O conteúdo esportes trabalhado pelos estagiários da fef/ufg nas aulas de educação física do
CEPAE/UFG
Christiane G. Macedo1
Graciele S. Peres1
Raphael Arantes de Oliveira1
Marco Túlio Esteves Silva1
Régis Henrique dos Reis Silva2
Resumo: Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência de estágio desenvolvido por quatro estagiários da FEF/UFG no CEPAE/UFG, mais precisamente, nas aulas de Educação Física das 7ª. Séries do
ensino fundamental, o conhecimento tratado foi o Esporte. Será apresentado o seqüenciador de aulas e as
opções didático-metodologicas do trabalho
Este relato tem como lócus o Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação da Universidade Federal de Goiás (CEPAE/UFG). Esta instituição foi criada em 1968, como Colégio Aplicação da UFG, e desde
1994 é uma unidade acadêmica especial desta Universidade.
O CEPAE/UFG foi criado com a finalidade de realização do ensino, da pesquisa e da extensão, como
instrumentos de participação na formação de novos educadores nas diversas áreas do conhecimento, com intuito, de atender os diversos cursos de Licenciatura da UFG.
A idéia de criação do CEPAE/UFG foi resultante de intensas discussões no interior dessa Universidade,
especificamente nos Seminários de Licenciatura e em debates e estudos que visavam à formação de uma política acadêmica para as Licenciaturas, em especial, no Fórum de Licenciatura, instituído em 1992. A definição
desta política foi avançando em suas metas e propostas e à medida que os projetos foram sendo pensados,
construídos e fortificados pode-se testemunhar a consolidação do papel fundamental do CEPAE, no processo
de reflexão, reformulação e fortalecimento das Licenciaturas da UFG. (CEPAE/UFG, 2006)
O estágio Curricular do curso de Licenciatura em Educação Física é um espaço privilegiado para o diálogo entre o ensino, a pesquisa e a extensão. No currículo em vigor, que se encerra neste ano, já que houveram
mudanças para as turmas que ingressaram em 2005, o estágio ocorre no 4º ano, sendo realizado na disciplina
de Didática e Prática de Ensino e tem a duração de um ano letivo.
Quanto à metodologia da disciplina tem sido adotado o seguinte procedimento: 1) Inicialmente os
graduandos da Faculdade de Educação Física (FEF/UFG) têm aulas de didática e fazem à aproximação do
campo. Neste ponto são feitas diversas leituras de textos que dão base à disciplina. As escolas que oferecem
a possibilidade de estágio são visitadas. Então a turma é dividida em duas (no caso da turma matutina) e cada
grupo se dirige a uma escola. 2) Na escola é feito um reconhecimento, seguindo um roteiro para levantamento
de dados, realizando observações, entrevistas e análise dos documentos da escola. No caso do CEPAE3, que
tem como uma de suas finalidades o estágio, os professores da subárea de Educação Física fazem uma apresentação do plano de ensino da subárea e da estrutura da escola. 3) Iniciamos a semi-regência em agosto, uma
dupla de estagiários para cada uma das duas turmas das 7ª. séries, acompanhadas pelo professor orientadorsupervisor, observaram as aulas durante duas semanas. Na segunda quinzena de agosto, após discutir com o
professor orientador-supervisor as estratégias de ensino para o conteúdo proposto, que havia sido iniciado no
primeiro semestre, começamos a regência, as duplas assumiram as turmas.
A escola possui uma boa estrutura. No que está diretamente ligado às aulas de educação física a escola
possui salas de aulas, quadra coberta, quadra aberta, pátio, sala de dança, laboratório de informática, auditório
com data show, além de materiais esportivos (bolas, colchonetes, arcos etc), vídeo, televisão, dvd, som. Pela
localização próxima à Faculdade de Educação Física, o CEPAE tem a possibilidade de utilizar as quadras abertas, ginásio, campo de futebol, pista de atletismo, ginásio de lutas e ginástica, e piscina.
Além das condições objetivas materiais, a instituição também garante condições em relação à organização do trabalho, pois os professores dispõem de horários para planejamento, reuniões pedagógicas e formação continuada.
O conteúdo que está sendo trabalhado é o esporte, que aparece de forma hegemônica no currículo de
Educação Física, tanto do CEPAE quanto da maioria das escolas, tanto da rede pública quanto privada. Embora pelo plano de ensino se perceba a preocupação em garantir os outros conteúdos da educação física como a
dança, os jogos e brincadeiras, a ginástica etc. A opção de tratamento do conteúdo Esporte segue a abordagem
crítico-emancipatória que propõe uma transformação didático-pedagógica do esporte, segundo Kunz:
O aluno enquanto sujeito do processo de ensino deve ser capacitado para sua participação
na vida social, cultural e esportiva, o que significa não somente a aquisição de a aquisição de
uma capacidade de ação funcional, mas a capacidade de conhecer, reconhecer e problematizar sentidos e significados nesta vida, através da reflexão crítica (Kunz, 1994, p. 30).
A opção pela abordagem crítica-emancipatória é baseada na visão de mundo e homem do Materialismo Histórico compartilhado por escola, professores (didática, orientador-supervisor e outros professores de
Educação Física que organizaram o plano de ensino) e estagiários. Assim admitimos a importância da contextualização dos conteúdos, o objetivo de formar pessoas críticas e capazes de assumir sua própria vida (emancipadas) e a existência de contradições e conflitos. Embora o plano de ensino da Educação Física se refira à
abordagem critico-superadora, que também tem base no materialismo histórico, a subárea está reformulando
este plano, e o conjunto de professor orientador-supervisor e estagiários das 7ª séries optaram pela forma de
organização e especialmente de avaliação proposta pela abordagem crítico-emancipatória, que será explicidata
posteriormente. .
Apresentação do Seqüenciador
Optamos por usar o seqüenciador de aulas defendido pela abordagem dinâmico dialógica da Educação
Física
3
No CEPAE o ano letivo é dividido em 4 escalas, no caso utilizamos duas escalas para tratar do conteúdo Esporte. O objetivo destas duas escalas era: Compreender de forma crítica os Esportes, mais especificamente, o Futebol/Futsal e o Basquetebol como práticas sociais historicamente construídas pelo Homem.
Neste sentido iniciamos a escala pela discussão do conceito de esporte. Esta discussão foi iniciada
ainda no primeiro semestre na segunda escala. Foram utilizadas aulas expositivas, vivências e vídeos. Além de
tentativas de síntese por parte dos alunos organizados em grupos. O professor selecionou bibliografia sobre os
esportes, especialmente, futebol/futsal e basquetebol. Após a sistematização do conceito cada turma escolheu
a modalidade que queria trabalhar, o futsal ou o basquete. Sendo que a turma A escolheu o Futsal e a Turma B
o basquete.
Seguimos para a segunda fase, a fase de reprodução, nesta fase os alunos entram em contato com os
elementos constitutivos do esporte, sendo focalizados os elementos técnico-táticos da modalidade (condução,
passes, chutes ou arremessos, dribles e fintas, posições e funções dos jogadores, principais regras - número
de jogadores e etc), histórico e alguns temas problematizadores como a questão dos profissionais e gênero.
Neste momento o objetivo era vivenciar a modalidade esportiva, da forma que os alunos conhecem. Buscamos
verificar o que os alunos conheciam sobre a modalidade esportiva em estudo. Eles sistematizaram as respostas em um quadro. Nesta fase a preocupação não era fazer juízo de valor das respostas dos alunos, mas sim
diagnosticar e tomar conhecimento para o ponto de partida. Então os alunos fora divididos em equipes para
vivenciar a modalidade seguindo alguns padrões das regras instituídas do esporte, para que os alunos tivessem
a possibilidade de compreender a modalidade em sua prática hegemônica. O professor buscou intervir apenas
quando solicitado, aproveitando para ensinar as regras oficiais.
Partimos para a terceira fase, a fase de modificação. Assistimos um vídeo sobre a modalidade esportiva
em estudo, os alunos receberam um roteiro para observação, trabalhando com questões problematizadoras com
intuito de identificar o que os alunos conseguiram apreender sobre o mundo técnico-instrumental da modalidade esportiva estudada (Quem joga? Por que se joga? Situar o jogo no tempo. Identificar as posições e funções
dos jogadores no vídeo? Quais valores são veiculados pela modalidade esportiva? O que existe de igual e diferente entre o que os alunos conhecem sobre a modalidade e o que fora assistido no vídeo?).
Este quadro foi utilizado para guiar as discussões (Qual quadro?). Primeiramente, abordamos os elementos históricos da modalidade esportiva em estudo, em seguida, identificamos a participação dos sujeitos
na construção histórica e trabalhamos com atividades na quadra como, o domínio, a condução, o drible e com
grupos pequenos inserimos as regras básicas durante o jogo propriamente dito. Na seqüência do trabalho também utilizamos imagens e a consulta na internet sobre os temas tratados.
Cabe destacarmos, que em todas as atividades questionamos a possibilidade de “fazermos de outra
forma”, isto é, incentivávamos os alunos a criarem outras maneiras de realizarem as atividades. Ainda sobre a
condução do trabalho pedagógico abordamos os aspectos táticos (funções dos jogadores e esquemas táticos),
com explanações e atividades em quadra sobre as diferentes posições, bem como suas respectivas disposições
e funções no jogo. No intuito, de garantirmos o aprendizado acerca do que fora trabalhado, foi realizado em
sala atividades com perguntas objetivas e subjetivas, o que possibilitou a sistematização do aprendizado do
aluno.
No quarto momento, fase de criação, propomos um jogo prolongado, que se assemelha ao “Banco
imobiliário”. Nosso objetivo foi analisar criticamente a modalidade esportiva em estudo. Retomamos a discussão sobre os profissionais envolvidos. Cada equipe montou seu time, comprando jogadores, técnico, sede, profissionais etc. e respondendo a perguntas, como por exemplo: O esporte é trabalho? Por quê? Nesta atividade
que durou cerca de 4 aulas os alunos também decidiram sobre o esquema tático especialmente de marcação.
Por fim os alunos irão, já que esta fase está em andamento, sistematizar de forma escrita e sintética o processo
vivenciado, bem como o conhecimento assimilado, também farão uma avaliação das aulas, do que gostaram e
por quê. E faremos um mini-tornei com regras discutidas por eles.
Para avaliação, nos baseamos em Kunz (1994), que descreve as competências objetiva, social e comunicativa. A competência objetiva é referente a instrumentalização do aluno com conhecimentos e saberes,
treinamento de habilidades e destrezas. A competência social se refere aos conhecimentos e habilidades necessários para as relações sócio-culturais. A competência comunicativa é o “saber se comunicar”, saber expressar
os conhecimentos adquiridos, sintetizar, sistematizar, repassar aos outros de forma clara. Assim, a avaliação é
feita em todo o processo.
Considerações Finais
O trabalho ainda está em processo mas estamos otimistas com os resultados já obtidos. É possível que
na Educação Física os alunos desenvolvam a sistematização, a síntese, a crítica, os conhecimentos combatendo
assim uma educação física espontaneísta ou formadora de “atletas padrões”. Porém, para isso o trabalho cole-
tivo é indispensável, tanto a nível da escola como um todo, como dos professores da área, quanto dos alunos.
È necessário acreditar que é possível uma educação de qualidade social e trabalhar por ela.
Bibliografia Bibliográficas
KUNZ, Elenor. Transformação Didático Pedagógica do Esporte.Ijuí: Ed. UNIJUI, 1994.
PALAFOX, G. H. M. et al. Planejamento Coletivo do Trabalho Pedagógico – PCTP: A experiência de Uberlândia. 2.ed. Uberlândia: Casa do Livro; Linograf, 2002.
Notas:
1
2
3
4
Graduandos do Curso de Licenciatura em Educação Física pela UFG.
Professor Assistente do CEPAE/UFG.
Historicamente o CEPAE e a FEF são parceiros e destaque a matriz epistêmica comum entre as
duas unidades
A este respeito ver: PALAFOX, G. H. M. et al. Planejamento Coletivo do Trabalho Pedagógico
– PCTP: A experiência de Uberlândia. 2.ed. Uberlândia: Casa do Livro; Linograf, 2002.
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