Geral Desemprego gera protesto na Espanha A8 SOROCABA • SEGUNDA-FEIRA • 11 DE MARÇO DE 2013 Milhares de manifestantes protestaram em cidades da Espanha ontem contra a alta taxa de desemprego do país e exigiram reformas políticas. Comícios foram organizados em mais de 60 cidades por 150 organizações, incluindo sindicatos que representam os segmentos de construção, automotivo e televisivo, bem como serviços policiais e de saúde. A polícia estimou que 20 mil pessoas marcharam em Barcelona. As manifestações integram uma série de paralisações e protestos contra as reformas de austeridade empreendidas pelo primeiro-ministro Mariano Rajoy, em um cenário de recessão que elevou a taxa de desemprego do país a mais de 26%. CASO MÉRCIA ESTRADAS Rodovia dos Bandeirantes será ampliada até Jundiaí Expectativa é que a faixa extra aumente em até 25% a capacidade da via DIVULGAÇÃO A s rodovias entre as três regiões metropolitanas do Estado de São Paulo estão ganhando cada vez mais as características de “avenidas” de ligação entre a megalópole. Com tráfego intenso e uso nas viagens de casa para o trabalho, o que significa saturação nos horários de pico, a maioria passa por obras de ampliação. Hoje, o governo vai anunciar mais um pacote, com ampliações nas rodovias Anhanguera e Bandeirantes, que se somam a obras em outras em andamento. Na Bandeirantes, as obras vão começar em maio, segundo a Agência Reguladora dos Serviços Delegados de Transportes de São Paulo (Artesp). Será uma faixa adicional, em cada lado da via, no trecho entre Jundiaí e a capital (uma distância de 31 quilômetros). A expectativa é de que a faixa extra tenha capacidade para aumentar em até 25% a capacidade da via, que hoje é usada por cerca de 126 mil veículos por dia. A outra obra anunciada é na Rodovia Anhanguera. Haverá construção de faixa extra em dois trechos: uma entre o km 71 e o km 76 em ambos os sentidos (entre Vinhedo e Louveira), e outra entre o km 120 e o km 128, na região da cidade Americana. Serviços em andamento A Rodovia Anhanguera tem dois trechos em obras de ampliação, com entrega prevista para o mês que vem. Os trabalhos preveem o aumento de As obras na rodovia dos Bandeirantes vão começar em maio, conforme anunciou a Artesp 50% na capacidade da via. A pista já teve entregue, em janeiro, uma nova faixa entre os kms 62 e 71, na pista sentido São Paulo. A ampliação das rodovias com construção de mais faixas é uma decisão que foi tomada há dois anos e que foi viabilizada no ano passado por meio de parcerias entre o Estado e as concessionárias que operam as vias de ligação entre a capital e as principais cidades do interior. Há uma série de serviços em andamento. Até o fim do semestre, serão entregues 39 quilômetros. São 16,8 quilômetros de faixas adicionais na rodovia Anhanguera, 14 na Imigrantes, 7,6 na Ayrton Senna e um quilômetro no Trecho Oeste do Rodoanel Mário Covas, aberto em 2002. Somando as obras que estão para ser entregues com o novo pacote, a expectativa é que cerca de meio milhão de pessoas sejam beneficiadas com as obras, segundo as contas da Artesp. São quase R$ 160 milhões em investimentos - dinheiro vindo das praças de pedágio. “A conclusão das obras de ampliação nas rodovias que chegam a São Paulo vai melhorar a fluidez do tráfego e aumentar a segurança dos motoristas com a facilitação do deslocamento”, diz a Artesp, em nota. “Também terá efeito positivo sobre a economia do Estado de São Paulo e do Brasil, já que serão bene- ficiados corredores importantes de acesso às regiões da Baixada Santista e do Interior”, completa a agência reguladora. (Bruno Ribeiro - AE) Outra obra anunciada é na Rodovia Anhanguera. Haverá construção de faixa extra em dois trechos: uma entre o km 71 e o km 76 em ambos os sentidos Pela 1ª vez no país, júri será transmitido pela TV O advogado e ex-policial militar Mizael Bispo de Souza, de 43 anos, começa a ser julgado hoje em Guarulhos, Grande São Paulo, pela morte da sua ex-namorada, Mércia Mikie Nakashima. Será a primeira vez no Brasil que um júri será transmitido ao vivo por emissoras de rádio, TV e internet. Ao longo dos próximos dias, acusação e defesa tentarão convencer os sete jurados de que o réu é culpado ou inocente. Enquanto a promotoria o considera “frio” e “psicopata”, a defesa o classifica como “um príncipe, pois tem hábitos muito nobres”. Mércia e Mizael foram sócios em um escritório de advocacia e namoraram por quatro anos até setembro de 2009. A advogada foi vista pela última vez na tarde de 23 de maio na casa da avó, durante um almoço de família. Em 10 de junho, o carro de Mércia, um Honda Fit, foi encontrado na Represa Atibainha, em Nazaré Paulista. No dia seguinte, o corpo foi localizado. Isso foi possível graças ao empenho da família de Mércia, que ajudou nas investigações, e à contribuição de um pescador, que viu o corpo. O promotor Rodrigo Merli Antunes diz que o conjunto de provas colhido ao longo do processo lhe dá convicção de que Mizael cometeu o crime. Para o advogado Samir Haddad Júnior, porém, as provas são frágeis e Mizael é “incapaz de matar alguém”. Um celular que o réu negou ter no início das investigações é um dos principais trunfos da acusação. O ex-policial usou este número para falar 19 vezes com o vigia Evandro Bezerra da Silva, de 42 anos, apontado como cúmplice, no dia do crime. A análise da localização das chamadas mostra que, naquele dia, Mizael esteve perto da casa da ex-namorada, no bairro Macedo; da residência da avó dela, no Bela Vista; do Hospital Geral de Guarulhos, onde teria encontrado Mércia, e de Nazaré Paulista. A perícia do sapato que o ex-policial alega ter usado naquela noite encontrou vestígios de pólvora, sangue, massa óssea e alga. Os peritos concluíram que a alga também pode ser encontrada a uma profundidade de 20 centímetros da represa Atibainha. A profundidade seria alcançada por alguém que teve que entrar na água para empurrar um carro, segundo a promotoria. Por fim, o relatório do GPS do veículo de Mizael teria mostrado que ele ficou estacionado no Hospital Geral de Guarulhos entre 18h37 e 22h12. A defesa alega que o aparelho era defeituoso e que Mizael estava em casa, no bairro Bonsucesso, às 21h21, quando recebeu um telefonema de sua filha. O promotor diz que esse telefonema foi atendido quando o réu voltava de Nazaré. Antunes tentará usar as provas para refazer os últimos passos do casal. Na opinião dele, Mércia e Mizael se encontraram no hospital às 19h e seguiram, no carro dela, para a represa. Ao chegar no local, às 20h, Mizael atirou em Mércia, acertando seu maxilar. Depois, saiu do veículo e a empurrou para a água. Entre 20h e 20h30, Evandro o buscou e o levou de volta para o hospital. Já Haddad Júnior tentará provar que a polícia não explorou todas as possibilidades na investigação e colocou, desde o início, a culpa sobre seu cliente. (Tiago Dantas e William Gonçalves - AE) SÃO PAULO TEMPORAL Homem salva 3 e morre afogado com estudante Motorista embriagado decepa braço de ciclista O eletricista Marcelo Furlan, de 36 anos, foi morto pela enxurrada no Ipiranga, zona sul de São Paulo, na noite de sábado. A primeira vítima da chuva do ano na cidade perdeu a vida porque decidiu salvar pessoas que eram levadas pela água em frente à casa dele. Com o irmão mais novo, Furlan conseguiu retirar três pessoas da correnteza, mas acabou arrastado pelas águas quando foi resgatar a estudante Bruna Beatriz Costa Santos, de 14 anos, que também morreu. As duas vítimas foram levadas para debaixo de um Celta e um Peugeot, estacionados na rua Vergueiro, e morreram afogadas. “Ele estava na casa dele, ouviu alguém pedir socorro e saiu”, conta a enfermeira Edilene da Costa, de 42 anos, irmã de criação de Furlan, que mora na mesma casa que ele. “A água estava muito alta, cobria uma pessoa. O irmão do Marcelo (Furlan), o Jeferson, quebrou o braço”, afirma a enfermeira. Ela relata que a mãe e a mulher do eletricista, que também chegou a ser levada pela enxurrada, presenciaram a morte dele. Apesar de não ser comum enchentes naquela altura da rua Vergueiro, Edilene explica que um bueiro entupido e muito lixo acumulado provocaram o problema. Furlan tinha dois filhos, um de 7 e outro de 2 anos. Ele foi velado na tarde de ontem, no Cemitério São Pedro, na Vi- la Alpina. O enterro está marcado para as 8h de hoje. A estudante Bruna, que morava perto do local onde tudo aconteceu, foi enterrada no cemitério Vale da Paz, em Diadema, na Grande São Paulo. O temporal de sábado durou quase cinco horas. Na média, choveu cerca de um terço do que é esperado para todo o mês de março, de acordo com informações do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Prefeitura de São Paulo. Carros foram arrastados pela chuva, pelo menos 20 árvores caíram e 188 semáforos apresentaram defeito, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). A queda de galhos sobre a fiação elétrica ain- da deixou alguns bairros sem luz. Ao todo, foram contabilizados 43 pontos de alagamento em mais da metade deles, 27, era impossível passar de carro. A zona oeste foi a região com mais inundações. Entre hoje e amanhã, os meteorologistas preveem pancadas de chuva fortes no fim da tarde, provocadas pelo calor intenso e a formação de umidade. A situação piora a partir de quartafeira (13). “A cidade deve sentir a chegada de uma frente fria, prevista para quinta-feira. Isso deve deixar o tempo instável e provocar chuvas mais fortes”, afirma o meteorologista Thomaz Garcia, do CGE. (Artur Rodrigues e Tiago Dantas, com colaboração de Bruno Ribeiro - AE) polícia afirmou que não havia nenhuma indicação de que o incêndio possa ter sido iniciado deliberadamente ou de um possível ataque racista. Na Turquia, o vice primeiro-ministro Beki Bozdag disse que espera que o fogo não seja o resultado de um incêndio criminoso. incidente. “Eu fui roubado de todas as economias da minha vida”, afirmou Yousuf Masih, perto de sua casa queimada. Segundo ele, o anúncio do governo de que daria 200 mil rúpias paquistanesas (US$ 2 mil) como compensação para cada família é uma piada. O incidente começou na sexta-feira, depois que um muçulmano acusou um cristão de blasfêmia - crime que no Paquistão é punido com prisão perpétua ou morte. No sábado, uma multidão de muçulmanos irritados invadiu o bairro cristão, queimando cerca de 170 casas. A lei é muitas vezes mal utilizada para acertar contas pessoais. O bispo Akram Gill, da comunidade cristã de Lahore, disse que o incidente teve mais a ver com inimizade pessoal entre dois homens - um cristão e um muçulmano - do que com blasfêmia. Ele disse que os homens entraram em uma briga após beber tarde da noite, e de manhã o muçulmano fez a acusação de blasfêmia como vingança. De acordo com a organização Human Rights Watch, há pelo menos 16 pessoas no corredor da morte por blasfêmia e outros 20 estão cumprindo sentenças de prisão perpétua. N O TA S Incêndio na Alemanha mata mãe e sete filhos Um incêndio em um prédio de Backnang, no sudoeste da Alemanha, matou ontem oito pessoas - uma mulher e sete dos seus 10 filhos. Outras três pessoas foram resgatadas do edifício em chamas. Entre elas, a avó das crianças. A família era de origem turca. O embaixador da Turquia na Alemanha se dirigiu à cidade onde ocorreu o incêndio. Depois que as chamas foram controladas, bombeiros encontraram os corpos de uma mulher de 40 anos e de sete dos seus 10 filhos, com idades entre 6 meses e 16 anos, em dois quartos do apartamento da família. Os nomes das vítimas não foram divulgados. A polícia e os promotores disseram que o fogo possivelmente começou nesse apartamento. Em comunicado, eles disseram que o aquecedor estava no foco das investigações, mas outra causa técnica também era possível. As investigações podem se estender por semanas. Uma associação cultural turco-alemã tem um escritório no térreo do edifício. A Polícia prende 150 por crime contra cristãos A polícia prendeu ontem cerca de 150 pessoas acusadas de colocar fogo em dezenas de casas de cristãos no leste do Paquistão, depois que um não muçulmano foi acusado de fazer comentários ofensivos sobre o profeta Maomé, enquanto cristãos protestavam contra a destruição. Manifestantes cristãos bloquearam uma importante rodovia em Lahore para exigir assistência do governo, e a polícia atirou bombas de gás lacrimogêneo para dispersá-los. O porta-voz do governo Pervaiz Rasheed prometeu que haverá ajuda para reconstruírem suas casas, mas os cristãos expressaram insatisfação com a forma como o governo estava lidando com o Taleban mata a serviço dos EUA, diz presidente afegão As relações já desgastadas entre Afeganistão e Estados Unidos receberam mais um golpe ontem, depois do presidente afegão Hamid Karzai afirmar que o Taleban mata civis do país “a serviço da América”. A declaração foi feita antes de um encontro entre Karzai e o novo secretário de Defesa norte-americano, Chuck Hagel, que está no Afeganistão para discutir formas de encerrar a missão militar dos EUA no país. No sábado, o primeiro dia da visita de Hagel, ataques de homens-bomba deixaram pelo menos 18 mortos do lado de fora da sede do Ministério da Defesa, em Cabul, e na província de Khost, no leste do país. Em discurso televisionado, Karzai disse que os EUA não enxergam o Taleban como inimigo, não pretendem retirar suas tropas do país no final de 2014 e estão em negociações com líderes do grupo terrorista. Um estudante de psicologia alcoolizado dirigia em zigue-zague e em alta velocidade entre os cones da ciclofaixa da Avenida Paulista na madrugada de ontem quando atropelou um ciclista. O braço da vítima foi decepado na hora e ficou preso no para-brisa do carro do estudante, que não parou e seguiu até a zona sul, onde jogou o membro no Córrego do Ipiranga, na avenida Ricardo Jafet, a cerca de cinco quilômetros de distância. Alex Siwec, de 22 anos, dirigia o Honda Fit do pai e voltava da casa noturna Josephine, em Moema, na zona sul, com um amigo. Segundo testemunhas contaram à polícia, ele ia em direção ao Paraíso e estava na faixa exclusiva na altura da Paulista com a rua Augusta. Em “velocidade acima da desenvolvida pelos demais carros”, segundo contou o delegado Luís Francisco Segantin Júnior, assistente da 1ª Delegacia Seccional da cidade, o rapaz ficou entrando e saindo da faixa, derrubando cones pelo caminho, até atingir o ciclista David Santos Souza, de 21 anos. Depois do acidente, que foi na altura da Estação Brigadeiro do Metrô, Siwec deixou o amigo em casa, na região da Saúde, também na zona sul, e antes de chegar no condomínio onde mora, parou na Ricardo Jafet e jogou o braço de Santos. Isso impediu que médicos do Hospital das Clínicas, para onde a vítima foi levada, pudessem tentar fazer o reimplante do membro. Segundo a polícia, ao estacionar o carro, o rapaz não entrou em casa: procurou uma base comunitária da Polícia Militar que fica a poucas quadras de distância do condomínio e se entregou. “Ele exalava álcool, mas se recusou a fazer o exame de etilômetro (bafômetro) e o exame de sangue. Mas o teste clínico constatou que ele ainda mantinha sinais de embriaguez”, disse o subtenente Jaime de Souza Melo. Ao se entregar, o rapaz foi levado ao 78º Distrito Policial (Jardins). Policias chegaram a levá-lo de volta para o rio, para que ele indicasse o local onde o braço foi deixado. Bombeiros fizeram buscas no local, mas não acharam o membro. O advogado de Siwec, Pablo Navis Testoni, disse que o caso foi um acidente. “Ele, obviamente, não tinha intenção de matar”. Mas a polícia o indiciou por tentativa de homicídio doloso (intencional), omissão de socorro, fuga de local de crime e por crime de trânsito. Ele foi preso em flagrante e passaria esta noite na carceragem do 2º Distrito Policial (Bom Retiro), no centro. A polícia ainda vai ouvir testemunhas, inclusive o amigo que estava no carro, e ver imagens de câmeras de segurança da região. A ciclofaixa da Paulista é montada por volta das 4h30, mas só entra em operação, com monitores, às 7h. “Mas, segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), os cones fazem parte da sinalização e devem ser respeitados”, disse o subtenente Melo. A batida foi por volta das 5h30. Vítima Souza ficou caído na Paulista até ser socorrido pelo Resgate, que o levou ao Hospital das Clínicas. Ele estava em observação até a noite de ontem. Morador do Jardim Pantanal, no extremo leste da cidade, o rapaz trabalhava há 10 meses na limpeza exterior de prédios, usando rapel. Seguia para o Instituto do Câncer do HC. A bicicleta era seu meio de transporte pela cidade. Sua mãe, Antonia Santos, ainda em choque, disse que o rapaz estava sedado e que, segundo ela, ainda não sabia que seu braço havia sido arrancado. (Bruno Ribeiro - AE)