UNIVERSIDADE
CATÓLICA DE
BRASÍLIA
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Curso de Engenharia
Ambiental
CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DA
ÁGUA DO ALTO VALE DO CÓRREGO
PIPIRIPAU.
Autor: Ciro Leonardo Rabelo Coelho
Orientador: Murilo Gomes Torres
BRASÍLIA
2007
ii
CIRO LEONARDO RABELO COELHO
CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO ALTO
VALE DO CÓRREGO PIPIRIPAU.
Monografia apresentada ao curso de Engenharia
Ambiental da Universidade Católica de Brasília,
como requisito parcial à obtenção do Título de
Bacharel em Engenharia Ambiental.
Orientador: Prof. Murilo Gomes Torres
Brasília/DF
2007
iii
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA
CURSO: ENGENHARIA AMBIENTAL
CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO ALTO VALE DO
CÓRREGO PIPIRIPAU.
CIRO LEONARDO RABELO COELHO
Monografia defendida e aprovada como requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Ambiental, em 28 de novembro de 2007, pela banca examinadora
constituída por:
______________________________________
Prof. Murilo Gomes Torres
(Orientador)
_____________________________________
Profª. Drª. Lucijane Monteiro de Abreu
(Examinador Externo)
Brasília
UCB
iv
A Deus, aos meus pais, meu irmão Felipe, minha
namorada Karyna, meus primos e amigos que
tiveram comigo nas horas mais complicadas.
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus, pelo dom da vida.
A meu pai, Zanone Ribeiro Coelho, por me dar seu apoio durante toda essa jornada e sempre
ter me incentivado nessa batalha.
A minha maravilhosa mãe, Merenice Aparecida Rabelo Coelho, que sempre com seu jeito fez
com que eu tivesse força pra continuar e chegar ate aonde cheguei.
Ao meu irmão, Felipe Augusto Rabelo Coelho, pela força, carinho, e incentivo, te amo
japonês.
A minha querida namorada, Karyna Byanca de Freitas Ferraz, pelo amor, carinho, atenção,
apoio e compreensão nos momentos em que precisei de sua paciência.
Ao professor Murilo Gomes Torres, pela orientação, contribuição e compartilhamento de
idéias.
Aos profissionais do Laboratório de Águas e do Laboratório de Espectroscopia Atômica
Aplicada, por realizar minhas análises, fornecendo os resultados essenciais para este estudo.
A Caesb, por ter sido parte fundamental no meu aprendizado e por todos que lá tiveram
sempre ao meu lado: Gislene Lourenço, Suzana Alipaz, Solange Rocha, Vladimir Puntel,
Fernando Feijó e Fernanda Miquelino.
A todos meus amigos e colegas da Universidade, principalmente aos que me ajudaram, pelo
companheirismo durante todos esses anos, Saulo Alvarenga, Felipe Salim, Marcelus, Marcelo
Rypl, Gabriela Mascarenhas, Raniery, Vinicius Calhau, Willen Willy, Juliano, Rafael
Cardoso, Sabrina, Rafaela Aloise e Mônica Zaranza pelo apoio e incentivo em todos os
momentos em mais uma etapa concluída da minha vida.
E a todos meus amigos que são muitos e que sempre tiveram ao meu lado nesse jogo que é a
vida: Luciano Lima, Zedico, Toni, Carlos Alberto, Danilo Coelho, Rafael Lima, Breno Aires,
Luana e Estevão.
O meu muito obrigado a todos!
vi
RESUMO
O crescente uso da ocupação da sub-bacia do Pipiripau vem se tornando um grande
problema para o ecossistema presente. As áreas antes, cerrado nativo, matas de galeria etc,
hoje quase não são mais encontradas na área da sub-bacia, em função do constante avanço
urbano, agrícola e pecuário.
Este trabalho consiste em caracterizar a qualidade da água do Alto Vale do Pipiripau
através dos parâmetros físico-químicos e biológicos. Os dados para análises foram obtidos
através de coleta de suas águas em 05 pontos distribuídos ao longo do seu trecho. Essas
amostras foram encaminhadas para análises nos laboratórios de Água e Espectrometria da
Universidade Católica de Brasília.
Foram elaborados gráficos para demonstração dos parâmetros analisados: Fosfato,
Cor, Turbidez, pH, Dureza, Amônia, Condutividade, Sólidos Dissolvidos Totais, DQO,
Nitrato, Coliformes Totais e Coliformes Fecais, além dos metais Alumínio, Boro, Cálcio,
Ferro, Magnésio e Silício que foram escolhidos para serem analisados em função de seus
resultados poderem representar possíveis contaminações em relação aos lançamentos de
efluentes e de utilização de compostos agrícolas. Os resultados demonstraram que o córrego,
apesar de alguns dos parâmetros analisados, como Coliformes Fecais, Ferro e Alumínio,
terem ficado acima dos Valores Máximos Permissíveis pela a Resolução CONAMA 357/05
para classe 2, que foi utilizada como base para comparação, o Alto Vale do córrego do
Pipiripau encontra-se com a sua qualidade boa.
PALAVRAS-CHAVE: Qualidade de água, uso agrícola, córrego do Pipiripau, parâmetros
físico-químicos e biológicos e CONAMA 357/05.
vii
ABSTRACT
The increasing use and occupation of the sub-bacia of Pipiripau is becoming a great
problem for the ecosystem present. The areas before, cerrado native, bushes of gallery etc,
aren’t found in the area of the sub-bacia today, in function of the constant urban, agricultural
and livestock advance.
This work consists on characterizing the quality of the water of the Alto Vale do
Pipiripau through the biological and physicist-chemistries parameters. The data for analyses
had been gotten through collection of water in 05 differents points distributed in the river
route. These samples had been brought for analyses in the laboratories of Water and
Spectrometry of University Catholic of Brasilia.
A graphic for demonstration of the analyze parameters was created, it presents:
Phosphate, Color, Turbidity, pH, Hardness, Ammonia, Conductivity, Solid Dissolvidos
Totals, DQO, nitrate, and Total Coliform Coliform Fecais, in addition to the metal Aluminum,
Boron, Calcium, Iron, Magnesium and silicon
This parameters had been chosen to be analyzed cause of its results can represent
possible contaminations in relation to the releases of effluent and agricultural composite use.
The results had demonstrated that river, although some of the analyzed parameters, as
Coliform Fecais, , Iron end Aluminum, have been above of the Permissible Maximum Values
for the a Resolution CONAMA 357/05 for class 2, that base for comparison was used as, o
Alto Vale do córrego do Pipiripau has a good quality.
KEY-WORDS: Quality of water, agricultural use, Córrego do Pipiripau, biological physicistchemistries parameters and CONAMA 357/05.
viii
SUMÁRIO
LISTA DE FOTOS .................................................................................................................. xi
LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................xii
LISTA DE GRAFICOS ........................................................................................................xiii
LISTA DE SIGLAS SÍMBOLOS E ABREVIATURAS.................................................... xiv
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 2
2.1. OBJETIVO GERAL .................................................................................................... 2
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 2
3. JUSTIFICATIVAS............................................................................................................. 2
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 3
4.1. DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO....................................................................... 3
4.2. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO .................................................................. 5
4.2.1. Clima ................................................................................................................. 5
4.2.2. Geologia ............................................................................................................ 7
4.2.3. Pedologia ......................................................................................................... 10
4.2.4. Geomorfologia ................................................................................................. 14
4.2.5. Declividade e Hipsometria .............................................................................. 16
4.3. CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E BIOLÓGICAS ................................ 18
4.3.1. Parâmetros físicos ............................................................................................ 18
4.3.2. Parâmetros bacteriológicos .............................................................................. 24
4.3.3. Elementos químicos ......................................................................................... 25
4.4. RECURSOS HÍDRICOS ........................................................................................... 34
4.4.1. Bacias hidrográficas brasileiras ....................................................................... 35
4.4.2. Bacias hidrográficas do DF ............................................................................. 36
4.5. POLUIÇÃO ................................................................................................................ 37
4.6. EUTROFIZAÇÃO ..................................................................................................... 38
4.7. AUTODEPURAÇÃO ................................................................................................ 38
4.8. TRABALHOS ANTERIORES .................................................................................. 39
5. METODOLOGIA ............................................................................................................ 41
5.1. ATIVIDADES DE CAMPO ...................................................................................... 41
ix
5.2. ATIVIDADES LABORATORAIS ............................................................................ 41
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 43
6.1. DESCRIÇÃO DOS PONTOS DE COLETA ............................................................. 43
6.2. RESULTADO DAS ANÁLISES DOS PONTOS DE COLETA .............................. 52
6.3. DISCUSSÃO DO RESULTADO DAS ANÁLISES OBTIDAS NOS PONTOS
AMOSTRADOS ........................................................................................................ 53
6.4. DISCUSSÃO DAS ANÁLISES OBTIDAS E APRESENTAÇÃO DOS
RESULTADOS .......................................................................................................... 53
6.4.1. Fósforo Total ................................................................................................... 54
6.4.2. Potencial Hidrogeniônico (pH) ........................................................................ 54
6.4.3. Dureza .............................................................................................................. 55
6.4.4. Cor ................................................................................................................... 56
6.4.5. Turbidez ........................................................................................................... 56
6.4.6. Demanda Química de Oxigêmio (DQO) ......................................................... 57
6.4.7. Nitrato .............................................................................................................. 58
6.4.8. Amônia ............................................................................................................ 59
6.4.9. Condutividade .................................................................................................. 60
6.4.10. Sólidos Totais Dissolvidos ............................................................................... 61
6.4.11. Fosfato .............................................................................................................. 62
6.4.12. Coliformes Totais ............................................................................................. 63
6.4.13. Coliformes Fecais ............................................................................................. 64
6.5. DISCUSSÃO DAS ANÁLISES OBTIDAS E APRESENTAÇÃO DOS
RESULTADOS PARA METAIS ............................................................................... 65
6.5.1. Alumínio (Al) .................................................................................................. 65
6.5.2. Boro (B) ........................................................................................................... 67
6.5.3. Cálcio (Ca) ....................................................................................................... 68
6.5.4. Ferro (Fe) ......................................................................................................... 69
6.5.5. Magnésio (Mg) ................................................................................................ 70
6.5.6. Sódio (Na) ....................................................................................................... 71
7. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ........................................................................ 73
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 75
APÊNDICE ............................................................................................................................ 79
ARTIGO ................................................................................................................................. 80
x
ANEXO.................................................................................................................................... 98
ANEXO A: TABELAS........................................................................................................... 99
ANEXO B: RESOLUÇÃO CONAMA 357/05................................................................... 102
xi
LISTA DE FOTOS
Fotos
Conteúdo
Página
6.1
PRESENÇA DE LIXO E BASTANTES SEDIMENTOS ............................... 45
6.2
TONALIDADE CLARA E AUSÊNCIA DA MATA DE GALERIA............. 46
6.3
PONTE SOBRE O CÓRREGO MARIA VELHA E A QUEIMA DE MATA
DE GALERIA .......................................................................................................................... 47
6.4
ÁGUA CRISTALINA...................................................................................... 47
6.5
ÁGUA BASTANTE TURVA E SOLO RICO EM MATÉRIA ORGÂNICA 48
6.6
MATA DE GALERIA BASTANTE PRESERVADA .................................... 49
6.7
ÁGUA TURVA................................................................................................ 50
6.8
PASTORIL
RETIRADA DA MARGEM ESQUERDA PARA EXPANSÃO AGRO.......................................................................................................................... 50
6.9
CÓRREGO PIPIRIPAU COM A MATA DE GALERIA PRESERVADA .... 51
6.10
CÓRREGO PIPIRIPAU COM A TONALIDADE CLARA ........................... 52
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura
Conteúdo
Página
4.1
LIMITE DA BACIA DO PIPIRIPAU ............................................................... 4
4.2
CLIMA DA BACIA DO PIPIRIPAU ................................................................ 5
4.3
GEOLOGIA DA BACIA DO PIPIRIPAU ........................................................ 7
4.4
PEDOLOGIA DA BACIA DO PIPIRIPAU .................................................... 10
4.5
GEOMORFOLOGIA DA BACIA DO PIPIRIPAU ........................................ 14
4.6
DECLIVIDADE DA BACIA DO PIPIRIPAU ................................................ 16
4.7
HIPSOMETRIA DA BACIA DO PIPIRIPAU ................................................ 17
4.8
PERCENTUAL DE RECURSOS HÍDRICOS NO BRASIL POR REGIÃO . 36
4.9
USO E OCUPAÇÃO DA BACIA DO PIPIRIPAU NO ANO DE 2003......... 40
6.1
PIPIRIPAU
CARACTERIZAÇÃO DOS PONTOS COLETADOS NA BACIA DO
.......................................................................................................................... 45
xiii
LISTA DE GRÁFICO
Gráfico
Conteúdo
Página
6.1
RESULTADO PARA O PARÂMETRO pH ................................................... 54
6.2
RESULTADO PARA O PARÂMETRO DUREZA ........................................ 55
6.3
RESULTADO PARA O PARÂMETRO COR ................................................ 56
6.4
RESULTADO PARA O PARÂMETRO TURBIDEZ .................................... 57
6.5
RESULTADO PARA O PARÂMETRO DQO................................................ 58
6.6
RESULTADO PARA O PARÂMETRO NITRATO....................................... 59
6.7
RESULTADO PARA O PARÂMETRO AMÔNIA........................................ 60
6.8
RESULTADO PARA O PARÂMETRO CONDUTIVIDADE....................... 61
6.9
RESULTADO PARA O PARÂMETRO SÓLIDOS TOTAIS ........................ 62
6.10
RESULTADO PARA O PARÂMETRO FOSFATO ...................................... 62
6.11
RESULTADO PARA O PARÂMETRO COLIFORMES TOTAIS................ 63
6.12
RESULTADO PARA O PARÂMETRO COLIFORMES FECAIS ................ 65
6.13
RESULTADO PARA O PARÂMETRO ALUMÍNIO .................................... 66
6.14
RESULTADO PARA O PARÂMETRO BORO ............................................. 67
6.15
RESULTADO PARA O PARÂMETRO CÁLCIO ......................................... 68
6.16
RESULTADO PARA O PARÂMETRO FERRO ........................................... 70
6.17
RESULTADO PARA O PARÂMETRO MAGNÉSIO ................................... 71
6.18
RESULTADO PARA O PARÂMETRO SÓDIO ............................................ 72
xiv
LISTA DE SIGLAS, SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
CONAMA
Conselho Nacional do Meio Ambiente
CAESB
Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal
DF
Distrito Federal
DQO
Demanda Química de Oxigênio
LD
Limite de Detecção
pH
Potencial Hidrogeniônico
GPS
Sistema de Posicionamento Global
RA
Região Administrativa
UCB
Universidade Católica de Brasília
UT
Unidade de Turdidez
UTM
Universal Transversa de Mercator
VMP
Valores Máximos Permissíveis
EMBRAPA
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.
1
1. INTRODUÇÃO
Atualmente, um dos maiores problemas de cidades como Brasília, é conter o uso e
ocupação do solo de sua região. Essa situação está relacionada de forma direta com a
conservação dos recursos naturais em principal à água. É fundamental que se tenha um
consenso entre desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente principalmente
a de recursos como à água e a energia (combustível fóssil) tornando-se o desenvolvimento
sustentável, proporcionando, também, boa qualidade de vida para as gerações futuras (LIMA,
2006).
Qualquer tipo de Atividade antrópica que ocorra em uma Bacia Hidrográfica
influenciará no ciclo hidrológico, independente do grau de utilização ou o tipo de uso se é
direto ou indireto. A qualidade das águas também depende de condições geológicas e
geomorfológicas da área, além da cobertura vegetal da bacia, do comportamento dos
ecossistemas terrestres e águas doces e das ações do homem como fator chave (LIMA, 2006).
A falta de políticas de planejamento para a disposição das cidades, aliado a falta de
cuidados ambientais e a conivência do governo local vêm levando os proprietários de terras a
promoverem uma ocupação desordenada do solo, o que coloca o Distrito Federal sobre sérios
riscos de danos ambientais. Essa situação é observada na maioria das vezes em áreas que não
deveriam ser ocupadas e sim protegidas, com a finalidade de disciplinar a ocupação local,
preservar os recursos naturais, proteger a diversidade biológica. Esse tipo de ocupação afeta
ao meio ambiente, pois as áreas de nascentes são desmatadas, os cursos d’água são desviados,
assoreados e contaminados por emissões clandestinas de esgoto, e por vários outros impactos.
O descomprometimento da preservação dos corpos hídricos aliada à falsa idéia de que
a água é um recurso inesgotável em principal no Brasil que é um país que possui certa
abundância em relação a este recurso. Porém este conceito não é verdadeiro e tem mudado
bastante, pois a sensibilização mundial e nacional a respeito da questão da água tem sido cada
vez maior (LIMA, 2006).
Algumas atividades relacionadas ao uso da água podem provocar alterações em suas
características, tornando-a imprópria para outros fins como: a recreação podendo modificar a
qualidade da água, prejudicando o abastecimento humano; a irrigação, com uso de
fertilizantes e pesticidas, podendo provocar a poluição de mananciais, causando prejuízos a
outros usos; a água utilizada para diluir despejos, mesmo tratados, torna-se imprópria para
consumo humano e para outros fins (MOTA, 2000).
2
A sub-bacia do Córrego Pipiripau apresenta uma vocação agrícola e de abastecimento
duas captações de água importantes: a do canal Santos Dumont, instalada para suprir a
necessidade de irrigação de culturas do Núcleo Rural Santos Dumont, e a da CAESB, para o
abastecimento humano das cidades de Sobradinho e Planaltina.
Diante do exposto o presente trabalho vai tratar sobre as análises físico-químicas,
bacteriológicas e de metais da água em 5 pontos em locais distintos mas que compõe as
drenagens do alto vale da sub-bacia do Pipiripau com o intuito de verificar se o uso e
ocupação desta região estão comprometendo a qualidade dessa água.
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Caracterização da qualidade da água do córrego no que se refere ao levantamento de
parâmetros físico-químicos e biológicos do corpo d´água em questão.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
i.
Analisar os parâmetros físico-químico e biológico da qualidade de água dentro da
área do Alto vale do Pipiripau;
ii.
Propostas mitigadoras para os processos e agentes degradadores da bacia.
3. JUSTIFICATIVA
O Distrito Federal nos últimos anos vem sofrendo de uma crescente ocupação
desordenada de seus territórios e por conseqüência das áreas das suas bacias e sub-bacias
pertencentes. Os corpos d’dagua refletem diretamente o uso e ocupação de suas margens,
recebendo diariamente cargas poluidoras de fontes distintas ao longo de vários anos.
A ação antrópica sobre o meio aquático tem se despontado como uma das maiores
responsáveis pelas alterações fisico-químicas e biológicas, considerando que esses córregos
vêm sendo, ao longo dos últimos anos, utilizados como depósitos de rejeitos. A ocupação
eminentemente urbana dessas áreas resultou em um incremento da demanda nos diversos usos
das águas e consequentemente aumento das cargas orgânicas, de nutrientes e de coliformes
gerados pelos esgotos domésticos, bem como das contribuições de fontes difusas ligadas às
3
atividades agrícolas e de criações de animais nas pequenas propriedades rurais (CAMPOS,
2004).
A sub-bacia do Alto Pipiripau está inserida nesse contexto e a caracterização dos
parâmetros físico-químicos e biológicos presentes no córrego e seus afluentes, com base nos
padrões da Resolução CONAMA 357/05. Faz-se e de extrema importância, pois a bacia do
Pipiripau é um das responsáveis por parte do abastecimento de água da Região Administrativa
de Planaltina – DF (RA-VI) alem de ser responsável pela água utilizada para irrigação na
região, que apresenta uma característica extremamente agrária. Ainda a analise do
comprometimento da drenagem servirá de apoio para que se possam propor medidas
mitigadoras aos agentes degradadores da bacia.
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1 DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
A área de estudo corresponde a um curso d’água superficial localizado no noroeste do
Distrito Federal sendo ele o córrego Pipiripau. O presente trabalho corresponde à área do alto
vale da sub-bacia do Pipiripau, esta região está inserida a norte do córrego Pipiripau. Este
córrego é formado pelos córregos Vendinha e Maria Velha no limite entre o Distrito Federal e
o estado de Goiás envolvendo a Região Administrativa de Planaltina (RA – VI). A bacia
hidrográfica do ribeirão Pipiripau abrange uma área de drenagem de 23.527,36 hectares
diretamente relacionada ao curso d’água com 41 km de extensão, o qual deságua no rio São
Bartolomeu, um dos mananciais mais importantes do Distrito Federal (CAESB, 2001).
O córrego do Pipiripau contribui para que Planaltina hoje possua a maior população
rural do Distrito Federal, uma vez que a sua área tenha características extremamente rurais.
Além da área ter uma inegável vocação para agricultura a bacia do córrego Pipiripau possui
duas captações de água: a do canal Santos Dumont, instalada para suprir a necessidade de
irrigação de culturas do Núcleo Rural Santos Dumont, e a da Caesb, para o abastecimento ano
das cidades de Sobradinho e Planaltina (http://www.planaltina.df.gov.br).
O sistema Pipiripau de abastecimento faz parte do Sistema Integrado de
Abastecimento de Água de Sobradinho/Planaltina, que inclui também os subsistemas Fumal,
Brejinho, Corguinho, Quinze, Mestre D’Ármas, Paranoazinho, Contagem e quatro poços
tubulares profundos (CAESB, 2001).
4
Figura 4.1: Limite da bacia do Pipiripau. Fonte: HGeo, 2001.
5
4.2 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO
4.2.1 CLIMA
Figura 4.2: Clima da bacia do Pipiripau. Fonte: Mapa das unidades Hidrográficas do DF –
1994 SEMATEC/ CODEPLAN
6
O clima da região está divido em duas classes segunda a classificação de Köppen, sendo
elas Aw e Cwa. De acordo a classificação de Köppen, internacionalmente adotada, os tipos de
clima do Distrito Federal são o tropical AW e o tropical de altitude Cwa e Cwb
(http://www.seduma.df.gov.br). Este tipo de clima é o “Tropical de Savana”, com a
concentração pluviométrica no verão. A estação chuvosa começa em outubro e termina em
abril, representando 84% do total anual. O trimestre mais chuvoso é de novembro à janeiro,
sendo que o mês de Dezembro, é o mês onde ocorre a maior intensidade de chuvas durante o
ano. A estação seca vai de maio a setembro, sendo que, no trimestre mais seco (junho/ julho/
agosto), a precipitação representa apenas 2% do total anual. Em termos totais anuais, a
precipitação media interanual, no Distrito Federal, varia entre 1.200 mm à 1.700 mm
(FERRANTE et. al., 2001).
Os tipos climáticos do Distrito Federal podem ser classificados, segundo Koppën em:
•
Tropical (AW) – cuja temperatura média do mês mais frio é superior a 18°C, que
ocorre em locais com cotas altimétricas abaixo de 1.000 m.;
•
Tropical de Altitude (CWA) – cuja temperatura media do mês mais frio é inferior a
18°C e superior a 22°C no mês mais quente, que abrange altitudes entre 1.000 e 1.200
m; e
•
Tropical de Altitude (CWB) - cuja temperatura media do mês mais frio é inferior a
18°C e superior a 22°C no mês mais quente, abrangendo as áreas com cotas
altimétricas acima de 1.200 m.
7
4.2.2 GEOLOGIA
Figura 4.3: Geologia da Bacia do Pipiripau. Fonte: Inventário Hidrogeológico do DF -1998.
8
O DF está situado na porção central da Faixa de Dobramentos e Cavalgamentos,
Brasília na sua transição das porções internas (de maior grau metamórfico) e externas (de
menor grau metamórfico), apresenta uma estruturação geral bastante complexa com
superposição de dobramentos com eixos ortogonais (CAMPOS, 2004).
A composição litológica do DF e composta de quatro tipos distintos de formação: os
grupos Paranoá, Canastra, Araxá e Bambuí e suas respectivas coberturas de solos residuais ou
coluvionares. Os grupos Paranoá e Canastra apresentam idade meso/neoproterozóica (1.300 A
1.100 milhões de anos) e os grupos Araxá e Bambuí, idade neoproterozóica (950 a 750
milhões de anos) (FERRANTE et. al., 2001).
O Grupo Paranoá ocupa uma área de 65% do Distrito Federal, sendo possível
diferenciar sete tipos de unidades litoestratigráficas correlacionáveis, da base para o topo, com
as seqüências deposicionais Q2, S, A, R3, Q3, R4 e PC das áreas-tipo da região de Alto
Paraíso de Goiás (FREITAS ; CAMPOS, 1998).
A Unidade Q2 é definida por quartzitos médios com canais conglomeráticos no topo
da seqüência, ela ocorre de maneira restrita na porção leste do Domo Estrutural do Pipiripau
(Chapada do Pipiripau) (FREITAS; CAMPOS, 1998).
A Unidade S, no Distrito Federal, é composta por metassiltitos maciços e
metarritmitos arenosos em direção ao topo da seqüência. Em alguns casos localizados, podem
ocorrer também camadas de quartzitos estratificados e mais raramente são observadas, em
poços, lentes de metacalcário micrítico cinza, esta unidade tem afloramento de forma
claramente restrita em janelas estruturais no interior do Domo Estrutural de Brasília (região da
Depressão do Paranoá) (FREITAS ; CAMPOS, 1998).
A Unidade A, das ardósias, é composta pelo significativo conjunto de ardósias roxas,
homogêneas, dobradas, com uma forte clivagem ardosiana e com casualmente lentes
irregulares de quartzitos, que ocupam variadas posições estratigráficas. As ardósias são cinzaescuras, quando frescas, e intensamente fraturadas em afloramentos. O acamamento primário
é a única estrutura sedimentar observada em afloramentos (FREITAS; CAMPOS, 1998).
A Unidade R3, dos metarritmitos caracterizadas por intercalações irregulares de
quartzitos finos, brancos e laminados com camadas de metassiltitos, metalamitos e
metassiltitos argilosos com cores cinza-escuras, quando frescos, que passam para tons de
rosados a avermelhados, quando estão próximos à superfície do solo. Além do acamamento,
podem ser observadas estratificações do tipo simoidais, hummockys e marcas onduladas
(FREITAS; CAMPOS, 1998).
9
A Unidade Q3 é composta por quartzitos, de finos a médios, brancos ou rosados,
silicificados e intensamente fraturados, essas estratificações cruzadas variam e, mais
raramente, apresentam marcas onduladas. Sustentam o relevo de chapadas elevadas em cotas
superiores a 1.200 m (FREITAS; CAMPOS, 1998).
A Unidade R4 é caracterizada pelos metarritmitos argilosos. Estes são formados por
intercalações regulares de quartzitos e metapelitos, com espessuras bastante regulares da
ordem de 1 a 3 cm. Apenas raramente são discriminados pacotes decimétricos de metassiltitos
maciços (FREITAS; CAMPOS, 1998).
Ainda se faz presente a unidade litoestratigráfica, no topo do Grupo Paranoá, a
Unidade Psamo Pelito Carbonatada que é caracterizada por lentes de metacalcários, camadas
e lentes de quartzitos pretos e grossos interdigitados com metassiltitos e metargilitos com
cores amareladas, que passam a ter tons rosados quando alterados (FREITAS; CAMPOS,
1998).
O Grupo Canastra faz a composição de cerca de 15% da área do DF, aparecendo pelos
vales dos rios São Bartolomeu (na porção central do DF) e também Maranhão (na porção
Centro-Norte do DF). É composto fundamentalmente por filitos variados, os quais incluem
clorita filitos, quartzo-fengita filitos e clorita-carbonato filitos. Além dos filitos, ocorrem
subordinadamente, na forma de lentes decamétricas, mármores finos cinza-claros e quartzitos
finos silicificados e cataclasados. Na região do DF, estes filitos são correlacionáveis às
formações Serra do Landim e Paracatu (FERRANTE et. al., 2001).
O Grupo Araxá faz limite com o Setor Sudoeste do Distrito Federal. Com uma área
restrita a apenas 5% da área total do território, é caracterizado por xistos variados com grande
predominância de muscovita xistos e ocorrências restritas de clorita xistos, quartzo-muscovita
xistos, granada xistos e lentes de quartzitos micáceos (FERRANTE et. al., 2001).
O quarto e ultimo grupo é o Grupo Bambuí se apresenta em cerca de 15% da área total
do DF, presente na porção Leste, ao longo do Vale do Rio Preto. É caracterizado por
metassiltitos laminados, metassiltitos argilosos e bancos de arcóseos, com cor de alteração
rosada/avermelhada e com cor de rocha fresca em vários tons de verde. Esse conjunto
litoestratigráfico corresponde às 25 formações Serra da Saudade e Três Marias do topo do
Grupo Bambuí (FERRANTE et. al., 2001).
10
4.2.3 PEDOLOGIA
Figura 4.4: Pedologia da bacia do Pipiripau. Fonte: Mapa de reconhecimento dos Solos do DF
– 1978 EMBRAPA.
11
O alto vale da Sub-Bacia do Pipiripau apresenta 5 tipos distinto de solos, são eles:
Latossolos Vermelho-Escuro (Led), Latossolos Vermelho-Amarelo (LVd), Cambissolos (C),
Gleissolos (GX) e Neossolo Quartzarênico (RQ). Contudo a maior da composição é de
Latossolos.
•
LATOSSOLOS VERMELHO-ESCURO (LEd)
A EMBRAPA define como Latossolos Vermelho-Escuro os solos considerados como
não-hidromórfico, com horizonte A moderado e horizonte B latossólico, de textura argilosa
ou média, rico em sesquióxidos. Esses tipos de solo são bastante porosos e muito permeáveis,
de acentuada a fortemente drenados. São álicos e fortemente ácidos. Estes solos são rasos,
com uma distinção pequena entre horizontes, sendo estes pouco férteis e com evolução bem
antiga (FERRANTE et.al., 2001).
Este solo, geralmente, dar-se a predominância de cerrado e cerradão e o relevo, na
maioria dos casos, varia de plano a suave ondulado, estende-se em uma ampla continuidade.
Segundo a SEBRAE (2004) estes solos estão presentes nos compartimentos Planaltos e
divisores em Planos Intermediários, sobre as rochas do Grupo Paranoá.
•
LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELO (LVd)
O diferencial básico entre os Latossolos Vermelho-Escuro e Amarelo está relacionado
à cor predominante do horizonte B, neste, as cores são de vermelha à amarela, matiz 2,5 YR
ou mais amarelada. Em alguns perfis também podem apresentar caráter concrecionário e
plíntico (EMBRAPA, 1999).
A EMBRAPA (1999) define que nesse tipo de solo, a ocorrência predominância de
cerrado sensu stricto, campo limpo e campo sujo. Está presente no compartimento rebordos
que apresentam vertentes comdeclividades entre 5 e 20%, retilíneas a convexas (EMBRAPA,
1999).
12
•
CAMBISSOLOS (C)
Os Cambissolos possuem um horizonte B Incipiente (horizonte raso) são solos pouco
desenvolvidos, no qual alguns minerais primários e fragmentos líticos facilmente
intemperizáveis ainda estão presentes (SEBRAE, 2004).
A EMBRAPA (1999) define a predominância de campo limpo para esse tipo de solo.
Presente nos compartimentos de relevo com maior declividade e nas vertentes mais
movimentadas.
No DF, as características principais dos horizontes B dos cambissolos que os
diferenciam da classe dos latossólicos são definidos da seguinte maneira: espessura quase
sempre inferior a 70 cm; relação Ki > 2,2; normalmente, textura mais grosseira; saprolito com
maior espessura; e as transições entre os horizontes A, (B) e C são claras e abruptas
(EMBRAPA, 1999).
•
GLEISSOLOS (GX)
Os Gleissolos caracterizam-se por ter um horizonte A bem desenvolvido e por
apresentarem processos de redução do Fe em ambientes com elevada atividade de água e
baixa drenagem. As estruturas do horizonte B geralmente são maciças (EMBRAPA, 1999).
O horizonte B da classe dos hidromórficos apresentam mosqueados e nódulos
ferruginosos. A razão Ki geralmente é maior que 2,2, em função da elevada atividade da
sílica (EMBRAPA, 1999).
Normalmente este tipo de solo está presente em torno de drenagens e pequenos
córregos, associados ao afloramento do lençol freático. Os relevos, geralmente de planos a
suave ondulados, são típicos docompartimento Planos Intermediários (EMBRAPA, 1999).
Neste tipo de solo, geralmente, ocorre à presença de matas de galeria o. Em situações
particulares, estes solos estão diretamente ligados a campos de murunduns, em áreas planas,
junto à nascente de drenagens (EMBRAPA, 1999).
13
•
NEOSSOLO QUARTZARÊNICO (RQ)
De acordo com a nova classificação de solos brasileiros as Areias Quartzos são
definidas como Neossolos Quartzarênicos. Este solo é originado dos quartzitos do Grupo
Paranoá, sendo encontrado normalmente na porção transicional das chapadas para os rebordos
e escarpas de relevo. A principal característica que diferencia ente solo em relação aos
latossolos é meramente a sua textura que, no caso desta classe, é de arenosa a franca arenosa.
Os agregados das Areias Quartzosas são formados por grãos simples, compostos por quartzo.
Este solo apresenta um grande grau de suscetibilidade em função da fraca estrutura de sua
composição. As espessuras são similares às encontradas nos latossolos. A classe contém no
máximo 15% da fração argilosa e em geral o índice de cor é 10YR (EMBRAPA, 1999).
14
4.2.4 GEOMORFOLOGIA
Figura 4.5: Geomorfologia da bacia do Pipiripau. Fonte: Atlas DF – 1984 CODEPLAN
15
O DF está situado no Planalto Central do Brasil, onde localiza se as cabeceiras de
afluentes dos três maiores rios em territórios brasileiros - o Rio Maranhão (afluente do Rio
Tocantins), o Rio Preto (afluente do Rio São Francisco) e os rios São Bartolomeu e
Descoberto (tributários do Rio Paraná) (CAMPOS, 2004).
A compartimentação geomorfológica do Distrito Federal inclui os domínios
geomorfologico denominados de Pediplano de Contagem-Rodeador, Pediplano de Brasília,
Depressão Interplanáltica e Planalto Dissecado do Alto Maranhão, e, por fim, Planícies
Aluviais e Alveolares. Os dois pediplanos foram interpretados como representantes de
superfícies residuais de aplainamentos. Na área de estudo a região do alto vale da Sub-bacia
do Pipiripau é verificado a presença de três compartimentaçoes geomorfológica destas supra
citadas; Pediplano de Brasília (em sua maioria), Depressão Interplanáltica e Planalto
Dissecado do Alto Maranhão e Planícies Aluviais e Alveolares (PENTEADO, 1990).
O Pediplano de Contagem-Rodeador apresenta as cotas mais elevadas, entre 1.200 e
1.400m, estando representado por chapadas, chapadões e interflúvios tabulares, que
correspondem à superfície de aplainamento mais antiga do Distrito Federal, desenvolvida
durante um ciclo de erosão do Cretáceo Médio e gerada em condições de clima seco (CRULS,
1987).
Os domínios Depressão Interplanáltica e Planalto Dissecado do Alto Maranhão
correspondem às áreas mais baixas, situadas entre as cotas 800 e 950 m, coincidentes com os
vales dos grandes rios do Distrito Federal, apresentando, caracteristicamente, um relevo em
colinas e interflúvios tabulares, originados em condições de alternância climática entre úmida
e seca, gerando erosões sucessivas, provavelmente relacionadas a soerguimentos tectônicos,
eventos para os quais não foram atribuídas idades (CRULS, 1987).
16
4.2.5 DECLIVIDADE E HIPSOMETRIA
A declividade e hipsometria estão respectivamente demonstradas nas Figuras, 4.6 e 4.7 a
seguir:
Figura 4.6: Declividade da bacia do Pipiripau. Fonte: Atlas do DF – CODEPLAN -1984
17
Figura 4.7: Hipsometria da bacia do Pipiripau. Fonte: Atlas do DF – CODEPLAN -1984
18
4.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E BIOLÓGICAS
O conceito de qualidade da água é relativo ao uso que se faz dela. Os diferentes e
possíveis usos necessitam de diferentes estágios de qualidade da água, que se conhecem
como padrões de qualidade da água, ou seja, existem padrões diferentes de qualidade da
água para seus diversos usos. (http://www.cetesb.sp.gov.br)
Os parâmetros físicos da água estão relacionados ao aporte de material inorgânico,
especialmente sedimento, sendo demonstrados pela elevação da cor, da turbidez e do ferro
total, passíveis de mensuração no âmbito das análises de qualidade de água. São considerados
entre os oito parâmetros que formam o Índice de Qualidade da Água – IQA, que funciona
como
indicador
das
condições
da
qualidade
da
água
de
um
manancial.
(http://www.cetesb.sp.gov.br)
4.3.1 PARÂMETROS FÍSICOS
•
FÓSFORO TOTAL
O fósforo total é um elemento que é necessário para vida. Não é um elemento que
pode ser considerado tóxico aos seres vivos, mas é fator limitante na produtividade biológica
nos solos e principalmente na água. O desenvolvimento de fósforo nas águas pode causar
sérios problemas de desequilíbrio do ambiente aquático, devido ao processo de eutrofização
(proliferação excessiva de algas e plantas aquáticas). Em conseqüência a esse processo, pode
haver uma significativa redução na penetração da luz do sol em grandes profundidades,
alterando o ambiente subaquático. (http://www.cetesb.sp.gov.br).
•
COR
O principal processo que define a cor da água é decomposição da matéria orgânica que
ocorrem no meio ambiente. Em função disso, as águas superficiais estão mais sujeitas a
apresentarem uma cor mais forte e escura do que as águas subterrâneas, mais ainda, podem-se
ter cor devido à presença de alguns íons metálicos como ferro e manganês, plâncton,
macrófitas e despejos industriais (http://www.cetesb.sp.gov.br).
19
O aumento na cor da água pode interferir na penetrabilidade da luz no ambiente
aquático, o que pode causar sérios distúrbios ecológicos, diminuindo a oxigenação da água
feita através dos organismos fotossintetizantes. (http://www.cetesb.sp.gov.br)
Não representa risco direto à saúde humana, mas os consumidores podem desconfiar
destas águas e acabarem procurando outras águas de maior risco. Além disso, a cloração (feita
de forma inadequada) da água contendo a matéria orgânica responsável pela cor, podendo
gerar produtos potencialmente cancerígenos (http://www.cetesb.sp.gov.br).
•
TURBIDEZ
A penetração da luz na água é alterada por partículas em suspensão que provocam a
difusão e absorção da luz. A turbidez é a alteração da penetração da luz provocada pelo
plâncton, bactérias, argilas e silte em suspensão, fontes de poluição e outros.
A presença de substâncias pigmentadas em solução ou dispersão coloidal, ou de sólidos
em suspensão, causa aumento na turbidez e modificações de cor, que pode afetar diretamente
na vida de um manancial, de duas formas: dificultando a penetração de luz solar, essencial às
reações de fotossíntese; e o material em suspensão, ao sedimentar-se, arrasta ao fundo e
soterra pequenos organismos. (http://www.cetesb.sp.gov.br)
A turbidez pode causar a destruição de outros tipos de organismos, através de diferentes
mecanismos. O despejo de uma grande quantidade de partículas sólidas dá origem à formação
de uma verdadeira nuvem, que quando depositadas nos órgãos respiratórios de animais
aquáticos, causam sua asfixia. Estas matérias também aceleram a precipitação, soterra
partículas orgânicas em suspensão nas águas que servem de alimento a fauna (MARGULIS,
1990 in: SANTOS, 2005).
•
DUREZA
A dureza pode ser definida como a dificuldade de uma água em dissolver sabão pelo
efeito de alguns elementos em principal o cálcio e o magnésio. As águas duras são
inconvenientes porque o sabão não limpa com eficácia, aumentando seu consumo, e deixando
uma película insolúvel sobre a pele, pias, banheiras e azulejos do banheiro. A dureza pode ser
expressa como dureza temporária, permanente e total (ZIMBRES, 2002).
A dureza temporária ou de carbonatos, é devida aos íons de cálcio e de magnésio que
sob aquecimento se combinam com íons bicarbonato e carbonato, podendo ser eliminada por
20
fervura. Em caldeiras e tubulações por onde passa água quente, como em um chuveiro
elétrico, por exemplo, os sais formados devido à dureza temporária precipitando-se e
formando crostas, criando uma série de problemas, como o entupimento, por exemplo.
(ZIMBRES, 2002).
•
SÓLIDOS
Todas as impurezas presentes na água, com exceção dos gases dissolvidos,
correspondem aos sólidos (PORTO et al, 1991, p. 40), que em águas naturais, origina-se, do
processo de erosão natural dos solos e do intemperismo das rochas.
No entanto, o despejo de esgotos e o uso dos solos para a agricultura constituem-se nas
principais contribuições antrópicas de sólidos na água dos mananciais. Os esgotos domésticos
não tratados podem contribuir com uma variação típica de 700 – 1.350 mg/l de sólidos totais
(VON SPERLING, 1996, p. 79).
As perdas de solos por erosão, que se constituem nas principais contribuições de
sólidos do meio rural. (BRAGA et al, 2001, p.137).
Os sólidos presentes na água, segundo Von Sperling (1996, p. 63), podem ser
classificados de acordo com o seu estado e tamanho (em suspensão ou dissolvidos), com as
características químicas (voláteis e fixos) e decantabilidade (sedimentáveis e não
sedimentáveis) (VON SPERLING, 1996, p. 79).
Em relação ao diâmetro, os sólidos se dividem em: sólidos dissolvidos (sais e matéria
orgânica, com diâmetro inferior a 10-3 µm), coloidais (argilas, vírus e algumas bactérias, com
diâmetro entre 10-3 e 10 µm) e suspensos (areias, siltes, microorganismos e restos de
pequenos animais e vegetais, com diâmetro superior a 10 µm). Os sólidos sedimentáveis
correspondem a fração dos sólidos que se sedimentam após uma hora de repouso e os sólidos
voláteis correspondem a fração que se volatilizam a temperaturas elevadas (550ºC).
Os sólidos suspensos, em altas concentrações constituem-se em um dos principais
problemas de qualidade de água para a irrigação, pois pode ocasionar sérios problemas de
obstrução física em sistemas de irrigação localizada. Esse problema ainda pode ser agravado
pela presença de bactérias do gênero Pseudomonas sp e Enterobacter sp, que combinadas
com partículas em suspensão, podem ocasionar um tipo de entupimento não controlável pelos
sistemas de filtragem (http://www.cetesb.sp.gov.br).
21
Com relação aos sólidos dissolvidos, dificilmente ocasionam obstrução física nos
equipamentos, no entanto, havendo interação com outros sais formando precipitados ou
favorecendo
o
crescimento
de
lodo,
pode
ocorrer
obstrução
de
emissores
(http://www.cetesb.sp.gov.br). Além disso, como os sais fazem parte dos sólidos dissolvidos
(http://www.cetesb.sp.gov.br), o seu excesso na água de irrigação pode provocar salinização
do solo, dificultando ou impedindo a absorção de água pelas plantas (VON SPERLING,
1996).
Todas as impurezas da água, exceto os gases dissolvidos, contribuem para a carga de
sólidos presentes nos corpos d’água. Podem ser classificados conforme seu tamanho e
características químicas. (PORTO et. al., 1991)
Quanto ao tamanho, podem ser classificados em sedimentáveis, em suspensão,
colóides e dissolvidos. Na pratica são divididos em dois grupos: os sólidos em suspensão e os
sólidos dissolvidos. (VON SPERLING, 1996).
Quanto à caracterização química, são classificados em voláteis e fixos. (PORTO et.
al., 1991)
•
CONDUTIVIDADE
A condutividade elétrica da água é determinada pela presença de substâncias
dissolvidas que se dissociam em ânions e cátions. É a capacidade da água de transmitir
corrente elétrica. (http://www.cetesb.sp.gov.br)
Para uma dada concentração iônica, a condutividade aumenta com a temperatura. Podese dizer que a cada aumento de 1°C na temperatura da solução, corresponderá a um acréscimo
de 2% da condutividade (ZIMBRES, 2002).
Em geral, níveis superiores a 100 µS/cm indicam ambientes impactados. Este parâmetro
fornece boa indicação das modificações de uma água, principalmente na sua concentração
mineral. À medida que os sólidos dissolvidos são adicionados, a condutividade aumenta.
•
pH
A biota aquática exerce influencia marcante sobre o pH da água, pois de acordo com o
consumo de CO2 durante o dia, pelo processo fotossintético, a partir das macrófitas aquáticas
e algas, pode elevar o pH do meio.
22
A realização da medida da concentração de íons H+ na água. O balanço dos íons
hidrogênio e hidróxido (OH-) são fundamentais para a determinação da acidez ou estado
básica esta a água. Na água quimicamente pura os íons H+ estão em equilíbrio com os íons
OH- e seu pH é neutro, ou seja, igual a 7. Os principais fatores que determinam o pH da água
são o gás carbônico dissolvido e a alcalinidade (ZIMBRES, 2002).
O pH é um parâmetro muito importante em muitos estudos no campo do saneamento
ambiental, pois este influi em diversos equilíbrios químicos que ocorrem naturalmente ou em
processos unitários de tratamento de águas (www.cetesb.sp.gov.br).
A influência do pH sobre os ecossistemas aquáticos naturais dá-se diretamente devido
a seus efeitos sobre a fisiologia das diversas espécies. O efeito indireto também é muito
importante podendo, determinadas condições de pH contribuírem para a precipitação de
elementos químicos tóxicos como metais pesados; ou em outras condições podem exercer
efeitos sobre as solubilidades de nutrientes. Os critérios de proteção à vida aquática fixam os
limites do pH entre 6 e 9 (www.cetesb.sp.gov.br).
•
DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO (DQO)
A DQO avalia a quantidade de oxigênio necessária para oxidação da matéria orgânica
através de um agente químico. Quando a DQO está alta, é uma indicação que há grande
quantidade de matéria orgânica e baixo teor de oxigênio (MOTA, 2000).
•
AMÔNIA
A amônia é uma substância tóxica não persistente e não cumulativa e, sua concentração,
que normalmente é baixa, não causa nenhum dano fisiológico aos seres humanos e animais.
Grandes quantidades de amônia podem causar asfixia de peixes. É formada no processo de
decomposição de matéria orgânica (uréia - amônia). Em locais poluídos seu teor costuma ser
alto. O caminho de decomposição das substâncias orgânicas nitrogenadas é chegar ao nitrato,
passando primeiro pelo estágio de amônia, por isso, a presença desta substância indica uma
poluição recente (http://www.geocities.com).
•
NITRATO
23
O nitrogênio sob forma de amônia se transforma com o tempo, em condições físicoquímicas adequadas no meio aquático, em nitrito e, posteriormente, em nitrato. Este processo
é denominado como nitrificação (http://www.geocities.com).
O nitrogênio nesta forma de nitrato no corpo d’água é um indicador de poluição
antiga, que se relaciona com o final do processo de nitrificação, podendo desta forma
caracterizar o efluente de uma estação de tratamento de esgotos sanitários a nível terciário,
onde o processo de nitrificação é induzido e controlado com o objetivo de reduzir o número
de nutrientes (http://www.geocities.com).
O nitrato, medido normalmente em miligramas por litro (mg/L), pode sofrer o
processo de desnitrificação, onde é reduzido a nitrogênio gasoso (http://www.geocities.com).
O nitrato em altas concentrações nas fontes domésticas de água pode trazer alguns
graves
problemas
de
intoxicação
tanto
no
ser
humano
como
nos
animais
(http://www.geocities.com).
•
FOSFATO
O fosfato é um íon poliatômico ou um radical consistindo de um átomo de fósforo e
quatro de oxigênio. Quando o fosfato se encontra na forma iônica, possue uma carga formal
de -3, sendo denotado como PO43- (http://www.wikipedia.org).
Em termos agrícolas, o elemento fosfato se apresenta como um dos três nutrientes
primários para as plantas, sendo um componente dos fertilizantes. O fosfato é normalmente
extraído da depósição de rocha sedimentária e é tratado de forma quimica para que a sua
concentração aumente e se torne mais solúvel, facilitando assim a sua absorção pelas plantas.
O fosfato sem qualquer tipo de tratamento, apenas sendo pulverizado na plantação, é
normalmente utilizado para cultivo orgânico. (http://www.wikipedia.org)
O fosfato hoje também está sendo utilizado como um agente importante para a
redução de águas duras em função de altas concentrações de detergentes. Porem esse uso é
extremamente restrito devido à possibilidade de poluição de rios e mananciais se não aplicado
de maneira e concertrações ideias (http://www.wikipedia.org).
O fosfato é muitas vezes o reagente limitante de muitos habitats, a sua concentração
define as taxas de crescimento de muitos organismos. A introdução artificial de fosfato, para
fins agricolas ou correção de dureza, nestes ambientes pode acabar causando um desequilíbrio
ecológico, resultando em superpopulações de organismos, como algas de superfícies, os quais
consomem também outros nutientes e elementos essenciais, como o oxigênio dissolvido.
Desta forma organismos que não são diretamente favorecidos pela maior disponibilidade de
24
fosfato sofrerão uma drástica redução em sua população, devido à falta de nutrientes e
elementos essenciais (http://www.wikipedia.org).
4.3.2 PARÂMETROS BACTERIOLÓGICOS
•
COLIFORMES
O grupo dos coliformes é definido em dois subgrupos: coliformes fecais e coliformes
totais. As bactérias formadoras do grupo dos coliformes totais, são aquelas que não causam
doenças visto que habitam o intestino de animais mamíferos incluindo o proprio homem
(LIMA, 2006).
As bactérias do grupo dos coliformes fecais normalmente reproduzem-se ativamente a
44,5°C. O uso da bactéria coliforme fecal para indicar poluição sanitária mostra-se mais
significativo que o uso da bactéria coliforme "total", porque as bactérias fecais estão restritas
ao trato intestinal de animais de sangue quente (LIMA, 2006).
Determinar a concentração dos coliformes é de extrema importância como parâmetro
indicador da possibilidade da existência de microorganismos patogênicos, responsáveis pela
transmissão de doenças de veiculação hídrica, tais como febre tifóide, febre paratifóide,
desinteria bacilar e cólera inviabilizando a utilização desta para consumo humano.
As bactérias coliformes não são, normalmente, patogênicas, mas são organismos de
presença obrigatória, em grandes números nos intestinos humanos e animais, portanto de
matéria fecal. Assim, sua presença permite detectar a presença de fezes na água em
concentrações extremamente diluídas. Normalmente, as bactérias patogênicas veiculadas por
água, estão sempre associadas as fezes, a presença de coliformes constitui presença potencial
de patogênicos, que está inferida na presença destas bactérias (LIMA, 2006).
•
COLIFORMES TOTAIS
São utilizadas como indicadores de contaminação bacteriológica da água as bactérias
do grupo coliformes. Além de serem encontradas nas fezes, elas podem ocorrer no meio
ambiente, em águas com alto teor de material orgânico, solo ou vegetação em decomposição.
A presença de coliformes totais indica uma grande probabilidade de que água está
25
contaminada
por
bactérias
patogênicas
ou
vírus
tendo
que
analisa
(http://www.saaebm.rj.gov.br).
•
COLIFORMES FECAIS
Os coliformes estão presentes em grandes quantidades nas fezes do ser humano e dos
animais de sangue quente. A presença de coliformes na água não representa, por si só, um
perigo à saúde, mas indica a possível presença de outros organismos causadores de problemas
à saúde. Os principais indicadores de contaminação fecal são as concentrações de coliformes
totais e coliformes fecais, expressa em número de organismos por 100 ml de água. A detecção
dos agentes patogênicos, principalmente bactérias, protozoários e vírus, em uma amostra de
água é extremamente difícil, em razão de suas baixas concentrações. Portanto, a determinação
da potencialidade de um corpo d'água ser portador de agentes causadores de doenças pode ser
feita de forma indireta, através dos organismos indicadores de contaminação fecal do grupo
dos coliformes (http://www.uniagua.org.br).
4.3.3 ELEMENTOS QUÍMICOS
Alguns metais são fundamentais para vida em quantidades pequenas, como exemplos:
Molibdênio; níquel; cobre; potássio; cálcio; manganês; ferro; sódio; cobalto; e zinco. Mais é
necessário ser salientado que em grandes quantidades podem trazer problemas à saúde
humana. Os outros metais como exemplo: mercúrio; cádmio; níquel; cromo; chumbo não são
essenciais e tem efeitos altamente tóxicos sobre o organismo vivos (FARIAS, 2006).
Os metais mais danosos à saúde humana são: o chumbo, mercúrio, cádmio, arsênio,
cobre, zinco, níquel e cromo, estes se encontram naturalmente no solo ou na água em
pequenas quantidades, não causando grandes problemas. No entanto, em concentrações
maiores constituem sérios riscos. Exemplo disso é o arsênio e o cádmio, podem vir a causar
câncer, o mercúrio pode causar mutações e danos genéticos, o cobre, o chumbo e o mercúrio
podem causar lesões celebrais e ósseas (FARIAS, 2006).
Considera-se que a contaminação por metais pode ocorrer de fontes difusas,
originadas pela atmosfera, disposição de lixo de atividades de mineração entre emissão de
efluentes industriais (FARIAS, 2006).
26
Os metais pesados não podem simplesmente serem destruídos e são altamente reativos
do ponto de vista químico, o que explica a dificuldade de encontrá-los em estado puro na
natureza. Em via de regra apresenta-se em pequenas concentrações, sempre associados os
outros elementos químicos, formando minerais em rochas (FARIAS, 2006).
Os metais se lançados na água como resíduos industriais podem ser absorvidos pelos
tecidos animais e vegetais (FARIAS, 2006).
Os metais pesados, além de serem tóxicos são cumulativos no organismo e podem
provocar diversos tipos de doenças no ser humano com a ingestão de pequenas doses, a médio
e longo prazo. Os metais são medidos, geralmente, em miligramas por grama ou micro
gramas por grama, expressos em peso seco (http://www.geocities.com).
•
ALUMÍNIO (Al)
O elemento alumínio é utilizado em larga escala em varias nações, sendo que o Brasil
é um dos grandes fabricantes do produto alumínio, produzindo em média cerca de 762.000
t/ano. (http://www.cetesb.sp.gov.br)
O elemento em contato com água, é complexado e influenciado pela presença de
fluoretos, sulfatos, matéria orgânica, pH, temperatura e outros ligantes, com uma solubilidade
baixa algo entre os valores de pH 5,5 e 6,0. Em profundidades mais baixas o elemento pode
apresentar uma concentração mais elevadas, com o pH menor podendo ocorrer à anaerobiose.
Com a ocorrência da estratificação, e conseqüente anaerobiose, o teor de alumínio diminui no
corpo de água como um todo, à medida que se distancia a estação das chuvas. O aumento da
concentração de alumínio está associado com o período de chuvas e, portanto, com a alta
turbidez provocado, principalmente pelo carreamento de partículas (LIMA, 2006).
Ainda existe um outro aspecto chave da química da dissolução do alumínio no solo
para neutralizar a entrada de ácidos com as chuvas ácidas. Nesta forma, ele é extremamente
tóxico à vegetação e pode ser escoado para os corpos d'água pelo escoamento superficial
(http://www.cetesb.sp.gov.br).
Existem estudos evidenciando que o alumínio é neurotóxico. O acúmulo de alumínio
no homem tem sido associado ao aumento de casos de doença mental denominada mal de
Alzheimer. Porém nota-se que não há indicação de carcinogenicidade para o alumínio
(http://www.cetesb.sp.gov.br)
27
•
CÁLCIO (Ca)
O teor de cálcio nas águas subterrâneas varia, de uma forma geral, de 10 a 100mg/L.
As principais fontes de cálcio são os plagioclásios cálcicos, calcita, dolomita, apatita, entre
outros. O carbonato de cálcio é muito pouco solúvel em água pura. O cálcio ocorre nas águas
na forma de bicarbonato e sua solubilidade está em função da quantidade de gás carbônico
dissolvido. A quantidade de CO2 dissolvido depende da temperatura e da pressão, que são,
portanto, fatores que vão determinar a solubilidade do bicarbonato de cálcio (ZIMBRES,
2002).
O cálcio é considerado o principal elemento responsável pela dureza de uma água
(ZIMBRES, 2002).
•
SÓDIO (Na)
As águas naturais contêm em vias de regra o elemento sódio já que seus sais são na
forma de sais altamente solúveis em água. O sódio é considerado um dos elementos mais
abundantes na Terra (http://www.cetesb.sp.gov.br).
O sódio se encontra na forma iônica (Na+), e também na matéria das plantas e
animais, já que é um elemento fundamental para os organismos vivos como um todo. O
aumento das concentrações na água pode proceder de esgotos, efluentes industriais e do uso
de sais em rodovias para controlar neve e gelo, o que não se aplica ao Brasil. Esta fonte
também
contribui
para
aumentar
os
níveis
de
sódio
nas
águas
subterrâneas.
(http://www.cetesb.sp.gov.br).
As concentrações de sódio variam de forma significativa na superfície natural das
águas dependendo das condições geológicas do local, descargas de efluentes e uso sazonal de
sais em rodovias (http://www.cetesb.sp.gov.br).
Habitualmente se mede o sódio onde a água é utilizada para abastecimento humano ou
uso agrícola, particularmente na irrigação. Quando ocorre um grande aumento da
concentração do sódio em alguns tipos de solo, a sua composição pode degradar-se pelo
limitado movimento da água afetando o crescimento de plantas (http://www.cetesb.sp.gov.br).
28
•
FERRO (Fe)
O ferro presente nas águas está relacionado normalmente a bicarbonatos e cloretos e a
sua presença não causa prejuízos à saúde humana, contudo quando oxidado, trás pequenos
danos, com formação do precipitado, provocando manchas em sanitários e roupas e
favorecendo o aparecimento da bactéria Chrenotrix. (http://www.cetesb.sp.gov.br) O teor
máximo de ferro solúvel está fixado em 0,3 mg/L (CAMPANA et al, 1998).
O ferro aparece principalmente em águas subterrâneas devido à dissolução do minério
pelo gás carbônico da água, de acordo com a seguinte reação (http://www.cetesb.sp.gov.br):
Em águas superficiais, o nível de ferro aumenta nas estações de chuva devido ao
escoamento superficial da água e conseqüente carreamento de partículas dos solos, decorrente
do processo de erosão das margens. (http://www.cetesb.sp.gov.br).
Nas águas tratadas para consumo humano, o emprego de alguns coagulantes a base de
ferro provocam a elevação em sua concentração natural (http://www.cetesb.sp.gov.br).
O ferro, apesar de não caracterizar com um elemento tóxico, traz vários problemas
para o abastecimento público de água, como o incremento de cor e sabor à água, provocando
manchas em roupas e utensílios sanitários. Também traz o problema do desenvolvimento de
depósitos em canalizações e de ferro-bactérias, provocando a contaminação biológica da água
na própria rede de distribuição de água, caso esta seja de ferro (http://www.cetesb.sp.gov.br).
•
MAGNÉSIO (Mg)
O magnésio é encontrado de forma abundante na natureza (constitui 2,5% da crosta
terrestre), principalmente em minerais rochosos como dolomita, olivina, magnesita e
serpentina. O elemento também se faz presente na água do mar, em águas salinas subterrâneas
e em leitos salinos (http://www.tabelaperiodica.hpg.ig.com.br).
O Magnésio não é encontrado livremente na natureza, mas de forma combinada com
grandes depósitos minerais (http://www.christus.com.br).
A utilização do magnésio fica a cargo de aplicações estruturais na indústria
automotiva, em equipamentos aeroespaciais e em maquinaria industrial, remoção do oxigênio
e do enxofre na fabricação de ligas de níquel-cobre, em fogos de artifício, dentre outros usos
como em compostos corretivos de acidez de solos, em compostos utilizados na medicina,
dentre outros (http://www.christus.com.br).
29
•
SILÍCIO (Si)
O silício é o segundo elemento em mais abundante na crosta terrestre, ocorrendo em
grande variedade de formas de silicatos e minerais de silício. O elemento é mais utilizado em:
Semicondutores; transistores; célula solar para transformar energia solar em energia elétrica;
graxas, abrasivos e lubrificantes (silicones); componente essencial para vidros em geral
(silicatos); componente do aço e chips de computadores (http://www.christus.com.br).
Também é utilizado para a produção de ligas metálicas, na preparação de silicones, na
indústria cerâmica e, por ser um material semicondutor muito abundante, tem um interesse
muito especial na indústria eletrônica e microeletrônica. Por esta razão é conhecida como
Vale do silício a região da California (EUA) onde estão concentradas numerosas empresas do
setor de eletrônica e informática (http://www.pt.wikipedia.org).
O silício é também um elemento fundmental várias indústrias. O dióxido de silício,
areia e argila são importantes constituintes do concreto armado e azulejos (ladrilhos), podendo
ser utilizado também na produção de cimento, ainda o silício tem usos como para carga em
materiais de revestimento e compósitos de cimento, como cerâmicas; como elemento de liga
em fundições; fabricação de vidro e cristais para janelas e isolantes, entre outros usos
(http://www.pt.wikipedia.org).
•
BORO (B)
O boro é um elemento que, na configuração eletrônica normal, apresenta na camada de
valência orbitais incompletas e vazios, justificando a forte tendência de ganhar elétrons. Por
isso, que seus compostos se comportam como ácidos de Lewis, reagindo rapidamente com
substâncias ricas em elétrons. (http://www.cetesb.sp.gov.br)
O elemento encontra-se combinado no bórax, ácido bórico, colemanita, kernita,
ulexita e boratos. O ácido bórico é encontrado, em geral, nas àguas vulcânicas. A ulexita é um
mineral que, de forma natural, apresenta as propriedades da fibra óptica. O boro e os boratos
não são tóxicos; entretanto, alguns compostos de boro e hidrogênio são tóxicos e devem ser
manipulados com cuidado. (http://www.cetesb.sp.gov.br)
O Boro é potencialmente prejudicial à saúde humana quando está presente na água
potável para abastecimento. Segundo a Resolução CONAMA 357/05 o teor do boro não deve
exceder a 0.5 mg/L como B (0.5 ppm) na água potável. (http://www.cetesb.sp.gov.br)
30
•
CÁDMIO (Cd)
O cádmio se apresenta normalmente nas águas naturais devido às descargas de
efluentes industriais, principalmente as galvanoplastias, produção de pigmentos, soldas,
equipamentos eletrônicos, lubrificantes e acessórios fotográficos. Esse elemento também é
usado como inseticida. A presença desse metal no organismo tem efeitos crônicos, pois se
concentra nos rins, no fígado, no pâncreas e na tireóide, e efeito agudo, sendo que uma única
dose de 9,0 gramas pode levar à morte de um ser humano. (http://www.cetesb.sp.gov.br)
O cádmio não apresenta nenhuma função vital para os seres vivos, pelo menos
conhecida até o presente. Estudos feitos com animais demonstram a possibilidade de causar
anemia, retardamento de crescimento e morte. O padrão de potabilidade é fixado pela Portaria
1469 em 0,005 mg/L. O cádmio ocorre na forma inorgânica, pois seus compostos orgânicos
são instáveis; além dos malefícios já mencionados, é um irritante gastrointestinal, causando
intoxicação aguda ou crônica sob a forma de sais solúveis. A literatura, no entanto, registra o
caso de quatro pessoas que, por longo tempo, ingeriram água com teor de 0,047 mg/L de
cádmio, nada apresentando de sintomas adversos. A ação do cádmio sobre a fisiologia dos
peixes é semelhante às do níquel, zinco e chumbo. Está presente em águas doces em
concentrações traços, geralmente inferiores a 1 µg/L. É um metal de elevado potencial tóxico,
que se acumula em organismos aquáticos, possibilitando sua entrada na cadeia alimentar.
(http://www.cetesb.sp.gov.br).
•
COBALTO (Co)
O cobalto é um metal duro, ferromagnético, de coloração branca azulada. Sua
temperatura de Curie é de 1388 K. Normalmente é encontrado junto com o níquel, e ambos
fazem parte dos meteorítos de ferro. É um elemento químico essencial para os mamíferos em
pequenas quantidades.
O metal não é encontrado em estado nativo, mas em diversos minerais, razão pela qual é
extraido normalmente junto com outros produtos, especialmente como subproduto do níquel e
do cobre. As principais formas do cobalto são a cobaltita, eritrina, cobaltocalcita e skuterudita.
O cobalto metálico em pó finamente dividido é inflamável. Os compostos de cobalto
geralmente devem ser manipulados com cuidado devido a ligeira toxidade do metal. O
Cobalto - 60 é radioativo e a exposição a sua radiação pode provocar câncer. Na ingestão do
31
elemento nessa forma ocorre a acumulação de alguma quantidade nos tecidos, que é
eliminada muito lentamente pelo organismo. (http://www.cetesb.sp.gov.br)
•
COBRE (Cu)
O cobre ocorre geralmente de forma natural nas águas, em concentrações pequenas algo em
torno de 20 µg/L. Quando encontrado em altas concentrações, é extremamente prejudicial à
saúde e confere sabor desagradável às águas. Segundo alguns estudos, é preciso uma
concentração de 20 mg/L de cobre ou um teor total de 100 mg/L por dia na água para
produzirem intoxicações humanas com lesões no fígado. No entanto, concentrações de 5
mg/L tornam a água absolutamente impalatável, devido ao gosto produzido. O cobre, em
quantidades pequenas é benéfico ao ser humano, catalisando a assimilação do ferro e seu
aproveitamento na síntese da hemoglobina do sangue humano, até facilitando a cura de
anemias. (http://www.cetesb.sp.gov.br)
Para os peixes, muito mais que para o homem, as doses elevadas de cobre são
extremamente nocivas. Assim, algumas espécies, morrem se expostas a dosagens de 0,5
mg/L. Os peixes morrem em função da coagulação do muco das brânquias e conseqüente
asfixia (ação oligodinâmica). Já para os microrganismos somente em concentrações
superiores a 1,0 mg/L podem causar suas mortes.
O Cobre aplicado em sua forma de sulfato de cobre, CuSO45H2O, em dosagens de 0,5
mg/L é um poderoso algicida. (http://www.cetesb.sp.gov.br)
O Water Quality Criteria indica a concentração de 1,0 mg/L de cobre como máxima
permissível para águas reservadas para o abastecimento público.
As fontes de cobre para o meio ambiente incluem corrosão de tubulações de latão por
águas ácidas, efluentes de estações de tratamento de esgotos, uso de compostos de cobre
como algicidas aquáticos, escoamento superficial e contaminação da água subterrânea a partir
de usos agrícolas do cobre como fungicida e pesticida no tratamento de solos e efluentes, e
precipitação atmosférica de fontes industriais. As principais fontes industriais incluem
indústrias de mineração, fundição e refinação (http://www.cetesb.sp.gov.br).
32
•
CROMO (Cr)
As concentrações de cromo em água doce são normalmente bem baixas, ficando
inferiores a 1 µg/L. O elemento é comumente utilizado em aplicações industriais e
domésticas, como na produção de alumínio anodizado, aço inoxidável, tintas, pigmentos,
explosivos, papel, fotografia.
Quando encontrado na forma trivalente o cromo é essencial ao metabolismo dos seres
humanos e, sua carência pode até causa doenças.
Já na forma hexavalente é tóxico e
altamente cancerígeno. Os limites máximos são estabelecidos basicamente em função do
cromo hexavalente (http://www.cetesb.sp.gov.br).
•
MANGANÊS (Mn)
O manganês possui um comportamento muito parecido ao do ferro nas águas, sendo
que a sua ocorrência é bem mais rara. O elemento desenvolve coloração negra na água,
podendo-se se apresentar nos estados de oxidação Mn+2 (forma mais solúvel) e Mn+4 (forma
menos solúvel).
A concentração de manganês menor que 0,05 mg/L geralmente é aceitável em
mananciais, devido ao fato de não ocorrerem, nesta faixa de concentração, manifestações de
manchas negras ou depósitos de seu óxido nos sistemas de abastecimento de água.
Raramente atinge concentrações de 1,0 mg/L em águas superficiais naturais e,
normalmente, está presente em quantidades de 0,2 mg/L ou menos. É muito usado na
indústria do aço, na fabricação de ligas metálicas e baterias e na indústria química em tintas,
vernizes, fogos de artifícios e fertilizantes, entre outros (http://www.cetesb.sp.gov.br).
•
NÍQUEL (Ni)
O metal níquel é também utilizado em galvanoplastias. Estudos recentes demonstram
que é carcinogênico É resistente a corrosão, e só pode ser utilizado como revestimento por
eletrodeposição. O metal e algumas de suas ligas metálicas, como o metal Monel, são
utilizados para manejar o flúor e alguns fluoretos porque reage com dificuldade com estas
substâncias. (http://www.cetesb.sp.gov.br)
33
As Concentrações de níquel em águas superficiais naturais podem chegar a
aproximadamente 0,1 mg/L, embora concentrações de mais de 11,0 mg/L possam ser
encontradas, principalmente em áreas de mineração. A maior contribuição para o meio
ambiente, pela atividade humana, é a queima de combustíveis fósseis. Como contribuintes
principais temos também os processos de mineração e fundição do metal, fusão e modelagem
de ligas, indústrias de eletrodeposição e, como fontes secundárias, temos fabricação de
alimentos, artigos de panificadoras, refrigerantes e sorvetes aromatizados.
Doses elevadas de níquel podem causar dermatites nos indivíduos mais sensíveis e
afetar nervos cardíacos e respiratórios.
A exposição ao metal níquel e seus compostos solúveis não deve superar aos 0,05 mg/cm³,
medidos em níveis de níquel equivalente para uma exposição laboral de 8 horas diárias e 40
horas semanais. (http://www.cetesb.sp.gov.br)
•
CHUMBO (Pb)
O chumbo é encontrado em quase tudo no ar, no tabaco, nas bebidas e nos alimentos,
nestes últimos, naturalmente, por contaminação e na embalagem. Na água está presente
devido às descargas de efluentes industriais como exemplo os efluentes das indústrias de
acumuladores (baterias), bem como devido ao uso indevido de tintas e tubulações e acessórios
a base de chumbo (materiais de construção). Os sintomas de uma exposição crônica ao
chumbo, quando o efeito ocorre no sistema nervoso central, são: tontura, irritabilidade, dor de
cabeça, perda de memória, entre outros. Quando o efeito ocorre no sistema periférico o
sintoma é a deficiência dos músculos extensores. O chumbo possui uma toxicidade aguda, e é
caracterizada pela sede intensa, sabor metálico, inflamação gastrointestinal, vômitos e
diarréias.
Aos peixes, as doses fatais, no geral, variam de 0,1 a 0,4 mg/L, embora, em condições
experimentais, alguns resistam até 10 mg/L. Outros organismos (moluscos, crustáceos,
mosquitos quironomídeos e simulídeos, vermes oligoquetos, sanguessugas e insetos
tricópteros), desaparecem após a morte dos peixes, em concentrações superiores a 0,3 mg/L.
A ação sobre os peixes é semelhante à do níquel e do zinco. (http://www.cetesb.sp.gov.br).
34
4.4 RECURSOS HÍDRICOS
A água é o elemento fundamental da vida. Seus múltiplos usos são indispensáveis a um
largo espectro das atividades humanas, onde se destacam, entre outros, o abastecimento
público e industrial, a irrigação agrícola, a produção de energia elétrica e as atividades de
lazer e recreação, bem como a preservação da vida aquática.
A crescente expansão demográfica e industrial observada nas últimas décadas trouxe
como conseqüência o comprometimento das águas dos rios, lagos e reservatórios. A falta de
recursos financeiros nos países em desenvolvimento tem agravado esse problema, pela
impossibilidade da aplicação de medidas corretivas para reverter à situação.
As disponibilidades de água doce na natureza são limitadas pelo alto custo da sua obtenção
nas formas menos convencionais, como é o caso da água do mar e das águas subterrâneas.
Deve ser, portanto, da maior prioridade, a preservação, o controle e a utilização racional das
águas doces superficiais.
A boa gestão da água deve ser objeto de um plano que contemple os múltiplos usos
desse recurso, desenvolvendo e aperfeiçoando as técnicas de utilização, tratamento e
recuperação de nossos mananciais (http://www.uniagua.org.br).
O conjunto de terras que são drenadas para um rio principal, seus afluentes e
subafluentes, integrados à noção da existência de nascentes, divisores de águas e
características dos cursos de água, principais e secundários, denominados afluentes e
subafluentes, todas essas características definem as características de uma Bacia hidrográfica
(TUCCI, 1997).
As bacias hidrográficas são caracterizadas como uma área que recebe a captação das
águas pluviais e convergem os escoamentos superficiais para um ponto único de saída, o
exutório do rio. A composição se trata de uma gama superfícies de vertentes e de uma rede de
drenagem formada por cursos d’água principal que confluem até resultar um leito único no
exutório (TUCCI, 1997).
A classificação das drenagens de uma bacia hidrográfica demonstra a hierarquia dos
rios, ou seja, o seu arranjo natural por ordem de menor volume para os mais volumosos, que
segue das partes com maior declividade para as mais baixas (TUCCI, 1997). Ainda dentro da
sua classificação em relação com o grau de importância a bacia possui o rio principal,
secundários e terciários, de acordo com a sua localização como litorânea ou interior
(CHRISTOFOLETTI, 1980).
35
A variações de vazão em uma seção em relação à chuva é denominada como resposta
de uma bacia. Essa bacia responderá de forma diferentemente à tempestades de intensidade e
duração diferentes, desta forma as chuvas idênticas, se a condição antecedente variar. Pode-se
observar o comportamento da bacia em relação a uma chuva específica, analisando o
hidrograma no período, ou seja, o gráfico da vazão em função do tempo.(www.wikipedia.org)
4.4.1 BACIAS HIDROGRÁFICAS BRASILEIRAS
A hidrografia brasileira é dotada de uma grande rede hidrográfica, com rios de
extensões, profundidade e larguras consideráveis se comparado a outros lugares no mundo.
Em função da formação do nosso relevo, existe uma predominância de rios de planalto que
apresentam em seu leito rupturas de declive, vales encaixados, e como característica principal
um alto potencial para a geração de energia elétrica (www.rededasaguas.org.br).
A navegabilidade, dos rios é prejudicada em função dos perfis não regulares das
calhas. Entre os principais rios nacionais, apenas o Amazonas e o Paraguai são
predominantemente de planície e utilizados para a navegação de forma vasta. Os rios São
Francisco e Paraná são os principais rios de planalto (www.rededasaguas.org.br).
Em geral, os rios brasileiros não são originados em regiões muito altas, salvo o rio
Amazonas
e
alguns
de
seus
afluentes
que
nascem
na
cordilheira
andina
(www.rededasaguas.org.br).
O Brasil é dividido em sete principais bacias: a Bacia do rio Amazonas; a do
Tocantins - Araguaia; a Bacia do Atlântico Sul - trechos norte e nordeste; a do rio São
Francisco; a do Atlântico Sul - trecho leste; a Bacia Platina, composta pelas sub-bacias dos
rios Paraná e Uruguai; e a do Atlântico Sul - trechos sudeste e sul (www.rededasaguas.org.br).
O Brasil reúne oito grandes Bacias Hidrográficas, distribuídas conforme a Figura 4.8.
que apresenta a vazão específica e precipitação anual de cada bacia hidrográfica
(www.rededasaguas.org.br).
A distribuição da água em território brasileiro é desigual, onde as regiões mais
populosas e industrializadas apresentam uma menor disponibilidade de recursos hídricos. Em
função disso um dos fatores que obriga o país a distribuir as águas conforme o mapa abaixo,
que apresenta a vazão específica e precipitação anual de cada bacia hidrográfica
(www.rededasaguas.org.br).
36
Figura 4.8: Percentual de recursos hídricos no Brasil por Região
Fonte: (www.rededasaguas.org.br)
As águas superficiais constituem parte da riqueza dos recursos hídricos de um país. No
caso brasileiro, país de extensão continental, a rede fluvial é um importante recurso natural,
contando em seu território com a maior Bacia fluvial do mundo em extensão e em volume de
água. A riqueza dos recursos hídricos deve-se a distribuição da pluviosidade no território
nacional onde se registram valores elevados superiores a 1.500 mm anuais e em 1/3 da área
total esse valor atinge mais de 2.000 mm anuais. Apenas uma parte do país situado a
Nordeste, recebe menos de 1.000 mm anuais, e até menos de 500 mm anuais em algumas
regiões (CUNHA; GUERRA, 1998).
4.4.2 BACIAS HIDROGRÁFICAS DO DF
A região do Distrito Federal, com uma área de 5.789,16 km², é drenada por cursos
d’água pertencentes a três das mais importantes bacias hidrográficas brasileiras: São
Francisco (Rio Preto), Tocantins/Araguaia (Rio Maranhão) e Paraná (Rios São Bartolomeu e
Descoberto). De acordo com o mapa hidrográfico do DF (Mapa das Unidades Hidrográficas),
essas Bacias são denominadas de Regiões Hidrográficas. Todos os seus rios são de planalto,
sendo as principais Bacias identificadas por um padrão de drenagem radial. Pela disposição da
drenagem, observa-se que dois de seus cursos de água são delimitadores do território do
Distrito Federal: a Leste, o Rio Preto; e, a Oeste, o Rio Descoberto (FONSECA, 2003).
A altitude dos divisores de água é da ordem de 1.200/1.300 m. Na separação entre as
Regiões Hidrográficas Tocantins/Araguaia e do Paraná predominam vertentes formadas por
chapadas, enquanto nos limites entre as Bacias do Paraná e São Francisco a ocorrência mais
comum no relevo é a de formas de serras e quebradas. Devido às características de rios de
planalto, que cortam toda região do Distrito Federal, é típica a ocorrência de perfis
37
escalonados por zonas de rápidas corredeiras, ou mesmo grandes quedas d’água, formando as
lindas cachoeiras que despontam no Cerrado. Dadas as condições favoráveis dos solos, da
topografia e do clima, a grande maioria dos cursos da rede de drenagem local conta com
regime perene (FONSECA, 2003).
A Região Hidrográfica do São Francisco drena, aproximadamente, 1.407 km² do
Distrito Federal, com uma descarga média de longo período de 23 m³/s (Estudo do Potencial
Hídrico para a Agricultura Irrigada na Bacia Hidrográfica do Rio Preto, NCA-1995). É
constituída pela Bacia do Rio Preto, cuja nascente encontra-se próxima à cidade de Formosa.
Os seus principais afluentes são: Ribeirão Santa Rita, Ribeirão Jacaré, Ribeirão Extrema, Rio
Jardim e Ribeirão São Bernardo (FONSECA, 2003).
A Região Hidrográfica Tocantins/Araguaia drena cerca de 773 km² do Distrito
Federal, compreendendo praticamente toda a região Norte do mesmo. É constituída pela
Bacia do Rio Maranhão, cuja nascente encontra-se próxima ao Distrito Federal, sendo seus
principais afluentes: o Rio Palmeiras, Ribeirão Sonhim, Ribeirão da Contagem, Ribeirão das
Pedreiras, Ribeirão Cafuringa, Rio das Palmas, Ribeirão Dois Irmãos e Rio do Sal
(FONSECA, 2003).
A Região Hidrográfica do Paraná é responsável pela maior área drenada do Distrito
Federal, ocupando, aproximadamente, uma área de 3.658 km² com uma descarga média de 64
m³/s. É constituída pelas Bacias Hidrográficas do Rio São Bartolomeu, do Lago Paranoá, do
Rio Descoberto, do Rio Corumbá e do Rio São Marcos. Por ter a maior área de drenagem,
cerca de 64% de toda porção territorial do Distrito Federal, a região hidrográfica do Paraná é
de suma importância para a região, pois nela estão localizadas todas as grandes áreas urbanas
e todas as captações de água para o abastecimento público (FONSECA, 2003).
4.5 POLUIÇÃO
Poluição é um distúrbio ecológico, ou seja, uma alteração na relação entre os seres
vivos provocada pelo ser humano, que prejudique, direta ou indiretamente, nossa vida ou
nosso bem-estar, como danos aos recursos naturais como a água e o solo e impedimentos a
atividades econômicas como a pesca e a agricultura (NASS, 2002 apud LIMA, 2006).
As denominações poluição, contaminação, moléstia e degradação da água são
freqüentemente usadas como sinônimos para descrever as condições impróprias das águas
superficiais e subterrâneas. Ainda existem outras definições para caracterizar poluição. A
38
mais utilizada pelo meio cientifico é uso benéfico de um recurso a partir de uma interferência
não aceitável. Entretanto, a percepção de uso benéfico difere para cada pessoa. Novotny e
Olem (1994) consideram que poluição é uma mudança física, química, radiológica ou
alteração na qualidade biológica de um recurso (ar, solo ou água) causada pelo homem ou
devido às atividades humanas que são prejudiciais ao meio ambiente (LIBOS, 2002 apud:
LIMA, 2006).
Uma definição mais abrangente é fornecida pela lei n° 6938 de 31 de agosto de 1981
(BRASIL, 1981) sobre política nacional do meio ambiente, que conceitua poluição como a
degradação da qualidade ambiental resultante de atividade que direta ou indiretamente: (i)
prejudique a saúde, a segurança e o bem-estar da população; (ii) crie condições adversas às
atividades sociais e econômicas; (iii) afete desfavoravelmente a biota; (iv) afete as condições
estéticas ou sanitárias do meio ambiente; (v) lance matérias ou energia em desacordo com os
padrões ambientais estabelecidos (LIBOS, 2002 apud LIMA, 2006).
A poluição dos corpos hídricos pode ser originada de fontes pontuais, como esgotos
domésticos e industriais, bem como de fontes não pontuais como escoamento urbano e
agricultura (LIMA, 2006).
4.6 EUTROFIZAÇÃO
A eutrofização é um processo natural de enriquecimento dos lagos, represas ou rios,
resultante da presença excessiva de nitrogênio e fósforo, fontes que podem ser naturais ou
antrópicas, com o aumento do número de organismos e da produção orgânica; quando
intensificado
pelas
ações
humanas,
provoca
um
crescimento
descontrolado
dos
microorganismos presentes, levando na maioria das vezes à mortandade, em massa, de
comunidades aquáticas, por escassez de oxigênio dissolvido na água (SEBRAE, 2000 apud
COSTA, 2005).
4.7 AUTODEPURAÇÃO
O processo de autodepuração de um rio é definido como a volta às condições
ecológicas originais, anteriores a entrada da carga poluidora, não apenas da estabilização dos
compostos introduzidos, mas também da recuperação do oxigênio perdido nessa estabilização.
A estabilização dos compostos pode ser completa, assim como a recuperação do oxigênio,
porém num sentido restrito à volta às condições originais, muito dificilmente ocorrerá. A
39
composição final da água e suas características não serão iguais as existentes anteriormente ao
impacto, pois o processo de estabilização dos compostos cria, naturalmente, outros compostos
que não existiam ali anteriormente (LIMA, 2006).
A autodepuração fica restrita a apenas um dos múltiplos aspectos integrantes do
fenômeno geral da poluição: a recuperação dos níveis primitivos de concentração do oxigênio
dissolvido, o que de maneira nenhuma pode ser interpretado como processo de purificação,
pois é um processo dinâmico, assim sua evolução não pode ser apreciada simplesmente
através de padrões de qualidade. É fundamental obter-se dados que tenham continuidade no
tempo e no espaço e que uma escalonada em curva ou gráfico representativo, o qual permita
interpolação e extrapolação, no sentido de permitir a previsão de condições futuras ou
intermediarias, em pontos não observados na prática (LIMA, 2006).
Considera-se que a água esteja em processo de autodepuração, quando suas
características ecológicas estejam de acordo com os padrões de uso do recurso, prevista para
cada trecho do curso d’água. Ou seja, assim que os materiais poluidores estiverem
suficientemente estabilizados e os compostos estáveis estejam diluídos, para que não
provoque a superpopulação de algas ou outros seres nocivos. A escolha dos parâmetros ideais
depende da utilização do recurso e da finalidade que se pretende fazer da água. Os parâmetros
ideais
de
autodepuração
seriam
aqueles
que
permitissem
observar
ou
avaliar
quantitativamente os vários estágios de evolução do meio (LIMA, 2006).
4.8 TRABALHOS ANTERIORES
A caracterização dos parâmetros físico-químicos das drenagens dos córregos
Vendinha, Maria Velha e Pipiripau analisados por Sousa (2006), podem ser utilizados com
uma referencia para esse trabalho. As coletas foram realizadas em períodos chuvosos e os
parâmetros analisados foram, pH, turbidez, temperatura, condutividade e oxigênio dissolvido.
A condutividade, turdidez e pH representam os parâmetros que são comuns aos dois trabalhos
e se pode fazer um comparativo entre os resultados analisados, porem pela coleta de Sousa
(2006) ter sido realizada em período chuvoso a turbidez, passa a ser um parâmetro
incompatível com esse trabalho. Os valores para pH, ficaram todos dentro do esperado em
todos os pontos. Assim o parâmetro condutividade, que tiveram valores altos, passa a ser um
comparativo com o presente trabalho.
40
O trabalho de Sousa (2006) contemplou também um estudo multi-temporal da bacia
do Pipiripau onde fica claro o rápido crescimento das fronteiras agrícolas. Dados de 2003 já
mostram que a área da bacia já está quase toda tomada pela agricultura e que a vegetação
nativa já foi quase toda retirada salvo machas de matas de galeria, que se apresentam ainda
durante o curso do córrego.
Neste levantamento multi-temporal, pode ser observado que a sub-bacia do Pipiripau,
não sobre com a ocupação urbana, são observado apenas manchas de uso urbano no baixo
Pipiripau, com isso deixando clara a característica marcante da agricultura na área da bacia.
Figura 4.9: Uso e ocupação na bacia do Pipiripau no ano de 2003. Fonte: SOUSA (2006).
41
5. METODOLOGIA
As metodologias utilizadas para a caracterização Ambiental e da qualidade da água
das drenagens envolveram tanto atividades em campo como atividades laboratoriais.
5.1 ATIVIDADES EM CAMPO
Foi feita uma coleta em cinco pontos distribuídos ao longo do alto vale do córrego
Pipiripau. Esses pontos foram escolhidos de acordo com a sua localização geográfica,
facilidade de coleta e devido à continuidade de outros trabalhos anteriores. Para que as
características das amostras fossem mantidas e que os resultados das análises não fossem
maquiados tomou-se os seguintes cuidados:
•
A escolha do tipo de recipiente a se utilizado;
•
A preservação das amostras isolando-as termicamente.
•
O tempo em que às amostras devem ser levadas ao laboratório de forma que
mantenha as características da mesma.
•
Atenção na utilização dos equipamentos de campo.
Em cada ponto foi marcada a sua localização com auxilio do aparelho de GPS, alem
da sua cota em relação ao nível do mar e também a hora em que as coletas foram realizadas.
5.2 ATIVIDADES LABORATORIAIS
Os procedimentos laboratoriais foram realizados nos laboratórios de Águas e de
Espectroscopia Atômica Aplicada e no laboratório Universidade Católica de Brasília, com a
seguinte metodologia:
Os parâmetros analisados foram: fósforo total, fosfato, pH, dureza, cor, turbidez, DQO,
sólidos totais, Amônia, Condutividade, nitrato, coliformes fecais e totais. Esses parâmetros e
métodos utilizados para tais análises estão dispostos na Tabela A1 em anexo.
A leitura das análises químicas dos metais – Alumínio (Al), Boro (B), Cádmio (Cd),
Cálcio (Ca), Cromo (Cr), Cobalto (Co), Cobre (Cu), Ferro (Fe), Magnésio (Mg), Manganês
42
(Mn), Níquel (Ni), Sódio (Na), Chumbo (Pb), Antimônio (Sb) e Silício (Si) foram feitas no
Laboratório de Espectroscopia Atômica Aplicada (LEAA – UCB) que se encontra no Hospital
da Universidade Católica de Brasília (HUCB).
De acordo com o Laboratório de Espectroscopia Atômica Aplicada da Universidade
Católica de Brasília, a metodologia utilizada, foi a da Espectroscopia Atômica para todas as
análises de água em relação à concentração dos metais, o equipamento utilizado foi o ICP
AES (Espectroscopia de Emissão Atômica por Plasma de Argônio Induzido). Por ser amostra
de água, esta não sofre nenhum tratamento analítico no laboratório antes das determinações.
Com o aparelho calibrado, realizaram-se os estudos dos metais e também de água
destilada que pode ser chamada de branco, em relação a cada metal. A curva de calibração
baseia-se em fornecer uma amostra líquida em um vidro de âmbar, com a concentração
conhecida de cada metal, afim do aparelho reconhecer as concentrações desses metais.
Foram elaborados mapas no Laboratório de Caracterização Ambiental da UCB,
demonstrando as características da bacia. Utilizou-se o programa ArcGis 9.0 para a
elaboração dos mapas.
43
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1 DESCRIÇÃO DOS PONTOS DE COLETA
As coletas foram realizadas no Alto Vale da sub-bacia do Pipiripau (Figura 6.1), onde
se definiu cinco pontos pré-determinados pela facilidade de acesso, por serem pontos
estratégicos que forneceram o melhor entendimento das análises e para utilizar como base
comparativa a trabalhos anteriores nos mesmos pontos, assim:
•
Ponto 01 - Coletado no córrego Vendinha (CV) localizado nas coordenadas UTM:
x= 0232684 e y= 8282283 e altitude igual a 1.070 m;
•
Ponto 02 - Coletado no córrego Maria Velha (MV) localizado nas coordenadas
UTM: x= 0232304 e y= 8282094 e altitude igual a 1.071m;
•
Ponto 03 - Coletado logo após o encontro do Córrego Vendinha como o Córrego
Maria Velha, localizado nas coordenadas UTM: x= 0232424 e y= 8281662 e
altitude igual a 1.067m;
•
Ponto 04 - Coletado em uma ponte localizada nas proximidades da BR-020
localizado nas coordenadas UTM: x= 0231197 e y= 8275839 e altitude igual a
1.032m; e
•
Ponto 05 – Coletado nas proximidades da ponte da DF 405, km 20, localizado nas
coordenadas UTM: x= 0227262 e y= 8272481 e altitude igual a 1.010m;
44
Figura 6.1: Caracterização dos pontos coletados na bacia do Pipiripau.
45
O ponto 01 corresponde ao córrego Vendinha que está localizado ao extremo nordeste
do Distrito Federal, próximo à divisa com o estado de Goiás. O córrego Vendinha é um dos
afluentes do córrego Pipiripau.
Neste ponto foi observada a falta parcial da mata ciliar (Foto 6.1), a presença de lixo e
a presença de bastantes sedimentos grosseiros (Foto 6.2). A água apresentava uma vazão
baixa, sem a presença de odores e uma tonalidade clara apesar da área está bem antropizada
em decorrência da estrada (DF-205), que passa no local e da facilidade de acesso ao ponto.
As Fotos 6.1 e 6.2 ilustram o local da coleta:
Foto 6.1: Presença de lixo e bastantes sedimentos
46
Foto 6.2: Tonalidade clara e ausência da mata de galeria
O ponto 02 corresponde ao córrego Maria Velha que também está localizado ao
extremo nordeste do Distrito Federal, próximo à divisa com o estado de Goiás. O córrego é
um dos afluentes do córrego Pipiripau.
Foi observada a queima da mata de galeria (Foto 6.3) possivelmente em decorrência
de abertura de áreas com finalidades agro-pastoris. A água apresentava uma vazão pequena,
sem odor e a tonalidade é clara (Foto 6.4) apesar da área está bem antropizada em decorrência
da estrada (DF-205) e do fácil acesso. O curso do córrego recebeu manilhas para poder escoar
por debaixo da DF-205 (Foto 6.3).
As Fotos 6.3 e 6.4 ilustram o local da coleta:
47
Foto 6.3: Ponte sobre o córrego Maria Velha e a queima da mata de galeria
Foto 6.4: Água cristalina.
48
O ponto 03 corresponde ao encontro do córrego Maria Velha e do córrego Vendinha,
formando o córrego Pipiripau. O ponto está localizado dentro de uma propriedade particular,
pouco antropizada, as margens do córrego estão cercadas com arame dificultando o acesso.
A água apresenta um aumento considerável na vazão, a coloração é bastante turva e o
solo é bastante rico em matéria orgânica (Foto 6.5). Não foi notado a presença de odor. A
mata de galeria se apresenta bastante preservada (Foto 6.6).
As Fotos 6.5 e 6.6 ilustram o local da coleta:
Foto 6.5: Água bastante turva e solo rico em matéria orgânica
49
Foto 6.6: Mata de galeria bastante preservada
O ponto 04 está localizado próximo a uma ponte presente na BR 020. Neste ponto foi
observada que a mata de galeria foi retirada em uma das margens para expansão agro-pastoril
quase totalmente (Foto 6.7).
A água apresentava uma vazão maior, a tonalidade bastante turva (Foto 6.8), mais sem
a presença de odores fortes, a presença de bastante lixo, sugerindo que existam pessoas
residindo na área pela facilidade do acesso e por ser uma área que possibilita a permanência
de pessoas de baixa renda.
As Fotos 6.7 e 6.8 ilustram o local da coleta:
50
Foto 6.7: Água turva.
Foto 6.8: Retirada da margem esquerda para expansão agro-pastoril
51
O ponto 05 corresponde ao ultimo ponto de coleta está localizado na proximidade da
DF-405. O córrego neste ponto se encontra bastante preservado, com a mata ciliar bem
preservado (Foto 6.9), dificultando o acesso para a coleta.
A água apresentava uma vazão baixa, sem odor algum, tonalidade clara apesar do
nível estava bem abaixo do normal (Foto 6.10) em função da época do ano. A presença de
sedimentos fica bem evidente, mostrando que o córrego vem recebendo uma carga excessiva
de sedimentos (Foto 6.10).
As Fotos 6.9 e 6.10 ilustram o local da coleta:
Foto 6.9: Córrego Pipiripau com a mata de galeria preservada.
52
Foto 6.10: Córrego Pipiripau com a Tonalidade clara.
6.2. RESULTADO DAS ANÁLISES DOS PONTOS DE COLETA
No presente trabalho o parâmetro de comparação utilizado será a classe 2 da Resolução
CONAMA 357/05, que em seu Art. 4º classifica as águas doces em quatro classes distintas,
sendo a esta classe as de águas que podem ser destinadas ao abastecimento público, após
tratamento convencional; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação de contato
primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho; à irrigação de hortaliças, plantas
frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a
ter contato direto; e à aqüicultura e à atividade de pesca.
Os resultados obtidos na amostragem dos pontos estão nas Tabelas A2 e A3 em anexo:
53
6.3 DISCUSSÃO DO RESULTADO DAS ANÁLISES OBTIDAS NOS PONTOS
AMOSTRADOS
Para a discussão dos resultados foram elaborados gráficos, de alguns parâmetros
físico-químicos e biológicos.
Os gráficos que foram elaborados representam os resultados acima do limite de
detecção (LD) nos 5 pontos coletados, os quais serão discutidos no presente trabalho sendo
que o Sódio (Na) teve dois pontos a baixo da LD (Pontos 01 e 03) mas também seus
resultados foram expressos em forma gráfica para discussão.
Em relação ao parâmetro físico, Fósforo Total, não foi elaborado gráfico, pois os
valores encontrados em todos os 5 pontos de coletas foram inferiores a 0,01 mg/L, que
corresponde a valores permissíveis pela Resolução CONAMA 357/05.
Os valores da concentração dos metais Cádmio (Cd), Cobalto (Co), Cromo (Cr),
Cobre (Cu), Manganês (Mn), Nitrato (Ni), Chumbo (Pb), Antimônio (Sb) e Silício (Si),
ficaram abaixo do limite de detecção(LD) do aparelho, não sendo assim elaborado gráficos
para os resultados dos mesmos.
Os parâmetros físico-químicos e bacteriológicos analisados são: Fosfato, Cor, pH,
Dureza, Amônia, Turbidez, Condutividade, Sólidos Dissolvidos totais, DQO, Nitrato,
Coliformes Totais e Coliformes Fecais; entre os metais são: Alumínio (Al), Boro (B), Cálcio
(Ca), Ferro (Fe), Magnésio (Mg), e Silício (Si).
Foram escolhidos estes parâmetros, pois as concentrações destes elementos poderem
nos indicar possíveis contaminações de efluentes e por compostos agrícolas.
6.4
DISCUSSÃO
DAS
ANÁLISES
OBTIDAS
E
APRESENTAÇÃO
DOS
RESULTADOS
Foram
elaborados
gráficos
referentes
aos
parâmetros
físico-químicos
e
bacteriológicos. Os parâmetros que possuem valores de referencia na Resolução CONAMA
357/05, tiverem seus resultados comparados.
54
6.4.1 Fósforo Total
Os valores de todos os pontos analisados referentes ao fósforo total ficaram abaixo de
0,01 mg/L, permanecendo dentro do valor máximo permissível exigido pela resolução do
CONAMA 357/05 (0,01 mg/L). Provavelmente os pontos apresentam estes valores por não
ter sido observado a presença de lançamento de esgoto doméstico clandestino nem ter sido
observado processo de eutrofização ao longo dos pontos analisados.
6.4.2 Potencial Hidrogeniônico (pH)
As amostras indicaram que em todos os pontos os valores de pH estão dentro do
intervalo permissível pela resolução CONAMA 357/05 que define que o pH para águas doce
de classe 2 devem estar entre 6 (mínimo) e 9 (máximo).
Os Valores encontrados ficaram próximos ao valor mínimo estabelecido pela
legislação assim se caracterizando como sendo uma água moderadamente ácida.
O Gráfico 6.1 mostra a comparação dos valores de pH nos 5 pontos de coleta do Alto
Vale do Pipiripau com o VMP pelo CONAMA 357.
Concetrações
pH
9
8
7
6
5
4
3
2
1
pH
pH min (CONAMA CL2)
pH máx (CONAMA CL2)
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.1: Resultados para o parâmetro pH
55
6.4.3 Dureza
Para Dureza não existe um valor máximo definido pelo CONAMA 357/05.
Pode se atestar a Dureza das águas como sendo uma característica atribuída pela
presença de sais alcalinos terrosos, em principal sais de cálcio e magnésio e de outros metais
(VOGEL, 1992).
Em função dos resultados encontrados é possível classificar a água como sendo uma
água mole (0 a 70mg/L).
A dureza exerce relação entre as concentrações dos parâmetros cálcio e magnésio
longo do córrego.
O Gráfico 6.2 mostra os valores da concentração da Dureza da água nos pontos de
coleta do Pipiripau - DF.
Concentrações
Dureza (mg/L)
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Dureza
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.2: Resultados para o parâmetro Dureza
56
6.4.4 Cor
Todos os valores dos pontos amostras ficaram bem abaixo do limite permissível pelo
CONAMA 357/05, que atesta que para o parâmetro Cor o valor pode chegar até 75 pt.
O ponto 03 foi onde o valor foi maior chegando a 34 pt, ainda sim ficando bem
distante do VMP. Desta forma podendo atestar que o Alto Vale do córrego do Pipiripau tem
recebido pouca influência de fatores como o lançamento de esgotos domésticos,
possivelmente por ser uma bacia na sua maioria se uso agro-pastoril e ainda possui pouca
concentração de material dissolvido.
O Gráfico 6.3 mostra os valores dos pontos referentes à Cor no Alto Vale do Pipiripau.
Cor (pt Cor)
Concentrações
90
75
60
Cor
45
CONAMA CL2
30
15
0
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.3: Resultados para o parâmetro Cor
6.4.5 Turbidez
A concentração da turbidez em todos os pontos analisados permaneceu dentro dos
padrões estabelecidos pelo CONAMA 357/05, que para classe 2 permite valores até 100 U.T.
para esse parâmetro.
Os valores não passaram de 10 U.T. mostrando que provavelmente pela vazão do
córrego ser baixa e não ter sido identificado aporte de efluente, os valores para turbidez são
ótimos. Pela água do Pipiripau ser utilizada para consumo humano, esses valores são de
57
extrema importância, pois o tratamento da água para abastecimento depende muito deste
parâmetro que atesta material em suspensão.
O Gráfico 6.4 mostra a comparação dos valores da turbidez dos pontos de
coleta do Pipiripau - DF com o VMP pelo CONAMA.
Concentrações
Turbidez (U.T)
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Turbidez
CONAMA CL2
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.4: Resultados para o parâmetro Turbidez
6.4.6 Demanda Química de Oxigênio (DQO)
A concentração de DQO não tem valor máximo permissível definido pelo CONAMA
357/05, mas em um corpo hídrico que apresente o valor alto de DQO pôde mostrar uma
grande concentração de matéria orgânica e baixo teor de oxigênio.
A ação antrópica, através de lançamentos de efluentes, normalmente explica uma alta
taxa de DQO em corpo d'água, esses valores quando considerados altos podem chegar à
atingir mais 500 mg/l.
Foi observada que os valores ficaram baixos para qualquer tipo de aporte de efluentes
domésticos.
O Gráfico 6.5 mostra os valores da concentração da DQO nos pontos de coleta do
Pipiripau - DF.
58
Concentrações
DQO (mg/L)
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
DQO
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.5: Resultados para o parâmetro DQO
6.4.7 Nitrato
Os valores em todos os pontos amostrados, ficaram muito abaixo do valor máximo
permissível, indicado pelo CONAMA 357/05, que estipula até 10,0 mg/L de nitrato Nox em
corpos hídricos de classe 2.
A concentração encontrada em todos os pontos não chegou atingir 1 mg/L tendo
assim uma grande margem em relação ao VMP. Pode-se concluir que a poluição em função
de fertilizante, principais fontes do nitrogênio-nitrato, não são verificados no local.
O Gráfico 6.6 mostra os valores da concentração de Nitrato nos pontos de coleta na
bacia do Alto Pipiripau - DF.
59
Nitrato (mg/L)
Concentrações
12
10
8
Nitrato
6
CONAMA CL2
4
2
0
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.6: Resultados para o parâmetro Nitrato
6.4.8 Amônia
Os valores das análises de todos os pontos amostrados estão bem abaixo dos valores
permissíveis pela Resolução CONAMA 357/05, que limita a presença da Amônia NH4 para
corpos hídricos com pH menores que 7,5, caso de todos os pontos amostrados, para valores
de até 3,7 mg/L (CONAMA 357/05).
A presença de Amônia na água não é cumulativo, pois o nitrogênio amoniacal se
transforma em nitrato (NO2). A maior fonte de poluição da água por amônia é proveniente da
decomposição da matéria orgânica e despejo de esgoto doméstico e fazendo um comparativo
com outros parâmetros o aporte desse composto não é identificado.
O Gráfico 6.7 demonstra os valores encontrados para Amônia nos pontos analisados
na bacia do Alto Pipiripau - DF.
60
Concentrações
Amônia (mg/L)
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
Amônia
CONAMA CL2
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.7: Resultados para o parâmetro Amônia
6.4.9 Condutividade
A Resolução CONAMA 357/05, não define parâmetros para condutividade. Porém,
observa-se um decréscimo do valor no ponto 02, pois ao longo do córrego os valores se
mantiveram altos e próximos aos valores pra Magnésio e Cálcio. Dados do Porto (1991)
atestam que valores acima de 100 µS/cm podem demonstrar ambientes com um grau muito
significativo de degradação e o resultado das análises dos pontos atestaram valores bem mais
baixos.
A condutividade atesta a presença de sais dissolvidos, e a identificação deste
parâmetro ilustra o aporte de fertilizante.
O trabalho de Sousa (2006) mostra que a região do Alto vale do Pipiripau apresenta
uma tendência para uma concentração alta para condutividade, onde seu ponto de analise
defino como ponto 5, mesmo ponto analisado por esse trabalho, chega a valores de quase 24
µS/cm e no ponto definido por Sousa (2006) como sendo o ponto 2 e que neste trabalho foi
definido como sendo o ponto 01, os valores se aproximam de 27 µS/cm. No presente trabalho
os mesmos pontos obtiveram valores acima de 28 µS/cm.
O Gráfico 6.8 demonstra os valores encontrados de condutividade para os pontos
analisados na bacia do Alto Pipiripau - DF.
61
Condutividade (µS/cm)
35
30
Valores
25
20
Condutividade
15
10
5
0
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.8: Resultados para o parâmetro Condutividade
6.4.10 Sólidos Totais Dissolvidos
A Resolução CONAMA 357/05 não institui valores máximos permissíveis para o
parâmetro Sólidos Totais. Desta forma o gráfico ilustra bem que houve uma queda brusca na
concentração de Sólidos Totais no ponto 02. Esse parâmetro tem uma relação direta com a
questão do aporte de sedimento. Pelo córrego do Alto Pipiripau ter uma vazão relativamente
baixa a movimentação de sedimentos não é muito significativa.
O Gráfico 6.9 demonstra os valores encontrados para Sólidos Totais Dissolvidos nos
pontos analisados na bacia do Alto Pipiripau - DF.
62
Concentrações
Sólidos Totais (mg/L)
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Sólidos Totais
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.9: Resultados para o parâmetro Sólidos Totais
6.4.11 Fosfato
A Resolução CONAMA 357/05 não institui valores máximos permissíveis para o
parâmetro Fosfato. Porem este parâmetro tem uma relação direta com a entrada de
fertilizantes utilizados na melhora de plantio de cultura. Mas pode ser observada uma
concentração relativamente baixa.
O Gráfico 6.10 demonstra os valores encontrados Fosfato nos pontos analisados na
bacia do Alto Pipiripau - DF
Fosfato (mg/L)
Concentrações
0,012
0,01
0,008
0,006
Fosfato
0,004
0,002
0
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.10: Resultados para o parâmetro Fosfato
63
6.4.12 Coliformes Totais
Os valores para Coliformes Totais ficaram todos acima de 2419,2 NMP/100mL,
menos no ponto 05 que obteve um valor abaixo dos outros pontos analisados. A resolução do
CONAMA 357/05 não define VMP para Coliformes Totais.
Esse parâmetro é de extrema importância como um indicador de possível existência de
microorganismos patogênicos na água, responsáveis por transmissão de doenças, como febre
tifóide, febre paratifóide, desinteria bacilar e cólera alem de atestar a presença de
decomposição de matéria orgânica e todas as naturezas.
O Gráfico 6.11 mostra a concentração de Coliformes Totais ao longo do Alto Pipiripau
– DF.
Coliformes Totais (NMP/100ml)
Concentrações
3000
2500
2000
1500
Coli. Totais
1000
500
0
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.11: Resultados para o parâmetro Coliformes Totais
64
6.4.13 Coliformes Fecais
Os pontos analisados ficaram abaixo dos valores máximos permissíveis (VMP) que a
Resolução CONAMA 357/05 prevê para classe 2 de águas doces valores até 1.000
NMP/100ml, apenas o ponto 02 teve o resultado acima do que a resolução permite.
A concentração no ponto 02 foi a maior entre os pontos coletados, ficando com valor
acima dos permissíveis (1.119,85 NMP/100ml), é um valor relevante se levarmos em
consideração que esse ponto é um dos afluentes do Pipiripau (Córrego Maria Velha). É
importante citar que foi feita apenas uma analise para cada ponto.
Esse valor acima do VMP da CONAMA possivelmente é em decorrência de uma casa
da propriedade local observada próxima ao ponto de coleta, em torno de 150 m acima do
ponto.
Na área apesar de ter sido observado a abertura de áreas para criação animal, não foi
visto a presença efetiva dos mesmos.
A partir do ponto 03 provavelmente ocorra um processo de autodepuração devido à
boa preservação das matas ciliares do ponto 03 e ao aumento da vazão do córrego a
concentração para Coliformes Fecais diminui de forma significativa.
No ponto 04 o valor volta a subir, porém ficando baixo, esse resultado possivelmente
se deve as fazendas localizadas no decorrer do córrego. Nessas propriedades foi observada a
presença de criações de animais, em principal bovino, podendo assim explicar esse variação
para valores em relação aos Coliformes Fecais no ponto 04.
O Gráfico 6.12 mostra a comparação dos valores da concentração de Coliformes
Fecais nos pontos de coleta no Alto Pipiripau - DF com o VMP pelo CONAMA.
65
Coliformes Fecais (NMP/100ml)
Concentrações
1200
1000
800
Coli. Fecais
600
CONAMA CL2
400
200
0
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.12: Resultados para o parâmetro Coliformes Fecais
6.5 DISCUSSÃO DAS ANÁLISES OBTIDAS E APRESENTAÇÃO DOS
RESULTADOS PARA METAIS
Os Gráficos que foram elaborados para os metais foram aqueles em que foi possível
identificar as concentrações acima do Limite de Detecção (LD) do aparelho de espectroscopia
para avaliação da qualidade da água do córrego Pipiripau – DF.
Não Foram elaborados mapas e gráficos para os seguintes parâmetros: Cádmio (Cd),
Cromo (Cr), Cobre (Cu), Cobalto (Co), Chumbo (Pb), Manganês (Mn) Níquel (Ni),
Antimônio (Sb) e Silício (Si); pois os valores medidos ficaram abaixo do Limite de Detecção
do aparelho (LD).
6.5.1 Alumínio (Al)
Os valores encontrados para a concentração de alumínio ficaram acima em todos os
pontos em relação aos valores máximo permissíveis segundo a classe 2 da Resolução
CONAMA 357/05 que limita os valores até 0,1 mg/L. Esse resultado possivelmente se deve a
fatores naturais, pois o solo do cerrado além de ser rico em ferro também é rico em Alumínio
(Al+2), e também devido a fatores antrópicos, como resíduos sólidos provindos de atividades
agrícolas situadas na região.
66
Os pontos 01, 02 e 05 ficaram com os resultados próximos ficando em torno de 0,12.
Os pontos 03 e 04 apresentaram as maiores concentrações com valores em torno de 0,15, no
ponto 04 a presença de resíduos sólidos gerado pela presença antrópica pode ser um fator que
influenciou nos resultados. Pelo ponto 05 ter tido uma redução na concentração de alumínio
presente no córrego é possível que tenha ocorrido o processo de autodepuração diluindo de
forma significativa o metal no corpo hídrico em questão.
O Gráfico 6.13 mostra a comparação dos valores da concentração do Alumínio (Al)
nos pontos de coleta do Alto Pipiripau - DF em relação com Valores Máximos Permissíveis
pelo CONAMA 357/05 e os Limites de Detecção (LD) do aparelho.
Al (mg/L)
0,18
0,16
Concentrações
0,14
0,12
Pontos
0,1
LD
0,08
CONAMA CL2
0,06
0,04
0,02
0
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.13: Resultados para o parâmetro Alumínio
67
6.5.2 Boro (B)
A concentração do elemento boro ao longo do córrego do Alto Pipiripau é semelhante
e em todos os pontos analisados apresenta-se bem a abaixo dos valores máximos permissíveis
pela CONAMA 357/05, que propõe uma concentração máxima de até 0,5 mg/ L e a maior
concentração deste metal encontrado nos pontos analisados foi a do ponto 01.
O Gráfico 6.14 compara a variação da concentração de boro (B) nos pontos analisados
ao longo do córrego Alto Pipiripau – DF e os Limites de Detecção (LD) do aparelho.
B (mg/L)
0,6
Concentrações
0,5
0,4
Pontos
0,3
LD
CONAMA CL2
0,2
0,1
0
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.14: Resultados para o parâmetro Boro
68
6.5.3 Cálcio (Ca)
As maiores concentrações foram nos pontos 01 e 05. A resolução do CONAMA
357/05 não determina valores máximos permissíveis (VMP) para este parâmetro.
A presença de cálcio na área da bacia do Pipiripau pode esta atribuída a calagem do
solo. Por ser uma estritamente agrícola e o solo da região ter a característica bem acida a
utilização de calcário como corretivo passa a ser algo de relevância na bacia.
O parâmetro Cálcio está relacionado diretamente com a dureza da água.
O Gráfico 6.15 mostra os valores da concentração do Cálcio (Ca) nos pontos de coleta
do Alto Pipiripau – DF e dos Limites de Detecção (LD) do aparelho.
Ca (mg/L)
3
Concentrações
2,5
2
Pontos
1,5
LD
1
0,5
0
0
1
2
3
4
5
Pontos
Gráfico 6.15: Resultados para o parâmetro Cálcio
6
69
6.5.4 Ferro (Fe)
Os pontos 02, 03, 04 e 05 tiveram resultados semelhantes, estando dentro dos padrões
permitidos segundo a Resolução vigente, CONAMA 357/05, sendo que o valor do ponto 03
ficou próximo dos Valores Máximos Permitidos que limitam o metal em até 0,3 mg/L.
O ponto 01 obteve um resultado pouco acima do permissível (0,369699 mg/l).
Possivelmente em decorrência do ponto está localizado em área de estagnação da água.
Em decorrência dos resultados obtidos, pode-se verificar que este metal tem efeito
cumulativo e pode ser proveniente de fontes naturais, como o próprio solo do cerrado, que é
rico neste metal, podendo ser encontrado principalmente como Fe+3, além de poder ser
encontrado disposto em função de fontes antrópicas.
Os valores são considerados baixos, pois se relacionarmos o nosso solo com os
resultados amostrados, levando também em consideração que se realizou apenas uma amostra,
o teor para o elemento Ferro é baixo.
O Ferro, quando encontrado em altas concentrações, pode conferir sabor as águas, nas
tubulações e reservatórios, podendo levar a formação de depósitos e incrustações,
favorecendo o desenvolvimento de ferrobactérias, que por sua vez, conferem odor
desagradável e sabor a água.
O Gráfico 6.16 compara o a variação da concentração de Ferro (Fe) nos pontos
analisados ao longo do Alto Pipiripau – DF em relação com o CONAMA 357/05 e o Limite
de Detecção (LD) do aparelho.
70
Fe (mg/L)
0,4
0,35
Concentrações
0,3
0,25
Pontos
0,2
LD
CONAMA CL2
0,15
0,1
0,05
0
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.16: Resultados para o parâmetro Ferro
6.5.5 Magnésio
As concentrações do elemento magnésio não são definidas pela Resolução CONAMA
357/05.
O que é observado que a concentração do ponto 01, onde o valor foi o mais alto
encontrado nas analises cai de forma significativa para o ponto seguinte e se mantém com
valores bem próximos nos pontos seguintes.
O elemento magnésio está diretamente relacionado com a dureza do corpo
hídrico, assim esse parâmetro é bastante relevante quando esta água é utilizada para tratando e
abastecimento humano, pois uma alta taxa de magnésio é responsável por causar incrustações
nas tubulações e torna difícil a lavagem de utensílios domésticos e roupas, pois impossibilita a
formação de espuma.
O Gráfico 6.17 mostra os valores da concentração de Magnésio (Mg) nos pontos de
coleta no Alto Pipiripau – DF e os Limites de Detecção (LD) do aparelho.
71
Mg (mg/L)
1,8
1,6
Concentrações
1,4
1,2
1
Pontos
LD
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.17: Resultados para o parâmetro Magnésio
6.5.6 Sódio (Na)
O Sódio (Na) não tem definido nenhum valor máximo permissível pela resolução do
CONAMA 357/05.
O ponto 02 foi onde o valor foi mais elevado (0,59766), ficando bem distante dos
outros resultados. Esse valor mais elevado pode ser em detrimento do aporte de esgoto casa
presente acima do ponto de coleta da amostra, podendo assim se faz um comparativo com o
parâmetro Coliforme Fecal que pra o Ponto 02 obteve valor acima da VMP da CONAMA
357/05.
Os outros pontos ficaram bem próximos um dos outros. Então se infere que a água em
relação a este parâmetro é seguramente de boa qualidade em todos os pontos analisados.
O gráfico 6.18 mostra os valores da concentração de Sódio (Na) nos pontos de coleta
no Alto Pipiripau – DF e os Limites de Detecção (LD) do aparelho.
72
Na (mg/L)
0,7
Concentrações
0,6
0,5
0,4
Pontos
0,3
LD
0,2
0,1
0
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.18: Resultados para o parâmetro Sódio
73
7. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
Os resultados das amostras da região do Alto Pipiripau em que foram encontrados
parâmetros acima dos determinados pela Resolução CONAMA Nº. 357/05, nas análises
foram: Coliformes Fecais, Alumínio, Ferro.
A presença de Coliformes Fecais indica a incidência de efluentes domésticos.
O ponto em que o valor excede os VMP da CONAMA, para Coliformes Fecais foi o
ponto 02. O valor acima da CONAMA se deve em função da presença de uma propriedade no
local próxima ao ponto de coleta, em torno de 150 m acima do ponto.
O que ainda pode aferir a existência da entrada de efluentes domésticos nesse ponto,
além da concentração de coliformes e o valor do elemento sódio, que não possui valores
limitantes pela CONAMA 357/05 mais serve como parâmetro característico de lançamento de
efluentes domésticos. E nesse ponto também obteve valores altos.
Para os parâmetros Condutividade, Sólidos Totais, Ferro, Manganês, Dureza e Cor
que obtiveram valores baixos no ponto 02 pode se aferir uma qualidade boa ao ponto, mesmo
com a concentração de coliformes fecais um pouco acima da VMP da CONAMA para o
ponto.
O alumínio foi o único parâmetro analisado em que todos os resultados tiveram
valores acima do VMP da CONAMA 357/05. Sendo que o ponto 04 obteve a maior
concentração entre os pontos. O fato que explica esses resultados acima dos VMP pela
Resolução CONAMA 357/05 em todos os pontos está possivelmente associado ao solo e a
geologia da região e seus processos naturais.
Em relação às concentrações de ferro, as analises mostram que os valores para esses
elementos ficaram próximos em quase todos os pontos aos VMP pela CONAMA 357/05 e no
ponto 01 extrapola a Resolução. Esses valores se explicam pela formação dos solos e pela
geologia da região que é rica nesse tipo de metal como o alumínio, porem esse valor no ponto
01 acima da CONAMA, é possivelmente em detrimento da área está localizada em uma área
de brejo, ou seja, uma área de estagnação da água. Normalmente nessas áreas o acumulo de
ferro provoca um aumento na sua concentração.
Os valores para condutividade consideráveis na área do córrego do Alto Pipiripau. Em
trabalhos anteriores realizados na área como o de Sousa (2006), já mostrava essa tendência
que foi confirmada nessa caracterização da água do córrego. As concentrações em 2 dos
pontos analisados obtiveram valores próximos a 28 µs/cm.
74
Ainda se obtiveram valores altos para Magnésio e Cálcio. Para Magnésio o ponto 02
foi o ponto com menor valor para esse elemento, porem os outros pontos tiveram valores
consideráveis e o Cálcio obteve concentração considerável em todos os pontos. A bacia
possui uma característica estritamente agrária e esses dois elementos fazem parte da
composição de fertilizantes e corretivos de solo para atividades agrícolas, pode assim aferir
que a responsável por essas taxas mais elevadas de Magnésio e Cálcio é em detrimento a
agricultura da região.
As analises mostram que o Alto Vale do córrego Pipiripau em um contexto geral
apresenta características físico-químicas e biológicas boa.
75
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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78
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Seção:
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Matéria
eletrônica.
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setembro de 2007.
Disponível
Acesso
em:
em:
15
de
79
APÊNDICES
80
CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO ALTO VALE DO CÓRREGO
PIPIRIPAU.
Ciro Leonardo Rabelo Coelho1
1- QE 19 conjunto B casa 22, guará II, [email protected], Cep: 71.050-023. Brasília/DF.
RESUMO
O crescente uso da ocupação da sub-bacia do Pipiripau vem se tornando um grande problema para o ecossistema
presente. As áreas antes, cerrado nativo, matas de galeria etc, hoje quase não são mais encontradas na área da
sub-bacia, em função do constante avanço urbano, agrícola e pecuário.
Este trabalho consiste em caracterizar a qualidade da água do Alto Vale do Pipiripau através dos parâmetros
físico-químicos e biológicos. Os dados para análises foram obtidos através de coleta de suas águas em 05 pontos
distribuídos ao longo do seu trecho. Essas amostras foram encaminhadas para análises nos laboratórios de Água
e Espectrometria da Universidade Católica de Brasília.
Foram elaborados gráficos para demonstração dos parâmetros analisados: Fosfato, Cor, Turbidez, pH, Dureza,
Amônia, Condutividade, Sólidos Dissolvidos Totais, DQO, Nitrato, Coliformes Totais e Coliformes Fecais, além
dos metais Alumínio, Boro, Cálcio, Ferro, Magnésio e Silício que foram escolhidos para serem analisados em
função de seus resultados poderem representar possíveis contaminações em relação aos lançamentos de efluentes
e de utilização de compostos agrícolas. Os resultados demonstraram que o córrego, apesar de alguns dos
parâmetros analisados, como Coliformes Fecais, Ferro e Alumínio, terem ficado acima dos Valores Máximos
Permissíveis pela a Resolução CONAMA 357/05 para classe 2, que foi utilizada como base para comparação, o
Alto Vale do córrego do Pipiripau encontra-se com a sua qualidade boa.
PALAVRAS-CHAVE: Qualidade de água, uso agrícola, córrego do Pipiripau, parâmetros físico-químicos e
biológicos e CONAMA 357/05.
INTRODUÇÃO
Atualmente, um dos maiores problemas de cidades como Brasília, é conter o uso e ocupação do solo de sua
região. Essa situação está relacionada de forma direta com a conservação dos recursos naturais em principal à
água. É fundamental que se tenha um consenso entre desenvolvimento econômico e preservação do meio
ambiente principalmente a de recursos como à água e a energia (combustível fóssil) tornando-se o
desenvolvimento sustentável, proporcionando, também, boa qualidade de vida para as gerações futuras (LIMA,
2006).
Qualquer tipo de Atividade antrópica que ocorra em uma Bacia Hidrográfica influenciará no ciclo hidrológico,
independente do grau de utilização ou o tipo de uso se é direto ou indireto. A qualidade das águas também
depende de condições geológicas e geomorfológicas da área, além da cobertura vegetal da bacia, do
comportamento dos ecossistemas terrestres e águas doces e das ações do homem como fator chave (LIMA,
2006).
A falta de políticas de planejamento para a disposição das cidades, aliado a falta de cuidados ambientais e a
conivência do governo local vêm levando os proprietários de terras a promoverem uma ocupação desordenada
do solo, o que coloca o Distrito Federal sobre sérios riscos de danos ambientais. Essa situação é observada na
maioria das vezes em áreas que não deveriam ser ocupadas e sim protegidas, com a finalidade de disciplinar a
ocupação local, preservar os recursos naturais, proteger a diversidade biológica. Esse tipo de ocupação afeta ao
meio ambiente, pois as áreas de nascentes são desmatadas, os cursos d’água são desviados, assoreados e
contaminados por emissões clandestinas de esgoto, e por vários outros impactos.
O descomprometimento da preservação dos corpos hídricos aliada à falsa idéia de que a água é um recurso
inesgotável em principal no Brasil que é um país que possui certa abundância em relação a este recurso. Porém
este conceito não é verdadeiro e tem mudado bastante, pois a sensibilização mundial e nacional a respeito da
questão da água tem sido cada vez maior (LIMA, 2006).
Algumas atividades relacionadas ao uso da água podem provocar alterações em suas características, tornando-a
imprópria para outros fins como: a recreação podendo modificar a qualidade da água, prejudicando o
abastecimento humano; a irrigação, com uso de fertilizantes e pesticidas, podendo provocar a poluição de
mananciais, causando prejuízos a outros usos; a água utilizada para diluir despejos, mesmo tratados, torna-se
imprópria para consumo humano e para outros fins (MOTA, 2000).
81
A sub-bacia do Córrego Pipiripau apresenta uma vocação agrícola e de abastecimento duas captações de água
importantes: a do canal Santos Dumont, instalada para suprir a necessidade de irrigação de culturas do Núcleo
Rural Santos Dumont, e a da CAESB, para o abastecimento humano das cidades de Sobradinho e Planaltina.
Diante do exposto o presente trabalho vai tratar sobre as análises físico-químicas, bacteriológicas e de metais da
água em 5 pontos em locais distintos mas que compõe as drenagens do alto vale da sub-bacia do Pipiripau com
o intuito de verificar se o uso e ocupação desta região estão comprometendo a qualidade dessa água
OBJETIVOS
O objetivo geral é a caracterização da qualidade da água do córrego no que se refere ao leva se refere ao
levantamento de parâmetros físico-químicos e biológicos do corpo d´água em questão. Os objetivos específicos
são: Analisar os parâmetros físico-químico e biológico da qualidade de água dentro da área do Alto vale do
Pipiripau e Propostas mitigadoras para os processos e agentes degradadores da bacia.
JUSTIFICATIVA
O Distrito Federal nos últimos anos vem sofrendo de uma crescente ocupação desordenada de seus territórios e
por conseqüência das áreas das suas bacias e sub-bacias pertencentes. Os corpos d’dagua refletem diretamente o
uso e ocupação de suas margens, recebendo diariamente cargas poluidoras de fontes distintas ao longo de vários
anos.
A ação antrópica sobre o meio aquático tem se despontado como uma das maiores responsáveis pelas alterações
fisico-químicas e biológicas, considerando que esses córregos vêm sendo, ao longo dos últimos anos, utilizados
como depósitos de rejeitos. A ocupação eminentemente urbana dessas áreas resultou em um incremento da
demanda nos diversos usos das águas e consequentemente aumento das cargas orgânicas, de nutrientes e de
coliformes gerados pelos esgotos domésticos, bem como das contribuições de fontes difusas ligadas às atividades
agrícolas e de criações de animais nas pequenas propriedades rurais (CAMPOS, 2004).
A sub-bacia do Alto Pipiripau está inserida nesse contexto e a caracterização dos parâmetros físico-químicos e
biológicos presentes no córrego e seus afluentes, com base nos padrões da Resolução CONAMA 357/05. Faz-se
de extrema importância, pois a bacia do Pipiripau é um das responsáveis por parte do abastecimento de água da
Região Administrativa de Planaltina – DF (RA-VI) alem de ser responsável pela água utilizada para irrigação na
região, que apresenta uma característica extremamente agrária. Ainda a analise do comprometimento da
drenagem servirá de apoio para que se possam propor medidas mitigadoras aos agentes degradadores da bacia.
TRABALHOS ANTERIORES
A caracterização dos parâmetros físico-químicos das drenagens dos córregos Vendinha, Maria Velha e Pipiripau
analisados por Sousa (2006), podem ser utilizados com uma referencia para esse trabalho. As coletas foram
realizadas em períodos chuvosos e os parâmetros analisados foram, pH, turbidez, temperatura, condutividade e
oxigênio dissolvido.
A condutividade, turdidez e pH representam os parâmetros que são comuns aos dois trabalhos e se pode fazer um
comparativo entre os resultados analisados, porem pela coleta de Sousa (2006) ter sido realizada em período
chuvoso a turbidez, passa a ser um parâmetro incompatível com esse trabalho. Os valores para pH, ficaram todos
dentro do esperado em todos os pontos. Assim o parâmetro condutividade, que tiveram valores altos, passa a ser
um comparativo com o presente trabalho.
O trabalho de Sousa (2006) contemplou também um estudo multi-temporal da bacia do Pipiripau onde fica claro
o rápido crescimento das fronteiras agrícolas. Dados de 2003 já mostram que a área da bacia já está quase toda
tomada pela agricultura e que a vegetação nativa já foi quase toda retirada salvo machas de matas de galeria, que
se apresentam ainda durante o curso do córrego.
Neste levantamento multi-temporal, pode ser observado que a sub-bacia do Pipiripau, não sobre com a ocupação
urbana, são observado apenas manchas de uso urbano no baixo Pipiripau, com isso deixando clara a
característica marcante da agricultura na área da bacia.
82
Figura 4.9: Uso e ocupação na bacia do Pipiripau no ano de 2003. Fonte: SOUSA (2006).
METODOLOGIA
As metodologias utilizadas para a caracterização Ambiental e da qualidade da água das drenagens envolveram
tanto atividades em campo como atividades laboratoriais.
Foi feita uma coleta em cinco pontos distribuídos ao longo do alto vale do córrego Pipiripau. Esses pontos foram
escolhidos de acordo com a sua localização geográfica, facilidade de coleta e devido à continuidade de outros
trabalhos anteriores. Para que as características das amostras fossem mantidas e que os resultados das análises
não fossem maquiados tomou-se os seguintes cuidados:
• A escolha do tipo de recipiente a se utilizado;
• A preservação das amostras isolando-as termicamente.
• O tempo em que às amostras devem ser levadas ao laboratório de forma que mantenha as
características da mesma.
• Atenção na utilização dos equipamentos de campo.
Em cada ponto foi marcada a sua localização com auxilio do aparelho de GPS, alem da sua cota em relação ao
nível do mar e também a hora em que as coletas foram realizadas.
Os procedimentos laboratoriais foram realizados nos laboratórios de Águas e de Espectroscopia Atômica
Aplicada e no laboratório Universidade Católica de Brasília, com a seguinte metodologia:
Os parâmetros analisados foram: fósforo total, fosfato, pH, dureza, cor, turbidez, DQO, sólidos totais, Amônia,
Condutividade, nitrato, coliformes fecais e totais. Esses parâmetros e métodos utilizados para tais análises estão
dispostos na Tabela A1 em anexo.
A leitura das análises químicas dos metais – Alumínio (Al), Boro (B), Cádmio (Cd), Cálcio (Ca), Cromo (Cr),
Cobalto (Co), Cobre (Cu), Ferro (Fe), Magnésio (Mg), Manganês (Mn), Níquel (Ni), Sódio (Na), Chumbo (Pb),
Antimônio (Sb) e Silício (Si) foram feitas no Laboratório de Espectroscopia Atômica Aplicada (LEAA – UCB)
que se encontra no Hospital da Universidade Católica de Brasília (HUCB).
De acordo com o Laboratório de Espectroscopia Atômica Aplicada da Universidade Católica de Brasília, a
metodologia utilizada, foi a da Espectroscopia Atômica para todas as análises de água em relação à concentração
dos metais, o equipamento utilizado foi o ICP AES (Espectroscopia de Emissão Atômica por Plasma de Argônio
Induzido). Por ser amostra de água, esta não sofre nenhum tratamento analítico no laboratório antes das
determinações.
83
Com o aparelho calibrado, realizaram-se os estudos dos metais e também de água destilada que pode ser
chamada de branco, em relação a cada metal. A curva de calibração baseia-se em fornecer uma amostra líquida
em um vidro de âmbar, com a concentração conhecida de cada metal, afim do aparelho reconhecer as
concentrações desses metais.
Foram elaborados mapas no Laboratório de Caracterização Ambiental da UCB, demonstrando as características
da bacia. Utilizou-se o programa ArcGis 9.0 para a elaboração dos mapas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
DESCRIÇÃO DOS PONTOS DE COLETA
As coletas foram realizadas no Alto Vale da sub-bacia do Pipiripau (Figura 6.1), onde se definiu cinco pontos
pré-determinados pela facilidade de acesso, por serem pontos estratégicos que forneceram o melhor
entendimento das análises e para utilizar como base comparativa a trabalhos anteriores nos mesmos pontos,
assim:
Ponto 01 - Coletado no córrego Vendinha (CV) localizado nas coordenadas UTM: x= 0232684 e y= 8282283 e
altitude igual a 1.070 m;
Ponto 02 - Coletado no córrego Maria Velha (MV) localizado nas coordenadas UTM: x= 0232304 e y= 8282094
e altitude igual a 1.071m;
Ponto 03 - Coletado logo após o encontro do Córrego Vendinha como o Córrego Maria Velha, localizado nas
coordenadas UTM: x= 0232424 e y= 8281662 e altitude igual a 1.067m;
Ponto 04 - Coletado em uma ponte localizada nas proximidades da BR-020 localizado nas coordenadas UTM:
x= 0231197 e y= 8275839 e altitude igual a 1.032m; e
Ponto 05 – Coletado nas proximidades da ponte da DF 405, km 20, localizado nas coordenadas UTM: x=
0227262 e y= 8272481 e altitude igual a 1.010m;
Figura 6.1: Caracterização dos pontos coletados na bacia do Pipiripau.
84
RESULTADO DAS ANÁLISES DOS PONTOS DE COLETA
No presente trabalho o parâmetro de comparação utilizado será a classe 2 da Resolução CONAMA 357/05, que
em seu Art. 4º classifica as águas doces em quatro classes distintas, sendo a esta classe as de águas que podem
ser destinadas ao abastecimento público, após tratamento convencional; à proteção das comunidades aquáticas; à
recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho; à irrigação de hortaliças, plantas
frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; e
à aqüicultura e à atividade de pesca.
Os resultados obtidos na amostragem dos pontos estão nas Tabelas A2 e A3:
Tabela A2: Resultado das análises dos parâmetros dos 5 pontos coletados.
Parâmetros
Ponto 1
Ponto 2
Ponto 3
Ponto 4
Ponto 5
VMP*
Fosfato (mg/L)
Fósforo Total
(mg/L)
0,0094
0,0095
0,0097
0,0061
0,008
(1)
< 0,01
<0,01
<0,01
<0,01
<0,01
0,1
pH
6,57
6,81
6,55
6,67
6,77
Entre 6 e 9
Dureza (mg/L)
16,5
7
16
14,5
15
(1)
Cor (mg Pt/L)
31
16
34
23
11
75
Turbidez (U.T)
4,12
2,46
5,2
3,53
3,96
100
DQO (mg/L)
2
0,8
1,2
0,4
3,6
(1)
Nitrato (mg/L)
0,078
0,051
0,063
0,06
0,071
10,0
Amônia
(mg/L)
0,11
0,093
0,094
0,082
0,076
(1)
Condutividade
(µS/cm)
28,6
8,96
25,7
27,1
28,1
(1)
Sólidos Totais
(mg/L)
14,4
4,5
12,9
13,5
14
500
Coliformes Totais
(NMP/ 100 mL)
>2419,2
>2419,2
>2419,2
>2419,2
275,5
(1)
Coliformes Fecais
(NMP/ 100 mL)
488,4
1119,85
461,1
816,4
235,9
1000
VMP* - Valores Máximos Permissíveis (CONAMA 357/05).
(1) – Valores não definidos pela CONAMA 357/05.
85
Tabela A3: Resultados das análises dos metais das amostras coletadas em cada ponto.
Parâmetros
Ponto 1
Ponto 2
Ponto 3
Ponto 4
Ponto 5
0,123433
0,127528
0,151852
0,153844
0,126339
0,125273
0,122074
0,123419
0,121979
0,125101
2,74781
2,543839
2,34125
2,59227
2,77718
Cd (mg/L)
VND**
VND**
VND**
VND**
VND**
0,0010
Co (mg/ L)
VND**
VND**
VND**
VND**
VND**
0,05
Cr (mg/L)
VND**
VND**
VND**
VND**
VND**
0,05
Cu (mg/L)
VND**
VND**
VND**
VND**
VND**
0,009
0,369699
0,124157
0,268973
0,216037
0,22788
Al (mg/ L)
B (mg/L)
Ca (mg/L)
Fe (mg/L)
VMP*
0,1000
0,5
(1)
0,3000
Mg (mg/L)
0,6661
0,5931
0,5672
0,5617
0,5548
(1)
Mn (mg/L)
Na (mg/L)
Ni (mg/L)
Pb (mg/L)
Sb (mg/L)
Si (mg/L)
VND**
VND**
VND**
VND**
VND**
2,2159
VND**
0,1679
VND**
VND**
VND**
2,2446
VND**
ND**
VND**
VND**
VND**
1,9985
VND**
0,1445
VND**
VND**
VND**
2,1505
VND**
0,1152
VND**
VND**
VND**
2,0762
0,1
(1)
0,025
0,01
(1)
(1)
VMP* - Valores Máximos Permissíveis (CONAMA 357/05).
VND** - Valores Não Detectados pelo o aparelho de espectroscopia, valores abaixo do limite de detecção (LD).
(1) – Valores não definidos pela CONAMA 357/05.
DISCUSSÃO DO RESULTADO DAS ANÁLISES OBTIDAS NOS PONTOS AMOSTRADOS
Para a discussão dos resultados foram elaborados gráficos, de alguns parâmetros físico-químicos e biológicos.
Os gráficos que foram elaborados representam os resultados acima do limite de detecção (LD) nos 5 pontos
coletados, os quais serão discutidos no presente trabalho sendo que o Sódio (Na) teve dois pontos a baixo da LD
(Pontos 01 e 03) mas também seus resultados foram expressos em forma gráfica para discussão.
Em relação ao parâmetro físico, Fósforo Total, não foi elaborado gráfico, pois os valores encontrados em todos
os 5 pontos de coletas foram inferiores a 0,01 mg/L, que corresponde a valores permissíveis pela Resolução
CONAMA 357/05.,
Os valores da concentração dos metais Cádmio (Cd), Cobalto (Co), Cromo (Cr), Cobre (Cu), Manganês (Mn),
Nitrato (Ni), Chumbo (Pb), Antimônio (Sb) e Silício (Si), ficaram abaixo do limite de detecção(LD) do aparelho,
não sendo assim elaborado gráficos para os resultados dos mesmos.
Os parâmetros físico-químicos e bacteriológicos analisados são: Fosfato, Cor, pH, Dureza, Amônia, Turbidez,
Condutividade, Sólidos Dissolvidos totais, DQO, Nitrato, Coliformes Totais e Coliformes Fecais; entre os metais
são: Alumínio (Al), Boro (B), Cálcio (Ca), Ferro (Fe), Magnésio (Mg), e Silício (Si).
Foram escolhidos estes parâmetros, pois as concentrações destes elementos poderem nos indicar possíveis
contaminações de efluentes e por compostos agrícolas.
86
DISCUSSÃO DAS ANÁLISES OBTIDAS E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Foram elaborados gráficos referentes aos parâmetros físico-químicos e bacteriológicos. Os parâmetros que
possuem valores de referencia na Resolução CONAMA 357/05, tiverem seus resultados comparados.
Fósforo Total - Os valores de todos os pontos analisados referentes ao fósforo total ficaram abaixo de 0,01
mg/L, permanecendo dentro do valor máximo permissível exigido pela resolução do CONAMA 357/05 (0,01
mg/L). Provavelmente os pontos apresentam estes valores por não ter sido observado a presença de lançamento
de esgoto doméstico clandestino nem ter sido observado processo de eutrofização ao longo dos pontos
analisados.
O Gráfico 6.1 mostra a comparação dos valores de pH nos 5 pontos de coleta do Alto Vale do
Pipiripau com o VMP pelo CONAMA 357.
As amostras indicaram que em todos os pontos os valores de pH estão dentro do intervalo permissível pela
resolução CONAMA 357/05 que define que o pH para águas doce de classe 2 devem estar entre 6 (mínimo) e 9
(máximo).
Os Valores encontrados ficaram próximos ao valor mínimo estabelecido pela legislação assim se caracterizando
como sendo uma água moderadamente ácida.
Concetrações
pH
9
8
7
6
5
4
3
2
1
pH
pH min (CONAMA CL2)
pH máx (CONAMA CL2)
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.1: Resultados para o parâmetro pH
O Gráfico 6.2 mostra os valores da concentração da Dureza da água nos pontos de coleta do Pipiripau
- DF.
Para Dureza não existe um valor máximo definido pelo CONAMA 357/05.
Pode se atestar a Dureza das águas como sendo uma característica atribuída pela presença de sais alcalinos
terrosos, em principal sais de cálcio e magnésio e de outros metais (VOGEL, 1992).
Em função dos resultados encontrados é possível classificar a água como sendo uma água mole (0 a 70mg/L).
A dureza exerce relação entre as concentrações dos parâmetros cálcio e magnésio longo do córrego.
87
Concentrações
Dureza (mg/L)
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Dureza
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.2: Resultados para o parâmetro Dureza
O Gráfico 6.3 mostra os valores dos pontos referentes à Cor no Alto Vale do Pipiripau.
Todos os valores dos pontos amostras ficaram bem abaixo do limite permissível pelo CONAMA 357/05, que
atesta que para o parâmetro Cor o valor pode chegar até 75 pt.
O ponto 03 foi onde o valor foi maior chegando a 34 pt, ainda sim ficando bem distante do VMP. Desta forma
podendo atestar que o Alto Vale do córrego do Pipiripau tem recebido pouca influência de fatores como o
lançamento de esgotos domésticos, possivelmente por ser uma bacia na sua maioria se uso agro-pastoril e ainda
possui pouca concentração de material dissolvido.
Cor (pt Cor)
Concentrações
90
75
60
Cor
45
CONAMA CL2
30
15
0
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.3: Resultados para o parâmetro Cor
O Gráfico 6.4 mostra a comparação dos valores da turbidez dos pontos de coleta do Pipiripau - DF
com o VMP pelo CONAMA.
A concentração da turbidez em todos os pontos analisados permaneceu dentro dos padrões estabelecidos pelo
CONAMA 357/05, que para classe 2 permite valores até 100 U.T. para esse parâmetro.
Os valores não passaram de 10 U.T. mostrando que provavelmente pela vazão do córrego ser baixa e não ter sido
identificado aporte de efluente, os valores para turbidez são ótimos. Pela água do Pipiripau ser utilizada para
consumo humano, esses valores são de extrema importância, pois o tratamento da água para abastecimento
depende muito deste parâmetro que atesta material em suspensão.
88
Concentrações
Turbidez (U.T)
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Turbidez
CONAMA CL2
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.4: Resultados para o parâmetro Turbidez
O Gráfico 6.5 mostra os valores da concentração da DQO nos pontos de coleta do Pipiripau - DF.
A concentração de DQO não tem valor máximo permissível definido pelo CONAMA 357/05, mas em um corpo
hídrico que apresente o valor alto de DQO pôde mostrar uma grande concentração de matéria orgânica e baixo
teor de oxigênio.
A ação antrópica, através de lançamentos de efluentes, normalmente explica uma alta taxa de DQO em corpo
d'água, esses valores quando considerados altos podem chegar à atingir mais 500 mg/l.
Foi observada que os valores ficaram baixos para qualquer tipo de aporte de efluentes domésticos.
Concentrações
DQO (mg/L)
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
DQO
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.5: Resultados para o parâmetro DQO
O Gráfico 6.6 mostra os valores da concentração de Nitrato nos pontos de coleta na bacia do
Alto Pipiripau - DF.
Os valores em todos os pontos amostrados, ficaram muito abaixo do valor máximo permissível, indicado pelo
CONAMA 357/05, que estipula até 10,0 mg/L de nitrato Nox em corpos hídricos de classe 2.
A concentração encontrada em todos os pontos não chegou atingir 1 mg/L tendo assim uma grande margem
em relação ao VMP. Pode-se concluir que a poluição em função de fertilizante, principais fontes do nitrogênionitrato, não são verificados no local.
89
Nitrato (mg/L)
Concentrações
12
10
8
Nitrato
6
CONAMA CL2
4
2
0
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.6: Resultados para o parâmetro Nitrato
O Gráfico 6.7 demonstra os valores encontrados para Amônia nos pontos analisados na bacia
do Alto Pipiripau - DF.
Os valores das análises de todos os pontos amostrados estão bem abaixo dos valores permissíveis pela Resolução
CONAMA 357/05, que limita a presença da Amônia NH4 para corpos hídricos com pH menores que 7,5, caso de
todos os pontos amostrados, para valores de até 3,7 mg/L (CONAMA 357/05).
A presença de Amônia na água não é cumulativo, pois o nitrogênio amoniacal se transforma em nitrato (NO2). A
maior fonte de poluição da água por amônia é proveniente da decomposição da matéria orgânica e despejo de
esgoto doméstico e fazendo um comparativo com outros parâmetros o aporte desse composto não é identificado.
Concentrações
Amônia (mg/L)
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
Amônia
CONAMA CL2
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.7: Resultados para o parâmetro Amônia
O Gráfico 6.8 demonstra os valores encontrados de condutividade para os pontos analisados na bacia
do Alto Pipiripau - DF.
A Resolução CONAMA 357/05, não define parâmetros para condutividade. Porém, observa-se um decréscimo
do valor no ponto 02, pois ao longo do córrego os valores se mantiveram altos e próximos aos valores pra
Magnésio e Cálcio. Dados do Porto (1991) atestam que valores acima de 100 µS/cm podem demonstrar
ambientes com um grau muito significativo de degradação e o resultado das análises dos pontos atestaram
valores bem mais baixos.
A condutividade atesta a presença de sais dissolvidos, e a identificação deste parâmetro ilustra o aporte de
fertilizante.
90
O trabalho de Sousa (2006) mostra que a região do Alto vale do Pipiripau apresenta uma tendência para uma
concentração alta para condutividade, onde seu ponto de analise defino como ponto 5, mesmo ponto analisado
por esse trabalho, chega a valores de quase 24 µS/cm e no ponto definido por Sousa (2006) como sendo o ponto
2 e que neste trabalho foi definido como sendo o ponto 01, os valores se aproximam de 27 µS/cm. No presente
trabalho os mesmos pontos obtiveram valores acima de 28 µS/cm.
Condutividade (µS/cm)
35
30
Valores
25
20
Condutividade
15
10
5
0
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.8: Resultados para o parâmetro Condutividade
O Gráfico 6.9 demonstra os valores encontrados para Sólidos Totais Dissolvidos nos pontos analisados
na bacia do Alto Pipiripau - DF.
A Resolução CONAMA 357/05 não institui valores máximos permissíveis para o parâmetro Sólidos Totais.
Desta forma o gráfico ilustra bem que houve uma queda brusca na concentração de Sólidos Totais no ponto 02.
Esse parâmetro tem uma relação direta com a questão do aporte de sedimento. Pelo córrego do Alto Pipiripau ter
uma vazão relativamente baixa a movimentação de sedimentos não é muito significativa.
Concentrações
Sólidos Totais (mg/L)
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Sólidos Totais
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.9: Resultados para o parâmetro Sólidos Totais
O Gráfico 6.10 demonstra os valores encontrados Fosfato nos pontos analisados na bacia do Alto
Pipiripau - DF
91
A Resolução CONAMA 357/05 não institui valores máximos permissíveis para o parâmetro Fosfato. Porem este
parâmetro tem uma relação direta com a entrada de fertilizantes utilizados na melhora de plantio de cultura. Mas
pode ser observada uma concentração relativamente baixa.
Fosfato (mg/L)
Concentrações
0,012
0,01
0,008
0,006
Fosfato
0,004
0,002
0
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.10: Resultados para o parâmetro Fosfato
O Gráfico 6.11 mostra a concentração de Coliformes Totais ao longo do Alto Pipiripau – DF.
Os valores para Coliformes Totais ficaram todos acima de 2419,2 NMP/100mL, menos no ponto 05 que obteve
um valor abaixo dos outros pontos analisados. A resolução do CONAMA 357/05 não define VMP para
Coliformes Totais.
Esse parâmetro é de extrema importância como um indicador de possível existência de microorganismos
patogênicos na água, responsáveis por transmissão de doenças, como febre tifóide, febre paratifóide, desinteria
bacilar e cólera alem de atestar a presença de decomposição de matéria orgânica e todas as naturezas.
Coliformes Totais (NMP/100ml)
Concentrações
3000
2500
2000
1500
Coli. Totais
1000
500
0
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.11: Resultados para o parâmetro Coliformes Totais
O Gráfico 6.12 mostra a comparação dos valores da concentração de Coliformes Fecais nos pontos de
coleta no Alto Pipiripau - DF com o VMP pelo CONAMA.
Os pontos analisados ficaram abaixo dos valores máximos permissíveis (VMP) que a Resolução CONAMA
357/05 prevê para classe 2 de águas doces valores até 1.000 NMP/100ml, apenas o ponto 02 teve o resultado
acima do que a resolução permite.
92
A concentração no ponto 02 foi a maior entre os pontos coletados, ficando com valor acima dos permissíveis
(1.119,85 NMP/100ml), é um valor relevante se levarmos em consideração que esse ponto é um dos afluentes do
Pipiripau (Córrego Maria Velha). É importante citar que foi feita apenas uma analise para cada ponto.
Esse valor acima do VMP da CONAMA possivelmente é em decorrência de uma casa da propriedade local
observada próxima ao ponto de coleta, em torno de 150 m acima do ponto.
Na área apesar de ter sido observado a abertura de áreas para criação animal, não foi visto a presença efetiva dos
mesmos.
A partir do ponto 03 provavelmente ocorra um processo de autodepuração devido à boa preservação das matas
ciliares do ponto 03 e ao aumento da vazão do córrego a concentração para Coliformes Fecais diminui de forma
significativa.
No ponto 04 o valor volta a subir, porém ficando baixo, esse resultado possivelmente se deve as fazendas
localizadas no decorrer do córrego. Nessas propriedades foi observada a presença de criações de animais, em
principal bovino, podendo assim explicar esse variação para valores em relação aos Coliformes Fecais no ponto
04.
Coliformes Fecais (NMP/100ml)
Concentrações
1200
1000
800
Coli. Fecais
600
CONAMA CL2
400
200
0
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.12: Resultados para o parâmetro Coliformes Fecais
O Gráfico 6.13 mostra a comparação dos valores da concentração do Alumínio (Al) nos pontos de
coleta do Alto Pipiripau - DF em relação com Valores Máximos Permissíveis pelo CONAMA 357/05
e os Limites de Detecção (LD) do aparelho.
Os valores encontrados para a concentração de alumínio ficaram acima em todos os pontos em relação aos
valores máximo permissíveis segundo a classe 2 da Resolução CONAMA 357/05 que limita os valores até 0,1
mg/L. Esse resultado possivelmente se deve a fatores naturais, pois o solo do cerrado além de ser rico em ferro
também é rico em Alumínio (Al+2), e também devido a fatores antrópicos, como resíduos sólidos provindos de
atividades agrícolas situadas na região.
Os pontos 01, 02 e 05 ficaram com os resultados próximos ficando em torno de 0,12. Os pontos 03 e 04
apresentaram as maiores concentrações com valores em torno de 0,15, no ponto 04 a presença de resíduos
sólidos gerado pela presença antrópica pode ser um fator que influenciou nos resultados. Pelo ponto 05 ter tido
uma redução na concentração de alumínio presente no córrego é possível que tenha ocorrido o processo de
autodepuração diluindo de forma significativa o metal no corpo hídrico em questão.
Al (mg/L)
93
0,18
0,16
Concentrações
0,14
0,12
Pontos
0,1
LD
0,08
CONAMA CL2
0,06
0,04
0,02
0
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.13: Resultados para o parâmetro Alumínio
O Gráfico 6.14 compara a variação da concentração de boro (B) nos pontos analisados ao longo do
córrego Alto Pipiripau – DF e os Limites de Detecção (LD) do aparelho.
A concentração do elemento boro ao longo do córrego do Alto Pipiripau é semelhante e em todos os pontos
analisados apresenta-se bem a abaixo dos valores máximos permissíveis pela CONAMA 357/05, que propõe
uma concentração máxima de até 0,5 mg/ L e a maior concentração deste metal encontrado nos pontos
analisados foi a do ponto 01.
B (mg/L)
0,6
Concentrações
0,5
0,4
Pontos
0,3
LD
CONAMA CL2
0,2
0,1
0
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.14: Resultados para o parâmetro Boro
O Gráfico 6.15 mostra os valores da concentração do Cálcio (Ca) nos pontos de coleta do Alto
Pipiripau – DF e dos Limites de Detecção (LD) do aparelho.
As maiores concentrações foram nos pontos 01 e 05. A resolução do CONAMA 357/05 não determina valores
máximos permissíveis (VMP) para este parâmetro.
A presença de cálcio na área da bacia do Pipiripau pode esta atribuída a calagem do solo. Por ser uma
estritamente agrícola e o solo da região ter a característica bem acida a utilização de calcário como corretivo
passa a ser algo de relevância na bacia.
O parâmetro Cálcio está relacionado diretamente com a dureza da água.
94
Ca (mg/L)
3
Concentrações
2,5
2
Pontos
1,5
LD
1
0,5
0
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.15: Resultados para o parâmetro Cálcio
O Gráfico 6.16 compara o a variação da concentração de Ferro (Fe) nos pontos analisados ao longo do
Alto Pipiripau – DF em relação com o CONAMA 357/05 e o Limite de Detecção (LD) do aparelho.
Os pontos 02, 03, 04 e 05 tiveram resultados semelhantes, estando dentro dos padrões permitidos segundo a
Resolução vigente, CONAMA 357/05, sendo que o valor do ponto 03 ficou próximo dos Valores Máximos
Permitidos que limitam o metal em até 0,3 mg/L.
O ponto 01 obteve um resultado pouco acima do permissível (0,369699 mg/l). Possivelmente em decorrência do
ponto está localizado em área de estagnação da água.
Em decorrência dos resultados obtidos, pode-se verificar que este metal tem efeito cumulativo e pode ser
proveniente de fontes naturais, como o próprio solo do cerrado, que é rico neste metal, podendo ser encontrado
principalmente como Fe+3, além de poder ser encontrado disposto em função de fontes antrópicas.
Os valores são considerados baixos, pois se relacionarmos o nosso solo com os resultados amostrados, levando
também em consideração que se realizou apenas uma amostra, o teor para o elemento Ferro é baixo.
O Ferro, quando encontrado em altas concentrações, pode conferir sabor as águas, nas tubulações e reservatórios,
podendo levar a formação de depósitos e incrustações, favorecendo o desenvolvimento de ferrobactérias, que por
sua vez, conferem odor desagradável e sabor a água.
Fe (mg/L)
0,4
0,35
Concentrações
0,3
0,25
Pontos
0,2
LD
CONAMA CL2
0,15
0,1
0,05
0
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.16: Resultados para o parâmetro Ferro
95
O Gráfico 6.17 mostra os valores da concentração de Magnésio (Mg) nos pontos de coleta no Alto
Pipiripau – DF e os Limites de Detecção (LD) do aparelho.
As concentrações do elemento magnésio não são definidas pela Resolução CONAMA 357/05.
O que é observado que a concentração do ponto 01, onde o valor foi o mais alto encontrado nas analises cai de
forma significativa para o ponto seguinte e se mantém com valores bem próximos nos pontos seguintes.
O elemento magnésio está diretamente relacionado com a dureza do corpo hídrico, assim esse parâmetro é
bastante relevante quando esta água é utilizada para tratando e abastecimento humano, pois uma alta taxa de
magnésio é responsável por causar incrustações nas tubulações e torna difícil a lavagem de utensílios domésticos
e roupas, pois impossibilita a formação de espuma.
Mg (mg/L)
1,8
1,6
Concentrações
1,4
1,2
1
Pontos
LD
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.17: Resultados para o parâmetro Magnésio
O Gráfico 6.18 mostra os valores da concentração de Sódio (Na) nos pontos de coleta no Alto
Pipiripau – DF e os Limites de Detecção (LD) do aparelho.
O Sódio (Na) não tem definido nenhum valor máximo permissível pela resolução do CONAMA 357/05.
O ponto 02 foi onde o valor foi mais elevado (0,59766), ficando bem distante dos outros resultados. Esse valor
mais elevado pode ser em detrimento do aporte de esgoto casa presente acima do ponto de coleta da amostra,
podendo assim se faz um comparativo com o parâmetro Coliforme Fecal que pra o Ponto 02 obteve valor acima
da VMP da CONAMA 357/05.
Os outros pontos ficaram bem próximos um dos outros. Então se infere que a água em relação a este parâmetro
é seguramente de boa qualidade em todos os pontos analisados.
Na (mg/L)
0,7
Concentrações
0,6
0,5
0,4
Pontos
0,3
LD
0,2
0,1
0
0
1
2
3
4
5
6
Pontos
Gráfico 6.18: Resultados para o parâmetro Sódio.
96
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Os resultados das amostras da região do Alto Pipiripau em que foram encontrados parâmetros acima dos
determinados pela Resolução CONAMA Nº. 357/05, nas análises foram: Coliformes Fecais, Alumínio, Ferro.
A presença de Coliformes Fecais indica a incidência de efluentes domésticos.
O ponto em que o valor excede os VMP da CONAMA, para Coliformes Fecais foi o ponto 02. O valor acima da
CONAMA se deve em função da presença de uma propriedade no local próxima ao ponto de coleta, em torno de
150 m acima do ponto.
O que ainda pode aferir a existência da entrada de efluentes domésticos nesse ponto, além da concentração de
coliformes e o valor do elemento sódio, que não possui valores limitantes pela CONAMA 357/05 mais serve
como parâmetro característico de lançamento de efluentes domésticos. E nesse ponto também obteve valores
altos.
Para os parâmetros Condutividade, Sólidos Totais, Ferro, Manganês, Dureza e Cor que obtiveram valores baixos
no ponto 02 pode se aferir uma qualidade boa ao ponto, mesmo com a concentração de coliformes fecais um
pouco acima da VMP da CONAMA para o ponto.
O alumínio foi o único parâmetro analisado em que todos os resultados tiveram valores acima do VMP da
CONAMA 357/05. Sendo que o ponto 04 obteve a maior concentração entre os pontos. O fato que explica esses
resultados acima dos VMP pela Resolução CONAMA 357/05 em todos os pontos está possivelmente associado
ao solo e a geologia da região e seus processos naturais.
Em relação às concentrações de ferro, as analises mostram que os valores para esses elementos ficaram próximos
em quase todos os pontos aos VMP pela CONAMA 357/05 e no ponto 01 extrapola a Resolução. Esses valores
se explicam pela formação dos solos e pela geologia da região que é rica nesse tipo de metal como o alumínio,
porem esse valor no ponto 01 acima da CONAMA, é possivelmente em detrimento da área está localizada em
uma área de brejo, ou seja, uma área de estagnação da água. Normalmente nessas áreas o acumulo de ferro
provoca um aumento na sua concentração.
Os valores para condutividade consideráveis na área do córrego do Alto Pipiripau. Em trabalhos anteriores
realizados na área como o de Sousa (2006), já mostrava essa tendência que foi confirmada nessa caracterização
da água do córrego. As concentrações em 2 dos pontos analisados obtiveram valores próximos a 28 µs/cm.
Ainda se obtiveram valores altos para Magnésio e Cálcio. Para Magnésio o ponto 02 foi o ponto com menor
valor para esse elemento, porem os outros pontos tiveram valores consideráveis e o Cálcio obteve concentração
considerável em todos os pontos. A bacia possui uma característica estritamente agrária e esses dois elementos
fazem parte da composição de fertilizantes e corretivos de solo para atividades agrícolas, pode assim aferir que a
responsável por essas taxas mais elevadas de Magnésio e Cálcio é em detrimento a agricultura da região.
As analises mostram que o Alto Vale do córrego Pipiripau em um contexto geral apresenta características físicoquímicas e biológicas boa.
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus, pelo dom da vida.
A meu pai, Zanone Ribeiro Coelho, por me dar seu apoio durante toda essa jornada e sempre ter me incentivado
nessa batalha.
A minha maravilhosa mãe, Merenice Aparecida Rabelo Coelho, que sempre com seu jeito fez com que eu tivesse
força pra continuar e chegar ate aonde cheguei.
Ao meu irmão, Felipe Augusto Rabelo Coelho, pela força, carinho, e incentivo, te amo japonês.
A minha querida namorada, Karyna Byanca de Freitas Ferraz, pelo amor, carinho, atenção, apoio e compreensão
nos momentos em que precisei de sua paciência.
Ao professor Murilo Gomes Torres, pela orientação, contribuição e compartilhamento de idéias.
Aos profissionais do Laboratório de Águas e do Laboratório de Espectroscopia Atômica Aplicada, por realizar
minhas análises, fornecendo os resultados essenciais para este estudo.
A Caesb, por ter sido parte fundamental no meu aprendizado e por todos que lá tiveram sempre ao meu lado:
Gislene Lourenço, Suzana Alipaz, Solange Rocha, Vladimir Puntel, Fernando Feijó e Fernanda Miquelino.
A todos meus amigos e colegas da Universidade, principalmente aos que me ajudaram, pelo companheirismo
durante todos esses anos, Saulo Alvarenga, Felipe Salim, Marcelus, Marcelo Rypl, Gabriela Mascarenhas,
Raniery, Vinicius Calhau, Willen Willy, Juliano, Rafael Cardoso, Sabrina, Rafaela Aloise e Mônica Zaranza
pelo apoio e incentivo em todos os momentos em mais uma etapa concluída da minha vida.
E a todos meus amigos que são muitos e que sempre tiveram ao meu lado nesse jogo que é a vida: Luciano Lima,
Zedico, Toni, Carlos Alberto, Danilo Coelho, Rafael Lima, Breno Aires, Luana e Estevão.
97
O meu muito obrigado a todos!
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DE PLANALTINA RA VI. Planaltina, Disponível em:
<http://www.planaltina.df.gov.br> Acesso em 04 de setembro de 2007.
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Volume I. Brasília, 2001.
CAMPOS, J. E. G. Hidrogeologia do Distrito Federal: Bases para Gestão dos Recursos Hídricos
Subterrâneos. Revista Brasileira de Geociências, V. 34. Universidade de Brasília; Instituto de Geociências,
Departamento de Geoquímica e Recursos Minerais, 2004.
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Ministério do Meio Ambiente/MMA. Resolução N.º
357 de 2005 de 17 de Março de 2005.
CUNHA S. B. &, GUERRA. A. T.. Geomorfologia do Brasil. Editora Bertand. 392p. Brasília, 1998.
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FARIAS, M. S. S. Monitoramento da Qualidade da Água na Bacia Hidrográfica do Rio Cabelo. (Tese
Doutorado), Centro de Tecnologia e Recursos Naturais – UFCG. Campina Grande, 2006.
FERRANTE, Jose Ernesto Téllez; RACAN, Luiz; NETTO, Pedro Braga. Meio Físico IN: Olhares Sobre o
Lago Paranoá. Brasília: Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, 2001. p.45-78.
FONSECA, F.O. Olhares Sobre o Lago Paranoá. Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos –
SEMARH. Brasília, 2003.
FREITAS-SILVA, F.H.& CAMPOS, J.E.G. Geologia do Distrito Federal. In: IEMA/SEMATEC/UnB 1998.
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IEMA/SEMATEC/UNB, 1998.
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SANTOS, Kátia C. M. Monografia para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Ambiental:
Caracterização da Água da Nascente do Córrego Cabeceira do Valo – Distrito Federal: Em Função do
Uso e Ocupação do Solo. Brasília-DF: Universidade Católica de Brasília, 2005. 136p.
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio ás Micro e Pequenas Empresas. A Questão Ambiental no Distrito
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Águas. Governo do Estado de São Paulo. Disponível em <http://www.cetesb.sp.gov.br/Agua/rios/variaveis.asp>
Acesso em: 05/09/07.
98
ANEXOS
99
ANEXO A: TABELAS
Tabela A1: Parâmetros e métodos utilizados pelo Laboratório de Águas da UCB.
Parâmetros Físico-químicos
Parâmetro
Fósforo Total
Fosfato
PH
Dureza
Cor Aparente
Turbidez
D.Q.O
Sólidos Totais
Amônia
Condutividade
Nitrato
Parâmetro
Coliformes
totais
Coliformes
fecais
Método
Aprovado e aceito por métodos padrões
Cloreto Estanoso
para análise de água e água residuária.
Nº 4500-PD.
PhosVer 3 with acid
Aceita USEPA.
persulfate digestion
Aprovado e aceito por métodos padrões
Eletrometrico
para análise de água e água residuária.
Nº 4500-H+B
Aprovado e aceito por métodos padrões
EDTA Titrimetric Method.
para análise de água e água residuária.
Nº2340C.
Aprovado e aceito por métodos padrões
Spectropholometric – Single
para análise de água e água residuária.
– Wavelength Method.
Nº2120C.
Aprovado e aceito por métodos padrões
Nephelometric Method
para análise de água e água residuária.
Nº 2130B.
Aprovado e aceito por métodos padrões
Closed Reflux, Titrimetric
para análise de água e água residuária.
Method.
Nº 5220C.
Análise por condutivímetro
(Hach)
Aprovado e aceito por métodos padrões
Nessler Method
para análise de água e água residuária.
Análise por condutivímetro
(Hach)
Ultraviolet
Aprovado e aceito por métodos padrões
Spectrophotometric Screening para análise de água e água residuária.
Method.
Nº4500-NO3B.
- Parâmetros Bacteriológicos
Método
Aprovado e aceito por métodos padrões
Teste para substrato de
para análise de água e água residuária.
enzima.
Nº 9223.3.
Aprovado e aceito por métodos padrões
Teste para substrato de
para análise de água e água residuária.
enzima.
Nº 9223.3.
Fonte: Laboratório de Águas da Universidade Católica de Brasília.
100
Tabela A2: Resultado das análises dos parâmetros dos 5 pontos coletados.
Parâmetros
Ponto 1
Ponto 2
Ponto 3
Ponto 4
Ponto 5
VMP*
Fosfato (mg/L)
0,0094
0,0095
0,0097
0,0061
0,008
(1)
< 0,01
<0,01
<0,01
<0,01
<0,01
0,1
pH
6,57
6,81
6,55
6,67
6,77
Entre 6 e 9
Dureza (mg/L)
16,5
7
16
14,5
15
(1)
Cor (mg Pt/L)
31
16
34
23
11
75
Turbidez (U.T)
4,12
2,46
5,2
3,53
3,96
100
DQO (mg/L)
2
0,8
1,2
0,4
3,6
(1)
Nitrato (mg/L)
0,078
0,051
0,063
0,06
0,071
10,0
0,11
0,093
0,094
0,082
0,076
(1)
28,6
8,96
25,7
27,1
28,1
(1)
14,4
4,5
12,9
13,5
14
500
>2419,2
>2419,2
>2419,2
>2419,2
275,5
(1)
488,4
1119,85
461,1
816,4
235,9
1000
Fósforo Total
(mg/L)
Amônia
(mg/L)
Condutividade
(µS/cm)
Sólidos Totais
(mg/L)
Coliformes
Totais
(NMP/ 100 mL)
Coliformes
Fecais
(NMP/ 100 mL)
VMP* - Valores Máximos Permissíveis (CONAMA 357/05).
(1) – Valores não definidos pela CONAMA 357/05.
101
Tabela A3: Resultados das análises dos metais das amostras coletadas em cada ponto.
Parâmetros
Ponto 1
Ponto 2
Ponto 3
Ponto 4
Ponto 5
0,123433
0,127528
0,151852
0,153844
0,126339
0,125273
0,122074
0,123419
0,121979
0,125101
2,74781
2,543839
2,34125
2,59227
2,77718
Cd (mg/L)
VND**
VND**
VND**
VND**
VND**
0,0010
Co (mg/ L)
VND**
VND**
VND**
VND**
VND**
0,05
Cr (mg/L)
VND**
VND**
VND**
VND**
VND**
0,05
Cu (mg/L)
VND**
VND**
VND**
VND**
VND**
0,009
Fe (mg/L)
0,369699
0,124157
0,268973
0,216037
0,22788
0,3000
Mg (mg/L)
0,6661
0,5931
0,5672
0,5617
0,5548
(1)
Mn (mg/L)
VND**
VND**
VND**
VND**
VND**
0,1
Na (mg/L)
VND**
0,1679
ND**
0,1445
0,1152
(1)
Ni (mg/L)
VND**
VND**
VND**
VND**
VND**
0,025
Pb (mg/L)
VND**
VND**
VND**
VND**
VND**
0,01
Sb (mg/L)
VND**
VND**
VND**
VND**
VND**
(1)
Si (mg/L)
2,2159
2,2446
1,9985
2,1505
2,0762
(1)
Al (mg/ L)
B (mg/L)
Ca (mg/L)
VMP*
0,1000
0,5
(1)
VMP* - Valores Máximos Permissíveis (CONAMA 357/05).
VND** - Valores Não Detectados pelo o aparelho de espectroscopia, valores abaixo do limite de detecção (LD).
(1) – Valores não definidos pela CONAMA 357/05.
102
ANEXO B: RESOLUÇÃO CONAMA N.º 357/05
Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e
diretrizes ambientais para o seu enquadramento,
bem como estabelece as condições e padrões de
lançamento de efluentes, e dá outras providências.
O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das
competências que lhe são conferidas pelos arts. 6o, inciso II e 8o, inciso VII, da Lei no 6.938,
de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto no 99.274, de 6 de junho de 1990 e suas
alterações, tendo em vista o disposto em seu Regimento Interno, e Considerando a vigência da
Resolução CONAMA no 274, de 29 de novembro de 2000, que
dispõe sobre a balneabilidade;
Considerando o art. 9o, inciso I, da Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que instituiu
a Política Nacional dos Recursos Hídricos, e demais normas aplicáveis à matéria;
Considerando que a água integra as preocupações do desenvolvimento sustentável, baseado
nos princípios da função ecológica da propriedade, da prevenção, da precaução, do poluidorpagador, do usuário-pagador e da integração, bem como no reconhecimento de valor
intrínseco à natureza;
Considerando que a Constituição Federal e a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981,
visam controlar o lançamento no meio ambiente de poluentes, proibindo o lançamento em
níveis nocivos ou perigosos para os seres humanos e outras formas de vida;
Considerando que o enquadramento expressa metas finais a serem alcançadas,
podendo ser fixadas metas progressivas intermediárias, obrigatórias, visando a sua efetivação;
Considerando os termos da Convenção de Estocolmo, que trata dos Poluentes
Orgânicos Persistentes-POPs, ratificada pelo Decreto Legislativo no 204, de 7 de maio de
2004;
Considerando ser a classificação das águas doces, salobras e salinas essencial à defesa
de seus níveis de qualidade, avaliados por condições e padrões específicos, de modo a
assegurar seus usos preponderantes;
103
Considerando que o enquadramento dos corpos de água deve estar baseado não
necessariamente no seu estado atual, mas nos níveis de qualidade que deveriam possuir para
atender às necessidades da comunidade;
Considerando que a saúde e o bem-estar humano, bem como o equilíbrio ecológico
aquático, não devem ser afetados pela deterioração da qualidade das águas;
Considerando a necessidade de se criar instrumentos para avaliar a evolução da
qualidade das águas, em relação às classes estabelecidas no enquadramento, de forma a
facilitar a fixação e controle de metas visando atingir gradativamente os objetivos propostos;
Considerando a necessidade de se reformular a classificação existente, para melhor
distribuir os usos das águas, melhor especificar as condições e padrões de qualidade
requeridos, sem prejuízo de posterior aperfeiçoamento; e
Considerando que o controle da poluição está diretamente relacionado com a proteção
da saúde, garantia do meio ambiente ecologicamente equilibrado e a melhoria da qualidade de
vida, levando em conta os usos prioritários e classes de qualidade ambiental exigidos para um
determinado corpo de água; resolve:
Art. 1o Esta Resolução dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o
enquadramento dos corpos de água superficiais, bem como estabelece as condições e padrões
de lançamento de efluentes.
CAPÍTULO I
DAS DEFINIÇÕES
Art. 2o Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições:
I - águas doces: águas com salinidade igual ou inferior a 0,5 ‰;
II - águas salobras: águas com salinidade superior a 0,5 ‰ e inferior a 30 ‰;
III - águas salinas: águas com salinidade igual ou superior a 30 ‰;
IV - ambiente lêntico: ambiente que se refere à água parada, com movimento lento ou
estagnado;
V - ambiente lótico: ambiente relativo a águas continentais moventes;
VI - aqüicultura: o cultivo ou a criação de organismos cujo ciclo de vida, em condições
naturais, ocorre total ou parcialmente em meio aquático;
VII - carga poluidora: quantidade de determinado poluente transportado ou lançado em um
corpo de água receptor, expressa em unidade de massa por tempo;
VIII - cianobactérias: microorganismos procarióticos autotróficos, também denominados
como cianofíceas (algas azuis) capazes de ocorrer em qualquer manancial superficial
104
especialmente naqueles com elevados níveis de nutrientes (nitrogênio e fósforo), podendo
produzir toxinas com efeitos adversos a saúde;
IX - classe de qualidade: conjunto de condições e padrões de qualidade de água necessários
ao atendimento dos usos preponderantes, atuais ou futuros;
X - classificação: qualificação das águas doces, salobras e salinas em função dos usos
preponderantes (sistema de classes de qualidade) atuais e futuros;
XI - coliformes termotolerantes: bactérias gram-negativas, em forma de bacilos, oxidas e
negativas, caracterizadas pela atividade da enzima - galactosidase. Podem crescer em meios
contendo agentes tenso-ativos e fermentar a lactose nas temperaturas de 44° - 45°C, com
produção de ácido, gás e aldeído. Além de estarem presentes em fezes humanas e de animais
homeotérmicos, ocorrem em solos, plantas ou outras matrizes ambientais que não tenham sido
contaminados por material fecal;
XII - condição de qualidade: qualidade apresentada por um segmento de corpo d'água, num
determinado momento, em termos dos usos possíveis com segurança adequada, frente às
Classes de Qualidade;
XIII - condições de lançamento: condições e padrões de emissão adotados para o controle de
lançamentos de efluentes no corpo receptor;
XIV - controle de qualidade da água: conjunto de medidas operacionais que visa avaliar a
melhoria e a conservação da qualidade da água estabelecida para o corpo de água;
XV - corpo receptor: corpo hídrico superficial que recebe o lançamento de um efluente;
XVI - desinfecção: remoção ou inativação de organismos potencialmente patogênicos;
XVII - efeito tóxico agudo: efeito deletério aos organismos vivos causado por agentes físicos
ou químicos, usualmente letalidade ou alguma outra manifestação que a antecede, em um
curto período de exposição;
XVIII - efeito tóxico crônico: efeito deletério aos organismos vivos causado por agentes
físicos ou químicos que afetam uma ou várias funções biológicas dos organismos, tais como a
reprodução, o crescimento e o comportamento, em um período de exposição que pode
abranger a totalidade de seu ciclo de vida ou parte dele;
XIX - efetivação do enquadramento: alcance da meta final do enquadramento;
XX - enquadramento: estabelecimento da meta ou objetivo de qualidade da água (classe) a
ser, obrigatoriamente, alcançado ou mantido em um segmento de corpo de água, de acordo
com os usos preponderantes pretendidos, ao longo do tempo;
XXI - ensaios ecotoxicológicos: ensaios realizados para determinar o efeito deletério de
agentes físicos ou químicos a diversos organismos aquáticos;
105
XXII - ensaios toxicológicos: ensaios realizados para determinar o efeito deletério de agentes
físicos ou químicos a diversos organismos visando avaliar o potencial de risco à saúde
humana;
XXIII - escherichia coli (E.Coli): bactéria pertencente à família Enterobacteriaceae
caracterizada pela atividade da enzima
-glicuronidase. Produz indol a partir do aminoácido
triptofano. É a única espécie do grupo dos coliformes termotolerantes cujo habitat exclusivo é
o intestino humano e de animais homeotérmicos, onde ocorre em densidades elevadas;
XXIV - metas: é o desdobramento do objeto em realizações físicas e atividades de gestão, de
acordo com unidades de medida e cronograma preestabelecidos, de caráter obrigatório;
XXV - monitoramento: medição ou verificação de parâmetros de qualidade e quantidade de
água, que pode ser contínua ou periódica, utilizada para acompanhamento da condição e
controle da qualidade do corpo de água;
XXVI - padrão: valor limite adotado como requisito normativo de um parâmetro de qualidade
de água ou efluente;
XXVII - parâmetro de qualidade da água: substâncias ou outros indicadores representativos
da qualidade da água;
XXVIII - pesca amadora: exploração de recursos pesqueiros com fins de lazer ou desporto;
XXIX - programa para efetivação do enquadramento: conjunto de medidas ou ações
progressivas e obrigatórias, necessárias ao atendimento das metas intermediárias e final de
qualidade de água estabelecidas para o enquadramento do corpo hídrico;
XXX - recreação de contato primário: contato direto e prolongado com a água (tais como
natação, mergulho, esqui-aquático) na qual a possibilidade do banhista ingerir água é elevada;
XXXI - recreação de contato secundário: refere-se àquela associada a atividades em que o
contato com a água é esporádico ou acidental e a possibilidade de ingerir água é pequena,
como na pesca e na navegação (tais como iatismo);
XXXII - tratamento avançado: técnicas de remoção e/ou inativação de constituintes refratários
aos processos convencionais de tratamento, os quais podem conferir à água características,
tais como: cor, odor, sabor, atividade tóxica ou patogênica;
XXXIII - tratamento convencional: clarificação com utilização de coagulação e floculação,
seguida de desinfecção e correção de pH;
XXXIV - tratamento simplificado: clarificação por meio de filtração e desinfecção e correção
de pH quando necessário;
XXXV - tributário (ou curso de água afluente): corpo de água que flui para um rio maior ou
para um lago ou reservatório;
106
XXXVI - vazão de referência: vazão do corpo hídrico utilizada como base para o processo de
gestão, tendo em vista o uso múltiplo das águas e a necessária articulação das instâncias do
Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA e do Sistema Nacional de Gerenciamento
de Recursos Hídricos - SINGRH;
XXXVII - virtualmente ausentes: que não é perceptível pela visão, olfato ou paladar; e
XXXVIII - zona de mistura: região do corpo receptor onde ocorre a diluição inicial de um
efluente.
CAPÍTULO II
DA CLASSIFICAÇÃO DOS CORPOS DE ÁGUA
Art.3o As águas doces, salobras e salinas do Território Nacional são classificadas, segundo a
qualidade requerida para os seus usos preponderantes, em treze classes de qualidade.
Parágrafo único. As águas de melhor qualidade podem ser aproveitadas em uso menos
exigente, desde que este não prejudique a qualidade da água, atendidos outros requisitos
pertinentes.
Seção I
Das águas Doces
Art. 4o As águas doces são classificadas em:
I - classe especial: águas destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção;
b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e,
c) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral.
II - classe 1: águas que podem ser destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme
Resolução CONAMA n° 274, de 2000;
d) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes
ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; e
e) à proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.
III - classe 2: águas que podem ser destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
107
c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme
Resolução CONAMA n° 274, de 2000;
d) à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer,
com os quais o público possa vir a ter contato direto; e
e) à aqüicultura e à atividade de pesca.
IV - classe 3: águas que podem ser destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado;
b) à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;
c) à pesca amadora;
d) à recreação de contato secundário; e
e) à dessedentação de animais.
V - classe 4: águas que podem ser destinadas:
a) à navegação; e
b) à harmonia paisagística.
Seção II
Das Águas Salinas
Art. 5o As águas salinas são assim classificadas:
I - classe especial: águas destinadas:
a) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral; e
b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas.
II - classe 1: águas que podem ser destinadas:
a) à recreação de contato primário, conforme Resolução CONAMA no 274, de 2000;
b) à proteção das comunidades aquáticas; e
c) à aqüicultura e à atividade de pesca.
III - classe 2: águas que podem ser destinadas:
a) à pesca amadora; e
b) à recreação de contato secundário.
IV - classe 3: águas que podem ser destinadas:
a) à navegação; e
b) à harmonia paisagística.
Seção II
Das Águas Salobras
Art. 6o As águas salobras são assim classificadas:
I - classe especial: águas destinadas:
108
a) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral; e,
b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas.
II - classe 1: águas que podem ser destinadas:
a) à recreação de contato primário, conforme Resolução CONAMA no 274, de 2000;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à aqüicultura e à atividade de pesca;
d) ao abastecimento para consumo humano após tratamento convencional ou avançado; e
e) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao
solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película, e à irrigação de parques, jardins,
campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto.
III - classe 2: águas que podem ser destinadas:
a) à pesca amadora; e
b) à recreação de contato secundário.
IV - classe 3: águas que podem ser destinadas:
a) à navegação; e
b) à harmonia paisagística.
CAPÍTULO III
DAS CONDIÇÕES E PADRÕES DE QUALIDADE DAS ÁGUAS
Seção I
Das Disposições Gerais
Art. 7o Os padrões de qualidade das águas determinados nesta Resolução estabelecem limites
individuais para cada substância em cada classe.
Parágrafo único. Eventuais interações entre substâncias, especificadas ou não nesta
Resolução, não poderão conferir às águas características capazes de causar efeitos letais ou
alteração de comportamento, reprodução ou fisiologia da vida, bem como de restringir os usos
preponderantes previstos, ressalvado o disposto no § 3o do art. 34, desta Resolução.
Art. 8o O conjunto de parâmetros de qualidade de água selecionado para subsidiar a proposta
de enquadramento deverá ser monitorado periodicamente pelo Poder Público.
§ 1o Também deverão ser monitorados os parâmetros para os quais haja suspeita da sua
presença ou não conformidade.
§ 2o Os resultados do monitoramento deverão ser analisados estatisticamente e as incertezas
de medição consideradas.
109
§ 3o A qualidade dos ambientes aquáticos poderá ser avaliada por indicadores biológicos,
quando apropriado, utilizando-se organismos e/ou comunidades aquáticas.
§ 4o As possíveis interações entre as substâncias e a presença de contaminantes não listados
nesta Resolução, passíveis de causar danos aos seres vivos, deverão ser investigadas
utilizando-se ensaios ecotoxicológicos, toxicológicos, ou outros métodos cientificamente
reconhecidos.
§ 5o Na hipótese dos estudos referidos no parágrafo anterior tornarem-se necessários em
decorrência da atuação de empreendedores identificados, as despesas da investigação correrão
as suas expensas.
§ 6o Para corpos de água salobras continentais, onde a salinidade não se dê por influência
direta marinha, os valores dos grupos químicos de nitrogênio e fósforo serão os estabelecidos
nas classes correspondentes de água doce.
Art. 9o A análise e avaliação dos valores dos parâmetros de qualidade de água de que trata
esta Resolução serão realizadas pelo Poder Público, podendo ser utilizado laboratório próprio,
conveniado ou contratado, que deverá adotar os procedimentos de controle de qualidade
analítica necessários ao atendimento das condições exigíveis.
§ 1o Os laboratórios dos órgãos competentes deverão estruturar-se para atenderem ao disposto
nesta Resolução.
§ 2o Nos casos onde a metodologia analítica disponível for insuficiente para quantificar as
concentrações dessas substâncias nas águas, os sedimentos e/ou biota aquática poderão ser
investigados quanto à presença eventual dessas substâncias.
Art. 10. Os valores máximos estabelecidos para os parâmetros relacionados em cada uma das
classes de enquadramento deverão ser obedecidos nas condições de vazão de referência.
§ 1o Os limites de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), estabelecidos para as águas
doces de classes 2 e 3, poderão ser elevados, caso o estudo da capacidade de autodepuração
do corpo receptor demonstre que as concentrações mínimas de oxigênio dissolvido (OD)
previstas não serão desobedecidas, nas condições de vazão de referência, com exceção da
zona de mistura.
§ 2o Os valores máximos admissíveis dos parâmetros relativos às formas químicas de
nitrogênio e fósforo, nas condições de vazão de referência, poderão ser alterados em
decorrência de condições naturais, ou quando estudos ambientais específicos, que considerem
também a poluição difusa, comprovem que esses novos limites não acarretarão prejuízos para
os usos previstos no enquadramento do corpo de água.
110
§ 3o Para águas doces de classes 1 e 2, quando o nitrogênio for fator limitante para
eutrofização, nas condições estabelecidas pelo órgão ambiental competente, o valor de
nitrogênio total (após oxidação) não deverá ultrapassar 1,27 mg/L para ambientes lênticos e
2,18 mg/L para ambientes lóticos, na vazão de referência.
§ 4o O disposto nos §§ 2o e 3o não se aplica às baías de águas salinas ou salobras, ou outros
corpos de água em que não seja aplicável a vazão de referência, para os quais deverão ser
elaborados estudos específicos sobre a dispersão e assimilação de poluentes no meio hídrico.
Art. 11. O Poder Público poderá, a qualquer momento, acrescentar outras condições e padrões
de qualidade, para um determinado corpo de água, ou torná-los mais restritivos, tendo em
vista as condições locais, mediante fundamentação técnica.
Art. 12. O Poder Público poderá estabelecer restrições e medidas adicionais, de caráter
excepcional e temporário, quando a vazão do corpo de água estiver abaixo da vazão de
referência.
Art. 13. Nas águas de classe especial deverão ser mantidas as condições naturais do corpo de
água.
Seção II
Das Águas Doces
Art. 14. As águas doces de classe 1 observarão as seguintes condições e padrões:
I - condições de qualidade de água:
a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os critérios
estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais
ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico
padronizado ou outro método cientificamente reconhecido.
b) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes;
c) óleos e graxas: virtualmente ausentes;
d) substâncias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes;
e) corantes provenientes de fontes antrópicas: virtualmente ausentes;
f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes;
g) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato primário deverão ser
obedecidos os padrões de qualidade de balneabilidade, previstos na Resolução CONAMA n°
274, de 2000. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite de 200 coliformes
termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais, de pelo menos 6 amostras, coletadas
durante o período de um ano, com freqüência bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em
111
substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos
pelo órgão ambiental competente;
h) DBO 5 dias a 20°C até 3 mg/L O2;
i) OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/L O2;
j) turbidez até 40 unidades nefelométrica de turbidez (UNT);
l) cor verdadeira: nível de cor natural do corpo de água em mg Pt/L; e
m) pH: 6,0 a 9,0.
II - Padrões de qualidade de água:
112
III - Nas águas doces onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para fins de consumo
intensivo, além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo, aplicam-se os seguintes
padrões em substituição ou adicionalmente:
113
Art 15. Aplicam-se às águas doces de classe 2 as condições e padrões da classe 1 previstos no
artigo anterior, à exceção do seguinte:
I - não será permitida a presença de corantes provenientes de fontes antrópicas que não sejam
removíveis por processo de coagulação, sedimentação e filtração convencionais;
II - coliformes termotolerantes: para uso de recreação de contato primário deverá ser
obedecida a Resolução CONAMA no 274, de 2000. Para os demais usos, não deverá ser
excedido um limite de 1.000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais
de pelo menos 6 (seis) amostras coletadas durante o período de um ano, com freqüência
bimestral. A E. coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes
termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente;
III - cor verdadeira: até 75 mg Pt/L;
IV - turbidez: até 100 UNT;
V - DBO 5 dias a 20°C até 5 mg/L O2;
VI - OD, em qualquer amostra, não inferior a 5 mg/L O2;
VII - clorofila a: até 30 µg/L;
VIII - densidade de cianobactérias: até 50000 cel/mL ou 5 mm3/L; e,
IX - fósforo total:
a) até 0,030 mg/L, em ambientes lênticos; e,
b) até 0,050 mg/L, em ambientes intermediários, com tempo de residência entre 2 e 40 dias, e
tributários diretos de ambiente lêntico.
Art. 16. As águas doces de classe 3 observarão as seguintes condições e padrões:
114
I - condições de qualidade de água:
a) não verificação de efeito tóxico agudo a organismos, de acordo com os critérios
estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais
ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico
padronizado ou outro método cientificamente reconhecido;
b) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes;
c) óleos e graxas: virtualmente ausentes;
d) substâncias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes;
e) não será permitida a presença de corantes provenientes de fontes antrópicas que não sejam
removíveis por processo de coagulação, sedimentação e filtração convencionais;
f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes;
g) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato secundário não deverá ser
excedido um limite de 2500 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de
pelo menos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral.
Para dessedentação de animais criados confinados não deverá ser excedido o limite de 1000
coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras,
coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. Para os demais usos, não
deverá ser excedido um limite de 4000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80%
ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com periodicidade
bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes
termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente;
h) cianobactérias para dessedentação de animais: os valores de densidade de cianobactérias
não deverão exceder 50.000 cel/ml, ou 5mm3/L;
i) DBO 5 dias a 20°C até 10 mg/L O2;
j) OD, em qualquer amostra, não inferior a 4 mg/L O2;
l) turbidez até 100 UNT;
m) cor verdadeira: até 75 mg Pt/L; e,
n) pH: 6,0 a 9,0.
115
II - Padrões de qualidade de água:
116
Art. 17. As águas doces de classe 4 observarão as seguintes condições e padrões:
I - materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes;
II - odor e aspecto: não objetáveis;
III - óleos e graxas: toleram-se iridescências;
IV - substâncias facilmente sedimentáveis que contribuam para o assoreamento de canais de
navegação: virtualmente ausentes;
V - fenóis totais (substâncias que reagem com 4 - aminoantipirina) até 1,0 mg/L de C6H5OH;
VI - OD, superior a 2,0 mg/L O2 em qualquer amostra; e,
VII - pH: 6,0 a 9,0.
Seção III
Das Águas Salinas
Art. 18. As águas salinas de classe 1 observarão as seguintes condições e padrões:
I - condições de qualidade de água:
a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os critérios
estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais
ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico
padronizado ou outro método cientificamente reconhecido;
b) materiais flutuantes virtualmente ausentes;
c) óleos e graxas: virtualmente ausentes;
d) substâncias que produzem odor e turbidez: virtualmente ausentes;
e) corantes provenientes de fontes antrópicas: virtualmente ausentes;
f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes;
117
g) coliformes termolerantes: para o uso de recreação de contato primário deverá ser obedecida
a Resolução CONAMA no 274, de 2000. Para o cultivo de moluscos bivalves destinados à
alimentação humana, a média geométrica da densidade de coliformes termotolerantes, de um
mínimo de 15 amostras coletadas no mesmo local, não deverá exceder 43 por 100 mililitros, e
o percentil 90% não deverá ultrapassar 88 coliformes termolerantes por 100 mililitros. Esses
índices deverão ser mantidos em monitoramento anual com um mínimo de 5 amostras. Para
os demais usos não deverá ser excedido um limite de 1.000 coliformes termolerantes por 100
mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano,
com periodicidade bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro
coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental
competente;
h) carbono orgânico total até 3 mg/L, como C;
i) OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/L O2; e
j) pH: 6,5 a 8,5, não devendo haver uma mudança do pH natural maior do que 0,2 unidade.
II - Padrões de qualidade de água:
118
III - Nas águas salinas onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para fins de consumo
intensivo, além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo, aplicam-se os seguintes
119
padrões em substituição ou adicionalmente:
Art 19. Aplicam-se às águas salinas de classe 2 as condições e padrões de qualidade da
classe 1, previstos no artigo anterior, à exceção dos seguintes:
I - condições de qualidade de água:
a) não verificação de efeito tóxico agudo a organismos, de acordo com os critérios
estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais
ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico
padronizado ou outro método cientificamente reconhecido;
b) coliformes termotolerantes: não deverá ser excedido um limite de 2500 por 100 mililitros
em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com
freqüência bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro
coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental
competente;
c) carbono orgânico total: até 5,00 mg/L, como C; e
d) OD, em qualquer amostra, não inferior a 5,0 mg/L O2.
II - Padrões de qualidade de água:
120
Art. 20. As águas salinas de classe 3 observarão as seguintes condições e padrões:
I - materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes;
II - óleos e graxas: toleram-se iridescências;
III - substâncias que produzem odor e turbidez: virtualmente ausentes;
IV - corantes provenientes de fontes antrópicas: virtualmente ausentes;
V - resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes;
VI - coliformes termotolerantes: não deverá ser excedido um limite de 4.000 coliformes
termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas
durante o período de um ano, com freqüência bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em
substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos
pelo órgão ambiental competente;
VII - carbono orgânico total: até 10 mg/L, como C;
VIII - OD, em qualquer amostra, não inferior a 4 mg/ L O2; e
IX - pH: 6,5 a 8,5 não devendo haver uma mudança do pH natural maior do que 0,2
unidades.
Seção IV
Das Águas Salobras
Art. 21. As águas salobras de classe 1 observarão as seguintes condições e padrões:
121
I - condições de qualidade de água:
a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os critérios
estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais
ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico
padronizado ou outro método cientificamente reconhecido;
b) carbono orgânico total: até 3 mg/L, como C;
c) OD, em qualquer amostra, não inferior a 5 mg/ L O2;
d) pH: 6,5 a 8,5;
e) óleos e graxas: virtualmente ausentes;
f) materiais flutuantes: virtualmente ausentes;
g) substâncias que produzem cor, odor e turbidez: virtualmente ausentes;
h) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes; e
i) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato primário deverá ser
obedecida a Resolução CONAMA no 274, de 2000. Para o cultivo de moluscos bivalves
destinados à alimentação humana, a média geométrica da densidade de coliformes
termotolerantes, de um mínimo de 15 amostras coletadas no mesmo local, não deverá exceder
43 por 100 mililitros, e o percentil 90% não deverá ultrapassar 88 coliformes termolerantes
por 100 mililitros. Esses índices deverão ser mantidos em monitoramento anual com um
mínimo de 5 amostras. Para a irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que
se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película, bem
como para a irrigação de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público
possa vir a ter contato direto, não deverá ser excedido o valor de 200 coliformes
termotolerantes por 100mL. Para os demais usos não deverá ser excedido um limite de 1.000
coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras
coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. A E. coli poderá ser
determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites
estabelecidos pelo órgão ambiental competente.
II - Padrões de qualidade de água:
122
III - Nas águas salobras onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para fins de consumo
intensivo, além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo, aplicam-se os seguintes
padrões em substituição ou adicionalmente:
123
Art. 22. Aplicam-se às águas salobras de classe 2 as condições e padrões de qualidade da
classe 1, previstos no artigo anterior, à exceção dos seguintes:
I - condições de qualidade de água:
a) não verificação de efeito tóxico agudo a organismos, de acordo com os critérios
estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais
ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico
padronizado ou outro método cientificamente reconhecido;
b) carbono orgânico total: até 5,00 mg/L, como C;
c) OD, em qualquer amostra, não inferior a 4 mg/L O2; e
d) coliformes termotolerantes: não deverá ser excedido um limite de 2500 por 100
mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano,
com freqüência bimestral. A E. coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro
coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental
competente.
II - Padrões de qualidade de água:
124
Art. 23. As águas salobras de classe 3 observarão as seguintes condições e padrões:
I - pH: 5 a 9;
II - OD, em qualquer amostra, não inferior a 3 mg/L O2;
III - óleos e graxas: toleram-se iridescências;
IV - materiais flutuantes: virtualmente ausentes;
V - substâncias que produzem cor, odor e turbidez: virtualmente ausentes;
VI - substâncias facilmente sedimentáveis que contribuam para o assoreamento de canais de
navegação: virtualmente ausentes;
VII - coliformes termotolerantes: não deverá ser excedido um limite de 4.000 coliformes
termotolerantes por 100 mL em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o
período de um ano, com freqüência bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em
substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos
pelo órgão ambiental competente; e
VIII - carbono orgânico total até 10,0 mg/L, como C.
CAPÍTULO IV
DAS CONDIÇÕES E PADRÕES DE LANÇAMENTO DE EFLUENTES
125
Art. 24. Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados, direta ou
indiretamente, nos corpos de água, após o devido tratamento e desde que obedeçam às
condições, padrões e exigências dispostos nesta Resolução e em outras normas aplicáveis.
Parágrafo único. O órgão ambiental competente poderá, a qualquer momento:
I - acrescentar outras condições e padrões, ou torná-los mais restritivos, tendo em vista as
condições locais, mediante fundamentação técnica; e
II - exigir a melhor tecnologia disponível para o tratamento dos efluentes, compatível com as
condições do respectivo curso de água superficial, mediante fundamentação técnica.
Art. 25. É vedado o lançamento e a autorização de lançamento de efluentes em desacordo com
as condições e padrões estabelecidos nesta Resolução.
Parágrafo único. O órgão ambiental competente poderá, excepcionalmente, autorizar o
lançamento de efluente acima das condições e padrões estabelecidos no art. 34, desta
Resolução, desde que observados os seguintes requisitos:
I - comprovação de relevante interesse público, devidamente motivado;
II - atendimento ao enquadramento e às metas intermediárias e finais, progressivas e
obrigatórias;
III - realização de Estudo de Impacto Ambiental-EIA, às expensas do empreendedor
responsável pelo lançamento;
IV - estabelecimento de tratamento e exigências para este lançamento; e
V - fixação de prazo máximo para o lançamento excepcional.
Art. 26. Os órgãos ambientais federal, estaduais e municipais, no âmbito de sua competência,
deverão, por meio de norma específica ou no licenciamento da atividade ou empreendimento,
estabelecer a carga poluidora máxima para o lançamento de substâncias passíveis de estarem
presentes ou serem formadas nos processos produtivos, listadas ou não no art. 34, desta
Resolução, de modo a não comprometer as metas progressivas obrigatórias, intermediárias e
final, estabelecidas pelo enquadramento para o corpo de água.
§ 1o No caso de empreendimento de significativo impacto, o órgão ambiental competente
exigirá, nos processos de licenciamento ou de sua renovação, a apresentação de estudo de
capacidade de suporte de carga do corpo de água receptor.
§ 2o O estudo de capacidade de suporte deve considerar, no mínimo, a diferença entre os
padrões estabelecidos pela classe e as concentrações existentes no trecho desde a montante,
estimando a concentração após a zona de mistura.
126
§ 3o Sob pena de nulidade da licença expedida, o empreendedor, no processo de
licenciamento, informará ao órgão ambiental as substâncias, entre aquelas previstas nesta
Resolução para padrões de qualidade de água, que poderão estar contidas no seu efluente.
§ 4o O disposto no § 1o aplica-se também às substâncias não contempladas nesta Resolução,
exceto se o empreendedor não tinha condições de saber de sua existência nos seus efluentes.
Art. 27. É vedado, nos efluentes, o lançamento dos Poluentes Orgânicos Persistentes-POPs
mencionados na Convenção de Estocolmo, ratificada pelo Decreto Legislativo no 204, de 7 de
maio de 2004.
Parágrafo único. Nos processos onde possa ocorrer a formação de dioxinas e furanos deverá
ser utilizada a melhor tecnologia disponível para a sua redução, até a completa eliminação.
Art. 28. Os efluentes não poderão conferir ao corpo de água características em desacordo com
as metas obrigatórias progressivas, intermediárias e final, do seu enquadramento.
§ 1o As metas obrigatórias serão estabelecidas mediante parâmetros.
§ 2o Para os parâmetros não incluídos nas metas obrigatórias, os padrões de qualidade a
serem obedecidos são os que constam na classe na qual o corpo receptor estiver enquadrado.
§ 3o Na ausência de metas intermediárias progressivas obrigatórias, devem ser obedecidos os
padrões de qualidade da classe em que o corpo receptor estiver enquadrado.
Art. 29. A disposição de efluentes no solo, mesmo tratados, não poderá causar poluição ou
contaminação das águas.
Art. 30. No controle das condições de lançamento, é vedada, para fins de diluição antes do seu
lançamento, a mistura de efluentes com águas de melhor qualidade, tais como as águas de
abastecimento, do mar e de sistemas abertos de refrigeração sem recirculação.
Art. 31. Na hipótese de fonte de poluição geradora de diferentes efluentes ou lançamentos
individualizados, os limites constantes desta Resolução aplicar-se-ão a cada um deles ou ao
conjunto após a mistura, a critério do órgão ambiental competente.
Art. 32. Nas águas de classe especial é vedado o lançamento de efluentes ou disposição de
resíduos domésticos, agropecuários, de aqüicultura, industriais e de quaisquer outras fontes
poluentes, mesmo que tratados.
§ 1o Nas demais classes de água, o lançamento de efluentes deverá, simultaneamente:
I - atender às condições e padrões de lançamento de efluentes;
II - não ocasionar a ultrapassagem das condições e padrões de qualidade de água,
estabelecidos para as respectivas classes, nas condições da vazão de referência; e
III - atender a outras exigências aplicáveis.
127
§ 2o No corpo de água em processo de recuperação, o lançamento de efluentes observará as
metas progressivas obrigatórias, intermediárias e final.
Art. 33. Na zona de mistura de efluentes, o órgão ambiental competente poderá autorizar,
levando em conta o tipo de substância, valores em desacordo com os estabelecidos para a
respectiva classe de enquadramento, desde que não comprometam os usos previstos para o
corpo de água.
Parágrafo único. A extensão e as concentrações de substâncias na zona de mistura deverão ser
objeto de estudo, nos termos determinados pelo órgão ambiental competente, às expensas do
empreendedor responsável pelo lançamento.
Art. 34. Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados, direta ou
indiretamente, nos corpos de água desde que obedeçam as condições e padrões previstos neste
artigo, resguardadas outras exigências cabíveis:
§ 1o O efluente não deverá causar ou possuir potencial para causar efeitos tóxicos aos
organismos aquáticos no corpo receptor, de acordo com os critérios de toxicidade
estabelecidos pelo órgão ambiental competente.
§ 2o Os critérios de toxicidade previstos no § 1o devem se basear em resultados de ensaios
ecotoxicológicos padronizados, utilizando organismos aquáticos, e realizados no efluente.
§ 3o Nos corpos de água em que as condições e padrões de qualidade previstos nesta
Resolução não incluam restrições de toxicidade a organismos aquáticos, não se aplicam os
parágrafos anteriores.
§ 4o Condições de lançamento de efluentes:
I - pH entre 5 a 9;
II - temperatura: inferior a 40ºC, sendo que a variação de temperatura do corpo receptor não
deverá exceder a 3ºC na zona de mistura;
III - materiais sedimentáveis: até 1 mL/L em teste de 1 hora em cone Imhoff. Para o
lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja praticamente nula, os
materiais sedimentáveis deverão estar virtualmente ausentes;
IV - regime de lançamento com vazão máxima de até 1,5 vezes a vazão média do período de
atividade diária do agente poluidor, exceto nos casos permitidos pela autoridade competente;
V - óleos e graxas:
1 - óleos minerais: até 20mg/L;
2- óleos vegetais e gorduras animais: até 50mg/L; e
VI - ausência de materiais flutuantes.
§ 5o Padrões de lançamento de efluentes:
128
Art. 35. Sem prejuízo do disposto no inciso I, do § 1o do art. 24, desta Resolução, o órgão
ambiental competente poderá, quando a vazão do corpo de água estiver abaixo da vazão de
referência, estabelecer restrições e medidas adicionais, de caráter excepcional e temporário,
aos lançam entos de efluentes que possam, dentre outras conseqüências:
I - acarretar efeitos tóxicos agudos em organismos aquáticos; ou
II - inviabilizar o abastecimento das populações.
Art. 36. Além dos requisitos previstos nesta Resolução e em outras normas aplicáveis, os
efluentes provenientes de serviços de saúde e estabelecimentos nos quais haja despejos
infectados com microorganismos patogênicos, só poderão ser lançados após tratamento
especial.
Art. 37. Para o lançamento de efluentes tratados no leito seco de corpos de água intermitentes,
o órgão ambiental competente definirá, ouvido o órgão gestor de recursos hídricos, condições
especiais.
CAPÍTULO V
DIRETRIZES AMBIENTAIS PARA O ENQUADRAMENTO
Art. 38. O enquadramento dos corpos de água dar-se-á de acordo com as normas e
procedimentos definidos pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos-CNRH e Conselhos
Estaduais de Recursos Hídricos.
129
§ 1o O enquadramento do corpo hídrico será definido pelos usos preponderantes mais
restritivos da água, atuais ou pretendidos.
§ 2o Nas bacias hidrográficas em que a condição de qualidade dos corpos de água esteja em
desacordo com os usos preponderantes pretendidos, deverão ser estabelecidas metas
obrigatórias, intermediárias e final, de melhoria da qualidade da água para efetivação dos
respectivos enquadramentos, excetuados nos parâmetros que excedam aos limites devido às
condições naturais.
§ 3o As ações de gestão referentes ao uso dos recursos hídricos, tais como a outorga e
cobrança pelo uso da água, ou referentes à gestão ambiental, como o licenciamento, termos de
ajustamento de conduta e o controle da poluição, deverão basear-se nas metas progressivas
intermediárias e final aprovadas pelo órgão competente para a respectiva bacia hidrográfica
ou corpo hídrico específico.
§ 4o As metas progressivas obrigatórias, intermediárias e final, deverão ser atingidas em
regime de vazão de referência, excetuados os casos de baías de águas salinas ou salobras, ou
outros corpos hídricos onde não seja aplicável a vazão de referência, para os quais deverão ser
elaborados estudos específicos sobre a dispersão e assimilação de poluentes no meio hídrico.
§ 5o Em corpos de água intermitentes ou com regime de vazão que apresente diferença
sazonal significativa, as metas progressivas obrigatórias poderão variar ao longo do ano.
§ 6o Em corpos de água utilizados por populações para seu abastecimento, o enquadramento e
o licenciamento ambiental de atividades a montante preservarão, obrigatoriamente, as
condições de consumo.
CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 39. Cabe aos órgãos ambientais competentes, quando necessário, definir os valores dos
poluentes considerados virtualmente ausentes.
Art. 40. No caso de abastecimento para consumo humano, sem prejuízo do disposto nesta
Resolução, deverão ser observadas, as normas específicas sobre qualidade da água e padrões
de potabilidade.
Art. 41. Os métodos de coleta e de análises de águas são os especificados em normas técnicas
cientificamente reconhecidas.
Art. 42. Enquanto não aprovados os respectivos enquadramentos, as águas doces serão
consideradas classe 2, as salinas e salobras classe 1, exceto se as condições de qualidade
atuais forem melhores, o que determinará a aplicação da classe mais rigorosa correspondente.
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Art. 43. Os empreendimentos e demais atividades poluidoras que, na data da publicação desta
Resolução, tiverem Licença de Instalação ou de Operação, expedida e não impugnada,
poderão a critério do órgão ambiental competente, ter prazo de até três anos, contados a partir
de sua vigência, para se adequarem às condições e padrões novos ou mais rigorosos previstos
nesta Resolução.
§ 1o O empreendedor apresentará ao órgão ambiental competente o cronograma das medidas
necessárias ao cumprimento do disposto no caput deste artigo.
§ 2o O prazo previsto no caput deste artigo poderá, excepcional e tecnicamente motivado, ser
prorrogado por até dois anos, por meio de Termo de Ajustamento de Conduta, ao qual se dará
publicidade, enviando-se cópia ao Ministério Público.
§ 3o As instalações de tratamento existentes deverão ser mantidas em operação com a
capacidade, condições de funcionamento e demais características para as quais foram
aprovadas, até que se cumpram as disposições desta Resolução.
§ 4o O descarte contínuo de água de processo ou de produção em plataformas marítimas de
petróleo será objeto de resolução específica, a ser publicada no prazo máximo de um ano, a
contar da data de publicação desta Resolução, ressalvado o padrão de lançamento de óleos e
graxas a ser o definido nos termos do art. 34, desta Resolução, até a edição de resolução
específica.
Art. 44. O CONAMA, no prazo máximo de um ano, complementará, onde couber, condições
e padrões de lançamento de efluentes previstos nesta Resolução.
Art. 45. O não cumprimento ao disposto nesta Resolução acarretará aos infratores as sanções
previstas pela legislação vigente.
§ 1o Os órgãos ambientais e gestores de recursos hídricos, no âmbito de suas respectivas
competências, fiscalizarão o cumprimento desta Resolução, bem como quando pertinente, a
aplicação das penalidades administrativas previstas nas legislações específicas, sem prejuízo
do sancionamento penal e da responsabilidade civil objetiva do poluidor.
§ 2o As exigências e deveres previstos nesta Resolução caracterizam obrigação de relevante
interesse ambiental.
Art. 46. O responsável por fontes potencial ou efetivamente poluidoras das águas deve
apresentar ao órgão ambiental competente, até o dia 31 de março de cada ano, declaração de
carga poluidora, referente ao ano civil anterior, subscrita pelo administrador principal da
empresa e pelo responsável técnico devidamente habilitado, acompanhada da respectiva
Anotação de Responsabilidade Técnica.
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§ 1o A declaração referida no caput deste artigo conterá, entre outros dados, a caracterização
qualitativa e quantitativa de seus efluentes, baseada em amostragem representativa dos
mesmos, o estado de manutenção dos equipamentos e dispositivos de controle da poluição.
§ 2o O órgão ambiental competente poderá estabelecer critérios e formas para apresentação da
declaração mencionada no caput deste artigo, inclusive, dispensando-a se for o caso para
empreendimentos de menor potencial poluidor.
Art. 47. Equiparam-se a perito, os responsáveis técnicos que elaborem estudos e pareceres
apresentados aos órgãos ambientais.
Art. 48. O não cumprimento ao disposto nesta Resolução sujeitará os infratores, entre outras,
às sanções previstas na Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e respectiva regulamentação.
Art. 49. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 50. Revoga-se a Resolução CONAMA nº 020, de 18 de junho de 1986.
MARINA SILVA
Presidente do CONAMA
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Ciro Leonardo Rabelo Coelho - Universidade Católica de Brasília