INTRODUÇÃO A Previdência Social Rural no Brasil tem sido alvo de vários estudos realizados por diversos autores, onde se tem ressaltado o fato de que esse subsistema tem alcançado notáveis índices de redução da pobreza no meio rural, em regiões carentes do país, com relativo destaque para o Nordeste, onde a mesma tem afetado positivamente no nível de renda de seus beneficiários. De acordo com Delgado & Cardoso Jr. (2000) a previdência Rural representa em média 71,2% do total da renda das famílias com beneficiários nessa região. Os estudos comprovam que após a Constituição de 1988 e das Leis de Custeio e benefício da Previdência Social (Leis 8.212 e 8.213 de 1991) houve uma elevação significativa no número de concessões de benefícios para o público feminino, o qual passou, em muitos casos, da condição de dependente dentro do domicílio, para a condição de provedor, gerando um rendimento considerável para parcelas da população historicamente excluídas das conquistas sociais. Pesquisadores como Schwarzer (2000), Souza & Aquino (2007) e outros comprovaram haver forte dependência de pequenos municípios do Norte e do Nordeste do país quanto as transferências governamentais, e dentre essas, a Previdência Social Rural tem contribuído com parcelas consideráveis dessas transferências. O município de São Rafael/RN, recorte espacial deste estudo, localizado na Mesoregião Oeste Potiguar e na Microrregião do Vale do Açu (Figura 1), se enquadra perfeitamente nessa característica de pequeno município, onde isso se manifesta, pois de acordo com o Censo 2007 do IBGE, sua população é de 8.116 habitantes. O município apresenta uma economia de pouca expressão, com um mercado de trabalho baseado nos empregos em cargos públicos, e num mercado informal pouco diversificado e um setor agrícola baseado na agricultura familiar, ou seja, destinada para o auto-consumo da família. O município de São Rafael segundo dados do IBGE (2000) está na segunda colocação no estado em termos de proporção de idosos acima de 60 anos sobre a população total. Cerca de 13,5% da população do município encontra-se acima dessa faixa etária, uma das causas desse fenômeno se deve ao fato da migração de pessoas jovens do município para a capital do estado, em busca de empregos. Dessa forma, levando-se em consideração os dados acima elencados, o presente estudo tem como objetivo principal verificar os impactos causados pela Previdência Social Rural na renda das famílias beneficiárias desse subsistema, como também a importância da mesma na 16 disponibilidade de mais de um benefício por domicílios; a ocorrência de modificações na estrutura física do domicílio após o início do recebimento do benefício; a existência de a a 17 economia do município quando comparada a outras formas de transferências. Também é objetivo do presente trabalho verificar o local de residência dos aposentados; a disponibilidade de mais de um benefício por domicílio; a ocorrência de modificações na estrutura física do domicílio após o início do recebimento do benefício; a existência de dependentes do benefício na casa do aposentado; a obtenção de empréstimos consignados com o benefício; a estrutura dos gastos dos domicílios por faixa de renda, dentre outros. O trabalho encontra-se estruturado em quatro capítulos, além desta introdução e das considerações finais, distribuídos da seguinte forma: O primeiro capítulo trata da evolução histórica por que passou a Previdência Social Rural, como também o resultado de alguns estudos sobre os impactos dessa na economia dos municípios e na reprodução econômica das famílias. O segundo capítulo faz uma caracterização social e econômica do município de São Rafael/RN, além de analisar a importância da Previdência Social Rural para o mesmo, de acordo com a sua relevância em relação às outras transferências de recursos governamentais. O capítulo três discute a metodologia utilizada na realização do trabalho, bem como a tipologia da pesquisa, a delimitação do estudo, os procedimentos de coleta dos dados, assim como, os passos para a execução da pesquisa de campo. No quarto e último capítulo apresentam-se os resultados encontrados com a pesquisa de campo, de modo que neste capítulo serão analisados os impactos da Previdência Social Rural na renda das famílias de São Rafael/RN, no intuito de verificarmos a confirmação da hipótese estudada. A escolha do presente tema é justificável pelo fato de não haver no município estudos semelhantes, que possam fornecer informações concretas sobre um assunto bastante especulado no censo comum do município, mas que pouco se sabe sobre os reais impactos que a Previdência Social Rural tem exercido nesse pequeno município. Dessa forma esse trabalho servirá de fonte de pesquisa para pesquisadores interessados no assunto, e também na tomada de decisões políticas. O tema fora escolhido devido principalmente ao interesse do pesquisador no sentido de conhecer mais profundamente a realidade da Previdência Social Rural de seu município, que até onde se conhece nunca foi alvo de estudo, e de ajudar no processo de auto-conhecimento da cidade, construída após a inundação da antiga São Rafael no início da década de 1980, pelas águas da barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves, que ficou conhecida popularmente como a “Atlântida do sertão”. 18 1 PREVIDÊNCIA SOCIAL RURAL NO BRASIL: HISTÓRICO E IMPACTOS NA ECONOMIA DOS MUNICÍPIOS E NA REPRODUÇÃO ECONÔMICA DAS FAMÍLIAS O presente capítulo em seu primeiro tópico tratará da evolução histórica da Previdência Social Rural no Brasil. Num segundo momento serão apresentados os resultados de alguns estudos que evidenciam os impactos “não esperados” da Previdência Social Rural na distribuição inter-regional de renda, e na economia de pequenos municípios brasileiros. O terceiro tópico, por sua vez, busca analisar o peso das aposentadorias rurais na reprodução econômica das famílias, com base no que já foi pesquisado por vários autores. 1.1 Evolução histórica da Previdência Social Rural no Brasil Os primeiros passos do sistema previdenciário brasileiro teve inicio no final do século XVIII, embora que de forma incipiente. A partir do início do século XIX, mais precisamente a partir de 1808, há registros de planos de benefícios destinados a oficiais do Exército e da Marinha, bem como para seus dependentes. Contudo, o marco oficial de criação de um sistema previdenciário nos moldes atuais é o ano de 1923. Delgado & Schwarzer (2000), explicam que foi através da Lei Elói Chaves, que se instituíram as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs). Estas eram direcionadas a grupos ocupacionais específicos, sendo posteriormente, reestruturadas nos anos 1930 e 1940 dando origem aos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs). Os IAPs davam cobertura previdenciária a grupos de trabalhadores formais de acordo com setores de atividade (bancos, transportes, indústrias). Assim, os IAPs dos bancários e dos industriários por terem mais força, tanto financeira como administrativamente, conseguiam ter influência na política previdenciária, formando uma burocracia técnica (DELGADO & SCHWARZER, 2000). Mesmo com a Constituição de 1934 determinando que todo trabalhador brasileiro teria direito ao seguro previdenciário, esse só seria estendido à classe rural a partir dos anos 1970. 19 De acordo com Delgado & Schwarzer (2000, p. 189), vários são os motivos que explicam esta entrada tardia dos trabalhadores rurais no regime da Previdência Social: [...] por um lado, o setor rural participava, de forma subalterna, da estratégia de desenvolvimento após 1930. Por outro lado, os trabalhadores rurais [...] não representavam grupo de pressão com capacidade de articulação suficiente para que o Estado Populista-Paternalista os visse como grupo social a ser integrado e cooptado por meio da expansão significativa da cobertura de programas sociais. Neste contexto, tentou-se a inclusão do trabalhador rural como beneficiário da Previdência Social, durante as décadas de 1940 e 1950, mas sem que se conseguisse êxito. A Lei Orgânica dos Serviços Sociais (Decreto-Lei 7.526, de 7 de maio de 1945) assinada por Getúlio Vargas, criou o Instituto de Serviços Sociais do Brasil (ISSB) numa tentativa de unificar todas as instituições previdenciárias existentes. Porém, o governo seguinte, (do General Eurico Gaspar Dutra) empossado em 1946 tornou sem aplicação o orçamento destinado ao (ISSB) não chegando este a ser implementado (BELTRÃO et al., 2000). Segundo Beltrão et al., (2000), foi criado em 1955 através da Lei 2.613 o Serviço Social Rural (SSR), destinado à prestação de assistência as populações rurais. O SSR era custeado pelas empresas industriais urbanas, e a partir de 1962, passou a integrar a Superintendência de Política Agrária (SUPRA), que foram resultado das conquistas de movimentos encabeçados pelas Ligas Camponesas1. O setor rural só começou a ganhar força política a partir desses movimentos no início dos anos 1960 através de um amplo movimento de sindicalização. A partir dessa mobilização conseguiu-se a aprovação do Estatuto do Trabalhador Rural e também a previsão da criação do Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural (FUNRURAL). Contudo, seu plano de custeio baseado na contribuição de 1% sobre o valor da primeira comercialização do produto rural não deu bases financeiras que pudessem dar suporte ao programa, bem como o IAP dos industriários, que ficou responsável pela administração e arrecadação das contribuições, mesmo sendo eficiente em seu setor (industrial) não possuía a mesma eficiência para o setor rural. Assim, a legislação de 1963 foi um gesto populista e não desenvolveu concretamente um sistema de proteção social para a população rural (DELGADO & SCHWARZER, 2000). _______________ 1 As Ligas Camponesas surgiram em 1958 em Pernambuco, e o motivo original de sua organização foi a constituição da associação de trabalhadores rurais para auxílio mútuo ao sepultamento de seus membros (DELGADO & SCHWARZER, 2000, p. 189). 20 Na tentativa de estender os benefícios previdenciários aos trabalhadores rurais, foi criado em 1969 (através do Decreto-Lei 564, de 10 de maio), o Plano Básico da Previdência Social, que buscava amparar os trabalhadores rurais da agroindústria canavieira. O mesmo foi custeado através da contribuição de empregados e empregadores. A partir de julho de 1969 o Plano Básico foi estendido a outras atividades rurais, mesmo assim, seus objetivos não foram satisfatoriamente atingidos (BELTRÃO et al., 2000). O Plano Básico foi extinto em 1971, pela Lei Complementar Nº 11, de 25 de maio, criando-se em seu lugar o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural (PRÓ-RURAL), que se destinava a prestação de aposentadorias por velhice, invalidez, pensão, auxílio funeral, serviço social e de saúde, aos trabalhadores rurais e seus dependentes. Conforme Beltrão et al. (2000), entre os anos de 1974 e 1977, houve um acréscimo no elenco de benefícios da Previdência Social Rural, podendo-se destacar o amparo para maiores de 70 anos e inválidos incapacitados para o trabalho, que não disponham de outra fonte de renda. O PRÓ-RURAL/FUNRURAL cobria não só os trabalhadores rurais, mas também pescadores e garimpeiros, como também seus dependentes, e oferecia como benefícios a aposentadoria por idade aos 65 anos, seja por invalidez, ou pensões para viúvas e órfãos, auxílio funeral e assistência médica. A aposentadoria por idade ou por invalidez destinava-se apenas ao chefe de família e equivalia a meio salário mínimo. A partir de 1974/75 incluiu-se a Renda Mensal Vitalícia (RMV) ao elenco de benefícios, destinada à idosos a partir de 70 anos ou por invalidez, com valor também de meio salário mínimo (SCHWARZER, 2000). Há que se notar que o FUNRURAL apesar de ter avançado no que diz respeito a proteção da população rural, ainda assim era bastante limitado. Essa afirmação se baseia no fato de que o benefício era concedido apenas aos chefes de famílias, excluindo assim as mulheres do direito ao benefício por idade. O valor das aposentadorias por idade era de meio salário mínimo, e para as pensões por viuvez o valor do benefício era ainda menor, um terço do salário mínimo oficial (SCHWARZER & QUERINO, 2002). A promulgação da Constituição de 1988, e posteriormente as Leis de custeio e benefício da Previdência (Leis 8.212 e 8.213 de 1991) ocasionaram profundas modificações no Sistema Previdenciário Rural brasileiro, introduzindo grandes melhorias para os beneficiários do setor rural. Dentre estas melhorias Delgado & Schwarzer (2000) destacam que as mais importantes foram: 1. A extensão do direito à aposentadoria ao conjugue, ou seja, às mulheres, independente destas serem ou não chefe de domicílio, já que até então somente o chefe de família poderia acessar o benefício; 21 2. A redução da idade mínima de acesso à aposentadoria por idade, sendo fixada em 60 anos para homens e 55 para as mulheres (para os trabalhadores urbanos é de 65 anos para homens e 60 para as mulheres); 3. O valor do benefício foi elevado ao valor de um salário mínimo oficial (1 SM) para as aposentadorias rurais, até mesmo para benefícios concedidos antes de 1988. Devido principalmente a essas modificações ocorridas na legislação da Previdência Social Rural, a partir de 1992, ocorreu um significativo aumento no número de benefícios mantidos, como também o valor dos benefícios pagos. Analisando os dados abaixo (Tabela 1), percebe-se que no período 1991 à 1998 o número de concessões de benefícios por idade quase que dobrou, ao passo que o seu valor unitário passou de US$ 44,1 em 1991, chegando a um pico de US$ 108,9 em 1996. O número total de benefícios concedidos apresentou uma elevação em torno de 64,1% apenas no período 1991 á 1994. Também se elevou substancialmente o valor dos benefícios totais pagos mensalmente, chegando a US$ 750 milhões em 1998, um valor quatro vezes maior do que os US$ 180,0 milhões pagos por mês no ano de 1991. TABELA 1 ALGUNS INDICADORES GERAIS DA UNIVERSALIZAÇÃO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL RURAL PÓS - 1992 ANOS VALOR DOS BENEFÍCIOS MENSAIS PAGOS (US$ MILHÕES) Nº TOTAL DE BENEFÍCIOS (MILHÕES) Nº DE BENEFÍCIOS POR IDADE (MILHÕES) VALOR UNITÁRIO DOS BENEFÍCIOS RURAIS (US$: MÊS DEZ.) 1991 180,0 4080,4 2240,5 44,1 1992 234,4 4976,9 2912,8 47,1 1993 403,8 6001,0 3855,9 67,3 1994 526,8 6359,2 4176,2 82,8 1995 637,8 6332,2 4126,8 100,7 1996 705,2 6474,4 4102,2 108,9 1997 725,3 6672,3 4140,2 108,7 1998 749,8 6913,1 4305,3 108,5 FONTE: Anuário Estatístico da Previdência Social – AEPS 1991 a 1998, apud Delgado (2000) Para Silva (2000), uma parcela da população rural que foi com justiça beneficiada pelas mudanças na Previdência Social Rural foram as mulheres trabalhadoras rurais, pois tinham 22 uma proteção social ainda mais deteriorada do que os homens do meio rural. De fato entre 1992 e 1994 a maior parte das concessões de benefícios (66%) se destinou as mulheres. Diante do exposto, podemos concluir preliminarmente que a Previdência Social Rural à medida que abrange um público em geral muito pobre, e que por muitas décadas esteve de fora das conquistas da sociedade, acaba por assumir um papel bastante importante na distribuição da renda no Brasil. A Previdência Social Rural inaugurou (mesmo não sendo a sua principal finalidade) uma forma inédita de distribuição de renda no Brasil, conseguindo transferir renda para as regiões mais pobres do País. No tópico que se segue tentar-se-á mostrar alguns indicadores desta transferência de renda. 1.2 Impactos da Previdência Social Rural na distribuição de renda entre as regiões e na economia dos municípios Devido ao modelo dos planos de benefícios da Previdência Social Rural, acabaram ocorrendo importantes efeitos distributivos de renda entre regiões brasileiras. Conforme estudo de Schwarzer (2000), percebe-se a existência de um viés distributivo de renda dos municípios mais populosos do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País, para o Norte e, principalmente, para o Nordeste. Nos municípios menos populosos percebe-se uma maior diferença entre os benefícios mantidos e a arrecadação per capita do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS)2, com destaque para a região Nordeste, uma das regiões mais beneficiadas pela redistribuição gerada através da Previdência Social Rural. De acordo com Galindo & Irmão (2000), em 1998, a Previdência Social Rural pagava o maior número de seus benefícios no Nordeste, ou seja, cerca de 45,5% do total de benefícios mantidos. Dos 4,9 milhões de benefícios pagos mensalmente a esta região nesse mesmo ano, 2,7 milhões eram da Previdência Social Rural, contra 2,2 milhões de benefícios urbanos. Analisando estes dados e considerando na Tabela 1 o valor unitário dos benefícios neste mesmo ano (US$ 108,5), pode-se observar que eram pagos mensalmente em 1998 quase US$ 293 milhões, e no decorrer deste mesmo ano pagou-se US$ 3,515 bilhões em benefícios somente da Previdência Rural. Delgado (1997), por sua vez, utilizando dados do Anuário _____________ 2 O Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) é uma autarquia federal que regula e prevê aposentadorias e pensões aos seus segurados em todo o território brasileiro (SANDRONI, 2002). 23 Estatístico da Previdência Social (AEPS) e do Censo Demográfico de 1991, também constatou que existe uma diferenciação regional com relação aos impactos, tanto demográficos quanto econômicos do subsistema rural. Percebeu-se que a Região Nordeste possui a maior cobertura demográfica da Previdência, com 4,4% do total de sua população sendo atendida pelos benefícios de aposentadorias e pensões rurais. No Nordeste encontra-se também o maior percentual de idosos em idade elegível para o recebimento do benefício. Na ocasião da pesquisa 33,7% eram atendidos pelo sistema. Isso demonstra que, os recursos provenientes das aposentadorias rurais impactam positivamente na renda das famílias. Mais uma vez ocorre um destaque para a região Nordeste, onde a renda domiciliar total e a renda domiciliar rural provenientes de aposentadorias chegam a ser praticamente o dobro das outras regiões do Brasil. Somente na área rural do Nordeste 27,66% da renda do domicílio provém de aposentadorias rurais. Isso evidencia a importância desses benefícios em regiões com agricultura pouco diversificada, basicamente de subsistência, e muito dependente do fator climático, como é o caso estudado. De acordo com Schwarzer (2000), os dados da Contagem da População do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 1996, e do Boletim Estatístico da Previdência Social, evidenciam que, na região Nordeste havia um equilíbrio entre a população residente na área rural e os benefícios rurais emitidos (Tabela 2). Desse modo 45,81% da população rural brasileira residia nessa região, e 45,53% dos benefícios emitidos se destinava a mesma. A Região Sul apresenta a maior disparidade com relação a este critério, tendo 3,6 pontos percentuais de diferença entre os benefícios emitidos e a população rural da Região. No caso do Rio Grande do Norte (RN) esse tinha uma população rural que contribuía com 2,1% para os 45,81% da região Nordeste, e recebia 2,97% dos benefícios. O RN se destaca no critério da proporção de benefícios rurais emitidos sobre a população rural, tendo 25,3% de sua população rural atendida pelos benefícios, ficando atrás apenas do Distrito Federal com 31,79%. Isso evidencia a grande parcela de idosos no estado, e também um maior acesso da sua população rural ao benefício previdenciário. Foram realizados alguns estudos de caso sobre o impacto da Previdência Social Rural na economia de pequenos municípios. Um desses estudos de caso foi realizado no município de Igarapé-Açu no estado do Pará, pelo pesquisador Schwarzer (2000), onde foi constatado que a Previdência Social Rural injetou na economia do município em 1995, um volume de recursos até três vezes superior ao valor da folha de pagamento de todos os empregados formais, e também correspondia a aproximadamente 4/5 (R$ 305 milhões) do valor das transferências brutas via Imposto Sobre 24 TABELA 2 Brasil: População Rural Residente (1996) e Benefícios Rurais Emitidos (março 1999), segundo as Grandes Regiões e as Unidades da Federação Região Norte População Rural Benefícios Rurais Emitidos (1996) (Março de 1999) _____________________ ______________________ Absoluto % Absoluto % A B C D 4.250.766 12,50 441.232 7,24 Diferencial Proporção E = D – B F = C/A x 100 -5,27 10,38 Rondônia 468.143 1,38 55.499 0,91 -0,47 11,86 Acre 168.322 0,50 22.113 0,36 -0,13 13,14 Amazonas 623.113 1,83 70.864 1,16 -0,67 11,37 Roraima 72.854 0,21 7.381 0,12 -0,09 10,13 2.561.832 7,54 220.587 3,62 -3,92 8,61 Amapá 48.869 0,14 9.976 0,16 0,02 20,41 Tocantins 307.633 0,90 54.812 0,90 -0,01 17,82 Região Nordeste 15.575.505 45,81 2.776.066 45,53 -0,28 17,82 Maranhão 2.511.008 7,39 340.649 5,59 -1,80 13,57 Piauí 1.117.061 3,29 226.406 3,71 0,43 20,27 Ceará 2.096.483 6,17 432.469 7,09 0,93 20,63 715.174 2,10 180.914 2,97 0,86 25,30 Paraíba 1.043.630 3,07 255.287 4,19 1,12 24,46 Pernambuco 1.922.216 5,65 405.497 6,65 1,00 21,10 Alagoas 971.425 2,86 124.184 2,04 -0,82 12,78 Sergipe 483.606 1,42 86.040 1,41 -0,01 17,79 Bahia 4.714.902 13,87 724.620 11,89 -1,98 15,37 Região Sudeste 7.177.111 21,11 1.370.825 22,49 1,37 19,10 Minas Gerais 3.598.852 10,59 700.348 11,49 0,90 19,46 Espírito Santo 626.701 1,84 118.893 1,95 0,11 18,97 Rio de Janeiro 599.891 1,76 95.332 1,56 -0,20 15,89 São Paulo 2.351.667 6,92 456.252 7,48 0,57 19,40 Região Sul 5.358.380 15,76 1.183.706 19,42 3,65 22,09 Paraná 1.191.814 5,86 472.940 7,76 1,90 23,74 Santa Catarina 1.310.114 3,85 226.295 3,71 -0,14 17,27 Rio Grande do Sul 2.056.452 6,05 484.471 7,95 1,90 23,56 Região Centro-Oeste 1.635.644 4,81 324.765 5,33 0,52 19,86 Mato Grosso do Sul 323.516 0,95 71.685 1,18 0,22 22,16 Mato Grosso 540.284 1,59 75.499 1,24 -0,35 13,97 Goiás 642.146 1,89 136.351 2,24 0,35 21,23 Distrito Federal 129.698 0,38 41.230 0,68 0,29 31,79 33.997.406 100,00 6.096.594 100,00 0,00 17,93 Pará Rio Grande do Norte Brasil FONTE: IBGE (1996)/ Boletim Estatístico da Previdência Social, apud Schwarzer, (2000) 25 Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e Fundo de Participação dos Municípios (FPM) que foram de um total de R$ 388 milhões. Além disso, o volume de recursos dos benefícios em 1997, correspondia a 21,5% da produção de todas as lavouras do município. A Microrregião Serra de São Miguel, localizada no (RN) foi alvo de um estudo onde Souza & Aquino (2007) analisaram os impactos das transferências governamentais para a economia da mesma. De acordo com o que fora percebido pelos autores, no ano de 2005 as transferências do governo correspondiam a 60% do Produto Interno Bruto (PIB), e somente as aposentadorias rurais participavam com mais da metade do valor destas transferências. Ao compararem o montante de recursos que foi injetado pelas aposentadorias rurais, com o valor do (FPM), percebeu-se que a Previdência Social Rural correspondia a 1,7 vezes o valor do FPM da Microrregião. Conforme os autores, na Microrregião, algo em torno de 18% da população são beneficiários da Previdência Social Rural e cerca de 38 mil pessoas são beneficiadas direta ou indiretamente pelos recursos desse regime previdenciário. Nesse contexto, os recursos da Previdência Social Rural desempenham um papel fundamental na economia destes municípios, devido também ao produto e a renda local serem baixos. Diante do exposto, é perceptível o quanto a Previdência Social Rural tem contribuído para a sustentação dos municípios brasileiros, à medida que transfere recursos para municípios de economia pouco expressiva, se configurando em muitos casos na base de sustentação dessas economias. No tópico que se segue se tentará mostrar através da análise do estudo de alguns autores, o quanto as aposentadorias rurais tem influenciado na reprodução econômica das famílias. 1.3 A previdência Social Rural e a reprodução econômica das famílias beneficiadas Alguns estudos têm sido realizados por autores como Delgado (1997), Silva & Delgado (2000), Beltrão et al. (2005), dentre outros, evidenciando os impactos positivos da Previdência Social Rural na redução da pobreza e das desigualdades existentes entre famílias de beneficiários. Percebeu-se também a existência de uma sustentação da renda no meio rural de regiões pobres do Brasil, baseada nesse subsistema previdenciário. Ademais, se percebe que nos domicílios com beneficiários, tanto na região Nordeste, quanto no Sul do País, é expressiva a massa dos que apresentam excedente monetário, em contrapartida aos que vivem 26 em situação de pobreza3. É bastante expressiva a importância do benefício rural na renda familiar dos domicílios onde residem idosos. De acordo com Delgado & Cardoso Jr. (2004, apud BELTRÃO et al., 2005, p. 11), os benefícios tornam-se mais importantes na composição da renda domiciliar, a medida que há diminuição de rendimentos. “Na região Nordeste o benefício representa 70,8% do orçamento familiar, enquanto que no Sul o percentual é de 41,5% do seu total”. As famílias beneficiárias do Nordeste apresentam um estado relativo de pobreza, onde 21,8% destas têm renda média de um salário-mínimo, e para 39,4% a renda corresponde a pouco mais de dois salários-mínimos. Com base nos resultados obtidos em uma pesquisa de campo Galindo & Irmão (2000, p. 183) afirmam que: “[...] das fontes de renda que compõem a renda média domiciliar do Nordeste, a da aposentadoria contribui com 68,6%, enquanto o ganho da ocupação principal representa 25,3%, e outras fontes, 6,1%.” Na região Nordeste o rendimento domiciliar rural era de R$ 283,00 em 1998, sendo apenas 26,3% ou R$ 73,00 dessa renda oriunda da ocupação principal. Mesmo nos domicílios com faixa de renda mais elevada o benefício é um componente bastante importante na renda total da família, mostrando a importância deste na sustentação da renda familiar rural (DELGADO & CARDOSO Jr., 2000). A estrutura dos gastos domiciliares dos beneficiários da Previdência Social Rural foi analisada por Delgado & Cardoso Jr. (2000), constatando-se que 95% das despesas dos domicílios no Nordeste provêm de gastos com consumo, incluindo nesse dado os gastos com alimentação e higiene, transporte, saúde, educação, vestuário, habitação, etc. A outra parte divide-se em 2% para produção, e 3% para outras despesas. Segundo os autores acima, no ano de 1998 gastava-se no Nordeste em média com consumo R$ 185,00 sendo que o maior peso neste item eram alimentos e higiene (R$ 124,00). Os gastos médios de produção nesta região eram de R$ 15,61, enquanto o item outras despesas contribuía com R$ 24,47 nos gastos totais. Através do confronto entre a renda e os gastos no interior dos domicílios, Delgado & Cardoso Jr. (2000) estabeleceram uma linha endógena de indigência (onde os gastos com alimentação superam os gastos totais do domicílio), e uma linha endógena de pobreza sem indigência (onde a renda é maior que os gastos com alimentação, mas não consegue cobrir os gastos totais de consumo). ________________ 3 A situação de pobreza refere-se a um caso em que os gastos totais de consumo são maiores que os rendimentos domiciliares totais (DELGADO & CARDOSO Jr. 2000, p. 76). 27 Partindo destes indicadores, os autores constataram que apenas 2,1% das famílias entrevistadas no Nordeste apresentavam gastos com consumo superiores aos gastos totais do domicílio, situando-se assim na linha endógena de indigência. Percebeu-se também que havia um predomínio entre a população pesquisada, de geração de excedente monetário (onde todos os itens de despesa são cobertos pela soma da renda domiciliar), 85,3% dos domicílios nordestinos encontravam-se nesta situação. Os autores adotaram também uma linha exógena de pobreza, medida pelo critério de meio salário mínimo domiciliar per capita (equivalente à U$$ 60 mensais per capita de 1998, na ocasião da pesquisa). Nos domicílios nordestinos com acesso a Previdência Social Rural situavam-se abaixo desta 38,1% das famílias, mas quando comparado aos domicílios sem acesso ao benefício, 51,5% das famílias situava-se abaixo desta linha. Nas palavras de Delgado & Cardoso Jr. (2000, p. 78) “essa evidência estatística é muito forte não só para revelar o tamanho da pobreza no setor rural, como também para destacar a diferença que faz, ás famílias, terem ou não acesso ao sistema de proteção da Previdência Social Rural”. Galindo & Irmão (2000), perceberam através de um estudo, que houve uma melhoria nas condições de habitação dos segurados da Previdência Social Rural que mudaram de domicílio após o início do recebimento do benefício, melhorando aspectos como: materiais utilizados na construção da casa, abastecimento de água, instalações sanitárias, acesso a energia elétrica, dentre outros. Antes da concessão do benefício apenas 36,6% das famílias pesquisadas no Nordeste residiam em casas com paredes de alvenaria. Esse percentual se elevou para 71,7% após o início do recebimento. As casas de taipa que antes correspondiam a 57% dos domicílios foram reduzidas para 26%, houve uma elevação das residências ligadas a rede de abastecimento d’água de 30,6% para 61,2%. As residências sem instalações sanitárias, que eram cerca de 55% antes dos moradores acessarem o benefício rural, se reduziram para quase metade deste percentual (23,4%) após o início do recebimento. Enquanto que as ligadas à rede geral de esgoto aumentaram de 13% para 34% (GALINDO & IRMÃO, 2000). Ao tentar estudar as relações de dependência intradomiciliar, onde os membros da família com rendimentos garantem o sustento das pessoas residentes no domicílio e que não tem rendimento próprio, Delgado & Cardoso Jr. (2000) constataram ser de pouca expressividade esse tipo de cooperação entre famílias de beneficiários, já que representam apenas 1,1% dos gastos totais do domicílio, tanto na região Sul, quanto no Nordeste. De acordo com os autores isso se deve basicamente ao caráter irregular destas doações, como 28 também a condição de fragilidade econômica a que estão submetidas tanto as famílias promotoras deste tipo de ajuda, quanto as receptoras. Como foi percebido por Delgado & Cardoso Jr., (2000) o benefício tem sido utilizado até mesmo como seguro agrícola, à medida que 48% dos domicílios da região Sul e 43% no Nordeste são responsáveis por estabelecimentos rurais ativos e desses estabelecimentos, 44,7% no primeiro e 51,7% no segundo caso, declararam utilizar o benefício na manutenção e no custeio destas atividades. De fato, não há exagero em afirmar que a regularidade, a segurança e a liquidez monetária, características do pagamento previdenciário, podem ampliar as oportunidades de gastos com a manutenção de atividades voltadas tanto para o autoconsumo familiar, quanto para a geração de pequenos excedentes comercializáveis (DELGADO & CARDOSO Jr., 2000). A Previdência Social Rural tem desempenhado um importante papel na composição dos rendimentos das famílias de beneficiários que residem em pequenos municípios brasileiros, em geral com economia de pouca expressão. Estudo realizado por Souza (2003), no município de Encanto-RN, verificou que em mais de 80% dos domicílios pesquisados a renda proveniente das aposentadorias ultrapassava 50% da renda total do domicílio. Em 88,9% dos domicílios com aposentados rurais localizados no município de Igarapé-Açu, no estado do Pará, a renda do benefício ultrapassa 50% ou mais da renda total. Além de o benefício funcionar como um suposto seguro desemprego já que 50% dos entrevistados declararam ajudar parentes desempregados com o rendimento da aposentadoria (SCHWARZER, 2000). Ao estudar os aposentados rurais do município de Jucurutu-RN, Ferreira (2007) percebeu que 96% dos pesquisados sobreviviam apenas com o benefício da Previdência Social Rural, demonstrando elevado grau de dependência destas pessoas para com o benefício. Além do que, 97% dos entrevistados declararam gastar seus rendimentos no comércio local, ajudando a dinamizar a economia do pequeno município. O município de São Rafael-RN (objeto desse estudo) não foge a esta realidade, pois, é um município com uma base econômica pouco diversificada, e agricultura rudimentar, onde de acordo com o Censo Agropecuário (2006) do IBGE havia em todo o município apenas três estabelecimentos com tratores, o que evidencia a pouca mecanização da agricultura. Há também um elevado índice de pobreza, pois segundo dados do Atlas do Desenvolvimento Humano (2003), no ano 2000 o município tinha 61,3% de suas famílias sobrevivendo com 29 uma renda domiciliar per capita inferior á R$ 75,50, ou seja, metade de um salário mínimo em agosto de 2000. Dessa forma, o município acaba se tornando grande dependente das transferências da União, como também dos rendimentos da Previdência Social Rural (como será analisado no próximo capítulo). É fato que a Previdência Social Rural vem exercendo um importante papel na dinamização da economia de pequenos municípios brasileiros, à medida que tem funcionado como uma forma de rendimento fixo, em regiões como o Nordeste, onde ocorre a predominância de uma agricultura familiar, com poucos traços de mecanização. É perceptível o quanto a Previdência tem, de certa forma, possibilitado uma manutenção da reprodução econômica das famílias, ajudando na redução da pobreza no campo. No capítulo que se segue, será desenvolvida uma caracterização socioeconômica do município de São Rafael/RN (recorte espacial desta pesquisa), como também se buscará a construção de um comparativo entre as principais transferências governamentais destinadas ao município, face às transferências da Previdência Social Rural. Dessa forma buscar-se-á perceber o peso da última na economia do município estudado. 30 2 CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DO MUNICÍPIO DE SÃO RAFAELRN. 2.1 História, localização e indicadores socioeconômicos do município de São Rafael-RN. O processo de povoamento do município de São Rafael iniciou-se no aldeamento indígena pertencente aos índios Janduís e Cariris, próximos ao Rio Piranhas, Serra da Pindoba e Saco das Palmeiras. Através da expulsão dos índios por colonos portugueses houve a ocupação das terras, surgindo no ano de 1765 o povoado de Caiçara. Entre os anos de 1845 e 1880 ocorreu a mudança do nome Caiçara para São Rafael através de um missionário, Frei Serafim de Catânia. (ARAÚJO, 2002, p.18). De acordo com Araújo (2002) São Rafael passou à condição de distrito de Santana do Matos no ano de 1938 e somente uma década mais tarde, em 23 de Dezembro de 1948, por força da Lei nº 146 houve a emancipação política através do desmembramento de terras de Santana do Matos e do Assu. Com o início da construção da barragem engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves, no ano de 1979, prevendo-se a chegada das águas na área do município viu-se a necessidade de construção de uma nova cidade para abrigar os habitantes. Em Fevereiro de 1983 ocorreu a mudança dos moradores para o novo município com 45 mil metros quadrados de construções, inclusive saneamento básico. (ARAÚJO, 2002, p.26). O novo município de São Rafael está localizado na Microrregião do Vale do Assú e na Mesorregião Oeste Potiguar. Sua sede tem uma altitude de 69m, distante 189,3 Km da capital do Estado (Natal). Sua área territorial é de 469 Km2 correspondendo a 0,88% do território do Rio Grande do Norte e 0,0055% de todo o território nacional. São Rafael possui uma população de 8.116 habitantes, segundo o Censo 2007 do IBGE, e uma densidade demográfica de 17,3 hab/Km2. Entre os anos de 1991 e 2000 a população de São Rafael teve uma taxa média de crescimento anual de 0,52%, segundo dados do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil/PNUD (2003), passando de 7.843 em 1991 para 8.201 em 2000. De acordo com os dados do IPEA/PNUD (2000) percebe-se que o município de São Rafael/RN seguiu uma tendência nacional e mundial, evidenciando-se um intenso êxodo rural, iniciado na década de 1970 (Gráfico 1). Mesmo de forma mais tardia, ocorreram modificações na localização da população do município, ganhando força no início dos anos 1980. Vale salientar, que foi no início desta década (fevereiro de 1983) que ocorreu a mudança dos moradores da antiga cidade para a nova. Contribuindo para com o êxodo rural, à 31 medida que muitos agricultores perderam as suas terras por terem sido cobertas pelas águas da barragem sendo que alguns sequer foram indenizados. No início dos anos 1970 a população urbana do município se constituía em menos de 1/3 da população total do município (31,9%) e a rural chagava a quase 70%. A partir de 1980 (pouco antes da mudança para a nova cidade, Fev. 1983) a população rural ainda correspondia á 58,5% do total, situação que começou a se modificar com a transferência para a nova cidade onde em 1991 a população urbana se constituía em 57,9%. E de acordo com o censo 2000 do IBGE essa chegou a representar quase 2/3 da população municipal (65,6%) contra apenas 34,3% residindo na zona rural. GRÁFICO 1 POPULAÇÃO URBANA E RURAL DO MUNICÍPIO DE SÃO RAFAEL/RN (1970-2000) 9000 8201 7882 8000 7843 7188 7000 5912 6000 5384 5000 URBANA 4547 RURAL 4211 TOTAL 4000 3296 3000 2977 2770 2817 2000 1000 0 1970 1980 1991 2000 Fonte: Confederação Nacional dos Municípios, dados do IBGE, disponível em: www.cnm.org.br acesso em: 18/01/2008. No que diz respeito ao Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), o município de São Rafael apresentou um crescimento de 21,52% no período analisado (1991/2000), passando de 0,525 em 1991 para 0,638 no ano 2000. De acordo com o IPEA/PNUD (2003) a dimensão que mais contribuiu para esse crescimento foi a educação, com 44,2%, seguida pela longevidade, com 29,1%, e pela renda, com 26,7%. Mantendo esta taxa de crescimento o município necessitaria de 16,2 anos para alcançar São Caetano de Sul – SP, o município com o melhor IDH do Brasil (0,919), e 9,4 anos para alcançar Natal – RN o melhor IDH do estado (0,788). 32 Segundo classificação do PNUD, São Rafael encontra-se na classificação de médio desenvolvimento humano (IDH entre 0,5 e 0,8), mas em relação aos outros municípios do Brasil, o município apresenta uma situação ruim: ocupando a 3964ª posição, tendo 3963 municípios a sua frente (72,0%) e 1543 municípios (28,0%) estão em situação pior ou igual. Em termos estaduais o município situa-se numa condição intermediária: ocupando no ano 2000 a 69ª posição, com 68 municípios (41,0%) em situação melhor, e 97 municípios (59,0%) em situação pior ou igual. Apesar das melhorias no IDH, o município de São Rafael tem apresentado elevados índices de pobreza (medido pela proporção de pessoas com renda per capita inferior á R$ 75,50, ½ do salário mínimo no ano 2000) e de indigência ( medido pela proporção de pessoas com renda per capita inferior a R$ 37,75, ¼ do salário mínimo). Em 1991, cerca de 80,2% da população de São Rafael tinha renda per capita domiciliar inferior á R$ 75,50 e 50% tinha renda per capita que não ultrapassava R$ 37,75 (Tabela 3). Houve uma melhoria nos níveis de renda da população na década de 1990, sendo que no ano 2000 já se podia observar uma queda de 19 pontos percentuais no total de domicílios pobres (61,2% neste ano) e de 16,6 pontos percentuais no número de indigentes (33,4%). No que diz respeito à intensidade da pobreza (distância que separa a renda dos indivíduos pobres do limite da linha de pobreza) em 1991 os indivíduos pobres do município estavam distantes 56,1% da linha de pobreza, reduzindo-se em 2000 para 50,9% uma queda de 5,2%, mas no que se refere à intensidade da indigência ou a distancia que separa a renda dos indigentes da linha de indigência houve uma elevação de 3,7% no decênio analisado, passando de 44,9% para 48,6% no inicio do ano 2000. Mesmo havendo uma redução no total de indigentes e de pobres ainda assim aprofundou-se o abismo que separa os indigentes (indivíduos com renda per capita inferior á R$ 37,50) da linha de indigência, demonstrando a situação de pobreza por que passa grande parte dos pequenos municípios brasileiros com economia pouco diversificada e uma produção agrícola de subsistência, como tem sido o caso de São Rafael. A renda per capita média do município elevou-se na década de 1990, passando de R$ 60,74 em 1991 para R$ 103,8 no ano 2000, com um crescimento de 70,89%. Apesar disso no ano 2000 os 20% mais ricos se apropriavam de 60,7% da renda enquanto que os 80% mais pobres detinham apenas 39,4% desta (IPEA/PNUD, 2003). 33 TABELA 3 INTENSIDADE DE POBREZA E DE INDIGÊNCIA NO MUNICÍPIO DE SÃO RAFAEL/RN ÍNDICES DE POBREZA 1991 2000 % DE POBRES 80,2% 61,2% % DE INDIGENTES 50% 33,4% INTENSIDADE DA POBREZA 56,1% 50,9% INTENSIDADE DA INDIGÊNCIA 44,9% 48,6% Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano/PNUD (2000). Ainda de acordo com dados do IPEA/PNUD (2003) durante a década de 1990 ocorreu no município de São Rafael uma variação na composição da renda, aumentando os rendimentos provenientes de transferências não vinculadas ao trabalho, frente à renda proveniente do trabalho, além de uma elevação da porcentagem de pessoas com mais de 50% da renda proveniente de transferências do Governo (Tabela 4). Como se pode perceber os rendimentos provenientes de transferências governamentais cresceram 3,5 pontos percentuais, sendo 26,2% da renda no ano 2000, ao passo que os rendimentos do trabalho caíram 22,5 pontos percentuais, além do mais a porcentagem da população com até 50% da renda proveniente de transferências elevou-se em quase 6,0 pontos percentuais chegando a ser de 26,01% da população do município. TABELA 4 COMPOSIÇÃO PERCENTUAL DA RENDA PROVENIENTE DO TRABALHO E DE TRANSFERÊNCIAS GOVERNAMENTAIS NO MUNICÍPIO DE SÃO RAFAEL-RN 1991 2000 % da renda proveniente de transferências do Governo 22,71 26,24 % da renda proveniente de rendimentos do trabalho 69,75 47,25 % de pessoas com 50% da renda de transferências do Governo 20,17 26,01 FONTE: IPEA/PNUD (2003). No que diz respeito à estrutura etária do município de São Rafael a maior parte de sua população no ano 2000 situava-se na faixa de 15 a 64 anos, 5.037 pessoas (61,4% da população), porém, de acordo com o Censo 2000 do IBGE, São Rafael tem 13,51% da sua população constituída por pessoas acima dos 60 anos, colocando o município em segundo lugar no estado (atrás apenas do município de Ouro Branco), ou seja, dos 8.201 habitantes do município, 1108 tinham idade superior a 60 anos, devendo-se muito ao fato de migração da população jovem do município para a capital do estado (Natal) em busca de inserção no 34 mercado de trabalho, como também decorre da alta longevidade da população deste município, que reflete de forma direta na constituição do IDH. Desse modo, é plenamente justificado o presente estudo, devido a importância da análise sobre o impacto que a Previdência Social Rural exerce em um município com um percentual tão elevado de idosos. 2.2 Importância da Previdência Social Rural na economia do município de São RafaelRN A economia do município de São Rafael é uma economia pouco expressiva, no contexto produtivo. De acordo com dados do IBGE no ano de 2004 o Produto Interno Bruto (PIB) do município foi de R$ 39.8 milhões. O setor que adicionou o maior valor a esse montante foi a Agropecuária com 47,6% do valor adicionado, ou seja, R$ 19.1 milhões. O setor de Serviços (onde neste inclui-se o comércio) respondeu por 44,9% do valor adicionado, enquanto que a Indústria adicionou apenas 7,27% ao valor do PIB municipal. Segundo dados do Censo Agropecuário 2006 (IBGE), neste ano a produção agrícola do município foi constituída principalmente de 40 toneladas de feijão, 29 toneladas de milho em grãos e 318 mil litros de leite de vaca, além de haver 122 hectares de área irrigada. Assim, com um PIB baseado principalmente na produção agropecuária pouco expressiva, o município de São Rafael, a exemplo de grande parte dos pequenos municípios do Brasil, apresenta uma forte dependência das transferências da União como também da Previdência Social Rural, já que de acordo com dados do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) 85% dos beneficiários da Previdência no município fazem parte deste subsistema. Nota-se que as principais transferências governamentais destinadas à São Rafael/RN somaram R$ 8.965.465,9 no ano de 2007. (Tabela 5). Quando somadas a todas as outras transferências do governo, tal receita totaliza R$ 13.517.795,32, com peso significativo na economia do município. Em relação ao PIB do ultimo ano disponível (2004), as transferências do governo chegam a representar 34% do valor de toda a riqueza produzida no município. Os recursos injetados pela Previdência Social Rural em 2007 no município de São Rafael superaram os recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) em quase R$ 1,3 milhões, com destaque para os recursos das aposentadorias rurais serem pagos 35 diretamente as famílias, sem perfazer as vias do orçamento público, tendo assim um impacto muito maior na renda das famílias e na economia do município. TABELA 5 VALOR DAS PRINCIPAIS TRANSFERÊNCIAS GOVERNAMENTAIS RECEBIDAS PELO MUNICÍPIO DE SÃO RAFAEL/RN NO ANO DE 2007 TIPOS DE TRANSFERÊNCIAS VALOR DAS TRANSFERÊNCIAS (1) FUNDEB* 663.312,46 (2) REPASSES DO SUS 802.339,06 (3) BOLSA FAMÍLIA 965.936,00 (4) FPM 2.624.597,73 (5) APOSENTADORIAS RURAIS 3.909.280,80 TOTAL DAS PRINCIPAIS TRANSFERÊNCIAS DESTINADAS AO MUNICÍPIO (1+2+3+4+5) 8.965.465,90 TOTAL DE TODAS AS TRANSFERÊNCIAS DESTINADAS AO MUNICÍPIO 13.517.795,32 FONTE: PORTAL DA TRANSPARÊNCIA – 2007 e INSS / Mossoró (dados organizados pelo autor) * Antigo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (FUNDEF) Depreende-se, portanto, a importância das principais transferências governamentais para o município de São Rafael, com destaque para as aposentadorias rurais, chegando a representar quase metade (44%) do valor das principais transferências do governo destinadas ao município, enquanto que importantes transferências como o FPM ficaram quase quinze pontos percentuais abaixo destas (Gráfico 2). GRÁFICO 2 Contribuição de cada uma das principais transferências governamentais para o montante total dessas transferências em São Rafael/RN – 2007 43,60% 45% 40% 35% 29,27% 30% 25% 20% 10,77% 15% 10% 8,94% 7,39% 5% 0% FUNDEB REPASSSES DO SUS BOLSA FAMÍLIA FPM Fonte: PORTAL DA TRANSPARÊNCIA-2007 e INSS agência Mossoró 2008 Dados organizados pelo autor APOS. RURAIS 36 Os repasses do Sistema Único de Saúde (SUS), apesar de importantes para os municípios potiguares como mostra Azevedo (2007), no caso de São Rafael esses repasses correspondem á apenas 8,94% das principais transferências (Tabela 5). Quando comparadas a Previdência Social Rural, os recursos do SUS representam apenas 20,5% do montante injetado pelas aposentadorias, ou seja, representam somente pouco mais de 1/5 do valor das aposentadorias rurais. De modo que, as transferências do SUS não chegam a superar nem os repasses assistenciais do programa Bolsa Família, que transferiu somente em 2007 para o município R$ 163 596,94 a mais do que o SUS (Tabela 5). O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB), é outro repasse importante para os municípios, mas que, no caso de São Rafael representou em 2007, apenas 17% do que foi transferido pelos benefícios rurais. Ao se fazer o cruzamento dos dados da população que residia no meio rural do município no ano 2000 com os benefícios rurais concedidos, percebe-se que 29,4% dessa população era beneficiada pela Previdência Social Rural, estando bem acima da média da região Nordeste (17,8%), como também da média estadual (25,3%), expressas na Tabela 2. Isso revela uma relevante cobertura de seu público atingido pela Previdência Social Rural. De acordo com as tabelas e gráficos analisados, pode-se perceber que a Previdência Social Rural desempenha um papel importante na economia do município de São Rafael, pois este município tem uma economia baseada numa atividade agropecuária com ínfimos traços de mecanização, caracterizando-se basicamente de subsistência, além de uma atividade industrial de pouca expressão, onde em 2004 contribuiu com apenas 7,2% para o PIB do município, além dos indicadores de pobreza apresentados no presente capítulo. Pode-se afirmar, portanto, que os R$ 300.713,91 pagos mensalmente aos aposentados rurais do município tem um peso significativo na economia deste. O capítulo seguinte mostrará a metodologia que foi adotada pelo autor na realização do trabalho, subdividindo-se em: delimitação do estudo, tipologia da pesquisa, os procedimentos da coleta dos dados da pesquisa de campo, e também quais foram os procedimentos utilizados para a apresentação, tabulação e análise dos dados. 37 3 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS Este capítulo será dedicado á descrição dos métodos e procedimentos que foram utilizados na realização do presente estudo, como também a forma de coleta dos dados e a análise dos mesmos. 3.1 Tipologia da pesquisa Com relação ao tipo de pesquisa utilizada no trabalho, adotou-se uma pesquisa do tipo exploratória descritiva. Exploratória por analisar um fenômeno pouco estudado, ou seja, a Previdência Social Rural no município de São Rafael/RN, e será descritiva porque descreverá as características do fenômeno estudado. De acordo com GIL (2002, p. 41-42) a pesquisa exploratória: “tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explicito ou construir hipóteses[...] Enquanto que a pesquisa descritiva tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno.” Utilizou-se também uma pesquisa de cunho bibliográfico, baseada em livros, trabalhos acadêmicos, e sites da internet que tratam do assunto estudado, como por exemplo os sites do IBGE, IPEA, o portal da transparência, Previdência Social, dentre outros. Além de uma pesquisa de campo, onde foi feito um levantamento de informações através da aplicação de 203 questionários junto aos aposentados rurais do município, entre os dias 1 e 6 de março de 2008. 3.2 Delimitação do estudo O presente estudo delimitou-se a partir da proposta de análise sobre os impactos causados pela Previdência Social Rural na economia do município de São Rafael/RN, principalmente no que diz respeito à injeção de dinheiro destas aposentadorias em comparação às transferências do governo federal, e o quanto estas tem influenciado no nível de renda das famílias beneficiadas por este regime de aposentadorias. No que diz respeito ao período de análise da pesquisa, o estudo tem como base o ano de 2007 quando serão comparados os valores das principais transferências governamentais repassadas para o município, com os recursos injetados pela Previdência Social Rural. Também se analisará o mês de março de 2008 por ser este o mês base da pesquisa de campo. 38 3.3 Procedimentos de coleta dos dados Na realização do trabalho, a coleta dos dados se realizou por um levantamento destes, através da interrogação direta dos aposentados rurais do município de São Rafael/RN, solicitando-se informações acerca do assunto estudado. GIL (1999, p. 70) argumenta que este tipo de pesquisa caracteriza-se: “pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado...” Dessa forma, foram coletados os dados através de um formulário padronizado de entrevista, aplicado com um total de 203 aposentados rurais do município de São Rafael/RN, na agência dos Correios, utilizando-se o critério de acessibilidade, pois estes recebem o seu benefício nesta agência. Desse modo os entrevistados foram escolhidos de forma aleatória e responderam a 20 questões cada um, sendo algumas fechadas e outras semi-abertas. Além desta pesquisa de campo, exploraram-se fontes secundárias para a coleta de informações que viessem a dar uma base teórica para a realização do estudo, como livros, trabalhos acadêmicos, e consultas a internet. 3.4 População e amostra Para o presente estudo a população é formada por 830 aposentados rurais, que segundo dados fornecidos pela gerência do Instituto Nacional de Seguridade Social – Agência de Mossoró corresponde ao total de aposentados rurais do município em março de 2008, mês de realização da pesquisa de campo. Para se chegar á amostra utilizou-se a fórmula de GIL (1999): n= _____Z2 p . q . N__________ e2 (N – 1) + Z2 p . q Onde: n = Tamanho da amostra Z = Nível de confiança escolhido, expresso em números de desvio padrão p = Percentagem com a qual o fenômeno se verifica q = Percentagem complementar (1 – p) N = Tamanho da população e2 = Erro máximo permitido 39 Utilizando-se a fórmula acima descrita e os seguintes valores: um nível de confiança de 95%, sendo expresso em desvio padrão igual a 1,96, a percentagem com a qual o fenômeno se verifica correspondeu a 0,5 e como a percentagem complementar corresponde a (1-p) esta também é de 0,5, a população total de aposentados rurais é de 830. O erro máximo permitido utilizado na pesquisa foi de 6%, ou seja, 0,06. n= 1,962 . 0,5 . 0,5 .830________ 0,062 (830-1) +1,962 .0,5 . 0,5 n = 797,132_ 3,9448 n = 3,8416 . 0,25 . 830_______ n = 0,9604 . 830___ 0,0036 (829) + 3,8416 .0,25 2,9844 + 0,9604 n = 202,07 Assim, chegou-se a uma amostra de 203 aposentados. Mas, mesmo utilizando-se para o cálculo da amostra o indivíduo, a unidade de análise foi o domicílio, de modo que foi aplicado apenas um formulário por domicílio, independentemente deste ter mais de um aposentado. 3.5 Análise e interpretação dos dados A análise e interpretação dos dados se darão de forma quantitativa e qualitativa, com a apresentação de tabelas, gráficos e dados numéricos/percentuais, para facilitar a explicação e ilustração dos resultados da pesquisa. Também se fará análises qualitativas acerca dos resultados a que se chegou com os dados obtidos e tabulados. Assim, no capítulo que se segue apresentar-se-á o resultado encontrado na pesquisa de campo, através da explanação e interpretação dos dados, de forma a verificar as hipóteses do trabalho. 40 4 IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL RURAL NA RENDA DAS FAMÍLIAS DO MUNICÍPIO DE SÃO RAFAEL/RN Neste capítulo, serão apresentados os dados obtidos com uma pesquisa de campo realizada no município entre os dias 1 e 6 de março de 2008, onde foram aplicados 203 formulários de entrevista entre uma população de 830 beneficiários da Previdência Social Rural. Essa amostra foi conseguida através da formula de Gil, apresentada no capítulo anterior, e corresponde á 24,5% de toda a população. 4.1 A Previdência Social Rural na renda das famílias de São Rafael/RN Ao ser indagado sobre o local de residência a grande maioria dos aposentados declarou residir na zona urbana, 90,6% contra apenas 9,4% que declarou residir na zona rural (Gráfico 3). Esse dado já era de certa forma esperado devido principalmente a três fatores: a) O baixo percentual da população rural frente à população urbana que ultrapassa os 65%; b) Ao fato de que alguns dos entrevistados, mesmo tendo alguma atividade agrícola, residiam na zona urbana e se deslocavam para as suas pequenas propriedades; c) Após a construção da barragem engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves, e consequentemente com a mudança para a nova cidade, muitos dos agricultores perderam suas terras agricultáveis, tendo assim que morar na zona urbana. GRÁFICO 3 Local de residência dos entrevistados 9,40% Zona Rural 90,60% Zona Urbana 0% 10% 20% Fonte: Pesquisa de campo; mar/2008 Dados organizados pelo autor 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 41 No que diz respeito à distribuição dos aposentados rurais quanto ao gênero (Gráfico 4), São Rafael seguiu uma tendência nacional, de maior acesso aos benefícios pelo público feminino, tendência que é reflexo das modificações ocorridas na legislação previdenciária no início dos anos 1990. De acordo com resultados da pesquisa domiciliar realizada nas regiões Sul e Nordeste do País em 1998, onde de cada 100 beneficiários da Previdência Social Rural, 64 são mulheres. Essa maior participação do público feminino, segundo Silva (2000, p.115) se dá devido ao: “limite de idade cinco anos inferior ao exigido aos homens na aposentadoria por idade; e o fato de as mulheres receberem muito mais pensões por viúves do que os homens.” O município de São Rafael tem 60,6% dos benefícios rurais destinados às mulheres, enquanto que os homens respondem por 39,4% dos benefícios. GRÁFICO 4 Distribuição percentual dos beneficiários da Previdência Social Rural por gênero no município de São Rafael/RN - 2008 70,00% 60,50% 60,00% 50,00% 39,40% 40,00% Masculino Feminino 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% 1 Fonte: Pesquisa de campo; mar/2008 Dados organizados pelo autor Quanto à distribuição dos beneficiários por faixa etária (Gráfico 5), a pesquisa revelou que quase metade (45,3%) dos aposentados rurais do município está acima de 70 anos, e 35,4% está entre 60 e 70 anos, apresentando uma estrutura etária muito próxima das percentagens encontradas na região Nordeste, por Delgado & Silva (2000) onde o grupo de aposentados rurais acima de 70 anos correspondia a 46,5%, e entre 60 e 69 anos estava 38,2% dos beneficiários. 42 GRÁFICO 5 Faixa etária dos beneficiários da Previdência Social Rural do município de São Rafael/RN - 2008 45,30% 50,0% 45,0% 35,40% 40,0% 35,0% 30,0% 25,0% 20,0% 13,70% 15,0% 10,0% 3,94% 5,0% 0,49% 0,98% 0,0% Menos de 30 anos Entre 30 e 40 anos Entre 40 e 50 anos Entre 50 e 60 anos Entre 60 e 70 anos Mais de 70 anos Fonte: Pesquisa de campo; mar/2008 Dados organizados pelo autor Quando se trata de nível educacional, o município de São Rafael não apresenta bons indicadores, pois de acordo com dados do IPEA/PNUD (2003) 62,8% dos jovens entre 18 e 24 anos apresentam menos de oito anos de estudo. Esse é um dado de certa forma preocupante, pois quando analisamos o grau de escolaridade dos aposentados rurais (Gráfico 6), podemos perceber um nível educacional ainda mais baixo, onde 51,2% são analfabetos e outros 46,3% não chegaram sequer a concluir o ensino fundamental. Dessa forma, apenas 2,45% da população de aposentados estudaram além do ensino fundamental, enquanto 97,5% não chegaram a terminar o ensino fundamental. É importante salientar o fato de estes dados não surpreenderem, pois já se esperava encontrar elevados índices de analfabetismo entre a população idosa do município, devido principalmente, a forma de constituição desta, qual seja, de camponeses que viviam de explorar a terra em atividades rurais com pouquíssimos traços de mecanização. Durante a realização da pesquisa de campo, alguns aposentados chegaram a declarar que não estudaram devido às jornadas intensas de trabalho que eram submetidos desde a infância, ajudando aos pais na atividade agrícola, com o intuito de manter o sustento da casa e de seus irmãos mais novos. Contudo, em termos de analfabetismo, São Rafael ainda encontrase abaixo dos percentuais encontrados por Delgado & Silva (2000) para a região Nordeste, onde em 1998, durante a Pesquisa de Avaliação Socioeconômica e Regional da Previdência Rural, 72% dos aposentados rurais entrevistados declararam que nunca freqüentaram a escola. 43 GRÁFICO 6 Grau de escolaridade dos aposentados rurais de São Rafael/RN - 2008 0,49% 0,00% 0,98% 0,49% 1 0,49% 46,30% Ens. Superior completo Ens. Superior incompleto Ens. Médio completo Ens. Médio incompleto Ens. Fundamental completo Ens. fundamental incompleto Analfabeto 51,20% 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% Fonte: Pesquisa de campo; mar/2008 Dados organizados pelo autor Quanto ao estado conjugal dos beneficiários da Previdência Social Rural no município (Gráfico 7), cerca de 48,8% declarou que são casados ou vivem algum tipo de união conjugal, percentual praticamente igual ao encontrado por Delgado (2000) no Nordeste (48,2%). Na categoria de viúvos, São Rafael apresenta um percentual menor do que os 38,6% do Nordeste, mas ainda assim significativo, sendo que 27,6% disseram que são viúvos, esse percentual por si já ressalta a importância da Previdência Social Rural para a manutenção do nível de renda dessas famílias, mesmo com a perda de um de seus membros, que como veremos adiante, muitas vezes é o chefe do domicilio. E no quesito de solteiros, estão 23,1% dos aposentados do município, um percentual bem acima dos 13,2% da região. GRÁFICO 7 Estado civil dos beneficiários rurais de São Rafael/RN - 2008 0,49% 23,10% 27,60% 48,80% Solteiro Viúvo Fonte: Pesquisa de campo; mar/2008 Dados organizados pelo autor Casado Outros 44 Uma das perguntas do formulário se propôs a perceber qual o tipo de aposentadoria que o entrevistado recebe da Previdência (Tabela 6), chegou-se assim a percepção de que quase 80% dos aposentados entrevistados recebem a aposentadoria por idade, confirmando-se uma estrutura etária envelhecida (Gráfico 5). As pensões rurais por viuvês correspondem a 16,2% dos benefícios, e nesta categoria percebe-se alguns fatos que merecem destaque: dos beneficiários que declararam receber pensões por viuvês 91% são do sexo feminino, e dessas mulheres viúvas 93,3% não se casaram mais. Silva (2000) ressalta que, o fato de as mulheres receberem a maior parte das pensões por viuvez se explica pela maior sobrevida feminina nos estratos mais idosos da população. Além desse fator, um outro contribui para que as mulheres idosas vivam sem companheiro, qual seja, o fato de os homens serem mais propensos ao casamento, e estes também se casarem geralmente com mulheres mais jovens, o que reforça a inclinação de haver mais mulheres vivendo sem companheiro na velhice. Essa tendência ressalta ainda mais a importância que tem adquirido a Previdência Social Rural a partir das modificações que estenderam o benefício às mulheres, possibilitando que estas possam manter o nível de renda do domicilio mesmo após o falecimento de seu companheiro. No caso de São Rafael, pode-se perceber que as casas de famílias chefiadas por mulheres viúvas, não deixam nada a desejar em termos de estrutura física em relação as que são chefiadas por homens, e mesmo as mulheres que são casadas ganham certo destaque dentro do domicilio, à medida que passam a ter sua própria renda e não dependem totalmente de seus companheiros. No caso da aposentadoria rural por invalidez, 13,3% dos entrevistados declarou receber este tipo de benefício, e neste caso, a maior parte dos beneficiários são homens (59,2%), situando-se abaixo, mas ainda assim, seguindo a tendência nacional, qual seja, de maior acesso do público masculino a esse tipo de benefício. O que pode ser percebido no município é que uma das causas principais desse maior percentual de inválidos do sexo masculino, se deve em grande parte ao regime de trabalho ao qual eram submetidos desde criança, e em alguns casos, durante a pesquisa de campo pôde-se constatar em alguns ex-agricultores, a perda de parte de membros superiores ocasionados por acidentes de trabalho, tendo a mão decepada por uma máquina utilizada para picotar capim, conhecida entre os camponeses como “forrageira”. As Rendas mensais vitalícias apresentaram percentuais irrisórios com apenas 0,49% dos benefícios (Tabela 6). 45 TABELA 6 DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS BENEFICIÁRIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL RURAL DO MUNICÍPIO DE SÃO RAFAEL/RN DE ACORDO COM O TIPO DE APOSENTADORIA TIPO DE APOSENTADORIA MASCULINO FEMININO TOTAL Apos. rural por idade 39,02% 60,98% 79,8% Apos. rural por invalidez 59,2% 40,7% 13,3% Pensão rural por viuvez 9,9% 90,9% 16,2% Renda mensal vitalícia 0,00% 0,49% 0,49% Fonte: Pesquisa de campo; mar/2008 Dados organizados pelo autor Quando interrogados sobre a existência de outros aposentados no domicílio, 44,3% afirmaram haver mais de um aposentado na casa, dessa forma há uma média de 1,58 aposentados nos domicílios (Gráfico 8). Os dados coletados revelaram ainda um elevado percentual de aposentados que dispõem tão somente do benefício da aposentadoria na casa (55,7%), não tendo outra fonte de renda (Gráfico 8). Ademais, muitos enfatizarem a insuficiência do benefício frente aos gastos com medicamentos e alimentação. Isso demonstra o tamanho da pobreza entre os aposentados rurais de pequenas cidades do interior do RN, como é o caso de São Rafael. Contudo, deve-se notar que sem o amparo da Previdência Social Rural a situação desses idosos seria muito pior, visto que, mesmo em domicílios com mais de um salário o benefício ainda representa parte significativa da renda. GRÁFICO 8 Disponibilidade de mais de um aposentado rural no domicílio - 2008 60,0% 50,0% 55,70% 44,30% 40,0% Apenas 1 aposentadoria 30,0% Mais de 1 aposentadoria 20,0% 10,0% 0,0% Fonte: Pesquisa de campo; mar/2008 Dados organizados pelo autor Também foi perguntado aos beneficiários a respeito do regime de habitação. Para esta questão os resultados encontrados foram os seguintes: a grande maioria de aposentados rurais 46 reside em casas próprias (95,5%), enquanto que apenas 1,97% pagam aluguel, e 2,46% moram em casas cedidas (Gráfico 9). Isto é reflexo da mudança de localização da cidade ocorrida em fevereiro de 1983, devido à construção da barragem engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves, que inundou a antiga cidade. Com a mudança dos moradores para a nova cidade, um dos critérios utilizados pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), para a distribuição das novas casas, foi que, teriam direito a uma casa na nova cidade as pessoas que, residiam no município na época de um levantamento realizado pelo próprio DNOCS em São Rafael que visava o planejamento da nova cidade. Assim, as pessoas que moravam em regime de aluguel na velha São Rafael tiveram direito a um domicílio na nova cidade. Mesmo que esse fato tenha causado um certo descontentamento entre alguns setores da população, este critério contribuiu para que houvesse uma redução das pessoas que moravam em regime de aluguel. Como também houve uma melhoria na qualidade das habitações, quando da transferência. Nesse contexto Boneti (1997, p.114) argumenta que: “a população, mesmo descontente com os critérios de distribuição de novas habitações adotado pelo DNOCS, consideram que as casas recebidas, em geral, são de melhor qualidade que as da velha São Rafael.” Dessa forma, não só os aposentados rurais, como também a grande maioria da população de São Rafael mora em casas próprias. GRÁFICO 9 Regime de habitação dos aposentados rurais de São Rafael/RN - 2008 2,46% Cedida Alugada Própria 1,97% 95,50% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Fonte: Pesquisa de campo; mar/2008 Dados organizados pelo autor Um dos pontos importantes do presente estudo, se refere ao que buscou perceber se houve modificações na estrutura física dos domicílios com aposentados da Previdência Social 47 Rural, após os mesmos passarem a acessar o benefício, atentando-se para as modificações mais comuns. Isso, para tentar perceber se houve melhorias na qualidade da habitação dos beneficiários da Previdência Social Rural, ocasionado pelo recebimento da aposentadoria. Baseado nas informações da pesquisa de campo percebeu-se que 42,85% reformaram o domicílio após o início do recebimento da aposentadoria, contra 57,14% que declararam não ter realizado nenhuma reforma (Gráfico 10). Com base nesses dados, foi realizado um comparativo entre os domicílios com apenas um aposentado e os que dispõem de mais de uma aposentadoria, quanto à realização de reformas. Desse modo, percebeu-se o seguinte: em mais da metade (52,2%) dos domicílios com mais de um aposentado houve alguma reforma após o início do recebimento do benefício; no entanto nos domicílios com um aposentado, somente 35,3% destes fez reforma. Isso sustenta a hipótese de que a Previdência Social Rural tem influenciado diretamente na qualidade de vida dos aposentados do município de São Rafael. GRÁFICO 10 Quanto às modificações na estrutura física dos domicílios com aposentados rurais em São Rafael/RN 42,80% Total Domicílios com mais de 1 aposentado 52,20% Domicílios com apenas 1 aposentado 0% 35,30% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Fonte: Pesquisa de campo; mar/2008 Dados organizados pelo autor Analisando mais profundamente essas modificações dos domicílios, percebeu-se que 82,7% dos que reformaram o domicílio aumentaram o número de cômodos; enquanto 21,8% mudaram o tipo de piso da casa; 11,4% realizaram outro tipo de reforma; e 3,4% mudaram o tipo de cobertura. 48 Ao pesquisar sobre as principais modificações ocorridas nos domicílios dos aposentados que confirmaram a reforma, percebeu-se que nos domicílios com apenas um aposentado e que fizeram algum tipo de reforma, 90% aumentaram o número de cômodos; 27,5% modificaram o tipo de piso da casa; 7,5% fizeram um outro tipo de reforma; e 2,5% mudaram o tipo de cobertura. Enquanto que nos domicílios com mais de um aposentado, e que ocorreu reforma após o início do recebimento do benefício, 76,5% aumentaram o número de cômodos; 17% mudaram o tipo de piso; 14,8% fizeram outros tipos de reforma; e 4,2% mudaram o tipo de cobertura. Nota-se que as reformas de aumento no número de cômodos, se constituem no principal tipo de modificação, isso é perceptível porque após o início do recebimento do benefício, os domicílios passaram da média de 4,7 cômodos, para 6,3 cômodos, caracterizando um aumento de 1,6 cômodos por domicílios. É válido de ressalva aqui, o fato de alguns entrevistados terem declarado que fizeram empréstimos consignados com o benefício, utilizando o dinheiro na reforma de suas casas, comprometendo uma parte considerável de suas rendas, já que os empréstimos consignados são debitados mensalmente, diretamente no valor do benefício. Contudo, isso não invalida o fato de que a Previdência Social Rural tem se constituído num sustentáculo para uma parcela da população que ficou por muito tempo fora das conquistas sociais. E no caso de São Rafael, boa parte destes aposentados só veio a ter um rendimento fixo, quando se aposentou, tendo em vista que a grande maioria vivia (e alguns ainda vivem) basicamente, de uma agricultura camponesa e extremamente dependente dos fatores climáticos. Assim, mesmo que tal remuneração seja de um salário mínimo, ainda se constitui na no principal elemento para a melhoria das condições de habitação desses idosos. Quando interrogados a respeito do total de pessoas residentes em seus domicílios, os entrevistados declararam haver 653 pessoas morando em 203 casas, numa média de 3,23 pessoas por domicílio. Essa média foi menor do que a encontrada no Nordeste brasileiro, por Galindo & Irmão (2000), onde chega-se a uma média de 3,93 pessoas residindo nas casas dos aposentados rurais. Ao indagar sobre a existência de dependentes no domicílio do aposentado, constatouse o efeito positivo que a Previdência Social Rural tem causado na renda de famílias que tem pelo menos um aposentado. A pesquisa constatou também que 62,0% dos entrevistados têm pessoas na casa que dependem do benefício, e 38,0% disseram não haver dependentes na casa (Gráfico 11). 49 GRÁFICO 11 Quanto à existência de dependentes nos domicílios dos aposentados rurais em São Rafael/RN - 2008 62,0% 70% 60% 50% 38,0% 40% 30% 20% 10% 0% Domicílios com dependentes Domicilios sem dependentes Fonte: Pesquisa de campo; mar/2008 Dados organizados pelo autor Obs. Foram considerados dependentes as pessoas que moravam no domicílio e não tinham nenhuma fonte de renda, vivendo do dinheiro da aposentadoria. Assim, chegou-se a uma média de 2,35 dependentes por domicílio. Vale aqui salientar, que os que declararam não terem dependentes são constituídos em sua grande maioria por domicílios onde residem apenas os aposentados. A título de ilustração, pode-se fazer um cálculo das pessoas que dependem diretamente das aposentadorias rurais em São Rafael. Conforme afirmação anterior, 62,0% dos aposentados tem dependentes diretos de seus benefícios, e considerando uma média de 2,35 dependentes por domicílio, chegaríamos a surpreendente marca de 1209 pessoas, ou 14,7% da população do município, sem outra fonte de renda e dependendo diretamente das aposentadorias rurais. Refletindo o quadro de desemprego na cidade, afetando diretamente as parcelas mais jovens da população, que pela falta de oportunidade de trabalho acabam migrando para a capital do estado ou tornam-se dependentes da aposentadoria de seus pais ou avós. Além de buscar perceber a existência de dependentes nos domicílios dos aposentados rurais, a pesquisa de campo buscou saber se os aposentados também ajudavam a alguém que não moravam em seus domicílios, e caso isso ocorresse, para quem era destinada essa ajuda. Diante disso, verificou-se mais uma vez a importância das aposentadorias rurais, pois, mais da metade (54,67%) dos entrevistados declararam ajudar a outras pessoas que não moravam em seus domicílios (Gráfico 12). 50 Sendo que, a grande maioria destes (48,76%) afirmou ajudar filhos e netos; 3,94% declarou ajudar outros parentes e 1,97% disseram ajudar a amigos (Gráfico 12). Ou seja, grande parte dos aposentados rurais de São Rafael além de manter 2,35 dependentes por domicílio ainda ajudam pessoas que não moram com eles, muitos ainda declararam ajudar filhos casados que não tem uma ocupação fixa. GRÁFICO 12 Quanto à ajuda dos aposentados rurais de São Rafael/RN para outras pessoas que não moram em seus domicílios 48,76% 50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 3,94% 10% 1,97% 5% 0% Filhos e netos Outros parentes Amigos Fonte: Pesquisa de campo; mar/2008 Dados organizados pelo autor Esse elevado percentual de dependência dos familiares para com os aposentados rurais se explica, em parte, pelo fato do Estado ao planejar a construção da barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves não ter se preocupado em criar novas alternativas de renda para a população do município, tendo em vista que, a mesma perdeu seus principais meios de sobrevivência: a agricultura de vazante, que se dava às margens do rio Piranhas-Açu, e que devido à nova localização do município, ficou inviabilizada em sua quase totalidade, além da colheita da folha da carnaúba e outras atividades. Boneti (1997) constatou que, um dos maiores problemas sentidos pela população de São Rafael em relação à transferência do antigo lugar de residência para o atual têm a ver com o que deixaram e com o que se depararam em relação às possibilidades de sobrevivência. Assim, com base nesse autor pôde-se perceber que um dos maiores descontentamentos relatados pelos habitantes de São Rafael, diz respeito a perda de suas atividades ocupacionais e a não criação de novas oportunidades de emprego. 51 A presente pesquisa revelou que a grande maioria dos beneficiários da Previdência Social Rural em São Rafael não dispõe de outro tipo de rendimento, e sobrevivem com apenas o dinheiro proveniente do benefício. A pesquisa constatou também que 86,7% dos entrevistados sobrevivem apenas com a aposentadoria, não tendo nenhuma outra fonte de renda (Gráfico 13). Enquanto que apenas 13,3% declararam ter outra fonte de renda além da aposentadoria, um dado preocupante que reflete o estado de pobreza por que passam os aposentados rurais do município, além de ressaltar a importância da Previdência Social Rural para a reprodução econômica dessas famílias, que apesar de viverem num relativo estado de pobreza, mais da metade desses domicílios tem apenas um aposentado (55,7%), mas que, sem esse recurso estaria em situação bem mais complicada. GRÁFICO 13 Disponibilidade de outros tipos de rendimentos dos beneficiários da Previdência Social Rural em São Rafael/RN - 2008 13,30% Não tem outra renda Dispõe de outra renda 86,70% Fonte: Pesquisa de campo; mar/2008 Dados organizados pelo autor Dos 13,3% que declararam ter outro rendimento, perguntou-se sobre a natureza do rendimento, se era fixo (recebido mensalmente, e que não sofria alteração) ou não fixo, e o valor médio desse rendimento. Os números levantados mostram que 63% dos aposentados que tem outra fonte de renda, essa é de natureza não fixa, e rende uma média mensal de R$ 232,94 (Gráfico 14). Entre as atividades que mais foram citadas estão à agropecuária, ligada à criação de bovinos, ovinos e/ou caprinos, bem como a pesca. E dos 37% que disserem ter algum rendimento fixo, tinham uma média de renda mensal além do benefício de R$ 282,60. Tais rendimentos 52 provinham em boa parte dos casos de programas assistenciais do Governo Federal, como os programas Bolsa Família, PETI, dentre outros. Dessa forma conclui-se previamente que somente uma pequena parte dos aposentados rurais do município de São Rafael/RN dispõe de outra renda além da aposentadoria. E a maior parte dos que dispõe de outro rendimento, o mesmo provém de atividades cujos dividendos apresentam muita variação. De modo que, na sua grande maioria os aposentados rurais do município sobrevivem mesmo com o salário do benefício. GRÁFICO 14 Natureza de outros rendimentos dos aposentados rurais 70% 60% 50% 40% 63% 30% 20% 37% 10% 0% Fixo Não-Fixo Fonte: Pesquisa de campo; mar/2008 Dados organizados pelo autor Seguindo ainda essa linha de análise acerca dos rendimentos dos aposentados, procurou-se saber de que ramos de atividade provinham esses outros rendimentos, tanto os fixos quanto os não-fixos. Verificou-se também que 40,7% declararam que tais rendimentos vinham de prestação de serviços, enquanto 33,3% disseram ter outras rendas da atividade agropecuária, 11,1% afirmou que essa outra renda é advinda de atividades comerciais e 3,7% confirmou ser de outras formas (Gráfico 15). Isso mostra que certa parcela dos aposentados rurais do município ainda trabalha para complementar a renda da casa. 53 GRÁFICO 15 Ramos de atividade dos quais provém os outros rendimentos dos aposentados rurais de São Rafael/RN 45% 40,70% 40% 33,30% 35% 30% 25% 20% 15% 11,10% 10% 3,70% 5% 0% Atividade agropecuária Atividade comercial Prestação de serviços Outros Fonte: Pesquisa de campo; mar/2008 Dados organizados pelo autor Estudo realizado por Delgado & Cardoso Jr., (2000) sobre as condições de reprodução econômica e combate a pobreza da Previdência Rural, mostrou que no Nordeste no que diz respeito as faixas de renda, 39,77% dos domicílios com aposentados estão situados na faixa de 1 à 2 SM, e 23,2% situa-se entre 2 e 3 SM. De acordo com o presente estudo, a faixa de renda dos domicílios dos aposentados rurais de São Rafael difere do que foi constatado pelos referidos autores para o Nordeste, pois, no município em questão mais da metade (51,2%) dos domicílios tem renda de 1 a 2 SM, e 32,5% tem renda de até 1 SM. Assim 83,7% dos domicílios com aposentados rurais têm rendimentos que não ultrapassam dois salários mínimos (Gráfico 16). Essa é uma constatação que reforça a tese de que o aposentado de São Rafael somente em pouquíssimos casos dispõe de outra fonte de renda, sobrevivendo geralmente do benefício da aposentadoria. Que em muitos casos serve para o sustento financeiro da casa, para reformas, na ajuda à parentes e ou amigos que nem sempre moram com os aposentados, modificando a condição do idoso dentro do domicílio, passando este da condição de dependente para a de provedor, é fato que em São Rafael ter um beneficiário da Previdência Social Rural morando no domicílio é sinal de melhoria de vida. 54 GRÁFICO 16 Faixa de renda dos domicílios com aposentados rurais de São Rafael/ RN 0,98% 4,40% 10,80% 32,50% De 0 até 1 SM De 1 à 2 SM De 2 à 3 SM De 3 à 4 SM Mais de 4 SM 51,20% Fonte: Pesquisa de campo; mar/2008 Dados organizados pelo autor Outra constatação feita por Delgado & Cardoso Jr. (2000) diz respeito a utilização do benefício previdenciário como seguro de renda agrícola, no Nordeste 51,5% dos domicílios responsáveis por estabelecimentos utilizavam o benefício no custeio de atividades produtivas rurais. No caso do município de São Rafael esta realidade não se mostrou significativa na pesquisa de campo, tendo em vista principalmente que a maior parte dos beneficiários reside na zona urbana (Gráfico 17). Diante disso, 95,6% disseram não utilizar o benefício no custeio de atividades produtivas rurais, e apenas 4,4% declararam a utilização do benefício nessa atividade. GRÁFICO 17 Quanto à utilização da aposentadoria rural no custeio de atividades produtivas rurais em São Rafael/RN - 2008 95,60% 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 4,40% 0% Declararam utilizar Fonte: Pesquisa de campo; mar/2008 Dados organizados pelo autor Não utilizam 55 O presente estudo também buscou estudar a questão dos empréstimos consignados com desconto em folha, despertando a curiosidade do autor devido a escassez de estudos nessa linha de pesquisa e a popularidade adquirida por esse tipo de crédito nos últimos anos. Criado através da Lei 10.820, de 17 de Dezembro de 2003, os empréstimos consignados permitem o desconto em folha de pagamentos, inclusive para aposentados e pensionistas do INSS. Em seu artigo 6º a Lei dispõe sobre os direitos e obrigações dos segurados da Previdência Social, dentre eles, o que prevê que os descontos não poderão exceder 30% do valor do benefício, reduzido para 20% no início de 2008. O fato é que os empréstimos consignados ganharam popularidade entre os beneficiários da Previdência Social e também do Subsistema rural. Segundo notícia do Jornal de Fato, somente no ano de 2007 os aposentados e pensionistas do INSS realizaram 9.393.756 operações de empréstimos consignados no país, totalizando um montante de R$ 10.413.810.005,32 em valores empestados. Ainda segundo o jornal, do total de 437 mil aposentados e pensionistas do Rio Grande do Norte, 178 mil possuem consignação em folha, correspondendo a nada menos que 41% do total. Dessa forma, diante do exposto, é de fácil percepção o quanto os empréstimos consignados tornaram-se freqüentes. Mas, quase não há uma literatura que tente medir os efeitos destes na renda dos aposentados rurais. Vale aqui a ressalva de que o presente trabalho não tem o objetivo de aprofundar o tema, mas sim de instigar a discussão, afim de que estudos nessa linha de pesquisa venham a ser realizados por outros pesquisadores. Tentou-se identificar na pesquisa de campo, a ocorrência de empréstimos consignados entre os aposentados rurais de São Rafael e o quanto esses empréstimos comprometem a renda dos aposentados. Quando interrogados sobre a obtenção de empréstimos, 44,8% afirmaram já terem acessado esse tipo de crédito (Gráfico18), portanto, um percentual bastante elevado. E apesar de não estar incluso no questionário, muitos aposentados declararam que utilizaram o dinheiro do empréstimo para reformar o domicílio. No que diz respeito ao gênero, a maior parte dos empréstimos no município foi contraído por mulheres (58,3%) contra 41,7% acessados pelos homens. Observou-se também a faixa de renda dos aposentados que realizaram as consignações, e percebeu-se que quase 60% desses estão na faixa de renda entre 1 e 2 salários mínimos e 26,4% tem renda de até um salário mínimo. Isso possivelmente explica as declarações de que o empréstimo serviu para reformas do domicílio, visto que a renda muito 56 baixa desses domicílios inviabiliza as reformas com base apenas no valor recebido mensalmente com o benefício. Dentre os 44,8% que declararam terem realizado empréstimos, a média dos descontos mensais é de R$ 126,37 (Gráfico 18). Mas, ocorreu casos durante a pesquisa em que os descontos chegavam á R$ 270,00, comprometendo uma parte significativa da renda do domicílio, isso se deve ao fato de algumas casas terem mais de um aposentado, contraindo-se assim empréstimos nos dois benefícios. Muitos beneficiários se mostraram descontentes com os empréstimos. A grande maioria dos entrevistados evidenciou o descontentamento pelo fato de que o benefício já não supria todas as necessidades do domicílio, e com o início dos descontos em folha o benefício agora não dá nem para pagar a conta do supermercado. Entretanto, o que se pôde perceber é que os empréstimos são contraídos como forma de incremento da renda dos idosos, sendo utilizados, principalmente, (como declarado pelos mesmos), na reforma dos domicílios e para a aquisição de bens de consumo. GRÁFICO 18 Quanto à obtenção de empréstimos consignados por parte dos aposentados rurais de São Rafael/RN 44,80% 55,20% Não fez empréstimo Fez emprestimo Fonte: Pesquisa de campo; mar/2008 Dados organizados pelo autor Após identificar a obtenção dos empréstimos consignados, o estudo tentou um maior aprofundamento com relação a composição dos gastos das famílias com aposentados, e o peso dos principais gastos na renda da mesma, como também o quanto os empréstimos consignados influem no nível de renda da família. Para tanto, perguntou-se sobre a composição dos gastos das famílias, e quando da tabulação dos dados dividiu-se as mesmas por faixa de renda, ou seja, as que recebem até um 57 salário mínimo, de um a dois salários mínimos, de dois a três, de três a quatro e os que têm renda domiciliar acima de quatro salários mínimos.4 Ao analisar os gastos das famílias com renda até um salário mínimo, percebe-se que os gastos de consumo respondem por quase 65% de todas as despesas do domicílio, e apesar de poucas pessoas terem declarado utilizar o dinheiro da aposentadoria no custeio de atividades produtivas, as que declararam utilizar esse gasto corresponde em media a 20% dos gastos da casa (Tabela 7). TABELA 7 GASTOS DOMICILIARES DOS APOSENTADOS RURAIS DE SÃO RAFAEL/RN POR FAIXA DE RENDA – ATÉ 1 SM (R$ 1,00 até R$ 380,00) - 2008 Iténs da Despesa Despesa por Domicílio % do total A – GASTOS DE CONSUMO R$ 321,46 64,03% 1. Alimentos e Higiene R$ 211,46 2. Transporte R$ 15,50 3. Saúde R$ 73,61 4. Educação ---5. Vestuário e Calçados R$ 48,00 6. Habitação R$ 46,77 7. Recreação ---B – GASTOS DE PRODUÇÃO R$ 100,00 19,91% 8. Custeio de atividades produtivas R$ 100,00 9. Arrendamento de terras ---C – OUTRAS DESPESAS R$ 80,55 16,04% 10. Ajuda a parentes e amigos R$ 45,71 11. Utensílios domésticos R$ 85,00 12. Contribuição sindical R$ 7,61 13. Reforma do domicílio ---14. Plano funerário R$ 16,48 15. Mesada ou pensão R$ 80,00 16. Paga p/ alguém retirar o benefício R$ 4,00 17. Dízimo R$ 8,83 18. Imposto em geral R$ 25,67 19. Pagamento de empréstimos R$ 119,77 20. Pagamento de consórcios ---21. Outras R$ 120,00 GASTO TOTAL MÉDIO R$ 502,01 100% Fonte: Pesquisa de campo; mar/2008 Dados organizados pelo autor Obs.: Todos os valores representados nos itens correspondem a gastos médios por domicílio, e não necessariamente os valores de A, B, e C, correspondem a soma de seus respectivos itens. Um item de despesa que tem bastante destaque nessa faixa de renda é o pagamento de empréstimos. Considerando que os aposentados que estão nesta faixa de renda ganham no máximo R$ 380,00, pode-se perceber que os empréstimos comprometem 31,5% da renda do ____________ 4 O valor do Salário Mínimo foi tomado como o valor do mesmo na ocasião da pesquisa de campo, qual seja de R$ 380,00. 58 domicílio, esse é um dado importante se levarmos em conta que 26,4% de todos os aposentados que realizaram empréstimos estão nesse faixa de renda. Outro dado relevante que sustenta a hipótese da importância da Previdência Social Rural para a economia de São Rafael é que mesmo em uma faixa de renda de até um salário mínimo os aposentados rurais têm em média R$ 80,00 de sua renda destinada ao pagamento de mesadas e ou pensões, na maioria das vezes para filhos ou netos que não moram no domicílio, havendo uma propagação da renda dos aposentados para domicílios que não tem beneficiários. Na faixa de renda entre um e dois salários mínimos, universo que compreende em sua grande maioria, domicílios em que há apenas a renda de duas aposentadorias rurais, percebese que os gastos de consumo têm um percentual menor em relação aos gastos totais, se comparado ao mesmo percentual apresentado para a faixa de renda de um salário mínimo (Tabela 8). TABELA 8 GASTOS DOMICILIARES DOS APOSENTADOS RURAIS DE SÃO RAFAEL/RN POR FAIXA DE RENDA – DE 1 Á 2 SM ( De R$ 381,00 á R$ 760,00) - 2008 Iténs da Despesa Despesa por Domicílio % do total A – GASTOS DE CONSUMO R$ 451,41 54,4 % 1. Alimentos e Higiene R$ 324,90 2. Transporte R$ 17,00 3. Saúde R$ 79,01 4. Educação R$ 32,66 5. Vestuário e Calçados R$ 53,05 6. Habitação R$ 61,74 7. Recreação ---B – GASTOS DE PRODUÇÃO R$ 266,66 32,1 % 8. Custeio de atividades produtivas R$ 266,66 9. Arrendamento de terras ---C – OUTRAS DESPESAS R$ 112,15 13,5% 10. Ajuda a parentes e amigos R$ 72,00 11. Utensílios domésticos R$ 26,00 12. Contribuição sindical R$ 8,05 13. Reforma do domicílio R$ 88,11 14. Plano funerário R$ 14,34 15. Mesada ou pensão R$ 40,00 16. Paga p/ alguém retirar o benefício ---17. Dízimo R$ 18,14 18. Imposto em geral R$ 30,10 19. Pagamento de empréstimos R$ 119,72 20. Pagamento de consórcios R$ 187,00 21. Outras ---GASTO TOTAL MÉDIO R$ 830,22 100% Fonte: Pesquisa de campo; mar/2008 Dados organizados pelo autor Obs.: Todos os valores representados nos itens correspondem a gastos médios por domicílio, e não necessariamente os valores de A, B, e C, correspondem a soma de seus respectivos itens. 59 Observa-se que um item de destaque é o custeio de atividades produtivas, chegando em média a representar 32,1% dos gastos nos domicílios que declararam terem essa despesa (Tabela 8). Já no item outras despesas, destacam-se os pagamentos de empréstimos que comprometem 15,7% da renda da família, com destaque para que quase 60% dos aposentados com empréstimos se encontram nessa faixa de renda. E em especial os gastos com pagamentos de consórcios, uma despesa que não apareceu nos gastos da faixa de renda anterior, mas que nesse caso representa 24,6% dos rendimentos da casa (Tabela 8). Isso demonstra que, a existência de um maior rendimento já permite ao aposentado a inclusão de novas despesas mesmo que essas comprometam em boa parte a renda do domicílio. Nos domicílios com renda entre R$ 761,00 e R$ 1140,00, percebe-se que os gastos de consumo pesam 72,7% nos gastos totais desses domicílios, com um relativo destaque para o item educação que nesse caso corresponde á 13,4% da renda da família (Tabela 9). TABELA 9 GASTOS DOMICILIARES DOS APOSENTADOS RURAIS DE SÃO RAFAEL/RN POR FAIXA DE RENDA – DE 2 Á 3 SM ( De R$ 761,00 á R$ 1140,00) - 2008 Iténs da Despesa Despesa por Domicílio % do total A – GASTOS DE CONSUMO R$ 579,78 72,7% 1. Alimentos e Higiene R$ 386,08 2. Transporte R$ 24,00 3. Saúde R$ 98,62 4. Educação R$ 152,50 5. Vestuário e Calçados R$ 50,00 6. Habitação R$ 63,36 7. Recreação ---B – GASTOS DE PRODUÇÃO R$ 100,00 12,5% 8. Custeio de atividades produtivas R$ 100,00 9. Arrendamento de terras ---C – OUTRAS DESPESAS R$ 117,70 14,75% 10. Ajuda a parentes e amigos R$ 30,00 11. Utensílios domésticos ---12. Contribuição sindical R$ 9,66 13. Reforma do domicílio ---14. Plano funerário R$ 15,77 15. Mesada ou pensão ---16. Paga p/ alguém retirar o benefício ---17. Dízimo R$ 14,28 18. Imposto em geral R$ 34,15 19. Pagamento de empréstimos R$ 189,87 20. Pagamento de consórcios ---21. Outras ---GASTO TOTAL MÉDIO R$ 797,48 100% Fonte: Pesquisa de campo; mar/2008 Dados organizados pelo autor Obs.: Todos os valores representados nos itens correspondem a gastos médios por domicílio, e não necessariamente os valores de A, B, e C, correspondem a soma de seus respectivos itens. 60 Nos gastos com educação o que pode ser percebido com as declarações de alguns aposentados é que esse elevado custo com educação se dá pelo fato de alguns aposentados bancarem os estudos de filhos ou netos em escolas e até em Universidades particulares. No que diz respeito aos gastos de produção, esses acrescentam 12,5% nos gastos totais, e o item outras despesas influi 14,7% no total, sendo que nesse destacam-se novamente o pagamento de empréstimos, sendo que essa despesa só fica atrás dos gastos com alimentos e higiene, deixando claro, mais uma vez como os pagamentos de empréstimos estão pesando no orçamento familiar dos aposentados rurais do município de São Rafael/RN (Tabela 9). A pesquisa ainda revelou que nos domicílios dos aposentados com faixa de renda entre 3 e 4 salários mínimos, quase 75% dos gastos dizem respeito ao consumo (Tabela 10). No caso dos gastos com produção, estes comprometem em média apenas 3,92% de seus gastos. TABELA 10 GASTOS DOMICILIARES DOS APOSENTADOS RURAIS DE SÃO RAFAEL/RN POR FAIXA DE RENDA – DE 3 Á 4 SM ( De R$ 1141,00 á R$ 1520,00) - 2008 Iténs da Despesa Despesa por Domicílio % do total A – GASTOS DE CONSUMO R$ 567,12 74,1% 1. Alimentos e Higiene R$ 414,62 2. Transporte R$ 20,00 3. Saúde R$ 75,71 4. Educação R$ 15,00 5. Vestuário e Calçados R$ 40,00 6. Habitação R$ 71,87 7. Recreação ---B – GASTOS DE PRODUÇÃO R$ 30,00 3,92% 8. Custeio de atividades produtivas R$ 30,00 9. Arrendamento de terras ---C – OUTRAS DESPESAS R$ 167,76 21,9% 10. Ajuda a parentes e amigos R$ 103,33 11. Utensílios domésticos ---12. Contribuição sindical R$ 7,53 13. Reforma do domicílio ---14. Plano funerário R$ 16,50 15. Mesada ou pensão ---16. Paga p/ alguém retirar o benefício ---17. Dízimo ---18. Imposto em geral R$ 37,16 19. Pagamento de empréstimos R$ 200,00 20. Pagamento de consórcios ---21. Outras ---GASTO TOTAL MÉDIO R$ 764,88 100% Fonte: Pesquisa de campo; mar/2008 Dados organizados pelo autor Obs.: Todos os valores representados nos itens correspondem a gastos médios por domicílio, e não necessariamente o valores de A, B, e C, correspondem a soma de seus respectivos itens. Nota-se que 21,9% dos gastos dizem respeito a outras despesas, onde nesse item destaca-se a ajuda a parentes e amigos, uma vez que em média R$ 103,33 mensais, são utilizados para esse tipo de ajuda (Tabela 10). 61 O pagamento de empréstimos consome uma média de R$ 200,00 mensais, tendo em vista a possibilidade de nesses domicílios se poder realizar vários empréstimos devido aos mesmos em sua grande maioria possuir mais de um beneficiário. Na faixa de renda acima de quatro salários mínimos, encontra-se um pequeno percentual de aposentados, apenas 0,98% dos entrevistados. Os domicílios com aposentados que se encontram nessa faixa de renda são caracterizados basicamente por conter além do casal de idosos aposentados rurais, outras pessoas que se encontram inseridas no mercado de trabalho do município. Nesses domicílios 96% dos gastos são com o item consumo, e apenas 3,78% em outras despesas (Tabela 11). Nesta categoria não foram encontrados aposentados que tinham realizado empréstimos, ficando a maior parte destes nos domicílios com rendas bem inferiores, pois 85,7% dos aposentados rurais com empréstimos tem renda até dois salários mínimos. TABELA 11 GASTOS DOMICILIARES DOS APOSENTADOS RURAIS DE SÃO RAFAEL/RN POR FAIXA DE RENDA – Acima de 4 SM (Mais de R$ 1521,00) - 2008 Iténs da Despesa Despesa por Domicílio % do total A – GASTOS DE CONSUMO R$ 712,50 96,22% 1. Alimentos e Higiene R$ 450,00 2. Transporte ---3. Saúde R$ 115,00 4. Educação ---5. Vestuário e Calçados R$ 100,00 6. Habitação R$ 97,50 7. Recreação ---B – GASTOS DE PRODUÇÃO ---8. Custeio de atividades produtivas ---9. Arrendamento de terras ---C – OUTRAS DESPESAS R$ 28,00 3,78% 10. Ajuda a parentes e amigos ---11. Utensílios domésticos ---12. Contribuição sindical ---13. Reforma do domicílio ---14. Plano funerário ---15. Mesada ou pensão ---16. Paga p/ alguém retirar o benefício ---17. Dízimo ---18. Imposto em geral R$ 28,00 19. Pagamento de empréstimos ---20. Pagamento de consórcios ---21. Outras ---GASTO TOTAL MÉDIO R$ 740,50 100% Fonte: Pesquisa de campo; mar/2008 Dados organizados pelo autor Obs.: Todos os valores representados nos itens correspondem a gastos médios por domicílio, e não necessariamente o valores de A, B, e C, correspondem a soma de seus respectivos itens. 62 Diante de tudo que foi levantado com a pesquisa de campo, é notável o impacto positivo que a Previdência Social Rural tem exercido não só na economia de São Rafael, como também, o quanto essa tem ajudado na constituição da renda das famílias dos agricultores rurais e até mesmo na renda de famílias que não tem beneficiários, à medida que, 54,7% dos entrevistados declararam ajudar outras pessoas que não moram no domicílio dos mesmos, chegando a dedicar até 12% da renda da casa para essa finalidade (em domicílios com um salário mínimo). É notório o fato de que a Previdência Social Rural no Brasil tem exercido um papel não só de garantir um rendimento para o beneficiário após a perda de capacidade laborativa, essa tem de fato, criado no país uma fonte de renda que vai muito além dos seus reais objetivos. A Previdência Social Rural, especialmente em pequenos municípios, como é o caso de São Rafael/RN tem possibilitado a sobrevivência de um comércio local (ainda que com pouca expressão) no qual se pode registrar uma elevação considerável em seu movimento nos dias de pagamento aos aposentados rurais, também conforme se pôde observar no depoimento dos beneficiários, esses não tem mais em seus domicílios a posição de dependentes, mas são provedores. Constata-se isso também através do fato de que nos domicílios com aposentados em São Rafael percebeu-se através da pesquisa a existência de uma média de 3,23 pessoas por domicílio, que dependem diretamente da renda do idoso, não tendo outra fonte de renda. Por esses e outros motivos elencados durante o estudo, é plenamente sustentável a hipótese de que a Previdência Social Rural tem exercido no município de São Rafael um papel importante na economia local, visto que após a mudança da sede com a construção da barragem engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves as principais formas de emprego do município, (como a agricultura vazante praticada as margens do rio Piranhas-Açu, a coleta da folha da carnaúba, os locais amplos para a criação de gado) foram inundadas por suas águas e o governo não cumpriu o seu papel de inserir a população em novos ramos ocupacionais, estando essa relegada a viver fortemente dependente de transferências governamentais como a Previdência Social Rural. 63 CONSIDERAÇÕES FINAIS A Previdência Social no Brasil demorou muito a reconhecer os direitos dos trabalhadores rurais, pois estes só começaram a ter acesso a Previdência quase meio século após o surgimento do sistema previdenciário brasileiro, e mesmo assim, de modo que não respeitava o caráter especial do trabalho rural. Antes da constituição de 1988 e das leis de custeio e benefício da Previdência Social (Leis 8.212 e 8.213 de 1991) os benefícios da Previdência Social Rural destinavam-se ao chefe do domicílio, de forma que, eram excluídas as mulheres. O valor do benefício por idade era de meio salário mínimo, e no caso das pensões por viúves o valor era ainda menor, um terço do salário mínimo vigente. Com o advento da Constituição de 1988, e posteriormente com as Leis 8.212 e 8.213 de 1991, ocorreram mudanças consideráveis nesse subsistema previdenciário, como a extensão do direito à aposentadoria ao conjugue, ou seja, às mulheres. É importante destacar também a redução da idade mínima de acesso em cinco anos para homens e mulheres, sendo que essas últimas obtiveram o direito do acesso ao benefício cinco anos mais cedo que os homens, e o benefício foi elevado para o valor de um salário mínimo, até mesmo para as concessões antes de 1988. Essas modificações acabaram dando a Previdência Social Rural um papel social relevante no que tange a elevação da renda no campo, não só cumprindo a sua função de manter o nível de renda quando da perda de capacidade laborativa. Nesse sentido, alguns estudos vem sendo realizados no país no sentido de medir, ou mesmo de constatar o quanto a Previdência Social Rural tem influenciado nas condições de vida no campo, e também em pequenos municípios do Brasil. Nesse contexto, o presente estudo tentou verificar os impactos da Previdência Social Rural na renda das famílias beneficiadas com esse subsistema no município de São Rafael/RN, bem como na sua economia. Para isso, foi realizada uma pesquisa de campo para coleta dos dados que após analisados, sustentam a tese proposta. A análise dos dados mostrou realidades até então desconhecidas quanto aos aposentados São Rafaelenses, ou seja, a grande maioria desses vive na zona urbana do município (90,6%), a exemplo do país, e a maioria dos beneficiários são do sexo feminino, cerca de 60,5%. Constatou-se também o elevado índice de analfabetismo entre os aposentados rurais, pois mais de 50% desses declararam serem analfabetos. Quando somados aos que não concluíram o ensino fundamental o percentual chega a 97,5%. 64 Em 55,7% dos domicílios onde residem aposentados só existe um benefício e mesmo assim, esses domicílios são 35% dos que realizaram reformas após acessarem o benefício, demonstrando que mesmo não tendo um valor elevado o benefício tem ajudado na melhoria da qualidade de vida de seus beneficiários, mesmo que em grande parte dessas reformas tenham-se utilizados empréstimos consignados adquiridos com o benefício. Constatou-se também elevados índices de aposentados que ajudam a pessoas que não moram em suas casas, 55% disseram ajudar a outras pessoas, que não residem em seus domicílios. Observou-se que 87% dos aposentados não tem outro tipo de renda, sobrevivendo apenas com a aposentadoria. Isso talvez explique o fato do elevado índice de beneficiários com empréstimos consignados, 45% dos aposentados rurais de São Rafael. Em média há um comprometimento de R$ 126,37 por mês na renda dos pesquisados. Quanto a estrutura dos gastos dos aposentados, observa-se que nos domicílios com menores níveis de renda, os gastos com alimentação quase chegam ao valor do benefício, e como em muitos casos os aposentados pagam empréstimos, é perfeitamente explicável o fato de muitos se queixarem por débitos não sanados no comércio local. Contudo, percebe-se que se não fosse o pagamento do benefício previdenciário, essas pessoas estariam em condições de extrema pobreza, visto que essa é a única fonte de renda para muitos deles e seus dependentes. Vale frisar que o município de São Rafael apresenta uma forte carência de empregos, sobretudo para a população jovem que está entrando na fase de necessidade de acesso ao mercado de trabalho. Muitos desses acabam vivendo dependentes das aposentadorias dos pais ou dos avós. Assim, a Previdência Social Rural tem servido de sustentáculo econômico desse pequeno município do interior do Rio Grande do Norte, como também para a renda de muitas famílias de camponeses que perderam as suas ocupações após a construção da barragem engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves, não sendo repostas pelo Estado quando da mudança destes para a nova cidade. 65 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, M. O. VALENTE, Jr, A. S. 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Trabalho apresentado no V Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos Regionais e Urbanos, Recife, 2007. 69 APÊNDICE 70 FORMULÁRIO DE ENTREVISTA ENTREVISTADO: _____________________________________________________ ENDEREÇO: __________________________________________________________ Nº DO QUESTIONÁRIO: __________DATA DA COLETA: _____/________/ 2008 IDENTIFICAÇÃO DO INFORMANTE: ___________________________________ 1) A residência do entrevistado encontra-se: ( ) Na zona Urbana ( ) Na zona Rural 2) Sexo do entrevistado (a): ( ) Masculino ( ) Feminino 3) Idade do entrevistado: ( ) Menos de 30 anos ( ) Entre 30 e 40 anos ( ) Entre 40 e 50 anos ( ) Entre 50 e 60 anos ( ) Entre 60 e 70 anos ( ) Mais de 70 anos 4) Escolaridade: ( ) Analfabeto ( ) Ensino Fundamental Incompleto ( ) Ensino Fundamental Completo ( ) Ensino Médio Incompleto ( ) Ensino Médio Completo ( ) Ensino Superior Incompleto ( ) Ensino Superior Completo 5) Estado Civil: ( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Viúvo ( ) Outros 6) Qual o tipo de aposentadoria recebe da Previdência: ( ) Aposentadoria rural por idade 71 ( ) Aposentadoria rural por invalidez ( ) Pensão rural por morte ( ) Renda mensal vitalícia, amparo assistencial. 7) Mais alguém em sua casa recebe aposentadoria: ( ) Sim:_______pessoa(s) ( ) Não 8) A residência em que mora é: ( ) Própria ( ) Alugada ( ) Cedida ( ) Outros 9) Houve alguma modificação na estrutura física da sua residência após o início do recebimento do benefício: ( ) Sim ( ) Não ( ir p/ questão nº 11) 10) Qual o tipo de modificação: ( ) Aumentou o número de cômodos Esp. Antes:_________cômodos Após: ___________cômodos ( ) Modificou-se o tipo de piso ( ) Mudou o tipo de cobertura Esp. Antes:_________ Após: ___________ ( ) Mudou a forma de abastecimento D`água ou de energia elétrica Esp. Antes:_________ Após: ___________ Outra:________________ 11) Quantas pessoas moram em sua casa: __________pessoas 12) Há pessoas que moram em sua casa e dependem da aposentadoria do Sr(a): ( ) Sim:_________pessoas ( ) Não 13) Ajuda com freqüência alguém que não mora com o Sr(a): ( ) Filhos e netos ( ) Outros parentes ( ) Amigos ( ) Não 72 14) O Sr.(a) dispõe de outro tipo de rendimento fora o da aposentadoria: ( ) Sim. Especificar___________________Vr. Médio mensal____________ ( ) Não (ir p/ questão nº 17) 15) A natureza do rendimento é: ( ) Fixo (valor mensal que não sofre alteração) ( ) Não é fixo 16) Essa renda provem de: ( ) Atividade agropecuária ( ) Atividade Comercial ( ) Prestação de serviços ( ) Outro tipo 17) A faixa de renda mensal da família é: ( ) 1 SM (R$ 380,00) ( ) 1 a 2 SM (R$ 380,00 até R$ 760,00) ( ) 2 a 3 SM ( R$ 760,00 até R$ 1140,00) ( ) 3 a 4 SM ( R$ 1140,00 até R$ 1520,00) ( ) Acima de 4 SM ( acima de R$ 1520,00) 18) O Sr.(a) utiliza o dinheiro da aposentadoria para custear a atividade agrícola: ( ) Sim Vr. R$_______________ ( ) Não 19) O Sr.(a) já obteve empréstimo através do benefício: ( ) Sim Vr descontado mensalmente: R$________Quando termina?________ ( ) Não 20) Qual a estrutura dos gastos do domicílio (mensalmente): (A) Gastos de consumo. Vr. R$_____________ ( ) Alimentos e higiene. Vr. R$_____________ ( ) Transporte Vr. R$_____________ ( ) Saúde Vr. R$_____________ ( ) Educação Vr. R$_____________ ( ) Vestuário e calçados Vr. R$_____________ ( ) Habitação (água, luz, aluguel e etc) Vr. R$_____________ ( ) Recreação Vr. R$_____________ (B) Gastos de produção. ( ) Custeio de atividades produtivas Vr. R$_____________ Vr. R$_____________ 73 ( ) Arrendamento de terras (C) Outras despesas. Vr. R$_____________ Vr. R$_____________ ( ) Ajuda a amigos e parentes Vr. R$_____________ ( ) utensílios domésticos Vr. R$_____________ ( ) Contribuição sindical Vr. R$_____________ ( ) Reforma do domicilio Vr. R$_____________ ( ) Plano funerário Vr. R$_____________ ( ) Mesada / pensão Vr. R$_____________ ( ) Paga para alguém retirar o benefício Vr. R$_____________ ( ) Dizimo Vr. R$_____________ ( ) Imposto em geral Vr. R$_____________ ( ) Pagamento de empréstimos Vr. R$_____________ ( ) Pagamento de consórcios Vr. R$_____________ ( ) Outros Vr. R$_____________