PÁGINA 12 AGOSTO / 2013 A RAZÃO CRIANÇA Espaço infantil Sabe o que é limerique? THARSILA PRATES Jornalista, frequentadora da Filial São Paulo (SP) atiana Be linky, russa de nas cimen to, foi uma das ma iores escritoras de livros infantojuvenis do Brasil. Já trouxemos aqui alguns no mes de escritores fa mosos, e o de Tatiana vem com T uma novidade. Ela é perita na criação dos chamados li meriques. Isso mesmo: li-me-ri-ques. São poemas divertidos de apenas cinco versos. Em um blog na internet, encontramos uma explicação sobre o que é um lime rique, na forma de li merique. Não é de Ta ti ana, mas serve muito bem à ocasião: Limerique é poema curto Divertido, sonoro e astuto Com rima gostosa Forma curiosa Agrada a criança e o adulto! Tatiana fez um montão de limeriques. Ela é autora também de 270 títulos voltados a crianças e adolescentes. Morreu velhinha, aos 94 anos, na cidade de São Paulo, em junho último. A escritora veio da Rússia para o Brasil com a família aos dez anos. Além da literatura, tinha paixão pelo teatro e pela televisão, para onde adaptou a pri meira versão de O Sí tio do Picapau Ama relo . Tatiana era membro da Academia Paulista de Letras. Aqui vão alguns dos limeriques que ela fez. Ao ver uma velha coroca Fritando um filé de minhoca O Zé Minhocão Falou pro irmão: “Não achas melhor ir pra toca?” A triste senhora barata Achava que a vida era chata Fez uma macumba Dançou uma rumba E virou uma gata gaiata! A. ARAÚJO Vamos fazer uma pausa Para pensarmos direito: Não há efeito sem causa Nem causa sem efeito Então, lá vai: Com forte estrondo, um grande galho Partiu-se no velho carvalho Efeito do aflito Obeso mosquito Que se aboletou nesse galho! Por que... …sentimos cócegas? Existe uma explicação para as cócegas, e é simples: sentimos cócegas como um mecanismo de defesa do nosso organismo. Seria um instinto divertido que nos alerta quando algo se aproxima. Al guns acham que esse instinto foi desenvolvido desde os nossos antepassados. Um radar para a aproximação de aranhas, escorpiões e outras espécies de bichos quando dormíamos ao relento. Sentindo cócegas, o indivíduo tem como afastar o perigo. Quando esse “perigo” são as mãos alheias, a gen te cai na gargalhada, porque o toque incentiva esse radar, entenderam? As áreas mais sensíveis do corpo são as palmas das mãos, as plantas dos pés, as axilas, a nuca e o abdômen. Essas áreas estão cheias dos chamados receptores táteis, que enviam os estímulos para o cérebro. Por que será que não conseguimos fazer cócegas em nós mesmos? Simples, também. O nosso cérebro sabe o que vamos fazer e, portanto, anula a sensação de perigo que causa as cócegas. Não é mais surpresa. Por isso, não há efeito algum. Piadas De loiras - 1 De loiras - 2 A melancia chega para a banana e fala: – Oi, banana! – Oi, melão! Aí, a melancia furiosa diz: – Só podia ser loira mesmo! Duas loiras passeavam no parque e uma disse para a outra: – Olha um passarinho morto! A outra olha rapidamente para o céu e... – Onde? A vida ali é um deleite Suave tal qual puro azeite Na bela Cocanha O povo se banha Em rios de mel e de leite. Agora, as tentativas Eu me empolguei e fiz uns versinhos. Limerique mesmo não é, porque pa ra fazer um precisamos de muita técnica. Ao me nos, os meus versinhos rimaram. Ve - jam se fica ram boniti nhos, e que tal tentarem fazer um também? Se ficarem empolgados como eu, mandem as suas produções para a nossa página da Criança. Sentei na pedra O mar parecia uma aquarela Tão lindo, tão calmo Veio um pássaro De mim a um palmo Na Flipinha, livro nascia em árvore Em julho último, foi realizada a 11ª Festa Li terária Internacional de Paraty, a Flip. Dentro dela, como já é tradição, ocorreu a Flipinha, um espaço na praça da Matriz para a boa literatura infantil. Além das palestras e discussões voltadas a pais e educadores, a Flipinha deixa à disposição de quem quiser centenas de livros infantojuvenis. Eles ficam em cima de bancos, prateleiras, caixas e dão até em árvore. “Catamos” três dicas superlegais para passar o tempo da criançada. Boa leitura! Cultura , de Arnaldo Antunes Neste livro, o cantor e compositor criou frases que definem um monte de coisas a nosso redor. Por exemplo, “o escuro é a Em Paraty, durante a Flipinha, dava livros em árvore Adivinhas Historinha 1. O que aconteceu com o ferro de passar roupa que caiu da mesa? 2. O que a namorada do cromossomo disse para ele? 3. O que quanto mais cresce, menos se vê? 4. O que o gafanhoto traz na frente e a pulga, atrás? 5. O que é que vive batendo no céu? 6. O rato roeu a roupa de Rita. Quantos erres tem isso? Respostas: 1. Ficou passando mal; 2. Cromossomos felizes; 3. A escuridão; 4. A sílaba GA; 5. A língua; 6. Isso não tem erre. A. ARAÚJO Você sabe o que é Cocanha? Cocanha é uma terra estranha País que se esconde Ninguém sabe onde Lugar misterioso, a Cocanha Meu “limerique”: O hábito da leitura deve ser cultivado desde a infância e adolescência Tatiana Belinky metade da zebra”; “a tarefa do porco é engordar”; “o silêncio é o começo do papo”; “a galinha é um pouquinho do ovo”; e por aí vai. Antologia Ilustrada da Poesia Brasileira, organizado por Adriana Calcanhoto Em mais um trabalho para o público infantil, a cantora selecionou poemas de gente famosa no meio literário e os ilustrou. Entre os poetas, estão Cassiano Ricardo, Olavo Bilac, Vinícius de Morais e Ferreira Gullar. A menina Cláudia e o rinoceronte , de Ferreira Gullar Ferreira Gullar, grande nome da poesia brasileira, criou e ilustrou a história de um rinoceronte construído a partir de papel picado. Uma graça! O cavalo e o burro MONTEIRO LOBATO O cavalo e o burro seguiam juntos para a cidade. O cavalo, contente da vida, folgando com uma carga de quatro arrobas apenas, e o burro – coitado! – gemendo sob o peso de oito arrobas. Em certo ponto, o burro parou e disse: – Não posso mais! Esta carga excede às minhas forças, e o remédio é repartirmos o peso irmãmente, seis arrobas para cada um. O cavalo deu um pinote e relinchou uma gargalhada. – Ingênuo! Quer então que eu arque com seis arrobas quando posso tão bem continuar com as quatro? Tenho cara de tolo? O burro gemeu: – Egoísta! Lembre-se de que, se eu morrer, você terá que seguir com a carga de quatro arrobas e mais a minha. O cavalo pilheriou de novo, e a coisa ficou por isso. Logo adiante, porém, o burro tropica, vem ao chão e rebenta. Chegam os tropeiros, maldizem a sorte e sem demora arrumam com as oito arrobas do burro sobre as quatro do cavalo egoísta. E como o cavalo refuga, dão-lhe de chicote em cima, sem dó nem piedade. – Bem feito, exclamou o papagaio. Quem mandou ser mais burro que o próprio burro e não compreender que o verdadeiro egoísmo era aliviá-lo da carga em excesso? Tome! Gema dobrado agora…