Promovendo Saúde na Contemporaneidade:
desafios de pesquisa, ensino e extensão
Santa Maria, RS, 08 a 11 de junho de 2010
MONITORAMENTO DE PACIENTES ACAMADOS: UMA ESTRATÉGIA PARA
PROMOÇÃO DA SAÚDE¹
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Bernardes, A. ; Desconci, M.²; Graciolli, M.²; Ercolani. F. ². Machado. K², Weissheimer. M ²
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Trabalho de Pesquisa _UNIFRA
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Curso de Enfermagem do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil
E-mail: [email protected];
RESUMO
Devido a essa tendência mundial da diminuição do número de leitos hospitalares ocorreu um
aumento no número de pacientes acamados em cuidados domiciliares, o que demanda em
monitoramento contínuo das Equipes de Saúde da Família, visando orientar e dar apoio as família
com a finalidade de prestar a assistência necessária para o paciente. Este trabalho tem como objetivo
Conhecer o perfil epidemiológico dos pacientes que recebem visitas domiciliares dos enfermeiros ou
equipe de enfermagem da ESF Parque Pinheiro Machado, e frente a isso refletir sobre o impacto da
doença em pacientes a e familiares.
Palavras-chave: pacientes acamados, visitas domiciliares, perfil epidemiológico.
1. INTRODUÇÃO
O sistema de saúde brasileiro melhorou nos últimos anos, mais ainda necessita de políticas públicas
que tornem as ações de promoção da saúde como prioritárias, dando ênfase à atenção básica tendo
em vista uma melhoria na qualidade dos serviços e na interação com a comunidade.
Desde o fim da década de 40 já se tornou notória a inversão dos gastos públicos em favor da
assistência médica em relação à saúde pública. Nos anos 60 essa dicotomia assistência médicasaúde pública mostrava um modelo assistencial com ações desordenadas e incapazes de conter a
miséria e as precárias condições de saúde da população brasileira, (MERHY; QUEIROZ, 1993).
O autor citado anteriormente complementa a sua idéia relatando que nos anos 70 duas
posições político-ideológicas que organizaram-se em torno da disputa por um novo modelo de política
social de saúde: a conservadora e a reformadora.A conservadora apoiava uma lógica de mercado
para a organização dos serviços de saúde, cujo enfoque principal era a assistência médica baseada
no produtor privado. Em contrapartida a posição reformadora preconizava a criação de uma rede de
serviços públicos de saúde descentralizada e universalizada, ou seja, que atendesse a população
coberta ou não pela Previdência Social.
No final da década de 1980 foi criado o Sistema Unificado Descentralizado de Saúde (SUDS)
que representou a descentralização das atividades e dos recursos físicos, humanos e financeiros da
Previdência Social para as secretárias estaduais de saúde, o que proporcionou ganhos na
racionalização da gestão e na utilização dos recursos, ( FIGUEIREDO et al, 2007).
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado em 1988 a partir do artigo 196 da Constituição
Federal e regulamentado pelas leis 8080/90 e 8142/90, com isso foram definidos os princípios do
universalismo e descentralização para as ações de saúde e um novo formato organizativo para os
serviços sob a lógica da integralidade, regionalização e hierarquização. Além de as atividades
preventivas e curativas passarem a ser de responsabilidade dos gestores públicos. (VIANA; DAL
POZ, 1998 apud SANTANA; CAMAGNANI, 2001).
Na tentativa de reorganizar o modelo assistencial brasileiro o programa dos agentes
comunitários (PACS) e programa saúde da família (PSF) surgem como as mais recentes táticas do
Ministério da Saúde, devido ao fato de inserir o processo de assistência de maneira preventiva e não
sendo apenas curativa como o modelo biomédico atual.
O PSF teve início em 1991 quando foi criado o PACS que foi inspirado em experiências de
prevenção de doenças por meio de informações e de orientações sobre cuidados de saúde. A partir
do êxito do PACS surgiu a necessidade de incorporar novos profissionais para que os agentes não
funcionassem de forma isolada, então em 1994 foi criado o PSF que visa atender o indivíduo e a
família de forma individual e coletiva (ROSA; LABETE, 2005).
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Em relação à Atenção Básica a Estratégia de Saúde da Família possui algumas
especificidades em seu processo de trabalho o que se deve ao fato de ter como foco a família e não
apenas o indivíduo biológico, sendo essas características definidas na portaria 648 de 2006:
I-
II-
IIIIV-
VVI-
VII-
VIIIIX-
Manter atualizado o cadastramento das famílias e dos indivíduos e utilizar, de
forma sistemática, os dados para análise da situação de saúde considerando as
características sociais, econômicas, culturais, demográficas epidemiológicas do
território;
Definição precisa do território de atuação, mapeamento e reconhecimento da área
adstrita, que compreenda o segmento populacional determinado, com atualização
contínua;
Diagnóstico, programação e implementação das atividades segundo critérios de
risco à saúde, priorizando a solução os problemas de saúde mais freqüentes;
Pratica do cuidado familiar ampliado, efetivada por meio do conhecimento da
estrutura e da funcionalidade das famílias que visa propor intervenções que
influenciem os processos de saúde-doença dos indivíduos, nas famílias e da
própria comunidade;
Trabalho interdisciplinar e em equipe, integrando áreas técnicas e profissionais de
diferentes formações;
Promoção e desenvolvimento de ações intersetoriais, buscando parcerias e
integrando projetos sociais e setores afins voltados para a promoção da saúde, de
acordo com prioridades e sob coordenação da gestão municipal;
Valorização dos diversos saberes práticas na perspectiva de uma abordagem
integral e resolutiva, possibilitando a criação vínculos de confiança com ética,
compromisso respeito;
Promoção e estimulo à participação da comunidade e no controle social, no
planejamento, na execução e na avaliação as ações;
Acompanhamento e avaliação sistemática das ações implementadas, visando à
readequação do processo de trabalho;
Dentro dessa proposta foi necessária a incorporação para melhor execução das atividades de
alguns instrumentos de trabalho, dentre eles esta a visita domiciliar, que garante o vínculo e o acesso
da equipe ao contexto familiar dos assistidos, permitindo acompanhar a saúde da família, prestar
cuidados e identificar as dinâmicas e relacionamentos do grupo familiar, o que poderá auxiliar na
determinação do processo saúde/doença, (COSTA; SILVA, 2004).
O sucesso de uma visita domiciliar depende de alguns fatores como planejamento, execução,
registro de dados e avaliação, as prioridades para a visita domiciliar incluem os recém-nascidos,
crianças com alguma patologia grave ou faltosas aos agendamentos das vacinas, portadores de
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), gestantes de alto risco ou faltosas ao pré-natal e
pacientes acamados (MARASQUIN et al, 2004) .
A proposta de atenção à família não esta desvinculada ao problema da diminuição de leitos
hospitalares, pois manter internada uma pessoa que não tem mais condições de viver
adequadamente é altamente dispendioso, isso explica o aumento no número de pacientes acamados
em cuidados domiciliares em todo o mundo. (FIGUEIREDO et al, 2007).
A partir desse ponto de vista, o acompanhamento do paciente acamado realizado pela equipe
de saúde da família deve focalizar a promoção e educação, identificando as reais necessidades dos
envolvidos, permitindo a autonomia e a co-responsabilidade, a valorização da subjetividade e a
criação de vínculo. (ALBUQUERQUE et al, 2007).
Segundo dados do Departamento de Informática do SUS (DATASUS, 2005) do período de
1990 a 2005 ocorreu uma acentuada diminuição no número de leitos hospitalares por 1.000
habitantes de 3,7 em 1990 para 2,4 em 2005. Devido a essa tendência da diminuição do número de
leitos hospitalares ocorreu um aumento no número de pacientes acamados em cuidados domiciliares,
o que demanda em monitoramento contínuo das Equipes de Saúde da Família, visando orientar e dar
apoio as família com a finalidade de prestar a assistência necessária para o paciente.
Frente a isso esse estudo justifica-se, por ser uma importante questão de saúde pública, que
visa monitorar pacientes acamados em cuidados domiciliares pelas Equipes de Saúde da Família,
que requer esforços ações e estratégias para melhoria da gestão do serviço de saúde.
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Este trabalho apresenta como questão problema, qual o perfil epidemiológico dos pacientes
acamados que receberam visitas domiciliares dos enfermeiros ou equipe de enfermagem da ESF
Parque Pinheiro Machado?
O objetivo desse estudo é conhecer o perfil epidemiológico dos pacientes que recebem
visitas domiciliares dos enfermeiros ou equipe de enfermagem da ESF Parque Pinheiro Machado
2. METODOLOGIA
O ensaio reflexivo foi o método escolhido para nortear esse estudo que apresenta a
abordagem qualitativa, a qual relata Santos (2006) que este ao estar inserido nas ciências sociais
será sempre subjetivo, imbricado na busca de compreender fenômenos sociais a partir de atitudes e
sentidos que os agentes conferem as suas ações, com vista a construir um conhecimento
intersubjetivo, descritivo e compreensivo.Sendo do tipo revisão bibliográfica, que como descreve
Carvalho (1987, p.110) “é a atividade de localização e consulta de fontes diversas de informações
escritas, para coletar dados gerais e específicos a respeito de determinado tema”.
Essa pesquisa esta apoiada nas linhas de pensamento de Albuquerque e colaboradores
(2007), que são representativas no explanar teórico-científico de Costa e Silva (2004)
3. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
O estudo buscou registrar e refletir o perfil dos pacientes acamados assim como o impacto da
doença, no paciente e seus familiares, visto que a enfermagem se trata de uma profissão que tem em
sua essência o cuidado, buscamos explorar as questões subjacentes ao processo de cuidar,visto
que,as demandas de cuidados produzidas pela doença e pelas necessidades de saúde passam a
influenciar o cotidiano do cuidador. Transformando seu contexto de vida pois assumem
responsabilidades além de seus limites físicos e emocionais, motivo pelo qual necessitam serem
apoiados valorizados e reconhecidos pelo trabalho executado.Portanto é de extrema importância a
formulação de estratégias oferecendo assim um suporte profissional para a capacitação e
desempenho de cuidados, tanto institucionais quanto domicilares.
Nesse sentido a enfermagem pode contribuir oferecendo assistência específica, orientando
familiares e cuidadores, realizando grupos de auto-ajuda, visitas domiciliares e consultas de
enfermagem, baseadas na utilização de instrumentos que avaliem suas condições cognitivas e
funcionais, dessa forma melhorando não só as condições do portador mas também do cuidador.
REFERÊNCIAS
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PACHECO, S. N. W, Necessidades de educação em saúde dos cuidadores de pessoas idosas
no domicílio. Revista Texto e Contexto, Florianópolis, 2007 abr-jun; 16 (2):254-62.
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CARVALHO, A. de S. Metodologia da entrevista: uma abordagem fenomenológica. Rio de
Janeiro: Agir, 1987.
COSTA. S, Maria Bernardete, SILVA. T, Maria Iracema. Impacto da criação do Programa Saúde da
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DATASUS, Departamento de Informática do Sus, Indicador de recursos de 2005, disponível em
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/i, acessado em 27/04/2010.
FIGUEIREDO. A. Nébia Maria, VIANA. L.Dirce, TONINI. Teresa, AMORIN. Wellington, MACHADO. A.
Wiliam César. “Entre a Filosofia e as Políticas públicas” FIGUEIREDO. A. Nébia Maria (org.),
TONINI. Teresa (org.) SUS E PSF PARA ENFERMAGEM Práticas para o cuidado em Saúde
Coletiva, São Caetano do Sul, SP: Yendis, 2007.
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desafios de pesquisa, ensino e extensão
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MARASAQUIN. G. Heike, DUARTE. C, Rosa Virgínia, PEREIRA.L B.Ruth, MÔNEGO. T.
Estelamaris,Visita Domiciliar: O olhar da comunidade da quadra 603. Palmas( TO), rev. UFG vol.
VI ,especial dez, Goiânia, 2004.
MERHY, E. QUEIROZ, M.S. Saúde Pública, rede básica e o sistema de saúde barsileiro. Cad.
Saúde Pública, 9(2): 177-184, 1993, disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v9n2/09.pdf acessado
no dia 05/04/2010.
ROSA. G.A, Walisete, LABETE.C,Renata, Programa saúde da família: a construção de um
modelo de assistência Rev Latino-am Enfermagem 2005 novembro-dezembro; 13(6):1027-34
SANTANA. L.Milena, CAMAGNANI. Maria Isabel Programa Saúde da Família no Brasil: um
enfoque sobre seus pressupostos básicos operacionalização e vantagens, rev. Saúde e
Sociedade 10 (1):33- 53, 2001
SANTOS, B.V.S. Um discurso sobre as ciências. 4e. São Paulo: Cortez, 2006.
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