PROVA DE AVALIAÇÃO
DO DOMÍNIO ORAL E ESCRITO DA LÍNGUA PORTUGUESA,
PARA EFEITOS DE INGRESSO NO MESTRADO EM
EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR E ENSINO DO 1.º CICLO DO ENSINO BÁSICO
Conteúdos – Critérios de avaliação – Modelo das Provas
De acordo com o Regulamento das provas de avaliação do domínio oral e escrito da língua
portuguesa, para efeitos de ingresso no Mestrado em Educação Pré-escolar e Ensino do 1.º
ciclo do Ensino Básico ministrado pela Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de
Beja, nos termos do número 1 do artigo 7.º, “a avaliação dos domínios oral e escrito da língua
portuguesa e das regras essenciais da argumentação lógica e crítica é feita mediante a
realização de uma prova global com as seguintes componentes:
a) Uma prova escrita englobando tarefas de interpretação e composição textual, com a
duração máxima de duas horas mais trinta minutos de tolerância;
b) Uma entrevista oral com a duração máxima de quarenta e cinco minutos.”
Na preparação das duas componentes da prova são relevantes os conteúdos e a
bibliografia que permitiram a cada candidato obter 30 créditos ECTS na área do Português.
Citando ainda o mesmo artigo, no número 2, do mesmo Regulamento, “A prova escrita
destina-se a apreciar o domínio escrito da língua portuguesa e as competências de análise crítica,
mediante a realização de tarefas de interpretação e composição textual pelo(a) candidato(a) ”.
Assim
sendo, os critérios de avaliação da prova escrita dirão respeito a interpretação e produção de
textos pertencentes a tipologias variadas. Quanto à interpretação de texto, o candidato deverá
ser capaz de utilizar os diferentes níveis de compreensão leitora (compreensão literal,
reorganização, compreensão inferencial e compreensão crítica), nomeadamente realizando
tarefas tais como, a título de exemplo: identificar os objetivos do autor; compreender as ideias
centrais do texto; distinguir factos de opiniões; localizar informação específica; realizar
inferências, mobilizando informações textuais implícitas e explícitas e conhecimentos
exteriores ao texto; extrair conclusões do texto; avaliar os processos retóricos postos em cena
pelo texto. No que respeita à produção de texto (50%), espera-se que o candidato seja capaz
de: elaborar um texto coerente e coeso, de acordo com as características da tipologia
solicitada; produzir um texto correto nos planos lexical, morfológico, sintático, ortográfico e de
pontuação.
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Finalmente, recuperando o número 3 do artigo 7.º do mesmo Regulamento, ”A entrevista
destina-se a apreciar o domínio oral da língua portuguesa e a capacidade de argumentação do(a)
candidato(a)”.
Os critérios de avaliação da entrevista oral dirão respeito a: coesão e coerência
do discurso oral produzido (35%), qualidade da argumentação desenvolvida (35%), correcção
linguística e fluência do discurso (40%).
MODELO DE PROVA ESCRITA
PARTE I (10 valores)
Leia atentamente o texto que se segue:
A minha subida ao Everest
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Não haverá no deserto uma súbita ascensão que de longe ainda precipite a vertigem ímpar que é o
lastro denso que nos justifica? Por outras palavras, e mais simples: não seremos todos nós
transformadores do mundo? Um certo e breve minuto da existência não será a nossa prova, em vez de
todos os sessenta ou setenta anos que nos couberam em quinhão?
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Mal é se vamos encontrar esse minuto num passado longe, ou no momento não temos olhos para
outras ascensões mais próximas. Mas talvez haja aí uma escolha deliberada, consoante o lugar onde
falamos do nosso deserto pessoal ou os ouvidos que nos escutam. Hoje, por exemplo, seja qual for a
razão, estou a ver, à distância de trinta e muitos anos, uma árvore gigantesca, toda projetada em altura,
que parecia, na lezíria circular e lisa, a haste de um grande relógio de sol. Era um freixo de couraça rugosa,
10 toda fendida na base, e que desenvolvia ao longo do tronco uma sucessão de tufos ramosos, como
andares que prometiam uma escada fácil. Mas eram, pelo menos, trinta metros de altura…
Vejo um garoto descalço rodear a árvore pela centésima vez. Ouço o bater do seu coração e sinto-lhe as
palmas húmidas das mãos e um vago cheiro de seiva quente que sobe das ervas. O rapazinho levanta a
cabeça e vê lá no alto o topo da árvore que se agita lentamente como se estivesse caiando o céu azul.
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Os dedos do pé descalço firmam-se na casca do freixo, enquanto o outro pé balouça o impulso que fará
chegar a mão ansiosa ao primeiro ramo. Todo o corpo se cinge contra o tronco áspero, e a árvore decerto
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ouve as pancadas surdas do coração que se lhe entrega. Até ao nível das outras árvores antes
conquistadas, a agilidade e a segurança alimentam-se do hábito. Mas, a partir daí, o mundo alarga-se
subitamente, e todas as coisas, até então familiares, se vão tornando estranhas, pequenas, é como um
20 abandono de tudo – e tudo abandona o rapaz que sobe.
Dez metros, quinze metros. O horizonte roda devagar, e cambaleia quando o tronco, cada vez mais
delgado, oscila ao vento. E há uma vertigem que ameaça e não se decide nunca. Os pés arranhados são
como garras que se prendem nos ramos e não os querem largar, enquanto as mãos buscam frementes a
altura, e o corpo se contorce contra o corte vertical da árvore. O suor escorre, e de repente um soluço
25 seco irrompe à altura dos ninhos e dos cantos das aves. É o soluço do medo de não ter coragem. Vinte
metros. A terra está definitivamente longe. As casas rasteiras são insignificantes, e as pessoas é como se
tivessem desaparecido, e de todas apenas restasse o rapaz que sobe – precisamente porque sobe.
Os braços já podem cingir o tronco, as mãos já se unem do outro lado. O topo está perto, oscilando
como um pêndulo invertido. Todo o céu azul se adensa por cima da última folha. O silêncio cobre a
30 respiração arquejante e o sussurro do vento nos ramos. É este o grande dia da vitória.
Não me lembro se o rapaz chegou ao cimo da árvore. Uma névoa persistente cobre essa memória. Mas
talvez seja melhor assim: não ter alcançado o pináculo então, é uma boa razão para continuar subindo…
Como um dever que nasce de dentro e porque o sol ainda vai alto.
Fragmento de “A minha subida ao Everest”,
in José Saramago (1973), A bagagem do viajante.
Lisboa: Editorial Futura, pp. 14-16.
1. Resuma as etapas principais da acção relatada no texto que se segue. Não se esqueça que
deve concentrar-se na enumeração dos acontecimentos, sem aduzir elementos subjectivos,
tais como a sua opinião.
2. Considere a frase: “Vejo um garoto descalço rodear a árvore pela centésima vez.“ (linha 12).
Que relação mantém o narrador do este garoto? Justifique.
3. Descreva o garoto a que o texto se refere. Comprove a descrição com elementos textuais.
4. Descreva o freixo, árvore a que o texto se refere. Comprove a descrição com elementos
textuais.
4. O suspense é um elemento importante na construção deste texto? Justifique.
5. Explique o sentido do título do texto e da metáfora que lhe está subjacente.
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6. Explique o sentido da frase “E há uma vertigem que ameaça e não se decide nunca.” (l. 22).
7. Será a enumeração um processo de construção importante neste texto? Porquê?
PARTE II (10 valores)
Produza um texto bem estruturado, com um mínimo de 30 e um máximo de 50 linhas. Nele
deve apresentar uma reflexão que lhe permita responder às questões formuladas por José
Saramago no texto que leu na Parte I:
“[…] não seremos todos nós transformadores do mundo? Um certo e breve
minuto da existência não será a nossa prova, em vez de todos os sessenta ou
setenta anos que nos couberam em quinhão?”
Para fundamentar o seu ponto de vista, recorra, no mínimo, a dois argumentos, ilustrando
cada um deles com, pelo menos, um exemplo simplificativo.
MODELO DE ENTREVISTA ORAL
Com vista à realização da prova oral, cada candidato terá oportunidade de reflectir
individualmente, durante cerca de 15 minutos, sobre um material que lhe é fornecido pelo
Júri. O material fornecido pode ser um livro (como o que se pode observar neste endereço:
https://www.youtube.com/watch?v=_kbAmzovYoo) ou outro material pertinente para o
trabalho de um Educador de Infância ou de um Professor do 1.º Ciclo do Ensino Básico.
Após este período, o candidato realizará a sua prova oral, respondendo às solicitações que lhe
forem colocadas durante um período de 15 a 30 minutos. Terá assim oportunidade de
demonstrar o seu uso de discurso oral formal, a sua capacidade de compreensão de discurso
oral e, sobretudo, a sua capacidade de argumentação num discurso gramatical e
pragmaticamente correto. Poderão ser colocadas questões tais como as seguintes:



Quais as motivações subjacentes à sua opção por um Curso de Mestrado em Ensino?
Quais as suas expectativas relativamente ao exercício da profissão docente?
Que potencialidades reconhece no material que lhe foi fornecido para o trabalho de
um Educador de Infância ou de um Professor do 1.º Ciclo do Ensino Básico?
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