ECOS DO GRITO Informativo nº. 46 setembro/2006 “BRASIL: NA FORÇA DA INDIGNAÇÃO, SEMENTES DE TRANSFORMAÇÃO”. Olá articuladores/as do Grito! Companheirada! O Grito dos/as Excluídos/as ecoou pelos rincões de todo o Brasil, foram centenas de atividades pelas comunidades, vilas, ruas, bairros, cidades: manifestações, desfiles, celebrações, romarias, cursos de formação, feiras de economia solidária, partilha de alimentos, etc. Gritos que denunciaram os problemas sofridos nos bairros e cidades deste Brasilzão. Vimos também que esses Gritos repercutiram na imprensa escrita, falada e televisionada de diversas formas e com diversos sentidos. A simbologia das sementes,,,,, foi uma indicação para as transformações acontecerem. Assim, estamos certos de que os objetivos foram alcançados, na certeza que somente com manifestação popular conseguiremos a transformação social com reforma agrária e urbana, educação, saúde e trabalho...Também ecoaram fortes Gritos contra a corrupção e impunidade, pela reestatização da companhia Vale Rio Doce e por mudanças na política econômica. Destacamos alguns Gritos que chamaram a atenção: Porto Alegre/RS - ato ecumênico onde firmaram o compromisso de ser semente de transformação nas realidades de exclusão social e continuar a luta em defesa da vida, com partilha de alimentos. Curitiba/PR – A Associação de Materiais Recicláveis Novo Amanhecer ocupou, no dia 07, um imóvel na região Sul de Curitiba, reivindica um espaço para que os trabalhadores possam exercer sua atividade. “Estamos sendo despejados do nosso depósito porque não temos dinheiro para pagar o aluguel de R$ 500. Queremos apenas exercer o direito de trabalhar”, Maria de Lurdes Souza, catadora de papel e presidente da associação. Mandaguari/PR – Plantaram dezenas de cruzes na praça, “solo” matriz, “lembrando todos aqueles que doaram a sua vida pela construção de uma pátria, que ainda, para o seu povo, de fato, não foi possível alcançar a independência.” Flórida Paulista/SP: O Grito aconteceu pela 1º vez, de forma pacífica, com o objetivo de manifestar-se, numa grande mobilização popular na luta pelo fim da corrupção, por democracia direta, pela ética na política e pelo fim da exclusão social”. Na região não tínhamos a tradição de realizar o Grito, mas neste ano a semente foi plantada. Araraquara/SP: Grito de dona Laura, “meu nome é Laura e eu também vim gritar. (..) vim gritar no meio do povo. Faz 15 anos que eu moro aqui em Araraquara, mas eu sou da Paraíba. (...) Hoje estou com 75 anos. (...) Mas nunca vi um presidente! Eles falam que são do povo, mas não sofrem que nem o povo. (..) Também vou gritar. Peguei o ônibus e aí vim aqui. Estou achando a movimentação bonita. Tem muito jovem. Eu quero gritar junto com eles todos: vamos acordar juventude e tirar esse mundo dos avessos, porque do jeito que tá vocês vão sofrer a vida toda que nem eu e minha família sofre! Andei esse mundo todo! Trabalhei, trabalhei e não consegui nada! Nem uma casa decente para morar eu tenho! Agora você imagina quantas pessoas não tem ai nesse mundo que sofreu ou sofre que nem eu. (...) É isso que o moço está gritando lá no microfone, a indignação. Então é por isso que eu vim aqui. Vim trazer minha revolta. Esse mundo só tem conserto se o povo lutar... no mais é só engambelação”. Vale do Ribeira/SP – Cantando e dançando pelas vielas estreitas e históricas os manifestantes protestaram contra a lentidão na titulação das terras que abrigam as 12 aldeias indígenas tupi-guarani e as 64 comunidades quilombolas. Um grupo de ambientalistas fez uma expedição de sete dias pelo Rio Ribeira, na divisa de São Paulo e Paraná, protestaram contra a construção de 4 usinas hidrelétricas, alagando cerca de 900 hectares em área de domínio da Mata Atlântica e alertaram para o risco que representam as barragens. Coronel Fabriciano/MG: O Grito aconteceu com tendas temáticas, acerca de Política, espaço de construção da cidadania; Direito e cidadania, terra e água. Jequitinhonha/MG: No encerramento do Grito houve uma grande apitasso junto do palanque das autoridades, numa demonstração de força que vem da união dos lutadores/as do povo. Muriaé/MG: A Pastoral da juventude promoveu, no dia 07/09, no parque de exposição Lael Varella, que estava em festa uma passeata e panfletagem, com caras pintadas e acompanhados por um grupo de percussão. Januária/MG: Os manifestantes sentiram que na cidade o coronelismo ainda se faz sentir, mas não impediu que o Grito chegasse ao seu final com a leitura da carta de Januária, no encerramento do 2º encontro Norte Mineiro, da agro biodiversidade, no Ginásio da Vila São João. Leopoldina/MG: A Associação dos Catadores/as de materiais recicláveis junto com o Colégio Imaculada distribuíram os materiais do Grito nas cidades. Rio de Janeiro/RJ: A passeata contou com a animação do bloco “Se benze que dá”. O desfile militar foi recebido com uma sonora vaia dos movimentos e com os gritos “Caveirão é terror/ Pra matar trabalhador e Chega de chacina, polícia assassina” contudo no meio da manifestação a polícia barrou por algum tempo a caminhada. O Grito também fez forte manifestação contra a corrupção e pela reestatização da Companhia da Vale do Rio Doce. Brasília/DF: No momento em que o desfile do Grito passou numa rua paralela ao desfile oficial, muitos que participavam deste viraram-se para o outro lado e saíram das arquibancadas acompanhando a atividade do Grito. Dourados/MS: De setembro a novembro, haverá ciclo de palestras nas escolas municipais e estaduais, com os temas: A importância da profissionalização no mercado competitivo; globalização e o trabalho/Alca; Globalização e trabalho no decorrer da história; Independência e Globalização; Globalização e Urbanidade; Água, Direito e Reforma Agrária; Ética e Política; Direitos do Consumidor; Políticas de Ações Afirmativas; Mercado da Educação; Violência contra a Mulher; Diversidade e Gênero. Fortaleza/CE: No dia 02/09 na região do Pecém, o Grito que emocionou foi o das crianças e adolescentes, vítimas de abuso e exploração sexual e o dos Índios Anacés, que são vítimas do tão propalado progresso. Como símbolo de compromisso, foram distribuídas sementes de girassol, sinalizando que “a esperança continua a lançar sementes de transformação por todo solo verde e amarelo deste país, em vista da construção de uma pátria forte, justa, solidária e soberana”. João Pessoa/PB: Os manifestantes portadores de deficiência, os cadeirantes, que estavam à frente dos três blocos do Grito, com gritos do povo “fora do Haiti, fora do Haiti”, quando o exército desfilou. Por várias vezes o Grito foi impedido de caminhar, pela polícia militar, mas conseguiu realizar o trajeto com grande impacto local. Amapá/AP: Na cidade de Santana, encerraram a atividade com uma feijoada oferecida pelos grupos que organizaram o Grito. Além da capital, Macapá o Grito também ecoou em 9 municípios do Estado. Manaus/AM: Fizeram um manifesto, que tem como destaque a frase final “Quantas pessoas vão precisar perder suas vidas, morrer de fome, vítimas da violência, quantos precisam ficar sem água, sem casa, sem educação, para que nós: movimentos sociais, povo de Deus, possamos transformar essa nossa indignação em força de transformação”? Santarém/PA: No município de Santarém, no dia 21 de setembro, acontecerá o Grito da Natureza, na Vila Pacoval, região do Rio Curuá-Uma, grito dos moradores de mais de 13 comunidades rurais. No Estado o Grito aconteceu em 20 municípios. Rio Branco/AC: O primeiro grito aqui na Região é por autonomia, pois, a repressão e a cooptação impedem as mobilizações. Estudantes, punks e professores fizeram panfletagem e carregaram faixas para apresentar os Gritos abafados. Lembrando: Articuladores/as, não esqueçam das tarefas! Enviar as informações dos Gritos dos/as Excluídos/as, que aconteceram e os próximos passos. Também enviem as avaliações as sugestões para o próximo Grito. Agende-se: - Dias 15 e 16/11 – Plenária Nacional das Assembléias Populares – DF. - 17 a 19/11 – Seminário Nacional de encerramento do processo da 4ª SSB – DF. Em memória a Dom Luciano Mendes de Almeida “Amigo dos pobres, dos pequenos e indefesos; companheiro fiel de vidas ameaçadas; voz profética de Gritos silenciosos e silenciados” (Alfredinho) Expediente Secretaria Nacional do Grito dos Excluídos Tel. (11) 2272-0627. Ari Alberti, Karina da Silva Pereira, Maria Goretti Rodrigues Correio eletrônico: [email protected]