UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA DE EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL
MARIA ZUILA CYSNEIROS DE MIRANDA
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL: UMA ANÁLISE EM
CANTEIROS DE OBRAS DE EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS EM CUIABÁ-MT
Cuiabá - MT
2014
MARIA ZUILA CYSNEIROS DE MIRANDA
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL: UMA ANÁLISE EM
CANTEIROS DE OBRAS DE EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS EM CUIABÁ-MT
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação
em
Engenharia
de
Edificações e Ambiental, da Universidade
Federal de Mato Grosso, como requisito
para obtenção do título de Mestre.
Área de concentração:
Construção Civil
Orientador:
Prof. Dr. José Manoel Henriques de Jesus
Co-orientador:
Prof. Dr. Adnauer Tarquínio Daltro
Cuiabá - MT
Maio, 2014
DEDICATÓRIA
Aos meus inesquecíveis pai Orlando
de Miranda Henriques Filho (in
memoriam) e avô Orlando de
Miranda Henriques (in memoriam).
AGRADECIMENTOS
Ao Deus de amor e misericórdia que nos deu o sopro da vida e nos
oportunizou “ser cristão” nessa abençoada escola, o Planeta Terra.
Aos benfeitores espirituais que nos envolveram em vibrações de amor e
incentivo, amparando-nos em nossos momentos de dúvidas e reflexões.
À família que Deus nos presenteou para viver e aprender a amar,
indistintamente.
Aos amigos, a família do coração, que escolhemos para caminhar juntos,
amparando e amparados pelo amor incondicional de sermos simplesmente irmãos.
À minha secretária do lar Elisa que dedicou carinho e atenção para manter
meu conforto, nas muitas noites e dias de trabalho.
Aos colegas do Mestrado pela convivência e por dividirmos juntos o mesmo
sonho.
Aos meus professores orientadores Prof. Dr. José Henriques Manoel de
Jesus e Prof. Dr. Adnauer Tarquínio Daltro, incansáveis nas etapas dessa
caminhada, doando paciência e atenção em todos os momentos da jornada. A eles,
meu especial agradecimento.
Aos professores da banca examinadora Prof. Dr. Luiz Airton da Silva, Profa.
Drª. Marta Regina Lopes Tocchetto, Profª. Drª. Eliana Beatriz Nunes Rondon Lima,
pelas valiosas contribuições.
Aos professores, à coordenação e à secretaria do Mestrado, pela atenção e
dedicação durante o curso.
Ao SindusCon-MT em nome do Presidente Eng. Cezário Neto, que acreditou
e apoiou a pesquisa através de sua assessoria técnica e equipe, fundamentais para
o início dos trabalhos nos canteiros de obra.
Às empresas construtoras parceiras sem as quais não seria possível realizar
a pesquisa; aos diretores, supervisores e coordenadores de obra que organizaram e
disponibilizaram o tempo de suas equipes técnicas, nos canteiros de obra.
Aos engenheiros civis e mestres de obra entrevistados e aos meus alunos da
Faculdade de Engenharia Civil e estagiários, que contribuíram nos canteiros de obra
com a pesquisa.
A todos, minha gratidão!
RESUMO
Na atualidade, os resíduos da construção civil (RCC) representam um grande
desafio para o setor e o seu gerenciamento, durante a produção das edificações,
promove nos canteiros de obra uma realidade vinculada ao modelo de gestão de
cada empresa construtora. É preciso então ampliar o entendimento de gestão
empresarial e integrá-lo aos conceitos de gestão ambiental. É necessário um novo
modelo para o gerenciamento dos canteiros de obra que seja capaz de viabilizar o
gerenciamento de RCC e contribuir positivamente, para o grave problema de
administração de resíduos sólidos nas cidades brasileiras. A pesquisa se propôs a
identificar e analisar o gerenciamento de resíduos da construção civil (GRCC) dentro
dos canteiros de obra de edifícios residenciais, na cidade de Cuiabá, a partir da
aplicação de uma ferramenta e instrumentos de análise e observação, que medisse
quantitativa e qualitativamente esse gerenciamento. Também propôs avaliar o
modelo de GRCC presente no canteiro de obra em relação à contribuição junto à
cadeia produtiva da construção e a interrelação entre o gerenciamento do canteiro
de obra e o gerenciamento de RCC, a partir de uma análise quantitativa e qualitativa
das melhorias e inovações tecnológicas simples implantadas. Para alcançar esses
objetivos foram estudadas seis empresas, entre as nove maiores com atuação no
segmento, tanto regional como nacional, e que representaram mais de 50% do
mercado para m2 em construção e em empreendimentos entregues em 2013. Em
cada empresa foram pesquisados dois canteiros de obra, totalizando doze canteiros
participantes. Na análise dos resultados obtidos percebe-se nesses canteiros ações
e práticas referentes à introdução de melhorias e inovações tecnológicas simples
relacionadas ao gerenciamento do canteiro de obra, embora ainda incipientes para
resultados satisfatórios quanto ao gerenciamento de RCC. Ao integrar-se essas
ações aos resultados obtidos para o modelo de gerenciamento de RCC implantado
nos canteiros das empresas, foi possível constatar que 83% dos canteiros trabalham
com modelo de gerenciamento de RCC insuficiente, sem contribuição ou impacto
positivo na cadeia produtiva da construção. Face a todos os aspectos analisados,
para as novas edificações na cidade de Cuiabá, os resultados indicaram um valor
médio de RCC removido dos canteiros de 199 kg/m2 construído. Em comparação ao
valor nacional mais difundido, 150 kg/m2 construído, o resultado da pesquisa é 25%
maior; em comparação ao valor divulgado pela Prefeitura Municipal de Cuiabá para
elaboração de Projeto de Gerenciamento de RCC para novas edificações, 120 kg/m²
construído, o resultado da pesquisa é 40% maior.
Palavras-chave: Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Canteiros de
Obra. Construção Civil. Edifícios Residenciais.
ABSTRACT
At present time, the construction waste (CW) represents a major challenge for the
segment and its management during the production of buildings, for it promotes at
the construction sites a reality linked to the management model of each construction
company. It is then necessary to broaden the understanding of business
management and integrate it to the concepts of environmental management. A new
model for managing construction sites to be able to enable the management of CW
and contribute positively to the serious problem of solid waste management in
Brazilian cities is required. The research aimed to identify and analyze the
management of construction waste (MCW) within the construction sites of residential
buildings in the city of Cuiabá, from the application of a tool and instruments of
analysis and observation, which measured quantitatively and qualitatively this
management. Also aimed to identify to evaluat the model MCW present at the
construction site and the interrelationship between the management of the
construction site and management of construction waste, from a quantitative and
qualitative analysis of simple technological improvements and innovations
implemented. To achieve these goals, six of the nine largest companies in this
segment, both regional and national, were studied, and which represented over 50%
of the market for square meter in construction and projects delivered in 2013. In each
company, two construction sites were surveyed, bringing the total to twelve
participant In the analysis of the results it can be seen in these plots, actions and
practices regarding the introduction of improvements, and technological innovations
related to managing the construction site, although still preliminary to satisfactory
results regarding the management of construction waste. By integrating these actions
to the results obtained for model CW implanted in the construction sites of the
companies, it was found that 83% of the constructions work with management
construction waste insufficient without contribution or positive impact on the
construction supply chain model. Considering all the aspects analyzed, for new
buildings in the city of Cuiabá, the results indicated an average removed on
construction sites of construction waste 199 kg/m2 built. Compared to the wider
national value of 150 kg/m2 built, the research result is 25% higher; compared to the
value reported by the Municipality of Cuiabá for developing project of construction
waste management for new buildings, 120 kg/m² built, the research result is 40%
higher.
Keywords: Management Waste of Construction. Construction Sites. Construction.
Residential Buildings.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Composição da Cadeia Produtiva da Construção 2012......................... 47
Figura 2 – Fluxograma geral da pesquisa ............................................................... 64
Figura 3 – Fluxograma da primeira e segunda fase para diagnóstico do canteiro de
obra e avaliação do modelo de GRCC.................................................69
Figura 4 – Fluxograma geral da estrutura de pontuação e avaliação do modelo de
GRCC implantado nos canteiros de obra ............................................. 80
Figura 5 – Tempo de trabalho na construção civil ................................................... 85
Figura 6 – Grau de escolaridade ............................................................................. 86
Figura 7 – Você faz a separação do lixo da sua casa? ........................................... 87
Figura 8 – Quantidade de lixo (resíduo) gerado na obra ......................................... 88
Figura 9 – O que você entende por gerenciamento resíduos da construção civil ... 88
Figura 10 – Destino dado para os resíduos da obra ............................................... 92
Figura 11 – Periodicidade para realização da limpeza da obra............................... 92
Figura 12 – Maiores percentuais para melhorias e inovações por item e canteiro..95
Figura 13 – Menores percentuais para melhorias e inovações por item e canteiro 96
Figura 14 – Percentual das empresas às questões do item 1) percepção das
políticas ambiental e de qualidade da empresa ................................. 104
Figura 15 – Percentual das empresas às questões do item 2) práticas relacionadas
ao GRCC - questões de 1 a 14 .......................................................... 107
Figura 16 – Percentual das empresas às questões do item 2) práticas relacionadas
ao GRCC - questões 15 a 27 ............................................................. 108
Figura 17 – Percentual das empresas às questões do item 3) plano de GRCC,
caracterização e triagem de RCC ...................................................... 111
Figura 18 – Percentual das empresas às questões do item 4) acondicionamento
e/ou armazenamento temporário ....................................................... 117
Figura 19 – Percentual das empresas às questões do item 5) transporte e
destinação final de resíduos............................................................... 120
Figura 20 – Grau de dificuldade quanto ao GRCC no canteiro associado ao
percentual de práticas para GRCC .................................................... 127
Figura 21 – Canteiros B1 e B2 – Percentual comparativo para melhorias e
inovações ........................................................................................... 136
Figura 22 – Canteiros B1 e B2 – Comparativo final pelas médias ........................ 136
Figura 23 – Canteiros A1 e A2 – Comparativo final pelas médias ........................ 138
Figura 24 – Canteiros F1 e F2 - Comparativo pelas médias para itens de melhorias
e inovações ........................................................................................ 139
Figura 25 – Canteiros F1 e F2 – Comparativo final pelas médias......................... 139
Figura 26 – Canteiros F1 e F2 – Comparativo final pela média ............................ 141
Figura 27 – Canteiros D1 e D2 – Comparativo final pelas médias ........................ 142
Figura 28 – Canteiros E1 e E2 – Comparativo final pelas médias ........................ 142
Figura 29 – Empresa C – Evolução do IGR RCC removido em kg/m² construído.
Uma obra por ano para 2011, 2012 e 2013 ....................................... 149
Figura 30 – Empresa D - Evolução do IGR RCC removido em kg/m² construído.
Para três obras em 2013 .................................................................... 150
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Classes de RCC e destinação por classe segundo a Resolução
CONAMA 307/2002 alterada pelas resoluções CONAMA 348/2004,
431/2011 e 448/2012 ........................................................................... 28
Quadro 2 – Progressão de pesquisas realizadas para avaliação de perdas de
materiais............................................................................................... 35
Quadro 3 – Classificação das perdas ..................................................................... 36
Quadro 4 – Estudo de entradas e saídas da indústria da construção civil .............. 37
Quadro 5 – Programas prioritários CBIC................................................................. 49
Quadro 6 – Exemplos de iniciativas de sustentabilidade de entidades de classe....50
Quadro 7 – Pesquisas sobre inovação tecnológica na construção nacional no
período 1998 a 2012 ............................................................................ 60
Quadro 8 – Síntese do universo, da amostra e dos critérios de seleção da
pesquisa. .............................................................................................. 67
Quadro 9 – Distribuição dos canteiros de obra por empresa .................................. 68
Quadro 10 – Critério para avaliação do modelo de gerenciamento de RCC........... 81
Quadro 11 – Melhorias e Inovações – percentual de respostas “SIM” às questões
dos seis itens. Média por canteiro e por empresa ................................ 94
Quadro 12 – Percentual por canteiro para item 1) Percepção das políticas
ambiental e de qualidade da empresa. Média por canteiro para Práticas
para GRCC. ....................................................................................... 102
Quadro 13 – Percentual por canteiro para item 2) práticas relacionadas ao
GRCC..................................................................................................105
Quadro 14 – Percentual por canteiro para item 3) plano de GRCC, caracterização e
triagem de RCC ................................................................................. 110
Quadro 15 – Percentual por canteiro para item 4) acondicionamento e/ou
armazenamento de RCC.................................................................... 115
Quadro 16 – Percentual por canteiro para item 5) transporte e destinação final de
resíduos ............................................................................................. 119
Quadro 17 – Percentual para itens de práticas e procedimentos em canteiros de
obra quanto ao gerenciamento de resíduos da construção civil
(GRCC).............................................................................................. 124
Quadro 18 – Comparativo da média por canteiro – percentuais entre melhorias e
inovações x práticas para GRCC ...................................................... 125
Quadro 19 – Percentual por item - melhorias e inovações x práticas para GRCC
Maior ocorrência de percentuais “insatisfatórios” (abaixo de 50%) .... 133
Quadro 20 – Percentual de melhorias e inovações x práticas para GRCC
Média por canteiro e por empresa ..................................................... 135
Quadro 21 – Percentual comparativo para melhorias e inovações x práticas para
GRCC. Canteiros A1 e A2 - B1 e B2 -................................................ 135
Quadro 22 – Canteiros A1 e A2 - Percentual quanto as práticas para GRCC ...... 137
Quadro 23 – Canteiros A1 e A2 - Percentual para melhorias e inovações ........... 137
Quadro 24 – Percentual comparativo para melhorias e inovações x práticas para
GRCC - Canteiros F1 e F2 ................................................................. 138
Quadro 25 – Percentual comparativo para melhorias e inovações x práticas para
GRCC - Canteiros C1 e C2 ................................................................ 140
Quadro 26 – Percentual comparativo para melhorias e inovações x práticas para
GRCC - Canteiros D1 e D2 - E1 e E2 ................................................ 141
Quadro 27 – Resultado por canteiro para índice de geração de resíduos (IGR) .. 147
Quadro 28 – RCC destinado ou removido em kg/m2 construído (por canteiro e
média geral) ....................................................................................... 147
Quadro 29 – Comparativo entre valores utilizados para RCC em kg/m2 para
edificações novas ............................................................................... 148
Quadro 30 – Comparativo entre os resultados finais por canteiro ........................ 150
Quadro 31 – Comparativo entre os resultados finais de práticas para GRCC e
modelo de GRCC ............................................................................... 152
Quadro 32 – Percentual obtido para melhorias e inovações x práticas para GRCC.
Análise por item de maior ocorrência de percentual abaixo de 50% .. 153
Quadro 33 – Comparativo por empresa para os resultados finais. Média geral para
resultados finais. ................................................................................ 153
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Fatores que dificultam a separação dos resíduos gerados durante a
execução dos serviços na obra ............................................................ 89
Tabela 2 – Fatores que dificultam o correto armazenamento dos resíduos no
canteiro de obra ................................................................................... 90
Tabela 3 – Respostas a pergunta: O que poderia ser feito para a redução dos
resíduos da sua obra............................................................................ 93
Tabela 4 – Maiores e menores percentuais de melhorias e inovações por item e por
canteiro ................................................................................................ 97
Tabela 5 – Percentual médio para melhorias e inovações por canteiro e por
empresa ............................................................................................... 97
Tabela 6 – Percentual médio por empresa para melhorias e inovações ................. 99
Tabela 7 – Média geral por item de melhorias e inovações. Média das empresas. 99
Tabela 8 – Classificação do material que gera maior índice de resíduos nos
canteiros............................................................................................. 113
Tabela 9 – Dificuldades em relação ao plano de GRCC, caracterização e triagem
de resíduos ........................................................................................ 113
Tabela 10 – Dificuldades em relação a acondicionamento e/ou armazenamento
temporário de RCC ............................................................................ 118
Tabela 11 – RCC gerado na obra e destinado para outras obras, venda, reúso,
doação ............................................................................................... 122
Tabela 12 – Dificuldades em relação ao item 5) transporte e destinação final de
resíduos ............................................................................................. 122
Tabela 13 – Hierarquia de medidas eficientes para GRCC com prioridade
informada pelos engenheiros da obra ................................................ 128
Tabela 14 - Classificação das principais ocorrências de perdas e desperdícios nos
canteiros............................................................................................. 130
Tabela 15 – Classificação para as maiores dificuldades existentes em relação a
mão de obra para não gerar e/ou reduzir perdas/desperdícios no
canteiro .............................................................................................. 130
Tabela 16 – Inovações tecnológicas implantadas no canteiro para minimizar perdas
e desperdícios .................................................................................... 131
Tabela 17 – Respostas à avaliação do modelo de GRCC implantado nos canteiros
da empresa ........................................................................................ 142
Tabela 18 – Notas às questões da avaliação do modelo de GRCC implantado nos
canteiros da empresa. Média das categorias analisadas ................... 143
Tabela 19 – Classificação do modelo de GRCC implantado nos canteiros da
empresa ............................................................................................. 144
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABCP
Associação Brasileira de Cimento Portland
ABNT
Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRAMAT
Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção
ARs
Áreas de Reciclagem
AsBEA
Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura
ATT
Área de Transbordo e Triagem
BIM
Building Information Modeling
CBCS
Conselho Brasileiro de Construção Sustentável
CBIC
Câmara Brasileira da Indústria da Construção
CDSC/FDC
Centro de Desenvolvimento da Sustentabilidade da Construção,
Fundação Dom Cabral
CIC
Câmara da Indústria da Construção
CNI
Confederação Nacional da Indústria
CONAMA
Conselho Nacional de Meio Ambiente
CREA
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
CTR
Controle de Transporte de Resíduos
ECO OBRA
Metodologia de Avaliação da Sustentabilidade Ambiental para
Canteiros de Obra
FA
Frequência Absoluta
FGV
Fundação Getúlio Vargas
FR
Frequência Relativa
GRCC
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil
IEL
Instituto Euvaldo Lodi
IGR
Índice de Geração de Resíduos
IGP-DI
Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna
ISO
Internacional Organization Standard
I&T
Informações e Técnicas
ITQC
Instituto Brasileiro de Tecnologia e Qualidade na Construção
MDIC
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
MMA
Ministério do Meio Ambiente
MTE
Ministério do Trabalho e Emprego
NBR
Norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas
NR
Norma Regulamentadora
OCDE
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
PBQP-H
Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat
PIGRCC
Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção
Civil
PIT
Programa de Inovação Tecnológica na Construção
PGRCC
Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil
P+L
Produção Mais Limpa
PMC
Prefeitura Municipal de Cuiabá
PMGRCC
Plano Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção
Civil
PNRS
Política Nacional de Resíduos Sólidos
PNUD
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
RCC
Resíduos de Construção Civil
RSU
Resíduos Sólidos Urbanos
R1
Resposta Um
R2
Resposta Dois
R3
Resposta Três
R4
Resposta Quatro
R5
Resposta Cinco
SEBRAE
Serviço Brasileiro de Apoio as Pequenas Empresas
SENAI
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SiAC
Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de
Serviços e Obra da Construção Civil
SINDUSCON-AL
Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado de
Alagoas
SINDUSCON-GO
Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado de
Goiás
SINDUSCON-MT
Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado de Mato
Grosso
SINDUSCON-MG
Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado de
Minas Gerais
SINDUSCON-PR
Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado do
Paraná
SINDUSCON-SP
Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado de São
Paulo
WBSCD
World Business Council for Sustainable Development
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 19
1.1
OBJETIVOS ................................................................................................... 21
1.2
JUSTIFICATIVA .............................................................................................. 21
2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 25
2.1
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (GRCC) ..................... 25
2.1.1
Os Resíduos Sólidos ......................................................................... 25
2.1.2
Os Resíduos da Construção Civil (RCC) e a Legislação Vigente .. 27
2.1.3
A Legislação Municipal de Cuiabá para Resíduos da
Construção Civil (RCC)...................................................................... 31
2.1.4
Perdas de Materiais nos Canteiros de Obra .................................... 33
2.1.5
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (GRCC) nos
Canteiros de Obra .............................................................................. 39
2.2
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ................................................................. 45
2.2.1
A Cadeia Produtiva e a Sustentabilidade na Construção ............... 46
2.2.2
Construção Sustentável .................................................................... 51
2.2.3
Conceito de Inovação Tecnológica .................................................. 54
2.3
MELHORIAS E INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS SIMPLES EM CANTEIROS DE OBRA... 57
2.3.1
O Canteiro de Obra ............................................................................ 57
2.3.2
Melhorias e Inovações Tecnológicas Simples em Canteiros de
Obra ..................................................................................................... 59
3 MATERIAS E MÉTODOS ..................................................................................... 63
3.1
AS EMPRESAS E OS CANTEIROS DE OBRA PARA A PESQUISA ........................... 66
3.2
DIAGNÓSTICO
DOS
CANTEIROS
DE
OBRA
E
AVALIAÇÃO
DO
MODELO
DE
GRCC IMPLANTADO NOS CANTEIROS DE OBRA .............................................. 68
3.3
LISTAGEM E QUESTIONÁRIOS APLICADOS NOS CANTEIROS DE OBRA ................ 69
3.3.1
Aplicação da listagem modificações, melhorias e inovações
tecnológicas simples encontradas em canteiros de obra .............. 70
3.3.2
Elaboração da Estrutura do Questionário 1 .................................... 71
3.3.3
Elaboração da Estrutura do Questionário 2 .................................... 72
3.3.4
Elaboração da Estrutura do Questionário 3 .................................... 76
3.4
CRITÉRIO
DE
PONTUAÇÃO
E
CLASSIFICAÇÃO
PARA
AVALIAÇÃO
DO
MODELO
DE GERENCIAMENTO DE RCC IMPLANTADO NOS CANTEIROS DE OBRA............. 80
3.5
EVOLUÇÃO
DO ÍNDICE DE
GERAÇÃO
DE
RESÍDUOS
POR
EMPREENDIMENTO
E
EMPRESA (IGR) NO PERÍODO 2011-2013 ....................................................... 82
3.5.1
Cálculo do total de RCC destinado/removido em kg/m²
construído por obra e por empresa .................................................. 83
3.6
COMPARATIVO FINAL ENTRE TODOS OS ASPECTOS MEDIDOS ............................. 84
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES.......................................................................... 85
4.1
PERCEPÇÃO
DO MESTRE DE OBRA EM RELAÇÃO AO GERENCIAMENTO DE
RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NOS CANTEIROS DA EMPRESA ....................... 85
4.2
RESULTADOS
PARA O LEVANTAMENTO DAS MELHORIAS E INOVAÇÕES
TECNOLÓGICAS SIMPLES IMPLANTADAS NOS CANTEIROS DE OBRA .................... 94
4.3
RESULTADOS PARA AS PRÁTICAS E PROCEDIMENTOS EM CANTEIROS DE OBRA
QUANTO AO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (GRCC) .. 100
4.3.1
Resultados para o item percepção das políticas ambiental e de
qualidade da empresa...................................................................... 101
4.3.2
Resultados para o item práticas relacionadas ao GRCC.............. 105
4.3.3
Resultados para o item plano de GRCC, caracterização e
triagem de RCC ................................................................................ 109
4.3.4
Resultados para o item acondicionamento e/ou armazenamento
temporário de RCC........................................................................... 115
4.3.5
Resultados para o item transporte e destinação final de
resíduos ............................................................................................ 119
4.3.6
Análise geral dos resultados percentuais para as práticas e
procedimentos em canteiros de obra quanto ao gerenciamento
de resíduos da construção civil (GRCC) ........................................ 123
4.3.7
Resultados para o item grau de dificuldade e hierarquia de
medidas eficientes quanto ao GRCC no canteiro de obra ........... 127
4.3.8
Resultados para as principais ocorrências de perdas e
desperdícios e inovações tecnológicas implantadas para
minimizar perdas e desperdícios nos canteiros ........................... 129
4.3.9
Análise comparativa entre resultados para melhorias e
inovações x práticas para GRCC .................................................... 133
4.3.10
Análise comparativa para resultados entre canteiros da mesma
empresa: melhorias e inovações x práticas para GRCC .............. 135
4.4
RESULTADO
DA AVALIAÇÃO DO MODELO DE
GRCC
IMPLANTADO NOS
CANTEIROS DE OBRA DA EMPRESA ............................................................... 142
4.5
RESULTADO
- IGR (M³/M²) -
DO ÍNDICE DE GERAÇÃO DE RESÍDUO
E
QUANTIDADE DE RESÍDUO REMOVIDO EM QUILOS POR METRO QUADRADO
CONSTRUÍDO (KG/M²), POR CANTEIRO ........................................................... 146
4.5.1
Evolução do IGR por empresa e canteiro ou quantidade de
resíduo removido em kg/m² construído, no período 2011-2013 .. 149
4.6
COMPARATIVO ENTRE OS RESULTADOS FINAIS ............................................... 150
5 CONCLUSÕES ................................................................................................... 155
REFERÊNCIAS........................................................................................................159
APÊNDICE A – FORMULÁRIO DE CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA E DO SETOR DE
ATUAÇÃO ................................................................................................... 170
B – QUESTIONÁRIO 01 – PERCEPÇÃO DO MESTRE DE OBRA EM RELAÇÃO
APÊNDICE
AO
GERENCIAMENTO
DE
RESÍDUOS
DA
CONSTRUÇÃO CIVIL (GRCC)
NOS
CANTEIROS DE OBRA .................................................................................. 171
C
APÊNDICE
–
QUESTIONÁRIO
PROCEDIMENTOS
EM
02
CANTEIROS
–
DE
LEVANTAMENTO
OBRA
PARA
PRÁTICAS
E
GERENCIAMENTO
DE
DE
RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (GRCC) ................................................. 173
APÊNDICE
D – QUESTIONÁRIO 03 – AVALIAÇÃO DO MODELO DE GERENCIAMENTO DE
RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (GRCC) IMPLANTADO NOS CANTEIROS DE
OBRA DA EMPRESA .................................................................................... 178
ANEXO
I –
LISTAGEM MODIFICAÇÕES, MELHORIAS E INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS
SIMPLES ..................................................................................................... 182
19
1
INTRODUÇÃO
A indústria brasileira da construção assume cada vez mais sua importância no
contexto mundial e atualmente o Brasil ocupa a quarta posição do mundo, em
número de empreendimentos com certificados de sustentabilidade. Segundo a
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC, 2012) promove-se uma
verdadeira revolução nos canteiros de obra com a contratação de mulheres e com a
geração de empregos com níveis cada vez maiores de qualificação, o que muda
para sempre o perfil dos nossos profissionais.
Mesmo diante desse quadro promissor que confirma a relevância do setor na
atividade econômica do país, sua magnitude não permite que todas as mudanças
necessárias sejam implementadas ao mesmo tempo, em um país de dimensão
continental. O atual e aquecido mercado da construção civil ainda hoje responde
pela geração de empregos com uma particularidade: a contratação, em larga escala,
de pessoas com pouca escolaridade e sem experiência de trabalho.
Frente à sua representativa atividade a cadeia produtiva da construção civil
tem uma nova agenda a cumprir: com as mudanças climáticas e a escassez de
recursos naturais, fonte da matéria-prima do setor, exige-se novas formas de
organização empresarial e política. O modelo a ser buscado é o do desenvolvimento
humano, da inovação tecnológica e do uso e reúso equilibrado de recursos
disponíveis. Tal transformação exige mudanças em termos de regulamentação,
mercado, de produtos e insumos, mensuração de lucros e perdas e que se torna
realidade à medida que se passa a encarar os desafios da cadeia produtiva da
construção não mais sob uma lógica de custos, mas de oportunidades.
Com esse panorama, com o mercado da construção civil aquecido,
principalmente o segmento de construções residenciais, com o anúncio do Brasil
como país-sede da Copa de Mundo, a pesquisa tem como elemento motivador a
geração de resíduos da construção civil (RCC) nos canteiros de obra,
especificamente na produção de edifícios residenciais localizados na área urbana da
cidade de Cuiabá, Mato Grosso, uma das subsedes da Copa 2014.
Na atualidade, para o setor, os resíduos da construção civil (RCC)
representam um desses grandes desafios e o seu gerenciamento durante a
produção das edificações promove nos canteiros de obra uma realidade vinculada
ao modelo de gestão de cada empresa construtora. É preciso então ampliar o
20
entendimento de gestão empresarial e integrá-lo aos conceitos de gestão ambiental.
É necessário um novo modelo para o gerenciamento dos canteiros de obra que seja
capaz de viabilizar o gerenciamento de RCC e contribuir, positivamente, para o
grave problema de administração de resíduos sólidos nas cidades brasileiras.
A partir da relevância do tema no cenário brasileiro dos RCC e dos resíduos
em geral, a Lei 12.305/2010 instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos que
dispõe sobre princípios, objetivos e instrumentos envolvendo as responsabilidades
dos geradores de resíduos e do poder público, bem como diretrizes para a gestão
integrada e o gerenciamento de resíduos sólidos no país. Buscam-se ações voltadas
para soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões
política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a
premissa do desenvolvimento sustentável
É necessário então atuar dentro dessa realidade ainda caótica, sob a ótica
ambiental, tanto em relação à empresa como em seus canteiros de obra, e promover
mudanças a partir do alcance possível de cada empresa; já não há tempo para
aguardar saltos qualitativos a partir de um número cada vez mais expressivo de
empreendimentos em execução e a executar em um mercado aquecido e acelerado.
Torna-se necessário e urgente buscar soluções e investir, com velocidades
diferentes em cada empresa, mas sempre visando o futuro para esse segmento:
empreendimentos com certificado de sustentabilidade.
Para os resíduos gerados nas atividades construtivas e inseridos na realidade
descrita no quadro acima essa pesquisa partiu da análise dos dados de uma
amostra específica, que permitiu compreender as percepções, as interpretações
próprias e a apreensão do contexto de um problema que deve ser melhor definido e
compreendido, através do contato direto com o objeto em questão. Buscou-se
visibilidade para a seguinte questão – as práticas aplicadas pelas empresas
construtoras relativas ao gerenciamento nos canteiros de obras de edifícios
residenciais em Cuiabá são suficientes para a não geração e/ou redução de RCC –
para as seguintes análises – as ações de inovação tecnológica na construção,
quantitativas e qualitativas, implementadas pelas construtoras em Cuiabá, Mato
Grosso, contribuem com o gerenciamento da obra e são suficientes para não gerar
e/ou reduzir RCC; – existe por parte do mestre de obra uma percepção e um senso
de observação em relação ao RCC gerado no canteiro de obra; – existe um modelo
implantado para gerenciamento de RCC nos canteiros das empresas construtoras
21
visando minimizar esse tipo de resíduo e envolvendo os demais setores da empresa;
o modelo implantado pelas empresas construtoras para gerenciamento de RCC nos
canteiros de obra contribui e gera impactos positivos para a cadeia produtiva da
construção, visando promover a sustentabilidade no setor.
1.1
OBJETIVOS
Como objetivo geral o trabalho teve como desafio identificar e analisar as
práticas e os procedimentos presentes e o modelo de gerenciamento de resíduos da
construção civil (GRCC) implantados em canteiros de obras de 6 (seis) empresas
construtoras e incorporadoras na cidade de Cuiabá, na execução de novos edifícios
residenciais, visando verificar se efetivamente contribuem para a não geração e/ou
redução desses resíduos.
Para esse fim foi necessário conhecer nos canteiros de obra das empresas,
a) a percepção do mestre de obra em relação ao gerenciamento de resíduos da
construção civil (GRCC); b) levantar e analisar as melhorias e inovações
tecnológicas simples e suas interações com as práticas e os procedimentos
implantados para gerenciamento de resíduos da construção civil (GRCC), bem como
c) avaliar os modelos de gerenciamento de RCC presentes nos canteiros de obra.
Também foi necessário: d) quantificar e analisar o índice de geração de resíduos
(IGR), a partir do total de resíduos da construção civil gerado (RCC) em m³ em
relação à área construída em m², tanto para os canteiros da pesquisa como também
para outras duas obras concluídas no período de 2011-2013, por empresa. A partir
do IGR (m³/m²) calculado, e) foi quantificado o total de resíduo removido dos
canteiros em kg/m² construído e analisada a evolução de resíduo removido em
kg/m² no período. Finalmente, f) comparou-se e analisou-se o valor médio de
resíduo removido em kg/m² para novos edifícios nos canteiros de obra de Cuiabá,
com aquele utilizado pela Prefeitura Municipal de Cuiabá e com o valor mais
difundido nacionalmente.
1.2
JUSTIFICATIVA
As pesquisas com ênfase na preservação e conservação do meio ambiente
nos meios acadêmicos e empresariais tem crescido de maneira satisfatória, contudo
não foram contabilizados avanços significativos quando o tema relaciona-se com a
22
não geração e/ou redução de resíduos na origem da fonte do setor da construção
civil. Os resíduos gerados nos processos construtivos, com destaque especial para o
entulho, vêm demonstrando que o problema de resíduos da construção é enfrentado
com solução de característica corretiva. A ocorrência do entulho no setor da
construção ainda é considerada como parte integrante do processo construtivo e
não como um problema. Como resultado, não se prioriza solução para esse tipo de
problema e a tendência do setor é procurar atender as consequências, ou seja: os
resíduos produzidos na origem do problema.
Não se enquadrando em um padrão de gerenciamento único, capaz de
atender a todos os processos executivos da obra, o setor mantém autonomia que
permite criar soluções, gerenciar suas obras, reutilizar e/ou reciclar seus resíduos
dentro de padrões empresariais próprios de atuação, decidindo quando e como deve
integrar-se a processos construtivos mais eficientes. Por outro lado, a inovação em
processos e produtos tem impulsionado cada vez mais a industrialização do setor,
forçando as empresas da construção civil a se adaptarem a esses novos desafios
impostos. Em busca de respostas eficientes e que atendam a sua competitividade,
as empresas buscam adaptar-se para garantir o aumento da qualidade e
produtividade.
Considerando os impactos socioambientais de todas as atividades do setor e
pelas pressões externas exercidas pelos que defendem o meio ambiente como
patrimônio de todos, de uso comum, é necessário que se promova a
sustentabilidade no segmento da construção civil com a promoção de sistemas
construtivos integrados ao meio ambiente. Para tanto, a tomada de uma nova
consciência pelo setor frente à realidade ambiental vigente fará com que as
empresas passem a utilizar novos processos e inovações tecnológicas, como
estratégia competitiva para suas organizações e com foco na redução de resíduos
da construção civil (RCC).
Por outro lado, devido aos riscos e incertezas inerentes às inovações
tecnológicas, ainda pouco difundidas para a maior parte do setor, em razão de a
cultura do segmento indicar que só depois de consolidada uma tecnologia passa a
ser adotada por um número razoável de outras empresas, induz-se a uma
velocidade de mudança aquém da necessidade. Contribuem também para as
mudanças lentas a natureza multidisciplinar dos projetos e a dependência do
23
desenvolvimento de novos materiais e equipamentos para a produção, que
constituem ainda outro tipo de obstáculo para que inovações sejam adotadas.
Para a realidade do setor, caminhar em direção às exigências ambientais com
uma gestão inovadora envolve terceirizados, fornecedores, a direção da empresa e
todos os demais agentes de transformação em um esforço conjunto e ampliado de
comprometimento na obtenção de resultados. Esses agentes, que também fazem
parte
do
gerenciamento
de
RCC,
necessitam
que
procedimentos
sejam
estabelecidos para o manejo e a destinação ambientalmente adequados desse tipo
de resíduo, bem como que os planos de redução, reutilização e reciclagem sejam
implementados e a preparação do canteiro de obra para essa finalidade seja
promovida.
Um canteiro de obra sempre gera impactos e danos ao meio ambiente e
nessa
célula
representativa
da
construção
foi
realizada
essa
pesquisa.
Considerando-se que do início de cada obra, quando é feita a escolha da área a ser
utilizada para a construção até sua conclusão, o meio ambiente sofre com os efeitos
adversos e as consequências geradas pela implantação do empreendimento, podese elencar entre os impactos: a geração de resíduos, a contaminação de solos e
lençóis freáticos, a poluição atmosférica causada por diversos fatores como a
emissão de substâncias durante processos de produção de materiais utilizados, a
poluição sonora, a poluição visual, entre outros.
Mesmo com informações dos impactos ambientais provocados pelo setor,
ainda assim o segmento não promove a sustentabilidade na construção civil com
prioridade e urgência. Embora não seja essa nossa primeira motivação, este estudo
busca contribuir para que mudanças empresariais necessárias para o setor sejam
visualizadas a partir da análise da realidade dos canteiros de obra das empresas,
quanto ao gerenciamento de resíduos da construção civil (GRCC) e suas interações
com as melhorias e inovações tecnológicas simples em canteiros de obra. Que a
partir dessas interações e práticas a sustentabilidade pretendida pelo setor seja mais
bem compreendida, pela promoção e divulgação das melhores práticas encontradas
além das conhecidas e convencionais, como também pela melhor compreensão dos
modelos implementados e suas dificuldades quanto ao GRCC.
Espera-se que as dificuldades levantadas sejam o ponto de partida para as
estratégias e ações a serem implementadas pelas empresas em seus canteiros de
obra e, a partir dessas mudanças locais, dentro de uma análise local, sejam obtidas
24
mudanças ampliadas para o segmento e globais, para o setor da construção civil.
Dessa forma, identificando-se a justa amplitude da situação-problema, sua
complexidade, levantados seus dados e analisada e comparada a atual realidade
dos canteiros de obra e das empresas, é esperado que se verifique se existe uma
real contribuição para a não geração e/ou redução desses resíduos, não só pelas
empresas como também pelo segmento vinculado à cadeia produtiva da construção.
É a partir dos resultados dessa análise que se cria a expectativa em cada
empresa para que se eleve os canteiros de obra à condição de uma participação
efetiva nas mudanças visando à sustentabilidade do setor da construção civil: um
desafio a ser enfrentado.
25
2
2.1
REVISÃO DA LITERATURA
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (GRCC)
2.1.1 Os Resíduos Sólidos
Está associado ao cotidiano do ser humano produzir resíduos. É inimaginável
um modo de vida sem a geração de resíduos sólidos mas, diante do contínuo
crescimento populacional e sua concentração cada vez maior nos centros urbanos e
um modo de vida baseado em consumo, os problemas gerados por estes resíduos
tornarem-se visíveis e preocupantes.
Resíduo, oriundo do latim residuu, que significa aquilo que sobra de qualquer
substância, entrou para o jargão dos sanitaristas na década de 1960, em
substituição ao desgastado termo lixo. O substantivo resíduo, tão logo passou a
fazer parte do linguajar técnico, foi seguido do adjetivo sólido, a fim de diferenciar os
resíduos sólidos dos restos líquidos lançados com os esgotos sanitários, como das
emissões gasosas das chaminés (NETO, 2005 apud AMARAL, 2012).
Segundo a NBR 10004 (ABNT, 2004), os resíduos sólidos são definidos
como:
Resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades de
origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e
de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de
sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e
instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de
esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e
economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (NBR
10004, ABNT 2004).
Para a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei nº 12.305 de 2 de
agosto de 2010 (BRASIL, 2010), entende-se por resíduos sólidos:
Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades
humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe
proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou
semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de
esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou
o
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível (Art. 3 ,
XVI, BRASIL, 2010).
26
Resíduos representam ineficiência produtiva, custos financeiros e riscos à
saúde e ao meio ambiente, portanto a redução se configura em maior segurança,
maior eficiência e melhor saúde ambiental e financeira e a não geração no estado
ótimo de produção, sem desperdício. Para entender resíduos, o conjunto de normas
técnicas da ABNT NBR 10004/10005/10006/10007 se constitui em uma ferramenta
fundamental. A NBR 10004 classifica os resíduos em dois grandes grupos: os
perigosos e os não perigosos, sendo que estes últimos ainda subdividem‐se em
inertes e não inertes. As amostras de resíduos sólidos se caracterizam pela
heterogeneidade e a amostragem correta visa minimizar este aspecto. Conhecer o
tipo de resíduo gerado em um determinado processo é fundamental para adoção de
estratégias de não geração e de redução. As estratégias de minimização referem-se
fundamentalmente à redução, ao reúso (uso sem processamento) e à reciclagem
(uso após algum tipo de tratamento), ou seja, relaciona-se aos populares 3Rs. A
redução deve ser preferencialmente adotada antes das demais (TOCCHETTO,
2012).
Os resíduos sólidos são classificados pela PNRS (BRASIL, 2010) quanto à
origem e à periculosidade. Quanto à origem os resíduos sólidos podem ser
classificados como: a) domiciliares, b) de limpeza urbana, c) sólidos urbanos (os
englobados por “a” e “b”), d) de estabelecimentos comerciais e prestadores de
serviços (exceto os referidos em “b”, “e”, “g”, “h” e “j”), e) dos serviços públicos de
saneamento básico (exceto os referidos em “c”), f) industriais, g) serviços de saúde,
h) da construção civil, i) agrossilvopastoris, j) de serviços de transportes e k) de
mineração. Quanto à periculosidade classificam-se como: a) perigosos: aqueles que,
em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade,
toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade,
apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo
com lei, regulamento ou norma técnica e b) não perigosos: aqueles não
enquadrados em “a”.
A PNRS (BRASIL, 2010) considera ainda que resíduos da construção civil são
aqueles gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de
construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos
para obras civis. Relata Viana (2010) que para os Resíduos da Construção Civil
(RCC) eles obedecem primeiro à classificação de resíduos sólidos, suas normativas
27
de trato, cuidados e destinação e depois, mais especificamente, suas próprias
normativas (VIANA, 2009).
2.1.2 Os Resíduos da Construção Civil (RCC) e a Legislação Vigente
De acordo com Souza et al. (2004) o interesse em conhecer a quantidade de
resíduos gerados pela indústria da construção civil já não é novidade, mas muitas
vezes o assunto está inserido na discussão sobre a redução de desperdícios. A
primeira referência nacional em relação ao mencionado, que suscitou uma
discussão mais ampla sobre o assunto, foi a pesquisa concluída em 1986 pelo
arquiteto Tarcísio de Paula Pinto que se preocupou em estudar o uso do material
reciclado para produção de argamassas.
O Brasil, até 2002, não contava com políticas públicas para gestão dos
resíduos gerados pelo setor da construção civil e o fato de esses resíduos serem
compostos de vários materiais com suas respectivas propriedades e características
tornava inviável sua generalização como material.
Em 2002, diante de um contexto ambiental, econômico e social que exigia
regulamentação para o setor, a Resolução nº 307/2002 do Conselho Nacional de
Meio Ambiente (CONAMA) (BRASIL, 2002) foi o ponto de partida para a legislação
de RCC no Brasil. Para isso, “estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a
gestão dos resíduos da construção civil”,
[...] considerando a necessidade de implementação de diretrizes para a
efetiva redução dos impactos ambientais gerados pelos resíduos oriundos
da construção civil;
Considerando que a disposição de resíduos da construção civil em locais
inadequados contribui para a degradação da qualidade ambiental;
Considerando que os resíduos da construção civil representam um
significativo percentual dos resíduos sólidos produzidos nas áreas urbanas;
Considerando que os geradores de resíduos da construção civil devem ser
responsáveis pelos resíduos das atividades de construção, reforma, reparos
e demolições de estruturas e estradas, bem como por aqueles resultantes
da remoção de vegetação e escavação de solos [...] (BRASIL, 2002)
E na mesma Resolução define-se que Resíduos de Construção Civil,
São os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de
obra de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de
terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos,
rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros,
argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações,
fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obra, caliça ou
metralha (BRASIL, 2002).
28
Para a classificação dos RCC a Resolução nº 307/2002 do CONAMA em seu
artigo 3º estabelece quatro classes de resíduos e a Resolução nº 448/2012 do
CONAMA, que altera a nº 307/2002, estabelece em seu artigo 10º a destinação dos
resíduos de construção civil após triagem. O Quadro 1 mostra as classificações e
destinações de RCC.
Quadro 1 – Classes de RCC e destinação por classe segundo a Resolução CONAMA 307/2002
alterada pelas resoluções CONAMA 348/2004, 431/2011 e 448/2012
Classificação
do RCC
Descrição da Classe
(Resolução CONAMA 307/2002 e suas alterações)
Destinação por Classe
(Resolução CONAMA 448/2012)
Classe A
São os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como
agregados, tais como:
a) de construção, demolição, reformas e reparos
de pavimentação e de outras obras de
infraestrutura, inclusive solos provenientes de
terraplanagem;
b) de construção, demolição, reformas e reparos
de edificações: componentes cerâmicos (tijolos,
blocos, telhas, placas de revestimento etc.),
argamassa e concreto;
c) de processo de fabricação e/ou demolição de
peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos,
meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obra;
Deverão ser reutilizados ou
reciclados na forma de
agregados ou encaminhados
a aterros de resíduos classe A
de reservação de material
para uso futuro.
Classe B
São os resíduos recicláveis para outras
destinações, tais como: plásticos, papel, papelão,
metais, vidros, madeiras e gesso (nova redação
dada pela Resolução CONAMA n° 431/11).
Classe C
Classe D
São os resíduos para os quais não foram
desenvolvidas
tecnologias
ou
aplicações
economicamente viáveis que permitam a sua
reciclagem ou recuperação (nova redação dada
pela Resolução CONAMA n° 431/11).
São resíduos perigosos oriundos do processo de
construção, tais como tintas, solventes, óleos e
outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à
saúde oriundos de demolições, reformas e reparos
de clínicas radiológicas, instalações industriais e
outros, bem como telhas e demais objetos e
materiais que contenham amianto ou outros
produtos nocivos à saúde. (nova redação dada
pela Resolução CONAMA n° 348/04).
Deverão
ser
reutilizados,
reciclados ou encaminhados
às áreas de armazenamento
temporário, de modo a
permitir a sua utilização ou
reciclagem futura.
Deverão ser armazenados,
transportados
e
receber
destinação adequada, em
conformidade com as normas
técnicas específicas.
Deverão ser armazenados,
transportados e destinados
em conformidade com as
normas técnicas específicas
Fonte: CONAMA, MMA (2013).
Na Resolução 448/2012 do CONAMA define-se no artigo 4º que “os
geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e,
secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem, o tratamento dos resíduos
sólidos e a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos”. Em seu
29
parágrafo primeiro fica estabelecido que “os resíduos da construção civil não
poderão ser dispostos em aterros de resíduos sólidos urbanos, em áreas de “bota
fora", em encostas, corpos d'água, lotes vagos e em áreas protegidas por lei”.
Para a reutilização e reciclagem de RCC define-se como reutilização o
processo de reaplicação do resíduo sem transformação (sem demandar energia,
sem gerar rejeitos). Para a reciclagem o processo é de reaproveitamento do RCC
após ter sido transformado física ou quimicamente, com demanda energética e com
geração de rejeitos, se ocorrer.
Pela Resolução 307/2002 do CONAMA, o prazo estipulado até junho de 2004
para que os municípios brasileiros cumprissem suas determinações e elaborassem
seus Planos Integrados de Gerenciamento de RCC não foi cumprido. Também não
foi cumprido o prazo até janeiro de 2005 para que as empresas construtoras e
grandes geradoras de RCC elaborassem seu Projeto de Gerenciamento de RCC
para obter alvarás de licenciamento em todo o Brasil. Em 2012, com a Resolução
448/2012 (BRASIL, 2012) em vigor e que alterou a Resolução 307/2002 do
CONAMA, parte dos artigos 2º, 4º, 5º, 6º, 8º, 9º, 10º, 11º, estabeleceu-se novo prazo
para cumprimento das suas determinações.
Em seu artigo 6º a Resolução 448/2012 do CONAMA estabelece que deverão
constar do Plano Municipal de Gestão de Resíduos da Construção Civil “as diretrizes
técnicas e procedimentos [...] para os Planos de Gerenciamento de Resíduos da
Construção Civil a serem elaborados pelos grandes geradores, possibilitando o
exercício das responsabilidades de todos os geradores”. Em seu artigo 8º
estabelece que “os Planos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil
serão elaborados e implementados pelos grandes geradores e terão como objetivo
estabelecer os procedimentos necessários para o manejo e a destinação
ambientalmente adequados dos resíduos”.
A Resolução 448/2012 do CONAMA substituiu o Plano Integrado de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PIGRCC) pelo Plano Municipal de
Gestão de Resíduos da Construção Civil (PMGRCC), com data para elaboração
pelos municípios até janeiro de 2013. Com prazos descumpridos mais uma vez,
continuam as Prefeituras com a responsabilidade para resolver o planejamento e a
administração da grande geração e deposição irregular de RCC nas cidades
brasileiras e, para os geradores, de cumprir sua responsabilidade e assumir seu
papel quanto ao gerenciamento de RCC.
30
A Resolução 448/2012 do CONAMA dá ênfase à necessidade de triagem dos
RCC para destinação conforme sua classe, aos procedimentos necessários para
manejo e destinação ambientalmente adequados desses resíduos e define área de
transbordo e triagem de resíduos da construção civil e resíduos volumosos (ATT).
ATT é a área destinada ao recebimento de resíduos da construção civil e resíduos
volumosos, para triagem, armazenamento temporário dos materiais segregados,
eventual transformação e posterior remoção para destinação adequada, observando
normas operacionais específicas, de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública
e à segurança e para minimizar os impactos ambientais adversos.
Ainda pela Resolução 448/2012 do CONAMA resíduos têm destinação por
Classe e, especificamente os de Classe B deverão ser reutilizados, reciclados ou
encaminhados às áreas de armazenamento temporário, de modo a permitir a sua
utilização ou reciclagem futura. Para a NBR 15113 (ABNT, 2004) não se recomenda
a deposição de resíduos de gesso (Classe B) em aterro sanitário ou de RCC.
Mesmo com essas recomendações, riscos para o meio ambiente e a saúde pública
continuam ocorrendo em função de deposição irregular. Dado o montante de resíduo
de gesso e o impacto por ele gerado, é importante considerar que o gesso é solúvel
em água e pode contaminar os mananciais e o subsolo. Assim a disposição de
gesso em aterro sanitário não é prática recomendada, exceto quando enclausurado
e sem contato com matéria orgânica e água.
John e Cincotto (2004 apud Fernandes 2013) relata que a segregação do
resíduo de gesso no momento da geração e o controle de sua contaminação nas
etapas de estoque e transporte são fundamentais para uma possível reciclagem;
para isso estamos todos, construtoras, engenheiros e colaboradores, dependentes
das empresas especializadas em gesso.
Miranda (2005 apud Fernandes 2013) lembra que a melhor alternativa é que
o gesso seja triado na origem da utilização, no canteiro. Entretanto, algumas
construtoras que têm feito isso estão com dificuldade para encontrar um local para
despejá-lo. Por outro lado, um dos principais usos do gesso é como revestimento de
parede e esse tipo de resíduo, aderido parcialmente à base de alvenaria, não pode
ser segregado nos canteiros de obra.
Para Marcondes (2007) é essencial que construtoras passem a exigir em
contrato, com o subempreiteiro e instalador do gesso, que seja sua a
responsabilidade pela retirada e destinação do resíduo de sua atividade. O autor
31
aponta também a necessidade de políticas de devolução, a fim de desenvolver o
mercado para o produto originado em um ciclo reverso.
2.1.3 A Legislação Municipal de Cuiabá para Resíduos da Construção Civil
(RCC)
Silva (2012) relata que a Prefeitura Municipal de Cuiabá, com base na Política
Estadual de Resíduos Sólidos, Lei nº 7.862 de 19 de dezembro de 2002 e na
Resolução 307/2002 do CONAMA e suas alterações, elaborou a Lei n° 4.949 de 5
de janeiro de 2007 (PMC, 2007), instituindo o sistema de gestão sustentável dos
resíduos da construção civil e resíduos volumosos e o plano integrado de
gerenciamento de resíduos de construção civil.
Relata ainda a autora que o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos
de Construção Civil foi implementado pela Lei n° 4.725 de 1 de outubro de 2008
(PMC, 2008), sendo regulamentado pela Lei n° 4.761 (PMC, 2009) apenas em
fevereiro de 2009 (SILVA, 2012).
A Lei n° 4.949 de 2007 (PMC, 2007) estabelece em seu artigo 10º que os
geradores de grandes volumes de resíduos da construção civil, públicos ou privados,
cujos empreendimentos requeiram a expedição de alvará de aprovação e execução
de edificação nova, de reforma ou reconstrução, de demolição, de muros de arrimo e
de movimento de terra, nos termos da legislação municipal, devem desenvolver e
implementar
projetos
de
gerenciamento
de
resíduos
da
construção
civil
(autodeclaração de responsabilidade), em conformidade com as diretrizes da
Resolução 307/2002 do CONAMA, estabelecendo os procedimentos específicos da
obra para o manejo e a destinação ambientalmente adequados dos resíduos. Ainda
segundo a lei, os projetos de gerenciamento de resíduos da construção civil devem
apresentar a caracterização dos resíduos e os procedimentos a adotar para sua
minimização e para o manejo correto das etapas de triagem, acondicionamento,
transporte e destinação [...]. Na mesma lei, define-se no seu artigo 3º, XIV, que
grandes volumes de resíduos de construção civil e resíduos volumosos são aqueles
contidos em volumes superiores a 1 (um) metro cúbico.
Ainda segundo a mesma lei (PMC, 2007), artigo 10°, os geradores devem:
a) especificar nos seus projetos, em conformidade com as diretrizes da
legislação municipal, os procedimentos que serão adotados para as
32
outras
categorias
de
resíduos
eventualmente
gerados
no
empreendimento, em locais tais como ambulatórios, refeitórios e
sanitários;
b) especificar nos seus Projetos de Gerenciamento de Resíduos da
Construção Civil, quando contratante de serviços de transporte,
triagem e destinação de resíduos, os agentes responsáveis por estas
etapas, definidos entre os agentes licenciados pelo Poder Público [...].
Autores como Souza et al. (2004) reportam que nos últimos anos o interesse
por políticas públicas para os resíduos gerados pelo setor da construção civil tem se
acirrado com a discussão das questões ambientais. Desperdiçar materiais seja na
forma de resíduo mais comumente denominado “entulho de construção”, seja sob
outra natureza, significa desperdiçar recursos naturais e coloca a indústria da
construção civil no centro das discussões, na busca pelo desenvolvimento
sustentável nas suas diversas dimensões.
Por outro lado, para Karpinsk (2009), o RCC possui características bastante
peculiares por ser produzido num setor onde há uma gama muito grande de
diferentes técnicas e metodologias de produção e cujo controle da qualidade do
processo produtivo é recente, quando existe. Características como composição e
quantidade produzida dependem diretamente do estágio de desenvolvimento da
indústria local de construção, como qualidade da mão de obra, técnicas construtivas
empregadas e adoção de programas de qualidade.
São ainda poucas as empresas construtoras que vêm elaborando e
implementando eficientemente o PGRCC em seus canteiros de obra, embora
algumas delas comecem a perceber que esse desperdício onera seus lucros em
relação às empresas concorrentes que já investem no combate ao desperdício.
(FERNANDES, 2013).
Por essa razão é essencial que todos os profissionais inseridos no processo
produtivo busquem em cada detalhe a melhoria dos seus projetos, dos métodos
construtivos e dos materiais utilizados. Ainda contribuem a escolha pela durabilidade
dos materiais usados, o consumo de agregados reciclados e a facilidade na
desmontagem para manutenção, reforma e demolição.
Assim, conhecer o tipo de resíduo gerado em um determinado processo é
fundamental para a adoção de estratégias de não geração e de redução e o artigo 9º
33
da Resolução 307/2002 do CONAMA estabelece que os Planos de Gerenciamento
de Resíduos da Construção Civil deverão contemplar as seguintes etapas:
I.
Caracterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar
os resíduos;
II.
Triagem: deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na
origem, ou ser realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa
finalidade, respeitadas as classes de resíduos estabelecidas no art. 3º
desta Resolução;
III.
Acondicionamento: o gerador deve garantir o confinamento dos
resíduos após a geração até a etapa de transporte, assegurando em
todos os casos em que seja possível as condições de reutilização e de
reciclagem;
IV.
Transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas
anteriores e de acordo com as normas técnicas vigentes para o
transporte de resíduos;
V.
Destinação: deverá ser prevista de acordo com o estabelecido nesta
Resolução.
Nesse contexto vale ressaltar a importância da participação ativa e consciente
de todos os trabalhadores que, direta e indiretamente, estejam envolvidos com o
PGRCC no canteiro de obra. Entretanto, segundo Linhares (2005), a principal
dificuldade apontada pelas construtoras em sua pesquisa sobre a implantação de
gestão de resíduos é a sensibilização da mão de obra quanto à segregação desses
resíduos. Por outro lado, o PGRCC é parte importante para a gestão de resíduos da
municipalidade e depende também do setor privado envolvido na atividade, como,
por exemplo, para a coleta e o transporte dos RCC.
A implementação do PGRCC bem elaborado que envolva todos os agentes
abarcados na obra deve propiciar aos geradores o monitoramento de suas perdas;
tanto as que saem da obra (RCC) como as que ficam incorporadas à própria
construção (AGOPYAN et al., 2003).
2.1.4 Perdas de Materiais nos Canteiros de Obra
Os Resíduos da Construção Civil (RCC) gerados em canteiros de obra e
acondicionados em caçambas, coletados por empresas transportadoras de entulho e
34
destinados a áreas definidas pelo poder público, atravessam as distâncias entre as
áreas de recebimento e os centros urbanos acompanhados pela falta de
conscientização dos impactos causados ao meio ambiente. Associam-se a esse
fator a falta e a dificuldade de fiscalização que potencializa a clandestinidade e,
quando os resíduos são dispostos irregularmente, o poder público se encarrega de
coletá-los e enviá-los às áreas licenciadas. Mas a disposição clandestina coloca em
risco a saúde do cidadão, degrada a paisagem urbana, compromete a drenagem
urbana e a estabilidade das encostas (BLUMENSCHEIN, 2004).
Por essas razões, é no processo de produção do edifício, na origem do
problema com características peculiares que a geração de resíduos deve ser
enfrentada. Demonstrado pelo nível de perdas e desperdícios e pela cultura vigente
no setor, é comum encontrar-se em canteiros de obra de uma mesma cidade
empresas que se preocupam e outras que não se preocupam com seu
gerenciamento de RCC, seu destino, tampouco com sua não geração e/ou redução.
Como consequência, também não priorizam a implantação de melhorias e inovações
tecnológicas simples nos seus canteiros, que podem vir a contribuir com esse
gerenciamento e, consequentemente, com o controle de perdas e desperdícios
desse tipo de resíduo.
Relata Souza et al. (2004) que para mensuração dos resíduos gerados na
produção de edificações os principais trabalhos realizados para a avaliação das
perdas de materiais e identificação das suas causas e origens, nos quais os
resíduos são também quantificados, apresentam-se sucintamente descritos no
Quadro 2 pela sua importância histórica. Na abordagem progressiva da questão dos
resíduos, no Brasil, destacam-se as pesquisas de Pinto (1989) pelo pioneirismo;
Picchi (1993) pela análise e estimativa das perdas financeiras na construção de
edificações; Soibelman (1993) pelo número de casos estudados e pelo efetivo
acompanhamento do processo de produção na quantificação das perdas; Santos
(1995) pelo caráter proativo quanto à detecção e quanto às ações para a redução de
perdas de materiais e Bogado (1998) que realizou estudo específico na execução da
estrutura de concreto armado. Cita ainda Oliveira (2011) as pesquisas de Paliari
(1999), Andrade (2000) e Sposto et al. (2001).
35
Quadro 2 – Progressão de pesquisas realizadas para avaliação de perdas de materiais
Nº de
obra
Nº de
materiais
Pinto (1989)
1
10
Soibelman (1993)
5
7
Picchi (1993)
3
-
Santos (1995)
1
4
Bogado 1998)
1
4
Autores
Parcela de
perdas físicas
estudadas
Incorporada e
entulho
Incorporada e
entulho
Incorporada e
entulho
Incorporada e
entulho
Incorporada e
entulho
Tipo de
abordagem
Tipo de
avaliação
Tema
central
perdas de
materiais
Avaliação
Quantitativa
Sim
Avaliação
Quantitativa
Sim
Avaliação
Quantitativa
Não
Quantitativa
Não
Quantitativa
Não
Avalição e
intervenção
Avalição e
intervenção
Fonte: Adaptado de Paliari (1999)
O autor relata ainda que nas principais conclusões destes trabalhos destacase o fato que perdas de materiais não são desprezíveis, tanto na forma de material
incorporado em excesso quanto na forma de entulho. A pesquisa de Picchi (1993)
ao avaliar o entulho gerado e retirado dos canteiros de obras, desconsiderando as
viagens compostas só por terra, estudou as perdas de materiais e componentes
referente à parcela que fica incorporada ao edifício e à parcela que se transforma
em entulho. A partir dessas parcelas expressas em termos de massa e volume
foram estimadas as perdas, em termos de porcentagem do custo da obra. O
resultado dessa pesquisa, ao acumular todo o volume de entulho gerado na obra
durante toda a sua construção e dividi-lo pela área total construída, foi de uma
espessura média de entulho na ordem de 8 a 12 cm e massa do entulho gerada
variando entre 0,095 e 0,145 t/m², o que representou 11 a 17% da massa final do
edifício, para a massa específica adotada.
Souza et al. (2004) continua informando sobre a importância de detectar a
ocorrência de uma faixa de valores para as perdas que foi reforçada pela pesquisa
nacional “Alternativas para a redução do desperdício de materiais nos canteiros de
obra”, promovida pelo Instituto Brasileiro de Tecnologia e Qualidade na Construção
Civil (ITQC) e envolvendo 16 universidades brasileiras que pesquisaram o fluxo de
materiais em 99 diferentes canteiros de obra.
Souza (2004) afirma que os resíduos de construção representam uma das
parcelas do excesso de consumo de materiais nos canteiros de obra e se comparar
a quantidade de material teoricamente necessária com a quantidade realmente
utilizada, determinam-se as perdas de materiais. Para este autor, o entulho se
constitui no “lixo que sai”, ou seja, é a parcela mais visível das perdas de materiais.
36
Shingo e Skoyles (1981, 1987 apud Pucci 2006) relata que as perdas podem
ser classificadas de acordo com a possibilidade de serem controladas e conforme
sua natureza, como demonstra o Quadro 3.
Quadro 3 – Classificação das perdas
Perdas evitáveis
Perdas inevitáveis
Perdas por
superprodução
Perdas por espera
Perdas por
substituição
Perdas no transporte
Perdas no
processamento em si
Perdas de estoque
Perdas no movimento
Perdas pela
elaboração de
produtos defeituosos
Outras
Perdas segundo seu controle
são aquelas onde o investimento para sua redução ultrapassa a economia gerada por
ela, correspondendo, assim, a uma perda aceitável.
são consequência de um processo de baixa qualidade, onde os recursos são
empregados de forma inadequada.
Perdas segundo sua natureza
são aquelas que ocorrem quando é produzida uma quantidade maior que a necessária;
por exemplo: produzir gesso em quantidade acima da consumida em um dia de trabalho;
produção de argamassa em quantidade superior à necessária para um dia de trabalho,
excesso de espessura de lajes de concreto armado.
relacionadas com a sincronização e o nivelamento do fluxo de materiais e as atividades
dos trabalhadores; podem envolver tanto perdas de mão de obra quanto de
equipamentos, como, por exemplo, paradas nos serviços originadas por falta de
disponibilidade de equipamentos ou de materiais.
ocorre quando é utilizado um material de desempenho superior ao necessário, como um
concreto com resistência maior que a especificada em projeto.
tempo excessivo despendido com grandes distâncias entre os estoques e a grua ou o
guincho; perdas de materiais por manuseio excessivo ou inadequado dos materiais
componentes, em razão de uma má programação das atividades ou de um layout
ineficiente ou pelo uso de equipamentos de transporte inadequados; quebra de materiais
pelo seu duplo manuseio ou uso de equipamento de transporte inadequado.
tem origem na própria natureza das atividades do processo ou na sua execução
inadequada; decorrem da falta de procedimentos padronizados e da ineficiência nos
métodos de trabalho, da falta de treinamento da mão de obra ou de deficiências no
detalhamento e construtividade dos projetos. São exemplos deste tipo de perdas: quebra
de paredes rebocadas para viabilizar a execução das instalações, quebra manual de
blocos em razão da falta de meios-blocos.
ocorrem quando associadas à existência de estoques excessivos, em virtude da
programação inadequada na entrega dos materiais ou de erros no orçamento, podendo
gerar situações de falta de locais adequados para a deposição; também decorrem da
falta de cuidados no armazenamento dos materiais. Podem resultar tanto em perdas de
materiais quanto de capital, como, por exemplo, custo financeiro dos estoques,
deterioração do cimento por causa do armazenamento em contato com o solo e/ou em
pilhas muito altas.
decorrem da realização de movimentos desnecessários por parte dos trabalhadores
durante a execução das suas atividades e podem ser geradas por frentes de trabalho
afastadas e de difícil acesso; falta de estudo de layout do canteiro e do posto de
trabalho; falta de equipamentos decorre da realização de movimentos desnecessários
por parte dos trabalhadores durante a execução das suas atividades e pode ser gerada
por frentes de trabalho afastadas e de difícil acesso; falta de estudo de layout do
canteiro e do posto de trabalho; falta de equipamentos adequados, etc. São
exemplos deste tipo de perda: tempo excessivo de movimentação entre postos de
trabalho por causa da falta de programação de uma sequência adequada de atividades
e esforço excessivo do trabalhador em função de condições ergonômicas desfavoráveis.
Perdas pela elaboração de produtos defeituosos: ocorrem quando são fabricados
produtos que não atendem aos requisitos de qualidade especificados; geralmente,
originam-se da ausência de integração entre o projeto e a execução, das deficiências do
planejamento e controle do processo produtivo, da utilização de materiais defeituosos e
da falta de treinamento dos operários. Resultam em retrabalhos ou em redução do
desempenho do produto final, como, por exemplo, falhas nas impermeabilizações e
pinturas, descolamento de azulejos, erros em prumadas.
englobam perdas por roubo, vandalismo, acidentes e outros eventos extraordinários.
Fonte: Adaptado de PUCCI (2006)
Relata Pinto (1999) que no processo construtivo o alto índice de perdas do
setor é a principal causa do entulho gerado, embora nem toda perda se transforme
37
efetivamente em resíduo, pois uma parte acaba ficando na própria obra. Segundo o
mesmo autor, pesquisas brasileiras sobre a perda de materiais em processos
construtivos apontaram números significativos de cimento, cal, areia, concreto,
argamassa, ferro, componentes de vedação e madeira. Dessa forma, é possível
estimar que a cada metro quadrado construído 150 kg de resíduos sejam gerados,
levando à remoção de dez caçambas de resíduos em qualquer construção de 250
m² (PINTO, 1999).
Segundo Formoso (1996 apud Paliari 1999), nos últimos anos as questões
referentes a políticas da qualidade tem ocupado espaço significativo nas discussões
do meio profissional da construção civil, e tem tido presença constante nestas
discussões a ocorrência de perdas em todo o processo de produção da edificação,
sejam elas de materiais, mão de obra ou equipamentos. Com índices de perdas
consideráveis para o setor, segundo pesquisas existentes sobre o assunto, é
razoável que nos dias atuais, e em um mercado globalizado e competitivo,
mudanças sejam inevitáveis.
Lerípio (2001 apud Araújo 2002) apresenta um estudo de entradas e saídas
da indústria da construção civil em que se identificam os principais materiais
utilizados e respectivos resíduos gerados, conforme Quadro 4.
Quadro 4 – Estudo de entradas e saídas da indústria da construção civil
Entradas
Máquinas e implementos,
madeira,
telha,
prego,
cimento, areia, brita, arame
galvanizado, água, energia
elétrica.
Energia elétrica, água, brita,
cimento, areia, aço, arame
recozido, madeira, pregos.
Energia
elétrica,
água,
madeira, pregos, papelão,
escora metálica, cimento,
areia, brita, arame recozido,
aço.
Cimento,
areia,
impermeabilizante,
tinta,
carboplástico,
mástique
asfáltico, água e energia
elétrica.
Água,
energia
elétrica,
cimento, cal, tijolo.
Energia elétrica, madeira,
pregos, estruturas metálicas,
telhas e parafusos.
Cimento, areia, cal, água,
energia elétrica e azulejos.
Processo
1. Serviços iniciais
2. Infraestrutura
3. Superestrutura
4.Impermeabilização
Saídas
Aterro, aparas de madeira, restos de tijolos, restos de
arame, pregos, embalagens de papelão, serragem,
ruído e vibrações.
Água residuária, restos de arame e aço, pó, terra,
aparas de madeira, embalagens de papelão e
serragem, vibrações e ruído.
Água residuária, restos de arame e aço, pó, serragem,
aparas de madeira, embalagens de papelão,
vibrações e ruído.
Água residuária, embalagens plásticas e de papelão,
resíduos químicos (argamassa), vibrações e ruído.
5. Alvenaria
Água residuária, restos de
plásticas e de papelão e ruído.
tijolos,
embalagens
6. Cobertura
Aparas de madeira, restos de tijolos, serragem, aparas
metálicas e ruído.
7. Revestimento
Água residuária, restos de azulejos, embalagens
plásticas e de papelão e ruído.
Continua...
38
Quadro 4 – Estudo de entradas e saídas da indústria da construção... (continuação)
Água,
energia
elétrica,
madeira, parafusos, pregos,
cimento, cal, areia e ferro.
8. Esquadrias
Água residuária, aparas de madeira, limalhas de ferro
e ruído.
Canalizações elétricas e fios.
9.Instalações elétricas
Aparas de canalizações e aparas de fios.
Água, energia elétrica, areia,
cimento, tijolo, brita, madeira,
pregos, aço, arame recozido,
pasta lubrificante, adesivo
para PVC, tubo de PVC,
massa para calefação.
10. Instalações
hidrossanitárias
Brita, cimento, areia, cal,
água,
energia
elétrica,
cerâmica.
11.Revestimento de
pisos
Vidro, cal, gesso e água.
12. Vidros
Massa corrida, lixa, tinta
látex, selador de base látex,
tinta acrílica, tinta a óleo,
solvente, água, verniz e
grafiatto.
Cimento, areia, brita, aço,
água, energia elétrica, arame
recozido, madeira, prego, cal,
tijolo.
Água, produtos químicos,
sabão em pó, detergentes.
Água, plantas ornamentais,
terra preta, seixos rolados.
13. Pintura
14. Serviços externos
15. Serviços finais de
acabamento
16.Paisagismo
e
jardinagem
Embalagens plásticas e de papelão, pó, resíduos de
argamassa, água residuária.
Água residuária, restos de cerâmica e madeira,
embalagens plásticas e de papelão, sobra de pedras
naturais, pó de madeira, resíduos de cola em
embalagens e ruído.
Água residuária, resíduos e argamassa, embalagens
plásticas e aparas e cacos de vidro.
Água residuária, embalagens plásticas e de papelão,
vasilhames plásticos e de metal, gases, pó,
embalagens de metal.
Água residuária, embalagens plásticas e de papelão,
aparas de arame, resíduos de tijolos, aparas de
madeira, serragem e ruído.
Embalagens plásticas e de papelão, sobra de estopas.
Terra preta, restos de planta.
Fonte: Adaptado de Araújo (2002)
Comumente o conceito de perdas relaciona-se ao desperdício de materiais,
porém é necessário entender que as perdas estendem-se além deste conceito e
qualquer ineficiência no processo deve ser considerada como perdas: da ocorrência
de desperdícios de materiais quanto à execução de tarefas desnecessárias, gerando
custos adicionais sem agregar valor, até a falta de planejamento e gerenciamento
adequados.
O esforço para melhoria do desempenho na construção civil deve considerar
o conceito mais amplo de perdas, isto é, visar à minimização do dispêndio de
quaisquer recursos que não agregam valor ao produto, sejam eles vinculados às
atividades de conversão ou fluxo, porém são os desperdícios que resultam em
volume de resíduos. Em qualquer processo, devido à variabilidade natural, é
inevitável que ocorra certo volume de perdas e a fração das perdas que excede a
este limite mínimo característico da tecnologia é considerada desperdício (VIANA,
2007).
39
Para os resultados das pesquisas realizadas fica evidenciado que é no
processo de produção do edifício, na origem do problema com características
particulares que a geração de resíduos deve ser enfrentada.
2.1.5 Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (GRCC) nos Canteiros
de Obra
Segundo Karpinsk (2009), o Estatuto da Cidade, Lei nº 10.257/2001
determina novas e importantes diretrizes para o desenvolvimento sustentável dos
aglomerados urbanos no País. O documento prevê a necessidade de proteção e
preservação do meio ambiente natural e construído, com uma justa distribuição dos
benefícios e ônus decorrentes da urbanização, exigindo que os municípios adotem
políticas setoriais articuladas e sintonizadas com o seu Plano Diretor. Uma dessas
políticas setoriais que pode ser destacada é a que trata da gestão dos resíduos
sólidos, nos quais se enquadram os resíduos da construção civil.
Por proteção e preservação do meio ambiente entende-se toda e qualquer
atividade que não altere as propriedades físicas, químicas e biológicas do meio
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o
bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições
estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais.
Martins (2012) relata que a Política Nacional de Resíduos Sólidos define para
resíduos sólidos a gestão integrada como um conjunto de ações voltadas para a
busca de soluções para esses resíduos de forma a considerar as dimensões política,
econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do
desenvolvimento sustentável. Dessa forma, a integração entre o empresariado, o
poder público e a sociedade civil é de suma importância para o cumprimento do
gerenciamento de RCC.
O gerenciamento de resíduos da construção no local de geração representa,
segundo Karpinsk (2009), uma importante ferramenta para que a indústria da
construção assuma sua responsabilidade com o resíduo gerado no ambiente
urbano. Essa atitude conduzirá ao confinamento do resíduo, em grande parte dentro
do local de origem, o que evita sua remoção para locais distantes, evitando dessa
40
forma despesas e problemas, inicialmente para empresas construtoras e
posteriormente para os órgãos públicos responsáveis.
Para Leite (1997), o conceito de gerenciamento refere-se aos aspectos
tecnológicos e operacionais e envolve fatores administrativos, econômicos,
ambientais de desempenho, como a produtividade e a qualidade. É a realização do
que a gestão delibera, por meio da ação administrativa de planejamento e controle
de todas as etapas do processo, na qual a gestão pode ser definida como atividade
relacionada à tomada de decisões estratégicas e à organização do setor para uma
determinada finalidade, envolvendo instituições, políticas, instrumentos e meios.
A relação estreita entre o gerenciamento de resíduos no canteiro e a fase de
concepção do projeto induz a um só caminho: toda obra deve cumprir as etapas
construtivas de forma eficiente e eficaz e, para isso, toda obra necessita organizarse em nível máximo para atingir esse fim. Se o intuito do gerenciamento dos
resíduos de construção civil, segundo a Resolução 307/2002 do CONAMA, é não
gerar, reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, o planejamento, as responsabilidades,
as práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações
necessárias para esse fim passam pelo cumprimento das etapas previstas: planos e
programas dos projetos em questão e projetos executivos para as construções de
modo que, nas obras, seus resíduos sejam gerenciados. Também devem ser
compatibilizados os projetos e as pessoas envolvidas e, na elaboração desses
projetos, é possível utilizar-se de modelos que visem prevenir a geração de
resíduos, em primeiro lugar, e ainda minimizar o uso de matérias-primas, como o de
Produção Mais Limpa (MARTINS, 2012).
Modelos de gestão ambiental voltados para as organizações como a
Produção Mais Limpa, também conhecida pela sigla P+L, significam a aplicação
contínua de uma estratégia ambiental preventiva e integrada aos processos,
produtos e serviços a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água
e energia e reduzir os riscos para os homens e o meio ambiente. É, antes de tudo,
uma ação econômica porque baseia-se no fato de que qualquer resíduo de qualquer
sistema produtivo só pode ser proveniente das matérias-primas ou insumos de
produção utilizadas no processo. Todos os resíduos ontem eram matéria-prima e
foram comprados e pagos como tal (MARTINS, 2012).
Desta forma, analisando-se unicamente o custo econômico que envolve RCC,
estaria justificado o investimento em gerenciamento de RCC pelos grandes e
41
pequenos geradores e a gestão pela municipalidade, isso sem ainda contabilizar o
dano ambiental, social e de saúde pública.
Goron e Tubino (2007 apud Fernandes 2013) afirma que realizar medições
dentro do canteiro de obra para gerenciamento de resíduos da construção civil
(GRCC) é fundamental; essas medições realizadas antes e depois podem ser
comparadas evitando-se opiniões e comprovando-se objetivamente a melhoria do
processo como um todo. Para Zordan (1997), é possível, além de quantificar o
descarte de cada resíduo, classificá-lo por etapa construtiva e por agente envolvido
no canteiro, sensibilizando-o e conscientizando-o em relação ao seu papel no
processo (ZORDAN, 1997).
Relata Pinto (1999) que no Brasil as estimativas para geração de RCC variam
entre 230 kg/hab./ano e 760 kg/hab./ano e para mediana na amostra pesquisada
cerca de 510 kg/hab./ano. Coletivamente o setor da construção é responsável por
um terço do consumo de recursos naturais, incluindo 12% de todo o uso de água
doce e pela produção de até 40% de resíduos sólidos ou resíduos da construção
civil (RCC).
Carneiro (2005) demonstra que aproximadamente 90% desses RCC são
potencialmente recicláveis quando segregados na fonte geradora, prática ainda
pouco usada nesse segmento. Portanto, em média, 40% dos resíduos produzidos
nas cidades brasileiras são provenientes da construção civil e apenas 10% desse
total são reaproveitados.
Para Bidone (2001), no Brasil, em geral, para cada uma tonelada de RSU são
coletadas duas toneladas de RCC. O grande volume e a massa desse entulho
permanecem sem tratamento e sem aproveitamento nas cidades brasileiras,
gerando um ônus para a sociedade e um grave problema de gestão ambiental para
a administração das cidades.
Ainda segundo Pinto (2005), dentro do total de volume gerado de RCC nos
municípios, são as obras de construção, reformas e demolições realizadas pelos
próprios usuários de imóveis que geram cerca de 75% do total, ou seja: eventos
informais, de pequenos geradores, são aqueles que necessitam ser também
disciplinados pela municipalidade, pela quantidade de RCC produzida.
Assim, é importante destacar que o processo de gerenciamento de RCC
torna-se cada vez mais urgente e a participação desses cidadãos junto à
municipalidade precisa ser tratada com a importância que o tema exige. Promover o
42
desenvolvimento de uma sensibilização ambiental focada em conservação e
preservação é fundamental e, campanhas públicas, contando com a matéria
educação ambiental voltada à educação formal, multidisciplinar e em todos os
níveis, é um caminho para envolver a sociedade em uma gestão de resíduos com
novas regras sociais, econômicas e ambientais que promova mudanças de hábitos
necessárias.
Para a parcela de 25% dos grandes geradores, as empresas construtoras em
geral, o gerenciamento de RCC já é considerado parte integrante de qualquer
processo que vise qualidade, produtividade e redução de custos para as empresas,
a partir de seus empreendimentos. Quando fala-se na melhoria da qualidade para o
setor da construção civil, o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no
Habitat (PBQP-H) visa apoiar o esforço brasileiro de modernização do setor no
aumento da qualidade e produtividade e redução de custos na construção
habitacional.
O Programa trabalha para articular os vários segmentos da cadeia produtiva:
desde a indústria de materiais às empresas construtoras, bem como outras
instâncias governamentais, os agentes financiadores e promotores, entre outros.
Para as empresas é a oportunidade de aumentar sua competitividade por meio da
redução de desperdícios, melhor formação dos profissionais, acesso a projetos,
materiais e componentes de melhor qualidade e adequação às normas técnicas. A
base do Programa tem início na implantação de um sistema evolutivo de qualidade,
o Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obra da
Construção Civil – SiAC, que tem por objetivo fomentar o desenvolvimento e a
implantação de instrumentos e mecanismos de melhoria da qualidade de projetos e
obra (PBQP-H, 2013).
As estratégias das empresas na direção desta qualidade para o setor tem-se
dado através de dois caminhos: primeiro através da implantação de programas de
gestão de qualidade e posterior certificação, pelas normas da série ISO 9000, e
segundo, através da implantação de programas de racionalização construtiva
(BARROS, 2001).
Para SABBATINI (1989), racionalização construtiva é um processo que
abarca o conjunto de todas as ações que tenham por objetivo otimizar o uso dos
recursos materiais, humanos, organizacionais, energéticos, tecnológicos, temporais
e financeiros, disponíveis na construção em todas as suas fases. Ao incorporar-se
43
princípios de racionalização construtiva e construtibilidade de projetos, destaca-se a
necessidade de se reformular como os projetos vêm sendo conduzidos ou seja,
gerenciados.
Relata Lima (2006) que o gerenciamento de RCC no canteiro de obra é
responsável pela redução de acidentes de trabalho em razão de obras mais limpas e
organizadas; melhora a produtividade e reduz o volume de RCC removido da
canteiro, além de atender aos requisitos ambientais do PBQP-H e da certificação
ISO 14001, para gestão ambiental nas empresas. Como resultado, há uma melhoria
importante na imagem institucional da empresa junto ao público consumidor.
A primeira experiência com gerenciamento de RCC em canteiros de obra tem
seu marco no pioneirismo do Programa de Gestão Ambiental de Resíduos em
Canteiros de Obra (2005) em São Paulo, experiência essa divulgada em forma de
Manual e intitulada Gestão Ambiental de Resíduos da Construção Civil: A
Experiência do SindusCon-SP.
Implantada em um grupo-piloto de onze construtoras, a metodologia do
Programa Obra Limpa contou com a assessoria técnica das empresas, Informações
e Técnicas (I&T) e Obra Limpa Comércio e Serviços Ltda, e foi iniciada pelo grupopiloto de construtoras em janeiro de 2003 e concluída em agosto de 2004.
Como vantagens identificadas após a implantação do Programa foram
observadas melhorias na organização da obra, conscientização ambiental, redução
de custos, melhoria na administração dos resíduos, adequação à legislação e
melhoria na imagem institucional da construtora (SINDUSCON/SP, 2005).
As dificuldades relatadas em SindusCon/SP (2005) para implantação desse
gerenciamento no grupo-piloto foram: baixo comprometimento da direção de
algumas obras (engenheiros), dificuldade na articulação com produtores e
aplicadores de insumos, presença de empresas de transporte não licenciadas no
Departamento de Limpeza Urbana da Prefeitura de São Paulo, carência de áreas de
reciclagem (ARs) e ATTs, ausência de legislação de fiscalização e penalidade, pelo
não cumprimento da Resolução 307/2002 do CONAMA.
A avaliação final pelo SindusCon/SP (2005) demonstrou ser positiva a
iniciativa e ressaltou a necessidade da continuidade de ações junto aos órgãos
municipais na definição dos Programas Municipais de Gerenciamento de Resíduos
da Construção Civil, programas estes que possibilitam a implantação das ATTs e
44
dos Aterros da Construção Civil, seja pela elaboração das legislações pertinentes ou
pelo incentivo a novos negócios, como a reciclagem dos resíduos.
Hoje essa iniciativa serve como referência para que a implantação da gestão
ambiental de resíduos da construção civil nos canteiros de obras, assim denominada
no resultado do grupo-piloto em 2005, possa tornar-se realidade. A solução passa
pela efetiva participação da cadeia produtiva e envolve construtoras, incorporadoras,
projetistas, transportadores, ATTs, aterros, recicladoras, fabricantes, órgãos públicos
e entidades de pesquisa.
A iniciativa do SindusCon/SP em 2005 promoveu a elaboração de outros
manuais voltados à implementação de PGRCC pelos SindusCon`s, como os de Belo
Horizonte, Salvador, São Paulo, Sergipe, Pernambuco, bem como por instituições,
como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o Serviço Brasileiro
de Apoio às Pequenas Empresas (SEBRAE), Conselhos Regionais de Engenharia e
Agronomia (CREA), Ministério das Cidades, Caixa Econômica Federal, entre outras
iniciativas no Brasil.
Para Linhares (2005) a principal dificuldade apontada pelas empresas para
implantar gestão de RCC é sensibilizar a mão de obra no que se refere à
segregação desses resíduos. Treinamento com educação ambiental e programas de
alfabetização no próprio canteiro são iniciativas que visam atender essa questão,
mas destacar como fundamental a participação ativa desses trabalhadores nas
mudanças pretendidas em seus canteiros de obra talvez seja o maior desafio das
empresas. Surge assim mais um desafio para o gerenciamento de RCC: capacitar
trabalhadores tradicionais da construção civil para esse novo processo dentro de
uma realidade de alta rotatividade e baixa qualificação da mão de obra,
historicamente conhecida.
O mesmo autor afirma que práticas estão sendo incorporadas em algumas
empresas, como a redução da espessura de revestimento; controle do transporte e
armazenamento de materiais; uso de placas de gesso acartonado sem argamassa;
uso de peças metálicas pré-acabadas e moldadas conforme projeto e montadas no
local, com pouca geração de resíduos e construções modulares em geral. São as
implementações possíveis dentro de um processo complexo e que ainda demandará
tempo para os ajustes necessários quanto ao gerenciamento de RCC, em cada
empresa.
45
John (2000) relata que as mudanças para esse fim serão mais profundas que
aquelas causadas pela adoção do paradigma de gestão da qualidade, e sem que
toda a cadeia produtiva da construção civil sofra transformações significativas não
será possível atender e entender o desenvolvimento sustentável no setor.
2.2
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Relata a Câmara Brasileira da Indústria da Construção no Programa
Construção Sustentável (CBIC, 2012), que as soluções para o desenvolvimento que
o Brasil espera e precisa passam necessariamente pela Engenharia e pela
Construção: a erradicação do déficit habitacional, a universalização do saneamento
e a ampliação da nossa infraestrutura produtiva e logística tornará os produtos
brasileiros mais competitivos no mercado internacional e, especialistas prevêem que
ocorrerá crescimento econômico mais acentuado nas economias emergentes e em
desenvolvimento, portanto, consumindo mais recursos per capita.
À medida que este crescimento avançar, mudanças substanciais serão
necessárias em todos os países, para atender a essa nova demanda de consumo
dentro dos limites do planeta. Para o estudo Vision 2050 (WBSCD, 2010), o Brasil
dispõe de todas as condições para liderar esse novo processo. Nosso país possui
solo abundante, sol o ano inteiro, tem a mais rica biodiversidade e a maior reserva
de água doce disponível e é movido pela matriz energética mais limpa do planeta.
Para o Guia CBIC (2012) são várias as abordagens em defesa do
desenvolvimento sustentável por envolver diferentes áreas e inúmeras prioridades,
tais como aspectos socioculturais, ambientais e econômicos, multifacetados pela
diversidade dos povos e do planeta em que vivemos e que não permite uma única
visão. Uma sociedade mais sustentável envolve políticas públicas, estratégias
corporativas e movimentos sociais o que, por si só, deve integrar conhecimentos
existentes, multidisciplinares e transversais, para alcançarmos as mudanças
esperadas. Serão revisitados, necessariamente, padrões de consumo, de produção
e de avaliação do bem-estar social, em atendimento a uma nova sociedade, com
objetivos sustentáveis.
Na análise encontrada no Guia CBIC de Boas Práticas em Sustentabilidade
na Indústria da Construção (CBICa, 2012), surge uma nova pergunta: qual o papel
das empresas no desenvolvimento sustentável? O que é esperado dos profissionais
46
das empresas para o desenvolvimento sustentável? Entende-se que as empresas
são fundamentais por produzirem bens e serviços, gerando empregos e renda para
a sociedade; que elas tem grande potencial para inovar, evoluindo em ritmo
acelerado porém, elas também tem responsabilidade sobre os impactos negativos
que geram. Assim, pelo potencial empreendedor e inovador e atores envolvidos,
espera-se também que sejam capazes de solucionar as questões socioambientais
relacionadas às próprias atividades.
2.2.1 A Cadeia Produtiva e a Sustentabilidade na Construção
A sustentabilidade na Construção não encerra seu foco apenas nas empresas
construtoras; os impactos provocados pelo setor têm início antes mesmo da
produção de qualquer material. Têm início desde a extração de matérias-primas e se
estendem até o fim da vida útil do empreendimento, dos produtos construídos.
No Guia Cadeia Produtiva da Construção, da Câmara Brasileira da Indústria
da Construção, CBIC (2011), encontra-se relatado que existem diferentes
abordagens para tratar de todo este ciclo de vida e que, apesar de nomes diferentes,
tem-se o mesmo objetivo: reunir todas as atividades necessárias para que um
projeto de construção seja executado e tenha seus componentes corretamente
destinados após o seu uso. Os principais conceitos usados para esta denominação
são: Cadeia Produtiva da Construção (ABRAMAT; FGV, 2007), Construbusiness
(1999) e Macrossetor da Construção (MDIC; IEL, 2005).
Adota-se então o conceito de Cadeia Produtiva da Construção, termo utilizado
na pesquisa desenvolvida pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de
Construção (ABRAMAT) e Fundação Getúlio Vargas (FGV), pelo grau de
detalhamento das atividades que engloba e pela atualização das informações
(TELLO, 2012).
Tello (2012) relata que segundo a ABRAMAT e a FGV (2007), a Cadeia
Produtiva da Construção envolve todos os elos desse complexo produtivo e é
composta (i) pelas construtoras, incorporadoras e prestadoras de serviços auxiliares
da construção, que realizam obras e edificações; (ii) por vários segmentos da
indústria, os que produzem materiais de construção; (iii) por segmentos do comércio
varejista e atacadista; e (iv) por várias atividades de prestação de serviços, tais
como serviços técnico-profissionais, financeiros e seguros. A indústria da
47
Construção Civil é o núcleo dentro da cadeia produtiva. Isso ocorre não só pela sua
elevada participação no valor da produção e do emprego gerados em toda a cadeia,
mas também por ser o destino da produção dos demais segmentos envolvidos.
Dessa maneira, a indústria da Construção Civil determina, em grande medida, o
nível de atividade de todos os setores que a circundam.
Observa-se na Figura 1 que a Cadeia Produtiva da Construção envolve todos
os elos desse complexo produtivo e a porcentagem de 64,7% é composta pelas
construtoras, incorporadoras e prestadoras de serviços auxiliares da construção, que
realizam obra e edificações. Incluir essa importante fatia de participação na
promoção da sustentabilidade da cadeia produtiva é um desafio para o setor.
Figura 1 – Composição da Cadeia Produtiva da Construção 2012
Fonte: ABRAMAT e FGV Projetos. Banco de dados CBIC 2012
Na perspectiva econômica, a cadeia produtiva é responsável pela
configuração do sistema produtivo de um país e sua importância é relevante, para
que o país enfrente a crise econômica internacional. No Brasil, o crescimento real do
setor foi da ordem de 15,3%, registrado entre 2009-10, e o pagamento total em
impostos foi de R$ 62,5 bilhões em impostos.
Assim, a Cadeia Produtiva da Construção tem um importante papel na
promoção da sustentabilidade e seus impactos ambientais quando apresentados em
escala global, mostram-se significativos: a) a cadeia tem emissões de gases de
efeito estufa significativos – a produção de cimento é responsável por 5% e o uso de
48
energia em edifícios, 33% e b) grandes empreendimentos de infraestrutura geram
pressão sobre diferentes ecossistemas (PNUD, 2012).
No Brasil a Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC, 2012)
informa em seu Programa Construção Sustentável que há estimativa de que a
construção gere atualmente entre 20% e 25% do total de resíduos da indústria
brasileira. Também informa que o setor está inserido em uma atividade econômica
significativamente impactante: mais de 250 milhões de toneladas anuais de recursos
agregados são extraídos para construção no Brasil e pelo menos 100 milhões de
toneladas de resíduos gerados, todo ano, com a quantidade variando de acordo com
o nível da atividade da construção e manutenção e, até mesmo, com as práticas
construtivas.
O estudo da ABRAMAT e FGV destaca que, mesmo com as medidas de
desoneração da sua carga tributária, o crescimento do valor total pago em impostos
pela cadeia produtiva da Construção foi 16% superior à variação do índice geral de
preços – disponibilidade interna (IGP-DI) entre 2009-10 (ABRAMAT; FGV, 2011). O
IGP-DI mede o comportamento de preços em geral da economia brasileira, é uma
média aritmética ponderada de outros índices e calculado mensalmente pela FGV.
Um dos principais desafios da cadeia diz respeito à informalidade, tanto de
empresas quanto de trabalhadores, uma questão central e social.; como a
participação na promoção da sustentabilidade da cadeia produtiva passa pelas
empresas formais, essas empresas consideram ser essa uma competição injusta no
presente: retiram-se recursos dessas empresas formais que poderiam ser investidos
no desenvolvimento de tecnologias e processos e limita-se o desenvolvimento da
cadeia produtiva (ABRAMAT; FGV, 2011).
O desafio da sustentabilidade assumiu há alguns anos papel de destaque na
agenda da Indústria da Construção no Brasil. O setor está cada vez mais consciente
da relevância do seu papel no contexto da mitigação e adaptação dos efeitos das
mudanças climáticas e da necessidade de melhoria das condições de vida no
planeta. Já existem suficientes estudos em nível nacional e mundial que avaliam os
impactos positivos e negativos gerados pela Indústria da Construção e do mercado
imobiliário sobre o meio ambiente, a sociedade e a economia (CBIC, 2012).
É grande a pressão sobre as empresas da cadeia produtiva da construção
para atuarem de acordo com os princípios da sustentabilidade. O governo vem
trabalhando nos âmbitos federal, estadual e municipal para regular o setor e
49
estimular a melhoria de desempenho em diferentes temas. Cresce o número de
municípios com legislações que obrigam os empreendimentos à medição
individualizada de água e gás, aquecimento solar de água e à elaboração de um
programa de gerenciamento de resíduos para a obtenção de Alvará de Construção
ou Habite-se.
A Norma de Desempenho NBR 15575 da ABNT aponta o desempenho
mínimo exigido dos sistemas estruturais, de pisos, de vedações, de coberturas e
hidrossanitários das novas edificações residenciais e orienta a concepção e
execução de novos empreendimentos, além do desenvolvimento tecnológico de
novos sistemas construtivos, contribuindo significativamente nesse novo processo
(CBIC, 2013).
Para Tello (2012) merecem destaque também as organizações que estão
dedicadas à promoção da sustentabilidade no setor da Construção como o Conselho
Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) que desde 2007 reúne professores,
pesquisadores e empresas para “induzir o setor da Construção a utilizar práticas
mais sustentáveis que venham melhorar a qualidade de vida dos usuários, dos
trabalhadores e do ambiente que cerca as edificações”. De modo complementar, o
Centro de Desenvolvimento da Sustentabilidade da Construção, da Fundação Dom
Cabral (CDSC/FDC), se dedica a construir estudos de caso, pesquisas e
ferramentas de apoio ao desenvolvimento da gestão da sustentabilidade na cadeia
produtiva da Construção.
Observa-se em todo o país as iniciativas pelas entidades de classe para
promoção da sustentabilidade na cadeia produtiva. Os programas prioritários da
CBIC que abordam diferentes aspectos da sustentabilidade na construção (CBIC,
2012) são mostrados no Quadro 5.
Quadro 5 – Programas prioritários CBIC
Eixos Prioritários de Atuação
da CBIC
Programas CBIC
Eixos Prioritários da Economia Verde
Habitação de Interesse Social
Moradia Digna
Melhoria do bem-estar, igualdade social no
acesso às condições básicas para a vida
Capacitação de Mão de Obra
Próximo Passo
Crescimento de renda, emprego e inclusão.
Inovação Tecnológica
Inovação
Produção de baixo carbono e uso eficiente de
recursos naturais
Continua...
50
Quadro 5 – Programas prioritários...(continuação)
Construção Sustentável
Construção Sustentável
(PCS)
Modelo de desenvolvimento sustentável
da construção, produção de baixo carbono e
uso eficiente de recursos naturais.
Construção Sustentável e
Inovação Tecnológica
Parque de Inovação e
Sustentabilidade do
Ambiente Construído
Crescimento de renda e emprego, além de
inclusão
Fonte: Adaptado de Guia das Boas Práticas (CBIC, 2012).
As ações realizadas ou em andamento para a promoção da sustentabilidade
junto às associadas das respectivas entidades de classe estão demonstradas no
Quadro 6 .
Quadro 6 – Exemplos de iniciativas de sustentabilidade de entidades de classe
Entidade
Iniciativas
SindusCon-PR
Seconci-PR
Programas de Saúde e
Segurança
Sicepot-MG
QUALIC - Programa de
Qualificação da Indústria
da Construção
Seconci-RJ
Curso de Iniciação
Profissional na
Construção Civil
SindusCon-AL
Programa Caminhos da
Profissão
Cursos de
Especialização em
Engenharia Rodoviária e
Pavimentação
Treinamento On-line de
Segurança do Trabalho
Comitê de Incentivo à Formalidade
Campanhas Anuais de Combate à
Dengue nas Obras
Mega Feirão do Emprego
Programa Procompi
Programa de Apoio à Competitividade das Micros e Pequenas Empresas
Secovi-SP
Caderno Condutas de
Sustentabilidade no
Setor Imobiliário
Residencial
Estudo Indicadores de
Sustentabilidade no
Desenvolvimento
Imobiliário Urbano
Projeto Ampliar e Trabalhos
Conjuntos com Organismos
Competentes para remediação de
terrenos contaminados
SindusCon-MG
Cartilha – Gerenciamento
de Resíduos Sólidos da
Construção Civil
Banco de Terra,
Banco de Entulho e
Agregado Reciclado
Boletim Agenda Ambiental
SindusCon-Rio
SindusCon-GO
Alfabetizar é Construir – Educação Fundamental nos Canteiros
Manual da Construção
Sustentável
ECOS - Encontro sobre
Construção e
Sustentabilidade
Seção Construção Sustentável na
Revista Construir Mais
Fonte: Adaptado de Guia das Boas Práticas (CBIC, 2012).
Na abordagem proposta pela CBIC (CBIC, 2012) para desenvolver a
sustentabilidade na cadeia produtiva da construção brasileira são esses os principais
desafios: 1) valorização e desenvolvimento da mão de obra: valorização do
empregado; integração da mão de obra feminina; educação e capacitação
profissional; 2) inovação tecnológica para construção mais rápida, com menos
resíduos e com a geração de melhor qualidade e menor consumo: a industrialização
em canteiro ou fábrica, o uso de novos materiais, o desenvolvimento de novos
51
sistemas construtivos, uso do Building Information Modeling (BIM), mudanças no
processo de gestão de empreendimentos com maior ênfase à fase de projeto; 3)
desenvolvimento urbano sustentável: maior qualidade de vida para sua população e
mais dinamismo para a sua economia. Para esses desafios estão envolvidas as
questões sociais, legais, tributárias e institucionais, a serem amplamente debatidas e
visando atender ao maior número possível de interessados (TELLO, 2012).
2.2.2 Construção Sustentável
Em um processo de reversão para o ambiente construído surge o paradigma
da construção sustentável. No âmbito da Agenda 21 a Construção Sustentável em
Países em Desenvolvimento é definida como "um processo holístico que aspira a
restauração e manutenção da harmonia entre os ambientes natural e construído e a
criação de assentamentos que afirmem a dignidade humana e encorajem a
equidade econômica". Mas o conceito vai além da sustentabilidade ambiental
quando pensado no contexto do desenvolvimento sustentável, integrando-se a
sustentabilidade econômica e social (CORREA, 2009).
Para a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura – AsBEA (CIC,
2008), Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), (CBCS, 2009) e
outras instituições são princípios básicos desse tipo de construção:
a) Aproveitamento de condições naturais locais;
b) Utilizar o mínimo de terreno e integrar-se ao ambiente natural;
c) Implantação e análise do entorno;
d) Não
provocar
ou
reduzir
impactos
no
entorno
–
paisagem,
temperaturas e concentração de calor, sensação de bem-estar;
e) Qualidade ambiental interna e externa;
f) Gestão sustentável da implantação da obra;
g) Adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos usuários;
h) Uso de matérias-primas que contribuam com a ecoeficiência do
processo;
i) Redução do consumo energético;
j) Redução do consumo de água;
k) Reduzir, reutilizar, reciclar e dispor corretamente os resíduos sólidos;
l) Introduzir inovações tecnológicas sempre que possível e viável;
52
m) Educação ambiental para conscientização dos envolvidos no processo.
Relata o Guia de Sustentabilidade na Construção (CBIC, 2008) que para as
construções sustentáveis concebidas e planejadas são várias as premissas
consideradas, entre elas, a escolha de materiais ambientalmente corretos com
origem certificada e com baixas emissões de CO2; uma menor geração de resíduos
durante a fase da obra; cumprimento das normas, principalmente as de
desempenho; supressão de menores áreas de vegetação; demanda de menos
energia e água em todas as fases (construção e uso) e reaproveitamento amplo no
fim de seu ciclo de vida, além do atendimento às normas de segurança e à
formalidade das contratações. Se comparadas as práticas atuais adotadas pelas
empresas de construção civil, evidencia-se a necessidade urgente de ajustes na
produção do edifício, nos canteiros de obra. (CBIC, 2008).
O conceito de construção sustentável passa a ser inserido em todo o ciclo de
vida do empreendimento, desde sua concepção até sua requalificação (retrofit),
desconstrução ou demolição e mesmo considerando que a etapa de construção é
apenas uma pequena fração do ciclo de vida do edifício, é ela a responsável por
todo o seu posterior desempenho. Estudos para cada fase da obra demonstrando
seus impactos ambientais e como estes impactos devem ser trabalhados concluem
o ciclo, para se obter um empreendimento com uma ideia sustentável, uma
implantação sustentável e uma moradia sustentável (CBIC, 2008).
No Guia Selo Azul Caixa (2010), conclui-se que a construção sustentável irá
exigir das empresas esforço similar realizado para a implantação dos sistemas de
gestão da qualidade: compromisso da direção da empresa, estabelecimento de
políticas, metas progressivas e indicadores constantemente atualizados, formação
de recursos humanos, evolução contínua. Seu conceito amplia do escopo
tradicional: qualidade, prazo, tecnologia e custo com preocupações sociais e
ambientais.
Para John (2010) a principal diferença com relação à experiência de
implantação dos sistemas de gestão qualidade se comparada à de construção
sustentável, é que esta implicará na adoção de inovações tecnológicas, de
ferramentas de projeto a materiais radicalmente novos, novos sistemas construtivos,
sistemas de gestão, necessidade de planejamento do ciclo de vida, entre outros. É
certo que boa parte das soluções hoje vigentes deverá evoluir drasticamente ou ser
substituída por outras, a médio prazo.
53
No Guia do Programa Construção Sustentável da CBIC (2012) sete temas
são considerados prioritários ou críticos: 1) água; 2) desenvolvimento humano; 3)
energia; 4) materiais e sistemas; 5) meio ambiente, infraestrutura e desenvolvimento
urbano; 6) mudanças climáticas; e 7) resíduos. E para o setor alcançar um estágio
no qual a construção sustentável seja uma prática universalizada é necessário atuar
dentro dos seguintes eixos estratégicos: fomento a políticas setoriais e públicas e à
legislação; atenção ao poder de compra do estado; concepção de projetos; inovação
tecnológica e gestão de pessoas e processos.
Para a CBIC (2012) o Programa Construção Sustentável tem como objetivo
fazer com que empresas, governos e sociedade repensem seus produtos, suas
relações, serviços e estratégias, a partir das dimensões ambiental, social e
econômica. Também combater e erradicar a ilegalidade e a informalidade na cadeia
produtiva da construção; atuar de forma segura, eficiente e responsável junto a
todos os seus públicos de interesse e ao meio ambiente; conhecer e cumprir a
legislação e, voluntariamente, exceder suas obrigações naquilo que seja relevante
para o bem-estar da sociedade. Por fim, comunicar-se com funcionários,
fornecedores, parceiros e colaboradores para motivá-los ao protagonismo e ao
desenvolvimento sustentável
No conjunto de iniciativas necessárias ao avanço da construção sustentável
no país, a gestão de resíduos é, provavelmente, a que mais rápido pode oferecer
resultados significativos. A superação de desafios internos e externos ao longo da
cadeia produtiva é urgente, no sentido de assegurar avanços no estágio atual de
gestão de resíduos sólidos do setor como: a promoção e a implementação da
autorregulação; o exercício efetivo e obrigatório da logística reversa e a formalização
de fluxos de forma que esteja explícita a matriz de responsabilidades no pós-obra,
exigindo-se a plena legalidade de atuação dos agentes transportadores e
receptores. Entende-se por logística reversa “... procedimentos e meios destinados a
viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para
reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação
final ambientalmente adequada” (CBIC, 2012).
A ideia de sustentabilidade impulsiona a inovação, estimula a busca por
novas tecnologias e promove o surgimento de novos nichos de mercado. Faz-se
necessário, para isso, que a cadeia produtiva promova a transição do modelo
empresarial atual rumo às inevitáveis demandas contemporâneas (CBIC, 2011).
54
Visando estudar, analisar e definir diretrizes para o desenvolvimento, difusão
e avaliação de inovações tecnológicas na construção civil brasileira, o Programa
Inovação Tecnológica na Construção (PIT) parte do princípio de que os efeitos das
inovações para o setor e para a sociedade como um todo são necessários, no
processo de desenvolvimento econômico e social do país (CBIC, 2012).
Com os Programas Construção Sustentação e Inovação Tecnológica na
Construção pretende-se atingir o mais amplo espectro possível de empresas e
profissionais de todos os elos da cadeia produtiva (CBIC, 2012).
2.2.3 Conceito de Inovação Tecnológica
A inovação está no cerne da mudança econômica e encontra-se definida em
Diretrizes para Coleta e Interpretação de Dados sobre Inovação, da Organização
para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, 2005) que,
Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou
significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de
marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na
organização do local de trabalho ou nas relações externas. (OCDE, 2005).
Para Lemos (1999 apud Dosi 2000) define-se inovação como a busca, a
descoberta, a experimentação, o desenvolvimento, a imitação e a adoção de novos
produtos, processos e novas técnicas organizacionais.
Na percepção de Erdmann (1993) as novas tecnologias tem apresentado pelo
menos três metas básicas:
a) a redução do esforço de trabalho;
b) o aumento da produtividade;
c) a melhoria da qualidade do produto.
Para o Relatório de Pesquisa Projeto de Inovação Tecnológica (PIT, 2008),
uma inovação pode consistir na implementação de uma única mudança significativa
(radical) ou em uma série de pequenas mudanças incrementais que juntas podem
constituir uma mudança significativa. Enquanto as primeiras se caracterizam pela
busca de novas tecnologias e novos modelos de negócio, rompendo com os
padrões anteriores, as inovações incrementais procuram melhorar continuamente os
sistemas existentes, tornando-os mais baratos, melhores e mais rápidos.
Em Diretrizes para Coleta e Interpretação de Dados sobre Inovação, do
Relatório OCDE (2005), diferenciam-se quatro tipos de inovação: de produto, de
55
processo, de marketing e organizacional. Inovações de produto e inovações de
processo relacionam-se estreitamente com os conceitos de inovação tecnológica de
produto e inovação tecnológica de processo. As inovações de marketing e as
inovações organizacionais complementam o conjunto de inovações.
Ainda segundo o Relatório (OCDE, 2005), “uma inovação de produto é a
introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado no que
concerne a suas características ou usos previstos”.
No relatório de pesquisa Projeto de Inovação Tecnológica (PIT, 2008) da
Câmara Brasileira da Indústria da Construção, considera-se ainda como inovações
de produto: as inovações no produto do edifício ou em um ou mais de seus
subsistemas, componentes ou materiais. Para as inovações de processo: inovações
no processo de produção dos edifícios, que podem ser obtidas a partir de inovações
em produtos intermediários como tipos de subsistemas, componentes ou materiais
que têm impacto no processo. Inovações organizacionais: afetam a organização das
empresas do setor e seus processos não diretamente relacionados à produção
como implementação de softwares, criação de novos métodos para processos como
planejamento, orçamento e projeto. Inovações de marketing: as que se referem a
novas formas de relacionamento com os clientes, promoção dos produtos,
comunicação com o mercado.
Ao discutir o conceito de inovação apresentado por vários autores, Barros
(1996 apud Hippert e Coutinho 2012) propõe diretrizes para a implantação de
inovações tecnológicas na produção de edifícios a partir do entendimento para
Inovação Tecnológica no Processo de Produção: “um aperfeiçoamento tecnológico,
resultado de atividades de pesquisa e desenvolvimento internas ou externas à
empresa, incorporado à cultura da empresa e aplicado efetivamente ao processo de
produção do edifício, objetivando a melhoria de desempenho, qualidade ou custo do
edifício ou uma sua parte”.
A norma ABNT NBR 15575 “Edificações Habitacionais – Desempenho”
(ABNT, 2013), que constitui importante e indispensável marco para a modernização
tecnológica da construção brasileira e melhoria da qualidade de nossas habitações,
define inovação tecnológica como aperfeiçoamento tecnológico resultante de
atividades de pesquisa, aplicado ao processo de produção do edifício, objetivando a
melhoria de desempenho, qualidade e custo do edifício ou de um sistema.
56
A inovação tecnológica na construção civil apresenta uma série de
peculiaridades. Se historicamente a indústria da construção civil já foi chamada de
uma “indústria de protótipos”, diferenciando-a das indústrias seriadas, foi para
sugerir, com este conceito, a ideia de um processo aberto a inovações; mas não é
essa a situação observada na prática (HIPPERT E COUTINHO, 2012).
Relatam Junior e Amaral (2012 apud Pozzobon et al. 2004) que só por volta
de 1984, após as iniciativas de racionalização da construção, as inovações
tecnológicas começaram a ser mais observadas no Brasil.
No caso brasileiro encontra-se uma grande semelhança entre os canteiros de
obra: são baseados numa mesma estrutura organizacional e com pequena
variabilidade das soluções técnicas adotadas, com pequena variedade de insumos e
soluções de projeto facilitando o seu controle. Desta forma, as inovações acabam
sendo inseridas a partir de tecnologias anteriormente já utilizadas e testadas por
projetistas e construtores. Não há uma mudança drástica nos processos,
caracterizando-se por conseguinte em inovações incrementais (AMORIM, 1995 apud
HIPPERT E COUTINHO, 2012).
Essa realidade não difere daquela expressa por Slaughter (1993), que indica
a indústria da construção como marcada por um grande número de pequenas
empresas, bem mais sensíveis às variações dos ciclos da economia e por isso não
dispõem de muitos recursos para investir em inovação. Ainda segundo a autora, as
empresas construtoras tendem a inovar mais do que os seus fornecedores, por
conhecerem bem os processos construtivos e utilizarem-se desse conhecimento
para integrar diferentes sistemas. Relata ainda que os construtores são capazes de
inovar com baixo custo por terem mais acesso às informações necessárias para
impulsionar as inovações, além da necessidade de resolver problemas em curtos
espaços de tempo no intuito de evitar atrasos e custos extras pela falta de solução
para os mesmos (SLAUGTHER, 1993).
Ainda segundo Slaughter (1993), em relação às inovações desenvolvidas
pelos fabricantes que fornecem para a indústria da construção civil, as mesmas são
limitadas a partes dos produtos e sistemas que oferecem para evitar a ampliação da
sua responsabilidade na obra; por essa razão devem ser testadas exaustivamente e
obedecerem a normas técnicas antes de serem comercializadas. Portanto, as
inovações dos construtores são muitas vezes pontuais, incrementais, para
resolverem a baixo custo questões rotineiras, enquanto que as soluções dos
57
fabricantes devem ser amplamente testadas e se adaptarem a um tipo de situação
mais comum entre os atores da indústria que venham a utilizá-la.
2.3
MELHORIAS E INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS SIMPLES EM CANTEIROS DE OBRA
2.3.1 O Canteiro de Obra
A norma técnica NBR 12284 (ABNT, 1991) define canteiro de obra como
sendo “áreas destinadas à execução e apoio dos trabalhadores da indústria da
construção, dividindo-se em áreas operacionais e áreas de vivência.”
Para Souza (2000) o canteiro de obra pode ser comparado a uma fábrica,
sendo seu produto final o edifício. Ressalta que uma vez considerado uma fábrica,
sua análise deve ser feita observando os processos de produção e também como o
lugar onde os atores envolvidos na produção trabalham diariamente.
Souza (2000) afirma que a construção civil possui características específicas
que a difere das indústrias seriadas e destaca que a fábrica não é permanente: ela
será removida e o produto ficará no local. Exige-se uso intensivo de mão de obra, as
especificações não são tão detalhadas e a cada etapa da obra as atividades,
profissionais e equipamentos mudam. Desta forma, projetar a fábrica de uma
edificação torna-se uma missão mais complexa. Surge então a dúvida se seria
pertinente pensar organizadamente em um projeto para o canteiro de obra.
Categoricamente este autor afirma que sim, uma vez que buscar qualidade tornouse imprescindível para as empresas construtoras, assim como aumentar a
produtividade, sem comprometer a segurança dos trabalhadores, e incrementar suas
vendas.
A produtividade e a segurança dos trabalhadores vinculam-se às condições e
meio ambiente de trabalho na indústria da construção e dentro dessas condições,
como parte integrante da NR 18 (BRASIL, 1978) e pela relação intrínseca, pode-se
destacar a ordem e a limpeza do canteiro de obra, assim estabelecida:
a) O canteiro de obra deve apresentar-se organizado, limpo e
desimpedido, notadamente nas vias de circulação, passagens e
escadarias;
b) O entulho e quaisquer sobras de materiais devem ser regulamente
coletados e removidos. Por ocasião de sua remoção, devem ser
58
tomados cuidados especiais, de forma a evitar poeira excessiva e
eventuais riscos;
c) Quando houver diferença de nível, a remoção de entulhos ou sobra de
materiais deve ser realizada por meio de equipamentos mecânicos ou
calhas fechadas;
d) É proibida a queima de lixo ou qualquer outro material no interior do
canteiro de obra;
e) É proibido manter lixo ou entulho acumulado ou exposto em locais
inadequados do canteiro de obra.
Como é esperado e natural que um canteiro de obra sofra alterações à
medida que caminha a execução da obra, Souza (2007) ressalta que na produção
das edificações mudam os materiais a serem aplicados, os serviços a serem
executados, os equipamentos e a mão de obra que serão utilizados. Por essa razão,
o autor destaca a importância em se observar as principais fases em que se pode
subdividir o canteiro, salientando que existem diferentes critérios para esta
subdivisão, que pode ser em função do tempo de que se dispõe para discutir o
planejamento do canteiro.
Segue uma das várias subdivisões, por fases, pelas quais pode passar um
canteiro, segundo Souza (2007):
a) Movimento de terra / contenção da vizinhança e fundações;
b) Estrutura do(s) subsolo(s) sob a torre e a periferia;
c) Estrutura do restante da torre;
d) Estrutura-alvenaria;
e) Estrutura-alvenaria-revestimentos argamassados;
f) Finalização da obra.
Souza (2007) também destaca outros momentos importantes para a definição
de modificações do canteiro, quais sejam: final da estrutura, alvenaria e dos
revestimentos argamassados; revestimentos em azulejo, cerâmica de piso,
montagem do elevador definitivo, instalações hidráulica, elétrica, impermeabilização
e pintura.
Silva (2000) para definir a gestão da logística do canteiro de obra estabelece
tratar-se de atividades de planejamento, organização, direção e controle dos fluxos
físicos na praça de trabalho, incluída aí a implantação do canteiro, a resolução de
interferências entre os serviços, a definição dos sistemas de transportes e
59
dispositivos de segurança no trabalho. O mesmo autor discute novos conceitos
relativos à gestão da logística de canteiro de obra como os estudos de preparação e
projeto de canteiro e as ferramentas associadas: movimentação de materiais,
projetos para produção, arranjo físico do canteiro, planejamento das equipes de
movimentação, diagramas e mapas de fluxos de processos e listas de verificação
para controle da organização do canteiro.
2.3.2 Melhorias e Inovações Tecnológicas Simples em Canteiros de Obra
Pozzobon et al. (2004) relata que desde o início da década de 1990 os
esforços da construção civil brasileira objetivando melhores desempenhos tem sido
notórios, incluindo-se para esse avanço a busca por qualidade e/ou certificação e/ou
incrementos na produtividade, alterações na legislação trabalhista e previdenciária,
além do aumento da competitividade.
O trabalho apresentado por Pozzobon et al. (1999), listagem de verificação
com 240 itens considerados como inovações em canteiros de obras, tratava das
mudanças introduzidas na produção de edifícios e relacionadas ao gerenciamento
dos canteiros. Estas mudanças provenientes de aperfeiçoamentos resultantes de
pesquisa e desenvolvimento, interna ou externa à empresa, aplicadas ao processo
produtivo da edificação, buscavam alcançar a melhoria de desempenho, qualidade
ou custo do todo ou de uma parte. Para os autores, aplicar esta listagem posiciona o
canteiro de obra e a empresa construtora em relação á qualidade e às empresas
concorrentes, além de servir como sugestão para a implementação de melhorias
futuras.
A listagem utilizada por Pozzobon et al. (1999) com 240 itens apresenta seis
categorias e os seguintes conceitos para cada uma dessas categorias:
a) Apoio e dignificação da mão de obra: modificações introduzidas no
canteiro que buscam valorizar e motivar o trabalhador, incentivá-lo e
proporcionar um ambiente agradável e muito mais saudável, no sentido
de limpeza, organização, treinamento, bem-estar físico e psicológico.
Isso contribui para o aumento da produtividade e qualidade dos
serviços prestados pelo mesmo e do produto final;
b) Organização do canteiro: refere-se à disposição e limpeza do canteiro,
racionalização, programação e controle dos processos. Mostra
60
inovações do layout de obra, procurando facilitar a circulação de
pessoas e materiais. Também são listadas mudanças de visual, com
as quais se procura dar um clima mais acolhedor a suas instalações
através de cores, pinturas, decorações, importante para quem trabalha
e para quem visita;
c) Movimentação de materiais e deslocamentos internos: pode-se
entender que são as questões que abordam estocagem, recebimento e
transporte de materiais. Investiga novos procedimentos que facilitam o
transporte de materiais, tornando o canteiro de obra mais organizado e
limpo, além de oferecer segurança no trabalho, prevenindo assim
acidentes tão corriqueiros em obra no geral;
d) Utilização de ferramentas, máquinas e técnicas especiais: refere-se às
ferramentas, máquinas e técnicas utilizadas dentro de um canteiro, na
produção do edifício;
e) Segurança do trabalho: refere-se a todos os tipos de atendimentos às
normas técnicas e à legislação vigente para canteiro de obra;
f) Comunicações internas: referem-se a todo tipo de comunicação dentro
de um canteiro, seja ela visual, através de textos, gráficos, cores ou
sonora, através de diversas tecnologias como walk talks, alto-falantes,
telefone, entre outras. Estas ajudam a manter um padrão para a
empresa, fazendo com que seus colaboradores tenham sempre uma
visão mais homogênea das práticas adotadas e, assim, aumentando
sua produtividade, organização e reduzindo as chances de erros ou
retrabalhos, entre outros.
Para a expectativa de descrever as boas práticas encontradas foram
realizadas buscas e levantamentos na realidade dos canteiros de obra nacionais que
podem ser citados como exemplos, sem a intenção de limitar a investigação,
conforme demonstrado no Quadro 7.
Quadro 7 – Pesquisas sobre inovação tecnológica na construção nacional no período 1998 a 2012
Autores e
Ano da
Pesquisa
Quantidade de
Canteiros (C)
e Empresas (E)
Tipo da Pesquisa (Local)
Principais Resultados
Continua...
61
Quadro 7 – Pesquisas sobre inovação tecnológica na construção... (continuação)
Cruz et al.
(1998)
C=10
E=10
(diferentes empresas)
Diagnóstico a partir de
determinada
listagem
(Belém do Pará – PA)
Considerou os aspectos logísticos relacionados à
organização dos canteiros, detendo-se basicamente
na área de suprimentos. Constatou que na maioria
dos canteiros visitados não foram observados
princípios logísticos considerados básicos, em
outros setores industriais.
Meira et al.
(1998) e
Librelotto et
al.(1998)
C = 07
Descrição da racionalização
de canteiros a partir de uma
listagem (Florianópolis –
SC)
Concluíram que era possível encontrar modificações,
embora incipientes, no processo produtivo e na
organização dos canteiros pesquisados naquela
cidade.
Freitas et al.
(1999)
C = 58
(convencionais
e de alvenaria estrutural
de quinze cidades
brasileiras)
Diagnóstico para mudanças
voltadas à qualidade e
produtividade, a partir da
listagem
de
Pozzobon
(1999)* (RS, SC, PR, SP, Al,
CE)
Os itens mais verificados foram aqueles relativos ao
apoio e dignificação da mão de obra e segurança do
trabalho. O item menos verificado nas obras
visitadas foi relativo às inovações relacionadas à
comunicação interna. Observaram que dos Estados
com canteiros avaliados, o Paraná foi o que obteve
maior pontuação e apresentou o maior percentual de
mudanças, melhorias e inovações tecnológicas
simples implantadas, aproximadamente metade das
mudanças listadas.
Mendes Jr et
al. (2002)
C = 30
Analisar
as
maiores
preocupações e traçar o
perfil
das
empresas
construtoras (Curitiba – PR)
Nos
assuntos
organização
do
canteiro,
movimentação dos materiais e ferramentas,
máquinas e técnicas especiais, ainda há
necessidade de se implantar muitos itens. A
comunicação, dentro do canteiro de obra,
apresentou-se com a devida importância para
canteiros de grande porte.
Oliveira e
Freitas (2008)
C = 61
Diagnóstico da implantação
e
uso
de
inovações
tecnológicas
e
organizacionais
por
construtoras
que
executavam obras públicas
(Paraná)
A partir da lista de Pozzobon et al. (1999) como base
e ampliação de 240 para 466 itens, a serem
verificados em canteiros de obras. Observaram que
as empresas que prestam serviço ao setor público
não apresentam grande preocupação em inovar,
provavelmente devido ao contrato já garantido após
a licitação e pela falta de cobrança do Poder Público.
Também se observou que as empresas que atuam
nesse setor tinham grande preocupação com a
manutenção de documentos (80% de conformidade
com os itens da lista), certamente para lidar com as
fiscalizações presentes nesse tipo de obra.
Hippert e
Coutinho
(2012)
C=9
E=9
Análises de edificações com
caráter aberto às inovações
e seguindo um critério de
acessibilidade
que
permitisse o acesso do
pesquisador às informações
necessárias (Juiz de Fora –
MG)
Sugerem que a adoção de inovações independe do
tipo de obra e está mais relacionada à característica
da empresa, já que quatro dos canteiros
pesquisados referem-se à construção de prédios do
Programa Minha Casa Minha Vida e apresentaram
resultados distintos quanto à aplicação de
inovações.
Brandstetter
et al. (2012)
E = 15
No período de 2009 a 2011
investigou as
principais
mudanças introduzidas na
produção
de
edifícios
relacionadas com a melhoria
de
qualidade
e/ou
produtividade
de
seus
processos nas empresas
(Goiânia – GO)
A partir de um check list elaborado e baseado nas
pesquisas já realizadas em outras localidades do
país, a análise dos dados considerou tanto as
inovações
tecnológicas
simples
quanto
os
diferenciais de canteiro. Demonstra que ao introduzir
inovações tecnológicas simples na produção do
edifício, permite-se a melhoria do local de trabalho,
do processo e da organização, com ações simples e
de baixo custo.
* Pozzobon et al. (1999) investigaram através de uma lista de verificação 240 itens considerados como inovações em canteiros de
obras. As inovações estavam divididas em grandes categorias tais como: : [i] apoio e dignificação da mão de obra (43 itens); [ii]
organização do canteiro (73 itens); [iii] movimentação de materiais e deslocamentos internos (15 itens); [iv] utilização de ferramentas,
máquinas e técnicas especiais (51 itens); [v] segurança do trabalho (30 itens) e; [vi] comunicações internas (28 itens). Com base na
lista indicada por Pozzobon et al.(1999), Freitas et al. (1999) apresentaram os resultados da aplicação da mesma em 58 cidades
brasileiras.
Fonte: Adaptado de POZZOBON et al. (2004), ALVES et al (2009) e Brandstetter et al. (2012)
Das pesquisas apresentadas e com resultados positivos de implementação de
melhorias e inovações tecnológicas simples é possível verificar que as inovações
62
estão relacionadas às melhorias no canteiro, com ações simples e de baixo custo,
mas que a adoção dessas medidas relaciona-se muito mais à característica da
empresa que a outras decisões, como baixo custo e/ou melhoria no local de
trabalho.
63
3
MATERIAS E MÉTODOS
Essa pesquisa foi aplicada em canteiros de obra de empresas construtoras, a
partir de agora chamadas empresas, responsáveis pela produção de novos edifícios
residenciais em Cuiabá, para traçar um perfil das melhorias e inovações
tecnológicas simples implantadas, suas interações com as práticas e procedimentos
para Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (GRCC), bem como para
avaliar o modelo de GRCC implantado em seus canteiros de obra. Também para
suprir a carência de informação sobre o tema, além de subsidiar com dados e
informações as empresas para tomada de decisões referente à implantação de
GRCC, pela análise das boas práticas e/ou pelas dificuldades levantadas no estudo,
para essa implantação.
A pesquisa qualitativa, quantitativa, exploratória e de uma amostra específica
permitiu compreender as percepções, as interpretações próprias e a apreensão do
contexto de um problema bem delineado, mas ainda pouco explorado. Para melhor
defini-lo e compreendê-lo foi pesquisado através do contato direto com o objeto em
questão.
A pesquisa foi realizada com a utilização de técnica de entrevista pessoal,
direta, individualizada, junto ao público alvo, nos canteiros de obra das empresas.
Os questionários utilizados não foram pré-testados e não houve amostra-piloto, por
tratar-se de pesquisa intencional.
Para a coleta de dados foi utilizado o período de dezembro de 2013 a
fevereiro de 2014, com horário agendado pela empresa e de acordo com a
disponibilidade do engenheiro responsável pela obra e do mestre de obra, em
qualquer dia da semana, inclusive sábado e domingo.
Para caracterização das empresas construtoras foi elaborado um formulário
denominado “Caracterização da Empresa e do Setor de Atuação”. A direção da
empresa indicou a área responsável e o formulário foi enviado por e-mail, para ser
respondido. Seu objetivo: identificar o porte da empresa pelo faturamento, o número
de empregados, o tempo de atuação, o público-alvo e outras informações relevantes
das empresas e do segmento pesquisado.
Trabalhou-se com obras de 4 a 25 pavimentos pertencentes a empresas de
médio a grande porte pelo faturamento, com número variável de empregados e
subcontratados. Foram elencados canteiros com fases de obra próximas e
64
cronogramas mais avançados, para obter-se uma visão geral do segmento
estudado.
Dividiu-se a pesquisa em etapas para facilitar a análise dos dados e os
questionários da pesquisa foram respondidos pelo engenheiro responsável pela obra
e pelo mestre de obra, em cada canteiro pesquisado. Na Figura 2, o fluxograma
geral da pesquisa.
Figura 2 – Fluxograma geral da pesquisa
Caracterização da Empresa
e do Setor de Atuação
Etapa I
Diagnóstico dos Canteiros de Obra
Etapa II
Avaliação do Modelo de GRCC
Implantado nos Canteiros das Empresas
Etapa III
Cálculo do IGR para os anos de 2011,
2012 e 2013, da evolução do IGR e de
RCC removido por canteiro. Média em
kg/m² construído, por obra/empresa e
para cidade de Cuiabá, nesse segmento.
Resultados
Etapa I
Resultados
Etapa II
Etapa IV
Comparativo e Análise
dos Resultados
Etapas I, II, III
Resultados
Etapa III
As quatro etapas da pesquisa são descritas a seguir:
a) Etapa I – Diagnóstico dos canteiros de obra pela aplicação de três
instrumentos de coleta de dados:
1) listagem de modificações, melhorias e inovações tecnológicas
simples, relacionadas ao gerenciamento do canteiro de obra, de
Pozzobon et al. (1999), a partir de agora chamada de melhorias e
inovações, com objetivo de identificar as melhorias e inovações
tecnológicas presentes nos canteiros de obra e que contribuem
com o gerenciamento da obra;
2) questionário 1 – percepção do mestre de obra em relação ao
gerenciamento de resíduos da construção civil (GRCC) nos
canteiros de obra da empresa, a partir de agora chamado de
percepção do mestre de obra, com o objetivo de identificar o senso
65
de observação, a percepção do entrevistado no canteiro de obra
sobre GRCC e suas dificuldades, no dia a dia do canteiro.
3) questionário 2 – práticas e procedimentos para gerenciamento de
resíduos da construção civil (GRCC) em canteiros de obra, a partir
de agora chamado de práticas para GRCC, com objetivo de
verificar se as principais práticas e procedimentos no canteiro de
obra estão integradas ao GRCC, visando minimizar esse tipo de
resíduo
e
envolvendo
os
demais
setores
da
empresa,
responsáveis pela produção do edifício.
b) Etapa II – Avaliação do modelo de GRCC implantado nos canteiros de
obra da empresa pela aplicação do:
1) questionário 3 – avaliação do modelo de GRCC implantado nos
canteiros de obra da empresa, a partir de agora chamado de
modelo de GRCC, com objetivo de avaliar a contribuição do
modelo implantado e os impactos positivos gerados na cadeia
produtiva da construção, pela obtenção de um valor médio por
canteiro e classificação do modelo de GRCC implantado, em
relação a uma conceituação predefinida.
c) Etapa III – Cálculo do índice de geração de resíduos (IGR) para os anos
de 2011, 2012 e 2013; da evolução do IGR por empreendimento/empresa;
do
valor
de
RCC
removido
em
kg/m²
construído
por
empreendimento/empresa pesquisado; do valor médio de RCC removido
em kg/m² para novos edifícios:
1) A partir do total destinado/removido de RCC em m³ dos canteiros
de obra pesquisados em relação ao total de m² construído, calculase o IGR por empreendimento/empresa. A partir do IGR calcula-se
o total destinado/removido de RCC em kg/m² construído de cada
obra. Os valores calculados por canteiro e por empresa posicionam
a empresa em relação às concorrentes e também os canteiros da
mesma empresa, comparativamente.
2) A partir do IGR de um empreendimento concluído e similar ao
pesquisado, por empresa, para os anos de 2011, 2012 e 2013
calculou-se o total de RCC removido em kg/m² construído e
avaliou-se a evolução por empresa/ano. Nesse estudo, para
66
verificar essa evolução, o valor estimado foi de redução de 10% ao
ano, por kg/m² removido por empreendimento/empresa/ano.
3) O valor médio entre todos os canteiros de obra pesquisados, para
RCC removido em kg/m² construído, serviu como base de análise
comparativa entre o valor médio obtido para os novos edifícios
residenciais na cidade de Cuiabá, o valor estabelecido pela
Prefeitura Municipal de Cuiabá para Projeto de Gerenciamento de
Resíduos
da
Construção
Civil
e
o
valor
mais
difundido
nacionalmente (PINTO, 2005).
d) Etapa IV – Comparativo entre resultados finais – melhorias e inovações x
práticas para GRCC x modelo GRCC x RCC removido (kg/m²) por meio
de:
1) Análise dos resultados finais por canteiro, por empresa e para a
cidade de Cuiabá, em relação à produção de novos edifícios
residenciais.
O formulário de caracterização da empresa e do setor de atuação, bem como
os três questionários aplicados nos canteiros de obra encontram-se no Apêndice A,
Apêndice B, Apêndice C e Apêndice D, respectivamente. A listagem de melhorias e
inovações aplicada nos canteiros de obra encontra-se no Anexo I.
3.1
AS EMPRESAS E OS CANTEIROS DE OBRA PARA A PESQUISA
Inicialmente foi adotado como universo da pesquisa todas as empresas
construtoras de edifícios residenciais atuando em Cuiabá e, como critério de
seleção, aquelas com obras em execução e finalizadas em 2013.
Foram levantadas e identificadas as empresas com obras em execução e
com
obras
finalizadas
em
2013,
em
comercialização
de
unidades
do
empreendimento, com informação pública e disponível na internet. Nesse
levantamento foram identificadas 24 empresas e 61 obras.
As empresas foram classificadas em ordem decrescente pela quantidade de
área projetada em construção e construída, em m², e identificou-se que 33 das 61
obras em execução e aquelas finalizadas em 2013, representavam 74% do total de
novos edifícios residenciais na cidade de Cuiabá, dentro do universo da pesquisa.
Da amostra de 74%, divididos entre 9 empresas, elencou-se 2 canteiros de obra por
67
empresa para representar a amostra da pesquisa. No Quadro 8 demonstra-se em
síntese o universo, a amostra e os critérios da pesquisa.
Quadro 8 – Síntese do universo, da amostra e dos critérios de seleção da pesquisa
Universo da pesquisa
24 empresas
Total de obras
61 obras
Critério de seleção
Empresas com obras concluídas
em 2013 e obras em execução e
entrega prevista até março de
2014 (informação pública).
Tamanho da amostra
9 empresas
18 canteiros
33 obras
74%
Representa 74% do universo da
pesquisa
e
elencou-se
2
canteiros por empresa para
representar a amostra.
Amostra da pesquisa
6 empresas
12 canteiros
21 obras
52,3%
Adesão espontânea à pesquisa
com motivação e palestra
associada
ao
convite
do
SindusCon-MT. Dois canteiros
foram indicados por empresa,
dentro dos critérios predefinidos
para
escolha
das
obras,
totalizando 12 canteiros de obra.
Amostra da pesquisa realizada
A adesão das empresas à pesquisa foi espontânea, com motivação e através
de reunião e palestra sobre a pesquisa, associado ao convite do Sindicato das
Indústrias da Construção do Estado de Mato Grosso (SindusCon-MT), para essa
finalidade. Também foi realizado contato direto com o universo das empresas da
pesquisa, principalmente com as empresas não participantes da palestra. Seis
empresas aderiram à pesquisa e juntas representaram 52,3% do total de m² já
levantados anteriormente, 21 obras, definindo-se a amostra do estudo realizado. As
seis empresas pesquisadas indicaram cada uma dois canteiros de obra, atendendo
critérios predefinidos para a pesquisa.
Foram os seguintes os critérios para a escolha das obras pelas empresas:
a) critério número um, que as obras indicadas pela empresa estivessem
sendo executadas dentro dos mesmos padrões e procedimentos técnicos, tanto para
obras convencionais ou de alvenaria estrutural. Considerou-se ainda nesse critério
que as diferenças entre as obras indicadas estavam relacionadas ao gerenciamento
de cada canteiro e ao GRCC, objeto desse estudo. Por essa razão, dois canteiros
representaram a média dos resultados pesquisados por empresa.
b) critério número dois, que a escolha para os dois canteiros por empresa
utilizasse como critério etapas construtivas próximas e, preferencialmente, com
cronogramas de obra mais avançados em função do objeto estudado, resíduos da
68
construção civil. As empresas escolheram e indicaram seus dois canteiros de obra e
procuraram atender aos critérios da pesquisa.
As seis empresas construtoras participantes são de médio a grande porte
pelo faturamento anual e têm atuação nesse segmento da construção civil entre 5 e
30 anos. O público-alvo atendido são consumidores para edificações de padrão
baixo, normal e alto pelos critérios estabelecidos pela NBR 12721/2006 (ABNT,
2006), e parte dessas empresas também atua no segmento de edificações
comerciais e industriais e com número de empregados que varia entre 100 e mais
de 500.
As empresas indicaram canteiros de obra com sistemas construtivos
semelhantes, convencional ou alvenaria estrutural, e apenas uma empresa optou em
indicar uma obra convencional e uma obra em alvenaria estrutural.
As empresas foram identificadas pelas letras A, B, C, D, E, F e cada uma
delas participou da pesquisa com dois canteiros de obra. Os canteiros foram
numerados e identificados para cada empresa seguindo o critério de mesma letra da
empresa seguida pelos números 1 e 2 para identificar o primeiro e o segundo
canteiro por empresa, conforme distribuição apresentada no Quadro 9.
Quadro 9 – Distribuição dos canteiros de obra por empresa
Empresa
Canteiros
3.2
DIAGNÓSTICO
A
A1
DOS
B
A2
B1
CANTEIROS
C
B2
DE
C1
D
C2
OBRA
E
D1
E
D2
F
E1
E2
AVALIAÇÃO
DO
F1
F2
MODELO
DE
GRCC
IMPLANTADO NOS CANTEIROS DE OBRA
Para o diagnóstico dos canteiros de obra e avaliação do modelo de GRCC
implantado nos canteiros, que projetasse a realidade das empresas pesquisadas,
aplicou-se a listagem de melhorias e inovações e os três questionários elaborados
para a pesquisa: percepção do mestre de obra, práticas para GRCC e modelo de
GRCC.
Para caracterizar a realidade dos canteiros de obra das empresas, a pesquisa
foi dividida em primeira e segunda fases. Na primeira fase, através da coleta de
dados, buscou-se identificar e analisar a percepção do mestre de obra, as melhorias
e inovações e as práticas para GRCC implantadas nos canteiros. A partir dessas
69
realidades diagnosticadas foi executada a segunda fase: avaliação do modelo de
GRCC implantado nos canteiros da empresa.
Para o diagnóstico e a coleta de dados da primeira fase foram utilizados:
listagem de melhorias e inovações e os questionários 1 e 2 que continham questões
que antecediam a segunda fase. Na segunda fase, para avaliar o modelo de GRCC,
utilizou-se o questionário 3, e a ordem de aplicação dos instrumentos de coleta de
dados, das duas fases, apresentava uma sequência lógica para o entrevistado. As
respostas obtidas não tinham peso relativo de importância.
Os resultados obtidos foram comparados entre a listagem melhorias e
inovações e o questionário 2 – práticas para GRCC, por canteiro, por empresa e
analisados e discutidos. Também foram comparados, analisados e discutidos os
resultados da primeira fase em relação à segunda fase. Para o questionário 1 percepção do mestre de obra, os resultados alcançados foram analisados e
discutidos separadamente. A Figura 3 mostra o fluxograma da primeira e segunda
fase e das análises comparativas.
Figura 3 – Fluxograma da primeira e segunda fase para diagnóstico do canteiro de obra e avaliação
do modelo de GRCC
PRIMEIRA FASE
DIAGNÓSTICO DO CANTEIRO DE OBRA
Questionário 1 – Percepção do mestre de obra
em relação ao GRCC nos canteiros de obra da
empresa
Aplicação da listagem – Levantamento de
melhorias e inovações tecnológicas simples em
canteiros de obra
Questionário 2 – Levantamento das práticas e
procedimentos para GRCC em canteiros de obra
3.3
SEGUNDA FASE
Questionário 3 – Avaliação do Modelo de GRCC
implantado nos canteiros da empresa
ANÁLISE COMPARATIVA DOS RESULTADOS
LISTAGEM E QUESTIONÁRIOS APLICADOS NOS CANTEIROS DE OBRA
A listagem aplicada nos doze canteiros consistiu em 240 perguntas com
objetivo de levantar as modificações, melhorias e inovações tecnológicas simples
encontradas em canteiros de obra das empresas pesquisadas.
Os questionários aplicados nos doze canteiros de obra continham perguntas
para:
1) Levantar a percepção do mestre de obra em relação ao
gerenciamento de resíduos da construção civil nos canteiros de
obra da empresa;
70
2) Levantar as práticas e os procedimentos para gerenciamento de
resíduos da construção civil em canteiros de obra;
3) Avaliar o modelo de gerenciamento de resíduos da construção
implantado nos canteiros de obra das empresas.
3.3.1 Aplicação
da
listagem
modificações,
melhorias
e
inovações
tecnológicas simples encontradas em canteiros de obra
Para levantamento dos dados foi aplicada a listagem de melhorias e
inovações tecnológicas simples encontradas em canteiros de obra convencionais e
de alvenaria estrutural, apresentada no Anexo I, com 240 questões objetivas e
distribuídas em seis itens para análise:
1) Apoio e dignificação da mão de obra – 43 questões;
2) Organização do canteiro – 73 questões;
3) Movimentação de materiais e deslocamentos internos – 15 questões;
4) Ferramentas, máquinas e técnicas especiais – 51 questões;
5) Segurança do trabalho – 30 questões;
6) Comunicações internas – 28 questões.
Para obtenção dos resultados para os seis itens acima propostos procurou-se
identificar quantitativamente as melhorias e inovações para cada um dos doze
canteiros e a listagem com as 240 questões objetivas e respostas SIM, NÃO e EI
(Em Implantação) foi aplicada em todos os canteiros de obra. As questões da
listagem foram adaptadas à realidade, durante a entrevista, e permitiu diagnosticar
cada canteiro em relação a melhorias e inovações. A aplicação da listagem em
forma de entrevista foi realizada em uma única visita.
Os resultados obtidos para as questões são apresentados quantitativamente
para os seis itens propostos e não têm peso relativo de importância. Foi considerada
apenas a resposta SIM para o resultado final e descartaram-se as respostas NÃO e
EI (Em Implantação), por considerar-se para esse estudo apenas o que existe de
melhorias e inovações nos canteiros, sua realidade no momento da pesquisa.
Para cada um dos seis itens analisados, se todas as questões forem
respondidas com SIM, representa 100% de atendimento ao item analisado. Se as
respostas SIM representarem menos de 50%, o atendimento para o item analisado
foi considerado “insatisfatório”. Se as respostas SIM representarem mais de 50%, o
71
atendimento para o item analisado foi considerado “satisfatório”. Quanto maior o
percentual acima de 50%, maior o atendimento ao item analisado e melhor
qualidade. O mesmo critério foi utilizado para a análise das médias por item, por
canteiro e por empresa.
Buscou-se também, pelo resultado quantitativo final obtido em cada canteiro,
posicionar, comparativamente, o gerenciamento de cada canteiro de obra e de cada
empresa, observando-se a qualidade alcançada, dentro da perspectiva levantada.
3.3.2 Elaboração da Estrutura do Questionário 1
A partir do questionário apresentado por Martins (2012) – Colaboradores, foi
adaptado o questionário 1 – Percepção do Mestre de Obra em Relação ao GRCC,
nos Canteiros de Obra. Para levantamento dos dados, dez questões foram
distribuídas como mostrado no Apêndice B:
1) 8 questões de múltipla escolha;
2) 1 questão objetiva;
3) 1 questão descritiva.
Com as dez questões foi levantada a percepção de 11 mestres de obra para
GRCC nos 12 canteiros pesquisados, sendo que em um canteiro não foi possível
entrevistar o mestre de obra.
Na aplicação do questionário procurou-se obter respostas em relação a:
a) Tempo de trabalho na construção civil e grau de escolaridade, 2
questões – para conhecer o perfil dos entrevistados na pesquisa e
compreender os resultados obtidos nas perguntas do questionário;
b) Separação do lixo na residência, 1 questão – para levantar a
percepção sobre educação ambiental e a responsabilidade em realizar
a separação do resíduo na fonte geradora;
c) Gerenciamento de resíduos da construção civil (GRCC), 6 questões –
para levantar o entendimento, o senso de observação, a percepção do
entrevistado no canteiro de obra sobre gerenciamento de RCC e suas
dificuldades, no dia a dia do canteiro.
d) Medidas para redução do RCC da obra, 1 questão – com resposta
espontânea, para analisar a percepção para soluções diante do
problema do GRCC.
72
3.3.3 Elaboração da Estrutura do Questionário 2
A partir dos questionários de Gehlen (2008) - Sobre Boas Práticas em
Canteiros de Obra; de Oliveira (2011) - Práticas e Procedimentos de Gestão
Ambiental Presentes nos Canteiros da Empresa, Gestão da Matéria Prima, Gestão
de Resíduos e de Tavares (2009) - Gestão dos Resíduos no Canteiro de Obra, foi
adaptado o questionário 2 – Levantamento de Práticas e Procedimentos para
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil em Canteiros de Obras.
Para levantamento dos dados foram elaboradas 89 questões, distribuídas
como mostrado no apêndice C :
1) 66 questões objetivas;
2) 14 questões descritivas;
3) 5 questões de múltipla escolha;
4) 4 questões para escolha pela importância que ocorrem.
Essas questões foram agrupadas em sete itens, para análise:
1) Percepção das políticas ambiental e de qualidade da empresa – 10
questões;
2) Práticas e procedimentos relacionadas ao gerenciamento de resíduos
da construção civil (GRCC) – 27 questões;
3) Plano de GRCC, caracterização e triagem de resíduos da construção
civil (RCC) – 15 questões;
4) Acondicionamento e/ou armazenamento temporário de RCC – 11
questões;
5) Transporte e destinação final de resíduos – 19 questões;
6) Grau de dificuldade e hierarquia de medidas eficientes para GRCC no
canteiro de obra – 2 questões;
7) Principais ocorrências de perdas e desperdícios e inovações
tecnológicas implantadas para minimizar perdas e desperdícios nos
canteiros – 5 questões.
Os resultados obtidos para as questões são apresentados quantitativamente
para os cinco itens propostos e não têm peso relativo de importância. Foi
considerada apenas a resposta SIM para o resultado final e foram descartadas as
respostas NÃO, por considerar-se para este estudo apenas o que existe de práticas
e procedimentos para GRCC nos canteiros, sua realidade no momento da pesquisa.
73
Para os cinco primeiros itens analisados, se todas as questões forem
respondidas com SIM, representa 100% de atendimento ao item analisado. Se as
respostas SIM representarem menos de 50%, o atendimento para o item analisado
foi considerado “insatisfatório”. Se as respostas SIM representarem mais de 50%, o
atendimento para o item analisado foi considerado “satisfatório”. Quanto maior o
percentual acima de 50%, maior o atendimento ao item analisado e melhor
qualidade. O mesmo critério foi utilizado para a análise das médias por item, por
canteiro e por empresa.
Para os cinco primeiros itens propostos, procurou-se identificar em cada
canteiro de obra:
1) Percepção das políticas ambiental e de qualidade da empresa – a
clareza nas diretrizes ambiental e de qualidade propostas pela
empresa construtora;
2) Práticas e procedimentos relacionadas ao gerenciamento de resíduos
da construção civil (GRCC) – se as principais práticas e procedimentos
no canteiro de obra relacionadas a resíduos estão integradas ao
GRCC, visando minimizar RCC e envolvendo os demais setores
responsáveis pela produção do edifício: projeto, planejamento,
orçamento,
logística,
controle
e
monitoramento,
treinamento,
terceirizados, diretrizes ambientais da empresa, além do próprio
canteiro de obra, entre outros;
3) Plano de GRCC, caracterização e triagem de resíduos da construção
civil (RCC) – se a empresa elaborou um plano de GRCC para seus
canteiros de obra, se as etapas caracterização e triagem de RCC estão
de acordo com a legislação vigente e identifica como as etapas estão
sendo realizadas no canteiro de obra;
4) Acondicionamento e/ou armazenamento temporário de RCC – se essa
etapa está de acordo com a legislação vigente e identifica como está
sendo realizada no canteiro de obra;
5) Transporte e destinação final de resíduos – se essas etapas estão de
acordo com a legislação vigente, se são monitoradas pela empresa
construtora e gerenciadas quanto a reutilização, reciclagem e outras
destinações finais para os RCC e identifica como está sendo realizada
no canteiro de obra.
74
Para o item 6) Grau de dificuldade e hierarquia de medidas eficientes para
GRCC no canteiro de obra, primeiro identificou-se o grau de dificuldade para GRCC,
pela percepção do engenheiro responsável pela obra quanto ao gerenciamento de
RCC, e escolha de uma das cinco opções formuladas. Em seguida, foram
identificadas as medidas eficientes para GRCC no canteiro pesquisado, sob a ótica
do engenheiro responsável pela obra. O engenheiro, além de identificar as medidas,
indicou a hierarquia de aplicação dessas medidas.
Para o item 7) Principais ocorrências de perdas e desperdícios e inovações
tecnológicas implantadas para minimizar perdas e desperdícios nos canteiros –
buscou-se identificar as principais ocorrências de perdas e desperdícios e seu nível
de importância de ocorrência, bem como quais inovações tecnológicas estão
implantadas e relacionadas à minimização de RCC, no canteiro.
Na obtenção dos resultados referentes às Práticas para GRCC, questionário 2
aplicado nos doze canteiros, foram realizadas cinco análises:
i.
Primeira análise – o resultado final obtido em cada um dos cinco
primeiros itens de práticas para GRCC e a média obtida, por canteiro e
por empresa, avalia a qualidade dessas práticas, compara e posiciona
o canteiro de obra e a empresa em relação às empresas concorrentes,
bem como avalia os canteiros da mesma empresa. Os resultados das
questões 1.10 - A empresa possui qual Programa ou Certificado? e 6.1
- Grau de dificuldade para GRCC, bem como o resultado obtido pela
aplicação da listagem melhorias e inovações, também fazem parte da
primeira análise, por canteiro, por empresa e para avaliação geral dos
resultados.
ii.
Segunda
análise
–
os
resultados
obtidos
para
Dificuldades
Relacionadas ao GRCC em cada canteiro, questões descritivas, foram
apresentados pela frequência de ocorrência e posiciona as empresas
para suas dificuldades específicas e para as comuns, nesse segmento
da construção.
iii.
Terceira análise – os resultados obtidos para ocorrências relacionadas
a perdas e desperdícios em cada canteiro, questões com escolha pela
importância que ocorrem, foram apresentados pela frequência de
ocorrência e posicionam as empresas quanto às ocorrências de
perdas e desperdícios, específicas e comuns, nesse segmento da
75
construção.
O
resultado
obtido
para
inovações
tecnológicas
implantadas para minimizar perdas e desperdícios foi apresentado em
forma de listagem, para disseminar a informação sobre inovações
presentes nos canteiros.
iv.
Quarta análise – o resultado obtido para medidas hierarquizadas
eficientes para GRCC foi apresentado em forma de listagem com as
medidas distribuídas pelas respectivas prioridades indicadas nas
respostas. Entende-se que medidas eficientes são encaminhamentos
para serem analisados, revisados, acrescentadas novas medidas,
para decisão a curto e médio prazo e com objetivo de obter soluções
para a empresa; esses resultados foram associados aos obtidos pela
empresa na terceira análise (iii).
v.
Quinta análise – o resultado obtido para o índice de geração de
resíduo
(IGR)
informa
a
quantidade
de
m³
de
resíduo
destinado/removido por m² construído por canteiro e compara e
posiciona o canteiro e a empresa em relação às empresas
concorrentes, bem como em relação aos seus próprios canteiros. Com
esse resultado calculou-se o valor de RCC destinado/removido em
kg/m² construído, por canteiro, e fez-se a comparação de todos os
resultados. O valor médio de todos os canteiros de obra para RCC
removido em kg/m² representou o valor para a cidade de Cuiabá, para
novas edificações residenciais. Calculou-se também o IGR para uma
obra por empresa, nos anos de 2011, 2012 e 2013, e comparando-se
os valores obtidos por obra concluída/ano, verificou-se a evolução do
IGR para um decréscimo esperado de 10% por empresa/ano.
Os resultados de outras questões do questionário 2 foram incluídos na análise
descritiva dos resultados finais da pesquisa.
A estrutura do questionário 2 segue uma lógica, por tema, com sequência
facilitadora para o entrevistado. É fundamental que o entrevistador esteja preparado
para a entrevista, com conhecimento sobre o tema principal, gerenciamento de
RCC. O entrevistador deve munir-se de todo material técnico que possa esclarecer
as dúvidas do engenheiro entrevistado e motivá-lo para a entrevista, incluído aí a
legislação vigente.
76
A entrevista foi realizada em uma única visita e, quando possível, o canteiro
foi fotografado nesse dia. Quando necessário, fez-se uma segunda visita para sanar
dúvidas, e nessa visita fotografou-se o canteiro, caso não tenha sido ainda
registrado. Com o registro fotográfico foi estabelecida a memória do canteiro
pesquisado para garantir coerência, nas análises finais da pesquisa.
3.3.4 Elaboração da Estrutura do Questionário 3
A partir da metodologia de avaliação da sustentabilidade ambiental para
canteiros de obra durante a fase de execução de uma edificação, denominada ECO
OBRA, de OLIVEIRA (2011), foi adaptado o questionário 3 - Avaliação do Modelo de
Gerenciamento de RCC Implantado nos Canteiros da Empresa – com 23 questões
reunidas em quatro categorias, como mostrado no apêndice D:
1) Categoria 1, trata da relação da implantação do edifício com seu
entorno, com três questões;
2) Categoria 2, trata das escolhas dos sistemas e processos construtivos
e produtos de construção, com dez questões;
3) Categoria 3, trata da otimização e valorização de RCC gerados durante
a produção do edifício, com três questões;
4) Categoria 4, trata da otimização das etapas de gerenciamento de RCC,
com 7 questões.
Para as 23 questões apresentadas, a metodologia propõe até cinco opções
de respostas e apenas uma delas deve ser escolhida.
A metodologia de avaliação propõe, ainda, para os critérios de pontuação das
respostas (R1), (R2), (R3), (R4) e (R5), o mesmo padrão do autor OLIVEIRA (2011).
As notas para as respostas são 0,0 (zero), 2,5 (dois e meio), 5,0 (cinco), 7,5 (sete e
meio) e 10,0 (dez) respectivamente para (R1), (R2), (R3), (R4) e (R5), como
demonstrado com a questão 6 da avaliação. Para as empresas que deixaram
alguma questão da avaliação em branco, o critério de pontuação foi considerar a
resposta como R1, de valor 0,0 (zero).
“Questão 6 - O cimento utilizado no canteiro de obra possui selo da ABCP?”
(R1) Não possui selo da ABCP – Nota 0,0 (zero)
(R2) Não possui selo da ABCP mas adquire eventualmente com selo – Nota 2,5
(R3) Compra com selo e sem selo da ABCP – Nota 5,0
77
(R4) Possui selo da ABCP mas adquire eventualmente sem selo – Nota 7,5
(R5) Possui selo ABCP – Nota 10,0
A Avaliação do Modelo de GRCC de cada canteiro, a partir das respostas
obtidas, analisa as ações e implementações pela empresa com impactos ambientais
positivos para não geração e/ou redução de RCC, integrando o canteiro de obra e a
empresa à cadeia produtiva da construção e conceitua o canteiro, avaliando seu
modelo de gerenciamento de RCC, a partir de sua contribuição para com as
mudanças necessárias no setor, em relação a RCC.
Para cada uma das quatro categorias propostas para análise procurou-se
identificar em cada canteiro de obra:
i.
Relação da implantação do edifício com seu entorno – a avaliação da
relação da implantação do canteiro de obra no terreno e os impactos
causados sobre o entorno da obra (OLIVEIRA, 2011). A avaliação é o
resultado das questões:
Questão 1 - É pensado na prevenção do risco de inundação nas áreas
suscetíveis, limitando a propagação de poluentes que contribuem para o
entupimento das galerias de águas pluviais?
Questão 2 - Durante a implantação de um novo empreendimento há grande
liberação de material particulado que prejudica o meio ambiente da vizinhança.
Existe algum procedimento para minimizar este impacto?
Questão 3 - São tomadas medidas preventivas para evitar risco de
contaminação sanitária aos vizinhos do novo empreendimento?
ii.
Escolhas dos sistemas e processos construtivos e produtos de
construção – durante a produção do edifício vários sistemas e
processos construtivos, bem como produtos podem ser utilizados, em
busca de prazos menores de execução, de maior racionalização
construtiva, na redução de impactos ambientais de exploração das
matérias-primas, na garantia da qualidade, na utilização de materiais
reciclados e/ou com certificação de qualidade. A avaliação foi feita
nessa categoria pela escolha do sistema construtivo que priorizasse a
durabilidade
na
escolha
dos
produtos
de
construção
e
na
adaptabilidade, pensando em não gerar e/ou reduzir RCC (OLIVEIRA,
2011). A avaliação é o resultado das questões:
78
Questão 4 - Os produtos especificados para os sistemas e processos
construtivos do empreendimento são provenientes de empresas que possuem o selo
de qualidade ISO 14000?
Questão 5 - O produto selecionado quando não possui selo de qualidade tem
que possuir pelo menos uma das opções abaixo?
Questão 6 - O cimento utilizado no canteiro de obra possui selo da ABCP?
Questão 7 - É feita uma seleção adequada dos materiais e fornecedores
levando em consideração a redução dos impactos ambientais na sua produção,
especialmente aquelas relacionadas à emissão de gases contribuintes?
Questão 8 - A empresa tem conhecimento das características ambientais da
fabricação e utilização dos diversos tipos de cimento? Solicita um cimento que cause
menos impacto ambiental durante o processo de fabricação?
Questão 9 – Em média, a empresa compra os materiais de construção de
fabricantes e fornecedores em geral localizados em um raio menor de 800 km do
local da obra?
Questão 10 - A empresa compra madeira certificada ou de reflorestamento?
Questão 11 - A empresa sabe a procedência dos agregados? Os agregados
utilizados nos canteiros de obra são materiais reciclados?
Questão 12 - A empresa utiliza sistema de aço cortado dobrado? Caso não
utilize este sistema, a empresa reutiliza os resíduos de aço?
Questão 13 - Durante a execução do revestimento cerâmico de piso ou de
parede, a empresa executa projetos detalhados de paginação a fim de evitar
desperdício? Se não, é feito um estudo de início de partida para execução do
revestimento? O resíduo do revestimento cerâmico é aproveitado para alguma outra
finalidade? As embalagens dos revestimentos cerâmicos são recicladas ou
reutilizadas dentro ou fora do canteiro?
iii.
Otimização e valorização de RCC gerados durante a produção do
edifício – nessa categoria, a avaliação visa verificar a não geração e/ou
redução desses resíduos durante a produção do edifício, incluídos aí a
redução dos incômodos, como poluição e consumo exagerado
causados pelos canteiros (OLIVEIRA, 2011). A avaliação é o resultado
das questões:
79
Questão 14 - Durante as etapas de execução são tomadas medidas para
reduzir a produção de resíduos na origem ou tem reaproveitamento dentro do
canteiro de obra de pelo menos 50% dos resíduos durante a fase de construção?
Questão 15 - A empresa utiliza a ferramenta P+L (Produção mais Limpa) ou
algum outro tipo de ferramenta para diagnosticar as causas das perdas e geração de
resíduos?
Questão 16 - É feita uma definição e implementação de estratégia de meios
permitindo limitar os incomôdos do canteiro com medidas justificadas e satisfatórias,
tais como: incômodos sonoros, incômodo visual, incômodos devido à circulação de
veículos, incômodos devido ao material particulado, à lama, aos derramamentos de
concreto?
Questão 17 - É feita uma definição e implementação de uma estratégia de
meios permitindo limitar a poluição causada pelo canteiro com medidas justificadas e
satisfatórias tais como: poluição do solo e subsolo, poluição da água, poluição do
ar?
iv.
Otimização das etapas do gerenciamento de RCC – nessa categoria
busca-se avaliar se no canteiro estão implantadas as etapas para o
gerenciamento de resíduos gerados, bem como seu tratamento e
controle. Avalia-se ainda se a empresa prepara os colaboradores para
essa tarefa. A avaliação é o resultado das questões:
Questão 18 - A empresa ministra palestra de conscientização sobre resíduos
da construção civil e seu gerenciamento nos canteiros de obra?
Questão 19 - A empresa classifica os resíduos provenientes da fase de
execução por sua natureza?
Questão 20 - Durante as etapas construtivas de uma edificação sempre há
geração de resíduos. É feita a classificação de resíduos pela etapa de produção de
serviços?
Questão 21 - Existem medidas para favorecer a triagem na fonte geradora?
Estimular a triagem de resíduos na fonte geradora?
Questão 22 - A empresa/canteiro de obra conhece a destinação final dos seus
resíduos?
Questão 23 - O canteiro de obra consegue cumprir e assegurar quais dessas
etapas
para
o
gerenciamento
de
resíduos
da
construção
civil
(GRCC):
80
Caracterização,
Triagem,
Acondicionamento/Armazenamento
Temporário,
Transporte, Destinação Final?
A entrevista foi realizada em uma única visita e as questões que se
relacionavam com setores da empresa como suprimentos/compras e qualidade
foram encaminhadas à empresa pelo engenheiro responsável pela obra e as
respostas enviadas por e-mail. Todas as entrevistas foram realizadas pela autora
nos canteiros de obra.
3.4
CRITÉRIO
DE
PONTUAÇÃO
E
CLASSIFICAÇÃO
PARA
AVALIAÇÃO
DO
MODELO
DE
GERENCIAMENTO DE RCC IMPLANTADO NOS CANTEIROS DE OBRA
Para o resultado final da Avaliação do Modelo de GRCC, calculou-se a média
dos resultados obtidos nas quatro categorias avaliadas e foi gerada uma nota média
final, para o modelo de GRCC implantado no canteiro de obra.
Essa nota média final por canteiro foi comparada ao critério de pontuação e à
conceituação preestabelecidos e a classificação foi obtida, para o modelo de GRCC
implantado em cada canteiro de obra.
A Figura 4 apresenta o fluxograma geral para avaliação do modelo de GRCC
implantado no canteiro de obra.
Figura 4 – Fluxograma geral da estrutura de pontuação e avaliação do modelo de GRCC implantado
nos canteiros de obra
Nota da
Categoria 1
Nota da
Categoria 2
Nota da
Categoria 3
Nota da
Categoria 4
Cálculo da Média
das 4 Categorias
Nota Final para
Avaliação do Modelo de GRCC
Implantado no Canteiro de Obra
O Quadro 10 apresenta o critério de pontuação, conceituação e classificação
para avaliação do modelo de gerenciamento de RCC, implantado no canteiro de
obra.
81
Quadro 10 – Critério para avaliação do modelo de gerenciamento de RCC
Pontuação para Avaliação do
Gerenciamento de RCC
Conceituação e Classificação do Modelo de
Gerenciamento de RCC
se Média < 5,0
Insuficiente (I)
5,0 ≤ Média < 7,5
Regular (R)
7,5 ≤ Média < 9,0
Bom (B)
Média ≥ 9,0
Muito Bom (MB)
Fonte: Adaptado de OLIVEIRA (2011)
Pelo mesmo critério de classificação, para um canteiro de obra com uma
pontuação média igual ou superior a 7,5 considera-se que a aplicação do modelo
de gerenciamento de RCC no canteiro gera impactos ambientais positivos e
contribui para a não geração e/ou redução de RCC, inclusive na cadeia produtiva
da construção, mas com possibilidade de melhoria para o modelo. Para as
categorias 1, 2, 3 e 4 avaliadas a pontuação igual ou superior a 7,5 reflete as ações
possíveis e já realizadas no canteiro de obra.
Para as pontuações médias inferiores a 7,5 e maiores que 5,0 a metodologia
de avaliação considera que cada canteiro deve ser analisado, para detectar e
encontrar soluções possíveis em cada obra, dentro da realidade do canteiro e da
empresa, qualificando-o para um melhor gerenciamento de RCC.
Para os canteiros classificados com pontuação inferior a 5,0 considera-se
que esses canteiros geram impactos ambientais negativos em relação a resíduos
da construção civil e que estratégias e ações para reduzir esses impactos devem
ser analisadas e implementadas com urgência pelas empresas.
Em uma avaliação final, a classificação obtida pelo canteiro de obra para o
modelo de GRCC implantado deve ser associada:
a) ao grau de dificuldade declarado pelo engenheiro responsável pela obra,
para GRCC;
b) ao levantamento das dificuldades relacionadas a GRCC;
c) à hierarquia de medidas eficientes para o GRCC e declaradas pelo
engenheiro responsável pela obra.
Entende-se que o resultado obtido pela aplicação da ferramenta de análise
dessa pesquisa, que classifica o modelo de GRCC para obras em execução, serve
como unidade de medida da atividade em relação à sustentabilidade ambiental do
82
canteiro de obra e constata os padrões observados para o GRCC. A partir desse
indicador para GRCC, do grau de dificuldade declarado, das dificuldades e da
hierarquia de medidas levantadas, é possível compreender o resultado, reavaliar a
atividade e buscar soluções dentro da realidade de cada empresa e para os atuais e
futuros canteiros de obra. É possível construir um banco de dados para a empresa
acompanhar os resultados das novas estratégias implementadas em seus canteiros,
e mensurar ganhos e perdas, quantitativas, qualitativas e financeiras.
3.5
EVOLUÇÃO
DO
ÍNDICE
DE
GERAÇÃO
DE
RESÍDUOS
POR
EMPREENDIMENTO
E
EMPRESA (IGR) NO PERÍODO 2011-2013
Para construir o índice de geração de resíduos (IGR) e analisar sua evolução
por empresa, foi estabelecido para análise o período de 2011 a 2013, que
representou um período atual para um tema atual.
Para o cálculo do índice de geração de resíduos (IGR) para a obra
pesquisada e em execução foi considerado o total de RCC destinado/removido em
m³ até a conclusão da obra e o total de área construída em m² do empreendimento.
Todo RCC em m³ para cálculo do IGR tem destinação final comprovada pelo
documento CTR (Controle de Transporte de Resíduos) e o volume em m³ do total
destinado/removido até a fase da obra pesquisada, acrescido do volume total
estimado em m³ até o final da obra, foi levantado pela pesquisa junto aos
engenheiros responsáveis pela obra ou áreas responsáveis da empresa. A
destinação final, do total do volume em m³, para todas as obras é a área de
transbordo e triagem (ATT) da empresa ECOAMBIENTAL, em Cuiabá, como
declarado para a pesquisa.
Para o cálculo do IGR por empreendimento/empresa e por ano pesquisado,
foi utilizada a equação (1).
IGR empresa/ obra/ ano =
Volume final RCC gerado e destinado a ATT (m3 )
(1)
Área total construída do empreendimento (m2 )
Para o cálculo do IGR das obras, considerou-se os dois canteiros
pesquisados por empresa. Para o cálculo do IGR 2011 e 2012 foram escolhidas
obras similares, residenciais de múltiplos pavimentos, uma obra por ano pesquisado,
para compor a análise do período e os dados foram fornecidos pelas empresas.
83
Para os IGR’s obtidoss, calculou-se a quantidade de RCC removido em kg/m²
construído e verificou-se o comportamento de RCC destinado/removido por canteiro
e por empresa, tanto das obras em execução como das obras concluídas no período
2011-2013. Também foi possível associar o resultado de RCC em kg/m², por
canteiro e por empresa, à avaliação final do modelo de GRCC implantado nos
canteiros, ampliando a análise para suporte às decisões e estratégias empresarias
para o tema estudado.
3.5.1 Cálculo do total de RCC destinado/removido em kg/m² construído por
obra e por empresa
A partir do resultado do IGR por empreendimento em m³/m² foi calculado o
total de RCC destinado/removido por obra, em kg/m² construído. Durante a pesquisa
foi considerado para esse cálculo que os resíduos foram retirados da obra em
caçambas de 5 m³. Para calcular a quantidade de RCC removido em cada canteiro
em kg/m2 construído foi utilizado o peso médio de uma caçamba de 5 m3 de RCC
retirado da obra, ou seja: 5.000 kg ou 5 toneladas. O peso médio da caçamba de 5
m3 de RCC foi informado pelas empresas ECOAMBIENTAL (ATT de Cuiabá) e por
uma transportadora de RCC. Considerou-se então para esse cálculo que 1 m³ de
RCC pesa, em média, 1000 kg/m3.
Com os valores calculados em kg/m² por canteiro, foi obtido o valor médio de
RCC em kg/m², e considerou-se esse valor como representativo para a cidade de
Cuiabá e para o segmento de novas edificações residenciais de múltiplos
pavimentos. O valor obtido pela pesquisa, que utilizou dados fornecidos pelas obras,
foi comparado:
a) Ao valor referência da Prefeitura Municipal de Cuiabá indicado no modelo
para Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, novas
edificações, na obtenção de alvará de obra;
b) Ao valor nacional calculado por Pinto (2005) que utiliza registros de
Prefeituras Municipais no Brasil e está relacionado à aprovação de
projetos de edificação (alvarás de construção).
84
3.6
COMPARATIVO FINAL ENTRE TODOS OS ASPECTOS MEDIDOS
A análise comparativa entre os resultados finais de melhorias e inovações,
práticas para GRCC, modelo de GRCC e o total de RCC removido em kg/m², entre
as empresas que atuam no segmento de construção de novas edificações
residenciais de múltiplos pavimentos na cidade de Cuiabá, procurou identificar o
nível de qualidade para o setor, pelos valores médios obtidos na pesquisa.
85
4
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A apresentação dos resultados e discussões segue a sequência de aplicação
nos canteiros de obra tanto para a listagem melhorias e inovações e como para os
questionários 1, 2 e 3. Os resultados foram apurados e apresentados
concomitantemente às discussões e obedecendo à sequência de aplicação já citada.
Os resultados também seguem a ordem dos subtítulos apresentados na listagem e
questionários.
Segue-se aos resultados apurados para o índice de geração de resíduo - IGR
(m³/m²) e para a quantidade de resíduo removido em quilogramas por metro
quadrado construído (kg/m²), por canteiro, um outro resultado: evolução do IGR por
empresa e canteiro ou quantidade de resíduo removido em kg/m² construído, no
período 2011-2013.
4.1
PERCEPÇÃO DO MESTRE DE OBRA EM RELAÇÃO AO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA
CONSTRUÇÃO CIVIL NOS CANTEIROS DA EMPRESA
Para conhecer a percepção do mestre de obra em relação a educação
ambiental, responsabilidade em realizar a separação do resíduo na fonte geradora e
gerenciamento de resíduos da construção civil, foi aplicado o questionário 1 aos
mestres nos canteiros da empresa, e os resultados são apresentados na sequência
das questões propostas.
Para a questão 1) tempo de trabalho na construção civil para os mestres de
obra, apresenta-se os resultados na Figura 5. É possível observar que a maioria dos
entrevistados, 55%, trabalha na construção civil entre 20 e 30 anos.
Figura 5 – Tempo de trabalho na construção civil
55%
27%
9%
9%
0
1 a 5 anos
5 a 10 anos
10 a 20 anos
20 a 30 anos
Mais de 30
anos
86
Em seguida aparecem os mestres que trabalham na construção entre 10 e 20
anos, 27%. Com esses resultado é possível observar que a maioria dos mestres
entrevistados tem experiência de trabalho na construção civil na faixa entre 10 e 30
anos e representam 82% da mão de obra empregada nos canteiros em que foram
feitas as entrevistas.
Para a questão 2) grau de escolaridade, os mestres de obra em sua maioria,
42%, possuem fundamental completo e 25% técnico completo. Esses entrevistados
reunidos representam 67% do nível de escolaridade dos mestres de obra nos
canteiros e outros 25% têm fundamental incompleto. Fica evidenciado que nos
canteiros de obra pesquisados trabalha-se com maioria da mão de obra com grau de
escolaridade completo, como demonstra a Figura 6.
Figura 6 – Grau de escolaridade
42%
25%
25%
8%
0%
0%
As percepções dos entrevistados para a questão 3) separação do lixo
residencial estão mostradas na Figura 7. O resultado demonstra que 55% dos
entrevistados não faz a separação do lixo da sua casa e justificam informando que
as Prefeituras dos municípios de Cuiabá e Várzea Grande, onde residem, não fazem
a coleta seletiva e, consequentemente, não adiantaria separar o lixo porque não tem
para quem repassar lixo separado. Um entrevistado cita a falta de cobrança pela
Prefeitura para a separação e outro aguarda a implantação da coleta seletiva para
iniciar a separação de seu lixo residencial. Esses resultados indicam que o grau de
informação sobre a responsabilidade do gerador do resíduo na separação do lixo,
87
para promover uma ação ambientalmente adequada, segundo os mestres, ainda
está vinculado a terceiros.
Figura 7 – Você faz a separação do lixo da sua casa?
55%
45%
SIM
NÃO
Os outros 45% dos mestres entrevistados separam o lixo residencial e a
justificativa para fazer essa separação está relacionada a limpeza e higiene, ao meio
ambiente e reciclagem e recicladores, o que evidencia o grau de informação a que
esses colaboradores estão expostos. Analisando esse resultado de 45% e cruzando
com o nível de escolaridade dos entrevistados, encontramos os que fazem a
separação: a) 100% do nível médio ou técnico completo; b) 33% do nível
fundamental incompleto; c) 20% do fundamental completo. Esses resultados
evidenciam que quanto melhor o grau de escolaridade, melhor também o grau de
informação para gerar atitudes e percepções em relação ao meio ambiente.
A questão 4) solicita a opinião do mestre para a quantidade de lixo (resíduo)
gerado na obra: 55% dos entrevistados opinaram como grande a quantidade de lixo
gerado e 27% opinaram como muito grande. Dentro do universo de 55%, grande
quantidade, 67% dos mestres declaram preocupação média, 17% preocupação
grande e outros 17% a preocupação é muito grande em relação á quantidade de lixo
(resíduo) gerado na obra.
Para 27% dos mestres de obra que acham a quantidade de lixo gerada muito
grande, 100% declaram ter uma grande preocupação com o assunto. De maneira
geral, a maioria dos mestres de obra acham que a quantidade de lixo gerada na
obra está entre grande (55%) e muito grande (27%), o que evidencia um bom nível
de percepção, observação e consciência ambiental. Os resultados correspondem à
Figura 8.
88
Figura 8 – Quantidade de lixo (resíduo) gerado na obra
55%
27%
9%
9%
0%
Muito
Grande
Grande
Normal
Pequena
Muito
Pequena
Na pergunta 5) o que você entende por gerenciamento de resíduos da
construção civil, todas as respostas disponibilizadas são corretas mas não
completas. Pode-se optar por escolher mais de uma resposta e, nesse caso, elas
podem ser complementares. E a escolha pode recair sobre a resposta completa,
apenas uma das opções, onde o conceito de gerenciamento de resíduos da
construção civil atende aos seus objetivos em relação à operacionalização do
processo. Das respostas obtidas o que é possível analisar é que a grande maioria
dos entrevistados, 65%, não sabe a completa definição de GRCC e respondem
tratar-se ou de limpeza do canteiro de obra (36%) e/ou destino correto dos resíduos
(29%), como mostrado na Figura 9.
Figura 9 – O que você entende por gerenciamento de resíduos da construção civil
29%
14%
Amazenamento em
caçambas e
containers
Destino correto
Limpeza do canteiro
de obras
Todas as
alternativas acima
7%
Separação dos
vários tipos de lixos
14%
36%
A
B
C
D
E
Esse resultado é muito importante porque evidencia para as empresas que
para implantar gerenciamento de resíduos da construção civil em seus canteiros de
obra, de maneira correta, é necessário promover seus mestres de obra à condição
89
de multiplicadores da correta informação, para atender toda a equipe de
colaboradores diretamente vinculada ao mestre e ao processo operacional do
GRCC.
Para a questão 6) quais fatores que dificultam a separação dos resíduos
gerados durante a execução dos serviços na obra, os resultados são apresentados
na Tabela 1 com frequência absoluta (FA) e frequência relativa (FR).
A análise da Tabela 1 para as respostas dadas a essa questão, dificuldades
para separação dos resíduos, considera o grande número de opções que os mestres
de obra tiveram para escolha de mais de uma opção como resposta, bem como para
o grau de preocupação. Assim, tornou-se possível inferir pelos resultados
demonstrados e muito próximos, que os nove fatores propostos são importantes ou
que não existe clareza para os entrevistados sobre quais fatores mais dificultam. O
fator que ocupa o primeiro lugar é a falta de conscientização ambiental por parte dos
colaboradores na execução dos serviços na obra, com 14%, o que evidencia a boa
escolaridade dos mestres de obra para obtenção dessa percepção, confirmando
resultado anterior.
Tabela 1 – Fatores que
execução dos serviços na obra
dificultam
a
separação
dos
resíduos
Fatores
a)
b)
c)
d)
e)
f)
g)
h)
i)
Diminui a produção na obra
Trabalho não remunerado
Falta de tempo
Falta de conscientização ambiental
Falta de regras da empresa
Falta de incentivos
Ausência de treinamento
Faltam locais específicos para acondicionamento na obra
Outras prioridades da obra
Total
gerados
FA
5
4
5
6
5
5
4
5
4
43
durante
a
FR(%)
12
9
12
14
12
12
9
12
9
100
O resultado de 14% para falta de conscientização ambiental por parte dos
colaboradores também sugere ausência de uma política de educação ambiental no
canteiro que propicie mudanças de forma continuada, integrando com clareza GRCC
aos serviços executados na obra.
Fatores com mesmo resultado em 12%, tais como: diminui a produção na
obra, falta de tempo, falta de regras da empresa, falta de incentivos e de locais
específicos para acondicionamento na obra, sugerem que os mestres não estão
familiarizados com GRCC e confirma o resultado anterior: GRCC é percebido como
90
limpeza do canteiro e destinação final dos resíduos. Esse resultado de 12% também
evidencia que os fatores vinculados à empresa: diminui a produção na obra, falta de
tempo, de regras e de incentivos, bem como falta de locais para acondicionamento.
Quando essas dificuldades são comparadas à definição de gerenciamento de RCC,
sugere ausência de um plano de GRCC no canteiro.
Todos os fatores que apresentam resultados entre 12% e 14%, quando
somados, representam 74% de todas as dificuldades apresentadas. Os resultados
com valor igual a 9%, tais como: trabalho não remunerado, ausência de treinamento
e outras prioridades da obra, contribuíram para incluir todos os nove fatores como
importantes em razão da variação mínima e máxima, 9% e 14%, entre os resultados.
Para os mestres, o grau de preocupação pesquisado alcançou 32% para todos os
fatores e foi considerado muito grande.
Para a questão 7) fatores que dificultam o correto armazenamento dos
resíduos no canteiro de obra, seus resultados são apresentados na Tabela 2 com
frequências absoluta (FA) e relativa (FR).
Destacaram-se como fatores preponderantes para dificuldade com o correto
armazenamento dos resíduos, a falta de espaço no canteiro de obra com 18% e a
ausência de treinamento e a falta de conscientização ambiental com 13%.
Confirmou-se resultado da questão 2, escolaridade dos mestres de obra, pela
percepção dos mesmos quanto à falta de conscientização ambiental dos
colaboradores. Fica evidenciada a falta de planejamento na implantação do canteiro
para resultados como a falta de espaço no canteiro e a falta de treinamento.
Tabela 2 – Fatores que dificultam o correto armazenamento dos resíduos no canteiro de obra
Fatores
FA FR(%)
8
18
a) Falta de espaço no canteiro de obra
5
11
b) Falta de infraestrutura necessária
3
7
c) Falta de recursos financeiros
6
13
d) Ausência de treinamento
6
13
e) Falta de conscientização ambiental
4
9
f) Falta de regras da empresa
4
9
g) Falta de incentivos
3
7
h) Trabalho não remunerado
3
7
i) Custos de caçambas, containers etc.
3
7
j) Outras prioridades da obra
Total
45
100
A falta de infraestrutura necessária, com 11%, confirma o resultado anterior
da questão 6): faltam locais específicos para acondicionamento na obra. Na tabela 2
91
os quatro fatores entre 18% e 11%: falta de espaço no canteiro de obra, ausência de
treinamento, falta de conscientização ambiental e falta de infraestrutura necessária
somados totalizam 55% das dificuldades encontradas e confirmam resultados
obtidos na questão 6.
Com resultados abaixo de 10% aparecem a falta de regras e de incentivos,
falta de recursos financeiros, trabalho não remunerado, custo de caçambas e outras
prioridades da obra, quando somados, representam 45% das dificuldades.
Evidencia-se que o resultado de 45% para esses seis fatores pode ser consequência
do resultado anterior de 55% para os outros quatro fatores a), b), d), e): falta de
espaço no canteiro de obra, falta de infraestrutura necessária, ausência de
treinamento e de conscientização ambiental. Para os mestres de obra o maior
resultado para grau de preocupação é de 38% para preocupação muito grande
envolvendo os dez fatores pesquisados e o fator falta de espaço no canteiro de obra
ocupa 13% desse total.
Na questão 8) qual deveria ser o destino dado para os resíduos da obra, 20%
indicaram empresas de coleta como destino, 18% reutilização na própria obra, 15%
reciclagem, 12% aterros de inertes e 10% ecopontos do município. O resultado
surpreende positivamente tanto pela percepção e conscientização ambiental como
pela confirmação da própria definição de GRCC. Esses resultados citados,
somados, representam 75% dos destinos para RCC escolhidos pelos entrevistados,
conforme destacados na Figura 10. Surpreende negativamente que 25% deles
indiquem destinos incorretos (colunas claras da Figura 10) tais como: terrenos
baldios, aterro sanitário, lixeira, margem de córrego, rio, lagoa, o que pode ser
indício quanto ao nível de compreensão em relação ao tratamento final para
resíduos gerados na obra, embora 15% apontem a reciclagem como destino. O grau
de preocupação pesquisado entre os mestres para essa questão apontou uma
preocupação muito grande em relação aos fatores de destino para RCC, atingindo
53%. Os resultados estão indicados na Figura 10.
92
Figura 10 – Destino dado para os resíduos da obra
20%
18%
15%
12%
10%
Ecopontos do município
Aterros sanitários
Lixeiras
Aterros de inertes
Margem de rios, córregos,
lagoas
Reciclagem
5%
Pedreiras desativadas ou
em funcionamento
5%
Empresas de coleta
5%
Terrenos baldios
5%
Reutilização na própria
obra
5%
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
Na questão 9) quando a limpeza da obra deve ser feita, 42% dos
entrevistados responderam todos os dias, o que confirmou o entendimento de
GRCC na questão 5, para limpeza da obra (36%). Outros 21% responderam quando
necessário e reforçam o resultado anterior para a percepção da importância de um
ambiente de trabalho limpo e saudável. Somados, esses resultados totalizam 63%
das opiniões dos mestres de obra. Os demais resultados sugerem falta de
entendimento dos entrevistados para a relação entre a limpeza, o canteiro e o
GRCC e surpreendeu que 22% (colunas claras da Figura 11) optaram por limpeza
uma vez por semana e a cada 15 dias como mostra a Figura 11.
Figura 11 – Periodicidade para realização da limpeza da obra
42%
11%
11%
Uma vez a
Uma vez Duas vezes
cada quinze por semana por semana
dias
A
B
21%
16%
C
Todos os
dias
Quando
necessário
D
E
Para a questão 10) o que poderia ser feito para a redução dos resíduos da
sua obra, as respostas espontâneas indicaram que 40% dos entrevistados
visualizaram como solução o treinamento e indicaram treinamentos específicos.
93
Sugere o resultado que por não compreenderem com clareza GRCC também não
conseguem especificar que tipo de treinamento é o adequado, embora seja muito
positivo que a maioria dos mestres de obra solicite treinamento. As respostas são
fiéis ao questionário aplicado e estão apresentadas na Tabela 3.
Tabela 3 – Respostas à pergunta: O que poderia ser feito para a redução dos resíduos da sua obra?
Treinamento (40%)
a) Treinamento dos colaboradores.
b) Profissionalização da mão de obra do mercado.
c) Cursos, palestras, pelo SindusCon-MT.
d) Treinamento específico para diminuir o retrabalho na execução do serviço.
e) Dar um treinamento para a equipe saber fazer uma boa reutilização do material em execução.
f) Mais treinamento e palestras para os funcionários sobre RCC.
g) Treinamento específico para reciclagem.
h) Aplicar coleta seletiva, treinamento para coleta.
i) Conscientização do desperdício, treinamento específico com baias. Treinamento e investimento.
Processo construtivo e estoque (17%)
j) Mudar, alterar o processo construtivo para não gerar resíduos.
k) Maior qualidade na execução dos serviços durante as fases da obra.
l) Usar o material apropriado para execução do serviço.
m) Melhoramento no armazenamento dos materiais a ser aplicado.
Comprometimento de todos que estão na obra com a redução dos resíduos (17%)
a) Comprometimento de todos que estão na obra com a redução dos resíduos.
b) Uma obra limpa é uma boa obra para ser gerenciada, facilita todos os serviços.
c) Conscientização do desperdício.
d) Falta conscientização dos funcionários, pois os mesmos não se preocupam com a produção do
serviço deles; não existe preocupação com RCC.
Planejamento da obra e de serviços (13%)
a) Mais planejamento da obra para execução dos serviços.
b) Planejamento desde o projeto até a execução.
Outros (13%)
a) Reutilização de RCC, reciclagem de RCC (blocos estruturais, aço, alvenaria vermelha, restos de
concreto) usar mais em aterros, acesso de obra, na própria obra.
b) Para reduzir não há o que fazer. O que pode ser feito é procurar armazenar corretamente: separar
os RCC.
c) Ter uma empresa de coleta.
Os três maiores resultados referentes aos grupos: treinamento (40%),
processos construtivos e estoque (17%) e comprometimento de todos (17%),
quando somados totalizam 74% das soluções pensadas pelos entrevistados para
redução de RCC na obra. Interessante observar que processos construtivos e
estoque são temas vinculados tecnicamente a GRCC, além do treinamento, e que o
comprometimento de todos é resultado esperado para equipes treinadas.
94
4.2
RESULTADOS PARA O LEVANTAMENTO DAS MELHORIAS E INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS
SIMPLES IMPLANTADAS NOS CANTEIROS DE OBRA
Com a aplicação da listagem de Pozzobon et al. (Anexo I) foi realizado o
levantamento das melhorias e inovações tecnológicas simples implantadas nos
canteiros de obra e para os resultados obtidos na pesquisa o critério predefinido foi
considerar apenas as respostas “SIM” na elaboração de gráficos e tabelas. Os
resultados “NÃO” e “EI (em implantação)” foram descartados.
Os resultados obtidos, como mostrado no Quadro 11, foram analisados por
canteiro e por empresa, o que permitiu posicionar os canteiros da empresa por
comparação, bem como a empresa construtora em relação às empresas
concorrentes quanto a melhorias e inovações tecnológicas simples implantadas para
gerenciamento da obra e que, de agora em diante, passa a ser chamada de
melhorias e inovações e a empresa construtora, de empresa. Os resultados estão
apresentados no Quadro 11 e as análises foram realizadas a partir desses
resultados.
Quadro 11 – Melhorias e Inovações – percentual de respostas “SIM” às questões dos seis itens.
Média por canteiro e por empresa
Empresa
Itens melhorias e inovações/Canteiro
1.Apoio e dignificação da mão de obra
(43 questões)
A
B
C
D
E
F
A1
A2
B1
B2
C1
C2
D1
D2
E1
E2
F1
F2
Média
geral
70
47
86
58
72
58
77
63
63
52
72
60
65
82
58
88
49
73
51
64
61
56
36
74
37
61
80
60
93
53
87
47
73
53
53
40
50
13
59
80
53
80
49
84
65
61
49
53
43
57
40
60
5.Segurança do trabalho (30 questões)
78
86
88
59
97
70
80
80
73
72
70
62
76
6.Comunicações internas (28 questões)
97
48
79
39
39
46
57
61
54
32
48
39
53
59
86
51
75
56
69
61
59
46
62
42
62
2.Organização do canteiro (73 questões)
3.Movimentação de materiais e
deslocamentos internos (15 questões)
4.Ferramentas, máquinas e técnicas especiais
(51 questões)
Média por canteiro (%)
Média por empresa (%)
81
70
68
66
65
52
52
62
Com os resultados obtidos calculou-se a média por canteiro e por empresa,
considerando os seis itens que compõem o levantamento das melhorias e
inovações. Foram destacados em azul os melhores resultados por item e por
canteiro e destacados em vermelho e sublinhados os menores resultados por item e
por canteiro.
Observou-se em melhorias e inovações que entre os melhores resultados por
canteiro e empresa, os itens segurança do trabalho e comunicações internas
apresentaram resultados idênticos de 97% nos canteiros C1 e A1, empresas C e A,
95
respectivamente. Em ordem de percentual decrescente os melhores resultados por
item são para o canteiro B1 da empresa B com três resultados: movimentação de
materiais e deslocamentos internos com 93%, organização do canteiro com 88% e
apoio e dignificação da mão com 86% e o canteiro C1 da empresa C com dois
resultados: ferramentas, máquinas e técnicas especiais com 84%, além de
segurança do trabalho com 97%.
A Figura 12 apresenta os maiores percentuais obtidos para os seis itens de
melhorias e inovações que variaram entre 84% e 97% e concentraram-se nos
canteiros A1, B1 e C1; os melhores canteiros avaliados por item e por empresa. Por
item, o canteiro B1 ficou com três dos maiores resultados, o canteiro C1 com dois e
o canteiro A1 com um.
A1
Comunicações internas
C1
Segurança do trabalho
B1
Movimentação de materiais e
deslocamentos internos
B1
Organização do canteiro
B1
Apoio e dignificação da mão de obra
C1
Empresa/Canteiro
Figura 12 – Maiores percentuais para melhorias e inovações por item e canteiro
Ferramentas, máquinas e técnicas
especiais
97
97
93
Itens de Inovações
88
86
84
75
80
85
90
95
100
Maiores (%) por item/empresa/canteiro
A média obtida por canteiro para os seis itens confirmou e classificou os
mesmos canteiros, A1, B1 e C1, com as três melhores médias para melhorias e
inovações, 81%, 86% e 75% respectivamente, entre os doze canteiros pesquisados.
O canteiro B1 ficou com a maior média entre eles, 86%, conforme mostrado no
Quadro , o que sugere a relação entre os maiores resultados por item de melhorias e
inovações e o percentual médio obtido por canteiro.
Entre os menores resultados para melhorias e inovações por canteiro foram
observados em ordem crescente de percentual: movimentação de materiais e
deslocamentos internos com 13% no canteiro F2 da empresa F. Comunicações
96
internas com 32% e organização do canteiro com 36% no canteiro E2 da empresa E;
ferramentas, máquinas e técnicas especiais com 40% no canteiro F2 da empresa F;
apoio e dignificação da mão de obra com 47% no canteiro A2 da empresa A e
segurança do trabalho com 59% no canteiro B2 da empresa B, como mostra a
Figura 13.
B2
Segurança do trabalho
A2
Apoio e dignificação da mão de obra
F2
Ferramentas, máquinas e técnicas
especiais
E2
Organização do canteiro
E2
Comunicações internas
F2
Empresa/Canteiro
Figura 13 – Menores percentuais para melhorias e inovações por item e canteiro
Movimentação de materiais e
deslocamentos internos
59
47
40
Itens de Inovações
36
32
13
0
10
20
30
40
50
60
70
Menores (%) por item/empresa/canteiro
Os menores resultados para os itens de melhorias e inovações variaram entre
13% e 59% e quatro desses percentuais concentraram-se nos canteiros E2 e F2: o
canteiro F2 ficou com dois dos menores resultados e o canteiro E2 com outros dois.
Os canteiros A2 e B2 com um menor resultado respectivamente, conforme mostrado
na Figura 13.
As empresas A e B apresentaram resultados contraditórios: o menor resultado
apresentado entre os doze canteiros para os itens apoio e dignificação da mão de
obra, 47%, está no canteiro A2, e para segurança do trabalho, 59%, no canteiro B2.
Resultados de 70% e 88% para esses itens são encontrados nos canteiros A1 e B1,
respectivamente. O resultado sugere níveis muito diferentes de atendimento aos
mesmos itens de melhorias e inovações, dentro da mesma empresa.
A empresa D manteve para os itens de melhorias e inovações um padrão
para as médias obtidas nos canteiros D1 e D2, 69% e 61% respectivamente. Os
canteiros não apresentam resultados contraditórios nem grande diferença a maior ou
a menor entre os itens pesquisados.
97
Dentro da realidade das empresas pesquisadas os maiores resultados
encontrados para os seis itens pesquisados, de melhorias e inovações, variaram de
97% a 84%. Pode-se considerar para esses estudo que, além do atendimento
“satisfatório” pelo critério preestabelecido, os valores também indicam ser esses
percentuais os de maior qualidade de atendimento. De forma similar, para os
menores resultados variando entre 13% e 59%, pode-se considerar que são
indicadores de menor qualidade de atendimento, conforme mostra a Tabela 4.
Tabela 4 – Maiores e menores percentuais de melhorias e inovações por item e por canteiro
Maior
Menor
1
Itens melhorias e inovações
C
C
percentual
Percentual
1. Apoio e dignificação da mão de obra (43 q²)
47
B1
86
A2
2. Organização do canteiro (73 q)
36
B1
88
E2
3. Movimentação de materiais e deslocamentos internos (15 q) B1
93
F2
13
4. Ferramentas, máquinas e técnicas especiais (51 q)
5. Segurança do trabalho (30 q)
6. Comunicações internas (28 q)
1
Canteiro
C1
C1
A2
84
97
97
F2
B2
E2
40
59
32
2
questões
Para os seis valores com o menor percentual por item de melhorias e
inovações encontram-se cinco resultados que indicam, de acordo com critério
preestabelecido, que o atendimento é “insatisfatório” por apresentarem resultados
abaixo de 50%; são eles: apoio e dignificação da mão de obra (47%), organização
do canteiro (36%), movimentação de materiais e deslocamentos internos (13%),
ferramentas, máquinas e técnicas especiais (40%) e comunicações internas (32%).
Apenas o item segurança do trabalho apresentou percentual acima de 50% e o
atendimento ao item, pelo mesmo critério, é “satisfatório”. Por outro lado, ao
considerar-se que o menor resultado para o item segurança do trabalho foi de 59%
entre os doze canteiros pesquisados, sugere esse valor que embora “satisfatório”,
pode ser inserido no conjunto de menor qualidade de atendimento.
Ao comparar-se a média dos seis itens de melhorias e inovações por canteiro
para as empresas A, B, C, E e F, observa-se que existe uma diferença percentual
significativa entre os canteiros da mesma empresa; para os canteiros da empresa D
seus resultados apresentam-se mais regulares, como apresentado na Tabela 5.
Tabela 5 – Percentual médio para melhorias e inovações por canteiro e por empresa
Empresa
A
B
C
D
E
F
Canteiro
A1 A2 B1 B2 C1 C2 D1 D2 E1 E2 F1 F2
Média por canteiro
81 59 86 51 75 56 69 61 59 46 62 42
Média por empresa
70
68
66
60
52
52
98
Ao comparar-se os canteiros por empresa, a maior diferença encontrada
ocorreu na empresa B, onde encontra-se o canteiro B1, maior resultado avaliado
com 86% e o canteiro B2 com 51%. Pode-se inferir que os resultados não são
coerentes se colocados em um mesmo processo para melhorias e inovações, dentro
de uma mesma empresa. Na empresa A com o segundo melhor canteiro avaliado
também surpreendem os resultados: A1 com 81% e A2 com 59%. Pode-se também
considerar que não são resultados coerentes se considerados dentro de um mesmo
processo e na mesma empresa. Na empresa C está o terceiro canteiro melhor
avaliado para melhorias e inovações, C1 com 75%, e a tendência é a mesma que
das empresas A e B: o canteiro C2 apresenta 56% de resultado.
Pelos resultados observa-se que as empresas A, B e C com os três melhores
canteiros avaliados em atendimento a melhorias e inovações para gerenciamento da
obra, possuem um segundo canteiro com um baixo resultado comparado e a
variação para esses menores percentuais varia entre 51% e 59%. Esses percentuais
indicam que o grau de melhorias e inovações para gerenciamento da obra presente
em um canteiro não está sendo observado em outro canteiro, na mesma empresa.
A empresa E apresenta o canteiro E1 com 59% e o canteiro E2 com 46% e a
empresa F apresenta o canteiro F1 com 62% e o canteiro F2 com 42%. As
empresas E e F também apresentam percentuais não coerentes para seus
canteiros. Nesse caso, os mais altos percentuais em cada canteiro atendem 59% e
62, respectivamente, para melhorias e inovações no gerenciamento da obra.
Embora o atendimento seja “satisfatório” pelos critérios preestabelecidos na
pesquisa, maior que 50%, quando esses valores são comparados aos melhores
canteiros sugere uma menor qualidade de atendimento para essas empresas.
Apenas a empresa D apresentou resultados com pequena variação entre
seus dois canteiros, D1 com 69% e D2 com 61%; se comparados os resultados, é
possível entender que os canteiros atendem 69% e 61% de melhorias e inovações
para gerenciamento da obra de forma “satisfatória”. Os percentuais sugerem ainda
que há um maior controle e monitoramento por parte da empresa D sobre seus
canteiros, embora os resultados possam ser melhorados.
As médias obtidas para canteiros da mesma empresa e que apresentam
diferenças significativas nas empresas A, B, C, E e F indicam existir resultados
díspares em alguns dos seis itens de melhorias e inovações e que alteraram, para
muito mais ou para muito menos, essas médias.
99
Na Tabela 6 apresenta-se a média percentual por empresa, resultado dos
dois canteiros, em relação a melhorias e inovações e na ordem de classificação do
maior ao menor percentual obtido, apresentam-se as empresas A, B, C, D, E, F.
Com o melhor resultado a empresa A, média de 70%; as empresas B, C e D têm
resultados de 68%, 66% e 60%, respectivamente. A média para as empresas E e F
é a mesma, 52%, e também o menor valor entre as seis empresas pesquisadas.
Para todas as empresas e canteiros pesquisados a média geral é de 62%.
Tabela 6 – Percentual médio por empresa para melhorias e inovações
Empresa
A B C D
E
F
Média geral
Média por empresa
70 68 66 60 52 52
62
Na Tabela 7 apresenta-se o resultado da média geral por item de melhorias e
inovações e a média geral das empresas; considerando-se uma ordem de
classificação do maior ao menor percentual por item atendido, tem-se: segurança do
trabalho com 76%; apoio e dignificação da mão de obra com 65%, organização do
canteiro com 61%, ferramentas, máquinas e técnicas especiais com 60%,
movimentação de materiais e deslocamentos internos com 59% e comunicações
internas com 53%.
O item comunicações internas, menor resultado com 53%, trata das questões
relacionadas a todo tipo de comunicação dentro de um canteiro seja ela visual,
através de textos, gráficos, cores ou sonora e através de diversas tecnologias como
walktalks, telefone, entre outras. Mantém um padrão para a empresa e faz com que
seus colaboradores tenham uma visão mais homogênea das práticas adotadas,
aumentando a produtividade e a organização e reduzindo as chances de erros ou
retrabalhos, entre outros.
Tabela 7 – Média geral por item de melhorias e inovações. Média das empresas
Média geral
Ordem de
Itens / Melhorias e inovações
(%)
Classificação
1.Apoio e dignificação da mão de obra
65
2
2.Organização do canteiro
61
3
3.Movimentação de materiais e deslocamentos internos
59
5
4.Ferramentas, máquinas e técnicas especiais
60
4
5.Segurança do trabalho
76
1
6.Comunicações internas
53
6
Média das empresas
62
-
100
A comunicação interna é canal de difusão de novas ideias e um facilitador no
dia a dia entre os colaboradores e a empresa, visando agilidade e eficácia nessa
interlocução. Atender apenas 53% desse item sugere que não se considera a
comunicação interna relevante para a empresa e seus empreendimentos ou, ainda,
por não ter sido medida essa comunicação através de uma ferramenta de análise,
as empresas não estavam atentas quanto à necessidade de visibilidade e facilidade
de comunicação nas suas obras, principalmente quanto a manter uma numerosa
equipe de colaboradores, uma característica nesses canteiros, em sintonia com as
ações planejadas pela empresa para os canteiros. Esse item interfere diretamente
em todos os demais itens de melhorias e inovações e, se bem atendido, integra com
clareza as atividades nas obras.
A média geral dos itens apoio e dignificação da mão de obra, com 65%,
organização do canteiro, com 61%, ferramentas, máquinas e técnicas especiais,
com 60%, e movimentação de materiais e deslocamentos internos, com 59%, são
resultados que sugerem atenção aos percentuais de atendimento aos itens de
melhorias e inovações, em relação a logística no canteiro, qualidade e produtividade.
O item segurança do trabalho, maior resultado, com 76%, sugere
cumprimento da legislação vigente e fiscalização externa permanente.
Em média, os doze canteiros e as empresas atendem 62% de melhorias e
inovações para o gerenciamento das obras.
4.3
RESULTADOS
PARA AS PRÁTICAS E PROCEDIMENTOS EM CANTEIROS DE OBRA
QUANTO AO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (GRCC)
A aplicação do questionário 2 com critérios previamente definidos foi realizado
e o levantamento e os resultados anotados para elaboração das tabelas, gráficos e
listagens. Os resultados foram analisados por item, por canteiro e por empresa e
permitiu posicionar o canteiro de obra e a empresa construtora em relação às
empresas concorrentes quanto ao gerenciamento de resíduos da construção civil
(GRCC), como também comparou os resultados para canteiros da mesma empresa.
Os resultados para análise foram distribuídos em nove itens: 4.3.1) Resultado
do item percepção das políticas ambiental e de qualidade da empresa; 4.3.2)
Resultado do item práticas relacionadas ao GRCC; 4.3.3) Resultado do item plano
de
GRCC,
caracterização
e
triagem
de
RCC;
4.3.4)
Resultado
para
101
acondicionamento e/ou armazenamento temporário de RCC; 4.3.5) Resultado para
transporte e destinação final de resíduos; 4.3.6) Resultado do grau de dificuldade e
hierarquia de medidas eficientes quanto ao GRCC no canteiro de obra; 4.3.7)
Resultado das principais ocorrências de perdas e desperdícios e inovações
tecnológicas implantadas, para minimizar perdas e desperdícios nos canteiros;
4.3.8) Comparativo entre resultados de melhorias e inovações x práticas para
GRCC; 4.3.9) Comparativo entre resultados de melhorias e inovações x práticas
para GRCC para canteiros da mesma empresa.
Os resultados apresentados por canteiro, para os itens 4.3.1) Resultado do
item percepção das políticas ambiental e de qualidade da empresa; 4.3.2) Resultado
do item práticas relacionadas ao GRCC; 4.3.3) Resultado do item plano de GRCC,
caracterização e triagem de RCC; 4.3.4) Resultado para acondicionamento e/ou
armazenamento temporário de RCC e 4.3.5) Resultado para transporte e destinação
final de resíduos, foram analisados e comparados com o resultado final de Práticas e
Procedimentos em Canteiros de Obra quanto ao GRCC ou Práticas para GRCC.
O resultado final de Práticas para GRCC por canteiro é a média dos
resultados dos cinco itens, 4.3.1) a 4.3.5). Ao final das análises por item encontra-se
apresentada a tabela geral, com os resultados de todos os itens e a média, por
canteiro.
Para a análise de cada item foi considerado também o resultado da média por
canteiro, para as Práticas para GRCC.
4.3.1 Resultados para o item percepção das políticas ambiental e de qualidade
da empresa
Observa-se pelo Quadro 12 que o resultado percentual por canteiro para o
item percepção das políticas ambiental e de qualidade da empresa apresenta sete
canteiros – B1, B2, C1, C2, E1, E2 e F2 – com valores inferiores a 50% e variando
entre 11% e 44%, ou seja, sete canteiros com atendimento “insatisfatório” (58%). Os
canteiros A2 e F1 foram avaliados com 67%; D1 e D2 com 78% e 89%
respectivamente e A1 com 100%. Esses cinco canteiros apresentam resultado
“satisfatório” (42%) e o canteiro A1 atende 100% ao item.
102
Quadro 12 – Percentual por canteiro para item 1) Percepção das políticas ambiental e de qualidade
da empresa. Média por canteiro para Práticas para GRCC
Programa Brasileiro de Produtividade e Qualidade do
Habitat (PBQP-H)
Certificado de Gestão de Qualidade ISO 9001
Canteiros
1)
Percepção das políticas ambiental
e de qualidade da empresa
Práticas para GRCC (média por canteiro)
S1
S
S
S
N
N
S
S
S
S
N
N
N2
A1
N
A2
N
B1
N
B2
N
C1
N
C2
N
D1
N
D2
S
E1
S
E2
N
F1
N
F2
100
67
33
33
11
11
78
89
44
44
67
22
74
49
57
33
35
44
62
70
52
37
52
28
¹SIM ²NÃO
Na análise do item 1) percepção das políticas ambiental e de qualidade da
empresa, sete percentuais estão abaixo de 50%, como mostra o Quadro 12. Esses
valores quando comparados ao resultado de Práticas para GRCC (média por
canteiro) correspondem a sete percentuais entre 28% e 57%, sugerindo assim uma
primeira tendência de integração de resultado na avaliação final do canteiro.
A análise do item 1) mostrou percentuais regulares entre canteiros de cinco
empresas, mesmo para os
“insatisfatórios”; a exceção dos resultados está nos
canteiros F1 e F2 que apresentam diferença percentual significativa entre eles.
Analisando-se os resultados do item 1) em relação às questões sobre a
empresa possuir o Programa PBQP-H e/ou Certificado ISO 9001, verificou-se que o
PBQP-H está implantado em quatro empresas, A, B, D e E, com tempo variando
entre 3 e mais de 10 anos e todas possuem nível A no Programa. A empresa E
possui também o Certificado de Gestão de Qualidade ISO 9001 e as empresas C e
F não têm implantado o PBQP-H. Os resultados estão apresentados na Quadro 12.
Dos oito canteiros com PBQP-H apenas cinco participam com percentuais
“satisfatórios”, são eles: A1 com 100%, A2 com 67%, D1 com 78%, D2 com 89% e
F1 com 67%. Portanto, as empresas A e D participam desse resultado com seus
dois canteiros e as empresas B e E não participam e apresentam resultados
“insatisfatórios” e muitos baixos. Os canteiros da empresa E surpreendem
negativamente por ser a única a contar com o Programa PBQP-H e o Certificado
ISO 9001. A empresa F participa do resultado “satisfatório” com um canteiro e não
possui PBQP-H. Os resultados para as empresas B e E são contraditórios,
considerando-se implantados o PBQP-H e/ou ISO 9001.
Em uma análise geral os resultados sugerem que o programa de qualidade
PBQP-H nas empresas B e E ainda não foi totalmente assimilado pelos
colaboradores ou que ainda a informação não foi disseminada de forma adequada
pela própria empresa. Cruzando esse resultado com o baixo atendimento ao item
103
comunicações internas para a maioria dos canteiros em melhorias e inovações, a
análise sugere coerência nos resultados obtidos.
Os percentuais da empresa A apresentam-se díspares entre canteiros e a
empresa D mantém regularidade entre seus percentuais e conduzem a uma questão
em relação às demais empresas: como e por que essas diferenças ocorrem em uma
mesma empresa? Além dessa questão, uma outra é integrada à primeira e
questiona os resultados abaixo de 50% para os canteiros das empresas com PBQPH e/ou ISO 9001, considerando-se que o item 1) relaciona-se estreitamente com o
Programa e o Certificado.
Como o resultado geral para o item analisado, por canteiro, apresenta sete
canteiros com resultado “insatisfatório” (58%) e cinco com resultado “satisfatório”
(42%), pode-se inferir que os colaboradores necessitam entender ou serem
sensibilizados para as diretrizes ambiental e de qualidade da empresa ou ainda que
a sua implantação e disseminação seja realizada de forma adequada ou que se
implementem essas políticas, de modo a contribuir com as práticas para GRCC.
Para analisar o resultado geral das nove questões pesquisadas para os doze
canteiros para o item 1) percepção das políticas ambiental e de qualidade da
empresa, foi respeitada a mesma ordem das questões do questionário 2. Para a
primeira questão, se a política existente na empresa menciona aspectos
relacionados à prevenção do meio ambiente, 42% dos entrevistados responderam
que sim. A segunda questão, se os objetivos e metas estabelecidos pela empresa
incluem referências à preservação ambiental, 58% dos entrevistados responderam
que sim. Para essas duas questões há respostas sim e respostas não que ocorrem
na mesma empresa; essa divergência pode indicar desconhecimento das políticas,
objetivos e metas estabelecidas. Os resultados estão apresentados na Figura 14.
Para 42% dos entrevistados não há procedimentos que incluem medições de
algum aspecto ambiental e nessa questão há divergências em três empresas, com
respostas sim e não. Difícil é admitir que uma empresa solicite a um canteiro uma
medição e a outro não. Para 58% dos entrevistados a empresa está preparada para
minimizar o consumo de recursos (conservar, evitar o desperdício) e para maximizar
a reutilização de recursos (reutilizar materiais e componentes). Nas duas questões
houve divergência de respostas entre sim e não dentro da mesma empresa.
104
9
A empresa está preparada para buscar a qualidade na criação do ambiente
construído (aumentar a qualidade)?
8
A empresa está preparada para criar um ambiente saudável e não tóxico com
compras para produtos que agridam menos o meio ambiente, não tóxicos?
7
A empresa está preparada para proteger o meio ambiente para toda ação com
probabilidade de impacto ambiental?
6
A empresa está preparada para usar recursos renováveis ou recicláveis
(renovar, reciclar)?
5
A empresa está preparada para maximizar a reutilização de recursos (reutilizar
materiais e componentes)?
4
A empresa está preparada para minimizar o consumo de recursos (conservar,
evitar o desperdício)?
3
Há procedimentos que incluem medições de algum aspecto ambiental?
2
Os objetivos e metas estabelecidos incluem referências à preservação
ambiental
1
Figura 14 – Percentual das empresas às questões do item 1) percepção das políticas ambiental e de
qualidade da empresa
A política existente na empresa menciona aspectos relacionados à prevenção
do meio ambiente
92
(%)
50
33
25
58
58
42
58
42
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Para 25% dos entrevistados a empresa está preparada para usar recursos
renováveis ou recicláveis (renovar, reciclar) e um entrevistado respondeu sim e outro
não na mesma empresa. Afirmam 33% dos entrevistados que as empresas estão
preparadas para proteger o meio ambiente para toda ação com probabilidade de
impacto ambiental e 50% dos entrevistados responderam que a empresa está
preparada para criar um ambiente saudável e não tóxico com compras para
produtos que agridam menos o meio ambiente. Os entrevistados de três empresas,
em seis canteiros, discordam entre si e as respostas foram sim e não.
Respostas divergentes sugerem ausência de clareza entre os engenheiros
responsáveis pelas obras quanto às políticas ambiental e objetivos e metas da
empresa; ou ainda que o baixo resultado no atendimento ao item comunicações
internas de melhorias e inovações, um problema identificado na maioria dos
canteiros, interfere significativamente nos resultados seguintes. Para 92% dos
entrevistados a empresa busca a qualidade na criação do ambiente construído
(aumentar a qualidade).
A Resolução 307/2002 do CONAMA em seus considerandos estabelece “a
necessidade de implementação de diretrizes para a efetiva redução dos impactos
ambientais gerados pelos resíduos oriundos da construção civil” e, para as
empresas, essas diretrizes passam pela integração entre as práticas ambiental e de
qualidade no canteiro de obra.
105
4.3.2 Resultados para o item práticas relacionadas ao GRCC
Os resultados para o item 2) práticas relacionadas ao GRCC, por canteiro,
estão
indicados
no
Quadro
13.
Três
canteiros
apresentam
percentuais
“insatisfatórios”: A2 com 35%, B2 com 38% e F2 com 23%. Nove canteiros
apresentam percentuais “satisfatórios”: A1 com 77%, B1 com 92%, C1 com 50%, C2
com 62%, D1 com 73%, D2 com 69%, E1 e E2 com 54% e F1 com 73%. No
resultado geral, três canteiros apresentam resultado “insatisfatório” (25%) e sete
“satisfatório” (75%).
Ao analisar-se os canteiros das empresas A, B e F observa-se que os
resultados apresentam uma diferença muito significativa entre eles. Se por um lado
um canteiro é bem avaliado com resultado “satisfatório”, ao mesmo tempo também
outro canteiro é mal avaliado com resultado “insatisfatório”. Esses resultados são
contraditórios ao considerar-se que são práticas relacionadas ao GRCC e aplicadas
pela mesma empresa, em seus canteiros de obra.
A empresa C também apresenta resultados com diferença relevante entre
seus canteiros, mas dentro de resultados “satisfatórios”; as empresas D e E mantêm
regularidade para os resultados percentuais entre seus canteiros e avaliados como
“satisfatórios”. Qualquer um dos resultados satisfatórios pode ser melhorado.
Dentro de uma mesma empresa, resultados com diferença significativa para
percentuais de atendimento ao item 2) em seus canteiros de obra sugerem
diferentes práticas relacionadas ao GRCC, o que é contraditório se relacionado à
mesma empresa.
Quadro 13 – Percentual por canteiro para item 2) práticas relacionadas ao GRCC
Canteiros
A1
A2
B1
B2
C1
C2
D1
D2
E1
E2
F1
F2
2)Práticas relacionadas ao GRCC
77
35
92
38
50
62
73
69
54
54
73
23
Práticas para GRCC (média por canteiro)
74
49
57
33
35
44
62
70
52
37
52
28
Verifica-se pelo Quadro 13 que os três canteiros com percentuais
“insatisfatórios” em 2) Práticas relacionadas ao GRCC, apresentam também
percentuais abaixo de 50% para o resultado final, Práticas para GRCC (média por
canteiro), como também já apresentavam os canteiros B2 e F2 para o item 1),
anterior, resultados “insatisfatórios”. A análise sugere que há uma tendência entre os
resultados, como analisado no item 1), levando canteiros de menor percentual em
106
um item a tender a um outro menor resultado, no item subsequente. Os canteiros B2
e F2 apresentam avaliação “insatisfatória” para os dois itens analisados.
Para apresentar o resultado geral das 27 questões pesquisadas em todos os
canteiros, para o item 2) práticas relacionadas ao GRCC, analisou-se as questões
na mesma a ordem que foram formuladas e os resultados estão apresentados nas
Figuras 15 e 16 em duas etapas sequenciais: primeiro as questões de 1 a 14 na
Figura 15 e na sequência, as questões de 15 a 27 na Figura 16.
À primeira questão, se o canteiro realiza compatibilização de projetos antes
do início das obras, 58% dos entrevistados responderam que sim e essa questão é
considerada como uma etapa fundamental na produção do edifício, para não gerar
e/ou reduzir RCC.
Para 67% dos entrevistados existe projeto de implantação do canteiro e para
50% dos entrevistados procura-se minimizar a supressão da vegetação local durante
o planejamento do canteiro. Na questão sobre projeto de implantação do canteiro os
resultados para três empresas foram respostas sim e não, demonstrando ou
ausência de informação ou canteiros de mesma empresa com implantação de obras
distintas. Na questão sobre minimizar a supressão da vegetação local, os resultados
das seis empresas foram respostas sim e não, repetindo a ocorrência anterior
descrita. Para 92% dos entrevistados a logística do canteiro visa reduzir as
distâncias de transporte, porém o resultado dos canteiros de uma empresa foi
resposta sim e não.
Para 67% dos entrevistados realiza-se controle de perdas nos canteiros e
existe o projeto de controle da qualidade interna da construção. Para essas duas
questões o resultado para os canteiros de uma empresa foram respostas sim e não,
sugerindo que canteiros de uma mesma empresa podem ter controles diferentes ou
não ter esses controles.
107
Figura 15 – Percentual das empresas às questões do item 2) práticas relacionadas ao GRCC
- questões de 1 a 14
(%)
14
13
12
11
10
9
8
Possui projeto de controle da qualidade interna da construção?
67
7
Realiza controle de perdas nos canteiros?
67
Dá preferência a fornecedores locais?
67
5
Possui sistema de prevenção contra contaminação do solo?
Possui procedimentos para garantir a compra sócio e ambientalmente
responsável?
4
Realiza tratamento de efluentes dos canteiros?
A logística do canteiro visa reduzir as distâncias de transporte?
3
São lançados resíduos na rede coletora pluvial?
Durante o planejamento do canteiro procura minimizar a supressão da
vegetação local?
2
São lançados resíduos na rede coletora de esgoto?
Possui projeto de implantação do canteiro?
1
Existem procedimentos especiais para o manuseio e descarte das
substâncias tóxicas utilizadas no canteiro?
6
17
Existe alguma coleta especial de resíduos?
Realiza compatibilização de projetos antes do início das obras?
33
67
17%
dos
entrevistados
50
17
67
92
50
67
58
0
Para
50
10
existe
20
30
40
sistema
50
de
60
70
80
90
prevenção
100
contra
contaminação do solo, embora as respostas sejam de canteiros de empresas
distintas, o que sugere que os outros canteiros, da mesma empresa, trabalham de
forma diferente. Responderam 50% dos entrevistados que se realiza tratamento de
efluentes dos canteiros e lança-se resíduos na rede coletora pluvial, embora em um
canteiro de uma empresa foi respondido sim e não. Para 67% dos entrevistados
lançam-se resíduos na rede coletora de esgoto e o resultado para canteiros de duas
empresas foram respostas sim e não.As divergências de respostas nos resultados
para as três últimas questões indicam possibilidade de práticas diferentes, em
canteiros da mesma empresa.
Afirmaram 33% dos entrevistados que existe procedimento especial para o
manuseio e descarte das substâncias tóxicas utilizadas no canteiro, mas essas
respostas são de quatro canteiros de diferentes empresas. Para 17% dos
entrevistados existe alguma coleta especial de resíduos. Para essas duas questões
todas as respostas pertencem a canteiros de empresas diferentes e essas
incoerências entre afirmativas e negativas sugerem práticas diferentes, em canteiros
da mesma empresa.
108
O resultado percentual para o item 2) práticas relacionadas ao GRCC para as
questões 15 a 27, é mostrado na Figura 16.
27
26
25
24
23
21
Há coleta seletiva no canteiro?
20
Existe a política dos 3R’s (reduzir, reutilizar, reciclar) implantada no
canteiro?
São acompanhadas as entregas de materiais, em especial do concreto
usinado, evitando o despejo de resíduos em calçadas e ruas?
19
Existe rotina que garanta a limpeza do canteiro mantendo-o em boas
condições de higiene e segurança?
É vetada a estocagem de materiais nas calçadas e vias públicas, mesmo
temporariamente?
18
A mão de obra foi preparada para não gerar e/ou reduzir resíduos da
construção civil no canteiro?
Existe procedimento para estocagem dos materiais?
17
A empresa já desenvolveu algum treinamento ou ação educativa voltada ao
meio ambiente junto aos colaboradores?
Existem procedimentos especiais para estocagem de materiais evitando
que sejam carregados pela chuva, por exemplo?
16
Os subempreiteiros estão incluídos no treinamento dos colaboradores?
Os procedimentos para estocagem de materiais contemplam minimizar a
geração de poeira em estoque?
15
Os subempreiteiros recebem alguma orientação que contribua para a
redução do desperdício de materiais na execução das tarefas?
22
Figura 16 – Percentual das empresas às questões do item 2) práticas relacionadas ao GRCC questões 15 a 27
A empresa já recebeu reclamações da comunidade vizinha às suas obras
com relação a emissão de poeira?
67
42
42
(%)
83
100
25
33
83
92
67
100
50
58
0
20
40
60
80
100
120
Na questão 15, 58% dos entrevistados responderam que foram recebidas
reclamações da comunidade vizinha às suas obras com relação à emissão de
poeira, o que amplia e integra GRCC ao entorno da obra, necessitando-se de
práticas relacionadas ao GRCC que minimizem essa questão. O resultado em
canteiros de três empresas foram respostas sim e não e pelas observações a
campo, esse percentual poderia ser maior.
Para 50% dos entrevistados existe procedimento para estocagem de
materiais para minimizar a geração de poeira em estoque, embora os resultados em
canteiros de três empresas foram respostas sim e não. Essa divergência pode
sugerir práticas diferentes em canteiros da mesma empresa. Para 100% dos
entrevistados existe procedimento para estocagem de materiais, evitando-se que
sejam carregados pela chuva.
Responderam 67% dos entrevistados que existe procedimento para
estocagem dos materiais, mas a observação a campo indica que esse procedimento
109
precisa ser revisado em pelo menos quatro dos oito canteiros em que os
entrevistados responderam sim a essa questão. Em um canteiro de uma empresa
houve respostas sim e não, divergentes para a questão.
Afirmaram 92% dos entrevistados que se veta a estocagem de materiais nas
calçadas e vias públicas, mesmo temporariamente. O resultado de 92% corresponde
ao observado durante as visitas a campo: em apenas um canteiro havia material
estocado nas calçadas e via pública.
Para 83% dos entrevistados as entregas de materiais são acompanhadas, em
especial as do concreto usinado, para evitar despejo de resíduos em calçadas e
ruas. Para 33% dos entrevistados existe coleta seletiva no canteiro, porém dois
canteiros de duas empresas divergiram com respostas sim e não e sugerem ações
distintas, em canteiros da mesma empresa.
Em três canteiros de três empresas diferentes foi respondido que existe a
política dos 3R’s (reduzir, reutilizar, reciclar) implantada no canteiro e em todos os
canteiros, 100% dos entrevistados, existe rotina que garante a limpeza do canteiro
mantémdo-o em boas condições de higiene e segurança. Para 83% dos
entrevistados a mão de obra foi preparada para não gerar e/ou reduzir resíduos da
construção civil no canteiro. Afirmaram 42% dos entrevistados que a empresa já
desenvolveu algum treinamento ou ação educativa voltada ao meio ambiente junto
aos colaboradores e que os subempreiteiros estavam incluídos no treinamento dos
colaboradores. Para 67% dos entrevistados orienta-se os subempreiteiros para que
eles contribuam para a redução do desperdício de materiais na execução das
tarefas.
Todas as divergências encontradas por empresa com respostas sim e não
evidenciam ou propõem práticas e procedimentos relacionadas ao GRCC distintos,
para canteiros da mesma empresa.
4.3.3 Resultados para o item plano de GRCC, caracterização e triagem de RCC
Os resultados para o item 3) plano de GRCC, caracterização e triagem de
RCC por canteiro estão indicados na Quadro 14. Para sete canteiros os resultados
são “insatisfatórios” para atender ao item analisado: A2 com 42%, B2 com 0%(zero),
C2 com 17%, D1 com 33%, E2 com 17%, F1 com 25% e F2 com 8%. O canteiro que
apresentou percentual 0,0 (zero) demonstra que não houve respostas “sim”. Para
110
cinco canteiros os resultados são “satisfatórios” para o item analisado: A1 com 58%,
B1 com 50%, C1 com 58%, D2 com 67% e E1 com 50%. Qualquer um dos
resultados “satisfatórios” pode ser melhorado, embora possam ser destacados os
resultados dos canteiros B1 e E1, por serem os mais baixos entre todos. No
resultado geral sete dos canteiros apresentam resultado “insatisfatório” (58%) e
cinco “satisfatório” (42%).
Observa-se nesse item que para canteiros da mesma empresa há diferenças
significativas nos resultados, a exemplo das empresas A, B, C, D, E e F. A empresa
F mesmo com resultado “insatisfatório” em seus dois canteiros, ainda assim
apresenta diferença relevante em seus percentuais, o que sugere para o item
analisado ações distintas nos canteiros.
Quadro 14 – Percentual por canteiro para item 3) plano de GRCC, caracterização e triagem de RCC
Canteiros
3) Plano de GRCC, caracterização
e triagem de RCC
A1
A2
B1
B2
C1
C2
D1
D2
E1
E2
F1
F2
58
42
50
0
58
17
33
67
50
17
25
8
Práticas para GRCC (média por canteiro)
74
49
57
33
35
44
62
70
52
37
52
28
Para os canteiros das empresas A, B, C, D e E também é possível observar
que os percentuais de atendimento ao item apresentam-se com diferenças
relevantes; o resultado para um canteiro é “satisfatório” mas “insatisfatório” em um
outro canteiro. Os resultados sugerem que há abordagem distinta para o plano de
GRCC, caracterização e triagem de RCC nos canteiros de uma mesma empresa;
esses resultados são contraditórios.
Os canteiros B2 e F2 apresentam avaliação “insatisfatória” para os três itens
até aqui analisados. Os canteiros C2 e E2 apresentam avaliação insatisfatória para
os itens 1) e 3), esse último referente à análise desse item.
Verifica-se
pelo
Quadro
14
que
cinco
canteiros
com
percentuais
“insatisfatórios” dentre os sete avaliados apresentam também percentuais abaixo de
50% para o resultado final em Práticas para GRCC (média por canteiro). A análise
sugere que há uma tendência entre os resultados levando canteiros de menor
percentual em um item a tender a um outro menor resultado, no item subsequente,
como já observado nas análises dos itens anteriores.
Para apresentar o resultado geral das doze questões pesquisadas em todos
os canteiros para o item 3) plano de GRCC, caracterização e triagem de RCC por
111
canteiro, analisou-se as questões na mesma a ordem que foram formuladas e os
resultados estão apresentados na Figura 17.
12
11
10
9
8
É realizada algum tipo de classificação dos resíduos gerados, ou seja, há
triagem no canteiro?
Os colaboradores estão preparados para caracterizar os resíduos?
17
67
17
0
A empresa possui listagem dos tipos de resíduos gerados em suas obras?
33
A empresa contratou a elaboração do PGRCC?
33
2
O canteiro utiliza resíduos de outras indústrias na sua própria produção?
A empresa possui listagem dos produtos perigosos ou poluentes utilizados em
suas obras?
Monitora a execução do PGRCC?
1
6
Existe a separação dos resíduos em classes A, B, C, D?
0
5
É utilizado código de cores para identificar os diferentes tipos de resíduos?
O canteiro possue um Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção
Civil (PGRCC) ?
(%)
50
4
É possível classificar os resíduos gerados?
83
3
É feito o reaproveitamento de algum resíduo no próprio canteiro?
7
Figura 17 – Percentual das empresas às questões do item 3) plano de GRCC, caracterização e
triagem de RCC
25
17
33
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Na primeira questão, se o canteiro possui um plano de GRCC para seus
canteiros de obra, 33% dos entrevistados afirmaram que sim e que para sua
implantação considerou-se prioritariamente a exigência de órgãos fiscalizadores e
secundariamente a melhoria e controle nos processos construtivos da empresa.
Na segunda questão, se há monitoramento do plano, 17% dos entrevistados
informaram que sim e em outros dois canteiros das mesmas empresas informaram
que não e complementaram dizendo que os atuais planos foram elaborados por
terceiros. A divergência encontrada sobre monitoramento do plano em dois canteiros
de uma mesma empresa sugere que um canteiro pode não ter compreendido com
clareza o monitoramento ou ainda que não há monitoramento em um canteiro e
apenas em um outro. Cruzando esses resultados com o de melhorias e inovações,
para o menor resultado para o item comunicações internas, evidencia-se
possibilidade de coerência na divergência. No canteiro A2 o entrevistado declarou
dificuldade para a implementação do plano de GRCC em razão de o documento não
apresentar a clareza necessária em explicar “como fazer”, no canteiro.
Com os resultados é possível deduzir que 67% dos engenheiros não contam
com o apoio de um plano de GRCC a ser aplicado no gerenciamento da obra e que
112
33% dos engenheiros contam com um plano em fase de implantação e adaptação.
Em metade desses, 11%, não há monitoramento dos resultados. Para 67% dos
entrevistados não existe plano de GRCC e é possível deduzir que as práticas
existentes e relacionadas ao GRCC são iniciativa dos gestores da obra, dentro da
realidade de cada canteiro.
Para a questão sobre a empresa possuir as listagens dos tipos de resíduos
gerados em suas obras, incluindo os perigosos e poluentes, 33% dos entrevistados
responderam que se trabalha com a listagem de seus resíduos, porém para as
respostas sobre listagem de produtos perigosos, um entrevistado em um canteiro
divergiu para canteiros de uma mesma empresa. Nenhum canteiro utiliza resíduos
de outra indústria na sua própria produção.
Dos quatro canteiros com plano de GRCC apenas em dois foi declarado que
seus colaboradores estão preparados para caracterizar resíduos, os outros dois
divergiram e declararam que não. Na questão sobre se realizam algum tipo de
classificação para os resíduos gerados, 67% dos entrevistados afirmaram que sim.
Em apenas dois canteiros foi declarado que há separação de resíduos em classes e
em nenhum canteiro o código de cores é utilizado para identificar os diferentes tipos
de resíduos. Perguntou-se aos entrevistados como é feita a separação do RCC no
canteiro e as respostas obtidas foram: a) “pelos grandes volumes”, b) “não separa,
vai tudo na caçamba”, c) “separa papelão, madeira, metal”, d) ”separa em caçambas
bota fora”, e) “tentou separar, mas sem êxito”, f) “separação de entulho? de produtos
perigosos?, perguntas como resposta”.
O percentual obtido de 67% com os entrevistados respondendo sim à questão
que trata da classificação dos resíduos gerados não corresponde à realidade
observada durante as visitas aos canteiros, como também as observações feitas às
caçambas de entulho nos canteiros. Essa divergência sugere que não há clareza
para os entrevistados quanto ao tema: classificação dos resíduos gerados no
canteiro.
Para 50% dos entrevistados é possível classificar resíduos gerados e para
83% dos entrevistados é feito o reaproveitamento de algum resíduo no próprio
canteiro e especificaram os seguintes resíduos: a) ”cerâmico/uso de taliscas”, b)
“argamassa/aterro”, c) ”entulho de bloco de concreto”, d) ”sobra de argamassa de
reboco”, e) ”restos de tijolos para reaterro”, f) “argamassa para massa de contrapiso,
g) ”apenas madeira”, h) ”resíduos de argamassa usinada e cimento para
113
estabilização
de
talude
e
acessos”,
h)”gesso-arremates/cerâmica-
arremates/madeira-proteções, i) “eps e madeira”, j) material do bandejão para
contenção de talude, restos de madeira em estruturas”. Os entrevistados, por
declaração espontânea, informaram que o reaproveitamento de resíduo gerado no
canteiro é mínimo.
Dentro dessa realidade de 67% dos canteiros sem plano de GRCC, sem
caracterização e sem triagem de RCC, perguntou-se que materiais geram maior
índice de resíduos e o resultado indicou que são os resíduos das classes A e B, com
predominância para classe A, confirmando resultados de pesquisas anteriores sobre
perdas, desperdícios e RCC em canteiros de obras. O resultado dos materiais que
geram maior índice de resíduos em todos os canteiros foi listado pela classificação
do maior ao menor índice, na Tabela 8.
Tabela 8 – Classificação do material que gera maior índice de resíduos nos canteiros
Classificação
1
2
3
3
3
4
4
4
4
5
Materiais que geram maior índice de resíduos no canteiro
Blocos (concreto e cerâmico)
Argamassa
Concreto
Cerâmica (revestimento piso e parede)
Gesso
Agregados (areia e brita)
Cimento
Chapas de compensado para formas
Material hidráulico (tubos e conexões PVC)
Outros
Foi solicitado aos entrevistados que indicassem as atuais dificuldades em
relação ao item 3) plano de GRCC, caracterização e triagem de RCC. O resultado
dos doze canteiros é mostrado na Tabela 9, em forma de listagem.
Tabela 9 – Dificuldades em relação ao plano de GRCC, caracterização e triagem de resíduos
Plano de GRCC
a) Ter controle na destinação e saber como é feito o beneficiamento na ATT
b) Conscientização dos funcionários envolvidos com o PGRCC
c) Falta conhecimento do Plano, falta de treinamento adequado para os funcionários,
d) Plano de ação mais claro
e) Dificuldade na implementação do Plano elaborado
f) Planejamento do Plano para gerar orçamento específico
g) Não ter o Plano de GRCC e um plano de ação
h) Pouco conhecimento sobre o assunto
i) Falta palestra técnica sobre RCC na obra
j) Falta projeto e orientação técnica sobre o assunto
k) Falta informação aos colaboradores referente a como deve ser feito
l) Falta treinamento para conscientização dos funcionários
Continua...
114
Tabela 9 – Dificuldades em relação ao plano de GRCC... (continuação)
m) Falta instrução e orientação sobre o processo
n) Associar a cultura e o conhecimento do colaborador ao treinamento e ao comprometimento
Caracterização e Triagem
o) Falta orientação sobre o processo para caracterização
p) Falta treinamento para caracterização
q) Desconhecimento geral para triagem e falta informação específica
r) Treinamento para triagem
s) Falta conhecimento específico ou mão de obra específica
t) Falta treinamento, mas está a caminho
u) Consciência dos colaboradores sobre desperdício
v) Conscientização da base do processo, da pessoa que executa a triagem na prática
w) Falta empenho de colaboradores e fornecedores
x) Não tem mão de obra destinada para esse serviço
y) Rotatividade da mão de obra
z) Reverter em bonificação para o funcionário que trabalha na triagem (investimento)
aa) Dificuldade de controle e separação dos resíduos
bb) Não caracterizar o resíduo
cc) Falta espaço para separação dos materiais
dd) Falta de local para fazer a caracterização
ee)
ff)
gg)
hh)
ii)
jj)
kk)
Dificuldade com a mistura de diversos materiais (madeira, massa, alvenaria, fiação etc.)
Dificuldade com os pequenos volumes das classes B, C, D
Falta interesse da empresa em implantar
Falta cobrança pela empresa
O PGRCC não ser prioridade para os gestores da obra (plano)
Custo da triagem
Falta orçamento específico para gerenciar a atividade
Pelo resultado mostrado na Tabela 9 para Plano de GRCC, especificamente
para os canteiros que contam com o Plano, os itens de a) a f) sugerem que ainda
não há clareza suficiente na sua implementação e nos treinamentos necessários
para seus resultados. Para a maioria dos canteiros a dificuldade indicada pelos
entrevistados é não ter um plano de GRCC para seu canteiro de obra, item g).
Pelo resultado mostrado na Tabela 9 para Caracterização e Triagem
observou-se que os entrevistados relataram um total de 32 dificuldades, sendo 16 ou
52% relacionadas à falta de treinamento geral e específico, palestra técnica sobre
RCC e conscientização da mão de obra sobre desperdício. Cada entrevistado a sua
maneira e em todos os canteiros, 100% dos entrevistados, indicou a falta de
treinamento para os colaboradores da obra como a maior dificuldade, itens de a) a
p). Em 42% dos entrevistados foram indicadas dificuldades com a mão de obra em
relação ao empenho dos colaboradores, a não ter mão de obra específica para esse
serviço, a rotatividade da equipe, a falta de incentivo financeiro (bonificação) para
esse fim, itens q) a w). Para 17% dos entrevistados, existem dificuldades com a falta
de espaço no próprio canteiro para essa finalidade, conforme itens cc) e dd). Para
115
58% dos entrevistados outras dificuldades também são elencadas, como a falta de
orçamento para gerenciar a atividade, a falta de cobrança pela empresa, falta de
interesse da empresa em implantar, dificuldade com os pequenos volumes das
classes B, C e D, conforme itens aa), bb), ee) a kk).
Os resultados sugerem que os colaboradores nos doze canteiros não estão
preparados para caracterização, ou seja, identificar e quantificar os resíduos e para
triagem, respeitando as classes de resíduos estabelecidas no art. 3º da Resolução
307/2002 do CONAMA. Esses resultados cruzados com as respostas das questões
7, 8 e 9 sobre caracterização e triagem, cujos percentuais de respostas “SIM” são
17%, 67% e 17%, indicam divergência na realidade dos canteiros ou ainda que, por
falta de treinamento, as respostas estão relacionadas com o entendimento atual de
caracterização e triagem de RCC.
Os demais resultados estão vinculados à falta de um plano de GRCC, da
atual realidade nas empresas em relação ao tema GRCC e às repercussões dessa
realidade em seus canteiros de obra.
4.3.4 Resultados
para
o
item
acondicionamento
e/ou
armazenamento
temporário de RCC
Os resultados para o item 4) acondicionamento e/ou armazenamento
temporário de RCC, por canteiro, estão mostrados no Quadro 15. Cinco canteiros
apresentam resultado “insatisfatório” ao item analisado: A2 com 30%, C1 com 40%,
C2 com 30%, E2 com 40% e F2 com 30%. Para sete canteiros os resultados para o
item analisado são “satisfatórios” para: A1 com 80%, B1 com 50%, B2 com 50%, D1
com 70%, D2 com 70%, E1 com 70% e F1 com 50%. Qualquer um dos resultados
satisfatórios pode ser melhorado, mas podem ser destacados os resultados dos
canteiros B1, B2 e F1, por serem os mais baixos entre todos. No resultado geral
cinco dos canteiros apresentam resultado “insatisfatório” (42%) e sete “satisfatório”
(58%).
Quadro 15 – Percentual por canteiro para item 4) acondicionamento e/ou armazenamento de RCC
Canteiros
4) Acondicionamento e/ou armazenamento
temporário de RCC
Práticas para GRCC (média por canteiro)
A1
A2
B1
B2
C1
C2
D1
D2
E1
E2
F1
F2
80
30
50
50
40
30
70
70
70
40
50
30
74
49
57
33
35
44
62
70
52
37
52
28
116
Observa-se para os canteiros da mesma empresa que há diferenças
significativas nos resultados das empresas A, E e F, o que sugere para o item
analisado ações distintas para acondicionamento e/ou armazenagem de RCC por
canteiro. A empresa C, mesmo com percentuais insatisfatórios para seus dois
canteiros, apresenta certa regularidade em seus resultados. As empresas B e D
apresentam percentuais entre seus canteiros de igual valor, 50% e 70%
respectivamente, sugerindo regularidade no resultado da análise do item. A empresa
D apresenta o melhor resultado entre todos, em seus canteiros de obra.
O canteiro F2 continua apresentando avaliação insatisfatória para todos os
quatro itens até aqui analisados. Três canteiros, C1, C2 e E2, apresentaram
avaliação insatisfatória para o item 1), já analisado anteriormente e também no
resultado do item 4). O canteiro A2 apresenta avaliação insatisfatória para o item 2),
já analisado anteriormente e também no resultado do item 4). Três canteiros, A2, C2
e E2 apresentam avaliação insatisfatória para o item 3), já analisado anteriormente e
também no resultado do item 4).
Verifica-se pelo Quadro 15 que os cinco canteiros com percentuais
“insatisfatórios” apresentam também percentuais abaixo de 50% para o resultado
final em Práticas para GRCC (média por canteiro). A análise sugere que há uma
tendência entre os resultados, levando canteiros de menor percentual em um item a
tender a um outro menor resultado no item subsequente, como já observado nas
análises realizadas.
Para apresentar o resultado geral das dez questões pesquisadas em todos os
canteiros para o item 4) acondicionamento e/ou armazenamento temporário por
canteiro, analisou-se as questões na mesma a ordem que foram formuladas e os
resultados estão apresentados na Figura 18.
Na primeira questão, se utiliza acondicionamento e/ou armazenamento para
assegurar tanto quanto seja possível as condições de reutilização e reciclagem dos
resíduos, 42% dos entrevistados responderam que sim.
Perguntado se os resíduos perigosos são acondicionados em recipientes que
garantam a vedação e prevenção de vazamento e/ou contaminação do solo, 67%
dos entrevistados declararam que sim, mas apenas 42% dos entrevistados
declararam que os resíduos estão devidamente identificados quanto a sua natureza,
grau de risco e outras orientações necessárias. Questionados se é possível
acondicionar os resíduos perigosos adequadamente, 42% dos entrevistados
117
responderam que sim. Com resultados que sugerem práticas para resíduos
perigosos sem relação com as normas técnicas vigentes, é possível inferir que há
possibilidade de vazamento e/ou contaminação de solo e riscos com o manuseio em
pelo menos sete dos canteiros.
10
O entulho é transportado para o térreo por equipamento adequado?
9
Os resíduos estão protegidos da chuva ou tem cobertura com lona?
8
Os resíduos estão armazenados em locais que eliminam a possibilidade de
mistura com solo argiloso?
7
Os resíduos ficam depositados em local adequado de forma a não prejudicar
a segurança e circulação de materiais e pessoas?
6
Existem baias de resíduos seguindo sua classificação?
5
Existe área de armazenamento temporário dentro do canteiro?
4
É possível acondicionar os resíduos perigosos adequadamente?
3
Os resíduos estão devidamente identificados quanto a sua natureza, grau de
risco e outras orientações necessárias?
2
Os resíduos perigosos são acondicionados em recipientes que garantam a
vedação e prevenção de vazamento e/ou contaminação do solo
1
Figura 18 – Percentual das empresas às questões do item 4) acondicionamento e/ou
armazenamento temporário
Utiliza-se acondicionamento e/ou armazenamento para assegurar tanto
quanto seja possível as condições de reutilização e reciclagem dos
resíduos?
100
(%)
33
8
75
25
8
42
42
67
42
0
20
40
60
80
100
120
Apenas em um canteiro o entrevistado declarou ter área de armazenamento
temporário dentro do canteiro e em três canteiros os entrevistados informaram que
se trabalha com baias de resíduos, seguindo sua classificação. É possível deduzir
pelos resultados que essas áreas são facilitadoras no gerenciamento de resíduos e
que a maioria dos canteiros visitados, nove deles, não conta com esse elemento de
apoio no GRCC. Pela observação durante as visitas aos canteiros quando não
existe um plano de GRCC formalizado, a ausência de elementos como esse que
integram o plano de GRCC leva a ações improvisadas e o resultado não é
satisfatório nos canteiros. Os resultados para o item 4), quando comparado com
quem declarou ter o plano de GRCC e quem não tem o plano de GRCC no canteiro
apresenta, em ambos os casos, percentuais baixos.
Na questão 7, se os resíduos ficam depositados em local adequado de forma
a não prejudicar a segurança e circulação de materiais e pessoas, 75% dos
entrevistados responderam que sim e observou-se a campo que há uma maior
preocupação quando o assunto envolve segurança do trabalho, conforme já
118
demonstrado no resultado de melhorias e inovações para o item segurança do
trabalho, o mais bem avaliado. Sugere que se houver fiscalização por órgãos
externos no canteiro há um maior empenho por parte de todos os envolvidos no
canteiro, incluído aí a empresa.
Quanto aos resíduos estarem armazenados em locais que eliminam a
possibilidade de mistura com solo argiloso apenas em um canteiro, o entrevistado
respondeu que sim. Quanto aos resíduos estarem protegidos da chuva ou terem
cobertura com lona, apenas 33% dos entrevistados responderam que sim. Os
resultados cruzados com a existência de área temporária no canteiro confirmam a
ausência dessas áreas e das baias na maioria dos canteiros e, consequentemente,
improvisação nessas atividades.
Em todos os canteiros, 100% dos entrevistados afirmaram que os resíduos
são transportados para o térreo por equipamento adequado utilizando uma ou mais
dessas opções: duto de descida de resíduo, elevador final, cremalheira,
minicarregadeira, gerica, big-bag (bolsa grande com rodas), mas sem executar
caracterização, triagem, acondicionamento e/ou armazenamento temporário desses
resíduos de forma adequada.
Foi solicitado aos entrevistados que indicassem as atuais dificuldades em
relação ao item 4) acondicionamento e/ou armazenamento temporário de RCC e o
resultado dos doze canteiros é mostrado na Tabela 10, em forma de listagem.
Tabela 10 – Dificuldades em relação a acondicionamento e/ou armazenamento temporário de RCC
Em relação aos colaboradores
a) Embora treinados, continuam considerando resíduo como lixo, misturando os resíduos
b) Falta de conhecimento
c) Falta de treinamento
d) Falta de equipe para esse serviço
e) Controle de retirada dos resíduos
Em relação ao canteiro
a) Espaço físico não determinado nos canteiros
b) Dimensionamento do canteiro, local apropriado no canteiro
c) Falta de espaço na obra, no canteiro
d) Falta de um layout na obra que proporcione isto
Em relação ao fornecedores
a) Consciência de organização dos fornecedores
Foi declarado por 42% dos entrevistados que mesmo com treinamento há
dificuldade na atividade e falta treinamento e equipe para esse fim. Em um canteiro
foi citada pelo entrevistado a falta de consciência dos fornecedores quanto à
119
organização dentro com canteiro e 33% dos entrevistados indicam a falta de um
projeto para implantar no canteiro o espaço para acondicionamento e/ou
armazenamento temporário, embora 67% dos entrevistados tivessem respondido
anteriormente que existe projeto de implantação do canteiro.
4.3.5 Resultados para o item transporte e destinação final de resíduos
Os resultados para o item 5) transporte e destinação final de resíduos, por
canteiro, estão mostrados no Quadro 16. Cinco canteiros apresentam resultado
“insatisfatório” ao item analisado: B2 com 43%, C1 com 14%, E1 com 43%, E2 com
29%, F1 com 43%. Para sete canteiros os resultados para o item analisado são
“satisfatórios” para: A1 com 57%, A2 com 71%, B1 com 57%, C2 com 100%, D1
com 57%, D2 com 57% e F2 com 57%. Qualquer um dos resultados satisfatórios
pode ser melhorado mas destacam-se os resultados dos canteiros A1, B1, D1, D2 e
F2, por serem os mais baixos entre todos. No resultado geral, cinco dos canteiros
apresentam resultado “insatisfatório” (42%) e sete “satisfatório” (58%).
Quadro 16 – Percentual por canteiro para item 5) transporte e destinação final de resíduos
Canteiros
5) Transporte e destinação final de
resíduos
Práticas para GRCC (média por canteiro)
A1
A2
B1
B2
C1
C2
D1
D2
E1
E2
F1
F2
57
71
57
43
14
100
57
57
43
29
43
57
74
49
57
33
35
44
62
70
52
37
52
28
Observa-se para os canteiros da mesma empresa que há diferenças
significativas nos resultados das empresas A, B, C, E e F, que sugere para o item
analisado ações distintas para transporte e destinação final de resíduos, por
canteiro.
A empresa D apresenta percentuais de atendimento “satisfatório” para seus
dois canteiros e regularidade em seus resultados. As empresas B, C, e F
apresentam
percentuais
de
atendimento
“satisfatório”
em
um
canteiro
e
“insatisfatório” em outro, o que sugere ações distintas para o item analisado e
resultados contraditórios dentro de uma mesma empresa. Os canteiros A1 e A2,
embora apresentem percentuais de atendimento “satisfatório” para o item,
apresentam diferença em seus resultados, o que sugere ações distintas em
canteiros de uma mesma empresa, não apresentando coerência de resultado.
O canteiro F2 apresenta o primeiro percentual de atendimento “satisfatório”
nesse item analisado. Dois canteiros, C1 e E2, apresentaram avaliação
120
“insatisfatória” para o item 1), analisado anteriormente, e no resultado do item 5). O
canteiro E2 apresenta avaliação “insatisfatória” para o item 3), analisado
anteriormente, e no resultado do item 5).
Verifica-se pelo Quadro 16 que os três canteiros com percentuais
“insatisfatórios” também apresentam em Práticas para GRCC (média por canteiro),
resultado abaixo de 50%. A análise sugere que há uma tendência entre os
resultados levando canteiros de menor percentual em um item a tender a um outro
menor resultado no item subsequente, como já observado nas análises realizadas.
Para apresentar o resultado geral das oito questões pesquisadas em todos os
canteiros, para o item transporte e destinação final de resíduos por canteiro,
analisou-se as questões na mesma ordem que foram formuladas e os resultados
estão apresentados na Figura 19.
Nos doze canteiros, 100% dos entrevistados responderam que destinam seus
resíduos gerados na obra para a área de transbordo e triagem (ATT) da empresa
Ecoambiental em Cuiabá, exceto saco de cimento e gesso. Há resíduos que são
doados, vendidos ou reutilizados, como madeira, papelão, plástico, metal e outros e
que representam, em média, menos de 5% do total de resíduos gerados.
8
ATT de Cuiabá é a destinação de RCC gerado na obra?
7
A empresa monitora a quantidade de resíduos gerados e
retirados da obra em relação a quantidade planejada no
PGRCC ?
6
A empresa monitora a destinação final de seus resíduos?
5
Há reutilização de resíduos entre as obras em execução da
construtora?
4
A construtora utiliza transporte próprio para os resíduos
gerados?
3
empresas
Os transportadores são devidamente licenciados para essa
atividade?
2
das
Os colaboradores envolvidos com essa atividade utilizam
todos os equipamentos de proteção individual (EPI`s) para
sua segurança?
1
Figura 19 – Percentual
destinação final de resíduos
O transporte é executado com prévio conhecimento dos seus
riscos e suas características de manuseio?
às
questões
do
item
5)
100
transporte
e
(%)
17
25
50
50
100
92
67
0
20
40
60
80
100
120
Na maioria dos canteiros não há caracterização, triagem e acondicionamento
e/ou armazenamento temporário adequados e, por essa razão, os resíduos são
misturados e descartados em caçambas, por transportadoras. Sete canteiros
121
utilizam uma transportadora de caçamba e cinco utilizam duas transportadoras para
a destinação final dos resíduos.
Para as questões que envolvem transporte de resíduos e os transportadores,
67% dos entrevistados responderam que o serviço é executado com prévio
conhecimento dos seus riscos e suas características de manuseio. Para 92% dos
entrevistados os colaboradores envolvidos com essa atividade utilizam todos os
equipamentos de proteção individual (EPIs) para sua segurança. Para 100% dos
entrevistados todos os transportadores são devidamente licenciados para essa
atividade.
Para 50% dos entrevistados há reutilização de resíduos entre obras da
empresa, embora em pequena quantidade, e também utilizam transporte próprio
para resíduos. Perguntado qual resíduo transportam, informaram madeira, pedaços
de ferro, entulho de tijolos, sobra de bloco de concreto e areia e outros.
Para 25% dos entrevistados há monitoramento da destinação final de seus
resíduos e 75% dos entrevistados declararam que a partir da saída do resíduo da
obra não há responsabilidade da empresa sobre os resíduos.
Para 17% dos entrevistados há monitoramento da quantidade de resíduos
gerados e retirados da obra em relação à quantidade planejada no PGRCC, sendo
esses dois canteiros integrantes dos quatro canteiros que trabalham com plano de
GRCC. Nos doze canteiros pesquisados, 100% dos entrevistados destinam seus
resíduos à ATT de Cuiabá, único local de destinação do município para a maior
quantidade de entulho da obra.
Nos doze canteiros pesquisados, os resíduos gerados na obra e destinados
para outras obras, bem como para doação, reutilização, venda e outros,
representam menos de 5% do total gerado e foram listados na Tabela 11. As
estimativas por resíduo foram fornecidas pelos engenheiros responsáveis pelas
obras.
Pelos dados colhidos é possível deduzir ser incipiente o resultado percentual
de reutilização de resíduos em outras obras ou com venda, reutilização no próprio
canteiro ou doação e outras destinações, em relação ao total de RCC gerado na
obra e destinado à ATT. Importante destacar que a iniciativa, mesmo com resultado
incipiente, deve ser considerada válida.
122
Tabela 11 – RCC gerado na obra e destinado para outras obras, venda, reúso, doação
Resíduo
Aço
Madeira
Alumínio
Cerâmico
Argamassa
PVC / Fiação
Lata de tintas
Restos de tijolos para aterro
Concreto
Concreto
Areia
Brita
Cimento
Gesso, cerâmico (arremate)
Argamassa de reboco, pedaços de ferro (vergas),
argamassa usada para massa de contrapiso,
resíduo de argamassa usinada e cimento para
estabilização de talude e acessos
Destino
Vende, reutiliza, doa
Reúso, doa
Vende
Reúso
Reúso
Doa
Reúso, doa
Reúso
Reúso
Reúso
Reúso
Reúso
Reúso
Reúso
Reúso
%
95 a 100
20 a 100
100
20 a 80
80 a 95
10 a 90
80 a 100
90
95
95
95
90
100
30
citados e não
estimados
Foi solicitado aos entrevistados que indicassem as atuais dificuldades em
relação ao item 5) transporte e destinação final de resíduos e o resultado dos doze
canteiros é mostrado na Tabela 12, em forma de listagem.
Tabela 12 – Dificuldades em relação ao item 5) transporte e destinação final de resíduos
Em relação aos transportadores
a)
b)
c)
d)
e)
f)
g)
Cumprimento de prazos e horários
A contratada para transporte não consegue atender no tempo necessário
O atendimento da locadora de caçambas, a espera, a agenda
Demora no atendimento pela demanda da cidade
Não atende à demanda das construtoras
Mau atendimento de maneira geral, coleta não cumpre a programação
Empresa não coleta todos os materiais. Falta empresas para aumentar a concorrência
Em relação à ATT e outras destinações em Cuiabá
a)
b)
c)
d)
e)
f)
Problema na área administrativa da ATT: caçamba retida; nota fiscal não chega para pagamento
Ter um local adequado para destinação final dos RCC na cidade de Cuiabá
Empresas capacitadas em recolher e/ou receber resíduos
Resíduos separados na obra mas sem destinação: papelão, gesso, EPS, PVC, outros
Destinação do gesso e do saco de cimento
Falta de opções para destinação de RCC
Outras dificuldades
a) Destinação da água de limpeza de betoneira, central de concreto
b) Destinação das telas de proteção de fachada para descarte (retalhada e doada)
c) Madeira de forma e desforma, o que não aproveita gera um problema de descarte
d) Pouca quantidade de caminhões na empresa para enviar resíduos às obras
e) Empenho de colaboradores
f) Custos desses serviços
g) Julga importante ter esse conhecimento para gerenciar a obra e RCC da obra
h) Não tem conhecimento dessa área
i) Organização dos resíduos
j) Treinamento específico
123
Relataram dificuldades em relação aos transportadores de resíduos 58% dos
entrevistados, no cumprimento de prazos, horários, demanda de serviço e a não
coletar todos os resíduos gerados. Em relação à ATT de Cuiabá foi observado por
um
entrevistado
que
existem
problemas
administrativos
na
empresa
ECOAMBIENTAL (ATT) repercutindo no gerenciamento da obra.
Para resíduos separados na obra como papelão, gesso, EPS, PVC, saco de
cimento, 42% dos entrevistados informaram que a dificuldade está na falta de
destinação final em Cuiabá, além da falta de mais uma opção para destinação de
RCC. Em outras dificuldades relatadas 83% dos entrevistados indicaram a falta de
opção ou conhecimento para destinar água de betoneira, central de concreto, telas
de proteção da fachada, madeira, além de dificuldades com a organização de
resíduos para transporte, o custo desses serviços e a mão de obra que se apresenta
com baixo comprometimento e não qualificada para o serviço.
As dificuldades presentes nos canteiros de obra demonstram o estágio atual
do GRCC, a percepção dos engenheiros em relação às necessidades para
gerenciamento da obra e de RCC, a relação direta do tema com a equipe de
colaboradores e terceiros e sugere uma demanda reprimida que necessita de um
olhar criterioso por parte dos envolvidos e da empresa em busca de solução ou
considerar-se, ainda, que se elevar o nível da questão das dificuldades a um
conjunto de necessidades comuns para GRCC em Cuiabá, a discussão passa então
a envolver todo o setor e aqueles diretamente vinculados: construtoras,
transportadoras, recicladores, órgãos públicos, ATT, SindusCon-MT, entre outros,
em busca de soluções comuns que bem atendam o setor.
4.3.6 Análise
geral
dos
resultados
percentuais
para
as
práticas
e
procedimentos em canteiros de obra quanto ao gerenciamento de
resíduos da construção civil (GRCC)
Os resultados percentuais para os itens de práticas e procedimentos em
canteiros de obra quanto ao GRCC (Práticas para GRCC) estão demonstrados no
Quadro 17.
Em relação às práticas para GRCC (média por canteiro), observa-se que os
resultados “satisfatórios” são aqueles que atendem aos canteiros A1 com 74%, B1
com 57%, D1 com 62%, D2 com 70% e E1 e F1 com 52%. Apenas os dois
124
canteiros, A1 e D2, conseguem manter em todos os resultados por item percentuais
“satisfatórios”, sendo portanto, os canteiros mais bem avaliados entre todos.
Quadro 17 – Percentual para itens de práticas e procedimentos em canteiros de obra quanto ao gerenciamento
de resíduos da construção civil (GRCC)
Programa Brasileiro de Produtividade e Qualidade do Habitat1
Certificado de Gestão de Qualidade ISO 9001
Itens de Práticas para GRCC / Canteiros
1) Percepção das políticas ambiental e de qualidade da empresa
(9 questões)
S2
N
A1
S
N
A2
S
N
B1
S
N
B2
N3
N
C1
N
N
C2
S
N
D1
S
N
D2
S
S
E1
S
S
E2
N
N
F1
N
N
F2
100
67
33
33
11
11
78
89
44
44
67
22
2) Práticas relacionadas ao GRCC (27 questões)
77
35
92
38
50
62
73
69
54
54
73
23
3) Plano de GRCC, caracterização e triagem de RCC (12 questões)
4) Acondicionamento e/ou armazenamento temporário de RCC
(10 questões)
58
42
50
0
58
17
33
67
50
17
25
8
80
30
50
50
40
30
70
70
70
40
50
30
5)Transporte e destinação final de resíduos (8 questões)
57
71
57
43
14
100
57
57
43
29
43
57
Resultados de Práticas para GRCC (média por canteiro)
74
49
57
33
35
44
62
70
52
37
52
28
Empresas
Resultados de Práticas para GRCC (média por empresa)
A
B
C
D
E
F
62
45
40
66
45
40
1
PBQP-H 2Sim 3Não
Os canteiros B1, com 57%, e D1, com 62% de média por canteiro,
respectivamente, apresentam um percentual “insatisfatório” em um item cada um, e
seus resultados finais colocam D1 como o terceiro canteiro mais bem avaliado e B1
como o quarto canteiro mais bem avaliado.
A empresa D, com o segundo e terceiro melhores canteiros avaliados, mostra
regularidade em seus resultados e, consequentemente, em suas práticas para
GRCC.
Os canteiros E1 e F1, com 52% de média, apresentam dois percentuais
“insatisfatórios” em dois itens cada um, e seus resultados finais colocam os dois
canteiros, E1 e F1, em 5º lugar como mais bem avaliados.
Observa-se em todos os canteiros avaliados a tendência mostrada nas
análises anteriores: resultados de menor valor para itens subsequentes, portanto,
práticas interferindo negativamente em ações subsequentes.
Os canteiros com percentuais de atendimento “insatisfatório”, A2 com 49%,
B2 com 33%, C1 com 35%, C2 com 44%, E2 com 37% e F2 com 28%, apresentam
no mínimo dois e no máximo quatro resultados por item abaixo de 50%. O canteiro
com o menor resultado é F2, seguido de B2, C1, E2 e C2.
A empresa C, com o terceiro e o quinto canteiros com os menores
percentuais “insatisfatórios”, mostra regularidade negativa em seus resultados e,
consequentemente, em suas práticas para GRCC.
Comparou-se os resultados das médias obtidas por canteiro para as práticas
para GRCC com os obtidos para melhorias e inovações, como mostra o Quadro 18.
125
Quadro 18 – Comparativo da
inovações x práticas para GRCC.
Canteiros
Melhorias e inovações
(média do canteiro)
Práticas para GRCC
(média por canteiro)
média
por
canteiro
-
percentuais
entre
melhorias
e
A1
A2
B1
B2
C1
C2
D1
D2
E1
E2
F1
F2
81
59
86
51
75
56
69
61
59
46
62
42
74
49
57
33
35
44
62
70
52
37
52
28
Apenas o canteiro A1 conseguiu manter sua posição entre os mais bem
avaliados, mesmo com decréscimo no resultado percentual. Os canteiros B1 e C1,
com percentuais de 57% e 35% respectivamente, afastaram-se dos melhores
resultados e os canteiros D1 e D2 mantiveram a regularidade de melhorias e
inovações em práticas para GRCC, 62% e 70% respectivamente. Nos demais
canteiros – A2, B2, C1, C2, E2 e F2 – os resultados variam entre 28% e 49% e
quando comparados esses resultados com os de melhorias e inovações, que estão
entre 42% a 59%, confirmam-se os baixos percentuais médios nos dois resultados
para os mesmos canteiros. Alguns canteiros da mesma empresa aprsentam
diferenças significativas entre eles, como mostrou o Quadro 18.
Quando comparam-se os percentuais médios para melhorias e inovações
com os de práticas para GRCC, por canteiro, é possível perceber que a tendência
para os menores percentuais obtidos em melhorias e inovações é apresentar outros
menores resultados quanto às práticas para GRCC. Observa-se essa tendência nos
canteiros A2, B2, e C2 que alteram resultados “satisfatórios” para “insatisfatórios” ou
ainda E2 e F2 que reduzem seus resultados, já abaixo de 50% e “insatisfatórios”.
Com esses resultados é possível inferir que o percentual de atendimento
alcançado por um canteiro em melhorias e inovações evidencia a tendência para os
resultados subsequentes quanto às práticas para GRCC. Sugerem ainda os
resultados que para conseguir-se bons resultados quanto às práticas para GRCC,
deve-se observar primeiro como está sendo atendido o canteiro de obra quanto às
melhorias e inovações.
Também é possível observar variações significativas de percentuais entre
canteiros da mesma empresa, como ocorrido nos canteiros B1 e C1 que apresentam
percentuais de atendimento “satisfatório” para melhorias e inovações de 86% e 75%,
respectivamente, mas em práticas para GRCC apresentam 57% e 35%,
respectivamente. De fato, nesses dois últimos percentuais, as divergências podem
estar apenas concentradas nas práticas para GRCC e é possível deduzir que
melhorias e inovações têm seus itens atendidos satisfatoriamente.
126
Ocorre diferença significativa entre outros canteiros da mesma empresa,
como em F2 com resultados insatisfatórios, com 42% e 28%, sugerindo em todos os
casos citados não ser possível manter o padrão de atendimento para as duas
frentes de gerenciamento, de obra e GRCC, simultaneamente. Finalmente, é
possível inferir que os resultados alcançados no momento da pesquisa refletem as
práticas e os procedimentos possíveis para GRCC, dentro da realidade do
gerenciamento de cada canteiro de obra.
Os cinco canteiros – A1, D1, D2, E1 e F1 – apresentam percentuais de
atendimento “satisfatórios” tanto para melhorias e inovações como para práticas
para
GRCC
e
seus
resultados
demostram
regularidade,
sem
diferenças
significativas, embora em quatro canteiros, A1, D1, E1 e F1, os percentuais para
práticas quanto ao GRCC sejam de menor valor conforme a tendência já analisada.
Destaca-se mais uma vez a regularidade da empresa D e seus resultados que
sugerem que os canteiros D1 e D2 devem trabalhar sob controle e monitoramento, o
que pode justificar a regularidade dos percentuais obtidos para melhorias e
inovações e práticas para GRCC, embora para a empresa exista sempre a
possibilidade de melhoria para os resultados obtidos.
Os resultados obtidos quanto às práticas para GRCC, média por empresa,
apresentam percentuais de atendimento “satisfatório” para as empresas A, com
62%, e D, com 66%. As empresas B, C, E e F apresentam percentuais de
atendimento “insatisfatórios”: B e E com 45% e E e F com 40%. A empresa D foi a
mais bem avaliada quanto às práticas para GRCC.
De forma geral e a partir dos resultados obtidos é possível deduzir que o
gestor e a equipe de colaboradores à frente da obra intervêm de forma pessoal,
passando a existir diferenças tanto quantitativa como qualitativa para o
gerenciamento do canteiro dentro de uma mesma empresa, ou ainda que a
responsabilidade da empresa com os resultados obtidos é proporcional ao controle e
monitoramento de seus programas implantados, de seus resultados e das correções
necessárias, ou ainda que a ausência desse controle contribui para resultados
diferentes dentro de uma mesma empresa. As divergências de valores obtidos por
canteiro sugerem que cada equipe, em cada canteiro, diante de suas próprias
necessidades, responde com maior ou menor grau de dificuldade e reflete esse
resultado para a empresa.
127
4.3.7 Resultados para o item grau de dificuldade e hierarquia de medidas
eficientes quanto ao GRCC no canteiro de obra
Os resultados para o item grau de dificuldade quanto ao GRCC no canteiro de
obra refletem a percepção do engenheiro responsável pela obra em relação ao
GRCC e são mostrados na Figura 20. Associou-se na mesma Figura 20 os
percentuais obtidos quanto às práticas para GRCC (média por canteiro).
Figura 20 – Grau de dificuldade quanto ao GRCC no canteiro associado ao percentual de práticas
para GRCC
80
74
70
70
62
57
60
52
49
50
52
44
Percentual para
Práticas para GRCC 40
(média por canteiro)
33
37
35
28
30
20
10
Alto
Alto
Alto
Alto
Alto
Alto
Alto
Alto
Muito Alto
Médio
Alto
Grau de Dificuldade
quanto ao GRCC no
canteiro de obra
Médio
0
A1
A2
B1
B2
C1
C2
D1
D2
E1
E2
F1
F2
Após responder as questões sobre melhorias e inovações e práticas para
GRCC, o engenheiro responsável pela obra declarou seu grau de dificuldade quanto
ao GRCC e o resultado foi comparado ao percentual obtido em práticas para GRCC
no canteiro de obra; comparando-se, foi verificada a percepção do engenheiro e a
tendência entre os resultados.
Em nove canteiros foi declarado pelos engenheiros entrevistados que o grau
de dificuldade quanto ao GRCC é “Alto”; em dois canteiros foi declarado como de
grau “Médio”; em um canteiro o entrevistado considerou o grau de dificuldade como
“Muito Alto”.
Para os entrevistados com grau de dificuldade “Alto” em nove canteiros, o
percentual obtido em práticas para GRCC variou entre 28% e 70%. Em cinco desses
canteiros os percentuais de atendimento quanto às práticas para GRCC são
“insatisfatórios”: A2 com 49%, B2 com 33%, C1 com 35%, C2 com 44% e F2 com
128
28%. Nos outros quatro canteiros os percentuais de atendimento são “satisfatórios”:
B1 com 57%, D1 com 62%, D2 com 70% e E1 com 52%. Os resultados sugerem
coerência entre a percepção do engenheiro e os percentuais de atendimento quanto
às práticas para GRCC, medida nos canteiros.
Em dois canteiros que os entrevistados declararam grau de dificuldade como
“Médio” e os percentuais de atendimento quanto às práticas para GRCC foram
“satisfatórios”: A1 com 74% e F1 com 52%. Em um canteiro, E2, o entrevistado
declarou grau de dificuldade como “Muito Alto” e o percentual de atendimento às
práticas de GRCC foi de 37%, “insatisfatório”, o que sugere coerência entre os
resultados.
Apesar de os percentuais de atendimento serem “satisfatórios” quanto às
práticas para GRCC nos canteiros A1, B1, D1, D2, E1 e F1, pode-se inferir que
ocorreram problemas que foram percebidos pelos engenheiros e são declarados no
grau de dificuldade quanto ao GRCC, como Médio e Alto, mesmo associado aos
resultados para as práticas para GRCC como “satisfatórios”.
Quanto ao resultado para a hierarquia de medidas eficientes a GRCC para
atender os canteiros de obra, foi obedecida a prioridade informada pelos
engenheiros. Foram listadas todas as medidas com prioridade número um, todas as
medidas com prioridade número dois, e assim sucessivamente até a prioridade
quatro. Em três canteiros B2, C1, C2 não foram indicadas medidas e o resultado dos
nove canteiros está mostrado na Tabela 13, em forma de listagem.
Observa-se que há uma sequência lógica de prioridades, desde a solicitação
da elaboração do plano de GRCC até a promoção de sua melhoria com a
colaboração de todos os envolvidos com o plano, passando pela premiação para os
melhores resultados, além de treinamento geral e específico e aquisição de
inovações tecnológicas para a produção do edifício.
Tabela 13 – Hierarquia
pelos engenheiros, na obra
de
medidas
eficientes
para
GRCC
com
prioridade
informada
Prioridade 1
a) Desenvolver um plano de GRCC e um planejamento para o plano de ação
b) Apresentar o plano de GRCC a todos os colaboradores
c) Treinar e preparar os colaboradores
d) Escolher um engenheiro para o setor de qualidade e incluir o GRCC
e) Ter um maior investimento no orçamento da obra para GRCC
Continua...
129
Tabela 13 – Hierarquia de medidas eficientes para GRCC com prioridade informada... (continuação)
f) Dividir com os fornecedores a responsabilidade sobre RCC como saco de cimento, gesso, outros
(logística reversa)
g) Produzir planos de GRCC mais claros, facilitando sua execução no canteiro de obra
h) Criar um sistema de reciclagem de RCC para produção de areia enriquecida para outras obras
(moinho)
Prioridade 2
i) Contratar colaboradores especializados no tema GRCC
j) Ter responsáveis para a área de GRCC no canteiro
k) Organizar o canteiro para armazenamento de resíduos para as classes A, B, C, D
l) Disponibilizar novos produtos disponíveis no mercado para todas as obras, por exemplo, formas de
alumínio
m) Estudar a viabilidade de novos produtos para a produção do edifício
n) Monitorar a destinação final dos resíduos
Prioridade 3
o) Contratar consultoria especializada no assunto
p) Definir metas e premiar as obras com melhores resultados
q) Acompanhar um ciclo de produção de serviço
r) Destinar uma equipe para realizar serviço de triagem
s) Estudar paginação em função dos ambientes, por exemplo, cerâmica/acabamento
t) Evitar alteração de projeto pós-execução
Prioridade 4
u) Apresentar os resultados provocados pelo plano de GRCC
v) Promover a melhoria do Plano de GRCC com a participação de todos
w) Ter empresas de reciclagem em Cuiabá para receber resíduos recicláveis
Os resultados sugerem uma percepção clara pela área técnica e executiva da
empresa, embora não esgote o tema no atendimento ao canteiro de obra em relação
a GRCC. A hierarquia de medidas pode servir como elemento motivador para
fomentar a discussão do tema na empresa.
Entende-se também que medidas eficientes são encaminhamentos para
serem analisados, revisados, acrescentadas novas medidas para decisão a curto e
médio prazo, com objetivo de obter soluções para a empresa.
4.3.8 Resultados para as principais ocorrências de perdas e desperdícios e
inovações
tecnológicas
implantadas
para
minimizar
perdas
e
desperdícios nos canteiros
O resultado percentual para as principais ocorrências de perdas e
desperdícios nos doze canteiros de obras classifica em primeiro lugar a falta de
projeto ou má qualidade dele e a incompatibilidade entre projetos, com 50% cada
uma e seis indicações pelos entrevistados. Em segundo lugar, com quatro
indicações cada uma, 33%, a alteração do projeto, correções de inconformidade
com
as
especificações
durante
a
execução,
transporte
no
canteiro,
130
estoque/armazenamento no canteiro. A falta de programação/controle de materiais,
o processamento em si (acima do estimado) e as correções de falhas construtivas
pós-entrega dentro do prazo de garantia, que aparece em terceiro lugar com três
indicações cada uma, 25%. Os resultados são apresentados na Tabela 14.
Tabela 14 - Classificação das principais ocorrências de perdas e desperdícios nos canteiros
Principais ocorrências de perdas e desperdícios no canteiro
1)
1)
2)
2)
3)
4)
5)
6)
7)
Falta de projeto ou má qualidade do projeto
Incompatibilidade entre projetos
Alteração do projeto
Correções de inconformidade com as especificações durante a execução
Transporte no canteiro
Estoque/armazenamento no canteiro
Falta de programação/controle de materiais
Processamento em si (acima do estimado)
Correções de falhas construtivas pós-entrega e dentro do prazo de garantia
Classificação
(%)
50
50
33
33
33
33
25
25
25
Os resultados sugerem que as causas das principais perdas e desperdícios
que ocorrem nos canteiros de obra têm origem no projeto, no gerenciamento e
durante a execução da obra. Dessa forma, é possível relacionar essas ocorrências e
suas origens com os impactos subsequentes no GRCC.
O resultado para a classificação quanto as maiores dificuldades existentes em
relação a mão de obra para não gerar e/ou reduzir perdas e desperdícios no
canteiro, apresentado na Tabela 15, classificou em primeiro lugar a falta de
comprometimento
dos
subempreiteiros,
com
50%
e
seis
indicações
dos
entrevistados. Em segundo lugar, a rotatividade das equipes, com 42% e cinco
indicações; em terceiro lugar, com 33% e quatro indicações cada uma, o
absenteísmo (habitualmente não realiza obrigações referentes ao seu trabalho) e a
falta de projeto do produto e de planejamento dos sistemas de produção. Em quarto
lugar, com 25% e três indicações cada uma, a falta de comprometimento da equipe
de empregados próprios; falta de controle sobre a produção das etapas de serviços
e falta de programação para mão de obra.
Tabela 15 – Classificação para as maiores dificuldades existentes em relação a mão de obra
para não gerar e/ou reduzir perdas/desperdícios no canteiro
Maiores dificuldades existentes em relação a mão de obra para não gerar e/ou
perdas/desperdícios no canteiro
1) Falta de comprometimento dos subempreiteiros
2) Rotatividade das equipes
3) Absenteísmo (habitualmente não realiza obrigações referentes ao seu trabalho)
Classificação
(%)
50
42
33
Continua...
131
Tabela 15 – Classificação para as maiores dificuldades existentes em relação a mão... (continuação)
3)
4)
4)
4)
Falta de projeto do produto e de planejamento dos sistemas de produção
Falta de controle sobre a produção das etapas de serviços
Falta de programação para mão de obra
Falta de comprometimento da equipe de empregados próprios
33
25
25
25
A maior dificuldade em relação a mão de obra apontada pelos entrevistados é
a falta de comprometimento dos subempreiteiros; em lado oposto e ocupando o
último lugar a falta de comprometimento da equipe de empregados próprios. Deduzse assim que o número de subempreiteiros nos canteiros é muito significativo frente
aos empregados próprios para justificar a classificação ou que ainda, a avaliação
sobre o subempreiteiro tem padrão diferente em relação a própria equipe
Por outro lado, ao considerar-se a rotatividade das equipes aliada a uma mão
de obra que não realiza as obrigações de seu trabalho e a falta de projeto do
produto e de planejamento dos sistemas de produção, retorna-se com a origem das
dificuldades para a direção da empresa e para o gerenciamento do canteiro de obra,
contrariando o primeiro resultado, referente aos subempreiteiros. Em busca de
solução e dentro dessa realidade, o assunto deve ser analisado em relação ao
gerenciamento do canteiro tendo em vista que essas dificuldades, na sequência,
impactam o GRCC.
Diante da falta de projeto, planejamento e controle do produto, dos sistemas
de produção e das etapas de serviço, é preciso haver um olhar criterioso da
empresa. Contradiz o primeiro resultado referente aos subempreiteiros porque é a
empresa e o gerenciamento da obra que acompanham, monitoram e fiscalizam a
produção do edifício. Essas dificuldades têm impacto subsequente no GRCC.
Quanto às inovações tecnológicas implantadas para minimizar perdas e
desperdícios nos canteiros de obra, apresentadas na Tabela 16, as mesmas foram
agrupadas em forma de listagem e são fiéis as indicações dos engenheiros
entrevistados.
Tabela 16 – Inovações tecnológicas implantadas no canteiro para minimizar perdas e desperdícios
Inovações tecnológicas implantadas no canteiro para minimizar perdas e desperdícios
a) Tijolo cerâmico paletizado, processo de paletização em geral
b) Paletes para tijolos
c) Aço Corta e Dobra
d) Centrais de fabricação específicas no canteiro
e) Central de pré-moldados
f) Confecção de pré-moldados no canteiro para atender churrasqueiras, shafts
g) Padronização de esquadrias confeccionadas no canteiro, no projeto para múltiplos de 6
Continua...
132
Tabela 16 – Inovações tecnológicas implantadas no canteiro para minimizar... (continuação)
h)
i)
j)
k)
l)
m)
n)
o)
p)
q)
r)
s)
t)
u)
v)
w)
x)
y)
z)
aa)
bb)
cc)
dd)
ee)
ff)
gg)
hh)
ii)
jj)
Uso de escoramento metálico de laje
Uso de escoras metálicas, longarinas e outras, para forma
Confecção de kits elétrico e hidráulico para montagem nas unidades
Montagem de kit cerâmico, piso com quantidade estimada de uso mas sem os acabamentos (caixa
fechada paletizada e enviada ao andar/torre)
Peças de marmoraria chegam ao canteiro cortadas para montagem
Substituição da estrutura da cobertura em madeira para perfis metálicos
Proteção de periferia na produção da torre
Construção de baias para acondicionamento separado
Uso de concreto industrializado (usinado)
Massa pronta para revestimento interno
Argamassa usinada para reboco e alvenaria
Argamassa de reboco usinada e transportada em masseiras
Argamassa industrializada com redução no uso de equipamento
Utilização de argamassa estabilizada
Não aplicar massa na junta vertical
Produção de argamassa para reboco externo com argamassadeiras
Utilização de retardador de pega do gesso
Distância otimizada entre a produção e o ponto de lançamento (produção)
Transporte horizontal de materiais através de empilhadeiras e minicarregadeiras
Uso de carrinho paleteiro hidráulico
Uso de peneira elétrica para areia
Separar madeira para reúso
Reciclar madeira
Utilizar restos de EPS no contrapiso
Aproveitamento do bandejão no uso posterior para contenção de taludes
Compra de tapumes com madeirites reciclados
Aproveitamento dos restos de madeira para guarda-corpo e outras estruturas
Reaproveitamento de formas metálicas em várias obras
Reaterro com argamassa de alvenaria e reboco interno e externo
Os resultados sugerem que as inovações tecnológicas implantadas podem
ser agrupadas como sistema paletizado, aço corta e dobra, central de fabricação de
pré-moldados no canteiro, escoramento metálico, confecção e montagem de kits
para produção de serviço, concreto usinado e argamassa industrializada e
estabilizada, transporte de material por equipamento e distância otimizada até o
ponto de produção, reutilização de materiais. Deve-se destacar que as inovações
listadas não ocorrem simultaneamente em um mesmo canteiro, o que pode justificar
algumas das ocorrências de perdas e desperdícios, bem como as dificuldades com a
mão de obra, encontradas nos canteiros. A listagem não esgota as inovações
tecnológicas implantadas nos canteiros e serve como incentivo à implementação de
outras melhorias e inovações tecnológicas.
133
4.3.9 Análise comparativa entre resultados para melhorias e inovações x
práticas para GRCC
Para os resultados dos itens de melhorias e inovações foi possível verificar
que o item com maior ocorrência de percentual de atendimento “insatisfatório”,
abaixo de 50%, é o de comunicações internas. Em práticas para GRCC, os
resultados indicam dois itens com maior ocorrência de percentual de atendimento
“insatisfatório”: percepção das políticas ambiental e de qualidade e plano de GRCC,
caracterização e triagem de RCC. Os resultados correspondem ao Quadro 19.
Quadro 19 – Percentual por item - melhorias e inovações
Maior ocorrência de percentuais “insatisfatórios” (abaixo de 50%)
Empresa/Canteiro
MELHORIAS E INOVAÇÕES
1. Apoio e dignificação da mão de obra
2. Organização do canteiro
3. Movimentação de materiais e deslocamentos
internos
4. Ferramentas, máquinas e técnicas especiais
5. Segurança do trabalho
6.Comunicações internas
Média por canteiro
Média por empresa
Empresa/Canteiro
PRÁTICAS PARA GRCC
A
B
x
práticas
C
para
D
GRCC
E
F
A1
A2
B1
B2
C1
C2
D1
D2
E1
E2
F1
F2
70
82
47
58
86
88
58
49
72
73
58
51
77
64
63
61
63
56
52
36
72
74
60
37
80
60
93
53
87
47
73
53
53
40
50
13
80
78
53
86
80
88
49
59
84
97
65
70
61
80
49
80
53
73
43
72
57
70
40
62
97
48
79
39
39
46
57
61
54
32
48
39
81
59
86
51
75
56
69
61
59
46
62
70
A
68
B
66
C
65
D
52
E
42
52
F
A1
A2
B1
B2
C1
C2
D1
D2
E1
E2
F1
F2
1.Percepção das políticas ambiental e de qualidade
100
67
33
33
11
11
78
89
44
44
67
22
2.Práticas relacionadas a GRCC
77
35
92
38
50
62
73
69
54
54
73
23
3.Plano de GRCC, caracterização e triagem de RCC
58
42
50
0
58
17
33
67
50
17
25
8
4.Acondicionamento e/ou armazenamento de RCC
5.Transporte e destinação final de resíduos
Média por canteiro
Média por empresa
80
57
74
30
71
49
50
57
57
50
43
33
40
14
35
70
57
62
70
57
70
70
43
52
40
29
37
50
43
52
30
57
28
62
45
30
100
44
40
66
45
40
Os percentuais “insatisfatórios” para o item comunicações internas variam
entre 32% e 48% e sugerem intervir nos percentuais insatisfatórios do item
percepção das políticas ambiental e de qualidade da empresa, que variam entre
11% e 33%. Para que a percepção das políticas ambiental e de qualidade da
empresa tenha a clareza necessária no canteiro de obra é fundamental o apoio de
comunicações internas. Se há inexistência dessas políticas ou por comunicações
internas pouco eficientes, o que se pode inferir é que os resultados insatisfatórios
refletem a falta dessa integração.
O resultado dos canteiros A2 e F1 com 67% cada um em percepção das
políticas ambiental e de qualidade da empresa contra 48% de resultado em
comunicações internas em cada canteiro, pode ser considerado como uma
percepção superavaliada pelo engenheiro entrevistado ou ainda que essa percepção
134
pode estar equivocada, ou que a avaliação pelo engenheiro para comunicações
internas esteja também equivocada. De forma inversa, o canteiro B1, com 70% de
atendimento para comunicações internas, mostra resultado de 33% em percepção
das políticas ambiental e de qualidade. Os resultados de forma geral são
contraditórios.
Os percentuais “insatisfatórios” para o item Plano de GRCC, caracterização e
triagem de RCC, variam entre 0,0 (zero) e 42% e sugerem coerência com a
percepção das políticas ambiental e de qualidade da empresa para os canteiros B2,
C2, E2 e F2. Na ausência de uma diretriz pela direção da empresa ou de uma
diretriz clara sobre suas políticas e, não havendo modelo de GRCC no canteiro, o
que se observa para o item são resultados abaixo de 50%, ou seja: a realidade do
canteiro dentro do que é possível fazer no dia a dia.
Para os canteiros A1, A2, C1, D1 e F1 os resultados indicam diferença
significativa entre os itens, ora com percentuais de atendimento “satisfatório” ora
“insatisfatório”, o que pode significar que um dos itens não foi bem avaliado ou ainda
que não há clareza quanto à integração desses itens nas práticas do canteiro, o que
retorna ao problema de comunicações internas. Os resultados para os canteiros D2
e E1 são os mais regulares entre todos.
Os resultados “satisfatórios”, nessa análise, são apoiados por outros
resultados acima de 50% e o item comunicações internas pode ser considerado de
integração. Por ele passam as informações do dia a dia do canteiro, como diretrizes
da empresa, segurança, execução, motivação, tempo de resposta, produção de
serviço, entre muitas outras. Merece ser observado com rigoroso critério,
principalmente quando apresenta resultados “insatisfatórios”.
Os resultados comparativos sugerem que itens de melhorias e inovações,
vinculado ao gerenciamento do canteiro de obra, integram e contribuem
significativamente para os percentuais de atendimento obtidos em itens quanto às
práticas para GRCC.
A maior média para melhorias e inovações por empresa fica com a empresa
A, com 70%, e a maior média quanto as práticas para GRCC fica com empresa D,
com 66%. A menor média para melhorias e inovações fica com as empresas E e F,
com 52% e a menor média quanto às práticas para GRCC fica com as empresas C e
F, com 40%. A empresa F apresenta os menores resultados nas duas avaliações,
52% e 40%. Os resultados são mostrados no Quadro 20.
135
Quadro 20 – Percentual de
Média por canteiro e por empresa
MELHORIAS E INOVAÇÕES
Média por canteiro
Média por empresa
PRÁTICAS PARA GRCC
Média por canteiro
Média por empresa
A1
81
melhorias
A2
59
B1
86
A2
49
B1
57
70
A1
74
62
e
inovações
B2
51
C1
75
B2
33
C1
35
68
45
C2
56
D1
69
C2
44
D1
62
66
x
práticas
D2
61
E1
59
D2
70
E1
52
65
GRCC
E2
46
F1
62
E2
37
F1
52
52
66
40
para
F2
42
52
45
F2
28
40
4.3.10 Análise comparativa para resultados entre canteiros da mesma
empresa: melhorias e inovações x práticas para GRCC
Ao comparar-se os resultados para canteiros da mesma empresa, encontrouse em melhorias e inovações para os canteiros B1 e B2 da empresa B a maior
diferença percentual: 86% e 51%, respectivamente. Em práticas para GRCC, para
os canteiros A1 e A2 da empresa A, encontrou-se a maior diferença percentual entre
seus resultados: 74% e 49%, como mostra o Quadro 21.
Quadro 21 – Percentual comparativo para melhorias e inovações x práticas para GRCC
Canteiros A1 e A2 - B1 e B2
Empresa/Canteiro
MELHORIAS E INOVAÇÕES
1. Apoio e dignificação da mão de obra
2. Organização do canteiro
3. Movimentação de materiais e deslocamentos internos
4. Ferramentas, máquinas e técnicas especiais
5. Segurança do trabalho
6. Comunicações internas
Média por canteiro
Empresa/Canteiro
PRÁTICAS PARA GRCC
1. Percepção das políticas ambiental e de qualidade
2. Práticas relacionadas a GRCC
3. Plano de GRCC, caracterização e triagem de RCC
4. Acondicionamento e/ou armazenamento de RCC
5. Transporte e destinação final de resíduos
Média por canteiro
A1
70
82
80
80
78
97
81
A1
100
77
58
80
57
74
A
A
A2
47
58
60
53
86
48
59
B1
86
88
93
80
88
79
86
A2
67
35
42
30
71
49
B1
33
92
50
50
57
57
B
B
B2
58
49
53
49
59
39
51
B2
33
38
0
50
43
33
O canteiro B1, entre os doze canteiros pesquisados, é o mais bem avaliado
em melhorias e inovações, com 86%. Para alcançar esse resultado seus valores
percentuais por item variaram entre 79% e 93%, “satisfatórios”, conforme mostrado
no Quadro 21. Ao comparar-se os canteiros B1 e B2 observou-se que os resultados
para três dos itens: organização do canteiro; ferramentas, máquina e técnicas
especiais e comunicações internas, apresentam diferença significativa de 88% para
49%; 80% para 49% e 79% para 39%, todos “insatisfatórios” no canteiro B2.
136
Ao
comparar-se
os
demais
itens:
movimentação
de
materiais
e
deslocamentos internos; apoio e dignificação da mão de obra; segurança do
trabalho, os percentuais passam de 93% para 53%; 86% para 58%; 88% para 59%,
com diferença significativa mas resultados “satisfatórios”.
Quanto às práticas para GRCC, os canteiros B1 e B2 apresentam padrões
diferentes de resultados para cada obra, como analisado em melhorias e inovações:
B1 com 57% e B2 com 33%, como mostra o Quadro 21. A tendência é de resultados
com diferença significativa entre os canteiros da empresa B.
A empresa B não consegue manter o resultado apresentado em B1 de 86%
para B2, 51%, o que sugere para os dois canteiros padrões diferentes para
melhorias e inovações em cada obra. A Figura 21 mostra os resultados
comparativos analisados para os canteiros B1 e B2.
86
58
53
Segurança do
trabalho
Comunicações
internas
39
Ferramentas,
máquinas e técnicas
especiais
49
79
59
Movimentação
materiais,
deslocamentos
internos
49
88
80
Organização do
canteiro
51
93
88
86
Apoio e dignificação
da mão de obra
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Média por canteiro
Resultados (%)
Figura 21 – Canteiros B1 e B2 – Percentual comparativo para melhorias e inovações
1
2
3
4
5
6
B1
B2
A empresa B não consegue manter os padrões apresentados no canteiro B1
para B2 tanto para melhorias e inovações quanto para práticas para GRCC e o
resultado final comparativo pelas médias é apresentado na Figura 22.
Figura 22 – Canteiros B1 e B2 – Comparativo final pelas médias
Resultados (%)
100
86
80
57
60
51
33
40
Melhorias e inovações
Práticas para GRCC
20
0
B1
B2
Empresa B/Canteiros
137
O canteiro A1, entre os doze canteiros pesquisados, é o mais bem avaliado
quanto às práticas para GRCC, com média de 74%; para alcançar esse resultado
seus percentuais por item variaram entre 57% e 100%, “satisfatórios”, conforme
mostrado no Quadro 22.
Quadro 22 – Canteiros A1 e A2 - Percentual quanto às práticas para GRCC
Empresa/Canteiro
A
PRÁTICAS PARA GRCC
A1 A2
1. Percepção das políticas ambiental e de qualidade
100 67
2. Práticas relacionadas a GRCC
77 35
3. Plano de GRCC, caracterização e triagem de RCC 58 42
4. Acondicionamento e/ou armazenamento de RCC
80 30
5. Transporte e destinação final de resíduos
57 71
Média por canteiro 74 49
Ao comparar-se os canteiros A1 e A2 observou-se que os resultados para os
três itens: acondicionamento e/ou armazenamento de RCC; práticas relacionadas a
GRCC e percepção das políticas ambiental e de qualidade apresentam diferença
significativa de 80% para 30%; 77% para 35% e 100% para 67%, respectivamente,
com dois resultados abaixo de 50%, “insatisfatórios”. Ao comparar-se os demais
itens: plano de GRCC, caracterização e triagem de RCC e transporte e destinação
final de resíduos, os percentuais passam de 58% para 42%; 57% para 71%.
A empresa não consegue manter os padrões apresentados no csnteiro A1 de
74% para o canteiro A2, 49%, o que sugere para os dois canteiros padrões
diferentes quanto as práticas para GRCC, em cada obra.
Para melhorias e inovações, como mostra o Quadro 23, os canteiros A1 e A2
mantêm a tendência para padrões diferentes de resultados para cada obra, com
média percentual para A1 de 81% e para A2 de 59%.
Quadro 23 – Canteiros A1 e A2 - Percentual para melhorias e inovações
Empresa/Canteiro
MELHORIAS E INOVAÇÕES
1. Apoio e dignificação da mão de obra
2. Organização do canteiro
3. Movimentação de materiais e deslocamentos internos
4. Ferramentas, máquinas e técnicas especiais
5. Segurança do trabalho
6. Comunicações internas
Média por canteiro
A
A1
70
82
80
80
78
97
81
A2
47
58
60
53
86
48
59
A empresa A não consegue manter os padrões apresentados no canteiro A1
para A2 tanto para melhorias e inovações quanto para práticas para GRCC e o
resultado final comparativo pelas médias é apresentado na Figura 23.
138
Resultados (%)
Figura 23 – Canteiros A1 e A2 – Comparativo final pelas médias
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
81
74
59
49
Melhorias e inovações
Práticas para GRCC
A1
A2
Empresa A/Canteiros
O canteiro F2, entre os doze canteiros pesquisados, apresenta para melhorias
e inovações a menor média percentual, 42%. Para alcançar esse resultado seus
valores percentuais por item variaram entre 13% e 62%, “satisfatórios” e
“insatisfatórios”, como mostra o Quadro 24.
Quadro 24 – Percentual comparativo para melhorias e inovações x práticas para GRCC
Canteiros F1 e F2
Empresa/Canteiro
MELHORIAS E INOVAÇÕES
1.Apoio e dignificação da mão de obra
2.Organização do canteiro
3.Movimentação de materiais e deslocamentos internos
4.Ferramentas, máquinas e técnicas especiais
5.Segurança do trabalho
6.Comunicações internas
Média por canteiro
Empresa/Canteiro
PRÁTICAS PARA GRCC
1.Percepção das políticas ambiental e de qualidade
2.Práticas relacionadas a GRCC
3.Plano de GRCC, caracterização e triagem de RCC
4.Acondicionamento e/ou armazenamento de RCC
5.Transporte e destinação final de resíduos
Média por canteiro
F1
72
74
50
57
70
48
62
F1
67
73
25
50
29
52
F
F
F2
60
37
13
40
62
39
42
F2
22
23
8
30
43
28
Segundo o Quadro 24, ao comparar-se os canteiros F1 e F2, observou-se que
as diferenças percentuais foram significativas para quatro dos itens: movimentação
de materiais e deslocamentos internos; organização do canteiro; comunicações
internas; ferramentas, máquinas e técnicas especiais. Os resultados foram
respectivamente de 50% para 13%; 74% para 37%; 48% para 39%; 57% para 40% e
cinco desses resultados ficaram abaixo de 50%, “insatisfatórios”. Ao comparar-se os
demais itens: apoio e dignificação da mão de obra e segurança do trabalho, os
percentuais passam de 72% para 60% e 70% para 62%.
139
A empresa F apresenta para melhorias e inovações o seu melhor resultado no
canteiro F1, com 62% e para F2, com 42%, o menor percentual entre os canteiros
analisados. A empresa não consegue manter os padrões apresentados no canteiro
F1 para F2, o que sugere canteiros com padrões diferentes para melhorias e
inovações em cada obra. A Figura 24 mostra os resultados comparativos analisados
para os canteiros F1 e F2.
80
70
60
50
40
30
20
10
0
74
72
62
70
60
57
50
42
62
48
40
37
39
Apoio e dignificação
da mão de obra
Organização do
canteiro
Movimentação
materiais,
deslocamentos
internos
Ferramentas,
máquinas e técnicas
especiais
Segurança do trabalho
Comunicações
internas
13
Média por canteiro
Resultados (%)
Figura 24 – Canteiros F1 e F2 - Comparativo pelas médias para itens de melhorias e inovações
1
2
3
4
5
6
F1
F2
Quanto às práticas para GRCC, a empresa F não consegue manter
percentuais “satisfatórios” no canteiro F1, para todos os itens, e apresenta apenas
resultados “insatisfatórios” para o canteiro F2. O resultado final comparativo pelas
médias é apresentado na Figura 25.
Figura 25 – Canteiros F1 e F2 – Comparativo final pelas médias
Resultados (%)
70
62
60
52
50
42
40
28
30
20
Melhorias e inovações
Práticas para GRCC
10
0
F1
F2
Empresa F/Canteiros
Os canteiros C1 e C2 da empresa C quanto às práticas para GRCC, entre os
doze canteiros pesquisados, apresentam resultado final de 35% e 44%,
140
“insatisfatório”. Para alcançar esses resultados seus valores percentuais por item
variaram entre 11% e 100%, “satisfatórios” e “insatisfatórios”, conforme Quadro 25.
Quadro 25 – Percentual comparativo para melhorias e inovações x práticas para GRCC
Canteiros C1 e C2
Empresa/Canteiro
MELHORIAS E INOVAÇÕES
1. Apoio e dignificação da mão de obra
2. Organização do canteiro
3. Movimentação materiais, deslocamentos internos
4. Ferramentas, máquinas e técnicas especiais
5. Segurança do trabalho
6. Comunicações internas
Média por canteiro
Empresa/Canteiro
PRÁTICAS PARA GRCC
1. Percepção das políticas ambiental e de qualidade
2. Práticas relacionadas a GRCC
3. Plano de GRCC, caracterização e triagem de RCC
4. Acondicionamento e/ou armazenamento de RCC
5. Transporte e destinação final de resíduos
Média por canteiro
C
C1
72
73
87
84
97
39
75
C1
11
50
58
40
14
35
C2
58
51
47
65
70
46
56
C
C2
11
62
17
30
100
44
Ao comparar-se os canteiros C1 e C2, observou-se que as diferenças
percentuais foram significativas para dois dos itens: plano de GRCC, caracterização
e triagem e transporte e destinação final de resíduos, com variação de 58% para
17% e 14% para 100%. Com variação menor, os itens: práticas relacionadas a
GRCC e acondicionamento e/ou armazenamento de RCC, de 50% para 62% e 40%
para 30%. O item percepção das políticas ambiental e de qualidade tem o mesmo
percentual de 11% para os dois canteiros.
Para melhorias e inovações os canteiros C1 e C2 mantêm a tendência para
padrões diferentes de resultados para cada obra, com média percentual para C1 de
75% e para C2 de 56%. Seus maiores percentuais por item ficam com segurança do
trabalho nos dois canteiros, 97% e 70% respectivamente, e os menores percentuais
para comunicações internas, 39% e 46% respectivamente, como mostrado na
Quadro 25.
A empresa C apresenta resultados finais “insatisfatórios” quanto às práticas
para GRCC para os canteiros C1 e C2, o que sugere um baixo padrão de
atendimento para essas práticas. A Figura 26 mostra o comparativo final pelas
médias, para as práticas dos canteiros F1 e F2.
141
Resultados (%)
Figura 26 – Canteiros F1 e F2 – Comparativo final pela média
80
70
60
50
40
30
20
10
0
75
56
44
35
Melhorias e inovações
Práticas para GRCC
C1
C2
Empresa C/Canteiros
Os canteiros D1 e D2, E1 e E2 das empresas D e E, entre os doze canteiros
pesquisados, são os que apresentam resultados percentuais mais regulares, tanto
para melhorias e inovações quanto em relação às práticas para GRCC.
Os canteiros D1 e D2 mantêm regularidade em todos os seus itens, com
exceção do item plano de GRCC, caracterização e triagem que apresenta D1 com
33% e D2 com 67%, como mostra o Quadro 26.
Quadro 26 – Percentual comparativo para melhorias e inovações x práticas para GRCC
Canteiros D1 e D2 - E1 e E2
Empresa/Canteiro
MELHORIAS E INOVAÇÕES
1. Apoio e dignificação da mão de obra
2. Organização do canteiro
3. Movimentação materiais, deslocamentos internos
4. Ferramentas, máquinas e técnicas especiais
5. Segurança do trabalho
6. Comunicações internas
Média por canteiro
Empresa/Canteiro
PRÁTICAS PARA GRCC
1. Percepção das políticas ambiental e de qualidade
2. Práticas relacionadas a GRCC
3. Plano de GRCC, caracterização e triagem de RCC
4. Acondicionamento e/ou armazenamento de RCC
5. Transporte e destinação final de resíduos
Média por canteiro
D1
77
64
73
61
80
57
69
D1
78
73
33
70
57
62
D
D
D2
63
61
53
49
80
61
61
E1
63
56
53
53
73
54
59
D2
89
69
67
70
57
70
E1
44
54
50
70
43
52
E
E
E2
52
36
40
43
72
32
46
E2
44
54
17
40
29
37
O canteiro E1 mantém maior regularidade que o canteiro E2 e os resultados
para melhorias e inovações, 59%, aproxima-se de práticas para GRCC, com 52%.
Para o canteiro E2 as médias percentuais apresentam-se abaixo de 50%: para
melhorias e inovações, 46% e quanto às práticas para GRCC, 37%.
As Figuras 27 e 28 mostram o comparativo final pelas médias para os
canteiros D1 e D2, E1 e E2. A regularidade apresentada pelos canteiros foi
142
vinculada aos percentuais apresentados por item e sem tendência a grandes
variações entre canteiros, embora regularidade não represente o melhor resultado.
Figura 27 – Canteiros D1 e D2 – Comparativo final pelas médias
72
Resultados (%)
70
69
70
68
66
64
62
62
Melhorias e inovações
61
Práticas para GRCC
60
58
56
D1
D2
Empresa D/Canteiros
Figura 28 – Canteiros E1 e E2 – Comparativo final pelas médias
70
59
Resultados (%)
60
52
46
50
37
40
Melhorias e inovações
30
Práticas para GRCC
20
10
0
E1
4.4
Empresa E/Canteiros
E2
RESULTADO DA AVALIAÇÃO DO MODELO DE GRCC IMPLANTADO NOS
CANTEIROS DE
OBRA DA EMPRESA
Para avaliação do modelo de GRCC implantado nos doze canteiros de obra,
apresenta-se na Tabela 17 um resumo de todas as respostas obtidas pelo
questionário, por canteiro. A sigla R1 equivale à resposta número um (R1) no
questionário e assim sucessivamente até R5, que equivale à resposta cinco. O
questionário aplicado encontra-se no Apêndice D.
Tabela 17 – Respostas à avaliação do modelo de GRCC implantado nos canteiros da empresa
Canteiros / Respostas à avaliação do modelo de GRCC implantado nos canteiros de obra da empresa
Questões
A1
A2
B1
B2
C1
C2
D1
D2
E1
E2
F1
F2
1
R5
R5
R5
R3
R1
R3
R3
R3
R3
R5
R3
R1
Continua...
143
Tabela 17 – Respostas à avaliação do modelo de GRCC implantado... (continuação)
2
R1
R2
R1
R2
R2
R1
R3
R1
R1
R1
R2
R2
3
R4
R4
R4
R1
R3
R4
R5
R5
R4
R3
R2
R5
4
R1
R1
R3
R3
R1
R1
R3
R3
R1
R1
R3
R3
5
R5
R1
R2
R2
R1
R4
R2
R2
R2
R2
R2
R2
6
R5
R5
R5
R5
R5
R4
R5
R5
R5
R5
R5
R5
7
R1
R1
R2
R2
R1
R1
R1
R1
R2
R1
R4
R4
8
R1
R1
R5
R5
R2
R1
R3
R3
R1
R1
R2
R2
9
R2
R5
R5
R2
R2
R4
R4
R2
R2
R5
R3
R3
10
R5
R1
R5
R1
R1
R2
R4
R4
R4
R1
R4
R4
11
R1
R2
R5
R1
R1
R1
R4
R1
R1
R1
R2
R1
12
R5
R2
R5
R1
R2
R5
R5
R5
R2
R2
R1
R2
13
R5
R2
R4
R3
R2
R2
R4
R3
R1
R2
R4
R3
14
R5
R1
R5
R2
R1
R2
R2
R2
R1
R2
R4
R1
15
R5
R1
R1
R3
R1
R1
R2
R1
R1
R1
R4
R1
16
R5
R2
R1
R5
R3
R4
R3
R3
R3
R2
R3
R1
17
R5
R1
R1
R1
R1
R4
R2
R3
R1
R1
R3
R1
18
R5
R1
R1
R1
R1
R1
R3
R3
R2
R1
R3
R1
19
R4
R1
R4
R1
R1
R1
R1
R1
R4
R1
R2
R1
20
R1
R1
R4
R1
R1
R1
R2
R1
R1
R1
R1
R1
21
R5
R2
R4
R1
R1
R1
R1
R1
R2
R1
R1
R1
22
R5
R5
R1
R5
R5
R5
R5
R5
R5
R5
R5
R5
23
R3
R3
R2
R1
R1
R1
R3
R2
R3
R1
R3
R1
Na Tabela 18 apresentam-se as notas de cada questão do questionário e a
média atribuída às quatro categorias avaliadas: 1) relação da implantação do edifício
com seu entorno; 2) escolhas dos sistemas e processos construtivos e produtos de
construção; 3) otimização e valorização de RCC gerados durante a produção do
edifício; 4) otimização das etapas do gerenciamento de RCC. O resultado da
avaliação do modelo implantado no canteiro de obra é medido em uma pontuação
de 0,0 (zero) a 10,0 (dez), pela média dessas categorias, conforme modelo
predefinido.
Tabela 18 – Notas às questões da avaliação do modelo de GRCC implantado nos canteiros da
empresa. Média das categorias analisadas
Canteiros / Média das Categorias
Questões / Notas
A1
A2
B1
B2
C1
C2
D1
D2
E1
E2
F1
F2
1) Relação da implantação do edifício
com seu entorno (1 a 3)
5,8
6,7
5,8
2,5
2,5
4,2
6,7
5,0
4,2
5,0
3,3
4,2
1
2
3
10,0
0,0
7,5
10,0
2,5
7,5
10,0
0,0
7,5
5,0
2,5
0,0
0,0
2,5
5,0
5,0
0,0
7,5
5,0
5,0
10,0
5,0
0,0
10,0
5,0
0,0
7,5
10,0
0,0
5,0
5,0
2,5
2,5
0,0
2,5
10,0
2) Escolhas dos sistemas e processos
construtivos e produtos de construção
(4 a 13)
5,3
2,8
7,8
3,8
2,0
4,0
6,3
4,8
2,8
2,8
5,0
4,8
4
5
6
7
0,0
10,0
10,0
0,0
0,0
0,0
10,0
0,0
5,0
2,5
10,0
2,5
5,0
2,5
10,0
2,5
0,0
0,0
10,0
0,0
0,0
7,5
7,5
0,0
5,0
2,5
10,0
0,0
5,0
2,5
10,0
0,0
0,0
2,5
10,0
2,5
0,0
2,5
10,0
0,0
5,0
2,5
10,0
7,5
5,0
2,5
10,0
7,5
Continua...
144
Tabela 18 – Notas às questões da avaliação do modelo de GRCC implantado nos... (continuação)
8
9
10
11
12
13
0,0
2,5
10,0
0,0
10,0
10,0
0,0
10,0
0,0
2,5
2,5
2,5
10,0
10,0
10,0
10,0
10,0
7,5
10,0
2,5
0,0
0,0
0,0
5,0
2,5
2,5
0,0
0,0
2,5
2,5
0,0
7,5
2,5
2,5
10,0
2,5
5,0
7,5
7,5
7,5
10,0
7,5
5,0
2,5
7,5
0,0
10,0
5,0
0,0
2,5
7,5
0,0
2,5
0,0
0,0
10,0
0,0
0,0
2,5
2,5
2,5
5,0
7,5
2,5
0,0
7,5
2,5
5,0
7,5
0,0
2,5
5,0
3) Otimização e valorização de RCC
gerados durante a produção do
edifício (14 a 17)
10,0
0,6
2,5
4,4
1,3
4,4
3,1
3,1
1,3
1,3
6,3
0,0
14
15
16
17
10,0
10,0
10,0
10,0
0,0
0,0
2,5
0,0
10,0
0,0
0,0
0,0
2,5
5,0
10,0
0,0
0,0
0,0
5,0
0,0
2,5
0,0
7,5
7,5
2,5
2,5
5,0
2,5
2,5
0,0
5,0
5,0
0,0
0,0
5,0
0,0
2,5
0,0
2,5
0,0
7,5
7,5
5,0
5,0
0,0
0,0
0,0
0,0
7,1
2,9
4,2
3,3
1,7
1,7
3,8
2,9
4,6
1,7
3,8
1,7
18
19
20
21
22
23
10,0
7,5
0,0
10,0
10,0
5,0
0,0
0,0
0,0
2,5
10,0
5,0
0,0
7,5
7,5
7,5
0,0
2,5
0,0
0,0
0,0
10,0
10,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
10,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
10,0
0,0
5,0
0,0
2,5
0,0
10,0
5,0
5,0
0,0
0,0
0,0
10,0
2,5
2,5
7,5
0,0
2,5
10,0
5,0
0,0
0,0
0,0
0,0
10,0
0,0
5,0
2,5
0,0
0,0
10,0
5,0
0,0
0,0
0,0
0,0
10,0
0,0
Pontuação Final
Avaliação do modelo de GRCC
7,0
3,2
5,1
3,5
1,9
3,6
4,9
3,9
3,2
2,7
4,6
2,6
4) Otimização das etapas
gerenciamento de RCC (18 a 23)
do
A pontuação final obtida em cada canteiro para avaliação do modelo de
GRCC implantado, foi comparada ao critério de conceituação e classificação do
modelo de GRCC predefinido e os resultados apresentados na Tabela 19.
Tabela 19 – Classificação do modelo de GRCC implantado nos canteiros da empresa
Canteiros
Pontuação final para
Avaliação do modelo de GRCC
Classificação do modelo de GRCC
implantado nos canteiros da empresa
A1
7,0
Regular
A2
B1
3,2
5,1
Insuficiente
Regular
B2
C1
C2
D1
D2
E1
E2
F1
F2
3,5
1,9
3,6
4,9
3,9
3,2
2,7
4,6
2,6
Insuficiente
Insuficiente
Insuficiente
Insuficiente
Insuficiente
Insuficiente
Insuficiente
Insuficiente
Insuficiente
Conforme está destacado na Tabela 19, os canteiros A1 e B1 classificaram-se
com modelo de GRCC “regular”, com pontuações finais de 7,0 e 5,1,
respectivamente. Os outros dez canteiros classificaram-se com modelo de GRCC
“insuficiente” e pontuação final inferior a 5,0.
145
Para as quatro categorias avaliadas e mostradas na Tabela 18 apenas os
canteiros A1 e B1 obtiveram pontuação maior que 7,5 nas categorias: 2) escolhas
dos sistemas e processos construtivos e produtos de construção (nota 7,8) e 3)
otimização e valorização de RCC gerados durante a produção do edifício (nota
10,0). A pontuação igual ou maior a 7,5 reflete as ações possíveis e já realizadas
nesses canteiros.
Para os dez canteiros classificados com modelo de GRCC “insuficiente”, as
menores pontuações são indicativos para atenção e análise pela empresa.
Para as quatro categorias analisadas os resultados sugerem para a categoria
1) relação da implantação do edifício com seu entorno, com doze canteiros com
médias inferiores a 7,5, que as empresas não prestam a devida atenção sobre os
impactos ambientais negativos que possam causar quando da implantação de seu
empreendimento naquele local predefinido.
Na categoria 2) escolhas dos sistemas e processos construtivos e produtos
de construção, com onze canteiros com médias inferiores a 7,5, o resultado sugere
que não há por parte das empresas preocupação com a escolha na aquisição de
materiais com certificação ISO 14000, por não ter relação de obrigação com essa
escolha, ou ainda que suas parcerias para fornecedores e serviços não guardam
relação com a gestão ambiental e que se estabelece preço como fator de decisão.
Também não considera a distância na aquisição de materiais e sim preço, o que
contribui para o aumento dos impactos ambientais negativos durante a execução da
obra,
principalmente
quanto
à
emissão
de
poluentes
na
atmosfera,
e
consequentemente não há preocupação com perdas e desperdícios durante a fase
de execução, o que sugere ausência de escolha para sistemas e processos
construtivos que contribuam com os produtos de construção. Nessa categoria o
canteiro B1 atingiu média de 7,8.
Para a categoria 3) otimização e valorização de RCC gerados durante a
produção do edifício, com onze canteiros com médias inferiores a 7,5, os resultados
sugerem que não há preocupação em diagnosticar as causas para perdas e geração
de resíduos durante a fase de execução da obra e, em consequência, não há
medida para reduzir a produção de RCC na origem ou reaproveitar no próprio
canteiro. Também não há estratégias para reduzir incômodos ou limitar a poluição
por RCC durante a fase de execução. Nessa categoria o canteiro A1 atingiu média
de 7,8.
146
Na categoria 4) otimização das etapas do gerenciamento de RCC, com doze
canteiros com médias inferiores a 7,5, os resultados sugerem que o gerenciamento
está focado nas atividades de transporte e destinação final dos resíduos, ou seja:
remover RCC do canteiro. Observou-se interesse mínimo em reaproveitar os
resíduos referentes às perdas das etapas construtivas como também dificuldades
em cumprir a Resolução 307/2002 do CONAMA que estabelece a separação dos
resíduos por classe específica, com projeto para o canteiro com baias de resíduos.
Como nenhum dos modelos de GRCC implantados nos doze canteiros atingiu
pontuação igual ou maior a 7,5 como média final, os resultados sugerem que as
ações e implementações realizadas pelas empresas ainda não geram impactos
ambientais positivos que integrem o canteiro de obra e a empresa à cadeia produtiva
da construção, a partir de sua contribuição com a não geração e/ou redução de RCC
para as mudanças necessárias para o setor. Considera-se impacto ambiental
positivo a alteração benéfica causada por atividades, serviço e/ou produtos de uma
intervenção do ser humano sobre o meio ambiente, contribuindo para que o impacto
humano sobre a natureza seja positivo e não negativo.
O resultado de cada modelo avaliado sugere que as empresas precisam
adequar-se quanto à aplicação de práticas ambientalmente sustentáveis voltadas a
canteiros de obras. Os resultados obtidos na avalição do modelo de GRCC sugerem
um distanciamento entre as práticas realizadas nos canteiros e as práticas
ambientalmente sustentáveis pretendidas pelo setor.
4.5
RESULTADO
DO ÍNDICE DE GERAÇÃO DE RESÍDUO
- IGR (M³/M²) -
E QUANTIDADE DE
RESÍDUO REMOVIDO EM QUILOS POR METRO QUADRADO CONSTRUÍDO (KG/M²), POR
CANTEIRO
O índice de geração de resíduos foi construído a partir do volume (m3) de
RCC gerado em cada canteiro, incluído aí o volume estimado até a conclusão da
obra. Esse valor total em m3 foi dividido pelo total da área construída em cada
canteiro para obtenção do IGR em m3/m2. Os valores obtidos em cada canteiro para
RCC gerado, bem como para o estimado, foram informados pelo engenheiro
responsável pela obra ou pela área responsável da empresa. Os valores foram
calculados considerando que o volume total por obra foi destinado em caçambas de
5 m3 e os IGRs calculados estão apresentados no Quadro 27.
147
Quadro 27 – Resultado por canteiro para índice de geração de resíduos (IGR)
Canteiros
3
2
IGR (m /m )
A1
A2
B1
B2
C1
C2
D1
D2
E1
E2
F1
F2
0,216
0,042
0,153
0,226
0,144
0,011
0,178
0,242
N/I
N/I
0,020
0,236
1
Não informado
Não foram disponibilizados para os canteiros de obra E1 e E2 o volume de
RCC gerado e destinado em m3, o que inviabilizou o cálculo do IGR. Os canteiros C2
e F1 não informaram a quantidade de RCC estimada até o final da obra e apenas o
volume gerado e destinado até a fase da pesquisa, o que justifica os baixos valores
obtidos: 0,011 m3/m2 e 0,020 m3/m2 respectivamente; esses dois valores foram
descartados. Para o canteiro A2 os valores solicitados foram informados, mas o
cálculo do IGR indicou um desvio muito alto em relação aos demais IGRs calculados
por canteiro, e esse valor também foi descartado.
Para calcular a quantidade de resíduos removidos em cada canteiro em kg/m2
construído foi utilizado o peso médio de uma caçamba de 5 m3 de RCC retirado da
obra, ou seja: 5.000 kg ou 5 toneladas. O peso da caçamba de 5 m3 de RCC foi
informado pelas empresas Ecoambiental (ATT em Cuiabá) e por uma transportadora
de RCC. Considerou-se então para esse cálculo que 1 m³ de RCC pesa, em média,
1000 kg/m3. No Quadro 28 apresenta-se o resultado final de RCC destinado em
kg/m2 construído, por canteiro, e a média de RCC destinado ou removido em kg/m2
construído, para os sete canteiros.
2
Quadro 28 – RCC destinado ou removido em kg/m construído (por canteiro e média geral)
Média
A1 B1 B2 C1 D1 D1
F2
Canteiros
2
(kg/m )
2
RCC destinado em kg/m construído 216 153 226 144 178 178 242
199
O resultado da média de RCC destinado ou simplesmente resíduo removido
do canteiro em kg/m2 sugere um valor médio de 199 quilos por metro quadrado
construído (kg/m2) para edificações novas de obras residenciais de múltiplos
pavimentos em Cuiabá, como mostrado no Quadro 28. O levantamento dos dados
fornecidos pelas empresas abrangeu cerca de 24 meses, período médio de
execução das obras pesquisadas, diluindo-se nesse período as variações
circunstanciais da atividade construtiva como o período de chuvas intensas que
ocorre anualmente entre os meses de novembro e março em Cuiabá.
Para a média calculada de RCC de 199 kg/m2 construído é mostrado no
Quadro 29 o comparativo entre o valor utilizado como referência pela Prefeitura
148
Municipal de Cuiabá para elaboração de Projeto de GRCC; o valor utilizado
nacionalmente e calculado por Pinto (2005) para quantidade de resíduos a ser
removida durante as construções relativa às edificações novas; e o valor calculado
na pesquisa para edificações novas na cidade de Cuiabá.
2
Quadro 29 – Comparativo entre valores utilizados para RCC em kg/m para edificações novas
1
PMC apud Souza (2005)
Pinto (2005)
Pesquisa
120 kg/m²
150 kg/m²
199 kg/m²
Comparando-se em relação ao valor calculado pela pesquisa
40% menor
25% menor
-
1
Prefeitura Municipal de Cuiabá
Comparando-se os valores, os resultados mostram que o valor-referência da
Prefeitura Municipal de Cuiabá é 40% menor que o da pesquisa e o valor referência
calculado por Pinto é 25% menor que o valor da pesquisa.
Cruzando o valor médio calculado de RCC removido, 199 kg/m2, em relação
ao resultado da pesquisa para as principais ocorrências de perdas e desperdícios
nos canteiros de Cuiabá, obtém-se como resultado: a falta de projeto ou a má
qualidade de projeto junto com a incompatibilidade entre projetos, como os primeiros
responsáveis, e em segundo lugar, correções de inconformidade com as
especificações
durante
a
execução,
transporte
no
canteiro
e
estoque/armazenamento.
Para as dificuldades existentes no canteiro em relação a mão de obra para
não gerar e/ou reduzir perdas/desperdícios, são elencadas como três primeiras
maiores dificuldades a falta de comprometimento dos subempreiteiros, a rotatividade
das equipes e absenteísmo (habitualmente não realiza obrigações referentes ao seu
trabalho).
Os resultados cruzados sugerem que o valor médio calculado de RCC
removido de 199 kg/m2 para edificações novas em Cuiabá mantém relação com as
dificuldades levantados “in loco”, como fatores contribuintes para o valor obtido.
O valor-referência da Prefeitura Municipal de Cuiabá está indicado no modelo
disponibilizado pela Prefeitura, AII – Projeto de Gerenciamento de Resíduos da
Construção Civil, e foi encontrado por Souza (2005) apud Rosa Maria Sposto (2006).
O valor calculado por Pinto (2005) utiliza registros de diversas Prefeituras Municipais
do país relacionados à aprovação de projetos de edificação (alvarás de construção).
O valor da pesquisa utiliza dados fornecidos pelas obras.
149
4.5.1 Evolução do IGR por empresa e canteiro ou quantidade de resíduo
removido em kg/m² construído, no período 2011-2013
Apenas as empresas C e D forneceram seus dados para análise da evolução
do IGR no período 2011-2013 para uma obra similar à pesquisada e concluída nos
dois últimos anos. A empresa C forneceu os dados para o período solicitado e a
empresa D forneceu dados de três obras em 2013 e justificou que esses dados
passaram a ser medidos a partir de 2013. A empresa F justificou não ter esses
dados por não realizar essa medição e as empresas A, E e F não disponibilizaram
os dados. Os dados fornecidos pela empresa B para 2011 e 2012 foram descartados
por apresentarem desvio de 500% em relação aos dados de 2013 colhidos “in loco”.
Ao analisar-se a empresa C, obteve-se para a evolução do IGR um valor 25%
menor, ou seja: RCC removido em 2012 passou de 191 kg/m² para 144 kg/m² em
2013, superando a média esperada pela pesquisa de decréscimo de 10% ao ano.
Entre os anos de 2011 e 2012 houve acréscimo de 12%, como mostra a Figura 29.
RCC removido em kg/m² construído
para uma obra/ano
Figura 29 – Empresa C – Evolução
Uma obra por ano para 2011, 2012 e 2013
200
168
do
IGR
RCC
removido
em
kg/m²
construído.
191
144
100
Empresa C
0
2011
2012
2013
Na análise da empresa D com dados de obras de 2013 a evolução do IGR é
de 4% entre RCC removido: 178 kg/m² em uma obra para 171 kg/m² em outra obra.
Pela média das obras em 2013 a evolução do IGR foi de 29% a menor, superando a
média esperada da pesquisa de 10% ao ano, como mostra a Figura 30.
150
RCC removido em kg/m² construído
para três obras em 2013
Figura 30 – Empresa
Para três obras em 2013
400
D
-
Evolução
do
IGR
RCC
removido
em
kg/m²
construído.
300
178
200
0
2013
2013
171
Empresa D
2013
Com esses resultados não é possível inferir nenhuma tendência para a
evolução dos IGRs por empresa e, consequentemente, também não é possível
verificar a tendência para RCC removido do canteiro em kg/m² construído, no
período de 2011 a 2013. É correto afirmar que a maioria das empresas pesquisadas
não tem esses dados. A empresa C é a única em que se pode verificar a tendência.
4.6
COMPARATIVO ENTRE OS RESULTADOS FINAIS
O Quadro 30 mostra o comparativo por canteiro entre os resultados finais das
análises já realizadas.
Quadro 30 – Comparativo entre os resultados finais por canteiro
Canteiros
A1 A2 B1 B2 C1 C2 D1 D2 E1
Melhorias e inovações (%) 81
59
86
51
75
56
69
61
59
Práticas para GRCC (%)
74
49
57
33
35
44
62
70
52
Modelo de GRCC (média)
7,0 3,2 5,1 3,5 1,9 3,6 4,9 3,9 3,2
2
1
RCC removido (kg/m )
216 153 226 144
178 242
-
E2
46
37
2,7
-
F1
62
52
4,6
-
F2
42
28
2,6
236
1
Valores descartados ou não fornecidos
Em relação à quantidade removida de RCC em kg/m2: os canteiros A1 e B1,
modelo de GRCC “regular”, quando comparados aos demais canteiros com modelo
de GRCC “insuficiente”, os resultados demonstram que foram removidos 216 kg/m2
no canteiro A1 e 153 kg/m2 em B1. Esses valores que estão associados a modelo de
GRCC “regular” são maiores que os valores do canteiro C1, que removeu 144 kg/m2.
151
Comparando-se individualmente: A1, com 216 kg/m², remove maior
quantidade de resíduos que os canteiros C1 e D1, 144 kg/m2 e 178 kg/m2
respectivamente. O canteiro B1, também com modelo de GRCC “regular”, remove
153 kg/m2 e esse valor é maior que o do canteiro C1, 144 kg/m2.
Assim, para dois canteiros com modelo “regular” há outros dois canteiros com
modelo “insuficiente” que removem menos RCC em kg/m2. Os resultados sugerem
que a classificação em relação ao modelo não é indicativo de menor remoção de
RCC em kg/m2 construído.
Comparou-se ainda os resultados das práticas para GRCC nos canteiro A1 e
B1, modelo “regular”, com os demais canteiros com modelo “insuficiente”. O canteiro
A1, com 74%, supera positivamente todos os outros resultados dos demais
canteiros. O canteiro B1, com 57%, supera positivamente oito resultados obtidos nos
canteiros, com exceção para os canteiros D1 e D2, 62% e 70% respectivamente.
Destacam-se como resultados no canteiro A1: apresentar modelo de GRCC
“regular”, atender 74% quanto às práticas para GRCC e remover 216 kg/m2
construído de RCC. O canteiro B1 apresentou modelo de GRCC “regular”, 57% de
atendimento quanto às práticas para GRCC e removeu 153 kg/m2 construído de
RCC. Destacam-se como resultados para os canteiros C1 e D1: apresentarem
modelos de GRCC “insuficientes”, atenderem 35% e 62% respectivamente quanto
às práticas para GRCC e removerem 144 kg/m2 e 178 kg/m2 construído de RCC. Os
canteiros B2, D2 e F2 apresentaram modelo de GRCC “insuficiente”, atenderam
33%, 70% e 28% quanto às práticas para GRCC e removeram 226 kg/m², 242 kg/m²
e 236 kg/m² construído de RCC, respectivamente.
Os resultados comparativos, Quadro 30, sugerem que a classificação do
modelo quando associado às práticas para GRCC, por canteiro, nem sempre indica
para modelo de GRCC “regular” um menor valor de RCC removido em kg/m2, como
demonstrado para o canteiro A1. Importante destacar que os comparativos de RCC
removido em kg/m2 não invalidam os resultados positivos e superiores dos canteiros
A1 e B1, em relação aos demais canteiros, embora esse item deva ser considerado
como uma das prioridades na análise da empresa, em relação aos seus resultados.
A principal diferença observada a campo entre os canteiros A1 e B1 e que
sugere imprimir ao canteiro A1 os melhores resultados individuais em geral, está
relacionado à decisão em ter uma mínima rotatividade em sua equipe de obra. No
canteiro B1 essa mínima rotatividade é meta e está sendo trabalhada como
152
prioridade. Esses resultados cruzados com as dificuldades com a mão de obra para
não gerar perdas e desperdício no canteiro está coerente: é a rotatividade da mão
de obra a dificuldade comum e uma das que mais dificulta o segmento da
construção civil a obter resultados satisfatórios.
Ao comparar-se a média de RCC removido para os modelos “regular”,
mesma classificação, os canteiros A1 e B1 apresentam média de 185 kg/m2 e os
outros cinco canteiros, modelo de GRCC “insuficiente”, apresentam média de 205
kg/m2. A diferença entre as duas médias calculadas, 10% ou 20 kg/m², sugere que o
modelo “regular” em comparação ao modelo “insuficiente” pode gerar uma redução
média de RCC removido de 20 kg/m2 construído.
No Quadro 31 comparou-se os resultados entre as práticas para GRCC e o
modelo de GRCC implantado. Verificou-se que todos os valores abaixo de 50%
quanto às práticas para GRCC também obtiveram para o modelo de GRCC uma
média calculada abaixo de 5,0; seis canteiros apresentam esses resultados: A2, B2,
C1, C2, E2, F2. Para quatro canteiros, D1, D2, E1 e F1, os resultados quanto às
práticas para GRCC foram acima de 50%, porém a média calculada para modelo de
GRCC abaixo de 5,0. Assim, dez canteiros apresentaram modelos de GRCC
“insuficientes”, o que sugere existir uma relação entre os resultados. Somente para
os canteiros A1 e B1, com práticas para GRCC acima de 50%, seus modelos de
GRCC também apresentaram médias acima de 5,0.
Quadro 31 – Comparativo entre os resultados finais de práticas para GRCC e modelo de GRCC
Canteiros
A1 A2 B1 B2 C1 C2 D1 D2 E1 E2 F1 F2
Melhorias e inovações (%)
Práticas para GRCC (%)
Modelo de GRCC (média)
2
RCC removido (kg/m )
81
74
7,0
216
59
49
3,2
1
-
86
57
5,1
153
51
33
3,5
226
75
35
1,9
144
56
44
3,6
-
69
62
4,9
178
61
70
3,9
-
59
52
3,2
-
46
37
2,7
-
62
52
4,6
-
42
28
2,6
236
1
Valores descartados ou não fornecidos
Os resultados da avaliação do modelo de GRCC implantado nos canteiros
servem para avaliar os impactos ambientais positivos causados pelo canteiro e pela
empresa na cadeia produtiva da construção. Consegue-se inferir que se o resultado
não atinge a nota mínima preestabelecida de 7,5 o modelo de GRCC implantado
ainda não contribui com a cadeia produtiva, principalmente quanto às mudanças
esperadas para o setor da construção.
153
Reunindo-se os valores obtidos, analisou-se a totalidade dos resultados para
todos os canteiros e empresas, conforme demonstrado no Quadro 32.
Quadro 32 – Percentual obtido para melhorias e inovações
Análise por item de maior ocorrência de percentual abaixo de 50%
Empresa/Canteiro
MELHORIAS E INOVAÇÕES
1. Apoio e dignificação da mão de obra
2. Organização do canteiro
3. Movimentação de materiais e deslocamentos
internos
4. Ferramentas, máquinas e técnicas especiais
5. Segurança do trabalho
A
B
x
práticas
C
para
D
GRCC.
E
F
A1
A2
B1
B2
C1
C2
D1
D2
E1
E2
F1
F2
70
82
47
58
86
88
58
49
72
73
58
51
77
64
63
61
63
56
52
36
72
74
60
37
80
60
93
53
87
47
73
53
53
40
50
13
80
78
53
86
80
88
49
59
84
97
65
70
61
80
49
80
53
73
43
72
57
70
40
62
6. Comunicações internas
97
48
79
39
39
46
57
61
54
32
48
39
Média por canteiro
Média por empresa
Empresa/Canteiro
PRÁTICAS PARA GRCC
81
59
86
51
75
56
69
61
59
46
62
A1
A2
B1
B2
C1
C2
D1
D2
E1
E2
F1
F2
1. Percepção das políticas ambiental e de qualidade
100
67
33
33
11
11
78
89
44
44
67
22
2. Práticas relacionadas a GRCC
77
35
92
38
50
62
73
69
54
54
73
23
3. Plano de GRCC, caracterização e triagem de RCC
58
42
50
0
58
17
33
67
50
17
25
8
4. Acondicionamento e/ou armazenamento de RCC
5. Transporte e destinação final de resíduos
Média por canteiro
Média por empresa
80
57
74
30
71
49
50
57
57
50
43
33
40
14
35
70
57
62
70
57
70
70
43
52
40
29
37
50
43
52
30
57
28
70
A
68
B
62
66
C
45
65
D
30
100
44
40
52
E
66
45
42
52
F
40
Para melhorias e inovações ao analisar-se as médias por empresa no Quadro
32, os resultados variaram entre 52% e 70%. Para práticas para GRCC os
resultados variaram entre 40% e 62% e acompanharam a tendência de valores
menores à medida que as análises avançam de melhorias e inovações para práticas
para GRCC. Ao analisar-se por empresa as médias para modelo de GRCC, os
resultados variaram entre 3,6 e 5,1 e para RCC removido dos canteiros em kg/m2
construído, os resultados variaram entre 144 kg/m2 e 236 kg/m2, como mostrado no
comparativo por empresa para os resultados finais no Quadro 33.
Quadro 33 – Comparativo por empresa para os resultados finais. Média geral para resultados finais
A
B
C
D
E
F
Média Geral
Empresa
Melhorias e inovações (%)
Práticas para GRCC (%)
Modelo de GRCC (média)
2
RCC removido (kg/m )
70
62
5,1
216
68
45
4,3
190
66
40
2,8
144
65
66
4,4
210
52
45
3,0
1
-
52
40
3,6
236
62
50
3,9
199
1
Valor não fornecido
Os resultados sugerem que as seis empresas em Cuiabá atendem seus
canteiros de obra com melhorias e inovações entre resultados que variam de 70% a
52% (A, B, C, D, E, F). Quanto às práticas de GRCC, os resultados para as seis
empresas variam entre 62% e 40% (A, B, C, E, F). Para o modelo de GRCC
154
implantado o valor médio para as empresas encontra-se entre 5,1 e 2,8 (A,B, C, D,
E, F) e para resíduos removidos dos canteiros os resultados estão entre 236 kg/m2 e
190 kg/m2 para cinco das seis empresas pesquisadas (A, B, C, D, F).
O melhor resultado de melhorias e inovações fica com a empresa A, 70%;
quanto às práticas para GRCC, o melhor resultado é da empresa D, 66%; o melhor
modelo de GRCC implantado fica com a empresa A, média de 5,1 e o menor volume
de RCC removido em kg/m2 foi encontrado na empresa C, 144 kg/m2, como mostra
o Quadro 33.
Para as empresas A, C e F considerou-se para RCC removido em kg/m2 o
valor fornecido apenas de um canteiro como média da empresa, por descarte do
segundo valor e conforme justificado anteriormente.
A média geral obtida pelas empresas pesquisadas sugere que o setor
trabalha em seus canteiros de obra em Cuiabá com melhorias e inovações
atendidas a 62%; práticas para GRCC atendidas em 50%; modelo de GRCC
implantado e avaliado em 3,9, “insuficiente” e com remoção de RCC de 199 kg/m2
construído.
155
5
CONCLUSÕES
Considerando os resultados obtidos, as obras analisadas contam com 82%
dos mestres de obra com experiência entre 10 e 30 anos de trabalho na construção
civil, qualificados quanto ao grau de escolaridade, e a pesquisa constatou que
quanto mais qualificado, melhor é seu grau de informação para gerar atitudes e
percepções em relação ao meio ambiente.
Com um bom nível de percepção, observação e consciência ambiental, os
mestres indicam que a geração de lixo (resíduos) nas obras é muito grande, embora
esse fato expresse para a maioria uma média preocupação. Trabalha-se nos
canteiros com mestres de obra, em sua grande maioria, que desconhecem a
definição de gerenciamento de RCC e entendem tratar-se apenas de limpeza da
obra e/ou destino correto do RCC, o que sugere ausência de um Plano de GRCC
para as obras. Dessa forma, para atender à numerosa equipe de colaboradores
diretamente vinculada ao mestre de obra e ao processo operacional do GRCC,
incluindo-se aí fornecedores e terceirizados, é necessário promovê-lo à condição de
multiplicador da correta informação, ou seja: implementar um processo operacional
de qualidade para o GRCC passa, necessariamente, pelos mestres de obra como
elos fundamentais no processo.
O gerenciamento do canteiro de obra, quando medido e analisado a partir
das melhorias e inovações tecnológicas simples implantadas, demonstrou que
canteiros de uma mesma empresa apresentam resultados com diferença
significativa e medidas díspares. Por um princípio gerencial para resultados
satisfatórios, as empresas aplicam o mesmo processo de qualidade e produtividade
em suas obras. Entretanto, na análise dos resultados obtidos para as seis empesas
pesquisadas, observou-se que apenas uma empresa obteve regularidade em seus
padrões, sem tendência a grandes variações entre seus canteiros, embora
regularidade não represente melhor resultado.
De forma geral, a comunicação interna nos canteiros apresentou o pior
resultado e como é o canal de difusão de novas idéias e facilitador no dia a dia entre
colaboradores e a empresa, sugere o resultado que por não ter sido medida e
avaliada essa comunicação, as empresas não estavam atentas quanto à
necessidade de visibilidade e facilidade de comunicação nas suas obras,
principalmente quanto a manter uma numerosa equipe de colaboradores, uma
156
característica nesses canteiros, em sintonia com as ações planejadas pela empresa.
Deduziu-se que esse item interferiu diretamente em todos os demais itens de
melhorias e inovações tecnológicas simples e que, se bem atendido, integra com
clareza e facilita as atividades nas obras.
A partir desses resultados deduziu-se também que o gestor e a equipe de
colaboradores que está à frente de cada obra inteferiram de forma pessoal, o que
apresentou diferenças tanto quantitativa como qualitativa, para o gerenciamento do
canteiro, dentro de uma mesma empresa, ou ainda que a responsabilidade da
empresa com os resultados obtidos é proporcional ao controle e monitoramento de
seus programas implantados, de seus resultados e das correções necessárias, ou
ainda que a ausência desse controle contribuiu para resultados diferentes, dentro de
uma mesma empresa.
Ao constatar-se nos canteiros que a maioria deles não apresentou resultado
satisfatório para a percepção das políticas ambiental e de qualidade da empresa,
não tinha plano de gerenciamento de resíduos da construção civil implementados e
as práticas e procedimentos relacionadas ao GRCC eram distintas e com resultados
díspares, entre canteiros da mesma empresa, mais uma vez pode-se deduzir que as
práticas relacionadas ao GRCC são iniciativa dos gestores da obra, dentro da
realidade de cada canteiro. Apenas uma empresa, que já mantinha seus resultados
dentro de um padrão regular, conseguiu apresentar o mesmo padrão para os
resultados quanto ao GRCC.
Em relação às respostas para os resultados apurados, algumas são
contraditórias, como a afirmação por 83% dos entrevistados que a mão de obra está
preparada para não gerar e/ou reduzir RCC em contraposição a uma outra resposta,
em que a pesquisa solicitou que indicasse as dificuldades para o GRCC, e uma das
maiores dificuldades apontadas foi a falta de treinamento da mão de obra.
Em contrapartida, a hierarquia de medidas eficientes solicitadas pela
pesquisa para GRCC propõe uma sequência lógica de prioridades: da solicitação da
elaboração do plano de GRCC até a promoção de sua melhoria com a colaboração
de todos. Os resultados sugerem uma percepção clara pela área técnica da
empresa, embora não esgote o tema no atendimento ao canteiro de obra em relação
a GRCC. A hierarquia de medidas pode servir como elemento motivador para
fomentar a discussão do tema na empresa, associado ao grau de dificuldade
apontado pela maioria dos gestores da obra, de alto a muito alto para GRCC .
157
Entende-se como medidas eficientes apontadas pelos gestores das obras
encaminhamentos para serem analisados, revisados, acrescentadas novas medidas
para decisão a curto e médio prazo, com objetivo de obter soluções para a empresa.
Ao associar-se as medidas e as análises entre o gerenciamento do canteiro
de obra e o gerenciamento de resíduos da construção civil, ficou evidenciado que
resultados “insatisfatórios” obtidos quanto à organização do canteiro e sua logística
e comunicações internas tendem a interferir com mesmo grau insatisfatório nos
resultados para GRCC. O contrário também é verdadeiro: resultados “satisfatórios”
tendem a outros resultados também satisfatórios, ou seja: antes da implementação
de qualquer Plano de GRCC é condição primeira identificar, analisar e medir como
está o gerenciamento do canteiro de obra, sem o que não será viável implementar
GRCC para resultados positivos. A preparação da mão de obra para atuar nesses
processos é fundamental e a interrelação medida na pesquisa é facilitadora, tanto
para as decisões estratégicas nas empresas visando qualidade e produtividade em
seus canteiros de obra como para identificar após implantação, onde encontram-se
os gargalos na execução de suas obras e onde há experiências satisfatórias, a
serem replicadas para outros canteiros.
Para o modelo de gerenciamento de RCC implantado nos canteiros de obras
das empresas foi possível constatar, pelas análises, que 82% dos canteiros
trabalham com modelo de gerenciamento de RCC insuficiente, sem contribuição ou
impacto positivo para a cadeia produtiva da construção. Face a todos os aspectos
analisados para as novas edificações na cidade de Cuiabá, os resultados indicaram
um valor médio de geração de RCC de 199 kg/m2 construído. Em comparação ao
valor nacional mais difundido, de 150 kg/m2 construído, o resultado da pesquisa é
25% maior e comparando-se ao valor divulgado pela Prefeitura Municipal de Cuiabá
para elaboração de Projeto de Gerenciamento de RCC para novas edificações, o
valor da pesquisa é 40% maior.
As dificuldades presentes nos canteiros de obra demonstram o estágio atual
para GRCC, a percepção dos engenheiros em relação às necessidades para
gerenciamento da obra e gerenciamento de RCC, a relação direta do tema com a
equipe de colaboradores e terceiros e sugere uma demanda reprimida que necessita
de um olhar criterioso por parte dos envolvidos e da empresa em busca de solução.
Alguns indicativos apontados pela pesquisa como solução passam pela
valorização do projeto de layout do canteiro de obra, pela inserção de orçamento
158
específico para gerenciamento de RCC, pela capacitação dos colaboradores e
terceiros para esse fim, representando assim tomadas de decisão para temas
comuns entre as empresas. Pode-se considerar ainda que ao elevar o nível da
questão das dificuldades a um conjunto de necessidades comuns, para GRCC em
Cuiabá, a discussão passa então a envolver todo o setor e aqueles diretamente
vinculados:
terceiros,
fornecedores,
transportadoras,
recicladores,
Prefeitura
Municipal de Cuiabá, ATT, SindusCon-MT, entre outros, em busca de soluções que
pela importância e urgência poderiam ser consorciadas.
Ao concluir este estudo, um trabalho iniciado como um desafio diante da
complexidade do tema e associado às práticas nos canteiros de obra, encerra-se
uma primeira etapa e disponibiliza-se às empresas participantes um caminho
mapeado por canteiro, com análises que possibilitam implementar estratégias e
ações ao alcance de cada empresa e dentro da realidade de cada canteiro. Da
mesma forma, para empresas não participantes da pesquisa, as análises são
referências atuais para soluções e dificuldades enfrentadas pelo segmento
estudado.
Os questionários aplicados foram necessários para traduzir a complexidade
do tema e servir como instrumento facilitador na resolução da situação-problema.
Todos os questionários podem ser aplicados separadamente, sequenciais ou não,
mas só a integração entre os mesmos permite observar a situação-problema em sua
justa amplitude.
Para futuros trabalhos são diversas as possibilidades de pesquisa que
abordem:
a) a percepção dos colaboradores quanto ao GRCC em canteiros de
obra;
b) o aprimoramento em canteiros de obra para caracterização, triagem e
acondicionamento e/ou armazenamento temporário de RCC;
c) os resultados das implantações de planos de GRCC em canteiros de
obra;
d) estudo de mercado para implantação de uma bolsa de RCC em
Cuiabá;
e) relação entre o padrão de construção e um melhor gerenciamento de
resíduos da construção civil.
159
REFERÊNCIAS
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classificação. Rio de Janeiro, 2004.
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_____.NBR 12721: Avaliação de custos de construção para incorporação imobiliária
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_____.NBR 15112: Resíduos da construção civil e resíduos volumosos - Áreas de
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_____.NBR 15114: Resíduos sólidos da construção civil - Áreas de reciclagem Diretrizes para projeto, implantação e operação. Rio de Janeiro, 2004.
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http://www.cbic.org.br/arquivos/Guia_de_Boas_Praticas_em_Sustentabilidade_CBIC
_FDC.pdf. Acesso em: 20 mai. 2013.
TOCCHETTO, M. R. L. O Desafio da Redução no Gerenciamento de Resíduos.
2012.
Universidade
Federal
de
Mato
Grosso.
Disponível
em:
http://marta.tocchetto.com. Acesso em: 07 jul. 2013.
VIANA, K. S. da C. L. Metodologia Simplificada de Gerenciamento de Resíduos
Sólidos em Canteiro de Obra. 2009. 178 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade
Federal da Paraíba, João Pessoa, Paraíba, 2009.
WBCSD. Vision 2050. World Business Council for Sustainable Development. 2010.
Disponível em: http://www.wbcsd.org/vision2050.aspx. Acesso em 20 mai. 2013.
ZORDAN, S. E. A Utilização do Entulho como Agregado na Congecção do
Concreto. 1997. 156 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de
Campinas, Campinas, São Paulo, 1997.
170
APÊNDICE A – FORMULÁRIO DE CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA E DO SETOR DE
ATUAÇÃO
CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA E DO SETOR DE ATUAÇÃO
Prezado(a) Senhor(a), nossa pesquisa está sendo realizada para identificar e avaliar o modelo
implantado para gerenciamento de resíduos da construção civil (GRCC), nos canteiros das
empresas construtoras de obras residenciais de múltiplos pavimentos na cidade de Cuiabá.
Esta pesquisa está sendo realizada pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Edificações e Ambiental/PPGEEA/UFMT para uma dissertação de mestrado. A sua colaboração
é fundamental para o êxito do trabalho. Todos os questionários tem base acadêmica e não será
feita qualquer identificação da empresa na apresentação dos resultados. Por sua relevante
participação, nossos agradecimentos.
1.Quem responde o questionário/cargo?____________________________________________
2.Razão Social________________________________________________________________
3.Endereço da matriz___________________________________________________________
4.Endereço da unidade__________________________________________________________
5.Número de empregados da empresa (colocar por função empresarial)
Em obra
Administrativo
Próprios_______________
Próprios_______________
Terceirizados___________
Terceirizados___________
6.Porte da empresa (pelo número de empregados existentes)
( )Micro - 0 a 9 empregados
( )Médio - 100 a 499 empregados
( )Pequeno - 10 a 99 empregados
( )Grande - 500 ou mais empregados
7.Porte da empresa (faturamento anual)
( )Pequeno – até R$ 2.133.222,00
( )Médio – superior a R$ 2.133.222,00 e inferior a R$ 12.000.000,00
( )Grande – superior a R$ 12.000.000,00
8.Segmento(s) de atuação na construção civil
( ) Estruturas metálicas e instalações industriais
( ) Empreitada de mão de obra
( ) Edificações comerciais, industriais e de serviços
( ) Empreitada de serviços
( ) Edificações residenciais
( ) Infraestrutura
( ) Edificações públicas
( ) Outro Segmento
( ) Projetos de engenharia e arquitetura
( ) Incorporação e vendas de imóveis
Especificar :____________________
9.Público Alvo
Quanto ao tipo de empreendimento residencial de múltiplos pavimentos
( ) de alto padrão ( ) de padrão normal ( ) de padrão popular
Quanto ao segmento da demanda
( ) classe alta ( ) classe média ( ) população de baixa renda
10.Tipo de clientes que a empresa atende
( ) outras construtoras
( ) incorporadoras de edifícios
( ) órgão público
( ) consumidor final
( ) pessoa jurídica do setor privado
( ) outros: _______________________
11. Tempo de atuação da empresa no mercado:__________ano(s) e _________mes(es)
1
12. Quantidade de obra/empreendimentos - (nº/m²) - número total de obra / total em m²
1
Entregues em 2011(nº/m²) ______________
Entregues em 2012 (nº/m²)?______________
Em execução em 2013 (nº/m²)?___________________________________________________
Em execução com entrega prevista em 2014 (nº/m²)?__________________________________
171
APÊNDICE
B – QUESTIONÁRIO 01 – PERCEPÇÃO
DO
MESTRE
DE
OBRA
EM
RELAÇÃO
AO
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (GRCC) NOS CANTEIROS DE OBRA
CONSTRUTORA:
OBRA:
1.Quanto tempo de trabalho na construção civil?
2.Qual seu grau de escolaridade?
Menos de 3 meses
Entre 3 e 6 meses
Entre 6 meses e 1 ano
Entre 1 a 5 anos
Entre 5 a 10 anos
Entre 10 a 20 anos
Entre 20 a 30 anos
Mais de 30 anos
Fundamental Incompleto
Fundamental Completo
Médio ou Técnico Incompleto
Médio ou Técnico Completo
Superior Incompleto
Superior Completo
3.Você faz separação do lixo da sua casa? ( )SIM ( )NÃO
Por que?________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
4.Em sua opinião , a quantidade de lixo (resíduo) gerado na obra é: (escolha sua opção e atribua uma nota
1, 2, 3, 4, 5. Nota 1 = menor preocupação, Nota 5 = maior preocupação).
Opção
Nota
Muito Grande
Grande
Normal
Pequena
Muito Pequena
5.O que você entende por gerenciamento de resíduos da construção civil?
(escolha e marque as alternativas)
Separação dos vários tipos de lixos
Amazenamento em caçambas e containers
Destino correto
Limpeza do canteiro de obras
Todas as alternativas acima
6.Em sua opinião, quais os fatores que dificultam a separação dos resíduos gerados durante
a execução dos serviços na obra? (escolha e marque as alternativas. Atribua uma nota 1, 2, 3, 4,
5. Nota 1 = menor preocupação, Nota 5 = maior preocupação).
Fatores
Diminui a produção na obra
Trabalho não remunerado
Falta de tempo
Falta de conscientização ambiental
Falta de regras da empresa
Falta de incentivos
Ausência de treinamento
Faltam locais específicos para acondicionamento na
obra
Outras prioridades da obra
Nota
(Produz menos na obra)
(Não recebe nada por isso)
(Não tem tempo para fazer)
(Não é import. p/a natureza)
(A empresa não obriga)
(Empresa não solicita, premia)
(Falta treinamento p/ isso)
(Faltam locais próprios na obra)
(Atividades mais importantes)
172
CONSTRUTORA:
OBRA:
7.Quais os fatores que dificultam o correto armazenamento dos resíduos no canteiro de obras?
(escolha e marque as alternativas. Atribua uma nota 1, 2, 3, 4, 5. Nota 1 = menor preocupação, Nota 5 =
maior preocupação).
Falta de espaço no canteiro de obras
Falta de infraestrutura necessária
Falta de recursos financeiros
Ausência de treinamento
Falta de conscientização ambiental
Falta de regras da empresa
Falta de incentivos
Trabalho não remunerado
Custos de caçambas, containers,etc
Outras prioridades da obra
(Falta de locais adequados)
(Falta de dinheiro e investimentos para isso)
(Falta treinamento para isso)
(Não é importante para a natureza)
(A empresa não obriga)
(A empresa não solicita, premia)
(Não recebe nada por isso)
(Depósitos apropriados são caros)
(Existem atividades mais importantes)
8.Em sua opinião, qual deveria ser o destino dado para os resíduos da obra? (escolha e marque as
alternativas. Atribua uma nota 1, 2, 3, 4, 5. Nota 1 = menor preocupação, Nota 5 = maior preocupação).
Reutilização na própria obra
Terrenos baldios
Empresas de coleta
Pedreiras desativadas ou em funcionamento
Ecopontos do município
Aterros sanitários
Lixeiras
Aterros de inertes
Margem de rios, córregos, lagoas
Reciclagem
(Usar de novo na obra)
(Terrenos abandonados)
(Exemplo: catadores cadastrados)
(Pedreiras fechadas)
(Postos de coleta do município)
(Onde se deposita o lixo orgânico da
cidade)
(Cestos de lixo)
(Terrenos que podem receber o
resíduo sólido, exceto gesso)
(Tratar papéis, embalagens,
plásticos,concreto. etc)
9.Em sua opinião, a limpeza da obra deve ser feita? (escolha e marque as alternativas. Atribua uma nota
1, 2, 3, 4, 5. Nota 1 = menor preocupação, Nota 5 = maior preocupação).
Uma vez a cada quinze dias
Uma vez por semana
Duas vezes por semana
Todos os dias
Quando necessário
10.Em sua opinião, o que pode ser feito para a redução dos resíduos da sua obra?
173
APÊNDICE
C – QUESTIONÁRIO 02 – LEVANTAMENTO
CANTEIROS
DE
OBRA
PARA
GERENCIAMENTO
DE
DE
PRÁTICAS
RESÍDUOS
E
DA
PROCEDIMENTOS
EM
CONSTRUÇÃO CIVIL
(GRCC)
CARACTERIZAÇÃO DA OBRA
Quem responde o questionário/cargo?__________________________________________________
Nome da Obra_____________________________________________________________________
Localização(endereço)_______________________________________________________________
Tipo residencial múltiplos pavimentos
Nº de torres_______ Nº de pavimentos______ Área construída(m²)__________
Data início da obra____________ Data fim da obra_____________
1.PERCEPÇÃO DAS POLÍTICAS AMBIENTAL E DE QUALIDADE DA EMPRESA
1. A política existente na empresa menciona aspectos relacionados à prevenção do
meio ambiente?
2.Os objetivos e metas estabelecidos incluem referências à preservação ambiental?
3.Há procedimentos que incluem medições de algum aspecto ambiental?
A empresa está preparada? (questões 4 a 9)
4.Para minimizar o consumo de recursos (conservar, evitar o desperdício)?
5.Para maximizar a reutilização de recursos (reutilizar materiais e componentes)?
6.Usar recursos renováveis ou recicláveis (renovar, reciclar)?
7.Proteger o meio ambiente para toda ação com probabilidade de impacto ambiental?
8.Criar um ambiente saudável e não tóxico com compras para produtos que agridam
menos o meio ambiente, não tóxicos?
9.Buscar a qualidade na criação do ambiente construído (aumentar a qualidade)?
10.A empresa possui qual Programa ou Certificação ? A quanto tempo?
( )Programa Brasileiro de Produtividade e Qualidade do Habitat/PBQP-H..................
( )Nível A ( )Nível B ( )Nível C ( )Nível D Tempo______________
( )Certificado de Gestão de Qualidade ISO 9001 Tempo______________
( )Outros Citar_________________________________ Tempo______________
2.PRÁTICAS E PROCEDIMENTOS RELACIONADAS A GRCC NOS CANTEIROS
1.Realiza compatibilização de projetos antes do início das obras?
2.Possui projeto de implantação do canteiro?
3.Durante o planejamento do canteiro procura minimizar a supressão da vegetação
local?
4.A logística do canteiro visa reduzir as distâncias de transporte?
5.Possui procedimentos para garantir a compra sócio e ambientalmente responsável?
6.Dá preferência a fornecedores locais?
7.Realiza controle de perdas nos canteiros?
8.Possui projeto de controle da qualidade interna da construção?
9.Possui sistema de prevenção contra contaminação do solo?
10.Realiza tratamento de efluentes dos canteiros?
11.São lançados resíduos na rede coletora pluvial?
12.São lançados resíduos na rede coletora de esgoto?
13.Existem procedimentos especiais para o manuseio e descarte das substâncias
tóxicas utilizadas no canteiro?
14.Existe alguma coleta especial de resíduos?
15.A empresa já recebeu reclamações da comunidade vizinha às suas obras com
relação a emissão de poeira?
16.Os procedimentos para estocagem de materiais contemplam minimizar a geração
de poeira em estoque?
SIM
NÃO
SIM
NÃO
SIM
NÃO
SIM
SIM
SIM
SIM
NÃO
NÃO
NÃO
NÃO
SIM
SIM
SIM
NÃO
NÃO
NÃO
SIM
SIM
NÃO
NÃO
SIM
SIM
SIM
SIM
SIM
SIM
SIM
SIM
SIM
SIM
SIM
NÃO
NÃO
NÃO
NÃO
NÃO
NÃO
NÃO
NÃO
NÃO
NÃO
NÃO
SIM
SIM
NÃO
NÃO
SIM
NÃO
174
2.PRÁTICAS E PROCEDIMENTOS RELACIONADAS A GRCC NOS CANTEIROS (CONTINUAÇÃO)
17.Existem procedimentos especiais para estocagem de materiais evitando que sejam SIM
NÃO
carregados pela chuva, por exemplo?
18.Existe procedimento para estocagem dos materiais?
SIM
NÃO
19.É vetada a estocagem de materiais nas calçadas e vias públicas, mesmo SIM
NÃO
temporariamente?
20.São acompanhadas as entregas de materiais, em especial do concreto usinado, SIM
NÃO
evitando o despejo de resíduos em calçadas e ruas?
21.Há coleta seletiva no canteiro?
SIM
NÃO
22.Existe a política dos 3R’s (reduzir, reutilizar, reciclar) implantada no canteiro?
SIM
NÃO
23.Existe rotina que garanta a limpeza do canteiro mantémdo-o em boas condições de
higiene e segurança?
SIM
NÃO
24.A mão de obra foi preparada para não gerar e/ou reduzir resíduos da construção SIM
NÃO
civil no canteiro?
25.A empresa já desenvolveu algum treinamento ou ação educativa voltada ao meio SIM
NÃO
ambiente junto aos colaboradores?
26.Os subempreiteiros estão incluídos no treinamento dos colaboradores?
SIM
NÃO
27.Os subempreiteiros recebem alguma orientação que contribua para a redução do SIM
NÃO
desperdício de materiais na execução das tarefas?
3.PLANO DE GRCC, CARACTERIZAÇÃO E TRIAGEM DE RCC
1.A obra possue um Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil SIM
NÃO
(PGRCC) para os canteiros da empresa?
2.Monitora a execução do PGRCC?
SIM
NÃO
3.A empresa contratou a elaboração do PGRCC?
SIM
NÃO
4.Para implantação do PGRCC o que foi considerado?
(numerar na ordem que ocorrem, sendo 1 a maior importância 2, 3, ....)
( )Exigência de órgãos fiscalizadores
( )Melhoria e controle nos processos construtivos da empresa
( )Melhor imagem da empresa junto aos seus clientes
( )Para acompanhar as mudanças de mercado
( )Em respeito ao meio ambiente
( )Outro. Especifique_________________________________
5.A empresa possui listagem dos tipos de resíduos gerados em suas obras?
SIM
NÃO
6.A empresa possui listagem dos produtos perigosos ou poluentes utilizados em suas SIM
NÃO
obras?
7.O canteiro utiliza resíduos de outras indústrias na sua própria produção?
SIM
NÃO
8.Os colaboradores estão preparados para caracterizar os resíduos?
SIM
NÃO
9.É realizada algum tipo de classificação dos resíduos gerados, ou seja, há triagem no SIM
NÃO
canteiro?
10.Existe a separação dos resíduos em classes A, B, C, D?
SIM
NÃO
11.É utilizado código de cores para identificar os diferentes tipos de resíduos?
SIM
NÃO
12.Se não, é possível classificar os resíduos gerados?
SIM
NÃO
13.Como é feita essa separação?________________________________________________
14.É feito o reaproveitamento de algum resíduo no próprio canteiro?
SIM
NÃO
15.Quais suas maiores dificuldades em relação ao plano, caracterização e triagem dos resíduos?
a)_______________________________________________________________________________
b)_______________________________________________________________________________
c)_______________________________________________________________________________
d)_______________________________________________________________________________
e)_______________________________________________________________________________
f)_______________________________________________________________________________
175
4.ACONDICIONAMENTO E/OU ARMAZENAMENTO TEMPORÁRIO DE RCC
1.Utiliza-se acondicionamento e/ou armazenamento para assegurar tanto quanto seja SIM
NÃO
possível as condições de reutilização e reciclagem dos resíduos?
2.Os resíduos perigosos são acondicionados em recipientes que garantam a vedação SIM
NÃO
e prevenção de vazamento e/ou contaminação do solo?
3.Os resíduos estão devidamente identificados quanto a sua natureza, grau de risco e SIM
NÃO
outras orientações necessárias?
4.Se não, é possível acondicionar os resíduos perigosos adequadamente?
SIM
NÃO
5.Existe área de armazenamento temporário dentro do canteiro?
SIM
NÃO
6.Existem baias de resíduos seguindo sua classificação?
SIM
NÃO
7.Os resíduos ficam depositados em local adequado de forma a não prejudicar a SIM
NÃO
segurança e circulação de materiais e pessoas?
8.Os resíduos estão armazenados em locais que eliminam a possibilidade de mistura SIM
NÃO
com solo argiloso?
9.Os resíduos estão protegidos da chuva ou tem cobertura com lona?
SIM
NÃO
10.O entulho é transportado para o térreo por equipamento adequado?
SIM
NÃO
Quais?_______________________________________________________________
11. Quais suas maiores dificuldades em relação a acondicionamento e armazenamento temporário
dos resíduos?
a)_______________________________________________________________________________
b)_______________________________________________________________________________
c)_______________________________________________________________________________
5.TRANSPORTE E DESTINAÇÃO FINAL DE RCC
1.O transporte é executado com prévio conhecimento dos seus riscos e suas SIM NÃO
características de manuseio?
2.Os colaboradores envolvidos com essa atividade utilizam todos os equipamentos de SIM NÃO
proteção individual (EPI`s) para sua segurança?
3.Os transportadores são devidamente licenciados para essa atividade?
SIM NÃO
4.A construtora utiliza transporte próprio para os resíduos gerados?
SIM NÃO
5.Há reutilização de resíduos entre as obras em execução da construtora?
SIM NÃO
6.Que tipo de resíduo, para que serviço?_________________________________________________
7.Quem realiza esse transporte? ( )Transportador licenciado ( ) Construtora
8.A empresa monitora a destinação final de seus resíduos?
SIM NÃO
9.A empresa monitora a quantidade de resíduos gerados e retirados da obra em relação
a quantidade planejada no PGRCC?
SIM NÃO
10.Quantas empresas transportadoras são utilizadas para transportar os resíduos gerados?
( )01 ( )02 ( )03 ( )04
11.Especifique as classes de resíduos por transportadora___________________________________
12.Com que frequência os resíduos são coletados e transportados da obra para sua destinação final?
( )diária ( )semanal ( )quinzenal ( )mensal ( )outra__________________________
13.Para os resíduos gerados na obra quais as destinações finais desses resíduos?
(marque as X na opção, nas classes e no uso)
Opção
( )Aplicação na própria obra?
Classe (A) (B) (C) (D).........( )Reutilização Classe (A) (B) (C) (D)........( )Reciclagem
( )Usos diversos em outras obras?
Classe (A) (B) (C) (D).........( )Reutilização Classe (A) (B) (C) (D)........( )Reciclagem
( )Destinação final?
Classe (A) (B) (C) (D).........( ) ATT ( )__________________________________
14.Qual a fase da obra e percentual já executado?_______________________________________
15.Qual a quantidade de RCC destinado até a fase da obra atual (m³)?______________________
176
5.TRANSPORTE E DESTINAÇÃO FINAL DE RCC (CONTINUAÇÃO)
16.Qual a quantidade estimada de RCC a ser destinada até final da obra (m³) ?_______________
17.Quais resíduos são vendidos, reutilizados, reciclados, doados, outros usos (cite). Indique % de
aproveitamento do resíduo
Resíduo
Vendido Reutiliza Recicla
Doado
Outros
% Aproveitam.
Percepção do total da ação em relação ao total de resíduos gerados na obra (%) =
18.Quais resíduos são mais difíceis de descartar ? Porque?
19.Quais suas maiores dificuldades em relação a transporte e destinação final dos resíduos?
a)________________________________________________________________________________
b)________________________________________________________________________________
c)________________________________________________________________________________
d)________________________________________________________________________________
e)________________________________________________________________________________
f)________________________________________________________________________________
6. GRAU DE DIFICULDADE E INDICAÇÃO DE MEDIDAS EFICIENTES PARA GERENCIAMENTO
DE RCC
1.Classifique o grau de dificuldade para o gerenciamento de RCC no seu canteiro de obra
(marque a alternativa)
( ) Muito alto
( ) Alto
( ) Médio
( ) Baixo
( ) Muito Baixo
2.Qual seria a hierarquia de medidas eficientes para o gerenciamento de RCC no seu canteiro?
a)________________________________________________________________________________
b)________________________________________________________________________________
c)________________________________________________________________________________
d)________________________________________________________________________________
e)________________________________________________________________________________
f)________________________________________________________________________________
g)________________________________________________________________________________
h)________________________________________________________________________________
7.PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS DE PERDAS E DESPERDÍCIOS E INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS
IMPLANTADAS NOS CANTEIROS DE OBRA
1.Quais as principais ocorrências de perdas e desperdícios no canteiro?
(numerar na ordem que ocorrem, sendo 1 a maior ocorrência, 2, 3, ....
sucessivamente)
( )Falta de projeto ou má qualidade do projeto
( )Incompatibilidade entre projetos
( )Alteração do projeto
( )Compras superdimensionadas
( )Falta de programação/controle de materiais
( )Processamento em si (acima do estimado)
( )Transporte no canteiro
( )Estoque/armazenamento no canteiro
( )Correções de falhas construtivas pós-entrega e dentro do prazo de garantia
( )Correções de inconformidade com as especificações, durante a execução
177
7.PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS DE PERDAS E DESPERDÍCIOS E INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS
IMPLANTADAS NOS CANTEIROS DE OBRA (CONTINUAÇÃO)
2.Quais as maiores dificuldades existentes no seu canteiro em relação a mão de obra, perdas e
desperdícios ?
(numerar na ordem que ocorrem, sendo 1 a maior ocorrência, 2, 3, .... sucessivamente) )
( )Absenteísmo (habitualmente não realiza obrigações referentes ao seu trabalho)
( )Falta de comprometimento dos subempreiteiros
( )Falta de comprometimento da equipe de empregados próprios
( )Rotatividade das equipes
( )Falta de controle sobre a produção das etapas de serviços
( )Falta de programação para mão de obra
( )Falta de projeto do produto e de planejamento dos sistemas de produção
3.O que falta para preparar a mão de obra para não gerar e/ou reduzir RCC?
a)________________________________________________________________________________
b)________________________________________________________________________________
c)________________________________________________________________________________
4.Quais os materiais que geram maior índice de resíduos na sua obra?
(numerar na ordem que ocorrem sendo 1 a maior ocorrência, 2, 3, .... sucessivamente )
( )Concreto
( )Cimento
( )Agregados (areia e brita)
( )Blocos(de concreto e cerâmico)
( )Argamassa
( )Telha cerâmica
( )Chapas de compensado para formas
( )Cal Hidratada
( )Cerâmica (revestimento piso e parede)
( )Vidros
( )Tintas(PVA e acrílicas)
( )Material Elétrico
( )Material Hidráulico(tubos conexões PVC)
( )Gesso ( )Madeira
5.Que inovações tecnológicas foram implantadas no canteiro para minimizar perdas e desperdícios?
a)________________________________________________________________________________
b)________________________________________________________________________________
c)________________________________________________________________________________
d)________________________________________________________________________________
e)________________________________________________________________________________
f)_________________________________________________________________________________
g)________________________________________________________________________________
h)________________________________________________________________________________
i)_________________________________________________________________________________
GOSTARIA DE FAZER ALGUM COMENTÁRIO SOBRE O TEMA DA PESQUISA?
INFORMACÃO COMPLEMENTAR - OBRAS CONCLUÍDAS PELA EMPRESA
2012 - Nº de torres/pavimentos_____Área construída(m²)_______RCC total destinado(m³)__________
2011 - Nº de torres/pavimentos_____Área construída(m²)_______RCC total destinado(m³)__________
178
APÊNDICE
D – QUESTIONÁRIO 03 – AVALIAÇÃO
RESÍDUOS
DA
DO
MODELO
CONSTRUÇÃO CIVIL (GRCC) IMPLANTADO
NOS
DE
GERENCIAMENTO
CANTEIROS
DE
OBRA
DE
DA
EMPRESA
CONSTRUTORA:
OBRA:
1.É pensado na prevenção do risco de inundação nas áreas suscetíveis, limitando a propagação
de poluentes que contribuem para o entupimento das galerias de águas pluviais?
(R1) A empresa não implantou
(R2)A empresa lança as águas pluviais nos meios fios
(R3) A empresa lança as águas pluviais nas galerias de águas pluviais
(R4)A empresa lança o excesso de água em áreas permeáveis do solo
(R5)A empresa aplica todas as estratégias acima citadas
2.Durante a implantação de um novo empreendimento há grande liberação de material
particulado que prejudica o meio ambiente da vizinhança. Existe algum procedimento para
minimizar este impacto?
(R1)A empresa não aplica estratégias de minimização de emissão de material particulado
(R2) A empresa aplica algum procedimento para redução da emissão de material particulado
(R3)A empresa utiliza algum sistema construtivo diferenciado visando reduzir a emissão de materiais
particulados
(R4)A empresa consegue medir a emissão de materiais particulados
(R5)A empresa aplica estratégias de redução da emissão de materiais particulados com base na
medição realizada
3.São tomadas medidas preventivas para evitar risco de contaminação sanitária aos vizinhos do
novo empreendimento?
(R1) A empresa não implantou medida de prevenção
(R2)A empresa faz a coleta adequada do lixo orgânico
(R3) A empresa executa fossa séptica caso não exista rede de esgoto
(R4)A empresa segue as duas soluções acima
(R5)Se o canteiro de obra não causar nenhum risco sanitário à sua vizinhança
4.Os produtos especificados para os sistemas e processos construtivos do empreendimento são
provenientes de empresas que possuem o selo de qualidade ISO 14000?
(R1) A empresa não adquire materiais de empresas certificadas pela ISO 14000
(R2) A empresa adquire pelo menos 5 produtos de empresa certificada ISO 14000
(R3) A empresa adquire pelo menos 10 produtos de empresa certificada ISO 14000
(R4) A empresa adquire pelo menos 15 produtos de empresa certificada ISO 14000
(R5) A empresa adquire mais de 20 produtos de empresa certificada ISO 14000
5.O produto selecionado quando não possui selo de qualidade tem que possuir pelo menos uma
das opções abaixo?
( a )aprovação técnica pelo IPT ou pelo selo SINAT do PBQP-H
( b )certificado segundo uma das modalidades de certificação do produto definidas pelo Inmetro (modelo
1 a modelo 8)
( c )a empresa construtora que vai usar o produto deve possuir sistema de gestão que garanta a sua
inspeção no ato do recebimento, de modo a recusar produtos não conformes.
( d )devem estar em conformidade com um dos quatro critérios acima
Respostas
(R1) A empresa não possui nenhuma exigência
(R2) A empresa possui uma das exigências
(R3) A empresa possui duas das exigências
(R4) A empresa possui três das exigências
(R5) A empresa possui três das exigências e possui selo de qualidade e/ou certificação
179
6.O cimento utilizado no canteiro de obra possui selo da ABCP?
(R1) Não possui selo da ABCP
(R2) Não possui selo da ABCP mas adquire eventualmente com selo
(R3) Compra com selo e sem selo da ABCP
(R4) Possui selo da ABCP mas adquire eventualmente sem selo
(R5) Possui selo ABCP
7.É feita uma seleção adequada dos materiais e fornecedores levando em consideração a
redução dos impactos ambientais na sua produção, especialmente aquelas relacionadas à
emissão de gases contribuintes
(R1) A empresa não faz seleção de materiais e fornecedores que leva em consideração a redução de
impactos ambientais
(R2) A empresa tem cadastro de fornecedores considerados ambientalmente corretos
(R3) A empresa possui uma relação de materiais que causem baixo impacto ambiental
(R4) A empresa seleciona os fornecedores levando em consideração a limitação dos impactos
ambientais
(R5) A empresa só utiliza materiais com estas características de redução dos impactos ambientais
8.A empresa tem conhecimento das características ambientais da fabricação e utilização dos
diversos tipos de cimento? Solicita um cimento que cause menos impacto ambiental durante o
processo de fabricação?
(R1) A empresa não tem conhecimento do processo de fabricação
(R2) A empresa conhece o processo de fabricação e os impactos que são gerados durante o processo
de fabricação
(R3) A empresa faz um controle de uso do cimento no canteiro evitando desperdício
(R4) A empresa utiliza cimento de baixo impacto ambiental
(R5) Se atender todas as três exigências anteriores
9.Em média, a empresa compra os materiais de construção de fabricantes e fornecedores em
geral localizados em um raio menor de 800km do local da obra?
(R1) A empresa não tem conhecimento da distância de procedência dos materiais adquiridos no
canteiro de obra
(R2) A empresa adquire materiais de fornecedores com distância superior a 2000 Km
(R3) A empresa adquire materiais de fornecedores com distância superior a 1500 Km
(R4) A empresa adquire materiais de fornecedores com distância superior a 1000 Km
(R5) A empresa adquire materiais de fornecedores dentro do raio de 800 Km
10.A empresa compra madeira certificada ou de reflorestamento?
(R1) A empresa não compra madeira certificada ou de reflorestamento
(R2) A empresa apresenta alguma maneira de otimizar a utilização da madeira em obra, como exemplo
um projeto de forma que contenha um número de reaproveitamento das peças evitando cortes
desnecessários
(R3) A empresa apresenta estratégias de reaproveitamento da madeira
(R4) A empresa só compra madeira certificada ou de reflorestamento
(R5) Segue todas as especificações acima citadas
11.A empresa sabe a procedência dos agregados? Os agregados utilizados nos canteiros de
obra são materiais reciclados?
(R1) A empresa não tem conhecimento
(R2) A empresa apresenta alguma maneira de otimizar a utilização do agregado, mas desconhece a
procedência e não utiliza materiais reciclados.
(R3) A empresa utiliza agregado reciclado
(R4) A empresa consegue transformar os resíduos classe A como agregado
(R5) A empresa segue todos os itens citados
180
12.A empresa utiliza sistema de aço cortado dobrado? Caso não utilize este sistema, a empresa
reutiliza os resíduos de aço?
(R1) A empresa não utiliza sistema industrializado e não tem nenhum conhecimento para possibilidade
de reaproveitamento das pontas de aço
(R2) A empresa utiliza uma parte dos resíduos de aço no canteiro e a parte total restante dos resíduos é
vendida.
(R3) A empresa utiliza todo o resíduo de aço no canteiro e em outras etapas de execução
(R4) A empresa utiliza todo o resíduo de aço no canteiro
(R5) A empresa sempre utiliza sistema de aço cortado e dobrado – sistema industrializado
13.Durante a execução do revestimento cerâmico de piso ou de parede, a empresa executa
projetos detalhados de paginação a fim de evitar desperdício? Se não, é feito um estudo de início
de partida para execução do revestimento? O resíduo do revestimento cerâmico é aproveitado
para alguma outra finalidade? As embalagens dos revestimentos cerâmicos são reciclados ou
reutilizados dentro ou fora do canteiro?
(R1) Não existe projeto de paginação e não é feito um estudo adequado de início de assentamento
(R2) É feito um estudo de início de assentamento de revestimento cerâmico com a intenção de reduzir
as perdas do revestimento cerâmico
(R3) Um projeto de paginação foi utilizado para execução de revestimento a fim de reduzir desperdícios
(R4) Todo resíduo de revestimento cerâmico não é tratado como resíduo e descartado; é reaproveitado
na obra como talisca de reboco e na execução de banheiros de canteiros de obra de outros
empreendimentos.
(R5) Segue uma padronização de reaproveitamento dos resíduos das cerâmicas assim como das
embalagens dos revestimentos, buscando reduzir os impactos ambientais e buscar algum retorno
financeiro com este reaproveitamento
14.Durante as etapas de execução são tomadas medidas para reduzir a produção de resíduos na
origem ou tem reaproveitamento dentro do canteiro de obra de pelo menos 50% dos resíduos
durante a fase de construção?
(R1) A empresa não toma medidas para reduzir a produção de resíduos
(R2)A empresa apresenta um plano de execução das etapas de serviço focando a otimização dos
materiais a fim de reduzir a geração de resíduos
(R3)A empresa apresenta um plano de reaproveitamento de resíduos de classe A
(R4)A empresa já consegue reciclar ou reutilizar todos os resíduos de classe A
(R5)A empresa segue todos os itens acima
15.A empresa utiliza a ferramenta P+L (Produção mais Limpa) ou algum outro tipo de ferramenta
para diagnosticar as causas das perdas e geração de resíduos?
(R1) A empresa não utiliza ferramenta para diagnosticar as causas das perdas
(R2)A empresa executa um diagnóstico das etapas de serviço
(R3) A empresa possui índices de perdas considerado aceitável servindo de Benchmark
(R4)A empresa após a elaboração do diagnóstico das perdas, aplica ações para reduzir essas perdas.
(R5)A empresa consegue realmente reduzir essas perdas com apresentação de resultados práticos
16.É feita uma definição e implementação de estratégia de meios permitindo limitar os
incomôdos do canteiro com medidas justificadas e satisfatórias? Tais como: incômodos
sonoros, incômodo visual, incômodos devido à circulação de veículos, incômodos devido ao
material particulado, à lama, aos derramamentos de concreto?
(R1) Nenhuma medida é tomada
(R2) Pelo menos uma medida é tomada
(R3) Pelo menos duas medidas são tomadas
(R4) Pelo menos três medidas sào tomadas
(R5) Acima de três medidas são tomadas
17.É feita uma definição e implementação de uma estratégia de meios permitindo limitar a
poluição causada pelo canteiro com medidas justificadas e satisfatórias tais como: poluição do
solo e subsolo, poluição da água, poluição do ar?
(R1)A empresa não implantou medidas de redução da poluição, acima citados
(R2) A empresa implantou uma medida
(R3) A empresa implantou duas medidas
(R4) A empresa implantou três medidas
(R5) A empresa implantou mais de três medidas
181
18.A empresa ministra palestra de sensibilização e conscientização sobre resíduos da construção
civil e seu gerenciamento nos canteiros de obras?
(R1)A empresa não possui um planejamento de palestras com esta finalidade
(R2)A empresa ministra uma palestra por ano
(R3)A empresa ministra pelo menos duas palestras no ano
(R4)A empresa ministra pelo menos três palestras no ano
(R5)A empresa ministra mais que quatro palestras no ano
19.A empresa classifica os resíduos provenientes da fase de execução por sua natureza?
(R1) A empresa não faz a segregação e classificação dos resíduos
(R2)A empresa elabora um projeto de canteiro com as áreas destinadas a resíduos
(R3)A empresa elabora um projeto de canteiro com as áreas destinadas a resíduos e segue a Resolução
do CONAMA 307
(R4)A destinação do entulho classe A tem a destinação do órgão competente
(R5)O resíduo é reciclado no próprio canteiro com a finalidade de diminuir o impacto ambiental negativo
da geração de entulho.
20.Durante as etapas construtivas de uma edificação sempre há geração de resíduos. É feita a
classificação de resíduos de produção de serviços?
(R1)O resíduo gerado não é medido por etapa construtiva
(R2)No projeto de canteiro existe um local reservado para destinação de resíduos(baias de resíduos)
(R3)O entulho é separado e mensurado por serviços executados
(R4)Se a empresa consegue medir em qual etapa de serviço está sendo gerado mais
entulho?_____________________________________________________________________
(R5)O resíduo é reciclado ou reutilizado no próprio canteiro com a finalidade de diminuir o impacto
ambiental negativo de geração de entulho
21.Existem medidas para favorecer a triagem na fonte geradora? Estimular a triagem de resíduos
na fonte geradora?
(R1) Nenhuma medida é aplicada no canteiro de obra
(R2)No projeto de canteiro existe um local reservado para destinação de resíduos (baias de resíduos)
(R3)Existe uma equipe para separação dos entulhos
(R4)Se houver as baias de resíduos e se a empresa já tem algum contato com empresas de reciclagem
para que possam fazer a coleta e fazer a reciclagem
(R5)Se os três itens anteriores forem seguidos
22. A empresa/canteiro de obra conhece a destinação final dos seus resíduos?
(R1) A empresa não tem conhecimento do local de descarga dos resíduos
(R5)A empresa tem conhecimento do local legalizado de descarga dos resíduos
23. O canteiro de obras consegue cumprir e assegurar quais dessas etapas para o gerenciamento
de
resíduos
da
construção
civil
(GRCC):
Caracterização,
Triagem,
Acondicionamento/Armazenamento Temporário, Transporte, Destinação Final?
(R1)Não existe gerenciamento de RCC no canteiro de obra
(R2)Existe para duas das etapas
(R3)Existe para três das etapas
(R4)Existe para quatro das etapas
(R5)Existe gerenciamento de RCC para todas as etapas no canteiro de obra
182
ANEXO I – LISTAGEM MODIFICAÇÕES, MELHORIAS E INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS SIMPLES
1.
APOIO E DIGNIFICAÇÃO DA MÃO DE OBRA
1.
Sala de aula no canteiro
S N EI
23. Uniformes
S N EI
2.
Sala para palestras, vídeos,
S N EI
24. Crachá
S N EI
manisfestações artísticas, jogos
S N EI
25
S N EI
3.
Consultório médico e dentário
S N EI
4.
Plano de saúde
S N EI
5.
Café da manhã
S N EI
6.
Refeições
S N EI
7.
Refeitório limpo e organizado
S N EI
Refeitório com mesas individuais
S N EI
8.
9.
Manual de recepção do operário
no canteiro
26. Noções de educação, cidadania e
S N EI
civilidade
27. Integração entre operários das
S N EI
diversas obras da empresa
28. Visita a outras obras
S N EI
e assentos em número suficiente
29. Polivalência dos operários
S N EI
para os usuários
30. Eliminação da hora extra
S N EI
31. Trabalho em grupos
S N EI
32. Pagamento por tarefa grupal
S N EI
Refeitório com piso de concreto
S N EI
cimentado ou equivalente
10. Aquecedor de marmita ou fogão
S N EI
33. Aumento do salário base
S N EI
11. Refrigerador
S N EI
34. Premiação por tarefas e
S N EI
12. Depósito com tampa para detritos
S N EI
13. Lavatório próximo ao refeitório ou
S N EI
cumprimento de etapas
35. Treinamento interno e externo
no seu interior
S N EI
da mão de obra
14. Água potável protegida do calor ou S N EI
36. Formação de instrutores junto
S N EI
aos mestres
15. Chuveiro elétrico no banheiro
S N EI
16. Banheiros limpos
S N EI
17. Banheiros com piso de concreto
S N EI
37. Especialização dos serventes
S N EI
para cumprir tarefas profissionais
38. Utilização de técnicos em
cimentado ou equivalente
S N EI
edificações ao invés de mestres
18. Banheiros volantes nos andares
S N EI
39. Cesta básica para operário
S N EI
19. Papel higiênico e cesta para lixo
S N EI
40. Transporte dos operários
S N EI
41. Plano de carreira
S N EI
20. Vestiário com bancos e/ou cabides S N EI
42. Medalhas por distinção
S N EI
21. Engenheiro residente
S N EI
43. Cartazes valorizando operários
S N EI
22. Armários individuais
S N EI
5.
Portão exclusivo para pedestres
S N EI
6.
Campanhia no portão de entrada
S N EI
2.
1.
ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO
Uso de canteiro de obra alugado
S N EI
Nas proximidades da obra
2.
Sinalização promocional de
3.
Tapumes com pintura decorativa
S N EI
marketing
de pedestres
7.
S N EI
Tapumes e/ou portões
transparentes com vidro ou tela
S N EI
apropriado para entrada de
e/ou logomarca da empresa
4.
Portão com roldanas ou similar
caminhões
S N EI
8.
Caminho calçado e coberto ou
Túnel de entrada a área edificada
S N EI
183
9.
Sinalização dos locais de apoio no
S N EI
35. Canteiro limpo, sem caliça e
S N EI
36. Reaproveitamento de madeira
canteiro
10. Delimitação dos acessos para
Sobras de madeira
visitantes
11. Delimitação dos fluxos dos
S N EI
S N EI
e/ou aço
S N EI
operários
37. Lixo separado por natureza dos
S N EI
materiais
12. Sala para clientes e visitas
S N EI
38. Separação de sobras por serviço,
13. Capacetes para visitantes
S N EI
39. Caixas para desperdícios nos
14. Apartamento modelo
S N EI
andares e/ou depósito central
15. Maquete
S N EI
40. Equipamento de limpeza
16. Utilização da visualização do
S N EI
disponível e visível
S N EI
por empregado, por dia
projeto em multimídia pelo cliente
41. Box para agregados com piso de
17. Organização de salas e escritórios
S N EI
18. Localização adequada dos
S N EI
barracos
19. Utilização de instalações
S N EI
S N EI
preexistentes para instalações
S N EI
Piso cimentado
S N EI
46. Central de formas
S N EI
47. Central para pré-fabricação de
S N EI
48. Acesso aos materiais por todos os
S N EI
49. Prumadas de suprimento elétrico
S N EI
S N EI
hidráulico provisório
S N EI
definitivo
S N EI
Controles levados para obra
52. Rede de suprimento hidráulico
S N EI
S N EI
orçamento operacional
S N EI
definitivo
53. Caixas de distribuição de energia
serviços
S N EI
volantes em cada andar
54. Identificação dos andares da obra
S N EI
55. Diagramação de paredes
S N EI
envolvendo a posição de tijolos,
30. Controle de custos
S N EI
32. Utilização da técnica da Linha de
S N EI
Balanço
portas e instalações elétricas
56. Identificação das quantidades
S N EI
exatas de material em cada local,
S N EI
Qualidade visíveis e acessíveis
Implantação de canteiro
S N EI
51. Rede de suprimento elétrico
S N EI
34. Padronização e manuais de
S N EI
45. Central de aço protegida e
S N EI
27. Orçamento, programação e
33. Instrumentos de controle de
44. Central de concreto
50. Prumadas de suprimento
26. Projeto de formas
29. Controle de materiais por
S N EI
S N EI
tamanho A4
28. Programação semanal dos
43. Estrado sob o estoque de cimento
provisório
visível
25. Projetos e especificações em
S N EI
lados
do mestre
24. Documentação técnica em local
42. Uso de kanban para controle de
esquadrias, hidráulicos e pintura
S N EI
do Eng. residente
23. Ventilador e/ou aquecedor na sala
concreto e drenagem
componentes pré-moldados,
pré-fabricado ou alvenaria, com
22. Ar condicionado no escritório
S N EI
organizada
da obra
21. Barraco de obra confortável em
S N EI
massadas
Provisórias móveis (containers)
20. Aproveitamento de construções
S N EI
marcação destas quantidades em
plantas e placas nos locais
S N EI
57. Identificação do tipo de
Acabamento em cada peça
S N EI
184
58. Indicação da altura do piso pronto
S N EI
66. Controle de níveis de estoque
59. Contrapiso zero e emboço de teto
S N EI
67. Materiais nas caixas originais
S N EI
68. Etiquetas com nome de materiais
S N EI
zero
60. Execução prévia do contrapiso e
S N EI
forro anterior à alvenaria
61. Almoxarifado
S N EI
62. Quadro de localização dos itens
S N EI
armazenados no canteiro
63. Quadro de endereços e telefones
S N EI
e equipamentos
69. Silos para materiais perecíveis
S N EI
70. Execução do manual do usuário a
S N EI
partir da obra executada
71. Manual do usuário em vídeo
S N EI
72. Uso de documentação para
S N EI
dos fornecedores
64. Controle de qualidade de
controle de qualidade de execução
S N EI
recebimento de materiais e
e recebimento de serviço
73. Equipes de manutenção para
componentes
65. Estocagem do tipo PEPS
S N EI
S N EI
Percorrer as obras já concluídas
S N EI
(primeiro que entra, primeiro que
sai)
3.
MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS E DESLOCAMENTOS INTERNOS
1.
Compactação do canteiro
S N EI
2.
Área de recebimento de materiais
S N EI
3.
Execução de contrapiso antes das
com piso firme e consolidado
10. Tubo de descarga de lixo
desmontável
11. Transporte de materiais em
S N EI
alvenarias para o trânsito de
Delimitação dos fluxos dos
12. Gaiola para transporte de tijolos
Proteção dos caminhos de
S N EI
13. Guincho de coluna adaptado em
Escada de obra projetada
S N EI
transporte de materiais em
pequenas quantidades
S N EI
14. Mão francesa projetada para fora
segundo Blondel
7.
Rampas com inclinação menor
Rampas com travas para ajudar a
9.
Utilização de gravidade para
S N EI
da obra para recebimentos pela
S N EI
que 10%
8.
S N EI
torres metálicas para o
circulação de material
6.
S N EI
pela grua
transportes
5.
S N EI
pequenos containers
Carrinhos
4.
S N EI
grua
15. Uso de dumper em obras
S N EI
S N EI
espalhadas
freiar o carrinho
S N EI
transporte de agregados
4.
FERRAMENTAS, MÁQUINAS E TÉCNICAS ESPECIAIS
1.
Adensador de brita
S N EI
2.
Alisador de concreto
S N EI
3.
Haste com imã
S N EI
4.
Limpeza de carrinhos e
S N EI
ferramentas
5.
Carrinho com rodas para
S N EI
colocação da masseira
6.
Carrinho para transporte de blocos S N EI
de concreto
7.
Carrinho para transporte de tijolos
S N EI
185
8.
9.
Carrinho de mão com motor
S N EI
33. Escoras metálicas com tripé
Carrinho com fundo reto e
S N EI
estáveis sem o apoio do
desmontável
10. Carrinho mais estreito
S N EI
trabalhador
S N EI
34. Ferramentas como pás, martelos,
11. Gerica com 3 rodas
S N EI
serrotes e colheres
12. Uso de polainas para maior
S N EI
redimensionadas
conforto
S N EI
35. Martelos e pés de cabra com calço S N EI
13. Empunhaduras para latas de tintas S N EI
36. Equipamentos e ferramentas
S N EI
14. Pallets
S N EI
15. Grua
S N EI
nomeados e revivificados
16. Triturador de argamassa
S N EI
17. Esquadros grandes
S N EI
38. Máquina de abrir rasgos
S N EI
18. Gabarito para banheiro
S N EI
39. Máquinas de corte de blocos e
S N EI
37. Serra elétrica com coifa de
proteção, empunhadura de metal
19. Cone removível para passagem de S N EI
tubulação
20. Locação da obra feita pelo eixo e
S N EI
cerâmicas
40. Realização de cortes em centrais
S N EI
41. Balança para aferir entrega de
S N EI
Partindo do centro
21. Fio de prumo imerso em água ou
S N EI
materiais
S N EI
42. Esticador para prender a linha na
S N EI
43. Escantilhão metálico
óleo
S N EI
execução da alvenaria
22. Execução de alvenaria sem junta
vertical
23. Mangueira de nível modelo Encol
S N EI
44. Caixas coloridas para dosagem de S N EI
S N EI
massa
24. Nível a laser
S N EI
45. Misturador de massa nos andares
S N EI
25. Nível e teodolito para definição da
S N EI
46. Masseiras adaptadas para o
S N EI
geometria da obra
26. Régua de alumínio para
transporte de argamassa
S N EI
verificação de prumo e
47. Caixa de massa de Gilbreth
S N EI
48. Bisnagas para colocação de
S N EI
enchimento de parede
argamassa
27. Rolo para chapisco
S N EI
49. Meia cana de tubulação plástica
28. Aldaimes com altura regulável
S N EI
Para distribuição de argamassa
29. Andaime fachadeiro
S N EI
50. Forma metálica para distribuição
30. Mão francesa para as platibandas
S N EI
de argamassa na alvenaria
31. Cavaletes para andaimes retráteis
S N EI
e dobráveis
32. Tábuas para andaimes coloridas e
S N EI
S N EI
estrutural
51. Controle no empréstimo de
S N EI
S N EI
ferramentas
cintadas
5.
1.
2.
SEGURANÇA DO TRABALHO
Manual de uso de EPIs
S N EI
Estojo com materiais para
S N EI
primeiros socorros
3.
Extintores para combate de
4.
Uso de botinas e capacetes por
Uso de cinto de segurança com
cabo fixado na construção pelos
trabalhadores em qualquer
S N EI
princípios de incêndio
todos os trabalhadores
5.
Serviço externo a mais de 2 m de
altura
S N EI
S N EI
186
6.
Dispositivo chama-lixo na
S N EI
19. Escada ou rampa provisória para
desforma de estrutura de concreto
7.
Posto de trabalho do guincheiro
transposição de pisos com
S N EI
Isolado com cobertura de proteção
desnível superior a 40 cm
20. Andaimes com guardacorpo e
8.
Torre do guincho com tela
S N EI
9.
Rampas de acesso à torre com
S N EI
S N EI
22. Proteção gradeada para as
lâmpadas dos patamares das
plataforma do elevador no térreo
escadas
S N EI
23. Caixa protegida com pontos
elevador
12. Indicação da carga máxima no
S N EI
24. Cordas delimitando o espaço de
.
de pessoas
25. Tela de arame, nylon ou outro
S N EI
o movimento de cargas
S N EI
14. Delimitação e sinalização das
S N EI
S N EI
presa ao guardacorpo ou rodapé
27. Execução antecipada de alvenaria
28. Rede elétrica pelo piso com
S N EI
29. Rede aérea considerando altura
S N EI
de todos caminhões
S N EI
segurança
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Nome do engenheiro e mestre na
S N EI
12. Acompanhamento visual da
placa de obra
2.
S N EI
30. Campanha de motivação à
18. Corrimão provisório para escadas
1.
S N EI
proteção
S N EI
vãos
6.
S N EI
externa
Fechamento provisório resistente
17. Vedação de poços, buracos e
S N EI
trabalho
rodapé mínimo de 1,20 m de altura
.
S N EI
trabalho
26. Telas delimitando o espaço de
de elevador com guardacorpo e
16. Aberturas de pisos de lajes com
S N EI
material de resistência equivalente
áreas de perigo
15. Fechamento provisório para poço
S N EI
elétricos em cada pavimento
elevador e proibição do transporte
13. Grua com alarme sonoro avisando
S N EI
montagem
amortecimento para a
11. Sinalização de descida do
S N EI
rodapé em todo perímetro
21. Bandeja salva-vidas de fácil
guardacorpo e rodapé
10. Pneus ou outra espécie de
S N EI
Maquete da obra para facilitar a
S N EI
execução
S N EI
13. Utilização de cores na
14. Plantas plastificadas e visíveis
Execução
S N EI
comunicação com o trabalhador
3.
Telefone em obra
S N EI
4.
Fax
S N EI
5.
Máquina copiadora
S N EI
6.
Computador
S N EI
7.
Uso de walk-talk
S N EI
16. Tarefas e metas visíveis
S N EI
8.
Tubofone
S N EI
17. Missão e objetivo da empresa
S N EI
Sinalização para guincho (andar e
S N EI
9.
material necessário)
S N EI
11. Identificação de operários e
S N EI
Atividades por pavimento
para todos
15. Programas de obra visíveis para
S N EI
Todos
visível
18.
10. Alto-falante em obra
S N EI
S N EI
187
19. Manual de operações da empresa
S N EI
25.
Caixa de sugestões na empresa
S N EI
26.
Gráficos de produtividade e
disponível a todos
20. Biblioteca técnica no canteiro
e/ou obra
Acessível a todos
21. Jornais, revistas e periódicos
S N EI
Consumo para diversos insumos
S N EI
27.. Colocação de cartazes ilustrados
Disponíveis
S N EI
pela obra com os traços mais
22. Jornal informativo da obra
S N EI
23. Edição de vídeo da obra
S N EI
24. Mural para manifestação dos
S N EI
operários
S N EI
utilizados
28.
Realização de reuniões semanais
com os mestres e encarregados
S N EI
Download

Dissertação