Judas Tadeu de Campos (UNITAU/SP) Festa do Divino Espírito Santo em São Luiz do Paraitinga: decadência ou transição. Resumo: A festa do Divino Espírito Santo, realizada anualmente na cidade paulista de São Luís do Paraitinga, é uma das maiores manifestações de religiosidade popular da região do Vale do Paraíba. Com raízes na Idade Média, essa festividade conserva grande parte das tradições típicas da Península Ibérica. É feita na cidade há pelo menos 200 anos. E vem sendo sofrendo uma avassaladora influência dos meios de comunicação de massa e da indústria cultural. Seria isto o motivo das modificações na realização da festa? O presente texto é fruto das pesquisas realizada para o Núcleo de Pesquisa em Comunicação, da UNITAU e no trabalho do autor como jornalista profissional. FESTA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO EM SÃO LUÍS DO PARAITIGA: DECADÊNCIA OU TRANSIÇÃO? INTRODUÇÃO O Vale do Paraíba, na região Leste1 do Estado de São Paulo, é uma das regiões paulistas mais desenvolvidas. Ali existem grandes centros de tecnologia, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que monitora todos os satélites que rasteiam o território brasileiro, e indústrias que fabricam foguetes aeroespaciais, satélites e componentes da indústria de informática. O parque automobilístico instalado nas cidades de São José dos Campos e Taubaté fabrica boa parte dos veículos nacionais. Nesta região também está a única fábrica de aviões situada em território nacional. No entanto, a uns 30 quilômetros dali, na sub-região2 conhecida como Alto Paraíba, existe um modo de vida muito diferente. Ali permanecem diversas manifestações culturais e um patrimônio ambiental que na quase totalidade do Estado de São Paulo desapareceram; o maior acervo paulista de arquitetura antiga e festas tradicionais ligadas a religiosidade popular3. Possui até uma culinária típica, da época em que a região era recortada pelas tropas de muares. Muitas dessas receitas são conservadas pelas mulheres mais idosas4. E tem o mais importante núcleo florestal da Mata Atlântica em São Paulo. 1 Até a década de 30 o Vale do Paraíba era conhecido como Norte de São Paulo, provavelmente por uma confusão em sua localização geográfica. É por isso que ainda hoje aparecem nomes como Aparecida do Norte e Princesa do Norte (cognome de Pindamonhangaba). A velha estação de trens, no bairro do Brás, em São Paulo, era conhecida como Estação do Norte. No centro de Taubaté existe uma antiga casa comercial que conserva o nome de Empório do Norte. 2 A região do Vale do Paraíba paulista compreende cinco sub-regiões, que englobam 38 municípios: Calha do Vale, altamente industrializada e com grande densidade demográfica; Mantiqueira, caracterizada pelas altas montanhas e baixas temperaturas; Fundo do Vale, uma espécie de encrave no Estado do Rio de Janeiro; o Litoral Norte e o Alto Paraíba. Esse nome vem do fato dessa sub-região ser o nascedouro dos rios Paraibuna (Rio de Águas Escuras) e Paraitinga (Rio de Águas Claras), que formam o Rio Paraíba do Sul. 3 Religiosidade popular é entendida neste texto com o mesmo sentido que lhe dá José Comblin em: Para uma tipologia do Catolicismo no Brasil, p. 47. 4 Entre as comidas típicas do Alto Paraíba algumas, ainda muito apreciadas, têm nomes esquisitos, como o afogado, canjiquinha com entrecosto, arroz com suam, cambito com repolho e batata doce, orelha de porco no feijão (seria a feijoada paulista?), sopa de cadela, pastéis de angu, mana pança, farofa de jarera, roupa velha e mexida de bunda de içá (a propósito desse prato, de evidente origem indígena, Paulo Camilher Florençano e Maria Morgado de Abreu em Situada entre as duas maiores cidades do País, nessa sub-região ficam municípios de Cunha, Lagoinha, Natividade da Serra, Redenção da Serra e São Luís do Paraitinga. Todos entre os contrafortes da Serra do Quebra-Cangalha e a crista da Serra do Mar. Mas o mais importante talvez seja a forma de ser e de viver dos moradores, que tem pouco a ver com os grandes centros de indústria e tecnologia existentes na região. O Alto Paraíba é considerado uma região caipira5 típica de São Paulo. E uma das características de uma zona caipira6 é que sua vida social emergiu do sertão, transformado numa seqüência de campos e lavouras, sítios e fazendas. Estas produziram os bairros7, as vilas e as cidades. No entanto, um dos maiores arquétipos dessa cultura, a Festa do Divino Espírito Santo, realizada anualmente em São Luís do Paraitinga e considerada um dos maiores símbolos de resistência da cultura caipira, vem apresentando modificações que preocupam os moradores e pessoas interessadas em preservar as tradições locais. Em 1996, pela primeira vez, em muitos anos, a Folia do Divino não percorreu a zona rural durante o longo período de preparo da festa. Isto se repetiu nos anos aseguintes. Outros acontecimentos também apontam para uma espécie de esvaziamento da comemoração. O que estaria acontecendo? A cultura caipira chegou a um ponto de saturação? Está sendo engolida pela cultura de massa e pela indústria cultural? Ou seria apenas mais uma forma adaptação (e resistência) do caipira ao comportamento dos tempos modernos, que agora chega com toda força para essas bandas? Este texto tem a finalidade de apresentar alguns dados para reflexão sobre essa mudança que se processa no último bolsão caipira do Estado de São Paulo. ORIGENS Todos os anos, algumas semanas depois da Páscoa, chega à cidade de São Luís do Paraitinga um grupo de cantadores conhecido como Folia do Divino. Desde o final do mês de julho do ano seu livro Culinária tradicional do Vale do Paraíba, p. 32, contam que o escritor Monteiro Lobato era um de seus grandes apreciadores. 5 Para Antônio Cândido, “o termo caipira tem a vantagem de não ser ambíguo (exprimindo desde sempre um modo de ser, um tipo de vida, nunca um tipo racial) e restringe-se apenas à área de influência paulista”. In: Os parceiros do Rio Bonito, p. 22. 6 Carlos Rodrigues Brandão, O trabalho do saber, p. 9. 7 Cândido, idem, p. 62, afirma que “o termo bairro parece ligado diretamente à área caipira, não ocorrendo (...) noutras regiões do Brasil”. Ver também Darcy Ribeiro, O povo brasileiro, p. 381. anterior os foliões vinham percorrendo a zona rural desse município e os bairros limítrofes dos municípios vizinhos, pedindo auxílio para a realização da Festa do Divino Espírito Santo. A Festa do Divino, como é mais conhecida, começou a ser realizada, como manifestação de religiosidade popular, na Alemanha, durante a Idade Média8. Foi trazida para Portugal no final do século XV pela rainha Isabel de Castela9. No século seguinte (1522) já era realizada naquele país para angariar fundos que seriam empregados na manutenção de hospitais e outras obras de assistência domiciliar10. Nessa mesma época a festa já existia nos Açores. Tanto em Portugal quanto nos Açores a festa tinha características semelhantes às encontradas atualmente em muitas regiões do Brasil11. Não se sabe ao certo quando a devoção popular da Festa do Divino chegou ao País12. A primeira referência sobre a existência de comemoração do Divino no Vale do Paraíba foi em Guaratinguetá, em 176113. Em São Luís do Paraitinga registra-se pela primeira vez a existência dessa festa em 180314. Jaime de Almeida supõe que nessa época a festa já era grandiosa, uma vez que o documento por ele consultado fala numa casa especialmente construída para o Império do Divino. Por isso ele supõe que essa festa existe desde o último quartel do século XVII, no início da povoação do Alto Paraíba. O Almanak da Província de São Paulo, edição de 1858, relaciona essa festa como uma das principais da Vila de São Luís do Parahytinga. ANTES DA FESTA A Folia do Divino tem um papel muito importante para a realização da Festa do Divino. Durante muitos meses os foliões percorrem os bairros rurais de São Luís do Paraitinga e parte dos 8 Paulo Camilher Florençano, A Festa do Divino Espírito Santo, p. 1. Emílio Willems, Cunha. Tradição e transição de uma cultura rural do Brasil, p. 153. A rainha Isabel de Castela (1470-1498) era filha dos reis católicos da Espanha, Fernando de Aragão e Isabel de Castela. Casou-se com o rei D. Manoel I, o Venturoso, tornando-se rainha de Portugal. À sua devoção para o Divino Espírito Santo é atribuída não somente o costume da popularização da festa de Pentecostes, mas também a criação das Santas Casas de Misericórdia (a misericórdia é um dos dons do Espírito Santo), que até meados do século 19 era a única instituição de atendimento social existente no Brasil. Enciclopédia Barsa, p. 293, e Pedro A. Ribeiro de Oliveira, Catolicismo Popular e Romanização, p. 133 10 Jaime de Almeida, Festas em São Luís do Paraitinga na passagem do século, p. 538. 11 Emílio Willems, op. cit., p. 154. O autor relaciona diversas atividades comuns às várias regiões como a distribuição de alimentos aos pobres e ao povo em geral, a folia com a bandeira, instrumentos e distribuição de vozes pouco alteradas, a investidura do festeiro, a entrega da Coroa do Divino e diversões populares. 12 Nada dizem sobre a origem da Festa do Divino no Brasil os livros de Carlos Rodrigues Brandão que escreveu a respeito das festas de Pirenópolis e Mossâmedes (ambas em Goiás), Alceu Maynard Araújo, falando da festa de Paraty (RJ) e Emílio Willems, que descreve a festa de Cunha. 13 Jaime de Almeida, op. cit., p. 535. 14 Idem, ibidem. 9 municípios de Cunha, Lagoinha, Natividade da Serra, Redenção da Serra e Taubaté. Sua função é arrecadar prendas (doações que financiarão a festa) e convidar o povo para os festejos. Ao chegar em cada casa a Folia cumpre um pequeno ritual: a dona da casa recebe a bandeira, oferece as fitas que pendem do mastro para que todos os membros da família beijem e, enquanto os foliões cantam, o dono da casa oferece a prenda. É comum que a dona da casa leve a bandeira até à cozinha (para não faltar alimentos) e até o quarto do casal (para evitar as brigas). A bandeira abençoa a casa e a família. Depois, a mulher carrega a bandeira até a residência mais próxima, entregando-a à vizinha, que repete o mesmo ritual. A bandeira do Divino é o centro das devoções da zona rural. Ali se colocam retratos de parentes como ex-votos de alguma graça alcançada. E durante a permanência numa casa a bandeira (feita com pano vermelho, encimado por uma pomba prateada dentro de uma lapinha, na ponta do mastro) fica sempre num lugar de honra. Nas casas onde a folia pernoita geralmente têm festa. O proprietário convida os vizinhos e os compadres que moram mais longe. As crianças logo vão dormir (todas juntas, esparramadas pelas mesmas camas), as moças e rapazes se encontram e namoram, os homens puxam uma prosa no terreiro e as mulheres cuidam do trabalho do sabor, na cozinha. A comida, que é servida à vontade, geralmente é o afogado, feita a base de carne de vaca. A folia do Divino, que é formada por quatro foliões têm dois tocadores de viola (mestre e contramestre), caixa de percussão (contralto) e triângulo (típi). São antecedidas pelo alferes, que carrega a bandeira (geralmente é o próprio festeiro) e seguidas pelo carguereiro, encarregado de recolher as prendas. Carlos Brandão15 considera que o ritual popular da visitação, feito pelas folias, é um trazer da rua para a casa e um devolver a casa à rua, à sociedade. E que esse alegre invadir das casas pela rua é impensável nas culturas de origem anglo-saxã. A GRANDE FESTA A Festa do Divino em São Luís do Paraitinga começa sempre numa sexta-feira, com uma novena, realizada na igreja matriz. Ali são bentas as bandeiras dos fiéis, que desfilarão pelas ruas nas cerca de 20 procissões realizadas nos 10 dias da festa. 15 Carlos Rodrigues Brandão, A cultura na rua, p. 13-21. No sábado começam as festividades de religiosidade popular. A primeira delas é a Procissão do Encontro das Bandeiras. Ali as bandeiras das festas anteriores se encontram com a dos festeiros do ano. Essa é a bandeira que durante quase um ano percorreu os bairro da zona rural pedindo as prendas para financiar a festa. A procissão das bandeiras termina no Império, uma sala muito enfeitada, geralmente na praça da matriz, onde predomina a cor vermelha (a cor do Divino). Ali ficarão as bandeiras, o cetro e a coroa, símbolos do império do Divino, que nesses dias domina (em todos os sentidos) a cidade. É um local de grande devoção popular. A novena prossegue com rezas ou missas, sempre celebradas às 19 horas. Antes das rezas as bandeiras são levadas em procissão do Império para a igreja matriz. Após a celebração litúrgica, fazem caminho inverso, cada dia seguindo um roteiro diferente. As procissões são acompanhadas pela banda de música, pela Folia do Divino e por dezenas de pessoas que levam bandeiras em sinal de devoção e pagamento de promessas por graças alcançadas. Durante os dias da novena, a parte conhecida como profana (fora do recinto e do domínio da Igreja), se concentra na Casa da Festa, local onde ficam as prendas e onde boa parte dos moradores da cidade (inclusive autoridades e políticos) vão almoçar a “comida do Divino”. O dia principal da festa é conhecido como Grande Dia. A cidade é despertada por volta das 6 horas com o toque da alvorada, pela banda de música e pelo batuque da congada. As missas e apresentações folclóricas se revezam. Congadas, moçambiques, pau-de-cebo, o casal de bonecões João Paulino e Maria Angu, cavalhada, distribuição de doces para o povo, brincadeiras para as crianças, como as corridas de ovo e corrida de saco. Um dos pontos altos é a distribuição do afogado. Para prepará-lo são abatidas de 15 a 20 vacas, distribuídas na forma de comida para o povo16. O último ato paralitúrgico da festa é a Procissão do Divino. Um cortejo com andores artisticamente confeccionados percorre as ruas da cidade, ladeado por irmandades e associações religiosas uniformizadas. O sacerdote carrega o santo lenho sob o pálio, sustentado pelos irmãos do Santíssimo (Irmandade existente em São Luís desde 1805). No final da procissão, durante a missa de encerramento, o vigário anuncia o nome do festeiro, pessoa que promoverá a festa no próximo ano. 16 Willems, op. cit., p. 153-154, conta que no século XVI, em Portugal, eram distribuídos pão e carne para a população e que essa tradição teria origem nos costumes romanos do panis gradilis, transladados para a Península Ibérica e nela conservado através dos séculos. À noite, enquanto milhares de pessoas buscam suas conduções para voltar para as roças ou cidades vizinhas, outras tantas ficam na praça, na barraca do leilão de prendas ou caminhando em volta do jardim. É na festa do Divino, em torno dessa praça, que muitos namoros (e casamentos) começam. O povo só considera a festa terminada com a queima de fogos de artifício, por volta das 11 horas da noite. Pode-se arriscar uma afirmação de que essa festa é uma continuidade simbólica do comportamento existente nas celebrações religiosas medievais da Península Ibérica. E isso foi uma conseqüência do fechamento dessa região da Europa a qualquer penetração da Reforma, ainda reforçada pela Inquisição e pela mentalidade de messianismo guerreiro trazida pelos portugueses colonizadores17. Para Brandão18, “...dentro de um contexto de explicações da festa importa colocar a promessa em seu momento de ‘pagamento’, quando o devoto, depois de ver o seu ‘voto valido’, resolve em um dos rituais da festa o seu lado do contrato, de que o fiel se reconhece proponente e devedor. (...) Tanto as situações propiciadas pela passagem da Folia quanto as de Festa de santo são usadas com freqüência para o pagamento de promessas”. Mas Comblin19adverte: “Não julguemos precipitadamente reduzindo as devoções a uma mentalidade comercial dentro de uma relação de troco”. Já para Willems20 “..É óbvio que (na Festa do Divino) houve uma redistribuição de bens, uma renúncia espontânea dos mais abastados em benefício dos menos favorecidos, pobres e indigentes e a conservação do costume de hospedar e alimentar milhares de indivíduos durante os dias da festa e, particularmente, a refeição pública oferecida evidenciam a importância que se atribui à redistribuição” (grifos no texto original). DEPOIS DA FESTA A descrição da festa foi como uma tomada em plano geral. Vejamos agora como as coisas acontecem, tentando ver os acontecimentos com uma lente de aproximação. 17 Eduardo Hoornaert, Formação do catolicismo brasileiro, p. 14 e 32. Carlos R. Brandão, Memórias do sagrado, p. 191. 19 José Comblin, Tipologia do catolicismo no Brasil, p. 53. 20 Emílio Willems, op. cit., p. 164. Nesse livro, que Antônio Cândido considera como o primeiro estudo a utilizar de modo coerente a expressão cultura cabocla, aparece como uma curiosidade o agradecimento feito pelo autor a seus assistentes de pesquisas, que mais tarde seriam grandes estudiosos da cultura brasileira: Alceu Maynard Araújo, Carlos Borges Schmidt e Florestan Fernandes, na época estudantes de pós-graduação na USP. 18 Segundo Carlos Brandão21, “não é fácil transformar uma ‘festa de santo’ em um texto de estudo. O texto tem o poder maléfico de ocultar o que ali é vivo, em nome de uma discussão sobre o que sustenta essa vida”. A civilização do café, que dominou a região durante boa parte do século passado, parece que só enriqueceu e consolidou as tradições existentes. Nessas primeiras décadas da civilização do café, a Igreja Católica no Brasil vivia os momentos do catolicismo colonial22. Brandão23 relaciona depoimentos de estrangeiros espantados como, até o início do século XIX, o clero e a população realizavam os festejos de religiosidade popular ou oficiais. “Ali tudo se festeja, objetivamente tudo. E esta é uma primeira notável diferença entre a herança de nossas festas de rua e a das culturas americanas de origem anglo-saxã. Decora-se a rua, vai-se a ela por um casto temor do homem diante da divindade; pelo rito coletivo que torne público o desejo, mas também a efusiva alegria de sentir-se salvo e até santo livre com a festa da poeira do pecado”. Um símbolo da importância do momento econômico vivido pela região e a conseqüente consolidação da festa, é o um conjunto formado por coroa, cetro e bandeja do Divino, com data de 1864, existente em São Luís do Paraitinga. Feito de prata maciça e incrustado de brilhantes. Esse enriquecimento, entretanto, foi por um curto período. A acidentada topografia da região, a qualidade de seu solo, ligadas à decadência do café no Norte Paulista, provocaram o golpe fatal na economia cafeeira. Com a abertura da Estrada de Ferro D. Pedro II, no final dos setenta as infindáveis e lentas tropas de muares, que escoavam o comércio de gêneros para o porto de Ubatuba, foram perdendo a importância. Parece que o processo de romanização do catolicismo brasileiro foi o primeiro sintoma de mudança na festa do Divino. A estratégia dos bispos de substituir as antigas festas religiosas, realizadas por iniciativa leiga, por festas litúrgicas ou ligadas às novas devoções, visava enfraquecer antigos rituais populares, como a Festa do Divino. De acordo com Oliveira24, esses grupamentos, “sem as festas (...) começam a perder suas funções propriamente religiosas e vão se extinguindo ou passando para o controle paroquial”. E acrescenta: “O clero firma sua posição no campo religioso, como único detentor dos rituais 21 Carlos R.Brandão, Memória do Sagrado, p. 166. Conforme Pedro A. Ribeiro de Oliveira, Catolismo popular e romanização do catolicismo brasileiro, p. 131-141. 23 Carlos R. Brandão, A cultura na rua, p. 14. 24 C. P. Oliveira, op. cit., p. 138. 22 religiosos do catolicismo, relegando os outros rituais à condição de práticas supersticiosas ou manifestações folclóricas”25. Mas a Festa do Divino em São Luís do Paraitinga não parece ter sentido imediatamente os efeitos da romanização. Somente em 1910, com a instalação da Diocese de Taubaté é que iniciou (ou intensificou) a ofensiva clerical para impor o ponto de vista romano. Essa ofensiva começou com a proposta de instalação de novas associações pias, como o Apostolado da Oração, a Pia União das Filhas de Maria, a Liga Católica, a Cruzada Eucarística, a Congregação Mariana e as Conferências Vicentinas. O golpe, que se acreditava fatal, contra a Festa do Divino em São Luís do Paraitinga veio no ano seguinte. O jornal da diocese O Lábaro, na edição de 19 de outubro de 1911, após descrever o desperdício da última festa, saúda a decisão do bispo, Dom Epaminondas Nunes D’Ávila e Silva, de proibir a escolha de festeiro, deixando a comemoração a cargo de uma comissão sob a tutela do vigário. Diz o texto: “O programa da festa foi, como de costume, um conglomerado de paganismo e cristianismo, preponderando talvez aquela parte a esta. Felizmente, com grande aplauso das pessoas sensatas, será esta a última grande festa assim celebrada”. E após afirmar que a partir de agora a comemoração de Pentecostes evitará o desperdício, informa o quanto se gastava na realização da festa, “não se comprometendo a gastar 8 ou 10 contos, como até agora se fazia”. E termina com “um sentido requiem aeternam, em nome do povo culto de São Luís, às folias, João Paulino e casas da festa”26. A festa do Divino, uma sobrevivência de um costume medieval, é, também, uma celebração da colheita27, tanto que sua realização foi mudada para além do dia de Pentecostes. Geralmente era realizada em agosto. Isso se explica pelo final da colheita de milho. O feijão das águas já foi colhido e o das secas será plantado depois da festa. Mas somente depois de armazenar o milho no paiol é que os lavradores poderiam participar das festividades, que se prolongam por uma semana inteira. E grande parte das prendas são dadas em espécie: animais e produtos agrícolas. Este episódio coincidiu com a consolidação do catolicismo romano no Brasil28. Durante 30 anos a Festa do Divino em São Luís do Paraitinga ficou restrita às cerimônias litúrgicas e 25 Idem, p. 140. Jaime de Almeida, op. cit., p. 547. 27 Carlos R. Brandão, Memória do Sagrado, p. 171; Emílio Willems, op. cit., p. 153; José de Souza Martins, Capitalismo e tradicionalismo, p. 20; e Alceu M. Araújo, Cultura Popular Brasileira, p. 16. 28 C.P. Oliveira, op. cit., p. 140. 26 paralitúrgicas, ou seja, missas, rezas e procissões, sob o controle da paróquia. Os jornais desse período registram que da parte tradicional só restaram o Império e as procissões que traziam as bandeiras para as rezas na igreja matriz. INTERVALO Entre a proibição e o renascimento da Festa do Divino muitas coisas aconteceram que mudaram o panorama da zona rural brasileira. São Luís do Paraitinga incluído. Na economia, o setor rural deixou de ser o que apresentava maiores (e, talvez melhores) oportunidades de investimento. Durante essas décadas observou-se uma nítida urbanização dos investimentos, que se refletiu na expansão da atividade comercial, bancária e industrial. A economia urbana passou a oferecer iguais ou melhores remunerações ao capital do que a rural29. Em contrapartida, a redefinição cultural ligada à constituição de uma sociedade centrada nos valores urbanos, levou rapidamente à distinção valorativa também entre o rural e o urbano. “A afirmação da existência urbana, ainda que anômica, exprimiu-se culturalmente na construção de estereótipos, alguns negativos, do homem rural. A figura do caipira tem reafirmada e atualizadas, nessa fase, as suas conotações fundamentais: ingênuo, preguiçoso, desnutrido, doente, maltrapilho, rústico e desambicioso”30 Ele acentua que “esse estereótipo encontrou a sua melhor descrição no Jeca Tatu, de Monteiro Lobato. É o estereótipo negativo que tem a sua contrapartida nas virtudes contrárias, atributos do homem urbano. De certo modo, a hostilização do caipira através das anedotas da cidade e a valorização do ‘moderno’ contra o ‘tradicional’, que ocorre na literatura e na sociologia brasileiras há várias décadas, constituem, na verdade, o cerne da ideologia de urbanização, pela negação do mundo rural recente ou mediato”31. Almeida considera que ao classificar o caipira como uma raça inferior, o realismo de Monteiro Lobato mostrava seu inconformismo com um grupo social que resistia aceitar a integração na cultura européia e no nascente capitalismo liberal brasileiro32. 29 José de Souza Martins, op. cit., p. 2. Idem, p. 4. 31 Idem, p. 26. 32 Jaime de Almeida, op. cit., p. 65. O mesmo pesquisador nota que no prefácio da 4ª edição de Urupês, Lobato modifica alguns pontos de vista e faz uma espécie de pedidos de desculpas ao Jeca: “Está provado que tens no sangue e nas tripas todo um jardim zoológico da pior espécie” e completa: “és tudo isso sem tirar uma vírgula, mas ainda és a melhor coisa desta terra. Os outros, que falam francês, dançam tango, fumam havanas e, senhores de tudo, te mantêm 30 As finanças de São Luís do Paraitinga também não iam bem. Sua lavoura entrara em franca decadência e só a pecuária leiteira trazida pela grande migração dos mineiros33, nos anos 30 e 40, passou a garantir a sustentação econômica de seus moradores. A área cultivada, que representava 80% da parte economicamente ativa em 192034, caiu para 23,7% da produção do município35. Como a pecuária é uma atividade que requer pouca mão-de-obra, caiu também a população do município. Dos 27.500 moradores existentes em 191036, existiam apenas 11.127 habitantes em 194037. Grande parte dos moradores migrou para outras cidades. É nesse cenário que em 1940 recomeça a Festa do Divino Espírito Santo em São Luís do Paraitinga. Ninguém sabe explicar o porquê do restabelecimento da Festa do Divino. Mesmo as pessoas mais idosas e que sempre trabalharam na organização da festa não conseguem lembrar os motivos que levaram o pároco de São Luís do Paraitinga a voltar a escolher festeiro e permitir todas as atividades profanas que existiam antes. O sacerdote que tinha o vicariato da paróquia era um italiano, Monsenhor Ignacio Gioia, que desde 1912 (um ano após a comemoração popular deixar de existir) assumiu como vigário. Outra coisa que não se explica é como as tradições, 30 anos depois, voltaram a existir como se nunca tivessem deixado de ser celebradas. Afinal, mais de uma geração de luisenses havia passado sem conhecer como se realizava essa festa. Alceu Maynard Araújo38 afirma que nos locais “onde já desapareceram a folia, a distribuição de alimentos, a casa-da-festa, o império, resta só a bandeira”. De acordo com este autor, a bandeira dificilmente desaparece porque “é o único símbolo que fica diretamente em contato com o povo”. Eis aí uma possível pista para se descobrir o motivo pelo qual as tradições do Divino não desapareceram da memória coletiva. nessa geena infernal para que possam a seu salvo viver vida folgada à custa do teu dolorido trabalho, esses, meu caro Jeca Tatu, esses têm na alma todas as verminoses que tu tens no corpo”. 33 Pasquale Petrone, op. cit., p. 273. 34 Idem, op. cit., p. 260. 35 José de Souza Martins, op. cit., p. 9. O Vale do Paraíba, na década de 60, chegou a ser a maior bacia leiteira da América Latina. 36 Pasquale Petrone, op. cit., p. 269. 37 IBGE.Sinopse Estatística, p. l3. 38 Alceu Maynard Araújo, Cultura popular brasileira, p. 16-17. UM NOVO TEMPO Desde o restabelecimento da tradição da Festa do Divino em São Luís do Paraitinga essa comemoração de cultura e religiosidade popular não deixou de ser feita. Uma placa colocada sobre um plinto, na praça da matriz, em 1990, comemorando os 50 anos ininterruptos da realização da festa, relaciona, ano por ano, todos os festeiros encarregados de realizá-las, nesse período. Mas as diversas mudanças indicam que a Festa do Divino de São Luís do Paraitinga já não é a mesma. Segundo moradores, a última festa realizada com todas as tradições foi a de 1986, quando o festeiro foi o sitiante Luiz Mariano Rodrigues. Daí para cá diversos acontecimentos têm deixado as pessoas muito aborrecidas com a festa. A primeira é a mudança do público que vem a cidade para comer a “comida do Divino”. Ao invés dos caboclos da roça, que contribuíram com prendas para a realização do evento, a grande maioria dos comensais é constituída por pessoas das grandes cidades da região, que não têm qualquer ligação com o município nem compreende o porquê dessa tradição. A manducação do “afogado”, que era quase um ato religioso, virou farra. A cidade, que tem pouco mais de cinco mil pessoas, no dias da festa com maior movimento chega a receber l5 mil. Sem qualquer tipo de infra-estrutura para essa população excedente. Os automóveis tomam conta dos dois lados das ruas. Além de causar sérios problemas no trânsito, acabam atrapalhando a passagem das procissões. Outra reclamação dos moradores é a invasão de marreteiros. São centenas de camelôs que invadem as ruas, atrapalham a passagem das pessoas, vendem quinquilharias - algumas com evidentes sinais de serem produtos contrabandeados - e causam uma sujeira insuportável. Um funcionário da prefeitura afirmou que o dinheiro arrecadado com os alvarás fornecidos aos ambulantes, não cobre a despesa que aparece com os estragos que eles causam e o lixo que deixam. Um fato curioso é que algumas pessoas de outras cidades que comparecem a São Luís do Paraitinga durante a Festa do Divino vão a procura de barracas de artesanato local, enquanto os moradores do município ficam interessados mesmo é nas barracas dos marreteiros. Na festa de 1996 diversas prefeituras da região montaram barracas para venda de produtos artesanais de suas cidades, mas os clientes eram quase sempre pessoas das grandes cidades. O êxodo rural de moradores, principalmente para outras cidades, determinou mudanças também no perfil dos que dão prendas para o financiamento da festa. Há cerca de 10 anos que a Folia do Divino percorre dezenas de casas também na zona urbana de Taubaté. São antigos moradores de São Luís do Paraitinga que transferiram para aquela urbe as antigas devoções que mantinham nos seus bairros de origem. Inclusive a distribuição de alimentos. Só que lá de forma muito discreta, somente para os parentes próximos e os vizinhos mais chegados. Mas a festa não está mudando apenas por fatores externos, de outras cidades. A cada ano a prefeitura assume funções que antes eram da responsabilidade do festeiro, como a montagem das barracas de leilão de prendas, do palco onde os artistas se apresentam, dos caminhões que transportam os apetrechos, da confecção do casal João Paulino e Maria Angu, do uniforme das companhias de moçambique, do transporte dos grupos de congadas que vêm de outras cidades. Há cerca de cinco anos que a Casa da Festa é montada num próprio municipal destinado, em outra ocasião do ano, à exposição de gado e rodeio. Antes era um proprietário que cedia a casa ao festeiro. Nesse mesmo local é que a cavalhada se apresenta, em uma área relativamente pequena. A parte que os cavaleiros se apresentavam durante as festas, agora é alugada pela prefeitura para parques de diversões. A prefeitura cuida também de contratar cantores, conjuntos e duplas que se apresentam nas noites do período da festa. Quase todos são artistas de música brega. A música feita por compositores locais ou dá região ou ainda a música sertaneja de raiz são solenemente ignoradas. Enfim, a impressão que fica é que a Festa do Divino está cada vez mais estatizada. Isso leva a um outro questionamento: até que ponto uma promoção feita pelo poder público - portanto, coercitivo - pode ser considerada uma tradição? Numa das últimas festas o festeiro teve o patrocínio da Antárctica, que encheu a praça com luminosos de seus produtos. Parecia rodeio americano. Um grande desrespeito não só às tradições locais mas até à legislação que proíbe esse tipo de poluição visual, numa área tombada pela importância do sítio arquitetônico ali existente. A explicação para que a folia não saísse a partir da festa de 1996 era que os ordenados a serem pagos aos foliões não compensariam. Quebrando uma longa tradição, na festa desse ano eles só contaram em algumas casas na cidade de Taubaté, durante o peditório de prendas e durante os dias da festa em São Luís do Paraitinga. Tudo isso parece ser conseqüência das profundas mudanças que tornaram a ocorrer na economia local. A produção de leite diminuiu cada vez mais. Um levantamento feito há algum tempo pela Casa da Agricultura de São Luís do Paraitinga, mostra que todo mês um pequeno produtor de leite tipo C abandona a atividade. O agrônomo Luiz Tolosa Rodrigues39, conhecedor da economia agrícola da região, acredita que entre os principais motivos para a decadência da pecuária leiteira estão as contínuas queimadas promovidas nos pastos de capim gordura. Essa gramínea era a mais rica alimentação natural para o gado leiteiro e agora quase não existe mais. O solo ficou empobrecido. E o manejo da propriedade cada vez mais difícil e oneroso. A área destinada à produção agrícola aumentou. Só que a área ocupada com produtos alimentícios diminuiu. Em 1940 era de 3.937 hectares. Quase tudo com produtos alimentares. Atualmente com a produção de alimentos plantam-se cerca de 1.200 hectares. A principal lavoura de alimentação é o milho, cujas plantações ocupam por volta de 900 hectares. depois vem a cana (para alambique e forrageira), com 120 hectares. O feijão, lavoura tradicional do Alto Paraíba, ocupa agora apenas 70 hectares. Desde meados da década de 70 o principal produto agrícola de São Luís do Paraitinga passou a ser o eucalipto. São mais ou menos 7.500 hectares ocupados com plantações, na grande maioria destinadas às indústrias produtoras de papel. Como o trabalho com o eucalipto exige o deslocamento para vários pontos do município, a mão de obra passou a residir em pequenas casas nos morros e subúrbios da cidade. Quase todos trabalhadores vieram da zona rural com suas famílias. Já no início dos setenta, o vigário de São Luís do Paraitinga fez uma modificação no calendário da Festa do Divino que refletia bem as mudanças na economia do município. A festa foi transferida de agosto para o tempo litúrgico de Pentecostes, entre o final de maio e o início de junho, sem que se sentissem diferenças na oferta de prendas. Sinal de que as plantações já não faziam parte significativa da vida rural do município. Uma modificação fundamental na posse da terra e na produção rural ocorreu a partir da mesma década. Os sítios e fazendas foram sendo vendidos, em número crescente, para moradores de cidades grandes. A maioria passou a utilizar as propriedades para lazer ou com plantações de eucalipto. Os empregados que ainda existiam eram dispensados e o local ficava sob a responsabilidade de apenas uma família de lavradores. Calcula-se que cerca de 1.000 pessoas estejam empregadas diretamente na produção de eucalipto no município. Talvez essa seja a principal causa da inversão da distribuição de moradores verificada no último recenseamento. Em 1940, dos 11.127 moradores, 1.164 residiam na zona urbana e 9.963 estavam na zona rural. Atualmente os 9.922 habitantes dividem-se em 5.065 na cidade e 4.857 que continuam morando na roça40. Como se vê, a população local continua diminuindo ou, como dizem os moradores, “crescendo que nem rabo de cavalo” (para baixo). A Casa da Agricultura fez um levantamento sobre o perfil das propriedades rurais do município. Os dados conseguidos deixaram os técnicos impressionados com o número de casas existentes sem qualquer morador. Eles estimam que daria para acomodar toda população urbana que vive em sub-habitações. Outra mudança fundamental no perfil econômico dos habitantes de São Luís do Paraitinga: boa parte dos trabalhadores nas companhias de eucalipto, antes de se mudar para a cidade era de pequenos sitiantes e meeiros. Deixaram de ser produtores rurais (o que os colocava entre os mais importantes financiadores da Festa do Divino) e passaram a empregados-consumidores na zona urbana. A cultura caipira, que resistiu à romanização do início do século conseguirá resistir à chegada e ao avanço da sociedade de massa, da globalização, do capitalismo enfim, que cada vez mais a envolve? Agora, que tudo concorre para que os comportamentos enraizados nos costumes agropastoris, sofram violenta modificação, conseguiriam os caipiras do Alto Paraíba a reapropriação de seus símbolos culturais pela resistência passiva41, como mostrou em relação ao clero, no início do século? As manifestações culturais existentes no município no início da década de 70, levaram o CONDEPHAAT, na época um órgão ativo da Secretaria de Cultura do Estado, a dar a cidade o título de “a mais brasileira das cidades paulistas”. As pessoas interessadas no estudo e na preservação das raízes da cultura paulista agora estão preocupadas em saber se as mudanças que ocorrem na cultura caipira do Alto Paraíba (simbolizada pela Festa do Divino Espírito Santo de São Luís do Paraitinga), são sinais de um processo de decadência ou se isso é apenas uma forma de transição para os tempos modernos e pós-modernos. 39 Os números e outras informações sobre a produção e a situação agropastoril atual do município foram fornecidos por esse técnico. 40 IBGE, Censo demográfico de 1940; e Benedito Rodrigues Matias, Expectativas demográficas, p. 6. 41 Oliveira, C.P., idem, p. 141. BIBLIOGRAFIA ABREU, Maria Morgado de e FLORENÇANO, Paulo Camilher. Culinária tradicional do Vale do Paraíba. Taubaté: Fundação Nacional do Tropeirismo - Centro Educacional Objetivo - JAC Editora, 1992. ALMEIDA, Jaime de. Festas em São Luís do Paraitinga na passagem do século. Tese de doutorado. São Paulo: USP, 1987. ARAUJO, Alceu Maynard. 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