Judas Tadeu de Campos (UNITAU/SP)
Festa do Divino Espírito Santo em São Luiz do Paraitinga:
decadência ou transição.
Resumo:
A festa do Divino Espírito Santo, realizada anualmente na cidade paulista de São Luís do
Paraitinga, é uma das maiores manifestações de religiosidade popular da região do Vale do Paraíba.
Com raízes na Idade Média, essa festividade conserva grande parte das tradições típicas da Península
Ibérica. É feita na cidade há pelo menos 200 anos.
E vem sendo sofrendo uma avassaladora influência dos meios de comunicação de massa e da
indústria cultural. Seria isto o motivo das modificações na realização da festa?
O presente texto é fruto das pesquisas realizada para o Núcleo de Pesquisa em Comunicação,
da UNITAU e no trabalho do autor como jornalista profissional.
FESTA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO EM SÃO LUÍS DO PARAITIGA:
DECADÊNCIA OU TRANSIÇÃO?
INTRODUÇÃO
O Vale do Paraíba, na região Leste1 do Estado de São Paulo, é uma das regiões paulistas mais
desenvolvidas. Ali existem grandes centros de tecnologia, como o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE), que monitora todos os satélites que rasteiam o território brasileiro, e indústrias
que fabricam foguetes aeroespaciais, satélites e componentes da indústria de informática.
O parque automobilístico instalado nas cidades de São José dos Campos e Taubaté fabrica boa
parte dos veículos nacionais. Nesta região também está a única fábrica de aviões situada em território
nacional.
No entanto, a uns 30 quilômetros dali, na sub-região2 conhecida como Alto Paraíba, existe um
modo de vida muito diferente. Ali permanecem diversas manifestações culturais e um patrimônio
ambiental que na quase totalidade do Estado de São Paulo desapareceram; o maior acervo paulista
de arquitetura antiga e festas tradicionais ligadas a religiosidade popular3. Possui até uma culinária
típica, da época em que a região era recortada pelas tropas de muares. Muitas dessas receitas são
conservadas pelas mulheres mais idosas4. E tem o mais importante núcleo florestal da Mata Atlântica
em São Paulo.
1
Até a década de 30 o Vale do Paraíba era conhecido como Norte de São Paulo, provavelmente por uma confusão em
sua localização geográfica. É por isso que ainda hoje aparecem nomes como Aparecida do Norte e Princesa do Norte
(cognome de Pindamonhangaba). A velha estação de trens, no bairro do Brás, em São Paulo, era conhecida como
Estação do Norte. No centro de Taubaté existe uma antiga casa comercial que conserva o nome de Empório do Norte.
2
A região do Vale do Paraíba paulista compreende cinco sub-regiões, que englobam 38 municípios: Calha do Vale,
altamente industrializada e com grande densidade demográfica; Mantiqueira, caracterizada pelas altas montanhas e
baixas temperaturas; Fundo do Vale, uma espécie de encrave no Estado do Rio de Janeiro; o Litoral Norte e o Alto
Paraíba. Esse nome vem do fato dessa sub-região ser o nascedouro dos rios Paraibuna (Rio de Águas Escuras) e
Paraitinga (Rio de Águas Claras), que formam o Rio Paraíba do Sul.
3
Religiosidade popular é entendida neste texto com o mesmo sentido que lhe dá José Comblin em: Para uma tipologia
do Catolicismo no Brasil, p. 47.
4
Entre as comidas típicas do Alto Paraíba algumas, ainda muito apreciadas, têm nomes esquisitos, como o afogado,
canjiquinha com entrecosto, arroz com suam, cambito com repolho e batata doce, orelha de porco no feijão (seria a
feijoada paulista?), sopa de cadela, pastéis de angu, mana pança, farofa de jarera, roupa velha e mexida de bunda de
içá (a propósito desse prato, de evidente origem indígena, Paulo Camilher Florençano e Maria Morgado de Abreu em
Situada entre as duas maiores cidades do País, nessa sub-região ficam municípios de Cunha,
Lagoinha, Natividade da Serra, Redenção da Serra e São Luís do Paraitinga. Todos entre os
contrafortes da Serra do Quebra-Cangalha e a crista da Serra do Mar.
Mas o mais importante talvez seja a forma de ser e de viver dos moradores, que tem pouco a
ver com os grandes centros de indústria e tecnologia existentes na região. O Alto Paraíba é
considerado uma região caipira5 típica de São Paulo. E uma das características de uma zona caipira6
é que sua vida social emergiu do sertão, transformado numa seqüência de campos e lavouras, sítios e
fazendas. Estas produziram os bairros7, as vilas e as cidades.
No entanto, um dos maiores arquétipos dessa cultura, a Festa do Divino Espírito Santo,
realizada anualmente em São Luís do Paraitinga e considerada um dos maiores símbolos de
resistência da cultura caipira, vem apresentando modificações que preocupam os moradores e
pessoas interessadas em preservar as tradições locais.
Em 1996, pela primeira vez, em muitos anos, a Folia do Divino não percorreu a zona rural
durante o longo período de preparo da festa. Isto se repetiu nos anos aseguintes. Outros
acontecimentos também apontam para uma espécie de esvaziamento da comemoração.
O que estaria acontecendo? A cultura caipira chegou a um ponto de saturação? Está sendo
engolida pela cultura de massa e pela indústria cultural? Ou seria apenas mais uma forma adaptação
(e resistência) do caipira ao comportamento dos tempos modernos, que agora chega com toda força
para essas bandas? Este texto tem a finalidade de apresentar alguns dados para reflexão sobre essa
mudança que se processa no último bolsão caipira do Estado de São Paulo.
ORIGENS
Todos os anos, algumas semanas depois da Páscoa, chega à cidade de São Luís do Paraitinga
um grupo de cantadores conhecido como Folia do Divino. Desde o final do mês de julho do ano
seu livro Culinária tradicional do Vale do Paraíba, p. 32, contam que o escritor Monteiro Lobato era um de seus
grandes apreciadores.
5
Para Antônio Cândido, “o termo caipira tem a vantagem de não ser ambíguo (exprimindo desde sempre um modo de
ser, um tipo de vida, nunca um tipo racial) e restringe-se apenas à área de influência paulista”. In: Os parceiros do
Rio Bonito, p. 22.
6
Carlos Rodrigues Brandão, O trabalho do saber, p. 9.
7
Cândido, idem, p. 62, afirma que “o termo bairro parece ligado diretamente à área caipira, não ocorrendo (...)
noutras regiões do Brasil”. Ver também Darcy Ribeiro, O povo brasileiro, p. 381.
anterior os foliões vinham percorrendo a zona rural desse município e os bairros limítrofes dos
municípios vizinhos, pedindo auxílio para a realização da Festa do Divino Espírito Santo.
A Festa do Divino, como é mais conhecida, começou a ser realizada, como manifestação de
religiosidade popular, na Alemanha, durante a Idade Média8. Foi trazida para Portugal no final do
século XV pela rainha Isabel de Castela9. No século seguinte (1522) já era realizada naquele país
para angariar fundos que seriam empregados na manutenção de hospitais e outras obras de
assistência domiciliar10. Nessa mesma época a festa já existia nos Açores. Tanto em Portugal quanto
nos Açores a festa tinha características semelhantes às encontradas atualmente em muitas regiões do
Brasil11.
Não se sabe ao certo quando a devoção popular da Festa do Divino chegou ao País12. A
primeira referência sobre a existência de comemoração do Divino no Vale do Paraíba foi em
Guaratinguetá, em 176113. Em São Luís do Paraitinga registra-se pela primeira vez a existência dessa
festa em 180314. Jaime de Almeida supõe que nessa época a festa já era grandiosa, uma vez que o
documento por ele consultado fala numa casa especialmente construída para o Império do Divino.
Por isso ele supõe que essa festa existe desde o último quartel do século XVII, no início da
povoação do Alto Paraíba. O Almanak da Província de São Paulo, edição de 1858, relaciona essa
festa como uma das principais da Vila de São Luís do Parahytinga.
ANTES DA FESTA
A Folia do Divino tem um papel muito importante para a realização da Festa do Divino.
Durante muitos meses os foliões percorrem os bairros rurais de São Luís do Paraitinga e parte dos
8
Paulo Camilher Florençano, A Festa do Divino Espírito Santo, p. 1.
Emílio Willems, Cunha. Tradição e transição de uma cultura rural do Brasil, p. 153. A rainha Isabel de Castela
(1470-1498) era filha dos reis católicos da Espanha, Fernando de Aragão e Isabel de Castela. Casou-se com o rei D.
Manoel I, o Venturoso, tornando-se rainha de Portugal. À sua devoção para o Divino Espírito Santo é atribuída não
somente o costume da popularização da festa de Pentecostes, mas também a criação das Santas Casas de Misericórdia
(a misericórdia é um dos dons do Espírito Santo), que até meados do século 19 era a única instituição de atendimento
social existente no Brasil. Enciclopédia Barsa, p. 293, e Pedro A. Ribeiro de Oliveira, Catolicismo Popular e
Romanização, p. 133
10
Jaime de Almeida, Festas em São Luís do Paraitinga na passagem do século, p. 538.
11
Emílio Willems, op. cit., p. 154. O autor relaciona diversas atividades comuns às várias regiões como a distribuição
de alimentos aos pobres e ao povo em geral, a folia com a bandeira, instrumentos e distribuição de vozes pouco
alteradas, a investidura do festeiro, a entrega da Coroa do Divino e diversões populares.
12
Nada dizem sobre a origem da Festa do Divino no Brasil os livros de Carlos Rodrigues Brandão que escreveu a
respeito das festas de Pirenópolis e Mossâmedes (ambas em Goiás), Alceu Maynard Araújo, falando da festa de Paraty
(RJ) e Emílio Willems, que descreve a festa de Cunha.
13
Jaime de Almeida, op. cit., p. 535.
14
Idem, ibidem.
9
municípios de Cunha, Lagoinha, Natividade da Serra, Redenção da Serra e Taubaté. Sua função é
arrecadar prendas (doações que financiarão a festa) e convidar o povo para os festejos.
Ao chegar em cada casa a Folia cumpre um pequeno ritual: a dona da casa recebe a bandeira,
oferece as fitas que pendem do mastro para que todos os membros da família beijem e, enquanto os
foliões cantam, o dono da casa oferece a prenda. É comum que a dona da casa leve a bandeira até à
cozinha (para não faltar alimentos) e até o quarto do casal (para evitar as brigas). A bandeira
abençoa a casa e a família. Depois, a mulher carrega a bandeira até a residência mais próxima,
entregando-a à vizinha, que repete o mesmo ritual.
A bandeira do Divino é o centro das devoções da zona rural. Ali se colocam retratos de
parentes como ex-votos de alguma graça alcançada. E durante a permanência numa casa a bandeira
(feita com pano vermelho, encimado por uma pomba prateada dentro de uma lapinha, na ponta do
mastro) fica sempre num lugar de honra.
Nas casas onde a folia pernoita geralmente têm festa. O proprietário convida os vizinhos e os
compadres que moram mais longe. As crianças logo vão dormir (todas juntas, esparramadas pelas
mesmas camas), as moças e rapazes se encontram e namoram, os homens puxam uma prosa no
terreiro e as mulheres cuidam do trabalho do sabor, na cozinha. A comida, que é servida à vontade,
geralmente é o afogado, feita a base de carne de vaca.
A folia do Divino, que é formada por quatro foliões têm dois tocadores de viola (mestre e
contramestre), caixa de percussão (contralto) e triângulo (típi). São antecedidas pelo alferes, que
carrega a bandeira (geralmente é o próprio festeiro) e seguidas pelo carguereiro, encarregado de
recolher as prendas. Carlos Brandão15 considera que o ritual popular da visitação, feito pelas folias, é
um trazer da rua para a casa e um devolver a casa à rua, à sociedade. E que esse alegre invadir das
casas pela rua é impensável nas culturas de origem anglo-saxã.
A GRANDE FESTA
A Festa do Divino em São Luís do Paraitinga começa sempre numa sexta-feira, com uma
novena, realizada na igreja matriz. Ali são bentas as bandeiras dos fiéis, que desfilarão pelas ruas nas
cerca de 20 procissões realizadas nos 10 dias da festa.
15
Carlos Rodrigues Brandão, A cultura na rua, p. 13-21.
No sábado começam as festividades de religiosidade popular. A primeira delas é a Procissão
do Encontro das Bandeiras. Ali as bandeiras das festas anteriores se encontram com a dos festeiros
do ano. Essa é a bandeira que durante quase um ano percorreu os bairro da zona rural pedindo as
prendas para financiar a festa.
A procissão das bandeiras termina no Império, uma sala muito enfeitada, geralmente na praça
da matriz, onde predomina a cor vermelha (a cor do Divino). Ali ficarão as bandeiras, o cetro e a
coroa, símbolos do império do Divino, que nesses dias domina (em todos os sentidos) a cidade. É
um local de grande devoção popular.
A novena prossegue com rezas ou missas, sempre celebradas às 19 horas. Antes das rezas as
bandeiras são levadas em procissão do Império para a igreja matriz. Após a celebração litúrgica,
fazem caminho inverso, cada dia seguindo um roteiro diferente. As procissões são acompanhadas
pela banda de música, pela Folia do Divino e por dezenas de pessoas que levam bandeiras em sinal
de devoção e pagamento de promessas por graças alcançadas.
Durante os dias da novena, a parte conhecida como profana (fora do recinto e do domínio da
Igreja), se concentra na Casa da Festa, local onde ficam as prendas e onde boa parte dos moradores
da cidade (inclusive autoridades e políticos) vão almoçar a “comida do Divino”.
O dia principal da festa é conhecido como Grande Dia.
A cidade é despertada por volta das 6 horas com o toque da alvorada, pela banda de música e
pelo batuque da congada. As missas e apresentações folclóricas se revezam. Congadas,
moçambiques, pau-de-cebo, o casal de bonecões João Paulino e Maria Angu, cavalhada, distribuição
de doces para o povo, brincadeiras para as crianças, como as corridas de ovo e corrida de saco. Um
dos pontos altos é a distribuição do afogado. Para prepará-lo são abatidas de 15 a 20 vacas,
distribuídas na forma de comida para o povo16.
O último ato paralitúrgico da festa é a Procissão do Divino. Um cortejo com andores
artisticamente confeccionados percorre as ruas da cidade, ladeado por irmandades e associações
religiosas uniformizadas. O sacerdote carrega o santo lenho sob o pálio, sustentado pelos irmãos do
Santíssimo (Irmandade existente em São Luís desde 1805). No final da procissão, durante a missa de
encerramento, o vigário anuncia o nome do festeiro, pessoa que promoverá a festa no próximo ano.
16
Willems, op. cit., p. 153-154, conta que no século XVI, em Portugal, eram distribuídos pão e carne para a população
e que essa tradição teria origem nos costumes romanos do panis gradilis, transladados para a Península Ibérica e nela
conservado através dos séculos.
À noite, enquanto milhares de pessoas buscam suas conduções para voltar para as roças ou
cidades vizinhas, outras tantas ficam na praça, na barraca do leilão de prendas ou caminhando em
volta do jardim. É na festa do Divino, em torno dessa praça, que muitos namoros (e casamentos)
começam. O povo só considera a festa terminada com a queima de fogos de artifício, por volta das
11 horas da noite.
Pode-se arriscar uma afirmação de que essa festa é uma continuidade simbólica do
comportamento existente nas celebrações religiosas medievais da Península Ibérica. E isso foi uma
conseqüência do fechamento dessa região da Europa a qualquer penetração da Reforma, ainda
reforçada pela Inquisição e pela mentalidade de messianismo guerreiro trazida pelos portugueses
colonizadores17.
Para Brandão18, “...dentro de um contexto de explicações da festa importa colocar a promessa
em seu momento de ‘pagamento’, quando o devoto, depois de ver o seu ‘voto valido’, resolve em
um dos rituais da festa o seu lado do contrato, de que o fiel se reconhece proponente e devedor. (...)
Tanto as situações propiciadas pela passagem da Folia quanto as de Festa de santo são usadas com
freqüência para o pagamento de promessas”. Mas Comblin19adverte: “Não julguemos
precipitadamente reduzindo as devoções a uma mentalidade comercial dentro de uma relação de
troco”.
Já para Willems20 “..É óbvio que (na Festa do Divino) houve uma redistribuição de bens, uma
renúncia espontânea dos mais abastados em benefício dos menos favorecidos, pobres e indigentes e a
conservação do costume de hospedar e alimentar milhares de indivíduos durante os dias da festa e,
particularmente, a refeição pública oferecida evidenciam a importância que se atribui à
redistribuição” (grifos no texto original).
DEPOIS DA FESTA
A descrição da festa foi como uma tomada em plano geral. Vejamos agora como as coisas
acontecem, tentando ver os acontecimentos com uma lente de aproximação.
17
Eduardo Hoornaert, Formação do catolicismo brasileiro, p. 14 e 32.
Carlos R. Brandão, Memórias do sagrado, p. 191.
19
José Comblin, Tipologia do catolicismo no Brasil, p. 53.
20
Emílio Willems, op. cit., p. 164. Nesse livro, que Antônio Cândido considera como o primeiro estudo a utilizar de
modo coerente a expressão cultura cabocla, aparece como uma curiosidade o agradecimento feito pelo autor a seus
assistentes de pesquisas, que mais tarde seriam grandes estudiosos da cultura brasileira: Alceu Maynard Araújo,
Carlos Borges Schmidt e Florestan Fernandes, na época estudantes de pós-graduação na USP.
18
Segundo Carlos Brandão21, “não é fácil transformar uma ‘festa de santo’ em um texto de
estudo. O texto tem o poder maléfico de ocultar o que ali é vivo, em nome de uma discussão sobre o
que sustenta essa vida”.
A civilização do café, que dominou a região durante boa parte do século passado, parece que
só enriqueceu e consolidou as tradições existentes.
Nessas primeiras décadas da civilização do café, a Igreja Católica no Brasil vivia os momentos
do catolicismo colonial22. Brandão23 relaciona depoimentos de estrangeiros espantados como, até o
início do século XIX, o clero e a população realizavam os festejos de religiosidade popular ou
oficiais. “Ali tudo se festeja, objetivamente tudo. E esta é uma primeira notável diferença entre a
herança de nossas festas de rua e a das culturas americanas de origem anglo-saxã. Decora-se a rua,
vai-se a ela por um casto temor do homem diante da divindade; pelo rito coletivo que torne público
o desejo, mas também a efusiva alegria de sentir-se salvo e até santo livre com a festa da poeira do
pecado”.
Um símbolo da importância do momento econômico vivido pela região e a conseqüente
consolidação da festa, é o um conjunto formado por coroa, cetro e bandeja do Divino, com data de
1864, existente em São Luís do Paraitinga. Feito de prata maciça e incrustado de brilhantes.
Esse enriquecimento, entretanto, foi por um curto período. A acidentada topografia da região,
a qualidade de seu solo, ligadas à decadência do café no Norte Paulista, provocaram o golpe fatal na
economia cafeeira. Com a abertura da Estrada de Ferro D. Pedro II, no final dos setenta as
infindáveis e lentas tropas de muares, que escoavam o comércio de gêneros para o porto de Ubatuba,
foram perdendo a importância.
Parece que o processo de romanização do catolicismo brasileiro foi o primeiro sintoma de
mudança na festa do Divino. A estratégia dos bispos de substituir as antigas festas religiosas,
realizadas por iniciativa leiga, por festas litúrgicas ou ligadas às novas devoções, visava enfraquecer
antigos rituais populares, como a Festa do Divino.
De acordo com Oliveira24, esses grupamentos, “sem as festas (...) começam a perder suas
funções propriamente religiosas e vão se extinguindo ou passando para o controle paroquial”. E
acrescenta: “O clero firma sua posição no campo religioso, como único detentor dos rituais
21
Carlos R.Brandão, Memória do Sagrado, p. 166.
Conforme Pedro A. Ribeiro de Oliveira, Catolismo popular e romanização do catolicismo brasileiro, p. 131-141.
23
Carlos R. Brandão, A cultura na rua, p. 14.
24
C. P. Oliveira, op. cit., p. 138.
22
religiosos do catolicismo, relegando os outros rituais à condição de práticas supersticiosas ou
manifestações folclóricas”25.
Mas a Festa do Divino em São Luís do Paraitinga não parece ter sentido imediatamente os
efeitos da romanização. Somente em 1910, com a instalação da Diocese de Taubaté é que iniciou
(ou intensificou) a ofensiva clerical para impor o ponto de vista romano. Essa ofensiva começou com
a proposta de instalação de novas associações pias, como o Apostolado da Oração, a Pia União das
Filhas de Maria, a Liga Católica, a Cruzada Eucarística, a Congregação Mariana e as Conferências
Vicentinas.
O golpe, que se acreditava fatal, contra a Festa do Divino em São Luís do Paraitinga veio no
ano seguinte. O jornal da diocese O Lábaro, na edição de 19 de outubro de 1911, após descrever o
desperdício da última festa, saúda a decisão do bispo, Dom Epaminondas Nunes D’Ávila e Silva, de
proibir a escolha de festeiro, deixando a comemoração a cargo de uma comissão sob a tutela do
vigário.
Diz o texto: “O programa da festa foi, como de costume, um conglomerado de paganismo e
cristianismo, preponderando talvez aquela parte a esta. Felizmente, com grande aplauso das pessoas
sensatas, será esta a última grande festa assim celebrada”. E após afirmar que a partir de agora a
comemoração de Pentecostes evitará o desperdício, informa o quanto se gastava na realização da
festa, “não se comprometendo a gastar 8 ou 10 contos, como até agora se fazia”. E termina com
“um sentido requiem aeternam, em nome do povo culto de São Luís, às folias, João Paulino e casas
da festa”26.
A festa do Divino, uma sobrevivência de um costume medieval, é, também, uma celebração da
colheita27, tanto que sua realização foi mudada para além do dia de Pentecostes. Geralmente era
realizada em agosto. Isso se explica pelo final da colheita de milho. O feijão das águas já foi colhido
e o das secas será plantado depois da festa. Mas somente depois de armazenar o milho no paiol é que
os lavradores poderiam participar das festividades, que se prolongam por uma semana inteira. E
grande parte das prendas são dadas em espécie: animais e produtos agrícolas.
Este episódio coincidiu com a consolidação do catolicismo romano no Brasil28. Durante 30
anos a Festa do Divino em São Luís do Paraitinga ficou restrita às cerimônias litúrgicas e
25
Idem, p. 140.
Jaime de Almeida, op. cit., p. 547.
27
Carlos R. Brandão, Memória do Sagrado, p. 171; Emílio Willems, op. cit., p. 153; José de Souza Martins,
Capitalismo e tradicionalismo, p. 20; e Alceu M. Araújo, Cultura Popular Brasileira, p. 16.
28
C.P. Oliveira, op. cit., p. 140.
26
paralitúrgicas, ou seja, missas, rezas e procissões, sob o controle da paróquia. Os jornais desse
período registram que da parte tradicional só restaram o Império e as procissões que traziam as
bandeiras para as rezas na igreja matriz.
INTERVALO
Entre a proibição e o renascimento da Festa do Divino muitas coisas aconteceram que
mudaram o panorama da zona rural brasileira. São Luís do Paraitinga incluído.
Na economia, o setor rural deixou de ser o que apresentava maiores (e, talvez melhores)
oportunidades de investimento. Durante essas décadas observou-se uma nítida urbanização dos
investimentos, que se refletiu na expansão da atividade comercial, bancária e industrial. A economia
urbana passou a oferecer iguais ou melhores remunerações ao capital do que a rural29.
Em contrapartida, a redefinição cultural ligada à constituição de uma sociedade centrada nos
valores urbanos, levou rapidamente à distinção valorativa também entre o rural e o urbano. “A
afirmação da existência urbana, ainda que anômica, exprimiu-se culturalmente na construção de
estereótipos, alguns negativos, do homem rural. A figura do caipira tem reafirmada e atualizadas,
nessa fase, as suas conotações fundamentais: ingênuo, preguiçoso, desnutrido, doente, maltrapilho,
rústico e desambicioso”30
Ele acentua que “esse estereótipo encontrou a sua melhor descrição no Jeca Tatu, de Monteiro
Lobato. É o estereótipo negativo que tem a sua contrapartida nas virtudes contrárias, atributos do
homem urbano. De certo modo, a hostilização do caipira através das anedotas da cidade e a
valorização do ‘moderno’ contra o ‘tradicional’, que ocorre na literatura e na sociologia brasileiras
há várias décadas, constituem, na verdade, o cerne da ideologia de urbanização, pela negação do
mundo rural recente ou mediato”31.
Almeida considera que ao classificar o caipira como uma raça inferior, o realismo de Monteiro
Lobato mostrava seu inconformismo com um grupo social que resistia aceitar a integração na cultura
européia e no nascente capitalismo liberal brasileiro32.
29
José de Souza Martins, op. cit., p. 2.
Idem, p. 4.
31
Idem, p. 26.
32
Jaime de Almeida, op. cit., p. 65. O mesmo pesquisador nota que no prefácio da 4ª edição de Urupês, Lobato
modifica alguns pontos de vista e faz uma espécie de pedidos de desculpas ao Jeca: “Está provado que tens no sangue e
nas tripas todo um jardim zoológico da pior espécie” e completa: “és tudo isso sem tirar uma vírgula, mas ainda és a
melhor coisa desta terra. Os outros, que falam francês, dançam tango, fumam havanas e, senhores de tudo, te mantêm
30
As finanças de São Luís do Paraitinga também não iam bem. Sua lavoura entrara em franca
decadência e só a pecuária leiteira trazida pela grande migração dos mineiros33, nos anos 30 e 40,
passou a garantir a sustentação econômica de seus moradores. A área cultivada, que representava
80% da parte economicamente ativa em 192034, caiu para 23,7% da produção do município35.
Como a pecuária é uma atividade que requer pouca mão-de-obra, caiu também a população do
município. Dos 27.500 moradores existentes em 191036, existiam apenas 11.127 habitantes em
194037. Grande parte dos moradores migrou para outras cidades.
É nesse cenário que em 1940 recomeça a Festa do Divino Espírito Santo em São Luís do
Paraitinga.
Ninguém sabe explicar o porquê do restabelecimento da Festa do Divino. Mesmo as pessoas
mais idosas e que sempre trabalharam na organização da festa não conseguem lembrar os motivos
que levaram o pároco de São Luís do Paraitinga a voltar a escolher festeiro e permitir todas as
atividades profanas que existiam antes. O sacerdote que tinha o vicariato da paróquia era um
italiano, Monsenhor Ignacio Gioia, que desde 1912 (um ano após a comemoração popular deixar de
existir) assumiu como vigário.
Outra coisa que não se explica é como as tradições, 30 anos depois, voltaram a existir como se
nunca tivessem deixado de ser celebradas. Afinal, mais de uma geração de luisenses havia passado
sem conhecer como se realizava essa festa.
Alceu Maynard Araújo38 afirma que nos locais “onde já desapareceram a folia, a distribuição
de alimentos, a casa-da-festa, o império, resta só a bandeira”. De acordo com este autor, a bandeira
dificilmente desaparece porque “é o único símbolo que fica diretamente em contato com o povo”.
Eis aí uma possível pista para se descobrir o motivo pelo qual as tradições do Divino não
desapareceram da memória coletiva.
nessa geena infernal para que possam a seu salvo viver vida folgada à custa do teu dolorido trabalho, esses, meu caro
Jeca Tatu, esses têm na alma todas as verminoses que tu tens no corpo”.
33
Pasquale Petrone, op. cit., p. 273.
34
Idem, op. cit., p. 260.
35
José de Souza Martins, op. cit., p. 9. O Vale do Paraíba, na década de 60, chegou a ser a maior bacia leiteira da
América Latina.
36
Pasquale Petrone, op. cit., p. 269.
37
IBGE.Sinopse Estatística, p. l3.
38
Alceu Maynard Araújo, Cultura popular brasileira, p. 16-17.
UM NOVO TEMPO
Desde o restabelecimento da tradição da Festa do Divino em São Luís do Paraitinga essa
comemoração de cultura e religiosidade popular não deixou de ser feita. Uma placa colocada sobre
um plinto, na praça da matriz, em 1990, comemorando os 50 anos ininterruptos da realização da
festa, relaciona, ano por ano, todos os festeiros encarregados de realizá-las, nesse período.
Mas as diversas mudanças indicam que a Festa do Divino de São Luís do Paraitinga já não é a
mesma. Segundo moradores, a última festa realizada com todas as tradições foi a de 1986, quando o
festeiro foi o sitiante Luiz Mariano Rodrigues. Daí para cá diversos acontecimentos têm deixado as
pessoas muito aborrecidas com a festa.
A primeira é a mudança do público que vem a cidade para comer a “comida do Divino”. Ao
invés dos caboclos da roça, que contribuíram com prendas para a realização do evento, a grande
maioria dos comensais é constituída por pessoas das grandes cidades da região, que não têm
qualquer ligação com o município nem compreende o porquê dessa tradição. A manducação do
“afogado”, que era quase um ato religioso, virou farra.
A cidade, que tem pouco mais de cinco mil pessoas, no dias da festa com maior movimento
chega a receber l5 mil. Sem qualquer tipo de infra-estrutura para essa população excedente. Os
automóveis tomam conta dos dois lados das ruas. Além de causar sérios problemas no trânsito,
acabam atrapalhando a passagem das procissões.
Outra reclamação dos moradores é a invasão de marreteiros. São centenas de camelôs que
invadem as ruas, atrapalham a passagem das pessoas, vendem quinquilharias - algumas com
evidentes sinais de serem produtos contrabandeados - e causam uma sujeira insuportável. Um
funcionário da prefeitura afirmou que o dinheiro arrecadado com os alvarás fornecidos aos
ambulantes, não cobre a despesa que aparece com os estragos que eles causam e o lixo que deixam.
Um fato curioso é que algumas pessoas de outras cidades que comparecem a São Luís do
Paraitinga durante a Festa do Divino vão a procura de barracas de artesanato local, enquanto os
moradores do município ficam interessados mesmo é nas barracas dos marreteiros. Na festa de 1996
diversas prefeituras da região montaram barracas para venda de produtos artesanais de suas cidades,
mas os clientes eram quase sempre pessoas das grandes cidades.
O êxodo rural de moradores, principalmente para outras cidades, determinou mudanças
também no perfil dos que dão prendas para o financiamento da festa. Há cerca de 10 anos que a
Folia do Divino percorre dezenas de casas também na zona urbana de Taubaté. São antigos
moradores de São Luís do Paraitinga que transferiram para aquela urbe as antigas devoções que
mantinham nos seus bairros de origem. Inclusive a distribuição de alimentos. Só que lá de forma
muito discreta, somente para os parentes próximos e os vizinhos mais chegados.
Mas a festa não está mudando apenas por fatores externos, de outras cidades. A cada ano a
prefeitura assume funções que antes eram da responsabilidade do festeiro, como a montagem das
barracas de leilão de prendas, do palco onde os artistas se apresentam, dos caminhões que
transportam os apetrechos, da confecção do casal João Paulino e Maria Angu, do uniforme das
companhias de moçambique, do transporte dos grupos de congadas que vêm de outras cidades.
Há cerca de cinco anos que a Casa da Festa é montada num próprio municipal destinado, em
outra ocasião do ano, à exposição de gado e rodeio. Antes era um proprietário que cedia a casa ao
festeiro. Nesse mesmo local é que a cavalhada se apresenta, em uma área relativamente pequena. A
parte que os cavaleiros se apresentavam durante as festas, agora é alugada pela prefeitura para
parques de diversões.
A prefeitura cuida também de contratar cantores, conjuntos e duplas que se apresentam nas
noites do período da festa. Quase todos são artistas de música brega. A música feita por
compositores locais ou dá região ou ainda a música sertaneja de raiz são solenemente ignoradas.
Enfim, a impressão que fica é que a Festa do Divino está cada vez mais estatizada. Isso leva a um
outro questionamento: até que ponto uma promoção feita pelo poder público - portanto, coercitivo
- pode ser considerada uma tradição?
Numa das últimas festas o festeiro teve o patrocínio da Antárctica, que encheu a praça com
luminosos de seus produtos. Parecia rodeio americano. Um grande desrespeito não só às tradições
locais mas até à legislação que proíbe esse tipo de poluição visual, numa área tombada pela
importância do sítio arquitetônico ali existente.
A explicação para que a folia não saísse a partir da festa de 1996 era que os ordenados a serem
pagos aos foliões não compensariam. Quebrando uma longa tradição, na festa desse ano eles só
contaram em algumas casas na cidade de Taubaté, durante o peditório de prendas e durante os dias
da festa em São Luís do Paraitinga.
Tudo isso parece ser conseqüência das profundas mudanças que tornaram a ocorrer na
economia local. A produção de leite diminuiu cada vez mais. Um levantamento feito há algum tempo
pela Casa da Agricultura de São Luís do Paraitinga, mostra que todo mês um pequeno produtor de
leite tipo C abandona a atividade.
O agrônomo Luiz Tolosa Rodrigues39, conhecedor da economia agrícola da região, acredita
que entre os principais motivos para a decadência da pecuária leiteira estão as contínuas queimadas
promovidas nos pastos de capim gordura. Essa gramínea era a mais rica alimentação natural para o
gado leiteiro e agora quase não existe mais. O solo ficou empobrecido. E o manejo da propriedade
cada vez mais difícil e oneroso.
A área destinada à produção agrícola aumentou. Só que a área ocupada com produtos
alimentícios diminuiu. Em 1940 era de 3.937 hectares. Quase tudo com produtos alimentares.
Atualmente com a produção de alimentos plantam-se cerca de 1.200 hectares. A principal lavoura de
alimentação é o milho, cujas plantações ocupam por volta de 900 hectares. depois vem a cana (para
alambique e forrageira), com 120 hectares. O feijão, lavoura tradicional do Alto Paraíba, ocupa
agora apenas 70 hectares.
Desde meados da década de 70 o principal produto agrícola de São Luís do Paraitinga passou
a ser o eucalipto. São mais ou menos 7.500 hectares ocupados com plantações, na grande maioria
destinadas às indústrias produtoras de papel. Como o trabalho com o eucalipto exige o deslocamento
para vários pontos do município, a mão de obra passou a residir em pequenas casas nos morros e
subúrbios da cidade. Quase todos trabalhadores vieram da zona rural com suas famílias.
Já no início dos setenta, o vigário de São Luís do Paraitinga fez uma modificação no calendário
da Festa do Divino que refletia bem as mudanças na economia do município. A festa foi transferida
de agosto para o tempo litúrgico de Pentecostes, entre o final de maio e o início de junho, sem que
se sentissem diferenças na oferta de prendas. Sinal de que as plantações já não faziam parte
significativa da vida rural do município.
Uma modificação fundamental na posse da terra e na produção rural ocorreu a partir da mesma
década. Os sítios e fazendas foram sendo vendidos, em número crescente, para moradores de cidades
grandes. A maioria passou a utilizar as propriedades para lazer ou com plantações de eucalipto. Os
empregados que ainda existiam eram dispensados e o local ficava sob a responsabilidade de apenas
uma família de lavradores.
Calcula-se que cerca de 1.000 pessoas estejam empregadas diretamente na produção de
eucalipto no município. Talvez essa seja a principal causa da inversão da distribuição de moradores
verificada no último recenseamento. Em 1940, dos 11.127 moradores, 1.164 residiam na zona
urbana e 9.963 estavam na zona rural. Atualmente os 9.922 habitantes dividem-se em 5.065 na
cidade e 4.857 que continuam morando na roça40. Como se vê, a população local continua
diminuindo ou, como dizem os moradores, “crescendo que nem rabo de cavalo” (para baixo).
A Casa da Agricultura fez um levantamento sobre o perfil das propriedades rurais do
município. Os dados conseguidos deixaram os técnicos impressionados com o número de casas
existentes sem qualquer morador. Eles estimam que daria para acomodar toda população urbana que
vive em sub-habitações.
Outra mudança fundamental no perfil econômico dos habitantes de São Luís do Paraitinga: boa
parte dos trabalhadores nas companhias de eucalipto, antes de se mudar para a cidade era de
pequenos sitiantes e meeiros. Deixaram de ser produtores rurais (o que os colocava entre os mais
importantes financiadores da Festa do Divino) e passaram a empregados-consumidores na zona
urbana.
A cultura caipira, que resistiu à romanização do início do século conseguirá resistir à chegada e
ao avanço da sociedade de massa, da globalização, do capitalismo enfim, que cada vez mais a
envolve? Agora, que tudo concorre para que os comportamentos enraizados nos costumes
agropastoris, sofram violenta modificação, conseguiriam os caipiras do Alto Paraíba a reapropriação
de seus símbolos culturais pela resistência passiva41, como mostrou em relação ao clero, no início do
século?
As manifestações culturais existentes no município no início da década de 70, levaram o
CONDEPHAAT, na época um órgão ativo da Secretaria de Cultura do Estado, a dar a cidade o
título de “a mais brasileira das cidades paulistas”.
As pessoas interessadas no estudo e na preservação das raízes da cultura paulista agora estão
preocupadas em saber se as mudanças que ocorrem na cultura caipira do Alto Paraíba (simbolizada
pela Festa do Divino Espírito Santo de São Luís do Paraitinga), são sinais de um processo de
decadência ou se isso é apenas uma forma de transição para os tempos modernos e pós-modernos.
39
Os números e outras informações sobre a produção e a situação agropastoril atual do município foram fornecidos
por esse técnico.
40
IBGE, Censo demográfico de 1940; e Benedito Rodrigues Matias, Expectativas demográficas, p. 6.
41
Oliveira, C.P., idem, p. 141.
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Judas Tadeu de Campos
Professor do Departamento de Pedagogia da UNITAU,
Jornalista Profissional, Correspondente do jornal O Estado do S.Paulo,
membro do Núcleo de Pesquisa em Comunicação - NUPEC, da mesma Universidade,
aluno no Programa de Pós-Graduação em Educação
(Mestrado em Supervisão e Currículo) na PUC-SP,
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Judas Tadeu de Campos (UNITAU/SP) Festa do Divino