GUIA DO PARTICIPANTE | GRUPOS PEQUENOS | SETEMBRO | 2015
Estudo 2:
E seus efeitos na família
Analisando o contexto
Um poeta moderno disse certa vez: “Nada do que foi será, de novo, do jeito que já foi um dia. Tudo passa,
tudo sempre passará”. Na esfera familiar é evidente que nada do que aconteceu será de novo.
A família vem mudando seus hábitos a cada dia que passa. Não existe mais aquela conversa na mesa; aliás,
nem mesa mais existe. O relacionamento líquido de nossos tempos modernos tem afetado nossa família.
Esquecemos como perguntar “como foi o seu dia?”. Esperar por uma resposta demoraria muito tempo.
Assim, o relacionamento familiar, que também é liquido, começa a escorrer por nossas mãos. O objetivo
deste estudo não é ser saudosista e dizer que “naquele tempo era bom”. O que pretendemos é analisar
como podemos viver esses tempos solidificando nosso relacionamento familiar.
Cenário Bíblico
A Bíblia apresenta três instituições humanas que se destacam das outras e a cujo respeito fala com muita
autoridade: Família, Igreja e Estado. E é sobre a família como instituição que há mais princípios e orientações.
E é também o tema mais premente, porque temos visto famílias que se desintegraram por falta de um
relacionamento sólido.
Uma narrativa bíblica muito conhecida conta a jornada de dois irmãos, Abel e Caim (Gênesis 4). Por ciúmes e
por colocar a sua esperança em coisas erradas Caim mata seu irmão. Após isso, Deus pergunta: "Onde está
seu irmão Abel?” (v.9a). A resposta de Caim é assustadora (v.9b):
Não sei; sou eu o responsável por meu irmão?
Isso é um relacionamento familiar líquido. O fato de afirmar que não tem responsabilidade nenhuma
demostra o distanciamento e desprezo para com seu irmão. Essa postura nos mostra que de fato Caim
matara Abel muito antes de lhe atingir a cabeça.
Essa forma de se relacionar “liquidamente” nos diz que o outro é importante somente quando consegue nos
trazer felicidade. Quando isso não acontece, simplesmente descartamos o relacionamento. Não temos
responsabilidade nenhuma, pois o que importa é a nossa felicidade.
Compartilhando no grupo
1. Você percebe em nosso contexto atual a mesma realidade de Gênesis 4,
sobre o quanto os relacionamentos são líquidos?
2. Alcançar “felicidade” deve estar acima de qualquer tipo de relacionamento?
A perspectiva de Deus
No Salmo 128 podemos encontrar a orientação de Deus sobre o relacionamento familiar. Ele começa com
uma afirmação: (Salmo 128.1 – NVI)
Como é feliz quem teme ao Senhor, quem anda em seus caminhos!
Para o salmista, a felicidade é simplesmente colocar Deus como a base de tudo na vida, principalmente na
família. Com essa base sólida o relacionamento familiar também se torna sólido. Perceba o que afirma o
versículo 3:
Sua mulher será como videira frutífera em sua casa; seus filhos serão como
brotos de oliveira ao redor da sua mesa.
Esse versículo apresenta uma imagem da cultura hebraica para a qual o sinal de felicidade é uma esposa com
muitos filhos e os filhos fortes crescendo. O salmista usa dois termos que demostram essa solidez nos
relacionamentos: “em sua casa” e “ao redor da mesa”.
O salmista destaca o interior da casa como um espaço importante no relacionamento familiar. A casa é o
lugar onde todos passam horas e horas juntos. É dentro de casa que construímos intimidade, que
descansamos, nos alimentamos, onde temos privacidade e encontramos as pessoas em quem podemos
confiar.
O interior de uma casa não é um ambiente somente florido e belo. Enfrentamos dificuldades, diferenças, e
até mesmo imperfeições. Porém, é justamente nesse ambiente, complicado e belo, que se forma a família. A
família é o lugar onde aprendemos do amor de Deus e das bênçãos e felicidade que vêm dele.
Timothy Keller afirma: “Viver em família é penoso, porém maravilhoso, porque reflete o evangelho... Esta é a
mensagem do evangelho: somos mais pecadores e falhos do que jamais ousamos imaginar e, no entanto,
também somos mais aceitos em Jesus Cristo do que ousamos almejar. ”
A experiência de viver em família nos revela a beleza e os aspectos mais profundos do Evangelho. E a melhor
compreensão do Evangelho nos ajudará a viver uma união cada vez mais profunda em nossas famílias.
Viver um relacionamento sólido é perceber que o Evangelho ajuda a agir com maturidade quando
necessário, com perdão quando há falha, com amor quando há indiferença, com consolo quando houver
choro, com cuidado quando houver solidão. Foi exatamente isso que Jesus fez por cada um de nós, por isso,
somos capazes de agir assim.
Em tempos de relacionamentos líquidos, que possamos “ao redor da mesa” fundamentar nosso
relacionamento familiar em Deus e colocar nossas dificuldades diante dele.
A nossa resposta
J.R.R. Tolkien, autor de “Senhor dos Anéis” escreveu uma carta a seu filho quando ele estava prestes a casar
e afirmou:
“Esse é um mundo decaído onde não há harmonia entre os nossos corpos, nossas mentes e nossas almas. A
essência de um mundo decaído consiste no fato de que o melhor não pode ser conquistado do que é muitas
vezes chamado de “auto realização”, mas sim quando se recusa a si mesmo, as vezes sofrendo. A felicidade na
família cristã implica precisamente nisso: uma grande mortificação. Agir como Jesus, esvaziar de si mesmo
para viver uma verdadeira felicidade ”
1. Para viver um relacionamento familiar sólido é necessário agir como Jesus agiu.
Você está disposto a agir assim?
2. Como andam seus relacionamentos familiares? Se há algum problema, coloque diante de Deus e
deixe que ele te ajude a amar e perdoar, mesmo o que não é “amável” e “perdoável”,
sabendo que foi exatamente isso que Jesus fez por você.
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Seus efeitos na Família