O Apocalipse de João Preparado para os jovens da Igreja Batista do Cambuí, Campinas Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho INTRODUÇÃO O Apocalipse sempre despertou grande interesse em todas as épocas. Até não cristãos se mostram curiosos em relação a ele. Infelizmente, muitas interpretações são tão fantasiosas que o ridicularizam, quando não servem para desmoralizar os cristãos. Ele se torna uma espécie de “horóscopo bíblico” ou um jogo de runas, para se descobrir o futuro. Constantemente “descobrem-se” chaves de interpretação, códigos, segredos milenares e outras questões que fazem do “descobridor” o possuidor de segredos que Deus escondeu de todo mundo e só revelou a ele. Até mesmo alguns estudos bíblicos se tornam fantasiosos. O cenário evangélico está repleto de pessoas redescobrindo a Bíblia ou reinventando Jesus e o cristianismo. Algumas interpretações são deploráveis. Interpreta-se a águia voando pelos céus como se fossem os EUA, os gafanhotos são helicópteros. Como João nunca tinha visto um helicóptero, esta foi a melhor maneira de escrever, etc. Esta atitude se torna até uma falta de respeito para com a Bíblia. Um dos bons critérios de interpretação bíblica é a sobriedade, que nunca matou alguém. O exotismo leva ao ridículo. A sobriedade mostra bom senso e permite equilíbrio. Não podemos interpretar o Apocalipse à luz de nossa perspectiva contemporânea. Só se entende um livro à luz de sua época e contexto. Esta é a pergunta inicial: “Quando e para quem o livro foi escrito?”. Não há nenhum “código da Bíblia” ou segredos ocultos que um especialista bem treinado ou escolhido por Deus revele aos homens. Deus é claro é fala claro. O Apocalipse foi escrito em tempo de crise, para ajudar os cristãos da época. De 81 a 96, parecia que o reino de Deus estava sendo destruído, no reinado de Domiciano. Foi um momento de terror: a Igreja estava sendo destruída. Este é o pano de fundo do livro. Há perseguição em seu enredo, mas cânticos e louvor o permeiam. A mensagem principal é o triunfo de Cristo. Assim, em linhas gerais, veremos o significado do livro para os contemporâneos de João (destinatários primeiros do livro) e então seu significado para nós (destinatários segundos, pois o livro não foi escrito diretamente para o século 21 e sim, para o século primeiro). 1. O CENTRO DO LIVRO – O livro tem um centro, em seu enredo. É uma luta entre dois oponentes: um se chama O Cordeiro (Cristo) e o outro é Besta (o Império Romano). O Cordeiro tem consigo uma Mulher (o povo de Deus) e a Santa Cidade (Jerusalém). A Besta tem consigo um Dragão e um Falso Cordeiro. O livro narra a luta da Igreja diante do Império Romano. 2. LANCES DA LUTA – Eis uma descrição da luta: (1) A Besta persegue o Cordeiro (2) O Cordeiro desfere um golpe mortal na Besta (3) O golpe mortal é curado pelo Falso Cordeiro (4) A Mulher se torna adúltera (5) A Santa Cidade se torna Babilônia (6) A Mulher volta ao Cordeiro (7) Babilônia é destruída (8) O Cordeiro desfere o golpe mortal na Besta e no Falso Cordeiro (9) Uma Nova Cidade surge para o Cordeiro e Mulher 3. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO – Precisamos estabelecer um método de interpretação coerente, desde o início. Infelizmente, o Apocalipse tornou-se sinônimo de desgraças a acontecer no futuro. Mas que futuro? Futuro de quem? Não é, necessariamente, o futuro por vir para nós. Bem pode ser um futuro para nós já acontecido, o futuro para os destinatários da época. Porque não haveria muito sentido em João escrever para cristãos que estavam sendo perseguidos, presos e mortos por sua fé e lhes dizer: “Fiquem firmes, vejam só o que vai acontecer a dois mil e poucos anos”. O que o livro dizia naquele momento? Qual é o método de interpretação que mantém o valor do livro para a época em que foi produzido e para as demais? Há várias escolas de interpretação, mas alistamos aqui as cinco principais: futurista, continuidade-histórica, filosofia da história, preterista e formação histórica. 3.1. O MÉTODO FUTURISTA – Nesta linha de interpretação, o livro narra os acontecimentos do fim do mundo, numa época incerta, numa linguagem oculta. De 1 a 3, mensagens são alusivas à época de João. Do capítulo 4 até ao fim, o livro trata das coisas que acontecerão no futuro, quando Cristo retornar. Nesta linha, tudo acontecerá em sete anos, a semana que falta em Daniel. Neste sentido, o livro se torna cheio de segredo. Uma espécie de folhetim. É a linha mais popular, nos últimos anos. Talvez devido ao sensacionalismo embutido na interpretação. Mas não foi a interpretação histórica da Igreja. Esta posição é mais recente. 3.2. O MÉTODO DA CONTINUIDADE HISTÓRICA – Nesta linha, o livro seria um prenúncio da história por meio de símbolos. Toda a história foi expressa aqui por meio de símbolos. Exemplo: Summers, pp. 48-49. 3.3. O MÉTODO PRETERISTA – Neste sentido, o livro se cumpriu nos dias do Império Romano. Dizia respeito àqueles cristãos e nada tem para nós, a não ser lições de fé. Há duas correntes. Uma o vê assim. Outra nem mesmo o considera como inspirado. Aliás, o livro foi muito contestado quando da confecção do cânon do Novo Testamento. 3.4. O MÉTODO DA FILOSOFIA DA HISTÓRIA – Nada é histórico. Tudo é simbólico. O livro mostra os princípios que formam a história, daí o seu nome. Exemplo: a Besta do capítulo 13 representa o mundo contra a Igreja. Pode ser em qualquer época, passada, presente ou futura. Discute as forças por trás dos eventos históricos. 3.5. O MÉTODO DA FORMAÇÃO HISTÓRICA – O livro se cumpriu nos dias do Império Romano, mas traz princípios que são válidos hoje. Há situações que deixam princípios pelos quais devemos nos pautar. Mistura o método da filosofia da história com o preterista. Summers, 57 e 58. 4. COMO ANDAREMOS – Na percepção de que o livro já se cumpriu, pelo menos até o capítulo 20. Veremos a ação de Deus na história passada. Os capítulos 21 e 22 tratam do futuro por vir. Os textos de 1.3 e 1.19 ajudam a entender esta posição. Mas acima de tudo: há lições para nossa vida, mais do que sensacionalismo. É Palavra de Deus e não Notícias Populares ou um programa do Ratinho. 5. O GÊNERO APOCALÍPTICO – Antes de entrarmos no conteúdo do livro, vejamos alguma coisa sobre o gênero literário do Apocalipse. Ele surgiu com Ezequiel e se firmou entre os anos 210 a.C. e 200 d.C. Floresceu numa época de tribulação para o povo de Deus. Diante do exílio, opressão, perseguição e domínio estrangeiro, os escritos apocalípticos traziam uma palavra de esperança em uma linguagem enigmática. Visava reanimar os fiéis, falando-lhes de uma futura intervenção divina para libertar o seu povo, restituindo-lhe a glória do passado. Muitos "apocalipses" surgiram baseados, principalmente, em Daniel, que anuncia o estabelecimento do reino de Deus em triunfo sobre os reinos humanos. Durante a dominação romana, este tipo de escrito se tornou comum e muito apreciado. Eis alguns deles: o Apocalipse de Baruque, Apocalipse de Pedro, O Pastor de Hermas, A Assunção de Moisés, A Ascensão de Isaías, O livro de Jubileus, Os Salmos de Salomão, Os Testamentos dos Doze Patriarcas, 1Enoque, 2Enoque, 2Esdras e 4Esdras, entre outros. Via de regra, eles traziam a idéia de um libertador, um messias. Isto se vê até nos documentos do mar Morto, os manuscritos de Qumram. O Apocalipse de João é o único livro desse gênero no Novo Testamento que faz parte desta corrente literária. Mas seu messianismo não é vago como os outros. Ele identifica o Messias como sendo Jesus Cristo. E, diferentemente dos outros apocalipses, não é anônimo. Os autores colocavam algum nome famoso e respeitado, como Enoque, Salomão, etc., para darem mais peso à obra. João, porém, colocou seu próprio nome (Ap.1.1,4,9-11). 6. O QUE É APOCALIPSE? – Esta palavra, de origem grega, significa "revelar, mostrar, tirar o véu, desvendar”. Falamos do Apocalipse como algo oculto. Mas é uma revelação. Em inglês, o nome do livro é Revelation (Revelação). O livro mostra que Deus tem um plano, que termina com a vitória de Cristo. Tudo terminará nas mãos dele, com todo joelho se dobrando diante dele. Isto já fica claro em 1.7. 7. DADOS GERAIS DO LIVRO – O autor se declara como sendo João (1.1, 4, 9-11). Os destinatários são as sete igrejas da Ásia (em geral, fundadas por Paulo). Era onde a perseguição estava sendo mais cruenta. Presume-se que a data tenha sido o ano 95. O local de sua escrita foi Patmos, ilha vulcânica, rochosa e estéril, a 56 km da costa da Ásia Menor (Turquia). Era para onde se enviavam os prisioneiros na época do imperador romano Domiciano (81 a 96). 8. TEMA – O tema do livro é o conflito entre bem e o mal. Trata da vitória final de Cristo e a implantação do seu Reino. O versículo-chave é 1.7. e 1.19 tem sido visto como uma proposta de esquema do autor. O personagem central do livro é o Cordeiro. Há três palavras-chaves que servem de rumo do conteúdo: (1) vencer (Ap 2 e 3, 12.11, 15.2, 17.4 e 21.7); (2) testemunho (Ap 1.1, 9, 6.9, 12.11 e 17, 19.10, 20.4 e 22.18 e 20); (3) vir, alusivo à vinda de Cristo (Ap 1.4, 7, 8, 2.5 e 16, 3.3 e 11, 4.8 e 22.20). Esta é a última palavra revelada do livro, pois 22.21 é a bênção tradicional com que se encerravam os livros. 9. GÊNESIS X APOCALIPSE – Há um nítido paralelo entre Gênesis e Apocalipse, como se nota: GÊNESIS Início Criação da terra Criação do céu Criação do sol Vitória de Satanás Adão Eva Entrada do pecado Maldição Bloqueado caminho à árvore da vida. APOCALIPSE Fim Nova terra Novo céu A Nova Jerusalém não precisa do sol Derrota de Satanás Cristo Igreja (noiva) Fim do pecado Fim da maldição Acesso à árvore da vida. 10. O SIMBOLISMO NO APOCALIPSE – A linguagem do Apocalipse é altamente simbólica. Foi uma maneira de tornar seu conteúdo inacessível aos romanos ou outros perseguidores, se caísse em suas mãos. Os cristãos, familiarizados com os símbolos, entenderiam sua mensagem. Por isto que devemos procurar o sentido dos símbolos naquela época, e não lhes dar um sentido atual. Ver os Estados Unidos, o Japão, Bin Laden, o comunismo e o papa no livro, é uma violência ao texto. Mais uma vez, tragamos isto à nossa mente: o que João desejava transmitir aos destinatários de seu livro? O que interessaria aos cristãos do primeiro século saber alguma coisa sobre Estados Unidos, Rússia e Japão? Mais uma coisa a se considerar: João viu realidades espirituais indescritíveis. Como narrá-las? Ele tenta fazê-lo, através de comparações. Assim, os termos "como", "semelhante" e o verbo "parecer" são utilizados para dar uma idéia de suas visões. Em outras ocasiões, ele não compara, mas usa as figuras de forma direta, em comparações implícitas. As ocorrências de "como" – 1.10,14-15; 2.18,27; 4.1,6-7; 6.1,6,12-13. As ocorrências de "semelhante" – 1.13; 2.18; 4.3,6-7. A ocorrência de "parecer" – 9.19. Os símbolos usados no livro eram conhecidos pelos seus destinatários. Livros selados, trombetas, carros puxados por cavalos, letras gregas, tudo isso era do conhecimento das igrejas da Ásia Menor. João ainda usa figuras como fenômenos naturais, cores, pedras preciosas, animais, relações humanas e até vultos históricos como Jezabel e Balaão. Precisamos conhecer o significado de cada símbolo naquela época. Talvez tenhamos dificuldades nesta tarefa. Mas a maior dificuldade será nos despirmos da mentalidade delirante de que o Apocalipse é um depósito de desgraças narradas e ocultas que vão acontecer. Uma espécie de “contos de terror religioso”. João não era um Boris Karloff nem um Stephen King. Na época de João, os livros eram rolos de pergaminho, peles de animais. O Apocalipse, além de um livro, foi uma correspondência circular enviada às igrejas, Geralmente esta era selada, ou seja, lacrada, como os documentos reais. Isto era feito para que não houvesse violação. O selo, num documento, tinha a marca do anel do rei. Portanto, se alguém o quebrasse, não poderia fazer outro igual para substituí-lo. As pessoas importantes, que escreviam mensagens e as espalhavam, costumavam ter seu selo e o colocavam na sua correspondência. Era a marca de segurança, em processo semelhante. Isto é um símbolo. Quando João vê um livro selado, não é com selo de correios, mas uma marca de segurança, para não ser aberto. Ele vê um livro selado com sete selos (5.1). Em mensagem pregada no mês de janeiro de 2003, mostrei que isto era para dizer que o livro não podia ser aberto por ninguém. Temos que ver o sentido do símbolo naquela época e não na nossa. 11. O SIMBOLISMO DE FENÔMENOS E ELEMENTOS NATURAIS E SEUS SIGNIFICADOS ELEMENTO Ar SIGNIFICADO Vida Tempestade (raios, Perturbações na vida trovões, relâmpagos, saraiva) Fogo Purificação ou destruição Pedras preciosas Algumas vezes representam pessoas. Mar Insegurança, perigo, algo sinistro. OBSERVAÇÃO É nossa necessidade mais urgente Causa medo Precisamos ver o contexto Algo valioso O oposto da terra firme. 12. CORES E SEUS SIGNIFICADOS COR Preto Vermelho (sangue) SIGNIFICADO Luto, sofrimento Morte ou redenção Vermelho (púrpura) Realeza Amarelo pálido (ou Fome verde) Amarelo ouro Santidade de Deus OBSERVAÇÃO Às vezes, relacionado Cristo Roupa dos reis a Os elementos do tabernáculo eram de ouro Verde Esperança Cor da natureza vegetal, que alimenta Branco Pureza, justiça Trono, vestes, cabelos, etc. 13. O SIGNIFICADO DOS NÚMEROS – A numerologia tem sido muito divulgada atualmente devido ao misticismo que nos envolve. Os números são considerados elementos de sorte e azar e, por meio deles, os adivinhos tentam ler o futuro das pessoas. Alguns povos utilizaram as próprias letras do alfabeto como algarismos, dando-lhes valor numérico. Assim, um nome pode ser transformado em números e ter seu valor totalizado. Isso ocorreu, por exemplo, com algumas letras do alfabeto romano e também com o hebraico. O fato de se obter um valor para um nome não nos diz nada, a não ser que os números representem algum valor moral ou espiritual, uma bênção ou uma maldição. A tradição judaica relaciona alguns números a determinados conceitos religiosos ou cósmicos: NÚMERO SIGNIFICADO 1 Unidade 2 Fortaleza, confirmação 3 Divindade 4 Mundo físico 5 Perfeição humana 6 Homem, falha humana 7 Perfeição, plenitude 12 Religião estabelecida. 40 Provação 70 Sagrado 1000 Grande quantidade SENTIDO REFORÇADO 666 24, 144 mil A Bíblia usa muito o simbolismo numérico. O Apocalipse usa tal recurso de forma intensa, principalmente o número 7. São 7 igrejas, 7 candeeiros, 7 selos, 7 anjos, 7 trombetas, 7 taças, 7 espíritos, 7 estrelas, etc. 14. ALGUNS PRINCÍPIOS PARA UM MELHOR ENTENDIMENTO – Para entender um livro, precisamos lê-lo por completo. Assim, teremos uma visão geral. Perceberemos o objetivo e a mensagem central do autor. Lendo um versículo aqui e outro lá de modo desordenado, terminaremos com uma coleção de retalhos desconexos. Lendo todo o livro, vamos descobrir que ele é auto-explicativo em alguns pontos, como se vê em 1.20. Em 12.5, o autor menciona o "filho varão", que "regerá as nações com vara de ferro". A comparação com 19.13-16 nos faz compreender que aquele que "regerá as nações com vara de ferro" chama-se "Verbo de Deus", "Rei dos reis" e "Senhor dos senhores". O texto já nos mostrou quem é o "filho varão": o Senhor Jesus. Tal conclusão também utiliza o conhecimento geral que temos da Bíblia. O Salmo 2 chama de "Filho" aquele que "regerá as nações com vara de ferro". Em Hebreus 1 aprendemos que esse "Filho" é o Senhor Jesus. Além disso, o evangelho de João diz que Cristo é o Verbo que se fez carne. Assim fazemos um rastreamento de várias expressões que nos possibilitam uma interpretação mais segura sobre o "filho varão" de Apocalipse 12. Outro exemplo é o dragão mencionado em 12.3. Lendo até o versículo 9, temos a resposta. Em 20.2, a explicação é repetida. O dragão é o Diabo, também conhecido como "antiga serpente". Que serpente é essa? A de Gênesis 3. Há uma "linguagem bíblica" que muitas vezes permite que o texto de um livro seja interpretado por outro livro bíblico. Esta é a principal regra de hermenêutica: a Bíblia interpreta a Bíblia. Quem é o Cordeiro do capítulo 5? Não há nenhum mistério sobre tal figura, uma vez que João Batista apresentou Jesus como "o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Jo 1.29), sendo ele o definitivo sacrifício tantas vezes representado pelos cordeiros mortos durante as páscoas realizadas desde a saída de Israel do Egito (Êx.12). Jesus é chamado "Leão da Tribo de Judá" (5.5). A origem desta expressão se encontra em Gênesis 49, quando Jacó, próximo da morte, abençoou cada um dos seus filhos. Ao falar de Judá, Jacó profetizou sobre a vinda do Messias (Gn 49.8-12). 15. ESBOÇO DO APOCALIPSE – O bom entendimento de um livro passa pela compreensão de seu esboço. Assim, podemos visualizar seu assunto. Eis um esboço do Apocalipse. 1. Introdução e saudações – 1.1-8 1. Visão de Jesus glorificado – 1.9-20 2. Cartas às 7 igrejas – 2.1 a 3.22 3. Visão do trono no céu – 4.1-11 4. O livro selado e o cordeiro – 5.1-14. 5. Abertura dos 6 primeiros selos – 6.1-17. 6. Os 144 mil selados – 7.1-8. 7. Visão dos santos na glória – 7.9-17 8. Abertura do sétimo selo. As quatro primeiras trombetas – 8.1-13. 9. A quinta e a sexta trombetas – 9.1-21. 10. O anjo e o livrinho – 10.1-11. 11. As duas testemunhas – 11.1-14. 12. A sétima trombeta – 11.15-19. 13. A mulher e o dragão – 12.1-18. 14. A besta que subiu do mar – 13.1-10. 15. A besta que subiu da terra – 13.11-18. 16. O cordeiro e os remidos no monte Sião – 14.1-5. 17. Os 3 anjos e suas mensagens – 14.6-13. 18. A ceifa sobre a terra – 14.14-20. 19. As 7 taças – 15.1 a 16.21. 20. A grande Babilônia – 17.1-18 21. A queda da Babilônia – 18.1-24. 22. As bodas do Cordeiro – 19.1-10. 23. O cavaleiro do cavalo branco – 19.11-21. 24. O milênio – 20.1-6. 25. A derrota de Satanás – 20.7-10. 26. Juízo Final – 20.11-15. 27. Novo céu e nova terra – 21.1-8. 28. A Nova Jerusalém – 21.9 a 22.5. 29. Encerramento e saudação final – 22.6-21. 16. COMO O APOCALIPSE APRESENTA A JESUS – Jesus, e não João, é o personagem central do Apocalipse. Como o livro o apresenta? 1.5 – Fiel testemunha, primogênito dentre os mortos, soberano dos reis da terra. 1.13 – Semelhante a filho de homem. 2.18 – Filho de Deus. 3.14 – Amém, testemunha fiel e verdadeira, princípio da criação de Deus. 5.5 – Leão da Tribo de Judá, Raiz de Davi. 5.6 – Cordeiro. 6.1 – Cordeiro (e em muitos outros versos). 12.5 – Filho varão. 17.14 – Cordeiro, Senhor dos senhores, Rei dos reis. 19.11 – Fiel e verdadeiro. 19.13 – Verbo de Deus. 19.16 – Rei dos reis, Senhor dos senhores. 22.16 – Raiz, geração de Davi, brilhante estrela da manhã. 17. AS CARTAS ÀS SETE IGREJAS – Esta é a parte mais simples do Apocalipse. O livro foi enviado às 7 igrejas da Ásia e, para cada uma delas, havia uma mensagem específica. No início de meu pastorado, preguei uma série de sermões sobre elas. Que seguem quase sempre este esboço: o Destinatário: o anjo da igreja (seu líder). o Autor: o Senhor Jesus. o Revelação do Senhor sobre a igreja. o Elogio à igreja.. o Repreensão à igreja. o Advertência sobre a vinda do Senhor e o juízo divino. o Conselho à igreja. o Promessa aos vencedores. As exceções são Filadélfia, que não foi repreendida, e Laodicéia, que não foi elogiada. Em algumas cartas há uma relação direta entre a apresentação que o Senhor faz de si mesmo e o conteúdo da mensagem. Éfeso Esmirna Pérgamo Filadélfia Candeeiro em 2.1 e 2.5 Morte e vida em 2.8 e 2.10-11 Espada em 2.12 e 2.16 Porta aberta ou fechada em 3.7 e 3.8. Nas outras cartas, essa relação não está muito clara. Talvez tenhamos perdido um pouco das características originais quando o texto foi traduzido. Entre as teorias existentes sobre as sete igrejas, destacam-se as seguintes: Teoria 1 – Elas representam a história judaica. Observe a citação de Balaão, Jezabel, sinagoga, etc. Não nos parece razoável essa suposição. Teoria 2 – Elas representam a história eclesiástica. Cada igreja representaria um período da história da igreja, desde o seu nascimento até a vinda de Cristo. Alguns defensores dessa idéia chegam a dividir a história entre as igrejas. Uma das divisões sugeridas é a seguinte: Éfeso (até o ano 100 d.C.); Esmirna (100-316); Pérgamo (316-500); Tiatira (500-1500); Sardes (15001700); Filadélfia (1700-1900); Laodicéia (1900 – fim). Isto é interessante, mas não há fundamentos suficientes para comprová-la. Por outro lado, estas datas são um arranjo. E corremos o risco de perder de vista o fato de que a mensagem de Deus é para nós hoje. Teoria 3 – Elas são apenas aquelas da Ásia, às quais o Apocalipse foi endereçado. Essa posição é literal e perfeita em sua afirmação. Contudo, se a aplicabilidade das cartas fosse restrita àquelas igrejas, então não haveria motivo para que tais mensagens chegassem às nossas mãos. Enfim, todo o livro de Apocalipse nos seria estranho e inútil, pois foi originalmente destinado a elas. O entendimento literário está exato, mas não podemos desconsiderar o peso simbólico do texto. O próprio número 7, significando perfeição, totalidade ou plenitude, faz com que as 7 igrejas representem a totalidade da igreja de Cristo em todos os tempos e em todos os lugares. 18. A ADORAÇÃO NO APOCALIPSE – O Apocalipse é um livro de adoração. O tema central é o combate entre o bem e o mal. Os seres humanos ou celestiais demonstram seu posicionamento nesse conflito através da adoração que prestam. Um dos grandes desejos de Satanás é conseguir para si a adoração que é devida a Deus (Mt 4.9). TEXTO ADORAÇÃO A Ap 4.10 Ap 5.12-14 Ap 9.20 Ap 11.1,16 Ap 13.4 Ap 13.12 Ap 13.15 Ap 14.2 Ap 14.9,11 Ap 16.2 Ap 19.4 Ap 19.10 Ap 19.20 Ap 20.4 Ap 22.8-9 Deus Deus e o Cordeiro Demônios e ídolos Deus O dragão e a besta A besta A imagem da besta Deus A besta e sua imagem A imagem da besta Deus Um anjo (recusada) e Deus A imagem da besta A besta e sua imagem Um anjo (recusada) e Deus Em 8.1 vemos que houve silêncio no céu durante meia hora. Isso nos faz deduzir que existe um som de louvor e adoração constante no céu. João viu os 24 anciãos e os seres viventes que adoravam a Deus e ao Cordeiro. As profecias do livro estão intercaladas com manifestações de adoração e cânticos. Em sua visão do céu, João viu um santuário e peças que nos lembram o tabernáculo e o templo do Antigo Testamento. Há no céu um lugar de culto utilizado pelas hostes celestiais. Ali também adoraremos a Deus e ao Cordeiro pelos séculos dos séculos. 19. AMOR E JUÍZO – João, o discípulo amado, fez do amor um de seus principais temas, no evangelho e nas epístolas. No Apocalipse, porém, o amor de Jesus e da Igreja é mencionado apenas até o capítulo 3. Ao falar à igreja de Filadélfia, Jesus declara: "Eu te amo." (Ap 3.9). Filadélfia significa "amor fraternal". A partir do capítulo 4, o tom da mensagem muda. Não mais se menciona o amor de Deus, mas apenas sua justiça. A santidade divina foi afrontada pelo pecado. Sua ira manifesta sua justiça através de guerras, pestes e catástrofes naturais. Sabemos, porém, que o amor de Deus é eterno e sua manifestação ocorre através das bodas do Cordeiro e da recepção dos salvos na glória. 20. UMA HIPÓTESE DE INTERPRETAÇÃO EXISTENCIAL – A experiência pessoal de João pode representar a experiência da igreja, pensam alguns. No início do livro ele se encontra vivendo sua própria tribulação, preso e exilado. Então o Senhor Jesus vem até ele. No capítulo 4, João é arrebatado ao céu e passa a ver o derramamento da ira divina sobre a terra. Assim, a vinda de Cristo proveria socorro à igreja atribulada, levando-a consigo no arrebatamento. Em seguida, a terra ficaria submersa na grande tribulação. Tal interpretação é frágil em sua consistência, pois o texto bíblico não diz que João possa estar representando a igreja. Os que defendem o paralelo na questão do arrebatamento de João chamam a atenção para o fato de que, a partir do capítulo 4 a igreja não é mais mencionada com este nome dentro do ciclo de visões do Apocalipse. Supostamente, teria sido encerrado seu período histórico terreno representado pelas 7 cartas. Os fatos apresentados em relação à igreja são bíblicos. A dificuldade está em localizá-los em determinados símbolos e estabelecer-lhes a ordem de ocorrência. De acordo com esta hipótese, que é essencialmente futurista, a abertura do primeiro selo seria o início da grande tribulação (7.14), que incluiria os selos, as trombetas, as taças e todos os flagelos destinados aos ímpios e às forças do mal. No meio da cena encontram-se o dragão e as duas bestas tentando usurpar a glória que é devida ao Cordeiro. O dragão é Satanás. As duas bestas são o anticristo e o falso profeta. Na grande tribulação, muitos seriam salvos e morreriam por sua fé. Enquanto isso, estaria acontecendo no céu as bodas do Cordeiro. Ao fim desse período, Cristo desceria do céu para aniquilar a besta e o falso profeta. O dragão seria preso por mil anos e, nesse período, Cristo reinaria com todos os santos sobre a terra. Estaria encerrada a grande tribulação e inaugurado o milênio, ao fim do qual, Satanás seria solto e tentaria novamente uma reação contra Cristo. Entretanto, seus agentes seriam consumidos antes de iniciarem a batalha. Este milênio é uma fixação na mente de alguns intérpretes. Um conceito que foi trazido do 4Esdras para o Apocalipse. Na seqüência ocorre o juízo final, que será o julgamento de todos os homens. Aqueles cujos nomes não se encontram no livro da vida serão lançados no lago de fogo, onde serão atormentados eternamente. Em seguida, João vê a Nova Jerusalém. Essa passagem é vista como uma descrição do estado eterno dos salvos. A cidade seria o lugar onde viveremos para sempre com Cristo. 21. QUESTIONAMENTOS E OBSERVAÇÕES – Algumas dessas afirmações são amplamente aceitas. Tal arranjo escatológico pode parecer bastante apegado ao texto. Contudo, observamos que essa interpretação contém alguns pontos questionáveis e incertos. Outros parecem perfeitos. A primeira dificuldade é entender o arrebatamento de João como arrebatamento da igreja, conforme já mencionamos. O arrebatamento de João se deu antes de se tocarem as 7 trombetas. Paulo, escrevendo aos Tessalonicenses, disse que o arrebatamento da igreja aconteceria quando a última trombeta fosse tocada. Disse também que a ressurreição dos santos acontecerá antes do arrebatamento. Encaixando isso no quadro apocalíptico, teríamos o arrebatamento da igreja junto com a ressurreição no capítulo 20. Sendo assim, a igreja teria participado ou, pelo menos, presenciado a grande tribulação. Em Mateus 24.21, Jesus menciona a grande tribulação antes do fato que parece ser o arrebatamento (v. 31). No meio da tribulação estarão os escolhidos (v. 22). Estes podem indicar toda a igreja, mas alguns comentaristas dizem que são apenas os que forem salvos durante o período. Outro problema ocorre em relação à Nova Jerusalém do capítulo 21. Considerando a hipótese de que o livro apresenta os fatos em ordem cronológica, ao chegarmos ao capítulo 21, já passamos pelo milênio e pelo juízo final. A Nova Jerusalém descreve então o estado eterno dos salvos. Contudo, o texto cita ainda nações que vivem fora da cidade santa, às quais se destinam as folhas da árvore da vida, afim de que sejam curadas. Esses detalhes parecem ameaçar o quadro escatológico descrito. Se os ímpios já estão no lago de fogo e os salvos estão na Nova Jerusalém, que nações são essas que o autor cita? Uma solução proposta é que o relato sobre a Nova Jerusalém se refira ao milênio e não ao estado eterno. Sendo assim, o texto não se encontraria em ordem cronológica. Mas pode ser que a idéia de milênio seja uma maneira nossa de ver o texto, pondo nele nossas idéias. E que a figura seja apenas para mostrar que não haverá mais enfermidade. O Apocalipse não contém as expressões: "juízo final", "anticristo", "milênio" ou "arrebatamento". Então, de onde tiramos tal vocabulário? Das interpretações correntes, que, de tanto serem faladas, já se confundem com o próprio texto bíblico. Sabemos que a idéia de "milênio" e "juízo final" encontra-se em outras palavras no capítulo 20. O verbo "arrebatar" é encontrado em 1.10; 4.2; 12.5,15, podendo ser substituído conforme a versão usada. Trata-se dos arrebatamentos de João, do Filho Varão, e de uma tentativa de Satanás, no sentido de arrebatar a mulher. Outra situação semelhante, mas com verbo diferente, trata da subida das duas testemunhas ao céu. Isto deve ser levado em conta. Parece que o livro é mais preterista, tratando de momentos para os cristãos daquela época, e que temos feito uma releitura com óculos que orientam o texto para outro caminho, o nosso. O bom senso manda, portanto, que não vejamos no Apocalipse uma descrição de um momento a acontecer, numa época remota num futuro, detalhando aspectos que Deus não detalhou. Que o vejamos no seu sentido geral: o reino de Cristo marcha para a vitória e triunfará sobre o reino do Maligno e os reinos deste mundo. Muito do que ele relata pode vir a acontecer, como já aconteceu. Mas alguns aspectos são claramente por acontecer. Mas evitar dogmatizar, num livro altamente simbólico, é questão de bom senso. 22. O ANTICRISTO E O FALSO PROFETA – O único autor bíblico que usa a palavra "anticristo" é João, mas não no Apocalipse. A citação é nas epístolas. Este personagem escatológico é normalmente entendido como sendo o "iníquo", ou "homem do pecado", ou "filho da perdição", mencionado por Paulo (2Ts 2.3,8). Da mesma forma, a besta que sobe do mar, em Ap 13, é identificada pelos intérpretes como o anticristo. Embora o texto não diga isso, o modo de agir da besta parece dizê-lo. Sua ação é sobretudo anticristã. A besta quer para si a adoração que é devida ao Cordeiro. Então, encaixa-se no perfil traçado por Paulo. Quem é o anticristo? Alguns dizem que é um sistema político, mas a maioria dos estudiosos o vê como sendo um homem. Isto é coerente com as citadas palavras de Paulo. O texto de 2Tessalonicenses não é essencialmente simbólico. Então, quando o apóstolo diz que é um homem, devemos entender literalmente. Afinal, aquela igreja já estava com muitos problemas de entendimento escatológico e Paulo precisava ser o mais claro possível. Se o anticristo é um homem, quem é ele? É arriscado responder tal pergunta, e muitos já se atreveram e erraram no decorrer da história. Sempre há quem queira "eleger" um anticristo. Quando João escreveu, ele poderia estar se referindo a Nero ou a Domiciano, sem prejuízo do sentido escatológico da profecia. O culto ao imperador era uma prática oficial no Império Romano. Domiciano, aquele que provavelmente mandou João para Patmos, considerando-se um deus, mandou que imagens suas fossem espalhadas pelo Império. Os que se recusavam a adorálas eram condenados à morte. Portanto, aquele imperador se encaixou no perfil do anticristo. O próprio João disse que muitos "anticristos" haviam se levantado (1Jo 2.18,22; 4.3; 2Jo 7). Contudo, é aceita a crença numa personificação do mal através de um anticristo escatológico, aquele que estará no mundo no dia da segunda vinda de Cristo (2Ts 2.8). Hitler, alguns líderes religiosos e outros malfeitores da história foram apontados como sendo o anticristo. Porém, Jesus não voltou em suas épocas e o título ficou para outra pessoa. Não podemos identificar o anticristo, mas sabemos as linhas gerais do seu caráter e atuação. Alguns pensam que ele poderá ser um líder político de projeção mundial. O atual fenômeno da globalização seria ideal como preparação para um governo mundial. Os conflitos internacionais e a fome seriam solucionados por algum tempo mediante um plano econômico extraordinário. A besta que sobe do mar (13.2) receberá o poder do dragão (Satanás) e em seu nome dominará sobre toda tribo, povo, língua e nação (13.7). A interpretação desse texto é feita normalmente em relação com a profecia das setenta semanas de Daniel. Em todas as épocas da história, o poder político manteve alguma ligação com o poder religioso. Os déspotas eram avalizados pelo clero. Assim, o povo reconhecia a origem divina da autoridade absoluta e permanecia submisso. Na realidade, o poder político usa o poder religioso para seus fins. Da mesma forma, o anticristo precisará do falso profeta, que é a besta que sobe da terra. O falso profeta parece representar o poder religioso que fará parceria com o anticristo, talvez numa manifestação ecumênica. Esta é a interpretação que vê o anticristo como uma pessoa a tentar, no futuro, tomar o lugar de Cristo. 23. BABILÔNIA E NOVA JERUSALÉM – Nesta interpretação futurista escatológica, a Babilônia do Apocalipse parece ser a "sede de governo do anticristo". Nos dias de João, era uma referência a Roma (17.9,18), capital do Império, lugar onde se encontrava Domiciano, que se fazia passar por deus. Babilônia representa a independência humana em relação a Deus, e isso significa rebeldia. A origem de Babilônia foi Babel, onde Ninrode, descendente de Cão, construiu sua cidade, tornou-se célebre, e projetou uma torre para firmar o seu nome. Babilônia tem sua própria organização. Sua política (17.12) e seu comércio funcionam muito bem. O comércio, prática comum na vida humana, toma aspectos malignos quando comercializa o que não deve ser vendido. Por exemplo, podemos mencionar o episódio de quando Esaú vendeu seu direito de primogenitura. Assim, o comércio da grande Babilônia inclui uma abominável troca de valores. O ápice de tal negociação é expresso através do comércio de almas humanas (18.13). A mais clara forma de comércio de almas é através de uma falsa religião que se pratica apenas por motivos financeiros. O que será a Grande Babilônia? Uma hipótese é que a cidade com esse nome, às margens do rio Eufrates, hoje reduzida a ruínas, venha a ser reconstruída e volte a ter projeção mundial. Mas isto se choca com Isaias 14.19-22. Outra teoria associa a cidade a uma religião de alcance mundial. Como religião mundial, uma alternativa um pouco mais plausível, a Grande Babilônia poderia ser vista como uma falsa Igreja, em contraposição à Nova Jerusalém, que desce do céu. João viu as duas cidades e seus destinos. A Nova Jerusalém é a noiva. Babilônia é meretriz. A Grande Babilônia será destruída pelos juízos divinos, enquanto que a cidade santa será a morada de Deus e do Cordeiro. A Nova Jerusalém muitas vezes é tomada de forma literal. É vista como uma cidade onde os salvos morarão. Contudo, o texto é carregado de símbolos, levando a crer que própria cidade é apenas um símbolo da igreja triunfante. Veja o paralelo. NOVA JERUSALÉM IGREJA Chamada noiva e esposa do Cordeiro (Ap Chamada noiva de Cristo (Ef 5.25-26) 19.7; 21.2,9; 22.17) Possui 12 fundamentos (Ap 21.14) Fundada sobre os 12 apóstolos (Ef.2.19-21) No entanto, não podemos deixar de considerar que ela nos descortina um pouco das promessas de Deus para nós. Desta maneira, é justo ver nela um símbolo do que nos aguarda na eternidade. Também evito dogmatizar aqui. Creio numa vida futura e minha grande esperança é que um dia dela desfrutarei. 24. OS PARÊNTESES DO APOCALIPSE – O relato de João parece apresentar uma série de fatos que vão ocorrendo de modo consecutivo, embora exista uma hipótese de que as várias visões apocalípticas se refiram aos mesmos fatos históricos. Assim, as 7 trombetas, as 7 taças e os 7 selos seriam diferentes versões dos mesmos juízos. Uma base para esse tipo de visão está em Gênesis 41, onde "vacas" e "espigas" eram dois símbolos para um só fato. O texto apresenta uma seqüência e esta parece interrompida em alguns pontos. João interrompe a narrativa sobre as catástrofes mundiais para falar sobre o anjo e o livrinho no capítulo 10, as duas testemunhas no capítulo 11, e a mulher e o dragão no capítulo 12. * Comer o livrinho significa tomar conhecimento das profecias acerca dos últimos dias. O livro é doce na boca, mas amargo no ventre. A mensagem apocalíptica fala de esperança e glória, mas também de grande tribulação. * As duas testemunhas são objeto de muita polêmica. Eis algumas interpretações sugeridas: "Moisés e Elias", "Enoque e Elias”. Os fatos mencionados no capítulo 11 nos fazem lembrar as experiências de Moisés e Elias narradas no Antigo Testamento. Contudo, tais testemunhas serão mortas. Os melhores candidatos então seriam pessoas que nunca experimentaram a morte. Logo, são mencionados Enoque e Elias. Alguns eruditos não entendem as duas testemunhas como dois homens. Daí surgem outras hipóteses. Seriam eles o Antigo e o Novo Testamento? É uma sugestão plausível. Há quem entenda que as testemunhas sejam apenas um símbolo da igreja em seu papel de evangelização. * O dragão do capítulo 12 é Satanás. A mulher representa a nação de Israel. O Filho Varão é Cristo. O resto da semente parece representar a Igreja. * As menções a Israel no Apocalipse são problemáticas. Elas podem se referir à nação de Israel ou simplesmente à Igreja, o "novo Israel". Assim acontece com os 144 mil eleitos de Deus ( 7.4). São 12 mil de cada uma das tribos. Tais números têm valor simbólico. Portanto, não faz sentido pensarmos que 144 mil seja o número final dos salvos. A seguir, no mesmo capítulo, João vê os remidos de toda tribo, língua, povo e nação, cujo número era incontável (7.9). CONCLUSÃO – O Apocalipse trata dos últimos lances da guerra histórica entre o bem e o mal. Satanás usa suas últimas armas durante o tempo que lhe resta. Contudo, a vitória divina é inevitável. Em meio a todo esse combate estão os homens, servindo a um dos lados. Não há meio termo. Ou se serve a um ou ao outro. Sua mensagem é um aviso divino para a humanidade. Não há esperança para as forças demoníacas, mas para os homens, sim. Ignorar o Apocalipse seria como rasgar uma notificação judicial sem tê-la lido. O prazo está se esgotando. Ainda que o mundo dure mais 1000 anos, é o nosso tempo de vida que determina nossa chance de deixar o mal e escolher o bem. O arrependimento é também um tema em destaque no Apocalipse (2.5,16,21-22; 3.3,19; 9.20-21; 16.9,11). Deus poderia extinguir a raça humana em um instante. Porém, ele manda seus castigos aos poucos, esperando que os homens sintam a culpa pelo pecado e se arrependam. Devemos ouvir a sua voz enquanto temos tempo. Antes que o juízo venha, há uma porta aberta para o reino de Deus através do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. "O Espírito e a noiva dizem: Vem. Quem ouve diga: Vem. Quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida." (22.17).