidade x ano n/a VLT 14 Cidades 968.557 10 8.600 394 tCO₂e/km x ano n/a Metrô 10 Cidades 4.639.167 46 20.200 2.297 tCO₂e/km x ano n/a 561.740.966 5.617 1.188 n/a n/a n/a Total Setor de Resíduos Sólidos e Efluentes Líquidos Tratamento de Efluentes Industriais – Indústria de Papel** LB aeróbio – PR1 reator anaeróbio com geração de energia elétrica LB aeróbio – PR2 reator anaeróbio com geração de energia térmica LB anaeróbio – PR1 captura do biogás com geração de energia elétrica LB anaeróbio – PR2 captura do biogás com geração de energia térmica LB anaeróbio – PR3 substituição para tratamento aeróbio Tratamento de Efluentes Industriais – Indústria Sucroalcooleira LB aeróbio – PR2 reator anaeróbio com geração de energia térmica Tratamento de Esgoto 3.124 Instalação de reator anaeróbio com geração de eletricidade Redução de emissões de metano em aterros** 1.138 Sites Sites 120 Empresas de papel 7.313.257 73,1 6,0 0,083 tCO₂/t papel/ano n/a 120 Empresas de papel 221.244 2,2 6,0 0,003 tCO₂/t papel/ano n/a 120 Empresas de papel 912.018 9,1 6,0 0,010 tCO₂/t papel/ano n/a 120 Empresas de papel 6.622.483 66,2 6,0 0,075 tCO₂/t papel/ano n/a 120 Empresas de papel 7.313.257 73,1 6,0 0,083 tCO₂/t papel/ano n/a 120 Empresas de papel 7.054.323 70,5 6,0 0,080 tCO₂/t papel/ano n/a 282 Empresas sucroalcooleiras 25.160.385 251,6 n/d 0,0003 tCO₂/kg DBO n/a 282 Empresas sucroalcooleiras 25.160.385 251,6 n/d 0,0003 tCO₂/kg DBO n/a 1.138 23.724.173 237,2 101,0 n/a n/a 23.724.173 237,2 101,0 n/a tCO₂e/(DBO tratada x ano) tCO₂e/(DBO tratada x ano) tCO₂/(t resíduo x ano) tCO₂/(t resíduo x ano) tCO₂/(t resíduo x ano) tCO₂/(t resíduo x ano) tCO₂/(t resíduo x ano) tCO₂/(t resíduo x ano) tCO₂e/cabeça de animal/ano tCO₂e/cabeça de animal/ano tCO₂e/cabeça de animal/ano tCO₂e/cabeça de animal/ano tCO₂e/cabeça de animal/ano tCO₂e/cabeça de animal/ano tCO₂e/cabeça de animal/ano tCO₂e/cabeça de animal/ano tCO₂e/cabeça de animal/ano 356 Prestadoras de esgoto por município Prestadoras de esgoto por município Municípios/microrregiões 299.211.230 2.992,1 666,4 0,524 PR1 – captura e destruição do biogás 356 Municípios/microrregiões 237.642.539 2.376,4 446,3 0,416 PR2 – captura do biogás com geração de energia elétrica PR3 – carpoteca do biogás com geração de energia térmica Tratamento térmico de RSU 356 Municípios/microrregiões 272.396.974 2.724,0 1.052,6 0,477 356 Municípios/microrregiões 299.211.230 2.992,1 666,4 0,524 119 Municípios/microrregiões 159.006.118 1.590,1 391,6 0,920 Incineração de RSU com geração de eletricidade 119 Municípios/microrregiões 159.006.118 1.590,1 391,6 0,920 Manejo de dejetos animais – Aves** 138 Empresas/granjas 6.255.371 62,6 1,4 0,050 Biodigestor com geração de energia elétrica 138 Empresas/granjas 5.503.659 55,0 1,4 0,044 Biodigestor com geração de energia térmica 138 Empresas/granjas 6.255.371 62,6 1,4 0,050 Manejo de dejetos animais – Suínos** 176 Suinocultores 11.244.543 112,4 3,2 0,354 Biodigestor com geração de energia elétrica 176 Suinocultores 9.864.416 98,6 3,2 0,310 Biodigestor com geração de energia térmica 176 Suinocultores 11.244.543 112,4 3,2 0,354 Manejo de dejetos animais – Bovinos** 795 Confinamentos bovinos 29.825.890 298,3 18,4 1,581 Biodigestor com geração de energia elétrica 795 Confinamentos bovinos 26.277.857 262,8 18,4 1,393 Biodigestor com geração de energia térmica 795 Confinamentos bovinos 29.825.890 298,3 18,4 1,581 n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Notas: * O cálculo do potencial desses projetos foi desenvolvido segundo uma abordagem top-down. ** A agregação dos valores excluiu projetos considerados concorrentes/sobrepostos. No caso de projetos com diferentes cenários, considerou-se somente o cenário de maior potencial de redução de emissão. ***A coluna "Contribuição para a matriz energética" possui somente os valores de potência adicional instalada do setor elétrico. Esse setor foi o único considerado no presente resumo por representar mais de 99% da potência adicional identificada pelo estudo em todos os setores. **** Representam apenas a parcela de empresas identificadas no estudo. Estima-se que existam mais de 5.000 empresas de cerâmica no Brasil (Fonte: MME, 2009). n/a = Não se aplica. n/d = Dado não disponível. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 11 Considerações O desenvolvimento deste extenso e detalhado estudo, pioneiro no Brasil em seu formato (com uma abordagem bottom up) e abrangência (em termos de setores e possibilidades de projetos e sites avaliados), buscou contribuir para que se revelasse parte do potencial latente de projetos que reduzam ou evitem emissões e GEE no País. É importante ressaltar o fato de que os projetos identificados não seriam necessariamente desenvolvidos sob a égide do MDL e que a avaliação da elegibilidade e da adicionalidade, de acordo com as regras do mecanismo, não foi contemplada no presente estudo. Dessa forma, objetivou também mostrar que o País encontra-se pronto para receber recursos (nacionais e internacionais) destinados à promoção de redução de emissões e ao aumento da eficiência em termos de carbono, auxiliando sua inserção na nova economia de baixo carbono. Ressalta-se que o presente estudo revela em parte, porém não esgota, o potencial técnico latente de projetos no Brasil. Uma análise detalhada é recomendada para que se compreenda a real viabilidade de implementação de cada projeto, assim como sua contribuição em termos de redução de emissões, contribuição à matriz energética, potencial geração de receita com a venda de créditos de carbono e investimentos necessários. De fato, o potencial identificado pode ser considerado subestimado por duas razões principais. Primeiramente, o número de metodologias aprovadas pelo Conselho Executivo do MDL aumenta a cada bimestre, sugerindo que muitas outras atividades de projeto podem ser aplicadas ao Brasil. Em segundo lugar, para diversos tipos de projeto, não foi possível coletar dados ou levantar o potencial de aplicabilidade das oportunidades de redução de emissão. Esse foi o caso, por exemplo, de determinadas possibilidades tais como o uso de energia marémotriz, energia undielétrica, uso de veículos elétricos, compostagem de resíduos, determinadas medidas de eficiência energética e outras possibilidades. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 12 ABREVIAÇÕES E ACRÔNIMOS ABIEC – Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne ABIPECS – Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína AND – Autoridade Nacional Designada BRT – Bus Rapid Transit CE – Conselho Executivo do MDL CH₄ – Metano CIMGC – Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima CMA – Custo Marginal de Abatimento CO₂ – Dióxido de Carbono CO₂e – Dióxido de Carbono Equivalente COP – Conferência das Partes DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio ELB – Emissões da Linha de Base EPR – Emissões de Projeto FELB – Fator de Emissão da Linha de Base FEPR – Fator de Emissão do Projeto GEE – Gases de Efeito Estufa GJ – Giga-Joule GWP – Potencial de Aquecimento Global IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (Intergovernmental Panel on Climate Change) L – Litro m3 – Metros Cúbicos MDL – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo mg – Miligrama MWh – Mega-Watt Hora N₂O – Óxido Nitroso ONU – Organização das Nações Unidas PIB – Produto Interno Bruto PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente PoA – Programa de Atividades RE – Redução de emissão RECs – Reduções de Emissões Certificadas RSU – Resíduos Sólidos Urbanos SIN – Sistema Interligado Nacional SMD – Sistema de Manejo de Dejetos TRH – Tempo de Retenção Hidráulica UBABEF – União Brasileira de Avicultura UF – Unidade da Federação LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 13 1. INTRODUÇÃO No final do ano de 2007, quando o Banco Mundial decidiu financiar este estudo, o número de projetos brasileiros submetidos para validação no MDL já atingia 288, tornando o Brasil o terceiro País em termos de número de projetos. Todavia, uma análise das metodologias utilizadas por esses projetos mostrava que apenas 46% das metodologias aprovadas, na época eram utilizadas no País (42 metodologias utilizadas dentro de um universo de 116 aprovadas). Ou seja, mais de 50% das atividades elegíveis ao MDL não estavam sendo exploradas no Brasil. Considerando-se as metodologias claramente subutilizadas, isto é, as metodologias para as quais havia somente um projeto pioneiro submetido para validação, essa porcentagem subiria para 84%. Havia uma clara concentração de metodologias, uma subutilização das diferentes possibilidades de projeto. Hoje, apesar do número de projetos no Brasil ter crescido para 416 (incluindo-se projetos registrados, validados e em validação), esse quadro não mudou tanto: o País utiliza atualmente cerca de 60 metodologias. Entretanto, muitas das metodologias ainda não utilizadas no Brasil são relevantes para o País, dadas suas condições socioeconômicas. Dessa forma, era possível antecipar que, apesar de já muito significativo, o número de projetos então submetidos ao MDL no Brasil representava apenas a ponta emersa do iceberg. Assim surgiu a ideia de realizar um estudo desse gênero, com o objetivo de revelar a parte imersa do iceberg em termos de possíveis projetos de mitigação de emissões de gases de efeito estufa. Revelar esse potencial latente é importante por diversas razões. É importante que o poder público perceba o impacto que o MDL pode ter em termos de planejamento setorial: deveriam a potência e a energia adicionais que poderiam ser providenciadas por esses futuros projetos influenciar os exercícios de planejamento governamental? Em um momento no qual o Brasil discute a maneira ideal para que diferentes setores da economia possam contribuir para o cumprimento de suas metas voluntárias de mitigação, providenciar informações adicionais, quantitativas, detalhadas e objetivas pode se tornar uma contribuição importante para o debate nacional. Detalhar essa informação em nível de projetos é essencial para poder discutir a possível contribuição futura do Brasil para compensação de emissões de outros países, por meio de mecanismos de flexibilização como o MDL. Esse detalhamento permite antecipar o fluxo de receitas de crédito de carbono que a economia brasileira provavelmente viria a receber no futuro. Uma de suas contribuições, em nível financeiro, é a quantificação do nível de investimento que seria necessário para implementar os projetos de mitigação, seja para atingir as metas nacionais, seja para o uso de mecanismos como o MDL. Outro objetivo desse estudo é o de contribuir para o entendimento das razões pelas quais grande parte do potencial brasileiro de projetos de MDL ainda não ter se convertido em projetos de fato, apesar de projetos similares estarem ocorrendo em outros países. Por esse motivo, o estudo realizou também uma análise preliminar das barreiras que atualmente limitam a exploração desse potencial de mitigação, e assim subsidiar o debate a respeito das políticas públicas e os instrumentos internacionais que seriam necessários para superar essas barreiras. Considerando o acima exposto, o consórcio ICF International – FIDES Desenvolvimento Sustentável desenvolveu um estudo contemplando um inventário das oportunidades de projetos de baixo carbono no Brasil, considerando os seguintes setores: eletricidade; combustível fóssil para a indústria; outros insumos para a indústria; transporte/combustíveis para veículos; e gerenciamento de resíduos sólidos e efluentes líquidos. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 14 O objetivo central desse estudo, conforme mencionado, foi identificar o potencial técnico latente de projetos de baixo carbono, por meio da identificação de potenciais projetos por elo da cadeia produtiva dos setores mencionados, fomentando a sua implementação no Brasil e, portanto, contribuindo para reduzir e evitar emissões atuais e projetadas no País e para a sua inserção na nova economia de baixo carbono. Ressalte-se que, a despeito da importância da mudança do uso da terra e florestas para a redução de emissões no País, o presente estudo não aborda diretamente essa questão. Entende-se que, em princípio, políticas públicas e programas governamentais poderiam obter resultados mais efetivos no combate ao desmatamento do que a abordagem por projeto, foco do presente estudo. Não obstante, o estudo contempla projetos de redução de emissões relacionados indiretamente à mudança do uso da terra, por meio de plantio em áreas degradadas para utilização na indústria. Assim, o estudo se concentrou, de forma geral, nos setores em que ainda há um potencial para a aplicação de técnicas ou tecnologias convencionais que reduzam ou evitem as emissões de GEE, de forma que os projetos de baixo carbono avaliados representam projetos, em sua maior parte, já implementados e em funcionamento no Brasil ou em outros países, isto é, há casos reais de projetos da mesma natureza em operação. Dentro dos setores abordados, o estudo contempla a grande parte das oportunidades de redução de emissões focando o potencial de aplicações por, por exemplo, empresas instalações ou municípios. Por meio das metodologias para projetos de MDL, internacionalmente validadas e reconhecidas, foram mapeadas as oportunidades de projetos nos setores supramencionados. Em resumo, além da identificação de potenciais projetos, o estudo estimou o potencial de redução de emissões de GEE, a contribuição dos projetos à matriz energética, a necessidade de financiamento e as principais barreiras à implementação dos projetos, assim como a potencial receita por meio da venda de créditos de carbono gerados. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 15 2. METODOLOGIA O desenvolvimento do projeto baseou-se em uma abordagem metodológica empregada anteriormente, em estudo realizado pelo Banco Mundial na África, no desenvolvimento do estudo Low-carbon Energy Projects for Development in Sub-Saharan Africa (GOUVELLO, C. et al, 2008). Essa abordagem buscou resolver um dos grandes empecilhos ao mapeamento de oportunidades de atividades de baixo carbono no Brasil. Até o momento, há raros relatórios com as oportunidades de projetos de redução das emissões de GEE para o Brasil. Muitos dos esforços empreendidos anteriormente para inventários detalhados do potencial de mitigação das emissões de GEE foram infrutíferos. Uma das principais razões apontadas é a dificuldade de formar uma equipe técnica robusta o suficiente para desenvolver as ferramentas metodológicas necessárias para cobrir os diversos processos tecnológicos, os tipos de equipamentos e as condições operacionais, assim como avaliar a grande diversidade de atividades potenciais de mitigação das emissões. No entanto, o quadro atual do desenvolvimento de metodologias sob a égide do MDL mudou essa situação. O dinâmico processo bottom-up do MDL, oferece uma oportunidade singular de explorar oportunidades de projetos de baixo carbono. Particularmente, em cada metodologia desenvolvida sob a égide do MDL há detalhes extremamente relevantes de parâmetros tecnológicos e operacionais que determinam as reduções de emissão para um ou mais processos e descreve os tipos de instalações em que esses processos operam. Adicionalmente, o banco de dados de acesso público na plataforma da Convenção-Quadro das Nações Unidas para Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), apresenta exemplos concretos de instalações, processos e possíveis reduções de emissões de GEE. Portanto, para um determinado país, ficou muito mais fácil identificar o potencial de projetos de redução de emissões de GEE em alinhamento com as metodologias consagradas pelo MDL. Assim, o potencial de projetos de baixo carbono no Brasil partiu do manancial de metodologias e projetos que o MDL oferece. Por fim, os membros da equipe técnica identificaram as tecnologias que poderiam ser utilizadas a partir das metodologias de MDL disponíveis – muitas já implantadas com sucesso em outras regiões em desenvolvimento. Além das informações disponíveis na Plataforma da UNFCC foram consultadas, nos bancos de dados disponíveis, informações que pudessem indicar pela abordagem bottom-up inventários de projetos de baixo carbono para o País.3 Nos casos em que não havia dados detalhados no nível de instalações, foi utilizado um processo misto bottom-up e top-down. Baseado nas informações hoje disponíveis na plataforma da Convenção para o MDL, foi determinado o porte médio e as características dos projetos de energia limpa e instalações adequadas. Com isso, dados agregados por setor no País foram utilizados para estimar o número médio de instalações nos respectivos países e assim quantos projetos poderiam ser desenvolvidos. Adicionalmente, a equipe técnica usou métodos próprios para determinar a contribuição desses projetos para o setor de energia (em termos de energia adicional ou gerenciamento da demanda), volume esperado de emissões reduzidas de GEE e correspondente receita (assumindo US$10 por tCO₂), e o investimento requerido. A avaliação dos potenciais projetos contemplou os seguintes eixos: potencial redução de emissões de gases de efeito estufa; potencial receita com a venda de Certified Emission Reductions (CERs); potencial contribuição à matriz energética nacional; estimativa do investimento necessário para a implementação dos projetos; e principais barreiras à implementação dos projetos. Foi realizado um Workshop Inicial, evento importante para o estabelecimento de contatos entre representantes do setor industrial (doravante denominados players) e participantes do estudo. 3 Os bancos de dados utilizados estão disponíveis em planilha de Excel anexa ao estudo. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 16 Para atender aos eixos do estudo, as seguintes tarefas foram conduzidas: a primeira tarefa consistiu no mapeamento e organização das cadeias produtivas contempladas, levando em conta as cadeias produtivas, propriamente ditas, e as metodologias aprovadas de MDL de linha de base e monitoramento; a segunda tarefa consistiu na identificação das principais fontes de emissão de GEE do setor em que estão, de acordo, principalmente, com as fontes de emissão contempladas nas metodologias de MDL aprovadas/em aprovação; a terceira tarefa consistiu na consolidação de um banco de dados de suporte à análise da reprodutibilidade de projetos desenvolvidos nos setores estudados, sob a égide do MDL. Essa consolidação contemplou o levantamento de fábricas, cidades, regiões, usinas termo elétricas, dentre outras, em que haveria potencial para a implementação de projetos de redução de emissões de GEE. Foram considerados projetos registrados e em validação, tendo como base de dados, inter allia, os sites da United Nations Framwork Convention on Climate Change (UNFCCC), Entidades Operacionais Designadas (EODs), Autoridade Nacional Designada (AND); a quarta tarefa consistiu na comunicação com players dos setores estudados (por exemplo, associações, empresas), de modo a coletar informações relevantes ao projeto; a quinta tarefa consistiu na consolidação dos resultados das tarefas III e IV, assim como sua complementação com base na experiência da ICF/FIDES em projetos de redução de emissões de GEE, resultando na lista final de oportunidades concretas de projetos de redução emissões de GEE; a sexta tarefa consistiu no levantamento de barreiras à implementação dos projetos estudados; a sétima tarefa contemplou a avaliação da contribuição energética do projeto à matriz nacional de energia; e a oitava tarefa consistiu no diagnóstico das necessidades de financiamento para a implementação dos projetos levantados. Ressalte-se que, apesar de o estudo basear-se fortemente em metodologias para projetos de MDL, o foco não é o MDL, mas sim projetos que reduzam ou evitem emissões de GEE sem necessariamente passar pelo processo do MDL e gerar CERs. A avaliação de oportunidades concretas demandou certo nível de detalhes em relação às informações necessárias e, dessa forma, o nível de detalhes da avaliação dos projetos contemplados no estudo foi muitas vezes limitado à disponibilidade de informação nos bancos de dados disponíveis nacionalmente. Os setores contemplados no estudo, assim como subdivisões concernentes a cada setor, são apresentados a seguir: eletricidade geração transmissão/distribuição uso combustível fóssil para a indústria carvão óleo combustível gás natural produção de combustível transporte de combustível consumo de combustível reutilização de gases de processo em substituição a combustíveis fósseis LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 17 outros insumos para a indústria fornecimento de insumos Processos industriais redução e destruição de óxido nitroso tecnologias de processamento das matérias-primas mais eficientes substituição de combustíveis nos processos que demandam calor setor de transportes/combustíveis para veículos BRTs biocombustíveis transporte e distribuição consumo gerenciamento de resíduos sólidos e efluentes líquidos etapas de tratamento e disposição final coleta e transporte redução de resíduos e reciclagem Para cada setor, foi desenvolvido um mapa de potenciais projetos contemplando os resultados obtidos nas tarefas anteriores, resultando nos seguintes pontos: metodologias de linha de base e monitoramento aprovadas/em aprovação; potenciais projetos; potencial redução de emissões de GEE; potencial contribuição à matriz energética nacional; estimativa de investimento necessário à implementação dos projetos; barreiras à implementação dos projetos; e informações relevantes das Instalações. Apesar de extensas pesquisas, não foi possível levantar todas as informações específicas necessárias ao cálculo de determinadas iniciativas de redução de emissão observadas durante o estudo. A seguir, encontra-se uma listagem das possibilidades de projeto que foram desconsideradas por falta de dados: recuperação alternativa de ácido sulfúrico; captura e destruição de metano em atividades mineradoras; compostagem; pirólise; gaseificação; biodigestão de resíduos de agricultura para aproveitamento energético; reciclagem de plásticos; aeração de aterros; escavação de aterros e tratamento de efluentes na indústria de cerveja, leite cru, algodão e leite pasteurizado; energia solar conectada ao SIN; energia maremotriz; energia undielétrica; PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 18 energia geotérmica; novas UTEs de combustível fóssil; novas usinas de cogeração de combustível fóssil; eficiência energética em UTEs de combustível fóssil novas UTEs com aproveitamento de energia residual; novas usinas de cogeração com aproveitamento de energia residual; nova UTE que utiliza o gás previamente queimado e/ou ventilado no processamento de GN como combustível; recuperação e reciclagem do gás SF6; eficiência energética na transmissão de eletricidade; célula combustível a GN; bondes; veículos elétricos; e captura, sequestro e armazenamento de carbono. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 19 3. MERCADO DE CARBONO E O MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO O presente estudo utiliza como arcabouço metodológico as Metodologias de Linha de Base e Monitoramento para projetos ligados ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) do Protocolo de Kyoto. A pesar de o estudo não ter como foco projetos de MDL, tendo em vista que o foco são projetos de redução de emissões que não necessariamente serão postulados ao mecanismo (projetos essencialmente de baixo carbono), faz sentido fazer uma breve referência ao MDL, propulsor do desenvolvimento das metodologias empregadas neste estudo. Considerando a entrada em vigor do Protocolo de Kyoto em fevereiro de 2005, através do qual se estabeleceram metas de redução de emissão de Gases de Efeito Estufa (GEEs) para diversos países contidos no Anexo I4 do Protocolo, torna-se de fundamental importância uma revisão clara e objetiva das oportunidades relacionadas ao assunto. O mercado mundial de carbono teve significativa expansão nos últimos anos e ultrapassou, em 2008, valores superiores a US$126 bilhões, o dobro do valor negociado em 20075. A crise econômica global impactou negativamente tanto o lado da demanda quanto a oferta. Entretanto, o mercado ainda cresceu mesmo que a uma taxa significativamente menor a do ano anterior. O valor negociado no ano de 2009 foi de US$144 bilhões (6% maior que o valor negociado em 2008). Esse mercado foi inicialmente impulsionado pelo Protocolo de Kyoto (PQ). O PQ foi criado para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e, portanto, reverter a tendência atual de aumento acelerado da temperatura global. O Protocolo de Kyoto estabelece metas de redução de emissões para diversos países signatários, entretanto, não estabelece metas para países emergentes, que participam do acordo através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). O MDL estabelece que projetos localizados nesses países estejam habilitados a “vender” suas reduções de emissões de GEE a países (e empresas) sujeitos a metas de redução de emissões de GEE, de modo a contribuir para o cumprimento dessas metas. Os créditos de carbono gerados pelo MDL são transacionados em unidades denominadas Reduções Certificadas de Emissão (RCEs), sendo cada unidade de RCE igual a uma tonelada métrica de dióxido de carbono equivalente. Esse mecanismo de flexibilização vem sendo amplamente adotado, pois possibilita que países sujeitos a metas de redução de emissões de GEEs as cumpram a um custo marginal relativamente mais baixo (ou seja, possibilita reduzir as emissões a um preço menor por tonelada de CO₂). Outro importante mercado de créditos de carbono é o mercado voluntário. Esse mercado foi criado por uma demanda voluntária de redução de emissões por parte de organizações interessadas em reduzir e/ou compensar suas emissões de GEEs. O mercado voluntário pode ser dividido em dois mercados: (i) o mercado voluntário e obrigatório (regido, por exemplo, pela Chicago Climate Exchange (CCX)); e o (ii) o mercado voluntário e não obrigatório. O mercado voluntário e não obrigatório engloba uma série de standards (padrões) desenvolvidos por diferentes organizações. 4 Alemanha, Austrália, Áustria, Belarus*, Bélgica, Bulgária*, Canadá, Comunidade Europeia, Croácia*, Dinamarca Eslováquia*, Eslovênia*, Espanha, Estados Unidos da América, Estônia*, Federação Russa*, Finlândia, França, Grécia, Hungria*, Irlanda, Islândia, Itália, Japão, Letônia*, Liechtenstein, Lituânia*, Luxemburgo, Mônaco, Noruega, Nova Zelândia, Países Baixos, Polônia*, Portugal, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, República Tcheca*, Romênia, Suécia, Suíça, Turquia, Ucrânia*. (* Países em processo de transição para uma economia de mercado. 5 Fonte: State and Trends of the Carbon Market 2010, World Bank. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 20 Processo de Obtenção de Créditos de Carbono Em resumo, pode-se dizer que o processo de obtenção de créditos de carbono à luz do MDL é composto por cinco etapas, apresentadas de forma esquemática na Figura 0-1. Figura 0-1 – Processo de Obtenção de Créditos de Carbono A primeira etapa desse processo é a realização do gerenciamento estratégico de carbono na empresa, que considera a análise holística, sistemática e estratégica do impacto das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs) nos processos da empresa. Através desse gerenciamento, surge a ideia do projeto, ou seja, qual a medida, ou medidas de redução de emissões a serem implantadas (assim, podemos considerar que os projetos aqui avaliados encontram-se nessa etapa). Essa decisão depende de muitas variáveis internas e externas ao processo industrial e, portanto, requer uma análise estratégica que considere além das informações básicas de projeto (metodologia, capacidade de investimento, taxa de retorno etc.), também dados de benchmarking das atividades de redução de emissão do setor em questão. Essa avaliação indicará a elegibilidade dos projetos de acordo com os critérios do MDL6 e os riscos associados ao processo para obtenção dos créditos de carbono. A segunda etapa do processo é o desenvolvimento de uma nova metodologia de linha de base e monitoramento, se não houver uma que seja aplicável ao projeto, e do Documento de Concepção de Projeto (DCP), chamado de Project Design Document (PDD), em inglês. O PDD deve conter a descrição do projeto, a metodologia da Linha de Base (em inglês, baseline), o Plano de Monitoramento e Verificação (PMV), o cálculo das emissões de GEE, os impactos ambientais e os comentários das partes interessadas. A estrutura básica desse documento, conforme as exigências do Conselho Executivo do MDL (CE), internalizada no Brasil através das Resoluções 1 e 2 (modificada pela Resolução 6, de 6 de junho de 2007), da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima (CIMGC). 6 Os critérios do MDL estabelecem que as atividades de projeto de redução de emissões serão elegíveis desde que atendam aos seguintes requisitos: a participação deve ser voluntária; seja aprovado pelo país de origem, no qual essas atividades forem implementadas; os objetivos de desenvolvimento sustentável definidos pelo País de origem devem ser atingidos; as emissões de gases de efeito estufa de forma adicional ao que ocorreria na ausência da atividade de projeto do MDL; e o aumento de emissões de gases de efeito estufa que ocorrem fora dos limites das atividades de projeto devem ser contabilizados, mensurados e atribuídos a essas atividades. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 21 Conforme a Resolução 77, de 05 de Março de 2008 da CIMGC, após a elaboração do PDD, o mesmo deverá ser disponibilizado no website da empresa para consulta das partes interessadas e os convites de comentários mencionados nessa Resolução deverão ser enviados ao menos 15 dias antes do início do processo de validação. No Brasil, a terceira etapa é a validação por uma entidade independente (a Entidade Operacional Designada (EOD)8). Após a validação do PDD pela EOD, o documento deverá ser submetido para a aprovação pela autoridade governamental brasileira (CIMCG), constituindo-se a quarta etapa. No Brasil, o projeto é avaliado quanto ao alinhamento das suas iniciativas de redução de emissões com as políticas adotadas no País. A quinta etapa é a submissão do PDD ao Conselho Executivo do MDL, que avaliará as características do projeto e verificará se as reduções de emissões advindas do mesmo são reais, mensuráveis e verificáveis. A etapa seguinte, que ocorre após a implantação do projeto, caracteriza-se pela verificação da correspondência entre o PDD apresentado e aprovado, e a operação da atividade do PDD. Para isso, as emissões são monitoradas e uma nova certificação é conduzida, no sentido de quantificar os créditos de carbono associados à efetiva redução de emissões alcançada através do projeto. Depois da certificação, a empresa está pronta para receber as chamadas Reduções Certificadas de Emissões (RCEs), emitidas pelo Conselho Executivo do MDL. As RCEs podem ser negociadas no mercado nacional/internacional de carbono, basicamente de três formas: negociação interna, no caso de uma empresa multinacional com operações, por exemplo, na Europa e no Brasil; venda direta a uma empresa que atue em região com restrição de emissão ou através de instituições financeiras (como bancos, fundos de investimentos), tradings e brokers. Nos últimos casos, as operações podem ocorrer em ambiente de Bolsa ou no mercado de balcão. Elegibilidade de Projetos de Acordo com o MDL Muitos esforços estão sendo realizados no Brasil e no âmbito internacional no sentido de estabelecer padrões e critérios transparentes para facilitar decisões de investimentos em redução de emissões nas empresas visando à obtenção de créditos de carbono, de acordo com o MDL. Exemplos dessas ações são as Resoluções 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 da CIMGC, que estipulam diretrizes para as empresas brasileiras ou sediadas no País interessadas em vender créditos de carbono. Para que os projetos se qualifiquem como atividades válidas no sentido da mitigação das emissões de gases de efeito estufa dentro do contexto do Protocolo de Kyoto, o principal critério identificado é a adicionalidade, que é estabelecida de acordo com a Linha de Base. A Linha de Base deve ser estipulada conforme uma metodologia adequada, que indicará claramente como e porque o cenário escolhido representa, de fato, as emissões antrópicas de GEEs na ausência da atividade de projeto proposta. Para o estabelecimento de uma Linha de Base apropriada é necessário um bom conhecimento das práticas usualmente adotadas no segmento em que o projeto está inserido; do contexto socioeconômico local; das tendências macroeconômicas que poderão afetar os resultados do projeto; políticas setoriais e de outras variáveis relevantes. De um modo geral, uma atividade de projeto é adicional quando gera redução de emissões, que não seriam alcançadas no caso do negócio usual. Ou seja, é necessário demonstrar que o projeto não se encontra no curso de ação usual da empresa na ausência dos benefícios do MDL. A falta de atratividade do projeto na ausência do MDL pode ser justificada por barreiras técnicas (novas tecnologias com custo e risco elevados) e/ou através de análise de investimento (que resulte em um resultado desfavorável para a implementação do projeto). No contexto do MDL, os créditos de carbono, são calculados a partir da diferença na emissão de GEEs (ou sequestro de carbono) entre as práticas que seriam adotadas normalmente na linha do negócio da empresa (Business-as-Usual, BAU) sem a implantação do projeto (Linha de Base) e as práticas adotadas devido à implantação do projeto (Cenário do Projeto). 7 8 Essa resolução altera as Resoluções 1, 2, 3 e 4 dessa mesma Comissão em relação aos convites de comentários enviados pelos proponentes do projeto aos agentes envolvidos, interessados e/ou afetados pelas atividades de projeto no âmbito do MDL. As EODs são entidades nacionais ou internacionais credenciadas pelo Comitê Executivo do MDL. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 22 Outro requisito do Protocolo de Kyoto é que, em adição aos benefícios relacionados aos gases de efeito estufa, os projetos contribuam com o desenvolvimento sustentável dos países em que são implantados. Em relação às características específicas de cada projeto, um dos fatores mais importantes a ser avaliado é a possibilidade de demonstração de sua adicionalidade. Em geral, demonstra-se a adicionalidade quando a implementação de um projeto gera redução de emissões que não ocorreria no cenário de negócio usual. Dessa forma, é necessário evidenciar que o projeto não faz parte do curso natural de ação de uma organização. Para projetos de grande escala, a Ferramenta para a demonstração e avaliação da adicionalidade9 fornece uma abordagem passo a passo para essa demonstração que inclui: identificação das prováveis alternativas à atividade de projeto; análise econômico-financeira para determinar se a atividade de projeto proposta não é a alternativa mais interessante econômica ou financeiramente; análise de barreiras que restringem (ou impedem) a implementação da atividade de projeto proposta; análise da prática comum. Para projetos de pequena escala, a adicionalidade do projeto deverá ser demonstrada com base no Anexo A do Apêndice B das Modalidades e Procedimentos Simplificados para atividades de projeto de MDL de pequena escala (versão 06, 30 de setembro de 200510). Segundo esse Anexo, a adicionalidade do projeto deve ser avaliada por meio da demonstração de que a atividade de projeto não teria ocorrido devido às seguintes barreiras, inter allia: barreira de investimento; barreira tecnológica/técnica; e barreira de prática prevalecente. Em ambas as ferramentas, os participantes do projeto podem usar a análise econômico-financeira ou a análise de barreiras para demonstrar a adicionalidade do projeto. Entretanto, os aspectos econômicofinanceiros merecem atenção especial na avaliação da adicionalidade de um projeto de MDL, tanto de grande como de pequena escala, tendo em vista que o Conselho Executivo do MDL e o Painel de Metodologias da CQNUMC são extremamente sensíveis aos argumentos de adicionalidade embasados por essas questões. Segundo versão mais recente da Ferramenta para a demonstração e avaliação da adicionalidade (versão 5.2), a adicionalidade pelo viés financeiro consiste em determinar se a atividade de projeto proposta é econômica ou financeiramente menos atraente do que ao menos uma das alternativas ao projeto, desconsiderando a receita proveniente da venda de RCEs. Para conduzi-la, o proponente do projeto pode utilizar uma das três seguintes opções: Opção I. Análise simples de custos; Opção II. Análise comparativa de investimento; e Opção III. Análise de Benchmark. Se a atividade de projeto de MDL não gera receitas ou benefícios econômicos além da receita proveniente do MDL, a análise simples de custos (Opção I) pode ser utilizada; caso contrário, a análise comparativa de investimentos (Opção II) ou a análise de Benchmark (Opção III) poderiam ser utilizadas. Ressalte-se que o presente estudo terá como base as metodologias para projetos MDL, amplamente aceitas e validadas internacionalmente, mas que não serão avaliadas questões como elegibilidade e adicionalidade dos projetos de acordo com as regras do MDL. 9 A versão mais recente da Ferramenta para a demonstração e avaliação http://cdm.unfccc.int/methodologies/PAmethodologies/tools/am-tool-01-v5.2.pdf. 10 Disponível em http://cdm.unfccc.int/Reference/Guidclarif/ssc/methSSC_guid05.pdf. da adicionalidade é a versão 5.2. Disponível em LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 23 4. INVENTÁRIO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS DE REDUÇÃO DE EMISSÕES DE GEE Setor Elétrico Descrição dos Elos da Cadeia do Setor Geração de energia elétrica. Transmissão e distribuição de energia elétrica. Consumo de energia elétrica. Geração de Energia Elétrica O primeiro elo da cadeira do setor de eletricidade é a geração de energia elétrica que é produzida pelo aproveitamento de diversos recursos naturais empregados para movimentação das turbinas, com exceção das Centrais Geradoras Solares Fotovoltaicas em que fótons contidos na luz solar são convertidos em energia elétrica por meio de células solares (ANEEL, 2002)11. Dentre os recursos naturais, pode-se mencionar a água, gases (residual e gás natural), o carvão, os derivados de petróleo (por exemplo, óleo diesel e óleo combustível), biomassa (por exemplo, bagaço de cana-de-açúcar, casca de arroz, madeira, biogás), vento e irradiação solar. As turbinas de vapor podem gerar energia usando o vapor produzido das fontes geotérmicas, da energia solar (sistema heliotérmico) e dos reatores nucleares, por exemplo. No caso da hidroeletricidade, o aproveitamento da energia hidráulica, proveniente da irradiação solar e da energia potencial gravitacional, através da evaporação, condensação e precipitação da água sobre a superfície terrestre, é feito através do uso de turbinas hidráulicas, devidamente acopladas a um gerador de corrente elétrica. Finalmente, o aproveitamento da energia eólica se dá por meio da conversão da energia cinética de translação em energia cinética de rotação, com o emprego de turbinas eólicas para a geração de energia elétrica, ou através de cataventos e moinhos para trabalhos mecânicos, como bombeamento de água (ANEEL, 2002)11. A energia elétrica por irradiação solar pode ser gerada em dois sistemas: o heliotérmico e o fotovoltaico. Segundo Aneel (2008)12, no primeiro sistema, converte-se irradiação solar em calor que é utilizado em usinas termelétricas para a produção de eletricidade. No sistema fotovoltaico, a transformação da radiação solar em eletricidade é direta. Para tanto, é necessário adaptar um material semicondutor (geralmente o silício) para que, na medida em que é estimulado pela radiação, permita o fluxo eletrônico (partículas positivas e negativas). Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o segmento de geração de eletricidade brasileiro possui 2.275 empreendimentos em operação, gerando aproximadamente 110 GW de potência. Para os próximos anos, prevê-se uma adição de cerca de 50 GW na capacidade de geração, oriundos de 140 empreendimentos atualmente em construção e mais 476 outorgados. A Tabela 0-1, Tabela 0-2 e a Tabela 0-3 apresentam a composição do segmento de geração de eletricidade no Brasil e a previsão de sua expansão nos próximos anos, baseada nos empreendimentos em operação, construção e outorgados pela Aneel. Como se pode observar na Tabela 0-1, atualmente, a principal fonte de geração de eletricidade é a hidroeletricidade (correspondente a 72% da potência gerada no País). No entanto, observando a Tabela 0-2 e a Tabela 0-3, a participação das Usinas Termelétricas (UTEs) na geração de eletricidade aumentará nos próximos anos. 11 12 Agência Nacional de Energia Elétrica. Atlas de Energia Elétrica do Brasil. 2002. Agência Nacional de Energia Elétrica. Atlas de Energia Elétrica do Brasil. 2008. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 24 Tabela 0-1 – Segmento de Geração de Eletricidade no Brasil (composição atual) Empreendimentos em Operação Tipo N.° de Usinas Potência Fiscalizada* (kW) Potência Fiscalizada (%) Hidroeletricidade 866 79.789.368 72,33% Centrais Geradoras de Eletricidade (CGH) 320 182.500 0,17% Pequenas Centrais Hidrelétricas PCH 373 3.194.148 2,90% Usinas Hidrelétricas (UHE) 173 76.412.720 69,27% Central Geradora Eolielétrica (EOL) 46 794.336 0,72% Central Geradora Solar Fotovoltaica (SOL) 3 36 0,00% 1.358 27.728.248 25,13% Usinas Termelétricas (UTE) Usinas Nucleares (UTN) Total 2 2.007.000 1,82% 2.275 110.318.988 100,00% *A Potência Fiscalizada é igual à considerada a partir da operação comercial da primeira unidade geradora. Fonte: Banco de Informações de Geração da Aneel (agosto, 2010) 13. Tabela 0-2 – Segmento Geração de Eletricidade no Brasil (expansão) Empreendimentos em Construção Tipo N.° de Usinas Potência Outorgada (kW) Potência Outorgada (%) Hidroeletricidade 82 10.559.220 62,30% Centrais Geradoras de Eletricidade (CGH) 1 848 0,01% Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) 69 908.272 5,36% Usinas Hidrelétricas (UHE) 12 9.650.100 56,94% Central Geradora Eolielétrica (EOL) 9 315.300 1,86% Usinas Termelétricas (UTE) 48 4724787 27,88% Usinas Nucleares (UTN) Total 1 1.350.000 7,96% 140 16.949.307 100,00% Fonte: Banco de Informações de Geração da ANEEL (agosto, 2010)14. Tabela 0-3 – Segmento Geração de Eletricidade no Brasil (expansão) Empreendimentos Outorgados entre 1998 e 2005 (não iniciaram sua construção) Tipo N.° de Usinas Potência Outorgada (kW) Potência Outorgada (%) Hidroeletricidade 224 15.464.510 48,89% Centrais Geradoras de Eletricidade (CGH) 69 45.630 0,14% Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) 144 2.043.780 6,46% Usinas Hidrelétricas (UHE) 11 13.375.100 42,28% Central Geradora Undielétrica (CGU) 1 50 0,00% Central Geradora Eolielétrica (EOL) 89 2.890.331 9,14% Central Geradora Solar Fotovoltaica (SOL) 1 5.000 0,02% Usinas Termelétricas (UTE) 161 13.271.638 41,96% Total 476 31.631.529 100,00% Fonte: Banco de Informações de Geração da ANEEL (agosto, 2010) 15. A Tabela 0.-4 apresenta a composição atual da geração de eletricidade no Brasil em UTEs com base em empreendimentos em operação. Como se pode observar na Tabela 0.-4, atualmente, a principal fonte de geração de eletricidade em UTEs é o gás natural, seguida por derivados de petróleo (24%) e bagaço de cana (20%), que correspondem a, respectivamente, cerca de 40%, 24% e 20% da potência gerada pelas UTEs no País. 13 14 15 Agência Nacional de Energia Elétrica. Disponível em http://www. aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.asp. Agência Nacional de Energia Elétrica. Disponível em http://www. aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.asp Agência Nacional de Energia Elétrica. Disponível em http://www. aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.asp LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 25 Tabela 0.-4 – Composição Atual das Usinas Termelétricas UTEs em Operação Tipo de Combustível Gás Petróleo Biomassa N.° de Usinas Potência Fiscalizada kW Natural 93 11.050.530 Processo 33 1.275.483 Óleo Diesel 817 4.012.437 Óleo Residual 29 2.523.803 Bagaço de Cana 308 5.623.446 Licor Negro 14 1.240.798 Madeira 39 327.767 Biogás 9 48.522 Casca de Arroz 7 31.408 9 1.594.054 1.358 27.728.248 Carvão Mineral Total Fonte: Banco de Informações de Geração da ANEEL (agosto, 2010)16. Transmissão de Energia elétrica Define-se a transmissão de energia elétrica como o processo de transporte da energia entre dois pontos. O transporte é realizado por linhas de transmissão de alta potência, geralmente usando corrente alternada, que de uma forma mais simples conecta uma usina ao consumidor. A transmissão de energia é dividida em dois componentes: a transmissão propriamente dita, para potências mais elevadas e ligando grandes centros; e a distribuição, energia efetivamente entregue aos consumidores conectados à rede elétrica de uma determinada empresa de distribuição. Essa rede pode ser aérea, suportada por postes, ou por dutos subterrâneos com cabos, fios ou fibras ópticas. Nas redes de transmissão, a energia elétrica trafega em tensão que varia de 88 kV a 750 kV. Ao chegar às subestações das distribuidoras, a tensão é rebaixada e, por meio de um sistema composto de fios, postes e transformadores, chega à unidade final em 127 volts ou 220 volts. A infraestrutura brasileira de geração de energia elétrica é formada por um sistema nacional interligado (SIN) e por sistemas isolados. De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), as Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste correspondem a mais de 70% da capacidade instalada do Brasil. Já as Regiões Norte e Nordeste representam quase 25% da capacidade instalada total. Apenas 3,4% da capacidade de produção de eletricidade do País encontram-se fora do SIN, em pequenos sistemas isolados localizados principalmente na região amazônica e sua energia provém principalmente de usinas termoelétricas. De acordo com o ONS, o segmento de transmissão no Brasil é composto de linhas de transmissão que somam 97.586 km nas tensões de 230, 345, 440, 500, 660 CC e 750 kV, como evidenciado na Figura 0-1. 16 Agência Nacional de Energia Elétrica. Disponível em http://www. aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/OperacaoCapacidadeBrasil.asp PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 26 Figura 0-1 – Sistema de Transmissão 2009-2012 Fonte: ONS, 201017. Consumo de Energia Elétrica O consumo nacional de energia elétrica na rede totalizou 388.793 GWh em 2009. Com base na Tabela 0-5 os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste representam aproximadamente 60% do consumo total de energia elétrica em 2009. Tabela 0-5 – Consumo de Eletricidade no Brasil nos Subsistemas Elétricos Subsistemas Consumo (GWh) Participação (%) Norte 26.704 7% Nordeste 53.803 14% Sudeste/Centro-Oeste 234.661 61% Sul 66.625 17% Total 381.793 100% Fonte: EPE, 201018. 17 Operador Nacional do Sistema Elétrico. Disponível em http://www.ons.org.br/download/biblioteca_virtual/publicacoes/dados_relevantes_2009/02-Sistemade-Transmissao-2009-2012.html . 18 Empresa de Pesquisa Energética. Disponível em www.ep.gov.br. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 27 O setor industrial é o principal consumidor de energia elétrica, seguido pelos setores residencial e comercial. O Gráfico 0-1 apresenta a representação das principais indústrias brasileiras no consumo de energia elétrica em 2008. Como se pode observar, a indústrias de não ferrosos, química, alimentos & bebidas, papel & celulose e ferro-gusa & aço são as maiores consumidoras de energia elétrica do setor industrial. Gráfico 0-1 – Representação das Principais Indústrias Brasileiras no Consumo de Energia Elétrica em 2008 Fonte: BEN 200919. Descrição das Principais Fontes de Emissão de GEE e Oportunidades de Mitigação de Emissão Como definido na seção 1 desse Relatório, a cadeia do setor de energia elétrica é divida em três elos: elo 1: geração; elo 2: transmissão e distribuição; e elo 3: consumo. A avaliação do potencial de redução de emissão de GEE desse no Brasil será feita para os três elos de sua cadeia, com base em metodologias de linha de base e monitoramento aprovadas e em fase de aprovação pela Convenção Quadro das Nações Unidas (CQNUMC), bem como em projetos de redução de emissão de MDL propostos no Brasil e no Mundo. No primeiro elo do setor, a principal emissão se dá em função da queima de combustível fóssil, emitindo CO₂. As possíveis medidas de mitigação desse elo são: 19 substituição do combustível utilizado na usina geradora de eletricidade por outro menos carbono intensivo ou renovável; adoção de medidas de eficiência energética, reduzindo a quantidade de combustível consumido por unidade de energia produzida; e utilização de fontes renováveis de energia (por exemplo, biomassa, potencial hídrico e eólico ainda não explorado) para geração de eletricidade. Balanço Energético Nacional – 2009. Disponível em www.ep.gov.br. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 28 No elo de transmissão e distribuição, pode haver emissões de SF6 e de CO₂. As emissões de SF6 ocorrem devido ao vazamento desse gás, que é empregado como isolante em equipamentos elétricos. As emissões de CO₂ geralmente ocorrem devido à perda de energia elétrica na transmissão e distribuição da rede elétrica, bem como da geração de energia em sistemas isolados que não possuem conexão ao Sistema Interligado Nacional. Dentre as iniciativas de redução de emissão nesse elo, destacam-se: reciclagem de SF6 e/ou a redução de vazamento de SF6; sistemas de transmissão e distribuição com maior eficiência energética; e expansão da rede elétrica interligada a sistemas isolados em substituição às fontes de geração cativas. No último elo desse setor, as emissões são geradas em função do consumo de eletricidade, principalmente de CO₂ e de gases refrigerantes, dependendo do sistema em questão. Todas as medidas de mitigação envolvem a melhoria da eficiência, seja no consumo direto ou na fabricação/doação de equipamentos mais eficientes para o consumidor final. Exemplos de sistemas e equipamentos mais eficientes incluem lâmpadas, reatores, motores, sistemas de aquecimento e refrigeração, isolamento térmico e sistemas solares. O Quadro 0-1 apresenta as fontes de emissão de GEE em cada elo do setor, as potenciais iniciativas de redução de emissão, bem como as metodologias de linha de base e monitoramento aplicáveis a cada iniciativa. Quadro 0-1 – Emissões de GEE e Iniciativas Mitigadoras de Emissões na Cadeia do Setor de Eletricidade Elo 1 – Geração Elo 2 – Transmissão/Distribuição Elo 3 – Consumo Fontes de Emissão Linha de Base Fontes de Emissão Linha de Base Fontes de Emissão Linha de Base CO₂ CO₂ Gases refrigerantes SF6 CO₂ Iniciativas de Redução de Emissão de GEE Iniciativas de Redução de Emissão de GEE Iniciativas de Redução de Emissão de GEE Eficiência Energética (Uso de equipamentos mais eficientes tais como lâmpadas, geladeiras) Energia Renovável (por exemplo, Hidro, eólica, solar) Eficiência Energética Uso de Biomassa/Resíduos de Biomassa para geração de eletricidade ( bagaço de cana-de-açúcar, resíduos agrícolas, resíduos florestais) SF6 Substituição de Combustível em Usinas Termelétricas (por exemplo, de óleo combustível para gás natural) Conexão do Sistema Isolado ao Sistema Interligado Eficiência Energética em Plantas Geradoras de eletricidade (por exemplo, CCGT) Metodologias de Linha de Base Metodologias de Linha de Base ACM0002 Metodologias de Linha de Base ACM0013 AM0067 AM0038 ACM0006 AM0048 AMS-II.A AM0046 ACM0018 AM0052 NM0334 AM0070 AM0019 AM0061 AM0035 AMS-II.C AM0042 AM0062 AM0079 AMS-II.E AM0085 AM0074 AM0045 AMS-I.A. AM0084 AMS-III.AE AMS-I.D AMS-II.B NM0328 AMS-I.F AMS-II.K ACM0011 AMS-III.AC AM0007 NM0241 AMS-III.AH NM0292 ACM0007 NM0336 ACM0012 AMS-II.J LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 29 Como demonstrado no Quadro 0-1, com base nas metodologias de linha de Base e Monitoramento existentes no MDL, as potenciais iniciativas de redução de emissão de GEE em cada elo da cadeia do setor elétrico são: elo 1 (geração): utilização de energia renovável para geração de eletricidade; substituição de combustível; melhoria da eficiência energética na geração; elo 2 (transmissão e distribuição): eficiência energética de redes elétricas; redução das fugas do gás isolante de equipamentos elétricos; expansão do sistema elétrico; elo 3 (consumo): eficiência energética no consumo. Iniciativas de Redução de Emissão de GEE no Elo 1 A Tabela 0-6 apresenta o número de projetos de redução de emissão de GEE propostos no MDL que se enquadram no Elo 1 e que se encontram nas seguintes etapas do processo no Brasil: validação, já validados e registrados. Também são apresentados: o potencial total e médio de redução de emissão gerada por esses projetos, bem como o número de projetos propostos no resto do mundo (que se encontram nas etapas de validação, já validados e registrados). É importante ressaltar que alguns projetos foram desenvolvidos utilizando-se mais de uma metodologia, seja do mesmo elo (da mesma iniciativa de redução de emissão ou de iniciativas diferentes) ou de outros elos da cadeia do setor em questão, bem como dos outros setores estudados. Logo, esses projetos aparecem mais de uma vez na Tabela 0-6, bem como nas tabelas dos demais elos e setores que serão apresentadas posteriormente. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 30 Tabela 0-6 – Projetos de Redução de Emissão no Elo 1 – Setor de Eletricidade Elo 1 – Geração de Eletricidade Iniciativas de Metodologias Redução de de Linha de Emissão – Base Projetos de MDL Eficiência Energética Substituição de combustível em UTEs Energia Renovável e Biomassa/Resíduos de Biomassa para geração de eletricidade Energia Renovável e Biomassa/Resíduos de Biomassa para geração de eletricidade ACM0007 ACM0012 ACM0012 ACM0002 2 ACM0012 AMS-III.Q. ACM0004 ³ ACM0004 ³ ACM0001 ACM0004 ³ ACM0002 ² ACM0004 ² ACM0006 ² ACM0004 ² AMS-I.D. ² ACM0013 AM0048 AM0052 AM0061 AM0062 AM0074 AMS-II.B. AMS-II.B. ACM0006 ² AMS-II.B. AMS-I.C. AMS-II.B. AMS-I.D. ² AMS-II.B. AMS-II.D. AMS-II.B. AMS-II.D. AMS-III.I.E. AMS-II.B. AMS-II.I.E., ¹ AMS-II.B. AMS-III.B. ACM0011 1 7 Potencial total de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)* 304 1314 Potencial médio de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)* 304 188 Projetos de MDL no resto do Mundo Número total de Projetos desenvolvidos* 11 260 - - - 1 Projetos de MDL no Brasil Número de Projetos em validação 1 7 Número de Projetos validados - Número de Projetos registrados - Número de Projetos rejeitados - - - - - - - - - - - - 3 - - 1 - 1 90 90 126 - - - - - - - 1 - - - - - - - 38 - - - - - - - 1 - - - - - - - 1 2 - - - - 2 - 174 - 87 - 23 1 3 2 2 1 17 - - - - - - - 1 - - - - - - - 1 - - - - - - - 1 - - - - - - - 1 - - - - - - - 1 - - - - - - - 1 - - - - - - - 1 5 Total de Projetos desenvolvidos * - - - - - - - AMS-III.AH. - - - - - - - 1 ACM0002 ACM0002 ACM0001 ACM0002 ACM0004 ² ³ ACM0002 ACM0006 ACM0002 ACM0008 ACM0002 ACM0012 ² ACM0002 AM0025 ACM0002 AM0025 AMS-I.D. ACM0002 AM0029 ACM0002 AMS-I.D. ACM0002 AMS-I.D. AMS-II.I.E. ACM0002 AMS-I.D. AMS-III.I.E., AMS-III.G. 42 4 20 3 66 6545 99 1386 1 - 5 - 6 726 121 14 - - - - - - - 38 10 - - 1 10 352 35 57 - - - - - - - 15 - - - - - - - 1 - - - - - - - 1 - - - - - - - 1 - - - - - - - 11 1 - 1 - 2 28 14 11 - - - 8 - - - - - - 1 - 1 19 19 - LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 31 Elo 1 – Geração de Eletricidade Iniciativas de Metodologias Redução de de Linha de Emissão – Base Projetos de MDL ACM0006 ACM0006 ACM0004 ² ³ ACM0006 ACM0010 ACM0006 AMS-II.B. ² AM0004 4 AM0015 4 ACM0018 AM0042 AMS-I.A. AMS-I.A. AMS-I.D. AMS-I.A. AMS-I.D. AMS-III.D. AMS-I.A. AMS-I.D. AMS-III.H. AMS-I.A. AMS-II.C. ¹ AMS-I.A. AMS-II.J. ¹ AMS-I.A. AMS-III.D. AMS-I.A. AMS-III.I.E. AMS-I.A. AMS-III.H. AMS-I.D. AMS-I.D. ACM0001 AMS-I.D. ACM0004 ² ³ AMS-I.D. ACM0010 AMS-I.D. ACM0001 AM0025 AMS-I.D. ACM0001 AMS-III.G. AMS-I.D. AM0014 AMS-I.D. AMS.I.C. AMS-I.D. AMS.I.C. AMS-III.D. AMS-I.D. AMS.I.C. AMS-III.I.E. AMS-I.D. AMS.I.C. Energia Renovável AMS-III.I.E., e AMS-III.G. Biomassa/Resíduos AMS-I.D. de Biomassa para AMS.I.C. geração de AMS.III.H. eletricidade AMS-I.D. AMS.I.C. AMS.III.Q. AMS-I.D. AMS-II.B. ² AMS-I.D. AMS.II.C. ¹ AMS-I.D. AMS.II.D. AMS-I.D. 38 Potencial total de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)* 1685 Potencial médio de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)* 44 Projetos de MDL no resto do Mundo Número total de Projetos desenvolvidos* 170 - - - 1 - - - - 1 - - - - - 1 24 1 - 25 2 1 471 167 1 19 84 1 2 4 2 14 - - - - - - 2 - - - - - - - 1 - - - - - - - 1 - - - - - - - 1 - - - - - - - 1 - - - - - - - 3 - - - - - - - 1 Projetos de MDL no Brasil Número de Projetos em validação 37 Número de Projetos validados - Número de Projetos registrados 1 Número de Projetos rejeitados 1 - - - - - - - - - 1 2 - - - Total de Projetos desenvolvidos * - - - - - - - 8 22 1 24 1 47 1020 22 1382 - - - - - - - 31 - - - - - - - 1 - - - - - - - 3 - - - - - - - 1 - - - - - - - 1 - - - - - - - 1 - - - - - - - 8 - - - - - - - 3 - - - - - - - 1 - - - - - - - 1 - - - - - - - 18 - - - - - - - 2 - - - - - - - 1 - - - - - - - 1 - - - - - - - 4 - - - - - - - 2 PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 32 Elo 1 – Geração de Eletricidade Iniciativas de Metodologias Redução de de Linha de Emissão – Base Projetos de MDL Potencial médio de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)* Projetos de MDL no resto do Mundo Número total de Projetos desenvolvidos* - - 1 58 58 73 1523 102 16 - - 2 - - 1 - - 1 - - 14 - - 1 8 8 63 24 24 - - - 2 - - 3 - - 1 Projetos de MDL no Brasil Número de Projetos em validação Número de Projetos validados Número de Projetos registrados Número de Projetos rejeitados Total de Projetos desenvolvidos * Potencial total de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)* AMS.I.E., ¹ AMS-I.D. AMS-III.C. AMS-I.D. 1 1 AMS-III.D. AMS-I.D. 7 8 15 AMS-III.I.E. AMS-I.D. AMS-III.I.E., AMS-III.G. AMS-I.D. AMS-III.F. AMS-I.D. AMS-III.F. AMS-III.H. AMS-I.D. AMS-III.G. AMS-I.D. AMS-III.G. AMS-III.H. AMS-I.D. 1 1 AMS-III.H. AMS-I.D. AMS-III.H. 1 1 AMS-III.I. AMS-I.D. AMS-III.K. AMS-I.D. AMS.III.Q. AMS-I.F. AMS-I.F. AMS-I.C. AMS-III.H. 1 2 Projetos contabilizados em mais de um elo. * Excluem-se os Projetos Rejeitados. Projetos contabilizados em mais de uma ACM0006. - 3 1 4 iniciativa. Substituída pela ACM0012. Substituída pela Como pode ser verificado na Tabela 0-6, somente no Brasil há 216 projetos de MDL propostos (registrados, validados e em validação) voltados para o uso de energia renovável (por exemplo, fontes hídricas, eólicas e biomassa), para geração de eletricidade. Com base nesses projetos do MDL, o potencial médio de redução de emissão de projetos de energia renovável varia entre 1 – 121 ktCO₂e/ano. No resto do mundo, já foram propostos um total de 3.388 projetos. Em relação às medidas de substituição de combustível para redução de emissões, no Brasil, ainda não foi desenvolvido nenhum projeto de MDL e, no restante do mundo, há apenas seis projetos propostos no MDL. Nas iniciativas de mitigação de eficiência energética, observa-se um total de 11 projetos de MDL propostos no Brasil e 498 no resto do mundo. Com base nesses projetos do MDL, o potencial médio de redução de emissão de projetos de eficiência energética varia entre 87 – 304 ktCO₂e/ano. As iniciativas de redução de emissões no elo 1 são descritas nas subseções abaixo. Projetos de Redução de Emissões de GEEs Relacionados à Geração de Energia Elétrica No elo de geração, foram avaliadas 32 metodologias, das quais 27 foram incluídas no estudo do potencial de redução de emissão de GEEs no País, agrupadas em 12 tipos de projetos concernentes à energia hidrelétrica, eólica, biomassa renovável, resíduos de biomassa, substituição de combustível e eficiência energética. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 33 Energia Renovável As tecnologias de energia renovável contempladas neste estudo incluem usinas hidrelétricas e eólicas. Os projetos de redução de emissão considerados envolvem a instalação de novas usinas e a repotenciação e modernização das hidroelétricas já existentes. As metodologias ACM0002, AM0019, AMS-I.A., AMS-I.D. e AMS-I.F. foram consideradas como base para a determinação de reduções de emissões provenientes de projetos de energia renovável. Segundo essas metodologias, as emissões de GEEs na linha de base consistem nas emissões provenientes da geração de eletricidade, neste estudo considerado para generalização as usinas geradoras conectadas ao SIN (isto é, da geração a partir de usinas termelétricas a combustível fóssil). Para as emissões do projeto, a única fonte de emissões contabilizadas é oriunda de novas usinas hidrelétricas, em função do aumento do reservatório de água. As tecnologias renováveis maremotriz, undielétrica e solar não foram abordadas devido à sua falta de competitividade econômica e energética comparativamente às outras tecnologias. Há poucos estudos que consideram a implementação destas tecnologias nos planos de expansão energéticos brasileiros e, portanto, limitado conhecimento desse potencial. No que concerne especificamente às usinas solares, a aplicação dessa tecnologia é avaliada apenas para o aquecimento de água em residências, reduzindo o consumo de eletricidade20. No entanto, essa avaliação não aborda a instalação de usinas solares com o intuito de geração de eletricidade para contribuição expressiva à matriz energética. Hidroelétricas O potencial para a instalação de hidroelétricas foi estimado com base em todas as Usinas hidrelétricas outorgadas pela Aneel21 e as bacias/sub-bacias com potencial de aproveitamento22. As usinas outorgadas são aquelas que receberam o Ato de Outorga (Concessão, Permissão, Autorização ou Registro) pela Aneel e ainda não iniciaram suas obras. Essas usinas foram incluídas como oportunidades de implementação de projetos de redução de emissões, na medida em que podem ocorrer imprevistos adversos que impossibilitem o início/conclusão das obras (como falta de capital, por exemplo). O potencial a ser aproveitado foi separado em dois níveis de estudo estimado e inventariado. Entende-se por potencial inventariado o nível mínimo de estudo em que foi submetido o potencial, portanto, a parcela inventariada pôde ainda ser subdividida em partes com e sem restrições ambientais devido ao maior nível de estudo. Os resultados apresentados abaixo contemplam somente as usinas outorgadas e a parcela inventariada sem restrições ambientais devido à incerteza quanto ao aproveitamento do potencial inventariado com restrições e estimado (isto é, não investigado em nível de inventário). Para estimar o potencial número de usinas que pode ser instalado utilizou-se como premissa que cada usina terá 69 MW, que é a média da potência das usinas outorgadas. O uso desse valor para a estimativa de número de projetos é conservador, uma vez que se observa uma tendência pela instalação de usinas do tipo PCH (menos de 30MW) devido, sobretudo, ao menor investimento total necessário para a mesma e maior facilidade em obtenção de licenças ambientais. Avaliação Técnica O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas apresentadas na Tabela 0-7 e dos parâmetros apresentados na Tabela 0-8. Tabela 0-7 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da linha de base ELB *t CO₂e/ano+ = EGPJ [MWh/ano] x EFgrid,CM *t CO₂e/MWh+ Emissões do Projeto EPJ *t CO₂e/ano+ = EGPJ [MWh/ano] x EFRes *kgCO₂e/MWh+/1000 Redução de Emissão RE = ELB – EPR 20 21 22 Posteriormente apresentada no elo 3, consumo de eletricidade. Aneel/BIG. Disponível em http://www.aneel.gov.br/aplicacoes /capacidadebrasil/capacidadebrasil.asp. Potencial a ser aproveitado exclui as usinas em operação e os aproveitamentos em construção e com concessão outorgada. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 34 Tabela 0-8 – Parâmetros Parâmetro EFgrid,OM EFgrid,BM Descrição Fator de Capacidade Tempo de operação Fator de Emissão da rede de margem de operação Fator de Emissão da rede de margem de construção Valor 55% 8760 0,25 0,08 Unidade % h/ano tCO₂/MWh tCO₂/MWh EFgrid,CM Fator de Emissão da rede de margem combinada 0,16 tCO₂/MWh EFRes Fator de emissão padrão para emissões de reservatórios de usinas hidrelétricas Custo unitário médio para PCH outorgadas Custo unitário médio para o potencial a ser aproveitado Custo unitário médio para usinas de grande porte outorgadas 90 1800 1800 1500 kgCO₂e/MWh US$/kW US$/kW US$/kW Fonte PNE 2030 MCT MCT Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" Valor default Metodologia PNE 2030 PNE 2030 PNE 2030 Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial replicação desse projeto – Hidroelétricas – no Brasil, contemplando o possível número de projetos a serem implementados, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados na Tabela 0-9 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-9 – Resultados do Projeto de Hidroelétricas Descrição Valor Unidade Fator de redução de emissão anual 354 tCO₂e/(MW x ano) Redução de Emissão anual 29.200.462 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 292.004.618 tCO₂e Número de projetos 1.204* unidades Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 242.475 tCO₂e Contribuição à matriz energética 82.502 MW Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 2.920 Milhões US$ Custo do Investimento 144.491 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Barreiras Apesar de ser a fonte predominante de geração de energia elétrica no Brasil, a maior parte das usinas hidrelétricas ainda é controlada por empresas públicas, mesmo após a reforma reguladora e o processo de privatização iniciados nos anos noventa. Dentre as barreiras que dificultam a instalação de usinas hidrelétricas (UHEs) e de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), bem como a atração de investimentos privados nesse setor destacamse: lentidão no processo de licenciamento ambiental, localização do potencial hídrico latente e falta de linhas de financiamento de longo prazo. Entre os anos de 1980 e 2000, o aumento da capacidade instalada de geração de energia elétrica no País não seguiu plenamente o aumento do consumo de energia, tendo o primeiro crescido 4% em média e o segundo 5%. A falta de investimento no setor causou uma redução gradual na quantidade de água armazenada nos reservatórios das hidrelétricas então existentes e culminou na interrupção do suprimento energético em 2001 (também conhecida como apagão ou “black-out”). Assim, o governo federal elaborou, no começo de 2000, dois planos para aumentar a participação da geração termelétrica na matriz energética brasileira: o Plano Prioritário Termoelétrico, de medidas de médio prazo, e o Programa Emergencial de Energia, de medidas de curto prazo. Indo ao encontro dos objetivos governamentais de segurança do abastecimento e mais recentemente, com a descoberta de grandes reservas de gás natural na Bacia de Santos em 2003, a política de utilização do gás natural para geração elétrica tem sido uma possibilidade atraente para investimentos privados, o que evita os altos investimentos necessários à geração hidrelétrica. Além disso, a energia hidrelétrica é dependente da pluviosidade. Como nas estações brasileiras o inverno possui precipitações baixas e o verão possui precipitações altas, a água deve ser armazenada na estação chuvosa para que LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 35 possa ser consumida no inverno. Dessa forma, há a necessidade de criação de grandes reservatórios, cuja construção causa maiores impactos ambientais. A participação da hidroenergia em novos leilões de energia vem sendo limitada devido às dificuldades relacionadas ao licenciamento ambiental desses grandes empreendimentos. Também deve ser ressaltado que a maior parte dos recursos hídricos da Região Sul-Sudeste já foi explorada, estando o potencial restante concentrado na bacia amazônica. Por situar-se distante dos centros urbanos e industriais (OECD, 2001)23, a localização desses recursos também cria dificuldades na construção dos empreendimentos de geração e transmissão da energia elétrica. No que concerne às barreiras de investimento, no Brasil, há falta de fontes de financiamento para o investimento privado no setor elétrico, especialmente no segmento de geração de energia hidroelétrica, que exige investimento inicial elevado. A barreira do investimento consiste no alto custo de capital no Brasil (isto é, a taxa de juros) e no mercado de capital pouco sofisticado que restringe os grandes investimentos no setor de eletricidade brasileiro. A taxa de juros brasileira (Selic) tem estado extraordinariamente elevada desde 1996, dois anos após a implementação do Plano de Estabilização do Real. Além disso, mercados financeiros internos com prazos de um ano ou mais praticamente não existem no País. Os credores usualmente optam por não manter contratos de financiamento de longo prazo devido à dificuldade de projetar os níveis de preços futuros da eletricidade, com exceção do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo Almeida & Pinto Jr. (2005)24, a estrutura reguladora não foi suficientemente desenvolvida para permitir uma projeção dos níveis de preços futuros da eletricidade, gerando relutância das instituições financeiras em aumentar os prazos dos investimentos25. O alto nível de garantias exigido no Brasil para financiar novos projetos de geração de eletricidade aumenta o custo do projeto, impactando negativamente em sua viabilidade econômica e, consequentemente, constituindo-se em um entrave real para seu desenvolvimento. Essas restrições desanimam o investimento privado, fazendo com que os investidores escolham investimentos mais líquidos, como títulos públicos de curto prazo, deixando de investir em oportunidades de longo prazo que possam financiar projetos de infraestrutura. Repotenciação e Modernização de Hidroelétricas Para a identificação das usinas candidatas ao projeto, utilizou-se como base o estudo de Repotenciação e Modernização de Usinas Hidroelétricas (EPE, 2008). Neste estudo, foram avaliados os ganhos energéticos de um conjunto de 44 usinas hidrelétricas do Sistema Interligado Nacional (SIN) com potência superior a 30 MW e mais de 20 anos de operação. Avaliação Técnica O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas apresentadas na Tabela 0-10 e dos parâmetros apresentados na Tabela 0-11. Tabela 0-10 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da linha de base ELB *t CO₂e/ano+ = EGPJ [MWh/ano] x EFgrid,CM *tCO₂/MWh+ Redução de Emissão RE = ELB 23 OECD. Levantamentos Econômicos da OECD: Brasil. Organization for Economic Co-Operation and Development (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), Paris, França. 2001. 24 ALMEIDA, E.; PINTO JR., H.Q. Reform in Brazilian electricity industry: the sector for a new model, in Int. J. Global Energy Issues, vol 23, nos.213, pp 169-187. 2005. Available in: http://www.gee.ie.ufrj.br/publicacoes/ artigosgee/index.php 25 Diversos programas e iniciativas governamentais, como, por exemplo, o Proinfa, já foram lançados com o objetivo de organizar o mercado, assim como de incentivar investimentos no setor elétrico. No entanto, a falta de previsibilidade quanto a essas iniciativas e seus formatos acabou gerando uma instabilidade nos preços praticados pelo mercado. Com isso, tomar decisões de investimento no setor elétrico a longo prazo tornou-se um negócio de alto risco. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 36 Tabela 0-11 – Parâmetros Parâmetro Valor Unidade Fonte Tempo de operação Descrição 8760 h/ano Calculado EFgrid,OM Fator de Emissão da rede de margem de operação 0,25 tCO₂/MWh MCT EFgrid,BM Fator de Emissão da rede de margem de construção 0,08 tCO₂/MWh MCT EFgrid,CM Fator de Emissão da rede de margem combinada 0,16 tCO₂/MWh Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" Custo unitário para repotenciação de hidroelétricas 1400 R$/kW instalado Bermann et alii (WWF, 2004) Câmbio médio 2004 2,93 US$/R$ 1 Custo unitário para repotenciação de hidroelétricas 478 US$/kW instalado Calculado 1 FED. "Economic Research and Data". Disponível em www.federalreserve.gov/datadownload/Download.aspx?rel=H10&series=40a15acb120950674894978e4f74def9&filetype = spreadsheetml&label=include&layout=seriescolumn&lastObs=120. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial replicação desse projeto – Repotenciação e Modernização de Hidroelétricas – no Brasil, contemplando o número de projetos a serem implementados, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados na Tabela 0-12 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas as metodologias de MDL citadas para o esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-12 – Resultados do Projeto de Repotenciação e Modernização de Hidrelétricas Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Valor Unidade 16,2 tCO₂e/MW instalado/ano 389.912 tCO₂e/ano 3.899.124 tCO₂e 44* unidades 88.616 tCO₂e Contribuição à matriz energética 605 MW Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 39 Milhões US$ Custo do Investimento 11.506 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Barreiras Nos últimos anos, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) (2008)26, diversos agentes do setor elétrico brasileiro têm manifestado sua preocupação com os aspectos institucionais, legais e regulatórios, que muitas vezes podem ser tão ou mais importantes que os aspectos técnico-econômicos quando se trata de viabilizar os investimentos em obras de modernização/repotenciação de usinas hidrelétricas. De acordo com a EPE (2008), nesses casos, uma das questões que recorrentemente tem sido colocada como entrave institucional e legal relevante reside na inexistência, na atual legislação, de reconhecimento financeiro e comercial dos possíveis ganhos energéticos que podem ser obtidos com o aumento de potência efetiva, sem aumento de rendimento da usina. A crítica que se faz é que o modelo de comercialização em vigor contempla, no mercado regulado, apenas contratos de energia assegurada (isto é, Contratos de comercialização de energia no ambiente regulado (CCEAR)). Como uma repotenciação sem aumento de rendimento não altera o valor da energia assegurada da usina, não é possível negociar um eventual acréscimo da energia efetivamente gerada em certos períodos (energia secundária), mesmo tratando-se de uma usina despachada pelo Operador Nacional do Sistema (NOS). 26 EPE, 2008. Considerações Repotenciação e Modernização de Usinas Hidrelétricas. Nota Técnica DEN 03/08. Série Recursos Energéticos. Empresa de Pesquisa Energética, Rio de Janeiro, junho de 2008. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 37 No caso, a energia adicional produzida na usina fica a disposição do sistema, gratuitamente. Essa questão é claramente ilustrada pela Associação Brasileira das Grandes Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage), “para que as empresas efetivem modificações que levem a uma repotenciação é necessário estabelecer uma forma de compensação pelos investimentos realizados” [EPE (2008)]. Em síntese, não existe regulamentação específica capaz de reconhecer completamente os ganhos energéticos advindos das obras de repotenciação, de modo a ressarcir os agentes de geração. Mais ainda, hoje, o ganho de potência alcançado resulta em aumento dos encargos setoriais do agente, posto que esses incidem sobre a potência instalada da usina (EPE, 2008). Consequentemente, a repotenciação pode ser vista, muitas vezes, como penalização (em vez de incentivo) pelo empreendedor. Em certos casos, essa penalização chega a ser maior que o benefício advindo do reconhecimento do ganho de energia assegurada, inviabilizando financeiramente a repotenciação. Eólicas Para a identificação do potencial de oportunidades de redução de emissões através da instalação de usinas eólicas, utilizou-se como base a estimativa feita regionalmente no Atlas do Potencial Eólico Brasileiro (Cresesb), excluindo-se o potencial já aproveitado. Do potencial restante considerou-se que somente 40% seriam aproveitados devido à possíveis restrições ambientais na implantação de usinas. Pelo mesmo motivo explicitado no projeto de instalação de hidrelétricas, também foram incluídas as usinas eólicas outorgadas (Aneel/BIG) pela Aneel no potencial de oportunidades de redução de emissão. Disponível em www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/GeracaoTipoFase.asp?tipo=7&fase=1. Para estimar o número de usinas que poderão ser instaladas, aproveitando todo o potencial brasileiro, utilizou-se como premissa que cada usina terá 32 MW, que é a média da potência das usinas eólicas outorgadas. Avaliação Técnica O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas apresentadas na Tabela 0-13 e dos parâmetros apresentados na Tabela 0-14. Tabela 0-13 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da linha de base ELB *t CO₂e/ano+ = EGPJ [MWh/ano] x EFgrid,CM *tCO₂/MWh+ Redução de Emissão RE = ELB Tabela 0-14 – Parâmetros Valor Unidade Fonte EFgrid,OM Parâmetro Fator de Emissão da rede de margem de operação Descrição 0,25 tCO₂/MWh MCT EFgrid,BM Fator de Emissão da rede de margem de construção 0,08 tCO₂/MWh MCT EFgrid,CM Fator de Emissão da rede de margem combinada 0,16 tCO₂/MWh Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" 40% % Premissa ICF&Fides 2.321 US$/kW 1 Fração do potencial eólico que pode ser aproveitado para geração de eletricidade Custo unitário para investimento em usinas eólicas 1 Média dos PDD: Osório Wind Power Plant Project; Icaraí Wind Energy Project; e Livramento wind farm. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial replicação desse projeto – Eólicas – no Brasil, contemplando o possível número de projetos a serem implementados, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados na Tabela 0-15 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para o esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 38 Tabela 0-15 – Resultados do Projeto de Instalação de Usinas Eólicas Descrição Valor Unidade 310 tCO₂e/(MW x ano) Redução de Emissão anual 18.220.806 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 182.208.058 tCO₂e Número de projetos 1.839* unidades Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 99.107 tCO₂e Contribuição à matriz energética 58.747 MW 1.822 Milhões US$ Fator de redução de emissão anual Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$105) Custo do Investimento 136.328 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Barreiras As principais barreiras que limitam a penetração da energia eólica no País e que teriam que ser transpostas para o atendimento da meta proposta pelo PNE 2030, bem como de qualquer outro cenário ambicioso de baixo carbono, consistem no elevado investimento inicial e custos de geração, sobretudo, para aquisição dos equipamentos, bem como nas restrições regulatórias e de financiamento. A fronteira competitiva da produção de energia eólica como fonte primária de energia é colocada em risco, devido ao elevado custo da geração de energia em comparação com outras fontes convencionais de energia, mesmo em casos de condições hidrológicas críticas. O alto custo da geração de energia eólica deve-se à baixa economia de escala e ao uso de equipamentos importados (DE GOUVELLO, 201027). Outras barreiras incluem a dificuldade de acesso aos equipamentos devido às restrições regulatórias impostas pelo PROINFA. O índice de nacionalização de 70% inicialmente imposto pelo programa PROINFA tinha como objetivo criar um incentivo para o desenvolvimento da indústria nacional de equipamentos. Entretanto, para o segmento de geração de energia eólica essa medida gerou entraves à sua expansão, uma vez que o Brasil só possui três fabricantes de turbinas e componentes, sendo a maior parte da produção destinada à exportação. Além da disponibilidade limitada de fabricantes no mercado brasileiro, outro gargalo é a mão de obra especializada insipiente para a instalação e operação das usinas eólicas. Vale mencionar que a implementação de usinas eólicas também é dificultada pela ausência de fontes de financiamento a longo prazo, destacadas anteriormente para as usinas hidrelétricas. Por fim, a relativa baixa confiabilidade dos sistemas de energia eólica devido às condições meteorológicas ocasionais, bem como o custo de interconexão das novas usinas com a rede de transmissão, muitas vezes distante ou com restrições de capacidade também são apontados como barreira pelos desenvolvedores desses projeto no âmbito do MDL. Biomassa Renovável Há somente uma metodologia da CQNUMC de uso de biomassa para geração de eletricidade – a AM0042. Essa iniciativa de redução de emissão envolve a instalação de uma nova usina geradora de eletricidade conectada à rede elétrica e o desenvolvimento de uma plantação dedicada para produzir a biomassa que será queimada na usina. Segundo a AM0042, devem ser utilizadas terras degradadas (em que não haveria atividade agrícola ou florestal) para a plantação dedicada à geração de eletricidade. A fonte de emissão na linha de base é a geração de eletricidade pelo SIN. No projeto, haverá diversas fontes diferentes de emissão, dentre as quais se destacam o consumo de combustível fóssil para operação da planta e para as operações de agricultura, a combustão da biomassa, bem como a produção e aplicação de fertilizantes. 27 De Gouvello C., 2010. Estudo de Baixo Carbono para o Brasil. Relatório de Síntese Técnica – Energia. The World Bank Group. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 39 Biomassa Renovável O potencial desse projeto foi estimado a partir das áreas disponíveis para a plantação da biomassa que será utilizada como combustível nas termelétricas, ou seja, as áreas potencialmente degradadas. Considerou-se o cultivo de eucalipto nessas áreas devido à adaptação dessa espécie a diversas condições climáticas, sendo possível a extrapolação para todo o território nacional. De modo a diminuir o gap entre o potencial estimado e o real, excluíram-se as áreas degradadas concentradas no norte do País por ser um sistema parte isolado, isto é, sem acesso ao SIN. Isto porque esse fator pode ser um empecilho à exportação da eletricidade gerada e, consequentemente, à implementação do projeto. Das áreas restantes, considerou-se somente 10% como potenciais devido às dificuldades e incertezas quanto ao aproveitamento em função das distâncias territoriais. A Figura 0-2 contempla a área total inicialmente avaliada e complementa visualmente as premissas citadas acima. Figura 0-2 – Mapa Áreas Degradadas e SIN PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 40 Avaliação Técnica O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas apresentadas na Tabela 0-16 e dos parâmetros apresentados na Tabela 0-17. Tabela 0-16 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da linha de base ELB *t CO₂e/ano+ = EGPJ [MWh/ano] x EFgrid,CM *tCO₂/MWh+ Emissões de Projeto PEFC *tCO₂e/ano+ = BFPJ [tonelada/ano] x EFFC *tCO₂/tonelada+ PEBF *tCO₂e/ano+ = (BFPJ [tonelada/ano] x NCVeucalipto [GJ/tonelada] x EFCH₄,BF *kgCH₄/TJ+ x GWPCH₄ *tCO₂e/tCH₄+)/10^6 PEFPA *tCO₂e/ano+ = BFPJ [tonelada/ano] x EFFPA *tCO₂/tonelada+ Redução de Emissão RE = ELB – (PEFC + PEBF + PEFPA) Tabela 0-17 – Parâmetros Parâmetro Valor Unidade Fonte EFgrid,OM Fator de Emissão da rede de margem de operação 0,25 tCO₂/MWh MCT EFgrid,BM Fator de Emissão da rede de margem de construção 0,08 tCO₂/MWh MCT EFgrid,CM NCVeucalipto Descrição Fator de Emissão da rede de margem combinada 0,16 tCO₂/MWh Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" Fração das áreas degradadas que podem ser aproveitadas para geração de eletricidade 10% % Premissa Icf&Fides Volume de madeira anual 320 m³/há Premissa ICF&Fides Densidade do eucalipto 500 kg/m³ Premissa ICF&Fides Poder calorífico do eucalipto 15,6 GJ/tonelada Premissa ICF&Fides Eficiência da geração de eletricidade na planta de projeto a partir de biomassa 20% % Simplificação metodologia AM0085 Tempo de operação anual 7.884 horas/ano Premissa ICF&Fides EFFC Fator de emissão relativo ao combustível fóssil utilizado nas operações agrícolas + transporte biomassa + usina 0,011 tCO₂/tonelada de biomassa 1 EFCH₄,BF Fator de emissão de CH₄ para a combustão da biomassa 41,1 kg CH₄/TJ Default para madeira – metodologia AM0042 GWPCH₄ Potencial de aquecimento global do metano 21 tCO₂e/tCH₄ Fator de emissão relativo à produção e aplicação de fertilizantes 0,03 tCO₂/tonelada de biomassa 1 Investimento plantação dedicada 4.881 R$/há Premissa ICF&Fides Investimento plantação dedicada 2757 US$/há Premissa ICF&Fides Investimento nova UTE 1.782 US$/kW 1 1,77 R$/US$ Banco Central do Brasil. Taxa de câmbio – Segmento Livre (média para o ano de 2010 até 13 out 2010).** 30 MW Calculado de acordo com a frequência das potencias instaladas das usinas de biomassa outorgadas EFFPA Câmbio médio 2010 Potência de uma unidade geradora Investimento em conexão da usina ao SIN 294 US$/MWh Premissa ICF&Fides 1 Média dos PDDs: GEEA Biomass 5 MW Power Plant Project, referred to as the Project/UTE São Borja 12.3 MW Rice Husk Project/Electricity generation from renewable sources – Sykué I Thermoelectric Power Plant. **Disponível em www.bcb.gov.br/pec/Indeco/Port/indeco.asp? idioma=P. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 41 Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial replicação desse projeto – Biomassa Renovável – no Brasil, contemplando o possível número de projetos a serem implementados, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados na Tabela 0-18 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para o esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis Tabela 0-18 – Resultados do Projeto de Biomassa Renovável Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Valor Unidade 14,0 tCO₂e /ha/ano 144.505.918 tCO₂e/ano 1.445.059.181 tCO₂e 6.052 * unidades Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 238.763 tCO₂e/projeto Contribuição à matriz energética 181.568 MW Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 14.451 Milhões US$ Custo do Investimento 773.549 Milhões US$ Número de projetos *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Barreiras Há somente dois projetos de geração de energia elétrica com biomassa renovável por meio de plantação dedicada já desenvolvidos no Brasil. Dentre as barreiras, destacam-se: de investimento e técnica. Além das restrições de financiamento a longo prazo indicadas como entrave à atração de investimentos em projetos de geração eólica e hidrelétrica, outra importante barreira de investimento é o custo de interligação com os sistemas de transmissão de energia elétrica. É comum que as usinas sejam afastadas de centros urbanos, gerando uma necessidade de investimento em linhas de transmissão até que a energia possa ser incorporada ao sistema das companhias de distribuição de força. Adicionalmente, segundo De Gouvello (2010), a regulação do setor elétrico brasileiro imputa a responsabilidade de construção da rede de conexão com o sistema de transmissão e distribuição ao empreendedor da geração distribuída, que eleva os custos de investimentos nesse tipo de projeto e, podendo, inclusive, inviabilizá-lo. Deve ser ressaltado ainda que, em virtude da ausência de ampla experiência para projetos desse tipo no Brasil, como esses envolvem plantação dedicada, é preciso escolher as espécies mais adequadas para o processo, o que implica gastos adicionais com P&D. No que concerne às barreiras técnicas, considerando que não se trata de um segmento tradicional da indústria brasileira, a necessidade de mão de obra treinada para execução dessas novas atividades pode ser um gargalo para seu desenvolvimento – dificilmente a oferta de tal mão de obra é disponível próxima ao site. Outras barreiras são a falta de infraestrutura e a necessidade de aquisição de terras e seus lentos processos burocráticos de legalização. Resíduos de Biomassa Iniciativas de redução de emissão provenientes de utilização de resíduos de biomassa para geração de energia elétrica podem envolver a instalação de uma nova usina geradora ou a adição de capacidade, modernização ou substituição de uma usina já existente. As usinas geradoras podem ser elétricas, elétricas e térmicas, ou usinas de cogeração. As metodologias da CQNUMC aplicáveis para projetos desse tipo são a ACM0006, ACM0018, AM0085 e AMS-I.D. As principais emissões de linha de base são geradas pelo consumo de combustível fóssil na geração de energia. Para os projetos que envolvem a instalação de novas usinas ou adição de capacidade, as principais fontes de emissão são o consumo de combustível fóssil para operação da planta e para o transporte da biomassa. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 42 GERAÇÃO DE ELETRICIDADE EM ALEGRETE, RIO GRANDE DO SUL Um projeto de geração de eletricidade a partir de biomassa registrado no Brasil, em Alegrete, no Estado do Rio Grande do Sul, exemplifica a atratividade do desenvolvimento de projetos desse tipo. A atividade de projeto consiste na construção de uma usina termelétrica 100% a biomassa (casca de arroz) com capacidade máxima de geração de eletricidade de 5MW. O projeto substituirá o consumo de eletricidade da rede através da geração de energia renovável para consumo próprio e também para exportação do excedente à rede. Ao utilizar a biomassa como combustível, o projeto também evitará emissões de metano devido à decomposição de cascas de arroz não utilizadas. Maior detalhamento do projeto é demonstrado na Tabela 0-19. Tabela 0-19 – Geração de Eletricidade a partir da Biomassa Parâmetro Valor Unidade Capacidade Adicional 5 MW Custo do Investimento 8.909.000 US$ Quantidade de casca de arroz 67.320 Tonelada/ano Redução de Emissões Média 19.486 tCO₂ano Preço do carbono 18,00 US$/tCO₂ Receita dos créditos 350.748 US$/ano Receita total com os créditos (10 anos) 3.507.480 US$ TIR – Sem a receita dos CERs -1,98 % TIR – Com a receita dos CERs 1,42 % Fonte: GEEA Biomass 5 MW Power Plant Project. Disponível em http://cdm.unfccc.int/filestorage/PJ7NA28AYIVME8N361APU9NEWFVCHG/PDD_3.1?t=eHB8MTI5MTM4Mjc5NS41OQ==|hIbO994rywBTqZCli7km2N1Tmuc. Resíduos de Milho O potencial de geração de eletricidade por meio de UTEs alimentadas com resíduos de milho foi estimado a partir dos municípios produtores de milho. A geração de resíduos, de acordo com os dados do PNE 2030, é de 5 toneladas por tonelada de milho (em base seca). Porém, embora a quantidade de resíduos gerados seja considerável, atualmente, uma parte relativamente pequena seria aproveitável para energia devido à ausência de tecnologia adequada para coleta e transporte. Em função do expressivo volume, têm-se desenvolvido no exterior sistemas de colheita para a recuperação dos resíduos que podem ser adequados para a realidade brasileira. Portanto, considerou-se que atualmente não há nenhum aproveitamento energético dos resíduos de milho, estando totalmente disponíveis para a geração de eletricidade. Para estimar o potencial desse projeto, adotou-se como premissa que 20% dos resíduos serão mantidos no campo em função das dificuldades de colheita ou para a proteção do solo. Além disso, considerou-se que somente haveria projeto se o município produtor gerasse resíduos suficientes para a instalação de unidades geradoras de no mínimo 30 MW28. Dessa forma, limitou-se o número de municípios potenciais para a aplicação do projeto em questão. Vale destacar que não foi avaliada a viabilidade dos projetos ante a possível distância dos centros produtores de resíduos dentro dos municípios, muitas vezes extensos. Avaliação Técnica O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas expostas na Tabela 0-20 e dos parâmetros descritos na Tabela 0-21. Tabela 0-20 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da linha de base ELB *t CO₂e/ano+ = EGPJ [MWh/ano] x EFgrid,CM *tCO₂/MWh+ Emissões do Projeto EPJ *t CO₂e/ano+ =QPJ [tonelada/ano] x (CFAUX *tCO₂/tonelada+ + CFTRANSP/OPAGR *tCO₂/tonelada+) Redução de Emissão RE = ELB – EPJ 28 Maior frequência encontrada para a potência das usinas de biomassa outorgadas pela Aneel, desconsiderando-se as usinas com potência menor de 5 MW. Das 48 UTEs a biomassa, 12 concentram-se em 25-35 MW). LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 43 Tabela 0-21 – Parâmetros Valor Unidade Fonte EFgrid,OM Parâmetro Fator de Emissão da rede de margem de operação 0,25 tCO₂/MWh MCT EFgrid,BM Fator de Emissão da rede de margem de construção 0,08 tCO₂/MWh EFgrid,CM Descrição Fator de Emissão da rede de margem combinada 0,16 tCO₂/MWh MCT Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" Quantidade de resíduo de milho deixado no campo 20% % Poder calorífico da palha de arroz 17,7 GJ/tonelada Premissa ICF&Fides PNE 2030 Eficiência da geração de eletricidade na planta de projeto a partir de biomassa 20% % Simplificação metodologia AM0085 CFAUX Quantidade de combustível auxiliar 0,006 tCO₂/tonelada de biomassa 1 CFTRANSP/OPAGR Quantidade de combustível fóssil para operações agrícolas/transporte da biomassa 0,007 tCO₂/tonelada de biomassa 1 Período de safra 2.880 horas/ano Premissa ICF&Fides Custo unitário para investimento 1.782 US$/kW 1 1 Média dos PDDs: GEEA Biomass 5 MW Power Plant Project, referred to as the Project/UTE São Borja 12.3 MW Rice Husk Project. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação potencial replicação desse projeto – Resíduos de Milho – no Brasil, contemplando o número de possíveis municípios produtores identificados para a implementação desse tipo de projeto, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados na Tabela 0-17 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis Tabela 0-22 – Resultados do Projeto de Resíduos de Milho Descrição Valor Unidade 371,9 kgCO₂e /tonelada de milho produzido Redução de Emissão anual 15.865.355 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 158.653.554 tCO₂e 454* Municípios produtores Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 349.457 tCO₂e Contribuição à matriz energética 36.646 MW Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 1.587 Milhões US$ Custo do Investimento 65.295 Milhões US$ Fator de redução de emissão anual Número de projetos *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 44 Resíduos de Soja O potencial de geração de eletricidade através de UTEs com resíduos de soja foi estimado a partir dos municípios produtores de soja. De acordo com o PNE 2030, a geração de resíduos é de 3,6 toneladas por tonelada de soja (base seca). Apesar desse elevado potencial, assim como para os resíduos de milho, atualmente apenas uma parte muito pequena seria aproveitável para geração de energia devido à ausência de tecnologia adequada para a coleta e transporte. Porém, diferentemente do milho, a soja tende a apresentar maiores dificuldades para superar esses obstáculos devido aos efeitos no solo e alta impureza mineral nos resíduos, dependendo da tecnologia. Em função das barreiras citadas, considerou-se que atualmente não há aproveitamento energético dos resíduos de soja, estando totalmente disponíveis para a geração de eletricidade. Para efeito desse projeto, adotou-se uma perda de 20% dos resíduos deixados no campo, bem como a premissa de que somente haveria projeto se o município produtor gerasse resíduos suficientes para a instalação de unidades geradoras de no mínimo 30 MW29. Dessa forma, limitou-se o número de municípios potenciais para a aplicação do projeto em questão. Vale destacar que não se avaliou a viabilidade dos projetos frente à possível distância dos centros produtores de resíduos dentro dos municípios, muitas vezes extensos. Avaliação Técnica O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas expostas na Tabela 0-23 e dos parâmetros descritos na Tabela 0-24. Tabela 0-23 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da linha de base ELB *t CO₂e/ano+ = EGPJ [MWh/ano] x EFgrid,CM *tCO₂/MWh+ Emissões do Projeto EPJ *t CO₂e/ano+ =QPJ [tonelada/ano] x (CFAUX *tCO₂/tonelada+ + CFTRANSP/OPAGR *tCO₂/tonelada+) Redução de Emissão RE = ELB – EPJ Tabela 0-24 – Parâmetros Valor Unidade Fonte EFgrid,OM Parâmetro Fator de Emissão da rede de margem de operação 0,25 tCO₂/MWh MCT EFgrid,BM Fator de Emissão da rede de margem de construção 0,08 tCO₂/MWh EFgrid,CM Descrição Fator de Emissão da rede de margem combinada 0,16 tCO₂/MWh MCT Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" Quantidade de resíduo de soja deixado no campo 20% % Premissa ICF&Fides Poder calorífico dos resíduos de soja 14,6 GJ/tonelada PNE 2030 Eficiência da geração de eletricidade na planta de projeto a partir de biomassa 20% % CFAUX Quantidade de combustível auxiliar 0,006 tCO₂/tonelada de biomassa CFTRANSP/OPAGR Quantidade de combustível fóssil para operações agrícolas/transporte da biomassa 0,007 tCO₂/tonelada de biomassa 1 t Período de safra 2880 horas/ano Premissa ICF&Fides Custo unitário para investimento 1782 US$/kW 1 Simplificação metodologia AM0085 1 1 Média dos PDDs: GEEA Biomass 5 MW Power Plant Project, referred to as the Project/UTE São Borja 12.3 MW Rice Husk Project. 29 Maior frequência encontrada para a potência das usinas de biomassa outorgadas pela Aneel, desconsiderando-se as usinas com potência menor de 5 MW. Das 48 UTEs a biomassa, 12 concentram-se em 25-35 MW). LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 45 Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial replicação desse projeto – Resíduos de Soja – no Brasil, contemplando o número de possíveis municípios produtores identificados para a implementação desse tipo de projeto, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados na Tabela 0-25 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para o esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-25 – Resultados do Projeto de Resíduos de Soja Descrição Valor Unidade 239,7 kgCO₂e/tonelada de soja produzida Redução de Emissão anual 21.468.587 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 214.685.866 tCO₂e 409* Municípios produtores Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 524.904 tCO₂e/projeto Contribuição à matriz energética 50.525 MW 2.147 Milhões US$ 90.026 Milhões US$ Fator de redução de emissão anual Número de projetos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Palha de Arroz O potencial de geração de eletricidade através de UTEs alimentadas com palha de arroz foi estimado por meio dos municípios produtores de arroz. De acordo com o PNE 2030, a razão mássica entre a quantidade de palha gerada pela quantidade de arroz produzido é de 4,3 (base seca). Diferentemente do milho e soja, sabe-se que uma parcela da palha do arroz já é aproveitada, porém em pequena escala e em quantidades desconhecidas. Em função disso, considerou-se um aproveitamento menor da palha no projeto – 60% de toda a palha de arroz gerada. Adotou-se como premissa, com base nas usinas de resíduos de arroz outorgadas, que somente haveria projeto se o município produtor gerasse resíduos suficientes para instalação de unidades geradoras de no mínimo 15 MW. Dessa forma, restringiu-se o número de municípios potenciais para aplicação do projeto em questão. Vale destacar que não foi avaliada a viabilidade dos projetos relacionada à possível distância dos centros produtores de resíduos dentro dos municípios, muitas vezes extensos. Avaliação Técnica O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas expostas na Tabela 0-26 e dos parâmetros descritos na Tabela 0-27. Tabela 0-26 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da linha de base ELB *t CO₂e/ano+ = EGPJ [MWh/ano] x EFgrid,CM *tCO₂/MWh+ Emissões do Projeto EPJ *t CO₂e/ano+ =QPJ [tonelada/ano] x (CFAUX *tCO₂/tonelada+ + CFTRANSP/OPAGR *tCO₂/tonelada+) Redução de Emissão RE = ELB – EPJ PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 46 Tabela 0-27 – Parâmetros Valor Unidade Fonte EFgrid,OM Parâmetro Fator de Emissão da rede de margem de operação 0,25 tCO₂/MWh MCT EFgrid,BM Fator de Emissão da rede de margem de construção 0,08 tCO₂/MWh MCT EFgrid,CM Descrição Fator de Emissão da rede de margem combinada 0,16 tCO₂/MWh Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" Quantidade de palha não é aproveitada 40% % Premissa ICF&Fides 16 GJ/tonelada PNE 2030 Poder calorífico da palha de arroz Eficiência da geração de eletricidade na planta de projeto a partir de biomassa 20% % Simplificação metodologia AM0085 CFAUX Quantidade de combustível auxiliar 0,006 tCO₂/tonelada de biomassa 1 CFTRANSP/OPAGR Quantidade de combustível fóssil para operações agrícolas /transporte da biomassa 0,007 tCO₂/tonelada de biomassa 1 Tempo de operação anual 6.619 horas/ano 1 Custo unitário para investimento 1.782 US$/kW 1 1 Média dos PDDs: URBANO Sinop Biomass Electricity Generation project/JOSAPAR Pelotas Biomass Electricity Generation Project/CAAL Biomass Electricity Generation Project/GEEA Biomass 5 MW Power Plant Project, referred to as the Project/UTE São Borja 12.3 MW Rice Husk Project/Santalucia biomass co-generation Project. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial replicação desse projeto – Resíduos de Palha de Arroz – no Brasil, contemplando o número de possíveis municípios produtores identificados para a implementação desse tipo de projeto, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados na Tabela 0-28 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis Tabela 0-28 – Resultados do Projeto de Palha de Arroz Descrição Valor Unidade 193,4 kgCO₂e/tonelada de arroz produzido Redução de Emissão anual 2.229.696 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 22.296.963 tCO₂e 50* Municípios produtores 445.939 tCO₂e Fator de redução de emissão anual Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Contribuição à matriz energética Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$5) Custo do Investimento 2.262 MW 223 Milhões US$ 4.030 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Geração com Palha de Cana-de-Açúcar O potencial de geração de eletricidade através de UTEs com palha de cana foi estimado a partir das unidades de processamento de cana da região centro-sul, que constituem juntos quase totalidade do processamento de cana nacional. De acordo com o PNE 2030, a razão mássica entre a quantidade de palha gerada pela quantidade de cana produzida é de 0,14 (base seca). Atualmente, somente 50% da palha da cana-de-açúcar podem ser aproveitadas para a geração de eletricidade. Isso ocorre devido à prática da queima da palha de cana na pré-colheita. Entretanto, a legislação ambiental e a melhoria da colheita mecânica têm reduzido progressivamente essa prática, principalmente nos estados do centro-sul, que são os maiores produtores de cana-de-açúcar. A Lei 11.241/2002 determina que a queima da cana no Estado de São Paulo seja eliminada até 2021 para as áreas mecanizáveis (com inclinação menor que 12%), e suspensa totalmente até 2031. Recentemente, outros estados do centro-sul também têm adotado a legislação de controle e eliminação da queima da canade-açúcar. Apesar do prazo para a eliminação total da queima em 2031, considerou-se neste estudo que toda a palha gerada atualmente pode ser utilizada para a geração de eletricidade, se antecipada a substituição da colheita manual pela mecânica. Essa antecipação, no entanto, exige um custo de investimento não estimado pelo projeto, mas pode ser parcialmente ou totalmente compensado pela potencial receita de carbono. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 47 De acordo com estudos feitos pelo PNE, usualmente uma parcela da palha da cana permanece no campo após a colheita visando, sobretudo, à proteção do solo. Em função disso, considerou-se um aproveitamento de 60% da palha da cana, excluindo somente a parcela deixada no campo. Avaliação Técnica O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas expostas na Tabela 0-29 e dos parâmetros descritos na Tabela 0-30. Tabela 0-29 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da linha de base ELB *t CO₂e/ano+ = EGPJ [MWh/ano] x EFgrid,CM *tCO₂/MWh+ Emissões do Projeto EPJ *t CO₂e/ano+ =QPJ [tonelada/ano] x (CFAUX *tCO₂/tonelada+ + CFTRANSP/OPAGR *tCO₂/tonelada+) Redução de Emissão RE = ELB – EPJ Tabela 0-30 – Parâmetros Valor Unidade Fonte EFgrid,OM Parâmetro Fator de Emissão da rede de margem de operação 0,25 tCO₂/MWh MCT EFgrid,BM Fator de Emissão da rede de margem de construção 0,08 tCO₂/MWh MCT 0,16 tCO₂/MWh Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" 16 GJ/tonelada PNE 2030 Eficiência da geração de eletricidade na planta de projeto a partir de biomassa 20% % Simplificação metodologia AM0085 CFAUX Quantidade de combustível auxiliar 0,006 tCO₂/tonelada de biomassa 1 CFTRANSP/OPAGR Quantidade de combustível fóssil para operações agrícolas/transporte da biomassa 0,005 tCO₂/tonelada de biomassa 1 Tempo de operação anual (em função da safra de cana-de-açúcar) 4033 2 EFgrid,CM Descrição Fator de Emissão da rede de margem combinada Poder calorífico da palha e ponta de cana horas/ano Custo unitário para investimento 1782 US$/kW 1 1. Média dos PDDs: UTE São Borja 12.3 MW Rice Husk Project/Electricity generation from renewable sources – Sykué I Thermoelectric Power Plant/GEEA Biomass 5 MW Power Plant Project, referred to as the Project. 2. Média dos PDDs: Guaíra bagasse cogeneration efficiency project/CEVASA distillery biomass power generation project/Noroeste Paulista biomass residue cogeneration project/Lagoa da Prata cogeneration project/Santo Inácio biomass residue cogeneration Project. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial replicação desse projeto – Resíduos de Palha de Cana – no Brasil, contemplando o número de possíveis municípios produtores identificados para a implementação desse tipo de projeto, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados na Tabela 0-31 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-31 – Resultados do Projeto de Geração com Resíduos de Palha de Cana-de-açúcar Descrição Fator de redução de emissão anual Fator de redução de emissão anual Valor Unidade 11,3 kgCO₂e/tonelada de cana produzida 609 tCO₂e/(MW x ano) Redução de Emissão anual 4.863.531 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 48.635.306 tCO₂e 279* unidades 174.320 tCO₂e/projeto Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Contribuição à matriz energética Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 7.981 MW 486 Milhões US$ Custo do Investimento 14.221 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 48 Barreiras Projetos desse tipo utilizam resíduos de madeira e da agricultura para a geração de eletricidade. Esse tipo de geração é raro no Brasil, portanto, há poucas atividades realizadas em escala comercial. Consequentemente, há barreiras tecnológicas para a construção de usinas termoelétricas (UTEs) a resíduos de biomassa. Assim como para as outras iniciativas de geração de eletricidade, as altas taxas de juros e o retorno do investimento a longo prazo também consistem em entraves ao desenvolvimento desses projetos. No entanto, iniciativas de energia renovável como essa enfrentam barreiras ainda maiores associadas aos riscos de se adotar tecnologias desconhecidas – isto é, é mais fácil conseguir empréstimo para uma termelétrica tradicional do que uma que usa biomassa. Por fim, deve ser ressaltado que não há incentivos para usinas independentes de geração de energia elétrica através de biomassa. Cogeração com Bagaço de Cana Na indústria sucroalcooleira brasileira, as necessidades energéticas são atendidas quase integralmente pela biomassa residual do processamento de cana-de-açúcar. Porém, o processo de geração de energia muitas vezes é ineficiente, pois a capacidade energética é muito superior às necessidades do processo produtivo. Pode-se afirmar que todas as unidades de processamento de cana geram eletricidade com bagaço e existe potencial para exportação da eletricidade excedente ao SIN através do aumento da eficiência de geração. O potencial de cogeração com bagaço de cana foi estimado a partir das unidades de processamento de cana da região centro-sul, que juntas constituem quase totalidade do processamento de cana nacional. A partir do conhecimento dos principais produtores, estimou-se uma eficiência de geração de eletricidade atual e uma meta a ser alcançada com base nos projetos de MDL já desenvolvidos no Brasil até o momento. Avaliação Técnica O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas expostas na Tabela 0-32 e dos parâmetros descritos na Tabela 0-33. Tabela 0-32 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da linha de base ELB *t CO₂e/ano+ = EGPJ [MWh/ano] x EFgrid,CM *tCO₂/MWh+ Redução de Emissão RE = ELB Tabela 0-33 – Parâmetros Parâmetro Valor Unidade Fonte EFgrid,OM Fator de Emissão da rede de margem de operação 0,25 tCO₂/MWh MCT EFgrid,BM Fator de Emissão da rede de margem de construção 0,08 tCO₂/MWh MCT EFgrid,CM Descrição Fator de Emissão da rede de margem combinada 0,16 tCO₂/MWh Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" Eficiência média atual de geração de eletricidade 35 kWh/tonelada de cana 1 Eficiência média que pode ser alcançada 94 kWh/tonelada de cana 1 4.033 horas/ano 1 1.007.693 US$/MW 1 Tempo de operação anual Custo unitário para investimento 1 Média dos PDDs: Guaíra bagasse cogeneration efficiency project/CEVASA distillery biomass power generation project/Noroeste Paulista biomass residue cogeneration project/Lagoa da Prata cogeneration project/Santo Inácio biomass residue cogeneration project. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial replicação desse projeto – Cogeração com Bagaço de Cana – no Brasil, contemplando o número de possíveis sites identificados para a implementação desse tipo de projeto, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 49 Os resultados apresentados na Tabela 0-34 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-34 – Resultados do Projeto de Cogeração com Bagaço de Cana-de-açúcar Descrição Valor Unidade 9,72 kgCO₂e/tonelada de cana produzida Redução de Emissão anual 4.190.931 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 41.909.309 tCO₂e 279* unidades 150.213 tCO₂e/projeto Fator de redução de emissão anual Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Contribuição à matriz energética Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento 6.357 MW 419 Milhões US$ 6.406 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha foi entregue será divulgada como um anexo do presente estudo. Cogeração com Licor Negro Da mesma forma que para a cogeração com bagaço de cana, considerou-se como premissa que todas as unidades produtoras de celulose geram eletricidade em função do seu processo produtivo. O licor negro, produzido durante o tratamento térmico da celulose, é aproveitado posteriormente no processo, gerando eletricidade. Da mesma maneira que nas indústrias sucroalcooleiras, essa eletricidade tem como objetivo suprir as necessidades do processo produtivo e muitas vezes é gerada de forma ineficiente. O potencial de cogeração com licor negro foi estimado com base nas unidades de produção de celulose existentes, estimando-se uma eficiência de geração de eletricidade atual e uma meta a ser alcançada com base em especialistas do setor. Avaliação Técnica O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas expostas na Tabela 0-35 e dos parâmetros descritos na Tabela 0-36. Tabela 0-35 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da linha de base ELB *t CO₂e/ano+ = EGPJ [MWh/ano] x EFgrid,CM *tCO₂/MWh+ Redução de Emissão RE = ELB Tabela 0-36 – Parâmetros Parâmetro Descrição EFgrid,OM Fator de Emissão da rede de margem de operação Fator de Emissão da rede de margem de EFgrid,BM construção EFgrid,CM Valor 0,2 Unidade tCO₂/MWh Fonte MCT 0,1 tCO₂/MWh MCT Fator de Emissão da rede de margem combinada 0,2 Fator licor negro/pasta de celulose Eficiência média atual de geração de eletricidade Eficiência média que pode ser alcançada Tempo de operação anual 1,5 425,8 487,8 6538 Custo unitário para investimento 1575,5 Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o tCO₂/MWh fator de emissão para um sistema elétrico" Ton de licor negro/ton de pasta de celulose Premissa ICF&Fides kWh/tonelada de licor negro Premissa ICF&Fides kWh/tonelada de licor negro Premissa ICF&Fides horas/ano Premissa ICF&Fides PDDs: Biomass based Cogeneration Power Project in Uttar US$/kW Pradesh e Hunan Juntai Biomass Power Plant Project PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 50 Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial replicação desse projeto – Cogeração com Licor Negro – no Brasil, contemplando o número de possíveis sites identificados para a implementação desse tipo de projeto, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados na Tabela 0-37 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para o esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis Tabela 0-37 – Resultados do Projeto de Cogeração com Licor Negro Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Contribuição à matriz energética Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Valor Unidade 15,0 kgCO₂e/tonelada de cana produzida 190.526 tCO₂e/ano 1.905.262 tCO₂e 35* unidades 54.436 tCO₂e/projeto 178 MW 19 Milhões US$ Custo do Investimento 281 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Barreiras Pode-se considerar que não h barreiras tecnológicas à implementação de unidades de cogeração de eletricidade com resíduos de biomassa, j que tecnologias eficientes são comercialmente disponíveis no País. No entanto, as usinas operam com baixa eficiência e não são competitivas quando comparadas com outras opções de geração de energia. Dentre os entraves à instalação de unidades de cogeração com resíduos de biomassa, destacam-se as barreiras técnicas, de investimento e de prática comum. Em relação às barreiras técnicas, a capacidade das linhas de transmissão pode ser insuficiente para atender a oferta de geração de eletricidade excedente em algumas regiões do país. No que tange às barreiras de investimento, assim como para a geração de energia hidrelétrica, eólica e com biomassa renovável, as restrições de financiamento a longo prazo também dificultam o desenvolvimento de projetos de cogeração com resíduos de biomassa. Adicionalmente, há um custo adicional de interligação do produtor de eletricidade com os sistemas de transmissão de energia elétrica que pode inviabilizar o projeto. No que concerne especificamente ao setor sucroalcooleiro, no Brasil, praticamente todas as usinas/destilarias realizam cogeração a partir do bagaço de cana-de-aç car em suas instalações durante o período da safra, sendo autossuficientes em suas demandas térmica e eletromec nica. Usualmente, a eletricidade produzida atende completamente à demanda interna. Quando h produção de excedentes, a eletricidade pode ser exportada para o Sistema Interligado Nacional (SIN). No setor de papel e celulose, o cenário é semelhante. Contudo, apesar da autossufici ncia em energia elétrica, a geração de excedentes nesses setores é ainda limitada. Além das barreiras mencionadas acima, quando se trata de usinas de açúcar e álcool ou fábricas de celulose, não há um forte incentivo para investimento em centrais próprias de geração de eletricidade destinada ao SIN. Isso ocorre devido à percepção do alto risco associado e que o mesmo montante investido no negócio tradicional (produção de etanol/açúcar e celulose) terá remuneração mais segura e mais significativa. Portanto, a tendência é que as empresas invistam em sua atividade principal, ao invés de investir em geração de eletricidade para a rede. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 51 Ainda se tratando da barreira de prática comum, apesar de historicamente os setores sucroalcooleiro e de celulose terem apresentado elevadas taxas de crescimento, há uma barreira cultural para implantação desses tipos de projeto que representa um obstáculo considerável: a geração de eletricidade para venda à rede e a negociação de eletricidade no mercado de energia são relativamente novos nesses setores. sso pode ser ilustrado pela atual forma de comercialização de energia elétrica (isto é, leilões) que impõe dificuldades adicionais, na medida em que h desconhecimento sobre o setor elétrico e com a sistem tica dos leilões. Substituição de Combustível As metodologias ACM0011, AM0007 e AMS-III.AH. são aplicáveis para reduções de emissões provenientes de diferentes projetos de troca de combustível. A ACM0011 envolve a troca de combustível em usina geradora de energia elétrica a base de carvão ou de combustíveis derivados de petróleo para gás natural. Já a AM0007 abrange a substituição do combustível utilizado em plantas de cogeração de biomassa na entressafra. Essa última metodologia não foi utilizada nesta análise em função do desconhecimento da prática usual para a geração de eletricidade em UTEs de biomassa na entressafra. A metodologia de pequena escala, AMS-III.AH., se aplica a qualquer projeto de modernização ou troca de combustíveis intensivos em carbono para combustíveis menos intensivos em carbono e/ou renováveis. A redução de emissão, para qualquer metodologia empregada, se dá em função da maior emissão de gases de efeito estufa do combustível utilizado na linha de base, quando comparada às emissões com a utilização desses combustíveis menos carbonointensivos e renováveis. Troca de Combustível em Termelétricas Para avaliação do potencial de substituição de combustível em UTEs, considerou-se a troca de combustível para gás natural em todas as usinas a óleo combustível e diesel em construção e outorgadas pela Aneel. O potencial de substituição de combustível em UTEs não abrange todas as usinas em operação, visto que nem todas as usinas em operação são aptas a substituir o combustível sem que haja um esforço técnico e econômico que inviabilize o projeto. Com base nesse pressuposto, estimou-se a troca de combustível em todas as usinas a óleo diesel em operação devido à tecnologia comumente empregada. Dentre as UTEs avaliadas, foram desconsideradas as localizadas nos Estados em que não há gasodutos para distribuição de gás natural. São eles: AC, RO, RR, PA, AP, MA, PI, TO, GO. Não foi estimado o ganho de eficiência em função da troca de combustível, permanecendo fixa em 35% para todas as usinas, independente do tipo de combustível. Para o fator de capacidade, utilizaram-se diferentes fatores dependendo do destino dado à eletricidade gerada nas UTEs. Para as usinas de registro, estimou-se um fator de 10% considerando que essas usinas operam normalmente somente em que da de energia elétrica e em horários de pico. Já para as usinas de serviço público a diesel, o fator de capacidade foi de 1% devido ao despacho do sistema que prioriza a operação das fontes renováveis. As demais usinas foram mantidas com um fator de 90%. Avaliação Técnica O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas expostas na Tabela 0-38 e dos parâmetros descritos na Tabela 0-39. Tabela 0-38 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da linha de base ELB *t CO₂e/ano+ = EGLB [MWh/ano] x 3,6/η x EF *kgCO₂e/GJ+/1000 Emissões de Projeto EPJ *t CO₂e/ano+ = EGLB [MWh/ano] x 3,6/η x EFGN *kgCO₂e/GJ+/1000 Redução de Emissão RE = ELB – EPJ PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 52 Tabela 0-39 – Parâmetros Parâmetro Valor Unidade Fonte EFgrid,OM Fator de Emissão da rede de margem de operação 0,25 tCO₂/MWh MCT EFgrid,BM Fator de Emissão da rede de margem de construção 0,08 tCO₂/MWh EFgrid,CM Descrição Fator de Emissão da rede de margem combinada 0,16 Eficiência média de geração de eletricidade das UTEs 35% % Premissa Icf&Fides EFOC Fator de emissão óleo combustível 77,6 kgCO₂e/GJ IPCC 2006 EFOD Fator de emissão óleo diesel 74,3 kgCO₂e/GJ IPCC 2006 EFGN Fator de emissão gás natural 56,2 kgCO₂e/GJ IPCC 2006 Tempo de operação anual 8.760 horas/ano Quantidade de diesel no B5 95% % Fator de Capacidade – Usinas SP a óleo diesel 1% % PDE 2019 Fator de Capacidade – Usinas PIE/APE 90% % Premissa ICF&Fides η tCO₂/MWh MCT Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" Fator de Capacidade – Usinas REG 10% % Premissa ICF&Fides Custo unitário para investimento 25.517 US$/MW 1 1 Média dos PDDs: Fuel Switching Project of the Aqaba Thermal Power Station (ATPS)/LKPPL Fuel switch project for generation of cleaner power Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial replicação desse projeto – Troca de Combustível em Termelétricas – no Brasil, contemplando o número de possíveis sites identificados para a implementação desse tipo de projeto, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Vale ressaltar que algumas usinas contempladas no projeto, as usinas autoprodutoras de energia, estão contempladas também no projeto de Conexão de Sistemas Isolados, logo, deve-se excluí-las de um dos projetos para obter o número real de oportunidades de redução de emissões. Os resultados apresentados na Tabela 0-40 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-40 – Resultados do Projeto de Troca de Combustível em UTEs Descrição Valor Unidade 1.541 tCO₂e/MW instalado/ano Redução de Emissão anual 11.038.279 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 110.382.794 tCO₂e 343* unidades 321.816 tCO₂e/projeto Fator de redução de emissão anual Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Contribuição à matriz energética Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento 0 MW 1.104 Milhões US$ 183 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Barreiras Apesar de haver alguns projetos de troca de combustível (de carvão ou derivado de petróleo para gás natural) já desenvolvidos no mundo, principalmente, na Ásia, ainda não foram desenvolvidos projetos desse tipo no Brasil. Nesse sentido, pode-se afirmar que há barreira de prática comum, associada às incertezas provenientes do pioneirismo, bem como a falta de informação sobre as condições nacionais para desenvolvimento desses projetos. Os projetos desenvolvidos na Ásia levantaram como principal barreira os investimentos necessários para a implementação do novo processo que usaria outro combustível, somada à instabilidade no preço do combustível (fator esse que não é tão representativo no Brasil). LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 53 No Brasil, a principal barreira de investimento para esse tipo de projeto consiste nos custos tecnológicos e de integração com o sistema nacional de dutos de gás natural. Adicionalmente, há uma barreira técnica relacionada à garantia de suprimento do gás natural, já que parte da demanda desse combustível é atendida por países sulamericanos politicamente instáveis, sobretudo, a Bolívia. Adicionalmente, há limitações tecnológicas nas próprias UTEs, já que em função da tecnologia empregada nem todas as usinas são tecnicamente viáveis à troca de combustível. Eficiência Energética Como o sistema brasileiro é predominantemente hidrelétrico, foram excluídas as metodologias ACM0013, AM0029, AM0048, AM0084, AM0087, AMS-II.K. e NM0336, que consideram a instalação de novas usinas de combustível fóssil. Independentemente da eficiência das UTEs a combustível fóssil, não haverá redução de emissões quando comparado à energia fornecida na linha de base pelas usinas geradoras do SIN. As demais metodologias – ACM0012, AM0052, AM0061, AM0062, AM0074, AMS-II.B., AMS-III.AC., NM0292 e NM0241 – foram desconsideradas devido à falta de banco de dados disponível para a análise, pouca aplicação e/ou reduzidos recursos para contemplar todas as oportunidades existentes. Dessa forma, as medidas de eficiência energética consideradas na geração de eletricidade foram baseadas na metodologia ACM0007 – adição de ciclo às usinas de ciclo aberto. O pressuposto central para a redução de emissão da medida de eficiência energética é uma maior geração de energia, que na linha de base seria fornecida pelo SIN ou gerada por uma usina geradora de eletricidade a base de combustível fóssil. Logo, a redução de emissões ocorre, principalmente, em função do menor consumo desse combustível, seja das usinas geradoras conectadas ao SIN ou fontes geradoras cativas. Adição de Segundo Ciclo a UTEs de Ciclo Simples Esse projeto aplica-se a UTEs que geram energia por meio de um ciclo simples consumindo gás natural e consiste na geração adicional de energia por meio da implementação de um sistema de recuperação de calor e geração de vapor que será enviado a uma turbina a vapor. A adição de ciclo às usinas controladas pelo governo (por exemplo, Furnas) as tornaria menos flexíveis operacionalmente para atender as inúmeras partidas e paradas rápidas características do sistema hidrotérmico brasileiro. Logo, essas foram excluídas do conjunto de UTEs potenciais de aplicação do projeto por conservadorismo, não as desclassificando tecnicamente para tal. As usinas de registro também foram desprezadas da estimativa uma vez que essas funcionam, na maioria das vezes, como back-up em caso de queda de energia ou em picos de consumo (como em hospitais, por exemplo), sendo dificilmente candidatas a esse tipo de projeto. Avaliação Técnica O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas expostas na Tabela 0-41 e dos parâmetros descritos na Tabela 0-42. Tabela 0-41 – Cálculo de Redução de Emissões Redução de Emissão RE *t CO₂e/ano+ = (EGPJ [MWh/ano] – EGLB [MWh/ano]) x EFgrid,CM *tCO₂/MWh+ PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 54 Tabela 0-42 – Parâmetros Parâmetro Valor Unidade Tempo de operação Descrição 8760 h/ano EFgrid,OM Fator de Emissão da rede de margem de operação 0,25 tCO₂/MWh EFgrid,BM Fator de Emissão da rede de margem de construção 0,08 tCO₂/MWh MCT EFgrid,CM Fator de Emissão da rede de margem combinada 0,16 tCO₂/MWh Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" Fator de Disponibilidade 90% % Tolmasquim, M.T. (coord.) (2005). Geração de Energia Elétrica no Brasil. 0,041575 GJ/m³ BEN 2009 38,7% % PNE 2030 Eficiência média das usinas de ciclo combinado 50% % PNE 2030 Custo unitário médio para adição do segundo ciclo 87,6 US$/kW adicional PDD: Termonorte CCGT Project Poder calorífico do gás natural Eficiência média das usinas de ciclo aberto Fonte MCT Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial replicação desse projeto – Adição de Ciclo à Usinas de Ciclo Aberto – no Brasil, contemplando o número de possíveis usinas identificadas para a implementação desse tipo de projeto, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Vale ressaltar que algumas usinas contempladas no projeto, as usinas autoprodutoras de energia, estão contempladas também no projeto de Conexão de Sistemas Isolados, logo, deve-se excluí-las de um dos projetos para obter o número real de oportunidades de redução de emissões. Os resultados apresentados na Tabela 0-43 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para o esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis Tabela 0-43 – Resultados do Projeto de Adição de Ciclo a Usinas de Ciclo Aberto Descrição Valor Unidade Fator de redução de emissão anual 376,3 tCO₂e/ano/MW instalado Redução de Emissão anual 1.579.455 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 15.794.546 tCO₂e Número de projetos 18 unidades Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 877.475 tCO₂e/projeto Contribuição à matriz energética 1.226 MW Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 158 Milhões US$ Custo do Investimento 107,4 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Barreiras Atualmente, há somente um projeto de adição de segundo ciclo a plantas de ciclo aberto de turbinas a gás desenvolvido no Brasil. Dentre as barreiras identificadas, destacam-se as tecnológicas, de prática comum e de investimento. No que concerne às barreiras tecnológicas, a implementação e operação & manutenção desse processo requer mão de obra especializada, que provavelmente não é disponível no site, bem como não é abundante no País, demandando investimentos em treinamento e/ou contratação de pessoal especializado. No que concerne à barreira de investimento, esse tipo de planta não é atrativo financeiramente, principalmente, em pequena escala, por demandar elevado custo de capital – isto é, altos investimentos tecnológicos não justificam a adoção desse tipo de projeto em pequena escala. Finalmente, o consumo de água aumenta significativamente com essa mudança, o que acarreta num novo custo que tende a aumentar gradativamente nos próximos anos, devido à escassez de água. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 55 Iniciativas de Redução de Emissão de GEE no Elo 2 A Tabela 0-44 apresenta o número de projetos de redução de emissão de GEEs propostos no MDL que se enquadram no elo 2 e se encontram nas seguintes etapas do processo no Brasil: validação, já validados e registrados. Também são apresentados: o potencial total e médio de redução de emissão gerada por esses projetos, bem como o número de projetos propostos no resto do mundo (que se encontram nas etapas de validação, já validados e registrados). Tabela 0-44 – Projetos de Redução de Emissão no Elo 2 – Setor de Eletricidade Elo 2 – Transmissão/Distribuição de Eletricidade Iniciativas de Redução de Emissão – Projetos de MDL Eficiência Energética SF6 Metodologia s de Linha de Base Número de Projetos em validação Número de Projetos validados Número de Projetos registrados Número de Projetos rejeitados AMS-II.A - - - - AM0035 1 - - - AM0079 - - - - - - 1 - Conexão do Sistema Isolado ao Sistema AM0045 Interligado * Excluem-se os Projetos Rejeitados. Projetos de MDL no resto do Mundo Projetos de MDL no Brasil Total de Projetos desenvolvidos * Potencial total de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)* Potencial médio de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)* Número total de Projetos desenvolvidos* - - - 4 1 8 - 3 - - - 1 1 68 68 - Como pode ser verificado na Tabela 0-44, no Brasil ainda não foram desenvolvidos projetos de MDL de eficiência energética na transmissão e distribuição de eletricidade. No resto do mundo, há somente quatro projetos propostos até o momento. Para as medidas de redução das fugas do gás isolante de equipamentos elétricos, existe apenas um projeto proposto no Brasil, que se encontra na etapa de validação pela EOD e cujo potencial de redução de emissão é de 8 ktCO₂e/ano. No resto do mundo, mais quatro projetos já foram propostos no âmbito do MDL. Nas iniciativas de mitigação de emissões de GEEs devido à conexão de sistemas isolados ao SIN, observamse dois projetos de MDL já propostos no Brasil (um já registrado e o outro em validação pela EOD). Com base nesses dois projetos, o potencial médio de redução de emissão é de 34 ktCO₂e/ano. Nenhum projeto dessa natureza foi proposto no âmbito do MDL no resto do mundo. Projetos de Redução de Emissões de GEEs Relacionados à Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica No elo de transmissão e distribuição, foram avaliadas 6 metodologias, das quais 4 foram incluídas no estudo do potencial de redução de emissão de GEEs no País, agrupadas em 3 tipos de projetos concernentes à eficiência energética, redução de vazamentos de gás SF6 e conexão se sistemas isolados. Eficiência Energética Projetos de redução de emissão na transmissão e distribuição de eletricidade através de medidas de eficiência energética incluem a instalação, adição de capacidade, modernização ou substituição de sistemas de transmissão e distribuição (por exemplo, transformadores de alta eficiência). As metodologias que se aplicam para determinação das reduções de emissões provenientes desse tipo de iniciativa são a AM0067, AMS-II.A. e NM0334. Para fins desse projeto, considerou-se somente a eficiência energética na distribuição de eletricidade, em que h a maior perda em função das menores tensões e perdas comerciais (os chamados “gatos”). Portanto, foi excluída a nova metodologia, NM0334, que é aplicada somente a eficiência energética nas redes de transmissão. A redução de emissões é resultante principalmente da eletricidade gerada que deixa de ser perdida na distribuição da rede elétrica. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 56 Eficiência Energética na Distribuição de Eletricidade As redes de distribuição representam o mecanismo pelo qual a energia elétrica atinge seus consumidores finais, que incluem unidades residenciais e comerciais desde sua respectiva central de transmissão. Nesse contexto, a adoção de medidas que visam a obter maior eficiência energética nas redes resultam na minimização de perdas energéticas durante sua distribuição. Como exemplo de medidas de eficiência energética na distribuição de eletricidade podem-se citar a correção de vazamentos de linha ou a retificação do traçado das linhas de distribuição. As perdas elétricas nas redes de distribuição brasileiras foram estimadas por meio da participação energética de cada concessionária, atribuindo para essas um coeficiente de perda característico de cada região do Brasil. Como resultado da adoção de medidas de eficiência energética nas redes de distribuição, determinou-se como meta de alcance para cada concessionária o fator de redução equivalente à região de menor perda, que consiste na Região Sul, com 11,8% de perda energética. Perdas do SIN incluem as perdas da transmissão. Porém, como as perdas na transmissão são menores, utilizou-se de forma conservadora as perdas do SIN para a estimativa na ausência de informações mais específicas para distribuição. Avaliação Técnica O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas expostas na Tabela 0-45 e dos parâmetros descritos na Tabela 0-46. Tabela 0-45 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da linha de base ELB *t CO₂e/ano+ = EGLB [MWh/ano] x EFgrid,CM *tCO₂/MWh+ Emissões do Projeto EPJ *t CO₂e/ano+ = EGPJ [MWh/ano] x EFgrid,CM *tCO₂/MWh+ Redução de Emissão RE = ELB – EPJ Tabela 0-46 – Parâmetros Valor Unidade Fonte EFgrid,OM Parâmetro Fator de Emissão da rede de margem de operação Descrição 0,25 tCO₂/MWh MCT EFgrid,BM Fator de Emissão da rede de margem de construção 0,08 tCO₂/MWh MCT EFgrid,CM Fator de Emissão da rede de margem combinada de operação e construção 0,16 tCO₂/MWh Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" Fator de perda mínima (Igual ao sistema de menor perda elétrica – Sul) 11,8% % Premissa ICF&Fides Tempo de operação anual 7884 horas/ano Premissa ICF&Fides Fator de perda para a região Sudeste/Centro – Oeste 16,1% % PDE 2019 Fator de perda para a região Sul 11,8% % PDE 2019 Fator de perda para a região Nordeste 18,3% % PDE 2019 Fator de perda para a região Norte 16,7% % PDE 2019 Investimento unitário 870,51 US$/MWh conservado Calculado a partir do PDD (ID: CDM6233) Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial replicação desse projeto – Eficiência Energética na Distribuição de Eletricidade – no Brasil, contemplando o número de concessionárias identificadas para a implementação desse tipo de projeto, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados na Tabela 0-47 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 57 Tabela 0-47 – Resultados do Projeto de Eficiência Energética na Distribuição de Eletricidade Descrição Valor Unidade 6,25 tCO₂e/GWh fornecido Redução de Emissão anual 1.717.745 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 17.177.454 tCO₂e 49 Concessionárias 350.560 tCO₂e Fator de redução de emissão anual Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Contribuição à matriz energética Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 1.333 MW 172 Milhões US$ Custo do Investimento 9.148 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Barreiras Os únicos projetos de eficiência energética com redução de perdas elétricas na rede de distribuição/transmissão desenvolvidos no mundo estão concentrados na Índia. Em todos os projetos, as barreiras de investimento foram mencionadas, dentre as quais cabe destacar: (i) concessão de empréstimos com altas taxas de juros; e (ii) custos de P&D do novo processo. Devido ao fato de não recompensa desses custos pelas economias advindas da redução de perdas elétricas na rede, trata-se de um grande investimento sem retorno equivalente em médio e longo prazo. Em termos de barreiras tecnológicas, além da necessidade de treinamento de pessoal, acompanhamento e manutenção dos novos processos, são necessários coleta de dados e análise aprofundada para encontrar os pontos da rede em que seria possível diminuir as perdas. O sistema existente envolve baixíssimos riscos e já está instalado funcionando adequadamente, portanto, adquirir um novo sistema implica gastos e riscos indesejados pelos potenciais desenvolvedores de projetos desse tipo. Finalmente, por não ter nenhum projeto do tipo desenvolvido no Brasil, a implementação desse projeto pode enfrentar diversas e custosas barreiras inevitáveis devido ao seu pioneirismo. Redução de Vazamento de SF6 As metodologias aplicáveis à determinação das reduções de emissões de SF6 nos sistemas de transmissão e distribuição são a AM0035 e AM0079. As iniciativas de redução de emissão incluem a redução de perda do gás isolante através da substituição ou reparo de equipamentos elétricos, bem como a instalação de sistemas de recuperação de SF6 para reciclagem. No caso da AM0079, essa iniciativa pode ser aplicada para recuperação e reciclagem do gás SF6 usado que seria ventado após testes de equipamentos elétricos (AM0079). Esses testes são realizados como parte de um processo de certificação e avaliação ou durante o desenvolvimento e produção de um equipamento elétrico. Devido à falta de banco de dados referente às empresas ou indústrias responsáveis por tais testes, essa metodologia não foi considerada na análise. A redução de emissões do projeto contemplado ocorre devido, principalmente, à redução de vazamento do gás isolante com a implantação do projeto. Redução de Emissões de SF6 na Transmissão de Eletricidade Devido às suas características isolantes, o hexafluoreto de enxofre (SF6) é um gás utilizado na indústria elétrica, como meio isolante e extintor de arco elétrico, principalmente em disjuntores e subestações elétricas. Como o SF6 possui um alto potencial de aquecimento global, de forma que pequenas emissões desse gás significam grandes emissões em termos de CO₂ equivalente. As subestações funcionam como ponto de transferência em um sistema de transmissão elétrica, direcionando e controlando o fluxo energético, transformando os níveis de tensão. Dessa forma, atribuiu-se as emissões de SF6 à capacidade de transformação dos agentes transmissores de eletricidade. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 58 Na avaliação do potencial brasileiro de aplicação desse projeto, contemplaram-se somente os associados da Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate), que representam a maior parte dos agentes transmissores. Para os cálculos, utilizaram-se como referência os dados específicos dispostos no Documento de Concepção do Projeto (DCP) em validação “SF6 Emissions Reduction Program at AES Eletropaulo” e no nvent rio de Emissões de GEEs do Sistema Eletrobras. Assim como nesse DCP, as emissões de projeto foram consideradas negligenciáveis. Avaliação Técnica O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas expostas na Tabela 0-48 e dos parâmetros descritos na Tabela 0-49. Tabela 0-48 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da linha de base ELB *t CO₂e/ano+ = CT(MVA/ano) x EF (tCO₂e/MVA) Redução de Emissão RE = ELB Tabela 0-49 – Parâmetros Parâmetro Descrição EFgrid,OM Fator de Emissão da rede de margem de operação EFgrid,BM Fator de Emissão da rede de margem de construção EFgrid,CM Fator de Emissão da rede de margem combinada GWPSF6 EFSF6 Potencial de aquecimento global do SF6 Fator de emissão médio do gás SF6 Custo unitário para investimento = Custo de investimento em equipamentos (R$)/Redução total de emissão (t CO₂e) Custo dos equipamentos utilizados no PDD SF6 Emissions Reduction Program at AES Eletropaulo Quantidade de gás recuperado no PDD SF6 Emissions Reduction Program at AES Eletropaulo Conversão Real – Dólar (2010) Valor 0,25 0,08 Unidade tCO₂/MWh tCO₂/MWh Fonte MCT MCT Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" Metodologia AM0035 calculado Calculado com base no PDD SF6 Emissions Reduction Program at AES Eletropaulo 0,16 tCO₂/MWh 23.900 1,16 tCO₂e/tSF6 tCO₂e/MVA 485 US$/kg SF6 281.300 RS$ PDD SF6 Emissions Reduction Program at AES Eletropaulo 327 kg SF6 PDD SF6 Emissions Reduction Program at AES Eletropaulo 1,77 R$/US$ FED Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial replicação desse projeto – Redução de emissões de SF6 na transmissão de eletricidade – no Brasil, contemplando a o número de possíveis agentes transmissores identificadas para a implementação desse tipo de projeto, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados na Tabela 0-50 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-50 – Resultados do Projeto de Redução de Emissões de SF6 na Transmissão de Eletricidade Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Valor Unidade 1,18 tCO₂e/(MVA x ano) 324.136 tCO₂e/ano 3.241.364 tCO₂e 11* Agentes transmissores 294.669 tCO₂e Contribuição à matriz energética 0 MW Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 32 Milhões US$ Custo do Investimento 6,6 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 59 Barreiras Até o momento, há somente um projeto de substituição/reparo em equipamentos elétricos já desenvolvido no Brasil30. As barreiras tecnológicas foram apontadas como principal impeditivo para o desenvolvimento desses projetos. A contaminação de SF6 em equipamentos de energia elétrica pode ser gerada em diversas etapas e a partir de diversas fontes, inter allia: (i) durante o manejo do gás no seu enchimento e evacuação de pequenas quantidades de ar podem ser adicionadas ao gás como um resíduo; (ii) devido aos erros de manejo; (iii) a diferença de pressão pode fazer com que ar entre na tubulação. As técnicas para reaproveitamento mais eficiente do gás ainda não foram totalmente desenvolvidas por tratar-se de um gás relativamente barato e disponível para compra no mercado. É mais barato importar o gás do que investir em equipamentos caros e de difícil uso com o objetivo de reciclar ou reutilizar o gás – o treinamento de pessoal para lidar com esse processo inclui noções de manutenção, recalibragem e selagem para que não haja vazamentos. Apesar de sistemas mais elaborados já terem sido desenvolvidos na Alemanha e no Japão, esses equipamentos ainda não estão disponíveis no Brasil, o que incide na necessidade de treinamento de pessoal para executar as funções e/ou criação de um novo sistema nacional (alto custo de P&D). Expansão do Sistema Elétrico Há somente uma metodologia da CQNUMC que trata sobre a conexão de sistemas isolados ao SIN – a AM0045. Essa iniciativa de redução de emissão envolve a expansão de linhas de transmissão e distribuição a sistemas isolados, isto é, aqueles que não possuem acesso à rede elétrica. A redução de emissão ocorre se o fator de emissão do SIN for inferior ao fator de emissão das usinas geradoras de eletricidade cativas que operariam na ausência da atividade de projeto. Conexão de Sistemas Isolados ao Sistema Interligado Nacional Para que acorra redução das emissões com a implementação desse projeto é preciso que as UTEs dos sistemas isolados sejam desativadas, de modo que a eletricidade passe a ser fornecida a esses sistemas pelo SIN. As UTEs que operam isoladas, ou seja, que não exportam eletricidade ao SIN, podem ser cativas, gerando energia para o próprio consumo, ou podem fornecer eletricidade a terceiros. Neste último caso, normalmente as usinas são controladas pelo governo, propriedade de companhias de energia ou são empresas interessadas em exportar o excedente de energia gerado como uma fonte alternativa de receita. Dessa forma, pode-se assumir que mesmo que essas considerem conectar-se ao SIN, dificilmente desativarão as UTEs. Para efeito projeto, portanto, foram consideradas somente as usinas autoprodutoras de energia como potenciais sites para projetos de redução de emissões de GEEs. Adotou-se como premissa que, mesmo que as empresas ou indústrias proprietárias dessas usinas possam atualmente ter acesso ao SIN (isto é, mesmo não sendo sistemas isolados), todas as empresas ou indústrias que produzem energia para o próprio consumo apresentam oportunidades de redução de emissões através da desativação das usinas e, consequentemente, compra de eletricidade da rede. Baseado nas faixas de eficiência obtidas na literatura assumiu-se uma eficiência média de 35% para as UTEs, independente do combustível consumido. 30 “SF6 Emissions Reduction Program at AES Eletropaulo” PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 60 Avaliação Técnica O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas expostas na Tabela 0-51 e dos parâmetros descritos na Tabela 0-52. Tabela 0-51 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da linha de base BE *t CO₂e/ano+ = EGLB [MWh/ano] x 3,6/n x EF *kgCO₂e/GJ+/1000 Emissões de Projeto PEEE *t CO₂e/ano+ = EGLB [MWh/ano] x EF grid,CM *tCO₂/MWh+ x (1+ TL) PESF6 *t CO₂e/ano+ = EGLB [MWh/ano] x EFSF6 *kgCO₂e/MWh+/1000 Redução de Emissão RE = BE – (PEEE + PESF6) Tabela 0-52 – Parâmetros Valor Unidade Fonte EFgrid,OM Parâmetro Fator de Emissão da rede de margem de operação Descrição 0,25 tCO₂/MWh MCT EFgrid,BM Fator de Emissão da rede de margem de construção 0,08 tCO₂/MWh MCT EFgrid,CM Fator de Emissão da rede de margem combinada 0,16 tCO₂/MWh Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" Eficiência média de geração de eletricidade das UTEs 35% % Premissa ICF&Fides Quantidade de diesel no B5 95% % EFOC Fator de emissão óleo combustível 77,6 kgCO₂e/GJ 1 EFOD Fator de emissão óleo diesel 74,3 kgCO₂e/GJ 1 EFCM Fator de emissão carvão mineral 94,6 kgCO₂e/GJ 1 EFGN Fator de emissão gás natural 56,2 kgCO₂e/GJ 1 Perda anual de gás SF6 dos equipamentos elétricos novos 0,08 kg de SF6/GWh 2 23.900 tCO₂e/tSF6 Metodologia AM0045 Calculado GWPSF6 Potencial de aquecimento global do SF6 EFSF6 Fator de emissão do gás SF6 1,89 kgCO₂e/MWh Perda de transmissão incremental 1,7% % 2 Tempo de operação anual 7.884 horas/ano Premissa ICF&Fides 294 US$/MWh Premissa ICF&Fides Custo unitário para investimento 1 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program. Disponível em www.ipcc-nggip.iges.or.jp. 2 Grid connection of the isolated system of Porto Murtinho city – MS/Celtins and Cemat grid connection of isolated systems. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial replicação desse projeto – Conexão de Sistemas Isolados – no Brasil, contemplando o número de possíveis usinas identificadas para a implementação desse tipo de projeto, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Vale ressaltar que as usinas Petroflex e Contagem, contempladas no projeto, estão consideradas também no projeto de Adição de Ciclo à Usinas de Ciclo Aberto e, portanto, deve-se excluí-las de um dos projetos para obter o número real de oportunidades de redução de emissões. Os resultados apresentados na Tabela 0-53 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para o esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 61 Tabela 0-53 – Resultados do Projeto de Conexão de Sistemas Isolados Descrição Valor Unidade 4.291 tCO₂e/MW instalado /ano Redução de Emissão anual 2.379.583 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 23.795.827 tCO₂e Fator de redução de emissão anual Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 42 UTEs 566.567 tCO₂e/projeto Contribuição à matriz energética 555 MW Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 238 Milhões US$ 1.288 Milhões US$ Custo do Investimento *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Ressalte-se que a contribuição à matriz energética é negativa devido ao maior consumo de eletricidade da rede com a conexão dos sistemas. Barreiras De acordo com os Documentos de Concepção do Projeto (DCPs) dessas iniciativas que já foram desenvolvidos, assim como o “Estudo de Baixo Carbono para o Brasil”, h diversas barreiras para a expansão da rede em áreas isoladas, sobretudo, de investimento e técnicas. O fato de áreas isoladas/de baixa renda possuírem densidades demográficas relativamente baixas acarreta numa baixa demanda de energia. Há também dificuldades intrínsecas à operação e manutenção correta de equipamentos de energia elétrica em áreas isoladas. Devido às grandes distâncias e à distribuição esparsa, a operação é feita principalmente de modo remoto – a verificação física e a manutenção dos equipamentos é cara e não é tão frequente. Outra barreira é a falta de uniformidade nesses sistemas que impede a adoção de soluções padronizadas. Portanto, a expansão de redes para essas áreas não é viável sem subsídios substanciais. Nenhuma linha de transmissão ou central de geração de energia elétrica situada em sistemas isolados foi implementada sem subsídios governamentais. Mesmo atualmente, cerca de 20 anos após o início do processo de privatização das concessionárias no setor de eletricidade, ainda há concessionárias no sistema isolado, compostas 100% de capital público (por exemplo, as Centrais Elétricas de Rondônia S. A. (Ceron), empresa controlada da Centrais Elétricas Brasileiras S.A. – Eletrobras). Iniciativas de Redução de Emissão de GEE no Elo 3 A Tabela 0-54 apresenta o número de projetos de redução de emissão de GEE propostos no MDL que se enquadram no elo 3 e que se encontram nas etapas de validação, já validados e registrados no Brasil, bem como o potencial total e médio de redução de emissão e o número de projetos propostos no resto do mundo (também aqueles que se encontram nas etapas de validação, já validados e registrados). Como pode ser verificado na Tabela 0-54, no Brasil há somente dois projetos de eficiência energética nesse elo já propostos no MDL (ambos na etapa de validação pela EOD), enquanto no resto do mundo há 61 projetos já desenvolvidos. Com base nesses projetos brasileiros, o potencial médio de redução de emissão é de 3 ktCO₂e/ano. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 62 Tabela 0-54 – Projetos de Redução de Emissão no Elo 3 – Setor de Eletricidade Elo 3 – Consumo de Eletricidade Iniciativas de Redução de Emissão – Projetos de MDL Eficiência Energética Eficiência Energética Metodologias de Linha de Base Projetos de MDL no resto do Mundo Projetos de MDL no Brasil Número de Projetos em validação Número de Projetos validados Número de Projetos registrados Número de Projetos rejeitados Total de Projetos desenvolvidos * Potencial total de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)* Potencial médio de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)* Número total de Projetos desenvolvidos* AM0038 - - - - - - - 1 AM0046 - - - - - - - 2 MAS-II.C 2 - - - 2 7 3 15 AMS-II.C AMS-I.A. ¹ - - - - - - - 1 AMS-II.C. AMS-I.C. AMS.II.E. - - - - - - - 1 AMS-II.C. AMS-I.D. ¹ - - - - - - - 1 AMS-II.C. AMS-II.D. - - - - - - - 1 AMS-II.C. AMS-II.J. - - - - - - - 1 AMS-II.C. AMS-III.Q. - - - - - - - 1 AMS-II.C. AMS-III.R. - - - - - - - 1 MAS-II.E - - - - - - - 11 AMS-II.I.E., AMS-I.C. MAS-III.B. - - - - - - - 2 AMS-II.I.E., AMS-I.D. ¹ - - - - - - - 2 AMS-II.I.E., AMS-II.B. ¹ - - - - - - - 1 AMS-II.I.E., AMS-II.D. - - - - - - - 1 AMS-II.I.E., AMS-III.B. - - - - - - - 1 MAS-II.J - - - - - - - 17 AMS-II.J. AMS-I.A. ¹ - - - - - - - 1 * Excluem-se os Projetos Rejeitados. 1 Projetos contabilizados em mais de um elo. Projetos de Redução de Emissões de GEEs Relacionados ao Consumo de Energia Elétrica No elo de consumo foram avaliadas 8 metodologias, das quais 6 foram incluídas no estudo do potencial de redução de emissão de GEEs no País, agrupadas em 4 tipos de projetos, todos concernentes à eficiência energética. Eficiência Energética Para a determinação das reduções de emissões de diferentes projetos de eficiência energética no consumo de eletricidade foram usadas como base as metodologias AM0038, AM0046, AM0070, AMS-II.C, AMS-II.E, AMSII.J, AMS-III.AE e NM0328. As metodologias AMS-III.AE e NM0328 foram desconsideradas da análise em função de questões como, inter allia, falta de informações consolidadas a respeito de novos prédios e questões de aplicabilidade. A adoção de qualquer uma das medidas de eficiência energética resultará em um menor consumo de energia. Logo, a redução de emissões se dará, principalmente, em função do menor consumo de combustível fóssil, independente da fonte de energia. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 63 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO CONSUMO RESIDENCIAL EM SALVADOR, BAHIA Um projeto de eficiência energética no consumo residencial desenvolvido no Brasil, em Salvador, na Bahia, exemplifica a atratividade do desenvolvimento de projetos desse tipo. A atividade de projeto consiste na substituição de refrigeradores e lâmpadas incandescentes por dispositivos mais eficientes energeticamente em comunidades de baixa renda. Um maior detalhamento do projeto é apresentado na Tabela 0-55 abaixo. Tabela 0-55 – Eficiência Energética Parâmetro Economia de Eletricidade Custo do Investimento Quantidade de lâmpadas trocadas Quantidade de refrigeradores trocados Redução de Emissões Média TIR – Sem a receita dos CERs Fonte: Demand side energy efficiency program by COELBA for www.sgsqualitynetwork.com/tradeassurance/ccp/projects/293/COELBA%20PDD.pdf. Valor 19,4 Unidade GWh/ano 9,4 154.464 17.094 milhões US$ lâmpadas refrigeradores 1.491 8,94 low-income residential customers in tCO/ano % Salvador, Bahia. Disponível em Eficiência Energética nas Indústrias Por ser o setor de maior consumo de energia elétrica, o setor industrial é também aquele que apresenta maior potencial de redução de emissões de GEEs por meio de adoção de medidas de eficiência energética. Tais medidas incluem modificações, melhorias e adoção de novos hábitos considerando os processos industriais mais importantes no consumo de energia elétrica. (por exemplo, uso de motores elétricos de alto rendimento, adequação do tamanho da bomba à carga e substituição de fornos por outros mais eficientes). Para maior precisão, o inventário de oportunidades de projetos de redução de emissões, bem como suas quantificações, foi realizado por linha de atividade industrial, seguindo divisão e classificação do BEN 2010 e do PNE 2030: ferro-gusa e aço; química; papel e celulose; cimento; mineração e pelotização; ferro-ligas; não ferrosos e outros da metalurgia; alimentos e bebidas; têxtil; cerâmica; e outras. O consumo de eletricidade por setor foi estimado com base no consumo de eletricidade industrial total de 186.280 GWh em 2009, de acordo com o BEN, e na participação de cada elemento de processo dos setores na indústria. Os elementos de processo são definidos em Força Motriz, que inclui a melhoria de equipamentos, tais como motores elétricos, bombas, ventiladores, compressores de ar, sistemas de refrigeração e outros. calor de processo; aquecimento direto; iluminação; e eletroquímica (nas indústrias químicas de alumínio, cobre e soda-cloro). Cada elemento citado anteriormente tem uma participação diferenciada no consumo industrial, dependendo do setor. Como exemplo, o consumo de eletricidade para força motriz no setor de mineração e pelotização representa 5% do consumo total industrial. Dessa forma, considerando-se o potencial técnico de redução de consumo de eletricidade para cada elemento de processo e estimou-se o potencial médio de redução de consumo por setor. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 64 De modo a inferir o potencial concreto dos projetos de redução de GEEs associado ao consumo de eletricidade, objetivou-se listar todas as empresas atuantes em cada setor e suas respectivas produções. Dessa forma, o número de projetos potenciais identificados dentro dos setores, em geral, corresponderá ao número de empresas, ou ao número de fábricas mapeadas dentro desses setores. A exceção é para os setores têxtil, de alimentos & bebidas, de ferro-ligas e de não ferrosos e outros da metalurgia, para os quais não foram encontradas listagens de empresas aplicáveis aos projetos. Avaliação Técnica O potencial de redução de emissões dos projetos de eficiência energética na indústria foi determinado a partir das fórmulas expostas na Tabela 0-56 e dos parâmetros descritos na Tabela 0-57 a Tabela 0-62. Tabela 0-56 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da linha de base ELB *t CO₂e/ano+ = ECLB [MWh/ano] x EFgrid,CM *tCO₂/MWh+ Emissões do Projeto EPJ *t CO₂e/ano+ = ECPJ [MWh/ano] x EFgrid,CM *tCO₂/MWh+ Redução de Emissão RE = ELB – EPJ Tabela 0-57 – Parâmetros Utilizados para Indústria de Ferro-gusa e Aço Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte EFgrid,OM Fator de Emissão da rede de margem de operação 0,25 tCO₂/MWh MCT 0,08 tCO₂/MWh MCT EFgrid,BM Fator de Emissão da rede de margem de construção EFgrid. CM Fator de Emissão da rede de margem combinada de operação e construção 0,16 tCO₂/MWh Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" PRferro-gusa e aço Potencial de redução de consumo por medidas de eficiência energética 26% % Calculado a partir do potencial técnico de redução de consumo de cada elemento de processo sobre a participação de cada elemento no consumo industrial (PNE 2030) 3457,14 US$/MWh Calculado a partir do investimento total para implementação de medidas de eficiência energética no setor¹ 7884 horas/ano Premissa ICF&Fides Custo de Investimento unitário Tempo de operação anual ¹ HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. Tabela 0-58 – Parâmetros Utilizados para Indústria Química Parâmetro Valor Unidade Fonte EFgrid,OM Fator de Emissão da rede de margem de operação Descrição 0,25 tCO₂/MWh MCT EFgrid,BM Fator de Emissão da rede de margem de construção 0,08 tCO₂/MWh MCT EFgrid. CM Fator de Emissão da rede de margem combinada de operação e construção 0,16 tCO₂/MWh Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" PR Potencial de redução de consumo por medidas de eficiência energética 23% % Calculado a partir do potencial técnico de redução de consumo de cada elemento de processo sobre a participação de cada elemento no consumo industrial (PNE 2030) Produção/Capacidade Instalada (Amônia) 80% % Calculado a partir do Anuário da Indústria Química 2009 Produção/Capacidade Instalada (Ácido Sulfúrico) 91% % Calculado a partir do Anuário da Indústria Química 2009 Produção/Capacidade Instalada (Cloro) 83% % Calculado a partir do Anuário da Indústria Química 2009 Produção/Capacidade Instalada (Cloretos de Polivinina) 87% % Calculado a partir do Anuário da Indústria Química 2009 Produção/Capacidade Instalada (Eteno) 77% % Calculado a partir do Anuário da Indústria Química 2009 Produção/Capacidade Instalada (Metanol) 70% % Calculado a partir do Anuário da Indústria Química 2009 Produção/Capacidade Instalada (Prolipopileno) 66% % Calculado a partir do Anuário da Indústria Química 2009 Produção/Capacidade Instalada ( Polietileno de Alta Densidade) 49% % Calculado a partir do Anuário da Indústria Química 2009 Produção/Capacidade Instalada (Polietileno de Baixa Densidade) 63% % Calculado a partir do Anuário da Indústria Química 2009 Produção/Capacidade Instalada (Poliestireno) 53% % Calculado a partir do Anuário da Indústria Química 2009 Produção/Capacidade Instalada (Ureia) 69% % Calculado a partir do Anuário da Indústria Química 2009 2398,1 US$/MWh Calculado a partir do investimento total para implementação de medidas de eficiência energética no setor¹ 7884 horas/ano Premissa ICF&FIDES Custo de investimento unitário Tempo de operação anual ¹HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 65 Tabela 0-59 – Parâmetros Utilizados para Indústria de Papel e Celulose Parâmetro Valor Unidade Fonte EFgrid,OM Fator de Emissão da rede de margem de operação Descrição 0,25 tCO₂/MWh MCT EFgrid,BM Fator de Emissão da rede de margem de construção 0,08 tCO₂/MWh MCT EFgrid. CM Fator de Emissão da rede de margem combinada de operação e construção 0,16 tCO₂/MWh Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" Consumo de energia elétrica por unidade de produção 0,799 MWh/ton BEN 2010 % Calculado a partir do potencial técnico de redução de consumo de cada elemento de processo sobre a participação de cada elemento no consumo industrial (PNE 2030) PR Potencial de redução de consumo por medidas de eficiência energética 30% Tempo de operação anual 7884 horas/ano Premissa ICF&FIDES Custo de investimento unitário 202 US$/MWh Calculado a partir do investimento total para implementação de medidas de eficiência energética no setor¹ ¹HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. Tabela 0-60 – Parâmetros Utilizados para Indústria de Cimento Valor Unidade Fonte EFgrid,OM Parâmetro Fator de Emissão da rede de margem de operação 0,25 tCO₂/MWh MCT EFgrid,BM Fator de Emissão da rede de margem de construção 0,08 tCO₂/MWh MCT EFgrid. CM Fator de Emissão da rede de margem combinada de operação e construção 0,16 tCO₂/MWh Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" Consumo de energia elétrica por unidade de produção 0,092 MWh/ton Calculado a partir de dados de consumo de eletricidade do BEN 2009 e de produção do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (Snic) Potencial de redução de consumo por medidas de eficiência energética 31% % Calculado a partir do potencial técnico de redução de consumo de cada elemento de processo sobre a participação de cada elemento no consumo industrial (PNE 2030) Custo de investimento unitário 9,07 US$/MWh Calculado a partir do investimento total para implementação de medidas de eficiência energética no setor¹ PR Descrição Tempo de operação anual 7884 horas/ano Premissa ICF&FIDES ¹HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. Tabela 0-61 – Parâmetros Utilizados para Indústria de Mineração e Pelotização Parâmetro Valor Unidade Fonte Soma da produção total de cada minério produzido 1.149.912.106 ton Anuário Mineral Brasileiro 2006 EFgrid,OM Fator de Emissão da rede de margem de operação 0,25 tCO₂/MWh MCT EFgrid,BM Fator de Emissão da rede de margem de construção 0,08 tCO₂/MWh MCT EFgrid. CM Fator de Emissão da rede de margem combinada de operação e construção 0,16 tCO₂/MWh Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" Consumo de energia elétrica por unidade de produção 0,009 MWh/ton calculado 29% % Calculado a partir do potencial técnico de redução de consumo de cada elemento de processo sobre a participação de cada elemento no consumo industrial (PNE 2030) 369,23 US$/MWh Calculado a partir do investimento total para implementação de medidas de eficiência energética no setor¹ 7884 horas/ano Premissa ICF&FIDES PR Descrição Potencial de redução de consumo por medidas de eficiência energética Custo de investimento unitário Tempo de operação anual ¹HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. Tabela 0-62 – Parâmetros Utilizados para Outras Indústrias Parâmetro Valor Unidade Fonte EFgrid,OM Fator de Emissão da rede de margem de operação Descrição 0,25 tCO₂/MWh MCT EFgrid,BM Fator de Emissão da rede de margem de construção 0,08 tCO₂/MWh MCT EFgrid. CM Fator de Emissão da rede de margem combinada de operação e construção 0,16 tCO₂/MWh Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" PR (ferro-ligas) Potencial de redução de consumo por medidas de eficiência energética 2% % Calculado a partir do potencial técnico de redução de consumo de cada elemento de processo sobre o consumo industrial (PNE 2030) PR (não ferrosos e outros da metalurgia) Potencial de redução de consumo por medidas de eficiência energética 10% % Calculado a partir do potencial técnico de redução de consumo de cada elemento de processo sobre o consumo industrial (PNE 2030) PR (alimentos e bebidas) Potencial de redução de consumo por medidas de eficiência energética 20% % Calculado a partir do potencial técnico de redução de consumo de cada elemento de processo sobre o consumo industrial (PNE 2030) PR (têxtil) Potencial de redução de consumo por medidas de eficiência energética 18% % Calculado a partir do potencial técnico de redução de consumo de cada elemento de processo sobre o consumo industrial (PNE 2030) PR (cerâmica) Potencial de redução de consumo por medidas de eficiência energética 28% % Calculado a partir do potencial técnico de redução de consumo de cada elemento de processo sobre o consumo industrial (PNE 2030) Tempo de operação anual 7884 horas/ano Premissa ICF&FIDES PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 66 Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial replicação desse projeto – Eficiência Energética nas Indústrias – no Brasil, contemplando o número de possíveis usinas identificadas para a implementação desse tipo de projeto, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados na Tabela 0-63 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para o esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Os resultados demonstrados abaixo contemplam as oportunidades de cada setor industrial: Tabela 0-63 – Resultados do Projeto de Eficiência Energética na Indústria de Ferro-Gusa e Aço Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Valor Unidade 43 tCO₂e/GWh consumido 673.477 tCO₂e/ano 6.734.774 tCO₂e 10* Empresas 673.477 tCO₂e Contribuição à matriz energética 523 MW Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 67 Milhões US$ Custo do Investimento 14.244 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Tabela 0-64 – Resultados do Projeto de Eficiência Energética na Indústria Química Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Contribuição à matriz energética Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Valor Unidade 38 tCO₂e/GWh consumido 158.400 tCO₂e/ano 1.583.998 tCO₂e 39* Empresas 40.615 tCO₂e 123 MW 16 Milhões US$ Custo do Investimento 2.324 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Tabela 0-65 – Resultados do Projeto de Eficiência Energética na Indústria de Papel e Celulose Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Valor Unidade 49 tCO₂e/GWh consumido 847.667 tCO₂e/ano 8.476.666 tCO₂e 157* Fábricas 53.992 tCO₂e Contribuição à matriz energética 658 MW Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 85 Milhões US$ Custo do Investimento 435 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 67 Tabela 0-66 – Resultados do Projeto de Eficiência Energética na Indústria de Cimento Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Valor Unidade 51 tCO₂e/GWh consumido 242.065 tCO₂e/ano 2.420.651 tCO₂e 9* Empresas 268.961 tCO₂e Contribuição à matriz energética 188 MW Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 24 Milhões US$ Custo do Investimento 13 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Tabela 0-67 – Resultados do Projeto de Eficiência Energética na Indústria de Mineração e Pelotização Descrição Valor Unidade Fator de redução de emissão anual 47 tCO₂e/GWh consumido Redução de Emissão anual 471.513 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 4.715.133 tCO₂e Número de projetos 101* Empresas Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 46.684 tCO₂e Contribuição à matriz energética 366 MW Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 47 Milhões US$ Custo do Investimento 1.065 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Tabela 0-68 – Resultados do Projeto de Eficiência Energética na Indústria de Ferro-ligas Descrição Valor Unidade Fator de redução de emissão anual 3 tCO₂e/GWh consumido Redução de Emissão anual 18.502 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 185.016 tCO₂e Número de projetos n/d Unidades Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos n/d tCO₂e Contribuição à matriz energética 15 MW Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 2 Milhões US$ Custo do Investimento 128 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Tabela 0-69 – Resultados do Projeto de Eficiência Energética na Indústria de Não ferrosos e Outros da Metalurgia Descrição Valor Unidade Fator de redução de emissão anual 16 tCO₂e/GWh consumido Redução de Emissão anual 575.326 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 5.753.259 tCO₂e Número de projetos n/d Unidades Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos n/d tCO₂e Contribuição à matriz energética 446 MW Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 58 Milhões US$ Custo do Investimento 457 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Tabela 0-70 – Resultados do Projeto de Eficiência Energética na Indústria de Alimentos e Bebidas Descrição Valor Unidade Fator de redução de emissão anual 32 tCO₂e/GWh consumido Redução de Emissão anual 9.335 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 93.352 tCO₂e Número de projetos n/d Unidades Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos n/d tCO₂e Contribuição à matriz energética 7 MW Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 1 Milhões US$ Custo do Investimento 527 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 68 Tabela 0-71 – Resultados do Projeto de Eficiência Energética na Indústria Têxtil Descrição Valor Unidade 29 tCO₂e/GWh consumido 226.100 tCO₂e/ano Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos 2.260.995 tCO₂e n/d Unidades Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos n/d tCO₂e Contribuição à matriz energética 175 MW Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 23 Milhões US$ Número de projetos Custo do Investimento 135 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Tabela 0-72 – Resultados do Projeto de Eficiência Energética na Indústria de Cerâmica Descrição Valor Unidade 45 tCO₂e/GWh consumido Redução de Emissão anual 79.007 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 790.069 tCO₂e 300 Empresas 2.634 tCO₂e Fator de redução de emissão anual Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Contribuição à matriz energética 61 MW Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 8 Milhões US$ Custo do Investimento 1.249 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Eficiência Energética na Iluminação Residencial A melhoria da eficiência energética na iluminação residencial pode ser obtida por meio da substituição de lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes de igual poder de iluminação, porém de menor consumo. Tal potencial de economia de eletricidade foi avaliado para todos os estados do Brasil, a partir do número de domicílios com acesso à rede elétrica (IBGE, 2009) e da média de lâmpadas incandescentes por domicílio para cada região do País (PROCEL, 2007). Avaliação Técnica O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas expostas na Tabela 0-73 e dos parâmetros descritos na Tabela 0-74. Tabela 0-73 – Cálculo de Redução de Emissões Redução de Emissão RE *tCO₂e/ano+ = (ECLB [MWh/ano] – ECPJ [MWh/ano]) x EFgrid,CM *tCO₂/MWh+ Tabela 0-74 – Parâmetros Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte EFgrid,OM Fator de Emissão da rede de margem de operação 0,25 tCO₂/MWh MCT Comentário EFgrid,BM Fator de Emissão da rede de margem de construção 0,08 tCO₂/MWh MCT EFgrid,CM Fator de Emissão da rede de margem combinada 0,16 tCO₂/MWh Potência da lâmpada de linha de base 60 W PROCEL Potência da lâmpada de projeto 15 W PNE 2030 A alternativa proposta apresenta o mesmo nível de iluminação das incandescentes e corresponde ao modelos da marca Osram (lâmpada eletrônica tripla Energy Saver, cor 21 branca, 120 V x 16W e 120 V x 20 W) Tempo de operação anual 1.825 horas/ano PNE 2030 Considerando um funcionamento de 5 horas/dia Custo unitário para investimento 7,22 R$/lâmpada PNE 2030 Dados de 2006 Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" Câmbio 2006 2,17 R$/US$ FED. "Economic Research and Data". Disponível em www.federalreserve.gov/datadownload/Downloa d.aspx?rel=H10&series=40a15acb1209506748949 78e4f74def9&filetype=spreadsheetml&label=inclu de&layout=seriescolumn&lastObs=120 Custo unitário para investimento 3,32 US$/lâmpada Calculado Lâmpadas com maior média de uso por domicílio LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 69 São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à substituição lâmpadas incandescentes por modelos fluorescentes, contemplando o número de possíveis projetos, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, a potencial receita com a venda de CERs, a potencial contribuição à matriz energética nacional e os investimentos necessários para tal. Os resultados apresentados na Tabela 0-75 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para o esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-75 – Resultados Descrição Valor Unidade 123 tCO₂e/GWh consumido Redução de Emissão anual 2.375.177 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 23.751.771 tCO₂e 49* PoA por concessionária 484.730 tCO₂e/projeto 7.962 MW Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 238 Milhões US$ Custo do Investimento 588 Milhões US$ Fator de redução de emissão anual Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Contribuição à matriz energética *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Eficiência Energética no Aquecimento de Água Residencial O potencial de economia de eletricidade no que diz respeito ao aquecimento de água residencial foi avaliado para todos os estados do Brasil por meio da substituição de chuveiros elétricos por aquecedores solares, a partir do número de domicílios com acesso à rede elétrica (IBGE, 2009) e da média de chuveiros elétricos por domicílio para cada região do País (PROCEL, 2007). Adotou-se como premissa que tal medida seria restrita aos domicílios com área suficiente para a instalação dos painéis solares; dado esse obtido na Pesquisa de Posse de Equipamento e Hábitos de Uso (PROCEL, 2007). Avaliação Técnica O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas expostas na Tabela 0-76 e dos parâmetros descritos na Tabela 0-77. Tabela 0-76 – Cálculo de Redução de Emissões Redução de Emissão RE *tCO₂e/ano+ = ECLB [MWh/ano] x EFgrid,CM *tCO₂/MWh+ PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 70 Tabela 0-77 – Parâmetros Parâmetro Valor Unidade Fonte EFgrid,OM Fator de Emissão da rede de margem de operação 0,25 tCO₂/MWh MCT EFgrid,BM Fator de Emissão da rede de margem de construção 0,08 tCO₂/MWh MCT 0,16 tCO₂/MWh Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" 49.658.530 chuveiros elétricos 1 Porcentagem de chuveiros elétricos substituídos por aquecedores solares 9,8% % 1 Considerando um chuveiro com potência média de utilização de 2.500 W, banhos diários de 10 minutos/morador e famílias compostas por 4 pessoas. 0,600 Mwh/ano 1 Consumo médio dos aquecedores 0,00 Mwh/ano 1 1.400,00 R$/aquecedor ABRAVA Aquecedor solar de 300 litros é ideal para abastecer uma residência com 4 pessoas 16.390 unidades 2 média de aquecedores instalados por projeto de MDL 2,17 R$/U$ 3 EFgrid,CM Descrição Fator de Emissão da rede de margem combinada Número total de chuveiros elétricos Custo unitário médio para investimento Números de chuveiros trocados por projeto Taxa de conversão Real/Dólar – 2006 Comentário Considerou-se essa alternativa restrita aos domicílios com área suficiente para a instalação dos painéis solares. ¹PROCEL – Pesquisa de Posse de Equipamento e Hábitos de Uso (2007). 2 Média obtida a partir de informações dos seguintes PDDs: Bagepalli CDM Solar Hot Water Heating Programme, iHOT – I water heating service e Solar Thermal Water Heating System of the Township Project. 3 FED. "Economic Research and Data". Disponível em www.federalreserve.gov/datadownload/Download.aspx?rel=H10&series=40a15acb120950674894978e4f74def9& filetype =spreadsheetml&label=include&layout=seriescolumn&lastObs=120. São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à substituição chuveiros elétricos por aquecedores solares, contemplando o número de possíveis projetos, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, a potencial receita com a venda de CERs, a potencial contribuição à matriz energética nacional e os investimentos necessários para tal. Os resultados apresentados na Tabela 0-78 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para o esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-78 – Resultados Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de projetos Valor Unidade 163 tCO₂e/GWh consumido 483.924 tCO₂e/ano 4.839.237 297 tCO₂e Projetos (16.390 chuveiros cada) Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 16.298 Contribuição à matriz energética 12.166 MW 48 Milhões US$ 3.134 Milhões US$ Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento tCO₂e/projeto *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Foi considerada a troca de 16.390 chuveiros elétricos por projeto, valor médio obtido por meio de informações obtidas nos seguintes PDDs em validação: Bagepalli CDM Solar Hot Water Heating Programme, iHOT – I water heating service e Solar Thermal Water Heating System of the Township Project. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 71 Eficiência Energética em Refrigeradores Residenciais Analogamente ao projeto de avaliação de eficiência energética em aquecimento de água residencial, o potencial de economia de eletricidade por meio da substituição de refrigeradores em residências por modelos mais modernos e eficientes foi avaliado para todos os estados do Brasil, a partir do número de domicílios com acesso à rede elétrica (IBGE, 2009) e da média de refrigeradores por domicílio para cada região do País (PROCEL, 2007). Adotou-se como premissa que somente os refrigeradores que utilizam HFC como refrigerante e com tempo de uso superior a 10 anos seriam substituídos. Aqueles que utilizam CFC foram desconsiderados, uma vez que há somente três centros de regeneração desse tipo de gás licenciados no Brasil. Avaliação Técnica O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas expostas na Tabela 0-79 e dos parâmetros descritos na Tabela 0-80. Tabela 0-79 – Cálculo de Redução de Emissões Redução de Emissão RE *tCO₂e/ano+ = (ECLB [MWh/ano] – ECPJ [MWh/ano]) x EFgrid,CM *tCO₂/MWh+ Tabela 0-80 – Parâmetros Parâmetro EFgrid,OM EFgrid,BM Descrição Fator de Emissão da rede de margem de operação Fator de Emissão da rede de margem de construção EFgrid,CM Fator de Emissão da rede de margem combinada Número de refrigeradores com mais de 10 anos com refrigerante HFC Porcentagem de refrigeradores substituídos Consumo médio de eletricidade de refrigeradores com idade superior a 10 anos Consumo médio do melhor modelo de refrigerador em 2006 Tempo de operação anual Valor 0,25 0,08 Unidade tCO₂/MWh tCO₂/MWh 0,16 tCO₂/MWh 7.070.178 refrigeradores Fonte MCT MCT Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" Inventário de emissões na produção e no consumo de HFCs e PFCs – Ano 2010 12% % 0,435 Mwh/ano 1 0,276 Mwh/ano 1 8.523 horas/ano 1 Comentário Não foi considerada a substituição de refrigeradores com CFC, pois há somente 3 centros licenciados de regeneração de CFC no Brasil, todos localizados na região sul² Equipamento é utilizado, permanentemente, na quase totalidade dos domicílios. Custo unitário para investimento 909,36 R$/refrigerador PNE 2030 Taxa de conversão Real/Dólar – 2006 2,17 R$/U$ 3 ¹PROCEL – Pesquisa de Posse de Equipamento e Hábitos de Uso (2007). ²PDD: AES Eletropaulo Replacement of Domestic Refrigerators in Low-Income Households. Disponível em http://cdm.unfccc.int/filestorage/ AES%20Eletropaulo%20PDD.pdf?t=Y0R8QU9XWUVVMVZRTUZKNDZHMkk5TEtURFJIMFNQWDNafDEyODgzODIyNzMuNjk=|Tvcky-Hf72h--XxMUJDxP4HfNZ4. 3 FED. "Economic Research and Data". Disponível em www.federalreserve.gov/datadownload/Download.aspx?rel=H10&series= 40a15cb120950674894978e4f74def9&filetype= spreadsheetml&label=include&layout=seriescolumn&lastObs=120. São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à substituição de modelos antigos de refrigeradores por unidades mais modernas e eficientes, contemplando o número de possíveis projetos, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, a potencial receita com a venda de CERs, a potencial contribuição à matriz energética nacional e os investimentos necessários para tal. Os resultados apresentados na Tabela 0-81 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas as metodologias de MDL citadas para o esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 72 Tabela 0-81 – Resultados Descrição Valor Unidade Fator de redução de emissão anual 60 tCO₂e/GWh consumido Redução de emissão anual 183.757 tCO₂e/ano Redução de emissão em 10 anos 1.837.565 tCO₂e Número de projetos 49* PoA por concessionária Redução de emissões média por projeto – em 10 anos 37.501 tCO₂e/projeto Contribuição à matriz energética 132 MW Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 18 Milhões US$ Custo do investimento 2.958 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Barreiras Dos 3 projetos de eficiência energética em equipamentos já desenvolvidos no âmbito do MDL, no Brasil, somente 2 apresentaram barreiras31, sendo um aplicado em residências e o outro em escolas públicas. Dentre as barreiras identificadas nesses 2 projetos, as principais são de natureza financeira. Como o objetivo do projeto é substituir equipamentos menos eficientes, como refrigeradores antigos e lâmpadas incandescentes, por outros mais eficientes energeticamente, há custos inevitáveis, sobretudo, de aquisição de equipamentos e regularização de usuários. Isso porque o primeiro passo consiste na identificação do público-alvo através da regularização das contas de luz dos usuários, de modo a reduzir as perdas com ligações clandestinas (o que consistem em um relevante investimento inicial). Apesar de haver ganhos com a regularização parcial das resid ncias e extinção das perdas devido aos “gatos”, esses ganhos não compensam o investimento necess rio para reposição dos equipamentos antigos e ineficientes (custo de capital). Essa barreira de investimento é ainda maior diante das condições de crédito praticadas no Brasil, com altas taxas de juros. Há outras barreiras, com destaque para a logística. É necessário investir na aquisição e distribuição dos novos equipamentos mais eficientes, assim como no recolhimento dos equipamentos e em seu armazenamento. Outra barreira é a alteração sistemática que o(s) programa(s) de incentivo à eficiência energética vem sofrendo desde o seu lançamento em 1998. Os possíveis desenvolvedores de projeto não podem contar com os recursos desses incentivos, visto que a Aneel e o Congresso Nacional vêm, historicamente, alterando os processos enquanto os mesmos ainda estão em curso. O fato do setor público não tomar a frente nesse tipo de projeto também pode ser enxergado como uma barreira, já que são os próprios desenvolvedores dos projetos que precisam tomar a iniciativa e incorrer os riscos associados às experiências novas. Resultados Consolidados do Setor O desenvolvimento do estudo com a abordagem bottom-up contemplou o levantamento de instalações em que os projetos de baixo carbono poderiam ser desenvolvidos. A lista contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se com a BM&FBOVESPA/Banco Mundial como um anexo do presente estudo. A Tabela 0-82 apresenta os resultados consolidados do setor elétrico. 31 “Demand Side Energy Efficiency Program by Coelba for Low-income Residential Customers in Salvador, Bahia” e “AES Eletropaulo Energy Efficiency Measures at State Public Schools”. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 73 Tabela 0-82 – Resultados Consolidados do Setor de Eletricidade Número de Projetos Tipo de projeto Valor Setor de Eletricidade Hidroeletricidade Repotenciação e Modernização Hidroelétricas Eólica UTE de Biomassa Renovável (Plantação Dedicada em Áreas Degradadas) UTE de Resíduos de Milho UTE de Resíduos de Soja UTE de Palha de Arroz UTE de Palha de Cana Cogeração com Bagaço de Cana Unidade Potencial Redução de Emissões GEE em 10 anos (tCO₂e) Contribuição à Matriz Energética (MW) Potencial Receita com a Venda de CERs em 10 anos (milhões US$) CER=US$10/tCO₂e Investimento (Milhões US$) Fator de Redução de Emissão anual Valor Unidade 14.290 n/a 2.666.566.371 452.185 26.666 1.282.431 n/a n/a 1.204 Usinas Hidroelétricas 292.004.618 82.502 2.920 144.491 354 44 Usinas Hidroelétricas 3.899.124 605 39 11.506 16 1.839 Usinas Eólicas 182.208.058 58.747 1.822 136.328 310 tCO₂e/MW/ano tCO₂e/MW instalado/ano tCO₂e/MW/ano 6.052 Usinas Termelétricas 1.445.059.181 181.568 14.451 773.549 14 tCO₂e/ha/ano 454 409 50 279 279 Municípios Municípios Municípios Usinas Sucroalcooleiras Usinas Sucroalcooleiras 158.653.554 214.685.866 22.296.963 48.635.306 41.909.309 36.646 50.525 2.262 7.981 6.357 1.587 2.147 223 486 419 65.295 90.026 4.030 14.221 6.406 0,372 0,240 0,193 0,011 0,010 Cogeração com Licor Negro 35 Fábricas de Celulose 1.905.262 178 19 281 0,015 Substituição de Combustível* 884 Usinas Termelétricas 132.024.150 - 1.320 260 1.294 Adição de Ciclo a Usinas de Ciclo Aberto* 16 Usinas Termelétricas 15.627.851 1.213 156 106 0,376 49 Concessionárias 17.177.454 1.333 172 9.148 6,25 tCO₂e/t milho tCO₂e/t soja tCO₂e/t arroz tCO₂e/t cana tCO₂e/t cana tCO₂e/t pasta de celulose tCO₂e/MW instalado/ano tCO₂e/MW instalado/ano tCO₂e/GWh fornecido 11 Empresas Transmissoras 3.241.364 - 32 7 1,18 Conexão de Sistemas Isolados* 42 Usinas Termelétricas 23.795.827 (555) 238 1.288 4.291 Eficiência Energética na Indústria de Ferrogusa e Aço 10 Empresas 6.734.774 523 67 14.244 43 Eficiência Energética na Indústria Química 39 Empresas 1.583.998 123 16 2.324 38 157 Fábricas de Papel/Celulose 8.476.666 658 85 435 49 9 Empresas 2.420.651 188 24 13 51 101 Empresas 4.715.133 366 47 1.065 47 n/d n/d 185.016 14 2 128 3 n/d n/d 5.753.259 446 58 457 16 n/d n/d 93.352 7 1 527 32 n/d n/d 2.260.995 175 23 135 29 Empresas 790.069 61 8 1.249 45 23.751.771 7.962 238 588 123 4.839.237 12.166 48 3.134 163 1.837.565 132 18 2.958 60 Eficiência Energética na Distribuição de Eletricidade Redução de Emissões de SF6 na Transmissão de Eletricidade Eficiência Energética na Indústria de Papel e Celulose Eficiência Energética na Indústria de Cimento Eficiência Energética na Indústria de Mineração e Pelotização Eficiência Energética na Indústria de Ferroligas Eficiência Energética na Indústria de Não ferrosos e Outros da Metalurgia Eficiência Energética na Indústria de Alimentos e Bebidas Eficiência Energética na Indústria Têxtil Eficiência Energética na Indústria de Cerâmica Eficiência Energética na iluminação Residencial Eficiência Energética no Aquecimento de Água Residencial Eficiência Energética em Refrigeradores Residenciais 300 1.145 297 585 Projetos (154.464 lâmpadas cada) Projetos (16.390 chuveiros cada) Projetos (12.092 refrigeradores cada) tCO₂e/MVA tCO₂e/MW instalado/ano tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 74 Setor de Combustíveis Fósseis para a Indústria Descrição dos Elos da Cadeia do Setor A cadeia do setor de combustíveis fósseis consumidos pela indústria pode ser dividida em três elos: produção; distribuição; e consumo/uso térmico na indústria. Os combustíveis fósseis consumidos na indústria dividem-se entre 2 grupos que apresentam processos produtivos específicos: hidrocarbonetos (que incluem derivados de petróleo e gás natural) e carvão mineral e derivados. Hidrocarbonetos Tanto a indústria de gás natural como a indústria de petróleo, podem ser divididas entre upstream e downstream. O upstream engloba as fases de exploração e de produção. Enquanto que na fase de exploração, são realizadas pesquisas e perfurações no campo, a fase de produção corresponde à prospecção do combustível, caso a atividade seja economicamente viável. Nesta etapa do processo, denominada E&P (Exploração e Produção), uma importante fonte de emissão corresponde às perdas de gás natural (venting) ao longo da prospecção e, especificamente no caso do petróleo, à destruição do gás natural nos flares e/ou à sua queima para geração de energia na plataforma. A Tabela 0-1 apresenta as reservas brasileiras de petróleo e de gás natural. É possível notar a maior presença de petróleo que de gás natural no território nacional. Segundo o PDE 2017, em função das novas descobertas, em especial dos campos de Tupi e Carioca, prevê-se que o volume das reservas dobre até 2011. Tabela 0-1 – Reservas de Combustíveis Fósseis (dezembro/2009) Reservas de Hidrocarbonetos no Brasil Petróleo (10³ m³) Gás Natural (106 m³) Medidas/Indicadas/Inventariadas 2.035.200 364.236 Inferidas/Estimadas 1.280.140 224.972 Total 3.315.340 589.207 Equivalência Energética (10³ tep) Fonte: BEN 200932. 1.815.398 361.686 Status Já no downstream existem diferenças sutis entre a produção de petróleo e gás natural. No caso do gás natural, essa etapa engloba as seguintes atividades: Processamento – separação dos componentes do gás em subprodutos prontos para utilização; Transporte – após seu processamento o gás natural pode ser transportado diretamente a grandes consumidores finais, ou para as distribuidoras; o transporte pode ser feito através de dutos, quando o combustível se encontra na fase gasosa, navios, barcaças ou caminhões, quando o GN se encontra em sua forma líquida (Gás Natural Liquefeito (GNL)), ou em cilindros, quando o gás natural é comprimido; Distribuição – entrega do produto aos consumidores finais. Na produção do petróleo, por sua vez, o downstream envolve as seguintes atividades: 32 Refino – no refino, o óleo cru é aquecido e, em função dos diferentes pontos de ebulição de seus componentes, é possível separar os componentes mais pesados dos mais voláteis, de modo a se obter os subprodutos do petróleo, que podem ser tanto energéticos como não energéticos; Transporte – assim como no caso do gás natural, após o refino, os derivados do petróleo podem ser transportados diretamente a grandes consumidores finais, ou para as distribuidoras; esse transporte pode ser feito por dutos (oleodutos) ou por navios, no caso de longas distâncias; Comercialização – venda dos produtos aos consumidores finais. Balanço Energético Nacional, 2009 – BEN 2009. Disponível em www.ben.epeg.gov.br/BENRelatorioFinal2009.aspx. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 75 Os consumidores finais dos derivados de petróleo e do gás natural podem ser tanto veículos, como unidades de geração de energia ou unidades industriais. No Brasil, a geração de energia na indústria a partir de derivados de petróleo e gás natural corresponde a 30% de toda a energia consumida nesse setor. A partir da Tabela 0-2, é possível perceber que, separadamente, esses dois tipos de combustíveis têm importância semelhante na geração de energia na indústria. Enquanto os derivados de petróleo representam 15% da geração energética nesse setor, a representatividade do gás natural é de 10%. Tabela 0-2 – Consumo de Energia na Indústria por Fontes: Derivados de Petróleo e Gás Natural Fontes Derivados de Petróleo Óleo Diesel Óleo Combustível Gás Liquefeito de Petróleo Querosene Outras Secundárias de Petróleo Gás Natural Eletricidade e Demais Combustíveis Total Fonte: BEN 200933. Consumo de Energia na Indústria 103 tep 12.467 750 3.981 784 3 6.949 8.453 61.407 % 15,1% 0,9% 4,8% 1,0% 0,0% 8,4% 10,3% 74,6% 82.327 Carvão Mineral e Derivados O carvão mineral pode ser encontrado tanto em grandes profundidades como em jazidas superficiais. A exploração (também chamada de lavra) pode ser feita por meio de túneis, quando carvão está localizado em camadas profundas, ou a céu aberto nos casos em que o minério se encontra em camadas mais superficiais. No Brasil, esse segundo tipo de exploração é o mais usual34. Segundo pode ser observado na Tabela 0-3, o território brasileiro conta com uma reserva de mais de 4 bilhões de toneladas de carvão mineral, entre reservas medidas e inferidas. Esse valor corresponde a quase cinco bilhões de tep (tonelada equivalente de petróleo). Tabela 0-3 – Reservas Brasileiras de Carvão Mineral (em dez/2009) Status Reservas de Carvão Mineral (106 t ) Medidas/Indicadas/Inventariadas 17.312 Inferidas/Estimadas 6.535 Total 23.847 Equivalência Energética (10³ tep) 4.726.176 Fonte: BEN 200935. Após ser extraído, o carvão segue para a fase de beneficiamento. Nessa fase, são eliminadas as impurezas presentes no minério, de modo a melhorar sua qualidade. Eventualmente, o carvão beneficiado é destilado de modo a se obter subprodutos mais termo eficientes, como o coque de carvão ou alcatrão36. Por fim, o carvão beneficiado (ou carvão lavado) será distribuído aos consumidores finais, via esteiras – no caso de trajetos muito curtos – ou via caminhões, trens ou navios. Alternativamente, o carvão também pode ser misturado à água, formando uma espécie de lama que é transportada por meio de dutos37. Conforme exposto na Tabela 0-4, o carvão mineral e seus derivados representaram, em 2008, 14% da geração de energia para a indústria, uma participação semelhante à dos combustíveis derivados de petróleo e do gás natural citados anteriormente, respectivamente 15% e 10%. 33 Balanço Energético Nacional, 2009 – BEN 2009. Disponível em www.ben.epeg.gov.br/BENRelatorioFinal2009.aspx. Atlas de Energia Elétrica do Brasil. Disponível em www.aneel.gov.br/arquivos/PDF/atlas_par3_cap9.pdf. Balanço Energético Nacional, 2009 – BEN 2009. Disponível em www.ben.epeg.gov.br/BENRelatorioFinal2009.aspx. 36 2006 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories. 37 Atlas de Energia Elétrica do Brasil. Disponível em www.aneel.gov.br/arquivos/PDF/atlas_par3_cap9.pdf. 34 35 PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 76 Tabela 0-4 – Consumo de Energia na Indústria por Fontes: Carvão Mineral e Derivados Fontes Consumo de Energia na Indústria 3 10 tep % Carvão Mineral 3.840 5% Coque de Carvão Mineral 6.704 8% 39 0% Outras Secundárias – Alcatrão Gás de Coqueria 1.065 1% Total Carvão Mineral e Derivados 11.648 14% Eletricidade e Demais Combustíveis 70.679 Total 86% 82.327 Fonte: BEN 200938. Descrição das Principais Fontes de Emissão de GEE e Oportunidades de Mitigação de Emissão Como definido na seção 1 desse Relatório, a cadeia do setor de combustíveis fósseis para a indústria, predominantemente derivados de petróleo, gás natural (GN) e carvão mineral, é divida em 3 elos: elo 1: produção do combustível fóssil; elo 2: transporte/distribuição do combustível fóssil; e elo 3: consumo/uso térmico de combustíveis nas unidades industriais. No elo 1, que compreende a etapa de exploração & produção (E&P) de hidrocarbonetos e de extração de carvão mineral das minas, as fontes de emissão de gases de efeito estufa (GEE) correspondem ao venting de CH₄ (em português: gás ventilado), à combustão do gás nos flares e à combustão do gás para geração de energia na planta. As emissões de GEE passíveis de serem reduzidas tradicionalmente ocorrem nas atividades de E&P e nas minas de extração de carvão mineral, em que as jazidas exploradas podem apresentar certa concentração de metano. Dentre as medidas de redução destas emissões, é possível destacar: aumento da captura do gás ventilado e queimado e maior aproveitamento do gás associado para geração de energia na planta. Já no elo 2, que consiste no transporte/distribuição do combustível fóssil, os vazamentos de g s natural (CH₄) que ocorrem durante seu transporte por gasodutos correspondem à principal fonte de emissão. Assim, dentre as medidas de redução de emissões, destacam-se projetos que visam ao aumento da vedação dos dutos ou das estações de distribuição de gás. No elo 3, isto é, consumo, as emissões ocorrem predominantemente em fontes estacionárias, em que os combustíveis fósseis são queimados para gerar energia elétrica, motor ou térmica nas plantas. Reduções de emissão podem ser efetuadas a partir de iniciativas de redução da demanda de energia na planta ou de utilização de combustíveis menos poluentes na geração de energia. Isto é, podem ser implementadas tanto medidas de substituição de combustíveis fósseis por combustíveis renováveis ou menos carbono intensivos, quanto iniciativas de aumento de eficiência energética dos equipamentos e processos. Conforme indicado na Tabela 0-5, no ano de 2005, as emissões geradas pela queima de combustíveis fósseis na indústria (elo 1) representaram 87% do total das emissões de GEE ocorridas em toda cadeia dos combustíveis fósseis direcionados à indústria, no Brasil. Já as emissões associadas à produção e ao transporte desses combustíveis corresponderam a 13% das emissões do setor. Portanto, é possível que medidas de redução das emissões ocorridas no elo 3 possam representar um maior potencial comparativamente àquelas referentes aos elos 1 e 2 (ainda que essas também sejam relevantes). 38 Balanço Energético Nacional, 2009 – BEN 2009. Disponível em www.ben.epeg.gov.br/BENRelatorioFinal2009.aspx. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 77 Tabela 0-5 – Emissões de GEE no Setor de Combustível Fóssil para Indústria (2005) Emissões de GEE – 2005 Setor de Combustível Fóssil para Indústria CO₂ CH₄ N₂O CO₂e 117.754 87% 18.050 13% 135.804 100% (Gg) Queima de combustível fóssil na indústria (Elo 3) 114.620 71 5 Indústria Siderúrgica 46.418 41 ND* Indústria Química 14.746 ND ND* Outras Indústrias 53.456 30 ND* Produção e distribuição (Elos 1 e 2) 13.913 197 ND* Mineração de carvão 1.792 49 ND* Extração e transporte de petróleo e GN 12.121 148 ND* Total no setor 128.533 268 Fonte: Inventário Brasileiro das emissões e remoções antrópicas de gases efeito estufa (2009)39. *ND: Não disponível. ND Emissões nos Elos (%) O Quadro 0-1 apresenta as fontes de emissão de GEE em cada elo do setor, as potenciais iniciativas de redução de emissão, bem como as metodologias de linha de base e monitoramento existentes no MDL que são aplicáveis a cada iniciativa. Observa-se que as potenciais iniciativas de redução de emissão de GEE em cada elo da cadeia desse setor são: elo 1 (produção do combustível fóssil): flare e/ou ventilação do gás metano associado ao petróleo bruto, flare do gás residual em refinarias de petróleo e ventilação, flare e consumo de gás metano em minas de carvão mineral. elo 2 (distribuição/transporte do combustível fóssil): vazamento de gás natural nos dutos; e elo 3 (consumo/uso térmico nas plantas): queima de combustíveis fósseis na indústria. Quadro 0-1 – Emissões de GEE e Iniciativas Mitigadoras de Emissões na Cadeia do Setor de Combustíveis Fósseis para a Indústria Fontes de Emissão Linha de Base CO₂ Fontes de Emissão Linha de Base Fontes de Emissão Linha de Base CO₂ CH₄ CH₄ CH₄ Recuperação de gás associado ao petróleo bruto Redução de vazamento de GN na rede de distribuição Recuperação de gás residual de refinaria Substituição de Combustíveis por gás natural Substituição de Combustíveis por biomassa Eficiência Energética – Otimização de sistemas de vapor Eficiência Energética – Introdução de novos processos/equipamentos Eficiência Energética – Melhoria/Otimização de combustão Eficiência Energética – Recuperação de calor em fornos Metodologias e Linha de Base Metodologias de Linha de Base Metodologias de Linha de Base AM0077 AM0023 ACM0003 ACM0012 AM0037 AM0043 ACM0009 AM0017 AM0009 AM0049 AM0018 AM0055 AMS-III.B. AMS-II.D. AMS-III.P AM0007 AM0056 AMS-II.F. AM0044 ACM0003 AM0068 AM0036 AM0060 AMS-III.B. NM0338 AMS-II.F. AM0054 AMS-I.C AM0024 NM0337 ACM0012 NM0282 AMS-II.I. AM0076 39 Inventário Brasileiro das Emissões e Remoções Antrópicas de Gases Efeito Estufa: Informações e Valores Preliminares (2009). PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 78 Iniciativas de Redução de Emissão de GEE no Elo 1 A Tabela 0-6 apresenta o número de projetos de redução de emissões de GEE propostos no MDL que se enquadram no Elo 1 e se encontram nas seguintes etapas do processo no Brasil: validação, já validados e registrados. Também são apresentados: o potencial total e médio de redução de emissão gerada por esses projetos, bem como o número de projetos propostos no resto do Mundo (que se encontram nas etapas de validação, já validados e registrados). De acordo com a Tabela 0-6, no Brasil, ainda não foi desenvolvido nenhum projeto de MDL referente à produção de combustíveis fósseis para nenhuma das iniciativas identificadas. Por outro lado, no resto do mundo, existe um total de 113 projetos propostos no MDL. Tabela 0-6 – Projetos de Produção de Combustível Fóssil (Elo 1) Elo 1 – Produção de Combustível Fóssil Iniciativas de Redução de Emissão – Projetos de MDL Recuperação de gás associado em poços de petróleo Recuperação de gás residual de refinaria Metodologias de Linha de Base Projetos de MDL no resto do Mundo Projetos de MDL no Brasil Número de Projetos em validação Número de Projetos validados Número de Projetos registrados Número de Projetos rejeitados Total de Projetos desenvolvidos * Potencial total de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)* Potencial médio de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)* Número total de Projetos desenvolvidos* AM0077 - - - - - - - - AM0037 - - - - - - - 6 AM0009 - - - - - - - 30 AM0055 - - - - - - - 5 AMS-III.P - - - - - - - 5 Fonte: Própria com base na CQNUMC e CD4-CDM40. As iniciativas de redução de emissões no Elo 1 são descritas nas subseções abaixo. Projetos de Redução de Emissões de GEEs Relacionados à Produção de Combustíveis Fósseis Recuperação e Aproveitamento de Gás Associado ao petróleo bruto Frequentemente, no processo de prospecção de petróleo bruto, extrai-se também uma parcela de gás natural que pode estar dissolvida no petróleo, ou sob a forma de uma camada de gás livre sobre o petróleo. As possíveis destinações desse gás associado são várias, dentre as quais se destacam: injeção de gás no reservatório, queima de gás nos flares, ventilação do gás41, consumo de gás na plataforma para geração de energia e transporte de gás através de dutos para terra ou plataformas de liquefação para ser posteriormente vendido. Com base nas metodologias AM0037 e AM0009, as emissões de linha de base são geradas pela ventilação e queima do gás (seja no flare ou no consumo na plataforma). Portanto, projetos de recuperação de gás associado ao petróleo bruto visam a reduzir as emissões na plataforma através do aproveitamento (ou do aumento do aproveitamento) do gás associado para venda e/ou geração de energia na plataforma. Avaliação Técnica Neste estudo, foi avaliado o potencial de aproveitamento desse gás nas plataformas. Vale lembrar que já existem plataformas que aproveitam o gás associado, mas 11% da produção nacional ainda é desperdiçada42. Isto se deve ao fato de a maior parte do petróleo brasileiro ser extraída offshore, o que dificulta e encarece o seu transporte e venda a tal ponto que, com exceção de plataformas voltadas exclusivamente à exploração de gás natural, seu aproveitamento torna-se financeiramente inviável. Desse modo, a viabilização desse tipo de projeto exige considerável esforço de pesquisas por parte das empresas. 40 A pesquisa foi feita no mês de agosto nos Websites da CQNUMC e CD4-CDM. Disponível em http://cdmpipeline.org e //www. unfccc.int. A Agência Nacional de Petróleo – ANP – divulga anualmente o volume de gás que pode ser queimado no flare e ventilado em cada plataforma. Dado fornecido pela Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (ABRACE). Disponível em http://www.abrace.org.br/port/noticias/ler.asp?id=18409. 41 42 LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 79 Algumas simplificações foram feitas no cálculo do potencial desse projeto: considerou-se que não há ventilação de gás associado; de todo o gás associado recuperado, 50% será aproveitado na atividade de projeto; e o gás associado recuperado substituirá o óleo combustível na plataforma. Os resultados foram obtidos para os campos de petróleo offshore brasileiros que, juntos, produzem mais de 100 milhões de m³ por ano. Ressalte-se que este estudo não contempla os campos recém-descobertos do pré-sal, devido à falta de dados disponíveis. Por conservadorismo, a estimativa do número de oportunidades de replicação desse projeto, considerou-se uma plataforma por campo – apesar de, em geral, haver mais de uma. O detalhamento da fórmula aplicada para estimar a redução de emissões desse projeto é feito, a seguir: Tabela 0-7 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da linha de base BE *tCO₂e+ = Vrec [m³] * PCIGN [GJ/m³] * FEGN *tCO₂e/GJ+ Vrec [m³] = Vqueimado [m³] * frec Emissões do Projeto PE *tCO₂e+ = feProjeto *tCO₂e/m³ de g s recuperado]* Vrec [m³] Vrec [m³] = Vqueimado [m³] * frec Redução de Emissão RE = BE – PE Tabela 0-8 – Parâmetros para cálculo de recuperação e aproveitamento de gás associado ao petróleo Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte 56,15 kgCO₂e/GJ 2 Fator de Emissões de Projeto 0,00067 t CO₂e/m³ de gás recuperado 6 PGA Produção total de gás natural associado em 2009 16.976 106 m³ 1 PP Produção total de petróleo em 2009 711.883 10³ barris 1 RGO2009 Razão Gás-Óleo média em 2009 23,85 m³ de gás associado/barril de petróleo calculado - Fator de conversão de barril para m3 6,29 barril de petróleo/m³ de petróleo 5 QGN Queima e perda de gás natural em 2009 3.424 106 m³ 1 - Razão Queima/Produção de gás associado 20,2% % Calculado frec Fator de recuperação Gás recuperado/Gás queimado 50% % pressuposto PCIGN Conteúdo de Energia do gás natural 0,032 GJ/m³ 3 FEGN Fator de Emissão do gás natural FEProjeto Fontes: 1 ANP "ANUÁRIO ESTATÍSTICO BRASILEIRO DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS – 2010". Disponível emwww.scribd.com/doc/37627928/Anuario-EstatisticoBrasileiro-do-Petroleo-Gas-Natural-e-Biocombustiveis-2010. 2 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 3 Balanço energético Nacional 2009 (BEN 2009) 4 Manual de Procedimentos de Estimativas de Reservas. Petrobras. 5 Disponível em http://www2.petrobras.com.br/ri/port/DestaquesOperacionais/ExploracaoProducao/ManualProcedimentos_ConversaodeUnidades.asp. 6 Valor médio das emissões de projeto contidas nos seguintes PDDs: 7 PDD em validação "Recovery and Utilization of Associated Gas at Pondok Tengah LPG Plant – PT. Yudistira Energy" – Version 1 – 01/10/2010. 8 PDD em validação "Tres Hermanos Oil Field Gas Recovery and Utilization Project" – Version 01 – 08/05/2007. 9 PDD em validação "OML 123 Offshore Associated Gas Capture and Utilization Project, Nigeria" – Version 01.2 – 11/09/2009. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-9 apresenta os resultados desse estudo sobre o potencial replicação desse projeto no Brasil, contemplando as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Esses resultados resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 80 Tabela 0-9 – Resultados do Projeto de Recuperação e Aproveitamento de Gás Associado em Plataformas Descrição Valor Unidade 0,559 tCO₂e/(10 m gás associado x ano) Redução de Emissão anual 1.914.594 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 19.145.942 tCO₂e 44 plataformas 435.135 tCO₂e Fator de redução de emissão anual Número de projetos* Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo unitário de investimento 3 3 191.459.420 US$ N/D** US$/m3 de gás associado Custo do Investimento N/D** US$ * A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível. Barreiras à Implementação do Projeto Conforme citado anteriormente, o aproveitamento de gás associado – isto é, o projeto aqui proposto – já é prática comum nas plataformas brasileiras de extração de petróleo offshore. Teoricamente, as plataformas offshore queimam exclusivamente gás associado na geração de energia e, somente aquela parcela que não pôde ser aproveitada é queimada no flare. No entanto, segundo reportado pela Abrace (2010), o percentual queimado e ventilado ainda é elevado (11% do total da produção total de gás natural). Desse modo, a atual falta de possibilidades de aproveitamento do gás e a necessidade de investimentos para a pesquisa para a expansão e viabilização de alternativas pode representar uma barreira à replicação do projeto. Recuperação e Aproveitamento de Gás Residual em Refinarias O gás residual corresponde ao gás que é gerado como subproduto em diferentes fases do processo de refino do petróleo. Em geral, o gás residual é posteriormente direcionado aos flares para ser queimado, gerando emissões de CO₂, tanto devido à combustão do próprio g s, como à queima de outros combustíveis para geração de vapor no flare. Projetos de aproveitamento do gás residual para geração de energia térmica na planta, portanto, favorecem a redução de emissão, evitando a emissão proveniente da queima de combustíveis fósseis para a geração de vapor no flare, bem como a emissão gerada pela queima de combustíveis fósseis na geração de energia térmica na planta. A avaliação do potencial de redução de emissão desse projeto no Brasil baseou-se na metodologia aprovada de grande escala AM0055. Avaliação Técnica Segundo o Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) (2010), o Brasil conta hoje com um total 13 refinarias que juntas processam quase 2 milhões de barris de óleo cru por dia. Após uma pesquisa por dados dessas refinarias chegou-se a uma relação estimada de quais unidades já realizam aproveitamento de gás residual, de modo a obter uma aproximação de quantos projetos potenciais existem no território nacional. Assim, concluiu-se que do total de refinarias, 8 representam potenciais projetos de aproveitamento de gás residual. O potencial de redução de emissões do projeto, foi determinado a partir das fórmulas expostas e dos parâmetros descritos na Tabela 0-11. Tabela 0-10 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da linha de base BE *tCO₂e/ano+ = QGRA [t/ano] x (PCIGR [TJ/1000t])/1000 x COC [tC/tOC] x 44/12 Emissões do Projeto PE *tCO₂e/ano+ = QGRA [t/ano] x CGR [ tC/tGR] x 44/12 Redução de Emissão RE *tCO₂e+ = BE *tCO₂e+ – PE *tCO₂e+ LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 81 Tabela 0-11 – Parâmetros para cálculo de recuperação e aproveitamento de gás de refinaria Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte 1.123.277 tep 4 16.183.904,4 t 3 0,069 tep/t petróleo calculado Quantidade de Gás Residual produzida por Quantidade de Petróleo Processado 2 % 2 Quantidade recuperável do gás residual 90 % 2 Fator de Conversão de barril/dia para tonelada/ano 49,8 - 1 PCIGR Poder Calorífico Inferior do gás residual 47,31 TJ/10^3 ton 2 PCIOC Poder Calorífico Inferior do óleo combustível 9.590 kcal/kg 5 PCIOC Poder Calorífico Inferior do óleo combustível 40.151,41 kJ/kg calculado PCIOC Poder Calorífico Inferior do óleo combustível 40,15 TJ/10^3 t calculado Ftep-TJ Fator de Conversão de tep para TJ 0,042 - 5 CGR Conteúdo de Carbono do Gás Residual 0,79 tC/tGR 2 QOC Quantidade de óleo Combustível consumida no setor de refino em 2006 QPP Quantidade de Petróleo Processada em 2006 QOC/QPP Consumo específico de óleo Combustível por petróleo processado QGR,y/Qp RQGR, Fba/td COC Conteúdo de Carbono do Óleo Combustível 21,1 tC/TJ 2 Fontes: 1 Tn Petróleo. "Tabelas de Conversão Petróleo e Gás". Disponível em www.tnpetroleo.com.br/pdfs/tab_conver _petro_gas_sda.pdf. Acesso em 25/10/2010. 2 DE GOUVELLO et al."Low-carbon Energy Projects for Development in Sub-Saharan Africa". World Bank. Washington D.C., 2008. 3 Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo Gás Natural e Bicombustíveis 2010". Disponível em www.scribd.com/doc/37627928/Anuario-Estatistico-Brasileiro-do-Petroleo-GasNatural-e-Biocombustiveis-2010. Acesso em 11/10/2010. 4 HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". Disponível em www.ppe.ufrj.br/ppe/production/tesis/mauricio_junior.pdf. Acesso em 25/10/2010. 5 EPE/MME. Balanço Energético Nacional 2010. Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 25/10/2010. 6 UNFCCC. PDD "Recovery and utilization of flare waste gases at the Industrial Complex of Luján de Cuyo". Disponível em http://cdm.unfccc.int/UserManagement/FileStorage/3ROAET89Y5K4FIHSMCJ21NWPVQ6GXU. Acesso em 25/10/2010. 7 UNFCC "AM005 – Baseline and Monitoring Methodology for the recovery and utilization of waste gas in refinery facilities". Tn Petróleo. Disponível em www.tnpetroleo.com.br/noticia/ 16728/pqu-e-petrobras-assinam-contrato-de-fornecimento-de-gas-residual . Acesso em 11/10/2010. 8 Refap (site). Disponível em www.refap.com.br/refapunidades.asp. Acesso em 11/10/2010. 9 Prefeitura de Cubatão (site). Disponível em www.cubatao.sp.gov.br/publico/index.php?option=com_content&view=article&id=2083:presidente-lula-estara-em-cubatao-naquarta-10-para-inaugurar-termeletrica-na-refinaria&catid=10:noticias-da-cidade&Itemid=50. Acesso em 1/10/2010. 10 Governo do Rio Grande do Norte. "Perfil do seu município – Guarmaré". Disponível em www.idema.rn.gov.br/governo. Acesso em 11/10/2010. 11 UNFCCC. "Project Arcelor Mittal Aços Longos: Blast Furnace Gas (BFG) – Waste Energy Use Project Activity". Disponível em http://cdm.unfccc.int/UserManagement/FileStorage/9KGRE3LV2YNC41ITO7J0HZS5FXAWDU. Acesso em 25/10/2010. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A seguir, são apresentados os resultados desse estudo sobre o potencial de replicação desse projeto no Brasil, contemplando as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados na Tabela 0-12 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-12 – Resultados do Projeto de Recuperação e Aproveitamento de Gás Residual em Refinarias Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de projetos* Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento Valor Unidade 13,74 tCO₂e/(103 t óleo processado x ano) 564.017 tCO₂e/ano 5.690.173 tCO₂e 8 refinarias 711.272 tCO₂e 56.901.740 US$ N/D** US$ * A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível. Barreiras à Implementação do Projeto Atualmente, não há nenhum projeto de recuperação de gás residual de refinaria desenvolvido no Brasil, no âmbito do MDL. No entanto, é possível associar as principais barreiras enfrentadas por projetos de recuperação de gás residual de refinaria em outros locais às possíveis barreiras à sua implantação no País. Diferente do gás combustível de refinaria, o gás residual tem ritmo de deslocamento, temperatura, pressão e peso molecular suscetíveis a grandes variações, o que acarreta numa barreira técnica para desenvolvimento do compressor e do sistema completo de aproveitamento do mesmo. Além disso, devido à sua composição, o gás flare é altamente explosivo, podendo causar danos aos equipamentos e aos funcionários, em caso de acidente. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 82 Muitos dos projetos registrados também apontaram como barreira a ausência de mão de obra qualificada local com conhecimento dos novos processos a serem instalados. Por fim, há poucos fornecedores dos serviços de manutenção e reposição no mundo para esse tipo de projeto. Vale ressaltar que, em um caso específico43, apenas um fornecedor disponível no mundo foi encontrado, o que é uma barreira per se. Recuperação e Aproveitamento de Metano Associado à Extração do Carvão Assim como ocorre em jazidas de petróleo, usualmente, jazidas de carvão mineral apresentam determinadas concentrações de gás metano que podem acabar sendo liberadas para atmosfera, caso não haja nenhum equipamento de controle desse gás. Assim, a instalação de tecnologias de captura e aproveitamento desse metano na lavra do carvão pode representar uma alternativa de redução de emissão nesta atividade. No entanto, no Brasil existem poucas estimativas da concentração de metano das minas nacionais. A pesquisa mais recente no assunto, realizada no Segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa, do MCT, encontrou níveis extremamente baixos de concentração de metano das minas de carvão brasileiras. O estudo, portanto, optou pela aplicação dos valores defaut fornecidos pelo IPCC (2006), que são significativamente maiores, e as emissões dessa atividade ainda permaneceram pouco significantes. Portanto, no presente estudo, optou-se por não calcular o potencial de redução de emissão desse projeto. Iniciativas de Redução de Emissão de GEE no Elo 2 O Quadro 0-1 apresenta o número de projetos de redução de emissão de GEEs propostos no MDL que se enquadram no elo 2 e se encontram nas seguintes etapas do processo no Brasil: validação, já validados e registrados. Também são apresentados: o potencial total e médio de redução de emissão gerada por esses projetos, bem como o número de projetos propostos no resto do mundo (que se encontram nas etapas de validação, já validados e registrados). Como pode ser verificado no Quadro 0-1, existe somente um projeto de distribuição de gás natural já proposto no âmbito do MDL. Esse projeto já foi validado pela Entidade Operacional Designada (EOD) e encontra-se na etapa de solicitação de registro na Convenção Quadro das Nações Unidas de Mudança do Clima (CQNUMC). Seu potencial de redução corresponde a 7,7 ktCO₂e/ano. No resto do mundo, oito projetos j foram propostos no âmbito do MDL. Com base nas metodologias AM0023 e AM0043, as emissões de GEE na linha de base do tipo de projeto em questão são geradas pelo vazamento do g s natural que resulta na liberação de CH₄ na atmosfera. Portanto, iniciativas de redução do vazamento correspondem à substituição de dutos antigos por novos e mais vedados, ou ainda à implementação de compressores de tubulações (em inglês, pipeline compressors) ou de gate stations. Quadro 0-2 – Projetos de Transporte de Combustível por Dutos Elo 2 – Transporte de Combustível via Dutos Iniciativas de Redução de Emissão – Projetos de MDL Metodologias de Linha de Base Redução de vazamento de GN na rede de distribuição AM0043 Projetos de MDL no Mundo Projetos de MDL no Brasil Número de Projetos em validação Número de Projetos validados Número de Projetos registrados Número de Projetos rejeitados Total de Projetos desenvolvidos * Potencial total de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)* Potencial médio de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)* Número total de Projetos desenvolvidos* 0 1 0 0 1 8 8 0 44 Fonte: Própria com base na CQNUMC e CD4-CDM . 43 44 Flare Gas Recovery system (FGRS) at Barauni Refinery of Indian Oil Corporation Limited. A pesquisa foi feita no mês de agosto nos Websites da CQNUMC e CD4-CDM. Disponível em http://cdmpipeline.org e www.unfccc.int. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 83 Projetos de Redução de Emissões de GEEs Relacionados à Distribuição de Combustíveis Fósseis Redução de Vazamento de Gás Natural em Gasodutos Conforme descrito anteriormente, ao longo das redes de distribuição de gás natural podem existir focos de vazamento, acarretando a liberação de CH₄ na atmosfera. Essa emissão pode ser ainda superior se o material que constitui os dutos da rede de distribuição for ferro fundido, como é o caso das redes mais antigas. Uma alternativa para reduzir as emissões relativas à distribuição de gás natural, portanto, constitui a substituição dos dutos antigos de ferro fundido por dutos novos, de polietileno, ou com proteção catódica. Avaliação Técnica Após uma longa pesquisa entre a listagem das empresas concessionárias estaduais de distribuição de gás natural45, foi possível identificar duas empresas aplicáveis ao projeto: Comgás e CEG, uma vez que ambas ainda possuem dutos de ferro fundido na extensão total de suas redes de distribuição. O potencial de redução de emissões do projeto, foi calculado a partir dos parâmetros descritos na Tabela 0-13 e Tabela 0-14 e das fórmulas evidenciadas abaixo. Tabela 0-13 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da linha de base EFOP = 0,00357 x FCH₄ CH₄BEy *tCH₄+ = CH₄BE0 *tCH₄+ – (Σ NPBk – NOPy) [m] x (EFOP – EFNP) *tCH₄/m+ CH₄BE0 *tCH₄+ = OP x EFOP *tCH₄+ BEy *tCO₂e+ = CH₄BEy *tCH₄+*GWPCH₄ *tCOe/tCH₄+ Emissões do Projeto EFNP = 0,00021 x FCH₄ CH₄PEy *tCH₄+ = CH₄BE0 *tCH₄+ – (ΣNPBk – NPPy) [m] x (EFOP – EFNP) *tCH₄/m+ PEy *tCO₂e+ = CH₄PEy *tCH₄+*GWPCH₄ *tCOe/tCH₄+ Redução de Emissão REy *tCO₂e+ = BEy *tCO₂e+ – PEy *tCO₂e+ Tabela 0-14– Parâmetros para o cálculo de substituição das redes de distribuição de gás natural Parâmetro GWPCH₄ CH₄BE0,CEG CH₄BE0,COMGÁS OPCEG OPCOMGÁS FCH₄ EFOP EFNP NOPy Descrição Potencial de aquecimento global para o metano Emissão da CEG de CH₄ na Linha de Base no ano 0 Emissão da COMGÁS de CH₄ de Linha de Base no ano 0 Extensão dos dutos de ferro fundido a serem substituídos na CEG Extensão dos dutos de ferro fundido a serem substituídos na COMGÁS Fração de massa de metano no Gás Natural Fator de Emissão de CH₄ dos dutos de ferro fundido Fator de Emissão de CH₄ dos dutos de polietileno Comprimento da rede substituída e não operacional até o ano y %NPBk Taxa de média de substituição dos dutos na linha de base %NPP Taxa média de instalação de novos dutos NPBCEG NPPCEG NPBCOMGÁS NPPCOMGÁS y Substituição média dos dutos da CEG na Linha de Base Substituição média dos dutos da CEG no Cenário de Projeto Substituição média dos dutos da COMGÁS na Linha de Base Substituição média dos dutos da COMGÁS no Cenário de Projeto Duração total do projeto CI Custo unitário do Investimento Valor 21 1.652,96 2.204,55 497.864 664.000 93 0,0033201 0,000195 0,00 Unidade tCO₂e/tCH₄ tCH₄/ano tCH₄/ano m m % tCH₄/m*ano tCH₄/m*ano m 1,24 % 4,66 % 6.177,57 23.177,79 8.239,02 30.912,17 10 m m m m anos R$/m de duto de polietileno 246,90 Fonte 1 calculado calculado 2 3 2 2 2 2 Calculado com base nos valores de NPB dos quatro anos iniciais, fornecidos pelo PDD da CEG, UNFCCC (2) Calculado com base nos valores de NPB dos quatro anos iniciais, fornecidos pelo PDD da CEG, UNFCCC (2) calculado calculado calculado calculado premissa 2 Fontes: 1 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 5. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 2 UNFCCC. PDD – “Replacement of CEG’s cast iron natural gas distribution grid with polyethylene in Rio de Janeiro – Version 01 – 16-01- 2009”. Disponível em http://cdm.unfccc.int/UserManagement/FileStorage/10INRO4VMBD2LH8F3S75CYAKZGPTE9. 3 COMGÁS Relatório Anual Comgás 2009. pg 51. Disponível em www.comgas.com.br/relatorio_anual_2009/pdf/Book_RA_Comgas.pdf. Acessado em 26 de outubro de 2010. 4 UNFCCC. AM0043 – “Leak reduction from a natural gas distribution grid by replacing old cast iron pipes or steelpipes without cathodic protection with polyethylene pipes". Disponível em http://cdm.unfccc.int/UserManagement/FileStorage/CDMWF_AM_CF8ZNUVP8A86TOUTNQTH9S6NJQW7J7. 45 Essa listagem pode ser obtida a partir do website da Gasnet: http://www.gasnet.com.br/. Acesso em 01/11/2010. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 84 Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-15 apresenta o resumo dos resultados desse projeto, com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto Os resultados apresentados na Tabela 0-15 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-15 – Resultados do projeto de substituição de dutos nas redes de distribuição de gás natural Descrição Valor Unidade 0,53 tCO₂e/m duto x ano Redução de Emissão anual média* 11.874 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 237.476 tCO₂e 2 unidades Fator de redução de emissão anual Número de projetos** Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Contribuição à matriz energética Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento 118.738 tCO₂e 6.530 MWh/ano 1.187.380 US$ 385.186.015 US$ * Nesse projeto, a redução de emissão varia anualmente. **A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Barreiras à Implementação do Projeto O único projeto de Redução de Vazamento na Rede de Distribuição de Gás Natural no âmbito do MDL desenvolvido no mundo é brasileiro: “Replacement of CEG’s cast iron natural gas distribution grid with polyethylene in Rio de Janeiro”. O Documento de Concepção do Projeto, no entanto, optou por demonstrar sua adicionalidade pelo resultado da análise econômico-financeira, seguida por análise de prática comum. No que concerne à prática comum, o DCP apontou que, com a exceção das redes da CEG e da Comgás (distribuidoras de gás, respectivamente, do Rio de Janeiro e de São Paulo), o restante das redes de distribuição não é constituído a ferro fundido. Ou seja, existem somente duas empresas nas quais esse projeto poderia ser aplicado, num universo de mais de 25 distribuidoras nacionais. Com isso, pode-se concluir que a falta de locais à aplicação do projeto constitui uma barreira em si para que mais projetos desse tipo sejam desenvolvidos no Brasil. Iniciativas de Redução de Emissão de GEE no Elo 3 A Tabela 0-16 apresenta o número de projetos de redução de emissão de GEEs propostos no MDL que se enquadram no elo 3 e se encontram nas seguintes etapas do processo no Brasil: validação, já validados e registrados. Também são apresentados: o potencial total e médio de redução de emissão gerada por esses projetos, bem como o número de projetos propostos no resto do mundo (que se encontram nas etapas de validação, já validados e registrados). Como pode ser observado na Tabela 0-16, no Brasil, já foram desenvolvidos 49 projetos de substituição de combustíveis e 10 projetos de eficiência energética. Com base nesses projetos do MDL, o potencial médio de redução de emissão de substituição de combustíveis varia entre 23-75 ktCO₂e/ano. J para projetos de efici ncia energética, o potencial médio é de 131 ktCO₂e/ano. No resto do mundo, verifica-se um total de 491 projetos de substituição de combustíveis e 473 projetos de eficiência energética já propostos no âmbito do MDL. Desses, 290 correspondem a projetos voltados especificamente à eficiência energética de sistemas de vapor. As iniciativas de redução de emissões no Elo 3 são descritas nas subseções a seguir. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 85 Tabela 0-16 – Projetos de Consumo/Uso térmico de Combustíveis Fósseis na Indústria Elo 3 – Consumo/Uso Térmico Iniciativas de Redução de Emissão – Projetos de MDL Substituição de Combustíveis por gás natural Substituição de Combustíveis por gás natural Eficiência Energética – Introdução de novos processos/equipamentos Eficiência Energética – Melhoria na Combustão Metodologias de Linha de Número de Número de Base Projetos em Projetos validação validados Número de Projetos registrados Número de Projetos rejeitados Potencial total de Potencial médio de Número total Total de Projetos Redução de Emissão Redução de Emissão de Projetos desenvolvidos* (ktCO₂e/ano)* (ktCO₂e/ano)* desenvolvidos* ACM0003 - - - - - - - 25 ACM0009 3 - - 1 3 220 73 9 AM0049 - - - - 0 - - 3 AM0007 - - - - - - - - AMS-III.B. 8 - 3 - 11 254 23 55 AMS-II.F. - - - - 0 - - 2 ACM0003 - - - - - - - 25 AM0036 3 - - 1 3 226 75 17 AMS-III.B. 8 - 3 - 11 254 23 55 AMS-II.F. - - - - 0 - - 2 AMS-I.C 19 6 6 1 32 1.030 33 355 NM0337 - - - - - - - - NM0282 - - - - - - - - AM0056 - - - - 0 - - - AM0068 - - - - 0 - - - AM0060 - - - - 0 - - - AM0044 - - - - 0 - - 1 NM0338 - - - - - - - - AMS-II.D. 3 - - - 3 51 17 149 AM0054 - - - - 0 - - - AM0017 - - - - 0 - - - - - - - 0 - - 15 275 Eficiência Energética – AM0018 Otimização de Sistemas de ACM0012 Vapor Eficiência Energética – Recuperação de Calor em Fornos Projetos de MDL no Mundo Projetos de MDL no Brasil 7 - - - 7 1.314 188 AM0076 - - - - 0 - - - AM0024 - - - - 0 - - 33 AMS-II.I. - - - - 0 - - - ACM0012 7 - - - 7 1.314 188 275 Fonte: Elaboração Própria com base na CQNUMC e CD4-CDM46. Projetos de Redução de Emissões de GEEs Relacionados ao Consumo de Combustíveis Fósseis De modo a organizar o cálculo e a adequá-lo aos dados de entrada disponíveis, a análise das oportunidades concretas de projetos de redução de GEEs no consumo de combustíveis fósseis na indústria foi realizada adotando a divisão por setores da indústria proposta pelo Balanço Energético Nacional, conforme disposto abaixo47: 46 47 Cimento; ferro-gusa e aço; mineração e pelotização; química; não ferrosos e outros metálicos; têxtil; alimentos e bebidas; papel e celulose; cerâmica; e outros. Para levantamento dos produtores independentes ver SINDIFER. Disponível em http://www.sindifer.com.br/Anuario_2007.html. Acesso em 10/10/2010. Nesta divisão setoriais da indústria, adotada pelo BEN, inclui-se também o setor de ferro-ligas. No entanto, como tal setor apresenta um baixo consumo de combustíveis fósseis, para fins de simplificação, ele não foi considerado nesta análise. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 86 Para inferir o potencial concreto dos projetos de redução de GEEs associado ao consumo de combustíveis fósseis na indústria, objetivou-se listar todas as empresas atuantes em cada setor bem como suas respectivas produções. Quando possível, foram identificadas também as unidades produtivas pertencentes a cada empresa. Nesses casos, o número de projetos corresponde ao somatórios das unidades produtivas dessas empresas. É o caso dos setores de ferro-gusa (produtores independentes), papel & celulose e de cimento. Quando não foi possível realizar tal desagregação, considerou-se que cada empresa desenvolveria um Programa de Atividades48 (PoA, do inglês Programme of Activities), que englobaria uma série de Atividades de Programa de MDL (CPA, do inglês CDM Programme Activity). Ressalte-se que o número de CPAs não foi definido no presente estudo, mas somente o número de potenciais PoAs. Essa abordagem foi adotada para os setores de ferro-gusa (usinas integradas) e aço, mineração e pelotização, química, alumínio primário e cerâmica. Já para os setores têxtil, de alimentos & bebidas e de não ferrosos e outros metálicos, para os quais não foram encontradas listagens de empresas atuantes, a análise partiu de uma abordagem bottom-up. As informações setoriais que viabilizaram uma análise em cada setor, são descritas abaixo. Cimento – De acordo com o DNPM (2009), existem 68 fábricas de cimento no Brasil distribuídas dentre 12 empresas, e só a Votorantim Cimentos responde por 21 fábricas ativas, que, juntas, produzem quase 20 milhões de toneladas de cimento por ano, o que corresponde a mais de 35% da produção nacional. Os dados de produção de cada fábrica foram estimados a partir de informações de capacidade de algumas fábricas, fornecidas pelo Global Cement Report 2010, de dados de produção estadual, fornecidos pelo DNPM (2009), além de dados específicos de determinadas empresas, que puderam ser obtidos em seus sítios na internet. Ferro-gusa e Aço – Segundo o IABr (2010), existem hoje no Brasil oito produtoras integradas de ferro-gusa, que juntas são responsáveis por 83% da produção nacional do metal. O restante (4 milhões de toneladas por ano), por sua vez, é produzido pelos 79 produtores independentes distribuídos pelo território nacional. Já em relação à produção de aço bruto, foram avaliadas nove unidades de produção, cujos dados de produção de aço bruto e de consumo de fontes energéticas foram obtidos a partir de documentos da ABM Brasil. Mineração & Pelotização – Para esse setor , recorreu-se à listagem das 100 maiores mineradoras brasileiras, fornecida pelo DNPM (2006), que, juntas somam 89% da produção nacional. Vale ressaltar que essa relação reflete o valor da produção vendida, pois somente assim é possível agregar os diferentes minérios explorados por cada empresa. Desse modo, recomenda-se que futuros estudos realizem uma análise desagregada por minério, de modo a evitar a distorção que a diferença de preços pode causar. Química – O setor químico é altamente complexo, com mais de 600 empresas operantes no Brasil, que produzem mais de 1000 diferentes produtos. Desse modo, visando a uma avaliação simplificada das oportunidades concretas de projetos de baixo carbono, optou-se por limitar a análise à produção de 13 químicos específicos, selecionados segundo a disponibilidade dos dados necessários à avaliação de tal potencial. A partir dos produtos químicos selecionados, foi feito um levantamento das empresas produtoras referentes de cada químico, a partir de dados da Abiquim (2009). As estimativas de produção por empresa estimadas a partir dos dados de capacidade nominal das empresas e da produção total de cada produto. Abaixo, são especificados os produtos químicos selecionados para a análise: 48 amônia; cloro; cloretos de polivinila (PVC); metanol; polipropileno; poliestireno; ácido sulfúrico; carbonato neutro de sódio; eteno; nitrato de amônio; polietileno (alta e de baixa densidade); ureia. Para informações referentes ao PoA, vide: http://cdm.unfccc.int/ProgrammeOfActivities/index.html LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 87 Papel & Celulose – Para esse setor, foi possível efetuar um levantamento de quase todas as empresas operando no Brasil, a partir dos dados fornecidos pela Bracelpa (2009). No total, foram levantados dados de 107 empresas produtoras de papel e de 35 empresas produtoras de celulose, representando respectivamente 89% e 97% da produção nacional. Alumínio – Os dados de produção de alumínio primário, bem como a listagem de empresas produtoras, foram extraídas de MCT (2010). Segundo indicado no documento, existem hoje no Brasil sete unidades produtoras de alumínio primário, que apresentam uma produção total de 1,5 milhão de toneladas de alumínio por ano. Alimentos e Bebidas/Têxtil/Não ferrosos e outros metálicos – Para esses setores, não foi possível obter dados desagregados por empresa. Portanto, nesses casos foi feita uma análise top-down. Cerâmica – O setor de cerâmica brasileiro ainda é razoavelmente desorganizado. Ainda que existam algumas associações, nenhuma delas apresenta dados de consumo de insumos ou de produção desagregada por empresa. Assim, os cálculos para esse setor foram feitos de forma top-down para as 300 empresas identificadas. Para tanto, assumiu-se que essas 300 empresas correspondem às maiores do setor (que, estimase, conta com 5.603 empresas), representando, juntas, 50% da produção nacional49. Substituição de Combustíveis A substituição de combustíveis corresponde a uma alternativa de redução de emissão que não requer a redução da quantidade de energia consumida na planta. Através da substituição dos combustíveis fósseis utilizados no cenário de linha de base por combustíveis renováveis ou menos carbonointensivos, é possível gerar uma mesma quantidade de energia, reduzindo as emissões de GEEs associadas a essa geração. O potencial de redução de emissão de GEEs depende, principalmente, da diferença entre o fator de emissão do combustível de linha de base e o fator de emissão do combustível substituto – quanto maior essa diferença, maior será o potencial de redução. 49 MME, 2009. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 88 PROJETO DESENVOLVIDO POR UMA FÁBRICA DE TIJOLOS NO EGITO Um projeto desenvolvido por uma fábrica de tijolos no Egito exemplifica a viabilidade de projetos de substituição de combustíveis fósseis por gás natural em fábricas de tijolos. Nesse projeto, 311 fornos Hoffmann sofreram conversão, de forma a poder queimar gás natural no lugar de óleo combustível. Para tanto, foi necessária a troca dos queimadores e dos sistemas de controle dos fornos, bem como a construção de uma conexão à rede de distribuição de gás natural, e a instalação de estações de compressão de gás. Com isto, foi possível reduzir as emissões associadas à queima de combustíveis. O desenvolvedor do projeto não estimou a receita proveniente da venda dos créditos de carbono, mas, assumindo-se um preço de 10 US$por tonelada de CO₂e reduzida, estima-se que essa receita possa alcançar o valor de US$4.303.500 ao ano, em 10 anos de creditação do projeto. Os demais detalhes do projeto estão expostos na Tabela 0-17. Tabela 0-17 – Exemplo: Substituição de Combustíveis Fósseis Parâmetro Custo do Investimento para a conversão – por fábrica Custo do Investimento para a conexão com a rede de gás natural – por fábrica Custo da Energia na Linha de Base Custo da Energia no Projeto Elevação dos custos de manutenção Taxa de desconto VPL – Sem a receita dos CERs Valor Unidade 300.000 EGP 52.174 US$ 294.118 EGP 51.151 US$ 546.167 EGP/ano 94.986 US$/ano 412.033 EGP/ano 71.658 US$ 21.250 EGP/ano 3.696 US$/ano 12 % -160,659 EGP Já outro projeto, desenvolvido na Índia, por uma fabricante de borracha, exemplifica a viabilidade técnica de projetos de substituição de combustíveis fósseis por biomassa. Esse projeto consiste na substituição de combustíveis fósseis por briquetes de biomassa. O projeto de substituição foi implementado em uma planta de produção de borracha da Lanxess India Pvt Ltd (LIPL), Thane, Maharashtra, India. Para reduzir as emissões de GEE, o projeto da LIPL envolve a conversão de dois boilers que utilizam combustível fóssil (principalmente LSHS e óleo de fornalha) para boilers capazes de utilizar briquetes de biomassa com combustíveis para produzir vapor necessário para processos na planta química, a demanda média de vapor é de cerca de 140 toneladas/dia. A geração de vapor pelo incinerador é de 33 toneladas/dia e 107 toneladas/dia é a geração de vapor da casa de boilers que consiste em 3 boilers. Esse projeto apresenta uma capacidade de redução de emissões de mais de 70 mil tCO₂e, o que se for adotado um valor de 10 US$/tCO₂e pode gerar uma receita de US$700 mil. Fontes: CQNUMC – Convenção-Quadro das Nações Unidas para Mudança do Clima. Project Database. Disponível em www.unfccc.int. Existem diversas metodologias de MDL aplicáveis às iniciativas de redução de emissão de GEE gerada pela substituição de combustíveis na indústria. Enquanto que as metodologias ACM0009 e AM0049 são aplicáveis a projetos de substituição de combustíveis carbonointensivos – por exemplo, óleo combustível, diesel – por gás natural, a AM0036 se aplica a projetos de substituição de combustíveis fósseis para resíduos de biomassa, tais como resíduos florestais e da agroindústria. Há também metodologias mais abrangentes, tais como a AMS-III.B. que se aplica a projetos de substituição de combustíveis fósseis em geral. Troca de Combustíveis Carbonointensivos por Gás Natural na Indústria Avaliação Técnica A metodologia é aplicada para a determinação do potencial de redução desse projeto foi a ACM0009. Para o cálculo do potencial de substituição de combustíveis carbonointensivos por gás natural na indústria, por simplificação, por considerar exclusivamente a substituição do óleo combustível nas indústrias, salvo nos casos em que dados específicos de consumo de combustível fóssil tenham sido obtidos. Uma vez que o óleo combustível é tradicionalmente queimado em caldeiras, sua substituição apresenta poucas limitações técnicas. Além disso, esse combustível é largamente utilizado entre os diversos setores industriais, permitindo que a estimativa abrangesse a maioria deles. A exceção foi o setor de transformação de ferro-ligas, uma vez que tal setor não consome óleo combustível (BEN, 2010). Por outro lado, para alguns setores específicos, considerouse também a substituição de outros combustíveis fósseis. É o caso no setor de aço e do setor de mineração & pelotização. Com isso, os setores abordados no cálculo foram os seguintes: LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 89 cimento; ferro-gusa & aço; mineração & pelotização; química; alumínio primário; não ferrosos & outros metálicos; têxtil; alimentos & bebidas; papel e celulose; e cerâmica. Nesses setores, o cálculo do potencial partiu de todas as empresas/unidades produtivas levantadas, e foram excluídas aquelas que não tinham acessibilidade a um gasoduto. Foram consideradas como não possuindo acessibilidade ao gasoduto aquelas unidades localizadas em estados que não têm um gasoduto passando por seu território, de acordo com o Anuário da ANP (2010). O potencial de redução de emissões do projeto, foi calculado a partir dos parâmetros descritos nos itens a seguir e das fórmulas evidenciadas abaixo. Tabela 0-18 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da linha de base BE *tCO₂e+ = QOC [GJ] * FEOC *tCO₂e/GJ+ Emissões do Projeto PE *tCO₂e+ = QOC [GJ] * FEGN *tCO₂e/GJ+ Redução de Emissão RE = BE – PE Potencial de redução de Emissões – Substituição de Combustíveis Carbonointensivos por Gás Natural no Setor de Cimento Tabela 0-19 – Parâmetros aplicados ao cálculo das oportunidades de Projetos Substituição de Combustíveis Carbonointensivos por Gás Natural no setor de cimento Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte 3,36 GJ/t cimento 1, 4, 5 0,8 % 2 9.930,00 kcal/kg 2 kJ/kg calculado 41,6 GJ/t calculado 77,65 kgCO₂e/GJ 3 kgCO₂e/GJ 3 CEECIMENTO Consumo Específico de Energia médio na Produção do cimento %OC Consumo de óleo combustível no setor de cimento como proporção do consumo total de energia PCIGN Poder Calorífico Inferior do Gás Natural PCIGN Poder Calorífico Inferior do Gás Natural 41574,924 PCIGN Poder Calorífico Inferior do Gás Natural FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível FEGN Fator de Emissão do Gás Natural 56,15 1 – EPE/MME. "Balanço Energético Nacional 2006". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2006.pdf. 2 – EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 3 – Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 4 – SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DO CIMENTO (SNIC). Site. Disponível em www.snic.org.br. 5 – INTERNATIONAL ENERGY AGENCY (IEA). Tracking industrial energy efficiency and CO₂ emissions. Paris, 2007. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-20 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para o setor de cimento, com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados a seguir resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 90 Tabela 0-20 – Resultados do Projeto de Substituição de Óleo Combustível por Gás Natural no Setor de Cimento Descrição Valor Unidade 0,001 tCO₂e/(t cimento x ano) Redução de Emissão anual 30.347 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 303.745 tCO₂e 68 fábricas Fator de redução de emissão anual Número de projetos* Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento 4.463 tCO₂e 4.749.520 US$ N/D** US$ * A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível Potencial de redução de Emissões – Substituição de Combustíveis Carbonointensivos por Gás Natural na Produção de Ferro-Gusa Tabela 0-21 – Parâmetros aplicados ao cálculo das oportunidades de Projetos Substituição de Combustíveis Carbonointensivos por Gás Natural na Produção de ferro-gusa Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte CEEFERRO-GUSA Consumo Específico de Energia médio na produção de Ferro-gusa e Aço 0,51 tep/ton 1 %OC Consumo de óleo combustível no setor de Ferro-gusa e Aço como proporção do consumo total de energia 0,80 % 3 FUPI Fator de Utilização da Capacidade Instalada dos Produtores Independentes 30,40 % 2 PCIGN Poder Calorífico Inferior do Gás Natural 9.930,00 kcal/kg 3 PCIGN Poder Calorífico Inferior do Gás Natural 41.574,92 kJ/kg calculado PCIGN Poder Calorífico Inferior do Gás Natural 41,57 GJ/t calculado FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,65 kgCO₂e/GJ 4 FEGN Fator de Emissão do Gás Natural 56,15 kgCO₂e/GJ 4 - Fator de Conversão do de tep para J 41,87*109 J/tep 3 Fator de Conversão do de tep para GJ 41,87 GJ/tep calculado 1 – Sindicato da Indústria de Ferro – SINDIFER. "Anuário 2007". Disponível em www.sindifer.com.br/Anuario_2007.html. Acesso em 10/10/2010. 2 – Instituto Aço Brasil. "Anuário Estatístico 2010", p.1/7. Disponível emwww.acobrasil.org.br/site/portugues/biblioteca/publicacoes.asp. Acesso em 27/10/2010. 3 – EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 4 – Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-22 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para o setor de ferro-gusa, com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados nesta tabela resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-22 – Resultados para o Projetos de Substituição de óleo Combustível por Gás Natural no Setor de Ferro-Gusa Descrição Valor Unidade 3,61 tCO₂e/(10^3 t ferro-gusa x ano) Redução de Emissão anual 90.849 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 908.493 tCO₂e Número de projetos* 73 + 8 PoAs unidades Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 11.356 tCO₂e 9.084.931 US$ N/D** US$ Fator de redução de emissão anual Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento * A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 91 Potencial de redução de Emissões – Substituição de Combustíveis Carbonointensivos por Gás Natural na Produção de Aço Tabela 0-23 – Parâmetros aplicados ao cálculo das oportunidades de Projetos Substituição de Combustíveis Carbonointensivos por Gás Natural na Produção de Aço Valor Unidade PCIGN Parâmetro Poder Calorífico Inferior do Gás Natural Descrição 9.930,00 kcal/kg Fonte 1 PCIGN Poder Calorífico Inferior do Gás Natural 41.574,92 kJ/kg calculado PCIGN Poder Calorífico Inferior do Gás Natural 41,6 GJ/t calculado FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,65 kgCO₂e/GJ 3 FEOD Fator de Emissão do Óleo Diesel 74,25 kgCO₂e/GJ 3 FEGN Fator de Emissão do Gás Natural 56,15 kgCO₂e/GJ 3 CCCMM Conteúdo de Carbono do Carvão Mineral Metalúrgico 25,80 tC/TJ 3 CCCMM Conteúdo de Carbono do Carvão Mineral Metalúrgico 0,0258 tC/GJ calculado CCCMA Conteúdo de Carbono do Carvão Mineral Antracito 26,80 tC/TJ 3 CCCMA Conteúdo de Carbono do Carvão Mineral Antracito 0,0268 tC/GJ calculado CCCqP Conteúdo de Carbono do Coque Metalúrgico 29,50 tC/TJ 3 CCCqP Conteúdo de Carbono do Coque Metalúrgico 0,0295 tC/GJ calculado CCCqP Conteúdo de Carbono do Coque de Petróleo 27,50 tC/TJ 3 CCCqP Conteúdo de Carbono do Coque de Petróleo 0,0275 tC/GJ calculado 1 – EPE/MME. "Balanço Energético Nacional 2010" United States Environmental Protection Agency (USEPA), 2001. Calculating CO₂ process emissions from Cement Production (Cementbased Methodology). 2 – ABM Brasil. Anais do XXVIII Seminários de Balanços Energéticos e Utilidades e XXII Encontro de Produtores e Consumidores de Gases Industriais. Disponível em www.acobrasil.org.br/site/portugues/biblioteca/obras-fonte.asp?codF=201&fonte=ABM%20Semin%C3%A1rio%20de%20balan%C3%A7o%20Energ%C3%A9ticos%20Globais%20e%20Utilidades,%2028. Acesso em 27/10/2010. 3 – Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-24 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para o setor de aço, com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados nesta tabela resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-24 – Resultados para o Projetos de Substituição de Combustíveis Carbonointensivos por Gás Natural no Setor de Aço Descrição Valor Unidade 1,093 tCO₂e/(t aço bruto x ano) Redução de Emissão anual 25.067.613 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 250.676.134 tCO₂e 9 empresas 27.852.904 tCO₂e 2.506.761.340 US$ Fator de redução de emissão anual Número de projetos* Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento N/D** US$ * A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 92 Potencial de redução de Emissões – Substituição de Combustíveis Carbonointensivos por Gás Natural no Setor de Mineração & Pelotização Tabela 0-25 – Parâmetros aplicados ao cálculo das oportunidades de Projetos Substituição de Combustíveis Carbonointensivos por Gás Natural no Setor de Mineração & Pelotização Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte 1.149.912.106,0 ton 1 2.905.000,0 tep 2 Consumo total de Óleo Combustível 572.000,0 tep 2 Qod Consumo total de óleo Diesel 211.000,0 tep 2 Qcm Consumo total de Carvão Mineral 690.000,0 tep 2 Qco Consumo total de Coque de Petróleo 300.000,0 tep 2 Fator tep/Mcal Conversão de tep para Mcal 10.000,0 Mcal/tep 2 Fator cal/Joule Conversão de caloria para Joule 0,2 cal/Joule 2 PCIGN Poder Calorífico Inferior do Gás Natural 9.930,0 kcal/kg 2 PCIGN Poder Calorífico Inferior do Gás Natural 41.574,9 kJ/kg calculado PCIGN Poder Calorífico Inferior do Gás Natural 41,6 GJ/t calculado FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,7 kgCO₂e/GJ 3 FEod Fator de Emissão do Óleo Diesel 74,0 kgCO₂e/GJ 3 FEcm Fator de Emissão do Carvão Mineral 96,1 kgCO₂e/GJ 3 FEco Fator de Emissão do Coque de Petróleo 97,5 kgCO₂e/GJ 3 Produção total de minerais Soma da produção total de cada minério produzido CEF Consumo Energético Final do Setor de Mineração e Pelotização Qoc FEGN Fator de Emissão do Gás Natural 56,2 kgCO₂e/GJ 3 1 – DNPM. "Anuário Mineral Brasileiro de 2006". 2 – EPE/MME. "Balanço Energético Nacional 2010". 3 – Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-26 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para o setor de mineração & pelotização, com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados a seguir resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-26 – Resultados para o Projetos de Substituição de óleo Combustível por Gás Natural no Setor de Mineração e Pelotização Descrição Valor Unidade 0,002 tCO₂e/(t minério x ano) Redução de Emissão anual 2.696.725 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 26.967.252 tCO₂e 100 empresas Fator de redução de emissão anual Número de PoAs* Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 269.273 tCO₂e Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 269.660 Milhões US$ N/D** US$ Custo do Investimento * A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 93 Potencial de redução de Emissões – Substituição de Combustíveis Carbonointensivos por Gás Natural no Setor Químico Tabela 0-27 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos Substituição de Combustíveis Carbonointensivos por Gás Natural no setor Químico Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte CEEAMÔNIA Consumo Específico de Energia médio na produção de Amônia 28,26 GJ/t 3 CEEÁCIDO SULFÚRICO Consumo Específico de Energia médio na produção de Ácido Sulfúrico 0,14 GJ/t 3 CEECARBONATO DE SÓDIO Consumo Específico de Energia médio na produção de Carbonato de sódio 12 GJ/t 3 CEEPVC Consumo Específico de Energia médio na produção de Cloreto de Polivinila 11,6 GJ/t 4 CEECLORO Consumo Específico de Energia médio na produção de Cloro 18,3 GJ/t 3 CEEETENO Consumo Específico de Energia médio na produção de Eteo 18,85 GJ/t 3 CEEMETANOL Consumo Específico de Energia médio na produção de Metanol 30 GJ/t 3 CEENITRATO DE AMÔNIO Consumo Específico de Energia médio na produção de Nitrato de amônio 0,93 GJ/t 3 CEEPOLIESTIRENO Consumo Específico de Energia médio na produção de Poliestireno 9,3 GJ/t 4 CEEPOLIETILENO Consumo Específico de Energia médio na produção de Polietileno 9,3 GJ/t 4 CEEPROPILENO Consumo Específico de Energia médio na produção de Propileno 3,15 GJ/t 3 CEEUREIA Consumo Específico de Energia médio na produção de Ureia 2,8 GJ/t 4 %OC Consumo de óleo combustível no setor Químico 7 % 2 FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,65 kgCO₂e/GJ 5 FEGN Fator de Emissão do Gás Natural 56,15 kgCO₂e/GJ 5 1 – EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 2 – ABIQUIM. Anuário da Indústira Química Brasileira 2009. 3 – HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. 4 – nternational Environmental Agency. Tracking ndustrial Energy Efficiency and CO₂ Emissions. nternational Energy Agency, OECD/IEA, Paris, 321p. 5 – Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-28 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para o setor químico, com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados a seguir resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-28 – Resultados para o Projetos de Substituição de óleo Combustível por Gás Natural no setor de Química Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de PoAs* Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Valor Unidade 0,129 tCO₂e/(t químico x ano) 260.160 tCO₂e/ano 2.601.605 tCO₂e 39 Empresas 59.016 tCO₂e 23.016.040 US$ Custo do Investimento N/D** US$ * A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível. Potencial de redução de Emissões – Substituição de Combustíveis Carbonointensivos por Gás Natural na Produção de Alumínio Primário PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 94 Tabela 0-29 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos Substituição de Combustíveis Carbonointensivos por Gás Natural na Produção de Alumínio Primário Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte CEOCALUMÍNIO Consumo Específico de óleo combustível na produção de Alumínio 23,67 GJ/t calculado CECqALUMÍNIO Consumo Específico de Coque na produção de Alumínio 11,02 GJ/t calculado Palumínio Produção de Alumínio 1.661.110,00 t 1 COC Consumo de Óleo Combustível na produção de alumínio 931.200,00 t 3 COC Consumo de Óleo Combustível na produção de alumínio 39.318.875,19 GJ 3 CCq Consumo de Coque na produção de alumínio 599.200,00 t 3 CCq Consumo de Coque na produção de alumínio 18.313.733,09 GJ 3 %OC Consumo de óleo combustível no setor de alumínio como proporção do consumo total de energia 5,2 % 3 FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,65 kgCO₂e/GJ 2 FECq Fator de Emissão do Coque 107,47 kgCO₂e/GJ 3 FEGN Fator de Emissão do Gás Natural 56,15 kgCO₂e/GJ 2 1 – MCT. "Inventário Nacional 2010 Preliminar". Disponível em www.mct.gov.br. 2 – Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 5. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 3 – MME. "Anuário Estatístico do Setor Metalúrgico – 2008". Disponível em www.mme.gov.br/sgm/menu/publicacoes.html. Acesso em 20/10/2010. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-30 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para o setor de alumínio primário, com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados nesta tabela resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-30 – Resultados para Projetos de Substituição de Óleo Combustível por Gás Natural na Produção de Alumínio Primário Descrição Valor Unidade 0,75 tCO₂e/(t alumínio x ano) Redução de Emissão anual 1,126.448 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 11.264.484 tCO₂e 6 Empresas 1.877.414 tCO₂e 112.644.844 US$ Fator de redução de emissão anual Número de PoAs* Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento N/D** US$ * A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível. Potencial de redução de Emissões – Substituição de Combustíveis Carbonointensivos por Gás Natural na Produção de Papel Tabela 0-31 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos Substituição de Combustíveis Carbonointensivos por Gás Natural na Produção de Papel Parâmetro Descrição CEEPAPEL & CELULOSE Consumo Específico de Energia médio na produção de Papel e Celulose Valor Unidade Fonte 0,416 tep/ton 3 5,2 % 3 %OC Consumo de óleo combustível no setor Papel e Celulose como proporção do consumo total de energia FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,65 kgCO₂e/GJ 3 FEGN Fator de Emissão do Gás Natural 56,15 kgCO₂e/GJ 3 - Fator de Conversão do de tep para J 41,87*109 J/tep 3 Fator de Conversão do de tep para GJ 41,87 GJ/tep calculado 1 – BRACELPA. "Relatório Anual 2008/2009". Disponível em www.bracelpa.org.br/bra/estatisticas/pdf/anual/rel2008.pdf. A produção nacional foi obtida em BRACELPA, "Relatório Anual 2008/2009" assim como a produção das empresas das Empresas Klabin SA, Suzano, International Paper, Votorantim Celulose e Papel, Rigesa, Orsa, Santher, Stora Enso, Trombini, Norske, MD Papéis, Celulose Irani AS, Inpa e Ahlstrom. A produção específica às demais empresas foi estimada. A estimativa de produção foi calculada multiplicando-se a capacidade nominal por um fator de utilização obtido a partir da média de utilização das empresas citadas anteriormente. 2 – Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 5. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 3 – EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 4 – Default ICF&FIDES. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 95 Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-32 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para a produção de papel, com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados, a seguir, resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-32 – Resultados para Projetos de Substituição de óleo Combustível por Gás Natural na Produção de Papel Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de projetos* Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento Valor Unidade 0,019 tCO₂e/(t papel x ano) 175.953 tCO₂e/ano 1.759.534 tCO₂e 122 plantas de produção 14.422 tCO₂e 17.595.340 US$ N/D** US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. **Não disponível. Potencial de redução de Emissões –- Substituição de Combustíveis Carbonointensivos por Gás Natural na Produção de Celulose Tabela 0-33 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos Substituição de Combustíveis Carbonointensivos por Gás Natural na Produção de Celulose Parâmetro Descrição CEEPAPEL & CELULOSE Consumo Específico de Energia médio na produção de Papel e Celulose Valor Unidade Fonte 0,416 tep/ton 3 5,2 % 3 %OC Consumo de óleo combustível no setor Papel e Celulose como proporção do consumo total de energia FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,65 kgCO₂e/GJ 3 FEGN Fator de Emissão do Gás Natural 56,15 kgCO₂e/GJ 3 - Fator de Conversão do de tep para J 41,87*109 J/tep 3 - Fator de Conversão do de tep para GJ 41,87 GJ/tep calculado 1 – BRACELPA. "Relatório Anual 2008/2009". Disponível em www.bracelpa.org.br/bra/estatisticas/pdf/anual/rel2008.pdf 2 – Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 3 – EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-34 a seguir apresenta o resumo dos resultados desse projeto para a produção de celulose, com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados a seguir resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 96 Tabela 0-34 – Resultados para Projetos de Substituição de Óleo Combustível por Gás Natural na Produção de Celulose Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Valor Unidade 18,87 tCO₂e/(10^3 t celulose x ano) 239.630 tCO₂e/ano 2.396.304 tCO₂e 34 plantas de produção Número de projetos* Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento 68.815 tCO₂e 23.963.037 US$ N/D** US$ * A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível. Potencial de redução de Emissões – Substituição de Combustíveis Carbonointensivos por Gás Natural – Análise Top-Down: Alimentos e Bebidas/Têxtil/Não ferrosos e Outros da Metalurgia Tabela 0-35 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos Substituição de Combustíveis Carbonointensivos por Gás Natural na nos Setores de Alimentos & Bebidas, Têxtil, de Não ferrosos e Outros da Metalurgia Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte 300 Empresas 6 50 % pressuposto 77,65 kgCO₂e/GJ 2 kgCO₂e/GJ 2 3 #CI Número de empresas de cerâmica identificadas %CI Participação das Empresas de Cerâmica na produção nacional total FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível FEGN Fator de Emissão do Gás Natural 56,15 TSOC-GN, A&B Taxa de Substituição do Óleo Combustível por Gás Natural no setor de Alimentos & Bebidas - Fator de Conversão do de tep para J - Fator de Conversão do de tep para GJ 90,00 % 41,87*109 J/tep 3 41,87 GJ/tep calculado Fontes: 1 EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 2 – Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 5. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 3 HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. 4 Default ICF&FIDES. 5 MME. "Anuário Estatístico do Setor de Transformação de Não Metálicos – 2009". Disponível em www.macropolitica.com.br/docs/ Anuario_Estatistico_do_Setor_de_Transformacao_de_nao_metalicos_2009.pdf. Acesso em 03/11/2010. 6 ANICER. Listagem de Associados. Disponível em www.anicer.com.br/index.asp?pg=associados.asp&empresa=1&op=pesquisa. Notas: Por simplificação, assume-se que todas as indústrias têm acesso à rede de gás natural. Por simplificação, considera-se que o óleo combustível é integralmente substituído por gás natural. A eficiência foi considerada igual a 100% na LB e no projeto (gás natural) para ser conservador. Assume-se que a economia de energia obtida a partir da medida de eficiência implementada traduz-se na economia dos combustíveis fósseis consumidos na indústria, segundo a sua participação no setor. Assume-se também que as empresas identificadas representam 50% da produção e, logo, 50% d consumo de óleo combustível no setor. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-36 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para os setores abordados pela análise top-down – isto é, os setores de alimentos e bebidas; têxtil; não ferrosos e outros da metalurgia – com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto em cada setor. Os resultados apresentados na Tabela 0-36 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 97 Tabela 0-36 – Resultados para Projetos de Substituição de óleo Combustível por Gás Natural na Produção de Alimentos & Bebidas/Têxtil/Não ferrosos e Outros da Metalurgia Valor Unidade Fator de redução de emissão anual – Alimentos e Bebidas Descrição 0,019 tCO₂e /(GJ Óleo Combustível x ano) Fator de redução de emissão anual – Têxtil 0,021 tCO₂e/(GJ Óleo Combustível x ano) Fator de redução de emissão anual- Não Ferrosos e outro metal. 0,021 tCO₂e /(GJ Óleo Combustível x ano) Fator de redução de emissão anual – Cerâmica 0,021 tCO₂e/(GJ Óleo Combustível x ano) Redução de Emissão anual – Alimentos e Bebidas 378.339 tCO₂e/ano Redução de Emissão anual – Têxtil 95.417 tCO₂e/ano Redução de Emissão anual – Não Ferrosos e outro metal. 888.461 tCO₂e/ano Redução de Emissão anual – Cerâmica 2.898.525 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 16.520.694 tCO₂e Número de projetos – Alimentos e Bebidas N/D** unidades Número de projetos – Têxtil N/D** unidades Número de projetos – Não Ferrosos e outros metais. N/D** unidades Número de projetos – Cerâmica 5.603 unidades 517 tCO₂e 165.206.940 US$ N/D** US$ Redução de Emissões média por projeto de Cerâmica- em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento * A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha foi será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível. Barreiras à Implementação do Projeto A principal barreira à substituição de combustíveis carbono intensivos por gás natural corresponde ao acesso da planta industrial à rede de distribuição de gás natural, pois a implementação desse tipo de projeto exige que a indústria esteja localizada próxima a uma tubulação de fornecimento de gás, para a garantir o acesso ao gás natural. Também devem ser ressaltados os altos investimentos requeridos para a adequação da planta. De forma geral, a substituição de combustível requer investimentos em mudanças dos processos por parte das indústrias, tais como: conexão da planta à tubulação de fornecimento de gás; instalação de tubulação interna (inclusive mão de obra, reguladores, bombas e equipamentos de segurança); e conversões de equipamento de óleo para gás (incluindo mão de obra, tubos e conexões). Isso pode ser ilustrado por um projeto registrado de troca de combustível por gás natural, da Aços Vilares50, cuja soma de investimentos para mudança do processo totalizou aproximadamente R$5 milhões. Outra barreira relevante é a falta de garantia no fornecimento de gás natural para as indústrias. Isto porque, ao contrário do óleo combustível, que pode ser armazenado com facilidade, os desenvolvedores da atividade de projeto não têm a estrutura adequada para armazenamento de gás natural. O gás natural comercializado não é 100% extraído no Brasil – uma parte razoável é produzida na Bolívia, e quaisquer mudanças no instável cenário político boliviano poderiam afetar a distribuição de gás (um cenário semelhante ocorreu em Graneros, quando a Argentina reduziu a quantidade de gás para o Chile, cujas instalações voltaram a usar carvão mineral). O “Estudo de Baixo Carbono para o Brasil – Uso de Combustíveis Fósseis no Setor ndustrial” (DE GOUVELLO et al., 2010), sugere algumas medidas podem ser tomadas de modo a reduzir algumas destas barreiras, tais como: aceleração da construção de dutos de gás natural e de redes de distribuição nos estados com grandes polos industriais; expansão de linhas de financiamento para a indústria como um todo, de forma a facilitar a introdução do gás natural; continuação e promoção de investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), para estimular o mercado de gás natural, desenvolvendo novos produtos e equipamentos mais eficientes; e suporte e financiamento para projetos relacionados a gás natural comprimido (GNC) e liquefeito (GNL). 50 CDM/UNFCCC. Project “Aços Villares Natural gas fuel switch project”. Disponível em http://cdm.unfccc.int/UserManagement/FileStorage/KZ4OTB9EO4LAPSC0VQVSUI5QLO6ZPO Acesso em 01/11/2010. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 98 Troca de Combustíveis Fósseis por Biomassa Avaliação Técnica A metodologia de cálculo aplicada na determinação do potencial de redução desse projeto foi a AMS-III.B. Para o cálculo do potencial de substituição de combustíveis fósseis por biomassa foram considerados somente aqueles setores que tradicionalmente utilizam biomassa: alimentos e bebidas e papel e celulose. Apesar de o setor de ferro-gusa e aço também ser um setor de uso tradicional de carvão vegetal, o projeto de troca de carvão mineral por carvão vegetal nesse setor est contemplada no capítulo de “Outros insumos para a nd stria”. sto porque, nesse caso, o carvão funciona como agente redutor, e não como combustível. Nos setores abordados, partiu-se do pressuposto que somente o óleo combustível seria substituído por biomassa, e que esse combustível seria totalmente substituído pela biomassa. Dentro dos setores de alimentos e bebidas e de papel e celulose, o cálculo do potencial considerou todas as empresas/unidades produtivas levantadas. O detalhamento das premissas adotadas para o levantamento desses sites potenciais em cada setor consta no início dessa seção. O cálculo de redução de emissões foi realizado seguindo a fórmula abaixo. Tabela 0-37 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da linha de base BE *tCO₂e+ = QOC [GJ] * FEOC *tCO₂e/GJ+ Emissões do Projeto PE *tCO₂e+ = 0 Ver notas. Redução de Emissão RE = BE – PE Potencial de redução de Emissões – Substituição de Combustíveis por Biomassa na Produção de Papel Tabela 0-38 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos Substituição de Combustíveis Carbonointensivos por Gás Natural na Produção de papel Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte 0,416 tep/ton 3 5,2 % 3 Produção de Biomassa no setor de Papel e Celulose (2005) 560,8 106 GJ 3 FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,65 kgCO₂e/GJ 3 Fator de Conversão de Energia - 41,87 GJ/tep 3 CEEPAPEL & CELULOSE Consumo Específico de Energia médio na produção de Papel e Celulose %OC Consumo de óleo combustível no setor Papel e Celulose como proporção do consumo total de energia PBIOMASSA, P&C 1 – BRACELPA. "Relatório Anual 2008/2009". Disponível em www.bracelpa.org.br/bra/estatisticas/pdf/anual/rel2008.pdf. A produção nacional foi obtida em BRACELPA, "Relatório Anual 2008/2009" assim como a produção das empresas das Empresas Klabin SA, Suzano, International Paper, Votorantim Celulose e Papel, Rigesa, Orsa, Santher, Stora Enso, Trombini, Norske, MD Papéis, Celulose Irani AS, Inpa e Ahlstrom. A produção específica às demais empresas foi estimada. A estimativa de produção foi calculada multiplicando-se a capacidade nominal por um fator de utilização obtido a partir da média de utilização das empresas citadas anteriormente. 2 – Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 3 – EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 4 – Default ICF&FIDES. 5 – UNFCCC. "INPA Fuel Switch Project". Disponível em http://cdm.unfccc.int/index.html. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-39 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para a produção de papel, com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados nesta tabela resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 99 Tabela 0-39 – Resultados para Projetos de Substituição de óleo Combustível por Biomassa na Produção de Papel Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de projetos* Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Valor Unidade 70,33 tCO₂e/(10 t papel x ano) 635.539 tCO₂e/ano 3 6.355.389 tCO₂e 122 planta de produção 52.093 tCO₂e Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 63.553.900 US$ Custo do Investimento 48.030.976 US$ * A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Potencial de redução de Emissões – Substituição de Combustíveis por Biomassa na Produção de Celulose Tabela 0-40 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos Substituição de Combustíveis Carbonointensivos por Gás Natural na Produção de Celulose Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte 0,416 tep/ton 3 5,2 % 3 Produção de Biomassa no setor de Papel e Celulose (2005) 560,8 106 GJ 3 Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,65 kgCO₂e/GJ 3 41,87 GJ/tep 3 6 US$/GJ de biomassa/ano 5 CEEPAPEL & CELULOSE Consumo Específico de Energia médio na produção de Papel e Celulose %OC Consumo de óleo combustível no setor Papel e Celulose como proporção do consumo total de energia PBIOMASSA, P&C FEOC Fator de Conversão de Energia Ci Custo unitário da implementação do projeto A Tabela 0-41 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para a produção de celulose, com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados nesta tabela resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-41 – Resultados para Projetos de Substituição de óleo Combustível por Biomassa na Produção de Celulose Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de projetos* Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Valor Unidade 70,33 tCO₂e/(t celulose x ano) 892.993 tCO₂e/ano 8.929.927 tCO₂e 35 plantas prod. 484.754 tCO₂e Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 889.299.269 US$ Custo do Investimento 67.488.101 US$ * A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Potencial de redução de Emissões – Substituição de Combustíveis por Biomassa na Produção de Alimentos & Bebidas Tabela 0-42 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos Substituição de Óleo Combustível por Biomassa no Setor de Alimentos e Bebidas Parâmetro Descrição FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível PBIOMASSA, A&B Produção de Biomassa no setor de Alimentos & Bebidas (2005) Fator de Conversão de Energia - Ci Custo unitário da implementação do projeto Valor Unidade Fonte 77,65 kgCO₂e/GJ 2 17.598,3 106 GJ 3 41.870 GJ /103 tep 1 6 US$/GJ de biomassa/ano 5 1 – EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 2 – Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 5. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 3 – HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. 5 – UNFCCC. "INPA Fuel Switch Project". Disponível em http://cdm.unfccc.int/index.html. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 100 Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-43 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para o setor de Alimentos & Bebidas com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto em cada setor. Os resultados apresentados a seguir resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Vale destacar que a análise foi feita a partir de uma abordagem top-down. Tabela 0-43 – Resultados para Projetos de Substituição de Óleo Combustível por Biomassa no Setor de Alimentos e Bebidas Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Valor Unidade 0,019 tCO₂e/(GJ Óleo Combustível x ano) 378.339 tCO₂e/ano 16.520.694 tCO₂e N/D* unidades Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 165.206.940 US$ Custo do Investimento 114.752.412 US$ Número de projetos Barreiras à Implementação do Projeto Com o clima favorável à abundante produção de biomassa, o Brasil é um dos países com o maior número de projetos de troca de combustíveis fósseis por biomassa já desenvolvidos até o momento. No entanto, há algumas barreiras significativas para aproveitamento do potencial latente de desenvolvimento desses projetos, dentre as quais se destacam as barreiras técnicas e de investimento. No que diz respeito às barreiras técnicas, as mais relevantes são os riscos associados a incertezas quanto à oferta e à qualidade da biomassa. A qualidade da biomassa tende a variar mais do que a do combustível fóssil, o que além de gerar insegurança, gera perda de rendimento e de eficiência no processo. Um Documento de Concepção do Projeto desenvolvido no Brasil51 relata a necessidade de P&D para a adequação dos seus processos ao novo combustível, especialmente quanto ao controle de qualidade da biomassa. Outra barreira técnica apontada por alguns DCPs desenvolvidos no País consiste na eventual necessidade de infraestrutura para secagem de determinados tipos de biomassa (por exemplo, serragem) antes do seu uso como combustível. Quanto às barreiras de investimento, a principal é o custo permanente da logística de obtenção, transporte e armazenamento da biomassa. A cadeia de produção e entrega de combustível fóssil já funciona perfeitamente, ao passo que uma nova cadeia de distribuição de biomassa ainda deverá ser desenvolvida. Em outras palavras, enquanto o combustível fóssil é entregue por grandes e estabelecidas companhias de energia, as fontes de biomassa são muito menos profissionalizadas. Eficiência Energética A redução de demanda de energia pela planta através do aumento da eficiência de determinados processos representa uma segunda alternativa em termos de medidas de redução das emissões associadas ao consumo de combustíveis fósseis na indústria. Em linhas gerais, existem diversas alternativas tecnológicas visando ao aumento da eficiência de consumo do combustível, ou à redução de demanda de energia nos processos. De modo a esquematizar a análise adotou-se o agrupamento por tipos de medidas de eficiência proposta em Henriques Jr. (2010), conforme disposto a seguir. Melhoria da Combustão: Sistemas de recuperação de calor. Novos processos. Recuperação de vapor.Recuperação de vapor de fornos. Outras Medidas de Eficiência 51 CDM/UNFCCC. “Fuel switch from fossil fuel to biomass residues project at MCOPA http://cdm.unfccc.int/UserManagement/FileStorage/FQWGK78IEJCHD695LRVM20S4OXNZY3. Acesso em 01/11/2010. – Arauc ria”. Disponível em LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 101 Os cálculos de potencial, para fins de simplificação, não contemplou medidas de eficiência em “sistemas de recuperação de calor” nem “outras medidas de efici ncia”. A descrição das medidas remanescentes que foram abordadas e os resultados dos respectivos cálculos serão desenvolvidos nas subseções seguintes. O critério utilizado para a determinação dos setores abrangidos no cálculo do potencial foi a representatividade do setor no potencial de economia de energia de cada medida, obtido a partir da análise agregada realizada em Henriques Jr. (2010). Desse modo, foram incluídos no cálculo do potencial de cada tipo de medidas somente aqueles setores que representavam juntos 90% da economia de energia calculada para aquele tipo de medida. Adotando-se esse critério, portanto, os seguintes setores foram excluídos do cálculo de redução de emissões de GEEs para projetos de eficiência energética, por não atenderem a esse critério dentro de nenhum tipo de medida de eficiência: não ferrosos e outros da metalurgia; ferro-ligas; e têxtil. Otimização da Queima de Combustíveis A eficiência da queima de um combustível em determinado equipamento depende basicamente de uma mistura eficiente de combustível/comburente. Existem hoje equipamentos industriais que garantem uma melhor eficiência na queima do combustível promovendo uma melhor mistura. No entanto, medidas mais simples podem ser tomadas, como a regulação do equipamento em que ocorre a queima. Isto, porque ainda é muito comum haver equipamentos operando com razões ar/combustível muito elevadas, ou com alto nível de fuligem (HENRIQUES JR., 2010). Avaliação Técnica Nessa avaliação específica, verificou-se o potencial da melhoria da combustão através da introdução de uma emulsão óleo/água (oil/water emulsion, em inglês) em caldeiras que queimem óleo combustível. O cálculo, por sua vez, foi desenvolvido com base na metodologia AM0054 – Energy Efficiency improvement through oil/water emulsion technology incorporated into an oil-fired thermal and/or electricity power production facility. Essa tecnologia foi desenvolvida pela empresa Japonesa, BioEnergy, que também é uma das partes envolvidas no projeto de MDL que propôs a metodologia de grande escala avaliada. Com isso, para o cálculo assumiu-se que todo o consumo de óleo nas indústrias avaliadas é destinado exclusivamente às caldeiras. A economia total de energia foi, portanto, calculada sobre o consumo total de óleo combustível nas indústrias. Além disso, considerou-se que todas as empresas identificadas possuem caldeiras que funcionam a base de óleo combustível. Vale também destacar que no cálculo as emissões provenientes do consumo de energia para a implementação do projeto foram consideradas negligenciáveis, bem como à oxidação do combustível na ausência da atividade de projeto. Portanto, tais emissões não foram contabilizadas. Conforme apontado no início dessa subseção, em cada tipologia de medidas de eficiência energética, o potencial foi calculado somente para determinados setores mais representativos. Para o cálculo da melhoria da combustão os setores abordados foram os seguintes: papel & celulose; químico; ferro-gusa & aço; cerâmica; e alimentos e bebidas. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 102 Dentro desses setores, o cálculo do potencial considerou todas as empresas/unidades produtivas levantadas. O detalhamento das premissas adotadas para o levantamento desses sites potenciais em cada setor consta no início dessa seção. A estimativa do potencial de redução de emissão de GEEs em cada setor foi feita utilizando-se a fórmula exposta a seguir. Tabela 0-44 – Cálculo do Potencial Redução de Emissão EconOC [GJ] = QOC [GJ] * (%MC) RE *tCO₂+ = EconOC *GJ+ * FEOC *tCO₂e/GJ+ Os parâmetros aplicados ao cálculo do potencial desse projeto dentro de cada setor industrial, e os respectivos resultados são destacados abaixo, nos itens a seguir. Potencial de Redução de Emissões – Melhoria de Combustão na Produção de Papel Tabela 0-45 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos de Otimização da Queima de Óleo Combustível na Caldeira na Produção de Papel Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte CEEPAPEL & CELULOSE Consumo Específico de Energia médio na produção de Papel & Celulose 0,416 tep/ton 3 %MC Redução do consumo de energia a partir da melhoria da combustão no setor de papel & celulose 3 % 3 %OC Consumo de óleo combustível no setor Papel & Celulose como proporção do consumo total de energia 5,2 % 3 FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,65 kgCO₂e/GJ 3 QOC Quantidade Consumida de óleo Combustível – Total 204.228 tep calculado EconOC Quantidade de óleo Combustível Economizada – Total 6.127 tep calculado Fator de Conversão do de tep para J 41,87*109 J/tep 3 Fator de Conversão do de tep para GJ 41,87 GJ/tep calculado Fontes: 1 BRACELPA. "Relatório Anual 2008/2009". Disponível em www.bracelpa.org.br/bra/estatisticas/pdf/anual/rel2008.pdf. 2 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 3 EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 4 MCT. "Segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa – Anexo I: Abordagem Bottom-up". Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view /321034.html. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-46 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para a produção de papel com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto em cada setor. Os resultados apresentados nesta tabela resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-46 – Resultados para Projetos de Otimização da Queima de Óleo Combustível na Caldeira na Produção de Papel Descrição Valor Unidade 2,11 tCO₂e/(103 ton papel x ano) Redução de Emissão anual 19.066 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 190.662 tCO₂e 122 plantas de produção 1.563 tCO₂e 1.906.620 US$ Fator de redução de emissão anual Número de projetos* Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento N/D** US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 103 Potencial de Redução de Emissões – Melhoria de Combustão na Produção de Celulose Tabela 0-47 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos de Otimização da Queima de Óleo Combustível na Caldeira na Produção de Celulose Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte CEEPAPEL & CELULOSE Consumo Específico de Energia médio na produção de Papel e Celulose 0,416 tep/ton 3 %MC Redução do consumo de energia a partir da melhoria da combustão no setor de papel e celulose 3 % 3 %OC Consumo de óleo combustível no setor Papel e Celulose como proporção do consumo total de energia 5,2 % 3 FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,65 kgCO₂e/GJ 3 QOC Quantidade Consumida de óleo Combustível – Total 274.652 tep calculado EconOC Quantidade de óleo Combustível Economizada – Total 8.240 tep calculado Fator de Conversão do de tep para J 41,87*109 J/tep 3 Fator de Conversão do de tep para GJ 41,87 GJ/tep calculado Fontes: 1 EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 2 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 5. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 3 HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. 4 Default ICF&Fides 5 MCT. "Segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa – Anexo I: Abordagem Bottom-up". Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view/321034.html. 6 MME. "Anuário Estatístico do Setor de Transformação de Não Metálicos – 2009". Disponível em www.macropolitica.com.br/docs/ Anuario_Estatistico_do_Setor_de_Transformacao_de_nao_metalicos_2009.pdf. Acesso em 03/11/2010. 7 Companhia de Gás de São Paulo – Comgás. 8 ANICER. Listagem de Associados. Disponível em www.anicer.com.br/index.asp?pg=associados.asp&empresa=1&op=pesquisa. Notas: Assume-se que a economia de energia obtida a partir da medida de eficiência implementada traduz-se na economia dos combustíveis fósseis consumidos na indústria, segundo a sua participação no setor. A condição de aplicabilidade desse projeto específico é que a empresa consuma óleo combustível em caldeira. No entanto, em função da ausência de dados desagregados a respeito do consumo de combustíveis nas empresas de cerâmica, assume-se que todas as empresas de cerâmica identificadas ao longo do presente estudo consomem óleo combustível em caldeiras. Isto é, parte-se do pressuposto que todas as 1.300 empresas de cerâmica apontadas são aplicáveis ao projeto. Vale lembrar que o número de empresas identificadas de forma alguma esgota o potencial do setor, mas somente indica uma parcela dos sites que podem via a ser aplicáveis ao projeto. Assume-se também que as empresas identificadas representam 50% da produção e, logo, 50% d consumo de óleo combustível no setor. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-48 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para a produção de celulose com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs e potencial receita com a venda de CERs. Os resultados apresentados nesta tabela resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-48 – Resultados para Projetos de Otimização da Queima de Óleo Combustível na Caldeira na Produção de Celulose Descrição Valor Unidade 2,11 tCO₂e/(103 ton celulose x ano) Redução de Emissão anual 26.790 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 267.897 tCO₂e 35 plantas de produção 14.543 tCO₂e 2.678.969 US$ Fator de redução de emissão anual Número de projetos* Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento N/D** US$ * A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 104 Potencial de Redução de Emissões – Melhoria de Combustão no Setor Químico Tabela 0-49 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das OPORTUNIDADES de Projetos de Otimização da Queima de óleo Combustível na Caldeira no Setor Químico Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte CEEAMÔNIA Consumo Específico de Energia médio na produção de Amônia 28,26 GJ/t 3 CEEÁCIDO SULFÚRICO Consumo Específico de Energia médio na produção de Ácido Sulfúrico 0,14 GJ/t 3 CEECARBONATO DE SÓDIO Consumo Específico de Energia médio na produção de Carbonato de sódio 12 GJ/t 3 CEEPVC Consumo Específico de Energia médio na produção de Cloreto de Polivinila 11,6 GJ/t 4 CEECLORO Consumo Específico de Energia médio na produção de Cloro 18,3 GJ/t 3 CEEETENO Consumo Específico de Energia médio na produção de Eteno 18,85 GJ/t 3 CEEMETANOL Consumo Específico de Energia médio na produção de Metanol 30 GJ/t 3 CEENITRATO DE AMÔNIO Consumo Específico de Energia médio na produção de Nitrato de amônio 0,93 GJ/t 3 CEEPOLIESTIRENO Consumo Específico de Energia médio na produção de Poliestireno 9,3 GJ/t 4 CEEPOLIETILENO Consumo Específico de Energia médio na produção de Polietileno 9,3 GJ/t 4 CEEPROPILENO Consumo Específico de Energia médio na produção de Propileno 3,15 GJ/t 3 CEEUREIA Consumo Específico de Energia médio na produção de Ureia 2,8 GJ/t 4 %MC Redução do consumo de energia a partir da melhoria da combustão no setor químico 3 % 3 %OC Consumo de óleo combustível *no setor Químico como proporção do consumo total de energia 7 % 1 FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,65 kgCO₂e/GJ 5 QOC Quantidade Consumida de óleo Combustível – Total 10.705.637 GJ calculado EconOC Quantidade de óleo Combustível Economizada – Total 321.169 GJ calculado Fontes: 1 EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 2 ABIQUIM. Anuário da Indústria Química Brasileira 2009. 3 HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. 4 nternational Environmental Agency. Tracking ndustrial Energy Efficiency and CO₂ Emissions. International Energy Agency, OECD/IEA, Paris, 321p. 5 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-50 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para o setor de produção de químicos com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação do projeto. Os resultados apresentados a seguir resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-50 – Resultados para Projetos de Otimização da Queima de OC na Caldeira no Setor de Químicos Descrição Valor Unidade Fator de redução de emissão anual 1,40 tCO₂e/(103 ton químico x ano) Redução de Emissão anual 24.940 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 249.400 tCO₂e Número de PoAs* 39 empresas Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 2.494.000 US$ Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 6.395 tCO₂e Custo do Investimento N/D** US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 105 Potencial de Redução de Emissões – Melhoria de Combustão na Produção de Ferro-gusa Tabela 0-51 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos de Otimização da Queima de Óleo Combustível na Caldeira na Produção de Ferro-gusa Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte 0,514 tep/ton 1 3 % 6 0,8 % 3 Capacidade de Nominal de produção dos Produtores Independentes 14.058 103 t/ano 1 QPI Produção dos Produtores Independentes em 2009 4.273 103 t 2 FUPI Fator de Utilização da Capacidade Instalada dos Produtores Independentes 30,40 % calculado FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível 4 - Fator de Conversão do de tep para J - Fator de Conversão do de tep para GJ QOC Quantidade Consumida de óleo Combustível – Total CEEFERRO-GUSA Consumo Específico de Energia médio na produção de Ferro-gusa e Aço %MC Economia de energia em obtida a partir da Melhoria da Combustão no setor de Ferro-gusa e Aço %OC Consumo de óleo combustível no setor de Ferro-gusa e Aço como proporção do consumo total de energia CNPI 77,65 kgCO₂e/GJ 41,87*109 J/tep 3 41,87 GJ/tep calculado 103.355 tep calculado EconOC Quantidade de óleo Combustível Economizada – Total 3.101 tep calculado Fontes: 1 Sindicato da Indústria de Ferro – SINDIFER. "Anuário 2007". Disponível em www.sindifer.com.br/Anuario_2007.html. Acesso em 10/10/2010. 2 Instituto Aço Brasil. "Anuário Estatístico 2010", p.1/7. Disponível emwww.acobrasil.org.br/site/portugues/biblioteca/publicacoes.asp. Acesso em 27/10/2010. 3 EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 4 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 5 MCT. "Segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa – Anexo I: Abordagem Bottom-up". Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view/321034.html. 6 HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-52 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para o setor de ferro-gusa, com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados a seguir resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-52 – Resultados para Projetos de Otimização da Queima de Óleo Combustível na Caldeira na Produção de FerroGusa Descrição Valor Unidade 0,40 tCO₂e/(103 ton ferro-gusa x ano) Redução de Emissão anual 10.081 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 100.814 tCO₂e Número de projetos* 79 + 8 PoAs unidades Fator de redução de emissão anual Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 1.159 tCO₂e Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 50.407 US$/ano Contribuição à matriz energética 36.062 MWh/ano Custo do Investimento N/D** US$ A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 106 Potencial de Redução de Emissões – Melhoria de Combustão na Produção de Aço Tabela 0-53 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos de Otimização da Queima de Óleo Combustível na Caldeira na Produção de Aço Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte 3 % 4 Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,65 kgCO₂e/GJ 3 FEOD Fator de Emissão do Óleo Diesel 74,25 kgCO₂e/GJ 3 FEGN Fator de Emissão do Gás Natural 56,15 kgCO₂e/GJ 3 CCCMM Conteúdo de Carbono do Carvão Mineral Metalúrgico 25,80 tC/TJ 3 CCCMM Conteúdo de Carbono do Carvão Mineral Metalúrgico 0,0258 tC/GJ calculado CCCMA Conteúdo de Carbono do Carvão Mineral Antracito 26,80 tC/TJ 3 CCCMA Conteúdo de Carbono do Carvão Mineral Antracito 0,0268 tC/GJ calculado CCCqP Conteúdo de Carbono do Coque Metalúrgico 29,50 tC/TJ 3 CCCqP Conteúdo de Carbono do Coque Metalúrgico 0,0295 tC/GJ calculado CCCqP Conteúdo de Carbono do Coque de Petróleo 27,50 tC/TJ 3 CCCqP Conteúdo de Carbono do Coque de Petróleo 0,0275 tC/GJ calculado QOC Quantidade Consumida de óleo Combustível – Total 421.497 GJ 2 EconOC Quantidade de óleo Combustível Economizada – Total 12.645 GJ calculado %MC Economia de Energia em função da Melhoria da combustão FEOC Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-54 , apresenta o resumo dos resultados desse projeto para a produção de aço bruto, com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-54 – Resultados para Projetos de Otimização da Queima de Óleo Combustível na Caldeira na Produção de Aço Bruto Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Valor Unidade 0,117 tCO₂e/(103 t aço bruto x ano) 982 tCO₂e/ano 9.819 tCO₂e 4 empresas Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 2.455 tCO₂e Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 982.00 US$ Custo do Investimento N/D** US$ Número de PoAs* *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 107 Potencial de Redução de Emissões – Melhoria de Combustão no Setor de Cerâmica Tabela 0-55 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos de Otimização da Queima de Óleo Combustível na Caldeira no Setor de Cerâmica Valor Unidade #CI Parâmetro Número de empresas de cerâmica identificadas Descrição 300 Empresas 4 %CI Participação da empresas identificadas na produção nacional total 50 % pressuposto FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,65 kgCO₂e/GJ 2 FEOD Fator de Emissão do Óleo Diesel 74,25 kgCO₂e/GJ 2 %MC Economia de Energia em função da Melhoria da combustão no setor de Cerâmica 3 % 3 - Fator de Conversão do de tep para J 41870,00 J/tep 3 41,87 GJ/tep calculado 13.482.140 GJ calculado 404.464 GJ calculado Fator de Conversão do de tep para GJ QOC Quantidade Consumida de óleo Combustível – Total EconOC Quantidade de óleo Combustível Economizada – Total Fonte Fontes: 1 EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 2 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 5. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 3 HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. 4 ANICER. Listagem de Associados. Disponível em www.anicer.com.br/index.asp?pg=associados.asp&empresa=1&op=pesquisa. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-56 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para a produção de cerâmica, com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados a seguir resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-56 – Resultados para Projetos de Otimização da Queima de Óleo Combustível na Caldeira na Produção de Cerâmica Descrição Fator de redução de emissão anual – Cerâmica Vermelha Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de PoAs Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento * Não disponível. Valor 2,33 15.704 157.040 300 1.570.405 N/D* Unidade tCO₂e/(103 GJ óleo combustível x ano) tCO₂e/ano tCO₂e Empresas US$ US$ Potencial de Redução de Emissões – Melhoria de Combustão no Setor de Alimentos & Bebidas Tabela 0-57 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos de Otimização da Queima de Óleo Combustível na Caldeira no Setor de Alimento & Bebidas Valor Unidade Fonte FEOC Parâmetro Fator de Emissão do Óleo Combustível Descrição 77,65 kgCO₂e/GJ 2 FEOD Fator de Emissão do Óleo Diesel 74,25 kgCO₂e/GJ 2 %MC Economia de Energia em função da Melhoria da combustão no setor de Alimentos & Bebidas 2 % 3 - Fator de Conversão do de tep para J 41870,00 J/tep 3 41,87 GJ/tep calculado 19.553.290 GJ calculado Fator de Conversão do de tep para GJ QOC Quantidade Consumida de óleo Combustível – Total EconOC Quantidade de óleo Combustível Economizada – Total 391.066 GJ calculado Fontes: 1 EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 2 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 5. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 3 HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 108 A Tabela 0-58 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para o setor de alimentos & bebidas, com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados a seguir resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-58 – Resultados para Projetos de Otimização da Queima de Óleo Combustível na Caldeira no Setor de Alimentos & Bebidas Descrição Valor Unidade 1,55 tCO₂e/(103 GJ óleo combustível x ano) Redução de Emissão anual 30.368 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 303.677 tCO₂e 3.036.780 US$ N/D* US$ Fator de redução de emissão anual Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento *Não disponível. Barreiras à Implementação do Projeto No âmbito do MDL, não há projetos de eficiência energética envolvendo melhoria de combustão desenvolvido Brasil e no resto do mundo até o momento. Deve ser ressaltado que barreiras específicas para a implementação desse tipo de projeto, no entanto, não foram identificadas. Pelo contrário, segundo Henriques Jr. (2010), esse corresponde a um tipo de projeto com baixo custo e de simples implementação, uma vez que a melhoria da combustão em processos industriais pode ser obtida a partir de medidas simples, tais como a regulagem correta da relação ar/combustível nos equipamentos de combustão, ou o aumento da superfície de contato dos combustíveis sólidos, que podem ser obtidas com a simples utilização desses combustíveis na forma de briquetes, chips ou pulverizados. Otimização de Sistemas de Vapor A otimização do uso do vapor na indústria consiste no reaproveitamento da energia contida no vapor após seu uso em determinado processo, seja para geração de eletricidade (formando-se, assim, um sistema de cogeração), seja para aquecimento direto ou outros usos térmicos. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 109 DESENVOLVIMENTO DE PROJETO DE OTIMIZAÇÃO DE VAPOR Na cidade de Ahmebadad, na Índia foi desenvolvido um projeto de otimização de vapor em uma grande companhia de fabricação de alimentos de milho. O projeto visa à redução da demanda de energia para a geração de vapor e na sua distribuição na planta de produção de amido. Para o aumento de eficiência no processo de geração de calor, foram instalados sistemas de monitoramento da eficiência da geração de vapor, de recuperação de calor e de recuperação de condensado. Por sua vez, para o aumento da eficiência na distribuição de vapor, foram instalados por sua vez, armadilhas de vapor, compressores de vapor de baixa pressão, separadores de umidade, dentre outros equipamentos. Os retornos desse projeto (economia de combustível, redução de emissão, receita com a venda de CERs etc.) dispostos abaixo demonstram a atratividade que esse projeto pode apresentar a partir da venda dos créditos de carbono gerados. Apesar do proponente do projeto não ter desenvolvido uma análise financeira do projeto, é possível estimar a receita advinda das vendas dos créditos e a economia associada à redução de consumo de combustível, e compará-las ao investimento total. Assumindose que o preço dos créditos de carbono seja 10 US$por tonelada de CO₂e, a receita estimada chega a US$960.980 Tabela 0-59 – Exemplo: Otimização de Vapor Parâmetro Razão Vapor/Combustível – Linha de Base Razão Vapor/Combustível – Projeto Carvão total economizado Preço do carvão1 Economia do projeto – compra de carvão Valor Unidade 1.635 tVapor/tCarvão 4.958 tVapor/tCarvão 5251,91 t/ano 41,5 US$ 217.954 US$/ano Preço do carbono Redução total Euro/tCO₂e 9.610 tCO₂/ano Anos de Creditação 10 anos Receia dos créditos 10 US$/ano Receita total com os créditos (10 anos) Investimento Histórico em projetos de Eficiência Energética (Benchmark) Investimento no atual projeto de Otimização de vapor Custo anual de O&M 960.980 US$ 3 10^6 INR 69.106 US$ 30 10^6 INR 691.062 US$ 15 10^6 INR 345.531 US$ Fontes: 1 Dado referente a "Steam Coal Price for Industry" para a Índia em 2008. Extraído de Environmental www.eia.doe.gov/emeu/international/stmforind.html. Acesso em 3/12/2010.. 2 CQNUMC – Convenção-Quadro das Nações Unidas para Mudança do Clima. Project Database. Disponível em www.unfccc.int. International Agency. Disponível em Avaliação Técnica No cálculo do potencial de replicação desse projeto no Brasil baseou-se na metodologia AM0018 – Steam optimization systems, aplicável a diferentes medidas de otimização de sistemas de vapor. Nesse projeto, foram abordados os seguintes setores, que juntos representam cerca de 90% do potencial de economia de energia dessa medida: papel & celulose; químico; e alimentos & bebidas. Dentro desses setores, o cálculo do potencial considerou todas as empresas/unidades produtivas levantadas. O detalhamento das premissas adotadas para o levantamento desses sites potenciais em cada setor consta no início dessa seção. Na avaliação das oportunidades setoriais de redução de emissão a partir da adoção de medidas de Otimização em Sistemas de Vapor, procedeu-se com a aplicação das seguintes fórmulas para o cálculo das reduções de emissão. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 110 Tabela 0-60 – Cálculo do Potencial Redução de Emissão EEcon [GJ] = QENERGIA [GJ] * (%OV) QCF [GJ] = EEcon [GJ] * (%CF) RE *tCO₂e+ = Σ(QCF *GJ+ * FECF *tCO₂e/GJ+) O cálculo do potencial por setor da indústria dependeu de uma série de parâmetros, específicos para cada setor. Os valores desses parâmetros e os resultados finais do cálculo setorial estão listados nas tabelas abaixo, nos itens a seguir. Potencial de Redução de Emissões – Otimização em Sistemas de Vapor na Produção de Papel Tabela 0-61 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos de Otimização em Sistemas de Vapor na Produção de Papel Valor Unidade CEEPAPEL & CELULOSE Parâmetro Consumo Específico de Energia médio na produção de Papel e Celulose Descrição 0,416 tep/ton 3 CEEPAPEL & CELULOSE Consumo Térmico* Específico na produção de Papel e Celulose 0,35 tep/ton calculado %EE Consumo de energia elétrica no setor Papel e Celulose como proporção do consumo total de energia 16,52 % 3 %OV Economia de energia em obtida a partir da otimização do vapor no setor de papel e celulose 6 % 6 %OC Consumo de óleo combustível no setor Papel e Celulose como proporção do consumo total de energia 5,2 % 3 %CVp Consumo de carvão vapor no setor Papel e Celulose como proporção do consumo total de energia 0,9 % 3 %GN Consumo de gás natural no setor Papel e Celulose como proporção do consumo total de energia 6,4 % 3 FECV Fator de Emissão do Carvão Vapor 25,8 tC/TJ 5 FECV Fator de Emissão do Carvão Vapor 94,6 tCO₂e/TJ calculado FECV Fator de Emissão do Carvão Vapor 94,6 kgCO₂e/GJ calculado FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,65 kgCO₂e/GJ 3 FEGN Fator de Emissão do Gás Natural 56,15 kgCO₂e/GJ 3 - Fator de Conversão do de tep para J 41.870.000.000,00 J/tep 3 41,87 GJ/tep calculado Fator de Conversão do de tep para GJ Fonte Fontes: 1 2 3 4 5 6 BRACELPA. "Relatório Anual 2008/2009". Disponível em www.bracelpa.org.br/bra/estatisticas/pdf/anual/rel2008.pdf *A produção nacional foi obtida em BRACELPA, "Relatório Anual 2008/2009" assim como a produção das empresas das Empresas Klabin SA, Suzano, International Paper, Votorantim Celulose e Papel, Rigesa, Orsa, Santher, Stora Enso, Trombini, Norske, MD Papéis, Celulose Irani AS, Inpa e Ahlstrom. A produção específica às demais empresas foi estimada. A estimativa de produção foi calculada multiplicando-se a capacidade nominal por um fator de utilização obtido a partir da média de utilização das empresas citadas anteriormente. Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. MCT. "Segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa – Anexo I: Abordagem Bottom-up". Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view/321034.html HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-62 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para a produção de papel com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto em cada setor. Os resultados apresentados nesta tabela resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 111 Tabela 0-62 – Resultados para Projetos de Otimização em Sistemas de Vapor na Produção de Papel Descrição Valor Unidade 8,72 tCO₂e/(10 ton papel x ano) Redução de Emissão anual 78.761 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 787.608 tCO₂e 122 Plantas de produção Fator de redução de emissão anual Número de projetos* Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento 3 6.456 tCO₂e 7.876.080 US$ N/D** US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível. Potencial de Redução de Emissões – Otimização em Sistemas de Vapor na Produção de Celulose Tabela 0-63 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos de Otimização em Sistemas de Vapor na Produção de Celulose Parâmetro CEEPAPEL & CELULOSE CEEPAPEL & CELULOSE %EE %OV %OC %CVp %GN FECV FECV FECV FEOC FEGN - Descrição Consumo Específico de Energia médio na produção de Papel e Celulose Consumo Térmico* Específico na produção de Papel e Celulose Consumo de energia elétrica no setor Papel e Celulose como proporção do consumo total de energia Economia de energia em obtida a partir da otimização do vapor no setor de papel e celulose Consumo de óleo combustível no setor Papel e Celulose como proporção do consumo total de energia Consumo de carvão vapor no setor Papel e Celulose como proporção do consumo total de energia Consumo de gás natural no setor Papel e Celulose como proporção do consumo total de energia Fator de Emissão do Carvão Vapor Fator de Emissão do Carvão Vapor Fator de Emissão do Carvão Vapor Fator de Emissão do Óleo Combustível Fator de Emissão do Gás Natural Fator de Conversão do de tep para J Fator de Conversão do de tep para GJ Valor 0,416 0,3472863 16,51771633 6 5,2 0,9 6,4 25,8 94,6 94,6 77,65 56,15 41.870.000.000,00 41,87 Unidade tep/ton papel e celulose tep/ton % % % % % tC/TJ tCO₂e/TJ kgCO₂e/GJ kgCO₂e/GJ kgCO₂e/GJ J/tep GJ/tep Fonte 3 calculado 3 6 3 3 3 5 calculado calculado 3 3 3 calculado Fontes: 1 BRACELPA. "Relatório Anual 2008/2009". Disponível em www.bracelpa.org.br/bra/estatisticas/pdf/anual/rel2008.pdf. 2 *A produção nacional foi obtida em BRACELPA, "Relatório Anual 2008/2009" assim como a produção das empresas das Empresas Klabin SA, Suzano, International Paper, Votorantim Celulose e Papel, Rigesa, Orsa, Santher, Stora Enso, Trombini, Norske, MD Papéis, Celulose Irani AS, Inpa e Ahlstrom. A produção específica às demais empresas foi estimada. A estimativa de produção foi calculada multiplicando-se a capacidade nominal por um fator de utilização obtido a partir da média de utilização das empresas citadas anteriormente. 3 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 4 EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 5 MCT. "Segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa – Anexo I: Abordagem Bottom-up". Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view/321034.html. 6 HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-64 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para a produção de celulose com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs e a potencial receita com a venda de CERs. Os resultados apresentados nesta tabela resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-64 – Resultados para Projetos de Otimização em Sistemas de Vapor na Produção de Celulose Descrição Valor Unidade Fator de redução de emissão anual 7,40 tCO₂/(103 ton celulose x ano) Redução de Emissão anual 93.971 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 939.707 tCO₂e Número de projetos* 35 plantas de prod. Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 51.011 tCO₂e Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 9.397.080 US$ Custo do Investimento N/D** US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 112 Potencial de Redução de Emissões – Otimização em Sistemas de Vapor no Setor Químico Tabela 0-65 – Parâmetros aplicados ao cálculo das oportunidades de Projetos de Otimização em Sistemas de Vapor no Setor Químico Valor Unidade Fonte CEEAMÔNIA Parâmetro Consumo Específico de Energia médio na produção de Amônia Descrição 28,26 GJ/t 3 CEEÁCIDO SULFÚRICO Consumo Específico de Energia médio na produção de Ácido Sulfúrico 0,14 GJ/t 3 CEECARBONATO DE SÓDIO Consumo Específico de Energia médio na produção de Carbonato de sódio 12 GJ/t 3 CEEPVC Consumo Específico de Energia médio na produção de Cloreto de Polivinila 11,6 GJ/t 4 CEECLORO Consumo Específico de Energia médio na produção de Cloro 18,3 GJ/t 3 CEEETENO Consumo Específico de Energia médio na produção de Eteno 18,85 GJ/t 3 CEEMETANOL Consumo Específico de Energia médio na produção de Metanol 30 GJ/t 3 CEENITRATO DE AMÔNIO Consumo Específico de Energia médio na produção de Nitrato de amônio 0,93 GJ/t 3 CEEPOLIESTIRENO Consumo Específico de Energia médio na produção de Poliestireno 9,3 GJ/t 4 CEEPOLIETILENO Consumo Específico de Energia médio na produção de Polietileno 9,3 GJ/t 4 CEEPROPILENO Consumo Específico de Energia médio na produção de Propileno 3,15 GJ/t 3 CEEUREIA Consumo Específico de Energia médio na produção de Ureia 2,8 GJ/t 4 %EE Consumo de Energia Elétrica no setor químico como proporção do consumo total de energia (exceto para cloro, um eletroquímico) 10 % Premissa embasada em consulta a especialista do setor %EE Consumo de Específico de Energia Elétrica na produção do cloro 50 % Premissa embasada em consulta a especialista do setor %OV Economia de energia em obtida a partir da otimização do vapor no setor químico 3 % 3 %OC Consumo de óleo combustível no setor químico como proporção do consumo total de energia 7 % 1 %CVp Consumo de carvão vapor no setor químico como proporção do consumo total de energia 1 % 1 %GN Consumo de gás natural no setor químico como proporção do consumo total de energia 26 % 1 FECV Fator de Emissão do Carvão Vapor 25,8 tC/TJ 7 FECV Fator de Emissão do Carvão Vapor 94,6 tCO₂e/TJ calculado FECV Fator de Emissão do Carvão Vapor 94,6 kgCO₂e/GJ calculado FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,65 kgCO₂e/GJ 5 FEGN Fator de Emissão do Gás Natural 56,15 kgCO₂e/GJ 5 Fontes: 1 EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 2 ABIQUIM. Anuário da Indústira Química Brasileira 2009. 3 HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. 4 nternational Environmental Agency. Tracking ndustrial Energy Efficiency and CO₂ Emissions. International Energy Agency, OECD/IEA, Paris, 321p. 5 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 6 MCT. "Segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa – Anexo I: Abordagem Bottom-up". Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view/321034.html. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-66 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para o setor de produtos químicos com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto em cada setor. Os resultados apresentados nesta tabela resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-66 – Resultados para Projetos de Otimização em Sistemas de Vapor no Setor de Químicos Descrição Valor Unidade 4,55 tCO₂e/(103 ton químico x ano) Redução de Emissão anual 80.950 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 809.499 tCO₂e 39 empresas Fator de redução de emissão anual Número de PoAs* Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento 20.756 tCO₂e 8.094.980 US$/ano N/D** US$ * A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 113 Potencial de Redução de Emissões – Otimização em Sistemas de Vapor no setor de Alimentos & Bebidas Tabela 0-67 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos de Otimização e Sistemas de Vapor no Setor de Alimentos & Bebidas Valor Unidade Fonte FEOC Parâmetro Fator de Emissão do Óleo Combustível Descrição 77,65 kgCO₂e/GJ 2 FEGN Fator de Emissão do Gás Natural 56,15 kgCO₂e/GJ 2 FEOD Fator de Emissão do Óleo Diesel 74,25 kgCO₂e/GJ 2 FECV Fator de Emissão do Carvão Vapor 25,8 tC/TJ 5 FECV Fator de Emissão do Carvão Vapor 94,6 tCO₂e/TJ calculado FECV Fator de Emissão do Carvão Vapor 94,6 kgCO₂e/GJ calculado FEGLP Fator de Emissão do Gás Liquefeito de Petróleo 17,20 tC/TJ 5 FEGLP Fator de Emissão do Gás Liquefeito de Petróleo 63,07 kgCO₂e/GJ calculado FEOUTROS Fator de Outros Produtos de Petróleo 73,3 kgCO₂e/GJ 2 %OV Economia de energia em obtida a partir da otimização do vapor no setor de alimentos & bebidas 3 % 3 - Fator de Conversão do de tep para J 41.870.000.000,00 J/tep 3 Fator de Conversão do de tep para GJ 41,87 GJ/tep calculado Fontes: 1 EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 2 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 5. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 3 HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. 4 MCT. "Segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa – Anexo I: Abordagem Bottom-up". Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view/321034.html. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-68 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para o setor de alimentos e bebidas, com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, potencial de contribuição à matriz energética nacional, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados nesta tabela resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-68 – Resultados para Projetos de Otimização em Sistemas de Vapor no Setor de Alimentos & Bebidas Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Valor Unidade 5,8 tCO₂e/(103 GJ óleo combustível x ano) 113.345 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 1.133.450 tCO₂e Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 11.334.500 US$ N/D* US$ Custo do Investimento * Não disponível. Barreiras à Implementação do Projeto De maneira geral, projetos de eficiência energética em sistemas de vapor, especialmente de cogeração, têm custos de implantação elevados. Segundo Henriques Jr. (2010), no caso da cogeração com biomassa52, a justificativa reside nas elevadas taxas cobradas pelas concessionárias para a medição de energia, problemas técnicos de interconexão à rede, lentidão nos processos de liberação de financiamentos pelo BNDES, indisponibilidade de equipamentos nacionais, entre outros fatores. Ademais, problemas estruturais, como a sazonalidade da produção de alguns empreendimentos que geram resíduos de biomassa (por exemplo, canade-açúcar) podem resultar em retração na oferta de biomassa, afetando, assim a viabilidade econômica do sistema de cogeração. 52 Henriques Jr. (2010) destaca que, em termos de redução de emissão de GEEs, os projetos de cogeração em unidades que comprariam eletricidade da rede interligada somente valem à pena quando o equipamento de cogeração com biomassa é acionado. Isto porque como, no Brasil, a rede interligada de eletricidade é notadamente limpa, a substituição da eletricidade comprada da rede pela obtida da cogeração somente resultará em reduções de emissões de GEEs quando o combustível utilizado apresentar um baixo fator de emissão. Esse é o caso da biomassa, que é um combustível que usualmente apresenta emissão zero (exceção às plantações dedicadas, caso em que são contabilizadas as emissões provenientes de consumo de combustível fóssil em de tratores, de fertilizantes e outros químicos necessários). PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 114 Os projetos de MDL desse tipo já desenvolvidos no Brasil apontaram diversas barreiras em seus DCPs, dentre as quais destacam-se as de investimento, tecnológicas e de prática comum. Em relação às barreiras de investimento, investimentos em eficiência energética encontram maiores dificuldades na obtenção de financiamento, até mesmo quando a estimativa de custo desse investimento é menor do que o custo associado ao uso de novas fontes de energia. Isso porque a falta de conhecimento sobre o mercado de eficiência energética leva os agentes de financiamento a crerem que se trata de um segmento de alto risco. Concomitantemente, a falta de um mercado de crédito de longo prazo também provoca um impacto negativo no desenvolvimento desses projetos no Brasil. Um exemplo concreto do elevado capital requerido para esse tipo de projeto é o Documento de Concepção de Projeto (DCP) Energy efficiency for steam generation at Nitro Química – São Miguel Paulista. Segundo esse DCP, para a implementação dessa iniciativa no ano de 2004, foram necessários mais de R$7 milhões. Contudo, o mais relevante é que essa quantia foi alocada num setor que não é negócio usual da empresa, sendo financiada com capital próprio, sem nenhum financiamento externo. Ainda em termos de investimento, apesar de o câmbio ter se mantido estável desde 2005, como a maior parte dos equipamentos é importada, desvalorizações cambiais significativas podem impactar negativamente na implementação desses projetos. No que concerne às barreiras tecnológicas, as incertezas são grandes: o sistema pode não funcionar como esperado, seus custos de manutenção podem ser mais altos, entre outros inúmeros fatores. Nesse sentido, as barreiras tecnológicas referem-se às mudanças que a implementação do sistema demanda e ao desconhecimento dos novos processos. O fator inovação acarreta ainda diversos riscos e gastos extras, dentre os quais destacam-se a eventual necessidade de contratação de técnicos de outros países para o desenvolvimento e garantia de segurança dos novos sistemas de vapor industriais – qualquer erro na instalação e operação desses sistemas envolve alto risco de danos aos equipamentos e, principalmente, aos funcionários. Outras barreiras também podem ser apontadas: o aumento de eficiência nos sistemas de vapor não é prática comum; existência de exigências regulatórias e políticas que não impulsionam à implementação desse tipo de projeto; falta de incentivos econômico-financeiros para a eficiência energética. Dessa forma, as poucas iniciativas existentes são: Recuperação de Vapor em Fornos Em processos que demandam altas temperaturas, o aproveitamento dos gases de exaustão para aquecimento direto – por exemplo, para preaquecimento dos gases de combustão, de cargas ou de fluidos de processo, para secagem de materiais – ou para geração de vapor, consiste em uma interessante alternativa para a redução do consumo de combustíveis nos processos em que os gases são aproveitados. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 115 PROJETO DE RECUPERAÇÃO DE CALOR – CHINA Um projeto de recuperação de calor recentemente desenvolvido em diferentes distritos da China exemplifica a atratividade do desenvolvimento de projetos de recuperação de calor em fornos no setor de cerâmica. O projeto inclui não somente a recuperação de calor em fornos, como também a implementação de novos processos mais eficientes para geração de calor. Na fase relativa à recuperação de calor, são instalados recuperadores e sistemas de transporte de calor em 10 alto-fornos da empresa, distribuídos entre de suas 3 filiais. Os benefícios resultantes da implementação do projeto estão dispostos na tabela abaixo Tabela 0-69 – Exemplo: Recuperação de Calor Valor Unidade Custo do Investimento Parâmetro 5.624,4 10^4RMB Calor Residual Recuperado – Total líquido na filial de Xige 113.354 GJ/ano Calor Residual Recuperado –Total líquido na filial de Daxinzhuang 79.639 GJ/ano Calor Residual Recuperado – Total líquido na filial de Nanpu 192.230 GJ/ano Total de calor recuperado 385.223 GJ/ano Carvão total economizado 37700 t/ano 1.868,89 10^4RMB/ano Preço do carbono 8 Euro/tCO₂e Anos de Creditação 10 anos 63.216 tCO₂/ano Economia do projeto – compra de carvão Redução total Receita dos créditos 505.728 Euros/ano 5.057.280 Euros TIR – Sem a receita dos CERs 6,21 % TIR – Com a receita dos CERs 13,59 % 12 % Receita total com os créditos (10 anos) Benchmark Fonte: CQNUMC – Convenção-Quadro das Nações Unidas para Mudança do Clima. Project Database. Disponível em www.unfccc.int. Avaliação Técnica O cálculo do potencial de aplicação desses projetos no Brasil baseou-se nas metodologias de MDL de grande e pequena escalas, respectivamente – a ACM0012 e a AMS-II.I –, e considerou os seguintes setores industriais: químico; ferro-gusa e aço; cimento; mineração & pelotização; e cerâmica. Apesar de também existir uma metodologia específica para o setor de cimento – isto é, a AM0024 – essa não foi diretamente aplicada para esse setor, de modo que os cálculos para o setor de cimento partiram das mesmas premissas e fórmulas que nos demais setores. Dentro dos setores selecionados para a análise, o cálculo do potencial considerou todas as empresas/unidades produtivas levantadas. O detalhamento das premissas adotadas para o levantamento desses sites potenciais em cada setor consta no início dessa seção. Para aqueles setores em que foi possível obter diretamente o consumo de combustíveis, o cálculo baseou-se na seguinte fórmula: Tabela 0-70 – Cálculo de Redução de Emissões (A) Redução de Emissão EconCFi [GJ] = QCFi * (%RCF) RE *tCO₂e+ = Σ(EconCFi [GJ] * FECFi *tCO₂e/GJ+) PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 116 Por outro lado, naqueles casos em que o consumo de combustível teve que ser estimado, a seguinte fórmula foi aplicada: Tabela 0-71 – Cálculo de Redução de Emissões (B) Redução de Emissão EEconRCF [GJ] = QENERGIA [GJ] * (%RCF) EconCFi [GJ] = EEconRCF [GJ] * (%CFi) RE *tCO₂e+ = Σ(EconCF [GJ] * FECFI *tCO₂e/GJ+) Para cada um dos setores, o cálculo demandou a aplicação de parâmetros específicos aos mesmos. A listagem dos parâmetros e dos resultados referentes a cada setor industrial serão dispostos a seguir, nos itens a seguir. Potencial de Redução de Emissões – Recuperação de Calor em Fornos no Setor Químico Tabela 0-72 – Parâmetros aplicados ao cálculo das oportunidades de Projetos Recuperação de Calor em Fornos no Setor Químico Parâmetro CEEAMÔNIA CEEÁCIDO SULFÚRICO CEECARBONATO DE SÓDIO CEEPVC CEECLORO CEEETENO CEEMETANOL CEENITRATO DE AMÔNIO CEEPOLIESTIRENO CEEPOLIETILENO CEEPROPILENO CEEUREIA %EE Descrição Consumo Específico de Energia médio na produção de Amônia Consumo Específico de Energia médio na produção de Ácido Sulfúrico Consumo Específico de Energia médio na produção de Carbonato de sódio Consumo Específico de Energia médio na produção de Cloreto de Polivinila Consumo Específico de Energia médio na produção de Cloro Consumo Específico de Energia médio na produção de Eteno Consumo Específico de Energia médio na produção de Metanol Consumo Específico de Energia médio na produção de Nitrato de amônio Consumo Específico de Energia médio na produção de Poliestireno Consumo Específico de Energia médio na produção de Polietileno Consumo Específico de Energia médio na produção de Propileno Consumo Específico de Energia médio na produção de Ureia Consumo de Energia Elétrica no setor Químico como proporção do consumo total de energia (exceto para cloro, um eletroquímico) Consumo de Específico de Energia Elétrica na produção do cloro Economia de energia obtida a partir da recuperação de calor em fornos no setor químico Consumo de óleo combustível no setor químico como proporção do consumo total de energia Consumo de carvão vapor no setor químico como proporção do consumo total de energia Consumo de gás natural no setor químico como proporção do consumo total de energia Fator de Emissão do Carvão Vapor Fator de Emissão do Carvão Vapor Fator de Emissão do Carvão Vapor Fator de Emissão do Óleo Combustível Fator de Emissão do Gás Natural Economia de Consumo de Combustível em função da introdução de novos processos Consumo de Combustíveis na Indústria, anteriormente à implementação do projeto Economia do Combustível Fóssil i - Valor 28,26 0,14 12 11,6 18,3 18,85 30 0,93 9,3 9,3 3,15 2,8 Unidade GJ/t GJ/t GJ/t GJ/t GJ/t GJ/t GJ/t GJ/t GJ/t GJ/t GJ/t GJ/t Fonte 3 3 3 4 3 3 3 3 4 4 3 4 10 % Valor assumido %EE 50 % Valor assumido %RCF 6 % 3 %OC 7 % 1 %CVp 1 % 1 %GN 26 % 1 FECV 25,8 tC/TJ 7 FECV 94,6 tCO₂e/TJ calculado FECV 94,6 kgCO₂e/GJ calculado FEOC 77,65 kgCO₂e/GJ 5 FEGN 56,15 kgCO₂e/GJ 5 EconCOMBUSTÍVEL calculado QCOMUSTÍVEL calculado EconCFi calculado Fontes: 1 EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 2 ABIQUIM. Anuário da Indústria Química Brasileira 2009. 3 HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. 4 nternational Environmental Agency. Tracking ndustrial Energy Efficiency and CO₂ Emissions. International Energy Agency, OECD/IEA, Paris, 321p. 5 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 6 MCT. "Segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa – Anexo I: Abordagem Bottom-up". Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view/321034.html. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-73 a seguir apresenta o resumo dos resultados desse projeto para o setor de produção de produtos químicos com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto no setor. Os resultados apresentados a seguir resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 117 Tabela 0-73 – Resultados para Projetos de Recuperação de Calor em Fornos no Setor Químico Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de PoAs* Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento Valor Unidade 53,9 tCO₂e/(10 ton químico x ano) 959.054 tCO₂e/ano 3 9.590.545 tCO₂e 39 empresas 245.911 tCO₂e 959.058.40 US$/ano N/D** US$ * A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível. Potencial de Redução de Emissões – Recuperação de Calor em Fornos na Produção de Ferro-Gusa Tabela 0-74 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos de Recuperação de Calor em Fornos na Produção de Ferro-Gusa Valor Unidade CEEFERRO-GUSA Parâmetro Consumo Específico de Energia médio na produção de Ferro-gusa e Aço Descrição 0,514 tep/ton 1 CEEFERRO-GUSA Consumo Específico Combustíveis fósseis na produção de Ferro-gusa e Aço 0,466 tep/ton calculado %EE Consumo de energia elétrica no setor de Ferro-gusa e Aço como proporção do consumo total de energia 9,380 % 3 %RCF Economia de energia em obtida a partir da recuperação de calor em fornos no setor de ferro-gusa e aço 7 % 6 %OC Consumo de óleo combustível no setor de Ferro-gusa e Aço como proporção do consumo total de energia 0,8 % 3 %GN Consumo de gás natural no setor de Ferro-gusa e Aço como proporção do consumo total de energia 6,4 % 3 %GC Consumo de gás de coqueria no setor de Ferro-gusa e Aço como proporção do consumo total de energia 7,4 % 3 %CqCM Consumo de coque de carvão mineral no setor de Ferro-gusa e Aço como proporção do consumo total de energia 36,4 % 3 1 3 Fonte CNPI Capacidade de Nominal de produção dos Produtores Independentes 14.058 10 t/ano QPI Produção dos Produtores Independentes em 2009 4.273 103 t 2 FUPI Fator de Utilização da Capacidade Instalada dos Produtores Independentes 30,40 % calculado PCIGN Poder Calorífico Inferior do Gás Natural 9930,00 kcal/kg 2 PCIGN Poder Calorífico Inferior do Gás Natural 41.574,924 kJ/kg calculado PCIGN Poder Calorífico Inferior do Gás Natural 41,6 GJ/t calculado FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,65 kgCO₂e/GJ 4 FEGN Fator de Emissão do Gás Natural 56,15 kgCO₂e/GJ 4 FEGC Fator de Emissão do Gás de Coqueria 11,70 tC/TJ 5 FEGC Fator de Emissão do Gás de Coqueria 42,90 kgCO₂/GJ 5 FECqCM Fator de Emissão do Coque de Carvão Mineral 29,50 tC/TJ 5 FECqCM Fator de Emissão do Coque de Carvão Mineral 108,17 kgCO₂/GJ 5 - Fator de Conversão do de tep para J 41,87*109 J/tep 3 - Fator de Conversão do de tep para GJ 41,87 GJ/tep calculado EconCOMBUSTÍVEL Economia de Consumo de Combustível em função da introdução de novos processos - - calculado QCOMUSTÍVEL Consumo de Combustíveis na Indústria, anteriormente à implementação do projeto - - calculado EconCFi Economia do Combustível Fóssil I - - calculado Fontes: 1 Sindicato da Indústria de Ferro – SINDIFER. "Anuário 2007". Disponível em www.sindifer.com.br/Anuario_2007.html. Acesso em 10/10/2010. 2 Instituto Aço Brasil. "Anuário Estatístico 2010", p.1/7. Disponível emwww.acobrasil.org.br/site/portugues/biblioteca/publicacoes.asp. Acesso em 27/10/2010. 3 EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 4 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 5 MCT. "Segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa – Anexo I: Abordagem Bottom-up". Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view/321034.html 6 HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 118 Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-75 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para o setor de ferro-gusa, com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados a seguir resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-75 – Resultados para Projetos Introdução de Novos Processos na Produção de Ferro-Gusa Descrição Valor Unidade 75,11 tCO₂e/(103 ton ferro-gusa x ano) Redução de Emissão anual 1.887.805 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 18.878.055 tCO₂e Número de projetos* 73 + 8 PoAs unidades Fator de redução de emissão anual Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento 216.989 tCO₂e 188.780.540 US$/ano N/D** US$ * A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível. Potencial de Redução de Emissões – Recuperação de Calor em Fornos na Produção de Aço Tabela 0-76 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos Recuperação de Calor em Fornos na Produção de Aço Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte %RCF Economia de energia em obtida a partir da recuperação de calor em fornos no setor de ferro-gusa e aço 7 % 4 FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,65 kgCO₂e/GJ 3 FEOD Fator de Emissão do Óleo Diesel 74,25 kgCO₂e/GJ 3 FEGN Fator de Emissão do Gás Natural 56,15 kgCO₂e/GJ 3 FEAl Fator de Emissão do Alcatrão 25,80 tC/TJ 6 FEAl Fator de Emissão do Alcatrão 94,60 kgCO₂e/GJ calculado FEGCO Fator de Emissão do Gás de Coqueria 11,70 tC/TJ 6 FEGCO Fator de Emissão do Gás de Coqueria 42,90 kgCO₂e/GJ calculado FEGAF Fator de Emissão do Gás de Alto forno 260,00 kgCO₂/GJ 3 FEGAC Fator de Emissão do Gás de Aciaria 82,00 kgCO₂/GJ 3 FEODA Fator de Emissão do óleo Diesel Aditivado 74,25 kgCO₂e/GJ pressuposto igual ao do óleo diesel FEGLP Fator de Emissão do Gás Liquefeito de Petróleo 17,20 tC/TJ 6 FEGLP Fator de Emissão do Gás Liquefeito de Petróleo 63,07 kgCO₂e/GJ calculado FEBTE Fator de Emissão do óleo Combustível de Baixo Teor de Enxofre 77,65 kgCO₂e/GJ 3 CCCMM Conteúdo de Carbono do Carvão Mineral Metalúrgico 25,80 tC/TJ 3 CCCMM Conteúdo de Carbono do Carvão Mineral Metalúrgico 0,0258 tC/GJ calculado CCCMA Conteúdo de Carbono do Carvão Mineral Antracito 26,80 tC/TJ 3 CCCMA Conteúdo de Carbono do Carvão Mineral Antracito 0,0268 tC/GJ calculado CCCqP Conteúdo de Carbono do Coque Metalúrgico 29,50 tC/TJ 3 CCCqP Conteúdo de Carbono do Coque Metalúrgico 0,0295 tC/GJ calculado CCCqP Conteúdo de Carbono do Coque de Petróleo 27,50 tC/TJ 3 CCCqP Conteúdo de Carbono do Coque de Petróleo 0,0275 tC/GJ calculado EconCFi Economia de Consumo do Combustível Fóssil i em função da introdução de novos processos – - calculado QCFi Consumo do Combustível Fóssil i na Indústria, anteriormente à implementação do projeto – - calculado Fontes: 1 EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 2 ABM Brasil. Anais do XXVIII Seminários de Balanços Energéticos e Utilidades e XXII Encontro de Produtores e Consumidores de Gases Industriais. Disponível em www.acobrasil.org.br/site/portugues/biblioteca/obras-fonte.asp?codF=201&fonte=ABM%20Semin%C3%A1rio%20de%20balan%C3%A7o%20Energ%C3%A9ticos%20Globais% 20e%20Utilidades,%2028. Acesso em 27/10/2010. 3 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 4 HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. 5 MCT. "Segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa – Anexo I: Abordagem Bottom-up". Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view/321034.html. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 119 Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-77 a seguir apresenta o resumo dos resultados desse projeto para a produção de aço bruto, com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados na Tabela 0-77 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-77 – Resultados para Projetos de Introdução de Novos Processos na Produção de Aço Bruto Descrição Valor Unidade Fator de redução de emissão anual 268 tCO₂e/(103 t aço bruto x ano) Redução de Emissão anual 6.153.900 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 61.539.002 tCO₂e Número de PoAs* 9 unidades Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 6.846.006 tCO₂e Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 615.390.020 US$ Custo do Investimento N/D** US$ * A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível. Potencial de Redução de Emissões – Recuperação de Calor em Fornos no Setor de Cimento Tabela 0-78 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos Recuperação de Calor em Fornos no Setor de Cimento Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte CEECIMENTO Consumo Específico de Energia médio na Produção do cimento 0,071 tep/t cimento 9 Fator de Conversão do de tep para J 41,87*10 J/tep 1 Fator de Conversão do de tep para GJ 41,87 GJ/tep calculado CEECIMENTO Consumo Específico de Energia médio na Produção do cimento 2,97 GJ/t cimento 1 CECCIMENTO Consumo Específico de Combustível na Produção de Cimento 2,64 GJ/t cimento calculado %EE Consumo de Eletricidade no setor de Cimento como parcela do consumo energético total 11,10 % 1 %RCF Economia de energia em obtida a partir da recuperação de calor em fornos no setor de cimento 7 % 3 %OC Consumo de óleo combustível no setor de cimento como proporção do consumo total de energia 0,8 % 1 %CM Consumo de carvão mineral no setor de cimento como proporção do consumo total de energia 1,5 % 1 %CqP Consumo de óleo combustível no setor de cimento como proporção do consumo total de energia 74,5 % 1 PCIGN Poder Calorífico Inferior do Gás Natural 9.930,00 kcal/kg 1 PCIGN Poder Calorífico Inferior do Gás Natural 41574,924 kJ/kg calculado PCIGN Poder Calorífico Inferior do Gás Natural 41,6 GJ/t calculado FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,65 kgCO₂e/GJ 2 FECqP Fator de Emissão do Coque de Petróleo 97,50 kgCO₂e/GJ 2 FECM Fator de Emissão do Carvão Mineral (sub-betuminoso) 96,10 kgCO₂e/GJ 2 EconCOMBUSTÍVEL Economia de Consumo de Combustível em função da introdução de novos processos calculado QCOMUSTÍVEL Consumo de Combustíveis na Indústria, anteriormente à implementação do projeto calculado EconCFi Economia do Combustível Fóssil i calculado Fontes: 1 EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 2 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 5. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 3 HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. 4 Default ICF&Fides 5 MCT. "Segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa – Anexo I: Abordagem Bottom-up". Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view/321034.html. 6 MME. "Anuário Estatístico do Setor de Transformação de Não Metálicos – 2009". Disponível em www.macropolitica.com.br/docs/Anuario_Estatistico_do_Setor _de_Transformacao_de_nao_metalicos_2009.pdf. Acesso em 03/11/2010. 7 Companhia de Gás de São Paulo – Comgás. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-79 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para o setor de cimento com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados nesta tabela resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 120 Tabela 0-79 – Resultados para Projetos de Recuperação de Calor em Fornos no Setor de Cimento Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de projetos* Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Valor Unidade 13,82 tCO₂/(10 ton cimento x ano) 725.702 tCO₂e/ano 3 7.257.017 tCO₂e 68 fábricas 106.721 tCO₂e 72.570.178 US$/ano Custo do Investimento N/D** US$ * A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível. Potencial de Redução de Emissões – Recuperação de Calor em Fornos no Setor de Mineração & Pelotização Tabela 0-80 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos Recuperação de Calor em Fornos no Setor de Mineração e Pelotização Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte 1.149.912.106,0 ton 1 2.905.000,0 tep 2 Consumo total de Óleo Combustível 572.000,0 tep 2 Qod Consumo total de óleo Diesel 211.000,0 tep 2 Qcm Consumo total de Carvão Mineral 690.000,0 tep 2 Qco Consumo total de Coque de Petróleo 300.000,0 tep 2 Qgn Consumo total de Gás Natural 239.000,0 tep 2 Fator tep/Mcal Conversão de tep para Mcal 10.000,0 Mcal/tep 2 Fator cal/Joule Conversão de caloria para Joule 0,2 cal/Joule 2 %RCF Economia de energia em obtida a partir da recuperação de calor em fornos no setor de Mineração e Pelotização 18,3 % PCIGN Poder Calorífico Inferior do Gás Natural 9.930,0 kcal/kg 2 PCIGN Poder Calorífico Inferior do Gás Natural 41.574,9 kJ/kg calculado PCIGN Poder Calorífico Inferior do Gás Natural 41,6 GJ/t calculado FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,7 kgCO₂e/GJ 3 FEod Fator de Emissão do Óleo Diesel 74,0 kgCO₂e/GJ 3 FEcm Fator de Emissão do Carvão Mineral 96,1 kgCO₂e/GJ 3 FEco Fator de Emissão do Coque de Petróleo 97,5 kgCO₂e/GJ 3 FEGN Fator de Emissão do Gás Natural 56,2 kgCO₂e/GJ 3 EconCFi Economia de Consumo do Combustível Fóssil i em função da introdução de novos processos – - calculado Produção total de minerais Soma da produção total de cada minério produzido CEF Consumo Energético Final do Setor de Mineração e Pelotização Qoc QCFi 1 2 3 Consumo do Combustível Fóssil i na Indústria, anteriormente à implementação do projeto – calculado DNPM. "Anuário Mineral Brasileiro de 2006". EPE/MME. "Balanço Energético Nacional 2010". Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-81 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para o setor de Mineração & Pelotização com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados nesta tabela resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 121 Tabela 0-81 – Resultados para Projetos de Recuperação de Calor em Fornos no Setor de Mineração e Pelotização Descrição Valor Unidade 1,52 tCO₂e/(10 ton minério x ano) Redução de Emissão anual 1.752.893 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 17.528.631 tCO₂e 100 empresas Fator de redução de emissão anual Número de PoAs* Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento 3 175.289 tCO₂e 175.289.320 US$/ano N/D** US$ * A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível. Potencial de Redução de Emissões – Recuperação de Calor em Fornos no Setor de Cerâmica Tabela 0-82 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos Recuperação de Calor em Fornos no Setor de Cerâmica Valor Unidade #CI Parâmetro Nº de Empresas de cerâmica identificadas Descrição 300 Empresas 8 %CI Participação das empresas identificadas na produção nacional de cerâmica 50 % pressuposto QGN, Revest. Consumo de gás natural no setor de Cerâmica de Revestimento m3 6 3 7 DGN Densidade do Gás natural PCIGN 106.819.0176,00 Fonte 1305,5 m /ton PCI do gás natural 41,6 GJ/ton 1 PCIGN PCI do gás natural 0,0318 GJ/m3 calculado FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,65 kgCO₂e/GJ 2 FEGN Fator de Emissão do Gás Natural 56,15 kgCO₂e/GJ 2 FEOD Fator de Emissão do Óleo Diesel 74,25 kgCO₂e/GJ 2 FECV Fator de Emissão do Carvão Vapor 25,8 tC/TJ 5 FECV Fator de Emissão do Carvão Vapor 94,6 tCO₂e/TJ calculado FECV Fator de Emissão do Carvão Vapor 94,6 kgCO₂e/GJ calculado FEGLP Fator de Emissão do Gás Liquefeito de Petróleo 17,20 tC/TJ 5 FEGLP Fator de Emissão do Gás Liquefeito de Petróleo 63,07 kgCO₂e/GJ calculado FEOUTROS Fator de Outros Produtos de Petróleo 73,3 kgCO₂e/GJ 2 %RCF Economia de energia em obtida a partir da recuperação de calor em fornos no setor de cerâmica 18,30 % 3 9 PCV Produção Nacional de Cerâmica Vermelha 73,70 10 peças 6 PCR Produção Nacional de Cerâmica de revestimento (2008) 746,00 106 m2 6 - Fator de Conversão do de tep para J 41.870,00 J/tep 3 41,87 GJ/tep calculado Fator de Conversão do de tep para GJ EconCFi Economia de Consumo do Combustível Fóssil i em função da introdução de novos processos – - calculado QCFi Consumo do Combustível Fóssil i na Indústria, anteriormente à implementação do projeto – - calculado Fontes: 1 EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 2 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 5. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 3 HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. 4 MCT. "Segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa – Anexo I: Abordagem Bottom-up". Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view/321034.html. 5 MME. "Anuário Estatístico do Setor de Transformação de Não Metálicos – 2009". Disponível em www.macropolitica.com.br/docs/Anuario_Estatistico_do_Setor _de_Transformacao_de_nao_metalicos_2009.pdf. Acesso em 03/11/2010. 6 Companhia de Gás de São Paulo – Comgás. 7 ANICER. Listagem de Associados. Disponível em www.anicer.com.br/index.asp?pg=associados.asp&empresa=1&op=pesquisa. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 122 Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-83 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para o setor de cerâmica com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados nesta tabela resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-83 – Resultados para Projetos de Recuperação de Calor em Fornos no Setor de Cerâmica Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de PoAs Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento * Não disponível. Valor Unidade 11,51 tCO₂e/10^3 GJCF 805.953 tCO₂e/ano 8.059.531 tCO₂e 300 empresas 4.029.765 US$/ano N/D* US$ Barreiras à Implementação do Projeto Conforme destacado anteriormente, o aumento da eficiência energética de uma indústria pode ser obtido também através do aproveitamento de calor residual presente em seus diversos processos. Algumas medidas pouco custosas têm potencial para contribuir com essa questão. No entanto, para um ganho de eficiência superior ao obtido com tais medidas, é necessário adotar técnicas mais complexas, como por exemplo, a integração de processos – já muito empregada em indústrias de refino de petróleo, químicas e petroquímicas – que representam custos mais elevados, e, logo, possíveis barreiras de financiamento. Segundo Henriques Jr. (2010), o bom desempenho de trocadores de calor exige o controle de incrustações, garantindo superfícies limpas e livres de outros depósitos que dificultem a troca de calor entre fontes quente e fria. Trata-se de mais um fator que eleva os custos desse tipo de projeto e que, somado ao retorno a médio e longo prazos, pode representar entraves ao investimento. Novos Processos Outra alternativa dentre as inúmeras possíveis medidas de eficiência é a simples substituição do equipamento utilizado no processo por outro mais eficiente, ou a introdução de técnicas de produção que aumentem a eficiência dos processos. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 123 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA A PARTIR DA INTRODUÇÃO DE NOVOS PROCESSOS – REABILITAÇÃO DE CALDEIRAS, MÉXICO A viabilidade de projetos de no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo voltados à introdução de novos processos é muito bem exemplificada pelo projeto de reabilitação de caldeiras em diversas unidades industriais de processamento de gás localizadas em diferentes províncias do México. Visando ao aumento da eficiência da queima do combustível e do calor gerado, o projeto envolve a troca de queimadores, do isolamento e outros componentes – de acordo com a necessidade de cada caldeira – além da instalação de um economizador e de um aquecedor de ar de combustão. O projeto, portanto, gera economia de combustível e de eletricidade, com consequente redução de emissão de GEE e possível receita com venda de créditos de carbono. Tais benefícios são explicitados no quadro abaixo. Tabela 0-84 – Exemplo: Eficiência Energética Valor Unidade Custo do Investimento Parâmetro 17.780.243 Euros Receitas do Projeto – inclui economias com combustível e O&M 3.783.865 Euros Eficiência da caldeira sem o projeto – Nueva PEMEX 74 % Eficiência da caldeira com o projeto – Nueva PEMEX 87 % Eficiência da caldeira sem o projeto -– Cactus 81 % Eficiência da caldeira com o projeto – Cactus 88 % Eficiência da caldeira sem o projeto – Poza Rica 74 % Eficiência da caldeira com o projeto – Poza Rica 83 % 58.674 tCO₂/ano TIR – Sem a receita dos CERs 7,46 % TIR – C a receita dos CERs 14,44 % Benchmark 20,03 % Redução total Fonte: CQNUMC – Convenção-Quadro das Nações Unidas para Mudança do Clima. Project Database. Disponível em www.unfccc.int. Avaliação Técnica A variedade de possibilidades que essa medida abrange implica uma grande complexidade para o cálculo do potencial desse tipo de projeto. Por isso, determinadas medidas específicas foram abordadas, de acordo com as metodologias de MDL existentes, a saber: a AM0056 e a AM0044 – de troca ou reabilitação de caldeira; AM0060 – de substituição de resfriadores; e a AMS-II.D – metodologia de pequena escala aplicável a medidas de eficiência em geral na indústria. A metodologia que aborda projetos de eficiência por meio da introdução de novos processos na indústria – isto é, a AM0068 – não foi considerada, visto que se refere somente à produção de ferro-ligas, setor que, conforme descrito no início dessa seção, não será incluído no estudo, por não ter demonstrado um potencial significativo de economia de energia na análise agregada desenvolvida em Henriques Jr. (2010). Com isso, os setores que, na referida análise, representaram cerca de 90% do potencial de economia de energia e que, portanto, foram abordados nesta análise desagregada são: papel & celulose; química; ferro-gusa & aço; e cerâmica. Dentro desses setores, o cálculo do potencial considerou todas as empresas/unidades produtivas levantadas. O detalhamento das premissas adotadas para o levantamento desses sites potenciais em cada setor consta no início dessa seção. Paro o cálculo do potencial por setor a seguinte fórmula foi adotada, nos casos em que os dados de consumo de combustível das empresas não estavam disponíveis: PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 124 Tabela 0-85 – Cálculo de Redução de Emissões (A) Redução de Emissão EconCOMBUSTÍVEL [GJ] = QCOMUSTÍVEL[GJ] * (%NP) EconCFi [GJ] = EconCOMBUSTÍVEL [GJ] * (%CFi) RE *tCO₂e+ = Σ(EconCFi [GJ] * FECFi *tCO₂e/GJ+) No caso da produção de Aço e do setor de Cerâmica, foi possível obter a matriz de consumo de combustíveis para cada empresa, e, portanto, a formula aplicada foi a seguinte: Tabela 0-86 – Cálculo de Redução de Emissões (B) Redução de Emissão EconCFi [GJ] = QCFi * (%NP) RE *tCO₂e+ = Σ(EconCFi [GJ] * FECFi *tCO₂e/GJ+) Os itens a seguir apresentam os parâmetros e resultados do potencial de redução de emissões para esse projeto em cada setor contemplado. Potencial de Redução de Emissões – Introdução de Novos Processos na Produção de Papel Tabela 0-87 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos de Introdução de Novos Processos na Produção de Papel Valor Unidade CEEPAPEL & CELULOSE Parâmetro Consumo Específico de Energia médio na produção de Papel e Celulose Descrição 0,416 tep/ton Fonte 3 CEEPAPEL & CELULOSE Consumo Térmico* Específico na produção de Papel e Celulose 0,347 tep/ton calculado %EE Consumo de energia elétrica no setor Papel e Celulose como proporção do consumo total de energia 16,5 % 3 %NP Economia de energia obtida a partir da introdução de novos processos no setor de papel e celulose 9,4 % 6 %OC Consumo de óleo combustível no setor Papel e Celulose como proporção do consumo total de energia 5,2 % 3 %CVp Consumo de carvão vapor no setor Papel e Celulose como proporção do consumo total de energia 0,9 % 3 %GN Consumo de gás natural no setor Papel e Celulose como proporção do consumo total de energia 6,4 % 3 FECV Fator de Emissão do Carvão Vapor 25,8 tC/TJ 5 FECV Fator de Emissão do Carvão Vapor 94,6 tCO₂e/TJ calculado FECV Fator de Emissão do Carvão Vapor 94,6 kgCO₂e/GJ calculado FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,65 kgCO₂e/GJ 3 FEGN Fator de Emissão do Gás Natural 56,15 kgCO₂e/GJ 3 EconCOMBUSTÍVEL Economia de Consumo de Combustível em função da introdução de novos processos 308.201 tep calculado QCOMUSTÍVEL Consumo de Combustíveis na Indústria, anteriormente à implementação do projeto 3.278.734 tep calculado EconCFi Economia do Combustível Fóssil I - - calculado - Fator de Conversão do de tep para J 41,87*109 J/tep 3 - Fator de Conversão do de tep para GJ 41,87 GJ/tep calculado Fontes: 1 BRACELPA. "Relatório Anual 2008/2009". Disponível em www.bracelpa.org.br/bra/estatisticas/pdf/anual/rel2008.pdf 2 A produção nacional foi obtida em BRACELPA, "Relatório Anual 2008/2009" assim como a produção das empresas das Empresas Klabin SA, Suzano, International Paper, Votorantim Celulose e Papel, Rigesa, Orsa, Santher, Stora Enso, Trombini, Norske, MD Papéis, Celulose Irani AS, Inpa e Ahlstrom. A produção específica às demais empresas foi estimada. A estimativa de produção foi calculada multiplicando-se a capacidade nominal por um fator de utilização obtido a partir da média de utilização das empresas citadas anteriormente. 3 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 4 EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 5 MCT. "Segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa – Anexo I: Abordagem Bottom-up". Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view/321034.html 6 HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-88 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para a produção de papel com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto em cada setor. Os resultados apresentados nesta tabela resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 125 Tabela 0-88 – Resultados para Projetos de Introdução de Novos Processos na Produção de Papel Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de projetos* Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento Valor Unidade 11,59 tCO₂e/(10 ton papel x ano) 104.776 tCO₂e/ano 3 1.047.763 tCO₂e 122 plantas de produção 8.588 tCO₂e 10.947.180 US$ N/D** US$ * A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível. Potencial de Redução de Emissões – Introdução de Novos Processos na Produção de Celulose Tabela 0-89 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos de Introdução de Novos Processos na Produção de Celulose Valor Unidade CEEPAPEL & CELULOSE Parâmetro Consumo Específico de Energia médio na produção de Papel e Celulose Descrição 0,416 tep/ton Fonte 1 CEEPAPEL & CELULOSE Consumo Térmico Específico na produção de Papel e Celulose 0,347 tep/ton calculado %EE Consumo de energia elétrica no setor Papel e Celulose como proporção do consumo total de energia 16,52 % 1 %NP Economia de energia em obtida a partir da introdução de novos processos no setor de papel e celulose 9,4 % 4 %OC Consumo de óleo combustível no setor de Papel e Celulose como proporção do consumo total de energia 5,2 % 1 %CVp Consumo de carvão vapor no setor de Papel e Celulose como proporção do consumo total de energia 0,9 % 1 %GN Consumo de gás natural no setor de Papel e Celulose como proporção do consumo total de energia 6,4 % 1 FECV Fator de Emissão do Carvão Vapor 25,8 tC/TJ 3 FECV Fator de Emissão do Carvão Vapor 94,6 tCO₂e/TJ calculado FECV Fator de Emissão do Carvão Vapor 94,6 kgCO₂e/GJ calculado FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,65 kgCO₂e/GJ 1 FEGN Fator de Emissão do Gás Natural 56,15 kgCO₂e/GJ 1 EconCOMBUSTÍVEL Economia de Consumo de Combustível em função da introdução de novos processos 414477,63 tep calculado QCOMUSTÍVEL Consumo de Combustíveis na Indústria, anteriormente à implementação do projeto 4409336,48 tep calculado - - calculado 41,87*109 J/tep 1 41,87 GJ/tep calculado EconCFi Economia do Combustível Fóssil i - Fator de Conversão do de tep para J - Fator de Conversão do de tep para GJ Fontes: 1 EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 2 MCT. "Segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa – Anexo I: Abordagem Bottom-up". Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view/321034.html 3 HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-90 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para a produção de celulose com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto em cada setor. Os resultados apresentados a seguir resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-90 – Resultados para Projetos de Introdução de Novos Processos na Produção de Celulose Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de projetos* Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento Valor Unidade 11,59 tCO₂e/(103 ton celulose x ano) 147.221 tCO₂e/ano 1.472.208 tCO₂e 35 plantas de produção 79.918 tCO₂e 14.734.080 US$ N/D** US$ * A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo.** Não disponível. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 126 Potencial de Redução de Emissões – Introdução de Novos Processos no Setor Químico Tabela 0-91 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos de Introdução de Novos Processos no Setor Químico Descrição Valor Unidade Fonte CEEAMÔNIA Parâmetro Consumo Específico de Energia médio na produção de Amônia 28,26 GJ/t 3 CEEÁCIDO SULFÚRICO Consumo Específico de Energia médio na produção de Ácido Sulfúrico 0,14 GJ/t 3 CEECARBONATO DE SÓDIO Consumo Específico de Energia médio na produção de Carbonato de sódio 12 GJ/t 3 CEEPVC Consumo Específico de Energia médio na produção de Cloreto de Polivinila 11,6 GJ/t 4 CEECLORO Consumo Específico de Energia médio na produção de Cloro 18,3 GJ/t 3 CEEETENO Consumo Específico de Energia médio na produção de Eteno 18,85 GJ/t 3 CEEMETANOL Consumo Específico de Energia médio na produção de Metanol 30 GJ/t 3 CEENITRATO DE AMÔNIO Consumo Específico de Energia médio na produção de Nitrato de amônio 0,93 GJ/t 3 CEEPOLIESTIRENO Consumo Específico de Energia médio na produção de Poliestireno 9,3 GJ/t 4 CEEPOLIETILENO Consumo Específico de Energia médio na produção de Polietileno 9,3 GJ/t 4 CEEPROPILENO Consumo Específico de Energia médio na produção de Propileno 3,15 GJ/t 3 CEEUREIA Consumo Específico de Energia médio na produção de Ureia 2,8 GJ/t 4 %EE Consumo de Energia Elétrica no setor Químico como proporção do consumo total de energia (exceto para cloro, um eletroquímico) 10 % pressuposto %EE Consumo de Específico de Energia Elétrica na produção do cloro 50 % pressuposto %MC Economia de energia em obtida a partir da introdução de novos processos no setor químico 7,2 % 3 %OC Consumo de óleo combustível no setor químico como proporção do consumo total de energia 7 % 1 %CVp Consumo de carvão vapor no setor químico como proporção do consumo total de energia 1 % 1 %GN Consumo de gás natural no setor químico como proporção do consumo total de energia 26 % 1 FECV Fator de Emissão do Carvão Vapor 25,8 tC/TJ 7 FECV Fator de Emissão do Carvão Vapor 94,6 tCO₂e/TJ calculado FECV Fator de Emissão do Carvão Vapor 94,6 kgCO₂e/GJ calculado FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,65 kgCO₂e/GJ 5 FEGN Fator de Emissão do Gás Natural 56,15 kgCO₂e/GJ 5 EconCOMBUSTÍVEL Economia de Consumo de Combustível em função da introdução de novos processos 9.325.440,03 GJ calculado QCOMUSTÍVEL Consumo de Combustíveis na Indústria, anteriormente à implementação do projeto 129.520.000,39 GJ calculado EconCFi Economia do Combustível Fóssil i - - calculado Fontes: 1 EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 2 ABIQUIM. Anuário da Indústria Química Brasileira 2009. 3 HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. 4 International Environmental Agency. Tracking ndustrial Energy Efficiency and CO₂ Emissions. International Energy Agency, OECD/IEA, Paris, 321p. 5 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 6 MCT. "Segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa – Anexo I: Abordagem Bottom-up". Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view/321034.html Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-92 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para o setor de produção de produtos químicos com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto em cada setor. Os resultados apresentados nesta tabela resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-92 – Resultados para Projetos de Introdução de Novos Processos no Setor de químicos Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de PoAs* Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento Valor Unidade 54,8 tCO₂e/(103 ton químico x ano) 975.647 tCO₂e/ano 9.756.470 tCO₂e 39 empresas 250.166 tCO₂e 97.564.700 US$/ano N/D** US$ * A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 127 Potencial de Redução de Emissões – Introdução de Novos Processos na Produção de Ferro-gusa Tabela 0-93 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos de Introdução de Novos Processos na Produção de Ferro-Gusa Valor Unidade CEEFERRO-GUSA Parâmetro Consumo Específico de Energia médio na produção de Ferro-gusa e Aço Descrição 0,514 tep/ton 3 CEEFERRO-GUSA Consumo Específico de Energia Térmica médio na produção de Ferro-gusa e Aço 0,466 tep/ton calculado %EE Consumo de energia elétrica no setor de Ferro-gusa e Aço como proporção do consumo total de energia 9,4 % 3 %NP Economia de energia em obtida a partir da introdução de novos processos no setor de ferro-gusa e aço 24,1 % 6 %OC Consumo de óleo combustível no setor de Ferro-gusa e Aço como proporção do consumo total de energia 0,8 % 3 %GN Consumo de gás natural no setor de Ferro-gusa e Aço como proporção do consumo total de energia 6,4 % 3 %GC Consumo de gás de coqueria no setor de Ferro-gusa e Aço como proporção do consumo total de energia 7,4 % 3 %CqCM Consumo de coque de carvão mineral no setor de Ferro-gusa e Aço como proporção do consumo total de energia 36,4 % 3 CNPI Capacidade de Nominal de produção dos Produtores Independentes 14.058 103 t/ano 1 QPI Produção dos Produtores Independentes em 2009 4.273 103 t 2 FUPI Fator de Utilização da Capacidade Instalada dos Produtores Independentes 30,40 % calculado PCIGN Poder Calorífico Inferior do Gás Natural 9930,00 kcal/kg 2 PCIGN Poder Calorífico Inferior do Gás Natural 41574,924 kJ/kg calculado PCIGN Poder Calorífico Inferior do Gás Natural 41,6 GJ/t calculado FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,65 kgCO₂e/GJ 4 FEGN Fator de Emissão do Gás Natural 56,15 kgCO₂e/GJ 4 FEGC Fator de Emissão do Gás de Coqueria 11,70 tC/TJ 5 FEGC Fator de Emissão do Gás de Coqueria 42,90 kgCO₂/GJ 5 FECqCM Fator de Emissão do Coque de Carvão Mineral 29,50 tC/TJ 5 FECqCM Fator de Emissão do Coque de Carvão Mineral 108,17 kgCO₂/GJ 5 - Fator de Conversão do de tep para J 41,87*109 J/tep 3 41,87 GJ/tep calculado Fator de Conversão do de tep para GJ Fonte EconCOMBUSTÍVEL Economia de Consumo de Combustível em função da introdução de novos processos 2.821.532,81 tep calculado QCOMUSTÍVEL Consumo de Combustíveis na Indústria, anteriormente à implementação do projeto 11.707.605,03 tep calculado EconCFi Economia do Combustível Fóssil i calculado Fontes: 1 Sindicato da Indústria de Ferro – SINDIFER. "Anuário 2007". Disponível em www.sindifer.com.br/Anuario_2007.html. Acesso em 10/10/2010. 2 Instituto Aço Brasil. "Anuário Estatístico 2010", p.1/7. Disponível emwww.acobrasil.org.br/site/portugues/biblioteca/publicacoes.asp. Acesso em 27/10/2010. 3 EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 4 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 5 MCT. "Segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa – Anexo I: Abordagem Bottom-up". Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view/321034.html 6 HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-94 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para o setor de ferro-gusa, com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados nesta tabela resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-94 – Resultados para Projetos Introdução de Novos Processos na Produção de Ferro-Gusa Descrição Valor Unidade 229 tCO₂e/(103 ton ferro-gusa x ano) Redução de Emissão anual 5.755.532 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 57555321 tCO₂e 73 + 8 Poas unidades Fator de redução de emissão anual Número de projetos* Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento 661.555 tCO₂e 1.008.140 US$/ano N/D** US$ * A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** Não disponível. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 128 Potencial de Redução de Emissões – Introdução de Novos Processos na Produção de Aço Tabela 0-95 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos de Introdução de Novos Processos na produção de Aço Valor Unidade #CI Parâmetro Número de empresas de cerâmica identificadas Descrição 300 empresas Fonte 7 %CI Participação da empresas identificadas na produção nacional total 50 % Pressuposto %NP Economia de energia em obtida a partir da introdução de novos processos no setor de ferro-gusa e aço 24,1 % 4 FEOC Fator de Emissão do Óleo Combustível 77,65 kgCO₂e/GJ 3 FEOD Fator de Emissão do Óleo Diesel 74,25 kgCO₂e/GJ 3 FEGN Fator de Emissão do Gás Natural 56,15 kgCO₂e/GJ 3 FEAl Fator de Emissão do Alcatrão 25,80 tC/TJ 6 FEAl Fator de Emissão do Alcatrão 94,60 kgCO₂e/GJ calculado FEGCO Fator de Emissão do Gás de Coqueria 11,70 tC/TJ 6 FEGCO Fator de Emissão do Gás de Coqueria 42,90 kgCO₂e/GJ calculado FEGAF Fator de Emissão do Gás de Alto forno 260,00 kgCO₂/GJ 3 FEGAC Fator de Emissão do Gás de Aciaria 82,00 kgCO₂/GJ 3 FEODA Fator de Emissão do Óleo Diesel Aditivado 74,25 kgCO₂e/GJ 3 FEGLP Fator de Emissão do Gás Liquefeito de Petróleo 17,20 tC/TJ 6 FEGLP Fator de Emissão do Gás Liquefeito de Petróleo 63,07 kgCO₂e/GJ calculado FEBTE Fator de Emissão do óleo Combustível de Baixo Teor de Enxofre 77,65 kgCO₂e/GJ 3 CCCMM Conteúdo de Carbono do Carvão Mineral Metalúrgico 25,80 tC/TJ 3 CCCMM Conteúdo de Carbono do Carvão Mineral Metalúrgico 0,0258 tC/GJ calculado CCCMA Conteúdo de Carbono do Carvão Mineral Antracito 26,80 tC/TJ 3 CCCMA Conteúdo de Carbono do Carvão Mineral Antracito 0,0268 tC/GJ calculado CCCqP Conteúdo de Carbono do Coque Metalúrgico 29,50 tC/TJ 3 CCCqP Conteúdo de Carbono do Coque Metalúrgico 0,0295 tC/GJ calculado CCCqP Conteúdo de Carbono do Coque de Petróleo 27,50 tC/TJ 3 CCCqP Conteúdo de Carbono do Coque de Petróleo 0,0275 tC/GJ calculado EconCFi Economia de Consumo do Combustível Fóssil i em função da introdução de novos processos – - calculado QCFi Consumo do Combustível Fóssil i na Indústria, anteriormente à implementação do projeto – calculado Fontes: 1 EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 2 ABM Brasil. Anais do XXVIII Seminários de Balanços Energéticos e Utilidades e XXII Encontro de Produtores e Consumidores de Gases Industriais. Disponível em www.acobrasil.org.br/site/portugues/biblioteca/obras. Acesso em 27/10/2010. 3 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 4 HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. 5 Default ICF&Fides. 6 MCT. "Segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa – Anexo I: Abordagem Bottom-up". Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view/321034.html. 7 ANICER. Listagem de Associados. Disponível em www.anicer.com.br/index.asp?pg=associados.asp&empresa=1&op=pesquisa. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-96 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para a produção de aço bruto, com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados, a seguir, resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-96 – Resultados para Projetos de Introdução de Novos Processos na Produção de Aço Bruto Descrição Valor Unidade 897 tCO₂e/(103 t aço bruto x ano) Redução de Emissão anual 21.212.838 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 212.128.383 tCO₂e 9 Empresas Fator de redução de emissão anual Número de PoAs* Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento 23.569.820 tCO₂e 2.121.283.820 US$ N/D** US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo.**Não disponível. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 129 Potencial de Redução de Emissões – Introdução de Novos Processos no Setor de Cerâmica Tabela 0-97 – Parâmetros Aplicados ao Cálculo das Oportunidades de Projetos de Introdução de Novos Processos no Setor de Cerâmica Parâmetro #CI %CI FEOC FEGN FEOD FECV FECV FECV FEGLP FEGLP FEOUTROS %NP - Descrição Nº de empresas de cerâmica identificadas Participação das empresas identificadas na produção nacional total Fator de Emissão do Óleo Combustível Fator de Emissão do Gás Natural Fator de Emissão do Óleo Diesel Fator de Emissão do Carvão Vapor Fator de Emissão do Carvão Vapor Fator de Emissão do Carvão Vapor Fator de Emissão do Gás Liquefeito de Petróleo Fator de Emissão do Gás Liquefeito de Petróleo Fator de Outros Produtos de Petróleo Economia de energia obtida a partir da introdução de novos processos no setor de Cerâmica Fator de Conversão do de tep para J Fator de Conversão do de tep para GJ Economia de Consumo do Combustível Fóssil i em função da introdução de novos processos Consumo do Combustível Fóssil i na Indústria, anteriormente à implementação do projeto Valor 300 50 77,65 56,15 74,25 25,8 94,6 94,6 17,20 63,07 73,3 20,00 41,87*109 41,87 – – Unidade Empresas % kgCO₂e/GJ kgCO₂e/GJ kgCO₂e/GJ tC/TJ tCO₂e/TJ kgCO₂e/GJ tC/TJ kgCO₂e/GJ kgCO₂e/GJ % J/tep GJ/tep - Fonte 4 pressuposto 2 2 2 5 calculado calculado 5 calculado 2 3 3 calculado calculado calculado EconCFi QCFi Fontes: 1 EPE/MME, "Balanço Energético Nacional 2010". Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. Acesso em 28/10/2010. 2 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 5. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 3 HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. 4 ANICER. Listagem de Associados. Disponível em www.anicer.com.br/index.asp?pg=associados.asp&empresa=1&op=pesquisa. 5 MCT. "Segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa – Anexo I: Abordagem Bottom-up". Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view/321034.html. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades A Tabela 0-98 apresenta o resumo dos resultados desse projeto para a produção de cerâmica, com relação ao potencial de redução de emissões de GEEs, potencial de receita com a venda de CERs, bem como o montante de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados nesta tabela resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-98 – Resultados para Projetos de Introdução de Novos Processos na Produção de Cerâmica Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de Poas Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento Valor Unidade 12,58 tCO₂e/(103 GJ óleo combustível x ano) 440.412 tCO₂e/ano 4.404.115 tCO₂e 300 empresas 44.041.153 US$ N/D* US$ * Não disponível. Barreiras à Implementação do Projeto De maneira geral, as principais barreiras para qualquer projeto de eficiência energética, segundo Henriques Jr. (2010), consistem inter allia, na falta ou deficiência de incentivos, lentidão na obtenção de financiamento, informação insuficiente, baixa articulação entre agentes envolvidos, baixa capacitação técnica e aspectos culturais53. Além disso, o processo burocrático tanto para pequenas como para grandes empresas é o mesmo, dificultando a implantação de projetos de menor porte. No que diz respeito às barreiras à implementação de projetos de eficiência energética apontadas pelos desenvolvedores de projetos de MDL no Brasil e no resto do Mundo, o financiamento também é destacado como o principal entrave. O argumento central é que investimentos em substituição, reabilitação ou 53 HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 130 introdução de novos equipamentos para eficiência energética não trazem economia e/ou lucros significativos no curto e médio prazos – a economia advém da redução de gastos com energia no longo prazo. Adicionalmente, investimentos em projetos de eficiência energética (assim como em projetos de eficiência nos processos em geral) não são prioritários para as indústrias quando comparados às iniciativas de incremento na produção. Outra questão é o caráter inovador desse tipo de projeto, visto que, especialmente no Brasil, não se trata de prática comum. Por fim, a falta de mão de obra qualificada para operação da nova tecnologia a ser implementada também pode representar entraves à implementação desses projetos no País. Resultados Consolidados do Setor O desenvolvimento do estudo com a abordagem bottom-up contemplou o levantamento de instalações em que os projetos de baixo carbono poderiam ser desenvolvidos. A lista contendo os sites avaliados e o potencial por site será divulgada como um anexo do presente estudo. A Tabela 0-99 apresenta os resultados consolidados do setor de combustíveis fósseis para a indústria. Tabela 0-99 – Resultados Consolidados do Setor de Combustíveis Fósseis para a Indústria. Número de Projetos Tipo de projeto Total – Setor de Combustíveis Fósseis para a Indústria Potencial Redução de Emissões GEE em 10 anos Potencial Receita com a Venda de CERs em 10 anos (CER = 10 US$) Investimento Fator de Redução de Emissão anual Valor Unidade tCO₂e Milhões US$ Milhões US$ Valor Unidade 2.211 n/a 773.037.640 7.804 n/d n/a n/a Refino – Flare e Vent Gás associado em Plataformas Distribuição de GN Melhoria da Combustão 8 2 587 Celulose 35 Papel 122 Química 39 Ferro-gusa 87 Empresas de Ferro-gusa Aço 4 Empresas de Aço 44 Refinarias Plataformas de produção de petróleo Empresas de Distribuição n/a Plantas de Produção de Celulose Plantas de Produção de Papel Empresas de Produtos Químicos 5.690.174 57 n/d 13,7 tCO₂e/10^3 t petróleo 19.145.942 191 n/d 0,6 tCO₂e/10^3 m3 GA 237.476 1.287.855 2 13 n/d n/d 0,5 n/a tCO₂e/m duto/ano n/a 267.898 3 n/d 2 tCO₂e/10^3 t celulose 199.206 2 n/d 2 tCO₂e/10^3 t celulose 249.400 2 n/d 1 tCO₂e/10^3 t químico 100.814 1 n/d 0,4 9.819 0,1 n/d 0,1 157.041 2 n/d 2 tCO₂e/10^3 t ferrogusa tCO₂e/10^3 t aço bruto tCO₂e/10^3 GJ óleo comb. tCO₂e/10^3 GJ óleo comb. Cerâmica 300 Empresas de Cerâmica Identificadas* Alimentos e Bebidas n/d n/d 303.677 3 n/d 2 Introdução de novos processos 592 n/a 286.364.260 2.864 n/d n/a n/a 1.472.208 15 n/d 12 tCO₂e/10^3 t celulose 1.047.764 10 n/d 12 tCO₂e/10^3 t celulose 9.756.470 98 n/d 55 tCO₂e/10^3 t químico Plantas de Produção de Celulose Plantas de Produção de Papel Empresas de Produtos Químicos Celulose 35 Papel 122 Química 39 Ferro-gusa 87 Empresas de Ferro-gusa 57.555.321 576 n/d 229 Aço 9 Empresas de Aço 212.128.383 2.121 n/d 897 4.404.115 44 n/d 13 3.670.265 37 n/d n/a tCO₂e/10^3 t ferrogusa tCO₂e/10^3 t aço bruto tCO₂e/10^3 GJ óleo combustível n/a 939.707 9 n/d 7 tCO₂e/10^3 t celulose 787.609 8 n/d 9 tCO₂e/10^3 t celulose Cerâmica 300 Otimização de Vapor 196 Celulose 35 Papel 122 Empresas de Cerâmica Identificadas* n/a Plantas de Produção de Celulose Plantas de Produção de Papel LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 131 Tabela 0-99 – Resultados Consolidados do Setor de Combustíveis Fósseis para a Indústria. Número de Projetos Tipo de projeto Total – Setor de Combustíveis Fósseis para a Indústria Potencial Redução de Emissões GEE em 10 anos Potencial Receita com a Venda de CERs em 10 anos (CER = 10 US$) Investimento Fator de Redução de Emissão anual Valor Unidade tCO₂e Milhões US$ Milhões US$ Valor Unidade 2.211 n/a 773.037.640 7.804 n/d n/a n/a 809.499 8 n/d 5 tCO₂e/10^3 t químico Química 39 Empresas de Produtos Químicos Alimentos e Bebidas n/d n/d 1.133.450 11 n/d 6 tCO₂e/10^3 GJ óleo combustível Recuperação de Calor em Fornos 603 n/a 118.898.366 1.211 n/d n/a n/a Química 39 Empresas de Produtos Químicos 9.590.545 96 n/d 54 tCO₂e/10^3 t químico Ferro-gusa 87 Empresas de Ferro-gusa 18.878.055 189 n/d 75 9 Empresas de Aço 61.614.053 616 n/d 261 Fábricas de Cimento Empresas de Mineração Empresas de Cerâmica Identificadas* 7.257.017 17.528.931 73 157 n/d n/d 14 2 4.029.765 40 n/d 12 n/a 30.469.189 305 n/d n/a n/a 6.355.389 64 n/d 70 tCO₂e/10^3 t papel 8.929.928 89 n/d 70 tCO₂e/10^3 t celulose Aço Cimento Mineração e Pelotização 68 100 tCO₂e/10^3 t ferrogusa tCO₂e/10^3 t aço bruto tCO₂e/10^3 t cimento tCO₂e/10^3 t minério tCO₂e/10^3 GJ comb. Fósseis Cerâmica 300 Substituição de Comb. Carbono Intensivos por Biomassa 157 Papel 122 Celulose 35 Alimentos e Bebidas n/d n/d 15.183.873 152 n/d 0,1 tCO₂e/GJ óleo combustível 766 n/a 316.577.201 3.180 n/d n/a n/a 68 Empresas de Cimento 303.475 3 n/d 0,6 80 Empresas de Ferro-gusa 908.493 9 n/d 4 9 Empresas de Aço 250.676.134 2.507 n/d 1 Empresas de Mineração Empresas de Produtos Químicos Empresas de Alumínio Plantas de Produção de Papel Plantas de Produção de Celulose Empresas de Cerâmica Identificadas* 26.967.252 270 n/d 2 tCO₂e/10^3 t cimento tCO₂e/10^3 t ferrogusa tCO₂e/t aço bruto /ano tCO₂e/10^3 t minério 2.301.605 23 n/d 0,1 tCO₂e/t químico /ano 11.264.484 112 n/d 1 tCO₂e/t alumínio 1.759.534 18 n/d 19 tCO₂e/10^3 t papel 2.393.304 24 n/d 19 tCO₂e/10^3 t celulose 1.449.263 14 n/d 0,02 Substituição de Comb. Carbono Intensivos por Gás Natural Cimento Ferro-gusa Aço Mineração e Pelotização 100 Química 39 Não ferrosos (Alumínio) 6 Plantas de Produção de Papel Plantas de Produção de Celulose Papel 122 Celulose 34 Cerâmica 300 Têxtil n/d n/d 954.173 10 n/d 0,02 Alimentos e Bebidas n/d n/d 3.783.386 38 n/d 0,02 n/d n/d 8.884.610 89 n/d 0,02 Não ferrosos e outros da metalurgia Notas: tCO₂e/GJ óleo combustível tCO₂e/GJ óleo combustível tCO₂e/GJ óleo combustível tCO₂e/GJ óleo combustível No cálculo dos totais para o setor, agregação dos valores excluiu projetos considerados concorrentes, a saber: Melhoria da Combustão; Subst. de comb. Carbonointensivos por Gás Natural – Papel, Celulose, Alimentos e Bebidas * Representam apenas a parcela de empresas identificadas no estudo. Estima-se que existam mais de 5.000 empresas de cerâmica no Brasil (Fonte: MME, 2009), mas aqui assume-se que essas 300 empresas representam 50% da produção nacional de cerâmica. n/a = Não se aplica. n/d = Dado não disponível. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 132 Outros Insumos para Indústria Descrição dos Elos da Cadeia de Outros Insumos para a Indústria Diferentemente dos demais setores, os elos da cadeia de “Outros nsumos para a nd stria” não são tão bem definidos. Tal divisão é clara em outros setores desse estudo, como nos setores elétrico ou de resíduos. No entanto, há diversas indústrias com processos produtivos diferentes que são agrupados no setor em voga. Com base nessas características, uma divisão adequada é aquela que seja aplicável à grande variedade de indústrias envolvidas nesse setor considerando, também, as subdivisões cabíveis de acordo com as metodologias de MDL. Portanto, os elos da cadeia foram divididos da seguinte forma: produção; e tratamento de subprodutos. O elo 1, isto é, produção, contempla etapas preparatórias de insumos, como a utilização de insumos na fabricação e etapas que envolvam o processo produtivo. No elo 2, isto é, tratamento de subprodutos, são incluídas as etapas posteriores ao processo produtivo como, por exemplo, o tratamento, recuperação e reutilização de subprodutos. Devido à diversidade das indústrias do setor, não é possível descrever em detalhes a produção e tratamento de subprodutos de cada uma delas. Dessa forma, optou-se por detalhar setores industriais específicos que são mais significativos do ponto de vista de emissões e possibilidades de redução de emissões de GEE. Os setores industriais selecionados foram: a indústria química, a indústria metalúrgica (representada pela produção de alumínio), a indústria cimenteira e a indústria mineradora. Esses setores são descritos em detalhes a seguir. Produção Indústria Química Fornecedora de matérias-primas e produtos para todos os setores produtivos, a indústria química é essencial para o funcionamento dos demais setores produtivos. Diante da complexidade desse setor, composto por diferentes produtos e processos produtivos, o mesmo foi dividido em segmentos de acordo com classificação da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), sendo esses agrupados em dois grandes blocos: produtos químicos de uso industrial e produtos químicos de uso final. O primeiro bloco compreende os segmentos de produtos orgânicos, inorgânicos, resinas e elastômeros e ainda produtos e preparados químicos diversos. No segundo bloco incluem-se os produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, adubos e fertilizantes, sabões, detergentes e produtos de limpeza, defensivos agrícolas, tintas, esmaltes e vernizes, entre outros. De acordo com dados de 2009, a participação da indústria química no PIB brasileiro foi de 2,6% em 2009, divididos segundo a Gráfico 0-1. Como há um grande número de cadeias e complexos industriais dos quais a indústria química participa, tem-se um processo produtivo para cada segmento, dificultando uma caracterização geral da produção no setor. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 133 Gráfico 0-1 – Divisão Setorial do PIB da Indústria Química Fonte: Abiquim, 2010. Indústria Cimenteira A produção de cimento se inicia na extração de matérias-primas, que pode ser encarada como uma etapa do setor de mineração. Os insumos necessários à fabricação do cimento são geralmente extraídos de rocha calcária ou argila. Em seguida, essas matérias-primas são moídas, preaquecidas e introduzidas em um forno industrial, em que o material chega a ser aquecido a temperaturas da ordem de 1.500 oC antes de ser resfriado subitamente por rajadas de ar. Dessa forma é produzido o clínquer, material básico para a produção de qualquer tipo de cimento. Posteriormente, determinada quantidade de gesso é adicionada ao clínquer e essa mistura é moída novamente. Durante essa fase, diferentes materiais, os chamados aditivos, são adicionados ao clínquer, além do gesso. Dentre os possíveis aditivos incluem-se a escória e fíler. Finalmente, o cimento é armazenado em silos para depois ser enviado a granel ou em sacos para os pontos de consumo. Produção de Alumínio O alumínio primário é produzido a partir de minério ou sucata (alumínio reciclado). O minério de alumínio, sendo o mais comum a bauxita, é minerado e depois refinado em alumina (Al2O3) através do processo de Bayer, que pouco mudou desde a primeira planta inaugurada há mais de 100 anos atrás. A alumina é reduzida eletroliticamente através do processo de Hall-Heroult, um processo altamente intensivo em energia. Nesse processo as células eletrolíticas de redução diferem na forma e na configuração dos anodos de carbono e no sistema de alimentação de alumina e pertencem a um dos 4 tipos de tecnologia: Centre-Worked Prebake (CWPB), Side-Worked Prebake (SWPB), Horizontal Stud Søderberg (HSS) and Vertical Stud Søderberg (VSS). Tratamento de Subprodutos Indústria Química A indústria química é um setor presente nos dois elos da cadeia. Pelo fato de seus produtos estarem presentes nos mais variados segmentos da economia, os subprodutos gerados por ela são muito variados. Tratase de um setor intensamente especializado e diversificado, cuja produção hoje é estimada em mais de 70.000 tipos de produtos diferentes. Quanto ao tratamento dos subprodutos da indústria química, as possibilidades são também variadas. Para alguns subprodutos mais perigosos, como é o caso de determinados produtos químicos tóxicos, há uma legislação ambiental específica que obriga o “poluidor” a tratar seu subproduto. No entanto, para outros gases, como o N₂O, que possui impacto direto desprezível na saúde humana, não há normas que discorram a respeito de seu tratamento. A legislação brasileira trata de forma agregada os óxidos de nitrogênio emitidos para a atmosfera decorrentes de ação humana. O tipo de tratamento aplicado irá variar enormemente no tipo de subproduto, esses podem ser sólidos, líquidos ou gasosos. Seu tratamento pode envolver reações químicas, incineração e ainda outros processos. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 134 Mineração Metais são minerados a partir de dois tipos de depósito. O primeiro consiste em veios de minério, que são depósitos concentrados e bem definidos. Ferro, cobre, chumbo, ouro, prata e zinco são minerados principalmente de veios. O segundo tipo de depósito, áreas de aluvião, ocorre em areias, cascalhos e rochas. Esses são geralmente depositados por inundações de rios e outros corpos hídricos, e contém metais que já fizeram parte, em algum momento, de um veio de minério. Existem três abordagens gerais para a mineração de metais. Na mineração de superfície ou poço aberto há um extensivo uso de explosivos para remoção de rochas, solo e vegetação para alcançar os veios de minério. Se forem realizadas perfurações através de um eixo para alcançar o veio de minério principal, a mineração é dita subterrânea. Por fim, na mineração química utiliza-se soluções, principalmente ácidos para dissolver os veios de minério. Durante a mineração química, a solução lixiviante penetra no veio, dissolvendo os minerais solúveis. A solução rica em metais é recuperada para uma planta de eletrodeposição e extração por solventes. Há diversos subprodutos gerados na indústria de mineração dependendo do tipo realizado. Em relação à emissão de gases de efeito estufa, um dos subprodutos significativos gerados é o metano. Metano pode ser transportado por falhas geológicas e acumular e formações rochosas porosas. Posteriormente, o gás pode ser liberado quando um reservatório ou uma zona de falhas que contenham o gás sejam rompidos devido a atividades mineradoras. Minas com altas concentrações de metano requerem sua constante ventilação para que ele seja mantido em concentrações baixas, que impeçam sua combustão. Ressalte-se que o tratamento desse metano envolve sua oxidação e transformação em CO₂. Descrição das Principais Fontes de Emissão de GEE e Oportunidades de Mitigação de Emissão Como mencionado na Seção 5.1 o setor de outros insumos para a indústria foi divido em dois elos principais: elo 1: produção; e elo 2: tratamento de subprodutos. Há, essencialmente, duas maneiras de evitar a geração de um subproduto indesejado, como um GEE, em qualquer processo industrial: impedir sua formação ou transformá-lo após sua geração. No elo da produção foram incluídas todas as iniciativas que, por meio de alguma alteração no seu processo produtivo e/ou nos insumos envolvidos em sua produção, impeçam uma maior geração de GEE, em relação a uma linha de base definida. Dessa forma, o elo 1 foi subdivido nas seguintes categorias de iniciativas de redução de emissão de GEE: mudanças e melhorias de processos industriais; uso de insumos alternativos na fabricação de produtos; e mudança concomitante de insumos e processos industriais. Em mudanças e melhorias de processos industriais, as principais emissões são dos gases N₂O e PFC. Emissões de N₂O ocorrem principalmente na ind stria química, durante a fabricação de cido nítrico. As emissões de PFCs, por outro lado, ocorrem na produção de alumínio, conforme será detalhado adiante. Utilizar insumos alternativos é outra possibilidade de reduzir emissões de GEE. Na indústria cimenteira, grande quantidade de emissões de CO₂ podem ser evitadas ao aumentar o teor de aditivos no cimento. O outro principal gás emitido nessa categoria é o HFC, quando sua utilização é substituída por outros gases de menor potencial de aquecimento global. Na única metodologia que envolve mudanças concomitantes de insumos e processos industriais, o principal g s emitido na linha de base é o CO₂. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 135 No segundo elo da cadeia, o tratamento de subprodutos, as emissões de GEE principais envolvem os gases CO₂, CH₄, N₂O e HFC. Esse elo foi ainda subdividido nas seguintes categorias: destruição de gases gerados na produção; recuperação de subprodutos; e utilização de subprodutos como insumo. A categoria de destruição de gases gerados na produção é a que engloba a maior variedade de gases. Nela, incluem-se projetos de tratamento de HFC, destruição de gases que contêm N₂O na ind stria química e captura e destruição de CH₄ em atividades mineradoras que não extraem hidrocarbonetos (como o carvão). CO₂ e HFC são os gases predominantes nas emissões de linha de base das metodologias incluídas na categoria de recuperação de subprodutos. Seus projetos incluem o tratamento de ácido sulfúrico e a substituição de gases refrigerantes em produtos já manufaturados. Por fim, caso o subproduto gerado não tenha sido destruído ou recuperado, ele pode ser ainda utilizado como insumo de outro processo produtivo, evitando-se a emissão de GEE. Esse é o caso da utilização de gases de processo na fabricação de ferro e da recuperação de CO₂ para uso como insumo. Maiores informações sobre as possibilidades de redução de emissão podem ser encontradas nas respectivas seções específicas de iniciativas de redução de emissão em cada elo. O Quadro 0-1 resume as principais fontes de emissão, as categorias de iniciativas de redução de emissão e as metodologias de cada categoria para cada elo. Iniciativas de Redução de Emissão de GEE no Elo 1 De modo a ilustrar o potencial de redução de emissões que já é explorado no setor de outros insumos para a indústria, a Tabela 0-1 retrata a quantidade projetos de MDL registrados, validados, em validação e rejeitados no Brasil e no mundo, para as metodologias que foram incluídas nesse setor. Há projetos que utilizam mais de uma metodologia, e por isso se repetem na tabela mencionada. Mesmo que a quantidade de projetos desenvolvida no mundo para o elo de produção não seja pequena, totalizando 111 projetos (excluindo o Brasil), nota-se que esse potencial se concentra principalmente em duas metodologias, a AM0034 e a ACM0005. Em conjunto, elas são responsáveis por aproximadamente 73% do total de projetos. A primeira trata da destruição catalítica de N₂O em f bricas de cido nítrico, enquanto a segunda se refere ao uso de insumos alternativos na fabricação de cimento. As demais metodologias, com apenas 30 projetos aprovados, validados ou em validação, são responsáveis pelos 27% restantes. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 136 Quadro 0-1 – Principais Emissões de GEE e Iniciativas Mitigadoras no Setor de Outros Insumos para a Indústria Elo 1 – Produção Elo 2 – Tratamento de Subprodutos Fontes de Emissão Linha de Base Fontes de Emissão Linha de Base CO₂ CO₂ N₂O CH₄ PFC N₂O HFC HFC Iniciativas de Redução de Emissão de GEE Iniciativas de Redução de Emissão de GEE Mudanças e melhorias de processos industriais Destruição de gases gerados na produção Uso de insumos alternativos na fabricação de produtos Recuperação de subprodutos Mudança concomitante de insumos e processos industriais Utilização de subprodutos como insumo Metodologias de Linha de Base Metodologias de Linha de Base AM0030 NM0335 AM0001 AM0034 NM0332 AM0021 AM0051 NM0302 AM0028 AM0059 AM0064 ACM0005 AMS-III.J. AMS-III.W. ACM0015 AMS-III.N. AMS-III.K. AM0027 AM0071 AMS-III.AI. AM0033 AMS-III.AB. AMS-III.X. AM0040 AMS-III.Z. NM0330 AM0050 NM0310 AM0063 AMS-III.AD. NM0331 AM0066 AM0082 LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 137 Tabela 0-1 – Projetos de Redução de Emissão no Elo 1 – Setor de Outros Insumos para a Indústria Elo 1 – Produção Iniciativas de Redução de Emissão – Projetos de MDL Mudanças e melhorias de processos industriais Uso de insumos alternativos na fabricação de produtos Metodologias de Linha de Base Projetos de MDL no resto do Mundo Projetos de MDL no Brasil Número de Projetos em validação Número de Projetos validados Número de Projetos registrados Número de Projetos Rejeitados Total de Projetos Desenvolvidos Potencial Total de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)* Potencial Médio de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)* AM0030 1 - 1 - 2 110 55 5 AM0034 - - 1 - 1 57 57 48 AM0028 AM0034 - - 3 - 3 362 121 3 AM0051 - - - - - - - - AM0059 - - - - - - - 1 ACM0005 - - - 2 - - - 33 ACM0015 - - - - - - - 8 AM0027 - - 1 - 1 17 17 - AM0033 1 - - - 1 13 13 5 AM0040 - - - - - - - 1 AM0050 - - - - - - - 2 AMS-III.AD. - - - - - - - 1 AMS-III.J. - - - - - - - 1 AMS-III.N. - - - - - - - 3 AM0071 - - - - - - - - AMS-III.AB. - - - - - - - - Número total de Projetos* Mudança concomitante de insumos e processos AM0082 industriais Fonte: Elaboração Própria com base na CQNUMC e CD4-CDM (A pesquisa foi feita no mês de agosto nos Websites da CQNUMC e CD4-CDM. Disponível em http://cdmpipeline.org/e www. unfccc.int /). * Excluiu-se os Projetos Rejeitados. No Brasil, o potencial de redução ainda não foi plenamente explorado, mas há uma diversificação maior de metodologias utilizadas. Dos 8 projetos desenvolvidos no País, quatro deles usam uma das duas metodologias mais aplicadas no resto do mundo, a AM0034, e 3 desses projetos a aplicam em conjunto com a AM0028, uma metodologia que foi incluída no elo 2, de tratamento de subprodutos. Os demais 50% de projetos são distribuídos entre as outras metodologias. O potencial de redução de emissão no Brasil varia de 13 a 121 ktCO₂/ano. Pelo fato de o setor de outros insumos para a indústria possuir grande diversidade, é interessante detalhar de maneira um pouco mais específica suas iniciativas de redução de emissão. Portanto, cada uma dessas categorias foi destrinchada para fornecer mais informações, como se pode ver nas subseções seguintes. Projetos de Redução de Emissões de GEEs Relacionados à Produção No elo da produção, foram avaliadas 25 metodologias, das quais 17 foram incluídas no estudo do potencial de redução de emissão de GEEs no País, agrupadas em 9 tipos de projetos concernentes a aumento do teor de aditivos na fabricação de cal hidratada, aumento do teor de aditivos na fabricação de cimento, fabricação de refrigeradores com gases de pequeno GWP, mudança de insumo na fabricação de amônia e ureia, mudança de insumos na fabricação de tijolo, uso de CO₂ biog nico como insumo para a fabricação de compostos inorg nicos, redução de emissão de N₂O na fabricação de produtos químicos, redução de emissão na fabricação de alumínio primário e mudança de processos e insumos na fabricação de ferro-gusa. O projeto de emissões evitadas de HFC na fabricação de poliuretano foi desconsiderado devido a particularidades brasileiras. A emissão de HFC se dá quando esse é utilizado como “agente de sopro” ou “agente de expansão”. Contudo, de acordo com informações da Comissão Setorial de Poliuretanos da Abiquim54, o CO₂ líquido é o agente de sopro comumente utilizado no Brasil. Não h , assim, potencial de substituição de HFC. 54 http://www.abiquim.org.br/poliuretanos/glossario.htm. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 138 Mudanças e Melhorias de Processos Industriais Redução de Emissão na Fabricação de Alumínio Primário O principal processo de fabricação de alumínio primário envolve a redução desse metal através de uma reação eletrolítica. Caso essa reação esteja perfeitamente controlada, não há emissões de perfluorcarbonos (PFC). No entanto, devido a determinadas características operacionais, a reação não ocorre de maneira perfeita e ocasionalmente h um r pido aumento de voltagem na reação eletrolítica, o chamado “efeito anódico”. A consequência desse efeito é a geração de PFCs, gases com elevado potencial de aquecimento global. Portanto, a emissão de PFCs durante o efeito anódico depende da frequência e duração do mesmo. Assim, ao realizar melhorias em plantas de produção de alumínio primário que resultem em um processo produtivo mais eficiente, reduzindo a frequência e duração do efeito anódico, há uma redução da emissão de PFC. Avaliação Técnica Para a estimativa do potencial de redução de emissão de GEE na fabricação de alumínio primário foram utilizados dados de produção, assim como a tecnologia específica de produção de alumínio, disponíveis no Segundo Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas de Gases de Efeito Estufa. As estimativas também consideraram dados contidos em PDDs brasileiros registrados e em validação. Tabela 0-2 – Cálculo Simplificado de Redução de Emissões Emissões da linha de base ELB = Produção de alumínio primário * FEtecnologia i + FEgrid * Produção de alumínio primário * EEAl Emissões do Projeto EPR = Produção de alumínio primário * FEP + Produção de alumínio primário * EEAl * (1 – TEE) * FEgrid Redução de Emissão RE = ELB – EPR Tabela 0-3 – Parâmetros de Cálculo Parâmetro Valor Unidade Fonte FELB-HSS Fator de emissão da produção de alumínio primário via tecnologia HSS da linha de base 1,330 t CO₂e/t Al 2 FELB-VSS Fator de emissão da produção de alumínio primário via tecnologia VSS da linha de base 0,660 t CO₂e/t Al 3 FELB-CWPB Fator de emissão da produção de alumínio primário via tecnologia CWPB da linha de base 0,340 t CO₂e/t Al 2 FEPR-HSS Fator de emissão da produção de alumínio primário via tecnologia HSS do projeto 0,790 t CO₂e/t Al 5 FEPR-VSS Fator de emissão da produção de alumínio primário via tecnologia VSS do projeto 0,190 t CO₂e/t Al 3 FEPR-CWPB Fator de emissão da produção de alumínio primário via tecnologia CWPB do projeto 0,170 t CO₂e/t Al 4 EEAl Consumo energético da fabricação de alumínio primário 15,2 MWh/t Al 6 TEE Taxa de economia de energia do projeto 0,17% % 6 FEgrid,OM Fator de Emissão da rede de margem de operação para 2009 0,25 t CO₂/MWh MCT FEgrid,BM Fator de Emissão da rede de margem de construção para 2009 0,08 t CO₂/MWh MCT FEgrid,CM Fator de Emissão da rede de margem combinada para 2009 0,163 t CO₂/MWh Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" - Custo do Investimento 0,63 US$/t alumínio 6 - Valor 1 do CER 5,00 US$/t CO₂e Default ICF Fontes: 1 Valor 2 do CER 10,00 US$/t CO₂e Default ICF 2 3 4 5 6 Descrição Segundo Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas de Gases De Efeito Estufa – Emissões de gases de efeito estufa nos processos industriais – Produção de metais – Alumínio – Ministério da Ciência e Tecnologia 2010. International Aluminium Institute (IAI). Results of the 2009 Anode Effect Survey, 2010. Valor extraído do PDD em validação "PFC Emission Reductions at Alcoa Alumínio S.A. – Poços de Caldas – Brazil". Premissa adotada pelo grupo de estado. Equivale ao fator de emissão da terceira f brica que emite menos CO₂e por alumínio fabricado, dentre as 9 fábricas que participaram da pesquisa da IAI referenciada no item 1 e utilizam a tecnologia CWPB. Cerca de 30% das empresas que participaram da pesquisa possuem um fator de emissão menor que o utilizado. Premissa adotada pelo grupo de estado. Equivale ao fator de emissão da terceira f brica que emite menos CO₂e por alumínio fabricado, dentre as 32 fábricas que participaram da pesquisa da IAI referenciada no item 1 e utilizam a tecnologia HSS. Cerca de 30% das empresas que participaram da pesquisa possuem um fator de emissão menor que o utilizado. Valor extraído do projeto de MDL registrado "PFC Emission Reductions at ALBRAS, Alumínio Brasileiro S.A.". LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 139 Resultados consolidados do Inventário de oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial aplicação do projeto de redução de emissão na fabricação de alumínio primário no Brasil, contemplando o número de possíveis projetos, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, a potencial receita com a venda de CERs, a potencial contribuição à matriz energética nacional e os investimentos necessários para tal. Os resultados apresentados na Tabela 0-4 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-4 – Resultados do Projeto de Redução de Emissão na Fabricação de Alumínio Primário Descrição Valor Unidade Fator de redução de emissão anual ND** tCO₂e/(t Al x ano) Redução de Emissão anual 313.051 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 3.130.512 tCO₂e Número de projetos* 5* unidades Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 626.102 tCO₂e Contribuição à matriz energética 25.105 MWh/ano Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$5) 15,7 Milhões US$ Custo do Investimento 0,6 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** O fator de redução de emissão por alumínio primário fabricado depende da tecnologia utilizada, portanto não é possível fornecer um valor global para o alumínio. Para avaliar a quantidade de projetos, excluiu-se as fábricas que já possuem projetos de MDL registrados e em validação. Barreiras Até certo ponto, a otimização do processo produtivo de alumínio primário e a redução de emissão de PFCs no processo estão relacionadas. No entanto, após determinado patamar de eficiência, não é mais vantajoso para a empresa investir na redução de emissões de anodos, já que não se gera mais ganhos significativos de produção. A partir desse ponto, não há mais motivação financeira, legal ou ambiental (em termos de regulamentação) para que a indústria continue a reduzir essas emissões. Em outras palavras, manter o processo de produção vigente teria o mesmo efeito que investir na redução das emissões e portanto não há incentivos para tal investimento. O único benefício para que essas empresas implementem iniciativas de redução de emissão advém da venda de créditos de carbono. Redução de emissão de N₂O na fabricação de produtos químicos O ácido nítrico (HNO3) é produzido através da oxidação de amônia (NH3), gerando-se óxido nitroso (N₂O) como subproduto. O N₂O gerado é geralmente liberado na atmosfera por não possuir valor econômico ou toxicidade nos níveis típicos gerados na fabricação de ácido nítrico. Fenômeno semelhante ocorre na fabricação de caprolactama, e N₂O também é gerado como subproduto. Há 4 metodologias englobadas por esse tipo de projeto: AM0021, AM0028, AM0034 e AM0051. A primeira trata da decomposição de óxido nitroso na fabricação de ácido adípico, enquanto as metodologias AM0034 e AM0051 se referem à produção de ácido nítrico. A AM0028, por sua vez, é aplicável a fábricas de ácido nítrico e a fábricas de caprolactama. A redução de emissão de emissão de óxido nitroso pode ser realizada no tratamento do efluente gasoso ou na própria fabricação do produto químico, através de mudanças no processo produtivo. Por esse motivo, seria possível incluir essa iniciativa de redução de emissão de GEE no elo da produção e no elo de tratamento de subprodutos. Porém, para evitar repetições, ambos foram incluídos no elo da produção e encontram-se a seguir. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 140 Avaliação Técnica O principal dado necessário ao cálculo do potencial de redução de emissões de uma fábrica de ácido nítrico, ácido adípico ou caprolactama é a sua produção. Para tal, obteve-se dados de capacidade instalada das empresas brasileiras no Anuário da Indústria Química Brasileira, uma publicação da Abiquim. Como a redução de emissão de N₂O na fabricação de produtos químicos é, em geral, uma iniciativa de baixo custo associado e rápido retorno de investimento, o Brasil já explorou boa parte de seu potencial de geração de créditos de carbono para esse tipo de projeto. Por exemplo, todas as empresas produtoras de ácido nítrico brasileiras possuem ao menos um projeto de redução de emissão de GEE na fabricação desse composto. Ainda assim, há um potencial restante a ser explorado. Ao cruzar os valores informados de produção da ABIQUIM e aqueles disponíveis nos PDDs dos projetos brasileiros, percebe-se que nem todo o potencial de reduções de emissão na fabricação de ácido nítrico está sendo explorado. Esse fato pode ocorrer por dois motivos: nem todas as fábricas das empresas produtoras desses produtos químicos possuem projetos registrados de MDL ou nem toda a produção dessas fábricas é contemplada pelos CERs. Dessa forma, calculouse o potencial adicional de geração de créditos de cada empresa a partir da subtração da sua produção total pela quantidade que já recebe créditos de MDL. A redução de emissão na fabricação de ácido adípico não foi abordada, pois a única planta brasileira de produção desse composto já possui um projeto de MDL registrado. Tabela 0-5 – Cálculo Simplificado de Redução de Emissões Emissões da linha de base ELB = Produçãoi * FELB-i * GWPN₂O i = Produto químico fabricado (ácido nítrico, caprolactama) Emissões do Projeto EPR = ELB * (1-Ref) Redução de Emissão RE = ELB – EPR Tabela 0-6 – Parâmetros de Cálculo Valor Unidade Fonte FELB- HNO3 Parâmetro Fator de emissão por tonelada de ácido nítrico da linha de base Descrição 0,007 t N₂O/t ácido nítrico/ano IPCC e 2 FELB-Caprolactama Fator de emissão por tonelada de caprolactama da linha de base 0,006 t N₂O/t caprolactama/ano 3 Ref Efici ncia de abatimento de N₂O 80% % 2 - Produção Nacional de Caprolactama em 2008 55.395 t Caprolactama 1 - Fator de utilização da capacidade instalada de Caprolactama em 2008 99% % Calculado - Produção Nacional de Ácido Nítrico em 2008 574.086 t Ácido Nítrico 1 - Produtividade Nacional de Ácido Nítrico em 2008 91% % Calculado GWPN₂O Potencial de aquecimento global do N₂O 310 t CO₂e/t N₂O IPCC Taxa de câmbio média do euro no ano de 2007 1,37 US$/EUR 6 - Custo do Investimento – Caprolactama 24,14 U$/t Caprolactama 4 - Custo do Investimento – Ácido Nítrico 6,94 EUR/t Ácido Nítrico 5 Custo do Investimento – Ácido Nítrico 9,51 US$/t Ácido Nítrico Calculado - Valor 1 do CER 5,00 US$/t CO₂e Default ICF&Fides Fontes: Valor 2 do CER 10,00 US$/t CO₂e Default ICF&Fides 1 2 3 4 5 6 Anuário da Indústira Química Brasileira 2009, ABIQUIM. PDD registrado "Petrobras FAFEN-BA Nitrous Oxide Abatement Project". Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas de Gases de Efeito Estufa – Emissões de gases de efeito estufa nos processos industriais – Indústria Química – Ministério da Ciência e Tecnologia 2010. Calculado com base nos valores do PDD registrado "Catalytic N₂O Abatement Project in the tail gas of the Caprolactam production plant in Thailand" – 03/06/2009. Calculado com base nos valores do PDD registrado "N₂O Emission Reduction in nitric acid plant Paulínia, SP, Brazil" – 23/01/2007. FED. "Economic Research and Data". Disponível em www.federalreserve. gov/datadownload/Download.aspx?rel=H10&series=40a15acb120950674894978e4f74def9&filetype =spreadsheetml&label=include&layout=seriescolumn&lastObs=120. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 141 Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial aplicação do projeto de redução de emissão de N₂O na fabricação de produtos químicos no Brasil, contemplando o n mero de possíveis projetos, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, a potencial receita com a venda de CERs e os investimentos necessários para tal. Os resultados apresentados na Tabela 0-7 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-7 – Resultados do Projeto de Redução de Emissão de N₂O na Fabricação de Produtos Químicos Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Valor Unidade 0,434 tCO₂e/ (t caprolactama x ano) 0,372 tCO₂e/(t ácido nítrico x ano) 769.175 tCO₂e/ano 7.691.748 tCO₂e 4* unidades 1.922.937 tCO₂e Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 76,9 Milhões US$ Custo do Investimento 5,1 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Barreiras O Brasil conta com algumas atividades de projeto, j registradas, de redução de N₂O na fabricação de produtos químicos. Trata-se de projetos com um elevado potencial médio de redução de emissões e, portanto, elevado potencial de geração de receita proveniente da venda de créditos de carbono. Mesmo assim ainda há um potencial latente de geração de créditos de carbono na indústria química brasileira para esses projetos. A maior barreira a esse tipo de iniciativa é a inexistência de qualquer regulamentação governamental que obrigue/incentive a aplicação de projetos de redução de emissão de GEEs na fabricação de produtos químicos. De fato, não há nenhum benefício palpável ao desenvolvedor do projeto, a não ser a receita gerada pelos créditos de carbono. Uso de Insumos Alternativos na Fabricação de Produtos Aumento do Teor de Aditivos na Fabricação de Cimento A indústria de cimento apresenta elevadas emissões de GEE, geradas, principalmente, na fabricação do clínquer, um material sólido composto de calcário e outros materiais como argila e areia. A fabricação do clínquer consiste, de maneira simplificada, na mistura de suas matérias-primas em um forno de calcinação. Dois aspectos justificam a alta intensidade de emissões de CO₂ na produção de clínquer. Primeiramente, a obtenção de altas temperaturas nos fornos de calcinação demanda grande quantidade de energia, o que resulta em uma alta queima de combustível. Em segundo lugar, a fabricação do clínquer gera também emissões de processo: a reação do calc rio com o calor, no forno de calcinação, produz cal e CO₂ residual (CaCO3 + calor –> CaO + CO₂). Após a produção do clínquer, a fabricação de cimento se dá, de forma simplificada, pela mistura de aditivos, tais como gesso, escória ou fíler, no clínquer. Dependendo da quantidade e do tipo de aditivos, o cimento produzido possui diferentes características. Como a maioria das emissões de GEE provenientes da fabricação de cimento está relacionada à fabricação do clínquer, reduzir seu uso pode ser considerada a principal oportunidade de redução de emissões da indústria em questão. Com base nas metodologias de linhas de base e monitoramento existentes na CQNUMC, iniciativas de redução de emissão na fabricação de cimento consistem na menor utilização de clínquer através do aumento do teor de aditivos no cimento. As metodologias que tratam desse tipo de projeto se baseiam no seguinte princípio: quanto menor a utilização de clínquer na atividade de projeto, menores as emissões relacionadas à sua produção em relação a uma linha de base com baixo teor de aditivos. Algumas metodologias de linha de base e monitoramento se referem à indústria de cimento: a ACM0005, ACM0015, NM0331 e NM0302 são exemplos. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 142 Avaliação Técnica Tendo em mente questões de sigilo industrial, as empresas brasileiras de cimento dificilmente fornecem informações específicas a respeito de suas fábricas, como a produção de cimento e o teor de clínquer no cimento fabricado. Assim, para contornar essa dificuldade de acesso à informação, foi necessário realizar estimativas. A produção de cimento desagregada por fábrica foi estimada confrontando-se diversas fontes: informações do DNPM (2009) de produção estadual, dados de capacidade produtiva do Global Cement Directory (2010), produção por empresa fornecida pelo Sindicato Nacional do Cimento em seu Press Kit de 2010, além de dados específicos de determinadas empresas, obtidos a partir de seus websites. O teor de clínquer no cimento produzido em cada fábrica, por outro lado, não foi possível estimar. Para contornar essa indisponibilidade, utilizou-se, na linha de base, o teor clínquer/cimento nacional, disponível no Segundo Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas de Gases de Efeito Estufa, seção de Produção de Cimento. Tabela 0-8 – Cálculo Simplificado de Redução de Emissões Emissões da linha de base FELB = RCCLB * MPClinquer * CCMP * MMCO₂/MMCaCO3 ELB = Produção de cimento * FELB Emissões do Projeto FEPR = RCCPR * MPClinquer * CCMP * MMCO₂/MMCaCO3 EPR = Produção de cimento * FEP Redução de Emissão RE = ELB – EPR Tabela 0-9 – Parâmetros de Cálculo Valor Unidade Fonte RCCLB Parâmetro Relação de clinquer por cimento da linha de base Descrição 68% t clinquer/t cimento 1 MPClinquer Relação de matéria-prima por clinquer 1,55 t matéria-prima/t clinquer 1 CCMP Fração de CaCO3 na matéria-prima 78% t CaCO3/t matéria-prima Valor assumido como default (2 e 3) MMCO₂ Massa molecular do CO₂ 44 g/mol CO₂ Tabela periódica MMCaCO3 Massa molecular do CaCO3 100 g/mol CaCO3 Tabela periódica RCCPR Relação de clinquer por cimento do projeto 49% t clinquer/t cimento 4 - Taxa de câmbio média do real no ano de 2007 1,95 R$/US$ 5 - Custo do Investimento 75,84 R$/t cimento 4 - Custo do Investimento 38,95 US$/t cimento Calculado - Valor 1 do CER 5,00 US$/t CO₂e Default ICF&FIDES - Valor 2 do CER 10,00 US$/t CO₂e Default ICF&FIDES FELB Fator de emissão por tonelada de cimento da linha de base 0,362 tCO₂/t cimento/ano Calculado FEPR Fator de emissão por tonelada de cimento do projeto 0,261 tCO₂/t cimento/ano Calculado Fontes: 1 Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas de Gases de Efeito Estufa – Emissões de gases de efeito estufa nos processos industriais – Produtos Minerais (Parte I) – Produção de Cimento – Ministério da Ciência e Tecnologia 2010. 2 United States Environmental Protection Agency (USEPA), 2001. Calculating CO₂ process emissions from Cement Production (Cement-based Methodology). 3 World Bank, 2008. Low Carbon Energy projects for Development of Sub Saharan Africa, 8-18-08. 4 Valores extraídos do PDD rejeitado "Use of blast furnace slag in the production of blended cement at Votorantim Cimentos" – 28/09/2006. 5 5- FED. "Economic Research and Data". Disponível em www.federalreserve. gov/datadownload/Download.aspx?rel=H10&series=40a15acb120950674894978e4f74def9&filetype =spreadsheetml&label=include&layout=seriescolumn&lastObs=120. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 143 Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial aplicação do projeto de aumento do teor de aditivos na fabricação de cimento no Brasil, contemplando o número de possíveis projetos, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, a potencial receita com a venda de CERs e os investimentos necessários para tal. Os resultados apresentados na Tabela 0-10 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-10 – Resultados do Projeto de Aumento do Teor de Aditivos na Fabricação de Cimento Descrição Valor Unidade 0,101 tCO₂e/(t cimento x ano) Redução de Emissão anual 5.282.574 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 52.825.742 tCO₂e 68* unidades Fator de redução de emissão anual Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 776.849 tCO₂e 528,3 Milhões US$ Custo do Investimento 3.982,5 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Barreiras Projetos que envolvem a inclusão ou aumento do uso de aditivos possuem uma dificuldade em logística, já que são necessárias mudanças na cadeia de suprimentos. Em outras palavras, um novo plano logístico deve ser elaborado, incluindo os novos fornecedores, os transportadores e a infraestrutura de armazenamento dos aditivos. Também deve haver um controle de qualidade desses aditivos oriundos de novos fornecedores. Outro elemento importante a ser levado em consideração é a disponibilidade dos aditivos. O cimento brasileiro já possui, sem os incentivos provenientes dos créditos de carbono, um alto uso de escória e outros aditivos em sua fabricação. Em 2005, de acordo com dados do MCT (2010), o teor de clínquer no cimento brasileiro era de 68%, contra uma média mundial de cerca 80% (WBSCD, 2010). Há também outros fatores que indicam a possível indisponibilidade de aditivos para o cimento brasileiro, sobretudo, as recentes associações entre cimenteiras e siderúrgicas. Aumento do Teor de Aditivos na Fabricação de Cal Hidratada Alternativa de redução de emissões de GEE contemplada na AMS-III.AD., essa categoria de projetos engloba a fabricação cal hidratada para propósitos construtivos incluindo-se certa quantidade de aditivos e materiais alternativos. A produção de cal hidratada no processo tradicional requer maior consumo energético, se comparada ao processo alternativo. Dessa forma, são reduzidas as emissões de GEE em sua fabricação. Avaliação Técnica Em determinados setores da economia, o Brasil carece de informações específicas e desagregadas relacionadas à produção industrial, seja por motivos de confidencialidade ou pela própria indisponibilidade do dado. Não foi possível levantar dados desagregados a respeito da produção de cal hidratada por empresa ou fábrica. Tudo o que foi possível obter foi a produção nacional de cal hidratada dos associados à Associação Brasileira de Produtores de Cal e dos não associados. Esses dados estavam disponíveis no Segundo Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas de Gases de Efeito Estufa. Outros dados específicos que eram desejáveis para o cálculo da redução de emissão foram estimados com base em uma abordagem top-down. Um exemplo é o combustível utilizado no processo produtivo de cada empresa: utilizou-se uma ponderação da matriz energética nacional para a produção de cal. Maiores informações podem ser encontradas abaixo e na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades da produção de cal hidratada. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 144 Tabela 0-11 – Cálculo Simplificado de Redução de Emissões Emissões da linha de base ELB = Produção de cal hidratada * FELB FELB = FEET-LB + FEEE-LB FEET-LB = CEET-LB * FENR FENR = Σ %i * FEi %i = Contribuição à matriz energética do combustível i FEi = Fator de emissão da queima estacionária do combustível i FEEE-LB = CEEE-LB * FEgrid Emissões do Projeto EPR = Produção de cal hidratada * FEPR FEPR = FEET-PR + FEEE-PR ELB = Produção de cal hidratada * FEET-PR + Produção de cal hidratada * FEEE-PR FEET-PR = CEET-PR * FENR FENR = Σ %i * FEi %i = Contribuição à matriz energética do combustível i FEi = Fator de emissão da queima estacionária do combustível i FEEE-PR = CEEE-PR * FEgrid Redução de Emissão RE = ELB – EPR Tabela 0-12 – Parâmetros de Cálculo Valor Unidade Fonte CEET-LB Parâmetro Consumo específico de energia térmica por cal hidratada na linha de base 3,129 GJ/t cal Calculado com base em 2 FEET-LB Fator de emissão do uso de energia térmica na linha de base 0,175 t CO₂/t cal Calculado com base em 2 CEEE-LB Consumo específico de energia elétrica por cal hidratada na linha de base 0,045 MWh/t cal Calculado com base em 2 FEEE-LB Fator de emissão do uso de energia elétrica na linha de base 0,007 t CO₂/t cal Calculado com base em 2 FELB Fator de emissão por cal fabricada da linha de base 0,182 t CO₂/t cal Calculado com base em 2 CEET-PR Consumo específico de energia térmica por cal hidratada no projeto 1,986 GJ/t cal Calculado com base em 2 FEET-PR Fator de emissão do uso de energia térmica no projeto 0,111 t CO₂/t cal Calculado com base em 2 CEEE-PR Consumo específico de energia elétrica por cal hidratada no projeto 0,051 MWh/t cal Calculado com base em 2 FEEE-PR Fator de emissão do uso de energia elétrica no projeto 0,008 t CO₂/t cal Calculado com base em 2 FEPR Fator de emissão por cal fabricada do projeto 0,119 t CO₂/t cal Calculado com base em 2 FENR Fator de emissão, por energia térmica, da produção de cal brasileira 56,0 kg CO₂/GJ Calculado FEGN Fator de emissão da queima estacionária de gás natural 56,1 kg CO₂/GJ IPCC 2006 FEOC Fator de emissão da queima estacionária do óleo combustível 77,4 kg CO₂/GJ IPCC 2006 FECP Fator de emissão da queima estacionária de coque 97,5 kg CO₂/GJ IPCC 2006 Contribuição à matriz energética da cal do coque de petróleo 30% % 3 Contribuição à matriz energética da cal do gás Natural 20% % 3 Contribuição à matriz energética da cal do óleo combustível 20% % 3 Contribuição à matriz energética da cal do lenha 20% % 3 Contribuição à matriz energética da cal do carvão vegetal 10% % 3 1.201.000 t cal hidratada 1 815.000 t cal hidratada 1 %i Descrição - Produção nacional de cal hidratada dos associados à ABPC em 2008 - Produção nacional de cal hidratada dos não associados à ABPC em 2008 - Conversão de unidades GJ – MWh 3,6 GJ/MWh - FEgrid,OM Fator de Emissão da rede de margem de operação para 2009 0,25 t CO₂/MWh MCT FEgrid,BM Fator de Emissão da rede de margem de construção para 2009 0,08 t CO₂/MWh MCT FEgrid,CM Fator de Emissão da rede de margem combinada para 2009 0,16 t CO₂/MWh Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" - Custo do Investimento 40,00 US$/t cal 4 - Valor 1 do CER 5,00 US$/t CO₂e Default ICF&FIDES Valor 2 do CER 10,00 US$/t CO₂e Default ICF&FIDES Fontes: 1 Segundo Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas de Gases De Efeito Estufa – Emissões de gases de efeito estufa nos processos industriais – Produtos Minerais (Parte II) – Produção de Cal – Ministério de Ciência e Tecnologia 2010. 2 PDD em validação "Reduction of energy consumption during the production of hydraulic lime for the construction industry through the addition of non-calcined mineral components and additives. – Cementos Avellaneda S.A.Olavarría, Buenos Aires. Argentina." versão 0.4, Janeiro 2010. 3 HENRIQUES JR, Maurício F. "Potencial de Redução de Emissão de Gases Efeito Estufa pelo Uso de Energia no Setor Industrial Brasileiro". PPE/UFRJ, 2010. 4 Expert Judgement com base em dados de custo da fabricação de cimento. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 145 Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial aplicação do projeto de aumento do teor de aditivos na fabricação de cal hidratada no Brasil, contemplando o número de possíveis projetos, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, a potencial receita com a venda de CERs e os investimentos necessários para tal. Os resultados apresentados na Tabela 0-13 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-13 – Resultados do Projeto de Aumento do Teor de Aditivos na Fabricação de Cal Hidratada Descrição Valor Unidade 0,063 tCO₂e/(t cal hidratada x ano) Redução de Emissão anual 75.605 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 756.053 tCO₂e 9* unidades Fator de redução de emissão anual Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 84.006 tCO₂e 7,6 Milhões US$ Custo do Investimento 48,0 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Barreiras As principais barreiras para projetos de aumento do teor de aditivos na fabricação de cal hidratada são tecnológicas. Há somente um projeto desse tipo em todo o mundo, tendo a Argentina como País-sede. A inovação tecnológica incorre na necessidade de pesquisa e desenvolvimento do produto e na adequação do site para que haja condições de realização das mudanças e instalação de novos equipamentos – uma vez que não há tecnologia disponível no mercado. No entanto, com o aumento da quantidade de projetos desse gênero, essa barreira poderá ser continuamente reduzida. Ainda em termos de tecnologia, o treinamento de pessoal para lidar com as inovações também pode ser considerado uma barreira. Outro risco a ser enfrentado por possíveis desenvolvedores de projetos é a não aceitação do novo produto e de suas modificações pelos clientes. Fora isso, faz-se necessário um novo sistema logístico que garanta a oferta constante de aditivos durante a nova operação, o que pode encarecer o produto. A receita gerada por créditos de carbono poderia, de certa forma, atenuar essas barreiras, seja possibilitando a venda de cal por um preço menor – aumentando a aceitação do produto – ou cobrindo custos adicionais de logística. Uso de CO₂ Biog nico como nsumo para a Fabricação de Compostos norg nicos Além de ser um GEE, o CO₂ também é matéria-prima para a fabricação de alguns produtos. Esse é o caso de compostos inorgânicos que contenham carbonato, como é o caso do bicarbonato de amônio, bicarbonato de sódio e carbonato de cálcio, por exemplo. O gás carbônico utilizado para a fabricação desses compostos é comumente proveniente da queima de combustíveis fósseis. Diferentemente de outros processos que queimam combustíveis, essa combustão não possui o intuito de gerar energia, somente de gerar o CO₂ que será utilizado como insumo para a fabricação dos compostos. De forma a reduzir as emissões desse setor da indústria, é possível substituir o combustível fóssil queimado por um combustível renovável de acordo com a AM0027 ou a AMS-III.J. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 146 Avaliação Técnica Em tese, qualquer composto inorgânico que contenha um íon carbonato poderia aplicar esse projeto. Contudo, pode haver dificuldades tecnológicas envolvidas na mudança de insumo para a produção do CO₂ usado no processo. Por esse motivo, avaliou-se somente o potencial brasileiro referente a fabricação dos compostos inorgânicos bicarbonato de amônio, carbonato de cálcio e carbonato neutro de sódio, pois esses compostos são contemplados no PDD registrado "Raudi Chemical Salts". Informações referentes à produção nacional desses compostos, empresas produtoras e capacidade instalada das mesmas estavam disponíveis no Anuário da Indústria Química da ABIQUIM. Tabela 0-14 – Cálculo Simplificado de Redução de Emissões Redução de emissão REi = 44 * Ni/Mi * produçãoi * (kPR – kLB) i = Composto inorgânico i Tabela 0-15 – Parâmetros de Cálculo Parâmetro Valor Unidade Fonte kPR Coeficiente de correção adimensional para o uso de CO₂ biog nico no projeto Descrição 1 - 2 kLB Coeficiente de correção adimensional para o uso de CO₂ biog nico na linha de base 0 - 2 - Produção nacional de bicarbonato de amônio em 2008 15.492 t bicarbonato de amônio 1 - Produção nacional de carbonatos de cálcio em 2008 779.536 t carbonatos de cálcio 1 - Custo do Investimento ND US$/t produto químico - - Valor 1 do CER 5,00 US$/t CO₂e Default ICF&FIDES - Valor 2 do CER 10,00 US$/t CO₂e Default ICF&FIDES Tabela 0-16 – Parâmetros de Cálculo Parâmetro Ni Mi - Descrição Número de átomos de carbono na molécula do composto inorgânico i Massa molecular do composto inorgânico i Fator de utilização da capacidade instalada das fábricas do composto inorgânico i Composto inorgânico Valor Unidade Fonte Bicarbonato de amônio 1 - - Carbonatos de cálcio 1 - - Carbonato neutro de sódio 1 - - Bicarbonato de amônio 79 g/mol Calculado com base na tabela periódica Carbonatos de cálcio 100 g/mol Calculado com base na tabela periódica Carbonato neutro de sódio 106 g/mol Calculado com base na tabela periódica Bicarbonato de amônio 38% % 1 Carbonatos de cálcio 76% % 1 Carbonato neutro de sódio 57% % Estimativa Fontes: 1 Anuário da Indústira Química Brasileira 2009, ABIQUIM. 2 Valor retirado do PDD registrado "Raudi Chemical Salts". Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial aplicação do projeto de uso de CO₂ biog nico como insumo para a fabricação de compostos inorg nicos no Brasil, contemplando o n mero de possíveis projetos, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, a potencial receita com a venda de CERs e os investimentos necessários para tal. Os resultados apresentados na Tabela 0-17 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 147 Tabela 0-17 – Resultados do Projeto de Uso de CO₂ Biogênico como Insumo para a Fabricação de Compostos Inorgânicos Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento Valor Unidade ND** tCO₂e/(t produto químico x ano) 400.340 tCO₂e/ano 4.003.398 tCO₂e 15* unidades 266.893 tCO₂e 40,0 Milhões US$ ND*** Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. **O fator de redução de emissão por produto químico fabricado depende de características específicas do produto, como sua massa molecular. Portanto não é possível fornecer um valor global. ***Não foi possível obter informações a respeito do custo de aplicação do projeto em questão. Barreiras H somente um projeto envolvendo uso de CO₂ biog nico como insumo para a fabricação de compostos inorgânicos registrado no Brasil55. Segundo os desenvolvedores desse projeto, a principal barreira encontrada foi de cunho tecnológico. Isso porque, para a elaboração do projeto, foi necessário desenvolver uma nova tecnologia, com destaque para dois aspectos: as adaptações no processo convencional necessárias para sua implementação e os procedimentos de controle e garantia de qualidade requeridos para seu desenvolvimento. Devido ao fato de ser uma nova tecnologia, essa não foi testada antes da construção e operação da planta. Portanto, o desempenho da instalação, os custos de produção e a qualidade do produto final eram incertos. Projetos posteriores provavelmente não terão dificuldades tecnológicas tão grandes, já que esse projeto foi bem-sucedido no Brasil. Além das barreiras tecnológicas, projetos desse tipo podem ter dificuldades na obtenção de financiamento devido à necessidade de desenvolvimento de uma nova tecnologia e seus riscos associados. Para o projeto já desenvolvido no Brasil, por exemplo, as condições de financiamento oferecidas foram muito desfavoráveis. A receita proveniente dos créditos de carbono pode abrandar a barreira da dificuldade de financiamento. Fabricação de refrigeradores com gases de pequeno GWP Hidrofluorcarbonos (HFCs) são compostos com grande aplicação comercial, porém também possuem grande potencial de aquecimento global. Sua utilização é feita principalmente em produtos de refrigeração como geladeiras, freezers e equipamentos de ar-condicionado. Atualmente, há outros gases que podem cumprir o papel do HFC. Nesse caso, a substituição, no momento da fabricação, de HFCs por gases com menor PAG, constitui em uma redução de emissão de dióxido de carbono equivalente. As metodologias AM0071 e AMS-III.AB. tratam da substituição desse gás em refrigeradores. Avaliação Técnica Há dois dados de entrada principais para o cálculo do potencial de redução de emissões da aplicação desse projeto: a produção de refrigeradores por fábrica e o principal gás refrigerante utilizado. Uma relação das fábricas brasileiras e sua produção foi retirada da dissertação de mestrado “O setor de eletrodomésticos de linha branca: um diagnóstico e a relação varejo-ind stria”, de Henrique Ribeiro Mascarenhas. J o g s refrigerante predominante, por empresa, foi levantado a partir de pesquisas nas fichas técnicas dos refrigeradores fabricados por cada empresa, nos websites dessas empresas. 55 “Raudi Chemical Salts”. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 148 Tabela 0-18 – Cálculo Simplificado de Redução de Emissões Emissões da linha de base ELB = Quantidade de refrigeradores i * (FEfab-i + FEuso + FEfug-fab + FEfug-uso) * CIi-HFC * GWPHFC i = tipo de refrigerador Emissões do projeto EPR = Quantidade de refrigeradores i * (FEfab-i + FEuso + FEfug-fab + FEfug-uso) * CIi-HC * GWPHFC Redução de Emissão RE = ELB – EPR Tabela 0-19 – Parâmetros de Cálculo Parâmetro Valor Unidade Fonte HFC-HC Relação de HFC-134a (gás da linha de base) por HC-600a (gás de projeto) Descrição 0,45 kg HC-600a/kg HFC-134a AM0071 CIHFC-dom Carga inicial de HFC-134a por refrigerador doméstico fabricado 0,150 kg HFC-134a/refrigerador doméstico 1 Calculado de acordo com a AM0071 CIHC-dom Carga inicial de HC-600a por refrigerador doméstico fabricado 0,07 kg HC-600a/refrigerador CIHFC-FRV Carga inicial de HFC-134a por freezer vertical fabricado 0,400 kg HFC-134a/refrigerador 1 CIHC-FRV Carga inicial de HC-600a por freezer vertical fabricado 0,18 kg HC-600a/refrigerador Calculado de acordo com a AM0071 CIHFC-FRH Carga inicial de HFC-134a por freezer horizontal fabricado 0,250 kg HFC-134a/refrigerador 1 CIHC-FRH Carga inicial de HC-600a por freezer horizontal fabricado 0,11 kg HC-600a/refrigerador Calculado de acordo com a AM0071 FEfab-dom Fator de emissão da porcentagem de carga inicial de gás refrigerante que é emitida na fabricação de refrigeradores domésticos 0,2% % AM0071 FEfab-com Fator de emissão da porcentagem de carga inicial de gás refrigerante que é emitida na fabricação de refrigeradores comerciais 0,5% % AM0071 FEfug-fab Fator de emissão da porcentagem de carga inicial de gás refrigerante que é emitida na sua fabricação FEuso Fator de emissão da porcentagem de carga inicial de gás refrigerante que é emitida em seu uso FEfug-uso Fator de emissão da porcentagem de carga inicial de gás refrigerante emitida de maneira fugitiva em seu uso - Produção nacional de refrigeradores e freezers em 2005 - Fator de utilização da capacidade instalada fábricas brasileiras - Produção nacional de refrigeradores domésticos em 2005 - Produção nacional de freezers verticais em 2005 - Produção nacional de freezers horizontais em 2005 - 2% % AM0071 120% % AM0071 2% % AM0071 5.296.946 unidades 1 76% % Calculado 4.683.262 unidades 1 241.356 unidades 1 372.328 unidades 1 Proporção da produção nacional de refrigeradores domésticos em 2005 88% % Calculado - Proporção da produção nacional de freezers verticais em 2005 5% % Calculado - Proporção da produção nacional de freezers horizontais em 2005 7% % Calculado GWPHFC-134a Potencial de Aquecimento Global do HFC-134a 1.300 t CO₂e/t HFC-134a IPCC GWPHC-600a Potencial de Aquecimento Global do HC-600a 0 t CO₂e/t R-600a Assumido com base em IPCC - Custo do mínimo do investimento 8,00 US$/refrigerador 2 - Custo do máximo do investimento 30,00 US$/refrigerador 2 - Custo médio do investimento 19,00 US$/refrigerador Calculado com base em 2 - Valor 1 do crédito 5,00 US$/t CO₂e Default ICF&FIDES Fontes: 1 Valor 2 do crédito 10,00 US$/t CO₂e Default ICF&FIDES 2 Segundo Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas de Gases De Efeito Estufa – Emissões de gases de efeito estufa nos processos industriais – Emissões na produção e no consumo de HFCs e PFCs – Ministério da Ciência e Tecnologia 2010. IPCC/TEAP, 2005. IPCC Special Report – Safeguarding the Ozone Layer and the Global Climate System Issues Related to Hydrofluorocarbons and Perfluorocarbons. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial aplicação do projeto de fabricação de refrigeradores com gases de pequeno PAG no Brasil, contemplando o número de possíveis projetos, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, a potencial receita com a venda de CERs e os investimentos necessários para tal. Os resultados apresentados na Tabela 0-20 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 149 Tabela 0-20 – Resultados do projeto de fabricação de refrigeradores com gases de pequeno PAG Descrição Valor Unidade ND** tCO₂e/(t produto químico x ano) Redução de Emissão anual 1.326.770 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 13.267.696 tCO₂e 5* Unidades Fator de redução de emissão anual Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 2.653.539 tCO₂e Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 13,3 Milhões US$ Custo do Investimento 92,7 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. ** O fator de redução de emissão varia em função do tipo de refrigerador fabricado, portanto não é possível determinar um fator de redução de emissão padrão. Barreiras Apesar de haver fabricantes brasileiros de refrigeradores que utilizam gases de pequeno GWP, não há nenhum projeto desse tipo registrado ou em validação no Brasil, e nem no restante do mundo. A prática comum, no País, é o uso de HFC-134a, que segundo o MCT (2010) substituiu o CFC-12 a partir de 1997, por não ser nocivo à camada de ozônio. Barreiras quanto à substituição desse gás estão relacionadas à adequação das linhas de produção existentes a novos produtos e às eventuais mudanças que devem ser realizadas nos refrigeradores fabricados. Outro elemento a ser avaliado é a disponibilidade de gases com PAG pequeno. Trata-se de um mercado emergente, já que o uso de gases como o HC-600a surgiu somente nos anos mais recentes. Portanto, pode ser necessário importar o gás refrigerante a preços mais elevados, um ônus que poderia ser compensado pela receita proveniente da venda de créditos de carbono. Mudança de Insumo na Fabricação de Amônia e Ureia Uma das etapas do processo de fabricação de amônia e ureia envolve a conversão de um combustível em um gás sintético que é utilizado posteriormente como insumo. Dentre os combustíveis que podem ser usados nessa etapa, inclui-se nafta, gás liquefeito de petróleo (GLP) e gás natural. Reduções de emissão na fabricação de amônia e ureia podem ser obtidas através da troca de insumos. Fábricas que utilizem GLP ou nafta, que são combustíveis mais intensivos em carbono, podem utilizar, alternativamente, o gás natural. Avaliação Técnica Da mesma forma que nos demais cálculos de redução de emissão que necessitavam de dados referentes à indústria química brasileira, o Anuário da Indústira Química Brasileira da Abiquim foi utilizado como base. Entretanto, nem todas as informações necessárias estavam disponíveis na publicação da ABIQUIM. Esse problema foi contornado pelo uso de premissas. A principal premissa adotada concerne a definição de gás utilizado como feed para a produção do gás sintético necessário a produção de ureia na linha de base: considerou-se que todas as empresas utilizavam nafta. As demais premissas adotadas e cálculos realizados estão disponíveis abaixo. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 150 Tabela 0-21 – Cálculo Simplificado de Redução de Emissões Emissões da linha de base ELB = ELB-feed + ELB-energia ELB-feed = CLB-nafta – Cureia CLB-nafta = 44/12 * Produção de ureia * CEFnafta * TCnafta Cureia = 44/60 * Produção de ureia ELB-energia = Produção de ureia * CEEnafta * FECO₂-LB Emissões do Projeto EPR = EPR-feed + EPR-energia + ECDR EPR-feed = CPR-GN – Cureia CPR-GN = 44/12 * Produção de ureia * CEFGN * TCGN Cureia = 44/60 * Produção de ureia EPR-energia = Produção de ureia * CEEGN * FECO₂-GN ECDR = ECDR-EE + ECDR-ET ECDR-EE = CEEECDR * Produção de ureia * Fegrid ECDR-ET = Produção de ureia * FECDR-ET Redução de Emissão RE = ELB – EPR Tabela 0-22 – Parâmetros de Cálculo Parâmetro CEFnafta CEEnafta TCnafta - FEgrid,OM FEgrid,BM Descrição Consumo específico de feed para a fabricação de ureia com nafta Consumo específico de energia para a fabricação de ureia com nafta Teor de carbono do nafta brasileiro Teor de carbono do nafta Fator de conversão de kcal para TJ Poder calorífico inferior do nafta Fator de emissão de CO₂ do combustível de menor fator de emissão utilizado na linha de base Consumo específico de feed para a fabricação de ureia com gás natural Consumo específico de energia para a fabricação de ureia com gás natural Teor de carbono do gás natural Densidade do gás natural Teor de carbono do gás natural Poder calorífico inferior do gás natural seco Poder calorífico inferior do gás natural seco Fator de emissão de CO₂ da combustão do g s natural Consumo específico de energia elétrica da planta de CDR Fator de emissão específico de CO₂ do consumo de energia térmica da planta CDR por ureia fabricada Fator de Emissão da rede de margem de operação para 2009 Fator de Emissão da rede de margem de construção para 2009 FEgrid,CM Fator de Emissão da rede de margem combinada para 2009 FECO₂-LB CEFGN CEEGN TCGN FECO₂-GN CEEECDR FECDR-ET Valor 0,299 0,0059 0,890 20 4,19E-09 10.630 Unidade t nafta/t ureia TJ/t ureia t C/t nafta t C/TJ TJ/kcal kcal/kg Fonte 4 4 Calculado 2 BEN 56,1 t CO₂/TJ IPCC 0,280 0,0059 0,736 1.305 15,3 8.800 0,048 56,1 0,004 t GN/t ureia TJ/t ureia t C/t GN m3/t t C/TJ kcal/m3 TJ/t t CO₂/TJ MWh/t ureia Calculado com base em 4 Calculado com base em 4 Calculado 3 2 6 Calculado IPCC 2006 Calculado com base em 4 0,023 t CO₂ ECDR/t ureia Calculado com base em 4 0,25 0,08 t CO₂/MWh t CO₂/MWh 0,16 t CO₂/MWh MCT MCT Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" 1 Calculado 5 Produção nacional de ureia 1.182.611 t ureia Fator de utilização da capacidade instalada das fábricas de ureia 69% % Taxa de câmbio média da rupia no ano de 2008 43,41 Rs/US$ Custo do Investimento 9,22 US$/t ureia Valor 1 do CER 5,00 US$/t CO₂e Default ICF&FIDES Valor 2 do CER 10,00 US$/t CO₂e Default ICF&FIDES Fontes: 1 Anuário da Indústira Química Brasileira 2009, Abiquim. 2 “ nvent rio Brasileiro de Emissões Antrópicas de Gases de Efeito Estufa – ANEXO I – Adequação da Metodologia do IPCC para o Inventário das Emissões de Gases de Efeito Estufa por Queima de Combustíveis – Abordagem bottom-up". 3 Companhia de Gás de São Paulo – Comgás (valor para o gás natural à 20oC). 4 PDD em validação “Feed switchover from Naphtha to Natural Gas at Phulpur plant of FFCO” at Phulpur, Allahabad, Uttar Pradesh by M/s Indian Farmers Fertiliser Cooperative Ltd. (IFFCO)" Version 03 -05/07/2008. 5 PDD em validação "Feedstock conversion from Naphtha to Natural Gas (NG) at SFC-Kota Urea complex", Version 02 – 20/08/07. 6 EPE/MME, Balanço Energético Nacional 2010. Disponível em https://ben.epeg.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2010.pdf. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 151 Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial aplicação do projeto de mudança de insumo na fabricação de amônia e ureia no Brasil, contemplando o número de possíveis projetos, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, a potencial receita com a venda de CERs e os investimentos necessários para tal. Os resultados apresentados na Tabela 0-23 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-23 – Resultados do projeto de mudança de insumo na fabricação de amônia e ureia Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Valor Unidade 0,198 tCO₂e/(t ureia x ano) 234.551 tCO₂e/ano 2.345.506 tCO₂e 3* unidades 781.835 tCO₂e 23,4 Milhões US$ Custo do Investimento 10,9 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Barreiras A tecnologia relacionada à mudança de processo e o financiamento são as duas principais barreiras à utilização de gás natural como feed na produção de ureia. Assim como ocorre em qualquer novo sistema, é preciso contratar mão de obra qualificada e adequar o sistema operacional ao novo processo produtivo, o que envolve riscos, tais como a possível interrupção da produção devido ao seu mau funcionamento. Financeiramente, o maior empecilho a esse tipo de projeto seria o alto investimento requerido, especialmente se a construção de uma planta de recuperação de dióxido de carbono (Carbon Dioxide Recovery plant (CDR)) for necessária. Nesse sentido, a receita gerada por créditos de carbono poderia suavizar essa barreira. Mudança de Insumos na Fabricação de Tijolo Tijolos podem ser fabricados de diferentes maneiras. Uma das possibilidades de reduzir as emissões em sua fabricação é através da utilização de diferentes aditivos. Tais aditivos podem substituir a argila queimada usada como matéria-prima na produção de tijolos. Ao evitar o uso de argila queimada, evitam-se as emissões de GEE decorrentes do uso de combustível fóssil para tratamento térmico dessa argila, reduzindo-se as emissões de GEE totais. Avaliação Técnica Não foi possível obter dados desagregados a respeito da produção de tijolos. Segundo o Ministério de Minas e Energia (2009), "o segmento de Cerâmica Vermelha, pelo grande número de unidades produtivas e sua distribuição nos vários estados, de modo geral apresenta uma deficiência grande em dados estatísticos e indicadores de desempenho bem consolidados". Mesmo assim, o grupo de estudo pôde identificar 300 empresas de cerâmica no banco de dados da Associação Nacional da Indústria Cerâmica, sem que fosse possível determinar dados específicos individuais como produção de tijolos ou consumo de combustível. Dessa forma, estimou-se que essas 300 empresas, que representam 5% do total de empresas brasileiras no setor (MME, 2009), seriam responsáveis por 50% da produção nacional. Essa estimativa baseia-se na premissa de que os maiores produtores possuem uma maior organização e formalidade, e assim são esses que possuem cadastro na associação nacional. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 152 Tabela 0-24 – Cálculo Simplificado de Redução de Emissões Emissões da linha de base ELB = Produção de tijolos * FELB FELB = CCETNR * FECNR Emissões do Projeto EPR = Produção de tijolos * FEPR FEPR = CCEE * FEgrid Redução de Emissão RE = ELB – EPR Tabela 0-25 – Parâmetros de Cálculo Parâmetro FECNR CEETNR FELB FEPR CEEE FEgrid,OM FEgrid,BM Descrição Massa média do tijolo Fator de emissão da queima estacionária de lenha nativa Consumo específico de energia térmica não renovável na linha de base Fator de emissão da fabricação de tijolos na linha de base Fator de emissão da fabricação de tijolos do projeto Consumo específico de energia elétrica por massa de tijolo no projeto Parcela não renovável na matriz energética do segmento brasileiro de cerâmica vermelha (lenha nativa) Produção nacional de blocos/tijolos em 2008 Quantidade de empresas produtoras de tijolos Quantidade de empresas de cerâmica identificadas Fator de Emissão da rede de margem de operação para 2009 Fator de Emissão da rede de margem de construção para 2009 FEgrid,CM Fator de Emissão da rede de margem combinada para 2009 %NR - Valor 0,003 112 0,631 0,071 0,001 0,006 Unidade t/tijolo kg CO₂/GJ GJ/t tijolo t CO₂e/t tijolo t CO₂e/t tijolo MWh/t tijolo Fonte 4 IPCC 2006 Calculado Calculado Calculado Calculado 50% % 1 55.200.000.000 5.500 300 0,25 0,08 peças Empresas Empresas t CO₂/MWh t CO₂/MWh 0,16 t CO₂/MWh 1 1 6 MCT MCT Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" 5 Calculado com base em 4 Default ICF&FIDES Default ICF&FIDES Taxa de câmbio média da rupia no ano de 2009 48,32 Rs/US$ Custo do Investimento 15,00 US$/t tijolo Valor 1 do CER 5,00 US$/t CO₂e Valor 2 do CER 10,00 US$/t CO₂e Fontes: 1 Ministério de Minas e Energia, 2009. Anuário Estatísticos – Setor de Transformação de Não Metálicos. 2 A produção da empresa média nacional foi obtida dividindo-se a fabricação nacional de telhas e tijolos pela quantidade de empresas presentes no Brasil. Os valores foram obtidos a partir de dados do Ministério de Minas e Energia (2009). 3 Dados de produção de pequenas, médias e grandes empresas foram obtidos a partir de dados do Ministério de Minas e Energia (2009). 4 PDD em validação "Fly ash bricks project at UBMPL", versão 01, 30/12/2009. 5 FED. "Economic Research and Data". Disponível em www.federalreserve.gov/datadownload/Download.aspx?rel=H10&series=40a15acb120950674894978e4f74def9&filetype =spreadsheetml&label=include&layout=sseriescolum&lastObs=120. 6 Associação Nacional da Indústria Cerâmica. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial aplicação do projeto de mudança de insumos na fabricação de tijolo no Brasil, contemplando o número de possíveis projetos, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, a potencial receita com a venda de CERs e os investimentos necessários para tal. Os resultados apresentados na Tabela 0-26 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-26 – Resultados do projeto de mudança de insumos na fabricação de tijolo Descrição Valor Unidade 0,070 tCO₂e/(t tijolo x ano) Redução de Emissão anual 6.350.265 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 63.502.648 tCO₂e 300* unidades Fator de redução de emissão anual Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento 211.675 tCO₂e 635,0 Milhões US$ 1.366,3 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 153 Barreiras Não há nenhum projeto desse tipo desenvolvido no Brasil – todos os projetos já desenvolvidos até o momento foram sediados na Índia. Dentre as barreiras tecnológicas existentes, algumas aparecem com mais frequência, a começar pela falta de mão de obra qualificada para lidar com a nova tecnologia. Na Índia, assim como no Brasil, o processo de produção de tijolos possui grande dependência de trabalho manual. No entanto, com a mudança de insumos, altera-se também o processo que passa a ser mais automatizado – a partir dessa mudança, os funcionários terão que aprender a lidar com uma tecnologia desconhecida, o que implica necessidade de treinamento e custos adicionais. A descrença inicial do mercado consumidor em qualquer tipo de tijolo que não seja o tradicional também constitui-se em uma barreira. Por tratar-se de um produto usado em larga escala durante muito tempo, a dificuldade de aceitação pode ser apontada como uma barreira de prática comum. Da mesma forma, o fato de o novo processo gerar um tijolo de coloração cinzenta56, diferente da cor tradicional de tijolos, contribui para que o novo processo encontre barreiras de entrada no mercado. Mais ainda, a informalidade da indústria de cerâmica vermelha no Brasil pode dificultar a participação de fabricantes na geração de créditos de carbono devido à burocracia envolvida no processo. Finalmente, de maneira semelhante à que ocorre no aumento do teor de aditivos na fabricação de cimento, a adição de escória ao tijolo está sujeita à disponibilidade desse material, que não é abundante atualmente no Brasil. Mudança Concomitante de Insumos e Processos Industriais Mudança de Processos e Insumos na Fabricação de Ferro-gusa O ferro-gusa é geralmente obtido pela redução do minério de ferro por carvão, como agente redutor, e calcário em um alto forno. Se, ao invés de utilizar carvão mineral como agente redutor nessa reação, conforme orienta a AM0082, o proponente do projeto substituir esse combustível por outro que seja renovável, como o carvão vegetal, reduz-se as emissões de GEE em relação à linha de base de utilização de carvão mineral. Avaliação Técnica Diferentemente de outros setores da indústria brasileira, não há uma carência de dados na siderurgia. Há associações como o Instituto Aço Brasil e o Sindicato dos Produtores Ferrosos de Minas Gerais (Sindifer) que possuem uma quantidade satisfatória de dados. Apesar de estar disponível uma relação de mais de 80 produtores ferrosos, não foi levantada uma quantidade tão significativa de oportunidades concretas de aplicação dessa iniciativa de redução de emissão de GEE. Isso se deve ao fato de que parte significativa da produção brasileira de ferro-gusa é feita a partir de carvão vegetal. Segundo o estudo "A nd stria Brasileira do Gusa de Mercado”, realizado pelo CETEM/MCT (Centro de Tecnologia Mineral – Ministério de Ciência e Tecnologia), e o anuário de 2007 do Sindifer, todos os produtores independentes de gusa (isto é, que não produzem aço, somente gusa) utilizavam, em 2006, o carvão vegetal como agente redutor em seu processo produtivo. Assim, não é possível aplicar o projeto, uma vez que as emissões associadas a produção do ferro-gusa brasileiro são naturalmente reduzidas. Portanto, foi considerada a produção somente das siderúrgicas integradas que, de acordo com o Anuário do Instituto Aço Brasil de 2010, possuem alto-forno movido a coque. Obteve-se os consumos energéticos específicos (por gusa fabricado) dessas empresas em seus respectivos balanços energéticos. 56 “India-FaL-G Brick and Blocks Project No.2” PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 154 Tabela 0-27 – Cálculo Simplificado de Redução de Emissões Emissões da linha de base ELB = PARLB + EPLB PARLB = Produção de ferro-gusa * CECoque * FEProd-Coque EPLB = Produção de ferro-gusa * FEP-LB FEP-LB = %CCoque * CECoque * 44/12 Emissões do Projeto ELB = PARLB + EPLB PARPR = Produção de ferro-gusa * CECV * FEProd-CV EPPR = 0 Redução de Emissão RE = ELB – EPR Tabela 0-28 – Parâmetros de Cálculo Valor Unidade Fonte FEProd-Coque Parâmetro Fator de emissão da produção de coque Descrição 0,403 t CO₂e/t Coque 3 %CCoque Conteúdo de carbono do coque 89% %C 3 CECV Consumo específico de carvão vegetal 0,6 t carvão vegetal/t gusa 3 FEProd-CV Fator de emissão da produção de carvão vegetal 0,923 t CO₂e/t carvão vegetal Calculado com base em 3 - Fator de emissão de CH₄ da produção de carvão vegetal 0,044 t CH₄/t carvão vegetal 3 - GWP do CH₄ 21 t CO₂e/t CH₄ IPCC - Custo do Investimento 35,00 US$/t ferro-gusa expert judgement - Valor 1 do CER 5,00 US$/t CO₂e Default ICF&FIDES - Valor 2 do CER 10,00 US$/t CO₂e Default ICF&FIDES Fontes: 1 Instituto Aço Brasil. "Anuário Estatístico 2010". Disponível em www.acobrasil.org.br/site/portugues/biblioteca/publicacoes.asp. Acesso em 27/10/2010. 2 ABM Brasil. Anais do XXVIII Seminários de Balanços Energéticos e Utilidades e XXII Encontro de Produtores e Consumidores de Gases Industriais. 3 Disponível em www.acobrasil.org.br/site/portugues/biblioteca/obras--fonte.asp?codF=201&fonte=ABM%20Semin%C3%A1rio%20de%20balan%C3%A7o%20Energ%C3%A9ticos %20Globais%20e%20Utilidades,%2028. Acesso em 27/10/2010. 4 PDD em validação "Use of Charcoal from Renewable Biomass Plantations as Reducing Agent in Pig Iron Mill at ArcelorMittal Juiz de Fora, Brazil", versão 01, 16/06/2010. 5 Centro de Tecnologia Mineral, 2006. A Indústria Brasileira do Gusa de Mercado. 6 Anuário de 2007 do SINDIFER. Disponível emwww. sindifer.com.br/Anuario_2007.html. Acesso em 04/11/2010. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial aplicação do projeto de mudança de processos e insumos na fabricação de ferro-gusa no Brasil, contemplando o número de possíveis projetos, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, a potencial receita com a venda de CERs e os investimentos necessários para tal. Os resultados apresentados na Tabela 0-29 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-29 – Resultados do Projeto de Mudança de Processos e Insumos na Fabricação de Ferro-gusa Descrição Valor Unidade 0,772 tCO₂e/(t gusa x ano) Redução de Emissão anual 15.875.561 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 158.755.608 tCO₂e 4* unidades Fator de redução de emissão anual Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento 39.688.902 tCO₂e 1.587,6 Milhões US$ 720,1 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 155 Barreiras A participação da produção integrada de ferro-gusa baseada em carvão vegetal na produção nacional tem sido reduzida nos últimos anos. De 1983 a 2006, segundo dados do SINDIFER (2007), essa participação passou de 18% a 5%. Essa queda é justificada, sobretudo, pela dificuldade de escala do uso de carvão vegetal, visto que os alto-fornos movidos a coque podem comportar maiores quantidades de agente redutor. Fornos que usam coque podem comportar até 10.000 toneladas de agente redutor, enquanto que aqueles movidos à carvão vegetal não suportam mais que 2.000 toneladas57. Por sua vez, a produção independente de gusa, cuja produção é feita em escalas menores baseia-se integralmente no carvão vegetal, de acordo com o CETEM/MCT (2006) e o SINDIFER (2007). Em termos de barreiras associadas a subsídios e impostos, deve ser ressaltado que o governo brasileiro extinguiu o imposto de importação de carvão mineral no início dos anos 90, acarretando em uma queda no consumo de carvão vegetal nas indústrias integradas de 11,3 milhões de metros cúbicos para somente 3,8 milhões58. A dependência de carvão vegetal também pode ser um risco para as grandes empresas, já que seu fornecimento é mais incerto do que o de carvão mineral e a mudança de insumo pode gerar maiores complicações logísticas. Esse risco pode ser mitigado através do investimento numa plantação da própria empresa, garantindo o fornecimento contínuo de carvão vegetal. No entanto, devem ser levados em consideração o tempo de maturação de novas plantações (cerca de seis a sete anos para o eucalipto), que causa demora no retorno do investimento realizado, bem como as dificuldades relacionadas ao licenciamento do uso da terra no Brasil. Deve ser ressaltado também que as elevadas taxas de juros brasileiras não contribuem para investimentos com retorno mínimo de seis anos. Essas barreiras poderão ser amenizadas pela receita obtida com a venda de créditos de carbono. Iniciativas de Redução de Emissão de GEE no Elo 2 Uma quantidade menor de metodologias foi incluída no elo 2, tratamento de subprodutos, em comparação ao elo 1. Assim, identificou-se uma quantidade inferior de possíveis projetos para o elo 2. A Tabela 0-30 resume as informações pertinentes a respeito de projetos de MDL no Brasil e no mundo, sua quantidade, status e potencial de redução de emissão. De maneira semelhante à que ocorreu no elo da produção, a quantidade de projetos no restante do mundo concentrou-se em duas metodologias: a AM0001 e a AM0028, responsáveis por 72% do total de projetos. Também ocorreu uma concentração em projetos brasileiros. Apenas três metodologias, dentre as que foram definidas para esse setor, já foram aplicadas no Brasil. Dessas, a combinação da AM0028 e da AM0034 foi responsável por 60% do total de projetos e do maior potencial total de redução de emissões, com cerca de 6.000 ktCO₂ por ano. Os demais projetos desse elo no País, em conjunto, respondem por 364 ktCO₂ evitadas anualmente. Seguindo o modelo do elo 1, maior detalhamento a respeito das iniciativas de redução de emissão possíveis é encontrado nas subseções abaixo. 57 58 “Use of Charcoal from Renewable Biomass Plantations as Reducing Agent in Pig ron Mill at ArcelorMittal Juiz de Fora, Brazil”. “Use of Charcoal from Renewable Biomass Plantations as Reducing Agent in Pig ron Mill at ArcelorMittal Juiz de Fora, Brazil”. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 156 Tabela 0-30 – Projetos de Redução de Emissão no Elo 2 – Setor de Outros Insumos para a Indústria Elo 2 – Tratamento de Subproduto Iniciativas de Redução de Emissão – Projetos de MDL Destruição de gases gerados na produção Metodologias de Linha de Base Projetos de MDL no resto do Mundo Projetos de MDL no Brasil Número de Projetos em validação Número de Projetos validados Número de Projetos registrados Número de Projetos Rejeitados AM0001 - AM0021 - AM0028 - - - - - 1 - 1 - - - - - AM0028 AM0034 - - 3 - AM0064 - - - - AMS-III.W. - - - AMS-III.K. AMS-I.D. - - AMS-III.K. Total de Potencial Total de Projetos Redução de Emissão Desenvolvidos (ktCO₂e/ano)* Potencial Médio de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)* Número total de Projetos* - - 20 5961 5961 4 - - 13 3 362 121 3 - - - 1 - - - - - - - - - - 2 - - - - - - Recuperação de subprodutos AMS-III.AI. - - - - - - - - AMS-III.X. 1 - - - 1 2 2 1 Utilização de subprodutos como insumo AM0063 - - - - - - - 1 AM0066 - - - - - - - 1 * Excluem-se os Projetos Rejeitados. Fonte: Elaboração Própria com base na CQNUMC e CD4-CDM59. Projetos de Redução de Emissões de GEEs Relacionados ao Tratamento de Subprodutos No elo de tratamento de subprodutos foram avaliadas 8 metodologias, das quais, em última análise, apenas uma foi incluída no estudo, em somente um tipo de projeto. Devido principalmente a particularidades brasileiras e à indisponibilidade de informações, as demais foram desconsideradas, conforme justificado a seguir. A metodologia AM0001, que trata da incineração do HFC-23 gerado na fabricação de HCFC-22, foi desconsiderada, pois não há mais produção de HCFC-22 no País (MCT, 2010). O tipo de projeto de recuperação de CO₂ para uso como insumo, referente à metodologia AM0063, foi desconsiderado por ser prática comum das principais empresas produtoras de gás carbônico liquefeito, de acordo com o contato com especialistas do setor de gases industriais. As metodologias AM0064 e AMS-III.W., do tipo de projeto de captura e destruição de metano em atividades mineradoras, foram desconsideradas por não haver dados sobre o conteúdo de metano de minas brasileiras que não sejam de hidrocarbonetos. O potencial de aplicação da recuperação de HFC em refrigeradores, da AMS-III.X., não pode ser avaliado, pois haveria dupla contagem com as reduções de emissão da fabricação de refrigeradores com gases de pequeno GWP, algo que a própria AMS-III.X. não permite. O tratamento alternativo de ácido sulfúrico não foi abordado pela ausência de informações, a metodologia AMS-III.AI. não possui nenhum PDD registrado ou em validação. Não haveria, assim, nenhum dado para realizar proxys. 59 A pesquisa foi feita no mês de agosto nos Websites da CQNUMC e CD4-CDM. Disponível em http://cdmpipeline.org/e http://www. unfccc.int/. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 157 Destruição de gases gerados na produção Destruição de Metano Gerado na Produção de Carvão Vegetal O carvão vegetal é produzido por meio da carbonização da madeira ou lenha. A carbonização é uma reação de pirólise, isto é, decomposição térmica e matéria orgânica na ausência de oxigênio. Assim como no tratamento anaeróbio de resíduos, a decomposição de matéria orgânica sem oxigênio gera metano como um subproduto. Na produção tradicional não industrial de carvão vegetal, o metano gerado durante o processo é liberado para a atmosfera. Porém, é possível utilizar instalações industriais para a produção desse combustível, instalando-se assim equipamentos para queimar o metano gerado no processo e promover redução de emissão de GEE, conforme descrito na metodologia AMS-III.K. Encontra-se abaixo um exemplo prático de um projeto de MDL de destruição de metano gerado na produção de carvão vegetal realizado no Sri Lanka. PROJETO MODELO: DESTRUIÇÃO DE METANO GERADO NA PRODUÇÃO DE CARVÃO VEGETAL Carvão vegetal pode ser produzido a partir de diferentes matérias-primas animais ou vegetais por meio da pirólise. No Brasil, a matéria-prima mais utilizada em sua produção é a lenha. No Sri Lanka, contudo, é comum sua produção a partir de cascas de coco. De modo a reduzir as emissões de GEE, a Recogen Limited, mecanizou seu processo de produção e incluiu um sistema de captura e queima do metano gerado na pirólise. A partir da queima, gera-se energia que é vendida à Companhia Energética do Ceilão. O projeto envolve a produção de 26.400 toneladas de carvão vegetal, a capacidade de geração de 5,8 MW e a redução de emissão de cerca de 47 mil toneladas de GEE anualmente. Além disso, o projeto contribui ao desenvolvimento sustentável gerando empregos na operação da fábrica e evitando a emissão de outros gases residuais. A Tabela 0-31, abaixo apresenta as emissões da linha de base, do projeto e a redução de emissões: Tabela 0-31 – Emissões de Linha de Base Ano Emissões da Linha de Base (tCO₂e) Emissões do Projeto (tCO₂e) Emissões Evitadas (tCO₂e) 2008 46.656 0 46.656 Avaliação Técnica Esse tipo de iniciativa de redução de emissão de GEE é bastante inovadora, não possuindo nenhum PDD registrado no mundo e apenas um e validação. A estimativa de redução de emissão de GEE utilizou, como dado de entrada, a produção municipal de carvão vegetal, retirada da pesquisa de Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura de 2008, do IBGE. Pelo fato de o levantamento de quantidade de projetos aplicáveis ter se baseado na produção de carvão vegetal por município, foi necessário definir um piso de produção abaixo do qual não seria viável a construção de uma instalação industrial para a fabricação de carvão vegetal. Devido ao conhecimento ainda incipiente em relação a essa técnica, optou-se por definir a dimensão mínima de projeto por meio da redução de emissão pleiteada. Dessa forma, o valor de 524 t CO₂e de redução de emissão foi escolhido como mínimo de aplicação do projeto por ser a menor redução de emissão anual de um projeto de pequena escala já registrado no âmbito do MDL. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 158 Tabela 0-32 – Cálculo Simplificado de Redução de Emissões Emissões da linha de base ELB = ECH₄ + EEE ECH₄ = Produção de carvão vegetal * (MCV – OR) * GWPCH₄ EEE = Geração de energia * FEgrid Emissões do Projeto EPR = EtransporteMP + EtransporteCV + Efugitiva Efugitiva = (1 – ECF) * MCV * GWPCH₄ EtransporteMP = DM * (Produção de madeira para carvão vegetal/Ccaminhão) Produção de madeira para carvão vegetal = Produção de carvão vegetal/PCV-M EtransporteCV = DM * (Produção de carvão vegetal/Ccaminhão) Área da plantação = Produção de madeira para carvão vegetal/PROD = Raio total^2 * π Raio Médio da Plantação = ((Raio total^2)/2)^(1/2) DM = Raio Médio da plantação Redução de Emissão RE = ELB – EPR Tabela 0-33 – Parâmetros de Cálculo Parâmetro MCV OR PROD PCV-M CCaminhão DM FETransp ECF GWPCH₄ Descrição Geração de metano da produção de carvão vegetal Obrigação regulatória de queima do metano gerado na produção de carvão vegetal Produtividade média da plantação de eucalipto Produção de carvão vegetal por madeira utilizada Capacidade média do caminhão para transporte de carvão vegetal Distância média incremental do caminhão na atividade de projeto EFelet. PCImetano FEgrid,OM FEgrid,BM Fator de emissão de CO₂ do caminhão utilizado no transporte Eficiência de Captura do flare utilizado no projeto Potencial de aquecimento global do metano Densidade de metano (0,67 Kg/m3 à temperatura de 20 graus e 1 atm pressão) Eficiência da geração de eletricidade Conversão de unidades GJ – MWh Poder calorífico do metano Fator de Emissão da rede de margem de operação para 2009 Fator de Emissão da rede de margem de construção para 2009 FEgrid,CM Fator de Emissão da rede de margem combinada para 2009 DCH₄ Valor 0,044 Unidade t CH₄/t Carvão Vegetal Fonte 2 0 t CH₄/t Carvão Vegetal Expert Judgement 1 0,31 35 Varia em função da produção 1,12 90% 21 t eucalipto/km2 t carvão vegetal/t madeira t/caminhão Expert Judgement 2 Expert Judgement km Calculado kg CO₂/km % t CO₂e/t CH₄ 2 3 IPCC 2006 0,00067 t CH₄ /m CH₄ 4 30% 3,6 0,036 0,25 0,08 GJ/MWh GJ/m3 CH₄ t CO₂/MWh t CO₂/MWh 0,16 t CO₂/MWh 6 5 MCT MCT Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" Default ICF Default ICF 3 Custo do Investimento ND US$/t Carvão Vegetal Valor 1 do CER 5,00 US$/t CO₂e Valor 2 do CER 10,00 US$/t CO₂e Fontes: 1 IBGE – Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura. 2 PDD em Validação "Use of Charcoal from Renewable Biomass Plantations as Reducing Agent in Pig Iron Mill at ArcelorMittal Juiz de Fora, Brazil". 3 Premissa extraída da AMS-III.K. 4 Metodologia ACM0010. 5 Projeto 2548 – Gramacho Landfill Gas Project. 6 Assumido com base em World Bank, 2008. Low Carbon Energy projects for Development of Sub Saharan Africa, 8-18-08. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial aplicação do projeto de destruição de metano gerado na produção de carvão vegetal no Brasil, contemplando o número de possíveis projetos, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, a potencial receita com a venda de CERs, a potencial contribuição à matriz energética nacional e os investimentos necessários para tal. Os resultados apresentados na Tabela 0-34 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 159 Tabela 0-34 – Resultados do projeto de destruição de metano gerado na produção de carvão vegetal Descrição Valor Unidade 0,840 tCO₂e/(t carvão x ano) Redução de Emissão anual 3.738.815 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 37.388.152 tCO₂e 293* unidades Fator de redução de emissão anual Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 127.605 tCO₂e Contribuição à matriz energética 764.135 MWh/ano Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 373,9 Milhões US$ Custo do Investimento ND** Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. **Não foi possível obter informações a respeito do custo de aplicação do projeto em questão. Barreiras A principal barreira enfrentada para projetos de destruição de metano gerado na produção de carvão vegetal é relacionada à prática comum. A produção informal e, até certo ponto, artesanal, é uma dificuldade, pois a atividade de projeto requer que seja criada uma instalação para que se possa produzir carvão vegetal capturando-se o metano gerado. Em conjunto com a industrialização, é preciso certo grau de automatização da produção, o que também é um empecilho ao projeto devido à necessidade de contratação de mão de obra especializada e maiores investimentos. Essas barreiras, sobretudo, a de investimento, poderão ser amenizadas pela receita obtida com a venda de créditos de carbono. O desenvolvimento do estudo com a abordagem bottom-up contemplou o levantamento de instalações em que os projetos de baixo carbono poderiam ser desenvolvidos. A lista contendo os sites avaliados e o potencial por site será divulgada como um anexo do presente estudo. A Tabela 0-35 apresenta os resultados consolidados do setor de Outros Insumos para a Indústria. Tabela 0-35 – Resultados Consolidados do Setor de Outros Insumos para a Indústria Número de Projetos Tipo de projeto Total Setor de Outros Insumos para a Indústria Potencial Receita com a Venda de CERs em 10 anos (CER = 10 US$) Investimento Fator de Redução de Emissão anual Valor Unidade tCO₂e Milhões US$ Milhões US$ Valor 706 n/a 287.091.978 2.871 5.009 n/a n/a Aumento do teor de aditivos na fabricação de cal hidratada 9 Produtores de cal hidratada identificados Aumento do teor de aditivos na fabricação de cimento 68 Fabricação de refrigeradores com gases de pequeno GWP 5 Mudança de insumo na fabricação de amônia e ureia Potencial Redução de Emissões GEE em 10 anos 3 Unidade 756.053 8 48,0 0,063 tCO₂e/t cal hidratada Fábricas de cimento 52.825.742 528 3.982,5 0,101 tCO₂e/t cimento/ano Fábricas de refrigeradores 13.267.696 133 92,7 n/a n/a Empresas produtoras de ureia 2.345.506 24 10,9 0,198 tCO₂e/t ureia/ano Mudança de insumos na fabricação de tijolo* 300 Fábricas de tijolos* 63.502.648 635,0 74,5 0,070 tCO₂e/t tijolo Uso de CO₂ biog nico como insumo para a fabricação de compostos inorgânicos 15 Empresas produtoras de compostos inorgânicos 4.003.398 40 n/a n/a n/a Ácido Nítrico 3 Empresas produtoras de ácido nítrico Caprolactama 1 Empresa produtora de caprolactama Redução de emissão na fabricação de alumínio primário 5 Mudança de processos e insumos na fabricação de ferro-gusa 4 Redução de emissão de N₂O na fabricação de Produtos químicos Destruição de metano gerado na produção de carvão vegetal 0 293 6.867.474 69 3,8 0,372 tCO₂e/t Ácido Nítrico 824.275 8 1,3 0,434 tCO₂e/t Caprolactama Fábricas de alumínio primário 3.130.512 31 0,6 n/a n/a Empresas produtoras de ferrogusa 158.755.608 1.588 720,1 0,772 tCO₂e/t Gusa 0,840 tCO₂e/t Carvão vegetal Municípios produtores de carvão vegetal 37.388.152 374 n/a Notas: * Representam apenas a parcela de empresas identificadas no estudo. Estima-se que existam mais de 5.000 empresas de cerâmica no Brasil (Fonte: MME, 2009), mas aqui assume-se que essas 300 empresas representam 50% da produção nacional de cerâmica n/a = Não de aplica. n/d = Dado não disponível. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 160 Setor de Transportes/Combustíveis para Veículos Descrição dos Elos do Setor de transportes/combustíveis para veículos O Setor de Transportes compreende as macroatividades de produção e consumo de combustíveis, cuja cadeia pode ser dividida em três elos: produção de combustíveis; distribuição de combustíveis; e consumo final de combustíveis em veículos. Produção de Combustíveis O primeiro elo da cadeia do setor de transporte/combustíveis para veículos é a produção de combustíveis. Esse elo contempla as operações de extração e processamento de matéria-prima para a produção dos diversos combustíveis empregados atualmente no setor. Podem-se mencionar a extração e o refino do petróleo para a produção de diesel ou gasolina, a produção de óleos vegetais para posterior transesterificação e produção de biodiesel, ou ainda a produção de cana-de-açúcar para posterior fermentação e destilação para a produção do etanol. A produção de combustíveis/biocombustíveis merece atenção, à medida que aumenta a frota nacional de veículos, assim como a necessidade de transporte de cargas e, por consequência, a necessidade de produção desses insumos energéticos, que tem associação direta com o incremento nas emissões de gases de efeito estufa (GEE). De acordo com informações do Inventário Brasileiro das Emissões e Remoções Antrópicas de GEE (versão preliminar de 2009), por exemplo, o processo de extração e transporte de petróleo e gás natural apresentou, de forma conjunta, emissões fugitivas60 da ordem de 148 Gg de CH₄, o que representou um aumento de 258% em relação ao ano de 1990, contribuindo com 0,8% do total de emissões do País em 2005. Distribuição de Combustíveis O segundo elo da cadeia do setor de combustíveis (pronto para o consumo) para veículos é a distribuição de combustíveis, realizada quase que exclusivamente pelo modal rodoviário no Brasil, no qual caminhões-tanque transportam os diversos combustíveis de seu local de produção ao local de redistribuição e consumo. Parte do óleo combustível consumido pelo setor de transportes é transportada/distribuída por meio de oleodutos. O gás natural, que teve relativa disseminação como combustível para veículos em determinadas regiões do Brasil (por exemplo, São Paulo e Rio de Janeiro) tem seu transporte realizado majoritariamente por gasodutos. A Tabela 0-1 apresenta a quantidade de gás natural transportada nos principais gasodutos do País. Tabela 0-1 – Quantidade de Gás Natural Transportada por Gasoduto (toneladas) GASODUTO Sistema de Gasodutos do Sudeste (SE) 2003 2004 5.320 6.210 Sistema de Gasodutos do Espírito Santo (ES) 320 Sistema de Gasodutos do Nordeste Setentrional (NE-SET) 560 Sistema de Gasodutos do Nordeste Meridional (NE-MER) GASBOL (Bolívia – Brasil) Uruguaiana (RS) – Porto Alegre (RS) Bolívia – Mato Grosso TOTAL 2005 2006 2007 6.711 6.294 6.504 340 321 274 355 960 1.009 760 708 270 310 471 490 1.544 3.250 4.585 5.247 5.702 .. 269 348 294 356 298 326 246 187 165 10.315 12.999 14.795 14.041 160 9.569 Fonte: Transpetro, TBG, TSB e GASOCIDENTE, em 2008. 60 Contemplam emissões de fugas de CH4 durante a extração do petróleo e gás natural, transporte e distribuição em dutos e navios e durante seu processamento em refinarias. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 161 Consumo Final de Combustíveis em Veículos O terceiro elo da cadeia do setor de combustíveis para veículos é o consumo de combustíveis. Esse elo contempla o consumo de combustíveis fósseis e renováveis em, por exemplo, carros, caminhões, locomotivas, aviões e navios. Destaca-se a importância do consumo de combustíveis como fonte de emissões de gases de efeito estufa, sendo o setor de transportes responsável por 24% das emissões pelo consumo de combustíveis fósseis no mundo e, no Brasil, responsável por 42% das emissões em atividades energéticas, conforme se pode notar no Gráfico 0-1. Gráfico 0-1 – Emissões de Carbono por Setor em 2006 no Brasil Dentro do contexto das emissões do setor de transportes, destaque é dado ao modal rodoviário, conforme se constata no Gráfico 0-2, que mostra a evolução das emissões de carbono por modal. Gráfico 0-2 – Evolução das Emissões de Carbono por Modal no Brasil No Brasil, o transporte rodoviário é predominante não apenas como meio para passageiros, mas também para cargas. O Gráfico 0-3 ilustra a participação do modal rodoviário dentro do contexto de transporte de cargas. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 162 Gráfico 0-3 – Carga Transportada no Brasil (tku61) O reflexo da predominância de transporte rodoviário para cargas dá-se no consumo de combustíveis para esse fim, assim como nas emissões de GEE do elo 3 desse setor. O Gráfico 0-4 ilustra as emissões por modal, para ao transporte de cargas no Brasil. Gráfico 0-4 – Emissões por Modal (tC) Ressalte-se que, apesar da significativa contribuição do elo 3 para as emissões do Brasil, o setor apresentou importante avanço pelo atual nível de consumo de bicombustíveis, em especial o etanol (isto é, álcool anidro e hidratado). O Gráfico 0-5 apresenta a contribuição do etanol para a matriz energética do setor de transportes no Brasil e o Gráfico 0-6 indica as emissões evitadas no Elo 3, pelo consumo de etanol em substituição à gasolina no Brasil, ao longo do período compreendido entre 1970 e 2006. 61 A unidade tku pode ser entendida como toneladas transportadas por quilômetro útil. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 163 Gráfico 0-5 – Consumo de Combustíveis no Transporte Emissões por Modal (tC) Gráfico 0-6 – Emissões Efetivas Evitadas no Elo 3 (tC) É importante notar que, com mais de 85% das vendas atuais de veículo leves incorporando a tecnologia flexfuel, a expectativa é de que a penetração desses veículos aumente dos atuais 20% para mais de 80% até 2020, possibilitando um deslocamento ainda maior da gasolina. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 164 Descrição das Principais Fontes de Emissão de GEE e Oportunidades de Mitigação de Emissão Como definido na seção 1.1 deste Relatório, a cadeia do setor de transportes/combustíveis para veículos é divida em três elos: elo 1: produção de combustíveis; elo 2: distribuição de combustíveis; e elo 3: consumo final de combustíveis em veículos. O setor de transportes é um dos setores brasileiros com maior emissão de dióxido de carbono, devido ao consumo elevado de derivados de petróleo em veículos, tais como gasolina e diesel, e a maior parte se deve ao modal rodoviário. No Brasil, em 2008, o consumo de derivados de petróleo pelo setor de transportes chegou a 51% do consumo total dessa fonte (BEN, 2009). O óleo diesel é o combustível mais consumido no setor de transportes, representando quase 49% do consumo de energia do setor (BEN, 2009), devido, principalmente, à forte participação dos veículos pesados, de transporte coletivo e de carga. Assim como para os demais setores, a avaliação do potencial de redução de emissão de GEE no setor de transporte/combustível fóssil em veículos no Brasil será feita para os três elos de sua cadeia, com base em metodologias de linha de base e monitoramento aprovadas e em fase de aprovação pela Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC), bem como em projetos de redução de emissão de GEE propostos no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), localizados no Brasil e demais países em desenvolvimento participantes desse Mecanismo (resto do Mundo) e outros projetos que não estão no âmbito de MDL, mas reduziriam o consumo de combustíveis fósseis. O setor de transportes é o que menos possui metodologias, e algumas são de difícil implantação no Brasil. Para avaliar um número maior de projetos, alguns desses foram desenvolvidos sem ter base em metodologias da CQNUMC, como o caso da mudança modal no transporte de combustíveis. Dentre as opções de mitigação de emissão de GEE, destacam-se a maior penetração de biocombustíveis (por exemplo, biodiesel) em veículos e de tecnologias de uso mais eficiente de energia, bem como melhorias do setor de transporte (por exemplo, melhoria da eficiência do transporte de massa passageiros). O Quadro 0-1 apresenta as fontes de emissão de GEE em cada elo do setor em questão, as potenciais iniciativas de redução de emissão de GEE, bem como as metodologias de linha de base e monitoramento existentes no MDL, que são aplicáveis a cada iniciativa. As emissões da linha de base consistem nas emissões geradas pelo consumo de combustíveis fósseis no setor de transporte brasileiro. Com base na avaliação das metodologias da CQNUMC, o CH₄ e o N₂O representam juntos menos de 2% das emissões de GEE. J as emissões CO₂ representam a maior parte de emissão na linha de base desse setor. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 165 Quadro 0-1 – Emissões de GEE e Iniciativas Mitigadoras de Emissões na Cadeia do Setor de Transportes/Combustíveis para Veículos Elo 1 – Produção do Combustível Elo 2 – Distribuição do Combustível Elo 3 – Consumo por Veículos Fontes de Emissão Linha de Base Fontes de Emissão Linha de Base Fontes de Emissão Linha de Base CO₂ CO₂ CO₂ CH₄ N₂O Iniciativas de Redução de Emissão de GEE Iniciativas de Redução de Emissão de GEE Iniciativas de Redução de Emissão de GEE Produção de biocombustíveis (Biodiesel) Mudança modal no transporte de combustíveis Eficiência Energética (BRT) Produção de biocombustíveis (Óleo Vegetal) Eficiência Energética (VLT) Eficiência Energética (Metrô) Mudança Modal no Transporte de cargas Metodologias de Linha de Base Metodologias de Linha de Base Metodologias de Linha de Base AMS-III.T ACM0016 ACM0017 AM0090 AM0047 AM0031 Como demonstrado no Quadro 0-1, com base nas metodologias de linha de Base e Monitoramento existentes no MDL, as potenciais iniciativas de redução de emissão de GEE em cada elo da cadeia desse setor são: elo 1 (produção de combustíveis): produção de biocombustíveis em áreas desmatadas; elo 2 (distribuição de combustíveis): mudança modal no transporte de combustíveis; e elo 3 (consumo de combustíveis em veículos): eficiência energética do uso de combustível (por melhorias do transporte de massa e de cargas). Iniciativas de Redução de Emissão de GEE no Elo 1 A Tabela 0-2 apresenta o número de projetos de redução de emissão de GEE propostos no MDL, que se enquadram no elo 1, e se encontram nas seguintes etapas do processo no Brasil: em validação, já validados e registrados. Também são apresentados: o potencial total e médio de redução de emissão gerada por esses projetos, bem como o número de projetos propostos no resto do mundo (que se encontram nas etapas de validação, já validados e registrados). PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 166 Tabela 0-2 – Projetos de Redução de Emissão no Elo 1 – Setor de Transporte Elo 1 – Produção do Combustível Iniciativas de Redução de Emissão – Projetos de MDL Metodologias de Linha de Base Produção de Biocombustívei s AM0047 Projetos de MDL no resto do Mundo Projetos de MDL no Brasil Número de Projetos em validação Número de Projetos validados Número de Projetos registrados Número de Projetos rejeitados Total de Projetos desenvolvidos * Potencial total de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)* Potencial médio de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)* Número total de Projetos desenvovidos* AMS-III.T - - - - - - - 1 ACM0017 - - - - - - - 9 1 - - - - 410 410 4 * Excluem-se os Projetos Rejeitados. Observando a Tabela 0-2, no Brasil, nota-se que ainda não foi registrado nenhum projeto de MDL referente à produção de biocombustível. Há apenas um projeto que está em fase de validação pela EOD, baseado na metodologia AM0047 (Produção de Biodiesel baseado em óleos e/ou gorduras usadas de origem biog nica para uso como combustível), com potencial de redução de 410.000 tCO₂e/ano. No resto do mundo, existem 14 projetos propostos no MDL referentes à produção de combustível, dos quais 9 aplicaram a metodologia ACM0017 (produção de biodiesel para uso como combustível), três usaram a AM0047 e apenas um utilizou a metodologia de pequena escala AMS-III.T. (produção de óleo vegetal e uso para aplicações no transporte). Vale mencionar que, atualmente, a metodologia ACM0017 substituiu a metodologia de grande escala AM0047. Com base nessas metodologias da CQNUMC, reduções de emissão de GEE no elo 1 ocorrem por meio da produção de combustíveis compostos por misturas de petrodiesel com bicombustíveis. Deve ser ressaltado que a redução de emissão ocorre no elo 3, na fase de consumo do biocombustível, devido a substituição total ou parcial de combustível fóssil que seria consumido nos veículos. Porém, as metodologias ACM0017 e AMS-III.T determinam que os diretos de propriedade das Reduções Certificadas de Emissão (RCEs) sejam destinados aos produtores do biocombustíveis, e não para seus consumidores. Todas as metodologias desse elo contemplam a mistura de biocombustíveis no diesel utilizado em veículos. Contudo, a metodologia AMS-III.T se aplica às atividades de cultivo de oleaginosas e produção de óleos vegetais não transesterificados62, ou seja, somente óleos prensados e filtrados, para mistura com o diesel utilizado como combustível nos veículos. Uso de biodiesel transesterificado, derivado de soja, algodão, amendoim, dendê, girassol, mamona, ou outra matéria-prima inviabiliza o uso dessa metodologia. As iniciativas de redução de emissões no elo 1 são descritas nas subseções a seguir. Projetos de Redução de Emissões de GEE Relacionados à Produção de Biocombustíveis No elo de produção de biocombustíveis, foram avaliadas 3 metodologias, das quais 2 foram incluídas no estudo do potencial de redução de emissão de GEEs no País, agrupadas em 2 tipos de projetos concernentes à produção de biocombustíveis para sua mistura parcial ao petrodiesel, utilizado em veículos. Produção de Biocombustíveis Os projetos de redução de emissões considerados incluem a produção de biodiesel e óleo vegetal para mistura parcial (20 e 10%, respectivamente) ao petrodiesel usado em veículos. As metodologias AMS-III.T e ACM0017 se aplicam a esses projetos. As emissões de linha de base consistem nas emissões provenientes do consumo de petrodiesel por veículos automotores. Para emissão do projeto, as emissões contabilizadas são todas as emissões que ocorreram durante a produção do biocombustível, desde o plantio até o seu processamento na usina. As emissões pelo consumo por veículos não é contabilizada, por se tratar de uma emissão biogênica. 62 Nesse processo, o óleo vegetal é adicionado a um álcool simples (metanol, etanol, propanol, butanol) e catalisadores (que podem ser ácidos, básicos ou enzimáticos) para acelerar a reação, através da qual é possível separar a glicerina dos óleos vegetais. A remoção da glicerina do óleo vegetal ocorre por decantação, deixando o óleo mais fino e reduzindo a sua viscosidade. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 167 Óleo Vegetal O projeto em questão consiste na mistura de 10% de óleo vegetal in natura no diesel utilizado por veículos, produzido através do plantio de palma em áreas degradadas no Brasil com potencial para o cultivo dessa cultura. PROJETO DE PRODUÇÃO DE ÓLEO VEGETAL: O CASO DO PARAGUAI As empresas envolvidas nesse projeto são a suíça Ecotawa e a paraguaia Agro Micro Plan S.A., que irão produzir óleo vegetal de diferentes tipos de cultura (como a canola e o nabo forrageiro) no Paraguai, em diferentes regiões do País. Esse projeto ainda se encontrava em fase de solicitação de registro na CQNUMC em novembro de 2010. O óleo vegetal produzido deve ser misturado ao diesel usado em uma frota cativa, e a metodologia prevê que essa mistura deve ser de até 10% de óleo vegetal. A produção e uso de óleo vegetal como combustível não são comuns no Paraguai, mas a tecnologia veio importada da Europa, em que o óleo vegetal já é bastante utilizado no setor de transportes. Muitos veículos na Europa já operam utilizando óleo vegetal puro, com a implantação de um kit que permite o uso de tal combustível. Os custos de investimento do projeto se baseiam no custo da instalação da planta, que será localizada na cidade de Misiones, com uma capacidade anual de produção de 3,5 milhões de litros de óleo vegetal no ano de 2009 e de 7 milhões de litros nos próximos anos. Esses custos também incluem as instalações de filtração, prensagem e armazenamento. Os custos operacionais da produção de óleo vegetal são basicamente mão de obra e consumo energético. Além disso, existem também os custos para obter as oleaginosas. A estimativa de redução de emissão por esse projeto é de 17.188 tCO₂e por ano, com um tempo de geração de créditos estimado em 7 anos. Fonte: Documento de Concepção do Projeto “Plant-Oil Production for Usage in Vehicles – Paraguai”. Foi considerado que o número de projetos seria associado às usinas médias produtoras de óleo de palma, com uma capacidade de produção correspondente ao plantio de 2.000 ha dessa oleaginosa. O plantio deve ser feito em áreas já degradadas, com potencial para plantio de dendê, e, de acordo com a produtividade dessas áreas, em cada Estado, um número proporcional de usinas poderá ser instalado. O cálculo das áreas potenciais para plantio do dendê foi feito com base nos mapas de uso e ocupação do solo, da Embrapa e de Zoneamento agroecológico do dendê, também da Embrapa. Como o potencial de plantio em todas as áreas degradadas no Brasil é muito alto, optou-se por também fazer uma análise de produção de óleo vegetal com base no consumo atual do diesel. Avaliação Técnica– Projeto de adição de óleo vegetal ao diesel O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas apresentadas na Tabela 0-3 e dos parâmetros apresentados na Tabela 0-4. Tabela 0-3 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da Linha de Base ELB = PCI Diesel [GJ/m3] x Fração D/B [adimensional] x F Consumo Diesel [m3] x Fat. Emissão Diesel *t CO₂/GJ+ F Consumo Diesel [m3] = ((PCI Óleo Vegetal [GJ/m3]/PCI Diesel [GJ/m3]) x Produção Óleo Veg [t])/Dens Diesel [t/m3]) Emissões do Projeto EPR *t CO₂+= E plantio *t CO₂++ E Planta óleo vegetal *t CO₂+ E Plantio *t CO₂+ = Fat. Emissão Plantio Palma *t CO₂/hec+ x Área plantio *hec+ E Planta Óleo Vegetal *t CO₂+ = Fat. Emissão Produção de óleo vegetal *t CO₂/t de óleo+ x Produção Óleo Vegetal [t de óleo] Redução de Emissão RE = ELB – EPR PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 168 Tabela 0-4 – Parâmetros de Cálculo Parâmetro Descrição PCI Diesel Poder Calorífero Inferior do Diesel Fat. Emissão Diesel Fator de Emissão do Diesel Consumo Diesel Quantidade de Diesel consumida no setor de transportes em 2009 Dens Diesel Valor Unidade 35,46 GJ/m Fonte 3 BEN 2010 (1) 0,07 t CO₂/GJ IPCC 2006 25752912 m3 BEN 2010 (1) Densidade do Óleo Diesel 0,84 t/m3 BEN 2010 (1) Fração D/B Fração de Mistura Diesel/Biodiesel comercializada em 2010 0,95 - ANP 2010 PCI Óleo Palma Poder Calorífero Inferior do Óleo de Palma 34,82 GJ/m3 Soares, G. 2003(2) Fat. Emissão Plantio Palma Fator de Emissão do plantio de Palma para Locais Tropicais Úmidos 1,87 t CO₂e/ha Metodologia ACM0017 Fat. Emissão Produção de Óleo Vegetal Fator de Emissão pela produção de Óleo Vegetal 0,027 tCO₂/1 t de óleo EPE 2005(3) Produtividade Óleo Palma Produtividade média de óleo obtido por área plantada de palma 4 t óleo/ha EMBRAPA 2010(4) Dens Palma Densidade do Óleo de Palma 0,91 t/m3 Soares, G. 2003(6) Fração D/OV Projeto Fração de Mistura Diesel/Óleo Vegetal proposta pelo projeto 0,9 - Metodologia AMS.III.T Área Plantio Áreas degradadas com potencial para produção de palma no Brasil 56.886.454 ha Elaboração própria baseado em Embrapa(4) Produção Óleo Veg Quantidade de Óleo Vegetal que pode ser produzido na área com potencial de produção de palma no Brasil para esse projeto 250.050.347 m³ óleo calculado 3 F Consumo Diesel Quantidade de diesel que seria consumido sem o projeto 245.511.479 m E LB Emissão Total da Linha de Base 615.382.704 t CO₂ calculado E Planta Óleo Vegetal Emissão pela produção de óleo vegetal 6.751.359 t CO₂ calculado Investimento Produção de Óleo Vegetal Investimento necessário para o cultivo da palma e extração de óleo vegetal 2.000 R$/(m³/ano) Estimado a partir de Estadão, 2010(5) Área Plantada por Usina Área de plantação de palma por usina produtora de óleo 2.000 ha Valor Assumido Custo de Produção do Óleo Vegetal Custo associado ao processo de extração do óleo de dendê 1,17 R$/litro Vianna, 2006(6) calculado Taxa de Câmbio Conversão Real – Dólar 1,77 R$/US$ Fontes: 1 Balanço Energético Nacional 2010 (EPE). 2 Soares, G. et al "Operação de um grupo gerador diesel utilizando óleo vegetal bruto como combustível" (2003). 3 EPE – Empresa de Pesquisa Energética “Potencial de Redução de Emissões de CO₂ em projetos de Produção e Uso de Biocombustíveis”(2005). 4 Zoneamento Agroecológico do Dendezeiro 5 www.estadao.com.br/estadaodehoje/2010.0506/not_imp547683,0.php. 6 Vianna, F. “An lise de Ecoefici ncia: Avaliação do Desempenho Econômico-Ambiental do Biodiesel e Petrodiesel”. Tese de mestrado da USP, 2006. FED Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial aplicação do projeto de produção de óleo vegetal para mistura in natura no diesel de veículos, contemplando o número de possíveis projetos, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, a potencial receita com a venda de CERs e os investimentos necessários para tal. Os resultados apresentados na Tabela 0-5 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Os resultados demonstrados a seguir contemplam as usinas potenciais médias que poderiam ser instaladas, caso fosse utilizado todo o potencial de plantio de dendê no País. Contudo, vale ressaltar que esse resultado é bem maior que a demanda atual de 10% do consumo de diesel atual. Tabela 0-5 – Resultados do Projeto de Produção de Óleo vegetal para mistura Parcial com o Diesel veicular (Cenário baseado no potencial total do Brasil) Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual potencial Redução de Emissão em 10 anos Valor Unidade 17.679 tCO₂/usina x ano 502.861.298 tCO₂e/ano 5.028.612.980 tCO₂e Número de projetos 28.443 usinas Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 176.795 tCO₂e Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 50.286 Milhões US$ Custo do Investimento 282.507 Milhões US$/usina *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 169 Para ter um resultado mais compatível com a realidade, os resultados demonstrados a seguir contemplam as usinas potenciais médias que poderiam ser instaladas com base apenas no potencial de plantio que suprisse 10% da demanda atual de diesel, para não superestimar o potencial. Tabela 0-6 – Resultados do Projeto de Produção de Óleo Vegetal para mistura Parcial com o Diesel veicular (Cenário baseado na demanda de diesel atual do Brasil) Descrição Valor Unidade 17.679 tCO₂/usina x ano Redução de Emissão anual 5.179.014 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 51.790.141 tCO₂e 293 usinas Fator de redução de emissão anual Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 176.795 tCO₂e Receita pela redução de emissões em 10 anos por projeto (CER a US$10) 518 Milhões US$ Custo do Investimento 10 Milhões US$/usina *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Barreiras Até o momento, não há nenhum projeto de produção de óleo vegetal para substituição parcial de diesel desenvolvido no Brasil. Apenas um projeto foi desenvolvido63 no mundo (mais precisamente, no Paraguai). As barreiras à implementação desse projeto, que são destacadas em seu Documento de Concepção de Projeto, assemelham-se aos empecilhos para implementação de projetos similares no Brasil, dentre os quais: barreira de investimento; e barreira de prática comum. A barreira de investimento consiste, principalmente, nas dificuldades de obtenção de financiamento para esses projetos devido aos seus elevados riscos intrínsecos, sobretudo, a dependência de fatores naturais imprevisíveis. Além disso, parte da produção de óleo vegetal é feita em pequena escala, por agricultura familiar, o que limita ainda mais o acesso às linhas de crédito. As barreiras de prática comum ocorrem tanto na ótica do consumo (isto é, usuários de óleo vegetal), como na produção (isto é, produtores de óleo vegetal). No que concerne aos usuários, o óleo diesel vem sendo tradicionalmente usado há muito tempo. O óleo diesel comercializado atualmente contém 5% de biodiesel64, que é o óleo vegetal transesterificado. Adicionalmente, o óleo vegetal in natura é tradicionalmente usado na indústria alimentícia e não é comumente usado como combustível. Muitos fabricantes de equipamentos industriais que utilizam óleo diesel não oferecem garantias para o uso de óleo vegetal. Portanto, o uso de óleo vegetal como combustível não é prática comum no País. Quanto aos produtores de óleo vegetal, por tratar-se de um novo segmento de mercado com a existência de poucos produtores até o momento, eles enfrentam dificuldades associadas à compra de novos equipamentos, treinamento de pessoal e estabelecimento de novas relações com clientes que, em muitos casos, são diferentes daqueles que usavam óleo diesel sem essa mistura. Há riscos inevitáveis na mudança de um negócio que vinha dando certo para algo inovador e incerto. Finalmente, deve ser ressaltado que, devido ao fato de não haver projetos desenvolvidos no Brasil, a sua implementação será inovadora e se deparará com os desafios de first of its kind. 63 64 “Plant-Oil Production for Usage in Vehicles, Paraguay”. A Lei 11.097/2005 estabelece a obrigatoriedade da adição de biodiesel ao óleo diesel comercializado ao consumidor final em 2% no ano de 2008 e 5% em 2013. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 170 Biodiesel O projeto em questão consiste na mistura de 20% de biodiesel no diesel utilizado por veículos, produzido através do plantio de palma em áreas degradadas no Brasil com potencial para o cultivo dessa cultura. Como o potencial de plantio em todas as áreas degradadas no Brasil é muito alto, optou-se por também fazer uma análise de produção de biodiesel com base no consumo atual do diesel. A redução de emissão desse projeto se dá na etapa de consumo do combustível, por utilizar menos combustível fóssil, mas os CERs vão para o produtor. Projeto de Produção de Biodiesel: O caso de São Carlos O projeto proposto pela empresa RAETCH – Energy Conversion Systems Ltd., localizada na cidade de São Carlos – SP, visa à produção de biodiesel para a utilização de uma mistura de B20 a B50 em veículos de uma frota cativa. Até novembro de 2010, esse era o único projeto brasileiro do setor de transportes baseado em metodologias da CQNUMC, e ainda se encontrava em fase de validação. De acordo com a literatura, para misturas de até 20% de biodiesel no diesel (B20), não é necessária nenhuma modificação nos motores dos automóveis. O projeto contempla que caso os resultados de análises sejam favoráveis no laboratório, pode-se utilizar até uma mistura B50 nesse projeto. A metodologia em que esse projeto se baseia contempla a geração de créditos de carbono para os fabricantes de biodiesel, apesar da redução de emissão ocorrer na etapa do consumo do combustível, por reduzir o consumo de combustíveis fósseis. As atividades do projeto incluem a construção e operação de uma planta de produção de biodiesel, que será feito de óleos/gorduras já utilizados, vindos de restaurantes ou indústrias de alimentos da cidade e arredores. As estimativas de custo do projeto são apresentadas a seguir: Custo de Coleta da Gordura/Óleo usado 0,12 US$/litro Custo do Processo: 0,09 US$/litro Custo de Reagentes: 0,45 US$/litro Custo de Operação: 0,17 US$/litro TOTAL: 0,83 US$/litro Taxas (valores de São Paulo) ICMS 0,98 US$/litro (18%) IPI 1,03 US$/litro (05%) Sendo assim, o custo estimado de produção de biodiesel nesse projeto é de US$1.03/litro. A estimativa de redução de emissão por esse projeto é de 410.416 tCO₂e por ano, com um tempo de geração de créditos estimado em 10 anos. Fonte: Documento de Concepção do Projeto da RAETCH – “Production and use of Biodiesel Blends with Variations of B20 to B50, it will be used in Automotive Vehicles and Fuel Retailers – Brasil”. Foram consideradas, como uma usina média de biodiesel, uma que tivesse produção de 33.000 m3/ano, que é a média da capacidade instalada das usinas de biodiesel existentes, em construção e em operação, de acordo com dados obtidos no “Mapa das usinas de Biodiesel 2010”, do Grupo Biodieselbr. O cálculo das áreas potenciais para plantio do dendê foi feito com base nos mapas de uso e ocupação do solo e de zoneamento agroecológico, desenvolvidos pela Embrapa. O resultado pode ser observado na Figura 0-1, a seguir. Apenas algumas usinas no Nordeste e Norte possuem áreas degradadas com potencial para plantio dessa oleaginosa em um raio de 150 km, mas em que se localiza a maior parte das usinas, na Região Centro-Sul, não existem muitas áreas com potencial de plantio. A metodologia de MDL em que esse projeto foi baseado contempla a construção de uma nova usina, para que se consiga CERs através desse. Portanto, no estudo será considerado o potencial de produção de biodiesel de palma em cada Estado com potencial de plantio, e quantas usinas com um potencial médio de produção poderiam ser instaladas, de modo absorver essa produção. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 171 Figura 0-1 – Áreas Degradadas com Potencial para Plantio de Dendê e Localização das Usinas de Biodiesel Existentes Fonte: Elaboração própria baseado em Embrapa (2010) e ANP (2010). Avaliação Técnica – Projeto de adição de biodiesel ao diesel O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas apresentadas na tabela a seguir e dos parâmetros apresentados na Tabela 0-7. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 172 Cálculo de Redução de Emissões Emissões da Linha de Base ELB *tCO₂+ = PC Diesel [GJ/m3] x Fração D/B [adimensional] x F Consumo Diesel [m3] x Fat. Emissão Diesel *t CO₂/GJ+ F Consumo Diesel [m3] = ((PCI Biodiesel [GJ/m3]/PCI Diesel [GJ/m3]) x Produção Biodiesel [m3]) Emissões do Projeto EPR *t CO₂+= E plantio *t CO₂++ E planta biodiesel *t CO₂+ E Plantio *t CO₂+ = Fat. Emissão Plantio Palma *t CO₂e/ha+ x Área plantio *ha+ E Planta Biodiesel *t CO₂+ = Fat. Emissão Produção de Biodiesel *t CO₂/t de óleo+ x Produção Biodiesel [t de óleo] Redução de Emissão RE = ELB – EPR Tabela 0-7 – Parâmetros de Cálculo Parâmetro Descrição PCI Diesel Poder Calorífero Inferior do Diesel Fat. Emissão Diesel Fator de Emissão do Diesel Consumo Diesel Quantidade de Diesel consumida no setor de transportes em 2009 Dens Diesel Valor Unidade Fonte 35,46 GJ/m3 BEN 2010 (1) 0,07 t CO₂/GJ IPCC 2006 25.752.912 m3 BEN 2010 Densidade do Óleo Diesel 0,84 t/m3 BEN 2010 Fração D/B Fração de Mistura Diesel/Biodiesel comercializada em 2010 0,95 - ANP 2010 PCI Biodiesel Poder Calorífero Inferior do Biodiesel 34,85 GJ/m3 Holanda 2004 em EPE 2005(2) Fat. Emissão Plantio Palma Fator de Emissão do plantio de Palma para Locais Tropicais Úmidos 1,87 t CO₂e/ha Metodologia ACM0017 Produtividade Óleo Palma Produtividade média de óleo obtido por área plantada de palma 4 t óleo/ha EMBRAPA 2010(3) Fat. Emissão Produção de Óleo Vegetal Fator de Emissão pela produção de Óleo Vegetal 0,027 tCO₂/1 t de óleo EPE 2005(4) Consumo de Metanol Consumo de metanol fóssil no processo de transesterificação 0,0585 kg/MJ biodiesel Yee, K. 2009(5) FE Metanol Fator de emissão com base na estequiometria 0,375 ton C/ton Metanol Metodologia ACM0017 Conversão de carbono em CO₂ Cálculo estequiométrico 3,67 ton CO₂/ton C Metodologia ACM0017 Dens Palma Densidade do Óleo de Palma 0,91 t/m3 Gulherme, S. 2003(6) Dens Biodiesel Palma Densidade do Biodiesel 0,88 t/m3 Villela, 2009(7) Fração D/OV Projeto Fração de Mistura Diesel/Biodiesel proposta pelo projeto 0,80 - Metodologia ACM0017 Área Plantio Áreas com potencial para produção de palma no Brasil 56.886.454 ha Elaboração própria baseado em Embrapa(3) F Conversão Óleo/Biodiesel Fator de conversão de Óleo de palma para biodiesel 0,99 - Yee, K. 2009(5) Produção Biodiesel Quantidade de Biodiesel que pode ser produzido na área com potencial de produção de palma no Brasil para esse projeto 255.989.043 m³ óleo calculado F Consumo Diesel Quantidade de diesel que seria consumido sem o projeto 251.548.825 m3 calculado E LB Emissão Total da Linha de Base 619.579.004 t CO₂ calculado Média de capacidade das usinas existentes/em planejamento de biodiesel no País 33.000 m3/ano.usina Calculado de Biodieselbr(8) F Emissão Grid Fator de Emissão do Grid 0,079 t CO₂/MWh MCT, 2009 Consumo Eletr Transesterificação Consumo de eletricidade no processo de transesterificação do óleo vegetal 0,003 GJ/GJ Biodiesel Yee, K. 2009(5) Consumo Eletr Transesterificação Consumo de eletricidade no processo de transesterificação do óleo vegetal 0,101 GJ/m3 Biodiesel calculado Fat. Emissão Produção de Biodiesel Fator de Emissão pela produção de Biodiesel 0,002 tCO₂/m3 de biodiesel calculado E Planta Biodiesel Emissão pela produção de biodiesel 648.384 t CO₂ calculado Investimento Produção de Biodiesel Investimento necessário para a parte industrial de produção de biodiesel, desconsiderando-se o plantio e extração de óleo vegetal NA R$/(m³/ano) Taxa de Câmbio Conversão Real – Dólar (2010) 1,77 R$/US$ FED Fontes: 1 Balanço Energético Nacional 2010 (EPE). 2 Holanda, A. Biodiesel e Inclusão Social: Relatório apresentado ao Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica. Centro de Documentação e Informação, Coordenação de Publicação. Caderno de Altos Estudos 1. Brasília. 2004 in EPE – Empresa de Pesquisa Energética “Potencial de Redução de Emissões de CO₂ em projetos de Produção e Uso de Biocombustíveis”(2005). 3 Zoneamento Agroecológico do Dendezeiro. 4 EPE – Empresa de Pesquisa Energética “Potencial de Redução de Emissões de CO₂ em projetos de Produção e Uso de Biocombustíveis”(2005). 5 Yee, K. et al "Life cycle assessment of palm biodiesel: Revealing facts and benefits for sustainability. Applied Energy 86 p. 189–196, 2009. 6 Soares, G. et al "Operação de um grupo gerador diesel utilizando óleo vegetal bruto como combustível" (2003). 7 Villela, A. “O Dend como Alternativa energética sustent vel em reas degradadas da Amazônia”. Tese de Mestrado do Programa de Planejamento Energético da UFRJ (2009). 8 Mapa das Usinas de Biodiesel 2010. Biodieselbr. 9 www.estadao.com.br/estadaodehoje/2010.0506/not_imp 547683,0.php. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 173 Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo de adição do biodiesel ao diesel, contemplando o número de possíveis projetos, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, a potencial receita com a venda de CERs e os investimentos necessários para tal. Os resultados apresentados na Tabela 0-8 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas metodologias de MDL citadas para esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Os resultados demonstrados a seguir contemplam as usinas potenciais médias que poderiam ser instaladas, caso fosse utilizado todo o potencial de plantio de dendê no País. Contudo, vale ressaltar que esse resultado é bem maior que a demanda atual de 20% do consumo de diesel atual. Tabela 0-8 – Resultados do Projeto de Produção de Biodiesel para mistura Parcial com o Diesel veicular (Cenário baseado no potencial total do Brasil) Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual potencial Redução de Emissão em 10 anos Número de projetos Valor Unidade 65.292 tCO₂/usina x ano 505.882.943 tCO₂e/ano 5.058.829.4303 tCO₂e 7.757 usinas Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 652.921 tCO₂e Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 50.588 Milhões US$ Custo do Investimento NA Milhões US$/usina *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Para ter um resultado mais compatível com a realidade, os resultados demonstrados a seguir contemplam as usinas potenciais médias que poderiam ser instaladas com base no potencial de plantio que suprisse apenas 20% da demanda atual de diesel, para não superestimar o potencial. Tabela 0-9 – Resultados do Projeto de Produção de Biodiesel para mistura Parcial com o Diesel veicular (Cenário baseado na demanda de diesel atual do Brasil) Descrição Valor Unidade 65.988 tCO₂/usina x ano Redução de Emissão anual 10.299.295 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 102.992.953 tCO₂e 156 usinas Fator de redução de emissão anual Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos por projeto (CER a US$10) 659.880 tCO₂e 1.030 Milhões US$ Custo do Investimento NA Milhões US$/usina *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Barreiras Há apenas um projeto de produção de biodiesel para substituição parcial do diesel já desenvolvido no Brasil65. Esse projeto consiste no uso de óleo já utilizado e gordura para a produção de biodiesel. Com base na avaliação do Documento de Concepção desse projeto, as principais barreiras à implementação de projetos desse tipo no País são tecnológicas e de prática comum. A principal barreira tecnológica é a falta de infraestrutura para suprir os recursos necessários para a produção do biodiesel. Apesar de haver quantidade representativa de matéria-prima para a produção do biodiesel, como óleo jogado fora, não há práticas de manejo, coleta e controle de qualidade desses rejeitos. A implementação do projeto requer a construção de um sistema de coleta e de logística, que demanda vultosos investimentos. 65 “Production and use of Biodiesel Blends with Variations of B20 to B50, it will be used in Automotive Vehicles and Fuel Retailers”. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 174 A barreira de prática comum é relacionada à mudança de matéria-prima para a produção de biodiesel. Quando o programa foi iniciado, idealizou-se que a produção de biodiesel seria feita com diversos tipos de oleaginosas, principalmente, provenientes da agricultura familiar. No entanto, cerca de 80% do biodiesel fabricado atualmente no Brasil utilizam óleo de soja, que é uma cultura altamente mecanizada e que não tem rendimentos de óleo muito altos. Porém, a indústria de soja no País é muito bem consolidada, possibilitando a disponibilização desse óleo para a indústria de biodiesel. Outras culturas, como a palma, possuem rendimentos de óleo muito maiores e poderiam ser utilizadas. Entretanto, para tal, faz-se necessário um planejamento de plantio e de logística, de modo que o óleo de palma consiga ser atrativo e suficiente, possibilitando uma maior participação dessa oleaginosa na produção de biodiesel. Finalmente, deve ser mencionada uma barreira enfrentada pelos biocombustíveis em geral, que refere-se à percepção de que a utilização de óleos vegetais em biocombustíveis competirá com a produção de alimentos, resultando em aumento do nível de desmatamento devido à necessidade de novas áreas de plantio para atender o aumento da demanda desse produto. O óleo de palma, que foi sugerido neste estudo como a oleaginosa para produção de biodiesel na atividade de projeto, por não ser um óleo comestível, não compete com a indústria de alimentos. Além disso, as áreas sugeridas como potenciais para seu plantio são áreas já degradadas. Iniciativas de Redução de Emissão de GEE no Elo 2 Assim como no elo 1, a Tabela 0-10 apresenta o número de projetos de redução de emissão de GEE propostos no âmbito do MDL, no Brasil e no resto do mundo, que se enquadram no elo 2. Contudo, esse projeto não possui metodologia pela CQNUMC, apesar de já existirem alguns projetos em construção no mundo, mas não no âmbito do MDL. Tabela 0-10 – Projetos de Redução de Emissão no Elo 2 – Setor de Transporte Elo 2 – Distribuição do Combustível Iniciativas de Redução de Emissão – Projetos de MDL Mudança Modal no Transporte do Etanol Metodologias de Linha de Base Projetos de MDL no resto do Mundo Projetos de MDL no Brasil Número de Projetos em validação Número de Projetos validados Número de Projetos registrados Número de Projetos Rejeitados - - - - - Total de Projetos desenvolvidos * Potencial total de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)* Potencial médio de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)* Número total de Projetos* - - - * Excluem-se os Projetos Rejeitados. Observando a Tabela 0-10, ainda não foi registrado nenhum projeto de MDL no Brasil e nem no mundo referente à mudança modal no transporte de etanol, já que esse projeto não é baseado em nenhuma metodologia de MDL. A redução de emissões nesse projeto se dá pela redução do transporte rodoviário de etanol, que comumente no Brasil é feito através de caminhões, que utilizam combustíveis fósseis. A proposta do projeto é a construção de dutos para transportar o etanol (alcooldutos), que reduziriam ou substituiriam a necessidade do transporte rodoviário. A iniciativas de redução de emissões no elo 2 é descrita na subseção a seguir. Projetos de Redução de Emissões de GEE Relacionados à Distribuição de Combustíveis No elo de distribuição de combustíveis ainda não existe nenhuma metodologia aprovada ou em aprovação na CQNUMC, motivo pelo qual optou-se por propor um projeto para esse elo que poderia reduzir significativamente as emissões de GEE, mesmo sem base em metodologias. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 175 Mudança Modal no Transporte de Combustíveis Alcooldutos O projeto em questão consiste na substituição do transporte de etanol do rodoviário por dutos. Para considerar os projetos potenciais, verificou-se os maiores fluxos interestaduais dos dois tipos de álcool comercializados no País: o anidro e hidratado, através de dados disponíveis na Agência Nacional de Petróleo, Gás natural e Biocombustíveis (ANP) no relatório de Movimentação de Produto de agosto de 2010. Para o cálculo das distâncias do alcoolduto, considerou-se que o fluxo sairia da unidade com maior produção do Estado, por falta de dados disponíveis dessa informação. Alguns dados de operação de um projeto como esse foram retirados de outros projetos existentes no Brasil e no mundo, já que não existe metodologia em que se possa basear para esses cálculos. Avaliação Técnica – Projeto de Alcooldutos O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas apresentadas na Tabela 0-11 e dos parâmetros apresentados na Tabela 0-12. Tabela 0-11 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da Linha de Base ELB *t CO₂/ano+= Consumo Diesel *L/ano+ x Fat. Emissão Diesel *t CO₂/GJ+ x PC Diesel *GJ/L+ x Fração D/B Consumo Diesel [L/ano] = Eficiência Consumo Caminhão Med [L/km] x (Carga Total [m3]/Carga caminhão Med [m3]) x Dist média [km] x Fat. Viagem Emissões do Projeto EPR *t CO₂/ano+ = Quantidade etanol transporte duto [m3/ano] x Consumo energético bombas [MWh/m3] x Fator Emissão grid *t CO₂/MWh+ Redução de Emissão RE = ELB – EPR Tabela 0-12 – Parâmetros de Cálculo Valor Unidade Fonte PCI Diesel Parâmetro Poder Calorífero Inferior do Diesel Descrição 0,036 GJ/L BEN 2010 Fração D/B Fração de Mistura Diesel/Biodiesel comercializada em 2009 0,97 - ANP 2010 Fat. Emissão Diesel Fator de Emissão do Diesel 0,07 t CO₂/GJ IPCC 2006 Fat. Viagem Fator de viagem de retorno 2,00 - Metodologia NM0320 Dens. Etanol Densidade média do etanol 0,82 t/m3 CNT(1) Vol. Caminhão Max Volume do caminhão de maior capacidade de transporte 30,00 m3 CNT(1) Vol. Caminhão Min Volume do caminhão de menor capacidade de transporte 8,00 m3 CNT(1) Vol. Caminhão Med Volume do caminhão capacidade média de transporte 19,00 m3 calculado Carga Caminhão Max Capacidade de carga do caminhão de maior capacidade de transporte 24,60 t de etanol CNT(1) Carga Caminhão Min Capacidade de carga do caminhão de menor capacidade de transporte 6,50 t de etanol CNT(1) Carga Caminhão Med Capacidade de carga média de um caminhão de transporte de etanol 15,55 t de etanol calculado Eficiência Cons. Caminhão Max Consumo médio de combustível do caminhão de maior capacidade de transporte 0,50 L/km CNT(1) Eficiência Cons. Caminhão Min Consumo médio de combustível do caminhão de menor capacidade de transporte 0,20 L/km CNT(1) Eficiência Cons. Caminhão Med Consumo de combustível médio de um caminhão de transporte de etanol 0,35 L/km calculado Consumo Energético Bombas Consumo Energético por estações de Bombeamento 0,01 MWh/m3 transportado Adaptado de Centro Sul Transportadora Dutoviária(2) 130,00 km/bomba Centro Sul Transportadora Dutoviária(2) 0,85 - ICF expert judgement Centro Sul Transportadora Dutoviária(2) Quilometragem a partir da qual o bombamento se faz necessário % de horas de operação Custo do Investimento R$2.319.587,63 R$/km Taxa de Câmbio Conversão Real – Dólar 1,77 R$/US$ FED EFgrid,OM Fator de Emissão da rede de margem de operação 0,25 tCO₂/MWh MCT EFgrid,BM Fator de Emissão da rede de margem de construção 0,08 tCO₂/MWh MCT tCO₂/MWh Calculado de acordo com a "Ferramenta para calcular o fator de emissão para um sistema elétrico" Fator Emissão Grid Fator de Emissão da rede de margem combinada Fontes: 1 Confederação Nacional de Transportes – Comunicação Pessoal com Marilei Menezes. 2 Centro Sul Transportadora Dutoviária. Dutos para Estanol – desafios e perspectivas. Disponível em www.ethanolsummit.com.br/ upload/palestrante/20090615045853703600681561.pdf. 0,16 PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 176 Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial aplicação do projeto de transporte de etanol por dutos, contemplando o número de possíveis projetos, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, a potencial receita com a venda de CERs e os investimentos necessários para tal. Os resultados apresentados na Tabela 0-13 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos, com base em dados obtidos de projetos similares existentes no Brasil e no mundo, alimentadas com informações coletadas nacionalmente, após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Os resultados demonstrados a seguir contemplam os alcooldutos potenciais que podem ser construídos, considerando os maiores fluxos interestaduais de álcool anidro e hidratado no País. Tabela 0-13 – Resultados do Projeto de Alcooldutos Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Valor Unidade 22 tCO₂/km x ano 897.126 tCO₂e/ano 8.971.260 tCO₂e 42 unidades 213.601 tCO₂e Receita pela redução de emissões em 10 anos por projeto (CER a US$10) 90 Milhões US$ Custo do Investimento 1,3 Milhões US$/km *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Barreiras Atualmente, não há metodologia aprovada ou em fase de aprovação pela CQNUMC para projetos que envolvam mudança modal no transporte de etanol. Entretanto, é importante mencionar que a mudança do transporte de etanol de caminhões por dutos gera reduções de emissões de GEEs significativas, já que, no Brasil, esse transporte é feito principalmente por caminhões. O fato de não haver nenhum projeto desse tipo desenvolvido no Brasil, e no mundo, somado à inexistência de fontes de informação sobre o tema, são as principais barreiras para o desenvolvimento desses projetos no País – prática comum. Outra barreira seria o licenciamento ambiental para a construção, que poderia demandar tempo para o início do projeto. A dificuldade na obtenção de financiamento também é uma barreira para esse projeto, já que a construção de dutos requer elevado investimento inicial. Iniciativas de Redução de Emissão de GEE no Elo 3 Similarmente aos elos 1 e 2, a Tabela 0-14 apresenta o número de projetos de redução de emissões de GEE propostos no MDL no Brasil e no resto do mundo, e que se enquadram no elo 3. Essa tabela contém também o potencial total e médio de redução de emissão gerada por projetos desenvolvidos no Brasil. Observa-se que, no Brasil, ainda nenhum projeto de eficiência energética e de mudança no transporte de cargas foi proposto no âmbito do MDL. No resto do mundo, 17 projetos de eficiência energética foram propostos no âmbito do MDL, dos quais 11 projetos são referentes a Sistemas Rápidos de Transporte de Ônibus, também conhecidos como BRT de sua sigla em inglês (AM0031), cinco projetos de Sistemas Rápidos de Transporte de Massa (ACM0016) e um projeto de Utilização de Bondes em Sistemas Rápidos de Transporte de Massa (AMS-III.U). A metodologia de mudança modal no transporte de cargas (AM0090) foi aprovada recentemente, e dessa forma, ainda não possui nenhum projeto aprovado ou em aprovação (no Brasil ou no mundo). LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 177 Tabela 0-14 – Projetos de Redução de Emissão no Elo 3 – Setor de Transporte Elo 3 – Consumo por Veículos Iniciativas de Redução de Emissão – Projetos de MDL Metodologias de Linha de Base Projetos de MDL no resto do Mundo Projetos de MDL no Brasil Número de Projetos em validação Número de Projetos validados Número de Projetos registrados Número de Projetos Rejeitados Total de Potencial total de Projetos Redução de Emissão desenvolvidos* (ktCO₂e/ano)* Potencial médio de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)* Número total de Projetos* Mudança Modal do Transporte de Cargas AM0090 - - - - - - - - Eficiência Energética – VLT e Metrô ACM0016 - - - - - - - 5 Eficiência Energética – BRT AM0031 - - - - - - - 11 Eficiência Energética – Bondes AMS-III.U - - - - - - - 1 Eficiência Energética – Veículos Elétricos AMS-III.C - - - - - - - - Eficiência Energética – Retrofit AMS-III.AA - - - - - - - - Uso de Biocombustíveis AMS-III.AK - - - - - - - - Com base nessa avaliação das metodologias da CQNUMC, dentre as iniciativas de redução de GEE que podem ser implementadas no elo 3, destacam-se: utilização de forma mais eficiente do combustível por transportes de cargas, melhoria dos transportes de passageiros e uso de biocombustíveis. No elo de consumo do combustível, foram avaliadas 7 metodologias, das quais 3 foram incluídas no estudo do potencial de redução de emissão de GEEs no País, agrupadas em 2 tipos de projetos principais concernentes ao consumo de combustíveis: mudança modal no transporte de cargas e eficiência energética no transporte de passageiros. O projeto de uso de biocombustíveis do elo 3 não será considerado, pois a metodologia contemplada no elo 1 para biodiesel (ACM0017) é muito similar ao cálculo proposto pela AMS.III.AK, com a diferença que essa última é de pequena escala. Dentro do setor de eficiência energética no transporte de passageiros, os projetos de retrofit, veículos elétricos e bondes não serão considerados neste estudo. Os veículos elétricos ainda não são muito competitivos quando comparados a outras tecnologias, por seu alto custo. Os bondes foram considerados menos competitivos do que um sistema que pode ser considerado similar, porém mais moderno e contemplado no estudo: os Veículos Leves sobre Trilhos (VLT). Já a tecnologia retrofit não foi considerada por falta de informações de projetos que servissem como base para parâmetros de cálculo, além do fato de que foi considerado que é mais interessante investir em novas tecnologias, que foram propostas (como BRT e VLT) do que investir no sistema de ônibus existente, em que faltam planejamento e eficiência de operação. As iniciativas de redução de emissões no elo 3 são descritas nas subseções a seguir. Eficiência Energética no Transporte de Passageiros Os projetos de redução de emissão considerados incluem a mudança no transporte urbano de passageiros por sistemas mais eficientes que os sistemas de transporte rodoviário por ônibus, que são mais comumente utilizados nas grandes cidades brasileiras. De acordo com o “Estudo de Baixo Carbono para o Brasil”, desenvolvido pelo Banco Mundial (2010), para o setor de transporte, as principais medidas de mitigação de emissão de GEE no setor devem privilegiar a maior utilização de modos alternativos ao transporte rodoviário (mudança modal) e promover a racionalização do uso desses modos no transporte urbano, ou ainda incentivar o uso de veículos que usem combustíveis menos poluentes em todos os segmentos. Todas essas iniciativas estão presentes no elo 3 da cadeia desse setor, evidenciando um grande potencial para redução de emissões de GEE no Brasil. As metodologias ACM0016 e AM0031 se aplicam a esses projetos. As emissões de linha de base consistem nas emissões provenientes do consumo de petrodiesel pelo transporte urbano de passageiros por ônibus convencionais. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 178 Para emissão do projeto, as emissões contabilizadas são as emissões provenientes dos novos sistemas propostos de transporte urbano, que possuem menor emissão de GEEs que os sistemas tradicionais. Sistemas Rápidos de Transporte de Massa (sigla em inglês, MRTS) são serviços de transporte urbano de passageiros que possuem alto nível de desempenho, especialmente no que se diz respeito a horas de viagem e capacidade de passageiros. O MRTS pode ser baseado em sistemas de transporte elevados, de superfície ou subterrâneos ou sistemas de ferrovias. O MRTS pode ser ferroviário (metrôs ou Veículos Leves sobre Trilhos – VTL) ou rodoviário (que também pode ser chamado de BRT, sigla em inglês). Bus Rapid Transit (BRT) O BRT é um Sistema Rápido de Ônibus, capaz de transportar uma grande quantidade de passageiros com rotas definidas. A redução de emissão pela implementação do BRT pode ocorrer através da melhoria da eficiência do combustível devido ao uso de ônibus mais novos e maiores que os convencionais, tornando o transporte público mais eficiente e atrativo. Projeto de Bus Rapid Transit: O caso da Colômbia O projeto TransMilenio II-IV é elegível a créditos de carbono pela implementação de sistemas de massa mais eficientes através da construção do BRT em Bogotá, capital colombiana. O projeto prevê a construção de cerca de 130 km de vias exclusivas para BRT até 2012, incluindo estações novas e de integração com linhas de alimentação desse sistema. Os ônibus operando nas vias exclusivas terão capacidade de 160 passageiros, e os de alimentação das linhas, serão ônibus novos com capacidade para 70-90 passageiros. Diariamente, 1.800 passageiros poderão ser transportados por esse sistema. A emissão de redução se dá pelo uso de uma frota de ônibus mais nova e mai s eficiente em consumo de combustível que a convencional, por aumentar a capacidade de passageiros por veículo de transporte de massa, por melhorar as condições de tráfegos dos ônibus, diminuindo o engarrafamento e com a compra de bilhetes antes do embarque, o que diminui o tempo de viagem e torna esse sistema mais atrativo e faz com que passageiros que utilizariam outros métodos de transporte (como veículos privados, taxis e outro), utilizem o BRTA estimativa de redução de emissão por esse projeto é de 246.563 tCO₂e por ano, com um tempo de geração de créditos estimado em 7 anos. O projeto em questão consiste na substituição de parte do transporte de passageiros dos sistemas convencionais de ônibus por sistemas BRT. Foi considerado que as cidades brasileiras com mais de 500.000 habitantes teriam potencial para implantar um sistema de BRT, e o número desses projetos seria proporcional a essa população em cada cidade. Algumas cidades brasileiras já possuem planejamento de construção desse sistema, principalmente como investimento para a Copa de 2014, que acontecerá no País. Para os cálculos, foi considerado que esse sistema reduziria em 20% o consumo de diesel, se comparado ao sistema tradicional, e que 60% do diesel consumido pelo transporte urbano se daria na rota do BRT, baseado em um estudo similar, desenvolvido pelo Banco Mundial, “Low-Carbon Energy Projects for Development in Sub-Saharian Africa” (2008). Avaliação Técnica – Projeto de Bus Rapid Transit (BRT) O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas apresentadas na Tabela 0-15 e dos parâmetros apresentados na Tabela 0-16. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 179 Tabela 0-15 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da Linha de Base ELB = PCI Diesel [GJ/L] x Fração D/B [adimensional] x Consumo Urbano Diesel [L] x Fat. Emissão Diesel *t CO₂/GJ+ Emissões do Projeto Consumo Diesel BRT = Consumo Urbano Diesel x Fração Consumo BRT x Fração Redução Cons. BRT E PR = Cons. Diesel BRT x PCI Diesel x Fat. Emissão Diesel Redução de Emissão RE = EPR – ELB Tabela 0-16 – Parâmetros de Cálculo Parâmetro PCI Diesel Fração D/B Fat. Emissão Diesel Consumo Diesel F Cons Urbano Consumo Urbano Diesel E LB F Consumo BRT F Redução Cons BRT Consumo Diesel BRT Consumo Frota Urbana EPR RE Potencial de Construção Investimento BRT Descrição Poder Calorífero Inferior do Diesel Fração de Mistura Diesel/Biodiesel comercializada em 2009 Fator de Emissão do Diesel Quantidade de Diesel consumida no setor de transportes rodoviários Fração de diesel consumido no setor de transporte urbano Quantidade de Diesel consumida no setor de transporte rodoviário urbano em 2009 Emissão Total da Linha de Base Fator considerado de consumo de diesel rota de BRT a ser implementada Fator de redução de consumo de diesel pela implementação do projeto Quantidade de Diesel consumida pelo projeto de BRT Quantidade de Diesel consumida pelo restante da frota urbana durante o projeto Emissão pelo Projeto Redução de Emissão Estimativa de construção de sistema BRT a partir dos projetos divulgados pela CNT Fator de investimento por km de BRT Valor 0,04 0,97 0,07 24.900.672.000 0,58 14.442.389.760 37.328.609 0,60 0,20 6.932.347.085 4.621.564.723 29.862.887 7.465.722 0,000023 15 Unidade GJ/L t CO₂/GJ L L t CO₂ – – L L t CO₂ t CO₂ km de BRT/habitante US$Milhões/km Fonte BEN 2010 ANP 2010 IPCC 2006 BEN 2010 Banco Mundial, 2010 calculado calculado World Bank, 2008 World Bank, 2008 calculado calculado calculado calculado calculado Plano CNT de Logística 2010 Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial aplicação do projeto de implementação de um sistema de transporte de passageiros mais eficiente, o BRT, contemplando o número de possíveis projetos, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, a potencial receita com a venda de CERs e os investimentos necessários para tal. Os resultados apresentados na Tabela 0-17 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base na metodologia de MDL citada para esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Os resultados demonstrados a seguir contemplam as cidades que foram consideradas com potencial para instalação de um sistema como esse, de acordo com o critério já mencionado anteriormente. Tabela 0-17 – Resultados do Projeto de Eficiência Energética no Transporte de Passageiros – Bus Rapid Transit (BRT) Descrição Valor Unidade 67.870 tCO₂/unidade x ano Redução de Emissão anual 7.465.722 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 74.657.219 tCO₂e 110 unidades Fator de redução de emissão anual Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 678.702 tCO₂e Receita pela redução de emissões em 10 anos por projeto (CER a US$10) 747 Milhões US$ Custo do Investimento 15 Milhões US$/km *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 180 Barreiras Atualmente, não há nenhum projeto desse tipo desenvolvido no Brasil, porém alguns já foram desenvolvidos no mundo: um na Colômbia66, um na China67 e alguns no México68. Desses, apenas os Documentos de Concepção do Projeto dos projetos desenvolvidos na Colômbia e na China apresentaram análise de barreiras. Com base na avaliação das barreiras apontadas nesses projetos, a primeira e principal barreira à implementação de projetos de eficiência energética em transporte de passageiros associa-se ao fato de que o sistema BRT não cobre seus custos, mesmo quando em pleno funcionamento. Ou seja, trata-se de um sistema que precisa de subsídios governamentais ad eternum – um sistema que não é financeiramente sustentável. No caso do projeto chinês, apresentou-se um cálculo indicando que 2/3 dos custos do sistema são cobertos por meio de seu funcionamento, ao passo que os demais 1/3 são por conta do governo. Porém, os custos de BRT e o tempo de implementação são bem menores que as outras opções propostas de transporte de massa (VLT e metrô). No caso do projeto colombiano, a principal barreira de investimento consiste no cálculo do custo real de um projeto desse tipo. Isso porque o preço estimado inicialmente não se confirmou em fases posteriores. O bom desempenho de um projeto de BRT também está relacionado com o planejamento do setor. No Brasil, o planejamento de transportes urbanos é descentralizado, visto que cada cidade é responsável pelo seu próprio sistema de transporte urbano. Essa descentralização pode ser apontada como fator limitador à implementação desse tipo de projeto em diversas cidades brasileiras, já que inexiste qualquer regulamentação que obrigue a adoção desse tipo de sistema de transporte de passageiros – isto é, trata-se de uma ação voluntária. Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) O projeto em questão consiste na substituição de parte do transporte de passageiros dos sistemas convencionais de ônibus por sistemas VLT, ou Veículos Leves sobre Trilhos. O VLT pode ser comparado a um sistema mais moderno de bondes, compartilhando espaço com o tráfego comum, mas com prioridade viária. A redução de emissão pela implementação do VLT irá ocorrer através da melhoria da eficiência do combustível devido ao uso de um transporte de massa mais leve e flexível que as ferrovias comuns. Foi considerado que as cidades brasileiras com mais de 1.000.000 habitantes teriam potencial para implantar um sistema de VLT. Algumas cidades brasileiras já possuem planejamento de construção desse sistema, principalmente como investimento para a Copa de 2014, que acontecerá no País. Também foram consideradas outras cidades com potencial para implementar esse projeto. Para os cálculos de emissão, por falta de projetos registrados, foram considerados dados de sistemas de VLT já existentes no mundo. Avaliação Técnica– Projeto de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas apresentadas na Tabela 0-18 e dos parâmetros apresentados na Tabela 0-19. 66 “BRT Bogot , Colombia: TransMilenio Phase to V”. 67 “BRT Chongqing Lines 1-4, China”. 68 “BRT Metrobus nsurgentes and Eje 4, Mexico” e “BRT Lines 1-5 EDOMEX, Mexico”. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 181 Tabela 0-18 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da Linha de Base ELB = NV [viagens de carro evitadas/km.dia] x CI [km] x PCI Gasolina [GJ/L] x Fração G/E [adimensional] x Consumo Gasolina [L/viagens de carro evitadas] x Fat. Emissão Gasolina *kg CO₂/GJ+ x 365 Consumo Gasolina = FD [adimensional] x CI [km]/E Veículo [km/L] Emissões do Projeto EP = Viagens de VLT * C *km+ * Fração D/B *adimensional+ * Fat. Emissão Diesel *kg CO₂e/km+ * 365 Viagens de VLT = CI [km] * P dia [passageiros/km.dia]/CR VLT [passageiros/viagem de VLT] Redução de Emissões RE = ELB – EPR Tabela 0-19 – Parâmetros de Cálculo Descrição Valor Unidade Fonte PCI Gasolina Parâmetro Poder Calorífico Inferior da Gasolina 0,032 GJ/L BEN 2009 Fração D/B Fração de Mistura Diesel/Biodiesel comercializada em 2010 0,95 - ANP 2010 Fração G/E Fração de Mistura Gasolina/Etanol comercializada em 2010 0,75 - ANP 2010 FD Fator de distância de viagem = distância percorrida por um veículo na linha de base/Comprimento do trilho de VLT implementado 0,5 - Valor assumido Fat. Emissão Gasolina Fator de Emissão da Gasolina em veículos leves 74,40 kg CO₂e/GJ IPCC 2006 Fat. Emissão Diesel Fator de Emissão do Diesel em VLT 0,08 kg CO₂e/km DEFRA 2009(1) NV Número de viagens de carro reduzidas 375 viagens de carro evitadas/km.dia VLT de Ottawa (Canadá)(2) CTVLT Capacidade teórica de transporte de cada VLT 780 passageiros/viagem de VLT VLT de Baltimore (EUA)(3) Pdia Passageiros transportados por dia 750 passageiros/km.dia VLT de Ottawa (Canadá)(2) FL Fator de lotação 0,25 - CRVLT Capacidade real de transporte de cada VLT 195 passageiros/viagem de VLT calculado E veículo Eficiência média de um veículo leve 10 km/L IPCC 2006 - Fator de Investimento 35 U$ milhões/km CNT 2010(4) Fator de potencial de instalação de sistemas VLT em cidades Fator de VLT Potencial 0,0000064 km de trilhos/Habitante Calculado com base nos projetos propostos pela CNT 1 – Department of Environment, Food and Rural Affairs. Disponível em http://ww2.defra.gov.uk/. 2 – Valores obtidos a partir de informações do VLT da cidade de Ottawa, Canadá. http://www.ottawa.ca/calendar/181arâme/citycouncil/ttc /2002/12-04/ACS2002-TUP-TRN-0012.htm. 3 – Valor obtido a partir de informações do VLT da cidade de Baltimore, EUA. http://www.lightrailnow.org/news/n_bal001.htm. 4 – CNT – Plano CNT de Logística 2010. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial aplicação do projeto de implementação de um sistema de transporte de passageiros mais eficiente, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), contemplando o número de possíveis projetos, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, a potencial receita com a venda de CERs e os investimentos necessários para tal. Os resultados apresentados na Tabela 0-20 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base na metodologia de MDL citada para esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Os resultados demonstrados a seguir contemplam as cidades que foram consideradas com potencial para instalação de um sistema como esse, de acordo com o critério já mencionado anteriormente. Tabela 0-20 – Resultados do Projeto de Eficiência Energética no Transporte de Passageiros –Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) Descrição Valor Unidade 394 tCO₂/km x ano Redução de Emissão anual 96.856 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 968.557 tCO₂e 14 unidades Fator de redução de emissão anual Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos por projeto (CER a US$10) 69.183 tCO₂e 10 Milhões US$ Custo do Investimento 35,0 Milhões US$/km *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 182 Barreiras Nenhum projeto desse tipo foi desenvolvido até então no Brasil, nem mesmo no mundo. Outras fontes de informação também não apresentaram barreiras específicas para o sistema de transporte em veículos sobre trilhos. Porém, as possíveis barreiras à implementação desses projetos no Brasil assemelham-se às barreiras dos outros projetos de eficiência energética no transporte de passageiros. Inicialmente, como pode ser depreendido dos números apresentados por um projeto de instalação de VLT na cidade do Rio de Janeiro, é possível apontar barreiras de investimento, tais como o alto custo para a construção e operação desse sistema – principalmente, em grandes centros urbanos onde, em muitos casos, é necessário demolir e indenizar proprietários de imóveis. O custo de um projeto de VLT chega a ser quatro vezes maior do que o de um projeto de BRT, assim como o tempo para sua implantação. Além disso, a barreira de prática comum levantada para projetos de BRT também é válida para projetos de VLT: não existe qualquer regulamentação que obrigue a adoção desse tipo de sistema de transporte de passageiros. Metrôs O projeto em questão consiste na substituição de parte do transporte de passageiros dos sistemas convencionais de ônibus por sistemas de metrô, projeto que já é difundido em diversas cidades do mundo, mas não existem projetos de metrô no âmbito do MDL. A redução de emissão pela implementação do metrô irá ocorrer através da melhoria da eficiência do combustível, devido ao uso de um transporte de massa capaz de transportar uma quantidade maior de passageiros de uma só vez, quando seriam necessários diversos ônibus ou carros para essa mesma tarefa. Foram consideradas como cidades potenciais para esse projeto, as cidades propostas pelo “Plano CNT de Logística 2010”, da CNT, pois teriam capacidade de expandir ou implementar um sistema de metrô. Para os cálculos de emissão, por falta de projetos registrados no MDL, foram considerados dados de sistemas de metrô já existentes no Brasil, como no Rio de Janeiro e São Paulo. Avaliação Técnica– Projeto de Metrôs O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas apresentadas na Tabela 0-21 e dos parâmetros apresentados na Tabela 0-21. Tabela 0-21 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da Linha de Base ELB = PCI Gasolina [GJ/L] x Fração Gasolina [adimensional] x Consumo Gasolina [L] x FE Gasolina *kg CO₂/GJ+ Consumo Gasolina [L] = Capacidade Metrô [passageiros/dia]/(Capac Veículo [passageiros/carro]) x Capacidade de instalação do metrô [km]/Eficiência do Veículo [10 km/L] x Fator de distância Emissões do Projeto EPR = (Capacidade Metrô [passageiros/dia] x Consumo de EE por passageiro [kwh/passageiro] ) x Fegrid, CM Redução de Emissão RE = ELB – EPR LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 183 Tabela 0-22 – Parâmetros de Cálculo Parâmetro Descrição Valor Unidade Poder Calorífero Inferior da Gasolina 0,032 GJ/L Fração de Mistura comercializada em 2010 0,75 Fator de Emissão da Gasolina para Veículos Leves 0,069 tCO₂/GJ Fator de Emissão da rede de margem de operação 0,25 tCO₂/MWh Fator de Emissão da rede de margem de construção 0,08 tCO₂/MWh Fator de Emissão da rede de margem combinada de operação e FEgrid, CM 0,16 tCO₂/MWh construção Fator de distância de viagem = distância percorrida por um veículo FD 0,5 na linha de base/Comprimento do trilho de metrô implementado Capacidade do Metrô Quantidade de passageiros por dia 1.563.000.000 passageiros/ano Extensão do Metrô1 369 km de trilho 551.200.000 km percorridos/ano Capacidade média do Metrô Quantidade média de passageiros por km 1.493.767 km percorridos/km de trilho.ano Consumo energético médio do Metrô Consumo anual de eletricidade por km 0,002 MWh/km percorrido.ano Capacidade média do Metrô Quantidade média de passageiros por km 3 passageiros/km percorridos.ano Capacidade média do Metrô Quantidade média de passageiros por km 4.235.772 passageiros/km de trilho.ano Capacidade do Veículo Quantidade de passageiros por veículo 3 passageiros/viagem de carro Eficiência média de um veículo leve Kilometragem por consumo de combustível 10 km/L Fator de conversão Consumo de energia elétrica por passageiro 0,8 KWh/passageiro Fator de investimento 100 milhões US$/km Fontes: 1 Dados coletados tomando-se como base o Metrô da cidade de São Paulo, SP: www.metro.sp.gov.br/index.asp. 2 Biblioteca da Associação de Engenheiros e Arquitetos do Metrô de São Paulo (Aeamesp). http://biblioteca.aeamesp.org.br/ smns/9SMTF0309T16.pdf. Fonte IPCC 2006 MCT IPCC 2006 MCT MCT PCI Gasolina Fração Gasolina FEGasolina FEgrid,OM FEgrid,BM MCT Valor assumido Metrô de São Paulo (1) Metrô de São Paulo (1) Metrô de São Paulo (1) calculado calculado calculado calculado estimado IPCC 2006 AEAMESP(2) CNT 2009 Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial aplicação do projeto de implementação de um sistema de transporte de passageiros mais eficiente, o metrô, contemplando o número de possíveis projetos, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, a potencial receita com a venda de CERs e os investimentos necessários para tal. Os resultados apresentados na Tabela 0-23 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base na metodologia de MDL citada para esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Os resultados demonstrados a seguir contemplam as cidades que possuem potencial para expansão ou implementação de sistemas de metrô, de acordo com a Confederação Nacional dos Transportes (2010). Tabela 0-23 – Resultados do Projeto de Eficiência Energética no Transporte de Passageiros – Metrôs Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Receita pela redução de emissões em 10 anos por projeto (CER a US$10) Valor Unidade 2.297 tCO₂/km x ano 463.917 tCO₂e/ano 4.639.167 tCO₂e 10 unidades 463.917 tCO₂e 46 Milhões US$ Custo do Investimento 100,0 Milhões US$/km *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Barreiras Os únicos projetos desse tipo, desenvolvidos no mundo, estão concentrados na Índia, apesar de ser um sistema de transporte de passageiros razoavelmente bem difundido pelo mundo. No entanto, nenhum deles optou por apresentar análise de barreiras. A inexistência dessas informações também pode ser considerado como uma barreira para implementar esse tipo de projeto no País. A partir de alguns estudos de transportes desenvolvidos no Brasil, percebe-se principal demanda por metrô está concentrada nas capitais. Dessa forma, uma primeira barreira é a etapa da construção da infraestrutura, como: obtenção de faixa de domínio, indenizações e desapropriações; construções de estações de embarque e desembarque; construções de pátios de manobra e de manutenção; serviços de geotecnia envolvendo escavações de túneis e terraplenagem; e construção e instalação de Centro de Controle Operacional, entre outras. Outra barreira que pode ser identificada é o seu alto custo de implementação (cerca de 20 vezes mais caro que um sistema de BRT) e a longa demora para sua construção e implementação. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 184 Finalmente, deve ser ressaltado o panorama geral das limitações para a implementação de projetos envolvendo transportes urbanos em geral no País, traçado no “Estudo de Baixo Carbono para o Brasil”, do Banco Mundial: “No caso dos transportes urbanos, o principal desafio não é tecnológico, muito embora alguns ganhos de eficiência pudessem ainda resultar de inovações tecnológicas. Tecnologias de transporte de massa, opções não motorizadas de transporte e medidas de gestão da demanda são todas possibilidades disponíveis, e que já foram testadas na prática. Na verdade, o principal desafio está na falta de financiamento e na necessidade de maior coordenação institucional. E.g., os mais de 5.000 municípios brasileiros administram independentemente os seus sistemas de transporte e de trânsito, o que dificulta a harmonização de planos e políticas públicas para todo o País. Além disso, sistemas de transporte de massa em áreas urbanas exigem grande quantidade de capital, o que impede que muitos municípios os implementem” [Banco Mundial, 2010]. Eficiência Energética no Transporte de Cargas Mudança Modal do Transporte de Cargas A modalidade rodoviária representa cerca de 60% do transporte regional de cargas no País (BANCO MUNDIAL, 2010). Sendo assim, a mudança do transporte de cargas para outros tipos modais com menor emissão de GEE, como a ferrovia ou hidrovia, pode representar uma relevante oportunidade de redução de emissões de GEE no País. Para esse estudo, foi considerada a mudança modal no transporte de carga do rodoviário para o ferroviário, considerando um aumento desse transporte modal em mais 3% e 10% do que é transportado atualmente nas ferrovias existentes. Vale ressaltar que outros projetos podem passar a existir caso haja investimentos para construção de novas ferrovias, além de também existirem projetos potenciais na mudança modal do transporte rodoviário para o hidroviário, que não foram considerados neste estudo. Avaliação Técnica – Projeto de Mudança de Modal do Transporte de cargas O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas apresentadas na Tabela 0-24 e dos parâmetros apresentados na Tabela 0-25. Tabela 0-24 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da Linha de Base ELB *t CO₂/ano+= Consumo Diesel *L/ano+ x Fat. Emissão Diesel *t CO₂/GJ+ x PC Diesel *GJ/L+ x Fração D/B Consumo Diesel [m3/ano] = (Eficiência Consumo Caminhão Med [L/km] x (Carga Transportada [tons]/Carga caminhão Med [tons]) x Dist média [km] x Fat. Viagem) x 1/1000 [m3/L] Emissões do Projeto ELB *t CO₂/ano+= Consumo Diesel [m3/ano+ x Fat. Emissão Diesel *t CO₂/GJ+ x PC Diesel *GJ/m3] x Fração D/B Consumo Diesel [m3/ano] = Eficiência Consumo Trem [m3/km.ton] x Carga Transportada [ton/ano] x Dist média [km] x Fat. Viagem Redução de Emissão RE = ELB – EPR Tabela 0-25 – Parâmetros de Cálculo Valor Unidade Fonte Fração D/B Parâmetro Fração de Mistura Diesel/Biodiesel comercializada em 2009 Descrição 0,97 - ANP 2010 PCI Diesel Poder Calorífero Inferior do Diesel 36,00 GJ/m3 BEN 2010 FE Diesel Fator de Emissão do Diesel 0,07 t CO₂/GJ IPCC 2006 Eficiência de Trens Consumo de combustível por trens pela Distância percorrida por tonelada transportada 0,0000008 m3 diesel/ton.km Adaptado de: ANTT, 2009(1) Dens. Diesel Densidade do Óleo Diesel 0,840 t/m3 BEN 2010 Fat. Viagem Fator de viagem de retorno 2 unidades Metodologia NM0320 Eficiência Caminhão Consumo Diesel por caminhão 0,5 L/km CNT(2) 45,00 ton DNIT (3) Capacidade média de um caminhão de carga Cotação do dólar (ano 2009) INun Investimento Unitário 1 – Anuário Estatístico de Transportes Terrestres – ANTT 2009. 2 – Confederação Nacional de Transportes – Comunicação Pessoal com Marilei Menezes, 2010. 3 – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. 4 – Plano CNT de Logística 2010. 2,00 R$/US$ FED 1.246.694 US$/km útil calculado baseado em CNT, 2010 (4) LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 185 Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial aplicação do projeto de mudança modal do transporte de cargas, do rodoviário para o ferroviário, contemplando o número de possíveis projetos baseados na estrutura atual, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, a potencial receita com a venda de CERs e os investimentos necessários para tal. Os resultados apresentados na Tabela 0-26 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base na metodologia de MDL citada para esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Os resultados demonstrados a seguir contemplam as ferrovias de transporte de cargas existentes, caso houvesse um aumento do potencial de 3% das cargas transportadas pelas ferrovias com a infraestrutura existente, e que deixariam de ser transportadas pelo modal rodoviário. Tabela 0-26 – Resultados do Projeto de Mudança Modal no Transporte de Cargas (Cenário de aumento de 3% das cargas transportadas pelas ferrovias existentes) Descrição Valor Unidade 42 tCO₂/km x ano Redução de Emissão anual 1.273.174 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 12.731.742 tCO₂e 12 unidades Fator de redução de emissão anual Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 1.060.979 tCO₂e Receita pela redução de emissões em 10 anos por projeto (CER a US$10) 127 Milhões US$ Custo do Investimento 1,2 Milhões US$/km *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Os resultados demonstrados a seguir contemplam as ferrovias de transporte de cargas existentes, caso houvesse um aumento de 10% do potencial das cargas transportadas pelas ferrovias com a infraestrutura existente, e que deixariam de ser transportadas pelo modal rodoviário. Tabela 0-27 – Resultados do Projeto de Mudança Modal no Transporte de Cargas (Cenário de aumento de 10% das cargas transportadas pelas ferrovias existentes) Descrição Valor Unidade 141 tCO₂/km x ano Redução de Emissão anual 4.243.914 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 42.439.140 tCO₂e 12 unidades Fator de redução de emissão anual Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 106.097 tCO₂e Receita pela redução de emissões em 10 anos por projeto (CER a US$10) 424 Milhões US$ Custo do Investimento 1,2 Milhões US$/km *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Barreiras Há somente um projeto envolvendo mudança de modal no transporte de cargas já desenvolvido no Brasil69. Por meio da avaliação de seu Documento de Concepção do Projeto, conclui-se que as principais barreiras para implementação de iniciativas de mudança modal no transporte marítimo e ferroviário referemse à tecnologia, ao elevado nível de capital requerido e à prática comum no setor de transporte. 69 “Hot rolled steel coils transportation through ocean barges at ArcelorMittal Tubarão”. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 186 Em relação às barreiras de investimento, a opção de transporte marítimo enfrenta maiores dificuldades devido, sobretudo, ao elevado investimento necessário para a construção de infraestrutura (por exemplo, porto, galpão de armazenamento, barcaças). Além de o investimento ser muito alto, é de grande risco. Dessa forma, é necessário ter certeza do uso e bom funcionamento dessa estrutura para garantir que o investimento tenha retorno no médio ou longo prazo. Alternativamente, fazer um planejamento para utilizar a infraestrutura já existente. No que concerne às barreiras tecnológicas, o transporte marítimo enfrenta uma importante barreira relacionada à inexistência de contratos de longo prazo com empresas de carga. No Brasil, esse tipo de transporte é feito caso a caso, portanto, a impossibilidade de fechar contratos de maior duração impede uma redução no preço unitário do transporte. Caso o desenvolvedor do projeto opte por constituir sua própria frota, apesar da possibilidade de retorno do investimento, os custos são muito altos e envolvem desenvolvimento ou contratação de tecnologia desconhecida – e que não é o negócio principal da empresa. Há também barreiras de prática comum consideráveis ao maior uso do transporte marítimo, como, por exemplo, a maioria de navios com pequena capacidade e maior custo por carga transportada. Nesse caso, se a intenção é transportar cargas em grande quantidade, os preços de mercado são desvantajosos por serem calculados a partir de cargas menores. De acordo com o Plano CNT de Logística 2008 (CNT, 2009), atualmente o Brasil conta com uma rede de infraestrutura que não opera de forma eficiente os modais em todas as regiões, gerando um grave desequilíbrio na matriz de transporte. A mudança para transporte em ferrovias também enfrenta barreiras tecnológicas. O sistema ferroviário brasileiro é deficiente, antiquado e tem pouca capilaridade. Segundo a CNT (2009), há uma estagnação de investimentos do governo federal na ampliação da malha para localidades que apresentam grande oferta de cargas a granel. Adicionalmente, a concessão das ferrovias brasileiras está distribuída entre muitas empresas, o que dificulta o transporte que precisa usar trilhos de mais de uma concessionária. Essa logística não é simples e pode ser considerada uma barreira tecnológica aos projetos de mudança para transporte ferroviário. Finalmente, deve ser ressaltado o panorama geral das limitações para a implementação de projetos envolvendo transportes de carga no País traçado no “Estudo de Baixo Carbono para o Brasil”, do Banco Mundial: “Em termos do transporte regional, atender as metas de transporte de fretes em um Cenário de Baixo Carbono exige melhor integração e parcerias entre concessionárias de ferrovias e entre as concessionárias e o governo, incluindo as agências reguladoras. Os vários modos de transporte são em geral operados pelo setor privado; assim sendo, para haver eficiência na sua integração, é preciso que haja infraestrutura e terminais, o que exige uma maior coordenação e apoio da parte das autoridades públicas”[Banco Mundial, 2010]. O desenvolvimento do estudo com a abordagem bottom-up contemplou o levantamento de instalações/locais em que os projetos de baixo carbono poderiam ser desenvolvidos. A lista contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha divulgada como um anexo do presente estudo. A Tabela 0-28 apresenta os resultados consolidados do setor de Transportes/Combustíveis para Veículos. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 187 Tabela 0-28 – Resultados Consolidados do Setor de Transportes/Combustíveis para Veículos Número de Projetos Tipo de projeto Potencial Redução de Emissões GEE em 10 anos Potencial Receita com a Venda de CERs em 10 anos (CER = 10 US$) Investimento Fator de Redução de Emissão anual Valor Unidade tCO₂e Milhões US$ Milhões US$ Valor Unidade 344 n/a 234.668.296 2.347 112.766 n/a n/a Produção de Biocombustíveis* 156 Usinas 102.992.953 1.030 NA 65.988 tCO₂/usina x ano Produção de Biodiesel 156 Usinas 102.992.953 1.030 NA 65.988 tCO₂/usina x ano Produção de Óleo Vegetal 293 Usinas 51.790.141 518 2.910 17.679 tCO₂/usina x ano Mudança Modal no Transporte de Combustíveis 42 Alcooldutos 8.971.260 90 26.245 22 tCO₂/km x ano Alcoolduto 42 Alcooldutos 8.971.260 90 26.245 22 tCO₂/km x ano Mudança Modal no Transporte de Cargas 12 Ferrovias 42.439.141 424 37.518 141 tCO₂/km x ano Cenário 1 – Aumento de 3% das cargas transportadas atualmente por ferrovias 12 Ferrovias 12.731.742 127 37.518 42 tCO₂/km x ano Cenário 2 – Aumento de 10% das cargas transportadas atualmente por ferrovias 12 Ferrovias 42.439.141 424 37.518 141 tCO₂/km x ano Eficiência Energética 134 Projetos Potenciais 80.264.943 803 49.003 70.561 n/a BRT 110 Projetos Potenciais 74.657.219 747 20.203 67.870 t CO₂/unidade x ano VLT 14 Cidades 968.557 10 8.600 394 tCO₂e/km x ano 10 Cidades 4.639.167 46 20.200 2.297 tCO₂e/km x ano Total Setor de Transportes/Combustíveis para Veículos Metrô Notas: *Os valores totais de produção de biocombustíveis contemplam os valores do projeto com maior potencial de redução de emissões, isto é, de produção de biodiesel, tendo em vista que os projetos são concorrentes. n/a = Não se aplica. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 188 Gerenciamento de Resíduos Sólidos e Efluentes Descrição dos Elos do Setor de Resíduos O Setor de Resíduos compreende os resíduos sólidos e os efluentes líquidos, cuja cadeia pode ser dividida em três elos: geração; tratamento; e disposição. Resíduos Sólidos Geração de Resíduos Sólidos De acordo com a NBR 10004, os resíduos sólidos são definidos como resíduos nos estados sólido e semisólido, que resultam de atividades de origem doméstica, comercial, industrial, hospitalar, de varrição: doméstico: gerado basicamente em residências; comercial: gerado pelo setor comercial e de serviços; industrial: gerado por setores industrial, agrícola, agroindustrial; hospitalares: gerado por hospitais, farmácias, clínicas, entre outros; e varrição: podas de jardins, entulhos de construções e animais mortos. Dentre as atividades industriais brasileiras, destacam-se resíduos sólidos gerados pela: indústria metalúrgica; indústria química; indústria de papel e celulose; indústria de alimentos e bebidas; indústria de fumo; indústria de plástico; e indústria têxtil. No Brasil, os resíduos sólidos agroindústrias (por exemplo, bagaços, tortas, restos de frutas e hortaliças) são provenientes, inter allia, de usinas sucroalcooleiras (bagaço de cana, torta de filtro), matadouros e indústrias de processamento de carnes (vísceras e carcaça de animais), frutas e hortaliças (por exemplo, bagaço e restos), indústria da celulose e papel (por exemplo, resíduos da madeira), curtumes (por exemplo, aparas de couro). Tratamento de Resíduos Sólidos Resíduos Sólidos Urbanos Dentre os tipos de tratamento, destacam-se: incineração (com ou sem geração de energia): combustão de resíduos sólidos (e líquidos) em instalações de incineração controlada a altas temperaturas. Esse tipo de tratamento visa à redução do volume do resíduo, bem como torná-lo inerte. Porém, a instalação e o funcionamento de tratamento com incinerador têm um custo elevado pela necessidade de filtros e outras tecnologias sofisticadas para o controle da poluição do ar provocada pelos gases produzidos durante a queima sendo muito utilizada para resíduos perigosos; reciclagem e compostagem tratamento que objetiva a redução da quantidade de resíduos que deverão ser dispostos. É um tratamento com vantagens ambientais, econômicas e sociais (preservação dos recursos naturais, aumento do tempo de vida dos aterros, economia de energia, geração de emprego e renda e conscientização da população): reciclagem transformação de resíduos em matérias-primas de novos produtos; e LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 189 compostagem transformação de resíduos de origem animal ou vegetal em composto orgânico capaz de melhorar a qualidade do solo. As formas de coleta, na fonte geradora, dos materiais a serem reciclados podem ser: coleta seletiva: separação dos materiais pela população e posterior coleta por veículo específico; pontos de entrega voluntária (PEV): a população voluntariamente leva os resíduos separados até locais públicos que dispõem de coletores; e cooperativa de catadores: cooperativas que atuam na separação de materiais recicláveis existentes no lixo; e queima a céu aberto: combustão de resíduos indesejados ao ar livre ou em recipientes abertos (o material particulado e outros poluentes não passam por qualquer tipo de controle). Esse tipo de tratamento inclui a combustão em fornos em que não há regulação da entrada de ar ou a combustão completa. Resíduos Sólidos da Construção Civil Dentre os tipos de tratamento, destaca-se: reciclagem a reciclagem dos resíduos da construção civil (entulho) permite que o material ferroso seja posteriormente comercializado, enquanto que o material inerte possa ser reutilizado para a fabricação de, por exemplo, briquetes para calçada, sub-base e base de rodovias, blocos para muros e alvenaria de casas populares, agregado miúdo para revestimento e etc. Resíduos Sólidos Industriais Tratamento que objetiva a reciclagem e recuperação dos resíduos (por exemplo, co-processamento), ou pelo menos torná-los inertes. Não há um processo de tratamento preestabelecido, devido à diversidade dos resíduos gerados. Em geral, trata-se de transformar os resíduos gerados em matéria-prima, gerando economia no processo industrial. No Brasil, alumínio, papel, plástico e vidro são os quatro setores industriais que abrigam as principais atividades de reciclagem. Resíduos Sólidos Agroindustriais Dentre os tipos de tratamento, destacam-se: compostagem transformação de resíduos de origem animal ou vegetal em composto orgânico capaz de melhorar a qualidade do solo; incineração (com ou sem geração de energia): combustão de resíduos sólidos em instalações de incineração controlada a altas temperaturas. Esse tipo de tratamento visa à redução do volume do resíduo, bem como torná-lo inerte. Porém, a instalação e o funcionamento de tratamento com incinerador têm um custo elevado pela necessidade de filtros e outras tecnologias sofisticadas para o controle da poluição do ar provocada pelos gases produzidos durante a queima; queima a céu aberto: combustão de resíduos indesejados ao ar livre ou em recipientes abertos (a fumaça e outros poluentes não passam por qualquer tipo de controle). Esse tipo de tratamento inclui a combustão em fornos em que não há regulação da entrada de ar ou a combustão completa; pirólise: Método de reciclagem terciária, que consiste no processo de decomposição de resíduos a altas temperaturas e pouca ou nenhuma presença de oxigênio. Nesse tratamento, pode-se extrair diversos subprodutos como, por exemplo, biocombustível, sulfato de amônia ou alcatrão, agregando valor aos resíduos; e gaseificação: transformação de combustíveis sólidos ou líquidos em uma mistura combustível de gases (isto é, gás de síntese). Utilizam-se materiais geralmente ricos em carbono (resíduos de madeira e ou outros tipos de resíduos de biomassa) como matéria-prima. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 190 Resíduos Radioativos Ainda não existem processos de tratamento economicamente viáveis para o resíduo radioativo. Resíduos de Serviços de Saúde Existem hoje diversas formas de tratamento dos resíduos de serviços de saúde que atendem as premissas necessárias para a segurança do seu tratamento: incineração (de grelha fixa, de leito móvel, fornos radioativos), pirólise, autoclavagem, micro-ondas, radiação ionizante, desativação eletrotérmica, tratamento químico. Disposição de Resíduos Sólidos Resíduos Sólidos Urbanos Aterro sanitário: Técnica adequada de disposição final de resíduos sólidos urbanos. O terreno é preparado adequadamente antes do começo da disposição dos resíduos sobre o solo, havendo o confinamento do resíduo em camadas cobertas diariamente com material inerte, de modo a evitar danos ao ambiente, a saúde e a segurança pública. Dispõe de sistema de coleta e tratamento do material lixiviado (chorume), drenagem de águas pluviais e coleta de biogás. Por propiciar um ambiente anaeróbio, há produção de biogás, composto aproximadamente por 55% de metano e 40% de dióxido de carbono – gases de efeito estufa; além de nitrogênio e outros gases. Aterro controlado: Técnica de disposição final de resíduos sólidos em locais em que anteriormente era um lixão, e passou a ser gerenciado. Há coleta do material lixiviado, recobrimento diário do resíduo com material inerte e é operado de modo a minimizar os impactos à saúde pública, segurança e meio ambiente. Porém, normalmente não há preparação do terreno para a disposição do resíduo. Lixão: Local inadequado de disposição de resíduos sólidos urbanos, a céu aberto, sem qualquer controle e cuidados de proteção ambiental ou à saúde pública, provocando poluição do solo, ar, águas subterrâneas e superficiais das vizinhanças. É importante destacar que no Brasil, de acordo com a Abrelpe (2009), mais da metade das cidades do País (3.427 do total de 5.565) não tem destinação adequada do resíduo urbano: que é enviado para lixões ou aterros controlados. Em números absolutos, 43% do total de resíduos sólidos urbanos gerados em 2009 tiveram destino inadequado e 57% tiveram destino adequado, isto é, aterros sanitários. De acordo com a Albrepe (2009), mais da metade dos resíduos sólidos urbanos (RSU) coletados no Brasil são provenientes da Região Sudeste, seguido pelas Regiões Nordeste e Sul, como pode ser observado no Gráfico 0-1 abaixo. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 191 Distribuição da– Quantidade Total de RSU Coletado no Gráfico 0-1 Distribuição da Quantidade Total (% ) de RSU Coletado noBrasil Brasil (%) Centro-Oeste 8% Nordeste 22% Sudeste 53% Norte 6% Sul 11% Fonte: Albrepe 2009. Resíduos Sólidos da Construção Civil Embora a solução ideal para o entulho da construção civil seja a reciclagem, há a possibilidade de descarte em aterros sanitários. Esse material pode servir para recobrimento do aterro em regiões em que o material de cobertura é escasso, o que pode ser considerado como solução interessante. Resíduos Sólidos Industriais Os métodos de disposição dos resíduos sólidos industriais mais empregados são: landfarming: tratamento biológico em que a parte orgânica do resíduo é decomposta pelos microorganismos presentes na camada superficial do próprio solo; aterros industriais: classe i (resíduos perigosos), classe ii (resíduos não perigosos e não inertes) e classe iii (resíduos não perigosos e inertes); e barragens de rejeito: método usado para resíduos líquidos e pastosos (teor de umidade maior que 80%). Resíduos Sólidos Agroindustriais Os métodos de disposição dos resíduos sólidos industriais mais empregados são: enterramento; aterros sanitários; aterros controlados; e resíduos radioativos. O lixo nuclear é usualmente disposto da seguinte maneira: abrigos especiais (com paredes duplas de concreto de alta resistência) e preferencialmente enterrados; encapsulamento em invólucros impermeáveis de concreto e posteriormente lançados ao mar; e disposição final em cavernas subterrâneas salinas seladas. Resíduos de Portos e Aeroportos Por lei, o destino para os resíduos de portos e aeroportos é a incineração. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 192 Efluentes Líquidos Efluente líquido é qualquer água que teve sua qualidade afetada negativamente por influência antrópica. Podemos separar os efluentes em efluentes líquidos industriais e esgoto doméstico, urbano. Geração de Efluentes Líquidos No que concerne aos esgotos domésticos urbanos, no Brasil, entre os serviços de saneamento básico, o esgotamento sanitário é o que tem menor presença nos municípios brasileiros. Em 2008, 52,48% dos municípios brasileiros foram atendidos com o serviço de esgotamento sanitário. Outro dado interessante diz respeito às grandes cidades brasileiras: essas totalizam 72 milhões de habitantes, que geram 9,3 bilhões de litros de esgoto diariamente, dos quais 5,9 bilhões de litros não têm qualquer tratamento. De acordo com a Norma Brasileira — NBR 9800/1987 —, efluente líquido industrial é o despejo líquido proveniente do estabelecimento industrial, compreendendo emanações de processo industrial, águas de refrigeração poluídas, águas pluviais poluídas e esgoto doméstico. (por exemplo, frigoríficos, lacticínios, indústrias de bebidas e de papel e celulose), tais como dejetos de animais, água de prensa e vinhaça e outros efluentes com alto teor orgânico. De acordo com o IPCC (2000), os tipos de tratamento e formas de disposição de efluentes líquidos são apresentados na Figura 0-1. Figura 0-1 – Sistemas de Tratamento e Formas de Disposição de Efluentes Líquidos Fonte: Banco Mundial (2010), baseado no IPCC (2000). LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 193 Tratamento de Efluentes Líquidos Dentre os tipos de tratamento, destacam-se: lagoa aeróbia: sistema de tratamento biológico em que a estabilização da matéria orgânica ocorre quando existe equilíbrio entre a oxidação e a fotossíntese, para garantir condições aeróbias em todo o meio; lagoa anaeróbia: sistema de tratamento biológico em que a estabilização da matéria orgânica é realizada predominantemente por processos de fermentação anaeróbia, imediatamente abaixo da superfície, não existindo oxigênio dissolvido. Esse tipo de tratamento tem sido usado como tratamento em esgotos e efluentes industriais, predominantemente orgânicos, com alto teor de demanda bioquímica de oxigênio (DBO), tais como efluentes de frigoríficos, de lacticínios, indústrias de bebidas, de papel e celulose; digestor anaeróbio de lodo: são usados para estabilização de lodos primários e secundários, provenientes de tratamento de esgotos e de efluentes industriais com alta concentração de sólidos suspensos. O ambiente anaeróbio propicia a geração de biogás, rico em metano; e reator anaeróbio: são usados para tratamento de esgoto e efluentes industriais específicos (isto é, predominantemente orgânicos, com alto teor de DBO, tais como efluentes de frigoríficos, de lacticínios, indústrias de bebidas, de papel e celulose). O ambiente anaeróbio propicia a geração de biogás, rico em metano. Disposição de Efluentes Líquidos Esse elo da cadeia compreende os efluentes líquidos que são dispostos/lançados no meio ambiente. São considerados: com coleta e tratamento: lançamento em cursos d’ gua (por exemplo, mar, rio, lagoa); e sem coleta: esgotos em céu aberto que são comuns em áreas urbanas de baixa renda e rurais predominantemente em países em desenvolvimento; semidouros e fossas sépticas; valas abertas; e lançamento em cursos d’ gua (por exemplo, mar, rio, lagoa). No Brasil, ainda há pouca coleta e tratamento de esgotamento sanitário, como pode ser observado na Tabela 0-1. Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Sanitário (IBGE, 2008), na região Norte, apenas 8% do esgoto gerado é tratado. A região onde, proporcionalmente, há maior coleta e tratamento de esgoto é a Sudeste, em que apenas 5% dos municípios não possuem coleta seletiva, e 48% do esgoto é coletado e tratado. Tabela 0-1 – Proporção de Municípios, por Condição de Esgotamento Sanitário (%) Sem Coleta Só Coletam Norte Grandes Regiões 87% 6% Coletam e Tratam 8% Nordeste 54% 27% 19% Sudeste 5% 47% 48% Sul 60% 16% 24% Centro-Oeste 72% 3% 25% Brasil 45% 27% 29% PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 194 Dejetos Animais Descrição das Principais Fontes de Emissão de GEE e Oportunidades de Mitigação de Emissão Como definido neste Relatório, a cadeia do setor de Resíduos Sólidos e Efluentes líquidos é divida em três elos: elo 1: geração de resíduos e efluentes; elo 2: tratamento de resíduos e efluentes; e elo 3: disposição de resíduos e efluentes. O setor de resíduos é responsável por significativas emissões de gases de efeito estufa (GEE), decorrentes principalmente, das seguintes atividades: disposição dos resíduos sólidos domésticos e agroindustriais – emissões de CH₄ (emissões de N₂O não significantes); tratamento biológico dos resíduos sólidos domésticos e agroindustriais – emissões de CH₄ e N₂O; incineração e queima a céu aberto dos resíduos – emissões de CO₂ (carbono fóssil), CH₄ e N₂O; e efluentes domésticos e industriais – emissões de CH₄ e N₂O. A disposição de resíduos sólidos em aterros gera condições anaeróbias que propicia a geração de CH₄. A matéria orgânica presente nos efluentes domésticos e industriais, quando em condições anaeróbias (por exemplo, digestores aneróbios, lagoas anaeróbias), é biodegradada com grande potencial de geração de CH₄. No caso dos esgotos domésticos, também ocorrem emissões de N₂O, devido ao conte do de nitrog nio na alimentação humana. Em 2005, as emissões de metano do tratamento de resíduos representaram aproximadamente 11% das emissões de CH₄ do País, 2% das emissões de N₂O e cerca de 3% do total das emissões (CO₂ + CH₄ + N₂O), correspondendo a 48.945 Mton CO₂eq. As emissões de metano e óxido nitroso devido ao tratamento de resíduos podem ser separadas de acordo com o Gráfico 0-2. Gráfico 0-2 – Distribuição das emissões do Setor de Resíduos no Brasil em 2005 Efluentes industriais (CH4) 10% Efluentes líquidos (N2O) 9% Resíduos sólidos (CH4) 64% Esgoto doméstico (CH4) 17% Fonte: Inventário Brasileiro das Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa – Informações gerais e valores preliminares (24 de novembro de 2009). No caso da decomposição ou combustão de resíduos de biomassa, as emissões de CO₂ não são consideradas, pois o carbono liberado é considerado biogênico, isto é, foi capturado da atmosfera no crescimento da biomassa e portanto não contribuirá para o agravamento do efeito estufa de origem antrópica. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 195 As emissões de CO₂ que contribuem para o efeito estufa são as de origem fóssil, que são geradas em menor quantidade no setor. O biogás produzido em processos anaeróbios é rico em metano, podendo ser capturado e utilizado para geração de energia térmica ou elétrica, e a biomassa pode ser queimada para geração de energia térmica ou eletricidade. Outra forma de mitigação de emissões é evitar a geração de metano com processos aeróbios, como compostagem, digestores aeróbios e aeração de aterros. Assim como para os demais setores, a avaliação do potencial de redução de emissão de GEE no setor de resíduos no Brasil será feita para os três elos de sua cadeia, com base em metodologias de linha de base e monitoramento aprovadas e em fase de aprovação na Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC), bem como em projetos de redução de emissão propostos no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) no Brasil e no Mundo. No Brasil, o panorama atual do gerenciamento de resíduos sólidos revela que há espaço para melhorias significativas e, consequentemente, oportunidades de ações que envolvam projetos de redução de emissão de GEE, dentre as quais, destacam-se a coleta de biogás para destruição ou aproveitamento energético e tratamentos aeróbios. O potencial de redução de emissões de GEE, especialmente de CH₄ gerado na disposição de RSU no Brasil é grande, como comprovam as experiências exitosas em aterros públicos e privados (por exemplo, Bandeirantes e Nova Gerar) com geração de Reduções de Emissões Certificadas (RECs). A sanção presidencial, em agosto de 2010, da Lei de Política Nacional de Resíduos Sólidos (12.305/10) terá papel disciplinador e acelerará a adequação do setor às normas sanitárias e ambientais adequadas. No campo dos resíduos agroindustriais, há significativo potencial de redução de emissões no manejo de dejetos animais confinados (por exemplo, suinocultura) para captura e queima de biogás podendo gerar energia (térmica e elétrica), O Sistema de Manejo de Dejetos (SMD) mostrou-se alternativa muito atraente e levou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a criar o Programa de Geração Distribuída para Saneamento Ambiental. Também há elevado potencial de redução de emissões de GEE nos processos produtivos de açúcar e álcool, café e arroz, especialmente por meio do aproveitamento dos resíduos para a geração de energia (por exemplo, bagaço de cana-de-açúcar, casca de arroz, borra de café). Em relação aos efluentes domésticos, a coleta de resíduos no Brasil é limitada, e as estações de tratamento de esgoto são insuficientes e praticamente não há mecanismos de mitigação de GEE. De forma parecida com os resíduos sólidos, o País prevê a expansão da coleta e tratamento de esgoto aumentando as oportunidades de implementação de projetos de baixo carbono. No segmento industrial, o setor tem utilizado sistemas fechados de água de refrigeração, reutilização da água e melhorias tecnológicas para reduzir o uso de água de processo, motivado pelas cobranças pelo uso da água em bacias hidrográficas e pelas companhias de saneamento. Dessa forma, muitas indústrias realizam o tratamento de seus efluentes para reutilizar a água. Cada indústria gera efluentes com características diferentes, inclusive na quantidade de matéria orgânica, variando as emissões de metano de cada uma. Assim como para os demais setores, a avaliação do potencial de redução de emissão de gases de efeito estufa (GEE) no setor de resíduos no Brasil será feita para os três elos de sua cadeia, com base em metodologias de linha de base e monitoramento aprovadas e em fase de aprovação pela Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC), bem como em projetos de redução de emissão de GEE propostos no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), localizados no Brasil e demais países em desenvolvimento participantes desse Mecanismo (i.e outros países signatários do Protocolo de Kyoto, considerados países não Anexo I). O Quadro 0-1 apresenta as fontes de emissão de GEE em cada elo do setor, as potenciais iniciativas de redução de emissão, bem como as metodologias de linha de base e monitoramento da CQNUMC aplicáveis a cada iniciativa. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 196 Quadro 0-1 – Principais Emissões de GEE e Iniciativas Mitigadoras no Setor de Gerenciamento de Resíduos Sólidos e Efluentes Líquidos Elo 1 – Geração de Resíduo Elo 2 – Tratamento de Resíduo Elo 3 – Destinação de Resíduo Fontes de Emissão Linha de Base Fontes de Emissão Linha de Base Fontes de Emissão Linha de Base CO₂ fóssil CO₂ fóssil N₂O N₂O CH₄ CH₄ Zero Iniciativas de Redução de Emissão de GEE Iniciativas de Redução de Emissão de GEE Iniciativas de Redução de Emissão de GEE Educação Ambiental para reduzir a geração de resíduos por habitante etano evitado e captura de metano (destruição ou aproveitamento) – Efluentes Líquidos Captura de metano em Aterros (destruição de metano ou aproveitamento para geração de energia Redução da geração de resíduos sólidos Metano evitado e captura de metano (Recuperação e Destruição) – Resíduos Sólidos Aeração de Aterros Eficiência Energética na Reciclagem de Resíduos Sólidos Compostagem de Resíduos Orgânicos de Aterros Geração de energia térmica e elétrica com resíduos de biomassa Metodologias de Linha de Base Metodologias de Linha de Base Metodologias de Linha de Base ACM0014. AM0039 AM0080. AM0073 ACM0001 AM0069 AMS-III.I. AMS-II.D. AMS-III.G. AMS-III.H. AMS-III.I.E. AM0053 AMS-III.Y. AMS-III.F. AM0075 AM0053 AMS-III.L. AMS-III.AF. AM0075 AMS-III.R. AM0083 AM0069 AM0053 NM0333 ACM0010 AM0075 AM0057 AM0025 AMS-III.AJ. AMS-III.R. Como demonstrado no Quadro 0-1, com base nas metodologias de linha de Base e Monitoramento existentes no MDL, as potenciais iniciativas de redução de emissão de GEE em cada elo da cadeia produtiva do setor de resíduos são: elo 1 (geração): educação ambiental para reduzir a geração de resíduos por habitante; redução da geração de resíduos sólidos; elo 2 (tratamento): metano evitado e captura de metano (destruição ou aproveitamento) de efluentes líquidos e resíduos sólidos; eficiência energética na reciclagem de resíduos sólidos; e elo 3 (destinação): captura de metano em aterros (destruição ou aproveitamento); aeração de aterros; compostagem de resíduos orgânicos de aterros; geração de energia térmica e eletricidade com resíduos de biomassa. Alguns projetos foram excluídos, sendo eles: compostagem, pirólise, gaseificação, biodigestão de resíduos de agricultura para aproveitamento energético, reciclagem de plásticos, aeração de aterros e escavação de aterros. Isso ocorreu por uma série de motivos, dentre eles a dificuldade em determinar sites para aplicação dos projetos pela abrangência do projeto ou pela falta de bancos de dados disponíveis ou por serem projetos concorrentes com outros que foram incluídos. Iniciativas de Redução de Emissão de GEE no Elo 1 A Tabela 0-2 apresenta possíveis iniciativas de redução de emissões de GEE que se enquadrariam no elo 1. Não existem, até a conclusão deste estudo, projetos/ metodologias aprovadas ou propostas para estes tipos de projeto no âmbito do MDL.). LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 197 Tabela 0-2 – Projetos de Redução de Emissão no Elo 1 – Setor de Resíduos Elo 1 – Geração de Resíduos Sólidos e Efluentes Iniciativas de Redução de Emissão – Projetos de MDL Metodologias de Linha de Base Projetos de MDL no resto do Mundo Projetos de MDL no Brasil Número de Projetos em validação Número de Projetos validados Número de Projetos registrados Número de Projetos rejeitados Total de Projetos desenvolvidos1 Potencial total de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)1 Potencial médio de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)1 Número total de Projetos desenvolvidos1 Educação Ambiental para reduzir a geração de resíduos por habitante - - - - - - - - - Redução da geração de resíduos sólidos - - - - - - - - - (1) Excluem-se os Projetos Rejeitados. De acordo com a Tabela 0-2, ainda não foi desenvolvida nenhuma metodologia de MDL no mundo que se enquadre no elo 1, isto é, geração de resíduos. Algumas possíveis iniciativas de redução de emissão nesse elo da cadeia se referem à redução da geração de resíduos sólidos por habitante pela educação ambiental e redução da geração de resíduos de maneira geral. Iniciativas de Redução de Emissão de GEE no Elo 2 Assim como no elo 1, foi feita uma pesquisa de projetos de redução de emissão de GEE já propostos no âmbito do MDL que se enquadram no elo 2, isto é, Tratamento, cujo resultado é apresentado na Tabela 0-3. Tabela 0-3 – Projetos de Redução de Emissão no Elo 2 – Setor de Resíduos Elo 2 – Tratamento de Resíduo Sólidos e Efluentes Iniciativas de Redução de Emissão – Projetos de MDL Metano evitado e captura de metano (destruição ou aproveitamento) – Efluentes Líquidos Metodologias de Linha de Base Projetos de MDL no resto do Mundo Projetos de MDL no Brasil Número de Projetos em validação Número de Projetos validados Número de Projetos registrados Número de Projetos rejeitados Total de Projetos desenvolvidos1 Potencial total de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)1 Potencial médio de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)1 Número total de Projetos desenvovidos1 ACM0014 1 - - - 1 91 91 25 AM00134 - - - - - - - 7 AM00134 AMS-I.C3 - - - - - - - 1 4 - - - - - - - 16 AMS-III.H 3 - - - 3 118 39 72 AMS-III.H AMS-I.D2 AMS-III.I 1 - - - 1 24 24 - AMS-I.A.3 AMS-I.D.2 AMS-III.H. - - - - - - - 1 AMS-I.A.3 AMS-III.H. - - - - - - - 1 AMS-I.C. AMS-I.D.2 AMS-III.H. - - - - - - - 2 AMS-I.C. AMS-III.H. - - - - - - - 5 AMS-I.D. AMS-III.H. - - - - - - - 6 AMS-III.H. AMS-I.A.3 - - - - - - - 7 AMS-III.H. AMS-I.C.3 - - - - - - - 46 AMS-III.H. AMS-I.C.3 AMS-I.D.2 - - - - - - - 14 AMS-III.H. AMS-I.D.2 - - - - - - - 1 AMS-III.H. AMS-I.D.2 AMS-I.C.3 - - - - - - - 2 AMS-III.H. - - - - - - - 1 AM0022 3 Metano evitado e captura de metano (destruição ou aproveitamento) – Efluentes Líquidos 2 PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 198 Elo 2 – Tratamento de Resíduo Sólidos e Efluentes Iniciativas de Redução de Emissão – Projetos de MDL Metodologias de Linha de Base Projetos de MDL no resto do Mundo Projetos de MDL no Brasil Número de Projetos em validação Número de Projetos validados Número de Projetos registrados Número de Projetos rejeitados Total de Projetos desenvolvidos1 Potencial total de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)1 Potencial médio de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)1 Número total de Projetos desenvovidos1 AMS-III.H. AMS-III.O. - - - - - - - 1 AMS-III.I. AMS-III.H. AMS-I.C.3 AMS-III.D. - - - - - - - 1 AM0080 - - - - - - - - AMS-III.I 2 - 4 - 6 209 35 3 AMS-III.Y - - - - - - - 1 AM0075 - - - - - - - - ACM0010 2 - - - 2 181 91 8 ACM0010 ACM00063 - - - - - - - 1 ACM0010 AMS-I.D.2 - - - - - - - 3 AM00064 2 - 2 - 4 190 48 9 AM00164 - - 18 - 18 1384 77 22 AM0025 1 1 - - 2 94 47 63 AM0025 ACM0002 - - - - - - - 1 AM0025 ACM00022 AMS-I.D.2 - - - - - - - 1 AM0025 AM0053 - - - - - - - 1 AM0039 - - - - - - - 23 AM0073 - - - - - - - 3 AMS-I.C.3 AMS-III.D. - - - - - - - 4 AMS-III.D. 28 - 21 - 49 1493 30 131 AMS-III.D. AMS-I.A.3 - - - - - - - 3 AMS-III.D. AMS-I.C.3 AMS-I.D.2 - - - - - - - 3 AMS-III.D. AMS-I.D.2 1 - - - 1 58 58 4 AMS-I.A. AMS-I.D.2 AMS-III.D. - - - - - - - 1 AMS-I.F. AMS-I.C.3 Metano evitado e captura de metano (destruição ou aproveitamento) – Resíduos Sólidos) Metano evitado e captura de metano (destruição ou aproveitamento) – Resíduos Sólidos) 3 Metano evitado e captura de metano (destruição ou aproveitamento) – Resíduos Sólidos e Efluentes líquidos Eficiência Energética na Reciclagem de Resíduos Sólidos AM0075 - - - - - - - - AMS-I.C.3 AMS-III.I.E. AMS-III.H. - - - - - - - 1 AMS-III.F. AMS-III.H. - - - - - - - 2 AMS-III.G. AMS-III.H. AMS-I.D.2 - - - - - - - 1 AMS-III.H. AMS-III.F. AMS-I.D.2 - - - - - - - 1 AMS-III.AJ - - - - - - - - 1 Excluem-se os Projetos Rejeitados. 2 Geração de EE. 3 Geração de Energia Térmica com ou sem geração de energia elétrica. 4 As metodologias foram consolidadas. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 199 Como pode ser observado na Tabela 0-3 no Brasil, foram propostos 95 projetos de tratamento de resíduos sólidos e efluentes líquidos no âmbito do MDL, totalizando um potencial de redução em 4.303 ktCO₂e/ano. Com base na avaliação desses projetos, o potencial médio de redução de emissão de GEE varia entre: 8-91 ktCO₂e /ano para projetos de metano evitado e captura de metano em efluentes líquidos; e 30-91 ktCO₂e /ano para projetos de metano evitado e captura de metano em resíduos sólidos. Ainda não foi desenvolvido nenhum projeto de eficiência energética na reciclagem de resíduos sólidos no Brasil e nos demais países em desenvolvimento participantes do MDL. As oportunidades de redução de emissão de GEE no elo 2 da cadeia de resíduos são descritas a seguir. Projetos de Redução de Emissões de GEEs Relacionados ao Tratamento de Resíduos Sólidos e Efluentes No setor de resíduos sólidos e efluentes, no elo de tratamento, foram avaliadas 18 metodologias, das quais 14 foram incluídas no estudo do potencial de redução de emissão de GEEs no País, agrupadas em 6 tipos de projetos concernentes à tratamento de efluentes na indústria sucroalcooleira, na indústria de papel e em tratamento de esgoto, tratamento térmico de resíduos sólidos urbanos, tratamento de dejetos animais confinados e exportação do biogás coletado. Tratamento de Efluentes As metodologias de grande escala ACM0014 (As metodologias de grande escala – AM0013 e AM0022 – foram consolidadas na ACM0014) e AM0080, bem como as metodologias de pequena escala AMS-III.H., AMS-III.I. e AMS-III.Y. são aplicáveis a projetos de redução de emissão de metano proveniente de tratamentos de efluentes industriais e domésticos. A definição dos projetos de redução de emissões aplicáveis ao tratamento de efluentes depende do tratamento utilizado na linha de base. As 2 linhas de base mais prováveis no tratamento de efluentes são o tratamento aeróbio dos efluentes (sem geração de metano), e o tratamento anaeróbio (com geração de metano). Para cada linha de base, foram identificados projetos aplicáveis, que podem ser vistos na Figura 0-2 abaixo. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 200 Figura 0-2 – Tipos de Projetos de Redução de Emissões para Tratamento de Efluentes Indústria LB Tratametno aeróbio Projeto Instalação de reator anaeróbio Substituição para tratamento aeróbio Indústrias de X Tratamento anaeróbio Captura do biogás e geração de energia térmica (substituição de GN) Captura do biogás e geração de energia elétrica (substituição de eletricidade comprada) Captura do biogás e geração de energia térmica (substituição de GN) Captura do biogás e geração de energia elétrica (substituição de eletricidade comprada) Para sites em que a linha de base é o tratamento aeróbio (sem geração de metano), os projetos podem ser a instalação de reator anaeróbio, com captura do biogás para geração de energia térmica e/ou elétrica. Para sites em que a linha de base é o tratamento anaeróbio (com geração de metano), os projetos podem ser de substituição para tratamento aeróbio, captura do biogás e geração de energia térmica ou captura do biogás para geração de energia elétrica. Em casos que o projeto envolve sistemas de tratamento anaeróbio, a redução de emissões ocorre devido à destruição do metano coletado e/ou pelo aproveitamento energético do biogás (em substituição da fonte geradora de energia – por exemplo, eletricidade do Sistema Interligado Nacional e consumo combustível fósseis para geração de energia térmica). Já em projetos envolvendo sistemas aeróbios, a redução de emissão de GEE ocorre pela redução na geração de metano. De acordo com o Segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa, os setores produtivos que geram grandes quantidades de efluentes com alta carga orgânica são: álcool, açúcar, cerveja, leite cru, algodão, papel, suínos, leite pasteurizado, aves e bovinos. Foram analisados projetos de tratamento de efluentes industriais para setores de álcool, açúcar e papel e para suínos, aves e bovinos (ver seção a respeito de dejetos animais). Também foram analisados projetos para tratamento de esgoto. Os demais setores produtivos não foram contemplados pela falta de dados disponíveis. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 201 Tratamento de Efluentes do Setor Sucroalcooleiro O projeto em questão aplica-se a todas as usinas de açúcar e/ou álcool que não possuem biodigestores com aproveitamento energético do gás capturado. Foram selecionadas todas as usinas sucroalcooleiras da Região Centro-Sul e sua produção de açúcar e álcool, obtidos através do produto "Ranking de produção – cana, açúcar e álcool" da ÚNICA, para safra de 2007/200870, e o total de açúcar e cana produzidos no Brasil para mesma safra. Foram calculados 2 tipos de projetos relacionados a linha de base sendo degradação aeróbia, conforme apresentado na Figura 0-2. Dos dois projetos analisados, apenas o projeto de instalação de biodigestor e captura do biogás para geração de energia térmica com substituição de gás natural apresentou redução de emissões. O projeto para geração de eletricidade aumentou as emissões do projeto, devido às fugas do biodigestor. Portanto, apenas o primeiro projeto será apresentado. Avaliação Técnica– Linha de base aeróbico com projeto de captura de biogás para geração de energia térmica com substituição de gás natural – Cenário 1 O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas apresentadas na Tabela 0-4 e dos parâmetros apresentados na Tabela 0-5 e Tabela 0-6. Tabela 0-4 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da Linha de Base ELB = Etrat.LB + EGN Etrat.LB *t CO₂e/ano+ = ( Petanol [m3/ano] x Detanol [t/m3] x DBOetanol [kg DBO/t] + Paçúcar [t/ano] x DBOaçúcar [kg DBO/t] ) x B0 *kg CH₄/kg DBO] x MCFbaseline [adimensional]/1000 [kg CH₄/t CH₄+ x GWPCH₄ *t CH₄/t CO₂e+ EGN *t CO₂e/ano+ = ( Petanol [m3/ano] x Detanol [t/m3] x DBOetanol [kg DBO/t] + Paçúcar [t/ano] x DBOaçúcar [kg DBO/t] ) x B0 *kg CH₄/kg DBO] x MCFprojeto [adimensional]/1000 [kg CH₄/t CH₄+ x EFcoleta [fração]/DCH₄ *t CH₄/m3 CH₄+ x PC metano [GJ/m3 CH₄+ x FEgás natural *t CO₂e/GJ] Emissões do Projeto EPR = Efugas trat. Efugas trat. *t CO₂e/ano] = ( Petanol [m3/ano] x Detanol [t/m3] x DBOetanol [kg DBO/t] + Paçúcar [t/ano] x DBOaçúcar [kg DBO/t] ) x B0 *kg CH₄/kg DBO+ x MCFprojeto [adimensional]/1000 [kg CH₄/t CH₄+ x (1 – EFcoleta *fração+) x GWPCH₄ *t CH₄/t CO₂e+ Redução de Emissão RE = ELB – EPR Tabela 0-5 – Parâmetros de Cálculo Parâmetro B0 70 Descrição Capacidade M xima de Produção de CH₄ (Bo) kg CH₄ por kg DQO kg CH₄ por kg DBO Fonte 0,25 0,6 2 As empresas na região Centro-Sul representaram 88,7% da produção nacional na safra 07/08. Também foi calculado para a Usina Boa Vista, da empresa São Martinho, com dados de produção da safra 2008/2009. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 202 Tabela 0-6 – Parâmetros de Cálculo Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte 21 tCO₂e/tCH₄ 10 Densidade de metano (à temperatura de 20 graus e 1 atm pressão) 0,00067 t CH₄ /m3 CH₄ 6 Detanol Densidade do etanol 0,8025 t etanol/m3 etanol 11 MCFBaseline Fator de conversão de metano – Centralizado, planta de tratamento aeróbio – Bem manejado 0 - 2 MCFProjeto 1 e 2 Fator de conversão de metano anual – Reator anaeróbio 0,8 - 2 B0 Potencial máximo de produção de metano 0,6 kg CH₄/kg DBO 2 EFColeta Eficiência de coleta do equipamento de recuperação do biogás 0,9 - 7 PCmetano Poder calorífico do metano 0,036 GJ/m3 CH₄ 8 FEelet. Fator de emissão da eletricidade do sistema interligado 0,163 tCO₂e/MWh 12 EFelet. Eficiência da geração de eletricidade 30% - 14 FEgás natural Fator de emissão do gás natural 0,056 tCO₂e/GJ 5 DBOálcool Fator de geração de DBO por tonelada de Álcool 220 kg DBO/t álcool 4 DBOaçúcar Fator de geração de DBO por tonelada de Açúcar 200 kg DBO/t açúcar 3 Valor 1 do CER 5 US$/t CO₂e 13 Valor 2 do CER 10 US$/t CO₂e 13 GWPCH₄ Potencial de Aquecimento Global para o metano DCH₄ Custo do investimento US$ Eletricidade 3,6 GJ/MWh 15 Fontes: 1 ÚNICA. "Ranking de produção – cana, açúcar e álcool". Disponível em www.unica.com.br/userFiles/estatisticas/ranking%201.xls. 2 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 5. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 3 CETESB (1984) apud Salvador (1991) em Segundo Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas de Gases De Efeito Estufa – Emissões de Gases de Efeito Estufa no Tratamento e Disposição de Resíduos – Ministério da Ciência e Tecnologia 2010. 4 WHO (1982) apud Salvador (1991) em Segundo Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas de Gases De Efeito Estufa – Emissões de Gases De Efeito Estufa no Tratamento e Disposição de Resíduos – Ministério da Ciência e Tecnologia 2010. 5 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 6 Metodologia ACM0010. 7 Valor default – Metodologia AMS-III.H. Disponível em http://cdm. unfccc.int/UserManagement/FileStorage/M7LYODQGTW5EBSCAUX3K2H4P06ZI8F 8 Projeto 2548 – Gramacho Landfill Gas Project. 9 São Martinho. Disponível em www.mzweb.com.br/saomartinho2009/web /conteudo_pti.asp?conta=45&id=76942&tipo=28780&idioma=0. 10 Valor para primeiro período de compromisso. 11 Balanço energético Nacional 2009 (BEN 2009). 12 Ministério da Ciência e Tecnologia, Fatores de Emissão de CO₂ de acordo com a ferramenta metodológica aprovada pelo Conselho Executivo do MDL, 2009. Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view/303076.html#ancora. 13 Default ICF&FIDES. 14 Premissa. 15 AM0087 Approved baseline and monitoring methodology AM0087 Construction of a new natural gas power plant supplying electricity to the grid or a single consumer” Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial replicação desse projeto – tratamento de efluentes do setor sucroalcooleiro (tratamento na linha de base aeróbio, com projeto de captura de biogás para geração de energia térmica com substituição de gás natural) – no Brasil, contemplando a o número de possíveis sites identificados para a implementação desse tipo de projeto, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados na Tabela 0-7 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas as metodologias de MDL citadas para o esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 203 Tabela 0-7 – Resultado do Projeto de Tratamento de Efluentes na indústria sucroalcooleira: Linha de base aeróbica com projeto de captura de biogás para geração de energia térmica com substituição de gás natural Descrição Valor Unidade 0,0003 tCO₂e/(kg DBO71 x ano) Redução de Emissão anual 2.516.038,5 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 25.160.384,8 tCO₂e 282 Unidades Fator de redução de emissão anual Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Contribuição à matriz energética Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 89.221 tCO₂e 0 MWh/ano 251 Milhões US$ Investimento total n/a Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Tratamento de Efluentes do Setor de Papel O projeto em questão aplica-se a todas as indústrias de papel que não possuem biodigestores com aproveitamento energético do gás capturado. Foram selecionadas todas as empresas de papel por estado72, dado obtido através do Relatório Anual 2008/2009 da Bracelpa, junto com os dados de produção desagregado por empresa por estado73. No total, identificaram-se as empresas responsáveis por 96% da produção nacional de papel. Foram calculados 5 tipos de projetos, em função de duas linhas de base, conforme Figura 0-2. Para linha de base sendo tratamento aeróbio, dos dois projetos analisados, o projeto de instalação de biodigestor e captura do biogás para geração de energia térmica com substituição de gás natural apresentou redução de emissões consideravelmente maior que o projeto para geração de eletricidade. Serão apresentados os resultados do projeto de geração de energia térmica. Para linha de base sendo tratamento anaeróbio, o projeto de substituição de gás natural apresentou a maior redução de emissão, seguindo pelo projeto de substituição para tratamento aeróbio, sendo o projeto de captura do biogás para geração de eletricidade a menor redução de emissão. Porém, esse último contribui para matriz energética. Portanto, serão apresentados os resultados do projeto de captura do biogás para geração de eletricidade. Avaliação Técnica – Cenário 1: Linha de base aeróbico com projeto de captura de biogás para geração de energia térmica com substituição de gás natural O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas expostas na Tabela 0-8 e dos parâmetros descritos na Tabela 0-9, Tabela 0-10 e na Tabela 0-11. Tabela 0-8 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da Linha de Base ELB = Etrat.LB + Egás natural Etrat.LB *t CO₂e/ano+ = Ppapel [t/ano] x Fat. Geração DBO [kg DBO/t] x B0 *kg CH₄/kg DBO+ x MCFbaseline [adimensional]/1000 *kg CH₄/t CH₄+ x GWPCH₄ *t CH₄/t CO₂e+ Egás natural *t CO₂e/ano+ = Ppapel [t/ano] x Fat. Geração DBO [kg DBO/t] x B0 *kg CH₄/kg DBO+ x MCFprojeto [adimensional] x EFcoleta [fração]/DCH₄ *t CH₄/m3 CH₄+ x PC metano [GJ/m3 CH₄+ x FEgás natural *t CO₂e/GJ+ Emissões do Projeto EPR = Efugas trat. Efugas trat. *t CO₂e/ano+ = Ppapel [t/ano] x Fat. Geração DBO [kg DBO/t] x B0 *kg CH₄/kg DBO+ x MCFprojeto [adimensional] x (1 – EFcoleta *fração+) x GWPCH₄ *t CH₄/t CO₂e+ Redução de Emissão RE = ELB – EPR 71 1 tonelada de açúcar gera aproximadamente 200 kg DBO. 1 tonelada de etanol gera aproximadamente 220 kg DBO. Foi considerado apenas 1 projeto por empresa por estado. No caso de empresas com mais de uma fábrica por estado, essas foram agregadas, contabilizando 1 projeto com a produção de todas as fábricas da empresa no estado. 73 A produção nacional foi obtida em Bracelpa, "Relatório Anual 2008/2009" assim como a produção das empresas Para as Empresas Klabin SA, Suzano, International Paper, Votorantim Celulose e Papel, Rigesa, Orsa, Santher, Stora Enso, Trombini, Norske, MD Papéis, Celulose Irani AS, Inpa e Ahlstrom. A produção específica às demais empresas foi estimada. A estimativa de produção foi calculada multiplicando-se a capacidade nominal por um fator de utilização obtido a partir da média de utilização das empresas citadas anteriormente. 72 PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 204 Tabela 0-9 – Parâmetros de Cálculo Parâmetro Setor Produtivo Fator de geração de DBO Unidade Fonte Fator de geração de DBO Papel 8 kg DBO/t 4 Tabela 0-10 – Parâmetros de Cálculo Parâmetro Descrição kg CH₄ por kg DQO kg CH₄ por kg DBO Fonte B0 Capacidade M xima de Produção de CH₄ (Bo) 0,25 0,6 2 Tabela 0-11 – Parâmetros de Cálculo Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte 21 tCO₂e/tCH₄ IPCC 2006 0,00067 t CH₄ /m3 CH₄ 6 0 - 2 Fator de conversão de metano anual – Centralizado, planta de tratamento aeróbio – sobrecarregado 0,8 - 2 MCFProjeto Fator de conversão de metano anual – Reator anaeróbio 0,8 - 2 B0 Potencial máximo de produção de metano 0,6 kg CH₄/kg DBO IPCC 2006 EFColeta Eficiência de coleta do equipamento de recuperação do biogás 0,9 - 7 PCmetano Poder calorífico do metano 0,036 GJ/m3 CH₄ 8 FEelet. Fator de emissão da eletricidade do sistema interligado 0,163 tCO₂e/MWh 9 EFelet. Eficiência da geração de eletricidade 30% - 10 FEgás natural Fator de emissão do gás natural 0,056 tCO₂e/GJ 5 3,6 GJ/MWh Valor 1 do CER 5 US$ 11 Valor 2 do CER 10 US$ 11 GWPCH₄ Potencial de aquecimento global para o metano DCH₄ Densidade de metano (à temperatura de 20 graus e 1 atm pressão) MCFBaseline1 Fator de conversão de metano – Centralizado, planta de tratamento aeróbio – Bem manejado MCFBaseline2 Eletricidade Fontes: 1 BRACELPA. "Relatório Anual 2008/2009". Disponível em www.bracelpa.org.br/bra/estatisticas/pdf/anual/rel2008.pdf. 2 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 5. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 3 Segundo Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas de Gases De Efeito Estufa – Emissões de Gases De Efeito Estufa no Tratamento e Disposição de Resíduos – Ministério da Ciência e Tecnologia 2010. 4 WHO (1982) apud Salvador (1991) em Segundo Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas de Gases De Efeito Estufa – Emissões de Gases De Efeito Estufa no Tratamento e Disposição de Resíduos – Ministério da Ciência e Tecnologia 2010. 5 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 6 ACM0010. 7 Valor default – Metodologia AMS-III.H. 8 Projeto 2548 – Gramacho Landfill Gas Project. 9 Ministério da Ciência e Tecnologia, Fatores de Emissão de CO₂ de acordo com a ferramenta metodológica aprovada pelo Conselho Executivo do MDL, 2009. Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view/303076.html#ancora. 10 Assumido. 11 Default ICF&FIDES. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial replicação desse projeto – tratamento de efluentes do setor de papel (tratamento na linha de base aeróbio, com projeto de captura de biogás para geração de energia térmica com substituição de gás natural) – no Brasil, contemplando a o número de possíveis sites identificados para a implementação desse tipo de projeto, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Vale ressaltar que os resultados dos projetos para tratamento de efluentes da indústria de papel não podem ser somados. Os resultados apresentados na Tabela 0-12 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas as metodologias de MDL citadas para o esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 205 Tabela 0-12 – Resultado do Projeto de Tratamento de Efluentes na indústria de papel: Linha de base aeróbica com projeto de captura de biogás para geração de energia térmica com substituição de gás natural Descrição Valor Unidade Fator de redução de emissão anual 0,0103 tCO₂e/(kg DBO74 x ano) Redução de Emissão anual 91.201,8 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 912.017,9 tCO₂e Número de projetos 120 Unidades Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 7.600,1 tCO₂e Contribuição à matriz energética 0 MWh/ano Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 9,1 Milhões US$ Custo do Investimento 60 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Avaliação Técnica – Cenário 2: Linha de base anaeróbico com projeto de captura de biogás para geração de energia elétrica com substituição de eletricidade comprada O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas expostas na Tabela 0-13 e dos parâmetros descritos na Tabela 0-14, Tabela 0-15 e na Tabela 0-16. Tabela 0-13 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da Linha de Base ELB = Etrat.LB + Eelet. Etrat.LB *t CO₂e/ano+ = Ppapel [t/ano] x Fat. Geração DBO [kg DBO/t] x B0 *kg CH₄/kg DBO+ x MCFbaseline [adimensional]/1000 [kg CH₄/t CH₄+ x GWPCH₄ *t CH₄/t CO₂e+ Eelet. *t CO₂e/ano+ = Ppapel [t/ano] x Fat. Geração DBO [kg DBO/t] x B0 *kg CH₄/kg DBO+ x MCFprojeto [adimensional] x EFcoleta [fração]/DCH₄ *t CH₄/m3 CH₄+ x PC metano [GJ/m3 CH₄+/[GJ/MWh] x FEelet. *t CO₂e /MWh+ Emissões do Projeto EPR = Efugas trat. Efugas trat. *t CO₂e/ano+ = Ppapel [t/ano] x Fat. Geração DBO [kg DBO/t] x B0 *kg CH₄/kg DBO+ x MCFprojeto [adimensional] x (1 – EFcoleta *fração+) x GWPCH₄ *t CH₄/t CO₂e+ Redução de Emissão RE = ELB – EPR Tabela 0-14 – Parâmetros de Cálculo Parâmetro Setor Produtivo Fator de geração de DBO Unidade Fonte Fator de geração de DBO Papel 8 kg DBO/t 4 Tabela 0-15 – Parâmetros de Cálculo Parâmetro B0 Descrição kg CH₄ por kg DQO kg CH₄ por kg DBO Fonte 0,25 0,6 2 Capacidade M xima de Produção de CH₄ (Bo) Tabela 0-16 – Parâmetros de Cálculo Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte 21 tCO₂e/tCH₄ IPCC 2006 0,00067 t CH₄ /m3 CH₄ 6 0,8 - 2 Fator de conversão de metano anual – Reator anaeróbio 0,8 - 2 B0 Potencial máximo de produção de metano 0,6 kg CH₄/kg DBO IPCC 2006 EFColeta Eficiência de coleta do equipamento de recuperação do biogás 0,9 - 7 PCmetano Poder calorífico do metano 0,036 GJ/m3 CH₄ 8 FEelet. Fator de emissão da eletricidade do sistema interligado 0,163 tCO₂e/MWh 9 EFelet. Eficiência da geração de eletricidade 30% - 10 FEgás natural Fator de emissão do gás natural 0,056 tCO₂e/GJ 5 3,6 GJ/MWh Valor 1 do CER 5 US$ 11 Valor 2 do CER 10 US$ 11 GWPCH₄ Potencial de aquecimento global para o metano DCH₄ Densidade de metano (à temperatura de 20 graus e 1 atm pressão) MCFBaseline Fator de conversão de metano anual – Centralizado, planta de tratamento aeróbio – sobrecarregado MCFProjeto Eletricidade 74 1 tonelada de açúcar gera aproximadamente 200 kg DBO. 1 tonelada de etanol gera aproximadamente 220 kg DBO. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 206 Fontes: 1 BRACELPA. "Relatório Anual 2008/2009". Disponível em www.bracelpa.org.br/bra/estatisticas/pdf/anual/rel2008.pdf 2 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 5. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 3 Segundo Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas de Gases De Efeito Estufa – Emissões de Gases de Efeito Estufa no Tratamento e Disposição de Resíduos – Ministério da Ciência e Tecnologia 2010. 4 WHO (1982) apud Salvador (1991) em Segundo Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas de Gases De Efeito Estufa – Emissões de Gases de Efeito Estufa no Tratamento e Disposição de Resíduos – Ministério da Ciência e Tecnologia 2010. 5 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 6 ACM0010. 7 Valor default – Metodologia AMS-III.H. 8 Projeto 2548 – Gramacho Landfill Gas Project. 9 Ministério da Ci ncia e Tecnologia, Fatores de Emissão de CO₂ de acordo com a ferramenta metodológica aprovada pelo Conselho Executivo do MDL, 2009. Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view/303076.html#ancora 10 Assumido. 11 Default ICF&FIDES. Resultados consolidados do Inventário de oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial replicação desse projeto – tratamento de efluentes do setor de papel (tratamento na linha de base anaeróbio, com projeto de captura de biogás para geração de energia elétrica com substituição de eletricidade comprada) – no Brasil, contemplando a o número de possíveis sites identificados para a implementação desse tipo de projeto, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Vale ressaltar que os resultados dos projetos para tratamento de efluentes da indústria de papel não podem ser somados. Os resultados apresentados na Tabela 0-17 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas as metodologias de MDL citadas para o esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-17 – Resultado do Projeto de Tratamento de Efluentes na indústria de papel: Linha de base anaeróbica com projeto de captura de biogás para geração de energia elétrica com substituição de eletricidade comprada Descrição Fator de redução de emissão anual Redução de Emissão anual Redução de Emissão em 10 anos Número de projetos Valor Unidade 0,0751 tCO₂e/(kg DBO tratada x ano) 662.248,3 tCO₂e/ano 6.622.483,1 tCO₂e 120* unidades Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 55.187,4 tCO₂e Contribuição à matriz energética 55.187,4 MWh/ano 66,2 Milhões US$ 60 Milhões US$ Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Tratamento de Esgoto O projeto em questão aplica-se a todas as prestadoras de serviços de esgoto que possuem ETEs com sistemas de tratamento que não sejam reatores anaeróbios com recuperação de biogás para geração de energia. Foram selecionadas todas as prestadoras de serviços de esgoto cadastradas no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, foram separadas por municípios em que atuam e associadas ao volume tratado. Para determinação da linha de base de cada prestadora, utilizaram-se dados dos tratamentos utilizados em cada estado, segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008. O projeto consiste no tratamento de esgoto com reatores anaeróbios com captura do biogás e utilização desse para geração de eletricidade. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 207 Avaliação Técnica O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas expostas na Tabela 0-18 e dos parâmetros descritos na Tabela 0-19. Tabela 0-18 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da Linha de Base ELB = Etrat.LB + Eelet Etrat.LB *t CO₂e/ano+ = V.esgano [m3esg/ano] x DBOhab.dia [kg DBO/hab.dia]x 106 [L/m3]/(Cons.aghab [L agua/(hab.dia)] x Esg.ag [L esg/L agua]) x B0 *kg CH₄/kg DBO+ x MCFBL [adimensional]/1000 *kg CH₄/t CH₄+ x GWPCH₄ *t CO₂e/t CH₄+ Eelet *t CO₂e/ano+ = V.esgano [m3esg/ano] x DBOhab.dia [kg DBO/hab.dia]x 106 [L/m3]/(Cons.aghab [L agua/(hab.dia)] x Esg.ag [L esg/L agua]) x B0 *kg CH₄/kg DBO+ x MCFprojeto [adimensional]/1000 *kg CH₄/t CH₄+ x EFcoleta [fração]/DCH₄ *t CH₄/m3 CH₄+ x PC metano [GJ/m3 CH₄+ x FEelet *t CO₂e/GJ+ Emissões do Projeto EPR = Efugas trat. Efugas trat. *t CO₂e/ano+ = V.esgano [m3esg/ano] x DBOhab.dia [kg DBO/hab.dia]x 106 [L/m3]/(Cons.aghab [L agua/(hab.dia)] x Esg.ag [L esg/L agua]) x B0 *kg CH₄/kg DBO+ x MCFprojeto [adimensional]/1000 *kg CH₄/t CH₄+ x (1 – EFcoleta [fração]) x GWPCH₄ *t CO₂e/t CH₄+ Redução de Emissão RE = ELB – EPR Tabela 0-19 – Parâmetros de Cálculo Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte 21 tCO₂e/tCH₄ 11 0,00067 t CH₄ /m3 CH₄ 6 Potencial máximo de produção de metano 0,6 kg CH₄/kg DBO 2 MCFPR Fator de correção do metano no projeto 0,8 EFColeta Eficiência de coleta do equipamento de recuperação do biogás 0,9 - 7 PCmetano Poder calorífico do metano 0,036 GJ/m3 CH₄ 8 FEelet. Fator de emissão da eletricidade do sistema interligado 0,16 tCO₂/MWh 9 EFelet. Eficiência da geração de eletricidade 30% - 5 B0 Capacidade M xima de Produção de CH₄ (Bo) 0,6 kg CH₄ por kg DBO 2 EFrem Eficiência de remoção de DBO com o reator anaeróbio 0,7 - 2 EFdest Eficiência na linha de base da destruição do biogás capturado 0,5 - 3 Cons.aghab Consumo de água por habitante 180 L/(hab.dia) 5 Esg.ag Relação entre consumo de água e geração de esgoto 0,8 L Esgoto/L Água 3 DBOhab.dia Geração de DBO por habitante 0,054 kg DBO/(hab.dia) 12 Eletricidade 3,6 GJ/MWh 4 Custo 40 R$/hab 5 2,00 R$/US$ 13 Valor 1 do CER 5 US$ 10 Valor 2 do CER 10 US$ 10 GWPCH₄ Potencial de Aquecimento Global para o metano DCH₄ Densidade de metano (à temperatura de 20 graus e 1 atm pressão) B0 Conversão de Dólar para Real – ano base 2009 2 Fontes: 1 SNIS – Sistema de Nacional de Informações Sobre Saneamento – Prestadoras de serviço de esgoto cadastradas, por município. 2 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 3 Segundo Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas de Gases De Efeito Estufa – Relatórios de Referência – Emissões de Gases de Efeito Estufa no Tratamento e Disposição de Resíduos – Ministério da Ciência e Tecnologia 2010. 4 AM0087 Approved baseline and monitoring methodology AM0087 Construction of a new natural gas power plant supplying electricity to the grid or a single consumer”. 5 Premissa- ICF&FIDES. Valor Unidade n /a 75 tCO₂e/(kg DBO tratada x ano) Redução de Emissão anual 2.372.417 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 23.724.173 tCO₂e 1.138* unidades 20.847 tCO₂e/projeto Fator de redução de emissão anual Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Contribuição à matriz energética Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 1.335.373 MWh/ano 237,2 Milhões US$ Custo do Investimento 1.010 Milhões US$ 6 ACM0010. *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. 75 O fator de redução de emissão vai depender da linha de base. Como foram consideradas diferentes linhas de base por estado, não é possível determinar um fator de redução genérico. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 208 Barreiras Substituição de Tratamento Anaeróbio por Tratamento Aeróbio Esse tipo de projeto enfrenta barreiras de investimento e tecnológicas. Em relação às barreiras de investimento, a instalação de aeradores requer altos investimentos, além de haver custos operacionais durante todo o tempo de vida do projeto, em função da eletricidade adicional que será demandada e da maior geração de lodo. Além disso, a mudança no sistema de tratamento não gera nenhum tipo de retorno financeiro ou econômico, não sendo, portanto, de interesse direto dos possíveis desenvolvedores da atividade de projeto. A única receita é oriunda da venda dos créditos obtidos com a redução de emissões. Em termos de barreiras tecnológicas, a construção de um novo sistema de tratamento de efluente envolve, por exemplo, a instalação de aeradores, de um sistema de lodos ativados, de decantadores e a alteração e destruição de lagoas para que se faça a alteração do tipo de tratamento. Esse tipo de trabalho não faz parte do negócio principal das empresas desenvolvedoras dos projetos, e uma construção desse tipo poderia afetar as suas atividades de rotina. Além disso, seria necessário haver um treinamento dos funcionários para trabalhar com novos equipamentos e com a nova tecnologia. Atualmente, não há exigências legais para redução de emissões de GEE nas indústrias geradoras de efluentes com alta carga orgânica. Dessa forma, o empreendedor não é obrigado nem a destruir o biogás gerado nem a deixar de gerá-lo. Captura do Biogás Gerado no Tratamento Anaeróbio As barreiras de investimento e tecnológicas mencionadas na substituição de tratamento anaeróbio por tratamento aeróbio também são aplicáveis. Além disso, para a captura do biogás com biodigestores também é exigido um alto custo de investimento. Em relação à captura do metano e à sua destruição em flares, a ausência de exigências legais faz com que tal opção não seja interessante para o empreendedor sem que haja um retorno financeiro a partir da obtenção de créditos de carbono. Ademais, o fato de não haver projetos desse tipo no Brasil faz com que haja barreiras tecnológicas. Tratamento Térmico de Resíduos A metodologia de grande escala – AM0025 – e as metodologias de pequena escala – AMS-II.I.E. e AMSIII.L. – se aplicam a projetos de redução de emissões de GEE a partir de tratamentos alternativos de resíduos orgânicos ou de biomassa, no caso, tratamento térmico de RSU. Esse tipo de projeto se enquadra na categoria metano evitado, pois o resíduo que seria destinado a aterros – em que ocorreriam emissões de metano – será destinado a unidades de tratamento e deixará de emitir metano. As emissões do projeto estão relacionadas ao transporte adicional do RSU, ao consumo de combustível fóssil na unidade, a queima de resíduos contendo carbono de origem fóssil (plástico e borracha) e às emissões de metano e óxido nitroso da combustão da biomassa. Com o calor gerado pelo projeto, é possível gerar energia elétrica, podendo exportar eletricidade para o Sistema Interligado. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 209 Incineração de Resíduos Sólidos Urbanos Para definir os locais em que o projeto pode ser aplicado, determinou-se a menor quantidade de resíduos que uma unidade de tratamento pode receber76. Foi considerada a projeção de população urbana por município para 2010, fornecida pela CETESB77, e a quantidade de resíduo coletada por habitante, por estado, segundo a ABRELPE 2008. Considerou-se que, para os locais em que haverá unidades de tratamento, 40% dos resíduos coletados serão destinados às unidades, e 60% continuarão a ser destinados para o local atual (por exemplo, aterros). Foram selecionados os municípios em que 40% do resíduo coletado corresponde a mais de 150 toneladas/dia. Pela Política Nacional de Resíduos Sólidos de 2 de agosto de 2010, são estimuladas soluções para resíduos sólidos consorciadas ou compartilhadas entre 2 ou mais municípios. Por esse motivo, os municípios que não se enquadraram nesse critério foram separados por microrregiões, e adotou-se o mesmo critério de quantidade de resíduos coletado para seleção das microrregiões aplicáveis. Abaixo encontra-se um exemplo prático de um projeto de MDL de incineração de RSU elaborado no Rio de Janeiro. PROJETO MODELO: INCINERAÇÃO DE RSU NO RIO DE JANEIRO O projeto USINAVERDE, no Rio de Janeiro, pretende utilizar resíduos sólidos urbanos em processo de incineração, por meio da Mineralização de Resíduos Orgânicos e Neutralização por Processo de Lavagem em circuito fechado. Dessa forma, o projeto reduz a quantidade de resíduos a serem dispostos em aterro, que gerariam emissões de metano devido à sua decomposição anaeróbia. O sistema será capaz de gerar energia para autoconsumo pela implantação do sistema de geração. Essa atividade de projeto é possível por meio da construção de uma planta protótipo chamada Centro Tecnológico USINAVERDE, que consumirá 30 toneladas diárias de lixo (quantidade de lixo gerado equivalente ao de uma cidade com cerca de 50,000 habitantes), que, devido a limitação da dimensão do forno e a inexistência de oferta de turbo-geradores de pequenas dimensões por fabricantes nacionais desse tipo de equipamento, a planta protótipo USINAVERDE poderá suprir uma planta termoelétrica com capacidade máxima de geração de energia de 440 kW. Esse projeto utiliza tecnologia que contribui para aumentar a oferta de energia de fonte renovável, uma vez que parte da matéria-prima é oriunda de biomassa cultivada. A tabela abaixo apresenta as emissões da linha de base, do projeto e a redução de emissões: Quadro 0-2 – Emissões de Linha de Base Ano 2005 Emissões da Emissões do Emissões Linha de Base Projeto (tCO₂e) Evitadas (tCO₂e) (tCO₂e) 4,121,25 2,132,23 1,989,05 Avaliação Técnica O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas expostas na Tabela 0-20 e dos parâmetros descritos na Tabela 0-21, Tabela 0-22, Tabela 0-23 e Tabela 0-24. Tabela 0-20 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da Linha de Base ELB = Eaterro + Ereciclado + Eelet Eaterro = ∑(W x MCF x DOCf x DOC% x F x 16/12 – R)(1-OX) x GWPCH₄ Ereciclado = W x (%metal x ENconc.metal + %vidro x ENconc.vidro) x FEelet. Eelet = W x GEelet X FEeletricidade do SI Emissões do Projeto EPR = Eincineração + EGLP + Ecomb + Etransp Eincineração = W x %plástico+borracha x FEplastico+borracha EGLP = W x %Wprocessado x CGLP x FEGLP Ecomb = W x %Wbiomassa x Ebiomassa (CH₄comb x GWPCH₄ + N₂Ocomb x GWPN₂O)/106 Redução de Emissão RE = EPR – ELB 76 Adotou-se como quantidade mínima de resíduos a capacidade de tratamento de 1 módulo comercial do fabricante USINAVERDE, sendo 150 toneladas de resíduo por dia. 77 João Wagner Silva Alves. Projeção realizada para Estudo de Baixo Carbono para o Brasil. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 210 Tabela 0-21 – Parâmetros de Cálculo Tipo de resíduo DOC%10 40% 24% 20% 15% 43% 0% % no aterro 0,16 0,02 0,01 0,54 0,00 0,27 Papel Têxtil Resíduos de jardim e parques Alimento Madeira Inertes Tabela 0-22 – Gravimetria do Lixo Gravimetria do Lixo9 Tipo do Resíduo % (base úmida) 16,08% 20,31% 2,84% 53,63% 1,74% 1,09% 1,26% 0,34% 0,23% 1,75% 0,18% 0,01% 0,40% 0,01% Papel Plástico Vidro Material Orgânico Metal Inertes folhas madeira borracha pano couro osso coco parafina Tabela 0-23 – Energia Conservada por Material Reciclado Energia conservada (MWh/ton) – ENconc11 Material Metal 5,3 Vidro 0,64 Papel 3,51 Plástico 5,06 Tabela 0-24 – Parâmetros de Cálculo Parâmetro Descrição E aterro Emissões de metano devido a disposição de resíduos em aterros Emissões de energia elétrica evitadas pela reciclagem dos materiais separados na Ereciclado triagem Eelet Emissões de energia elétrica evitadas pela geração de energia no projeto Eincineração Emissões devido a incineração de plástico e borracha EGLP Emissões devido ao uso de GLP Ecomb Emissões devido a combustão de biomassa Etransp Emissões devido o transporte adicional dos resíduos R Fração de metano capturado no aterro e queimado, na LB GWPCH₄ Potencial de aquecimento global do metano OX F 16/12 DOCf Fator de oxidação Fração de metano no biogás Razão de conversão de carbono (C) para metano (CH₄) Fração do carbono orgânico degradável (DOC) que decompõe W Quantidade de resíduo MCF DCH₄ GEelet. FEeletricidade do SI Fator de correção de metano Densidade de metano Geração de energia elétrica exportável Fator de emissão da eletricidade do sistema interligado Operação do sistema Valor 1 do CER Valor 2 do CER Custo por tonelada de resíduo Taxa de conversão de Real para Dólar em 2007 Consumo do combustível GLP Quantidade do resíduo coletado que é destinado a usina de tratamento CGLP Valor 541,62 Unidade tCH₄/t resíduo/ano Fonte Calculado 6,45 tCO₂/t resíduo/ano Calculado 0,07 212,06 8,40 16,00 0 0 tCO₂/t resíduo tCO₂/t resíduo/ano tCO₂/t resíduo/ano tCO₂e/t resíduo/ano tCO₂e Calculado Calculado Calculado Calculado 7 14 valor para o primeiro período de compromisso. 2 2 2 2 21 tCO₂e/tCH₄ 0,1 0,5 1,33 0,77 Dado de Entrada 1 0,0007168 0,42 0,160 8160 5 10 R$161.074 1,947 8 40% [adimensional] [adimensional] [adimensional] tCH₄/m3 CH₄ MWh/t lixo processado tCO₂e/MWh horas operação/ano US$/t CO₂e US$/t CO₂e R$/(t resíduo/dia) R$/US$ kg GLP/t resíduo tratado [adimensional] 2 6 13 5 Calculado com base em 13 Default ICF&FIDES Default ICF&FIDES 17 16 3 15 LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 211 Parâmetro FEplastico+borracha FEGLP %Wprocessado %Wbiomassa Descrição Coeficiente de emissão do plástico e borracha Fator de emissão do GLP Quantidade de resíduo processado Quantidade de resíduo de biomassa Ebiomassa Conteúdo energético da biomassa CH₄comb N₂Ocomb Fator de emissão de CH₄ para combustão de biomassa Fator de emissão de N₂O para combustão de biomassa GWPN₂O Potencial de aquecimento global do óxido nitroso Valor 2,8 3,02 95% 71% 0,3 0,004 Unidade tCO₂/tCH2 tCO₂/tGLP % % kJ/kg de biomassa utilizada tCH₄/TJ tN₂O/TJ 310 tCO₂e/tCH₄ 8152,026 Fonte 3 3 3 (estimado) 3 3 valor para o primeiro período de compromisso. Fontes: 1 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 5. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipccnggip.iges.or.jp). – Valor Default. 2 Tool to determine methane emissions avoided from disposal of waste at a solid waste disposal. Disponível em (http: //cdm.unfccc.int/methodologies/PAmethodologies/tools/am-tool-04-v5.pdf). 3 “US NAVERDE: ncineração de resíduos sólidos urbanos, com carga de composição similar ao RDF, evitando emissão de metano e promovendo geração de eletricidade para autoconsumo”. 4 IPCC (2006) em Segundo Inventário Brasileiro. 5 Ministério da Ci ncia e Tecnologia, Fatores de Emissão de CO₂ de acordo com a ferramenta metodológica aprovada pelo Conselho Executivo do MDL, 2009. Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view/303076.html#ancora. 6 TIJUQUINHAS LANDFILL SANTA CATARINA, BRAZIL. Disponível em http://cdm.unfccc.int/UserManagement/FileStorage/1NCP8Z4J6KBYMRTXIWFQVEA9HSOLUD. 7 As centrais de incineração de resíduos demandam uma menor área de implementação quando comparados a um aterro. Por esse motivo, essas centrais tendem a ser mais próximas do local em que os resíduos são gerados que os aterros, não havendo transporte adicional. 8 Pesquisa Abrelpe 2009 – tabela 4.1.3.1. 9 COMLURB – Caracterização Gravimétrica e microbiológica dos resíduos sólidos domiciliares – 2009. Disponível em http://comlurb.rio.rj.gov.br/download/caracteriza%C3%A7%C3%A3o%202009.pdf 10 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 4. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipccnggip.iges.or.jp). – Valor Default. 11 Calderoni (1997) em projeto Usinaverde. 12 Alves, João Wagner Silva; de Gouvello, Christophe. Estudo de Baixo Carbono para o Brasil Resíduos, 2010. Banco Mundial & CETESB. 13 Fornecedor de equipamentos. Módulo de 150 ton/dia. Disponível em www.usinaverde.com.br /modulos.php?cod=27EB96E0-9640-1DC8-6D3E-D2799C643CCF. 14 Segundo Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas de Gases de Efeito Estufa – Relatórios de Referência – Emissões de Gaes de efeito estufa no tratamento e disposição de resíduos. CETESB. 15 Premissa. 16 FED. "Economic Research and Data". Disponível em 17 www.federalreserve.gov/datadownload/Download.aspx?rel=H10&series=40a15acb120950674894978e4f 74def9&filetype=spreadsheetml&label=include&layout=seriescolumn&lastObs=120. 18 Philipp Daniel Hauser e Celso Funcia Lemme. "Modelo Financeiro para Avaliação de Projetos de Incineração de Resíduos Sólidos Municipais no Âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo." agosto de 2007. Disponível em www.resol.com.br/textos/rgsa-2007-59[1].pdf Custo obtido para implementação de 1 módulo de 150 toneladas de resíduos por dia. Com um maior número de módulos juntos, os custos por tonelada de resíduos tendem a diminuir. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial replicação desse projeto – incineração de resíduos sólidos urbanos com geração de eletricidade – no Brasil, contemplando a o número de possíveis sites identificados para a implementação desse tipo de projeto, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados na Tabela 0-25 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas as metodologias de MDL citadas para o esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-25 – Resultado do Projeto de Incineração de RSU com geração de eletricidade Descrição Valor Unidade 0,92 tCO₂e/(t RSU x ano) Redução de Emissão anual 15.900.612 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 159.006.118 tCO₂e 119* Municípios/microrregiões Fator de redução de emissão anual Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos Contribuição à matriz energética Contribuição à matriz energética Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento 813.938 tCO₂e 9.115.760 MWh/ano 1.117 MW 1.590,1 Milhões US$ 3.916 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 212 Barreiras Projetos desse tipo no Brasil enfrentam quatro tipos principais de barreiras principais: de investimento, legais, tecnológicas e de prática comum. A começar pelas barreiras de investimento, há uma série de empecilhos para projetos desse tipo pelo fato de que o custo de capital relacionado a unidades de biomassa é muito alto. Essa barreira é considerável, principalmente se forem consideradas as altas taxas de juros aplicadas no Brasil. Vale apontar que não há subsídios diretos ou suporte promocional para a implementação de plantas de energia renovável independentes. Alguns DCPs analisados apontaram que os custos de operação e manutenção para as centrais de biomassa são comparativamente mais baixos, o que aumenta sua atratividade no longo prazo. No entanto, isso ainda é insuficiente para aumentar os retornos do projeto até o nível atingido pelos aterros. Em relação às barreiras legais, a falta de mecanismos legais de cobrança e tributação pode ser apontada como um entrave relevante para o desenvolvimento de projetos desse tipo. Quanto às barreiras tecnológicas, a tecnologia usada nesse tipo de usina normalmente não é brasileira – em muitos casos, é alemã. Portanto, é necessária equipe especializada, assistência técnica estrangeira e importação de peças em caso de dano e/ou manutenção. Esse fato representa um risco à operação contínua da usina. Um problema que exija uma eventual substituição de peças, por exemplo, pode representar um longo período de inatividade. O uso de resíduos de biomassa como combustível também representa uma barreira técnica. Resíduos de biomassa não são homogêneos, demandando esforços adicionais para operação da usina. Muitas vezes, esses vêm de aterros ou depósitos, podendo, portanto, estar contaminados com areia, lama ou outras substâncias que tornem a operação da usina ainda mais difícil. É necessária uma triagem dos resíduos na fase prétratamento, o que aumenta a demanda por mão de obra. Um processo de logística novo também se faz necessário para transporte dos resíduos até a incineradora. Mesmo com o aumento da demanda, a construção de novas usinas, de um modo geral, não é considerada atraente por implicar mudanças e em adaptações significativas no processo da produção e nas atividades dos empregados (por exemplo, medidas de segurança), o que resulta em contratação de equipe especializada e em aumento dos custos. Manejo de Dejetos Animais Os dejetos de animais confinados que são tratados com sistemas anaeróbios geram emissões de gás metano. A metodologias de grande escala ACM001078 e AM0073, bem como as metodologias de pequena escala AMS-III.D. e AMS-III.R. são aplicáveis a projetos envolvendo alteração ou substituição no tratamento dos dejetos que resultem em menos emissões de GEE. Assim como nas iniciativas referentes ao tratamento de efluentes líquidos, a redução de emissão de GEE se dá pela captura do biogás para destruição ou aproveitamento energético, gerando energia elétrica ou térmica. Foram analisados projetos de redução de emissões para bovinos confinados, suínos e aves. Manejo de Dejetos Animais: Bovinos Confinados O projeto de redução de emissões é aplicável para confinamentos bovinos que não possuam biodigestores para o tratamento dos dejetos. A Assocon disponibilizou a relação de cerca de 800 confinamentos bovinos no Brasil, para os quais a redução de emissões foi calculada. Essa lista não faz parte do domínio público e portanto 78 As metodologias de grande escala – AM0006 e AM0016 – foram consolidadas na ACM0010. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 213 não será publicada. Esses confinamentos representam 47% da produção de gado confinado, sendo o total de confinamentos no Brasil igual a 4.049.210. Caso fosse realizada uma abordagem top down, com o número total de bovinos confinados no Brasil retirado do Censo Agropecuário 2006, seria atingido um potencial de redução de emissões anual de até 5.639.168 tCO₂e/ano. Avaliação Técnica O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas expostas na Tabela 0-26 e dos parâmetros descritos na Tabela 0-27. Tabela 0-26 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da Linha de Base ELB = Etrat.LB + Eelet. Etrat.LB *t CO₂e/ano] = MCF [adimensional] x B0 [m3 CH₄/kg VS] x N [unidades] x VS [kg VS/(animal x dia)] x MS [fração] x 365 [dias/ano] x GWPCH₄ *t CO₂e/t CH₄+ x DCH₄ *t CH₄/m3 CH₄+ Eelet. *t CO₂e/ano+ = B0 [m3 CH₄/kg VS] x N [unidades] x VS [kg VS/(animal x dia)] x MS [fração] x 365 [dias/ano] x (1 – LF [fração]) x PCImetano [GJ/m3 CH₄+/[GJ/MWh] x EFelet. x FEelet. [t CO₂e/MWh] Emissões do Projeto EPR = Efugas trat. Efugas trat. *t CO₂e/ano+ = B0 [m3 CH₄/kg VS] x N [unidades] x VS [kg VS/(animal x dia)] x MS [fração] x 365 [dias/ano+ x GWPCH₄ *t CH₄/t CO₂e+ x LF *fração+ x DCH₄ *t CH₄/m3 CH₄+ Redução de Emissão RE = ELB – EPR Tabela 0-27 – Parâmetros de Cálculo Parâmetro Descrição GWPCH₄ Potencial de aquecimento global para o metano DCH₄ Densidade de metano (0,67 Kg/m3 à temperatura de 20 graus e 1 atm pressão) Bo Potencial m ximo de produção de metano dos sólidos vol teis gerados, em m3 CH₄/kg matéria seca, por tipo de animal VS Produção média de sólidos voláteis por animal por dia, mercado N Número de animais para o ano y LF MS MCFPR Fator de conversão de metano para o manejo de dejetos animais (no projeto) PCmetano Poder calorífico do metano FEgás natural Fator de emissão do gás natural FEelet. EFelet. Valor Unidade Fonte 21 tCO₂e/tCH₄ 11 0,00067 t CH₄ /m3 CH₄ 3 0,13 m3 CH₄/kg-dm 5 2,90 kg-dm/animal/dia 5 Dado de Entrada unidades 1e2 Fugas de metano 0,10 fração 6 Fração de esterco manejado no sistema j 100% fração 10 0,90 fração 14 0,036 GJ/m3 CH₄ 7 0,056 tCO₂e/GJ 8 Fator de emissão da eletricidade do sistema interligado 0,163 tCO₂e/MWh 9 Eficiência da geração de eletricidade 30% - 10 Custo 98 US$/cabeça 15 Eletricidade 3,6 GJ/MWh Valor 1 do CER 5 US$ 13 Valor 2 do CER 10 US$ 13 Fontes: 1 Total de confinamentos bovinos com mais de 50 cabeças – Censo Agropecuário 2006 – IBGE. 2 Assocon – Associação Nacional dos Confinadores. 3 Metodologia ACM0010. 4 A partir do IPCC 2006, tabela 10.17, capítulo 10, volume 4 – lagoa anaeróbia. Os projetos “Captura e combustão de gases de efeito estufa provenientes do manejo de dejetos suínos em Faxinal dos Guedes e Toledo” e “Projeto de Mitigação de GEE da Granja Becker” definem como a linha de base mais plausível lagoa anaeróbica. 5 IPCC 2006, tabela 10 A-7 e 10A-8, capítulo 10, volume 4 . 6 Metodologia AMS-III.D. 7 Projeto 2548 – Gramacho Landfill Gas Project. 8 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipccnggip.iges.or.jp). 9 Ministério da Ci ncia e Tecnologia, Fatores de Emissão de CO₂ de acordo com a ferramenta metodológica aprovada pelo Conselho Executivo do MDL, 2009. Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view/303076.html#ancora. 10 Assumido, baseado em World Bank, 2008. Low Carbon Energy projects for Development of Sub Saharan Africa, 8-18-08. 11 Decision 2 of COP 3. 12 Inmet. Disponível em www.inmet.gov.br/html/clima/mapas/?mapa=tmed. 13 Default ICF&FIDES. 14 Projeto de Mitigação de GEE da Granja Becker. Disponível em www.mct.gov.br/upd_blob/0017/17974.pdf. 15 Carroll’s Foods do Brasil & LOG Carbon – GHG Emission Reductions from Swine Manure Management. Disponível em http://cdm.unfccc.int/UserManagement. FileStorage/M1UGXWP37FZJR8BSDLT2Q0EKONV9YA PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 214 Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial replicação desse projeto – manejo de dejetos animais: bovinos confinados – no Brasil, contemplando a o número de possíveis sites identificados para a implementação desse tipo de projeto, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados na Tabela 0-28 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas as metodologias de MDL citadas para o esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-28 – Resultado do Projeto de Manejo de Dejetos de Bovinos Confinados Descrição Valor Unidade 1,39379 tCO₂e/(cabeça de animal x ano) Redução de Emissão anual 2.627.786 tCO₂e/ano Redução de Emissão em 10 anos 26.277.857 tCO₂e 795* Confinamentos Fator de redução de emissão anual Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 33.054 tCO₂e Contribuição à matriz energética 695.199 MWh/ano 262,8 Milhões US$ 184 Milhões US$ Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Manejo de Dejetos Animais: Aves O projeto de redução de emissões é aplicável para confinamentos de aves que não possuam biodigestores para o tratamento dos dejetos. Para identificação de produtores de aves, foram buscadas informações em associações e sindicatos do setor80. Na maioria dos casos, o número de cabeças teve que ser estimado. Foram identificados 138 estabelecimentos/cooperativas, que representam cerca de 1% da produção de aves nacional. No Brasil há 2.713.390 estabelecimentos, porém a maioria é de pequeno porte e não há banco de dados com informações agregadas sobre o setor. Caso fosse realizada uma abordagem top down, com o número total de aves no Brasil retirado do Censo Agropecuário 2006, seria atingido um potencial de redução de emissões anual de até 61.408.112 tCO₂e/ano. Avaliação Técnica O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas expostas no Tabela 0-29 e dos parâmetros descritos na Tabela 0-30. Tabela 0-29 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da Linha de Base ELB = Etrat.LB + Eelet, Etrat.LB *t CO₂e/ano] = MCF [adimensional] x B0 [m3 CH₄/kg VS] x N [unidades] x VS [kg VS/(animal x dia)] x MS [fração] x 365 [dias/ano] x GWPCH₄ *t CO₂e/t CH₄+ x DCH₄ *t CH₄/m3 CH₄+ Eelet. *t CO₂e/ano+ = B0 [m3 CH₄/kg VS] x N [unidades] x VS [kg VS/(animal x dia)] x MS [fração] x 365 [dias/ano] x (1 – LF [fração]) x PCImetano [GJ/m3 CH₄+/[GJ/MWh] x EFelet. x FEelet. [t CO₂e/MWh] Emissões do Projeto EPR = Efugas trat. Efugas trat. *t CO₂e/ano+ = B0 [m3 CH₄/kg VS] x N [unidades] x VS [kg VS/(animal x dia)] x MS [fração] x 365 [dias/ano+ x GWPCH₄ *t CH₄/t CO₂e+ x LF *fração+ x DCH₄ *t CH₄/m3 CH₄+ Redução de Emissão RE = ELB – EPR 79 Ressalte-se que o fator de redução de emissão vai variar sutilmente em função da temperatura média do empreendimento. O valor apresentado é um valor médio para os sites avaliados. 80 O potencial de redução de emissão foi calculado para as associadas da: Avimig, Sindiavipar e Ubabef. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 215 Tabela 0-30 – Parâmetros de Cálculo Parâmetro GWPCH₄ DCH₄ Bo VS N LF MS MCFPR PCmetano FEgás natural FEelet. EFelet. Descrição Potencial de aquecimento global para o metano Densidade de metano (0,67 Kg/m3 à temperatura de 20 graus e 1 atm pressão) Potencial máximo de produção de metano dos sólidos vol teis gerados, em m3 CH₄/kg materia seca, por tipo de animal Produção média de sólidos voláteis por animal por dia, mercado Número de animais para o ano y Fugas de metano Fração de esterco manejado no sistema j Fator de conversão de metano para o manejo de dejetos animais (no projeto) Poder calorífico do metano Fator de emissão do gás natural Fator de emissão da eletricidade do sistema interligado Eficiência da geração de eletricidade Eletricidade Custo Valor 1 do CER Valor 2 do CER Valor 21 0,00067 0,36 0,03 Dado de Entrada 0,10 100% 0,90 0,036 0,056 0,163 30% 3,6 1,1 5 10 Unidade tCO₂e/tCH₄ t CH₄ /m3 CH₄ m3 CH₄/kg-dm kg-dm/animal/dia unidades fração fração fração GJ/m3 CH₄ tCO₂e/GJ tCO₂e/MWh GJ/MWh US$/cabeça US$ US$ Fonte 11 3 5 5 1e2 6 10 14 7 8 9 10 15 16 13 13 Fontes: 1 Efetivo da pecuária – Aves – Censo 2006 – IBGE. 2 SINDIAVIPAR – Sindicato das indústrias de produtos avícolas do estado do Paraná, Aviming e Ubabef. 3 LUPA – Levantamento censitário das unidades de produção agropecuária do estado de São Paulo. Disponível em www.cati.sp.gov.br/projetolupa. 4 A partir do IPCC 2006, tabela 10.17, capítulo 10, volume 4 – lagoa anaeróbia. Os projetos “Captura e combustão de gases de efeito estufa provenientes do manejo de dejetos suínos em Faxinal dos Guedes e Toledo” e “Projeto de Mitigação de GEE da Granja Becker” definem como a linha de base mais plausível lagoa anaeróbica. 5 IPCC 2006, tabela 10 A-7 e 10A-8, capítulo 10, volume 4. 6 Metodologia AMS-III.D. 7 Projeto 2548 – Gramacho Landfill Gas Project. 8 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 9 Ministério da Ci ncia e Tecnologia, Fatores de Emissão de CO₂ de acordo com a ferramenta metodológica aprovada pelo Conselho Executivo do MDL, 2009. Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view/303076.html#ancora 10 Assumido, baseado em World Bank, 2008. Low Carbon Energy projects for Development of Sub Saharan Africa, 8-18-08. 11 Decision 2 of COP 3. 12 Inmet. Disponível em www.inmet.gov.br/html/clima/mapas/?mapa=tmed. 13 Default ICF&FIDES. 14 Projeto de Mitigação de GEE da Granja Becker. Disponível em www.mct.gov.br/upd_blob/0017/17974.pdf 15 AM0087 Approved baseline and monitoring methodology AM0087 Construction of a new natural gas power plant supplying electricity to the grid or a single consumer”. 16 Carroll’s Foods do Brasil & LOGICarbon – GHG Emission Reductions from Swine Manure Management. Disponível em http://cdm.unfccc.int/UserManagement. /FileStorage/M1UGXWP37FZJR8BSDLT2Q0EKONV9YA. Utilizou-se uma aproximação para transformar o custo dos sistemas suínos para aves: o custo foi dividido pelo material seco por animal para suínos, e multiplicado pelo material seco por animal para aves. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial replicação desse projeto – manejo de dejetos animais: aves confinadas – no Brasil, contemplando a o número de possíveis sites identificados para a implementação desse tipo de projeto, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados na Tabela 0-31 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas as metodologias de MDL citadas para o esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis Tabela 0-31 – Resultado do Projeto de Manejo de dejetos de aves Descrição Valor Unidade Fator de redução de emissão anual 0,04481 tCO₂e/(cabeça de animal x ano) Redução de emissão anual 550.366 tCO₂e/ano Redução de emissão em 10 anos 5.503.659 tCO₂e Número de projetos 176* Granjas Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 39.882 tCO₂e Contribuição à matriz energética 147.290 MWh/ano Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 55,0 Milhões US$ Custo do Investimento 14.092.740 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. 81 Ressalte-se que o fator de redução de emissão vai variar sutilmente em função da temperatura média do empreendimento. O valor apresentado é um valor médio para os sites avaliados. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 216 Manejo de Dejetos Animais: Suínos O projeto de redução de emissões é aplicável para confinamentos de suínos que não possuam biodigestores para o tratamento dos dejetos. Para identificação de produtores de suínos, buscaram-se informações nas principais associações do setor82. Em muitos casos, o número de cabeças teve que ser estimado. Foram identificados 176 produtores/granjas/associados, representando cerca de 10% da produção de suínos nacional. No Brasil há 1.496.107 estabelecimentos, porém a maioria é de pequeno porte e não há banco de dados com informações agregadas sobre o setor. Caso fosse realizada uma abordagem top down, com o número total de suínos confinados no Brasil, retirado do Censo Agropecuário 2006, seria atingido um potencial de redução de emissões anual de até 9.673.393 tCO₂e/ano. Avaliação Técnica O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas expostas na Tabela 0-32 e dos parâmetros descritos na Tabela 0-33. Tabela 0-32 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da Linha de Base ELB = Etrat.LB + Eelet, Etrat.LB *t CO₂e/ano] = MCF [adimensional] x B0 [m3 CH₄/kg VS] x N [unidades] x VS [kg VS/(animal x dia)] x MS [fração] x 365 [dias/ano] x GWPCH₄ [t CO₂e/t CH₄+ x DCH₄ *t CH₄/m3 CH₄+ Eelet. *t CO₂e/ano+ = B0 [m3 CH₄/kg VS] x N [unidades] x VS [kg VS/(animal x dia)] x MS [fração] x 365 [dias/ano] x (1 – LF [fração]) x PCImetano [GJ/m3 CH₄+/[GJ/MWh] x EFelet. x FEelet. [t CO₂e/MWh] Emissões do Projeto EPR = Efugas trat. Efugas trat. *t CO₂e/ano+ = B0 [m3 CH₄/kg VS] x N [unidades] x VS [kg VS/(animal x dia)] x MS [fração] x 365 [dias/ano+ x GWPCH₄ *t CH₄/t CO₂e+ x LF *fração+ x DCH₄ *t CH₄/m3 CH₄+ Redução de Emissão RE = ELB – EPR Tabela 0-33 – Parâmetros de Cálculo Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte 21 tCO₂e/tCH₄ 11 0,00067 t CH₄ /m3 CH₄ 3 Potencial máximo de produção de metano dos sólidos voláteis gerados, em m3 CH₄/kg materia seca, por tipo de animal 0,29 m3 CH₄/kg-dm 5 VS Produção média de sólidos voláteis por animal por dia, mercado 0,30 kg-dm/animal/dia 5 N Número de animais para o ano y Dado de Entrada unidades 1e2 LF Fugas de metano 0,10 fração 6 MS Fração de esterco manejado no sistema j 100% fração 10 MCFPR Fator de conversão de metano para o manejo de dejetos animais (no projeto) 0,90 fração 14 PCmetano Poder calorífico do metano 0,036 GJ/m3 CH₄ 7 FEgás natural Fator de emissão do gás natural 0,056 tCO₂e/GJ 8 FEelet. Fator de emissão da eletricidade do sistema interligado 0,163 tCO₂e/MWh 9 EFelet. Eficiência da geração de eletricidade 30% - 10 Eletricidade 3,6 GJ/MWh Custo 10 US$/cabeça 16 Valor 1 do CER 5 US$ 13 Valor 2 do CER 10 US$ 13 GWPCH₄ Potencial de aquecimento global para o metano DCH₄ Densidade de metano (0,67 Kg/m3 à temperatura de 20 graus e 1 atm pressão) Bo Fontes: 1 Censo Agropecuário 2006 – IBGE. 2 Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína. Disponível em www.abipecs.org.br/pt/associados/lista-de-associados.html. Associação Catarinense de Criadores de Suínos. Disponível em www.accs.org.br/nucleos_ver.php?id=1. Associação Paranaense de Suinocultores. Disponível em www.aps.org.br/producao/granjas.html Associações e Núcleos de Criadores. Disponível em www.acsurs.com.br. 3 Metodologia ACM0010. 4 A partir do IPCC 2006, tabela 10.17, capítulo 10, volume 4 – lagoa anaeróbia. Os projetos “Captura e combustão de gases de efeito estufa provenientes do manejo de dejetos suínos em Faxinal dos Guedes e Toledo” e “Projeto de Mitigação de GEE da Granja Becker” definem como a linha de base mais plausível lagoa anaeróbica. 5 IPCC 2006, tabela 10 A-7 e 10A-8, capítulo 10, volume 4. 6 Metodologia AMS-III.D. 7 Projeto 2548 – Gramacho Landfill Gas Project. 82 O potencial de redução de emissão foi calculado para as associadas das seguintes associações: Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína; Associação Catarinense de Criadores de Suínos; Associação Paranaense de Suinocultores; e Associações e Núcleos de Criadores. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 217 8 9 10 11 12 13 14 15 16 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). Ministério da Ci ncia e Tecnologia, Fatores de Emissão de CO₂ de acordo com a ferramenta metodológica aprovada pelo Conselho Executivo do MDL, 2009. Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view/303076.html#ancora. Assumido, baseado em World Bank, 2008. Low Carbon Energy projects for Development of Sub Saharan Africa, 8-18-08. Decision 2 of COP 3. Inmet. Disponível em www.inmet.gov.br/html/clima/mapas/?mapa=tmed. Default ICF&FIDES. Projeto de Mitigação de GEE da Granja Becker. Disponível em www.mct.gov.br/upd_blob/0017/17974.pdf A relação de produtores suínos foi obtida a partir de buscas em sites das principais associações de suínos. Porém, somente foram obtidos dados de produção da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (A.C.C.S). Essa disponibilizou o número de associados de cada município, de matrizes e de plantel. Para determinar o número de cabeças de suínos dos demais produtores identificados, foi feita a seguinte estimativa: os produtores foram separados por unidade ou conjunto, sendo unidade 1 associado e conjunto um grupo de associados. Considerou-se que os produtores listados na Associação Paranaense de Suinocultores são unidade, e os demais conjunto. Fez-se a média dos criadores da A.C.C.S por município – representando conjunto – e por associados – representando unidade. Através do Censo Agropecuário de 2006, obtivemos a relação entre número de cabeças de cada estado e o número de cabeças de Santa Catarina. Foi multiplicada a média do número de cabeças de SC para unidade/conjunto pela relação de número de cabeças do estado com de SC. Carroll’s Foods do Brasil & LOG Carbon – GHG Emission Reductions from Swine Manure Management. Disponível em http://cdm. unfccc.int/UserManagement/FileStorage/M1UGXWP37FZJR8BSDLT2Q0EKONV9YA. Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial replicação desse projeto – manejo de dejetos animais: suínos confinados – no Brasil, contemplando a o número de possíveis sites identificados para a implementação desse tipo de projeto, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados na Tabela 0-34 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas as metodologias de MDL citadas para o esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis Tabela 0-34 – Resultado do Projeto de Manejo de Dejetos de Suínos Confinados Descrição Valor Unidade 0,35483 tCO₂e/(cabeça de animal x ano) Redução de emissão anual 1.124.454 tCO₂e/ano Redução de emissão em 10 anos 11.244.543 tCO₂e 176* Granjas Fator de redução de emissão anual Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 63.889 tCO₂e Contribuição à matriz energética 270.421 MWh/ano 112,4 Milhões US$ 32 Milhões US$ Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Barreiras Em relação a tais projetos, pode-se afirmar que há barreiras de investimento, visto que, atualmente, o mercado de energia brasileiro não oferece incentivos para a venda do biogás. O investimento exigido para produzir energia a partir do biogás é ainda muito alto em comparação aos preços da eletricidade no Brasil. A Embrapa84 observou que, de uma maneira geral, os produtores consideram o tratamento uma etapa fora do processo de produção e que têm dificuldades em financiar as adaptações que devem ser executadas, já que os bancos, na ausência de garantias do governo e de outros incentivos governamentais, aparentemente possuem baixo interesse em fazê-lo. Tanto pequenos produtores quanto grandes fazendas não têm a capacidade de investimento necessária para iniciar esse tipo de tratamento. 83 Ressalte-se que o fator de redução de emissão vai variar sutilmente em função da temperatura média do empreendimento. O valor apresentado é um valor médio para os sites avaliados. 84 Amazon Carbon Swine Waste Management System Project 02. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 218 Outra barreira de investimento relevante é enfrentada por produtores de todo o mundo: o crescimento mundial da demanda e baixas margens operacionais. Os benefícios, tais como diminuição de odores, melhoria na qualidade da água residual e potencial economia de energia associada à co-geração de energia limpa, raramente são suficientes para motivá-los a migrar para um sistema mais avançado (e mais caro) de gerenciamento de dejetos animais. Em termos de barreiras tecnológicas, os sistemas de digestores anaeróbios são complexos: devem ser dimensionados para manipular volumes de animais/efluentes projetados com um tempo de retenção hidráulica (TRH) consistente com a extração da maior parte/todo o CH₄ do dejeto. Esses sistemas ficam mais caros proporcionalmente quando se diminui o número de animais. Ou seja, quanto menor a propriedade, maior o custo por animal para realizar o tratamento. Essa tecnologia envolve requisitos de operação e manutenção, incluindo um programa de monitoramento detalhado para manter os níveis de desempenho do sistema. Experiências diversas em todo o mundo revelam que poucos gestores anaeróbios alcançam operações de longo prazo, em função, principalmente, das operações e manutenção inadequadas. Por fim, há também barreiras legais: a implementação desse tipo de atividade de projeto excede as regulamentações brasileiras atuais para o tratamento de dejetos de animais confinados. Além da legislação existente no Brasil, que estabelece os parâmetros de qualidade da água, que exige que as lagoas sejam aplainadas, protegendo, dessa forma, o fornecimento de água de contaminação, não há legislação ativa que exija o tratamento específico de dejetos, especialmente relacionada à emissão de GEE. Iniciativas de Redução de Emissão de GEE no Elo 3 Similarmente aos elos 1 e 2, a Tabela 0-35 apresenta o número de projetos de redução de emissão de GEE propostos no MDL no Brasil e no resto do mundo, e que se enquadram no elo 3. Essa tabela contém também o potencial total e médio de redução de emissão gerada por projetos desenvolvidos no Brasil. Tabela 0-35 – Projetos de Redução de Emissão no Elo 3 – Setor de Resíduos Elo 3 – Destinação de Resíduo Sólidos e Efluentes Iniciativas de Redução de Emissão – Projetos de MDL Metodologias de Linha de Base Captura de metano em Aterros (destruição de metano ou aproveitamento para geração de energia) ACM0001 ACM0001 ACM0002 ACM0001 AM0069 ACM0001 AM0025 ACM0001 AM0025 AMS-I.D.2 ACM0001 AMS-I.D.2 ACM0001 AMS-III.G. AMS-I.D.2 AM00024 AM00034 AM00104 AM00114 AM0069 AMS-III.G. AMS-III.G. AMS-I.D.3 AMS-III.I.E. ACM00022 AMS.III.G .AMS-I.C.3 AMS-I.D.2 AMS-III.I.E. AMS-III.G Número de Projetos em validação 9 Número de Projetos validados - Número de Projetos registrados 14 Número de Projetos rejeitados - Total de Projetos desenvolvidos1 23 Potencial total de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)1 5713 Potencial médio de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)1 248 Projetos de MDL no Mundo Número total de Projetos desenvovidos1 142 1 - 5 - 6 726 121 14 - 1 - - 1 852 852 - - - - - - - - 1 - - - - - - - 1 - - - - - - - 26 - - - - - - - 1 - - 1 4 1 - - 1 4 1 - 702 1536 70 - 175 384 70 - 1 2 5 1 16 - - - - - - - 2 - - - - - - - 1 - - 1 - 1 19 19 - Projetos de MDL no Brasil LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 219 Elo 3 – Destinação de Resíduo Sólidos e Efluentes Iniciativas de Redução de Emissão – Projetos de MDL Geração de energia térmica e eletricidade com resíduos de biomassa Metodologias de Linha de Base ACM0002 AMS-I.D.2 AMS-III.G. AMS-III.I.E. AMS-III.G. AMS-I.C.3 AMS-III.I.E. AMS-III.G. AMS-I.C.3 AMS-I.D.2 AMS-III.I.E. AMS-III.G. AMS-I.D.2 AMS-III.G. AMS-III.H. AMS-I.D.2 AM0075 ACM0006 ACM0006 ACM0002 ACM0006 ACM0004 ACM0006 AMS-II.B AM0057 AMS-I.C3 AMS-III.R AMS-III.R. AMS-I.C.3 AMS-I.I.E. AMS-I.C3 AMS-III.R AMS-I.E AMS-III.R. AMS-II.C. Número de Projetos em validação Número de Projetos validados Número de Projetos registrados Número de Projetos rejeitados Total de Projetos desenvolvidos1 Potencial total de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)1 Potencial médio de Redução de Emissão (ktCO₂e/ano)1 Projetos de MDL no Mundo Número total de Projetos desenvovidos1 - - - - - - - 14 - - - - - - - 2 - - - - - - - 1 - - - - - - - 2 - - - - - - - 1 37 - 1 1 38 1685 44 170 10 - - 1 10 352 35 57 - - - - - - - 1 - - - - - - - 1 - - - - - - - 1 - - - - - - - 7 - - - - - - - 2 - - - - - - - 1 - - - - - - - 1 - - - - 1 Projetos de MDL no Brasil Aeração/Compostagem AM0083 de resíduos de aterros 1 Excluem-se os Projetos Rejeitados. 2 Geração de EE. 3 Geração de Energia Térmica com ou sem geração de energia elétrica. 4 As metodologias foram consolidadas. Como pode ser observado na Tabela 0-35, foram propostos 85 projetos no âmbito do MDL no Brasil referentes à disposição de resíduos, totalizando um potencial de redução de emissão de 11.655 ktCO₂e/ano85. Desses 85 projetos, 37 foram registrados. Com base nessa avaliação das metodologias da CQNUMC, dentre as Iniciativas de redução de GEE que podem ser implementadas no elo 3 da cadeia do setor de resíduos, destacam-se a captura e a queima de biogás proveniente de aterros e a queima de biomassa para geração de eletricidade86. É interessante ressaltar que o potencial médio de redução de emissão por projeto é consideravelmente maior em projetos de coleta de biogás de aterros (inclusive na ausência de aproveitamento energético do biogás) comparativamente à outras iniciativas de baixo carbono já propostas no âmbito do MDL no Brasil, variando entre 19 a 852 ktCO₂e /ano. 85 O Projeto GEEA-SBS Biomass Treatment Project in Alegrete, Rio Grande do Sul, Brazil de transformação de casca de arroz em energia está apresentado no elo tratamento e disposição de resíduos. Os projetos de geração de eletricidade pela queima de resíduos de biomassa são descritos no Setor de eletricidade, seção 1 deste Relatório. 86 PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 220 Projetos de Redução de Emissões de GEEs Relacionados à Destinação de Resíduos Sólidos e Efluentes No setor de resíduos sólidos e efluentes, no elo de destinação, foram avaliadas 9 metodologias, das quais 5 foram incluídas no estudo do potencial de redução de emissão de GEEs no País, agrupadas em 3 tipos de projetos concernentes ao metano evitado em aterros, sendo captura e destruição do biogás, geração de energia elétrica a partir do biogás ou geração de energia térmica, considerando a exportação do biogás coletado. Captura e Destruição e/ou Aproveitamento Energético do Biogás de Aterros Grande parte dos resíduos sólidos gerados no Brasil é destinada a aterros sanitários, controlados ou lixões. A disposição de resíduos sólidos em aterros gera sua degradação anaeróbia, e, consequentemente, a produção do biogás. O biogás é composto por aproximadamente 50% de gás metano, que normalmente é liberado para a atmosfera. As metodologias de grande escala ACM000187 e a de pequena escala AMS-III.G. aplicam-se a iniciativas de recuperação do biogás gerado nos aterros, que será coletado e queimado, podendo ser aproveitado para geração de energia e exportado para outros consumidores (metodologias AM0069, AM0053 e AM0075). Captura e Destruição do Biogás de Aterros – Cenário 1 O projeto de redução de emissões é aplicável a aterros controlados e sanitários sem captura e destruição do biogás. Para determinar os sites em que o projeto pode ser implementado, assumiu-se, em sintonia com o Estudo de Baixo Carbono para o Brasil88, que "municípios com população inferior a 200.000 habitantes em 2030 sempre terão locais de disposição de resíduos não gerenciados" e, dessa forma, que o projeto é aplicável para concentrações de mais de 200.000 habitantes. Pela Política Nacional de Resíduos Sólidos de 2 de agosto de 2010, são estimuladas soluções para resíduos sólidos consorciadas ou compartilhadas entre 2 ou mais municípios. Por esses motivos, foram selecionados os municípios que terão mais de 200.000 habitantes até 2030. Os municípios que não se enquadraram nesse critério foram separados por microrregiões, e as que apresentaram mais de 200.000 habitantes nas projeções para 2030 também foram selecionadas. Para o cálculo, foram considerados novos aterros, porém o projeto também é aplicável a aterros existentes, mas não há disponível uma listagem atualizada de aterros existentes no Brasil. Esse critério foi aplicado para os 3 projetos de captura de biogás de aterro. Ressalte-se que a redução de emissões dos projetos relacionados a metano evitado em aterros não pode ser somada. 87 88 As metodologias de grande escala – AM0002, AM0003, AM0010 e AM0011 – foram consolidadas na ACM0001. Alves, João Wagner Silva; de Gouvello, Christophe. Estudo de Baixo Carbono para o Brasil – Resíduos, 2010. Banco Mundial & CETESB. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 221 DADOS FINANCEIROS DE PROJETOS DE ATERROS O significativo volume de receita que projetos de resíduos-para-energia podem obter está revolucionando a economia do setor de gerenciamento de resíduos. O financiamento de carbono potencialmente pode aumentar a taxa interna de retorno dos projetos em mais de 30% (em um preço conservador do crédito de 4,50 $/tCO₂e). Como resultado, a receita dos créditos de projetos de metano evitado em aterros são suficientes para tornar esses projetos viáveis (Bishop 2005). Redução de emissões adicionais podem ser alcançadas utilizando o metano capturado para geração de energia (elétrica ou térmica), que é mais vantajoso financeiramente que apenas capturar e destruir o biogás. O quadro abaixo ilustra o impressionante potencial. Quadro 0-3 – Custos do Projeto US$/1,000m3 CH₄ Parâmetro Desruição do biogás do aterro US$/MWh Acma de 60 Acima de 16 Substituição de combustíveis fósseis (gás, carvão) 5,3, 12,0 Créditos de carbono 1,6, 3,6 Acima de 65,3, 72,0 Acima de 17,6, 19,6 Fonte: Bishop (2005). A receita combinada dos créditos de carbono e da venda de energia faz do conjunto (captura mais produção de energia) um investimento normalmente atrativo. Enquanto a potencia instalada é limitada (1-20 MW), os custos de transação podem ser reduzidos agrupando atividades similares em um único projeto de MDL, como ilustrado abaixo. Quadro 0-4 – Atividades Similares Parâmetro Valor Unidade Aterros Operáveis* 6 Número Potencia instalada (6 aterros) 20 MW Custos de investimento (6 aterros) 20,75 Milhões de US$ Redução de Emissões 483.000 tCO₂/ano Preço da tCO₂ (conservador) 3,5 Euros/tCO₂ Créditos de carbono 1,69 Milhões de US$ Créditos de carbono total (3 * 7 anos) 9,56 Milhões de Euros Custos de investimento do aterro (MW) Milhões de US IRR sem CERs (%) 1 1,1 1,1 7 2 2, 5,3 11,8 3 3, 5,8 13,0 4 4,0 3,7 12,1 5 4,8 5,1 14,3 IRR com CERs (%) * agrupados como um único projeto de MDL. Fonte: World Bank. Low-Carbon Energy Projects for Development in Sub-Saharian Afric. 2008. Avaliação Técnica – Cenário 1 O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas expostas na Tabela 0-36 e dos parâmetros descritos na Tabela 0-37, Tabela 0-38 e Tabela 0-39. Tabela 0-36 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da Linha de Base Eaterro *t CH₄/ano] = (1 – f) x (1 – OX) x (16/12) x F x DOCf x MCF x ∑ (do ano 0 a 10) ∑ Wj x DOCj x (1-e-k) x e-k x ano Redução de Emissões REaterro *t CO₂e/ano] = ((1 – f) x (1 – OX) x (16/12) x F x DOCf x MCF x ∑ (do ano 0 a 10) ∑ Wj x DOCj x (1-e-k) x e-k x ano) x EFcoleta x EFqueima x GWPCH₄ Tabela 0-37 – Composição do Resíduo (%) % no aterro DOC%9 Papel 16% 40% Têxtil 2% 24% Resíduos de jardim e parques 1% 20% Alimento 54% 15% Madeira 1% 43% Inertes 26% 0% Tipo de resíduo PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 222 Tabela 0-38 – Gravimetria do Lixo Tipo do Resíduo % (base úmida) Papel 16,08% Plástico 20,31% Vidro 2,84% Material Orgânico 53,63% Metal 1,74% Inertes 1,09% folhas 1,26% madeira 0,34% borracha 0,23% pano 1,75% couro 0,18% osso 0,01% coco 0,40% parafina 0,01% Tabela 0-39 – Parâmetros de Cálculo Parâmetro Descrição Valor Unidade Fonte E aterro Emissões de metano devido a disposição de resíduos em aterros tCH₄/ano f Fração de metano capturado no aterro e queimado, na LB 0 GWPCH₄ Potencial de aquecimento global do metano 21 tCO₂e/tCH₄ ACM0001 – valor para o primeiro período de compromisso. OX Fator de oxidação 0,1 [adimensional] 2 e 13 F Fração de metano no biogás 0,5 16/12 Razão de conversão de carbono (C) para metano (CH₄) 1,33 DOCf Fração do carbono orgânico degradável (DOC) que decompõe 0,5 MCF Fator de correção de metano DOCj Fração do carbono orgânico degradável (DOC) no resíduo de cada tipo Kj Taxa de decaimento do resíduo j Tipo de categoria do resíduo ano Ano para o qual as emissões de metano são calculadas EFColeta Eficiência de coleta do equipamento de recuperação do biogás PCImetano Poder calorífico do metano DCH₄ Densidade de metano FEgás natural 13 0 2 e 13 [adimensional] 2 2 2 1 [adimensional] 2 0,156 [adimensional] 2 depende da localização anos Default ICF 0,7 - 3 0,036 GJ/m CH₄ 0,0007168 tCH₄/m CH₄ Fator de emissão do gás natural 0,056 tCO₂e/GJ 5 EFqueima Eficiência da queima do biogás capturado 90% - 11 EFelet. Eficiência da geração de eletricidade 30% - 3 FEeletricidade do SI Fator de emissão da eletricidade do sistema interligado 0,160 tCO₂e/MWh 6 3,6 GJ/MWh 14 Valor 1 do CER 5 US$/t CO₂e Default ICF Valor 2 do CER 10 US$/t CO₂e Default ICF 2,174 R$/US$ 16 Custo – geração de eletricidade 19 US$/(ton/ano) 18 Custo – coleta e destruição de metano 8 US$/(ton/ano) 17 380 R$/(tCH₄/ano) 15 Fator de conversão de GJ por MWh Conversão de Dólar para Real – ano base 2006 Custo por tCH₄ – exportação de metano na rede de GN 0 – 10 2 3 3 8 7 Fontes: 1 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 5. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). – Valor Default. 2 Tool to determine methane emissions avoided from disposal of waste at a solid waste disposal. Disponível em (http://cdm.unfccc.int/methodologies/PAmethodologies/tools/amtool-04-v5.pdf) 3 World Bank, 2008. Low Carbon Energy projects for Development of Sub Saharan Africa, 8-18-08. 4 Alves, João Wagner Silva; de Gouvello, Christophe. Estudo de Baixo Carbono para o Brasil Resíduos, 2010. Banco Mundial & CETESB. 5 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 2. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). 6 Ministério da Ci ncia e Tecnologia, Fatores de Emissão de CO₂ de acordo com a ferramenta metodológica aprovada pelo Conselho Executivo do MDL, 2009. Disponível em www.mct.gov.br/index.php/content/view/303076.html#ancora 7 TIJUQUINHAS LANDFILL SANTA CATARINA, BRAZIL. Disponível em http://cdm.unfccc.int/UserManagement/FileStorage/1NCP8Z4J6KBYMRTXIWFQVEA9HSOLUD. 8 Projeto 2548 – Gramacho Landfill Gas Project. 9 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). 2006 IPCC guidelines for national greenhouse gas inventories: Volume 4. IPCC National Greenhouse Gas Inventory Program (www.ipcc-nggip.iges.or.jp). – Valor Default. 10 COMLURB. Caracterização Gravimétrica e microbiológica dos resíduos sólidos domiciliares – 2009. 11 Disponível em http://comlurb.rio.rj.gov.br/download/caracteriza%C3%A7%C3%A3o%202009.pdf. 12 Tool to determine project emissions from flaring gases containing methane. 13 INMET. Disponível em www.inmet.gov.br/html/clima/mapas/?mapa=prec e www.inmet.gov.br/html/clima/mapas/?mapa=tmax. 14 Segundo Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas de Gases de Efeito Estufa – Relatórios de Referência – Emissões de Gaes de efeito estufa no tratamento e disposição de resíduos. CETESB. 15 AM0087 Approved baseline and monitoring methodology AM0087 Construction of a new natural gas power plant supplying electricity to the grid or a single consumer” 16 "Gramacho Landfill Gas Project". Disponível em http://cdm.unfccc.int/UserManagement/FileStorage/CMNZKY58WLO2079QE6TSRDPJH3GBVA. Foi utilizado o custo do sistema de compressão de g s, aplicado para a quantidade exportada de biog s em 2009. A capacidade foi transformada para tCH₄. 17 FED. "Economic Research and Data". Disponível em www.federalreserve.gov/datadownload/Download.aspx?rel=H10&series=40a15acb120950674894978e4f74def9&filetype=spreadsheetml&label=include&layout=seriescolumn&l astObs=120 18 "SANTEC Resíduos landfill gas emission reduction Project Activity". 19 "Feira de Santana Landfill Gas Project". LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 223 Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial replicação desse projeto – captura e destruição de biogás de aterro – no Brasil, contemplando a o número de possíveis sites identificados para a implementação desse tipo de projeto, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados na Tabela 0-40 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas as metodologias de MDL citadas para o esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-40 – Resultado do Projeto de Captura e Destruição de Metano em Aterros – Cenário 1 Descrição Valor Unidade Fator de redução de emissão anual 0,16089 tCO₂e/(hab x ano) Redução de emissão anual 23.764.254 tCO₂e/ano Redução de emissão em 10 anos 237.642.539 tCO₂e Número de projetos 356* Municípios/microrregiões Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 667.535 tCO₂e Contribuição à matriz energética 0 MWh/ano Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) 2.376,4 Milhões US$ Custo do Investimento 446 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Captura de Biogás de Aterros para Geração de Energia Térmica – Cenário 2 A aplicabilidade desse projeto é a mesma do projeto anterior. Ressalte-se que a redução de emissões dos projetos relacionados a metano evitado em aterros não pode ser somada, isto é, um a decisão pela implementação de um tipo de projeto inviabiliza a implementação de outro tipo no mesmo site. Avaliação Técnica – Cenário 2 O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas expostas na Tabela 0-41 e dos parâmetros descritos anteriormente. Tabela 0-41 – Cálculo Simplificado de Redução de Emissões Emissões da Linha de Base ELB = Eaterro + EGN Eaterro *t CH₄/ano] = (1 – f) x (1 – OX) x (16/12) x F x DOCf x MCF x ∑ (do ano 0 a 10) ∑ Wj x DOCj x (1-e-k) x e-k x ano EGN = ((1 – f) x (1 – OX) x (16/12) x F x DOCf x MCF x ∑ (do ano 0 a 10) ∑ Wj x DOCj x (1-e-k) x e-k x ano) x EFcoleta x PCImetano x FEgás natural Redução de Emissões RE = REaterro + REGN REaterro *t CO₂e/ano] = ((1 – f) x (1 – OX) x (16/12) x F x DOCf x MCF x ∑ (do ano 0 a 10) ∑ Wj x DOCj x (1-e-k) x e-k x ano) x EFcoleta x GWPCH₄ REGN = ((1 – f) x (1 – OX) x (16/12) x F x DOCf x MCF x ∑ (do ano 0 a 10) ∑ Wj x DOCj x (1-e-k) x e-k x ano) x EFcoleta x PCImetano x FEgás natural Resultados Consolidados do Inventário de Oportunidades – Cenário 2 São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial replicação desse projeto – captura e destruição de biogás de aterro com geração de energia térmica – no Brasil, contemplando a o número de possíveis sites identificados para a implementação desse tipo de projeto, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. 89 Ressalte-se que o fator de redução de emissão vai variar em função da temperatura e precipitação média do local, composição do resíduo, número de habitantes atendidos pelo aterro, idade do resíduo depositado, taxa de coleta e taxa de crescimento da população urbana. O valor apresentado é um valor médio para os sites avaliados. Considerou-se a construção de novos aterros. Isto significa que no final do primeiro ano de projeto a quantidade de resíduo presente no aterro é apenas a quantidade depositada no primeiro ano. Para os anos subsequentes são somadas as quantidades depositadas até o ano em questão. A emissão de metano nos aterros varia de ano para ano, em função da quantidade de resíduo no aterro e com a idade do resíduo depositado. Para fins de cálculo, foi calculada a emissão em 10 anos e feito uma média para determinar a emissão anual. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 224 Os resultados apresentados na Tabela 0-42 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas as metodologias de MDL citadas para o esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. Tabela 0-42 – Resultado do Projeto de Captura de Biogás de Aterro para Geração de Energia Térmica – Cenário 2 Descrição Valor Unidade 0,20290 tCO₂e/(hab x ano) Redução de emissão anual 29.921.123 tCO₂e/ano Redução de emissão em 10 anos 299.211.230 tCO₂e 356* Municípios/microrregiões Fator de redução de emissão anual Número de projetos Redução de Emissões média por projeto – em 10 anos 840.481 tCO₂e 0 MWh/ano 2.992,1 Milhões US$ 666 Milhões US$ Contribuição à matriz energética Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Captura de Biogás de Aterros para Geração de Energia Elétrica – Cenário 3 A aplicabilidade desse projeto é a mesma do projeto anterior. Ressalte-se que a redução de emissões dos projetos relacionados a metano evitado em aterros não pode ser somada. Avaliação Técnica – Cenário 3 O potencial de redução de emissões do projeto foi determinado a partir das fórmulas expostas na Tabela 0-43 e dos parâmetros descritos anteriormente. Tabela 0-43 – Cálculo de Redução de Emissões Emissões da Linha de Base ELB = Eaterro + Eelet Eaterro *t CH₄/ano] = (1 – f) x (1 – OX) x (16/12) x F x DOCf x MCF x ∑ (do ano 0 a 10) ∑ Wj x DOCj x (1-e-k) x e-k x ano Eelet = ((1 – f) x (1 – OX) x (16/12) x F x DOCf x MCF x ∑ (do ano 0 a 10) ∑ Wj x DOCj x (1-e-k) x e-k x ano) x EFcoleta x PCImetano/3,6 [GJ/MWh] x FEeletricidade SI Redução de Emissões RE = REaterro + REeletricidade SI REaterro *t CO₂e/ano] = ((1 – f) x (1 – OX) x (16/12) x F x DOCf x MCF x ∑ (do ano 0 a 10) ∑ Wj x DOCj x (1-e-k) x e-k x ano) x EFcoleta x GWPCH₄ REelet = ((1 – f) x (1 – OX) x (16/12) x F x DOCf x MCF x ∑ (do ano 0 a 10) ∑ Wj x DOCj x (1-e-k) x e-k x ano) x EFcoleta x PCImetano/3,6 [GJ/MWh] x FEeletricidade SI Resultados consolidados do Inventário de oportunidades – Cenário 3 São apresentados, a seguir, os resultados desse estudo em relação à potencial replicação desse projeto – captura e destruição de biogás de aterro com geração de energia elétrica – no Brasil, contemplando a o número de possíveis sites identificados para a implementação desse tipo de projeto, assim como as estimativas de potencial de redução de emissões de GEEs, potencial receita com a venda de CERs, potencial contribuição à matriz energética nacional, assim como de investimentos necessários à implementação desse projeto. Os resultados apresentados na Tabela 0-44 resumem a aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos com base nas as metodologias de MDL citadas para o esse projeto, alimentadas com informações coletadas nacionalmente após extensa pesquisa nos bancos de dados nacionais disponíveis. 90 Ressalte-se que o fator de redução de emissão vai variar em função da temperatura e precipitação média do local, composição do resíduo, número de habitantes atendidos pelo aterro, idade do resíduo depositado, taxa de coleta e taxa de crescimento da população urbana. O valor apresentado é um valor médio para os sites avaliados. Considerou-se a construção de novos aterros. Isto significa que no final do primeiro ano de projeto a quantidade de resíduo presente no aterro é apenas a quantidade depositada no primeiro ano. Para os anos subsequentes são somadas as quantidades depositadas até o ano em questão. A emissão de metano nos aterros varia de ano para ano, em função da quantidade de resíduo no aterro e com a idade do resíduo depositado. Para fins de cálculo, foi calculada a emissão em 10 anos e feito uma média para determinar a emissão anual. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 225 Tabela 0-44 – Resultado do Projeto de Captura de Biogás de Aterros para Geração de Energia Elétrica – Cenário 2 Descrição Fator de redução de emissão anual Valor 91 0,184 Unidade tCO₂e/(hab x ano) Redução de emissão anual 27.239.697 Redução de emissão em 10 anos 272.396.974 tCO₂e 356* Municípios/microrregiões Número de projetos Redução de emissões média por projeto – em 10 anos Contribuição à matriz energética Receita pela redução de emissões em 10 anos (CER a US$10) Custo do Investimento tCO₂e/ano 765.160 tCO₂e 5.218.568 MWh/ano 2.724,0 Milhões US$ 1.053 Milhões US$ *A lista detalhada contendo os sites avaliados e o potencial por site encontra-se na planilha utilizada para os cálculos do inventário de oportunidades do setor em questão. Essa planilha será divulgada como um anexo do presente estudo. Barreiras Apesar de a legislação92 prever a disposição final de rejeitos de maneira adequada do ponto vista ambiental, grande parte dos resíduos sólidos urbanos gerados no Brasil é, na realidade, disposta em lixões ou em aterros controlados93. Em função de já serem projetados com tal objetivo, aterros sanitários apresentam um maior potencial de recuperação de biogás do que aterros controlados, que, por sua vez, são adaptados a partir de lixões a fim de que os impactos ambientais sejam minimizados. As barreiras para a implementação de aterros sanitários, que acabam por favorecer a disposição de resíduos sólidos urbanos em aterros controlados e lixões, estão descritas a seguir. Primeiramente, deve-se considerar que os altos custos de investimento formam uma considerável barreira financeira. A instalação de um sistema de captura de biogás de aterro demanda um significativo aporte inicial de capital, que se torna ainda mais expressivo se for considerada a necessidade de importação da tecnologia que esse tipo de projeto demanda (por não haver uma demanda de mercado, não há fabricantes nacionais de flares, medidores e analisadores do gás, motores, entre outros equipamentos). Além disso, é válido mencionar que não há subsídios governamentais significativos para esses projetos. Outro empecilho a ser considerado é a não existência de mão de obra e de serviço de treinamento específico no Brasil, o que tem como consequência a falta de experiência de manutenção/operação e a demora quando da necessidade de reparos dos equipamentos. Questões políticas também devem ser consideradas. Já que a disposição de resíduos sólidos urbanos é de responsabilidade municipal, a necessidade de iniciativa das prefeituras e a dificuldade em se determinar o local a ser construído implicam em um grande período de tempo até que seja obtida a licença ambiental. Recentemente a legislação definiu a elaboração de um plano nacional de resíduos sólidos, que deverá conter metas para o aproveitamento energético dos gases gerados nas unidades de disposição final de resíduos sólidos. Porém, o plano ainda está em fase de elaboração e metas ainda não foram definidas. Portanto ainda é uma barreira de caráter regulatório o fato de não haver nenhuma lei que exija a coleta e destruição do biogás de aterro. 91 Ressalte-se que o fator de redução de emissão vai variar em função da temperatura e precipitação média do local, composição do resíduo, número de habitantes atendidos pelo aterro, idade do resíduo depositado, taxa de coleta e taxa de crescimento da população urbana. O valor apresentado é um valor médio para os sites avaliados. Considerou-se a construção de novos aterros. Isto significa que no final do primeiro ano de projeto a quantidade de resíduo presente no aterro é apenas a quantidade depositada no primeiro ano. Para os anos subsequentes são somadas as quantidades depositadas até o ano em questão. A emissão de metano nos aterros varia de ano para ano, em função da quantidade de resíduo no aterro e com a idade do resíduo depositado. Para fins de cálculo, foi calculada a emissão em 10 anos e feito uma média para determinar a emissão anual. 92 Lei 12.305, de 2 de agosto de 2010 – Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. 93 Os aterros controlados não são a forma de disposição ideal, mas apresentam condições sanitárias consideravelmente melhores que os lixões. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 226 Ademais, além da não obrigação de investimento nesse tipo de atividade por parte do empreendedor, outra barreira decorre do fato de que o investimento efetuado dificilmente oferecerá retorno financeiro, mesmo em longo prazo, sem o auxilio dos créditos obtidos com a de redução de emissão de GEE. Os projetos de redução de emissões em aterros podem ser de coleta e destruição do biogás ou de utilização do mesmo para a geração de energia térmica ou de energia elétrica, as quais podem ser exportadas ou utilizadas no próprio empreendimento. Destruição do Biogás A maior parte dos projetos de MDL desenvolvidos para aterros no Brasil contempla apenas a coleta e destruição do biogás, sem que haja o aproveitamento energético do mesmo. Dentre todos os tipos de projetos para aterros, esse é aquele de menor custo. No entanto, como não há geração de eletricidade nem a sua consequente venda, a única forma de receita é oriunda dos créditos de carbono gerados. Geração de Eletricidade Esses tipos de projetos podem gerar uma maior redução de emissões quando comparados a projetos que englobam apenas a destruição de metano, além de gerar receita adicional pela venda da eletricidade gerada de forma limpa para o Sistema Interligado Nacional (SIN). No entanto, apesar de alguns projetos de MDL desenvolvidos no Brasil contemplarem a geração de eletricidade, apenas dois aterros de fato tem gerado. A principal barreira a tais projetos também é o elevado custo, o que está diretamente relacionado a questões tecnológicas. Em função da necessidade de compra de mais equipamentos para a geração de eletricidade, os custos de instalação são consideravelmente mais altos quando comparados aos projetos de captura e destruição de biogás. Como ainda há poucos projetos de redução de emissões de aterros que geram energia elétrica, não existe um fornecedor brasileiro de equipamentos e serviços para tal atividade. Dessa forma, os principais componentes dos sistemas de gestão de biogás precisam ser importados. Decorre disso, também, a necessidade de mão de obra especializada e/ou treinada para operar e manter as tecnologias usadas nesse tipo de projeto. Dessa forma, além da ausência de infraestrutura para a implementação da geração de eletricidade proveniente do biogás, qualquer projeto desenvolvido que tiver como objetivo o registro no MDL implicará a necessidade de qualificação técnica fornecida por companhia estrangeira. Outra importante barreira para a exportação de energia para o SIN é a necessidade de conexão a uma linha de transmissão, o que eleva ainda mais os custos e o que não depende somente dos interesses do empreendedor do aterro. Outra barreira a ser considerada é a não existência de uma tarifa específica para energia limpa, o que poderia ajudar a abater parte dos custos do projeto. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 227 Geração de Energia Térmica A geração de energia térmica a partir do biogás, com a substituição de combustíveis anteriormente utilizados para esse fim (por exemplo, gás natural, GLP), é o tipo de projeto para aterros que pode gerar maior redução de emissões, já que o fator de emissão dos combustíveis que serão substituídos é maior que o da energia elétrica do SIN. Os custos, apesar de elevados, tendem a ser menores quando comparados a projetos de geração de eletricidade. Para a transmissão de biogás – na rede de gás natural ou em novos dutos –, é necessário que se faça o seu tratamento, o que consome energia e requer equipamentos e conhecimento técnico específicos. Apenas um dos projetos desenvolvidos em aterros prevê a exportação do biogás. Dessa forma, o fato de não haver muitos projetos desse tipo já pode ser encarado como uma barreira em si. O desenvolvimento do estudo com a abordagem bottom-up contemplou o levantamento de instalações/locais em que os projetos de baixo carbono poderiam ser desenvolvidos. A lista contendo os sites avaliados e o potencial será divulgada como um anexo do presente estudo. A Tabela 0-45 apresenta os resultados consolidados do setor de Gerenciamento de Resíduos Sólidos e Efluentes Líquidos. Tabela 0-45 – Resultados Consolidados do Setor de Gerenciamento de Resíduos Sólidos e Efluentes Líquidos Tipo de projeto Número de Projetos Potencial Redução de Emissões GEE em 10 anos Potencial Receita com a Venda de CERs em 10 anos (CER = 10 US$) Investimento Fator de Redução de Emissão anual Contribuição à Matriz Energética Valor Unidade tCO₂e Milhões US$ Milhões US$ Valor Unidade MWh/ano 3.124 sites 561.740.966 5.617 1.188 n/a n/a 10.451.133 Tratamento de Efluentes Industriais – Indústria de Papel 120 empresas de papel 7.313.257 73 6,0 0,083 tCO₂e/(t papel x ano) - PR1 reator anaeróbio: geração de energia elétrica 120 empresas de papel 221.244 2 6,0 0,003 tCO₂e/(t papel x ano) 135.350 PR2 reator anaeróbio: geração de energia térmica 120 empresas de papel 912.018 9 6,0 0,010 tCO₂e/(t papel x ano) - PR1 captura do biogás: geração de energia elétrica 120 empresas de papel 6.622.483 66 6,0 0,075 tCO₂e/(t papel x ano) 144.879 PR2 captura do biogás: geração de energia térmica 120 empresas de papel 7.313.257 73 6,0 0,083 tCO₂e/(t papel x ano) - PR3 substituição para tratamento aeróbio 120 empresas de papel 7.054.323 71 6,0 0,080 tCO₂e/(t papel x ano) - Tratamento de Efluentes Industriais – Indústria Sucroalcooleira 282 empresas sucroalcooleiras 25.160.385 252 n/d 0,0003 tCO₂e/kg DBO - LB aeróbio – PR2 reator anaeróbio: geração de energia térmica 282 empresas sucroalcooleiras 25.160.385 252 n/d 0,0003 tCO₂e/kg DBO - Tratamento de Esgoto 1.138 prestadoras de esgoto por município 23.724.173 237 101,0 n/a tCO₂e/(DBO tratada x ano) 1.335.373 Instalação de reator anaeróbio: geração de eletricidade 1.138 prestadoras de esgoto por município 23.724.173 237 101,0 n/a tCO₂e/(DBO tratada x ano) 1.335.373 Redução de emissões de metano em aterros 356 municípios/microrregiões 299.211.230 2.992 666,4 0,202 tCO₂e/(hab x ano) - PR1 – captura e destruição do biogás 356 municípios/microrregiões 237.642.539 2.376 446,3 0,160 tCO₂e/(hab x ano) - PR2 – captura do biogás: geração de energia elétrica 356 municípios/microrregiões 272.396.974 2.724 1.052,6 0,184 tCO₂e/(hab x ano) 5.218.568 PR3 – captura do biogás: geração de energia térmica 356 municípios/microrregiões 299.211.230 2.992 666,4 0,202 tCO₂e/(hab x ano) - Tratamento térmico de RSU 119 municípios/microrregiões 159.006.118 1.590 391,6 0,920 tCO₂e/(t resíduo x ano) 9.115.760 9.115.760 Setor de Resíduos Sólidos e Efluentes Líquidos Incineração de RSU: geração de eletricidade 119 municípios/microrregiões 159.006.118 1.590 391,6 0,920 tCO₂e/(t resíduo x ano) Manejo de dejetos animais – Aves 138 empresas/granjas 6.255.371 63 1,4 0,050 tCO₂e/(cabeça de animal x ano) - Biodigestor: geração de energia elétrica 138 empresas/granjas 5.503.659 55 1,4 0,044 tCO₂e/(cabeça de animal x ano) 147.290 Biodigestor: geração de energia térmica 138 empresas/granjas 6.255.371 63 1,4 0,050 tCO₂e/(cabeça de animal x ano) Manejo de dejetos animais – Suínos 176 suinocultores 11.244.543 112 3,2 0,354 tCO₂e/(cabeça de animal x ano) - Biodigestor: geração de energia elétrica 176 suinocultores 9.864.416 99 3,2 0,310 tCO₂e/(cabeça de animal x ano) 270.421 - - Biodigestor: geração de energia térmica 176 suinocultores 11.244.543 112 3,2 0,354 tCO₂e/(cabeça de animal x ano) Manejo de dejetos animais – Bovinos 795 confinamentos bovinos 29.825.890 298 18,4 1,581 tCO₂e/(cabeça de animal x ano) - Biodigestor: geração de energia elétrica 795 confinamentos bovinos 26.277.857 263 18,4 1,393 tCO₂e/(cabeça de animal x ano) 695.199 Biodigestor: geração de energia térmica 795 confinamentos bovinos 29.825.890 298 Notas: * = A agregação dos valores excluiu projetos alternativos e utilizou o projeto que maximiza a redução de emissões n/a = Não de aplica. n/d = Dado não disponível. 18,4 1,581 tCO₂e/(cabeça de animal x ano) - PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 228 5. CURVAS DE INVESTIMENTO O custo marginal de abatimento (CMA) contempla os custos associados às medidas de redução da emissão de determinado poluente emitido no ambiente, ou seja, os custos de adoção de meios tecnológicos e gerenciais para reduzir emissões. Quando trabalha-se com diferentes opções de mitigação (tecnológicas ou de mudança de insumos) para um mesmo impacto, a identificação dos CMAs é de grande valia para a seleção das melhores oportunidades dentre essas opções. Os CMAs das alternativas de mitigação podem ser representados por curvas que relacionam o custo marginal de se reduzir as emissões em função da quantidade abatida, considerando cada opção de mitigação. Os custos e as emissões evitadas devem ser estimados tendo como ponto de partida um cenário de referência (isto é, linha de base), de forma que os custos irão representar o incremento financeiro necessário à implementação da alternativa de mitigação (isto é, cenário do projeto) em comparação ao cenário de referência. Dessa forma, o custo marginal de abatimento de emissões de GEE de um projeto é a diferença entre o custo existente no cenário de referência e o custo no cenário de baixo carbono, expresso por unidade de massa de CO₂ equivalente (US$ou R$/tCO₂e). Ressalte-se que os cálculos para o desenvolvimento dos CMAs são desafiadores, tendo em vista a dificuldade de obtenção de informações, principalmente aquelas referentes à operação e manutenção dos sistemas em questão. Uma alternativa ao CMA é o desenvolvimento de curvas de investimento, que consideram exclusivamente o custo relacionado à implementação do projeto de baixo carbono. Enquanto a curva de custo marginal de abatimento ajuda a classificar as opções de mitigação de GEE com base em seus custos, a curva de custo de investimento fornece um quadro completo dos investimentos necessários para atingir determinados objetivos de, inter allia, redução de emissões ou desenvolvimento de determinado setor da forma mais carbono eficiente. O presente estudo desenvolveu uma curva de investimento para mitigação de emissões de GEE e suas informações podem ser de extrema relevância para que se entenda o nível de investimento necessário para que determinados setores, ou o próprio País, atinja certos patamares de redução de emissões. Tendo como base os dados coletados no presente estudo, assim como os modelos desenvolvidos e resultados obtidos, podem ser geradas diversas curvas de investimento, de acordo com o interesse do leitor: custo de investimento por MW de capacidade de geração de energia adicional fornecida; custo de investimento por tonelada de capacidade de tratamento de resíduo adicional; custo de investimento por quilometro adicional de determinado sistema de transporte; custo de investimento por determinado sistema de produção de produto químico; e custo de investimento para substituição de combustível fóssil por renovável em atividades industriais de forma a suprir toda a demanda energética. Uma vantagem das curvas de custo de investimento em relação às curvas de custo marginal é que as primeiras também refletem as potenciais barreiras financeiras que, na prática, muitas vezes impedem que determinadas opções de projeto sejam implementadas. O presente estudo apresenta a curva de investimento para redução de emissões de GEE. Não obstante, as ferramentas de cálculo desenvolvidas, alimentadas com bancos de dados nacionais, podem ser utilizadas para a geração de outros tipos de informação. Nos casos em que os dados de custo do investimento não estavam disponíveis, o potencial físico de redução de emissões foi avaliado sem mencionar o custo unitário. Deve-se ressaltar que isto não significa de forma alguma que as atividades têm custos negligenciáveis. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 229 Ressalte-se que não foram realizadas análises detalhadas de investimentos para os projetos e, dessa forma, os custos de investimento obtidos representam uma estimativa do valor necessário para implementação dos projetos, com base em projetos já desenvolvidos ou na literatura disponível. Portanto, as curvas de investimento apresentadas objetivam ilustrar comparativamente os diferentes níveis de investimento necessários para cada tipo de projeto e não precisamente o valor exato para a implantação dos projetos. São apresentadas na sequência as curvas de investimento desenvolvidas para cada setor contemplado no presente estudo. Eletricidade Assim como o setor de transportes, os projetos do setor de eletricidade também são, em geral, projetos de infraestrutura, com altos custos de implementação e retornos de longo-prazo. Assim, os projetos mais vantajosos dentro desse setor, não necessariamente serão mais vantajosos frente aos projetos dos demais setores. Por exemplo, o projeto de maior potencial de redução, instalação de usinas eólicas, é também o de maiores investimentos por redução de emissões alcançada (748 US$/tCO₂e). Além dos projetos listados abaixo, outras medidas também foram avaliadas, mas foram excluídas dessa demonstração gráfica por representarem outliers e, por isso, distorcerem a visualização das oportunidades. No entanto, isto não significa de forma alguma que elas sejam negligenciáveis. Curvas de Investimento de Projetos do Setor de Eletricidade Redução de Emissões de SF6 na Transmissão de Eletricidade Adição de Ciclo à Usinas de Ciclo Aberto Eficiencia energética na iluminação residencial Conexão de Sistemas Isolados Custo de Investimento (US$/ tCO2e) 800 700 600 Cogeração com Licor Negro 500 Cogeração com Bagaço de Cana-deaçúcar Geração com Palha de Arroz 400 Geração com Resíduos de Palha de Cana-de-açúcar Geração com Resíduos de Milho 300 Geração com Resíduos de Soja 200 Hidroelétricas 100 Eficiência Energética na Distribuição de Eletricidade - 200 400 600 800 1.000 1.200 Potencial Redução de Emissões (MtCO2e) 1.400 Eficiencia energética no aquecimento de água residencial Usinas Eólicas PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 230 Combustíveis Fósseis para a Indústria No caso do setor de combustíveis fósseis para a indústria, considerou-se que os valores de custo unitário obtidos para cada tipo de projeto não poderiam ser replicados indiscriminadamente para todos os setores de produção industrial e, dessa forma, a análise referente ao investimento em projetos de mitigação nesse setor não foi realizada. Logo, o gráfico apresentado a seguir representa apenas uma comparação ilustrativa do potencial de redução de emissões dos projetos avaliados, não indicando o custo de investimento necessário para implementação desses. Comparação entre os Projetos do Setor de Combustíveis Fósseis para a Indústria Novos Processos - Ferro-gusa Substituição de OC por GN - Mineração e Pelotização Aproveitamento de Gás Associado na E&P de Petróleo, na plataforma Recuperação de Calor em Fornos - Mineração e Pelotização Substituição de OC por GN - Alumínio Primário Novos Processos - Química Recuperação de Calor em Fornos - Química Substituição de OC por Biomassa - Celulose Recuperação de Calor em Fornos - Cimento Substituição de OC por Biomassa - Papel 0 40 80 120 160 200 Introdução de Novos Processos - Cerâmica Potencial Redução de Emissões (MtCO2e) LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 231 Insumos para a indústria No setor de Insumos para indústria é possível identificar dois projetos altamente atrativos: a destruição do metano gerado na produção de carvão vegetal e a mudança de insumos na fabricação de tijolo, ambos com custos extremamente baixos e níveis representativos de redução de emissões. Curvas de Investimento de Projetos do Setor de Insumos para a Indústria Destruição de metano gerado na produção de carvão vegetal Custo de Investimento (US$/ tCO2e) 80 Uso de CO2 biogênico como insumo para a fabricação de compostos inorgânicos Redução de emissão na fabricação de alumínio primário 70 60 50 Redução de emissão de N2O na fabricação de produtos químicos 40 Mudança de processos e insumos na fabricação de ferro gusa 30 Mudança de insumo na fabricação de amônia e uréia 20 10 Fabricação de refrigeradores com gases de pequeno GWP - Mudança de insumos na fabricação de tijolo 0 50 100 150 200 250 300 350 400 Aumento do teor de aditivos na fabricação de cal hidratada Potencial Redução de Emissões (MtCO2e) Aumento do teor de aditivos na fabricação de cimento PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 232 Transporte Dentre os seis projetos do setor de transporte, dois são mais atrativos quando avaliados os custos de investimento por emissão de GEE reduzida: a produção de óleo vegetal para o uso como combustível de veículos e a introdução de BRT nos centros urbanos. No entanto, vale ressaltar que projetos no setor de transporte em geral representam projetos de infraestrutura. Portanto, quando comparados os custos dos projetos aos de outros setores, esses se revelam menos vantajosos. Os projetos citados, por exemplo, apresentam custos de 56 US$/tCO₂e e 251 US$/tCO₂e respectivamente. Curvas de Investimento de Projetos do Setor de Transporte Produção de Biodiesel para uso como combustível de Veículos 10.000 Custo de Investimento (US$/ tCO2e) 9.000 Produção de Óleo Vegetal para Uso como combustível de Veículos 8.000 7.000 Transporte Urbano de Passageiros por BRT 6.000 Mudança Modal para Transporte de Cargas 5.000 4.000 Transporte Urbano de Passageiros por Metrô 3.000 2.000 Mudança Modal no Transporte de combustível (Alcooldutos) 1.000 0 50 100 150 200 250 Potencial Redução de Emissões (MtCO2e) 300 Transporte Urbano de Passageiros por VLT LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 233 Resíduos Dentre as 11 alternativas de projetos no setor de resíduos, é possível destacar aquelas que demandam um menor investimento por emissão de GEE abatida ou evitada. A medida de captura e queima de biogás de aterro, por exemplo, representa o menor custo de investimento dentre as medida do setor e ainda tem um potencial de redução bastante representativo. O projeto que, além de capturar o biogás de aterro, também queima o gás em substituição ao gás natural para geração térmica é o projeto de maior redução de emissão, com custos ligeiramente maiores que a medida citada. Um terceiro projeto, que destina o biogás de aterro à geração de eletricidade também representa uma alternativa interessante, com custos inferiores a 5 US$/tCO₂e, e potencial de redução de emissão superior a 250 MtCO₂e. O Tratamento de RSU com geração de eletricidade, por outro lado, é um projeto que, apesar de possuir um potencial de mitigação significativo, tem um custo elevado. Essas e outras inferências são facilmente observadas no gráfico abaixo, que apresenta as curvas de investimento para o setor de Resíduos. Curvas de Investimento de Projetos do Setor de Resíduos Aterro - Captura e destruição do biogás 45 Aterro - Captura do biogás e geração de energia térmica 40 Manejo de dejetos animais Aves - geração de energia térmica Manejo de dejetos animais Aves - geração de energia elétrica Manejo de dejetos animais Suínos - geração de energia térmica Manejo de dejetos animais Suínos - geração de energia elétrica Aterro - Captura do biogás e geração de energia elétrica Custo de Investimento (US$/ tCO2e) 35 30 25 20 Manejo de dejetos animais Bovinos - geração de energia térmica Manejo de dejetos animais Bovinos - geração de energia elétrica Tratamento de efluentes Indústria de Papel - geração de energia elétrica Incineração de RSU com geração de eletricidade 15 10 5 0 500 1000 1500 Potencial Redução de Emissões (MtCO2e) Tratamento de efluentes Esgoto - geração de energia elétrica PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 234 C 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES O presente estudo, inédito em sua forma e conteúdo no Brasil, teve por objetivo mapear e quantificar as oportunidades de projetos de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEEs) no Brasil, nos setores: eletricidade; combustíveis fósseis para a indústria; outros insumos para a indústria; resíduos; e transporte e uso de combustíveis. Tendo como plataforma as Metodologias de Linha de Base e Monitoramento para projetos desenvolvidos no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Kyoto, foram identificadas as principais fontes de emissão de GEEs nos setores supracitados, assim como as principais formas de mitigá-las. Mais de 160 Metodologias de Linha de Base e Monitoramento foram avaliadas e, aquelas selecionadas para integrar a análise, foram agrupadas em cerca de 60 tipos de projeto. Identificadas as principais fontes de emissão de GEEs e definidos os principais projetos mitigadores de emissões, foram determinadas as bases para a avaliação de cerca de 20 mil sites no Brasil, em que possivelmente há oportunidades de replicação de projetos. Em conjunto, tais oportunidades oferecem a possibilidade de reduzir/evitar as emissões nacionais em aproximadamente 450.000 mil t CO₂e com a adição de 450 GW de pot ncia ao Sistema nterligado Nacional. Desenvolveram-se modelos matemáticos para calcular a potencial redução de emissões, quantificar a contribuição à matriz energética, a possível receita com a venda de créditos de carbono, assim como o investimento necessário à implementação dos projetos avaliados. Esses modelos foram alimentados com bancos de dados nacionais levantados a partir de uma extensa pesquisa em, inter allia, agências governamentais, organizações do setor privado e institutos de pesquisa. A partir desse levantamento foi possível preencher as lacunas para que a análise de reprodutibilidade dos projetos pudesse ser desenvolvida. Ressalte-se que a coleta de dados/informações constituiu-se no maior desafio desse estudo. Isso porque, apesar de o Brasil ter evoluído bastante nas últimas décadas no que concerne às estatísticas e informações setoriais nacionais, a disponibilidade de informação é ainda muito limitada – que muitas vezes é tida como confidencial, é inexistente ou presente de forma desagregada. Também foram desenvolvidas análises para identificar as possíveis barreiras à implementação dos projetos propostos. Vale ressaltar que essas análises foram feitas do ponto de vista macro. O Brasil é um País profundamente marcado por uma heterogeneidade geográfica, cultural, climática e, principalmente, econômica. Dessa forma, cada projeto poderá enfrentar diferentes barreiras associadas, sobretudo, à localização do site, à disponibilidade de recursos, tecnologias e mão de obra qualificada, que somente poderão ser avaliadas por estudos futuros mais aprofundados. Como resultado dessa avaliação, conclui-se, principalmente, que a implementação de grande parte dos projetos de baixo carbono levantados no estudo enfrenta significativas barreiras de investimento e tecnológicas no Brasil, dentre as quais destacam-se: linhas de financiamento a longo prazo frequentemente indisponíveis (com exceção das linhas de crédito do BNDES), ou são notadamente custosas; necessidade de importação da tecnologia requerida pelo projeto de outro país; e escassez de mão de obra qualificada para a operação e manutenção das tecnologias. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 235 Conclui-se que, de fato, há um grande potencial técnico latente para o desenvolvimento de projetos de baixo carbono em todos os setores contemplados. Contudo, deve ser mencionado que um estudo mais aprofundado de cada projeto faz-se necessário para a avaliação do real potencial de seu desenvolvimento no âmbito dos mercados internacionais de carbono, sobretudo no MDL, que apresenta regras específicas de elegibilidade, dentre as quais a mais importante é a determinação da adicionalidade dos projetos. No setor de resíduos, identificaram-se diversas alternativas de redução de emissões, tanto na disposição como no tratamento de resíduos e efluentes, por meio de mecanismos de tratamento apropriados de resíduos e efluentes (por exemplo, metano evitado e captura de metano), bem como do eventual aproveitamento do biogás para a geração de energia (térmica e/ou elétrica). No setor de eletricidade, também aponta-se uma quantidade significativa de iniciativas mitigadoras de emissões de GEEs nos três elos de sua cadeia, sobretudo, a partir de geração de eletricidade com fontes mais limpas (por exemplo, resíduos de biomassa, energia eólica e hídrica), bem como do aumento da eficiência dos processos de geração de eletricidade (por exemplo, ciclo combinado em turbinas à gás) ou dos equipamentos de consumo final de eletricidade (por exemplo, aquecedores solares). No setor de combustíveis fósseis para a indústria, também foram identificadas alternativas de mitigação de emissões de GEEs por meio da produção de energia de forma mais limpa na indústria – via queima de combustíveis menos carbono intensivos ou aumento da eficiência dos processos – além de formas de se reduzir as emissões associadas à produção (por exemplo, troca de combustíveis) e ao transporte dos combustíveis (por exemplo, redução de vazamento de CH₄). No setor de outros insumos para a indústria, foram identificados diversos projetos de redução de emissões de GEE na produção de insumos associados à produção de cimento, de químicos e de alumínio (por exemplo, uso de insumos alternativos na fabricação de produtos, mudanças/melhorias de processos industriais), bem como no tratamento dos subprodutos nos setores de mineração e químico (por exemplo, recuperação de subprodutos, uso de subprodutos como insumo e destruição de gases gerados na produção). No setor de transportes foram identificadas iniciativas mitigadoras de emissões de GEE a partir da produção de combustíveis menos carbono intensivos (por exemplo, biocombustíveis), de transporte mais eficiente e de alternativas de transporte de cargas e de passageiros com menor intensidade de emissões de GEE (por exemplo, BRT). É interessante ressaltar que estudo aponta diversas oportunidades de projetos de geração de energia menos carbono intensiva, indicando alternativas para manter a matriz energética nacional limpa, mesmo que de forma, em princípio, menos interessantes do ponto de vista econômico-financeiro. Ressalte-se que, apesar de o estudo basear-se fortemente em metodologias para projetos de MDL, o foco não é o MDL, mas sim projetos que reduzam ou evitem emissões de GEE sem necessariamente passar pelo processo do MDL e gerar CERs. Não obstante, o arcabouço metodológico do MDL colabora para a legitimidade das oportunidades identificadas. Com esse mapa de oportunidades, espera-se ter colaborado para o melhor aproveitamento do potencial latente para a redução de emissões de GEEs no Brasil, apontando aos setores estudados caminhos possíveis para o desenvolvimento de iniciativas mitigadoras voltadas para uma economia de baixo carbono, que pode se apresentar tanto na forma de riscos como de oportunidades para os setores econômicos. Esse mapeamento serve de referência a diversos outros agentes, tanto privados como públicos, nacionais e internacionais. No que concerne ao setor privado, especialmente, às empresas atuantes nos setores produtivos da economia (por exemplo, metalúrgico, químico, papel e celulose, elétrico, siderúrgico, agroindústria), de transporte e resíduos, o mapeamento pode usado tanto como ferramenta para que se preparem em relação aos impactos de futuras regulamentações sobre emissões de GEEs, como para identificação de oportunidades de geração de novas receitas, incluindo por meio da participação nos mercados internacionais de carbono por meio da comercialização das reduções de emissões de GEEs. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 236 Do ponto de vista das instituições públicas, o mapeamento pode ser utilizado como ferramenta para auxiliar o alcance dos objetivos estabelecidos pela Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), assim como de outras metas climáticas que sejam traçadas em outras esferas do poder público (por exemplo, estados e municípios), na medida em que é possível identificar os setores e áreas que possam ser priorizadas na definição da metas setoriais de emissões de GEEs a curto e médio prazos, bem como setores/áreas que requerem incentivos governamentais para o fomento de ações mitigadoras de emissões em longo prazo. Mais ainda, a identificação do potencial de contribuição à matriz de energia elétrica também consiste em ferramenta ao governo para auxílio ao atendimento dos objetivos de segurança energética nacional. Em relação a investidores nacionais e internacionais interessados a investir em projetos de redução de emissões no Brasil, assim como fundos existentes no âmbito da UNFCCC, fica claro que o Brasil apresenta um extenso número de projetos potenciais de redução de emissões em diversos setores, e apresenta-se apto a receber investimentos que estejam ou se tornem disponíveis. A magnitude do potencial de redução de emissões de GEE, o investimento necessário e a possível receita advinda da venda de CERs podem ser observados na tabela a seguir, que apresenta os resultados consolidados por iniciativa de redução de emissão de GEE analisada. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 237 Tabela 0-1 – Resultado Consolidado do Inventário de Oportunidades de Redução de Emissão de GEE Número de Projetos Tipo de projeto Potencial Redução de Emissões GEE em 10 anos Potencial Receita com a Venda de CERs em 10 anos (CER = 10 US$) Investimento Fator de Redução de Emissões Contribuição para a matriz energética*** POTENCIAL ESTIMADO TOTAL DO BRASIL Valor 18.480 Unidade Sites tCO₂e 4.551.882.529 Milhões US$ 45.642 Milhões US$ n/a Valor n/a Unidade n/a MW 452.185 Total Setor de Eletricidade 12.102 Sites 2.643.621.041 26.436 1.284.118 n/a n/a 452.185 Hidroeletricidade Repotenciação e Modernização Hidroelétricas 1.204 Usinas Hidroelétricas 292.004.618 2.920,0 144.491 354 tCO₂e/MW/ano 82.502 44 Usinas Hidroelétricas 3.899.124 39,0 11.506 16 182.208.058 1.822,1 136.328 310 tCO₂e/MW instalado/ano tCO₂e/MW/ano 58.747 1.445.059.181 14.450,6 773.549 14 tCO₂e/ha/ano 181.568 Eólica 1.839 Usinas Eólicas UTE de Biomassa Renovável (Plantação Dedicada em Áreas Degradadas) UTE de Resíduos de Milho 6.052 Usinas Termelétricas 605 454 Municípios 158.653.554 1.586,5 65.295 0,372 tCO₂e/t milho 36.646 UTE de Resíduos de Soja 409 Municípios 214.685.866 2.146,9 90.026 0,240 tCO₂e/t soja 50.525 UTE de Palha de Arroz 50 Municípios 22.296.963 223,0 4.030 0,193 tCO₂e/t arroz 2.262 UTE de Palha de Cana 279 Usinas Sucroalcooleiras 48.635.306 486,4 14.221 0,011 tCO₂e/t cana 7.981 Cogeração com Bagaço de Cana 279 Usinas Sucroalcooleiras 41.909.309 419,1 6.406 0,010 tCO₂e/t cana 6.357 Cogeração com Licor Negro 35 Fábricas de Celulose 1.905.262 19,1 281 0,015 178 Substituição de Combustível* 328 Usinas Termelétricas 109.078.820 1.090,8 180 1.546 Adição de Ciclo à Usinas de Ciclo Aberto* 16 Usinas Termelétricas 15.627.851 156,3 106 0,376 Eficiência Energética na Distribuição de Eletricidade 49 Concessionárias 17.177.454 171,8 9.148 6,25 Redução de Emissões de SF6 na Transmissão de Eletricidade Conexão de Sistemas Isolados* 11 Empresas Transmissoras 3.241.364 32,4 6,6 1,18 tCO₂e/t pasta de celulose tCO₂e/MW instalado/ano tCO₂e/MW instalado/ano tCO₂e/GWh fornecido tCO₂e/MVA 42 Usinas Termelétricas 23.795.827 238,0 1.288 4.291 Eficiência Energética na Indústria de Ferro-gusa e Aço Eficiência Energética na Indústria Química 10 Empresas 6.734.774 67,3 14.244 43 39 Empresas 1.583.998 15,8 2.324 38 Eficiência Energética na Indústria de Papel e Celulose 157 Fábricas de Papel/Celulose 8.476.666 84,8 435 49 9 Empresas 2.420.651 24,2 13 51 Eficiência Energética na Indústria de Mineração e Pelotização Eficiência Energética na Indústria de Ferro-ligas 101 Empresas 4.715.133 47,2 1.065 47 n/d n/d 185.016 1,9 128 3 Eficiência Energética na Indústria de Não ferrosos e Outros da Metalurgia Eficiência Energética na Indústria de Alimentos e Bebidas Eficiência Energética na Indústria Têxtil n/d n/d 5.753.259 57,5 457 16 n/d n/d 93.352 0,9 527 32 n/d n/d 2.260.995 22,6 135 29 Eficiência Energética na Indústria de Cerâmica 300 Empresas de Cerâmica Identificadas**** PoA por Concessionária 790.069 7,9 1.249 45 23.751.771 237,5 588 123 4.839.237 48,4 3.134 163 1.837.565 18,4 2.958 60 Eficiência Energética na Indústria de Cimento Eficiência Energética na Iluminação Residencial 49 Eficiência Energética no Aquecimento de Água Residencial Eficiência Energética em Refrigeradores Residenciais 297 Total Setor de Combustíveis Fósseis para a Indústria 2.204 49 Projetos (16.390 chuveiros cada) PoA por Concessionária 1.333 (555) 523 123 658 188 366 14 446 7 175 61 7.962 12.166 132 768.185.162 7.805 n/d n/a n/a n/a 8 Refinarias 5.690.174 56,9 n/d 13,7 tCO₂e/10^3 t petróleo n/a Gás associado em Plataformas 44 Plataformas de produção de petróleo 19.145.942 191,5 n/d 0,6 tCO₂e/10^3 m3 GA n/a Distribuição de GN 2 Empresas de Distribuição 237.476 2,4 n/d 0,5 tCO₂e/m duto/ano n/a 1.287.855 12,8 n/d n/a n/a n/a Refino – Flare e Vent Sites tCO₂e/MW instalado/ano tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido tCO₂e/GWh consumido 1.213 Melhoria da Combustão 587 Sites Celulose 35 Empresas de Celulose 267.898 2,7 n/d 2 tCO₂e/10^3 t celulose n/a Papel 122 Empresas de Papel 199.206 1,9 n/d 2 tCO₂e/10^3 t celulose n/a Química 39 Empreses de Produtos Químicos 249.400 2,5 n/d 1 tCO₂e/10^3 t químico n/a Ferro-gusa 87 Empresas de Ferro-gusa 100.814 1,0 n/d 0,4 tCO₂e/10^3 t ferro-gusa n/a Aço 4 Empresas de Aço 9.819 0,1 n/d 0,1 tCO₂e/10^3 t aço bruto n/a Cerâmica* 300 Empresas de Cerâmica Identificadas**** 157.041 1,6 n/d 2 tCO₂e/10^3 GJ óleo comb. n/a Alimentos e Bebidas* n/d n/d 303.677 3,0 n/d 2 tCO₂e/10^3 GJ óleo comb. n/a Introdução de novos processos 592 Sites 286.364.260 2.863,6 n/d n/a n/a n/a Celulose 35 Empresas de Celulose 1.472.208 14,7 n/d 12 tCO₂e/10^3 t celulose n/a Papel 122 Empresas de Papel 1.047.764 10,5 n/d 12 tCO₂e/10^3 t celulose n/a Química 39 Empreses de Produtos Químicos 9.756.470 97,6 n/d 55 tCO₂e/10^3 t químico n/a Ferro-gusa 87 Empresas de Ferro-gusa 57.555.321 575,6 n/d 229 tCO₂e/10^3 t ferro-gusa n/a Aço 9 Empresas de Aço 212.128.383 2.121,3 n/d 897 tCO₂e/10^3 t aço bruto n/a 300 Empresas de Cerâmica 4.404.115 44,0 n/d 13 tCO₂e/10^3 GJ óleo n/a Cerâmica* PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 238 Tipo de projeto Número de Projetos Potencial Redução de Emissões GEE em 10 anos Potencial Receita com a Venda de CERs em 10 anos (CER = 10 US$) Investimento Fator de Redução de Emissões Identificadas**** Contribuição para a matriz energética*** combustível Otimização de Vapor 196 Sites 3.670.265 36,7 n/d n/a n/a n/a Celulose 35 Empresas de Celulose 939.707 9,4 n/d 7 tCO₂e/10^3 t celulose n/a Papel 122 Empresas de Papel 787.609 7,9 n/d 9 tCO₂e/10^3 t celulose n/a Química 39 Empreses de Produtos Químicos 809.499 8,1 n/d 5 tCO₂e/10^3 t químico n/a Alimentos e Bebidas* n/d n/d 1.133.450 11,3 n/d 6 tCO₂e/10^3 GJ óleo combustível n/a Recuperação de Calor em Fornos 603 Sites 118.898.366 1.210,8 n/d n/a n/a n/a Química 39 Empreses de Produtos Químicos 9.590.545 95,9 n/d 54 tCO₂e/10^3 t químico n/a Ferro-gusa 87 Empresas de Ferro-gusa 18.878.055 188,8 n/d 75 tCO₂e/10^3 t ferro-gusa n/a Aço 9 Empresas de Aço 61.614.053 616,1 n/d 261 tCO₂e/10^3 t aço bruto n/a Cimento 68 Empresas de Cimento 7.257.017 72,6 n/d 14 tCO₂e/10^3 t cimento n/a Mineração e Pelotização 100 Empresas de Mineração 17.528.931 156,8 n/d 2 tCO₂e/10^3 t minério n/a Cerâmica* 300 Empresas de Cerâmica Identificadas**** 4.029.765 40,3 n/d 12 tCO₂e/10^3 GJ comb. Fósseis n/a Substituição de Comb. Carbono Intensivos por Biomassa 157 Sites 30.469.189 304,7 n/d n/a n/a n/a Papel 122 Empresas de Papel 6.355.389 63,6 n/d 70 tCO₂e/10^3 t papel n/a Celulose 35 Empresas de Celulose 8.929.928 89,3 n/d 70 tCO₂e/10^3 t celulose n/a Alimentos e Bebidas* n/d n/d 15.183.873 151,8 n/d 0,1 tCO₂e/GJ óleo combustível n/a Substituição de Comb. Carbono Intensivos por Gás Natural 758 Sites 311.648.713 3.180,3 n/d n/a n/a n/a Cimento 68 Empresas de Cimento 303.475 3,0 n/d 0,6 tCO₂e/10^3 t cimento n/a Ferro-gusa 80 Empresas de Ferro-gusa 908.493 9,1 n/d 4 tCO₂e/10^3 t ferro-gusa n/a Aço 9 Empresas de Aço 250.676.134 2.506,8 n/d 1 tCO₂e/t aço bruto /ano n/a Mineração e Pelotização 100 Empresas de Mineração 26.967.252 269,7 n/d 2 tCO₂e/10^3 t minério n/a Química 39 Empreses de Produtos Químicos 2.301.605 23,0 n/d 0,1 tCO₂e/t químico /ano n/a Não ferrosos (Alumínio) 6 Empresas de Alumínio 11.264.484 112,6 n/d 1 tCO₂e/t alumínio n/a Papel 122 Empresas de Papel 1.759.534 17,6 n/d 19 tCO₂e/10^3 t papel n/a Celulose 34 Empresas de Celulose 2.396.304 24,0 n/d 19 tCO₂e/10^3 t celulose n/a Cerâmica* 300 Empresas de Cerâmica Identificadas**** 1.449.263 14,5 n/d 0,02 tCO₂e/GJ óleo combustível n/a n/a Têxtil* n/d n/d 954.173 9,5 n/d 0,02 tCO₂e/GJ óleo combustível Alimentos e Bebidas* n/d n/d 3.783.386 37,8 n/d 0,02 tCO₂e/GJ óleo combustível n/a n/a Não ferrosos e outros da metalurgia* Total Setor de Outros Insumos para a Indústria n/d n/d 8.884.610 88,8 n/d 0,02 tCO₂e/GJ óleo combustível 706 Sites 343.667.064 3.437 4.934 n/a n/a 756.053 7,6 48,0 0,063 tCO₂e/t cal hidratada n/a n/a Aumento do teor de aditivos na fabricação de cal hidratada 9 Produtores de cal hidratada Aumento do teor de aditivos na fabricação de cimento 68 Fábricas de cimento 52.825.742 528,3 3.982,5 0,101 tCO₂e/t cimento/ano n/a Fabricação de refrigeradores com gases de pequeno GWP 5 Fábricas de refrigeradores 13.267.696 132,7 92,7 n/a n/a n/a 3 Mudança de insumo na fabricação de amônia e ureia Empresas produtoras de ureia 2.345.506 23,5 10,9 0,198 tCO₂e/t ureia/ano n/a Mudança de insumos na fabricação de tijolo* 300 Fábricas de tijolos**** 63.502.648 635,0 74,5 0,070 tCO₂e/t tijolo n/a Uso de CO₂ biogênico como insumo para a fabricação de compostos inorgânicos 15 Empresas produtoras de compostos inorgânicos 4.003.398 40,0 n/a n/a n/a n/a Redução de emissão de N₂O na fabricação de produtos químicos 4 Empresas de produtos químicos 7.691.748 77 5,1 n/a n/a n/a Ácido Nítrico 3 Empresas produtoras de ácido nítrico 6.867.474 68,7 3,8 0,372 tCO₂e/t Ácido Nítrico n/a Caprolactama 1 Empresa produtora de caprolactama 824.275 8,2 1,3 0,434 tCO₂e/t Caprolactama n/a Redução de emissão na fabricação de alumínio primário 5 Fábricas de alumínio primário 3.130.512 31,3 0,6 n/a n/a n/a Mudança de processos e insumos na fabricação de ferrogusa 4 Empresas produtoras de ferrogusa 158.755.608 1.587,6 720,1 0,772 tCO₂e/t gusa n/a Destruição de metano gerado na produção de carvão vegetal 293 Total Setor de Transportes/Combustíveis para Veículos 344 Produção de Biocombustíveis** 156 Produção de Biodiesel Municípios produtores de carvão vegetal 37.388.152 373,9 n/a 0,840 tCO₂e/t carvão vegetal n/a 234.668.296 2.347 112.766 n/a n/a n/a Usinas 102.992.953 1.030 n/a 65.988 tCO₂/usina x ano n/a 156 Usinas 102.992.953 1.030 n/a 65.988 tCO₂/usina x ano n/a Produção de Óleo Vegetal 293 Usinas 51.790.141 518 2.910 17.679 tCO₂/usina x ano n/a Mudança de Modal no Transporte de Combustíveis 42 Alcooldutos 8.971.260 90 26.245 22 tCO₂/km x ano n/a Sites LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 239 Tipo de projeto Número de Projetos Potencial Redução de Emissões GEE em 10 anos Potencial Receita com a Venda de CERs em 10 anos (CER = 10 US$) Investimento Fator de Redução de Emissões Contribuição para a matriz energética*** Alcoolduto 42 Alcooldutos 8.971.260 90 26.245 22 tCO₂/km x ano n/a Mudança de Modal no Transporte de Cargas** 12 Ferrovias 42.439.141 424 37.518 141 tCO₂/km x ano n/a Cenário 1 – Aumento de 3% das cargas transportadas atualmente por ferrovias 12.731.742 127 37.518 42 tCO₂/km x ano n/a 12 Ferrovias Cenário 2 – Aumento de 10% das cargas transportadas atualmente por ferrovias 12 Ferrovias 42.439.141 424 37.518 141 tCO₂/km x ano n/a Eficiência Energética 134 Projetos Potenciais 80.264.943 803 49.003 70.561 n/a n/a BRT 110 Projetos Potenciais 74.657.219 747 20.203 67.870 t CO₂/unidade x ano n/a VLT 14 Cidades 968.557 10 8.600 394 tCO₂e/km x ano n/a Metrô 10 Cidades 4.639.167 46 20.200 2.297 tCO₂e/km x ano n/a 561.740.966 5.617 1.188 n/a n/a n/a Total Setor de Resíduos Sólidos e Efluentes Líquidos 3.124 Tratamento de Efluentes Industriais – Indústria de Papel** LB aeróbio – PR1 reator anaeróbio com geração de energia elétrica LB aeróbio – PR2 reator anaeróbio com geração de energia térmica LB anaeróbio – PR1 captura do biogás com geração de energia elétrica LB anaeróbio – PR2 captura do biogás com geração de energia térmica LB anaeróbio – PR3 substituição para tratamento aeróbio Tratamento de Efluentes Industriais – Indústria Sucroalcooleira LB aeróbio – PR2 reator anaeróbio com geração de energia térmica Tratamento de Esgoto 120 Empresas de papel 7.313.257 73,1 6,0 0,083 tCO₂/t papel/ano n/a 120 Empresas de papel 221.244 2,2 6,0 0,003 tCO₂/t papel/ano n/a 120 Empresas de papel 912.018 9,1 6,0 0,010 tCO₂/t papel/ano n/a 120 Empresas de papel 6.622.483 66,2 6,0 0,075 tCO₂/t papel/ano n/a 120 Empresas de papel 7.313.257 73,1 6,0 0,083 tCO₂/t papel/ano n/a 120 Empresas de papel 7.054.323 70,5 6,0 0,080 tCO₂/t papel/ano n/a 282 Empresas sucroalcooleiras 25.160.385 251,6 n/d 0,0003 tCO₂/kg DBO n/a 282 Empresas sucroalcooleiras 25.160.385 251,6 n/d 0,0003 tCO₂/kg DBO n/a 1.138 23.724.173 237,2 101,0 n/a 23.724.173 237,2 101,0 n/a 299.211.230 2.992,1 666,4 0,524 PR1 – captura e destruição do biogás 356 Municípios/microrregiões 237.642.539 2.376,4 446,3 0,416 PR2 – carputra do biogás com geração de energia elétrica PR3 – carputra do biogás com geração de energia térmica Tratamento térmico de RSU 356 Municípios/microrregiões 272.396.974 2.724,0 1.052,6 0,477 356 Municípios/microrregiões 299.211.230 2.992,1 666,4 0,524 119 Municípios/microrregiões 159.006.118 1.590,1 391,6 0,920 Incineração de RSU com geração de eletricidade 119 Municípios/microrregiões 159.006.118 1.590,1 391,6 0,920 Manejo de dejetos animais – Aves** 138 Empresas/granjas 6.255.371 62,6 1,4 0,050 Biodigestor com geração de energia elétrica 138 Empresas/granjas 5.503.659 55,0 1,4 0,044 Biodigestor com geração de energia térmica 138 Empresas/granjas 6.255.371 62,6 1,4 0,050 Manejo de dejetos animais – Suínos** 176 Suinocultores 11.244.543 112,4 3,2 0,354 Biodigestor com geração de energia elétrica 176 Suinocultores 9.864.416 98,6 3,2 0,310 Biodigestor com geração de energia térmica 176 Suinocultores 11.244.543 112,4 3,2 0,354 Manejo de dejetos animais – Bovinos** 795 Confinamentos bovinos 29.825.890 298,3 18,4 1,581 Biodigestor com geração de energia elétrica 795 Confinamentos bovinos 26.277.857 262,8 18,4 1,393 Biodigestor com geração de energia térmica 795 Confinamentos bovinos 29.825.890 298,3 18,4 1,581 tCO₂e/(DBO tratada x ano) tCO₂e/(DBO tratada x ano) tCO₂/(t resíduo x ano) tCO₂/(t resíduo x ano) tCO₂/(t resíduo x ano) tCO₂/(t resíduo x ano) tCO₂/(t resíduo x ano) tCO₂/(t resíduo x ano) tCO₂e/cabeça de animal/ano tCO₂e/cabeça de animal/ano tCO₂e/cabeça de animal/ano tCO₂e/cabeça de animal/ano tCO₂e/cabeça de animal/ano tCO₂e/cabeça de animal/ano tCO₂e/cabeça de animal/ano tCO₂e/cabeça de animal/ano tCO₂e/cabeça de animal/ano n/a 356 Prestadoras de esgoto por município Prestadoras de esgoto por município Municípios/microrregiões Instalação de reator anaeróbio com geração de eletricidade Redução de emissões de metano em aterros** 1.138 Sites n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Notas: * O cálculo do potencial desses projetos foi desenvolvido segundo uma abordagem top-down. ** A agregação dos valores excluiu projetos considerados concorrentes/sobrepostos. No caso de projetos com diferentes cenários, considerou-se somente o cenário de maior potencial de redução de emissão. *** A coluna "Contribuição para a matriz energética" possui somente os valores de potência adicional instalada do setor elétrico. Esse setor foi o único considerado por ser o único no qual o foco propriamente dito foi a geração de eletricidade e por ele representar mais de 99% da potência adicional identificada pelo estudo **** Representam apenas a parcela de empresas identificadas no estudo. Estima-se que existam mais de 5.000 empresas de cerâmica no Brasil (Fonte: MME, 2009), mas aqui assume-se que essas 300 empresas representam 50% da produção nacional de cerâmica n/a = Não se aplica. n/d = Dado não disponível. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 240 7. EQUIPE ENVOLVIDA Profissional Augusto Luiz Nobre de Mello Neto Isaura Maria de Rezende Lopes Frondizi Empresa (ICF) (FIDES) Pedro Camargo Amaral (ICF) Letícia Figueiredo Roxo (ICF) Lucio de Medeiros (ICF) Patrícia Messer (ICF) Bernardo Vianna Zurli Machado (ICF) Julia Viegas Rymer (ICF) Olivia Brajterman (ICF) Thaís de Moraes Mattos (ICF) Laura Sales Pereira (ICF) André Werneck Valente (ICF) Pedro Gonçalves da Rocha (FIDES) Francisco de Rezende Lopes Frondizi (FIDES) Paulo Martins Garchet Júnior (FIDES) Christophe de Gouvello (Banco Mundial) LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 241 8. BIBLIOGRAFIA ABCM. Associação Brasileira de Carvão Mineral. Carvão Mineral. Dados Estatísticos – Ano: 2009. Disponível em www.carvaomineral.com.br /abcm/conteudo/gm_estatisticas/estatisticas_2009.pdf Acesso em outubro, 2010. ABEF. Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango. Disponível em www.abef.com.br/DEFAULT.php. Acesso em outubro, 2010. ABETRE/FGV. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil. 2007. ABIEC. Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes. Mapa das Plantas Frigoríficas. Disponível em www.abiec.com.br/2_mapa.asp. Acesso em outubro, 2010. ABIPECS. Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suina. Relatório 2008. Disponível em www.abipecs.org.br/pt/relatorios.html. Acesso em outubro, 2010. ABIQUIM. Associação Brasileira da Indústria Química. Guia da Indústria Química. Disponível em www.abiquim.org.br/braz_new/Default.aspx. Acesso em outubro, 2010. ABRELPE. Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Inventário de Resíduos Industriais. CETESB. São Paulo, 1996. ABRELPE. Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil. Caixa Econômica Federal, 2009. ABRELPE. Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil. Taurusplast, 2003. ABRELPE. Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Sistema Nacional de Informações de Saneamento. Ministério das Cidades. Brasília, 2009. AEAMESP. Associação de Engenheiros e Arquitetos do Metrô de São Paulo. O Impacto da tarifa de Energia Elétrica no Sistema Metroferroviário. Disponível em http://biblioteca.aeamesp.org.br /smns/9SMTF0309T16.pdf. Acesso em novembro, 2010. Agripoint. Pesquisa Top 50 BeefPoint de Confinamentos. Disponível em www.beefpoint.com.br/pdf/Top%2050_2008_09.pdf. Acesso em outubro, 2010. Alves, J. W. S.; de Gouvello, C. Estudo de Baixo Carbono para o Brasil – Resíduos. Banco Mundial & CETESB. 2010. ANEEL. Agência Nacional de Energia Elétrica. Banco de Informações de Geração. Disponível em www.aneel.gov.br. Acesso em setembro, 2010. ANP. Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Boletim Mensal do Biodiesel. Julho de 2010. ANP. Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis. Relatório de Movimentação de Produto. Agosto, 2010. ANP. Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – 2010. Disponível em www.scribd. com/doc/37627928/Anuario-EstatisticoBrasileiro-do-Petroleo-Gas-Natural-e-Biocombustiveis-2010. Acesso em outubro, 2010. ANP. Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Dados Estatísticos Mensais – 2010. ANTAQ. Agência Nacional de Transportes Aquaviários. Navegação Interior. Disponível em www.antaq.gov.br. Acesso em outubro, 2010. ANTT. Associação Nacional de Transportes Terrestres. Anuário Estatístico de Transportes Terrestres – AETT 2008. Disponível em www.antt.gov.br/InformacoesTecnicas/aett/aett_2008/principal.asp. Acesso em outubro, 2010. ANTT. Associação Nacional de Transportes Terrestres. Anuário Estatístico de Transportes Terrestres – AETT 2009. Disponível em www.antt.gov.br/InformacoesTecnicas/aett/aett_2009/principal.asp. Acesso em novembro, 2010. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 242 BRACELPA. Associação Brasileira de Celulose e Papel. Relatório Anual 2008-2009. Disponível em www.bracelpa. org.br/bra/estatisticas/pdf/anual/rel2008.pdf. Acesso em outubro, 2010. Centro Sul Transportadora Dutoviária. Dutos para Estanol – desafios e perspectivas. Disponível em www.ethanolsummit. com.br /upload/palestrante/20090615045853703600681561.pdf Acesso em outubro, 2010. CETESB. Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo. Inventário de Resíduos Industriais. São Paulo, 1996. CNT. Confederação Nacional de Transportes. Plano CNT de Logística 2008. Brasília, 2009. CNT. Confederação Nacional do Transporte. Comunicação pessoal com Marilei Menezes. 2010. CNT. Confederação Nacional do Transporte. Plano CNT de Logística 2010. Brasília, 2010. CQNUMC. Convenção-Quadro das Nações Unidas para Mudança do Clima. Project Database. Disponível em www.unfccc.int. Acesso em outubro, 2010. CQNUMC. Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima. Metodologias Consolidadas: ACM0001, ACM0002, ACM0003, ACM0005, ACM0006, ACM0007, ACM0008, ACM0009, ACM0010, ACM0011, ACM0012, ACM0013, ACM0014, ACM0015, ACM0016, ACM0017 e ACM0018. Disponível em www.unfccc.int. Acesso: setembro, 2010. CQNUMC. Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima. Metodologias de Grande Escala: AM0001, AM0007, AM0009, AM0014, AM0017, AM0018, AM0020, AM0021, AM0023, AM0024, AM0025, AM0026, AM0027, AM0028, AM0029, AM0030, AM0031, AM0034, AM0035, AM0036, AM0037, AM0038, AM0039, AM0041, AM0042, AM0043, AM0044, AM0045, AM0046, AM0047, AM0048, AM0049, AM0050, AM0051, AM0052, AM0053, AM0054, AM0055, AM0056, AM0057, AM0058, AM0059, AM0060, AM0061, AM0062, AM0063, AM0064, AM0065, AM0066, AM0067, AM0068, AM0069, AM0070, AM0071, AM0072, AM0073, AM0075, AM0076, AM0077, AM0078, AM0079, AM0080, AM0081, AM0082, AM0083, AM0085, AM0086 e AM0087. Disponível em www.unfccc.int. Acesso: setembro, 2010. CQNUMC. Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima. Metodologias de Pequena Escala: AMS-I.A., AMS-I.B., AMS-I.C., AMS-I.D., AMS-I.I.E., AMS-I.F., AMS-II.A., AMS-II.B., AMS-II.C., AMS-II.D., AMSII.I.E., AMS-II.F., AMS-II.G., AMS-II.H., AMS-II.I., AMS-II.J., AMS-II.K., AMS-III.A., AMS-III.AA., AMS-III.AB., AMSIII.AD., AMS-III.AE., AMS-III.AF., AMS-III.AG., AMS-III.AH., AMS-III.AI., AMS-III.AJ., AMS-III.B., AMS-III.C., AMSIII.D., AMS-III.I.E., AMS-III.F., AMS-III.G., AMS-III.H., AMS-III.I., AMS-III.J., AMS-III.K., AMS-III.L., AMS-III.M., AMSIII.N., AMS-III.O., AMS-III.P., AMS-III.Q., AMS-III.R., AMS-III.S., AMS-III.T., AMS-III.U., AMS-III.V., AMS-III.W., AMS-III.X., AMS-III.Y. e AMS-III.Z. Disponível em www.unfccc.int. Acesso: setembro, 2010. CQNUMC. Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima. Metodologias em fase de aprovação em setembro, 2010: NM0167, NM0168, NM0241, NM0282, NM0292, NM0302, NM0310, NM0312, NM0320, NM0328, NM0330, NM0331, NM0332, NM0333, NM0334, NM0335, NM0336, NM0337 e NM0338. Disponível em www.unfccc.int. Acesso: setembro, 2010. DEFRA. Department of Environment, Food and Rural Affairs. Disponível em http://ww2.defra.gov.uk/Acesso em outubro, 2010. DNIT. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Disponível em www.dnit.gov.br Acesso: em outubro, 2010. Eletronorte. A oferta de energia elétrica na Amazônia. Eletrobras. 2010 Embrapa, 2010. Zoneamento Agroecológico do Dendezeiro. Disponível em www.cnps.embrapa.br/zoneamento_dende/Acesso em outubro, 2010. EPE. Empresa de Pesquisa Energética “Potencial de Redução de Emissões de CO₂ em projetos de Produção e Uso de Biocombustíveis”. 2005 EPE. Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional 2010. Brasília, 2010. EPE. Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional 2009. Brasília, 2009. LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES CONCRETAS DE PROJETOS DE BAIXO CARBONO NO BRASIL 243 EPE. Empresa de Pesquisa Energética. Plano Nacional de Energia 2030. Disponível em www.epe.gov.br/PNE/Forms/Empreendimento.aspx Acesso em outubro, 2010. EPE. Empresa de Pesquisa Energética/Operador Nacional do Sistema Elétrico. 1ª Revisão Quadrimestral das Projeções da demanda de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional, 2010-2014. 2010. ESTADÃO. Notícia online “Petrobr s ter usina de Biodiesel no Par ”. Disponível em www.estadao.com.br/estadaodehoje/2010.0506/not_imp547683,0.php Acesso em outubro, 2010. FEU, C. Mitigação de Emissões de GEE na Área de Transportes, Importância da Biomassa. III Conferência Regional sobre Mudanças Globais. São Paulo, 2007. GASNET. Dados fornecidos pelas distribuidoras. Disponível em www.gasnet.com.br /novo_distribuidoras.asp. Acesso em outubro, 2010 GRUPO BIODIESELBR. Anuário da Indústria de Biodiesel no Brasil 2004-2009. 2ª Edição, Curitiba, 2010. GRUPO BIODIESELBR. Mapa das Usinas de Biodiesel 2010. HOLANDA, A. Biodiesel e Inclusão Social: Relatório apresentado ao Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica. Centro de Documentação e Informação, Coordenação de Publicação. Caderno de Altos Estudos 1. Brasília. 2004 in EPE. Empresa de Pesquisa Energética “Potencial de Redução de Emissões de CO₂ em projetos de Produção e Uso de Biocombustíveis. 2005. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2008. Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura. Disponível em www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/listabl.asp?c=291&z=t&o=3. Acesso em outubro, 2010. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estimativa populacional de 2009. Disponível em www.ibge.gov.br. Acesso em outubro, 2010. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008. 2010 IBGE. Instituto Trata Brasil/Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). 2001. IBGE. Instituto Trata Brasil/Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). 2008. IBGE. Sistema Nacional de Informações de Saneamento. Ministério das Cidades. Brasília, 2005. IBGE. Sistema Nacional de Informações de Saneamento. Ministério das Cidades. Brasília, 2009. INSTITUTO AÇO BRASIL. Anuário estatístico 2010. Disponível em www.acobrasil.org.br/site/portugues/biblioteca/publicacoes.asp Acesso em outubro, 2010. IPCC. Intergovernmental Panel on Climate Change. IPCCC Guidelines for National Greenhouse gas Inventories. Volume 2 – Energy. 2006. MAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Lista de Frigoríficos. Disponível em http://bi.agricultura.gov.br /reports/rwservlet?sisbov_cons&frigorificos_web.rdf. Acesso em outubro, 2010. Martins, W. C.; Procee, P.; de Gouvello, C. Estudo de Baixo Carbono para o Brasil- Transporte. Banco Mundial & LOGIT. 2010. MB Consultores. Mercado de Ácido Sulfúrico 2008. Disponível em www.h2so4.com.br/h2so4/download/arquivos/5ocongressobrasileirodeacidosulfurico/V_Cobras-CaraibaMercado _de_acido _ sulfurico.pdf. Acesso em outubro, 2010. MCKINSEY & COMPANY. Caminhos para uma Economia de Baixa Emissão de Carbono no Brasil. 2009. MCT. Ministério de Ciência e Tecnologia. Inventário Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa. 2009. MCT. Ministério de Ciência e Tecnologia. Segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa – Emissões de Gases de Efeito Estufa nos Processos Industriais – Produção de Metais – Alumínio. Disponível em www.mct.gov.br/upd_blob/0211/211125.pdf. Acesso em outubro, 2010. PROJETO DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES E INFRAESTRUTURA DO MERCADO DE CARBONO 244 MELLO, G. Saneamento Ambiental: Notas Sobre o Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil. BNDES Setorial. 2008. METRÔ DE SÃO PAULO/SP. Dados Operacionais. Disponível em www.metro.sp.gov.br/index.asp. Acesso em novembro, 2010. MME. Ministério de Minas e Energia. Boletim Mensal dos Combustíveis Renováveis. Edição 31. julho, 2010. MME. Ministério de Minas e Energia. Repotenciação e Modernização de Usinas Hidrelétricas. Disponível em www.epporexeplo,ov.br/mercado/Documents/S%C3%A9rie%20Estudos%20de%20Energia/20081201_1.pdf. Acesso em outubro, 2010. POPMAYER, F. M.; Etanol e Veículos Elétricos: Mão única ou Mão Dupla. IPEA. 2010. PREFEITURA DE CUBATÃO. Disponível em www.cubatao.sp.gov.br/publico/index.php?option=com_ content&view=article&id=2083:presidente-lula-estara-em-cubatao-na-quarta-10-para-inaugurar-termeletricana-refinaria&catid=10:noticias-da-cidade&Itemid=50 . Acesso em outubro, 2010 PRO PUBLICATIONS INTERNATIONAL. Global LIme Directory 2009. Disponível em www.propubs.com/GCD/GCD2010-owerres.pdf. Acesso em outubro, 2010. REFAP. Unidades. Disponível em www.refap.com.br/refap_unidades.asp . Acesso em outubro, 2010. SECRETARIA de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República – SEDU/PR. Gestão Integrada de RESÍDUOS SÓLIDOS: Manual Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos. Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM, 2001. SINDIAVIAR. Sindicato das indústrias de produtos avícolas do estado do Paraná. Disponível em www.sindiavipar.com.br/index.php. Acesso em outubro, 2010. SINDICOM. Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes. Bases de Distribuição. Disponível em www.sindicom.com.br. Acesso em outubro, 2010. SINDIFER. Sindicato da Indústria de Ferro. Anuário 2007. Disponível em www.sindifer.com.br/Anuario_2007.html. Acesso em outubro, 2010. SNIS. Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos (2008) – Tabelas com as informações e os indicadores desagregados municipais. Disponível em www.snis.gov.br/. Acesso em outubro, 2010. SOARES, G. et al. Operação de um grupo gerador diesel utilizando óleo vegetal bruto como combustível. An. 3. Enc. Energ. Meio Rural. 2003. TN PETRÓLEO. PQU e Petrobras assinam contrato de fornecimento de gás residual. Disponível em www.tnpetroleo.com.br/noticia/16728/pqu-e-petrobras-assinam-contrato-de-fornecimento-de-gas-residual. Acesso em outubro, 2010. UNICA. União da Indústria de Cana-de-açúcar. Ranking da produção Cana, Açúcar e Álcool. Disponível em http:/www.unica.com.br/userFiles/estatisticas/ranking%201.xls. Acesso em outubro, 2010. VIANNA, F. Análise de Ecoeficiência: Avaliação do Desempenho Econômico-Ambiental do Biodiesel e Petrodiesel. Tese de mestrado da USP. 2006. VILLELA, A. O Dendê como Alternativa energética sustentável em áreas degradadas da Amazônia. Tese de Mestrado do Programa de Planejamento Energético da UFRJ. 2009. VLT (de Baltimore), EUA. Dados Operacionais. Disponível em www.lightrailnow.org/news/n_bal001.htm. Acesso em novembro, 2010. VLT de Ottawa, Canadá. Dados Operacionais. Disponível em www.ottawa.ca/calendar/ ottawa/citycouncil/ttc/2002/12-04/ACS2002-TUP-TRN-0012.htm Acesso em novembro, 2010. World Bank. Low-Carbon Energy Projects for Development in Sub-Saharian Afric. 2008. YEE, K. F. et al. Life cycle assessment of palm biodiesel: Revealing facts and benefits for sustainability. Applied Energy 86 p. 189–196, 2009.